Especial
O FENÔMENO DA
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MORTE
“A MORTE É A EMANCIPAÇÃO FINAL
QUE A ALMA TEM COM RELAÇÃO
AO CORPO FÍSICO QUE USOU COMO
FERRAMENTA DE EVOLUÇÃO”
Por Marco Túlio Michalick
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Especial
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A
morte é algo que intriga a maioria das pessoas. Muitos não querem pensar nela, mas é interessante imaginar o que nos espera após o fenômeno da morte.
Para aonde vamos? Esta é a pergunta mais comum.
Cada religião interpreta de um jeito. Algumas pregam
que as pessoas passarão pelo purgatório antes de entrar no
céu ou no inferno. Outra hipótese é a de que ficaremos aguardando o dia do juízo final. O espiritismo, assim como outras
doutrinas, afirma a realidade da reencarnação e que o fenômeno da morte é apenas uma mudança de plano.
As pessoas que não acreditam na reencarnação normalmente fazem chacotas com os que acreditam, dizendo que
“ninguém até hoje voltou para dizer como é do outro lado”.
Mas, por meio da mediunidade, os espíritos enviam mensagens, escrevem livros e descrevem como é do “outro
lado”. Além disto, a experiência de quase-morte é uma
comprovação de quem esteve do “outro lado”. Afinal, a
pessoa é considerada clinicamente morta e depois de alguns
minutos, retorna ao mundo material, sem que a medicina
consiga provar e comprovar como ocorre este fenômeno.
Pesquisas nesta área oferecem relatos impressionantes. Um
destes é o de um rapaz que, após ser considerado clinicamente morto pelos médicos, deixou seu corpo e passou a
caminhar pelos corredores do hospital. Saiu do local e foi
passear no parque. Este homem declarou ter visto um conhecido neste parque o que depois foi confirmado pelo outro. Mas do seu relato, o que mais impressionou foi o fato
de ter presenciado o atropelamento de um homem na rua.
O homem, após desencarnar, chegou a conversar com este
paciente. Depois, uma forte luz levou o atropelado. Logo
após, o paciente sentiu-se atraído novamente para o hospital. Quando comentou o que viu em sua EQM (Experiên-
cia de Quase Morte) para algumas pessoas, elas checaram
junto à polícia as informações sobre o atropelamento, que
foi confirmado pelas autoridades.
Os materialistas são os que mais sofrem ao pensar na
morte. Geralmente, são criaturas apegadas demais aos
bens terrenos e ao pensar na perda dos prazeres triviais,
sofrem por antecipação. Esta preocupação poderá
acompanhá-las além túmulo. Em Temas da Vida e da Morte, o espírito Manoel Philomeno de Miranda explica que “à
medida, porém, que se aclaram os enigmas em torno da
realidade post mortem, em que os fatos demonstram o seu
prosseguimento, oferecendo uma visão correta sobre a sua
continuação, o temor cede lugar à confiança e as dúvidas
são substituídas pela certeza da perenidade do ser, que se
sente estimulado a preparar, desde então, esse futuro, no
qual a felicidade possui uma dinâmica que fomenta o progresso incessante, em decorrência do esforço empreendido por quem deseja alcançá-lo”. Assim, o materialista
começa a ter uma nova visão e convicção com relação ao
fenômeno da morte, mudando sua forma de pensar e agir.
A morte é uma conseqüência da vida, mas a vida é uma
conseqüência da Vida Maior. Pensando desta forma, descartamos a palavra morte no seu sentido natural. Em seu lugar, coloquemos vida, ficando “vida após a vida”. O que é
na realidade o certo, pois deixamos a vida material para vivermos uma outra, a espiritual, alternando entre uma e
outra, prosseguindo em nossa evolução espiritual.
Em Apologia de Sócrates, Platão escreve qual era o pensamento de seu mestre sobre a morte: “Quanto a esta, apenas pode ser uma destas duas coisas: ou aquele que morre
é reduzido ao nada e não tem mais qualquer consciência,
ou então, conforme ao que se diz, a morte é uma mudan-
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ça, uma transmigração da alma do lugar onde nos encontramos para outro lugar. Se a morte é a extinção de todo
sentimento e assemelha-se a um desses sonos nos quais
nada se vê, mesmo em sonho, então morrer é um ganho
maravilhoso. (...) Por outro lado, se a morte é como uma
passagem daqui para outro lugar, e se é verdade, como se
diz, que todos os mortos aí se reúnem, pode-se imaginar
maior bem?”.
A colheita é obrigatória
O que nos espera do “outro lado” pode ser comparado
por meio de uma metáfora, a plantação na lavoura. Iremos
colher dependendo do que plantamos, ou seja, do esforço
aplicado naquele trabalho, das condições de aproveitamento do tempo, da perseverança em vencer os obstáculos, e
finalmente, da disposição em dividirmos esta colheita com
outras pessoas. Devemos fazer uma análise da nossa “plantação” e nos perguntarmos: Estou plantando o suficiente
para ter uma boa colheita? Esta é uma forma sutil de sabermos o que colheremos do “outro lado”.
Joanna de Angelis, em Dias Gloriosos, explica que
“face à conduta durante a existência física, de certo modo
vão sendo delineados os processos para a libertação pelo
veículo da morte, cuja ocorrência é muito mais grave do
que pode parecer ao observador menos cuidadoso. Morremos ou desencarnamos conforme vivemos. Os pensamentos e atos são implacáveis tecelões que se responsabilizam pelo desenlace final que liberta o espírito do corpo. Desse modo, a ocorrência terminal, encarregada de
produzir a desencarnação, é resultado de todo o processo vivido durante o estágio orgânico. Cada qual experimenta o curso libertador de acordo com o procedimento
mantido enquanto encarnado, o que se lhe transforma em
futuros programas existenciais”.
Acho relevante transcrever uma passagem do livro de
A morte é uma grande travessia.
Levaremos à outra margem o que
trazemos na consciência
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Suely Caldas Schubert, Mediunidade: Caminho Para Ser
Feliz, onde ela escreveu registros feitos pelo escritor Conan
Doyle sobre Emmanuel Swendenborg, um grande médium
sueco que viveu em Londres, em 1744, considerado um dos
precursores do espiritismo e que narrou em seus livros o que
viu no plano espiritual. Conan Doyle escreveu: “O médium
sueco constatou que o Outro Mundo, para onde vamos após
a morte, consiste em várias esferas (ou planos), expressando os graus de luminosidade e felicidade. Cada pessoa irá
para aquela que se adapte à sua condição espiritual.
Viu casas onde residem famílias, templos, auditórios,
museus, escolas, academias, bibliotecas. Ali são cultivadas
a arte, a literatura, a ciência, a música e os esportes.
Havia anjos e demônios, mas não eram diferentes dos
seres humanos; eram aqueles que tinham vivido na Terra e
que, ou eram almas retardatárias, como os demônios, ou
altamente desenvolvidas, como os anjos.
Não existem penas eternas. Os que se achavam nos Infernos (planos inferiores) podiam trabalhar para dali saírem, desde que tivessem vontade. Os que se achavam no
Céu (planos superiores) também prosseguiam trabalhando
por uma posição cada vez mais elevada.
Todas as crianças eram recebidas igualmente, fossem ou
não batizadas. Cresciam no Outro Mundo; jovens lhes serviam de mães, até que chegassem as mães verdadeiras”.
Deus é perfeito em sua criação. Ele nos dá inúmeras
condições de evoluir. Ninguém fica desamparado, seja neste plano ou nos outros. Cabe a nós, e somente a nós, decidirmos em que condições queremos viver, seja qual for o
plano. Vamos trabalhar em prol do bem, pois estaremos
atraindo bons fluidos e pessoas afins para o nosso desiderato.
Obstáculos não vão faltar, mas teremos a mão do companheiro ao lado formando uma corrente positiva, fortalecendo nossas intenções e purificando os pensamentos.
Não devemos temer a morte, e sim, evoluir nesta vida,
afinal, uma outra vida nos espera do “outro lado”.
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O fenômeno da morte