Congreso Iberoamericano de Ciencia, Tecnología, Innovación y Educación
Educação ambiental no contexto escolar: experiência
de horta escolar na zona rural, Barbalha-Ce.
Matias, T. C.; Alcantara, F. D. O.; Oliveira, C. W.; Santos, A. E. S.;
Abreu, M. K. F;. Chacon, S. S.
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ISBN: 978-84-7666-210-6 – Artículo 1174
Congreso Iberoamericano de Ciencia, Tecnología, Innovación y Educación
Educação ambiental no contexto escolar: experiência
de horta escolar na zona rural, Barbalha-Ce.
Matias; Tamires Coelho [Universidade Federal do Cariri [email protected]]
Alcantara; Francisca Dayanne de Oliveira [Universidade Federal do
Cariri [email protected]]
Oliveira; Carlos Wagner [Universidade Federal do Cariri [email protected]]
Santos; Antonia Edna Santana [Escola de Ensino Infantil e
Fundamental Coronel Gregório Callou –
[email protected]].
Abreu; Môngolla Keyla Freitas [Universidade Federal do Cariri –
[email protected] ]
Marco; Claudia Araujo [Universidade Federal do Cariri [email protected]]
Freitas Junior; Silvério de Paiva [Universidade Federal do Cariri [email protected]]
Chacon; Suely Salgueiro [Universidade Federal do Cariri [email protected]]
Resumo
O presente trabalho que aqui desenvolvemos tem como objetivo
impulsionar o desenvolvimento da Educação Ambiental. Isto será feito por meio da
construção de uma Horta agroecológica, a qual influenciará na aprendizagem e na
conscientização alimentar e socioambiental dos discentes. A escola selecionada foi a
Escola de Ensino Infantil e Fundamental Coronel Gregório Callou, na zona rural de
Barbalha, CE. Nessa perspectiva, discutir com a escola uma nova concepção de meio
ambiente. Compreender por meio de práticas simples no ambiente escolar a
interdependência que há entre os seres vivos levando os discentes, por meio da
reflexão das ações, a entender que a existência de uma vida depende de tantas
outras. Além de fazê-los refletir no espírito coletivo em sala de aula e na
conscientização da necessidade de preservação ambiental e do uso de alimentos
saudáveis pelas famílias.
Palavras-chave: Agricultura urbana; Horta escolar; Segurança alimentar.
Introdução
A agricultura urbana tem sido praticada por meio de cultivo de hortas,
pomares, plantas medicinais, aromáticas e ornamentais em quintais, terrenos sem
edificações e mesmo pequenas propriedades rurais incorporadas aos espaços
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urbanos devido ao rápido crescimento das cidades. Dados da Organização das
Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) indicam que em 1999,
aproximadamente 800 milhões de pessoas estavam envolvidas com a produção de
alimentos nas cidades e no seu entorno e eram responsáveis por cerca de 15% da
produção alimentar mundial. A implantação de hortas comunitárias, principalmente em
ambientes escolares é um bom exemplo de aproveitamento de áreas urbanas e
periurbanas para a produção de alimentos de qualidade (FARFAN, 2008;
MENDONÇA; 2012)
A implantação e condução comunitária das hortas escolares permite a
reflexão da comunidade escolar sobre questões ambientais, qualidade nutricional,
saúde, qualidade de vida e contato das crianças com as relações ecológicas no meio
natural da própria escola. Dessa forma, as hortas se constituem num instrumento
pedagógico que possibilita o aumento do consumo de frutas e hortaliças, a construção
de hábitos alimentares saudáveis, o resgate dos hábitos regionais e locais e a redução
dos custos referentes à merenda escolar (MUNIZ; CARVALHO, 2007).
Segundo Cribb (2010) as atividades realizadas na horta escolar contribuem
para os alunos compreenderem o perigo na utilização de agrotóxicos para a saúde
humana e para o meio ambiente; proporciona uma compreensão da necessidade da
preservação do meio ambiente escolar; desenvolve a capacidade do trabalho em
equipe e da cooperação; proporciona um maior contato com a natureza, já que
crianças dos centros urbanos estão cada vez mais afastadas do contato com a
natureza. Proporciona também a modificação dos hábitos alimentares dos alunos,
além da percepção da necessidade de reaproveitamento de materiais tais como:
garrafas pet, embalagens tetra pak, copos descartáveis, entre outros. Tais atividades
auxiliam no desenvolvimento da consciência de que é necessário adotarmos um estilo
de vida menos impactante sobre meio ambiente bem como a integração dos alunos
com a problemática ambiental vivenciada a partir do universo da horta escolar.
Alguns autores apontam para a importância das hortas escolares
agroecológica, enquanto possibilidade para o enriquecimento da merenda escolar com
a inclusão de produtos naturais, favorecimento da suplementação das necessidades
vitamínicas e minerais, além de promoverem mudanças de hábitos alimentares de
alunos e da comunidade escolar (GALLO et al., 2004; MORGADO; SANTOS, 2008).
Aliada a essa perspectiva, a Educação Contextualizada supõe, fomenta e
instrumentaliza a participação direta dos sujeitos no processo de construção e
disseminação do conhecimento tendo como ponto de partida e como ponto de
chegada sua realidade social concreta, suas vivências e práticas (ROCHA e
MACHADO, 2007). Em outras palavras, “contextualizar é construir significados e
significados não são neutros, incorporam valores porque explicitam o cotidiano,
constroem compreensão de problemas do entorno social e cultural, ou facilitam viver o
processo da descoberta” (WARTHA; FALJONI-ALÁRIO, 2005, p. 43).
A Educação Ambiental representa uma ferramenta fundamental para
estabelecer uma ligação mais estreita entre o ser humano e a natureza. Uma
transformação social de caráter urgente que busque conforme Sorrentino (2005), a
superação das injustiças ambientais e sociais na humanidade.
Cabe destacar que estamos falando da Educação Ambiental Crítica cujo
objetivo é “contribuir para uma mudança de valores e atitudes, contribuindo para a
formação de um sujeito ecológico” (CARVALHO, 2004, p.18 -19).Ou nas palavras de
Guimarães (2004, p. 25) “capaz de contribuir com a transformação de uma realidade
que historicamente se coloca em uma grave crise socioambiental”. A Educação
Ambiental Crítica também denominada emancipatória (LOUREIRO, 2009, p. 32).
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“é o meio reflexivo, crítico e auto-crítico contínuo, pelo qual
podemos romper com a barbárie do padrão vigente de sociedade e
de civilização, em um processo que parte do contexto societário em
que nos movimentamos, do “lugar” ocupado pelo sujeito,
estabelecendo experiências formativas, escola ou não, em que a
reflexão problematizadora da totalidade, apoiada numa ação
consciente e política, propicia a construção de sua dinâmica. (...).
Emancipar não é estabelecer o caminho único para a salvação, mas
sim a possibilidade de construirmos os caminhos que julgamos mais
adequados à vida social e planetária, diante da compreensão que
temos destes em cada cultura e forma de organização societária,
produzindo patamares diferenciados de existência”.
A educação ambiental representa também aquilo que Boff (2008, p.11-12)
manifesta acerca de uma busca de outras visões de futuro para o planeta e para a
humanidade. Visões que se apóiem em um ethos cuja essência fundamental é o
cuidado, onde haja princípios, valores e atitudes que façam da vida “um bem - viver e
das ações um reto agir”. Precisamos ter mais atitudes para com o a vida do planeta e
com o próximo que se traduzam em cuidado. “Cuidar é mais que um ato; é uma
atitude. Portanto, abrange uma atitude de ocupação, preocupação, de
responsabilização e de envolvimento afetivo com o outro” (BOFF, 2008, p. 33).
Este trabalho tem como objetivo impulsionar o desenvolvimento da
Educação Ambiental por meio da construção de uma Horta agroecológica em uma
escola pública da zona rural do município de Barbalha-Ce.
Metodologia
Localizada no sítio Santa Cruz, no município de Barbalha/CE, a Escola
de Ensino Infantil e Fundamental Cel. Gregório Callou, coordenadas 459252 E
9185576 N UTM 24M (Figura 1). A escola foi inaugurada em 23 de março de 1969,
conta com uma estrutura física composta por: sete salas de aula, oito banheiros, uma
sala de direção e secretaria, uma cozinha e um almoxarifado.
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Figura 1: Localização da escola, Google earth, 2014.
Quanto ao corpo técnico, a escola conta com 14 professoras; quatro
auxiliares de serviço; uma merendeira; uma agente administrativa; dois vigias; uma
coordenadora pedagógica e uma supervisora. Atualmente abriga 135 crianças, dividas
do infantil ao sétimo ano, de acordo com a faixa etária.
O Inicial do Projeto, as ações pedagógicas para implantação foram
divididas em: apresentação do Projeto à comunidade escolar para discussão e
elaboração de ações de planejamento didático multi, inter e transdisciplinar, com
ênfase no envolvimento dos discentes e docentes, contemplando metas de maior
efetividade do processo ensino-aprendizagem, despertando os alunos para a
importância socioambiental, econômica e alimentar do cultivo de hortaliça e escolha do
espaço físico e construção da horta, por intermédio da tutora do Projeto, (figura 2).
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Figura 2: Coordenadora do projeto na escola e colaboradoras, 2014.
A Horta Escolar foi instalada no interior do espaço físico de laser disponível
na Escola (figura 3). Nesta estrutura física foi utilizado uma das laterais onde o sol tem
maior incidência no período da manha para suspender a horta vertical (figura 4) e uma
área central onde foi demarcado e confeccionado um canteiro central de formato
circular, utilizado para produção de plantas medicinais e algumas hortaliças (figura 5).
Mas posteriormente serão implantadas as hortas verticais com hortaliças folhosas.
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Figura 3: Vista interna da EEIF Gregório Callou, Sítio Santa Cruz -Barbalha
,Ce;2014.
Figura 4: Local onde a horta vertical foi suspensa
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Figura 5: Alunos na construção do canteiro, Sítio Santa Cruz -Barbalha ,Ce;2014.
Para o preparo e condução da horta foram utilizadas as ferramentas e
insumos: enxada, enxadeco, ciscador, carro de mão, mangueira, regadores,
reservatório para água, esterco bovino, sementes, mudas de hortaliças, de plantas
medicinais O público-alvo prioritário compreendeu os 43 alunos regularmente
matriculados e frequentando as séries do Ensino Fundamental II (6º ao 7º anos) da
unidade escolar, distribuídos em duas turmas no período vespertino.
A construção das hortas foi iniciada, no mês de fevereiro, foram cultivadas
no local definitivo o coentro (Coriandrum sativum L.), a cebolinha (Allium
schoenoprasum L.) e plantas medicinais disponibilizadas pelos alunos. Os alunos
participaram das etapas de preparo do solo e plantio das mudas. Foi feito também um
trabalho de reciclagem com os alunos onde os mesmos trouxeram material recicláveis,
como garrafas Pet para serem colocadas no entorno do canteiro e para produção de
hortas verticais como mostra as figuras 6.
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Figura 6: Esquema do preparo de garrafas pet para reciclagem, 2014.
A adubação é à base de esterco bovino e as irrigações são realizadas com
água proveniente de uma fonte natural, através de mangueiras manuais, diariamente,
pela manhã e no final da tarde pelos alunos. As hortaliças colhidas serão
disponibilizadas para a merenda escolar.
Análises
Conhecer os aspectos históricos, sociais e culturais das crianças acolhidas
pela instituição foi o início do processo da ação educacional. Através deste estudo,
ficou clara a importância de explorar temas ligados à educação ambiental e alimentar,
uma vez que a comunidade sofre com falta de infraestrutura adequada, dispondo de
poucas áreas públicas destinadas ao lazer.
Em conformidade com o que prescreve Morgado (2008), o
desenvolvimento de atividades pedagógicas resultantes da fusão teoria e prática, de
forma contextualizada, na condução da horta, vem auxiliando no processo ensinoaprendizagem e estreitando relações através da promoção do trabalho coletivo e
cooperado entre os agentes sociais envolvidos.
Esse comportamento, conforme Sorrentino (2000) estreita-se com o fato
de que o processo de Educação Ambiental, advindo do contato diário com as
atividades laborais na horta, representa a possibilidade, também, de ser uma
ferramenta fundamental para estabelecer uma ligação mais estreita entre o ser
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humano e a natureza. Uma transformação social de caráter urgente que busque a
superação das injustiças ambientais e sociais na humanidade.
Ressalta-se que entre a alimentação adequada e sua aceitação de que
essa é a melhor opção, há uma grande distância. Esta certamente é diminuída quando
a criança tem a oportunidade de acompanhar o desenvolvimento do próprio alimento.
Pois elas passam a entender que, antes de chegar aos mercados, os alimentos
passaram por todo o processo de “crescimento” que elas puderam vivenciar.
Considerações finais
É possível concluir que a existência de uma horta agroecológica no
ambiente escolar se constitui num importante instrumento de aprendizagem e de
construção de uma cultura socioambiental sustentável. Assim, além de possibilitar
uma série de opções pedagógicas para trabalhar conteúdos abordados em sala de
aula, a horta permite que as crianças despertem o interesse por hábitos mais
saudáveis e o contato com o meio ambiente. Além de estreitar relações através da
promoção do trabalho coletivo e cooperado entre os agentes sociais envolvidos.
Nós como colaboradoras, desenvolvemos um papel bastante importante,
auxiliando a comunidade escolar no planejamento, execução e manutenção das
hortas. Levando até ela princípios de horticultura orgânica, compostagem, formas de
produção dos alimentos, o solo como fonte de vida, relação campo- cidade, entre
outros.
Referências Bibliográficas
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brasileira. Ministério do Meio Ambiente. Diretoria de Educação Ambiental. Brasília,
Ministério do Meio Ambiente, 2004.
CRIBB, S. L. de S. P. Contribuições da educação ambiental e horta escolar na
promoção de melhorias ao ensino, à saúde e ao ambiente. REMPEC -Ensino,
Saúde e Ambiente, v.3 n 1 p. 42-60,l 2010.
GUIMARÃES, M. A Educação Ambiental crítica. In: LAYRARGUES, P.P.
Identidades da educação ambiental brasileira. Ministério do Meio Ambiente. Diretoria
de Educação Ambiental. Brasília, Ministério do Meio Ambiente, 2004.
LOUREIRO, C.F.B. Trajetória e fundamentos da Educação Ambiental. São Paulo:
Editora Cortez, 2009.
MENDONÇA, M. M. de. Semeando agroecologia nas cidades. Agriculturas, Rio de
Janeiro, v. 9, n. 2, p. 39-41, 2012.
MORGADO, F. da S.; SANTOS, M. A. A. A horta escolar na educação ambiental
e alimentar: experiência do projeto horta viva nas escolas municipais de
Florianópolis. EXTENSIO - Revista Eletrônica de Extensão. n. 6, p. 1-10, 2008.
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SORRENTINO, M. Educação ambiental como política pública. Educação e Pesquisa.
São Paulo, v. 31, n. 2, 2005. Disponível
em:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S151797022005000200010
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SORRENTINO, M. et al. Educação ambiental como política pública. Educação e
Pesquisa. São Paulo, v. 31, n. 2, 2005. Disponível em:
<http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1517022005000200010&lng=
pt&nrm=iso>. Acesso em: 05 Jun. 2007.
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