Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Porto Alegre - Brasil
Faculdade de Psicologia
Programa de Pós-Graduação em Psicologia
Grupo de Pesquisa
“Processos e Organizações
dos Pequenos grupos”
Coord. Prof. Dr. Nedio Seminotti
Site: www.pucrs.br/psico/pos
/pequenosgrupos
RELATO DE UMA INTERVENÇÃO:
a constituição de um grupo multiespécie
(Seminotti e Faraco, 2003)
CONTEXTO DA INTERVENÇÃO

Rede municipal de ensino fundamental
Grupo de alunos que pertencem a segmentos sociais
menos favorecidos

CONTEXTO DA INTERVENÇÃO
Sistema educacional por ciclos: Ciclos A, B e C.
 O Ciclo A abarca a infância; o B, a pré-adolescência; e o
C a adolescência.
 Em cada um dos ciclos há classes regulares e de
progressão.
 Das classes de progressão fazem parte alunos:
-que provêm de outras escolas;
-que vivem nas ruas;
-que apresentam problemas de comportamento na escola;
-que não são capazes de prosseguir no ciclo regular
OBJETIVO DA INTERVENÇÃO

Conhecer o efeito das atividades mediadas por animais
como um dispositivo para promover auto-organização
no grupo de alunos (MORIN, 2002), modificações no
clima do grupo (LEWIN,1939/1943), bem-estar entre os
participantes (crianças, professores e animais) e
relações cooperativas.
RECORTE TEÓRICO PARA A COMPREENSÃO
DA ORGANIZAÇÃO DO CONJUNTO HUMANO
Teoria dos Grupos Psicológicos,
Lewin (1939/1943).

O clima grupal é concebido como uma
propriedade do grupo, o qual, tomado como uma
totalidade (na qual se destaca a
interdependência) é intangível mas influi no
desenvolvimento de papéis e nos padrões de
relação entre os participantes do grupo.
RECORTE TEÓRICO PARA A COMPREENSÃO
DA ORGANIZAÇÃO DO CONJUNTO HUMANO
.
Teoria dos Grupos Psicológicos,
Lewin (1947).
Os conceitos de estrutura, dinâmica e gênesis
oferecidos por Lewin contribuem para a compreensão
da organização das interações entre os indivíduos dos
grupos e subgrupos em determinado contexto social.

RECORTE TEÓRICO PARA A COMPREENSÃO
DA
ORGANIZAÇÃO DO CONJUNTO HUMANO

Para organização a coletividade busca apoios:
nos organizadores socioculturais, que codificam
e normatizam a realidade psíquica (KAËS,
1995); nos que procedem da vida intrapsíquica
(ANZIEU, 1993, KAËS, 1995) e nos
organizadores do pequeno grupo (SEMINOTTI,
BORGES e CRUZ, 2004).
PARADIGMA SISTÊMICO PARA A COMPREENSÃO
DA ORGANIZAÇÃO DO GRUPO MULTIESPÉCIE

A organização do grupo multiespécie torna
possível a conexão entre os elementos do sistema, e
igualmente regula, estrutura e dá coerência e sentido
às interações entre as unidades do sistema (CAPRA,
2002; MORIN, 1982/2002).
PARTICIPANTES
Grupo de 16 estudantes, meninos e meninas, do
primeiro ciclo do Ensino Fundamental, de uma escola
da rede municipal, de Porto Alegre, com idade entre
oito e 12 anos, de ambos os sexos.

Animais: coelho, rato, gerbil, cachorro, tartaruga,
cágado, calopsita, periquito, gato, camundongo e pato.

ALGUNS DADOS DAS CRIANÇAS

56% das crianças convivem em suas casas com
pelo menos 6 pessoas

50% das famílias gastam 70% da renda familiar
com a “cesta básica”

68% das famílias têm animais de estimação
ENTREVISTA INICIAL COM A
PROFESSORA: o grupo




Grupo de alunos com graves dificuldades sociais e
severas dificuldades na aprendizagem
Grupo com história de fracasso escolar
Clima grupal conflitivo
Grupo composto por alunos que nem sempre são
os mesmos, já que há ingressos e saídas a todo
momento e, por isto, não há segurança da
continuidade do grupo
ENTREVISTA INICIAL COM A
PROFESSORA: as relações entre alunos

Isolamento extremo

Agressões físicas freqüentes e severas
Dificuldades em estabelecer vínculos
Dificuldades em manter a atenção
Comunicação verbal limitada



ENTREVISTA COM A PROFESSORA
ao final da intervenção





Modificações no clima do grupo
Diminuição da agressividade entre alunos
Intercâmbio de experiências entre alunos (a
respeito de seus conhecimentos sobre os animais
e as relações das pessoas com os animais)
Intercâmbio de papéis (entre calados e falantes,
por ex.)
Repercussão na escola e nas famílias.
OBSERVAÇÃO DIRETA:
o grupo

O grupo engendrou novos processos ou vida no
grupo e auto-organizações, além das formais;

Promoveu a capacidade dos alunos de seguir as
instruções;

Motivou o cuidado do grupo para com todos
(crianças, animais, professora, interventores).
OBSERVAÇÃO DIRETA:
o grupo

Promoveu um clima de grupo cooperativo

Estimulou a integração entre os
pesquisadores/interventores, as professoras, os
alunos e os animais constituindo uma nova
configuração grupal
OBSERVAÇÃO DIRETA:
das relações com os animais
Animais de distintas espécies mobilizam
processos e organizações grupais distintas entre
si e distintas das formais.
Ex; coelhos – toque
pássaros – auto-controle
cão - reciprocidade

Os animais

Os animais em condição de bem-estar e
adequadamente selecionados expressam seu
comportamento natural e contribuem para um
clima de grupo amistoso.
RESULTADOS

Interesse das crianças pelas atividades mediadas
por animais;

Incremento da comunicação entre alunos;

Desenvolvimento de clima cooperativo;

Dedicação e atenção para com as tarefas mediadas
e por conseqüência com as tarefas regulares ;

Prontidão para as tarefas.
RESULTADOS

Dá nova vida ao grupo e promove organizações
emergentes, evidencia habilidades sociais dos
alunos, reduz a agressividade, incrementa sua
produtividade e favorece o estabelecimento de
vínculos (pertença) no grupo.
OBRIGADO
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ANIMAIS EM SALA DE AULA: Um estudo das