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Votação sobre remuneração atrai pouco
interesse de gestor
Por Ruth Sullivan
o recente
apelo do governo britânico em favor da realização de votações vinculantes dos acionistas sobre
a remuneração dos membros do conselho de administração para coibir as remunerações altas demais
levanta a questão sobre até que ponto os administradores de investimentos utilizarão esse instrumento
na prática.
Trata-se de uma questão complexa, e boa parte dela depende da maneira pela qual as especificações
dessa proposta serão formuladas, segundo Liz Murrall, diretora de governança corporativa e
comunicação de resultados da Associação de Gestão de Investimentos.
Os investidores institucionais vão se reunir na próxima segunda-feira com o Departamento de Negócios,
Inovação e Qualificação britânico para falar sobre um documento para discussão sobre remuneração de
executivos distribuído aos investidores no ano passado. As propostas do governo para fortalecer o poder
dos acionistas e melhorar a transparência sobre a remuneração deverão fazer parte da ordem do dia.
A Associação de Gestão de Investimentos acredita que são necessárias medidas para enfrentar os abusos
na área de remuneração e diz que está trabalhando em colaboração com o governo nas reformas
destinadas a assegurar que elas sejam factíveis. Mas o grupo não acredita que uma mudança do atual
sistema de votação consultiva dos acionistas sobre salários para uma votação vinculante vai
necessariamente funcionar, porque "transcenderá todos os contratos de remuneração e poderá ser
desestabilizante para uma empresa", diz Murrall.
A associação acredita que a atual votação não vinculante sobre orelatório de remuneração do conselho
de administração obriga as empresas a responder pelas áreas de salários e desempenho.
"Os acionistas se reúnem com a empresa para discutir estruturas salariais antes da publicação do
relatório. No caso de a empresa e os acionistas não entrarem em acordo e de haver um número
considerável de votos contra o relatório de remuneração, deverá ficar para as empresas o ônus de
corrigir suas propostas. Se elas não fizerem isso, os acionistas poderão resolver se os membros da
comissão de remuneração deverão ou não ser reeleitos na próxima assembleia geral dos acionistas", diz
Murrall.
A manutenção do status quo vai frontalmente de encontro à atual ofensiva do governo no tocante à
remuneração excessiva, segundo o grupo independente britânico de governança corporativa Pirc.
"Não está evidente que os administradores de ativos concordam com o governo em que a remuneração
excessiva seja um problema real", diz Tom Powdrill, da Pirc. Ele vai mais longe. "Os administradores de
investimentos não usam, na prática, os poderes quejá têm", diz ele.
Ele aponta para recentes pesquisas da Pirc sobre votação de acionistas.
"Se você examinar o relatório de remuneração média das empresas pertencentes ao FTSE 350 [de
outubro de 2010 a setembro de 2011], verá que pouco menos de 6% dos acionistas votaram contra os
níveis de remuneração e que a média de abstenção ficou em pouco menos que 2,5%. O nível médio de
apoio à remuneração é elevado."
Ele atribui o baixo grau de oposição em votações entre gestores de investimentos a um conflito de
interesses em torno de seus próprios níveis de remuneração. "Diretores de administradoras de
investimentos registradas em bolsa são tão bem-pagos quanto outros executivos corporativos", diz ele.
A Pirc anseia por ver o governo britânico dar o próximo passo na questão da votação salarial vinculante,
mas acredita que ele deveria ir além. "Se é para as coisas mudarem, precisa haver um pacote obrigatório
mais amplo que inclua a divulgação pública de como os gestores de investimentos votaram", diz
Powdrill.
No entanto, outros questionam se votar sobre remunerações é o papel do administrador de
investimentos, que é apenas o agente do acionista. Um ex-funcionário do setor acha que a principal
atribuição de um gestor de aplicações é maximizar os retornos dos investidores, e não o de
microadministrar empresas.
Há algum consenso em torno desse ponto de vista. "Os gestores de investimentos estão preocupados que
uma votação vinculante de remunerações ameace o preço das ações e desestabilize a empresa. Aí ela
começa a se parecer com uma microadministração", diz Anita Skipper, diretora de governança
corporativa da Aviva Investors.
Ela concorda que os níveis salariais são um problema, mas acha que há melhores maneiras de enfrentálos do que uma votação vinculante. Para instaurar mudanças, a Aviva Investors prefere realizar votações
sobre a reeleição ou não dos diretores do comitê de remuneração e seguir o caminho do compromisso, e
não o do confronto público.
"Não precisamos de uma votação vinculante no Reino Unido, onde temos a reeleição anual de todos os
diretores [prevista no Código de Governança Corporativa britânico de 2010] e o ativismo", acrescenta
ela.
No front do ativismo, a Aviva Investors e outros investidores institucionais como a BlackRock e vários
grandes fundos de pensão uniram forças recentemente para aumentar a qualidade do relacionamento
com as empresas investidas.
Skipper diz que o ativismo privado com as empresas muitas vezes instaura uma mudança da política,
mas "as pessoas não veem vantagem na discussão por trás de portas fechadas".
Ela também acredita que os detentores de ativos, como fundos de pensão, precisam assumir mais
responsabilidade pela governança, especialmente pela remuneração. "Os investidores precisam
perguntar aos administradores de investimentos o que eles estão fazendo para enfrentar as
remunerações altas e precisam deixar claro suas posições. Eles participam tão pouco que a
responsabilidade recai sobre o gestor dos ativos", acrescenta ela.
A Pirc, além disso, quer tornar os detentores de ativos mais responsáveis pelas políticas de remuneração.
"Temos de reconduzir as responsabilidades dos acionistas ao processo. Os fundos de pensão deveriam
dar instruções específicas aos administradores de investimentos. Quando isso não acontece, não
surpreende que eles não as cumpram", diz Powdrill.
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