FESTA DO ZÉ PELINTRA:
UMA REFLEXÃO ANTROPOLÓGICA
AUTOR(A): Erivania Melo de Morais
ORIENTADOR: Edmundo Pereira (DAN-PPGAS/UFRN)
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
1. DEFINIÇÃO DO OBJETO
O objeto de analise deste trabalho é “A Festa do Zé Pelintra”, ritual dedicado a uma entidade das religiões de matriz afrobrasileira, especificamente no campo da umbanda.
Segundo Assunção (2006:103), trata-se de “uma religião de possessão no qual a comunicação entre as entidades espirituais e os homens de dá por meio do transe. A Mãe de
Santo com que trabalhamos, Maria de Lourdes da Silva, Mãe Nem, descreveu o espírito como sendo “patrono dos bares” e auxiliador em dificuldades pessoais, enfatizando que
este não está alinhado com entidades de “cunho negativo”. No seu modo de vestir, o apresentou da seguinte forma: “A roupa do Zé é um terno branco ou vermelho, gravata branca
ou vermelha e chapéu, tudo sempre com a pinga dele”. Este espírito é invocado quando se precisa de ajuda com questões domésticas, negócios ou finanças.
Para realizar a pesquisa foi feito um pequeno survey no Centro Espírita de Umbanda São Jorge, localizado no município de Ceará–Mirim (RN), onde
podemos levantar dados, como: entrevistas com a Mãe de Santo, e com os participantes e frequentadores da festa. Foi possível ainda gravar e fotografar a Festa para que
possamos descrevê-la e refletir sobre os objetivos desejados. Depois dessas entrevistas no dia da Festa (2011), ainda realizamos outra entrevista com a Mãe de Santo (2013) para
certos esclarecimentos surgidos com a releitura do referido trabalho.
2. OBJETIVOS GERAL
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
3. METODOLOGIA
A finalidade deste trabalho de pesquisa é
apresentar uma aproximação etnográfica a “Festa
do Zé Pelintra” refletindo sobre as interelações
coletivas e individuais no espaço religioso de
umbanda na produção de certas emoções,
expressão de processos de cura por que passam
seus praticantes.
• Descrever a festa do Zé Pelintra.
• Analisar as entrevistas com os participantes da Festa
do Zé Pelintra.
• Apresentar a organização social básica da Festa.
• Refletir sobre as interelações coletivas e individuais no
campo das emoções e da eficácia da festa para os
sujeitos que dela participam.
• Revisão bibliográfica.
• Etnografia da festa.
• Entrevistas entre os participantes e visitantes
sobre devoção, emoção e eficácia do ritual religioso.
4. ETNOGRAFIA
A sequência ritual assistida (23/10/2011) foi dividida em quatro partes:
A primeira parte, início da festa, quando
a Mãe de Santo (de azul) conduz as
danças e cantos. Já nesse momento, era
perceptível
como
essas
pessoas
acreditavam na eficácia da atuação da
entidade espiritual para resolver seus
problemas, momento em que se referiam
especialmente a Vovó (uma entidade).
A segunda parte, após o descanso,
continua com as danças e cantos, com o
Centro espírita com mais visitantes. Ao
iniciar os cantos e as danças, soltavam
fogos de artifícios, se dispunham em
roda e todos participantes e visitantes
dançavam e cantavam para as
entidades.
A terceira parte, dedicada a entidade do
Zé Pelintra. A Mãe de Santo recebe o
espírito do Zé Pelintra e distribui cachaça
para todos que quisessem. As pessoas
que assistiam cantavam, fumavam e
bebiam.
A Quarta parte, compreende ao final da
festa dedicada ao Zé Pelintra. A Mãe de
Santo troca de roupa para a que estava
nos primeiros momentos e recebe outra
entidade, a Vovó. Todos que estavam no
centro tinham que ir para a benção,
inclusive eu.
5. RESULTADOS
Para pensarmos A festa do Zé Pelintra tivemos que analisar a umbanda como processo de reelaboração de elementos simbólicos de várias religiões, que em um determinado
contexto adquire um novo significado. Ou seja, o entendimento que se tem dessa religião depende de como os sujeitos sociais, que são históricos, constroem seu saber e o valor
que atribuem à essa religião. Observando a festa podemos perceber que os visitantes presentes a todo o momento dos cantos e danças se emocionavam e acreditavam que seus
problemas seriam resolvidos pelas entidades. O valor simbólico atribuído ao espírito proporcionava a certeza de que teriam resultados positivos. É importante que saibamos que as
analises feitas até o momento são parciais e que precisam de uma reflexão mais profunda sobre o objeto de estudo. Mas podemos compreender que o entendimento que se tem
desse objeto depende do contexto e das interelações entre seus participantes, o valor atribuído, a emoção que tinham, faz parte de uma coletivização entre os agentes sociais que
compõem a Festa.
6. BIBLIOGRÁFIA CONSULTADA
ASSUNÇÃO, Luiz Carvalho de. Reino dos mestres: A tradição da Jurema na umbanda nordestina. Rio de Janeiro: Pallas, 2006.
BASTIDE, Roger. As Religiões Africanas no Brasil: Contribuições a uma sociologia das interpretações de civilizações. Segundo Volume. Editora: USP, 1960.
EVANS-PRITCHARD, E. E. Algumas reminiscências e reflexões sobre o trabalho de campo. In:Bruxaria, Oráculos e Magia entre os Azande. Rio de Janeiro, Zahar, 2005.
OLIVEIRA, Roberto Cardoso de. O Trabalho do Antropólogo. Brasília/ São Paulo: Paralelo Quinze/Editora da Unesp, 1998.
Entrevista 1 com a mãe de santo Nem, 23 de Outubro de 2011.
Entrevista 2 com as participantes do Centro Espírita de Umbanda São Jorge, 23 de Outubro de 2011.
Entrevista 3 com uma visitante (Shirley), 23 de Outubro de 2011.
Entrevista 4 com a mãe de santo Nem, dia 29 de junho de 2013.
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