UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM EDUCAÇÃO INFANTIL PROJETO A VEZ DO MESTRE A EDUCAÇÃO INFANTIL, AS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS DA CRIANÇA COM A LEITURA E A ESCRITA E O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO, A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA CONSTRUTIVISTA. POR: ELIANE SOUZA DA SILVA ORIENTADORA: PROFESSORA MARY SUE PERREIRA RIO DE JANEIRO JANEIRO – 2005 2 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM EDUCAÇÃO INFANTIL PROJETO A VEZ DO MESTRE A EDUCAÇÃO INFANTIL, AS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS DA CRIANÇA COM A LEITURA E A ESCRITA E O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO, A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA CONSTRUTIVISTA. APRESENTAÇÃO DE MONOGRAFIA À UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES COMO CONDIÇÃO PRÉVIA PARA A CONCLUSÃO DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” EM EDUCAÇÃO INFANTIL DESENVOLVIMENTO. POR: ELIANE SOUZA DA SILVA E 3 DEDICATÓRIA A meu pai, Elísio Ferreira da Silva, in memorian 4 AGRADECIMENTOS A Deus, por estar viva e pelo muito que tenho recebido. A minha mãe, pelo incentivo e apoio demonstrados ao longo do curso. Aos meus filhos e esposo pelas horas divididas e ausência, durante o período dedicado ao desenvolvimento do trabalho. Aos alunos que passaram por minha vida e me inspiram nessa jornada de trabalho. 5 RESUMO A História da Educação e os precursores nos fazem pensar em toda a nossa prática e nos situarmos como sujeitos históricos. Nós educadores precisamos conhecer a trajetória da educação ao longo desses anos com todo seu emaranhado de fatos e acontecimentos políticos/históricos. Guerras, reformas, revoluções, golpes... que influenciaram e muito nossos queridos precursores, pessoas que com muita boa vontade oferecer se uma dedicaram escola de desde a qualidade. mais Se remota data analisarmos a seus pensamentos, podemos reconhecê-los nos dias de hoje em nosso dia-a-dia em sala de aula. Nós professores precisamos tirar proveito de tudo que nos têm a ensinar levando a teoria para a nossa prática. Cultura, ação, emoção, vivência, cidadania, valores, afetividade, entre outras são palavras mágicas que nos falam os grandes pensadores de A.C. até os dias de hoje. Nosso Educação olhar nesse Infantil, trabalho alicerce está voltado fundamental para para a a nossa formação. Acreditamos que se toda criança tiver acesso garantido às escolas de Educação Infantil de boa qualidade, as dificuldades com a aprendizagem, bem como de alfabetização serão amenizados. Para isso apostamos numa escola onde os profissionais estejam se capacitando o tempo todo, responsabilizados com uma educação de qualidade. A escola por sua vez tem que ser um lugar prazeroso, onde as crianças vão para serem felizes. Lugar que possam ter contato com o conhecimento e sejam estimuladas a pensar, a criar, a criticar, a serem elas mesmas. Lugar onde possam ler o mundo de uma forma interessante, longe 6 das cartilhas que doutrinam e cerceiam toda e qualquer bagagem que a criança traz de sua rica cultura. 7 METODOLOGIA Nesta monografia é usado o método dedutivo em uma abordagem descritiva. Este trabalho de pesquisa tem como finalidade tornarse material de consulta para professores interessados em conhecer melhor o trabalho desenvolvido na Educação Infantil, sua importância para o processo de alfabetização e como e quando se dão às primeiras experiências da criança com a leitura e a escrita, a partir de uma abordagem construtivista. Para que essa pesquisa tenha sido realizada foi utilizado embasamento teórico, bem como relatos e exposição de experiências realizadas por professores atuantes na área de Educação Infantil, nos seguintes segmentos: Jardim 1(de 3 a 4 anos), Jardim 2 (de 4 a 5 anos), Jardim 3 (de 5 a 6 anos) e Classe de Alfabetização (de 6 a 7 anos). 8 SUMÁRIO Introdução...............................................09 Capítulo I – A História da Educação Infantil............11 Capítulo II – A criança e as suas primeiras experiências sobre a leitura e a escrita..............................29 Capítulo III – Relato de Experiências, baseado em fundamentação teórica....................................41 Conclusão ...............................................66 Bibliografia.............................................67 9 INTRODUÇÃO Este trabalho pretende estabelecer uma relação entre uma Educação Infantil de qualidade e o bom desempenho da criança no momento em que a alfabetização se concretiza. Vida rumos... moderna, vida agitada, novos papéis, novos O mundo mudou, a vida mudou, a família mudou, a escola mudou. Há algum tempo atrás as crianças pequenas cuidadas quase que exclusivamente pela mãe. eram A criança ingressava na escola mais tarde, muitas vezes só quando chegava aos 6/7 anos, idade em que se supunha, já estivesse pronta para a alfabetização. modificando e com a chegada Aos poucos isso foi se dos Jardins de Infância e a necessidade da mulher trabalhar fora, as crianças começaram a freqüentar a escola mais cedo, onde o aprender brincando e a socialização eram vistos como objetivos principais dessa instituição que se instalava. Longos anos se passaram desde o surgimento do primeiro Jardim de Infância, muitos estudos foram realizados a cerca do desenvolvimento Podemos afirmar infantil que os e como estudos a criança teóricos, a aprende. observação continua e a estimulação desde a mais tenra idade são facilitadores para que a criança chegue à classe de alfabetização apta para se alfabetizar. Partindo da compreensão de que a Alfabetização deve oferecer a criança uma visão crítica do mundo, apropriandose da leitura e da escrita de forma significativa, devemos 10 pensar que o melhor caminho para que esteja em contato com o mundo letrado seja a escola de educação infantil. Foi a partir da teoria construtivista que tivemos uma nova visão da aprendizagem, “entendendo-a como um processo contínuo de desenvolvimento...” A criança está desde cedo contextualizada nesse mundo dos textos que está presente nos livros, nos jornais, nas revistas, nas placas, nos autdoors, nos letreiros, nos produtos... a criança lê esse mundo e cabe, principalmente, ao professor estimulá-la para que ela aprenda, para que avance. Sabemos que essa realidade não está ao alcance de muitas crianças provenientes de classes populares e que, provavelmente, essas são as que mais sofrem ao serem submetidas a reproduções puramente mecânicas quando chegam às escolas por volta de 6/7 anos. O discurso de uma educação popular para todos é bem antigo aqui no Brasil, mas sabemos que isto ainda está longe de ser realidade e assim, vamos assistindo ao fracasso escolar gritante em nossas escolas públicas. O mundo mudou, a vida mudou, a família mudou, a escola mudou, a criança mudou. É preciso que se garanta escolas de Educação Infantil para todos e que essa escola se adapte qualitativamente a realidade de cada criança. 11 CAPÍTULO I História da Educação e seus Precursores 12 A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL Documentos escritos por Platão, cerca de 400 A.C., registram as primeiras idéias sobre a educação de crianças pequenas, que seria feita exclusivamente no lar. Essa constava das seguintes objetivos: preparar para o exercício futuro da cidadania e o conhecimento sobre o currículo que deveriam realizar, mais tarde, quando ingressassem na escola. Nessa época, ainda não havia estudos relativos ao desenvolvimento da criança na 1ª infância, nem sequer a preocupação com os meios empregados para instruí-las. A idéia educação pré-escolar, deveria única e exclusivamente ser feita no lar. 1.1.1 Educação no século XVII Destacamos nesse século a pedagogia de Comenius que em sua obra Escola da Infância, reconheceria a infância como um período normal de desenvolvimento do homem e recomendava o brinquedo e as experiências diretas com o objeto, para que as crianças apreendessem a forma. Valorizava, ainda, as experiências afetivas e os interesses como aspectos importantes e que por conseqüência, deveriam ser levados em consideração, ao se planejar um currículo para crianças pequenas. Ressaltou, também, a importância da saúde, do sono, alimentação e vida ao ar livre para um crescimento saudável e completo. Como podemos observar, a pedagogia de Comenius nos parece bem atual, talvez por isso seus princípios não tenham sido muito aceitos naquela época. 13 1.1.8 A Reforma A Reforma veio para definir os rumos da educação que visava, antes de tudo, corrigir a criança, que “nascia sob o estigma do pecado” e deveríamos conduzi-la para o caminho do bem. A corretiva, formação educação era caracterizada disciplinadora, da criança punitiva dentro dos e por uma conduta responsável padrões pela considerados corretos para o adulto. A punição dos erros era considerada indispensável para se obter a disciplina e a alegria era considerada insanidade. Desde cedo, os pais deveriam cultivar na criança o temor a Deus e a família cabia a responsabilidade pela doutrinação das crianças. Ao chegarem à escola mais tarde, receberiam o “verniz” de acabamento à “ilustração”. Resumindo, cabia a família a educação dos pequenos, seguindo a risca os padrões determinados pela Igreja. 1.1.3 A Educação no século XVIII Chamado “Século das Luzes” foi também considerado o século pedagógico por excelência. Destacamos os pedagogos Jean Jacques Rousseau e João Henrique Pestalozzi. Rousseau em seu livro Emílio, põe em dúvida os dogmas da Igreja e defende a idéia de que a criança nasce boa e desenvolve vícios em contato com a vida que existe ao seu redor. Opõese à doutrina defendida pela Reforma, aconselha a não direção da educação da criança pequena. Esta deveria ser deixada viver livremente, sem nenhum controle, durante os primeiros seis anos de sua vida. Supunha que seus erros indicariam o caminho a seguir. Rousseau via a infância como um período de ensaio do futuro homem e foi o primeiro a 14 insistir na profundamente idéia as da necessidade características de se desta conhecer fase para mais se conseguir educar melhor as crianças. Embora defendesse a educação dada pela mãe no lar, também defendia a idéia de que a criança inicia seu aprendizado desde o nascimento, que a infância não era apenas um tempo de espera para ficar adulto. Foi ele quem introduziu o uso do material concreto para provocar na criança o “sentir os objetos” em vez de “ouvir falar deles”. Acreditava também, que só através da educação dos pobres poderiam se modificar a condição de miséria. Suas idéias se aperfeiçoaram, multiplicaram e difundiram através de Frobel e seus discípulos. Os principais pontos da sua metodologia eram o contato com a natureza, o executar tarefas simples da vida do lar e da comunidade, o experimentar melhores métodos de ensino instruindo, o testar vocações trabalhando e o participar de uma vida onde o respeito mútuo se exercitava continuamente permeados por laços afetivos. O tempo da primeira infância deve ser utilizado de todas a maneiras imagináveis para a educação. A perda desses momentos é irreparável. Em lugar de deixar improdutivos os primeiros anos da vida, é preciso cultivá-los com o mais minucioso dos cuidados. (Dr. Aléxis Carrel) 15 1.1.8 A Origem do Jardim de Infância A expressão Jardim de Infância é a tradução do vocábulo alemão “Kindergarten”. Deve-se essa expressão a Frederico Frobel. Apesar de fortemente influenciado por Pestalozzi, Frobel pôs em prática alguns princípios de educação que eram apenas seus e se dedicou 14 anos à experiência de “educar em liberdade a mente do homem com sentido de obter a plenitude de seu desenvolvimento”. Frobel interessou-se pelos pequeninos, observava-os durante horas e brincava com eles. Considerado como um velho maluco, foi quem revolucionou a concepção que se tinha até então a respeito da educação dos pequeninos. A educação, é a vida que conduz o homem, ser inteligente, dotado de razão e consciência, a exercer a desenvolver e a manifestar o elemento de vida que possui. Frobel Frobel desejava uma escola apropriada à criança, que, segundo sua vontade, deveria estar em contato com a natureza; pedia para ela a amplidão de uma atividade livre e espontânea, mas não o livre exercício dos instintos; antes, a disciplina desses instintos pelo próprio esforço, dirigido para um fim útil. Reclamava a liberdade do brinquedo como uma atividade primordial e de significação profunda. O educador deveria tirar partido da curiosidade da criança, de sua necessidade de agir, apalpar e criar. Frobel insistia sobre o valor do desenvolvimento sensorial na criança. Devido a isso, criou um material para os pequeninos – primeiro material 16 educativo – ao qual deu o nome de “dons”. Essas criações ainda são usadas até os dias de hoje nas escolas de Educação Infantil: modelagem, picagem, recortes, tecelagem, desenhos, trabalhos com contas...Defendia também, a idéia de que as crianças precisam estar em contato estreito com a natureza, possuir o seu jardinzinho e cultivá-lo; é compara ela própria a uma plantinha e o seu professor a um jardineiro que dela cuida. Daí o primeiro nome de “Viveiros Infantis”, que substituiu mais tarde por “Jardins de Infância”. 1.1.8 Educação no Século XIX Esse século foi marcado antropologia cultural, pelas escolarização universal, pela pelo surgimento primeiras implantação idéias da da de primeira escola de economia doméstica, pelo avanço da Biologia, a Fisiologia comparada, o surgimento de novas ciências como a Psicologia, Sociologia e a Pedagogia. Destacamos nesse século os estudiosos: Wundt, Drkheim, Comte, Marx, Frobel e Herbert Spencer. Nada, por certo, salvo a educação universal, pode contrabalançar a tendência à dominação do capital e à servilidade do trabalho. Se uma classe possui toda a riqueza e toda a educação, enquanto o restante da sociedade é ignorante e pobre, pouco importa o nome que dermos à relação entre uns e outros: em verdade e de fato, os segundos serão os dependentes servis e subjugados dos primeiros. Mas, se a educação for difundida por igual, atrairá ela, com a mais forte de todas as forças, posses e bens, pois nunca aconteceu e nunca acontecerá que um corpo de homens inteligentes e práticos venha a se conservar permanentemente pobre. Horace Mann 17 1.1.8 A Educação no século XX Esse século oferece riquíssima produção pedagógica. De maneira geral, as propostas do século anterior necessidade da escola pública, leiga reafirmam a gratuita e obrigatória. Esta exigência se torna mais forte devido ao crescimento das indústrias e á exploração demográfica. Surge nesse século a pedagogia nova com grandes nomes como: Maria Montessori, Édouard Claparède, W.H. Kilpatrick, William James e Anísio Teixeira, Jean Piaget, Celestin Freinet, Henry Wallon, Emilia Ferreiro e Lev Semanovch Vygotsky. 1.1.8 A Educação Infantil Atualmente Muitos anos se passaram desde o surgimento do primeiro Jardim de Infância e da concepção de educação da criança pequenina, oferecida fora do ambiente do lar e das influências da família. A tendência romântica de que a préescola é um jardim, as crianças são flores ou sementes e a professora é a jardineira dá lugar a uma escola de Educação Infantil onde a criança é vista “como sujeito que pensa” e espaço que deve propiciar o desenvolvimento pleno dessa criança, levando em conta seus valores culturais, estimulando a autonomia, a cooperação, a criatividade entre outros valores. A pré-escola é lugar de trabalho, a criança e o professor são cidadãos, sujeitos ativos, cooperativos e responsáveis – A educação deve favorecer a transformação do contexto social. Sonia Kramer e colaboradoras 18 Visto que a educação aqui no Brasil, passa a ser dever do Estado e direito de todos os cidadãos há apenas 50 anos, ressaltamos que a história e a evolução do atendimento à criança de 0 a 6 anos ainda é bem grave atualmente. Muito recentemente esse atendimento era visto apenas tendo caráter médico e assistencial e só a partir dos anos 70 começasse a reconhecer a importância da educação para a criança pequena, e assim, as políticas governamentais começam a ampliar o atendimento, especialmente às crianças de 4 a 6 anos. Porém, essa educação ainda não está assegurada pela legislação, fato que vem dificultando a expansão de qualidade desse segmento. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996: Seção II Da Educação Infantil Art.29. A Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até seis anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, completando a ação da família e da comunidade. Art.30. A Educação Infantil será oferecida em: I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade. II – pré-escolas, para as crianças de quatros a seis anos de idade. Art.31. Na Educação Infantil a avaliação farse-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. Porém, essa ainda não é assegurada para todas as nossas crianças. 19 1.1.8 A História da Educação Infantil no Brasil Anísio foram Teixeira, Lourenço Filho e Heloísa Marinho discípulos de Dewey na Universidade de Chicago e responsáveis pela introdução da Escola Nova no Brasil, da qual foram grandes defensores. Anísio divulgadores implantação Teixeira da na e Lourenço filosofia de Filho, Dewey, foram lutaram grandes pela sua escola primária e, a convite de Anísio Teixeira, Heloísa Marinho foi trabalhar no Instituto de Educação – RJ, no Centro de Pesquisas da Criança, tendo Lourenço filho como seu diretor. Heloísa Marinho cria aí, o curso de formação de professores de pré-escolares, que começa a funcionar a partir de 1949, chegando, durante alguns anos, a oferecê-lo em nível superior. Graças ao esforço desses três educadores, o Instituto de Educação funcionou como órgão formador de Jardineiras dentro da filosofia que tem no homem e no seu desenvolvimento pleno como finalidade de educação. A partir de 1974 começa a oferecer o curso de “Estudos Adicionais”, de um ano de duração. Hoje a realidade da formação dos professores começa a sofrer transformações. A Seguir citamos parte de um artigo do jornalista Roberto Pellim* da Folha de São Paulo que esclarece um pouco as transformações que estão acontecendo. Diretrizes do MEC (Ministério da Educação) já mudaram e ainda vão alterar os cursos de magistério e pedagogia. A principal novidade é a obrigatoriedade de diploma de ensino superior a todos os professores que se formarem a partir de 2007, mas mudam também o currículo dos cursos e a formação de professores. 20 A partir de dezembro de 2007, quem quiser ser professor deverá, obrigatoriamente, ter um curso superior. Assim, quem fizer magistério no ensino médio não poderá mais dar aula. "A lei restringe o ingresso de professores (formados no ensino médio) a partir de dezembro de 2007", afirma Maria Inês Laranjeira, 50, coordenadora da formação de professores na Secretaria de Educação Superior do MEC. Segundo ela, não haverá nenhuma alteração para os professores que já lecionam. Quem já se formou no magistério do ensino médio não terá de fazer adaptação ou curso superior. "Se ele já estiver (formado), não acontece nada." Com isso, alguns professores de regiões mais pobres do país que não completaram o ensino médio continuarão lecionando. Mas o objetivo das mudanças, segundo Maria Inês, é "induzir os (professores) que já estão dando aula a buscar o nível superior". As mudanças também afetarão o ensino superior. Os cursos de pedagogia já começam a sofrer alterações. Quem começar a prestar esse curso em 2005 deverá fazer habilitação em licenciatura. Fica a critério de cada faculdade criar essa opção além do bacharelado, que não o habilita a dar aula. Segundo decreto deste ano, cai a exclusividade que o curso de normal superior tinha para formar professores para o ensino infantil e os quatro primeiros anos do ensino fundamental. O termo "exclusividade" é trocado por "preferencialmente". Mas os cursos de pedagogia devem se adaptar para oferecer a habilitação. O projeto sugere alterações mais profundas no ensino básico (educação infantil, ensino fundamental e médio), mas ainda passará por audiências públicas. *PELLIM, Roberto. Legislação altera cursos e a formação de professores.Folha de São Paulo on Line. <http://www.uol.com.br/folha/educacao/ult305u1926.shtml>. 21 1.2 OS PRECURSORES John Amos Comenius (1592–1670) – Checo Pensador e místico, foi o fundador da didática e de parte da pedagogia moderna. Escreveu uma “Breve Proposta”, defendendo uma escola de tempo integral para jovens, ressaltando que eles deveriam ser educados tanto da cultura nativa como na cultura européia. Defendia ainda a reforma do sistema educacional e uma revolução nos métodos de ensino visando um aprendizado mais rápido e agradável. Jean Jacques Rousseau (1712-1778) – Suíço Entre suas obras destacam-se: Discurso sobre a origem da desigualdade entre os homens, Do contrato social, ambos sobre política, e Emílio ou Da Educação(1762). Centraliza os interesses pedagógicos no aluno e não no professor, ressaltando que a criança não deve ser considerada um mine adulto, e sim um ser único com suas especificidades. Johann Heinrich Pestallozzi (1746-1827) – Suíço Descontente com os métodos arcaicos da educação que limitavam aprendendo os alunos por a ficar sentados, de memorização. processos enfileirados, Pestallozzi introduz métodos ativos, onde as crianças entram em contato com a realidade educador, cria o da vida. instituto Reconhecido de como pesquisas e um grande uma escola especializada em educação de crianças com deficiências. 22 Friederich W.A.Froebel Segue as idéias contribuição pedagógica criança primeira na Kindergarten (jardim (1782-1852) – Alemão de é Pestalozzi, voltada infância. de sua para a Fundador infância). Em sua principal educação do da primeiro escola, dá privilégio às atividades lúdicas, valorizando o jogo e o brinquedo para o desenvolvimento sensório-motor da criança. Ovide Decroly (1871-1932) – Belga Em sua obra destaca-se pela preocupação com o desenvolvimento infantil. Observa que diferentemente do adulto a criança tem uma visão global das coisas, isto é, percebe os fatos e as coisas como um todo. Tais idéias, se contrapõem às tendências associacionistas da aprendizagem da época. Tradicionalmente, o ensino da leitura era feito por intermédio formar palavras de e letras após isoladas, vinha a depois construção unidas de para frases, Decroly propõe o inverso, trabalhando com frases inteiras (o todo). Maria Montessori (1870-1952) – Itália Primeira mulher médica em seu país, dedicou-se às crianças especiais, e ao constatar resultados positivos, resolve aplicar seus métodos em crianças de desenvolvimento normal. Era uma estudiosa da psicologia e assim, consegue um avanço significativo nessa área. Aperfeiçoa um método cientificamente elaborado para favorecer o desenvolvimento harmonioso da criança. O método criado por Montessori é 23 considerado o primeiro método ativo, tanto no que se refere à criação objetivos quanto o na aplicação desenvolvimento e tem como sensório-motor principais da criança pequena. John Dewey (1859-1952) – Americano Escreveu Meu Credo Pedagógico, A Escola e a Criança e Democracia e Educação, essa última considerada a melhor. É considerado o pedagogo americano mais famoso e grande divulgador da escola nova. Fundou uma escola experimental na Universidade de Chicago, no final do século XIX. Dewey critica a educação tradicional, principalmente o intelectualismo e a memorização. W.H.Kilpatrick (1871-1965) – Americano Foi discípulo de Dewey e tinha como concepção de educação a formação de hábitos, habilidades, valores e antecipações. Pensava ser o papel do professor o de dirigente e provocador da aprendizagem. Algumas de suas obras foram: Função Social e Cultura da Escola e Filosofia da Educação. 24 Édouard Claparède (1873-1940) – Suíço Psicólogo, realizou pesquisas no campo da psicologia infantil. Foi um dois mais influentes representantes da escola da psicologia funcionalista. Formulou a Lei do Interesse Momentâneo, onde afirmava que “O pensamento é uma atividade biológica a serviço do organismo humano”. Jean Piaget continuou sua pesquisa sobre o desenvolvimento do pensamento da criança. Jean Piaget (1896-1980) – Suíço Embora não fosse pedagogo, foi um grande influenciador da pedagogia do século XX. Grande estudioso da psicologia genética, contribuiu construção do muito pensamento. para Segundo o entendimento Piaget, as da crianças passam por estágios aos quais nomeou de Sensório-motor(0 a 2 anos), Pré-operatório(2 a 7 anos), Operatório-concreto(7 a 11 anos) e Lógico-formal(12 anos em diante). Sua obra nos leva a conclusão de que o trabalho de educar crianças se refere ao favorecimento da atividade mental do aluno e não a uma pura e simples transmissão de conhecimento. Assim, sua crítica a escola tradicional é ferrenha. Segundo Piaget a escola tradicional tem como objetivo acomodar, tradicionalistas, em moldar vez as de crianças estimular aos a conteúdos criatividade, inventividade e a criticidade. Piaget deixou claro que as crianças não raciocinam como os adultos e que vão aos poucos se inserindo nas regras, valores e símbolos da maturidade psicológica e que 25 essa inserção se dá a partir de dois mecanismos: assimilação e acomodação. Burruhus Frederic Skinner(1904-1990) – Americano Realizava suas experiências sobre o comportamento com pombos e ratos brancos. Criou um aparelho que até hoje é usado em laboratórios de psicologia e é chamado de Caixa de Skinner. Sofreu influência de Pavlov e Watson e assim, desenvolveu atividades sobre a psicologia da aprendizagem, criando o método de ensino programado que poderia ser aplicado sem a intervenção do professor. Celestin Freinet (1896-1966) – Francês Tinha um grande respeito às crianças, elaborando várias técnicas pedagógicas, criou a “aula-passeio”, pois acreditava que o interesse das crianças iam além dos muros da escola. Para Freinet -A criança é da mesma natureza que o adulto; -Ser maior não significa, necessariamente, estar acima dos outros; -É preciso ter esperanças otimistas na vida; -A criança e o adulto não gostam de uma disciplina rígida, quando isso significa obedecer passivamente uma ordem externa. Henry Wallon (1879-1962) - Francês No início do século passado, suas idéias realizaram uma verdadeira revolução no ensino. Médico, psicólogo e filósofo sua teoria pedagógica diz que “o desenvolvimento intelectual envolve muito mais do que um simples cérebro”. Sua teoria tem como base “a afetividade, o movimento, a 26 inteligência e a formação do eu como pessoa”. Era contra a reprovação e dizia que “reprovar é sinônimo de expulsar, negar, excluir”. Ou seja, “a própria negação do ensino”. Emília Ferreiro – Argentina Argentina radicada no México, foi aluna de Jean Piaget. Emília trouxe grande contribuição para a educação dos países do terceiro mundo. Com base na teoria da construção do conhecimento, realizou estudos de lingüística para observar como se dá a construção da linguagem escrita. Sua teoria pressupõe que, muito antes de ingressar na escola formal a criança já constrói hipóteses sobre a escrita. Emília Ferreiro se recusa ao uso de cartilhas para alfabetizar, tornando-se esse um dos pontos altos da teoria da psicolingüística alfabetização com argentina. textos atuais, Ela defende livros uma variados, literatura infantil, jornais, revistas, logotipos. Para ela as cartilhas são artificiais e desinteressantes. A sala de aula deve ser transformada em um ambiente alfabetizador e o ritmo das aulas dado pelos alunos, porém sem perder de vista a autoridade do professor. Esse trabalha para estimular seu aluno deixando-o bem a vontade para explorar sua própria concepção de escrita. É necessário entender que a aprendizagem da linguagem escrita é muito mais que um código de transcrição: é a construção de um sistema de representação. Emília Ferreiro 27 Lev Semanovch Vygotsky (1896-1934) – Russo Morreu muito jovem, mas deixou uma vasta contribuição teórica. Com sua teoria socioconstrutivista (ou, como preferem chamar alguns especialistas sociointeracionista), privilegiou os estudos sobre as operações superiores, como por exemplo, o pensamento abstrato, a atenção voluntária, a memorização ativa e as ações intencionais. Faz uma análise dos fenômenos do pensamento e da linguagem, tentando compreendê-los dentro do processo histórico do sujeito como “internalização das atividades socialmente enraizadas e historicamente desenvolvidas”. 1.2.1 OS PRECURSORES BRASILEIROS Anísio Teixeira As idéias de Anísio Teixeira estavam presentes no documento publicado em 1932 “Manifesto dos Pioneiros da Educação Nova” e que marcou a diferença entre educadores progressistas e conservadores da época. Ao ter acesso à teoria de Dewey, foi tomado pelas idéias de democracia e de ciência, nas quais via a educação como fonte de transformação que se fazia necessária no Brasil. Lourenço Filho Talentoso educador, destaca-se tanto como discente como docente. Sua preocupação com a educação o movia. Em viagens pelo Brasil e pelo exterior, amplia sua cultura, utilizando-a para escrever sobre: História do Brasil, 28 Geografia, Psicologia, estatística e Sociologia. No campo da Educação destacamos pesquisas na área de alfabetização infantil e de adultos entre tantas outras. Paulo Freire Nasceu no Recife em 1921, formou-se em Direito, mas não exerceu a profissão, dedicando-se ao magistério. Muito crítico, se opunha à idéia de que ensinar era transmitir saber, pois para ele o papel do professor era possibilitar a criação ou a produção de conhecimento. Defendia a idéia de que o aluno quando chega à escola traz uma cultura própria, que não é melhor nem pior que a do professor e sendo assim, através de trocas os dois aprenderão juntos. Para isso as relações têm que ser afetivas e democráticas. 29 CAPÍTULO II A criança e as suas primeiras experiências sobre a leitura e a escrita 30 A criança e as suas primeiras experiências com a leitura e a escrita Nos dias de hoje, temos a nossa disposição um vasto estudo sobre como as crianças aprendem a ler e a escrever. Pesquisas nos mostram que as crianças pequenas pensam na escrita bem antes do que imaginamos. À medida que a criança vai usando e pensando sobre essa escrita, vai evoluindo de forma coerente, isto é, vai compreendendo como ela funciona. Para melhor ajudá-la, precisamos observar como se dá esse processo. Assim, devemos ser atentos, solícitos, intuitivos e interessados no que a criança tem a dizer e pensa sobre a escrita. 2.1. As primeiras experiências da criança com a leitura O construtivismo aprendizagem, sendo nos deu ela um uma nova visão processo sobre continuo a de desenvolvimento. Para a teoria construtivista “não existe um limite claro entre pré-leitor e leitor e escritor”. “Sob nosso ponto de vista, essas aprendizagens, dadas durante o período dos três aos cinco parte, por anos, não direito são prévias, próprio, do mas fazem processo alfabetização.” Ana Teberosky de 31 Na visão construtivista, a escrita, a leitura e a linguagem oral se desenvolvem juntamente desde a mais tenra idade. Consideramos que a alfabetização inicial não é um processo separado, mas que acontece dentro dos contextos sociais e culturais onde a criança convive. Depende do contexto cultural em que a criança está inserida, a maneira pela qual vai lidar com a leitura e a escrita. Em famílias que as crianças interagem desde cedo com tarefas que envolvem a leitura e a escrita (pai lendo jornal e fazendo comentários, leitura de receitas com a avó, listagens para supermercado com a mãe, leitura de livros de literatura infantil...), provavelmente, vão influenciar nas aprendizagens convencionais/formais que virão depois. A partir da interação com materiais escritos, a criança vai elaborando seu conhecimento, sendo de estrema importância à transmissão do conhecimento social feito pelos adultos. É a partir desse contato que a criança vai tomando consciência da diferença da linguagem escrita da linguagem da conversação. Pensamos que seja de extrema importância à garantia do acesso de crianças provenientes de classes populares e, provavelmente, com pouca vivência com práticas de leitura, nas escolas de educação infantil. Visamos assim, suprir a defasagem dessa falta de contato precoce com a leitura e a escrita, tendo como finalidade amenizar as dificuldades encontradas quando alfabetização. essa criança chega às classes de 32 Está provado que um ambiente alfabetizador, rico em materiais escritos e repletos de prática de leitura e escrita, influencia no desenvolvimento da criança que junta os conhecimentos elaborados por ela mesma aos que são transmitidos pelos adultos. Segundo a perspectiva construtivista, esses conhecimentos se dão antes e durante a escolarização. “–Antes começam no material da escolarização âmbito familiar impresso, tão porque, e na geralmente, interação freqüente nos com o ambientes urbanos atuais.” “recebe Durante tal escolarização ensino conhecimentos sobre a as escolar, sobre suas a a porque, criança representação unidades, junto do com enquanto desenvolve escrito o e ensino convencional.” Ana Teberosky Estudos nos mostram que a prática da leitura, além de criar um hábito aprendizagem. criança prazeroso, Convivendo compreende que favorece com os a atividades livros têm organização de leitura, suas da a próprias convenções, e que as palavras criam mundos imaginários que vai muito além da vida real. A partir do momento que o adulto lê em voz alta para a criança, estimula a escuta, o entendimento. Fazendo perguntas sobre o enredo lido elas respondem e elaboram outras perguntas, podendo vir a ser uma ponte entre a 33 linguagem oral e a linguagem escrita. Servindo ainda para ampliar muito o vocabulário da criança. É claro que as crianças pequenas têm muita facilidade para aprender palavras novas, aprendendo essas palavras de fontes diretas, interagindo socialmente com as pessoas que as cercam, pais irmãos e outros familiares. Já as crianças um pouco maiores, aprendem palavras novas indiretamente, por intermédio da televisão ou pela leitura em voz alta feita pelos adultos. São aquelas que, quando as crianças falam, perguntamos espantados: -Onde você ouviu isso? Mais tarde, quando a criança se torna leitora e tem acesso aos textos realizando com autonomia a leitura silenciosa, transforma a fonte indireta numa fonte direta, isto é, na idade pré-escolar a criança é capaz de tirar proveito tanto das fontes diretas como das indiretas. Conclui-se então, que quanto mais as crianças são envolvidas ativamente em atividades de leitura e escrita, mais desenvolvem seu vocabulário e passam a compreender as funções do texto escrito. Além da leitura de histórias, podemos citar a importância do estímulo da leitura de cartazes na rua e a leitura e escrita doméstica (listagens, receitas, rótulos...), apesar de não serem, no geral, dirigidos às crianças, despertam muito interesse nos pequenos, cabendo a nós adultos dispor desses materiais valiosos, inserindo assim, a criança nesse mundo escrito do nosso cotidiano. 34 “Os pais de uma criança com fracasso escolar em leitura e escrita ficaram muito surpresos quando lhes perguntamos se tinham livros infantis em casa. Eles acreditavam que o uso de livros era conseqüência do ensino escolar e sustentavam que comprariam livros para seu filho quando este soubesse ler, e não antes. ”O argumento desses pais está associado ao que conhecemos como “efeito Mateus”. (Stanovich, 1986) O comentário feito pelos pais de Mateus, como as pessoas pensam na nos mostra aprendizagem como uma coisa descontínua, sendo momentos diferentes, antes da criança aprender e após ter aprendido. Precisamos entender que ler e escrever são formas de comunicar-se, como falar e ouvir. Portanto, essas devem estar inseridas à sala de aula como outro “aspecto da vida, e não à margem estimulantes em dela”. Devemos ambientes oferecer positivos que experiências favoreçam a participação, a construção de hipóteses e interpretações, despertando assim, o desejo de entender o que foi lido ou escrito, trazendo o mundo de experiências da criança para dentro de sala. Outra forma de aproximar a criança desse mundo de informações; são “as aulas-passeio” sugeridas por Freinet e que com certeza fazem grande sucesso entre os pequenos. No caminho de casa para a escola e de volta para casa, a criança vai “lendo o mundo” e quando esse percurso é feito com o professor, essas vivências podem ser enriquecidas. Utilizando e transformando essas informações adquiridas em 35 materiais que vão contribuir com para a construção da leitura e a escrita (nomes de ruas, leitura de autdoors, visita a mercados, farmácias, bibliotecas...). Insistimos em chamar atenção para importância da criança pequena ter acesso às escolas de educação infantil. Quanto mais imersas nesse mundo letrado, com uma vasta e rica experiência com a leitura e a escrita, maior a garantia para o seu sucesso na alfabetização. 2.2. As primeiras experiências da criança com a escrita Podemos dizer que a criança dá o primeiro passo em direção a compreensão diferenciando o desenho de como se constrói a escrita, da escrita. A partir do momento em que conseguem identificar esses símbolos gráficos, começam a elaborar hipóteses sobre a combinação e a distribuição das letras. Essas hipóteses vão se construindo durante a alfabetização inicial, isto é, a partir do momento em que a criança tem contato com esses materiais impressos. Esse conhecimento é construído porque não podem ser transmitidos diretamente, pois nenhum adulto consegue explicar as regras gráficas às crianças. Nem podem ser deduzidas do material escrito, sabido que muitas palavras podem ter apenas uma letra (preposições e conjunções) e outras apresentam letras repetidas (rr, ss e outras duplicações nos dígrafos). 36 2.3. Escrita espontânea As primeiras explorações que as crianças realizam para compreender a escrita são as produções espontâneas. Entendemos por produção espontânea aquela que a criança escreve como ela pensa que deveria escrever, isto é, sem uma cópia. Esse material escrito é um valioso documento que poderá ser analisado e interpretado pelo professor, cabendo a ele dar o estímulo necessário para que a criança avance em suas hipóteses. Emilia Ferrreiro nos fala sobre a importância do conhecimento do professor sobre as produções escritas das crianças: “Aprender a lê-las – isto é, a interpretá-las – é um longo aprendizado que requer uma atitude teórica definida”. 2.4. Período Silábico Nesse período, a criança começa a descobrir que a quantidade de letras para escrever uma palavra pode ter correspondência com a quantidade de partes da palavra (as sílabas). Assim, a criança constrói a hipótese silábica que vai evoluindo até chegar ao requinte de usar uma letra para representar cada sílaba, sem repetir letras e sem ocultar nenhuma sílaba. 37 “Esta hipótese silábica é da maior importância , por duas razões: permite obter um critério geral para regular as variações na quantidade de letras que devem ser escritas,e centra a atenção da criança nas variações sonoras entre as palavras.” Emilia Ferreiro No entanto, essa hipótese silábica se desestabiliza quando a criança começa a perceber a quantidade mínima de letras que uma palavra deve ter para ser “interpretável”, isso acontece como por exemplo com o monossílabo, que deveria ser escrito apenas com uma letra, mas desse jeito “não se pode ler” como também, por intermédio do contato direto com a escrita convencional do professor, que sempre terá mais letras do que a hipótese silábica permite entender. 2.5. Período Silábico-Albabético A criança conflitos chega a esse período por intermédio dos vivenciados na fase anterior, aliados a interferência do professor. Nesse momento a criança percebe que a sílaba não pode ser considerada como uma unidade, mas que é composta de elementos menores, as letras. A partir daí, a criança se confronta com novos desafios: pelo lado quantitativo (uma letra por sílaba não basta), e pelo lado qualitativo, enfrentando problemas ortográficos (a identidade do som não garante identidade de letras, nem a identidade de letras e de sons). 38 2.6. Período Alfabético Muitas pesquisas são necessárias ainda para definir como a criança chega a fonetização, chamado de “estalo da alfabetização”. Ressaltamos que a fonetização não se dá de forma instantânea. A criança escreve, num primeiro momento, alfabeticamente algumas sílabas e permanece silábico para outras. Em algumas vezes, isso acontece por uma lógica construída por eles como, por exemplo quando tem a ver com o nome da letra e assim, podem ser consideradas uma sílaba completa, “ge” em geladeira, que a criança escreve “gladeira” ou “q” em quebrado, que ela escreve “qbrado”. Essa escrita parcialmente alfabética, é considerada por Ester Pillar Grossi, uma etapa do nível alfabético. “Elas são escritas silábico-alfabéticas, porque mesclam os dois tipos de concepções, mas já fazem parte do nível alfabético”. Ressaltamos que essa superação não significa ser a solução de todos os conflitos envolvidos neste momento. A seguir mostraremos alguns deles a serem superados: - Perceber que as sílabas geralmente têm mais de uma letra não faz com que a criança conclua que podem existir sílabas de duas, três,quatro,cinco e até mesmo só com uma letra. Pensar que as sílabas são sempre compostas de duas letras, provavelmente acontece pelo fato da freqüência em que aparecem em nossa língua. Outra freqüência que leva a criança a generalizar, é a sílaba composta de consoante vogal, sendo comum 39 aparecerem palavras como “árvore”, escrita assim: RAVORE. - Outro problema importante é a separação adequada das palavras dentro palavras e/ou de um texto, dividi-las em é comum duas ou emendarem três partes. Atribui-se essa dificuldade na separação das palavras a ênfase dada a fonetização da sílaba. Assim como, quando estão iniciando a leitura, acontece também durante a construção de textos, momento em que as crianças concentram-se nas sílabas, desaparecendo a palavra como um todo. - Destacamos também, o fato da ênfase dada sobre a adequação fonética do escrito ao sonoro, deixando de lado a preocupação com a ortografia, reformulando ou mesmo esquecendo conhecimentos adquiridos anteriormente. Como por exemplo citamos uma criança que se chama Rosa e já escreve há muito tempo seu nome e que a partir do momento em que chega a essa escrita fonética passa a escrever ROZA. - Compreender as silabas mais complexas (como as que contém, grupos consonantais: briga, comprido, cabrito...) que é um esforço lógico d raciocínio e não de fixação mecânica. “Insistimos componentes lógicos, na inter-relação dos perceptivos-motores, afetivos, sociais e culturais na aprendizagem. Há nesta caminhada do aluno em sua aprendizagem, lógica. Ao permanentemente, lado dela, estão uma componente presentes as 40 componentes afetivas, as perceptivo-motoras, as sociais e as culturais também, todas entrelaçadas numa trama indissociável. Imaginar-se a aprendizagem como fruto uma só de uma de resquício destas instâncias concepção é equivocada ainda dos processos cognitivos. Ester Pillar Grossi No próximo capítulo, estaremos mostrando relatos de experiências de professores de classes de Educação Infantil (crianças de três a sete anos de idade), assim como faremos uma exposição de atividades realizadas com essas crianças. Tentaremos assim, traçar uma panorâmica entre a prática vivenciada em sala de aula com a fundamentação teórica apresentada nesse trabalho. 41 CAPÍTULO III Relato de Experiências Baseado em Fundamentação Teórica 42 Relato de Experiências Baseado em Fundamentação Teórica Pensamos ser de muita importância a teoria aliada a prática para o desenvolvimento de uma Educação Infantil de qualidade. Faremos nesse capitulo um passeio por esta prática a fim de apresentarmos o quanto é prazeroso e gratificante trabalhar com crianças pequenas. Pequenas sim, mas autoras de sua própria história, produtoras de textos, leitoras. Leitoras do mundo, mundo que as cerca e encanta. Mostraremos ainda o papel do educador, que consciente de sua responsabilidade na formação dessas crianças, precisa estar sempre em formação e interferir de maneira adequada e com muito carinho e respeito por esse ser maravilhoso que é a criança. 3.1. Jardim 1 – Crianças de 03 a 04 anos A professora de Educação Infantil Rosa define o trabalho de leitura com suas crianças da seguinte maneira. “ A leitura é realizada a partir da incorporação da fala e da leitura do outro, origina processos de aprendizagem e desenvolvimento. A criança apropria-se da fala do outro, tornando-a sua, no processo de constituição do leitor. O desenvolvimento se processa a partir da expressão e comunicação, estabelecendo relações com o mundo físico e social, através de formas diversas de expressão artística (literatura, música, artes plásticas, etc).” 43 “Durante essas vivências a criança vai percebendo que existe uma mensagem no mundo das letras e passa a interessar-se por tudo que está escrito. Assim, já não basta contar uma história, é preciso que a professora leia o que está escrito no livro, o que desencadeia a leitura de toda mensagem escrita que passa pela turma (jornais, textos produzidos por outros grupos da escola, circulares que dizem respeito à turma, recados das agendas, etc).” “O trabalho com a dramatização deixa de ser apenas um jogo de imitação e passa a fazer parte de um contexto. Além de representar personagens já conhecidos, produz-se histórias que são registradas pela professora e cria-se novos personagens a partir de experiências que a criança vivencia.” Segundo Ana Teberosky, as crianças começam a compreender como funciona o sistema alfabético da escrita diferenciando o desenho da escrita. Assim, uma vez que percebem quais são as marcas gráficas que servem para ler elas começam a elaborar hipóteses sobre a combinação e a distribuição das letras. Assim, as crianças começam a distinguir textos que têm poucas letras e textos que são para ler (devem ter no mínimo, três ou quatro caracteres). As crianças rejeitam os textos com letras repetidas porque dizem “são todas iguais”. Aí, podemos ver a fala da professora Rosa que percebe o interesse de seus alunos, por tudo que pode ser lido. Tais inicial, hipóteses são são construídas construídas porque não na são alfabetização transmitidas 44 diretamente, isto é, nenhum adulto explica essas regras gráficas às crianças. Estas crianças hipóteses anteriormente diferenciarem o material citadas, permitem às gráfico, mas, nesse momento, elas ainda não são capazes de verificar qual a forma específica de representação da escrita. Ainda não construíram hipóteses sobre o estatuto da representação típica da escrita. A professora de Educação Infantil Carmem define o trabalho de escrita com suas crianças da seguinte maneira. “A escrita começa a ser percebida como um símbolo diferente do desenho. A chamada(ficha) é feita por etapas: 1º de eles recebem uma ficha com a foto deles e uma figura sua escolha. escrevemos o nome 2º e essa ficha associamos é a desmembrada, figura. Por 3º - último desmembramos e deixamos só o nome da criança. Com esse processo, a criança associa a foto a figura, entendendo que a figura também a está representando. Depois ela associa a figura ao nome, percebendo que as duas maneiras estão representando-a e começa a perceber a diferença entre o desenho e a escrita. No momento da chamada, as crianças são estimuladas a entrarem em contato com a escrita , nomeando as letras, verificando quem tem o nome começando com a mesma letra que a sua, do amigo, do papai, da mamãe...). Antes de chegar a experimentação da escrita, a turma fica em contato com o mundo letrado diariamente e o tempo todo. Além da chamada, ela visualiza também a escrita no momento em que a professora escreve o nome dela na folha individual na hora do desenho livre, durante a escrita de uma histórias coletivas, de títulos nos murais, de recados 45 enviados pelas agendas...Ao final do ano, as crianças começam a experimentar a escrita do nome próprio com o estímulo da professora. Sempre quando entregam a folha de atividade individual, pedimos que escrevam o nome do jeito que eles sabem. Para essa faixa etária, começar a escrever o nome é bem estimulante, pois aí demonstram seu interesse pelo mundo letrado.” Na concepção de Emilia Ferreiro, a distinção entre “desenhar” e “escrever” é de fundamental importância. Ao se desenhar estamos no domínio do icônico; as formas dos grafismos importam porque reproduzem a forma dos objetos. Ao se escrever estamos fora do icônico, isto é, as formas dos grafismos não reproduzem a forma dos objetos, nem sua ordenação espacial reproduz o contorno dos mesmos. Nas páginas atividades narram para que realizadas a se seguem podemos coletivamente, professora registrar ver onde suas ilustradas as crianças idéias. Essas atividades nos apresentam como é trabalhada e desenvolvida a leitura e a escrita nessa escola de Educação Infantil, dentro dessa faixa etária (Jardim 1 – Crianças de 03 a 04 anos). 1-Construção de texto coletivo a partir de observação de reprodução da obra de Tarsila do Amaral “A Favela”. 2-Descrevendo gravuras a partir de atividades desenvolvidas sobre os “Jogos Olímpicos 2004”. 46 47 48 49 3.1.2. Jardim 2 – Crianças de 04 a 05 anos A professora de Educação Infantil Eleonora define o trabalho de leitura e escrita com suas crianças da seguinte maneira. “As fichas de onde faço inicial, chamada são exploradas brincadeiras como: na rodinha adivinhações, mostrando só a primeira letra do nome, jogo da memória onde tem que achar o seu próprio nome ou reconhecer e entregar o de um amigo escolhido. Outra maneira de se trabalhar a leitura e a escrita são as construções coletivas de histórias. Nessa atividade as crianças criam os textos e vão narrando as frases para a professora registrar no blocão. Nesses momentos as crianças reconhecem no texto escrito pelo adulto letras do seu nome, constroem hipóteses e fazem perguntas como: “- Por que você escreve muitas letras?” “Por que aí tem letras do meu nome e do seu nome, se eles não são iguais?” E assim, vão construindo o seu saber.” “Estimulo a escrita juntamente com a leitura. É também a partir de brincadeiras que eles começam a usar a escrita espontânea. A primeira escrita a aparecer é a do nome próprio, depois a escrita de nomes de amigos e/ou familiares. Observo que elas experimentam a escrita do nome próprio de todas as maneiras, da direita para a esquerda, na vertical e por fim na horizontal da esquerda para a direita (convencionalmente). Aos poucos, vão experimentando essas letras para escreverem outras palavras quando estão desenhando, são letras que se combinam comunicar algo (escrita espontânea).” para tentar 50 Anete Abramowicz e Gisela Wajskop, nos dizem como as escolas de diferentes Educação Infantil vivências e recebem crianças diversidades com culturais e lingüísticas. Nessa pluralidade cultural cada criança tem seu jeito de falar, seu modo de ser, suas histórias para contar... Esses distintos repertórios culturais interagem entre as crianças e os adultos e são ricos para a construção de conhecimentos e para a produção de outros. Assim se dá com a construção da leitura e da escrita, com essa troca diária entre alunos e professores. Nas páginas que se seguem podemos ver ilustradas atividades realizadas coletiva e individualmente, onde as crianças narram para a professora registrar suas idéias, bem como já começam a experimentar as escritas espontâneas de palavras e numerais. Essas atividades nos mostram como é trabalhada e desenvolvida a leitura e a escrita nessa escola de Educação Infantil, dentro dessa faixa etária (Jardim 2 – Crianças de 04 a 05 anos). 1-Construção de texto coletivo a partir de discussão sobre a importância da alimentação para a saúde e crescimento. 2-Escrita do nome próprio e da melhor amiga e seus respectivos telefones. 3-Experimentando a escrita de numerais espontaneamente. 4-Registro a partir desenho e escrita espontânea, após passeio pelo Bairro (Museu de Arte Naïf – Cosme Velho). 5-Construção de livro de história individual, fechamento de sub-projeto Artes Literárias professora registra). (A criança narra e a 51 52 53 54 55 56 3.1.3. Jardim 3 – Crianças de 05 a 06 anos A professora de Educação Infantil Joana define o trabalho de leitura e escrita com suas crianças da seguinte maneira. “A leitura temático e é seus trabalhada de sub-projetos. acordo Também co é o projeto interessante ressaltar que as questões da turma são trabalhadas através da leitura. Questões do tipo: brigas freqüentes, uso de palavras duras para se referir ao colega, desrespeito para com as regras pré-estabelecidas (esperar sua vez para falar, respeitar os horários, etc)são trabalhadas a partir de fábulas como as de Esopo – essas geralmente são lidas para o grupão e, após, abrimos para discussão com perguntas norteadoras como: “-Por que a formiguinha disse isso...?” “-O que ocorreu com os demais...?” Após trabalharmos essas questões vinculadas à turma é hora de analisarmos as fábulas quanto a estrutura textual. A partir daí, chega a hora da produção destas inventadas pela turma. As crianças interagem com as perguntas e soluções para qualquer tipo situações exposta nas fábulas e, geralmente, em suas produções, situações mal resolvidas são solucionadas.” “A escrita é estimulada e se dá através das produções vinculadas aos textos literários trabalhados com a turma, interpretações e estímulos visuais como: todas as situações são escritas pela professora para o grupão, pode ser no quadro ou no blocão. Palavras norteadoras são escritas em fichas pelas professoras junto com a turma e é em cima dessas palavras conhecidas que o processo se inicia, no registro de histórias no caderno, o desenho da 57 interpretação de cada um é enfatizado e junto com este, a escrita espontânea do que mais gostou ou de palavras que chamou mais atenção são estimuladas.” “É importante contar histórias às crianças, pois as introduzimos, mediante o jogo simbólico, em um mundo conceitual distante, aquele portanto, produzido mais complexo em uma que conversa relacionada com temas tangíveis. E isso, por meio de uma linguagem integrada em um código elaborado, literário, amplia extraordinariamente sua capacidade de uso da linguagem.” Célia Romea Castro Podemos destacar que o domínio do código alfabético não é a única coisa que se precisa aprender sobre os textos escritos. As crianças se esforçam para apropriar-se das estruturas lingüísticas e das convenções gráficas utilizadas na escrita. Nas páginas atividades usaram a que realizadas Oficina de se seguem podemos coletivamente, Informática ver onde para as ilustradas crianças construção de histórias em quadrinhos, bem como atividades individuais de construção da escrita durante o ano escolar de 2004. Essas atividades nos apresentam como é trabalhada e desenvolvida a leitura e a escrita nessa escola de Educação Infantil, dentro dessa faixa etária (Jardim 3 – Crianças de 05 a 06 anos). 58 1-Construção de histórias em quadrinhos (Oficina de Informática – Word) 2-Trajetória de construção da escrita de uma criança do Jardim 3 durante o ano de 2004. 59 60 61 3.1.4. Classe de Alfabetização – Crianças de 06 a 07 anos A professora de Educação Infantil Ana define o trabalho de leitura e escrita com suas crianças da seguinte maneira. “A criança aprende em contato com o objeto de estudo, com as interferências do professor.” “O meu trabalho na Classe de Alfabetização consiste em oferecer um amplo repertório de palavras e frases escritas convencionalmente e de estimulá-los com as interferências necessárias para que avancem no processo de escrita. Assim, comparando a escrita convencional com a espontânea e trocando informações as crianças vão construindo a cada dia a escrita. Procuro incluir na rotina deles assuntos que lhe interessam para que possam desejar saber/fazer. Ao fim da C.A. as crianças já conquistaram organização e autonomia para escrever, suas escritas são constituídas com base em uma correspondência entre fonemas e letras e já possuem preocupações ortográficas. Atividades como: escrever sobre um passeio, ditados de palavras e frases significativas, completar frases, construir textos a partir de observação de gravuras ou sobre diferentes assuntos. São utilizados para atingir o objetivo de estarem cada vez mais, próximos do nosso sistema convencional de escrita.” “Penso que aprender a ler e escrever caminham juntos.” “Nas atividades citadas acima também trabalhamos a leitura. Desenvolvemos ao longo do ano uma pasta de leitura individual, onde cada criança faz a sua leitura silenciosamente e em seguida em voz alta para o grupo, isto é, os textos são selecionados de acordo com o interesse e 62 projetos que estamos trabalhando. O nosso objetivo com essa pasta é trabalhar a fluência, compreensão do que foi lido, porque mais do que decodificar letras pretendemos fazer com que compreendam o sentido do que está sendo lido.” “Uma absorção das da principais obra de conseqüências Emília Ferreiro da na alfabetização é o recuso do uso dae cartilhas, uma espécie de bandeira que a psicolingüística argentina ergue. social da escrita Segundo ela, a compreensão deve ser estimulada com o uso de textos de atualidade, livros, histórias, jornais, revistas. Para a psicolingüística, as cartilhas, ao contrário, oferecem um universo artificial e desinteressante.” Revista Nova Escola Novembro de 2004. Esther Pillar Grossi, nos fala que não devemos deixar de fora dos textos palavras com dificuldades ortográficas, pois essas ampliam em muito as possibilidades de se produzir uma alfabetização com muito mais significado. É muito importante que escrevamos palavras de ortografia complexa, pela razão básica de que, se as crianças se interessam, também tem “fecundidade cognitiva”. A inteligência e a afetividade funcionam juntamente. Nas páginas que se seguem podemos ver ilustradas atividades realizadas individual e autonomamente, isto é, com pouca interferência da professora. Como por exemplo a confecção de um livro de história por conta do sub projeto Artes Literárias, bem como acompanharemos a trajetória de uma criança na Classe de Alfabetização durante o ano escolar de 2004. Essas atividades nos apresentam como é 63 trabalhada e desenvolvida a leitura e a escrita nessa escola de Educação Infantil, dentro dessa faixa etária (Classe de Alfabetização – Crianças de 06 a 07 anos). 1-Construção de livro de história individual, fechamento de sub-projeto Artes Literárias. 2- Trajetória de construção da escrita de uma criança da Classe de Alfabetização durante o ano de 2004. 64 65 66 Conclusão Partindo do pressuposto que o processo de alfabetização se dá muito antes que a criança chegue a Classe de alfabetização que ela aprende em contato com o objeto e é através de experimentações e tentativas é que se apropria da leitura e da escrita, não podemos conceber uma teoria que afirma que a criança só atinge o desenvolvimento desejado para aprender a ler e escrever aos seis anos. Muitas de nossas crianças chegam à Classe de Alfabetização sem terem tido nenhuma, ou quase nenhuma experiência com o letramento. Assim, as crianças acabam sendo submetidas a atividades puramente mecânicas e de memorização, que se distanciam, completamente, da função social da leitura e da escrita ou, simplesmente, chegam as séries posteriores sem se apropriarem desse processo. A expectativa é de que, através desta pesquisa, possase refletir sobre a importância da Educação Infantil, entendendo-a como um processo contínuo de desenvolvimento, que faz parte do processo de alfabetização e não apenas uma preparação para o ensino fundamental. 67 BIBLIOGRAFIA ARANHA, Maria Lúcia de Arruda, História da Educação. São Paulo: Editora Moderna, 1996. AZEVEDO, Maria Amélia & Marques, Maria Lúcia (orgs.) Alfabetização Hoje. São Paulo: Cortez Editora, 1994. ABRAMOWICZ, Anete & Wajskop, Gisela Educação Infantil Creches – Atividades para crianças de zero a seis anos. São Paulo: Editora Vozes, 1995. BASTOS, Lília da Rocha et alu, Manual para Elaboração de Projetos e Relatórios de Pesquisa. 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Uma Proposta 70 71 ÍNDICE Folha de rosto ................................02 Dedicatória ...................................03 Agradecimento .................................04 Resumo ........................................05 Metodologia ...................................07 Sumário .......................................08 Introdução ....................................09 Capítulo I – A História da Educação Infantil....11 1.1.1 – A Educação no século XVII......12 1.1.2 – A Reforma .....................13 1.1.3 – A Educação no século XVIII.....13 1.1.4 – A Origem do Jardim de Infância.15 1.1.5 – A Educação no século XIX.......16 1.1.6 – A Educação no século XX........17 1.1.7 – A Educação Infantil Atualmente.17 1.1.8 – A História da Educação Infantil no Brasil........................19 1.2 – Os Precursores......................21 1.2.1 – Os Precursores Brasileiros.....27 Capítulo II – experiências A criança sobre e a as suas leitura primeiras e a escrita.........................................29 72 2.1 – As primeiras experiências da criança com a leitura.......................................30 2.2 - As primeiras experiências da criança com a escrita.......................................35 2.3 – Escrita espontânea....................36 2.4 – Período silábico......................36 2.5 – Período silábico-alfabético...........37 2.6 – Período alfabético....................38 Capítulo III – Relato de Experiências, baseado em fundamentação teórica...........................41 3.1 – Jardim 1 – Crianças de 03 a 04 anos...42 3.1.2 – Jardim 2 – Crianças de 04 a 05 anos.49 3.1.3 – Jardim 3 – Crianças de 05 a 06 anos 56 3.1.4 – Classe de Alfabetização – Crianças de 06 a 07 anos....................................61 Conclusão ......................................66 Bibliografia ...................................67 Atividades Culturais............................70 Índice .........................................71 Folha de Avaliação .............................73 73 FOLHA DE AVALIAÇÃO UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES Título: A Educação infantil, as primeiras experiências da criança com a leitura e a escrita e o processo de alfabetização, a partir de uma perspectiva construtivista. Autor: Data da Entrega: Avaliado por:_________________________Conceito____________. Avaliado por:_________________________Conceito____________. Avaliado por:_________________________Conceito____________. Conceito final:__________________________________________. _____________,____de____________de______