UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
EM EDUCAÇÃO INFANTIL
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A EDUCAÇÃO INFANTIL, AS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS DA
CRIANÇA COM A LEITURA E A ESCRITA E O PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO, A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA
CONSTRUTIVISTA.
POR: ELIANE SOUZA DA SILVA
ORIENTADORA: PROFESSORA MARY SUE PERREIRA
RIO DE JANEIRO
JANEIRO – 2005
2
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
EM EDUCAÇÃO INFANTIL
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A EDUCAÇÃO INFANTIL, AS PRIMEIRAS EXPERIÊNCIAS DA
CRIANÇA COM A LEITURA E A ESCRITA E O PROCESSO DE
ALFABETIZAÇÃO, A PARTIR DE UMA PERSPECTIVA
CONSTRUTIVISTA.
APRESENTAÇÃO
DE
MONOGRAFIA
À
UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES COMO
CONDIÇÃO PRÉVIA PARA A CONCLUSÃO
DO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO “LATO
SENSU”
EM
EDUCAÇÃO
INFANTIL
DESENVOLVIMENTO.
POR: ELIANE SOUZA DA SILVA
E
3
DEDICATÓRIA
A meu pai,
Elísio Ferreira da Silva, in memorian
4
AGRADECIMENTOS
A Deus, por estar viva e pelo
muito que tenho recebido.
A minha mãe, pelo incentivo e
apoio demonstrados ao longo do
curso.
Aos meus filhos e esposo
pelas horas divididas e ausência,
durante o período dedicado ao
desenvolvimento do trabalho.
Aos alunos que passaram por
minha vida e me inspiram nessa
jornada de trabalho.
5
RESUMO
A História da Educação e os precursores nos fazem
pensar
em
toda
a
nossa
prática
e
nos
situarmos
como
sujeitos históricos. Nós educadores precisamos conhecer a
trajetória da educação ao longo desses anos com todo seu
emaranhado de fatos e acontecimentos políticos/históricos.
Guerras, reformas, revoluções, golpes... que influenciaram
e muito nossos queridos precursores, pessoas que com muita
boa
vontade
oferecer
se
uma
dedicaram
escola
de
desde
a
qualidade.
mais
Se
remota
data
analisarmos
a
seus
pensamentos, podemos reconhecê-los nos dias de hoje em
nosso dia-a-dia em sala de aula. Nós professores precisamos
tirar proveito de tudo que nos têm a ensinar levando a
teoria
para
a
nossa
prática.
Cultura,
ação,
emoção,
vivência, cidadania, valores, afetividade, entre outras são
palavras mágicas que nos falam os grandes pensadores de
A.C. até os dias de hoje.
Nosso
Educação
olhar
nesse
Infantil,
trabalho
alicerce
está
voltado
fundamental
para
para
a
a
nossa
formação. Acreditamos que se toda criança tiver acesso
garantido às escolas de Educação Infantil de boa qualidade,
as
dificuldades
com
a
aprendizagem,
bem
como
de
alfabetização serão amenizados. Para isso apostamos numa
escola onde os profissionais estejam se capacitando o tempo
todo, responsabilizados com uma educação de qualidade.
A escola por sua vez tem que ser um lugar prazeroso,
onde as crianças vão para serem felizes. Lugar que possam
ter
contato
com
o
conhecimento
e
sejam
estimuladas
a
pensar, a criar, a criticar, a serem elas mesmas. Lugar
onde possam ler o mundo de uma forma interessante, longe
6
das cartilhas que doutrinam e cerceiam toda e qualquer
bagagem que a criança traz de sua rica cultura.
7
METODOLOGIA
Nesta monografia é usado o método dedutivo em uma
abordagem descritiva.
Este trabalho de pesquisa tem como finalidade tornarse material de consulta para professores interessados em
conhecer
melhor
o
trabalho
desenvolvido
na
Educação
Infantil, sua importância para o processo de alfabetização
e como e quando se dão às primeiras experiências da criança
com a leitura e a escrita, a partir de uma abordagem
construtivista.
Para
que
essa
pesquisa
tenha
sido
realizada
foi
utilizado embasamento teórico, bem como relatos e exposição
de experiências realizadas por professores atuantes na área
de Educação Infantil, nos seguintes segmentos: Jardim 1(de
3 a 4 anos), Jardim 2 (de 4 a 5 anos), Jardim 3 (de 5 a 6
anos) e Classe de Alfabetização (de 6 a 7 anos).
8
SUMÁRIO
Introdução...............................................09
Capítulo I – A História da Educação Infantil............11
Capítulo II – A criança e as suas primeiras experiências
sobre a leitura e a escrita..............................29
Capítulo
III –
Relato
de
Experiências,
baseado
em
fundamentação teórica....................................41
Conclusão ...............................................66
Bibliografia.............................................67
9
INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende estabelecer uma relação entre
uma Educação Infantil de qualidade e o bom desempenho da
criança no momento em que a alfabetização se concretiza.
Vida
rumos...
moderna,
vida
agitada,
novos
papéis,
novos
O mundo mudou, a vida mudou, a família mudou, a
escola mudou.
Há
algum
tempo
atrás
as
crianças
pequenas
cuidadas quase que exclusivamente pela mãe.
eram
A criança
ingressava na escola mais tarde, muitas vezes só quando
chegava aos 6/7 anos, idade em que se supunha, já estivesse
pronta
para
a
alfabetização.
modificando e com a chegada
Aos
poucos
isso
foi
se
dos Jardins de Infância e a
necessidade da mulher trabalhar fora, as crianças começaram
a freqüentar a escola mais cedo, onde o aprender brincando
e a socialização eram vistos como objetivos principais
dessa instituição que se instalava.
Longos anos se passaram desde o surgimento do primeiro
Jardim de Infância, muitos estudos foram realizados a cerca
do
desenvolvimento
Podemos
afirmar
infantil
que
os
e
como
estudos
a
criança
teóricos,
a
aprende.
observação
continua e a estimulação desde a mais tenra idade são
facilitadores
para
que
a
criança
chegue
à
classe
de
alfabetização apta para se alfabetizar.
Partindo da compreensão de que a Alfabetização deve
oferecer a criança uma visão crítica do mundo, apropriandose da leitura e da escrita de forma significativa, devemos
10
pensar que o melhor caminho para que esteja em contato com
o mundo letrado seja a escola de educação infantil.
Foi a partir da teoria construtivista que tivemos uma
nova visão da aprendizagem, “entendendo-a como um processo
contínuo de desenvolvimento...” A criança está
desde cedo
contextualizada nesse mundo dos textos que está presente
nos livros, nos jornais, nas revistas, nas placas, nos
autdoors, nos letreiros, nos produtos... a criança
lê esse
mundo e cabe, principalmente, ao professor estimulá-la para
que ela aprenda, para que avance.
Sabemos que essa realidade não está ao alcance de
muitas crianças provenientes de classes populares e que,
provavelmente,
essas
são
as
que
mais
sofrem
ao
serem
submetidas a reproduções puramente mecânicas quando chegam
às escolas por volta de 6/7 anos.
O discurso de uma educação popular para todos é bem
antigo aqui no Brasil, mas sabemos que isto ainda está
longe
de
ser
realidade
e
assim,
vamos
assistindo
ao
fracasso escolar gritante em nossas escolas públicas.
O mundo mudou, a vida mudou, a família mudou, a escola
mudou, a criança mudou. É preciso que se garanta escolas de
Educação Infantil para todos e que essa escola se adapte
qualitativamente a realidade de cada criança.
11
CAPÍTULO I
História da Educação
e seus Precursores
12
A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL
Documentos escritos por Platão, cerca de
400 A.C.,
registram as primeiras idéias sobre a educação de crianças
pequenas,
que
seria
feita
exclusivamente
no
lar.
Essa
constava das seguintes objetivos: preparar para o exercício
futuro da cidadania e o conhecimento sobre o currículo que
deveriam
realizar,
mais
tarde, quando
ingressassem
na
escola. Nessa época, ainda não havia estudos relativos ao
desenvolvimento da criança na 1ª infância, nem sequer a
preocupação com os meios empregados para instruí-las. A
idéia educação pré-escolar, deveria única e exclusivamente
ser feita no lar.
1.1.1 Educação no século XVII
Destacamos nesse século a pedagogia de Comenius que em
sua obra Escola da Infância, reconheceria a infância como
um período normal de desenvolvimento do homem e recomendava
o brinquedo e as experiências diretas com o objeto, para
que as crianças apreendessem a forma. Valorizava, ainda, as
experiências
afetivas
e
os
interesses
como
aspectos
importantes e que por conseqüência, deveriam ser levados em
consideração, ao se planejar um currículo para crianças
pequenas. Ressaltou, também, a importância da saúde, do
sono, alimentação e vida ao ar livre para um crescimento
saudável e completo. Como podemos observar, a pedagogia de
Comenius
nos
parece
bem
atual,
talvez
por
isso
seus
princípios não tenham sido muito aceitos naquela época.
13
1.1.8 A Reforma
A Reforma veio para definir os rumos da educação que
visava, antes de tudo, corrigir a criança, que “nascia sob
o estigma do pecado” e deveríamos conduzi-la para o caminho
do
bem.
A
corretiva,
formação
educação
era
caracterizada
disciplinadora,
da
criança
punitiva
dentro
dos
e
por
uma
conduta
responsável
padrões
pela
considerados
corretos para o adulto. A punição dos erros era considerada
indispensável para se obter a disciplina e a alegria era
considerada
insanidade.
Desde
cedo,
os
pais
deveriam
cultivar na criança o temor a Deus e a família cabia a
responsabilidade pela doutrinação das crianças. Ao chegarem
à escola mais tarde, receberiam o “verniz” de acabamento à
“ilustração”. Resumindo, cabia a família a educação dos
pequenos, seguindo a risca os padrões determinados pela
Igreja.
1.1.3 A Educação no século
XVIII
Chamado “Século das Luzes” foi também
considerado o
século pedagógico por excelência. Destacamos os pedagogos
Jean Jacques Rousseau e João Henrique Pestalozzi. Rousseau
em seu livro Emílio, põe em dúvida os dogmas da Igreja e
defende a idéia de que a criança nasce boa e
desenvolve
vícios em contato com a vida que existe ao seu redor. Opõese à doutrina defendida pela Reforma,
aconselha a não
direção da educação da criança pequena. Esta deveria ser
deixada viver livremente, sem nenhum controle, durante os
primeiros seis anos de sua vida. Supunha que seus erros
indicariam o caminho a seguir. Rousseau via a infância como
um período de ensaio do futuro homem e foi o primeiro a
14
insistir
na
profundamente
idéia
as
da
necessidade
características
de
se
desta
conhecer
fase
para
mais
se
conseguir educar melhor as crianças.
Embora defendesse a educação dada pela mãe no lar,
também
defendia
a
idéia
de
que
a
criança
inicia
seu
aprendizado desde o nascimento, que a infância não era
apenas um tempo de espera para ficar adulto. Foi ele quem
introduziu o uso do material concreto para provocar na
criança o “sentir os objetos” em vez de “ouvir falar
deles”. Acreditava também, que só através da educação dos
pobres poderiam se modificar a condição de miséria. Suas
idéias se aperfeiçoaram, multiplicaram e difundiram através
de Frobel e seus discípulos.
Os principais pontos da sua metodologia eram o contato
com a natureza, o executar tarefas simples da vida do lar e
da comunidade, o experimentar melhores métodos de ensino
instruindo, o testar vocações trabalhando e o participar de
uma vida onde o respeito mútuo se exercitava continuamente
permeados por laços afetivos.
O tempo da primeira infância deve
ser
utilizado
de
todas
a
maneiras
imagináveis para a educação. A perda
desses momentos é irreparável. Em lugar
de deixar improdutivos os primeiros anos
da vida, é preciso cultivá-los com o mais
minucioso dos cuidados.
(Dr. Aléxis Carrel)
15
1.1.8 A Origem do Jardim de Infância
A
expressão
Jardim
de
Infância
é
a
tradução
do
vocábulo alemão “Kindergarten”. Deve-se essa expressão a
Frederico Frobel. Apesar de fortemente influenciado por
Pestalozzi, Frobel pôs em prática alguns princípios de
educação que eram apenas seus e se dedicou 14 anos à
experiência de “educar em liberdade a mente do homem com
sentido de obter a plenitude de seu desenvolvimento”.
Frobel
interessou-se
pelos
pequeninos,
observava-os
durante horas e brincava com eles. Considerado como um
velho maluco, foi quem revolucionou a concepção que se
tinha até então a respeito da educação dos pequeninos.
A educação, é a vida que conduz o
homem, ser inteligente, dotado de razão e
consciência, a exercer a desenvolver e a
manifestar o elemento de vida que possui.
Frobel
Frobel desejava uma escola apropriada à criança, que,
segundo
sua
vontade,
deveria
estar
em
contato
com
a
natureza; pedia para ela a amplidão de uma atividade livre
e espontânea, mas não o livre exercício dos instintos;
antes, a disciplina desses instintos pelo próprio esforço,
dirigido
para
um
fim
útil.
Reclamava
a
liberdade
do
brinquedo como uma atividade primordial e de significação
profunda. O
educador
deveria tirar partido
da curiosidade da criança, de sua necessidade de agir,
apalpar
e
criar.
Frobel
insistia
sobre
o
valor
do
desenvolvimento sensorial na criança. Devido a isso, criou
um
material
para
os
pequeninos –
primeiro
material
16
educativo – ao qual deu o nome de “dons”. Essas criações
ainda
são
usadas
até
os
dias
de
hoje
nas
escolas
de
Educação Infantil: modelagem, picagem, recortes, tecelagem,
desenhos, trabalhos com contas...Defendia também, a idéia
de que as crianças precisam estar em contato estreito com a
natureza, possuir o seu jardinzinho e cultivá-lo; é compara
ela
própria
a
uma
plantinha
e
o
seu
professor
a
um
jardineiro que dela cuida. Daí o primeiro nome de “Viveiros
Infantis”,
que
substituiu
mais
tarde
por
“Jardins
de
Infância”.
1.1.8 Educação no Século XIX
Esse
século
foi
marcado
antropologia
cultural,
pelas
escolarização
universal,
pela
pelo
surgimento
primeiras
implantação
idéias
da
da
de
primeira
escola de economia doméstica, pelo avanço da Biologia, a
Fisiologia comparada, o surgimento de novas ciências como a
Psicologia, Sociologia e a Pedagogia. Destacamos nesse
século os estudiosos: Wundt, Drkheim, Comte, Marx, Frobel e
Herbert Spencer.
Nada,
por
certo,
salvo
a
educação
universal, pode contrabalançar a tendência à
dominação do capital e à servilidade do
trabalho. Se uma classe possui toda a riqueza e
toda a educação, enquanto o restante da
sociedade é ignorante e pobre, pouco importa o
nome que dermos à relação entre uns e outros:
em verdade e de fato, os segundos serão os
dependentes servis e subjugados dos primeiros.
Mas, se a educação for difundida por igual,
atrairá ela, com a mais forte de todas as
forças, posses e bens, pois nunca aconteceu e
nunca acontecerá
que
um
corpo
de
homens
inteligentes e práticos venha a se conservar
permanentemente pobre.
Horace Mann
17
1.1.8 A Educação no século XX
Esse século oferece riquíssima produção pedagógica. De
maneira geral, as propostas do século anterior
necessidade
da
escola
pública,
leiga
reafirmam a
gratuita
e
obrigatória. Esta exigência se torna mais forte devido ao
crescimento das indústrias e á exploração demográfica.
Surge nesse século a pedagogia nova com grandes nomes como:
Maria
Montessori,
Édouard
Claparède,
W.H.
Kilpatrick,
William James e Anísio Teixeira, Jean Piaget, Celestin
Freinet, Henry Wallon, Emilia Ferreiro e Lev Semanovch
Vygotsky.
1.1.8 A Educação Infantil Atualmente
Muitos anos se passaram desde o surgimento do primeiro
Jardim de Infância e da concepção de educação da criança
pequenina,
oferecida
fora
do
ambiente
do
lar
e
das
influências da família. A tendência romântica de que a préescola é um jardim, as crianças são flores ou sementes e a
professora é a jardineira dá lugar a uma escola de Educação
Infantil onde a criança é vista “como sujeito que pensa” e
espaço que deve propiciar o desenvolvimento pleno dessa
criança,
levando
em
conta
seus
valores
culturais,
estimulando a autonomia, a cooperação, a criatividade entre
outros valores.
A pré-escola é lugar de trabalho, a
criança e o professor são cidadãos, sujeitos
ativos,
cooperativos
e
responsáveis –
A
educação deve favorecer a transformação do
contexto social.
Sonia Kramer e colaboradoras
18
Visto que a educação aqui no Brasil, passa a ser dever
do Estado e direito de todos os cidadãos há apenas 50 anos,
ressaltamos que a história e a evolução do atendimento à
criança de 0 a 6 anos ainda é bem grave atualmente. Muito
recentemente
esse
atendimento
era
visto
apenas
tendo
caráter médico e assistencial e só a partir dos anos 70
começasse a reconhecer a importância da educação para a
criança
pequena,
e
assim,
as
políticas
governamentais
começam a ampliar o atendimento, especialmente às crianças
de
4
a
6
anos.
Porém,
essa
educação
ainda
não
está
assegurada pela legislação, fato que vem dificultando a
expansão de qualidade desse segmento.
Segundo
a
Lei
de
Diretrizes
e
Bases
da
Educação
Nacional Nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996:
Seção II
Da Educação Infantil
Art.29. A Educação Infantil, primeira etapa da
educação
básica,
tem
como
finalidade
o
desenvolvimento integral da criança até seis
anos de idade, em seus aspectos físico,
psicológico, intelectual e social, completando
a ação da família e da comunidade.
Art.30. A Educação Infantil será oferecida em:
I - creches, ou entidades equivalentes, para
crianças de até três anos de idade.
II – pré-escolas, para as crianças de quatros a
seis anos de idade.
Art.31. Na Educação Infantil a avaliação farse-á mediante acompanhamento e registro do seu
desenvolvimento, sem o objetivo de promoção,
mesmo para o acesso ao ensino fundamental.
Porém, essa ainda não é assegurada para todas as
nossas crianças.
19
1.1.8 A História da Educação Infantil no Brasil
Anísio
foram
Teixeira,
Lourenço
Filho
e
Heloísa
Marinho
discípulos de Dewey na Universidade de Chicago e
responsáveis pela introdução da Escola Nova no Brasil, da
qual foram grandes defensores.
Anísio
divulgadores
implantação
Teixeira
da
na
e
Lourenço
filosofia
de
Filho,
Dewey,
foram
lutaram
grandes
pela
sua
escola primária e, a convite de Anísio
Teixeira, Heloísa Marinho foi trabalhar no Instituto de
Educação – RJ, no Centro de Pesquisas da Criança, tendo
Lourenço filho como seu diretor. Heloísa Marinho cria aí, o
curso de formação de professores de pré-escolares, que
começa a funcionar a partir de 1949, chegando, durante
alguns anos, a oferecê-lo em nível superior. Graças ao
esforço desses três educadores, o Instituto de Educação
funcionou como órgão formador de Jardineiras dentro da
filosofia que tem no homem e no seu desenvolvimento pleno
como finalidade de educação. A partir de 1974 começa a
oferecer o curso de “Estudos Adicionais”, de um ano de
duração.
Hoje a realidade da formação dos professores começa a
sofrer transformações. A Seguir citamos parte de um artigo
do jornalista Roberto Pellim* da Folha de São Paulo que
esclarece um pouco as transformações que estão acontecendo.
Diretrizes do MEC (Ministério da Educação) já
mudaram e ainda vão alterar os cursos de
magistério e pedagogia. A principal novidade é
a obrigatoriedade de diploma de ensino superior
a todos os professores que se formarem a partir
de 2007, mas mudam também o currículo dos
cursos
e
a
formação
de
professores.
20
A partir de dezembro de 2007, quem quiser
ser professor deverá, obrigatoriamente, ter um
curso superior. Assim, quem fizer magistério no
ensino
médio
não
poderá
mais
dar
aula.
"A
lei
restringe
o
ingresso
de
professores (formados no ensino médio) a partir
de dezembro de 2007", afirma Maria Inês
Laranjeira, 50, coordenadora da formação de
professores na Secretaria de Educação Superior
do MEC.
Segundo ela, não haverá nenhuma alteração
para os professores que já lecionam. Quem já se
formou no magistério do ensino médio não terá
de fazer adaptação ou curso superior. "Se ele
já estiver (formado), não acontece nada."
Com isso, alguns professores de regiões
mais pobres do país que não completaram o
ensino médio continuarão lecionando.
Mas o objetivo das mudanças, segundo
Maria Inês, é "induzir os (professores) que já
estão dando aula a buscar o nível superior".
As mudanças também afetarão o ensino
superior. Os cursos de pedagogia já começam a
sofrer alterações. Quem começar a prestar esse
curso em 2005 deverá fazer habilitação em
licenciatura. Fica a critério de cada faculdade
criar essa opção além do bacharelado, que não o
habilita a dar aula.
Segundo
decreto
deste
ano,
cai
a
exclusividade que o curso de normal superior
tinha para formar professores para o ensino
infantil e os quatro primeiros anos do ensino
fundamental. O termo "exclusividade" é trocado
por "preferencialmente". Mas os cursos de
pedagogia devem se adaptar para oferecer a
habilitação.
O projeto sugere alterações mais profundas no
ensino
básico
(educação
infantil,
ensino
fundamental e médio), mas ainda passará por
audiências públicas.
*PELLIM, Roberto. Legislação altera cursos e a formação de
professores.Folha de São Paulo on Line.
<http://www.uol.com.br/folha/educacao/ult305u1926.shtml>.
21
1.2 OS PRECURSORES
John Amos Comenius (1592–1670) – Checo
Pensador e místico, foi o fundador da didática e de
parte da pedagogia moderna. Escreveu uma “Breve Proposta”,
defendendo
uma
escola
de
tempo
integral
para
jovens,
ressaltando que eles deveriam ser educados tanto da cultura
nativa como na cultura européia. Defendia ainda a reforma
do sistema educacional e uma revolução nos métodos de
ensino visando um aprendizado mais rápido e agradável.
Jean Jacques Rousseau (1712-1778) – Suíço
Entre suas obras destacam-se: Discurso sobre a origem
da desigualdade entre os homens, Do contrato social, ambos
sobre política, e Emílio ou Da Educação(1762). Centraliza
os interesses pedagógicos no aluno e não no professor,
ressaltando que a criança não deve ser considerada um mine
adulto, e sim um ser único com suas especificidades.
Johann Heinrich Pestallozzi (1746-1827) – Suíço
Descontente com os métodos arcaicos da educação que
limitavam
aprendendo
os
alunos
por
a
ficar
sentados,
de
memorização.
processos
enfileirados,
Pestallozzi
introduz métodos ativos, onde as crianças entram em contato
com
a
realidade
educador,
cria
o
da
vida.
instituto
Reconhecido
de
como
pesquisas
e
um
grande
uma
escola
especializada em educação de crianças com deficiências.
22
Friederich W.A.Froebel
Segue
as
idéias
contribuição
pedagógica
criança
primeira
na
Kindergarten
(jardim
(1782-1852) – Alemão
de
é
Pestalozzi,
voltada
infância.
de
sua
para
a
Fundador
infância).
Em
sua
principal
educação
do
da
primeiro
escola,
dá
privilégio às atividades lúdicas, valorizando o jogo e o
brinquedo para o desenvolvimento sensório-motor da criança.
Ovide Decroly (1871-1932) – Belga
Em
sua
obra
destaca-se
pela
preocupação
com
o
desenvolvimento infantil. Observa que diferentemente do
adulto a criança tem uma visão global das coisas, isto é,
percebe os fatos e as coisas como um todo. Tais idéias, se
contrapõem às tendências associacionistas da aprendizagem
da época. Tradicionalmente, o ensino da leitura era feito
por
intermédio
formar
palavras
de
e
letras
após
isoladas,
vinha
a
depois
construção
unidas
de
para
frases,
Decroly propõe o inverso, trabalhando com frases inteiras
(o todo).
Maria Montessori (1870-1952) – Itália
Primeira mulher médica em seu país, dedicou-se às
crianças especiais, e ao constatar resultados positivos,
resolve aplicar seus métodos em crianças de desenvolvimento
normal. Era uma estudiosa da psicologia e assim, consegue
um avanço significativo nessa área. Aperfeiçoa um método
cientificamente elaborado para favorecer o desenvolvimento
harmonioso da criança. O método criado por Montessori é
23
considerado o primeiro método ativo, tanto no que se refere
à
criação
objetivos
quanto
o
na
aplicação
desenvolvimento
e
tem
como
sensório-motor
principais
da
criança
pequena.
John Dewey (1859-1952) – Americano
Escreveu Meu Credo Pedagógico, A Escola e a Criança e
Democracia e Educação, essa última considerada a melhor. É
considerado
o
pedagogo
americano
mais
famoso
e
grande
divulgador da escola nova. Fundou uma escola experimental
na Universidade de Chicago, no final do século XIX. Dewey
critica
a
educação
tradicional,
principalmente
o
intelectualismo e a memorização.
W.H.Kilpatrick (1871-1965) – Americano
Foi discípulo de Dewey e tinha como concepção de
educação a formação de hábitos, habilidades, valores e
antecipações.
Pensava
ser
o
papel
do
professor
o
de
dirigente e provocador da aprendizagem. Algumas de suas
obras foram: Função Social e Cultura da Escola e Filosofia
da Educação.
24
Édouard Claparède (1873-1940) – Suíço
Psicólogo, realizou pesquisas no campo da psicologia
infantil. Foi um dois mais influentes representantes da
escola
da
psicologia
funcionalista.
Formulou
a Lei
do
Interesse Momentâneo, onde afirmava que “O pensamento é uma
atividade biológica a serviço do organismo humano”. Jean
Piaget continuou sua pesquisa sobre o desenvolvimento do
pensamento da criança.
Jean Piaget (1896-1980) – Suíço
Embora não fosse pedagogo, foi um grande influenciador
da pedagogia do século XX. Grande estudioso da psicologia
genética,
contribuiu
construção
do
muito
pensamento.
para
Segundo
o
entendimento
Piaget,
as
da
crianças
passam por estágios aos quais nomeou de Sensório-motor(0 a
2 anos), Pré-operatório(2 a 7 anos), Operatório-concreto(7
a 11 anos) e Lógico-formal(12 anos em diante).
Sua obra nos leva a conclusão de que o trabalho de
educar crianças se refere ao favorecimento da atividade
mental do aluno e não a uma pura e simples transmissão de
conhecimento. Assim, sua crítica a escola tradicional é
ferrenha. Segundo Piaget a escola tradicional tem como
objetivo
acomodar,
tradicionalistas,
em
moldar
vez
as
de
crianças
estimular
aos
a
conteúdos
criatividade,
inventividade e a criticidade.
Piaget deixou claro que as crianças não raciocinam
como os adultos e que vão aos poucos se inserindo nas
regras, valores e símbolos da maturidade psicológica e que
25
essa
inserção
se
dá
a
partir
de
dois
mecanismos:
assimilação e acomodação.
Burruhus Frederic Skinner(1904-1990) – Americano
Realizava suas experiências sobre o comportamento com
pombos e ratos brancos. Criou um aparelho que até
hoje é
usado em laboratórios de psicologia e é chamado de Caixa de
Skinner. Sofreu influência de Pavlov e Watson e assim,
desenvolveu atividades sobre a psicologia da aprendizagem,
criando o método de ensino programado que poderia ser
aplicado sem a intervenção do professor.
Celestin Freinet (1896-1966) – Francês
Tinha
um
grande
respeito
às
crianças,
elaborando
várias técnicas pedagógicas, criou a “aula-passeio”, pois
acreditava que o interesse das crianças iam além dos muros
da escola.
Para Freinet
-A criança é da mesma natureza que o adulto;
-Ser maior não significa, necessariamente,
estar acima dos outros;
-É preciso ter esperanças otimistas na vida;
-A criança e o adulto não gostam de uma
disciplina
rígida,
quando
isso
significa
obedecer passivamente uma ordem externa.
Henry Wallon (1879-1962) - Francês
No início do século passado, suas idéias realizaram
uma verdadeira revolução no ensino. Médico, psicólogo e
filósofo sua teoria pedagógica diz que “o desenvolvimento
intelectual envolve muito mais do que um simples cérebro”.
Sua teoria tem como base
“a afetividade, o movimento, a
26
inteligência e a formação do eu como pessoa”. Era contra a
reprovação e dizia que “reprovar é sinônimo de expulsar,
negar, excluir”. Ou seja, “a própria negação do ensino”.
Emília Ferreiro – Argentina
Argentina
radicada
no
México,
foi
aluna
de
Jean
Piaget. Emília trouxe grande contribuição para a educação
dos
países
do
terceiro
mundo.
Com
base
na
teoria
da
construção do conhecimento, realizou estudos de lingüística
para observar como se dá a construção da linguagem escrita.
Sua teoria pressupõe que, muito antes de ingressar na
escola formal a criança já constrói hipóteses sobre a
escrita.
Emília Ferreiro se recusa ao uso de cartilhas para
alfabetizar, tornando-se esse um dos pontos altos da teoria
da
psicolingüística
alfabetização
com
argentina.
textos
atuais,
Ela
defende
livros
uma
variados,
literatura infantil, jornais, revistas, logotipos. Para ela
as cartilhas são artificiais e desinteressantes. A sala de
aula deve ser transformada em um ambiente alfabetizador e o
ritmo das aulas dado pelos alunos, porém sem perder de
vista
a
autoridade
do
professor.
Esse
trabalha
para
estimular seu aluno deixando-o bem a vontade para explorar
sua própria concepção de escrita.
É necessário entender que a aprendizagem
da linguagem escrita é muito mais que um código
de transcrição: é a construção de um sistema de
representação. Emília Ferreiro
27
Lev Semanovch Vygotsky (1896-1934) – Russo
Morreu muito jovem, mas deixou uma vasta contribuição
teórica.
Com
sua
teoria
socioconstrutivista
(ou,
como
preferem chamar alguns especialistas sociointeracionista),
privilegiou os estudos sobre as operações superiores, como
por exemplo, o pensamento abstrato, a atenção voluntária, a
memorização ativa e as ações intencionais. Faz uma análise
dos
fenômenos
do
pensamento
e
da
linguagem,
tentando
compreendê-los dentro do processo histórico do sujeito como
“internalização das atividades socialmente enraizadas e
historicamente desenvolvidas”.
1.2.1 OS PRECURSORES BRASILEIROS
Anísio Teixeira
As idéias de Anísio Teixeira estavam presentes no
documento publicado em 1932 “Manifesto dos Pioneiros da
Educação Nova” e que marcou a diferença entre educadores
progressistas e conservadores da época. Ao ter acesso à
teoria de Dewey, foi tomado pelas idéias de democracia e de
ciência,
nas
quais
via
a
educação
como
fonte
de
transformação que se fazia necessária no Brasil.
Lourenço Filho
Talentoso
educador,
destaca-se
tanto
como
discente
como docente. Sua preocupação com a educação o movia. Em
viagens pelo Brasil e pelo exterior, amplia sua cultura,
utilizando-a
para
escrever
sobre:
História
do
Brasil,
28
Geografia, Psicologia, estatística e Sociologia. No campo
da Educação destacamos pesquisas na área de alfabetização
infantil e de adultos entre tantas outras.
Paulo Freire
Nasceu no Recife em 1921, formou-se em Direito, mas
não exerceu a profissão, dedicando-se ao magistério. Muito
crítico, se opunha à idéia de que ensinar era transmitir
saber, pois para ele o papel do professor era possibilitar
a criação ou a produção de conhecimento. Defendia a idéia
de que o aluno quando chega à escola traz uma cultura
própria, que não é melhor nem pior que a do professor e
sendo assim, através de trocas os dois aprenderão juntos.
Para isso as relações têm que ser afetivas e democráticas.
29
CAPÍTULO II
A criança e as suas primeiras
experiências sobre a leitura e a
escrita
30
A criança e as suas primeiras experiências
com a leitura e a escrita
Nos dias de hoje, temos a nossa disposição um vasto
estudo sobre como as crianças aprendem a ler e a escrever.
Pesquisas nos mostram que as crianças pequenas pensam na
escrita bem antes do que imaginamos. À medida que a criança
vai usando e pensando sobre essa escrita, vai evoluindo de
forma
coerente,
isto
é,
vai
compreendendo
como
ela
funciona.
Para melhor ajudá-la, precisamos observar como se dá
esse
processo.
Assim,
devemos
ser
atentos,
solícitos,
intuitivos e interessados no que a criança tem a dizer e
pensa sobre a escrita.
2.1. As primeiras experiências da criança com a
leitura
O
construtivismo
aprendizagem,
sendo
nos
deu
ela
um
uma
nova
visão
processo
sobre
continuo
a
de
desenvolvimento. Para a teoria construtivista “não existe
um limite claro entre pré-leitor e leitor e escritor”.
“Sob
nosso
ponto
de
vista,
essas
aprendizagens, dadas durante o período dos três
aos
cinco
parte,
por
anos,
não
direito
são
prévias,
próprio,
do
mas
fazem
processo
alfabetização.”
Ana Teberosky
de
31
Na
visão construtivista, a escrita, a leitura e a
linguagem oral se desenvolvem juntamente desde a mais tenra
idade. Consideramos que a alfabetização inicial não é um
processo separado, mas que acontece dentro dos contextos
sociais e culturais onde a criança convive.
Depende do contexto cultural em que a criança está
inserida, a maneira pela qual vai lidar com a leitura e a
escrita. Em famílias que as crianças interagem desde cedo
com tarefas que envolvem a leitura e a escrita (pai lendo
jornal e fazendo comentários, leitura de receitas com a
avó, listagens para supermercado com a mãe, leitura de
livros
de
literatura
infantil...),
provavelmente,
vão
influenciar nas aprendizagens convencionais/formais que
virão depois.
A
partir
da
interação
com
materiais
escritos, a
criança vai elaborando seu conhecimento, sendo de estrema
importância à transmissão do conhecimento social feito
pelos adultos. É a partir desse contato que a criança vai
tomando consciência da diferença da linguagem escrita da
linguagem da conversação.
Pensamos que seja de extrema importância à garantia do
acesso de crianças provenientes de classes populares e,
provavelmente, com pouca vivência com práticas de leitura,
nas escolas de educação infantil. Visamos assim, suprir a
defasagem dessa falta de contato precoce com a leitura e a
escrita, tendo como finalidade amenizar as dificuldades
encontradas
quando
alfabetização.
essa
criança
chega
às
classes
de
32
Está provado que um ambiente alfabetizador, rico em
materiais escritos e repletos de prática de leitura e
escrita, influencia no desenvolvimento da criança que junta
os conhecimentos elaborados por ela mesma aos que são
transmitidos pelos adultos.
Segundo
a
perspectiva
construtivista,
esses
conhecimentos se dão antes e durante a escolarização.
“–Antes
começam
no
material
da
escolarização
âmbito
familiar
impresso,
tão
porque,
e
na
geralmente,
interação
freqüente
nos
com
o
ambientes
urbanos atuais.”
“recebe
Durante
tal
escolarização
ensino
conhecimentos
sobre
a
as
escolar,
sobre
suas
a
a
porque,
criança
representação
unidades,
junto
do
com
enquanto
desenvolve
escrito
o
e
ensino
convencional.”
Ana Teberosky
Estudos nos mostram que a prática da leitura, além de
criar
um
hábito
aprendizagem.
criança
prazeroso,
Convivendo
compreende
que
favorece
com
os
a
atividades
livros
têm
organização
de
leitura,
suas
da
a
próprias
convenções, e que as palavras criam mundos imaginários que
vai muito além da vida real.
A partir do momento que o adulto lê em voz alta para a
criança,
estimula
a
escuta,
o
entendimento.
Fazendo
perguntas sobre o enredo lido elas respondem e elaboram
outras perguntas, podendo vir a ser uma ponte entre a
33
linguagem oral e a linguagem escrita. Servindo ainda para
ampliar muito o vocabulário da criança.
É claro que as crianças pequenas têm muita facilidade
para aprender palavras novas, aprendendo essas palavras de
fontes diretas, interagindo socialmente com as pessoas que
as cercam, pais irmãos e outros familiares.
Já as crianças um pouco maiores, aprendem palavras
novas indiretamente, por intermédio da televisão ou pela
leitura em voz alta feita pelos adultos. São aquelas que,
quando as crianças falam, perguntamos espantados: -Onde
você ouviu isso?
Mais tarde, quando a criança se torna leitora e tem
acesso
aos
textos
realizando
com
autonomia
a
leitura
silenciosa, transforma a fonte indireta numa fonte direta,
isto é, na idade pré-escolar a criança é capaz de tirar
proveito tanto das fontes diretas como das indiretas.
Conclui-se então, que quanto mais as crianças são
envolvidas ativamente em atividades de leitura e escrita,
mais desenvolvem seu vocabulário e passam a compreender as
funções do texto escrito.
Além
da
leitura
de
histórias,
podemos
citar
a
importância do estímulo da leitura de cartazes na rua e a
leitura
e
escrita
doméstica
(listagens,
receitas,
rótulos...), apesar de não serem, no geral, dirigidos às
crianças, despertam muito interesse nos pequenos, cabendo a
nós adultos dispor desses materiais valiosos, inserindo
assim, a criança nesse mundo escrito do nosso cotidiano.
34
“Os pais de uma criança com fracasso escolar em
leitura e escrita ficaram muito surpresos quando lhes
perguntamos se tinham livros infantis em casa. Eles
acreditavam que o uso de livros era conseqüência do
ensino
escolar
e
sustentavam
que
comprariam livros
para seu filho quando este soubesse ler, e não antes.
”O
argumento
desses
pais
está
associado
ao
que
conhecemos como “efeito Mateus”.
(Stanovich, 1986)
O comentário feito pelos pais de Mateus,
como
as
pessoas
pensam
na
nos mostra
aprendizagem como
uma
coisa
descontínua, sendo momentos diferentes, antes da criança
aprender e após ter aprendido.
Precisamos entender que ler e escrever são
formas de
comunicar-se, como falar e ouvir. Portanto, essas devem
estar inseridas à sala de aula como outro “aspecto da vida,
e
não
à
margem
estimulantes
em
dela”.
Devemos
ambientes
oferecer
positivos
que
experiências
favoreçam
a
participação, a construção de hipóteses e interpretações,
despertando assim, o desejo de entender o que foi lido ou
escrito, trazendo o mundo de experiências da criança para
dentro de sala.
Outra forma de aproximar a criança desse mundo de
informações; são “as aulas-passeio” sugeridas por Freinet e
que com certeza fazem grande sucesso entre os pequenos. No
caminho de casa para a escola e de volta para casa, a
criança vai “lendo o mundo” e quando esse percurso é feito
com o professor, essas vivências podem ser enriquecidas.
Utilizando e transformando essas informações adquiridas em
35
materiais que vão contribuir com para a construção
da
leitura e a escrita (nomes de ruas, leitura de autdoors,
visita a mercados, farmácias, bibliotecas...).
Insistimos
em
chamar
atenção
para
importância
da
criança pequena ter acesso às escolas de educação infantil.
Quanto mais imersas nesse mundo letrado, com uma vasta e
rica
experiência
com
a
leitura
e
a
escrita,
maior
a
garantia para o seu sucesso na alfabetização.
2.2. As primeiras experiências da criança com
a escrita
Podemos dizer que a criança dá o primeiro passo em
direção
a
compreensão
diferenciando o desenho
de
como
se constrói a escrita,
da escrita. A partir do momento em
que conseguem identificar esses símbolos gráficos, começam
a elaborar hipóteses sobre a combinação e a distribuição
das letras.
Essas
hipóteses
vão
se
construindo
durante
a
alfabetização inicial, isto é, a partir do momento em que a
criança tem contato com esses materiais impressos. Esse
conhecimento é construído porque não podem ser transmitidos
diretamente, pois nenhum adulto consegue explicar as regras
gráficas às crianças. Nem podem ser deduzidas do material
escrito, sabido que muitas palavras podem ter apenas uma
letra (preposições e conjunções) e outras apresentam letras
repetidas (rr, ss e outras duplicações nos dígrafos).
36
2.3. Escrita espontânea
As primeiras explorações que as crianças realizam para
compreender
a
escrita
são
as
produções
espontâneas.
Entendemos por produção espontânea aquela que a criança
escreve como ela pensa que deveria escrever, isto é, sem
uma cópia. Esse material escrito é um valioso documento que
poderá ser analisado e interpretado pelo professor, cabendo
a ele dar o estímulo necessário para que a criança avance
em suas hipóteses.
Emilia
Ferrreiro
nos
fala
sobre
a
importância
do
conhecimento do professor sobre as produções escritas das
crianças: “Aprender a lê-las – isto é, a interpretá-las – é
um
longo
aprendizado
que
requer
uma
atitude
teórica
definida”.
2.4. Período Silábico
Nesse período, a criança começa a descobrir que a
quantidade de letras para escrever uma palavra pode ter
correspondência com a quantidade de partes da palavra (as
sílabas). Assim, a criança constrói a hipótese silábica que
vai evoluindo até chegar ao requinte de usar uma letra para
representar cada sílaba, sem repetir letras e sem ocultar
nenhuma sílaba.
37
“Esta
hipótese
silábica
é
da
maior
importância , por duas razões: permite obter um
critério
geral
para
regular
as
variações
na
quantidade de letras que devem ser escritas,e
centra
a
atenção
da
criança
nas
variações
sonoras entre as palavras.”
Emilia Ferreiro
No entanto, essa hipótese silábica se desestabiliza
quando a criança começa a perceber a quantidade mínima de
letras que uma palavra deve ter para ser “interpretável”,
isso acontece como por exemplo com o monossílabo, que
deveria ser escrito apenas com uma letra, mas desse jeito
“não se pode ler” como também, por intermédio do contato
direto com a escrita convencional do professor, que sempre
terá
mais
letras
do
que
a
hipótese
silábica
permite
entender.
2.5. Período Silábico-Albabético
A
criança
conflitos
chega a esse período por intermédio dos
vivenciados
na
fase
anterior,
aliados
a
interferência do professor. Nesse momento a criança percebe
que a sílaba não pode ser considerada como uma unidade, mas
que é composta de elementos menores, as letras. A partir
daí, a criança se confronta com novos desafios: pelo lado
quantitativo (uma letra por sílaba não basta), e pelo lado
qualitativo,
enfrentando
problemas
ortográficos
(a
identidade do som não garante identidade de letras, nem a
identidade de letras e de sons).
38
2.6. Período Alfabético
Muitas pesquisas são necessárias ainda para definir
como a criança chega a fonetização, chamado de “estalo da
alfabetização”. Ressaltamos que a fonetização não se dá de
forma instantânea. A criança escreve, num primeiro momento,
alfabeticamente algumas sílabas e permanece silábico para
outras. Em algumas vezes, isso acontece por uma lógica
construída por eles como, por exemplo quando tem a ver com
o nome da letra e assim, podem ser consideradas uma sílaba
completa,
“ge”
em
geladeira,
que
a
criança
escreve
“gladeira” ou “q” em quebrado, que ela escreve “qbrado”.
Essa escrita parcialmente alfabética, é considerada
por Ester Pillar Grossi, uma etapa do nível alfabético.
“Elas são escritas silábico-alfabéticas, porque mesclam os
dois tipos de concepções, mas já fazem parte do nível
alfabético”.
Ressaltamos que essa superação não significa ser a
solução de todos os conflitos envolvidos neste momento. A
seguir mostraremos alguns deles a serem superados:
- Perceber que as sílabas geralmente têm mais de uma
letra não faz com que a criança conclua
que podem
existir sílabas de duas, três,quatro,cinco e até mesmo
só com uma letra. Pensar que as sílabas são sempre
compostas de duas letras, provavelmente acontece pelo
fato da freqüência em que aparecem em nossa língua.
Outra freqüência que leva a criança a generalizar, é a
sílaba
composta
de
consoante
vogal,
sendo
comum
39
aparecerem
palavras
como “árvore”,
escrita
assim:
RAVORE.
- Outro problema importante é a separação adequada das
palavras
dentro
palavras
e/ou
de
um
texto,
dividi-las
em
é
comum
duas
ou
emendarem
três
partes.
Atribui-se essa dificuldade na separação das palavras
a ênfase dada a fonetização da sílaba. Assim como,
quando
estão
iniciando
a
leitura,
acontece
também
durante a construção de textos, momento em que as
crianças concentram-se nas sílabas, desaparecendo a
palavra como um todo.
- Destacamos também, o fato da ênfase dada sobre a
adequação fonética do escrito ao sonoro, deixando de
lado a preocupação com a ortografia, reformulando ou
mesmo
esquecendo
conhecimentos
adquiridos
anteriormente. Como por exemplo citamos uma criança
que se chama Rosa e já escreve há muito tempo seu nome
e que a partir do momento em que chega a essa escrita
fonética passa a escrever ROZA.
- Compreender as silabas mais complexas (como as que
contém,
grupos
consonantais:
briga,
comprido,
cabrito...) que é um esforço lógico d raciocínio e não
de fixação mecânica.
“Insistimos
componentes
lógicos,
na
inter-relação
dos
perceptivos-motores,
afetivos, sociais e culturais na aprendizagem.
Há nesta caminhada do aluno em sua
aprendizagem,
lógica.
Ao
permanentemente,
lado
dela,
estão
uma
componente
presentes
as
40
componentes afetivas, as perceptivo-motoras, as
sociais e as culturais
também,
todas
entrelaçadas
numa
trama
indissociável.
Imaginar-se a aprendizagem como
fruto
uma
só
de
uma
de
resquício
destas
instâncias
concepção
é
equivocada
ainda
dos
processos cognitivos.
Ester Pillar Grossi
No próximo capítulo, estaremos mostrando relatos de
experiências de professores de classes de Educação Infantil
(crianças de três a sete anos de idade), assim como faremos
uma exposição de atividades realizadas com essas crianças.
Tentaremos assim, traçar uma panorâmica entre a prática
vivenciada em sala de aula com a fundamentação teórica
apresentada nesse trabalho.
41
CAPÍTULO III
Relato de Experiências
Baseado em Fundamentação Teórica
42
Relato
de
Experiências
Baseado
em
Fundamentação Teórica
Pensamos ser de muita importância a teoria aliada a
prática para o desenvolvimento de uma Educação Infantil de
qualidade.
Faremos
nesse
capitulo
um
passeio
por
esta
prática a fim de apresentarmos o quanto é prazeroso e
gratificante trabalhar com crianças pequenas. Pequenas sim,
mas autoras de sua própria história, produtoras de textos,
leitoras. Leitoras do mundo, mundo que as cerca e encanta.
Mostraremos ainda o papel do educador, que consciente de
sua responsabilidade na formação dessas crianças, precisa
estar sempre em formação e interferir de maneira adequada e
com muito carinho e respeito por esse ser maravilhoso que é
a criança.
3.1. Jardim 1 – Crianças de 03 a 04 anos
A
professora
de
Educação
Infantil
Rosa
define
o
trabalho de leitura com suas crianças da seguinte maneira.
“ A leitura é realizada a partir da incorporação da
fala
e
da
leitura
do
outro,
origina
processos
de
aprendizagem e desenvolvimento. A criança apropria-se da
fala do outro, tornando-a sua, no processo de constituição
do
leitor.
O
desenvolvimento
se
processa
a
partir da
expressão e comunicação, estabelecendo relações com o mundo
físico e social, através de formas diversas de expressão
artística (literatura, música, artes plásticas, etc).”
43
“Durante essas vivências a criança vai percebendo que
existe
uma
mensagem no
mundo
das
letras
e
passa
a
interessar-se por tudo que está escrito. Assim, já não
basta contar uma história, é preciso que a professora leia
o que está escrito no livro, o que desencadeia a leitura de
toda mensagem escrita que passa pela turma (jornais, textos
produzidos por outros grupos da escola, circulares que
dizem respeito à turma, recados das agendas, etc).”
“O trabalho com a dramatização deixa de ser apenas um
jogo de imitação e passa a fazer parte de um contexto. Além
de
representar
personagens
já
conhecidos,
produz-se
histórias que são registradas pela professora e cria-se
novos personagens a partir de experiências que a criança
vivencia.”
Segundo
Ana
Teberosky,
as
crianças
começam
a
compreender como funciona o sistema alfabético da escrita
diferenciando o desenho da escrita. Assim, uma vez que
percebem quais são as marcas gráficas que servem para ler
elas começam a elaborar hipóteses sobre a combinação e a
distribuição das letras.
Assim, as crianças começam a distinguir textos que têm
poucas letras e textos que são para ler (devem ter no
mínimo, três ou quatro caracteres). As crianças rejeitam os
textos
com
letras
repetidas
porque
dizem
“são
todas
iguais”.
Aí, podemos ver a fala da professora Rosa que percebe
o interesse de seus alunos, por tudo que pode ser lido.
Tais
inicial,
hipóteses
são
são
construídas
construídas
porque
não
na
são
alfabetização
transmitidas
44
diretamente, isto é, nenhum adulto explica essas regras
gráficas às crianças.
Estas
crianças
hipóteses
anteriormente
diferenciarem
o
material
citadas,
permitem às
gráfico,
mas,
nesse
momento, elas ainda não são capazes de verificar qual a
forma específica de representação da escrita. Ainda não
construíram hipóteses sobre o estatuto da representação
típica da escrita.
A
professora de Educação Infantil Carmem define o
trabalho de escrita com suas crianças da seguinte maneira.
“A escrita começa a ser percebida como um símbolo
diferente do desenho. A chamada(ficha) é feita por etapas:
1º de
eles recebem uma ficha com a foto deles e uma figura
sua
escolha.
escrevemos
o
nome
2º e
essa
ficha
associamos
é
a
desmembrada,
figura.
Por
3º -
último
desmembramos e deixamos só o nome da criança. Com esse
processo, a criança associa a foto a figura, entendendo que
a figura também a está
representando. Depois ela associa a
figura ao nome, percebendo que as duas maneiras estão
representando-a e começa a perceber a diferença entre o
desenho e a escrita. No momento da chamada, as crianças são
estimuladas a entrarem em contato com a escrita , nomeando
as letras, verificando quem tem o nome começando com a
mesma letra que a sua, do amigo, do papai, da mamãe...).
Antes de chegar a experimentação da escrita, a turma fica
em contato com o mundo letrado diariamente e o tempo todo.
Além da chamada, ela visualiza também a escrita no momento
em que a professora escreve o nome dela na folha individual
na
hora
do
desenho
livre,
durante
a
escrita
de
uma
histórias coletivas, de títulos nos murais, de recados
45
enviados
pelas
agendas...Ao
final
do
ano,
as
crianças
começam a experimentar a escrita do nome próprio com o
estímulo da professora. Sempre quando entregam a folha de
atividade individual, pedimos que escrevam o nome do jeito
que eles sabem. Para essa faixa etária, começar a escrever
o nome é bem estimulante, pois aí demonstram seu interesse
pelo mundo letrado.”
Na concepção de Emilia Ferreiro, a distinção entre
“desenhar” e “escrever” é de fundamental importância. Ao se
desenhar estamos no domínio do icônico; as formas dos
grafismos importam porque reproduzem a forma dos objetos.
Ao se escrever estamos fora do icônico, isto é, as formas
dos grafismos não reproduzem a forma dos objetos, nem sua
ordenação espacial reproduz o contorno dos mesmos.
Nas
páginas
atividades
narram
para
que
realizadas
a
se
seguem
podemos
coletivamente,
professora
registrar
ver
onde
suas
ilustradas
as
crianças
idéias.
Essas
atividades nos apresentam como é trabalhada e desenvolvida
a leitura e a escrita nessa escola de Educação Infantil,
dentro dessa faixa etária (Jardim 1 – Crianças de 03 a 04
anos).
1-Construção de texto coletivo a partir de observação de
reprodução da obra de Tarsila do Amaral “A Favela”.
2-Descrevendo gravuras a partir de atividades desenvolvidas
sobre os “Jogos Olímpicos 2004”.
46
47
48
49
3.1.2. Jardim 2 – Crianças de 04 a 05 anos
A professora de Educação Infantil Eleonora define o
trabalho de leitura e escrita com suas crianças da seguinte
maneira.
“As
fichas
de
onde
faço
inicial,
chamada
são
exploradas
brincadeiras
como:
na
rodinha
adivinhações,
mostrando só a primeira letra do nome, jogo da memória onde
tem que achar o seu próprio nome ou reconhecer e entregar o
de um amigo escolhido. Outra maneira de se trabalhar a
leitura
e
a
escrita
são
as
construções
coletivas
de
histórias. Nessa atividade as crianças criam os textos e
vão narrando as frases para a professora registrar no
blocão. Nesses momentos as crianças reconhecem no texto
escrito pelo adulto letras do seu nome, constroem hipóteses
e fazem perguntas como: “- Por que você escreve muitas letras?” “Por que aí tem letras do meu nome e do seu nome, se eles não são
iguais?”
E assim, vão construindo o seu saber.”
“Estimulo a escrita juntamente com a leitura. É também
a partir de brincadeiras que eles começam a usar a escrita
espontânea. A primeira escrita a aparecer é a do nome
próprio,
depois
a
escrita
de
nomes
de
amigos
e/ou
familiares. Observo que elas experimentam a escrita do nome
próprio de todas as maneiras, da direita para a esquerda,
na vertical e por fim na horizontal da esquerda para a
direita (convencionalmente). Aos poucos, vão experimentando
essas letras para escreverem outras palavras quando estão
desenhando,
são
letras
que
se
combinam
comunicar algo (escrita espontânea).”
para
tentar
50
Anete Abramowicz e Gisela Wajskop, nos dizem como as
escolas
de
diferentes
Educação
Infantil
vivências
e
recebem
crianças
diversidades
com
culturais
e
lingüísticas. Nessa pluralidade cultural cada criança tem
seu jeito de falar, seu modo de ser, suas histórias para
contar... Esses distintos repertórios culturais interagem
entre
as
crianças
e
os
adultos
e
são
ricos
para
a
construção de conhecimentos e para a produção de outros.
Assim se dá com a construção da leitura e da escrita, com
essa troca diária entre alunos e professores.
Nas
páginas
que
se
seguem
podemos
ver
ilustradas
atividades realizadas coletiva e individualmente, onde as
crianças narram para a professora registrar suas idéias,
bem como já começam a experimentar as escritas espontâneas
de palavras e numerais. Essas atividades nos mostram como é
trabalhada e desenvolvida a leitura e a escrita nessa
escola de Educação Infantil, dentro dessa faixa etária
(Jardim 2 – Crianças de 04 a 05 anos).
1-Construção de texto coletivo a partir de discussão sobre
a importância da alimentação para a saúde e crescimento.
2-Escrita
do
nome
próprio
e
da
melhor
amiga
e
seus
respectivos telefones.
3-Experimentando a escrita de numerais espontaneamente.
4-Registro a partir desenho e escrita espontânea, após
passeio pelo Bairro (Museu de Arte Naïf – Cosme Velho).
5-Construção de livro de história individual, fechamento de
sub-projeto
Artes
Literárias
professora registra).
(A
criança
narra
e
a
51
52
53
54
55
56
3.1.3. Jardim 3 – Crianças de 05 a 06 anos
A
professora
de
Educação
Infantil
Joana
define
o
trabalho de leitura e escrita com suas crianças da seguinte
maneira.
“A
leitura
temático
e
é
seus
trabalhada
de
sub-projetos.
acordo
Também
co
é
o
projeto
interessante
ressaltar que as questões da turma são trabalhadas através
da leitura. Questões do tipo: brigas freqüentes, uso de
palavras duras para se referir ao colega, desrespeito para
com
as
regras
pré-estabelecidas
(esperar
sua
vez
para
falar, respeitar os horários, etc)são trabalhadas a partir
de fábulas como as de Esopo – essas geralmente são lidas
para o grupão e, após, abrimos para discussão com perguntas
norteadoras como: “-Por que a formiguinha disse isso...?” “-O que
ocorreu
com
os
demais...?”
Após trabalharmos essas questões
vinculadas à turma é hora de analisarmos as fábulas quanto
a estrutura textual. A partir daí, chega a hora da produção
destas inventadas pela turma. As crianças interagem com as
perguntas e soluções para qualquer tipo situações exposta
nas fábulas e, geralmente, em suas produções, situações mal
resolvidas são solucionadas.”
“A escrita é estimulada e se dá através das produções
vinculadas aos textos literários trabalhados com a turma,
interpretações e estímulos visuais como: todas as situações
são escritas pela professora para o grupão, pode ser no
quadro ou no blocão. Palavras norteadoras são escritas em
fichas pelas professoras junto com a turma e é em cima
dessas palavras conhecidas que o processo se inicia, no
registro
de
histórias
no
caderno,
o
desenho
da
57
interpretação de cada um é enfatizado e junto com este, a
escrita espontânea do que mais gostou ou de palavras que
chamou mais atenção são estimuladas.”
“É
importante
contar
histórias
às
crianças, pois as introduzimos, mediante
o jogo simbólico, em um mundo conceitual
distante,
aquele
portanto,
produzido
mais
complexo
em
uma
que
conversa
relacionada com temas tangíveis. E isso,
por meio de uma linguagem integrada em um
código
elaborado,
literário,
amplia
extraordinariamente sua capacidade de uso
da linguagem.”
Célia Romea Castro
Podemos destacar que o domínio do código alfabético
não é a única coisa que se precisa aprender sobre os textos
escritos. As crianças se esforçam para apropriar-se das
estruturas
lingüísticas
e
das
convenções
gráficas
utilizadas na escrita.
Nas
páginas
atividades
usaram
a
que
realizadas
Oficina
de
se
seguem
podemos
coletivamente,
Informática
ver
onde
para
as
ilustradas
crianças
construção
de
histórias em quadrinhos, bem como atividades individuais de
construção da escrita durante o ano escolar de 2004. Essas
atividades nos apresentam como é trabalhada e desenvolvida
a leitura e a escrita nessa escola de Educação Infantil,
dentro dessa faixa etária (Jardim 3 – Crianças de 05 a 06
anos).
58
1-Construção
de
histórias
em
quadrinhos
(Oficina
de
Informática – Word)
2-Trajetória de construção da escrita de uma criança do
Jardim 3 durante o ano de 2004.
59
60
61
3.1.4. Classe de Alfabetização – Crianças de 06 a
07 anos
A
professora
de
Educação
Infantil
Ana
define
o
trabalho de leitura e escrita com suas crianças da seguinte
maneira.
“A criança aprende em contato com o objeto de estudo,
com as interferências do professor.”
“O meu trabalho na Classe de Alfabetização consiste em
oferecer um amplo repertório de palavras e frases escritas
convencionalmente e de estimulá-los com as interferências
necessárias para que avancem no processo de escrita. Assim,
comparando
a
escrita
convencional
com
a
espontânea
e
trocando informações as crianças vão construindo a cada dia
a escrita. Procuro incluir na rotina deles assuntos que lhe
interessam para que possam desejar saber/fazer. Ao fim da
C.A. as crianças já conquistaram organização e autonomia
para escrever, suas escritas são constituídas com base em
uma correspondência entre fonemas e letras e já possuem
preocupações ortográficas. Atividades como: escrever sobre
um passeio, ditados de palavras e frases significativas,
completar frases, construir textos a partir de observação
de gravuras ou sobre diferentes assuntos. São utilizados
para atingir o objetivo de estarem cada vez mais, próximos
do nosso sistema convencional de escrita.”
“Penso que aprender a ler e escrever caminham juntos.”
“Nas atividades citadas acima também trabalhamos a
leitura. Desenvolvemos ao longo do ano uma pasta de leitura
individual,
onde
cada
criança
faz
a
sua
leitura
silenciosamente e em seguida em voz alta para o grupo, isto
é, os textos são selecionados de acordo com o interesse e
62
projetos que estamos trabalhando. O nosso objetivo com essa
pasta é trabalhar a fluência, compreensão do que foi lido,
porque mais do que decodificar letras pretendemos fazer com
que compreendam o sentido do que está sendo lido.”
“Uma
absorção
das
da
principais
obra
de
conseqüências
Emília
Ferreiro
da
na
alfabetização é o recuso do uso dae cartilhas,
uma espécie de bandeira que a psicolingüística
argentina
ergue.
social da escrita
Segundo
ela,
a
compreensão
deve ser estimulada com o
uso de textos de atualidade, livros, histórias,
jornais, revistas. Para a psicolingüística, as
cartilhas, ao contrário, oferecem um universo
artificial e desinteressante.”
Revista Nova Escola Novembro de 2004.
Esther Pillar Grossi, nos fala que não devemos deixar
de fora dos textos palavras com dificuldades ortográficas,
pois
essas
ampliam
em
muito
as
possibilidades
de
se
produzir uma alfabetização com muito mais significado. É
muito
importante
que
escrevamos
palavras
de
ortografia
complexa, pela razão básica de que, se as crianças se
interessam,
também
tem
“fecundidade
cognitiva”.
A
inteligência e a afetividade funcionam juntamente.
Nas
páginas
que
se
seguem
podemos
ver ilustradas
atividades realizadas individual e autonomamente, isto é,
com pouca interferência da professora. Como por exemplo a
confecção de um livro de história por conta do sub projeto
Artes Literárias, bem como acompanharemos a trajetória de
uma
criança na
Classe
de
Alfabetização
durante
o
ano
escolar de 2004. Essas atividades nos apresentam como é
63
trabalhada e desenvolvida a leitura e a escrita nessa
escola de Educação Infantil, dentro dessa faixa etária
(Classe de Alfabetização – Crianças de 06 a 07 anos).
1-Construção de livro de história individual, fechamento de
sub-projeto Artes Literárias.
2- Trajetória de construção da escrita de uma criança da
Classe de Alfabetização durante o ano de 2004.
64
65
66
Conclusão
Partindo
do
pressuposto
que
o
processo de
alfabetização se dá muito antes que a criança chegue a
Classe de alfabetização que ela aprende em contato com o
objeto e é através de experimentações e tentativas é que se
apropria da leitura e da escrita, não podemos conceber uma
teoria que afirma que a criança só atinge o desenvolvimento
desejado para aprender a ler e escrever aos seis anos.
Muitas de nossas crianças chegam à Classe de Alfabetização
sem terem tido nenhuma, ou quase nenhuma
experiência com o
letramento. Assim, as crianças acabam sendo submetidas a
atividades puramente mecânicas e de memorização, que se
distanciam, completamente, da função social da leitura e da
escrita ou, simplesmente, chegam as séries posteriores sem
se apropriarem desse processo.
A expectativa é de que, através desta pesquisa, possase
refletir
sobre
a
importância
da
Educação
Infantil,
entendendo-a como um processo contínuo de desenvolvimento,
que faz parte do processo de alfabetização e não apenas uma
preparação para o ensino fundamental.
67
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Escrita – A Alfabetização como Processo Discursivo. 2º ed.,
São Paulo: Cortez Editora, 1989.
TEBEROSKY, Ana, Colomer, Teresa, tradução de Ana Maria Neto
Machado.
Aprender
a
Ler
e
a
Escrever –
Construtivista. Porto Alegre: Artmed, 2003.
Uma
Proposta
70
71
ÍNDICE
Folha de rosto ................................02
Dedicatória ...................................03
Agradecimento .................................04
Resumo ........................................05
Metodologia ...................................07
Sumário .......................................08
Introdução ....................................09
Capítulo I – A História da Educação Infantil....11
1.1.1 – A Educação no século XVII......12
1.1.2 – A Reforma .....................13
1.1.3 – A Educação no século XVIII.....13
1.1.4 – A Origem do Jardim de Infância.15
1.1.5 – A Educação no século XIX.......16
1.1.6 – A Educação no século XX........17
1.1.7 – A Educação Infantil Atualmente.17
1.1.8 – A História da Educação Infantil
no Brasil........................19
1.2 – Os Precursores......................21
1.2.1 – Os Precursores Brasileiros.....27
Capítulo
II –
experiências
A
criança
sobre
e
a
as
suas
leitura
primeiras
e
a
escrita.........................................29
72
2.1 – As primeiras experiências da criança com
a leitura.......................................30
2.2 - As primeiras experiências da criança com
a escrita.......................................35
2.3 – Escrita espontânea....................36
2.4 – Período silábico......................36
2.5 – Período silábico-alfabético...........37
2.6 – Período alfabético....................38
Capítulo III – Relato de Experiências, baseado em
fundamentação teórica...........................41
3.1 – Jardim 1 – Crianças de 03 a 04 anos...42
3.1.2 – Jardim 2 – Crianças de 04 a 05 anos.49
3.1.3 – Jardim 3 – Crianças de 05 a 06 anos 56
3.1.4 – Classe de Alfabetização – Crianças de
06 a 07 anos....................................61
Conclusão ......................................66
Bibliografia ...................................67
Atividades Culturais............................70
Índice .........................................71
Folha de Avaliação .............................73
73
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
Título: A Educação infantil, as primeiras experiências da
criança
com
a
leitura
e
a
escrita
e
o
processo
de
alfabetização, a partir de uma perspectiva construtivista.
Autor:
Data da Entrega:
Avaliado por:_________________________Conceito____________.
Avaliado por:_________________________Conceito____________.
Avaliado por:_________________________Conceito____________.
Conceito final:__________________________________________.
_____________,____de____________de______
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