A PECUÁRIA BRASILEIRA CORRE PERIGO!
Por José Annes Marinho; Engenheiro Agrônomo, Gerente de Educação da Associação
Nacional de Defesa Vegetal – ANDEF.
Julho de 2013.
Os resultados expressivos da pecuária brasileira mostram que o rebanho dobrou nos
últimos 36 anos, passando de 102,5 milhões de cabeças para 204 milhões. Vocês sabem
quais são os motivos? Podemos citar alguns mais eminentes: os custos elevados, a
margem de retorno cada vez menor, o abate enorme de fêmeas, a falta de investimentos
no setor, o mercado concentrado com poucas opções aos produtores para vendas. Esses
são alguns dos problemas, além da pressão por terras antes utilizadas pela pecuária e
agora sendo incorporadas por grãos, exatamente pelo fato do mercado estar pagando
pouco por uma produção com custos elevados.
Mas qual seria a melhor forma de escapar destes problemas? Seria investindo mais?
Seria fazendo a integração lavoura-pecuária? Talvez esteja nesta última sugestão a forma
de não sofrer com as intempéries do mercado. Alguns resultados mostram que, por
exemplo, o sistema “Santa Fé” desenvolvido pela EMBRAPA, gerou ganhos tanto na
pecuária como na produção de grãos. Outros sistemas utilizados com o “barreirão” podem
ser uma alternativa para as oscilações do mercado.
Em outras ocasiões citamos que nossa média de natalidade gira em torno de 56%, ou
seja, para cada 100 matrizes, nascem 56 bezerros, ou seja, 44 matrizes estão comendo,
bebendo a custa do pecuarista. Esse é um grande desafio aos produtores: melhorar o
controle do rebanho para que os resultados cheguem aos patamares de 80%, números
exemplares nas condições brasileiras e plenamente factíveis. Mas é claro: com
planejamento.
Os sistemas utilizados como exemplo demonstram o que o pecuarista mais deseja:
redução do período dos animais nas pastagens, ganho de peso e menor tempo,
manutenção dos parâmetros químicos e físicos do solo, como consequência a redução do
tempo para abate dos animais em 50%, ou seja, de 20 a 22 meses, para estarem com
450 kg.
Mas não podemos deixar de pensar que tudo isso é viável. Os exemplos estão aí para
serem seguidos e melhorados. As manifestações que estão ocorrendo no país nos
mostram que é possível: com muito trabalho, esforço e dedicação podemos ter melhores
resultados.
O que não podemos esquecer é que a pecuária corre perigo. Produtores estão vendendo
suas áreas, arrendando e/ou até mesmo abandonado à atividade. Os exemplos são vivos:
falta de bezerros, falta de matrizes, mas e o preço? Pelo visto continua praticamente o
mesmo! Esse é um fator determinante para mantermos a motivação dos pecuaristas, mas
não podemos esquecer que se as mudanças não surgirem, a pecuária brasileira corre
perigo, irá definhar. A hora para mudar é agora, mas precisamos de união para que isso
venha a ocorrer! O perigo está batendo na porta do setor pecuário.
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