AS PRÁTICAS REFLEXIVAS NO ENSINO DE HISTÓRIA PARA 4º E 5º ANO
DO ENSINO FUNDAMENTAL I
CORRÊA, Thyago Bruno Rodrigues Pessanha¹
E-mail: [email protected]
FERREIRA, Arthur Vianna (Orientador)²
E-mail: [email protected]
Palavras-chave: Prática Reflexiva. Docente. Ensino de História.
INTRODUÇÃO
Este projeto de pesquisa tem como objetivo geral investigar as práticas e os
processos reflexivos organizados no ensino da disciplina História de professores dos 4º
e 5º ano do ensino fundamental I. Para isto, procuraremos identificar as organizações
dessas práticas pelos professores, verificaremos se essas práticas podem ser
consideradas práticas reflexivas e averiguaremos em que medidas estas práticas
reflexivas interferem no processo de organização de sua prática escolar cotidiana.
Articulada a proposição de compreender o ensino de História para os 4º e 5º
anos, do Ensino Fundamental I, voltada para as práticas do ensino desta ciência, como
uma disciplina, baseadas em questionamentos que transpassam uma matéria escolar, em
suas atribuições e finalidades. Com bases dos PCNs (Parâmetros Curriculares Nacionais
de 1997) que propõem orientações e métodos didáticos para a disciplina, também
teóricos que analisam e pesquisam os mesmos e de maneira a equiparar a própria
documentação disponibilizada pela instituição de ensino. Insuflaremos em reflexões
como essas práticas tem sido no ensino de História, executadas pelos professores. E até
que ponto essas práticas reflexivas corroboram para o ensino-aprendizagem destes
alunos do Centro de Ensino Alice Santiago situado em Realengo, bairro da Zona Oeste
do Rio de Janeiro.
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¹ Graduando em Licenciatura em História da Universidade Castelo Branco. Aluno-bolsista PIBICT 20132014.
² Doutor em Educação: Psicologia da Educação (PUCSP). Professor da Escola de Formação de
Professores – Curso de História da Universidade Castelo Branco. Orientador de PIBICT 2013-2014.
FUNDAMENTOS TEÓRICOS
Pérez Gómez (1998) em sua obra aborda o conceito de Donald Schön, sobre a
prática-reflexiva, o qual apresenta três proposições complementares formadoras de um
pensar prático do professor, que proporcionam a este uma medida racional, articuladas
estão, a reflexão-na-ação, conhecimento que coloca o professor numa situação de
dificuldade e limitação, mas com a amplitude de uma atitude que é gerada de muitas
experiências e conhecimentos já adquiridos, importantes na formação deste profissional
que se torna flexível em seu ensino diário; a reflexão-sobre-a-ação acontece após a ação,
conforme o afastamento do ocorrido é possível refletir por meio da observação e
autoanálise, confrontando a prática e a teoria aplicada; e o conhecimento-na-ação, que
se utiliza de seus conhecimentos para a descrição, análise e avaliação de suas ações,
posicionando o professor fora dos condicionamentos das práticas.
Outra questão a ser analisada é a reflexão na prática do professor de História
para a reconstrução social. Entendendo este docente como um indivíduo que entende
sua importância na sociedade, por meio de uma reflexão que propicia o aprimoramento
do exercício da prática crítica, com a finalidade de ocasionar o processo de emancipação
deste discente, articulando a percepção do mesmo quanto à prática educativa e ao
conhecimento que são produtos da construção social da realidade, que desencadeiam em
questões políticas e econômicas, circunscritas em um tempo e espaço determinado que
podem mudar historicamente.
Compondo uma orientação para que se entenda como a prática educativa
acontece, de acordo com Gómez (1998, p.363), a mesma ocorre “na aprendizagem da
prática, para a prática e a partir da prática”. O autor compreende que a orientação para
esta proposta está no exercício diário deste docente, experimentando e intervindo
criativamente e adaptando as problematizações de acordo com as especificidades do
meio. Distanciando-se de uma prática educativa tradicional, a qual faz deste professor
um técnico, instrutor, que não privilegia o aluno como sujeito central do processo
educativo e não entende as circunstâncias que o cercam.
Como princípio norteador os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997) para as
séries em questão desta pesquisa, documento este de âmbito federal brasileiro, articulase com a proposta deste professor reflexivo para o Ensino de História, afirmando que “é
tarefa do professor criar situações de ensino para os alunos estabelecerem relações entre
o presente e o passado, o particular e o geral, as ações individuais e coletivas, os
interesses específicos de grupos e as articulações sociais” (Ibid, p.77). Entendendo que
este docente deva ser criativo, perceber as idiossincrasias do ambiente do qual está
inserido; tal argumento dialoga diretamente com a proposição da prática reflexiva para
ensino de História, possibilitando a contínua formação deste docente como pesquisador,
que por meio de sua prática constrói saberes.
Na organização do documento, o mesmo vai elencar possíveis situações
didáticas para que o professor as desenvolva com os alunos, há no total treze tópicos
com estes objetivos para a didática/ensino de história, dentre elas “ensinar
procedimentos de pesquisa, consulta em fontes bibliográficas, organização das
informações coletadas, como obter informações de documentos, como proceder em
visitas e estudos do meio e como organizar resumos” (PCNs, 1997, p.77).
Esta organização supracitada que leva a um objetivo para o ensino de História,
Selbach (2010) aborda-os como competências e habilidades que devem ser
desenvolvidas, entendendo que “Competência é uma habilidade de ordem geral,
enquanto a habilidade é uma competência de ordem particular, específica” (MACEDO,
2004, apud SELBACH, 2010, p. 51). Inferindo que há competências de ordem
intelectual e prática que são desenvolvidas por este ensino nos discentes, que
desencadeiam as habilidades já trazidas por eles e outras que serão adquiridas ao longo
do processo de aprendizagem.
Em consonância com o PCNs (1997) no que tange a criar situações que
propiciem o ensino, Pérez Gómes (1998) entende que o educador deve estar acessível ao
exercício constante da prática no processo didático. Esse diálogo entre o material
utilizado e como foi aceito e absorvido mediante a apresentação de determinado
conteúdo é de suma importância para que se verifique a eficácia de determinado
material articulado com a prática proposta. O teórico complementa afirmando que “se
aprende o próprio processo didático de aprendizagem em “’diálogo aberto com a
situação prática’” (Pérez Gómez, 1998, p.370).
Dentre as competências indicadas pelo PCN’s (1997), há pontuais saberes
pertinentes que trabalham com conceitos da disciplina história, importantes para o
conhecimento do aluno, inserindo noções e termologias que a disciplina utiliza. O uso
de documentos, que não necessariamente passa por uma documentação escrita,
documentos oficiais, mas como qualquer outro registro ou material encontrado de um
povo é relevante, é objeto de interpretação.
Uma das propostas surgidas para o 4º e 5º ano do Ensino Fundamental I é a
visita a exposições, museus e sítios arqueológicos, que não aparecem como prática do
ensino de História para as séries de 1º ao 3º ano dos anos iniciais. Segundo PCN’s
(1997), estes discentes começam a trabalhar questões que perpassam a uma segunda
socialização, entendendo as diferenças e outras possibiliades de organizações sociais,
onde também irão conhecer espaços de preservação e de divulgação de patrimônios
históricos e culturais, incentivando novas especulações e indagações.
PROPOSTA METODOLÓGICA
Assim sendo, buscaremos a partir da conceituação sobre as práticas reflexivas do
docente, pontuar como estas questões se apresentam no material dos professores, como
eles se organizam para nortear sua prática e inserir os alunos em um ambiente de
estudos. Um estudo aprofundado sobre as suas práticas-reflexivas possibilitará
desenvolver dinamismo e interesse dos docentes que lecionam tal disciplina, saindo de
sua zona de conforto dentro da sala de aula e articulando uma mediação, por meio da
didática, de uma produção de conhecimento que assegure uma reorganização deste
conteúdo por este discente.
Entendendo as peculiaridades do ensino de História no Brasil, cabe colocar o
entendimento de um teórico que articulou um pensar e vivenciou sobre a prática
educativa brasileira. De acordo com Freire (1996, p. 39), a prática docente reflexiva
baseia-se na crítica e no movimento dinâmico entre o fazer e o pensar sobre o fazer. O
mesmo tenciona esta prática na qual “o próprio discurso teórico necessário à reflexão
crítica tem de ser de tal modo concreto que quase se confunda com a prática”.
Para o apontamento de prática reflexiva, Paulo Freire corrobora neste pensar
didático, coloca o docente a um distanciamento de sua prática para que o mesmo possa
ter como objeto de análise sua prática, fazendo assim com que ela ganhe maior
comunicabilidade. O que se articula com Gómez (1998, p.369): “A reflexão, ao
contrário de outras formas de conhecimento, supõe um sistemático esforço de análise,
como a necessidade de elaborar uma proposta totalizadora, que captura e orienta a
ação.”.
A reflexão, de acordo com Pérez Gómez, é um processo de “reconstrução” da
experiência que se organiza de maneira à reinterpretação de situações problemáticas,
dando novos significados às questões já vivenciadas, possibilitando a estes docentes
formas de estruturarem seus conhecimentos e modos de atuação no âmbito escolar e
analisar criticamente os motivos que este ensino está sendo articulando desta forma,
entender de onde partem estes interesses implícitos de propostas individuais ou
coletivas, arquitetadas por mecanismos dominantes da prática de ensino.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para esta pesquisa qualitativa sobre ensino de História, se utilizará a seguinte
metodologia: entrevistas semidirigidas com o professor da escola selecionada para a
pesquisa, levantando o conceito de práticas reflexivas no material analisado e
documentação fornecida pela escola, como plano de aula, caderno de exercícios, e
orientações de práticas para o ensino de história sugerido pela apostila adotada.
Entrevistamos a professora e a diretora para verificar possíveis alinhamentos e
discrepâncias entre a documentação organizada e a prática ministrada em aula.
A observação de algumas aulas possibilitará a compreensão das práticas do
professor e a organização do processo escolar na disciplina história realizada pelo
mesmo cotidianamente; e finalizaremos com um diário de campo, que seriam relatórios
destas práticas observadas como suporte para as pesquisa no processo de visita a
instituição escolar, visto que as práticas reflexivas são articulações e problematizações
que o próprio docente faz de sua didática. Estes elementos auxiliarão nas possíveis
dissonâncias existentes entre o discurso docente e a observação de suas relações na
escola. Os relatórios feitos serão vinculados com os demais documentos, que nos
propiciará uma análise da junção de todos material compilado durante toda a pesquisa
recolhidos na própria Instituição – Centro de Ensino Alice Santiago.
A abordagem não quantitativa envolve aspectos subjetivos das práticas docentes,
entendendo que a prática reflexiva para o ensino de história se dá atendendo as
especificidades do meio, não deixando, contudo de atender o que se é necessário,
trabalhando conceitos e nomenclaturas pertinentes ao estudo do mesmo. Cabe, então,
uma análise de como ocorre esta prática docente, a comunicabilidade que há na
ministração das aulas, a articulação da professora mediante situações problemáticas e se
de fato atendem as necessidades dos alunos, e como este docente propicia possíveis
disparadores que agucem a atenção dos alunos, gerando um ambiente propício para
processo de conhecimento e educação, para que ambos saiam afetados deste ambiente,
docente e discentes, gerando uma ação contínua de ambas as partes por um desejo pelo
conhecimento e pesquisa, desdobrando em outros saberes e conhecimentos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: história. Secretaria de Educação
Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997.
FREIRE, Paulo. A Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários à prática educativa.
21 ed. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
SELBACH, Simone. História e didática. Petrópolis: Vozes, 2010.
SACRISTÁN, J.; GOMEZ PEREZ, A. Compreender e transformar o ensino. Porto
Alegre: Artmed, 1998.