Recebido: 31/07/2013
Parecer emitido em: 18/08/2013
Artigo original
O PROFISSIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA EM CONTEXTOS NÃO
FORMAIS: EXPECTATIVAS E REALIDADES EM DIFERENTES PERSPECTIVAS
Maloá de Fátima Francisco1, Rubens Venditti Júnior2.
RESUMO
Este estudo teve por objetivo compreender as expectativas e realidades na atuação em Atividade
Motora Adaptada (AMA) dos profissionais das áreas de Educação Física (EF), da administração pública das
instituições especiais de atendimento às pessoas com deficiência (PcDs), familiares de PcDs dependentes e
pelas PcDs independentes, residentes em Muzambinho/MG, comparando assim as expectativas e realidades
da EFA em contextos não formais, sob estas diversas perspectivas de envolvimento. Os participantes foram
selecionados por critérios relacionados aos sujeitos com deficiência destacados na pesquisa, totalizando
26 indivíduos. Os dados foram coletados através de entrevista com gravação em áudio e transcrição na
íntegra. Foi verificado que a realidade da EFA atualmente se contrapõe às expectativas, principalmente
no que tange à inclusão das PcDs nos contextos não formais, deflagrando a necessidade de reflexões e
discussões para a atuação profissional em AMA e EF.
Palavras-chave: Atividade Motora Adaptada. Pessoa com deficiência. Inclusão. Atuação profissional.
ADAPTED PHYSICAL EDUCATION TEACHER IN NON-FORMAL CONTEXTS:
EXPECTATIONS AND REALITIES THROUGH DIFFERENT PERSPECTIVES
ABSTRACT
This study aimed to comprehend the expectancies and realities in Adapted Motor Activities (AMA),
of physical education (PE) professionals, public administration inside special institutions of people with
disabilities (PwD), families of addicted people with disabilities and independent people with disabilities,
living in Muzambinho City/MG/ Brazil, comparing the reality and expectation of EFA in non formal contexts.
Participants were selected using criteria related to the central subjects of this research (PwD), totaling 26
individuals. Data were collected through interviews with audio recording and full transcription. It was found
that the reality of APE has been moving in opposite ways than expectations, especially regarding the inclusion
in non – formal contexts, starting the needing of reflections and discussions to acting in AMA and PE.
Keywords: Physical Education. Adapted Motor Activity. People with disabilities. Inclusion. Teaching.
APRESENTAÇÃO
A realidade da pessoa com deficiência (PcD) tem mudado aos poucos, mesmo assim Meurer e
Castro (2008) identificaram em seu estudo que a proporção de pessoas com deficiência nas academias é
bastante reduzida. Segundo Palma et al., (2007), muitos ainda entendem que o espaço para PcD é apenas
a escola especial, mas assim como a política de inclusão escolar, estes também têm direito de usufruir
todos os espaços da sociedade e, principalmente, dentro dos espaços da Educação Física (EF), por ela ser
compreendida como uma possibilidade em prol da qualidade de vida destes sujeitos.
A não inclusão destas pessoas nestes contextos, segundo Maciel (2000), se torna um gerador de
barreiras entre a pessoa com deficiência e sua participação efetiva na sociedade. Percebe-se que a grande
maioria das pessoas com deficiência não frequenta clubes, academias, aulas de EF e espaços de lazer.
Esta exclusão em relação à atividade física não se dá por conta de estas PcDs serem incapazes, mas sim
por puro preconceito, despreparo e/ou falta de conhecimento acerca das potencialidades destes sujeitos
(VENDITTI JR, 2005). Além disso, a exclusão destes grupos em relação a estas práticas e estes espaços
sociais acaba enfraquecendo a saúde e a qualidade de vida, gerando um estilo de vida inativo e sedentário.
E neste processo, existem dois fatores de suma importância que incidem diretamente na vida das PcDs para
sua efetiva participação em contextos não formais da EF. Estes fatores são a família e os profissionais de EF
atuantes em diferentes contextos educacionais.
Um profissional treinado e capacitado, segundo Reid (1999), é capaz de desempenhar atividades
que englobam o indivíduo em uma perspectiva biológica, comportamental, humanitária e social. Seja na
escola ou fora dela, o profissional deve proporcionar à PcD oportunidade de praticar atividade física e não
excluí-la das possibilidades de integração e desenvolvimento social e pessoal.
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No entanto, estudos demonstraram também que na realidade destes profissionais existe falta de
qualificação e preparação, poucas oportunidades de emprego, condições de trabalho e insegurança em
adaptar as atividades conforme a deficiência (FRANCISCO, 2011).
Outro importante fator a ser considerado é a interação do profissional com a sociedade e a família.
A família que é fonte de apoio e providencia de forma consciente o desenvolvimento da PcD, de maneira
a fortalecer a individualidade, a autonomia e a independência. Rimer (2004) apud Carvalho (2005) diz
que sem o apoio dos familiares, dos amigos e das pessoas mais próximas (que pode vir a ser até mesmo
o profissional responsável pela atividade), a pessoa com deficiência não terá um envolvimento com a
atividade física e consequentemente não mudará seu estilo de vida. Glat (2004) diz que a inclusão social de
PcDs será conforme a decisão da família em permitir a sua participação em diferentes ambientes e relações
sociais. Em face disso, este estudo objetivou identificar a realidade e expectativa de familiares e profissionais
envolvidos no processo inclusivo, a respeito da PcD em contexto não formal de EF e EF Adaptada (EFA).
A EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA
No Brasil, a Educação Física Adaptada (EFA) começou a ser pronunciada por volta dos anos 80,
efetivamente em meados de 1986 (FRANCISCO, 2011). No entanto a EFA ainda é uma área que está
amadurecendo em conhecimento no meio acadêmico e muito mais no contexto social, por isso acreditamos
na importância de trabalhos que se pronunciam acerca deste tema. Embora nova em conhecimento, possui
definições precisas quanto aos seus objetivos:
[....] a EFA é uma área do conhecimento em EF e esportes que tem por objetivo privilegiar
uma população caracterizada como portadora de deficiência ou de necessidades especiais,
e desenvolve-se através de atividades psicomotoras, esporte pedagógico, recreação e lazer,
técnicas de orientação e locomoção (ROSADAS, 1991).
Gorgatti e DaCosta (2008) relatam que a EFA é uma parte da EF e que seu objetivo é o estudo e a
intervenção profissional no universo das pessoas que apresentam diferentes condições para a prática das
atividades físicas e que seu foco é o desenvolvimento da cultura corporal de movimento, justamente na e
para as pessoas com estas deficiências.
Muito vem se falando de inclusão e suas relações com educação, trabalho, saúde e lazer. No
Brasil, a inclusão é obrigatória desde o ano de 1996 no ensino conforme a Lei 9.394/96 – art. 4 (LDB - Lei
de Diretrizes e Bases da Educação) (BRASIL, 2010). É um assunto que está crescendo e ganhando apoio
social. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), identificada no Censo
Demográfico 2010, 23,9% da população brasileira (aproximadamente 47 milhões de pessoas) têm algum
tipo de deficiência (BRASIL, 2010).
É importante especificar que a nomenclatura oficial nesta pesquisa para definir a população alvo
da EFA será Pessoa(s) com Deficiência (PcD)(s), usada em âmbito mundial, estabelecida pela Portaria
da Presidência da República - Secretaria de Direitos Humanos, Nº 2.344, de 3 de novembro de 2010
(FRANCISCO, 2011). Vale ressaltar que dentro deste grupo de PcDs não se enquadram os idosos, obesos,
superdotados, hipertensos, diabéticos, entre outros (tidos grupos especiais); mas somente pessoas com
deficiência física, auditiva, visual, intelectual e múltipla, porque as pessoas que possuem estas características
mencionadas anteriormente são nomeadas Pessoas com Necessidades Especiais (PNE).
Esta diferenciação hoje é uma vitória devido às várias definições já obtidas no decorrer da
história. Nesta trajetória histórica, a pessoa com deficiência foi rejeitada e inferiorizada na sociedade e
as consequências ainda hoje atingem diferentes aspectos de suas rotinas diárias: autoestima e aspectos
psicológicos; questões sociais e culturais; como também a acessibilidade aos espaços de lazer, esportes e
cultura. Segundo Meurer e Castro (2008), esta rejeição social e os preconceitos vinculados à deficiência
tornam bastante reduzidas as proporções de PcDs praticantes de EFA, nos espaços não formais da EF que
são academias, clubes, espaços de lazer, etc.
No entanto, é de suma importância averiguar se estas pessoas não estão realmente inseridas na EFA
em contextos não formais, qual a realidade que as acompanha e quais são suas expectativas neste contexto.
Não deixando também de identificar fatores intervenientes nesta realidade e na busca destas expectativas.
Tratando de fatores intervenientes, o que se pode afirmar é que a atuação do profissional de Educação
Física (EF) em contextos não formais, dos familiares que cuidam da PcD dependente ou que fazem parte da
vida desta pessoa se ela for independente, bem como também os responsáveis pela administração pública,
que criam políticas públicas para atender a estas pessoas, enfim, todas estas pessoas exercem influência
significativa neste processo.
Se realizarmos um recorte da EFA em contextos não formais para a(s) PcD(s), veríamos que a
realidade destes nesta área é desfrutada por poucos. Talvez o principal motivo apesar de muito debatido seja
a não inclusão destas pessoas neste contexto (MACIEL, 2000). Porém, não só o meio precisa ser adaptado,
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mas o modo como as pessoas enxergam a PcD. Faz-se necessário um olhar que não veja a sua limitação,
mas a sua potencialidade. Esse olhar precisa estar atento a um novo paradigma em EFA: a diversidade
humana, o respeito e convívio com as diferenças (GORGATTI e DA COSTA, 2008; VENDITTI JR, 2005;
FABIANI e VENDITTI JR, 2008).
Somente através do envolvimento de todos os fatores que fazem parte da realidade da EFA em
contextos não formais é que se conseguirá alcançar as expectativas pertinentes à inclusão efetiva das PcDs
no contexto social de maneira global.
ASPECTOS METODOLÓGICOS
Objetivos e Características do Estudo
Considerando o exposto, este artigo tem como objetivo principal comparar as visões e concepções
de diversos grupos de profissionais e indivíduos contextualizados à temática da inclusão (profissionais de
EF e EFA, indivíduos da administração pública e instituições especializadas no tratamento e atendimento
a PcD; os familiares de PcD dependentes e as próprias PcDs independentes), residentes em Muzambinho/
MG, apontando reflexões a respeito da realidade inclusiva e as expectativas sobre a EFA em contextos
não formais para cada um destes grupos sociais e/u profissionais. Este artigo foi caracterizado como uma
pesquisa qualitativa, descritiva e exploratória (GODOY, 1995; GIL, 2008).
Todos os procedimentos estão devidamente protocolados no Instituto Federal de Educação, Ciência
e Tecnologia – Câmpus Muzambinho, como parte de uma pesquisa de trabalho de conclusão de curso da
primeira autora, sob orientação do segundo autor, docente do instituto nos anos de 2010 e meados de 2011.
Sujeitos Participantes da Pesquisa
Esta população foi dividida em categorias analíticas para melhor análise dos agrupamentos de
interesse na pesquisa. Cada categoria foi previamente identificada a partir dos seguintes critérios:
- Categoria 01 - PROFISSIONAIS de EF: para ser sujeito válido desta população o critério de escolha
foi ter aceitado participar do estudo; ser atuante em contexto não formal da EF na cidade de Muzambinho/
MG. Não foi relevante para está pesquisa, o tempo de atuação profissional nestes contextos não formais.
- Categoria 02 - FAMILIARES: para ser sujeito válido desta população o critério de escolha foi ter
aceitado participar do estudo; ser parente próximo, residente na mesma casa da PcD dependente, com
conhecimento prévio dos pesquisadores.
- Categoria 03 - PESSOAS COM DEFICIÊNCIA (PCDs): para ser sujeito válido desta população, o
critério de escolha foi também ter aceitado participar do estudo livremente; ser uma pessoa que possui alguma
deficiência seja ela físico/motora, auditiva, visual, intelectual e/ou múltipla; porém que fosse independente.
Também foi utilizado o critério de conhecimento prévio dos pesquisadores, todos os envolvidos são pessoas
com quem já previamente existiu algum contato principalmente por parte da pesquisadora.
- Categoria 04 – ADMINISTRADORES PÚBLICOS: para ser sujeito válido desta população o
critério de escolha foi ter aceitado participar do estudo; ser o administrador público vinculado à prefeitura
municipal e/ou político e envolvido com a temática inclusiva em seu cargo.
JUSTIFICATIVA
Justifica–se a escolha da EFA em contextos não formais por ser uma área de poucos estudos e de
grande relevância para a EF. Justificamos esses agrupamentos, principalmente pelas indagações oriundas dos
estudos de graduação, iniciados em 2009, que suscitaram os pesquisadores a procurar mais entendimento
e as diferenciações com os envolvidos no processo inclusivo quando da atuação em EFA nesses contextos
não-formais. Chegou-se à distribuição das quatro categorias citadas: a dos profissionais de EF; da família;
da administração pública e das PcDs; por serem todos estes participantes do processo da EFA em contextos
não formais de forma direta ou indireta.
O levantamento amostral identificou 26 indivíduos (n=26) para participarem da pesquisa, Após a
identificação dos participantes, permaneceram os mesmos 26 indivíduos que consentiram em participar
do estudo, sendo esclarecidos previamente a respeito dos estudos, assinando termos de consentimento e
autorização dos dados para a pesquisa, não havendo nenhuma desistência. Também eram previamente
comunicados que poderiam desistir a qualquer momento da entrevista e ficou garantido o sigilo das
informações e das identidades de todos os participantes deste estudo (FRANCISCO, 2011).
PROCEDIMENTOS E INSTRUMENTO DE PESQUISA
Os dados foram coletados com a utilização de questionário aberto, montados com base em estudos
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de Neves e Silveira (2006) e de Moreira et al., (2007), aplicados à população selecionada por meio de
entrevistas com gravação em áudio e transcrição na íntegra, realizadas pelos próprios pesquisadores, entre
os meses de Maio a Novembro de 2011. As perguntas consistiam sobre a PcD na EFA em contextos não
formais, a realidade deste contexto, bem como as expectativas e conhecimentos a respeito do processo
inclusivo.
A coleta dos dados foi realizada após o recolhimento do termo de consentimento livre e esclarecido
e da aprovação da pesquisa em comitê de ética institucional. O questionário aberto em forma de entrevista
foi aplicado individualmente aos sujeitos da pesquisa, em suas casas ou ambientes de trabalho. Foram
horários agendados previamente, conforme a disponibilidade dos respondentes. Não havia limite de tempo
para o encerramento da entrevista, sendo que estas duraram entre 5 a 20 minutos.
Vale ressaltar que durante as entrevistas e por todo o processo, sempre havia ao menos um dos
pesquisadores presentes nessas coletas e as transcrições eram sempre feitas pelo(s) mesmo(s) indivíduo(s)
que realizara(m) a entrevista, facilitando assim as possíveis incompreensões e dificuldades contextuais.
ANÁLISE DOS DADOS E DISCUSSÃO
Os dados qualitativos obtidos na coleta sobre a realidade da EFA foram tratados por análise
descritiva e comparativa dos mesmos com a literatura encontrada, como também realizado um paralelo
com as expectativas obtidas nas respostas das entrevistas desse mesmo estudo.
Os sujeitos foram divididos em categorias de agrupamento de respostas, para melhor análise, uma
vez que o método de investigação escolhido foi entrevista com questionário aberto. Todas as entrevistas foram
gravadas em áudio e transcritas na íntegra. Após a transcrição das entrevistas, os dados foram submetidos
à análise dos conteúdos escritos. Conforme Minayo (2003), estes procedimentos aplicam-se a discursos e
baseiam-se na dedução ou inferência sistemáticas, de forma objetiva identificando algumas características
da mensagem, por meio da construção de categorias, reunidas por temas de significação. Os resultados
foram agrupados em tabelas e/ou quadros, conforme categoria pertencente.
Nestes quadros, constam os principais apontamentos da realidade da EFA em contextos não formais
apontados pelos sujeitos entrevistados bem como um paralelo as suas expectativas, divididos de acordo
com as categorias de grupos pertencentes já mencionados anteriormente. Foram também transcritas as
frases que obtiveram maior ênfase entre os entrevistados, escolhidas através da análise destes conteúdos
descritos pelos entrevistados.
CARACTERIZAÇÃO DESCRITIVA DOS PARTICIPANTES
Participaram desta pesquisa um total de 26 (vinte e seis) pessoas (n=26), residentes na cidade de
Muzambinho/MG. Esta população foi dividida em categorias analíticas para melhor análise do discurso
das entrevistas. Os dados obtidos explicam cada categoria. Vejamos a tabela 01:
Tabela 01. Categorias envolvidas no estudo.
CATEGORIA 01
(n=07)
CATEGORIA 02
(n=10)
CATEGORIA 03
(n=07)
CATEGORIA 04
(n=02)
Profissionais de EF, atuantes em contextos não formais. No total de 07 (sete) profissionais,
sendo 03(três) do sexo feminino e 04 (quatro) do sexo masculino, com idade variando entre
21 e 35 anos, residentes na cidade de Muzambinho/MG. Não foi relevante para esta pesquisa
tempo de atuação profissional em contextos não formais.
Família que contém integrantes com deficiência e que fossem dependentes. No total de 10
(dez) pessoas. No caso, o grau de parentesco de todas as representantes das famílias foram
mães, com idades variando entre 30 a 59 anos, não por critério de escolha, mas por serem elas
as pessoas que permanecem mais tempo com as PcDs, que geralmente são filhos(as), todas
residentes na cidade de Muzambinho/MG.
Pessoas com deficiência e independentes. Total de 07 (sete) pessoas, sendo 03 (três) do sexo
feminino e 04 (quatro) do sexo masculino, com idade variando entre 20 e 40 anos, residentes
na cidade de Muzambinho/MG.
Administração pública: Total de 02 (dois) representantes, ambos do sexo masculino, com
idade entre 40 e 50 anos. Ambos vinculados a cargos políticos executivos efetivos na Prefeitura
Municipal de Muzambinho/MG, no período da coleta de dados.
CATEGORIA 01 - Profissionais de Educação Física atuantes em contextos não formais
Os profissionais de EF são agentes importantíssimos no processo da EFA para PcDs. No entanto,
estudos realizados por Lebedeff, Siqueira e Zarth (2008), como também o de Palla e Castro (2004), retrataram
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um quadro sobre a realidade da atuação do profissional de EF na educação física adaptada (EFA).
Abaixo, se encontram descritas frases de ênfase ditas pelos indivíduos participantes desta pesquisa
que corroboram com os estudos destes autores. Optamos por aqui destaca-las em virtude de alguns pontos
que visamos discutir mais adiante no texto. Vamos, portanto, às frases (QUADRO 01):
Quadro 01. Frases destacadas de alguns Profissionais de EF com relação à atuação em EFA, correspondente
à categoria 01 da pesquisa (07 profissionais no total).
Indivíduo
01
Indivíduo
02
Indivíduo
03
Indivíduo
04
“[...] fica difícil você se especializar para trabalhar com uma, duas ou três pessoas. Sendo que estas
pessoas não estão dispostas a pagar, por exemplo, por um personal, ou pagar para você estar trabalhando
com aquela pessoa.”
“[...] eu acho que depois da faculdade precisaria ter um curso mais especializado, ter um estudo mais
dinâmico para os profissionais de EF para de repente haver um interesse maior, mostrar mais o que é,
porque na faculdade a gente tem uma base de atuação.”
“[...] elas já não procuram tanto este tipo de serviço, justamente pelas pessoas não estarem aptas e
preparadas a recebê-las em seu estabelecimento.”
“[...] bom, estudar sobre grupos de PcDs eu não estudo, não me aprofundo, não procuro saber não.
Mas a musculação é meio, o básico que a gente sabe, que dá pra fazer com todo mundo.” (SIC)
Nesta perspectiva, o quadro 02 abaixo, demonstra o resultado obtido pela entrevista realizada
com os 07 (sete) profissionais de EF em contextos não formais, analisando as categorias de respostas dos
sujeitos. No quadro, destacamos as palavras-chave oriundas dos discursos pontuados pelos profissionais
no que diz respeito ao que eles encontram no cotidiano e realidades dos contextos não formais de atuação
com as expectativas dos mesmos em relação ao processo inclusivo, à pessoa com deficiência e à EFA.
Quadro 02. Realidade e Expectativa em relação à EFA em contextos não formais, dos Profissionais de EF
em contextos não formais, correspondente a categoria 01.
Realidade
Falta conhecimento técnico e científico
Possuem conhecimento dos benefícios da atividade
física para as pessoas com necessidades especiais
Falta motivação em atender esta população
Não possuem condições adequadas de trabalho para
estas pessoas
Não tem feito nada para melhor atender a estas pessoas
Possuem embasamento na experiência do teste da
aprendizagem diária, por acerto e erro.
Não possuem foco nesta clientela
Expectativas
Maior divulgação
Adaptações físicas
Conscientização profissional
Conscientização da sociedade
Conscientização familiar
Conscientização das pessoas com necessidades
especiais e quebra de preconceitos
Crescimento e Expansão
Os profissionais de EF são agentes pedagógicos importantíssimos no processo da EFA para PcDs.
Os resultados evidenciam que possuem expectativa de maior divulgação; conscientização da família;
da sociedade; crescimento e expansão. Porém, falta motivação e foco nas características e necessidades
especiais desta clientela, bem como conhecimento para o desenvolvimento de um bom trabalho para as
PcD. Isto se deve ao fato de que, segundo estes profissionais, as PcDs exigirem maior atenção e gastos
ou adaptações. O que pode ser comparado aos estudos de Palla e Castro (2004), onde foram achadas
referências nos discursos dos professores em relação à inclusão escolar, em que a motivação é barrada diante
das condições e oportunidades de trabalho. E de Lebedeff, Siqueira e Zarth (2008), em que os professores
relataram como fatores dificultadores ao processo de inclusão e sua atuação profissional, a falta de uma
preparação profissional específica e insegurança em adaptar as atividades conforme a deficiência.
Isso nos permite inferir que as expectativas não correspondem muitas vezes à realidade vivenciada,
e que se torna necessária uma autoavaliação profissional com mudança de atitudes e paradigmas. Se estes
fatores já foram achados em outros estudos, significa que esta problemática profissional é vivenciada em
outros lugares, tornando necessária uma nova tomada de decisão para alteração da realidade que caminhem
em direção às expectativas dos profissionais e de todos os envolvidos.
CATEGORIA 02 - Familiares de pessoas com deficiência que são dependentes
A influência da família na vida das PcDs dependentes é de tamanha importância que Glat
(2004) diz que a inclusão social de PcD apenas se dará conforme a decisão da família, em permitir a sua
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participação em diferentes ambientes e relações sociais, o que também acontece quando a PcD já tem sua
família independente. Abaixo se encontram frases de ênfase ditas pelos participantes desta pesquisa que
corroboram com a literatura sobre o papel da família no processo inclusivo através da EFA (QUADRO 03).
Quadro 03. Frases destacadas de alguns Profissionais de EF com relação à atuação em EFA, correspondente
à categoria 02 da pesquisa (10 sujeitos no total)
Indivíduo
01
“[...] Meu filho não frequenta por falta de oportunidades... porque na academia tem que pagar e é falta
de oportunidade e condições financeiras.”
Indivíduo
02
“[...] se tiver uma companhia (pessoa responsável presente) para tomar conta eu deixo ir... Agora,
sozinho eu não deixo não!”
Indivíduo
05
“[...] motivo, quando agente vai caminhar, passear, eu solto da mão dele e falo para ele andar sozinho.”
(SIC)
Indivíduo
09
“[...] eu acho muito legal perante a sociedade eles praticarem atividade física, para a sociedade aceitar
eles (SIC), porque eles são pessoas iguais à gente até mesmo muitas das vezes mais carismáticos, acho
que eles se sentiriam mais importantes e respeitados.”
Nestas frases, pode se notar que a família tem motivado os seus filhos a praticarem atividade física,
porém no quadro 04 abaixo estão destacados fatores extrínsecos que correspondem a sua realidade e que
chegam a ser fatores desmotivantes para estas famílias incentivarem seus filhos, o que corrobora com a
literatura estudada e resumida em Francisco (2011). O quadro 04 elenca as categorias de palavras-chave
analisadas após os discursos e transcrições das entrevistas desta categoria.
Quadro 04. Realidade e expectativa em relação à EFA em contextos não formais, dos familiares das PcD
que são dependentes, correspondente a categoria 02.
Realidade
Falta de oportunidade e projetos sociais
Condição sócio econômica desfavorável
Falta tempo e disponibilidade
Dificuldade de locomoção e acessibilidade
Temperamento da PcD e dificuldades de convívio social
Expectativas
Mais oportunidades sociais
Acessibilidade e Gratuidade de Serviços
Acompanhantes e Tutores
Obtenção de meios de locomoção
Trabalho específico e especializado à PcD
Em relação aos familiares, Glat (2004) diz que a inclusão social de PcD se dará efetivamente
conforme a decisão familiar em permitir a sua participação em diferentes ambientes e relações sociais,
o que também acontece quando a PcD já tem sua independência familiar. O principal apontamento da
realidade pelos familiares (no caso, as mães participantes deste estudo) foi a condição sócio econômica, já
apontada no estudo de Mota e Sallis (2002) apud Carvalho (2005); que relatam a interferência da condição
socioeconômica da família, que tende a interferir neste processo, direcionando os recursos financeiros
para as despesas de maior necessidade, limitando a pessoa a poder pagar por uma atividade ou pagar o
transporte para realizar determinada atividade.
Os achados deste estudo nos fazem perceber que o principal motivo para que a prática da atividade
física não seja realidade na vida de PcD, segundo as mães, está ocorrendo por fatores extrínsecos que afetam
diretamente por estes serem dependentes. Aspectos, tais como locomoção e condições socioeconômicas,
foram muito destacados e reclamados pelas familiares. No entanto, se forem criadas políticas públicas
que venham a solucionar estes problemas não há motivos intrínsecos apontados pela família como fator
de empecilho superior aos já existentes, indicando quebra de paradigmas no que condiz à questão da
superproteção e falta de informações a respeito da importância da atividade física e das práticas corporais
para as PcDs.
Deste modo, se interpreta que as expectativas da família dependem mais de ações da esfera
governamental do que decisões próprias. Afirma-se assim o quanto é importante a opinião dos familiares
para um forte embasamento em busca da criação de políticas públicas. Porém, é necessário mais estudos
dentro desta vertente, para que estes fatores sejam realmente confirmados e mais aprofundados.
CATEGORIA 03 - Pessoas com deficiência (independentes)
Além de sabermos a realidade e a expectativa da EFA em contextos não formais na visão dos
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familiares das PcDs que são dependentes e dos profissionais de EF atuantes em contextos não formais,
é necessário saber a respeito da visão das próprias PcDs, no caso, PcDs independentes, que respondem
por si mesmas. Pensando nisso, logo abaixo se encontram algumas frases ditas por estas pessoas sobre o
que elas observam e pensam sobre o processo inclusivo. Podemos destacar alguns importantes aspectos
daquilo que as mesmas compreendem e esperam da EFA em contextos não formais a partir das análises
do Quadro 05, a seguir:
Quadro 05. Frases destacadas de alguns Profissionais de EF com relação à atuação em EFA, correspondente
à categoria 03 da pesquisa (total de 07 sujeitos).
Indivíduo
01
“[...] não pratico por opção minha... Já pratiquei e hoje não pratico mais. Não sei se porque no começo
eu estava me esforçando demais, sentindo algumas dores. O próprio instrutor disse que era normal,
por eu nunca ter praticado... Mas ai, eu desisti por conta própria mesmo e não voltei mais...” (SIC)
Indivíduo
02
“[...] qualquer coisa que fosse atividade física, teria vontade, mas acho que não tem como, por causa
das pernas... Elas não funcionam... são totalmente molinhas (SIC).”
Indivíduo
03
“[...] não pratico nada, porque na minha cidade não tem esporte e por condições financeiras e
dificuldades na minha casa.”
Indivíduo
05
“[...] não pratico devido à minha sensibilidade... A dificuldade da lesão medular trouxe muitas barreiras
pra gente... Então é complicado, pra mim é complicado, minha lesão é muito alta e também porque
eu moro na roça, longe do centrão da cidade (SIC).”
Estas frases nos levam a conhecer um pouco mais sobre como as PcD que são independentes
encaram a realidade da atividade física em suas vidas. Paralelo a estas realidades, é bom ver que eles
têm expectativas de que algo possa acontecer de melhor em suas vidas. É o que conseguimos observar ao
categorizar seus discursos, de acordo com os detalhes no quadro 06:
Quadro 06. Realidade e expectativa em relação à EFA em contextos não formais, das pessoas com deficiência
que são independentes, correspondente a categoria 03.
Realidade
Expectativas
Falta de oportunidades
Conscientização da população com necessidade especial sobre a
prática de atividade física e sua importância na saúde
Condição sócio econômica
desfavorável
Apoio para a prática de atividade física e esportes
Falta tempo
Oportunidades e acessibilidade
Dificuldade de locomoção
Criação de projetos gratuitos e políticas públicas
Opção própria
Fundação de uma associação para as pessoas com necessidades
especiais
Receio
Desenvolvimento Motor e Humano
Baixa estima
Qualidade de Vida e saúde
Os resultados constantes na tabela relatadas pelas PcDs que são independentes participantes
desta amostra corroboram com os estudos de Moreira et al., (2007) sobre fatores que impedem a adesão
da atividade física em suas vidas, confirmando que estes fatores realmente impedem as PcD de estarem
inseridos na EFA em contextos não formais.
Os únicos fatores da realidade destes que não haviam sido detectados nos estudos de Moreira et
al., (2007), fôramos itens “falta de tempo” e a “falta de oportunidades”.
Os outros corroboram com achados desta pesquisa, o que nos permite confirmar que a realidade
das PcDs se encontra nas mesmas características de outros estudos. O que foi bastante oportuno e diferencial
neste estudo foi a oportunidade fornecida para que as PcDs relatem as suas expectativas, no que tange a
EFA. As expectativas obtidas como resultado neste estudo, demonstram que as PcDs estão a procura de
oportunidades, apoio e de conscientização da sociedade sobre a realidade enfrentada por elas. Se houvesse
estudos dentro desta lógica haveria embasamento para que se permitisse um debate a respeito de como
atender às expectativas propostas e principalmente almejadas pelas PcDs. Sugere-se, portanto, estudos dentro
desta vertente para que haja conhecimento real desta problemática e possam ser realizadas intervenções
de maneira correta e adequada às demandas desta população.
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CATEGORIA 04 - Representantes da Administração Pública em Instituições Especializadas
Ter representantes da Administração Pública nesta pesquisa se torna importante, devido à iniciativa
para criação de políticas públicas serem oriundas desta classe, que aqui foi representada por apenas dois
indivíduos vinculados à prefeitura de Muzambinho/MG, com cargos executivos efetivos e atuantes dentro dos
contextos do estudo. Vale destacar a dificuldade obtida em recrutarmos sujeitos neste perfil e categoria. Após
meses de tentativas frustradas, conseguimos apenas o n de 2 sujeitos, que admitimos ser um fator bastante
limitador na pesquisa. Mesmo assim, o que chamou bastante atenção no discurso destes representantes foi
a não concordância entre eles dos aspectos da realidade inclusiva com as supostas expectativas de projetos
e políticas públicas, que podem ser observados nas frases destacadas abaixo (QUADRO 07).
Quadro 07. Frases destacadas de Indivíduos da Administração Pública com relação à atuação em EFA,
correspondente à categoria 04 da pesquisa (total de 02 sujeitos).
Indivíduo
01
“[...] nós pensamos e já enviamos alguns projetos... O único que conseguimos êxito foi este da academia
ao ar livre por enquanto. Para o ano que vem, a gente espera que os outros sejam liberados... É muito
importante. Infelizmente, no momento a gente tem encontrado dificuldades para implementação de
programas sociais, devido à falta de recursos financeiros e estruturas municipais e públicas que atendam
a população PcD.”
Indivíduo
02
“[...] não tenho conhecimento de nenhum projeto. Se há algum, principalmente a nível municipal, de
Muzambinho/MG, eu o desconheço... [...] enquanto não houver projeto, não há condições de executar
nada... Veja só: dinheiro tem, o que falta são projetos!”
Percebemos certo desacordo entre os dois sujeitos. Um destaca que existem projetos enviados na
esfera municipal. Já o outro reforça que o que efetivamente falta é o projeto e propostas a serem encaminhadas
na prefeitura, destacando inclusive que existe a verba, mas a mesma não é aproveitada ou utilizada. O
quadro 08 a seguir demonstra algumas categorias de palavras-chave, de acordo com o resultado obtido
pela entrevista realizada com os 02 (dois) representantes da Administração Pública de forma conflitante
em suas opiniões expressas no discurso.
Quadro 08. Realidade e expectativa dos representantes da Administração Pública em relação à EFA em
contextos não formais, correspondente à categoria 04.
Realidade
Faltam projetos
Possuem recursos e verbas para tal
Já foram enviados projetos
Temos profissionais capacitados
Falta de recursos e infraestrutura
Expectativas
Maior acessibilidade
Reconhecimento do problema e carência dos serviços
Liberação de recursos financeiros pelos governos federal e estadual
Aprovação de projetos já enviados
Elaboração de projetos e mobilização da população PcD do
município
Os representantes da Administração Pública relataram fatores conflitantes em seu discurso entre as
suas próprias opiniões da realidade atual. Um dos representantes relatou a falta de verba para execução de
projetos para esta população. Já o outro relatou que faltam projetos e existem verbas. Estes desacordos nos
levam a pensar: Será que algo está realmente sendo feito? Pelos dados que foram obtidos no discurso das
famílias das PcD que são dependentes e das próprias PcD independentes deduzimos que provavelmente
não há muitos projetos sendo efetivamente executados em relação à EFA. Isto realmente afirma o que já
havia sido dito por Credidio e Yoshida (2008), sobre a dificuldade na criação e implantação de Políticas
Públicas, entre as quais se destacam como motivo para a não criação: a falta de sensibilidade para com as
diferença; baixa cobertura dos programas; resistência das organizações sociais especializadas em estabelecer
parcerias; além de ações mal formuladas.
Isso nos leva a pensar que as expectativas provavelmente não serão cumpridas. Ficamos, portanto,
à mercê da Administração Pública esperando que através da intervenção em levar aos poderes públicos o
conhecimento da importância da criação de políticas públicas voltadas para a população PcD em outras
esferas que ainda estão esquecidas, fazendo a nossa parte, haja mudança. A criação destas políticas públicas
só podem advir da organização das próprias classes de PcDs.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Mediante os resultados obtidos, elaboramos algumas propostas para cada categoria, com o intuito
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de mudar a realidade atentando as expectativas vistas ao longo da pesquisa. Como propostas, sugerimos
às universidades reestruturação das disciplinas de EFA pertencentes ao currículo, conciliando teoria e
conceituação a práticas realistas nesta área; como também a inserção desta disciplina nas universidades que
não a tem. Assim, durante a formação, os estudantes de EF estarão mais qualificados e capacitados para as
futuras atuações profissionais em EFA. Aos já formados, sugerimos que as universidades se empenhem em
realizar cursos de capacitação e aumento da demanda de pós-graduação para que haja maior produção
científica nesta área.
Para as famílias com PcD sugere-se maior incentivo para as práticas de atividade física, e que
procurem informações a respeito de projetos de atividades físicas adaptadas oferecidas, que sejam fontes
de estímulo e apoio motivacional da PcD. Já para as próprias PcDs que procurem se organizar ou busquem
instituições especializadas em suas deficiências e informem-se também da ocorrência de projetos sociais de
EFA. Mesmo se não tiverem condições financeiras e não existindo programas gratuitos, peçam e mobilizem
seus familiares para que juntos realizem alguma atividade.
Aos Administradores Públicos, mais um apelo para que se atente para esta população que carece
de políticas públicas voltadas para suas necessidades tanto quanto qualquer outra população. Estas pessoas
necessitam de esporte, lazer, acessibilidade e precisam cobrar isto das instâncias cabíveis.
Outros dados alarmantes deste estudo: os principais pontos da realidade são a própria falta
motivação e interesse de profissionais de EF atuantes em EFA em contextos não formais; falta de condições
financeiras para as famílias serem motivadoras das pessoas com deficiência; falta de apoio e oportunidade
para que a pessoa com deficiência esteja no contexto não formal da EFA por parte da administração pública
e ações mal formuladas para a criação de políticas públicas específicas voltadas a atividade física em
contextos não formais para as PcDs. No entanto, as expectativas são de crescimento e expansão, aumento
de oportunidades, conscientização da sociedade e do profissional de EF, liberação de recursos financeiros
da esfera governamental, confluindo num processo inclusivo efetivo.
Mas para que isso aconteça é necessário que grupo que aqui foi representado atue com
compromisso, abrindo espaços para que todo este processo a realidade das PcD na EFA em contextos não
formais aconteça e que as expectativas não se tornem meramente sonhos ou utopia de alguns pensadores
da EFA e da inclusão social.
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_________________________
1 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Câmpus Muzambinho/MG. Centro de Ciências Aplicadas à
Educação e Saúde no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia – Câmpus Muzambinho (IFSULDEMINAS).
2 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - Câmpus Bauru/SP, Departamento de Educação Física.
Av. Dr. Carlos de Campos, 875 - Bl. 5 - Ap. 50
Vila Industrial
Campinas/SP
13035-610
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