Revista da SBEnBio - Número 7 - Outubro de 2014
V Enebio e II Erebio Regional 1
EDUCAÇÃO AMBIENTAL SOB UMA PERSPECTIVA INCLUSIVA: PROPOSTA
DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS
Marcos Dums (Faculdade de Educação São Braz - FSB)
Grégory Alves Dionor (Universidade do Estado da Bahia / DEDC-X – Bolsista FAPESB)
Maria Margaret Lopatiuk (Faculdade de educação São Braz – FSB)
RESUMO
A educação ambiental consiste em trazer às pessoas uma melhor compreensão referente ao
meio ambiente, considerá-la como o eixo do conjunto dos temas transversais ainsere no
currículo escolar e atinge os objetivos propostos nos Parâmetros Curriculares Nacionais. A
Política Nacional de Educação Especial condiciona o acesso nas classes do ensino regular
àqueles alunos considerados aptos a frequentar a sala de aula e objetiva os benefícios da
escolarização de alunos com e sem deficiência. Propor sequências didáticas (SD) na área do
Ensino de Ciências, dentro de uma perspectiva inclusiva, é uma alternativa eficaz no sucesso
do aprendizado. A intervenção didática deste trabalho pode ajudar o professor a trabalhar o
dinamismo,inserindo a pessoa com necessidade especial no cotidiano da classe.
Palavras-chave:Deficiência visual; Meio ambiente;Ensino de Ciências; Educação Inclusiva.
INTRODUÇÃO
No atual cenário educacional o termo Educação Ambiental (EA)está cada vez mais
presente, não apenas no ensino de Ciências ou deBiologia, mas sim em todas as áreas do
conhecimento nos mais variados níveis educacionais, pois conforme a portaria nº 678 de
1991 do MEC, a educação ambiental deve ser contemplada no currículo escolar, por se tratar
de uma temática interdisciplinar (BRASIL, 2001).
A educação ambiental é um processo que consiste em trazer às pessoas uma melhor
compreensão referente ao meio ambiente, reafirmar valores e desenvolver atitudes para que
se possa adotar uma posição mais participativa em relação à conservação (BRASIL, 2001). É
uma tarefa complexa e estimulante, pois ao mesmo tempo em que envolve métodos
científicos, como experimentos de laboratórios e saídas de campo,também coloca os alunos
em contato com sua própria realidade (GUIMARÃES; GIORDAN 2011).
No que diz respeito à transversalidade, há a possibilidade de se estabelecer, na prática
educativa, uma relação entre aprender conhecimentos teoricamente sistematizados e as
questões da vida real e de sua transformação (BRASIL, 1998). Considerar a Educação
Ambiental como o eixo do conjunto dos temas transversais facilita sua inserção no currículo
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escolar e atinge os objetivos propostos nos Parâmetros Curriculares nacionais, PCN
(BRASIL, 2001).
Neste caso a elaboração de sequências didáticas pode compor elementos importantes
para essa integração (VIANA; OLIVEIRA, 2012).A sequência didática (SD) é tema de
interesse da área da educação há bastante tempo e é tratada como instrumento de
planejamento do ensino e como objeto de pesquisa da prática docente e, por ser um tema
amplo dentro do trabalho docente para a prática pedagógica e metodológica, pode ser
abordado em diversos contextos, inclusive dentro da educação ambiental (GUIMARÃES;
GIORDAN, 2012).
Observando os parâmetros atuais da educação, podemos analisar que temos uma sala
de aula composta por várias identidades, vários gêneros, religiões e inclusões.Segundo
Dionor, Martins e Forastieri(2013), a escola tem o papel de auxiliar o aluno durante todo o
processo de formação de sua personalidade. Entretanto, faltam aspectos básicos para garantir,
não apenas o acesso, mas a permanência e o sucesso de alunos com necessidades
educacionais especiais matriculados em classes comuns (MENDES, 2006).
A Política Nacional de Educação Especial condiciona o acesso nas classes comuns do
ensino regular àqueles alunos considerados aptos ou adaptados a frequentar regularmente a
sala de aula e tem como objetivo os benefícios da escolarização de alunos com e sem
deficiência como uma forma de alcançar a educação básica em todos os ambientes (BRASIL,
2008), porém muitas escolas adotam a inclusão sem qualquer atendimento apropriado
fazendo com que o rendimento do aluno seja prejudicado, demonstrando que a escola não
superou a “seletividade” dos recursos (BEZERA; ARAÚJO,2011).Neste caso, os recursos
didáticos são de extrema importância, tanto na deficiência visual, quanto na auditiva e
intelectual.
Na deficiência visual tais recursossão imprescindíveis, pois a dificuldade do contato
com o ambiente físico é dificultado e há uma carência de materiais adequados (MANOEL et
al,. 2006). Na construção do conhecimento pelos alunos, os recursos didáticos usualmente
propostos devem sofrer adequações, de modo que a percepção dos fenômenos não fique
restrita à visão, ou seja, a exploração dos outros sentidos deve ser priorizada (ALMEIDA;
XAVIER; MARINHO, 2012).
Partindo desse pressuposto e também de que poucos trabalhos foram encontrados
interligando a EA à educação inclusiva, principalmente á deficiência visual, este trabalho
objetiva proporuma sequência didática na área de Ensino de Ciências, mais especificamente
na educação ambiental dentro de uma perspectiva inclusiva.
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METODOLOGIA
Segundo Cristóvão (2009), a SD é considerada um conjunto de atividades
progressivas, planificadas, guiadas ou por um tema, por um objetivo geral, ou por uma
produção dentro de um projeto de classe para diminuir progressivamente a dificuldade dos
alunos. Em outras palavras, são ferramentas que possibilitam os alunos a terem uma maior
habilidade e adquirirem novos conhecimentos a partir dos assuntos trabalhados (DIONOR;
MARTINS; FORASTIERI, 2013).
As aulas de ciências em geral são realizadas com ênfase em atividades práticas e o
principal desafio então é desenvolver atividades com o objetivo de promover à inclusão das
crianças que possuem necessidades especiais às quais exigem constante acompanhamento
durante todo o processo de ensino (SILVA, 2008).
Para uma melhor assimilação do conteúdo e desenvolvimento da SD, propõe-se a
realização de encontros, sempre respeitando o ritmo de aprendizado dos alunos para que
todos compreendam bem o assunto em questão.
A proposta de SD
I ENCONTRO
Objetivos: (i) Entender o(s) conceito(s) de meio ambiente por meio de perguntas e
explicações; (ii) Reconhecer os seres vivos presentes e o que contribuem para a manutenção
de suas características. (iii) Perceber a importância do meio ambiente para o ser humano.
Recursos didáticos: Lousa ou quadro negro; Pincel atômico ou giz.
Desenvolvimento:
1.Iniciar com perguntas básicas, por exemplo: O que vocês entendem por meio ambiente? É
provável que as crianças respondam que é o espaço lá fora. Anotar no quadro as respostas.
2. Explicar que o ambiente é aquele que ocorre em todos os espaços da Terra, que envolve
todas as coisas vivas e não vivas no planeta.
3. Levantar a questão sobre a preservação e o que eles entendem por essa palavra. Aguardar
as mais variadas informações.
4. Começar a explicação do tema informando que preservar é um dever de todos,
independente daposição social ou ocupação que a pessoa exerce;Podem ser usadas frases
como: ”deve ser feito por mim, por vocês, pelo(a) diretor(a) e até pelo(a) presidente do
Brasil. Devemos preservar todos os seres vivos e para isso devemos conhecê-los em
diferentes aspectos”.
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5. Perguntar: “Quem aqui é capaz de reconhecer uma planta apenas tocando-a ou cheirandoa? Vamos descobrir as características “escondidas” de algumas plantas, que vocês mesmos
irão plantar”.
6. Em seguida iniciar uma conversa com os alunos a respeito do cheiro característico de
algumas plantas e cita o nome de algumas (que serão usadas futuramente).
7. Atividade avaliativa: participação do aluno em sala.
8. O professor deve pedir que todos tragam, na próxima aula, um recipiente plástico (pote de
margarina ou qualquer outro parecido), tinta guache colorida e uma colher que possa ser
usada na atividade.
II ENCONTRO
Objetivos: (i) Conhecer as características da arte no recipiente usado na atividade proposta;
(ii) Reconhecer algumas plantas através do seu odor característico; (iii) Aprimorar o contato
das crianças com o meio ambiente;
Recursos didáticos: Lousa ou quadro negro; Pincel atômico ou giz; recipiente plástico; tinta
guache; colher; terracolocar no recipiente; corda;
Desenvolvimento:
1. Nestas duas aulas o professor traz consigo mudas de algumas hortaliças (uma para cada
dupla e uma diferente da outra). Deverá ser espécies que contem cheiro característico. A
seguir sugerimos algumas:Menthasp.- Hortelã; Rutagraveolens– Arruda; Elionuruscandidus Capim
Limão;
Rosmarinusofficinalis–
Alecrim;
Peumusboldus–
Boldo;
Matricariachamomilla– Camomila; Melissa officinalis – Erva Cidreira; Pimpinellaanisum –
Erva
Doce;
Alliumfistulosum–
Cebolinha;
Petroselinumcrispum–salsinha;
Origanummajorana – Manjerona(fica a critério de o professor usar qualquer outra planta).
2. Todos devem ter em mãos um recipiente plástico (outrora pedido para os alunos).Com o
recipiente em mãos formarão duplas e cada dupla irá decorar seu “vaso”.
3. A decoração será feita de modo a não excluir nenhum participante, independente de sua
condição. Todos colocarão tinta guache no prato e usarão uma das mãos para marcar no
recipiente. Quem quiser decorar mais fica a critério. Feito isso esperamos secar (tempo das
crianças irem lavar as mãos).
3. Pegamos a colher e vamos para o quintal da escola (ou algum espaço com terra
disponível).
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Nota: O colega que estiver em dupla com o aluno com deficiência visual deverá conduzir
com cuidado para que este não se machuque. Deverá também auxiliá-lo para que participe
de todas as atividades.
4. Cada um deverá completar seu recipiente com terra coletada. O professor distribui uma
muda para cada dupla e dá orientações para que os alunos as plantem com cuidado.
OBS: deverá ser uma muda desenvolvida, pois em uma semana deverá conter folhas
suficientes para a manipulação dos alunos.
5. Feito essa atividade escolheremos uma parte da escola onde esteja com boa luminosidade e
colocaremos as plantas. Neste espaço irá ser colocado o “caminho dos sentidos”. Será em
formato de “U” com uma entrada e uma saída. Uma corda deverá ser colocada no percurso
para que sirva de condutor para as crianças do começo ao fim.
6. Atividade avaliativa: A própria participação e envolvimento dos alunos pode ser utilizado
como método avaliativo.
III ENCONTRO
Objetivos: (i)Desenvolver a percepção tátil e olfativapor meio da atividade proposta; (ii)
Reconhecer algumas plantas através do seu odor característico; (iii) Explorar a orientação
espacialdos alunos.
Recursos didáticos: Lousa ou quadro negro; Pincel atômico ou giz; mudas plantadas no
encontro anterior; tecido para vendar os olhos; frutas de diferentes tamanhos.
Desenvolvimento:
1. Na sala de aula o professor deve ter em mãos uma folha de cada planta e cada aluno
deverá cheirá-la e o professor diráa qual planta pertence, para relacionar o odor à planta.
2. No segundo momento todos devem se dirigir ao “caminho dos sentidos” (construído na
semana anterior) para começar as atividades.
3. Cada dupla deverá caminhar com os olhos vendados pelo caminho, sendo guiados pela
corda. A cada parada deverá cheirar a planta para adivinhar qual planta se refere através do
odor característico.
4. No terceiro momento, entre as plantas, deverá manipular as frutas presentes e deverá
informar a qual se refere, apenas com o tato. Cada dupla fará o caminho e ao final deverá
aguardar no local até o término de todos os colegas.
Nota: observar a interação do aluno com deficiência não deixando-o de fora de nenhuma
etapa da atividade. Deverá ser acompanhado em todo o processo para certificar-se que ele
participará de todas as etapas.
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5. O professor deve então estabelecer as relações entre a atividade desenvolvida e o tema
meio ambiente argumentando que devemos preservar todos os organismos, mas antes de
preservar, devemos conhecer cada detalhe da natureza.
6. Atividade avaliativa: o professor avaliará os alunos a partir da quantidade de acertos e de
erros de cada dupla.
RESULTADO E DISCUSSÃO
O tema meio ambiente, é conteúdo geralmente ministrado no sexto ano do ensino
fundamental (CASTELI, et.,al., s/d),visto que nesta etapa os estudantes começam a se
assumir como participantes legítimos da comunidade de aprendizagem, participando na
sensibilização
e/ou
educação
ambiental
das
comunidades
escolar,
educativa
e
social(COURELA; CESAR, 2007).
Para Machado et. al., (2011) os professores reconhecem a importância da educação
ambiental em todas as disciplinas, mas alguns executam apenas em feiras de ciências e ainda
de forma superficial. Cabe à escola também garantir situações em que os alunos possam pôr
em prática sua capacidade de atuação, sem esquecer que a ela não é o único agente educativo
e que os padrões de comportamento da família e as informações veiculadas pela mídia
exercem especial influência sobre os adolescentes e jovens (BRASIL, 1998).
A formação de alunos ecologicamente comprometidos permite que cada qual
investigue, reflita e aja sobre efeitos e causas dos problemas ambientais que afetam a
qualidade de vida e a saúde da população (CARVALHO, 2013). A escola é o local onde a
crítica, a reflexão e a autonomia são formadas, entretanto Viana (2012) destaca que ainda
existe neste espaço aspectos (sociais, culturais, políticos, pedagógicos) que contribuem para a
não realização da prática da EA como um todo, levando assim a uma descontinuidade dos
processos de ensino e aprendizagem.
Considerando que novas ferramentas podem ser usadas na sala de aula para melhor
assimilação do conteúdo por parte dos alunos, espera-se que, à medida que o indivíduo
expressa opiniões sobre um determinado assunto, significa que ele não só domina os
conceitos, mas usa-os em seu benefício e dos outros (CASCAIS; TERÁN, 2013).
Segundo Viana (2006), Educação Ambiental ainda é trabalhada como conteúdo
integrado às áreas de ciências físicas e biológicas, reduzindo-se assim a um enfoque
essencialmente naturalista, contrariando o que se propõem por Bizzeril e Faria (2001) onde
salientam que atualmente é difícil, senão impossível, imaginar a educação ambiental sem
associá-la ao conceito da interdisciplinaridade.
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Alguns professores, por hábito, não costumam utilizar os PCNs devido adificuldade de
associar o tema Meio Ambiente com a disciplina que trabalha e também por não costumarem
consultar a proposta (VIANA, 2006). Essa abordagem interdisciplinar exige uma inovação na
maneira como esse docente ministra suas aulas, o que acaba sofrendo um pouco de resistência
por parte dos mesmos. (BIZZERIL; FARIA 2001).
Educacionalmente, os portadores de deficiência visual são divididos em dois grupos:
cegos e portadores de visão subnormal ou baixa visão (MASINI, 1994). A escolha de se
trabalhar uma sequencia didática voltada a esse público se dá pela necessidade de se haver
instrumentos que possam diminuir as dificuldades encontradas pelos mesmos dentro da sala
de aula e ideias para promover as atividades em grupos. É importante incluir crianças com
deficiência visual no cotidiano da classe regular, pois assim eles aumentam sua vivacidade,
bom humor e a facilidade de contato social, principalmente pela promoção de trabalhos em
grupo (BATISTA, 1998).
Neste sentido a SD apresentada é um recurso que pode ser utilizado pelos professores
para promover a interação do aluno com deficiência visual com os demais alunos da classe,
pois como concluiu Bishop (1997) apud Masini (1998) há necessidade da preparação dos
professores, provimento de material pedagógico adequado e de providências para favorecer a
interação dos alunos com necessidades educacionais especiais entre os colegas.
A interação das crianças com algum tipo de limitação, seja mental, física ou sensorial,
dentro da sala de aula, depende muito do preparo do professor para permitir a troca de ideias
e a vivência dos mesmos no contexto do ambiente (CAMARGO; BOSA, 2009). Na medida
em que a orientação inclusiva implica um ensino adaptado às diferenças e às necessidades
individuais, os educadores precisam estar habilitados para atuar de forma competente junto
aos alunos inseridos nos vários níveis de ensino (NASCIMENTO, 2009).
Caso situações tidas como bullyingaconteçam no momento que forem vedados os
olhos, uma alternativa seria pedir ao aluno deficiente para começar e ensinar aos demais a
explorar os objetos. Geralmente ele tem a percepção tátil e olfativa mais desenvolvida logo
ele é o mais capacitado, logo encontrará com muito mais facilidade as características dos
objetos. Até a orientação espacial pode ser explorada como uma vantagem. Assim se exalta a
percepção do deficiente em relação aos demais e neste momento ele estará em vantagem.
Através da inclusão as crianças especiais aprendem: a gostar da diversidade; adquirir
experiência direta com a variedade das capacidades humanas; a demonstrar crescentes
responsabilidades; melhorar a aprendizagem através do trabalho em grupo, com outros
deficientes ou não; ficar mais preparados para a vida adulta em uma sociedade diversificada
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para entender que são diferentes, mas não inferiores.Por outro lado, as crianças não
portadoras de deficiências, à medida que interagem com crianças deficientes elas podem
perder o medo e o preconceito em relação aos diferentes; desenvolver a cooperação e a
tolerância; adquirir senso de responsabilidade em relação a tudo que o cerca; melhorar o
rendimento escolar (SANTANA, 2003).
De acordo com Nascimento (2009), o professor, na educação inclusiva, precisa ser
preparado para lidar com as diferenças, com a singularidade e a diversidade de todas as
crianças e não com um modelo de pensamento comum ela. O professor bem preparado se
envolve melhor com o assunto por meio de um trabalho contínuo, abordando a temática no
dia a dia, além de poder compartilhar com outros docentes e desenvolver melhores
metodologias para que seus alunos possam aprender de maneira mais eficaz e efetiva
(BRASIL, 2001).
Para Raasch (s/d) educadores, devem proporcionar às crianças um número infinito de
oportunidades para vencer desafios, pois, só assim, elas conseguirão avançar nas etapas do
crescimento e se tornarem independentes e felizes.Portantoé imprescindível, para que haja
mudança de posturas, comprometimento e sensibilização por parte de todos os envolvidos no
processo educacional diante da realidade do meio ambiente e da educação ambiental
(VIANA, 2006). No entanto, ainda são poucas as pesquisas, experiências e práticas
educacionais, validadas cientificamente que mostrem como fazer para incluir no cotidiano de
uma classe regular alunos que apresentam algum tipo de necessidade educacional especial
(GLAT; FERNANDES, 2005).
A SD apresentada pode ser relevante, pois, embora não se tenha conhecimento da
bagagem cultural que cada aluno traz consigo, os termos técnicos utilizados pelo professor
normalmente não fazem parte do vocabulário de crianças nesse nível de escolaridade, o que
pode despertar a vontade de se conhecer cada vez mais o assunto abordado. Outra
característica importante em relação à SD apresentada é apossibilidade de envolvimentopor
atividades como a confecção do recipiente que envolve pintura.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo sobre Educação Ambiental dentro de uma perspectiva inclusiva se faz
necessário, pois além de existirem poucos trabalhos relacionando os temas, há certa
resistência em relação aos professores para incluir o tema dentro da sala de aula. Há muito a
ser feito em relação à educação inclusiva, principalmente no que diz respeito ao meio
ambiente.Trazer os alunos para vivenciar ações do cotidiano dando um enfoque mais
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científico é possível mesmo com aquelas classes em que há a inclusão de um aluno com
limitações.
Porém a realidade do ambiente escolar mostra as dificuldades encontradas que, junto
com o despreparo do professor, faz muitas vezes, com que o docente evite implantar novas
práticas de ensino, privando o aluno de uma aula mais dinâmica e diminuindo o interesse por
parte do mesmo.
Ademais, a proposta de intervenção didática deste trabalho pode ajudar o professor a
trabalhar de uma forma mais dinâmica, tornando a sala de aula um espaço mais agradável,
buscando oferecer uma educação mais comprometida, podendo inserir a pessoa com
necessidade especial no cotidiano da classe.
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