DETERMINAÇÃO DO TEOR DE FENÓLICOS E FLAVONÓIDES TOTAIS EM
EXTRATOS DE PROPÓLIS.
Eduardo Morgado Schmidt (IC-BIC-UNICENTRO), Lilian Buriol (PG-UNICENTRO),
Daiane Finger(PGUNICENTRO), Julio M. T. dos Santos(PQ-UNICENTRO), Marcos
Roberto da Rosa(PQ-UNICENTRO), Sueli Pércio Quináia(PQ-UNICENTRO),
Yohandra Reyes Torres (PQ-Orientadora- Dep.Química UNICENTRO).
e-mail: [email protected]
Palavras-chave: própolis, flavonóides, compostos fenólicos.
Resumo:
A própolis é uma resina produzida pelas abelhas e utilizada pelo homem desde a
antiguidade. Suas propriedades farmacológicas são descritas na literatura1-3, sendo
indispensável para o controle de qualidade o estudo da composição química dos
extratos de própolis quanto ao conteúdo de fenólicos e flavonóides totais, compostos
aos quais se atribui a maioria de suas propriedades farmacológicas. Este trabalho tem
por objetivo realizar a quantificação de fenólicos e flavonóides totais em extratos de
própolis da região de Prudentópolis, Paraná. O estudo químico da própolis desta região
tem como meta a geração de novos produtos com fins medicinais ricos em substâncias
bioativas da própolis.
Introdução
Pesquisas recentes comprovam as propriedades terapêuticas da própolis dentre as
mais mencionadas estão as atividades antimicrobianas, antiinflamatórias, anestésicas,
antioxidantes, anticâncer, anti HIV e anticariogênica. Estas propriedades fazem com
que a própolis encontre numerosas aplicações nas indústrias farmacêuticas e
alimentícias. Tem se atribuído as propriedades terapêuticas observadas na própolis aos
compostos fenólicos que a compõem principalmente à classe dos flavonóides e dos
ácidos fenólicos.3
O município de Prudentópolis no estado do Paraná é conhecido como a “Capital
do mel” pela sua contribuição para a produção nacional de mel e derivados apícolas. A
empresa Campolin & Schmidt Ltda dedicada ao ramo da apicultura no município
procurou o Laboratório de Pesquisa em Química Orgânica e Tecnológica da
UNICENTRO com a finalidade de avaliar os produtos apícolas que comercializam,
incluindo a própolis, e também desenvolver novos produtos a base de própolis e mel de
interesse para o mercado consumidor nacional e internacional.
Neste trabalho nos propomos realizar a quantificação de fenólicos e flavonóides
totais em extratos de própolis da região de Prudentópolis, Paraná, obtidos com
composições diferentes do solvente extrator. A quantificação dos ativos foi realizada por
espectrofotometria no visível utilizando reagentes que deslocam os máximos de
absorção e que minimizam interferências de outras substâncias nas determinações
espectrofotométricas1-3.
Materiais e Métodos
Preparo dos extratos de própolis:
Amostras de 5g de própolis triturada foram extraídos com 25mL de soluções etanólicas
(30%, 50%, 70%, 80%, 95% e etanol absoluto). Foi realizada triplicata de cada extração
durante 10 dias, a temperatura ambiente e com agitação ocasional. Após esse período
filtrou-se e o filtrado foi deixado em repouso durante uma noite no freezer para
precipitação e separação das ceras. O filtrado livre de ceras foi seco e pesado obtendose o extrato seco de própolis.
Procedimento utilizado para a quantificação de fenóis totais:
Primeiramente foi construída uma curva de calibração usando-se soluções metanólicas
padrão de ácido gálico em concentrações entre 1 a 12µg/mL. Em balão volumétrico de
5mL misturou-se 1mL de cada solução padrão com 250µL de uma solução tampão de
carbonato/tartarato e 25µL do reagente Folin-Ciocalteau. Ajustou-se o volume com
água destilada. Após 30mim foi medida a absorbância a 700nm em Espectrofotômetro
Varian BIO. A curva de calibração foi ajustada pelo Método dos Mínimos Quadrados
obtendo-se um coeficiente de regressão linear de 0.9884.
Para determinação do teor de fenólicos totais foi preparada para cada extrato de
própolis seco uma solução 20% em mistura de metanol e água. Esta solução foi diluída
em metanol e então realizado o mesmo procedimento descrito para as soluções
padrão. Os resultados são apresentados na tabela 1.
Procedimento utilizado para a quantificação de flavonóides totais:
Para a curva de calibração foram preparadas soluções metanólicas padrão de
quercetina em concentrações entre 1 a 12µg/mL. Em balão volumétrico de 5mL
misturou-se 0,5mL de cada solução padrão com 0,25mL de uma solução 5% de AlCl3
em água. Ajustou-se o volume com metanol. Esperou-se 30 minutos para realizar as
medidas de absorbância em 425nm. O coeficiente de regressão linear obtido foi de
0.9939.
Para analisar o teor de flavonóides nos extratos de própolis, 0,5mL da solução 20%
obtida do extrato seco de própolis e diluída em metanol, foram tratados de maneira
idêntica aos padrões de quercetina. Os resultados são apresentados na tabela 1.
Resultados e Discussão
Os teores de fenólicos totais determinados em relação ao extrato seco da própolis
foram similares para todos os solventes utilizados na extração. A porcentagem de
flavonóides encontrada foi apenas menor para o extrato obtido com etanol 30%, não
apresentando diferenças significativas para os outros extratos. No entanto o rendimento
da extração total foi maior quando utilizadas soluções hidroalcoólicas 70 a 95% para a
extração da própolis. Observa-se também que a medida que aumenta a proporção de
etanol no solvente extrator aumenta a extração de ceras presentes na própolis, o que
não é desejável para o preparo de formulações farmacêuticas.
Os teores encontrados tanto para fenólicos quanto para flavonóides totais estão de
acordo com valores reportados por outros pesquisadores2,3 para amostras de própolis
de diversas regiões do Brasil.
Tabela 1 – Rendimentos médios e teores de fenólicos e flavonóides
Etanol
(%)
Rendimento
extração (%)
Teor de
Fenólicos
extrato seco
(%)
Teor de
Flavonóides
extrato seco
(%)
Rendiment
o extração
Fenólicos
própolis
(%)
Rendimento
extração
Flavonóides
própolis (%)
Rendimento
ceras (%)
30
22,91±0,38
9,89± 0,47
2,39±0,39
1,03±0,47
0,25±0,39
3,81±0,44
50
35,74±0,13
9,57±0,48
5,31±0,36
2,36±0,48
1,31±0,36
2,48±0,12
70
57,41±1,91
10,11±0,47
6,34±0,37
4,76±0,47
2,99±0,37
3,41±0,07
80
57,65±2,24
8,43±0,48
4,38±0,36
4,13±0,48
2,15±0,36
4,16±0,15
95
53,97±6,78
8,13±0,48
5,12±0,36
3,28±0,48
2,07±0,36
5,20±0,72
100
44,04±4,02
8,26±0,48
5,87±0,37
2,93±0,48
2,08±0,36
5,43±1,08
Conclusões
Para as amostras testadas obteve-se maior rendimento de extração da própolis
com etanol 70, 80 e 95% sendo, portanto para estas composições maior a quantidade
de fenólicos e flavonóides extraída da própolis in natura. Devido à diminuição do
rendimento quando empregou-se etanol absoluto ou quando menor proporção de etanol
é utilizada na extração deve-se evitar a extração da própolis com solventes dessas
composições. Assim, para obter maiores rendimentos na extração da própolis, extratos
ricos nos compostos ativos e ao mesmo tempo com baixo teor de substâncias inertes
como as ceras recomendamos a extração da própolis com etanol 70 ou 80%. Os dados
obtidos serão comparados com valores obtidos a partir de análises por Cromatografia
Líquida de Alta Eficiência.
Agradecimentos
À UNICENTRO pela bolsa de Iniciação Científica concedida e à Fundação Araucária
pelo financiamento de projeto de pesquisa.
Referências
Y. K. Park; M. Ikegaki; J. A. S. Abreu; N. M. F. Alcici; Ciênc. Tecnol. Aliment. 1998, 18,
964, 970.
2
I. B. S. Cunha; A. C. H. F. Sawaya; F. M. Caetano; M. T. Shimizu; M. C. Marcucci; F. T.
Drezza; G. S. Povia; P. O. Carvalho; J. Braz. Chem. Soc., 2004, 15, 964.
3
R. G. Wosky; A. Salatino; J. Apicult. Res., 1998, 37, 99.
1
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