ANÁLISE DAS VARIÁVEIS ANTROPOMÉTRICAS
EM COZINHAS RESIDÊNCIAIS
Suzana L. Russo
DCET - URI - Campus de Santo Ângelo - Depto. Ciências Exatas e da Terra
Maria Emília Camargo
UCS- Caxias do Sul -RS
Norberto O . Ilgner
DCET - URI - Campus de Santo Ângelo - Depto. Ciências Exatas e da Terra
Adelar Zimmer Filho
URI - Campus de Santo Ângelo - RS
[email protected]
RESUMO
Os modelos de cozinhas existentes no mercado atualmente, são caracterizados por não usarem
perfis ergonômicos não contextuados com a realidade de seus usuários, isto é, não são projetados
quanto ao seu dimensionamento ergonômico. Sendo assim, destaca-se a importância de se construir
casas a partir da visão do ergonomista para que a interação entre usuário-espaço se aproxime da
Quando entramos em contato com algum ambiente que contenha determinados objetos
produzidos pelo homem, constatamos que alguns objetos são muito altos ou muito baixos, muito
largos ou muito estreitos, muito próximos ou muito distantes. Como eles não se adaptam ao nosso
organismo, podem provocar acidentes, fadiga e desconforto. A ergonomia pode contribuir para
solucionar um grande número de problemas sociais relacionados com a saúde, segurança, conforto e
eficiência. O usuário precisa perceber o ambiente que vivência como sendo ajustado para o
A cozinha passa a ser identificada quase que pela presença de seus equipamentos (fogão,
geladeira e balcão pia). Este projeto visa a análise dos dados de uma pesquisa antropométrica, a
ergonomia entre o usuário e os equipamentos domésticos ofertados no mercado. Constatando que a
partir dos dados analisados, a grande maioria dos entrevistados (75%) sente satisfação na realização
das atividades em cozinhas. 62% dos balcões com pia possuem tábua de proteção, 65% dos fogões
possuem quatro chamas.
As cozinhas, balcões com pia e os fogões possuem um espaço suficiente para permitir que a
pessoa realize seu trabalho sem necessidade de curvar o corpo, além de permitir mudanças freqüentes
de postura, movimentando as pernas e os pés, os braços e as mãos.
Palavras-Chave: Ergonomia, Antropometria, Interação Homem-Ambiente.
1. INTRODUÇÃO
Atualmente os modelos de cozinhas existentes no mercado caracterizam-se de uma maneira
geral por não usarem perfis ergonômicos não contextuados com a realidade de seus usuários, isto é,
não são projetados quanto ao seu dimensionamento ergonômico. Quando entramos em contato com
algum ambiente que contenha determinados objetos produzidos pelo homem, constatamos que alguns
objetos são muito altos ou muito baixos, muito largos ou muito estreitos, muito próximos ou muito
distantes. Como eles não se adaptam adequadamente ao nosso organismo, podem provocar acidentes,
fadiga e desconforto.
Por que isso acontece? Uma hipótese a ser considerada é a de que o projetista partiu de
considerações errôneas no dimensionamento ou mesmo tendo utilizado os princípios corretos, não
encontrou dados adequados para este dimensionamento. Muitos tipos de cozinhas , mesmo sendo
fabricadas no Brasil, suas dimensões são baseadas em medidas da população de outros países, devido
Este projeto irá servir no redimens ionamento de cozinhas através de subsídios que permitem o
desenvolvimento ou aperfeiçoamento de projetos existentes para a adequação as características dos
usuários, aumentando assim a comodidade e reduzindo os esforços físicos das pessoas que forem
realizar as tarefas.
O termo ergonomia é derivado das palavras gregas ergon (trabalho) e nomos (regras). Nos
Estados Unidos, usa-se também, como sinônimo, human factors (fatores humanos). Resumidamente,
pode-se dizer que a ergonomia se aplica ao projeto de máquinas, equipamentos, sistemas e tarefas,
com o objetivo de melhorar a segurança, saúde, conforto e eficiência no trabalho.(DULWEERDMEESTER,1998).
As condições de insegurança, insalubridade, desconforto e ineficiência são eliminadas quando
adequadas às capacidades e limitações físicas e psicológicas do homem. Segundo DULWEERDMEESTER (1998), a ergonomia estuda vários aspectos: a postura e os movimentos corporais
(sentado, em pé, empurrando, puxando e levantando pesos), fatores ambientais (ruídos, vibrações,
iluminação, clima, agentes químicos), informação, (informações captadas pela visão, audição e outros
sentidos), controles, relações entre mostradores e controles, bem como cargos e tarefas (tarefas
adequadas, cargos interessantes).
A ergonomia difere de outras áreas do conhecimento pelo seu caráter interdisciplinar e pela
sua natureza aplicada. O caráter interdisciplinar significa que a ergonomia se apóia em diversas áreas
do conhecimento humano. O caráter aplicado configura se na adaptação do posto de trabalho e do
ambiente ás características e necessidades do trabalhador. A ergonomia pode contribuir para
solucionar um grande número de problemas sociais relacionados com a saúde, segurança, conforto e
eficiência. Muitos acidentes podem ser causados por erros humanos. Estes incluem acidentes com
guindastes, aviões, carros, tarefas domésticas e muitas outras. Analisando-se esses acidentes pode-se
chegar á conclusão que são devidos ao relacionamento inadequado entre os operadores e suas tarefas.
A probabilidade de ocorrência dos acidentes pode ser reduzida quando se consideram adequadamente
as capacidades e limitações humanas durante o projeto do trabalho e de seu ambiente. (J. DUL B.WEERDMEESTER, 1998)
Muitas situações de trabalho e da vida cotidiana são prejudiciais à saúde. As doenças do
sistema músculo - esquelético (principalmente dores nas costas) e aquelas psicológicas (estresse, por
exemplo) constituem a mais importante causa de absenteísmo e ao de incapacitação ao trabalho. Essas
situações podem ser atribuídas ao mau projeto e ao uso inadequado de equipamentos, sistemas e
tarefas. A ergonomia pode contribuir para reduzir esses problemas. Reconhecendo isso, muitos países
já obrigam os serviços de saúde a empregar ergonomistas. Finalmente, a ergonomia pode contribuir
para a prevenção de erros, melhorando o desempenho. Um exemplo bem conhecido é o do fogão
doméstico, que leva a freqüentes erros, devido ao relacionamento ambíguo entre os botões e os
queimadores. (J. DUL - B.WEERDMEESTER, 1998).
IIDA (1990) sugere que, para amenizar estes deslocamentos precisa-se priorizar no
lay-out a bancada, dispondo pia e fogão de um lado, e armários e geladeira de outro. Há necessidade
de considerar os hábitos e prioridades da família, bem como seu tipo físico. A falta de proporção dos
espaços para atividades, talvez possa ser a variável mais aparente quando observamos a realização
desta no setor cozinha por seus usuários. Por este motivo, acredita-se que os projetos que avaliam as
dimensões corporais para posteriormente construir, devem buscar adequação tanto ao usuário, quanto
2. OBJETIVOS
Identificar e analisar os aspectos quantitativos, de cozinhas residenciais que permitem a
avaliação dos aspectos de funcionalidade dos usuários.
3. RESULTADOS
Dos dados coletados foram retirada amostras de 100 residências da cidade de Santo Ângelo
com intervalo de confiança de 95% e com margem de erro de 10%. A coleta de dados foi feita através
Os dados foram implementados no software Sphinx Léxica os quais foram cadastrados por
bairros, após terem sido coletados.
IDADE DO ENTREVISTADO
Idade do
Entrevistado
Freqüência
Menos de 28
39%
De 28 a 38
23%
De 38 a 48
14%
De 48 a 58
16%
De 58 a 68
4%
De 68 a 78da percentagem
4% de idade dos entrevistados.
TABELA 03 - Tabela representativa
Total
100%
FIGURA 04 - Gráfico representativo da percentagem de idade dos entrevistados.
Segundo a tabela 03 e o figura 04, podemos constatar que 39% dos entrevistados tem idade
inferior à 28 anos, 23% tem idade entre 28 e 38 anos, 14% tem idade entre 38 à 48 anos, 16% tem
idade entre 48 e 58 anos, 4% tem idade entre 58 e 68 anos e 4% dos entrevistados tem idade entre 68 e
78 anos.
SEXO DO ENTREVISTADO
TABELA 04 -Tabela representativa da percentagem do sexo dos entrevistados.
Sexo do Entrevistado Freqüência
Masculino
23%
Feminino
77%
Total
100%
FIGURA 05 - Gráfico representativo da percentagem do sexo dos entrevistados.
Segundo a tabela 04 e o figura 05, podemos constatar que 23% dos entrevistados é do sexo
masculino e 77% dos entrevistados é do sexo feminino.
ORIGEM DO ENTREVISTADO
Origem do
Freqüência
Entrevistado
Africana
5%
Alemã
16%
Brasileira
49%
Espanhola
4% dos entrevistados.
TABELA 05 - Tabela representativa da percentagem da origem
Italiana
18%
Polonesa
4%
Portuguesa
4%
Total
100%
FIGURA 06 - Gráfico representativo da percentagem da origem dos entrevistados.
Pela tabela 05 e figura 06, podemos observar que 5% das pessoas entrevistadas é de origem
Africana, 16% é de origem Alemã, 49% tem origem Brasileira, 4% é de origem Espanhola, 18% é de
origem Italiana, 4% é de origem Polonesa e 4% dos entrevistados é de origem Portuguesa.
TABELA 06 - Tabela representativa da
percentagem de entrevistados que fazem dieta
DIETA
Dieta
Sim
Não
Total
Freqüência
27%
73%
100%
FIGURA 07 - Gráfico representativo da
percentagem de entrevistados que fazem dieta.
Segundo a tabela 06 e figura 07, podemos verificar que 27% das pessoas entrevistadas fazem
algum tipo de dieta, e 73% delas não fazem nenhum tipo de dieta.
Freqüência
Entrevistado
Do lar
28%
Doméstica
19%
Aposentado(a)
12%
Secretário(a)
3%
Advogado(a)
3%
Trabalha com comércio
11%
Professor(a)
6%
TABELA 07 - Tabela representativa
profissões dos entrevistados.
Outras da percentagem das15%
Total
100%
FIGURA 08 - Gráfico representativo da percentagem das profissões dos entrevistados.
Pela tabela 07 e figura 08, podemos observar que 28% das pessoas entrevistadas são do lar,
19% é doméstica, 12% das pessoas são aposentadas, 3% é secretário (a), 3% é advogado(a), 11% das
pessoas trabalho com comércio, 6% dos entrevistados é professor(a), e 15% das pessoas realizam
QUANTO A POSTURA DO ENTREVISTADO
NO BALCÃO PIA
Quanto a postura o
Freqüência
entrevistado sente
Satisfação na realização 75%
das atividades
Insatisfação na realização 16%
das atividades
Não sabe o número de entrevistados
9%
TABELA 08 - Tabela representando
que sentem
Total
100% ao balcão pia.
satisfação ou insatisfação na realização das tarefas em relação
FIGURA 09 - Gráfico representativo da percentagem de entrevistados que sentem
satisfação ou insatisfação na realização das tarefas em relação ao balcão pia.
Pela tabela 08 e figura 09, podemos observar que 75% das pessoas entrevistadas sentem
satisfação na realização de tarefas em relação ao balcão pia, 25% das pessoas sentem insatisfação na
QUANTO A POSTURA DO ENTREVISTADO
NO FOGÃO
Quanto a postura o
Freqüência
entrevistado sente
Satisfação na realização
87%
dasdaatividades
TABELA 09 - Tabela representativa
percentagem de entrevistados que sentem
Insatisfação
na realização
satisfação ou insatisfação na realização
das tarefas
em relação ao4%
fogão.
das atividades
Não sabe
9%
Total
100%
FIGURA 10 - Gráfico representativo da percentagem de entrevistados que
sentem satisfação ou insatisfação na realização das tarefas em relação ao fogão.
Pela tabela 09 e figura 10, podemos observar que 87% das pessoas entrevistadas sentem
satisfação na realização de tarefas em relação ao balcão pia, 4% das pessoas sentem insatisfação na
MARCA DO BALCÃO PIA
Marca
Freqüência
Todeschinni
17%
Dell Ano
11%
TABELA 10 - Tabela representativa
da percentagem
Carraro
4%das
marcas do balcão pia de preferência
dos
entrevistados.
Cordeiro
3%
Outras
65%
Total
100%
FIGURA 11 - Gráfico representativo da percentagem das
marcas de balcão pia de preferência dos entrevistados.
Pela tabela 10 e figura 11, podemos observar que 17% das pessoas entrevistadas têm
preferência pela marca Todeschinni na escolha do balcão pia, 11% pela marca Dell Ano, 4% pela
marca Carraro, 3% pela marca Cordeiro, e 65% tinham outras marcas ou não tinham marca nenhuma.
TÁBUA DE PROTEÇÃO
Sim
62%
Não
38%da percentagem
TABELA 11 - Tabela representativa
Total
100%
de balcões pia que possuem tábua de proteção.
FIGURA 12 - Gráfico representativo da percentagem de
balcões pia que possuem tábua de proteção.
Segundo a tabela 11 e figura 12, observamos que 68% dos balcões pia possuem tábua de
proteção e 38% dos balcões não possuem nenhuma tipo de proteção.
MARCA DA GELADEIRA
Marca da geladeira Freqüência
Clímax
12%
Cônsul
34%
Electrolux
13%
Prosdócimo
20%
TABELA 12 - Tabela representativa da percentagem
da
General
marca de geladeira preferida
pelosMotors
entrevistados. 7%
Steigledor
2%
Brastemp
12%
Total
100%
FIGURA 13 - Gráfico representativo da percentagem da
marca de geladeira preferida pelos entrevistados.
Pela tabela 12 e figura 13, podemos observar que 12% das pessoas entrevistadas possuem
geladeira da marca Clímax, 34% das geladeiras é Cônsul, 13% é Electrolux, 20% é Prosdócimo, 7% é
General Motors, 2% é Steigledor e 12% das geladeiras é da marca Brastemp.
MARCA DO FOGÃO
Dako
20%
Brastemp
27%
Geral
17%
Cônsul
10%
Senior
1%
Continental
18%
Semier
3%
TABELA 13 - Tabela
Sem Marca
representativa 4%
da percentagem
da marca de fogão Total
preferida dos entrevistados.
100%
FIGURA 14 - Gráfico representativo da percentagem da
marca de fogão preferida pelos entrevistados.
Layout do balcão pia utilizando a média ( ) das medidas de todos os balcões pia pesquisados
e o desvio padrão (S).
Segundo a tabela 13 e figura 14, podemos observar que 20% das pessoas entrevistadas
possuem fogão da marca Dako, 27% dos fogões é Brastemp, 17% é da marca Geral, 10% é Cônsul,
1% é Senior, 18% é Continental, 3% é Semier e 4% dos fogões pesquisados não possuíam marca.
Layout
:
) das medidas de todas as geladeiras
pesquisadas e o desvio padrão (S).
Layout da cozinha utilizando as médias das medidas de todas as cozinhas pesquisadas que foi
para o tamanho médio de cozinha de 3,70 m. para o comprimento e desvio padrão de 4,76m. tamanho
médio de 2,90m. para a largura e desvio padrão de 3.56m.. A distância média entre o balcão pia e o
fogão foi de 1,28m., do fogão até a geladeira de 1,47m. e da geladeira até o balcão foi de 1,61m.
Após analisar os resultados da pesquisa, constatou-se que no município de Santo Ângelo as
residências possuem em suas cozinhas usuários de todas as idades, sendo que a maior parte tem idade
inferior a 28 anos (39%); das pessoas entrevistadas a grande maiorias é do sexo feminino(77%); sendo
a maior parte deles é de origem brasileira(49%). Com relação a dieta, apenas 27% das pessoas fazem.
A maior parte dos entrevistados com relação a profissão que exercem era de estudantes (28%), quando
questionados sobre a postura, na inferência ergonômica entre o usuário e o balcão pia, a maioria sente
satisfação na realização das atividades (75%), e na inferência ergonômica entre o usuário e o fogão a
maior parte respondeu que sente satisfação na realização das atividades(87%).
Constatou-se ainda que a marca de preferência dos entrevistados para o balcão pia foi
Todeschinni (17%), a maioria dos balcões pia possuem tábua de proteção (62%). Com relação à
geladeira, a marca de preferência dos entrevistados foi Cônsul (34%); quanto a marca de fogão de
preferência dos usuários a que mais se destacou foi Brastemp (27%) e com relação ao número de
chamas, foram os fogões com 4 chamas que mais apareceram na pesquisa.
Podemos dizer então que, a partir destes dados, as cozinhas, balcões pia e os fogões possuem
um espaço suficiente para permitir que a pessoa realize seu trabalho sem necessidade de curvar o
corpo, além de permitir mudanças freqüentes de postura, movimentando as pernas e os pés, os braços
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS
DUL, J.; WEERDMEESTER, B. (1998) Ergonomia Prática, São Paulo - SP; Ed. Edgard Bluncher
LTDA.
IIDA, I. (1990). Ergonomia: projeto e produção. São Paulo: Edgar Blücher.
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