Estão os recém-nascidos recebendo
premedicação antes da intubação
eletiva?
(Are newborns receiving premedication before elective
intubation?)
Sarkar S, Schumacher RE, Baumgart
S, Donn SM
Department of Pediatrics, Division of
Neonatal-Perinatal Medicine, University of
Michigan
J Perinatol 2006: 26, 286–289
Apresentação: Iúri Leão de Almeida
Unidade de Neonatologia do
HRAS/SES/DF
Introdução
Intubação traqueal é um dos
procedimentos estressantes mais
realizados nas UTIs neonatais.
 Quando realizada sem analgesia e
sedação, o procedimento está associado a
dor e respostas fisiológicas adversas,
como:

–
–
–
–
–
Hipoxia
Bradicardia
Hipertensão arterial sistêmica
Hipertensão intracraniana
Hemorragia intraventricular em pré-termos.
Introdução
A pré-medicação potencialmente diminui
os efeitos deletérios da intubação, é mais
humana e tem uma crescente
comprovação científica que melhora a
estabilidade fisiológica e facilita o
procedimento.
 Em 1992, uma pesquisa mostrou que a
minoria dos neonatologistas usava prémedicação e apenas 3% usavam
relaxantes musculares.

Método
 Foram
consultados os 100 diretores
de programas de treinamento em
neonatologia registrados na
Academia Americana de Pediatria.
 As consultas foram feitas por e-mail;
a cada diretor, foi solicitado que
respondesse um simples questionário
com respostas tipo múltipla escolha.
Questionário
1. Do you routinely use premedication for nonemergency, elective endotracheal
intubations (e.g. for excessive gas leak,
occlusion, inadvertent extubation,
worsening of respiratory distress, or before
planned surgical procedures,) in NICU?
• Yes
• No
2. Do you have written policy or written
teaching curriculum for use of
premedication for intubation?
• Yes
• No
Questionário
3. Do you regularly or occasionally use premedication
for intubation but do not have a written policy?
• Yes
• No
• Not applicable
4. If you use premedication for intubation, do you use it
regularly or occasionally?
• Regularly
• Occasionally
• Not applicable
5. Do you use sedation alone for premedication?
• Yes
• No
• Not applicable
Questionário
6. If sedation is used, the nature of sedation is?
• Morphine alone
• Fentanyl alone
• Morphine or Fentanyl
• Morphine or Fentanyl + Midazolam
• Morphine or Fentanyl + Benzodiazepines
• Midazolam alone
• Midazolam + Others, except Opioid
• Benzodiazepines (ativan, diazepam) alone
• Ketamine
• Phenobarbital
• Not Applicable
• Other
Questionário
7. Do you use muscle relaxants for
premedication?
• Yes
• No
• Not Applicable
• Other
8. If yes, which muscle relaxant(s)?
• Suxamethonium alone
• Pancuronium alone
• Not Applicable
• Other
Questionário
9. Are muscle Relaxants coadministered with?
• Atropine alone
• Morphine or Fentanyl + Atropine
• Midazolam + Atropine
• Benzodiazepines+ Atropine
• Morphine or Fentanyl
• Midazolam alone
• Other
Resultados







Dos 100 contactados, 78 responderam
Usam pré-medicação sempre: 43,6%
Usam pré-medicação ocasionalmente: 28,2%
Usam pré-medicação nunca: 28,2%
Dos que usam pré-medicação sempre, apenas
47% têm rotina escrita sobre o assunto.
Dos que usam pré-medicação ocasionalmente,
nenhum tem rotina escrita sobre o assunto.
Dos que nunca usam pré-medicação, 13,6%
têm rotina escrita sobre o assunto.
Resultados
 Drogas
mais usadas pelos que usam
pré-medicação regularmente ou
ocasionalmente:
– Opióide (fentanila ou morfina): 57,1%
– Opióide + midazolam: 26,7%
– Midazolam: 12,5%
– Lorazepam: 3,5%
– Fenobarbital + Midazolam + morfina:
1,7%
Resultados
 25%
dos que usam pré-medicação
regularmente ou ocasionalmente
também usam relaxantes
musculares:
– Mivacurium: 50%
– Suxamethonium: 21,4%
– Vecuronium: 14,3%
– Pancuronium: 14,3%
Resultados
 Medicações
combinadas com
relaxantes musculares:
– Atropina + Opióide: 50%
– Opióide sozinho: 35,7%
– Atropina + Midazolam: 14,3%
Considerações finais
Apesar das evidências recentes de
benefício do uso de pré-medicação, a
maioria das intubações eletivas continuam
sendo “intubações acordadas” e apenas
25% das vezes é usado relaxante
muscular.
 A alta taxa de resposta (78%) e o fato de
terem sido consultados os diretores dos
serviços de neonatologia indicam que os
resultados provavelmente refletem a
verdade do dia a dia.

Considerações finais
Os próprios diretores dos programas de
treinamento estão falhando em ensinar
uma prática mais humana.
 Há ainda a limitação de as respostas não
condizerem com o que é feito e que a
equipe de atendentes não respeite as
normas como um todo.
 Seria interessante a investigação dos
motivos de não se realizar a prémedicação de rotina.

Considerações finais




Já há evidência suficiente para o uso rotineiro da
pré-medicação.
Uma metanálise de 2002 de 9 ensaios clínicos
casualisados e 2 coortes concluiu que:
“Premedicação parece ser benéfica, seja em
atenuar as respostas fisiológicas adversas à
intubação ou diminuir a duração do procedimento
e seu uso é recomendado”.
O grupo International Evidence-Based Group for
Neonatal Pain conclui que a intubação sem sedoanalgesia só deve ser realizada na sala de parto e
em situações de risco de morte.
Considerações finais
A transmissão passiva de conhecimento é
muito lenta, mesmo quando há bastante
evidência científica.
 Estratégias pró-ativas como eduação
continuada, workshops e o
estabelecimento de rotinas e consensos
escritos são necessários para a
dinamização da transmissão do
conhecimento adquirido.

Referências:
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

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Consultem:
Analgesia e sedação no recém-nascido em ventilação
mecânica (uso de premedicação para intubação semieletiva ou eletiva)
Autor (s): Paulo R. Margotto
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