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Novas opções a caminho
Gestoras estruturam fundos de debêntures incentivadas para 2016 e
acreditam que pode haver demanda também dos fundos de pensão
mercado das debêntures incentivadas do setor de infraestrutura ainda não alcançou grandes cifras, mas a
perspectiva é que ele ganhe tração nos próximos meses,
com uma série de emissões que devem vir a mercado. Embora
tenha sido mais direcionado para o investidor pessoa física, por
contar com isenção do IR, vantagem que o institucionaljá tem.à
rentabilidade entregue pelos ativos disponíveis supera as metas
atuariais dos fundos de pensão. Por conta disso, algumas assets
apostam em captação também junto às fundações em 2016.
ARE Capital concluiu recentemente uma captação de R$ 320
milhões de debêntures incentivadas da Salus Infraestrutura
Portuária, que saiu com uma rentabilidade de IPCA mais
6,78%. O capital levantado com a operação será utilizado para
fazer a dragagem no canal do porto de Santos, e permitir que
embarcações de maior porte atraquem no local. Para o segundo
semestre, a RB Capital prepara a captação de dois fundos que
vão ter em sua composição debêntures de infraestrutura.
O
TAKAHASHI: fundo hibrido de infra com FIP e FIDC para 2016
68 - INVESTIDOR
INSTITUCIONAL
-
Setembro
e 2015
Um deles terá apenas ativos de renda fixa, enquanto o outro
terá uma parcela de renda variável, através das debêntures
conversíveis em ações. "Se houver alguma dificuldade no
projeto, até como forma de fornecer uma garantia melhor, haverá a possibilidade da conversão das debêntures em ações",
explica Régis Dall' Agnese, sócio da RB Capital. "O fundo de
maior risco terá uma taxa de remuneração fixa da debênture,
e também um componente de renda variável, a depender do
.resultado do projeto", conta o executivo.
Por ter mais risco, esse fundo deve contar com uma rentabilidade maior que os pares que tem apenas debêntures, e será
direcionado para o investidor institucional e estrangeiro. A RB
Capital vai aguardar uma melhora do cenário macro para lançar
o fundo, que deve sair no fim do ano ou ficar para 2016. "Vamos
investir de forma bastante pulverizada nas debêntures, para
mitigar os riscos associados a cada projeto", diz Dall' Agnese.
"São fundos para categorias diferentes de investidores por
causa do risco". O institucional e o estrangeiro, explica o especialista, são altamente qualificados, e estão mais acostumados
com esse tipo de operação, e portanto tem uma facilidade
maior para fazer a avaliação do nível de risco assumido e do
retorno associado. "O investidor pessoa física está em um
estágio anterior da análise, e é mais adequado que ele invista
em produtos de menor risco".
HÍBRIDO - A BB DTVM, que já conta com um fundo de
debêntures incentivadas de infraestrutura, em parceria com a
Votorantim Asset, planeja o lançamento de outros veículos no
mesmo formato. Os novos fundos que vierem também terão a
parceria da asset do Banco do Brasil com a Votorantim, mas
ainda dependem de uma melhora do ambiente econômico.
"Uma vez que os ativos voltarem, e a agenda de infraestrutura
adquirir velocidade e entrar definitivamente na pauta, vamos
lançar outro FIDC de infraestrutura. Temos pensado em trabalhar
tanto no campo da dívida como do equity, talvez faça sentido
uma estrutura híbrida entre um FIDC e um FIP", afirma Carlos
Takahashi, presidente da gestora do BB.
Pela baixa disponibilidade de ativos que os gestores que atuam no mercado de debêntures incentivadas ainda encontram,
e pelos volumes que vieram ao mercado até agora, o fundo de
infraestrutura do BB tem apenas onze debêntures. "Tiveram
algumas emissões direcionadas, que foram para uma base de
investidores privare e de tesouraria dos bancos. Com isso, o
volume que conseguimos trazer para o fundo não foi grande".
Entre os ativos no veículo, estão concessões rodoviárias,
termoelétricas, aeroportos e logística. O fundo tem uma cota
sênior com rentabilidade alvo de IPCAmais 5,5%, e de inflação
mais 8% na mezanino, e mais 9,5% na júnior, onde ficaram
alocados os responsáveis pelo fundo. A expectativa inicial,
fala Takahashi, era distribuir parte da cota mezanino para os
investidores institucionais, mas, devido à alta demanda das
pessoas físicas, não houve ativos suficientes para distribuir
entre os dois públicos .
. EMISSÕES DA V ALE - Uma operação de debênture incentivada
que saiu recentemente foi a da Vale, que conseguiu levantar
R$ 1,35 bilhão com uma taxa de retorno 0,50 pontos inferior
à dos títulos públicos, em função da alta demanda.
"Participamos do bookbuilding, mas com a oferta em uma
taxa um pouco mais alta. As taxas que saíram não faziam sentido
para nosso fundo, vamos tentar operar taxas um pouco maiores
no secundário. O preço realmente surpreendeu", pondera Fausto
Filho, gestor de renda fixa da XP Gestão, que também conta
com um fundo de debêntures incentivadas. Outra grande oferta,
de R$ 1 bilhão, da CCR Anhanguera Bandeirantes também °é
esperada pelo mercado no segundo semestre.
N atando um aumento da demanda por ativos de renda fixa
após as mudanças nas regras das LCIs e LCAs, e por conta da
alta volatilidade do fundo de debêntures, devido aos prazos
mais curtos dos ativos dentro do fundo, a gestora da XP decidiu
lançar mês passado um segundo fundo de debêntures, que faz
o hedge da curva de juros através de swaps.
Os fundos pretendem entregar uma rentabilidade aproximada
de inflação mais 7% ao ano. O produto tem um portfólio bastante pulverizado, formado por cerca de 30 ativos. Geração e
transmissão em energia e concessões rodoviárias têm grande
posição dentro do veículo.
FAUSTO FILHO:
baixo spread
das debêntures
incentivadas da
Vale, inferior ao
do título público,
surpreendeu os
investidores
PRIMEIRO FUNDO - A Brasil Plural Gestão de Recursos lançou IJO início de agosto, seu primeiro fundo de investimentos
de debêntures incentivadas com o foco na captação junto aos
investidores pessoa física. "Estam os prevendo maior número
de emissões de debêntures incentivadas daqui a três ou seis
meses, por conta do menor acesso das empresas aos financiamentos do BNDES", diz Rafael Zlot, gestor de crédito da asset
do Brasil Plural.
O gestor explica que outros fatores incentivaram o lançamento do fundo, como o estímulo que o governo tem dado para as
emissões de empresas de infraestrutura. "O governo deve impor
cada vez menos dificuldades para as emissões de debêntures
incentivadas", diz Zlot. Outro fator que deve gerar demanda por
fundos desta modalidade é a previsão de retração do mercado de
LCIs e LCAs nos próximos meses. Os ativos perderam parte da
atenção dos investidores pessoa física, atraídos pela isenção do
IR, após o governo alterar os prazos de vencimento das letras.
Debêntures de infraestrutura do BNDES
Um ativo que há muito tempo é
aguardado pelo mercado, e que deve
finalmente ser lançado durante o segundo semestre de 2015, é a debênture de
infraestrutura que será colocada pelo
BNDES. "Desde 2013 temos subscrito
debêntures, formando uma carteira para
depois vender os ativos por meio de cotas
do fundo", explica Daniel Wajnberg,
gerente geral de mercado de capitais do
banco de fomento.
"Estamos
com a iniciativa
bem
avançada, e com uma carteira que já
permitiria fazer a distribuição do fundo
com uma boa colocação", acrescenta o
executivo. O fundo encontra-se na fase
de estruturação operacional, na qual
se discute regulamentos, a modelagem
do veículo, e também os documentos
necessários para a realização da oferta.
A previsão de quando ele virá efetivamente, no entanto, Wajnberg prefere não
adiantar. "Não queremos lançar o fundo
em um momento em que o mercado está
adverso", afirma o gerente.
O fundo do BNDES a ser distribuído
será superior a R$ 1 bilhão, terá o BTG
Pactual e o Bradesco como coordenadores da oferta, e a Caixa como administradora e gestora. "Queremos uma
diversificação razoável na carteira, o
que é muito importante para efeitos de
precificação das cotas seniores", explica
o especialista, que lembra ainda que as
agências de rating tem como um dos
critérios de avaliação a quantidade de
ativos dentro do fundo.
O veículo do banco deverá ter entre
12 a 18 debêntures incentivadas em
sua composição, prevê Wajnberg, que
conta que o fundo terá também outras
10 a 15 debêntures de infraestrutura,
mas no modelo não incentivado. Pela
12.431, o fundo pode ter até 15% de
sua composição preenchida por outros
tipos de investimento. "Queremos um
fundo totalmente focado em papéis de
infraestrutura", pontua o executivo.
Setembro de 2015 -
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INS1'ITUCIONAL
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09/2015 - Novas opções a caminho