CUSTEIO ABC: FERRAMENTA QUE AUXILIA AS TOMADAS DE DECISÕES
Juliana dos Santos Matos - Graduando em Administração
Universidade Federal de Roraima – UFRR
Quézia Amorim Corrêa - Graduando em Administração
Universidade Federal de Roraima - UFRR
Dyeimison Brandão Campos - Graduando em Administração
Universidade Federal de Roraima - UFRR
RESUMO
O cenário mundial globalizado faz com que a gestão dos custos seja um fator determinante
para a competitividade e sobrevivência das organizações. Nesse novo cenário é necessário que
os gestores disponham de sistemas capazes de prover informações precisas e significativas
acerca dos custos de cada atividade desenvolvida pela empresa para que as decisões tomadas
sejam as mais acertadas. Levando em consideração essa necessidade, este artigo tem por
objetivo ressaltar a importância da utilização do Custeio ABC como ferramenta de auxílio às
tomadas de decisões dos gestores. O ABC desempenha esse papel porque é, na realidade, uma
ferramenta de gestão de custos, muito mais do que de custeio de produtos. O estudo aqui
desenvolvido é fruto de uma pesquisa bibliográfica.
Palavras-chave: Custeio ABC. Tomadas de decisões. Ferramenta de auxílio.
ABSTRACT
The globalized world stage makes management of costs be a determining factor for
competitiveness and survival of organizations. In this new scenario it is necessary that
managers are provided with systems capable of providing accurate and meaningful
information about the costs of each activity performed by the company so that the decisions
taken are the right ones. Taking into account this need, this article aims to highlight the
importance of using ABC costing as a tool to aid managers‟ decision making. The ABC plays
this role because it is, in fact, a cost management tool, much more than product costing. The
study here developed is the result of a literature research.
Key-words: ABC Expense. Management. Decision Making. Auxiliary Tool.
VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br
1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS
O advento das indústrias e o desenvolvimento tecnológico mudaram o modo de
produzir e trouxeram a diversificação dos produtos, o que gerou um significativo aumento de
competitividade nos mercados, com isso os custos tornaram-se altamente relevantes quando
da tomada de decisões em uma empresa e a sua alocação tornou-se mais complexa, exigindo
dos gestores uma adaptação a esse novo cenário. Segundo Kraemer (1995) com as mudanças
no ambiente empresarial, vieram à tona as deficiências dos sistemas tradicionais de custeio,
dado que eles não mais respondiam, satisfatoriamente, às necessidades de informação
impostas pelo atual ambiente competitivo.
Nesse mercado de constante mutação e de produtos similares, conhecer as causas dos
custos além de ser vital para saber se, uma atividade ou produto é rentável ou não, e saber se é
possível reduzir os custos do mesmo, é um fator de vantagem competitiva. Daí a importância
do uso de um sistema de custeio que além de ferramental contábil seja um gerador de
informações relevantes para a gestão.
A Contabilidade de Custos dispõe de sistemas de informações que permitem um
melhor gerenciamento dos Custos. Nascida da Contabilidade financeira a Contabilidade de
Custos, surgiu para suprir a necessidade de avaliar os estoques na indústria, mais
especificamente com o início da Revolução industrial. Segundo Martins (2003 p. 13) “até a
Revolução Industrial (século XVIII), quase só existia a Contabilidade Financeira (ou Geral),
que, desenvolvida na Era Mercantilista, estava bem estruturada para servir as empresas
comerciais”.
Nas últimas décadas a Contabilidade de Custos passou de mera auxiliar na avaliação
de estoques e lucros globais para importante arma de controle e decisão gerenciais
(MARTINS, 2003 p.15). Para saber, onde? Como? E quanto? gastar, os gestores precisam ter
domínio de informações e sistemas de custeio, que assumam papéis fundamentais como
ferramentas de gestão, isso é decisivo para a sobrevivência das organizações. O Custeio ABC
surge dessa necessidade, visto que os sistemas tradicionais de custeio não dão conta de suprila devido às distorções causadas pelo rateio arbitrário.
O Custeio ABC (Activity Based Costing) é um dos métodos de custeio dispostos pela
Contabilidade de Custos, foi desenvolvido com o objetivo de aprimorar a alocação dos custos
indiretos devido à arbitrariedade causada pelo rateio utilizado pelos os sistemas tradicionais
de custeio (VCB). Para Martins (2003, p.60) o ABC “é uma metodologia de custeio que
procura reduzir sensivelmente as distorções provocadas pelo rateio arbitrário dos custos
indiretos”. Nascido como um ferramental contábil para aprimorar a alocação dos custos
indiretos, devido ao seu poder informacional, o Custeio ABC é fortemente recomendado para
fins gerenciais. O mesmo indica as origens dos custos por meio dos direcionadores de custos
(cost drivers) e facilita a eliminação de desperdício, propiciando visibilidade das atividades
que não agregam valor, dando assim ao gestor elementos relevantes para uma tomada de
decisão mais acertada.
2 SISTEMAS TRADICIONAIS DE CUSTEIO
Os denominados sistemas tradicionais de custeio são aqueles cuja alocação dos custos
é baseada no volume de produção. Segundo Nakagawa(1994 p. 36) o VBC assume o
pressuposto que são os produtos que consomem os recursos necessários para fabricá-los ou
comercializá-los.
VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br
2.1 Custeio Por Absorção
O Custeio por Absorção é o método proveniente dos princípios de contabilidade
geralmente aceitos. Consiste na apropriação de todos os custos de produção aos bens
elaborados, todos os gastos relativos ao esforço de fabricação são distribuídos para todos os
produtos feitos (MARTINS 1995 p. 41).
2.2 Custeio Variável ou Direto
Segundo Martins(1996 p. 216) esse método somente os custos variáveis são alocados
aos produtos, enquanto que, os custos os fixos são separados, considerados como despesas do
período e transferidos diretamente para o resultado. Considera-se que o custeio variável fere
os Princípios Contábeis, quando o mesmo reconhece as despesas do período antes da sua
realização. Isto acontece quando os custos indiretos são lançados no resultado do exercício
independentemente da sua venda.
2.3 Custo-Padrão
O Método do Custo-Padrão tem uma origem norte-americana e foi concebido no final
do século XIX (KRAEMER 1995). Segundo Kraemer (1995 p. 29) esse método foi concebido
para orientar o processo de detecção dos desvios de custos e de suas prováveis causas, ou seja,
voltado ao controle e acompanhamento da produção, ou seja, criar um padrão de comparação,
sendo assim a medição dos seus custos é um fator secundário. Segundo Kraemer (1995) podese concluir que o Método do Custo-Padrão não consegue mais captar o real custo dos
produtos vendidos, já que grande parte do ambiente fabril redirecionou sua forma
organizacional.
Além de serem direcionados apenas a custeio de produto, os métodos tradicionais
utilizam o rateio para alocar os custos indiretos aos produtos, este procedimento muitas vezes
comete arbitrariedade na alocação e provoca distorções no preço do produto. Devido a isso o
Custeio ABC é recomendado tanto para a alocação dos custos indiretos quanto para geração
de informações sobre o produto e sobre todas as atividades desenvolvidas na organização.
3 CUSTEIO ABC
Alguns autores apontam que o Custeio Baseado em Atividades (Activity - Based
Costing - ABC) surgiu, nos Estados Unidos, há alguns anos, e foi desenvolvido pelos
professores Robert Kaplan e Robin Cooper da Harvard Business School, com o objetivo
principal de aprimorar a alocação dos custos e das despesas indiretas fixas (overheard) aos
produtos. Segundo Catelli e Guerreiro (1995 apud BOTELHO 2006) o ABC foi codificado
pelo professor Robin Cooper, na década de 70 e, a partir dos anos 80, começou a ser mais
amplamente desenvolvido por intermédio de empresas de consultoria.
No Brasil, as pesquisas sobre este novo sistema tiveram seu início em 1989, no
departamento de Contabilidade e Atuária da Faculdade de Economia, Administração e
Contabilidade da USP, com o Prof. Nakagawa. Segundo Nakagawa (1994 p. 41) para alguns
autores, aspectos das técnicas do ABC já eram conhecidos por volta de 1800 e início de 1900.
Já para outros autores como Latshaw e Cortese-Danile (2002), o início do uso dessa técnica se
deu na década de 60 pela General Eletric (GE), nos Estados Unidos.
VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br
Segundo Botelho, em termos de publicação de livros, o primeiro de que se tem notícia
foi publicado em 1971, nos Estados Unidos, intitulado de Activity Costing and Input-Output
Accounting. (IOB, 1994). O consenso entre os autores é que o ABC surgiu para suprir a
necessidade deixada pelos sistemas de custeio tradicionais. Em relação ao novo cenário que
determinou o nascimento do ABC, Nakagawa(1991), expressa o seguinte:
“com o ressurgimento da função produção como elementochave das estratégias de empresas que pretendem vencer com
sucesso em um mercado global extremamente competitivo, a
educação e a prática baseada nos sistemas tradicionais de custos
já não estão atendendo, satisfatoriamente, às necessidades
informativas dos gestores das áreas funcionais, que, ao tomarem
decisões operacionais, que, ao tomarem decisões funcionais e de
investimentos, devem fazê-los de forma completamente
integrada”.
Segundo Kraemer( 1995 p. 2) “a maior diversificação dos produtos, entre outros,
aumentaram a participação dos custos fixos indiretos no custo total dos produtos
vendidos(...)” o que faz aumentar os chamados “custos de complexidade”. Os sistemas
tradicionais de Custeio eram relevantes até o ponto em que as firmas só produziam produtos
homogêneos, no momento em que há diversificação da produção, os sistemas de custeio
tradicionais baseados em volume perdem a sua relevância. Nakagawa (1991) afirma que:
Para as primeiras firmas manufaturadoras dos anos 1880 até os
primeiros anos do século XX, que buscavam o sucesso de seus
empreendimentos reduzindo o custo do produto através de
economias de escala, os sistemas de custeio então desenvolvidos
eram bastante relevantes para todas as decisões gerenciais que
afetassem a eficiência e a lucratividade, porque as empresas
operavam apenas uma planta e produziam um único produto.
Os métodos tradicionais de Custeio, como o Custeio por Absorção e o Custeio Direto,
apresentam distorções e pouca precisão nos seus dados. Segundo Botelho (2006), o que
diferencia o ABC dos sistemas tradicionais de custeio é que, nos sistemas tradicionais, os
custos indiretos são rateados para os produtos ou serviços; o que acaba causando distorções e,
conseqüentemente, poderá levar a tomadas de decisões equivocadas. Já no sistema ABC,
segundo Nakagawa (1994 apud Botelho, 2006) procura-se rastrear os custos das organizações
para analisar e monitorar as rotas de consumo dos recursos “diretamente identificáveis” com
suas respectivas atividades e destas para os produtos ou serviços da organização.
4 EVOLUÇÃO DO ABC
Nakagawa(1994 p. 68) apresenta duas versões do Custeio ABC. A proposta sobre a
evolução do sistema ABC publicada por Mencione&Bell (1995) apresenta uma classificação
desse sistema em quatro gerações (BOTELHO, 2006). A primeira geração do sistema ABC é
uma evolução dos sistemas tradicionais de custos que se referem à metodologia de
tratamentos dos custos indiretos, cujos objetivos, segundo Rebull (2002 apud Botelho, 2006)
seriam: identificar os custos incorridos no período; calcular os custos das atividades que se
VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br
realizam dentro da empresa e determinar os custos dos produtos e dos serviços fabricados ou
prestados respectivamente. Martins (2003) afirma que a primeira geração do ABC é uma
visão extremamente funcional e de custeio de produtos.
Segundo Nakagawa(1994 p. 68) a primeira versão do ABC, preocupava-se em como
melhor apropriar o consumo de recursos da empresa aos diversos grupos de atividades, que
era, por sua vez, consumidos pelos produtos. Para MENCIONE; BELL, (1995) apud
BOTELHO (2006) a primeira geração do sistema ABC estava voltado para um melhor uso
dos recursos da organização e não por processo, já que não considerava as atividades
dependentes umas das outras.
A primeira limitação dessa geração é falta de informações diretas sobre as atividades
existentes nos centros de custos, já que elas se apresentam de forma agrupada. Além dessa
limitação faltava a essa primeira versão condições de segregar do grupo de atividades aquelas
que eram mais relevantes a fim de identificar seus tributos e desempenho (NAKAGAWA
1994 p. 69). Nakagawa(1994 p. 69) afirma que como consequência dessa dificuldade de
separar as atividades mais relevantes foi desenvolvida a segunda versão do ABC.
Segundo Nakagawa (1994) na segunda versão do ABC, a preocupação são as
informações necessárias a dois propósitos, por isso apresenta-se com duas visões: a visão
econômica e de custeio e a visão de aperfeiçoamento do processo.
a) a visão econômica de custeio, que é uma visão vertical, no sentido de que apropria os
custos aos objetos de custeio através das atividades realizadas em cada departamento;
Essa visão vertical de custeio fornece basicamente os mesmos dados que já estavam
contemplados na primeira versão do ABC.
b) a visão de aperfeiçoamento de processos, que é uma visão horizontal, no sentido de
que capta os custos dos processos através das atividades realizadas nos vários
departamentos funcionais.
A visão horizontal, de aperfeiçoamento de processos, reconhece que um processo é
formado por um conjunto de atividades encadeadas, exercidas através de vários
departamentos da empresa. Esta visão horizontal permite que os processos sejam analisados,
custeados e aperfeiçoados através da melhoria de desempenho na execução das atividades.
A segunda geração do sistema ABC consistiu em uma aplicação significativa da
primeira geração, fazendo um enfoque no processo, já que as organizações necessitam de
informações de custos tanto do processo como do produto ou serviço. O processo que é a
ênfase dessa segunda geração do sistema ABC inclui segundo Mencione e Bell (1995):
produção, distribuição, venda administração e outras funções da organização (BOTELHO,
2006).
Segundo REBULL, (2002 apud Botelho, 2006) com essa evolução do ABC surgiu um
novo conceito estratégico, passando a enfatizar a gestão de custo baseada em atividade ou
Activity-Based Management (ABM), o que significa que a determinação do custo baseado em
atividade não é tão importante, mas sim a gestão destas atividades.
O ABM (Activity Based Management) segundo TURNEY (1992 apud Botelho, 2006)
visa duas metas, ambas comuns a qualquer companhia. A primeira é oferecer
produtos/serviços com qualidade e preço. A segunda é aumentar a lucratividade da empresa.
Estas duas metas são possíveis de serem alcançadas com a aplicação do gerenciamento das
atividades.
A terceira geração do ABC tem uma visão sistêmica e esta geração estuda as
atividades desenvolvidas na organização para descobrir de que forma podem ser aproveitadas
para obter ganho de vantagem competitiva. Esta geração considera, dentro do ambiente do
sistema, tanto as atividades internas como as externas, ou seja, leva em conta a empresa e suas
relações com outras áreas dentro e fora da organização.
VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br
Há uma possível quarta geração do sistema ABC, a qual daria uma ênfase na
determinação dos custos dos produtos, na análise das atividades para uma melhora contínua e
no estudo da organização desde o enfoque da cadeia de valor. Esta geração deveria
representar uma aproximação mais orientada para um nível macro e micro, ampliando o
sistema na relação existente entre unidades separadas dentro da cadeia de valor, mas esta
quarta geração ainda não está bem definida (REBULL, 2002 apud BOTELHO, 2006).
De forma resumida, na primeira geração, a organização se concentra na determinação
dos custos dos produtos/serviços baseados nas atividades; na segunda geração enfatiza o custo
do processo; na terceira, enfatiza o cálculo do custo da cadeia de valor. (MENCIONE; BELL,
1995 apud BOTELHO, 2006).
5 PRESSUPOSTO DO CUSTEIO ABC
Nota-se o poder informacional do Custeio ABC a partir da sua segunda geração que
apresenta uma abordagem mais ampla desse método, por isso o foco será o Custeio ABC
nessa geração. Segundo Martins(2003) “o Custeio ABC é, na realidade, uma ferramenta de
gestão de custos, mais do que de custeio de produtos”.
A idéia do ABC é simples e parte do princípio de que os recursos são consumidos
pelas atividades e estas, por sua vez, são consumidas pelos objetos de custos. Na empresa o
ABC deve analisar cada área, cada atividade executada em relação ao produto a ser
produzido, ou seja, o ABC deve analisar quanto cada atividade consome dos recursos, quais
os recursos são consumidos, quais os clientes de cada atividade e como os clientes consomem
essa atividade. Identifica qual o centro de custo é responsável por essa atividade e quais os
direcionadores para medir o seu desempenho. É por meio desse processo que são geradas
informações que identificam gastos excessivos e que possibilitam a elaboração de um plano
de gestão para estes custos.
Martins (2003, p.72) enfatiza que para a utilização do Custeio ABC é necessária a
definição das atividades relevantes dentro dos departamentos da entidade. Lambert e
Whitworth, (1996 apud Bittencourt, 1999). Afirmam que o ABC é uma sistemática que
compreende a análise das atividades de um processo, dentro de cada departamento,
questionando por que e sob que circunstâncias, cada atividade é feita; com que freqüência e
para quem a atividade é realizada; quais os recursos consumidos durante a atividade; e, quais
fatores que determinam ou “direcionam” a atividade ou o recurso. Lembrando que os custos
variáveis são alocados diretamente ao objeto de custeio e os custos indiretos são rastreados.
Direcionadores de recursos ou de primeiro estágio: segundo Martins (2003) é
fator que determina a ocorrência de uma atividade. Como as atividades exigem
recursos para serem realizadas, deduz-se que o direcionador é a verdadeira
causa dos custos. Ele identifica a maneira como as atividades consomem
recursos e servem para custeá-las, ou seja, demonstra a relação entre os
recursos gastos e as atividades.
Direcionadores de atividade ou de segundo estágio: Segundo Martins (2003),
identifica a maneira como os produtos/serviços consomem atividades e serve
para custear os objetos de custos, ou seja, indica a relação entre a atividade e os
objetos de custos.
VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br
Rastreamento: é uma alocação com base na identificação da relação de causa e
efeito entre a ocorrência da atividade e a geração dos custos (MARTINS 2003
p. 63)
Recursos: são todos os insumos econômicos aplicados ou utilizados para a
realização de uma atividade dentro de uma organização. Salários, aluguel,
energia elétrica, insumos de produção são alguns exemplos de recursos (ECR
Brasil, 1998 apud Mauad e Pamplona 2002).
Atividade: é uma ação que utiliza recursos humanos, materiais, tecnológicos e
financeiros para se produzirem bens ou serviços. E composta por um conjunto
de tarefas necessárias ao seu desempenho.
É através da geração de informações que o Custeio ABC se coloca como uma
ferramenta de auxilio as tomadas de decisões. O detalhamento e gerenciamento dos custos em
todos os níveis proporcionam aos gestores informações relevantes relacionadas com custos e
desempenho de processos, atividades, produtos, serviços e clientes. O rastreamento feito por
ele produz informações acerca dos custos das atividades desenvolvidas pela organização.
Diferente dos custeios tradicionais de custeio, o ABC em sua segunda geração está
voltado para o gerenciamento da empresa. Ao seccionar as atividades e identificar quanto
custa cada uma delas, o ABC permite que o gestor saiba quais dessas atividades geram mais
custos e quais geram mais benefícios a organização. Essa é uma vantagem reforçada pela
afirmativa de Kraemer(1995 p. 55) “o método ABC explicita aquelas atividades que não
agregam valor ao produto de forma direta, como por exemplo: movimentação,
recebimento, expedição, atividade administrativa (...)”.
6 REFERENCIAL TEÓRICO
Segundo Keegan e Eiler (1994 apud Bittencourt, 1999) o ABC (Activity-Based
Costing) é uma técnica voltada à melhoria do custeio do produto, proporcionando informação
para a estratégia de preços, processo de melhoria e posicionamento no mercado. Proporciona,
também, “uma visão útil a respeito da relação entre custos indiretos e os produtos ou
serviços”.
O ABC (Activity-Based Costing ou Custeio Baseado em Atividades) foi desenvolvido,
inicialmente, para atender às empresas de manufatura que precisavam melhorar a gestão dos
custos, a fim de aprimorar os processos de produção e atendimento ao cliente, transformando,
assim, a função financeira de mera narrativa passiva do passado em agente preventivo do
futuro (KAPLAN, 1998 apud MAUAD; PAMPLONA, 2002).
Para Player et al.(1997, p. 3 apud Botelho, 2006), o sistema ABC: “[...] é uma
metodologia que mensura o custo e o desempenho de atividades, recursos e objeto de custo.
Os recursos são destinados às atividades que, por sua vez, são atribuídas aos objetos de
custo, com base em seu uso.” Baker (1998) apud Bittencourt (1999) reafirma o conceito dado
por Player et al.(1997) e define o ABC como um método que mensura custo e desempenho de
atividades, recursos e objetos de custo.
O artigo publicado no jornal Gazeta Mercantil GAZ[90] apud Kraemer(1995)
ressaltou que:
Ao adotar novas técnicas de produção como projeto auxiliado
por computador (CAD), gerência de estoques „just in time‟ e
controle de qualidade total, muitas indústrias estão descobrindo
VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br
que seus sistemas de contabilidade têm de ser trazidos à força
para a década de 90. A menos que os contadores adiram à
revolução tecnológica, a tradicional contabilidade de custos terá
pequena utilidade na fábrica do futuro.
Botelho (2006), em sua tese, cita três autores que trazem as vantagens do Método
ABC: Cogan (1994), Brimson (1996) e Lima (1997).
1) O ABC permite uma melhora nas decisões gerenciais, pois
deixa-se de ter produtos de decisão empresarial.
2) Permite estabelecer metas de custo e desempenho mais
realistas, derivadas do planejamento estratégico;
3) Nos serviços de saúde, este sistema fornece informações mais
realísticas, que podem ser usadas para estudar tendências e comparar
custos por diagnósticos, por atendimento médico, ou por pacientes de
diferentes planos de saúde.
O ABC é um sistema aplicável a todo tipo de organização.
[...] o ABC é uma técnica de controle e alocação de custos que
permite: identificar os processos e as atividades existentes nos
setores produtivos, auxiliares ou administrativos de uma
organização, seja qual for sua finalidade (industrial prestadora
de serviços, instituição financeira, entidade sem finalidade
lucrativa, etc.); identificar, analisar e controlar os custos
envolvidos nesses processos e atividades; atribuir os custos aos
produtos, tendo como parâmetro a utilização dos direcionadores
(ou geradores) de custos (PEREZ JR, J.H.; OLIVEIRA, L.M.
de; COSTA, R.G., 2003, p. 227 apud BERTOLINO; FARIA).
Quanto ao poder informacional do Custeio ABC, Kraemer(1995 p. 58), expressa que:
“as informações geradas pelo método ABC servem como base para a tomada de decisão da
gerência quanto às atividades responsáveis pelo custo dos produtos, o que propicia melhor
visualização do impacto causado por estas decisões, melhorando o controle dos custos
fixos”.
Segundo Kennedy e Afflec-Graves (2001) e Cardinaels et al. (2004) apud Lima
(2010) também defendem que, devido ao mais preciso sistema de atribuição de custos aos
produtos e serviços, o ABC pode ser determinante por proporcionar informação relevante
para a tomada de decisões, o que em última análise terá impacto nos resultados da empresa e
consequentemente no seu valor.
No “ABC/ABM e BSC - Como essas ferramentas podem se tornar poderosas aliadas
dos tomadores de decisão das empresas” de Mauad e Pamplona(2001) mostra a evolução dos
sistemas de custeio e enfoca o sistema de custeio ABC, as principais características do ABM e
do BSC proporcionando uma visão, para as empresas que queiram adotar esse modelos de
forma conjunta e integrada, de como maximizar seus lucros e criar valor econômico a longo
prazo.
Em seu estudo sobre a “Gestão estratégica de custos como elemento de suporte da
competitividade: a utilização do sistema de custo abc (activity based costing/custeio baseado
em atividade) na Região de ribeirão preto”, Aparecido e Renata (1995) apud Mauad e
Pamplona(2001) afirmam que um dos benefícios obtidos com o "ABC" é permitir uma
VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br
melhoria nas decisões gerenciais, pois se deixa de ter produtos "subcusteados" ou
"supercusteados", permitindo-se a transparência exigida na tomada de decisão empresarial,
que busca, em última análise, otimizar a rentabilidade do negócio.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Custeio ABC não é só uma ferramenta de custeio de produtos, o mesmo pode ser
utilizado para prover o gestor de informações relevantes e necessárias para as tomadas de
decisões. As informações geradas pelo ABC podem ser usadas para o desenvolvimento de
estratégias que permitam sustentar uma vantagem competitiva. A literatura analisada apontou
que o custeio ABC pode ser aplicado em toda e qualquer instituição, sendo necessária apenas
uma adequação de acordo com a finalidade da organização. Ressalta-se que o presente estudo
não é uma recomendação a substituição dos sistemas tradicionais de custeio pelo Custeio
ABC, visto que os sistemas tradicionais possuem sua área de atuação e são eficazes ao que se
propõem, o objetivo é fornecer informações que expressem a importância do uso do Custeio
Baseado em Atividades como ferramenta informacional para as tomadas de decisões.
O ABC proporciona aos gestores melhores critérios para administrar as atividades que
comandam os custos diretos e indiretos, proporciona uma maior facilidade de identificar os
custos relevantes, ajudando-o a tomar melhores decisões a respeito de: fixação de preços;
administração das relações com clientes; mix de produtos; projeto de produtos; melhoria de
processos; aquisição de tecnologia. O gestor também pode utilizar essas informações para
negociar com os fornecedores os preços dos insumos, reduzir custos excessivos e formular
estratégia.
VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br
REFERÊNCIAS
BITTENCOURT, Otávio Neves da Silva. O emprego do método de custeio baseado em
atividades – activity-based costing (ABC) – como instrumento de apoio à decisão na área
hospitalar. Porto Alegre, UFRGS, 1999. Dissertação (Mestrado). Universidade Federal do
Rio Grande do Sul. Escola de Administração. Programa de Pós-Graduação em Administração.
Porto Alegre – BR – RS. 1999.
BOTELHO, Ernani Mendes - Custeio Baseado em Atividades - ABC: Uma Aplicação em
uma Organização Hospitalar Universitária / Ernani Mendes Botelho / Tese (Doutorado em
Administração) - Universidade de São Paulo. São Paulo - USP, 2006.
KRAEMER, Tânia Henke. Discussão de um sistema de custeio adaptado às exigências da
nova competição global / Tânia Henke Kraemer / Dissertação (Mestrado em Engenharia de
Produção); Universidade Federal do Rio Grande do Sul- PPGEP/UFRGS, 1995.
MARTINS, Eliseu, 1945. Contabilidade de custos / Martins, Eliseu. - 9. ed. - São Paulo:
Atlas, 2003.
MAUAD, Luiz Guilherme A. e PAMPLONA, Edson de O.O custeio abc em empresas de
serviços: avaliação dos problemas da implantação em uma empresa de pesquisa. VIII
Congresso Brasileiro de Custos, outubro de 2001, Rio Grande do Sul. Disponível em: <
http://www.iepg.unifei.edu.br/edson/download/Artguilacongcustos01.pdf>Acesso em: 18 jun.
2011.
NAKAGAWA, Masayuki. ABC: custeio baseado atividades / Masayuki Nakagawa.--São
Paulo : Atlas, 1994.
VIII Convibra Administração – Congresso Virtual Brasileiro de Administração – www.convibra.com.br
Download

CUSTEIO ABC: FERRAMENTA QUE AUXILIA AS