ECONOMIA
CORREIO POPULAR
B3
Campinas, quarta-feira, 12 de setembro de 2012
MEDIDAS ||| ANÚNCIO
Energia: corte no preço pode ser maior
Afirmação foi feita pela presidente Dilma; ela também garantiu que não haverá apagão no País
Evaristo Sá/France Press
De Brasília
Tarifas de todas
distribuidoras
serão revisadas
A presidente Dilma Rousseff
disse ontem que o corte no
preço da energia para consumidores residenciais e industriais pode ser maior do que
o percentual anunciado na
última semana. A partir de
2013, consumidores residenciais pagarão 16,2% a menos
na conta, enquanto a redução para a indústria ficará
entre 19% e 28%. O anúncio
foi feito durante evento que
marcou a assinatura da medida provisória que vai permitir a prorrogação das concessões do setor de energia.
“Estas reduções poderão
A
Aneel (Agência
Nacional de Energia
Elétrica) vai revisar as
tarifas de todas as
distribuidoras de energia no
início do ano que vem,
independentemente de elas
estarem incluídas ou não
entre o grupo que vai
participar do processo de
renovação de concessões.
Serão abatidos dos
pagamentos os encargos
como a CCC (Conta de
Consumo de Combustíveis),
a RGR (Reserva Global de
Reversão) e parte da CDE
(Conta de Desenvolvimento
Energético). A economia que
será feita na geração e na
transmissão será repassada
para toda a cadeia. O governo
irá renovar 20 contratos de
geração de energia que,
juntos, totalizam 22.341 MW
de potência instalada -o
equivalente a cerca de 20%
do parque gerador do Brasil.
Para transmissão de energia,
nove contratos de concessão,
que terão vencimento em
2015, também serão
renovados. Eles totalizam
85.326 km de linhas de
transmissão —
correspondente a cerca de
67% desse sistema.
No caso da distribuição de
energia, serão renovados 44
contratos que terão término
entre 2015 e 2016
—aproximadamente 35% do
mercado atendido.
(Folhapress)
Custo menor ajudará
indústria a competir
no comércio exterior
ser ainda maiores”, disse a
presidente. Isso deve acontecer em março, quando a
Agência Nacional de Energia
Elétrica (Aneel) concluir os
estudos a respeito de contratos de distribuição que vencem entre 2015 e 2016 e
apresentá-los. “Portanto, estes números me permitem
dizer que não estou cometendo um exagero ao dizer
que estamos tomando uma
medida histórica.”
O governo sustenta, desde a última semana, que a
renovação nas áreas de geração, transmissão e distribuição será possível contanto
que as companhias garantam redução na tarifa e melhoria da qualidade. “Não
pode faltar luz em nenhum
dos 365 dias do ano e em nenhuma das 24 horas do dia”,
disse a presidente. O Ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que o
próprio governo fará um
aporte no setor, no valor de
R$ 3,3 bilhões.
A presidente Dilma Rousseff durante o anúncio da prorrogação das concessões do setor de energia: momento histórico para o País
SETOR ELÉTRICO
Redução nas tarifas de luz
Segurança
A presidente garantiu que o
governo conseguirá reduzir
o custo da energia elétrica
sem comprometer a segurança do atendimento aos
consumidores. Segundo ela,
o Estado e a Aneel serão cada vez mais vigilantes e fiscalizarão com rigor o cumprimento dos contratos e a
qualidade dos serviços. “O
bom atendimento é objetivo essencial do nosso governo. A partir de agora, puniremos de uma forma bastante clara aqueles que mal gerirem essas concessões”, disse.
Para Dilma, as medidas
de redução do custo da
energia demonstram a maturidade do sistema econômico e institucional do
País. “A sociedade construiu e pagou por esse setor
elétrico através de tarifas e
chegou a hora de devolver a
ela os benefícios desse pagamento, com tarifas mais baixas, mais justas, mais módicas.”
Segundo a presidente, as
QUEDAS PREVISTAS NO CUSTO
DE ENERGIA (%)
Grandes empresas
consumidoras
NOVIDADE
Redução anunciada
será resultado de
cortes em encargos
embutidos na conta
de luz e da
renovação de
contratos de
concessão
De -19,7 a -28
Consumidor
residencial
-16,2
VIGÊNCIA
A partir de 2013
ENCARGOS SETORIAIS REDUZIDOS*
Conta de Consumo de Combustíveis (CCC)
Fim da arrecadação com manutenção das
finalidades
Reserva Global da Reversão (RGR)
Fim da cobrança para distribuidoras, novos
empreendimentos de transmissão e concessões
prorrogadas ou licitadas
Conta de Desenvolvimento Energético (CDE)
Redução para 25% na cobrança ao consumidor
(*) São recolhidos pelas distribuidoras por meio da conta de energia
FONTE
Agência Brasil
® GRAFFO
medidas terão impacto positivo para todos os consumidores brasileiros, sem exceção. “Hoje damos mais um
passo decisivo nessa direção. Faremos a maior redução de energia de que se
tem notícia neste País, afirmou, lembrando que as quedas são de 16,2% para os
consumidores e de um intervalo de 19% a 28% para as
empresas.
A presidente disse ainda
que os serviços e produtos
no País ficarão mais baratos, porque o peso do custo
da energia na composição
dos preços irá diminuir. “A
medida tem impacto em toda a economia e vai reduzir
a inflação e estimular o crescimento”, afirmou.
Dilma lembrou que os
preços mais baixos irão ajudar o Brasil na disputa internacional para conquistar
mais mercados para os produtos nacionais. “Estamos
mudando a base competitiva do nosso País e isso nos
torna mais fortes para enfrentar a crise mundial”,
avaliou.
A presidente ainda alfinetou os governos anteriores
ao do presidente Lula. “O
novo momento exige que o
País faça redução de custos
e a redução das tarifas decorre do modelo hidrelétrico que implementamos em
2003. Lembro quando o
mercado de energia não funcionava, mas esse País mudou, hoje respeitamos os
contratos. Contratos venceram, não se pode tergiversar quanto a isso.” (Folhapress e Agência Estado)
PONTO DE VISTA
FERNANDO SARTI é diretor
do Instituto de Economia da
Universidade Estadual de
Campinas (Unicamp)
Medidas visam
estimular a
economia
“A redução do valor da
energia elétrica no Brasil
terá impacto nas contas
residenciais e das
empresas. As indústrias
serão beneficiadas com o
corte nos custos de
produção que trará mais
competitividade ao setor.
A energia já foi um fator
Cedoc/RAC
Cedoc/RAC
Cedoc/RAC
Skaf afirma que a
primeira impressão
foi positiva
Redução média
do custo geral
ficará em 20%
Mantega diz que
todos os setores
serão beneficiados
O presidente da
Federação das Indústrias
do Estado de São Paulo
(Fiesp), Paulo Skaf,
comemorou a redução de
até 28% no preço da
energia elétrica para a
indústria e de até 16,2%
para o consumidor
residencial. “Apesar de o
desconto maior atingir um
porcentual menor de
empresas, a primeira
impressão é positiva, pois
é uma luta da Fiesp de
quase um ano em meio,
que chega no ponto em
que temos 20% de
desconto, em média”,
disse. “Agora vamos nos
aprofundar, analisar a
questão e ver se
realmente, como diz a
campanha, chegou ao
justo, e ainda quanto à
O ministro de Minas e
Energia, Edison Lobão,
afirmou ontem que a
redução média do custo de
energia para todos os
brasileiros será de 20,2%.
Isso foi possível porque a
eliminação ou redução de
encargos setoriais nas contas
de luz representará um
desconto de 7%, enquanto a
renovação das concessões
equivalerá a um corte médio
de 13,2% nas tarifas.
“O que ocorre hoje é uma
verdadeira revolução, e não
se trata de decisão
voluntariosa ou ação
improvisada”, avaliou. “Isso
só foi possível porque ainda
em 2003 a presidente Dilma
propôs ao então presidente
Lula. A reforma do MME
(Ministério de Minas e
Energia) foi fundamental
O ministro da Fazenda,
Guido Mantega, disse ontem
que a redução do custo de
energia é fundamental para o
País e beneficiará todos os
setores, como indústria,
comércio e agricultura. Além
disso, segundo o ministro, vai
permitir que o consumidor
tenha uma sobra de recursos
para fazer outras aquisições.
Mantega informou que o
impacto desinflacionário da
medida será de 0,50 ponto
porcentual a 1 ponto
porcentual. “Será muito
importante para 2013, que
somada a outras medidas de
desoneração vão permitir a
redução do preço e a
redução do custo no País”,
afirmou. Ele negou que haja
intenção do governo de
aproveitar o impacto da
redução da energia na
legalidade do caminho”
completou. O presidente
da Fiesp avaliou ainda
que, se confirmada a
queda de 20%, em média,
no preço da energia para o
setor industrial, “não há
dúvidas” de que haverá
um repasse para os preços
dos produtos. “Quem vai
ganhar é o consumidor,
porque cai o custo dos
produtos e ainda pagará
menos em casa”, disse.
(AE)
para a segurança energética
e a garantia de investimentos
no setor”, acrescentou.
Segundo ele, a expressiva
redução do custo da energia
terá forte impacto na
economia, dando
competitividade à indústria e
ao comércio, gerando
empregos. Lobão lembrou
que o Brasil é conhecido
mundialmente pela oferta
abundante de energia limpa
e renovável e diversidade de
fontes de geração. (AE)
de diferencial para o
Brasil, quando o custo do
insumo era um dos
menores do mundo. Hoje,
o valor cobrado pela
energia consumida no País
é um dos mais caros do
mundo. Na indústria, o
valor cobrado pela energia
tem um grande peso no
que é gasto para produzir
um bem. A energia
representa um quarto do
custo de fabricação no
segmento metalmecânico.
O peso é ainda maior em
outros segmentos, como o
de material plástico, cujo
patamar é de 40% do
custo direto de produção.
As medidas adotadas pelo
governo nos últimos
meses têm como meta
estimular a economia
brasileira. O governo fez
desonerações, conseguiu
equilibrar o câmbio e
agora reduz o custo de um
insumo sistêmico que é a
energia elétrica. A queda
dos juros também se soma
ao pacote para alavancar a
geração de riquezas no
Brasil.”
inflação para aumentar o
preço dos combustíveis,
especialmente da gasolina.
“Não tem nada a ver um com
o outro. Não está no
horizonte”, disse o ministro
em relação às reportagens
de que a redução do custo de
energia, por retirar uma
pressão inflacionária,
permitiria ao governo
atender ao pleito da
Petrobras de reajustar o
preço do
combustível. (AE)
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Ponto de vista: Medidas visam estimular a economia