EPIDEMIOLOGIA
DEFINIÇÕES E
EVOLUÇÃO HISTÓRICA
Graziela
Zboralski
Hamad
Profa. PriscillaProfa.
Indianara
Di Paula
Pinto
Taques
O QUE É
EPIDEMIOLOGIA?
Qual o conceito atual
de epidemiologia?
Epidemiologia constitui a principal ciência
de informação em saúde.
World-Wide Web
Epidemiology - Epidemiologic
Épidémiologie - Épidémiologique
Epidemiologia - Epidemiológico
370.000 registros.
EPIDEMIA  EPIDEMIOLOGIA
EPIDEMIOLOGIA
Epi = sobre Demo = população Logos = tratado
Como tudo começou...
-
Os primórdios do pensamento epidemiológico
Panacéia – Deusa de
Todas as Curas
-
Higéia – Deusa da Boa
Saúde
A “protoepidemiologia” – Hipócrates (“Dos
Ares, Águas e Lugares”)
Século XVII...
•
Teoria dos miasmas:
“envenenamento secundário às emanações
pútridas originárias do solo, água e ar”.
Século XVII...
1662 – John Graunt relata a distribuição social da
morte em Londres, e as conseqüências mortais da
peste/ Análise das estatísticas da mortalidade.
“Natural and Political Observations made upon the
Bills Mortality”
1667 - William Petty inicia o cálculo dos custos de
mortalidade.
“Political arithmetic”
Jonh Graunt era comerciante, não médico ou
biólogo; tornou-se um estatístico por conta
própria, e com grande êxito: foi até admitido na
Real Sociedade de Ciências da Grã-Bretanha. Sua
obra, Observações naturais e políticas, publicada
pela primeira vez em 1662, era uma notável
análise das estatísticas de mortalidade.
Século XIX...
2. Teoria do germe: “a infecção por organismos
minúsculos constitui uma causa fundamental de
doença” – Jakob Henle, 1840.
-
Industrialização
Tuberculose/ Cólera
e
expansão
das
cidades:
Pierre Louis – Epidemiologia Clínica;
John Snow - Epidemiologia de Campo:
"... doenças transmitidas de pessoa a pessoa são
causadas por alguma coisa que passa dos enfermos
para os sãos e que possui a propriedade de aumentar
e se multiplicar nos organismos dos que por ela são
atacados...“;
Louis Pasteur - Bacteriologia;
Louis Villermé – Epidemiologia Social.
SÉCULO XIX
A estatística se desenvolve ainda mais.
Em 1810 o famoso astrônomo e
matemático francês Pierre-Simon
Laplace (1749-1827) publicou um tratado
sobre a teoria da probabilidade,
sugerindo que essa abordagem poderia
ser útil para resolver problemas médicos.
A França era um cenário propício para o
desenvolvimento de atividades científicas
ligadas à saúde da população – a Revolução de
1789 tinha adotado várias medidas sanitárias
importantes.
Nome de destaque: Pierre Charles Alexandre
Louis (1787-1872)
Louis foi um pioneiro no uso dos métodos
matemáticos no estudo das doenças. Ele insistia
que os tratamentos deveriam ser comparados. Um
grupo de pacientes toma um tipo de remédio;
outro grupo, similar, toma outro tipo de remédio –
comparando os dois, podemos saber qual é o
melhor.
John Snow (1813-1858) : considerado o
pioneiro da moderna epidemiologia. Era
anestesista. A própria rainha Vitória o
requisitou por ocasião dos seus partos. O
cólera em Londres do século dezenove,
motivou Snow a investigar os casos e as casas
dos pacientes, indagando de que empresa
recebiam água. Concluiu que a água continha
algo que causava a doença. Mas à época de
Snow ninguém sabia que o cólera era causado
por uma bactéria.
Outro profissional entusiasmado:
Louis René Villermé (1782-1863) desistiu da
prática clínica para estudar a aplicação da
estatística à saúde pública.
Em torno de 1828-1830 fez um trabalho
exemplar sobre a relação entre pobreza e
doença (conduziu as análises da influência do
nível de renda sobre a morbidade).
William Farr (1807-1883) um dos
pioneiros da estatística de saúde na
Grã-Bretanha. Compilava números
relativos à mortalidade. “As epidemias
parecem se originar a intervalos em
lugares insalubres; disseminam-se,
crescem e então diminuem”. Aceitava a
idéia de contágio, mas não rejeitava os
fatores ambientais.
Inaz Semmelweis (húngaro, 1818-1865)
Investigou a febre puerperal. Contou e
comparou. Contou óbitos pela febre e comparou
em diferentes alas do hospital. Médicos de
Viena encarregados das necrópsias, sem lavar
as mãos, depois iam para a sala de parto. A
febre se transmitia dos cadáveres para as
parturientes através das mãos dos médicos.
Louis Pasteur (1822-1895) grande
passo para o conhecimento das
doenças transmissíveis. Não era
médico, era químico. A pedido de
industriais do vinho, estudou o
processo de fermentação.
Laboratório Pasteur: grande
centro de pesquisa científica
voltado para doenças humanas.
Bacilo da difteria, peste bubônica,
tuberculose, malária (plasmódio).
Em 1850 foi fundada a London
Epidemiological Society: consagrou
o termo “epidemiologia”.
Século XX...
3. Paradigma da caixa preta: “a mortalidade
por doenças crônicas supera aquela por
doenças infecciosas”.
- Campanhas de Oswaldo Cruz (Peste, febre
amarela e varíola) - RJ
- Adolfo Lutz e Butantã – SP
Estudos relacionando fumo ao câncer de
pulmão;
Exploração de fatores de confusão, análise
de sobrevida, modelos de regressão, risco
relativo, etc.
 DETERMINANTES - Descoberta de causas das
variações
que
comumente
ocorrem
na
distribuição de um evento
Abordagem unicausal: “uma causa, um
efeito”
Abordagem multicausal: “múltiplas causas,
um efeito” ou “uma causa, múltiplos efeitos”
Uma possível
causa
SURGIMENTO DA DOENÇA
EXPOSIÇÃO AO FATOR DE RISCO
Um dado efeito
Níveis altos de
colesterol
SURGIMENTO DA DOENÇA
EXPOSIÇÃO AO FATOR DE RISCO
Coronariopatia
No Brasil o grande
representante da chamada
revolução pasteuriana foi
Oswaldo Cruz (1872-1917).
Estagiou em Paris e participou
da investigação de um surto de
peste bubônica em Santos.
Assumiu a Diretoria de Saúde
Pública. Organizou programas
de combate a doenças sob
forma de campanhas
(vacinação antivariólica). Esta
campanha gerou protestos que
evoluíram para uma revolta
conhecida como Revolta da
Vacina em 1904.
Era
Paradigma
Abordagem
analítica
Abordagem
preventiva
Estatísticas
sanitárias;
primeira metade
do Séc. XIX
Miasma:
envenenamento por
emanação ruim
originária do solo
água e ar
Demonstrar grupos Drenagem, esgoto
de morbidade e
e saneamento
mortalidade
Doenças
infecciosas, final
do Séc. XIX a
primeira metade
do Séc. XX
Teoria dos germes:
agentes simples
relacionados em
doenças específicas
Isolamento em
laboratórios,
culturas dos locais
das doenças,
transmissão
experimental
Interromper
transmissão
(vacina,
isolamento –
quarentenaantibióticos
Epidemiologia da
doença crônica,
metade do final
do Séc. XX
Caixa preta:
exposição
relacionada ao
resultado, sem
necessidade de
fatores patogênicos
intermediários
Taxa de risco de
exposição a
resultados no nível
individual nas
populações
Controle dos
fatores de risco,
mudança em
estilo de vida, em
agentes ou no
ambiente
Definindo Epidemiologia...
“Tudo que é verdadeiro pode ser expresso
em número”
(Lord Kelvin, 1824-1907)
Reflete a objetividade dos métodos
quantitativos e também a valorização que
a modernidade deu a esses métodos.
“Campo da ciência médica preocupado com o
inter-relacionamento
de
vários
fatores
e
condições que determinam a freqüência e a
distribuição de um processo infeccioso, uma
doença ou um estado fisiológico em uma
comunidade humana.” – MAXCY, 1951.
“É o estudo da distribuição e dos determinantes
da freqüência de doenças no homem.”
MACMAHON E PUGH, 1970.
“É o estudo da distribuição e dos determinantes
da saúde em populações humanas.” - SUSSER,
1973.
“Campo da ciência que trata dos vários fatores e
condições que determinam a ocorrência e a
distribuição
de
saúde,
doença,
defeito,
incapacidade e morte entre os grupos de
indivíduos.” - LEAVELL, 1976.
“Ramo das ciências da saúde que estuda, na
população, a ocorrência, a distribuição e os
fatores determinantes dos eventos relacionados
com saúde.” - PEREIRA, 1995.

“ O estudo dos fatores que determinam a
frequência e a distribuição das doenças nas
coletividades
humanas.”
(Associação
Internacional de Epidemiologia)
EPIDEMIOLOGIA
“Ciência que estuda o processo saúde-doença na sociedade,
analisando a distribuição populacional e os fatores
determinantes do risco de doenças, agravos e eventos
associados à saúde, propondo medidas específicas de
prevenção, controle ou a erradicação de enfermidades, danos
ou problemas de saúde e de proteção, promoção ou
recuperação da saúde individual e coletiva, produzindo
informação e conhecimento para apoiar a tomada de decisão
no planejamento, na administração e na avaliação de sistema,
programas, serviços e ações de saúde” (ROUQUAROL E
ALMEIDA FILHO, 2002).
CONCEITO GERAL DA EPIDEMIOLOGIA
É a ciência que estuda o processo saúdedoença em coletividades humanas, analisando a
distribuição e os fatores determinantes das
enfermidades, danos a saúde e eventos associados
à saúde coletiva, propondo medidas específicas de
prevenção, controle ou erradicação de doenças, e
fornecendo indicadores que sirvam de suporte ao
planejamento, administração e avaliação das ações
de saúde.
Princípio básico:
Os agravos à saúde não ocorrem ao acaso na
população.
Alicerces:
Clínica, estatística e ciências sociais.
“Todo agravo à saúde tem a sua
epidemiologia”
Quais são os novos rumos da Epidemiologia?
ÁREAS TEMÁTICAS
DA
EPIDEMIOLOGIA
1. Doenças
carenciais
- alvos da
evidentes
infecciosas
epidemiologia
e

enfermidades
epidemias
bem
- vigilância contínua, busca de agentes etiológicos
- investigação de outras doenças 
nutricionais
doenças
2. Doenças crônico-degenerativas e outros danos
à saúde
-  da mortalidade por doenças infecciosas e
carenciais, envelhecimento da população e
mudança no perfil de morbidade da população 
ampliação do campo de estudo da epidemiologia
- ausência de fator etiológico único
- estudo das condições presentes anteriormente
ao aparecimento do evento  fator de risco
3. Os serviços de saúde
- assistência aos doentes e práticas preventivas
 fator interveniente na ocorrência e distribuição
de doenças
- estudos epidemiológicos  conhecer a situação,
identificando problemas e investigando suas
causas, e propondo soluções.
EVOLUÇÃO DO ESTUDO EPIDEMIOLÓGICO

Doenças infecciosas e enfermidades carenciais;

Doenças crônico-degenerativas;

Acidentes; envenenamentos; hábito de fumar, peso ao
nascer, fadiga profissional, violência urbana, consumo de
drogas...

Serviços de Saúde.
Outras subdivisões
-epidemiologia social;
-epidemiologia clínica;
-epidemiologia nutricional;
-epidemiologia farmacológica;
-epidemiologia molecular;
-epidemiologia comportamental;
-etc.
Trabalhos Apresentados no I Congresso Brasileiro de
Epidemiologia. Campinas, 1990.
Saúde ambiental
Nutrição
8
9
Epidemiologia social
14
Saúde mental
Temas
15
22
27
Doenças crônicas não
transmissíveis
Saúde do trabalhador
47
49
Saúde da mulher e da criança
103
92
Serviços de saúde
0
50
100
No. Trabalhos
150
Doenças transmissíveis
Outros
Trabalhos Apresentados no VI Congresso Brasileiro de
Epidemiologia. Recife, 2003.
Saúde da pessoa com deficiência
19
68
Farmacoepidemiologia
70
Saúde ment al
96
Saúde do idoso
Temas
127
137
Epidemiologia e saúde ambient al
140
Saúde da mulher
180
Saúde bucal
193
Saúde do t rabalhador
260
261
Saúde, aliment ação e nut rição
365
Doenças crônicas não t ransmissíveis
524
1106
Saúde da criança e do adolescent e
Av. polít icas, programas e s.saúde
0
500
1000
No. Trabalhos
1500
Doenças infecciosas e parasit árias
Out ros
APLICAÇÕES
DA
EPIDEMIOLOGIA
No sec. XX houve a consolidação da
epidemiologia como disciplina de objetivos e
metodologia bem definidos.
Escolas como John Hopkins School (EUA) e
London School (Inglaterra) passaram a contar
com o ensino desta disciplina, cujos horizontes
foram se alargando.
O objetivo geral da epidemiologia é o de
contribuir para a redução dos problemas de
saúde na população.
-descrever as condições de saúde da população;
-investigar os fatores determinantes da situação
de saúde;
-avaliar o impacto das ações para alterar a
situação de saúde.
OBJETIVOS- EPIDEMIOLOGIA

Descrever a distribuição e magnitude dos problemas de
saúde nas populações humanas;

Proporcionar dados essenciais para o planejamento,
execução e avaliação das ações de prevenção, controle e
tratamento das doenças, bem como para estabelecer
prioridades;

Identificar
fatores
etiológicos
na
gênese
das
enfermidades (Desde estudos de eficiência e efetividade
de programas e serviços de saúde até estudos clínicos
de eficácia de processos diagnósticos e terapêuticos,
preventivos e curativos, individuais e coletivos.)
EPIDEMIOLOGIA
ANALISA OS
FATORES QUE
DETERMINAM
ENFERMIDADES E
OUTROS
AGRAVOS
PROPÕE MEDIDAS
DE PREVENÇÃO,
CONTROLE, ELIMINAÇÃO E ERRADICAÇÃO
FORNECE INDICADORES PARA O
PLANEJAMENTO E
AVALIAÇÃO DAS
AÇÕES DE
SAÚDE
IMPORTANTES
ASPECTOS DA
PRÁTICA
EPIDEMIOLÓGICA
-correta seleção da população do estudo;
-apropriada aferição dos eventos e adequada
expressão dos resultados;
-controle de variáveis confundidoras;
-critérios de inclusão e exclusão.
Exs: Estudo dos Serviços de saúde


Assistência ao doente
Práticas preventivas
Distribuição e ocorrência
de doenças.
Exs:
- Cobertura populacional;
- Qualidade do atendimento;
- Identificar problemas, investigar causas.
Exs. de associações estudadas pela epidemiologia:

Leucemia na infância X exposição aos raios X durante a
gestação;

Trombose venosa X contraceptivos orais;

Tabagismo X câncer de pulmão;

Cegueira X hipovitaminose;

Mortalidade Infantil X classe social.
Epidemiologia - saber científico sobre a saúde humana,
seus determinantes e suas conseqüências
1 - Investigação epidemiológica - possibilita o avanço do
conhecimento
sobre
os determinantes do
processo
saúde/doença.
2 - Desenvolve tecnologias efetivas para a descrição e a
análise das situações de saúde, fornecendo subsídios para o
planejamento e a organização das ações de saúde.
3 - Metodologia epidemiológica pode ser empregada na
avaliação de programas, atividades e procedimentos
preventivos e terapêuticos, tanto no que se refere a sistemas
de prestação de serviços quanto ao impacto das medidas de
saúde na população.
Esta definição pode ser desdobrada nos
seguintes aspectos complementares:
A - estuda estados particulares de ausência de saúde
sob forma de doenças infecciosas (sarampo, malária,
meningite
etc.),
não
infecciosas
(diabetes,
cardiopatias, depressões etc.) e agravos à integridade
física (acidentes, homicídios, suicídios etc.)
B - o objeto da epidemiologia são as relações de
ocorrência de saúde-doença em massa, envolvendo
um número expressivo de seres humanos, agregados
em sociedades, coletividades, comunidades, grupos
demográficos, classes sociais ou outros coletivos
humanos.
C - a questão metodológica de como, do ponto de vista
epidemiológico, se pode identificar casos de doença ou
danos à saúde.
D - a distribuição (variabilidade) na freqüência de
doenças de ocorrência em massa, em função de
variáveis ambientais e populacionais ligadas a
referenciais de tempo e espaço.
E - a análise de determinação envolve a aplicação do
método epidemiológico ao estudo de associações entre
um ou mais fatores suspeitos como causais e um
determinado estado de saúde-doença.
F - para cumprir seu papel de fonte de informação e
conhecimento para subsidiar o planejamento, a gestão
e a avaliação de políticas, programas e ações de
proteção, promoção ou recuperação da saúde.
A EPIDEMIOLOGIA REVOLUCIONOU A
ABORDAGEM MÉDICA DA DOENÇA. LONGO
CAMINHO PERCORRIDO, DESDE QUE
HIPÓCRATES FORMULOU SUAS IDÉIAS
SOBRE ARES E ÁGUAS. TUDO INDICA QUE
ESSE CAMINHO AINDA LEVARÁ A MUITAS E
IMPORTANTES DESCOBERTAS...
REFERÊNCIAS

MEDRONHO, R. A. Epidemiologia. São Paulo: Atheneu, 2004.

ROUQUAYROL, M. Z. Epidemiologia e saúde. 6.ed. Medsi: São
Paulo, 2003.

ROUQUAYROL, M. Z. & ALMEIDA FILHO, N. de. Introdução à
Epidemiologia. 4 ed. Medsi: São Paulo, 2006.

PEREIRA, M. G. Epidemiologia teoria e prática. Rio de Janeiro:
Guanabara Koogan, 2000.
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0000079_Aula 1 Epidemiologia