i
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CENTRO-OESTE, UNICENTRO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM AGRONOMIA – PPGA
MESTRADO
INOCULAÇÃO COM Azospirillum brasilense ASSOCIADA
À REDUÇÃO NA ADUBAÇÃO NITROGENADA DE
COBERTURA EM CULTIVARES DE TRIGO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
JERÔNIMO GADENS DO ROSÁRIO
GUARAPUAVA-PR
2013
ii
JERÔNIMO GADENS DO ROSÁRIO
INOCULAÇÃO COM Azospirillum brasilense ASSOCIADA À REDUÇÃO NA
ADUBAÇÃO NITROGENADA DE COBERTURA EM CULTIVARES DE TRIGO
Dissertação apresentada à Universidade
Estadual do Centro-Oeste, Programa de PósGraduação em Agronomia, área de
concentração em Produção Vegetal, para
obtenção do título de Mestre.
Prof. Dr. Marcelo Cruz Mendes
Orientador
Prof. Dr. Marcos Ventura Faria
Co-orientador
GUARAPUAVA-PR
2013
iii
Catalogação na Publicação
Biblioteca UNICENTRO, Campus CEDETEG
R822i
Rosário, Jerônimo Gadens do
Inoculação com Azospirillum brasilense associada à redução na adubação
nitrogenada de cobertura em cultivares de trigo / Jerônimo Gadens do Rosário. – –
Guarapuava, 2013.
xiv, 71 f. : il. ; 28 cm
Dissertação (mestrado) - Universidade Estadual do Centro-Oeste, Programa de
Pós-Graduação em Agronomia, área de concentração em Produção Vegetal, 2013
Orientador: Marcelo Cruz Mendes
Co-orientador: Marcos Ventura Faria
Banca examinadora: Claudemir Zucareli, Deoclécio Domingos Garbuglio,
Osmar Roberto Dalla Santa
Bibliografia
1. Agronomia. 2. Produção vegetal. 3. Rizobactérias. 4. Triticum aestivum. 5.
Nitrogênio. I. Título. II. Programa de Pós-Graduação em Agronomia.
CDD 633.11
iv
v
À minha família, aos meus pais Laertes e Zeza e aos meus irmãos Talita e Gustavo.
À minha namorada Juliana.
DEDICO
vi
AGRADECIMENTOS
A Deus, por me propiciar saúde e amparo em minha vida.
A Universidade Estadual do Centro-Oeste, UNICENTRO, pela infraestrutura
disponibilizada para o desenvolvimento do experimento, por proporcionar um estudo gratuito
e de qualidade.
Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo
suporte financeiro.
Ao professor Dr. Marcelo Cruz Mendes, pelos conhecimentos transmitidos, pela
orientação desse trabalho e por todos os conselhos dados.
Aos professores do Departamento de Agronomia, por todos os conhecimentos
transmitidos, principalmente Dr. Marcos Ventura Faria e Dr. Marcelo Marques Müller, pelos
ensinamentos, correções e sugestões nesse trabalho.
Aos alunos de graduação, Bruno, André, Diego, Carlos, Ana Laura, Jean, Isabella,
Jessica, Paulo Henrique, Jhonatan, Tatiane, Vitor e demais integrantes do “Grupo do Milho”,
fundamental apoio no trabalho de campo e laboratório.
A todos os colegas de mestrado e ao amigo Jony Cley pelo apoio.
À empresa MLCV – Grupo Santa Maria pela disponibilidade da área e de
equipamentos para o experimento.
À C. Vale Cooperativa Agroindustrial, Coamo Cooperativa Agroindustrial e FAPA Cooperativa Agrária pela disponibilidade de equipamentos para análises.
À Moageira Irati, pela disponibiliodade dos equipamentos do laboratório de análise de
farinha.
A todos os funcionários da UNICENTRO, que direta ou indiretamente contribuíram
para esta conquista, muito obrigado!
vii
SUMÁRIO
LISTA DE FIGURAS...…....………………………………………………………...
LISTA DE TABELAS...…………………………………………………………......
RESUMO……………………..……………………………………………………...
ABSTRACT …………………..……………………………………………………..
1. INTRODUÇÃO GERAL………………………………………………………...
2. OBJETIVOS…………………………………………………………………......
2.1. Geral………………………………………………………………………..........
2.2. Específicos………………………………………………………………............
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA……………………………………………………
3.1. Importância da produção de trigo………………………………………….........
3.2. Adubação nitrogenada na cultura do trigo…………………………………........
3.3. Fixação biológica de nitrogênio……………………………………………........
3.3.1. Fatores a serem considerados na inoculação………………………………......
3.3.2. Modo de ação da bactéria Azospitillum brasilense…………………................
3.4. Redução da adubação com N associado a fixação biológica de nitrogênio..........
3.5. Qualidade da Farinha de trigo……………………………………………….......
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………………
5. CAPÍTULO I – CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E AGRONÔMICAS
DE DUAS CULTIVARES DE TRIGO INOCULADAS COM Azospirillum
brasilense E SUBMETIDAS A DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO EM
DOIS LOCAIS.............................................................................................................
RESUMO……………………………………………………………….....................
ABSTRACT……………………………………………………………….................
5.1. INTRODUÇÃO…………………………………………………........................
5.2. MATERIAL E MÉTODOS……………………………………………………..
5.2.1. Caracterização das áreas experimentais………………………………….........
5.2.2. Delineamento e detalhes experimentais…………………………………….....
5.2.3. Características morfológicas e agronômicas avaliadas……………………......
5.2.4. Análises estatísticas………………………………………………………........
5.3. RESULTADOS E DISCUSSÕES……………………………………................
5.3.1. Caracteres Morfológicos……………………………………………………....
5.3.2. Características Agronômicas………………………………………………......
5.4. CONCLUSÕES……………………………………............................................
5.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………..........
6. CAPÍTULO II – QUALIDADE INDUSTRIAL DA FARINHA DE DUAS
CULTIVARES DE TRIGO INOCULADAS COM Azospirillum brasilense E
SUBMETIDAS A DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO EM DOIS
LOCAIS………………..………………..………………..………………..…….......
RESUMO………………………………………………………………………….....
ABSTRACT……………………………………………………………………….....
6.1. INTRODUÇÃO……………………………………............................................
6.2. MATERIAL E MÉTODOS……………………………………..........................
6.2.1. Caracterização das áreas experimentais………………………………….........
6.2.2. Delineamento e detalhes experimentais…………………………………….....
6.2.3. Características da qualidade da farinha avaliadas…………………………......
6.2.4. Análises estatísticas……………………………………....................................
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6.3. RESULTADOS E DISCUSSÕES……………………………………................
6.3.1. Testes de alveografia……………………………………..................................
6.3.2. Outros testes de qualidade de farinha …..…………………………………......
6.4. CONCLUSÕES………………………………………………………………....
6.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS……………………………………..........
CONSIDERAÇÕES FINAIS…………………………………………………...........
ANEXOS………………………………………………………………………….....
56
56
62
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70
71
i
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Dados de precipitação pluviométrica (mm), por decêndio, em Guarapuava PR, no período de 01/07/11 a 31/11/11. (Estação meteorológica Cedeteg e Fazenda Três
Capões)…………………………………………………………………………………….. 31
Figura 2 – Alveograma com indicação dos principais caracteres: P – pressão máxima e L
– abscissa média de ruptura……………………………………………………………….. 71
Figura 3 – Resultado obtido no farinograma da farinha obtida de uma das parcelas
experimentais………………………………………………………………......................... 71
ii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Resultado das análises de solos (0-20 cm) realizada nas áreas experimentais.. 30
Tabela 2– Discussão dos tratamentos com diferentes doses de nitrogênio em cobertura e
associação com Azospirillum brasilense em inoculação de sementes................................. 33
Tabela 3 – Resumo da análise de variância conjunta para número de perfilho (NP),
número de espigas (NE), grãos por espiga (GE) peso hectolitro (PH), peso de mil grãos
(P1000), e produtividade de grãos (PROD)......................................................................... 35
Tabela 4 – Médias das avaliações das características morfológicas associadas a doses de
nitrogênio (N) e uso de diferentes doses de Azospirillum brasilense (Azo) nas cultivares
de trigo BRS Tangará e Quartzo em dois locais de cultivo (diferentes culturas
antecessoras). Guarapuava, 2011......................................................................................... 37
Tabela 5 – Médias das avaliações das características agronômicas peso hectolitro (PH),
peso de mil grãos (P1000) e produtividade de grãos (PROD) associadas a doses de
nitrogênio (N) e uso de diferentes doses de Azospirillum brasilense (Azo) nas cultivares
de trigo BRS Tangará e Quartzo em dois locais de cultivo (diferentes culturas
antecessoras). Guarapuava, 2011.......................................................................................
40
Tabela 6 – Resumo da Anova dos caracteres relacionados à qualidade da farinha,
tenacidade (P), extensibilidade (L), relação tenacidade/extensibilidade (P/L), força de
glúten (W), glúten úmido (GU), número de queda (NQ) e absorção (ABS)....................... 56
Tabela 7 – Médias das avaliações da qualidade da farinha através do teste de alveografia
associadas a doses de nitrogênio (N) e uso de diferentes doses de Azospirillum
brasilense (Azo) nas cultivares de trigo BRS Tangará e Quartzo. Guarapuava, 2011......... 59
Tabela 8 - Força de glúten (W) das cultivares Tangará e Quartzo na Fazenda Três
Capões em resposta a combinação de doses de N em cobertura e inoculação com
Azospirillum brasilense........................................................................................................ 61
Tabela 9 – Médias das avaliações do teste de glúten úmido, número de queda e
absorção, associadas a a doses de nitrogênio (N) e uso de diferentes doses de
Azospirillum brasilense (Azo) nas cultivares de trigo BRS Tangará e Quartzo.
Guarapuava, 2013................................................................................................................ 64
iii
RESUMO
Jerônimo Gadens do Rosário. Inoculação com Azospirillum brasilense associada a redução
na adubação nitrogenada de cobertura em cultivares de trigo.
A pesquisa foi realizada durante a safra agrícola 2011 na região de Guarapuava-PR, visando
obter informações sobre o uso da bactéria Azospirillum brasilense na cultura do trigo,
inoculada nas sementes com e sem a redução da adubação nitrogenada de cobertura. Para isso
utilizou-se de duas cultivares (BRS Tangará e Quartzo), em dois locais de cultivo, Campo
Experimental do Cedeteg – Unicentro e Fazenda Três Capões da Empresa MLCV – Grupo
Santa Maria. Os objetivos do trabalho foram avaliar o efeito de diferentes tratamentos com A.
brasilense sobre as características morfológicas e agronômicas; determinar a associação dos
genótipos estudados; analisar a influência da redução da adubação nitrogenada, associada à
inoculação sobre a qualidade da farinha produzida. O delineamento experimental foi o de
blocos ao acaso, em esquema fatorial 7x2, sendo sete combinações de doses de N e de doses
de A. brasilense, duas cultivares e cinco repetições, totalizando 70 parcelas. Os tratamentos
foram 110 kg.ha-1 de N associado à 300 ml.ha-1, 100 ml.ha-1 e 0 ml.ha-1de A. brasillense; 55
kg.ha-1 de N associado à 300 ml.ha-1, 100 ml.ha-1 e 0 ml.ha-1de A. brasillense e um tratamento
com 0 kg.ha-1 de N e 0 ml.ha-1de A. brasillense. As características morfológicas, número de
perfilhos e espigas foram obtidas antes da colheita. Grãos por espiga e as as características
agronômicas, peso hectolitro, peso de mil grãos e produtividade de grãos foram obtidas após a
colheita. Para a realização das análises de qualidade de farinhas utilizou-se o laboratório de
qualidade de farinha pertencente à Moageira Irati, onde os testes foram número de queda,
glúten úmido, alveografia e farinografia (somente absorção). O local de cultivo influenciou os
caracteres morfológicos número de perfilhos e espigas por planta das cultivares de trigo
avaliadas e influenciou os resultados obtidos para as características agronômicas peso
hectolitro e peso de mil grãos, com e sem a redução da adubação nitrogenada em cobertura e
o uso de A. brasilense, este fator está associado à maior fertilidade do solo, cultura
antecessora, histórico de rotação de cultura e pluviosidade total da Fazenda Três Capões. A
escolha da cultivar influenciou as características morfológicas e agrônomicas avaliadas, sendo
a cultivar BRS Tangará superior para número de perfilhos e espiga e inferior para grãos por
espiga, peso hectolitro, peso de mil grãos e produtividade de grãos. O uso da bactéria A.
brasilense e a redução da adubação nitrogenada não acarretou em redução das características
iv
agronômicas avaliadas. A produtividade de grãos não foi afetada pela redução da adubação de
cobertura com nitrogênio quando utilizado A. brasilense, sendo a cultivar Quartzo, mais
responsiva ao uso da inoculação. Para qualidade de farinha, os resultados obtidos demonstram
que o local de cultivo influenciou os parâmetros avaliados o que demonstra o efeito de
melhores condições de fertilidade do solo, cultura antecessora e pluviosidades da Fazenda
Três Capões, porém não influenciaram com a mesma magnitude os parâmetros analizados.
Foi possível detectar o efeito da cultivar em todos os testes realizados de qualidade de farinha,
sendo a cultivar BRS Tangará a que apresentou os melhores resultados para todos os
parâmetros com excessão de extensibilidade (L) e número de queda, o que demostra a
importância do genótipo para a obtenção de determinado tipo de farinha. Houve interação do
local de cultivo com a cultivar avaliada e a sua associação à bactéria A. brasilense para os
parâmetros tenacidade (P), relação tenacidade/extensibilidade (P/L), força de glúten (W),
número de queda e absorção. Para os tratamentos isolados cabe destacar o efeito positivo da
inoculação com a bactéria A. brasilense observado para tenacidade (P) e relação
tenacidade/extensibilidade (P/L), principalmente para a cultivar BRS Tangará, sendo que para
os outros demais testes, a redução da adubação nitrogenada não acarretou perdas na qualidade
da farinha. A característica força de glúten, analisada na Fazenda Três Capões, foi
influenciada pela adubação de cobertura com nitrogênio, não recomendando a sua redução
para não comprometer este parâmetro.
Palavras-chave: rizobactérias, Triticum aestivum, nitrogênio.
v
ABSTRACT
Jerônimo Gadens do Rosário. Inoculation with Azospirillum brasilense associated with
reduction in nitrogen topdressing in wheat cultivars.
The survey was conducted during the 2011 growing season in the region of Guarapuava-PR,
aiming to obtain information about the use of the bacteria Azospirillum brasilense on wheat
croop, inoculated in the seeds, with and without the reduction of nitrogen topdressing. For this
it was experiment used two cultivars (BRS Tangara and Quartzo) in two cultivation sites, the
experimental field CEDETEG - UNICENTRO and Farm Três Capões Company MLCV Santa Maria Group. The aim of this paper was to evaluate the effect of different treatments
with A. brasilense on morphological and agronomic characteristics; determining the
association of genotypes studied; analyzing the effect of reduced nitrogen, associated with the
inoculation on the quality of the flour produced. The experimental design was a randomized
block design in a factorial 7x2, seven combinations of N and doses of A. brasilense, two
cultivars and five replications, totaling 70 plots. The treatments were 110 kg.ha-1 of N
associated with 300 ml.ha-1, 100 ml.ha-1 and 0 ml.ha-1 of A. brasillense, 55 kg.ha-1 of N
associated with 300 ml.ha-1, 100 ml.ha-1 and 0 ml.ha-1 of A. brasillense and treatment with 0
kg.ha-1 of N and 0 mL.ha-1 of A. brasillense. The morphological characteristics, number of
tillers and spikes were obtained before harvesting. Grains per spike and agronomic
characteristics, hectoliter weight, thousand grain weight and grain yield were obtained after
harvest. For the analyzes of quality of flour it was used the laboratory of flour quality
belonging to Moageira Irati, where the tests were falling number, wet gluten, farinograph and
alveography (absorption only). The cultivation local influenced the morphological number of
tillers and ears per plant of wheat cultivars evaluated and it has influenced the results obtained
for agronomic hectoliter weight and thousand grain weight, with and without the reduction of
nitrogen application and use of A. brasilense, this factor is associated with higher soil fertility,
previous crop, historic crop rotation and total rainfall of Farm Três Capões. The choice of
cultivar influenced the morphological and agronomic characteristics evaluated, BRS Tangara
being higher for number of tillers and spike and lower for grains per spike, hectolitre weight,
thousand grain weight and grain yield. The use of the bacterium A. brasilense and reduction
nitrogen fertilization did not result in reduction of agronomic characteristics evaluated. Grain
yield was not affected by the reduction of topdressing with nitrogen when used A. brasilense,
vi
and the cultivar Quartzo, more responsive to the use of inoculation. For quality flour, the
results obtained demonstrate that the local culture influenced the evaluated parameters which
shows the better effect of soil fertility, preceding crops and rainfall of Farm Três Capões,
however it did not influenced with the same magnitude the parameters analyzed. It was
possible to detect the effect of cultivar, in all tests quality flour, and BRS Tangara that showed
the best results for all parameters with the exception of extensibility (L) and falling number,
which demonstrates the importance of for genotype obtaining a particular type of flour. There
was an interaction of growing site with the evaluated cultivar and their association with the
bacterium A. brasilense to the parameters tenacity (P), relative tenacity/extensibility (P/L),
strength of gluten (W), falling number and absorption. For isolated treatments should be
highlighted the positive effect of inoculation with the bacterium A. brasilense it was observed
to tenacity (P) and relative tenacity/extensibility (P/L), especially for BRS Tangara, and in the
other remaining tests, the reduction of nitrogen fertilization did not cause losses in quality of
flour. The characteristic strength of gluten, analyzed in Farm Três Capões, was influenced by
topdressing with nitrogen, it is not recommended reduction to not compromise this parameter.
Key words: rhizobacteria, Triticum aestivum, nitrogen.
1
1. INTRODUÇÃO GERAL
O trigo é uma gramínea do gênero Triticum, com cerca de 30 tipos geneticamente
diferenciados. O T. aestivum é responsável por mais de 75% da produção mundial, por ser
adequado à panificação. É uma planta de ciclo anual, cultivada durante o inverno e a
primavera. O grão é consumido na forma de pão, massa alimentícia, bolo e biscoito. É usado
também como ração animal, quando não atinge a qualidade exigida para consumo humano
(EMBRAPA, 2009).
O trigo é altamente exigente em nitrogênio, o qual constitui o macroelemento mais
limitante na produtividade da cultura, pois determina o número de afilhos ou perfilhos sendo
essencial na fase de formação dos nós no início do alongamento. Porém, pesquisas realizadas
com a cultura, para este nutriente, permitiram evidenciar que as plantas de trigo conseguem
utilizar apenas 50% do fertilizante nitrogenado aplicado, pois metade é perdido via lixiviação
e desnitrificação (DOBBELAERE e CROONENBORGHS, 2002).
A importância do nitrogênio para as culturas é de conhecimento há muitos anos,
sobretudo para as gramíneas. Apesar de extremamente abundante na atmosfera, na forma de
gás, este nutriente é frequentemente limitante ao crescimento das plantas. O elemento
nitrogênio (N) apresenta interações complexas entre o ar, solo, planta e micro-organismos.
Tais interações dizem respeito à forma com que as plantas o absorvem, que ocorre nas formas
sólidas NO2, NO3 e NH4, sendo estas influenciadas pela fixação biológica, mineralização e
nitrificação. Além disso, existem perdas deste nutriente do sistema solo pela lixiviação e
desnitrificação, onde muitas vezes ocorre a contaminação do ambiente. Além disso, cabe
destacar também a complexidade deste elemento no que diz respeito a sua aplicação, na qual
também ocorre perda pela volatilização.
Ao observar o consumo de fertilizantes nitrogenados, estima-se que 60 % são
utilizados em gramíneas, especialmente nas culturas do trigo, milho e arroz. Além disso, a
complexidade de adubação nitrogenada é freqüentemente associada ao manejo inadequado e à
poluição ambiental (LADHA et al., 2005). O uso inadequado de fertilizantes possibilita o
escoamento da água superficial em direção aos mananciais, promovendo eutrofização e
contaminando as águas subterrâneas (POTAFÓS, 1998; SAINJU et al., 1999).
Outro importante fator relacionado à adubação nitrogenada esta relacionado ao seu
alto custo, isto ocorre pela necessidade de fixar industrialmente o N2 atmosférico, o que
necessita de alta pressão e alta temperatura para sua obtenção.
2
Desta maneira, a fixação biológica que disponibiliza NH3 ou aminoácidos para as
plantas a partir do N2 atmosférico constitui uma importante ferramenta para suprir a
necessidade total ou parcial de nitrogênio. Neste sentido, estudos com leguminosas já vem
sendo desenvolvidos desde o início do século XX, o que possibilitou um avanço grande na
pratica de inoculação de sementes com bactérias simbióticas. Contudo, pesquisas em
gramíneas são mais recentes onde se têm obtido resultados positivos com a adoção de
inoculação com bactérias diazotróficas, embora existam relatos de resultados negativos.
Outra questão importante, no que diz respeito à fixação biológica de nitrogênio em
gramíneas, são as diferentes bactérias, com diferentes mecanismos de fixação, na grande
maioria de vida livre. Possuem especificidade entre espécie da bactéria e da planta, além de
serem fortemente afetadas pelo ambiente (disponibilidade de nitrogênio, oxigênio e outros
micro-organismos). Entre as bactérias estudadas, destaca-se o Azospirillum brasilense pelos
resultados positivos alcançados com sua associação às gramíneas, tais como o milho, o arroz e
o trigo. Esta bactéria apresenta outros mecanismos que influenciam no desenvolvimento da
planta, além da fixação biológica, tais como um maior desenvolvimento radicular proveniente
da produção de hormônios pela planta.
A extensão da fixação biológica de nitrogênio às gramíneas representa um dos maiores
desafios da pesquisa em biologia do solo. (DÖBEREINER, 1992). O gênero Azospirillum tem
despertado grande interesse por parte de pesquisadores, sendo o Azospirillum brasilense a
principal bactéria estudada deste gênero, que foi descoberto no início dos anos 70 por Johanna
Döbereiner e pesquisadores da Embrapa Agrobiologia. O Azospirillum brasilense é
encontrado no interior dos tecidos vegetais e naturalmente associado às raízes, sendo essa
bactéria material de estudo no Brasil e no exterior como inoculante para culturas, em especial
para as gramíneas. (OKON e LABANDERA-GONZALES, 1994).
Estima-se que a utilização da inoculação por parte dos produtores, com base nas
bactérias diazotróficas, poderão gerar uma economia de 1,2 bilhões de doláres por ano,
considerando apenas a substituição parcial (50%) no N-fertilizante para a cultura do milho e
trigo no Brasil (HUNGRIA et al., 2010).
O conceito de qualidade do trigo é diferentemente abordado nos diferentes elos de sua
cadeia. Para o produtor rural, o trigo de qualidade é o que possui boas características
agronômicas (resistência a doenças e pragas, potencial produtivo, alto peso hectolitro). Para
os moinhos, a qualidade é medida pela uniformidade do tamanho e forma da matéria-prima,
alto peso específico, alto rendimento em farinhas e baixos teores de cinza. Já o panificador
3
busca adquirir uma farinha de boa qualidade, com alta capacidade de absorção de água, boa
tolerância ao amassamento e alta porcentagem de proteína (ROSSI e NEVES, 2004).
Dessa maneira, observa-se a importância de trabalhos que busquem o uso da fixação
biológica de nitrogênio em conjunto com uma redução da adubação nitrogenada, de modo a
não prejudicar os caracteres relacionados à qualidade da farinha ou até mesmo a proporcionar
melhorias nesses caracteres. Nesse sentido, o trabalho buscou avaliar o desempenho de duas
cultivares de trigo tratadas com duas doses de Azospirillum brasilense frente a diferentes
doses de nitrogênio em dois locais de cultivo, os quais apresentavam duas diferentes culturas
antecessoras. Avaliou-se esses efeitos sobre as características morfológicas (número de
perfilhos, número de espigas e grãos por espiga), características agronômicas (peso hectolitro,
peso de mil grãos e produtividade de grãos) e sobre a qualidade da farinha produzida
(tenacidade, extensibilidade, relação tenacidade/extensibilidade, força de glúten, glúten
úmido, número de queda e absorção).
Atualmente existem produtos já registrados para diversas gramíneas, inclusive para o
trigo. Porém, ainda existem poucos trabalhos com estes produtos, o que evidencia a
importância de novas pesquisas que abordem diferentes gramíneas, locais, cultivares e suas
interações.
Assim fica evidente a importância de pesquisas que possibilitem a redução da
adubação nitrogenada, sem prejudicar o rendimento da cultura, pelo uso da inoculação destas
bactérias em espécies de plantas importantes para o consumo, tais como o trigo.
4
2. OBJETIVOS
2.1.
Geral
Avaliar o desempenho de duas cultivares de trigo tratadas com doses de Azospirillum
brasilense frente a diferentes doses de nitrogênio em dois locais de cultivo.
2.2.
Específicos
• Avaliar o efeito de diferentes tratamentos com A. brasilense sobre as
características morfológicas e agronômicas do trigo em diferentes locais de cultivo;
• Determinar a associação dos genótipos estudados, com e sem a redução da
adubação nitrogenada, frente a inoculação de sementes com A. brasilense;
• Analisar a influência da redução da adubação nitrogenada em cobertura, associada
à inoculação de semente com e sem A. brasilense sobre a qualidade da farinha produzida.
5
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
3.1. Importância da produção de trigo
O trigo é uma gramínea do gênero Triticum, com cerca de 30 tipos geneticamente
diferenciados, entre os quais apenas três são produzidos comercialmente: o T. aestivum, o T.
turgidum durum e o T. compactum. O T. aestivum é responsável por mais de 75% da
produção mundial, por ser adequado à panificação. É uma planta de ciclo anual, cultivada
durante o inverno e a primavera. O grão é consumido na forma de pão, massa alimentícia,
bolo e biscoito. É usado também como ração animal, quando não atinge a qualidade exigida
para consumo humano (EMBRAPA, 2009).
Esta espécie fornece cerca de 20% das calorias provenientes dos alimentos
consumidos pelo homem. Porém, sua grande importância é possuir um tipo de proteína com
certa elasticidade, chamada glúten, não encontrada em outros grãos. O glúten representa um
conjunto de proteínas insolúveis, responsável pelo crescimento da massa quando a farinha de
trigo é misturada à água (SILVA et al., 1996).
A importância do trigo no sistema de produção agrícola está relacionado a opção de
espécie a ser utilizada no inverno em rotação de culturas, o que possibilita a manutenção de
palhada e favorece o plantio direto (REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE
PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE, 2012)
No Brasil, a produção anual de trigo oscila entre 5 e 6 milhões de toneladas. É
cultivado nas regiões Sul (RS, SC e PR), que concentra 90% da produção, Sudeste (MG e SP)
e Centro-Oeste (MS, GO e DF). O consumo anual no país tem se mantido em torno de 10
milhões de toneladas. O conjunto de produtores de trigo no Brasil é de aproximadamente 64
mil propriedades e estima-se que envolve 1,1 milhão de empregos diretos considerando o
segmento agroindustrial de trigo (EMBRAPA, 2009).
Além disso, os fatores elencados pela REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE
PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE (2012) como principais fatores tecnológicos que
podem otimizar o rendimento agronômico e econômico da cultura do trigo na região sul do
Brasil são o manejo conservacionista do solo; calagem, adubação e inoculação de sementes;
as cultivares e épocas de semeadura; a densidade, espaçamento e profundidade de semeadura;
o uso de redutor de crescimento; o controle de plantas daninhas; o controle de doenças e
pragas; e a Colheita e pós-colheita.
6
3.2. Adubação nitrogenada na cultura do trigo
O trigo é altamente exigente em nitrogênio, o qual constitui o macroelemento mais
limitante na produtividade da cultura, pois determina o número de afilhos ou perfilhos sendo
essencial na fase de formação dos nós no início do alongamento. Porém, pesquisas realizadas
com a cultura, para este nutriente, permitiram evidenciar que as plantas de trigo conseguem
utilizar apenas 50% do fertilizante nitrogenado aplicado, pois metade é perdido via lixiviação
e desnitrificação (DOBBELAERE e CROONENBORGHS, 2002). Para o período
compreendido entre a fase de emergência das plântulas até à diferenciação do primórdio
floral, a falta de N reduz o número de espigas por área, a formação de espiguetas por espiga e
a massa de 1000 grãos de trigo. É sabido que para cada tonelada de grãos de trigo colhida, são
exportados em torno de 25 kg de N (SOUSA e LOBATO, 2004).
A adubação nitrogenada deve ser aplicada em duas épocas, uma na semeadura e outra
em cobertura na fase de perfilhamento do trigo. A recomendação de adubação considera,
como fator preponderante, as culturas antecedentes, se leguminosas ou gramíneas
(EMBRAPA, 2009). A recomendação para o trigo no Paraná, quando a cultura anterior for
soja, varia de 10 a 30 kg.ha-1 de N aplicado na semeadura e 30 a 60 kg.ha-1 de N aplicado em
cobertura. Quando a cultura anterior for o milho, varia de 25 a 30 kg.ha-1 de N aplicado na
semeadura e 30 a 90 kg.ha-1 de N aplicado em cobertura (REUNIÃO DA COMISSÃO
BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE, 2012).
Bredemeier e Mundstock (2001) destacam que o nitrogênio deve ser disponibilizado
às plantas de trigo preferencialmente entre a emergência e a emissão da sétima folha do colmo
principal. No início deste período, há forte exigência de N para estabelecer o número de
espiguetas diferenciadas e, em consequência, o número de grãos por espiga. Na época da
emissão da sétima folha, o suprimento de nitrogênio é crítico para determinar o número de
colmos que sobrevivem e produzem espigas.
No que diz respeito à dose de nitrogênio, trabalhos relatam diferentes dosagens ótimas,
o que é atribuído, principalmente, à cultura anterior, teor de matéria orgânica do solo,
condições climáticas, cultivar, dentre outros. Freitas et al. (1994), trabalhando com diferentes
genótipos de trigo frente a respostas a adubação nitrogenada, verificaram que alguns
cultivares responderam para produção de grãos à aplicação das doses de 60 à 120 kg.ha-1 de
N. Contudo, vale ressaltar que a melhor resposta para as cultivares estudadas foram obtidas na
dosagem de 60 kg.ha-1 de N. Em uma outra pesquisa, Berti et al. (2007), verificaram que
7
doses de 50 kg.ha-1 de nitrogênio foram suficientes para suprir as exigências nutricionais na
cultura do trigo. Na região sul do Paraná o maior rendimento de grãos foi obtido utilizando a
dosagem de nitrogênio de 180 kg.ha-1; os autores utilizaram genótipos de elevado potencial
produtivo, embora que, a partir de certas doses, variável de acordo com o genótipo, o
incremento em produtividade não foi economicamente viável (PINNOW et al., 2009).
Porém, cabe destacar algumas particularidades do N, o qual é predominantemente
encontrado no solo na forma orgânica e apenas uma pequena parcela é encontrada na forma
inorgânica. As formas de N no solo disponíveis para absorção pelas plantas são a amônio
(NH4+) e o nitrato (NO3-), também chamadas de N mineral. Em solos com boa aeração e pH
não muito baixo, o amônio é rapidamente convertido em nitrato, o qual representa a principal
fonte para as plantas nessas condições (RAIJ, 1981). Dentre as fontes de nitrogênio utilizadas
na cultura do trigo, a uréia – (NH2)2CO – é o fertilizante de maior produção e consumo no
Brasil (CAMPOS et al., 1999).
Ao observar o consumo de fertilizantes nitrogenados, estima-se que 60 % são
utilizados em gramíneas, especialmente nas culturas do trigo, milho e arroz. Além disso, a
complexidade de adubação nitrogenada é freqüentemente associada ao manejo inadequado e à
poluição ambiental (LADHA et al., 2005). O uso inadequado de fertilizantes nitrogenados na
maioria das vezes excede os requerimentos das culturas, em função das limitadas práticas de
manejo de solo e das culturas, o que possibilita o escoamento da água superficial em direção
aos mananciais, promovendo eutrofização e contaminando as águas subterrâneas (POTAFÓS,
1998; SAINJU et al., 1999).
3.3. Fixação biológica de nitrogênio
A microbiota do solo oferece inúmeras alternativas para o desenvolvimento de novas
biotecnologias, que visam substituir sistemas agrícolas tradicionais baseados no crescente uso
de fertilizantes químicos e agrotóxicos. Devido ao alto custo dos fertilizantes nitrogenados
(70% dos custos dos fertilizantes), a fixação biológica de nitrogênio, que permite o uso pelas
plantas do N2 molecular da atmosfera, é o processo mais estudado na biologia do solo. A
agricultura tropical não só é sujeita à erosão e, portanto, menos apropriada para agrossistemas
baseados em uso intensivo de fertilizantes; ela ainda oferece umidade e temperaturas ótimas
durante todo o ano para a atividade microbiológica (DÖBEREINER, 1989).
8
Entre os micro-organismos simbióticos que fixam nitrogênio associados com raízes de
plantas, podem ser citados os do gênero Rhizobioum (que coloniza nódulos de raízes de
leguminosas), do gênero Frankia (presente nos nódulos de raízes de não leguminosas) e a
espécie Azotobacter paspali (na gramínea Paspalum notatum) (SELDIN, 1982). Além destes,
Radwan et al. (2004) destacam as espécies do gênero Azospirillum.
As leguminosas possuem o mecanismo simbiótico mais sofisticado e eficiente entre as
associações de plantas superiores com bactérias fixadoras de N2. O sucesso da soja no Brasil
se deve a um programa de melhoramento direcionado à obtenção de cultivares com alta
produção sem adubação nitrogenada, e ao desenvolvimento em paralelo de inoculantes
contendo rizóbios adaptados às condições e solos brasileiros (DÖBEREINER, 1989).
No Brasil, os estudos sobre a fixação biológica de nitrogênio em leguminosas
iniciaram-se em 1950. Estima-se que a adoção dessa tecnologia gere uma economia de 3
bilhões de dólares a cada safra no Brasil. A fixação biológica do nitrogênio é um processo de
quebra do gás N2 por meio de um complexo enzimático, denominado nitrogenase
(DÖBEREINER, 1992; HUNGRIA et al., 1997).
A extensão da FBN às gramíneas representa um dos maiores desafios da pesquisa em
biologia do solo. As gramíneas não formam nódulos com bactérias fixadoras de N2 como as
leguminosas. O estudo de bactérias fixadoras de N associadas com gramíneas é novo, como
exemplo a fixação de N em Paspalum notatum foi determinada em 1977 e estimada em 40
kg/ha/ano, suficiente para manter essa espécie o ano inteiro sem adição de fertilizantes
nitrogenados (DÖBEREINER, 1992).
Döbereiner (1989) destaca que das dez espécies de bactérias fixadoras de N2
descobertas, que vivem numa associação menos perfeita nas raízes das gramíneas, sete delas
foram no Brasil. Estas bactérias são microaeróbias quando dependentes da FBN, isto é,
somente fixam N2 quando não há acúmulo de oxigênio em torno delas. A chave para o
descobrimento deste grupo novo de bactérias foi o uso de meios de cultura semi-sólidos onde,
atraídas pela quimotactia, as bactérias se movem para a região no meio onde a taxa de difusão
de O2 é menor ou igual à taxa de respiração das bactérias.
Radwan et al. (2004) destacam que durante a última década, várias bactérias capazes
de reduzir N2 foram descritas, sendo o gênero Azospirillum o mais estudado, com destaque
para A. brasilense e o A. lipoferum. Além disso, algumas espécies foram descritas como
endófitas porque não são capazes de sobreviver por longos períodos no solo, com destaque
para o Herbaspirillum seropedicae (BALDANI et al., 1986a), posteriormente o
9
Herbaspirillum rubrisubalbicans (BALDANI et al., 1996), Herbaspirillum frisingense
(KIRCHHOF et al., 2001) e a última descrição o Herbaspirillum lusitanum (VALVERDE et
al., 2003).
Nesse sentido, o gênero Azospirillum tem despertado grande interesse por parte de
pesquisadores, sendo o Azospirillum brasilense a principal bactéria estudada deste gênero, que
foi descoberto no início dos anos 70 por Johanna Döbereiner e pesquisadores da Embrapa
Agrobiologia. O Azospirillum brasilense é encontrado no interior dos tecidos vegetais e
naturalmente associado às raízes, sendo essa bactéria material de estudo no Brasil e no
exterior como inoculante para culturas, em especial para as gramíneas. Os resultados de mais
de trinta anos de pesquisa demonstraram que a inoculação com tal bactéria tem uma taxa de
sucesso entre 60 e 70%, com aumentos significativos na produtividade de grãos entre 5 e 30%
(OKON e LABANDERA-GONZALES, 1994).
As bactérias do gênero Azospirillum, em regiões tropicais e subtropicais, ocorrem em
números entre 103 a 106 por grama de solo, e em números ainda maiores na superfície de
raízes de cereais e gramíneas forrageiras (DÖBEREINER et al., 1990). Esse aumento é mais
pronunciado dentro das raízes e ocorre junto com o pico de fixação de nitrogênio. Dentro das
raízes, a bactéria fica protegida de fatores negativos do solo, como o excesso de O2, a
competição com outros organismos, a acidez do solo e a deficiência de fósforo. Esta interação
constitui um estágio intermediário entre a associação de A. paspali, que vive na superfície de
raízes, e a simbiose das leguminosas com o rizóbio, onde ocorrem modificações anatômicas e
fisiológicas dos tecidos do hospedeiro, em resposta à presença da bactéria e perfeita
integração funcional entre os dois organismos (DÖBEREINER e PEDROSA, 1987).
Vários autores obtiveram resultados positivos com bactérias do gênero Azospirillum.
Estas promoveram o crescimento e o acúmulo de N em plantas de trigo (SALA et al., 2005),
trouxeram benefícios na manutenção dos afilhos férteis, maior extração de N e acúmulo nos
grãos (JEZEWSKI et al., 2010), aumento de produção (SALA et al., 2007), translocação mais
eficiente do N para os grãos, grãos mais pesados e mais cheios, melhor realocamento do N
presente na biomassa para os grãos (DIDONET et al. ,2000) e maior desenvolvimento
radicular (SILVA et al., 2004). Contudo, outros autores não encontraram diferença entre
tratamentos com e sem a inoculação (CAMPOS et al., 1999).
Mendes et al. (2011) observaram a eficiência agronômica no uso da bactéria
Azospirillum brasilense, quando aplicada via tratamento de sementes, para a cultura do trigo,
cultivar Quartzo, cultura antecessora milho em Guarapuava-PR. O peso hectolitro foi
10
influenciado positivamente pelo uso de Azospirillum brasilense, independentemente da dose
utilizada. Estes autores observaram aumento na produtividade de grãos de trigo quando
associado ao u so de Azospirillum brasilense, com e sem a redução na adubação de cobertura
com nitrogênio.
3.3.1 Fatores a serem considerados na inoculação
Existe diferença entre genótipos de gramíneas em relação à FBN, o que demonstra um
grande potencial para a sua melhor exploração através de melhoramento vegetal
(DÖBEREINER, 1989). Em muitos casos, a ausência de resposta à inoculação de bactérias
diazotróficas em gramíneas tem sido atribuída ao uso de linhagens inadequadas.
Reis et al. (2000), destacam que há consenso de que o genótipo da planta é o fatorchave para obtenção dos benefícios oriundos da fixação biológica do N2, aliado à seleção de
estirpes eficientes. Nesse mesmo sentido, Döbereiner e Pedrosa (1987) destacam o
estabelecimento de estirpes selecionadas sob condições de campo como fator importante a ser
considerado na inoculação de sementes, tanto de leguminosas quanto de gramíneas, devido a
competição, em regiões tropicais, com bactérias diazotróficas nativas e com a microflora geral
do solo, sendo necessário estirpes que consigam competir satisfatoriamente e estabelecer-se
tanto na rizosfera quanto no interior das raízes das plantas. Tal consideração é destacada por
Okon (1985), o qual descreve que, em Israel, onde os solos possuem baixa ou nenhuma
comunidade nativa de bactérias diazotróficas endofíticas, as respostas à inoculação são mais
consistentes e a recomendação de inoculação pode fazer parte do manejo da cultura.
No que diz respeito à inoculação de trigo por bactérias diazotróficas, existem muitos
relatos de respostas positivas e relatos em que não houve efeito da inoculação. Alguns autores
descrevem que esta inconsistência de resultados é principalmente atribuída a técnicas de
inoculação (BASHAN, 1986), ao genótipo da planta hospedeira (INIGUEZ et al., 2004), às
características
do
solo,
como
teor
de
matéria
orgânica
(DOBBELAERE
e
CROONENBORGHS, 2002), e a comunidade nativa de micro-organismos (BALDANI et al.,
1986b). Estudos demonstram que estirpes isoladas de uma espécie vegetal são mais aptas a se
restabelecer nas raízes, quando inoculadas na mesma espécie vegetal, sendo denominadas
estirpes homólogas (BALDANI e BALDANI, 2005).
Outro importante fator diz respeito à interação entre o manejo do solo e da cobertura
vegetal com as variações climáticas durante as diferentes épocas do ano, principalmente em
11
regiões subtropicais, onde as estações são bem definidas. Isso acarreta uma flutuação sazonal
no
desenvolvimento microbiano, a qual é maior nas camadas superiores do solo, onde
existem as maiores oscilações na umidade e temperatura (CATELLAN e VIDOR, 1990).
Nesse mesmo sentido, Jain et al. (1987), encontraram crescimento máximo da bactéria
Azospirillum brasilense em temperaturas de 30º C. Pittner et al. (2007), comparando um
campo nativo à um campo cultivado com milho, observaram que as concentrações médias de
A. brasilense não diferiram estatisticamente, e que somente foi maior no período de
desenvolvimento da cultura. Este aumento foi atribuído à elevação da temperatura, fator este
que eleva
a atividade metabólica e, conseqüentemente, a
multiplicação
dos
micro-
organismos, além de que neste período as médias de pH ficaram acima de 6,5, favorecendo
também a multiplicação da bactéria.
Na cultura do trigo, estudos destacam algumas especificidades quanto à época de
absorção de nitrogênio e a influência da inoculação. Didonet et al. (1996), destacam que
plantas infectadas tendem a absorver mais N após a antese, em comparação com plantas não
infectadas e adubadas com a mesma quantidade de N. Spiertz e De Vos (1983) ressaltam que
a absorção mais tardia de N pelas plantas de trigo somente incrementa o teor de proteínas nos
grãos e raramente promove aumento de rendimento. Em geral, o aumento da absorção de
minerais e de água em trigo, e em outros cereais infectados com Azospirillum, tem sido
creditado ao efeito hormonal da bactéria na promoção do crescimento radicular, onde o N
absorvido promove o afilhamento e maior percentual de sobrevivência de afilhos (LIN et al.,
1983; KAPULNIK et al., 1985; BASHAN e LEVANONY, 1990).
Em artigo de revisão, sobre 20 anos de inoculação de Azospirillum em experimentos
de campo, Bashan e Levanony (1990) recomendam a implantação de um inoculante
comercial, e concluem que é possível promover o aumento da produtividade em importantes
culturas agrícolas, em diferentes solos e regiões climáticas. Apesar de muitos anos de
pesquisa, onde 60 a 70% dos experimentos realizados obtiveram êxito (OKON e
LABANDERA-GONZALEZ, 1994). Ainda se observam respostas muito variáveis, o que
mostra a importância de novos experimentos de campo.
É possível encontrar na literatura inúmeros trabalhos que relatam diversas formas de
influencia positiva da bactéria Azospirillum brasilense sobre as gramíneas, embora existam
relatos de resultados negativos. Com o registro de produtos comerciais, fica evidente a
importância do desenvolvimento de novos experimentos a campo, principalmente onde existe
poucos trabalhos publicados. Tais trabalhos necessitam da utilização de mais de um genótipo
12
e testados em mais de um local , de modo a gerar resultados confiáveis para futuras
recomendações.
3.3.2 Modo de ação da bactéria Azospirillum brasilense
As bactérias da espécie Azospirillum brasilense auxiliam, por diversos mecanismos, na
nutrição nitrogenada das culturas. Dentre esses mecanismos, destacam-se a produção de
hormônios, que interferem no crescimento das plantas e podem alterar a morfologia das
raízes, possibilitando a exploração de maior volume de solo (BASHAN e HOGUIN, 1997;
ZAIED et al., 2003), o aumento do processo da redução assimilatória de nitrato disponível no
solo (BODDEY et al., 1986) e a fixação biológica do N2 (INIGUEZ et al., 2004). Entre esses
mecanismos, o aumento do sistema radicular, estimulado pela presença de bactérias, através
da produção de substâncias promotoras do crescimento radicular, pode resultar em maior
absorção de minerais e de água (OKON e LABANDERA-GONZALEZ, 1994).
O principal hormônio produzido por estirpes de Azospirillum é uma auxina, o ácido 3indolacético (AIA) (CROZIER et al., 1988), além de outros compostos indólicos. Também
produzem citoquininas (CACCIARI et al., 1989) e giberelinas (BOTTINI et al., 1989). Pelo
menos três vias biossintéticas foram descritas na produção de AIA em Azospirillum: duas
dependentes de triptofano, como a via indole-3-acetamida (IAM) e indole-3-piruvato (IpyA),
e uma outra independente de triptofano (DOBBELAERE et al., 1999; LAMBRECHT et al.,
2000). A enzima indole-3-piruvato descarboxilase, codificada pelo gene ipdC, é comum às
duas vias IpyA, e a via que independe de triptofano, cujo precursor ainda é desconhecido,
sendo possível que ambas tenham início em um intermediário comum, o IpyA
(LAMBRECHT et al., 2000). Novos resultados baseados na expressão de genes mostraram a
regulação do gene ipdC por AIA em A. brasilense (VANDE BROEK et al., 1999) e observouse que o promotor possui um elemento responsivo à auxina (AuxRE) similar ao promotor de
genes que induzem auxinas em plantas (LAMBRECHT et al., 2000). Há evidências de que os
micro-organismos podem selecionar uma via metabólica diferenciada, dependendo do
ambiente (PATTEN e GLICK, 1996).
Outro fator importante observado em experimentos e destacado por Fages (1994), é
que a maioria das respostas positivas, em termos de aumento de rendimento de grãos, pela
inoculação de Azospirillum, são geralmente observadas em condições subótimas de
fertilizantes, especialmente nitrogenados, havendo, nesses casos, um uso mais eficiente do
13
fertilizante nitrogenado disponível. O efeito de incremento do sistema radicular, que é
determinado no início do desenvolvimento da planta logo após a semeadura, e a inoculação,
propiciam, como no caso do milho, um aumento no número de plantas por área e no número
de fileiras de grãos por espiga, e essas vantagens iniciais podem, ou não, repercurtir na
colheita, o que dependerá das condições posteriores de desenvolvimento.
3.4. Redução da adubação com N associada à fixação biológica de nitrogênio
A importância da redução da adubação nitrogenada nas principais gramíneas
cultivadas no Brasil pode gerar uma economia estimada em 1,2 bilhões de dólares por ano.
Além disso, para o milho existem trabalhos que alcançaram incrementos de produtividade de
662-823 kg.ha-1, o que correspondeu a 24-30% superior à não inoculação. Para o trigo, as
estirpes estudadas mais eficazes propiciaram incremento na produção de 312 a 423 kg.ha-1, o
que correspondeu 13-18% em relação à não inoculação (HUNGRIA et al., 2010).
No que diz respeito à redução da adubação nitrogenada associada ao uso da bactéria
Azospirillum brasilense, Sala et al. (2007) destacaram que, ao trabalhar com diferentes doses
de N, obtiveram maior incremento na produtividade de grãos na ausência de N adicional.
Estes autores atribuíram os benefícios causados por essas bactérias à sua capacidade de
síntese de fitormônios. Baldani e Baldani (2005) destacaram que as bactérias diazotróficas de
plantas não leguminosas não contribuem com quantidades suficientes de N2 fixado. Nesse
sentido, a ausência de N não garante altas produtividade principalmente em condição de
baixo nível de N no solo.
Godoy et al. (2011) avaliaram o efeito de Azospirillum brasilense e de diferentes doses
de N na cultura do milho; testaram a bactéria individualmente e associada a diferentes doses
de N (0 kg.ha-1 de N com e sem inoculação; 20 kg.ha-1 de N na base e 45 kg.ha-1 de N em
cobertura – com e sem inoculação; 40 kg.ha-1 de N na base e 90 kg.ha-1 de N em cobertura –
com e sem inoulação). Para estes tratamentos o A.brasilense não apresentou resposta para
aumento na produtividade de grãos quando utilizado a mesma dose de N, naqueles com
redução da adubação de N na base e em cobertura a produtividade foi inferior.
Milléo et al. (2012) trabalharam com trigo associando a bactéria Azospirillum
brasilense e a redução da adubação de base e cobertura. Estes autores trabalharam com 300
kg.ha-1 e 150 kg.ha-1 do formulado 04-20-20 na semeadura e 100 kg.ha-1 e 200 kg.ha-1 de
uréia em cobertura, associado a uma única dose de Azospirillum brasilense, de 3,0 mL.kg-1 de
14
sementes. Os resultados obtidos demonstram eficiência da bactéria, onde os autores não
obtiveram diferença significativa para massa seca de parte aérea, massa seca de raízes,
estatura, espigas por metro quadrado e produtividade quando reduzido a adubação tanto na
base quanto na cobertura, fato esse que os autores atribuíram ao efeito benéfico do uso da
bactéria.
3.5. Qualidade da Farinha de trigo
O conceito qualidade do trigo é diferentemente abordado nos diferentes elos de sua
cadeia. Para o produtor rural, o trigo de qualidade é o que possui boas características
agronômicas (resistência a doenças e pragas, potencial produtivo, alto peso hectolitro). Para
os moinhos, a qualidade é medida pela uniformidade do tamanho e forma da matéria-prima,
alto peso específico, alto rendimento em farinhas e baixos teores de cinza. Já o panificador
busca adquirir uma farinha de boa qualidade, com alta capacidade de absorção de água, boa
tolerância ao amassamento e alta porcentagem de proteína (ROSSI e NEVES, 2004).
Para obtenção de uma farinha de qualidade, há necessidade de uma boa qualidade do
grão de trigo, a qual segundo El-Dash e Miranda (2002), é resultado da interação das
condições de cultivo (interferência do solo, clima, pragas, manejo da cultura e da cultivar), em
soma à interferência das operações de colheita, secagem e armazenamento. Estes fatores
influenciam diretamente o uso industrial a ser dado ao produto final, que é a farinha de trigo
(GUTKOSKI e NETO, 2002).
Segundo Rae et al. (2011), não existem farinhas de trigo ruins, nem boas, e sim
farinhas adequadas ou inadequadas a determinados usos. Os principais usos das farinhas são
panificação artesanal, panificação industrial, massas alimentícias, biscoitos e uso doméstico.
A qualidade da farinha é definida como a combinação de adequação ao uso e a manutenção
do padrão reológico.
No Brasil, existe uma grande diversidade genética de trigos e de ambientes cultivados,
por esse motivo é necessária a utilização de vários métodos para determinar a qualidade da
farinha. Dobraszczyk e Morgenstern (2003) destacam que os métodos mais utilizados são os
relacionados às características reológicas da massa, a partir de sistemas simples de água e
farinha, empregando aparelhos específicos para medir estas propriedades como farinógrafo,
extensógrafo, alveógrafo e consistógrafo. Para Rasper (1991), a qualidade de grãos e farinhas
15
de cereais é determinada por uma variedade de características que assumem diferentes
significados, dependendo da designação de uso ou tipo de produto a ser obtido.
Módenes et al. (2009) destacam os testes físico-químicos e os testes reológicos como
os mais utilizados para análise da qualidade do trigo pelo mercado. Dentre os testes reológicos
mais utilizados destacam o número de queda (NQ), o qual mede a intensidade de atividade da
enzima α-amilase no grão, sendo o resultado expresso em segundos; altos valores indicam
baixa atividade (NQ > 200 s) e baixos valores indicam alta atividade (NQ < 200 s), situação
que comumente resulta do processo de germinação da espiga. Destacam também o teor de
glúten (glúten seco e úmido), o qual representa um conjunto de proteínas insolúveis,
responsável pelo crescimento da massa quando a farinha de trigo é misturada à água. Este
teste fornece a medida quantitativa dessas proteínas.
No que diz respeito à alveografia, Módenes et al. (2009) destacam que este teste
simula o comportamento da massa na fermentação. As características viscoelásticas da farinha
de trigo podem ser avaliadas por diferentes caracteres da alveografia. Dentre elas a força de
glúten (W), que representa o trabalho de deformação da massa e indica a qualidade
panificativa da farinha. Este teste corresponde ao trabalho mecânico necessário para expandir
a bolha até a ruptura, expressa em 10–4 J. A tenacidade (P) mede a sobrepressão máxima
exercida na expansão da massa, expressa em mm, e corresponde a uma medida da capacidade
de absorção de água da farinha. A extensibilidade da massa (L) é usada para predizer o
volume do pão, juntamente com o teor de proteína, e representa a capacidade de extensão da
massa, sem que ela se rompa, em que um alto grau de extensibilidade está associado a um
baixo rendimento de farinha. Outro importante parâmetro diz respeito à relação
tenacidade/extensibilidade (P/L), que expressa o equilíbrio da massa.
No que diz respeito à relação P/L, Mandarino (1994) destaca que a variação deste
caracter está ligada à elasticidade do glúten. Quando há um aumento na relação P/L, há uma
elevação do teor de gluteninas, que são proteínas de elevada elasticidade e baixa
extensibilidade, e quando há uma redução da relação P/L, esta pode ser explicada pelo
aumento do teor de gliadinas, que são responsáveis por baixa elasticidade do glúten.
Quanto as classes relacionadas à qualidade da farinha de trigo, Brasil (2010), através
da Instrução normativa n.38, de 30 de novembro de 2010, divide as farinhas em cinco classes
distintas (melhorador, pão, doméstico, básico e outros usos) atribuíndo a elas valores mínimos
para força do glúten (W) e número de queda (NQ). O trigo melhorador deve apresentar W ≥
300 10-4 J e NQ ≥ 250s. O trigo pão deve possuir W ≥ 220 e NQ ≥ 220. O trigo doméstico W
16
≥ 160 e NQ ≥ 220. O trigo básico W ≥ 100 e NQ ≥ 200. Já os trigos para outros usos a
Instrução normativa não atribui valores mínimos.
De acordo com a REUNIÃO DA COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE
TRIGO E TRITICALE (2012), as indicações de características de qualidade por produto à
base de trigo para W, P/L e NQ são divididas em panificação artesanal (W > 280, P/L 1,2-2,0
e NQ > 250), panificação industrial (W > 250, P/L 0,8-1,5 e NQ > 250), farinha doméstica (W
> 180 P/L 0,8-1,5 e NQ > 250), biscoitos fermentados (W 170-220, P/L 0,8-1,5 e NQ > 250),
biscoitos moldados doces (W 90-160, P/L 0,4-1,0 e NQ > 200), biscoitos laminados doces (W
110-180, P/L 0,5-1,2 e NQ > 200).
No que diz respeito à influencia da adubação nitrogenada na qualidade da farinha,
Cazetta et al. (2008) obtiveram incremento na força geral de glúten e redução da relação P/L
quando aumentaram a dose de N, o que influenciou positivamente a qualidade da farinha para
panificação. O número de queda foi pouco afetado pela adubação nitrogenada. Soares
Sobrinho (1999) observou que as características físico-químicas e reológicas, mais
influenciadas positivamente pela adubação nitrogenada, foram teor protéico e força de glúten.
Em trabalho com a cultivar Quartzo, realizado por Mendes et al. (2011), os tratamentos com e
sem redução da adubação nitrogenada e com e sem a utilização do Azospirillum brasilense
não reduziram os caracteres de sedimentação, proteína bruta e número de queda.
Nesse sentido, observa-se a importância de trabalhos que busquem o uso da fixação
biológica de nitrogênio em conjunto com uma redução da adubação nitrogenada, de modo a
não prejudicar os caracteres relacionados à qualidade da farinha ou até mesmo a proporcionar
melhorias nesses caracteres.
17
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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25
5. CAPÍTULO I
CARACTERÍSTICAS MORFOLÓGICAS E AGRONÔMICAS DE DUAS
CULTIVARES DE TRIGO INOCULADAS COM Azospirillum brasilense E
SUBMETIDAS A DIFERENTES DOSES DE NITROGÊNIO EM DOIS LOCAIS
RESUMO
A pesquisa foi realizada durante a safra agrícola 2011 na região de Guarapuava-PR, visando
obter informações sobre o uso da bactéria Azospirillum brasilense na cultura do trigo,
inoculada nas sementes com e sem a redução da adubação nitrogenada de cobertura. Para isso
utilizou-se de duas cultivares (BRS Tangará e Quartzo), em dois locais de cultivo, Campo
Experimental do Cedeteg – Unicentro e Fazenda Três Capões da Empresa MLCV – Grupo
Santa Maria. Os objetivos do trabalho foram avaliar o efeito de diferentes tratamentos com A.
brasilense sobre as características morfológicas e agronômicas; determinar a associação dos
genótipos estudados, com e sem a redução da adubação nitrogenada, frente a inoculação. As
características morfológicas, número de perfilhos e espigas foram obtidas antes da colheita.
Grãos por espiga e as as características agronômicas, peso hectolitro, peso de mil grãos e
produtividade de grãos foram obtidas após a colheita. Os resultados obtidos demonstram que
o local de cultivo influenciou os caracteres número de perfilhos e espigas por planta das
cultivares de trigo avaliadas e influenciou os resultados obtidos para as características
agronômicas peso hectolitro e peso de mil grãos, com e sem a redução da adubação
nitrogenada em cobertura e o uso de A. brasilense no tratamento de sementes, este fator está
associado à maior fertilidade do solo, cultura antecessora, histórico de rotação de cultura e
pluviosidade total da Fazenda Três Capões. A escolha da cultivar influenciou as
características morfológicas e agrônomicas avaliadas, sendo a cultivar BRS Tangará superior
para as características morfológicas, número de perfilhos e espiga e inferior para grãos por
espiga, peso hectolitro, peso de mil grãos e produtividade de grãos. O uso da bactéria A.
brasilense e a redução da adubação nitrogenada não acarretou em redução das características
agronômicas avaliadas, sendo o número de perfilhos e número de espigas por planta os
parâmetros com resposta positiva. A produtividade de grãos não foi afetada pela redução da
adubação de cobertura com nitrogênio quando utilizado A. brasilense, em tratamento de
26
sementes, independentemente da dosagem da bactéria utilizada, sendo a cultivar Quartzo,
mais responsiva ao uso da inoculação.
Palavras-chave: Triticum aestivum, gramíneas, rizobactérias, nitrogênio.
27
ABSTRACT
The survey was conducted during the 2011 growing season in the region of Guarapuava-PR,
aiming to obtain information about the use of the bacteria Azospirillum brasilense on wheat
croop, inoculated in the seeds, with and without the reduction of nitrogen topdressing. For this
it was experiment used two cultivars (BRS Tangara and Quartzo) in two cultivation sites, the
experimental field CEDETEG - UNICENTRO and Farm Três Capões Company MLCV Santa Maria Group. The aim of this paper was to evaluate the effect of different treatments
with A. brasilense on morphological and agronomic characteristics; determining the
association of genotypes studied; analyzing the effect of reduced nitrogen, associated with the
inoculation The morphological characteristics, number of tillers and spikes were obtained
before harvesting. Grains per spike and agronomic characteristics, hectoliter weight, thousand
grain weight and grain yield were obtained after harvest. The results demonstrate that the
cultivation local influenced the morphological number of tillers and ears per plant of wheat
cultivars evaluated and it has influenced the results obtained for agronomic hectoliter weight
and thousand grain weight, with and without the reduction of nitrogen application and use of
A. brasilense, this factor is associated with higher soil fertility, previous crop, historic crop
rotation and total rainfall of Farm Três Capões. The choice of cultivar influenced the
morphological and agronomic characteristics evaluated, BRS Tangara being higher for
number of tillers and spike and lower for grains per spike, hectolitre weight, thousand grain
weight and grain yield. The use of the bacterium A. brasilense and reduction nitrogen
fertilization did not result in reduction of agronomic characteristics evaluated. Grain yield was
not affected by the reduction of topdressing with nitrogen when used A. brasilense, and the
cultivar Quartzo, more responsive to the use of inoculation.
Key words: Triticum aestivum, grasses, rhizobacteria, nitrogen.
28
5.1. INTRODUÇÃO
A importância do trigo na alimentação humana é conhecida em todo mundo. Essa
cultura fornece grande parte das calorias consumidas pelo homem na maioria dos países e
também no Brasil. Esta espécie, por ser uma gramínea, é altamente exigente em nitrogênio,
elemento determinante para a produtividade da cultura. Por outro lado, o nitrogênio apresenta
muitas particularidades que acabam por causar grandes perdas no sistema de cultivo. Além
disso, esse elemento apresenta alto custo para o agricultor, tanto na compra dos fertilizantes,
quanto na aplicação destes.
Nesse sentido, os estudos que visam incrementos de produtividade, utilização racional
de adubos, principalmente pelo uso da fixação biológica de nitrogênio têm ganhado grande
importância na comunidade científica, com destaque nas culturas do milho e trigo. Tal prática
possibilita atrelar o uso consciente do nitrogênio, minimizando perdas e danos ambientais, a
redução do custo, a maximização dos lucros, além de visar incrementos de produtividade de
grãos.
Resultados positivos obtido com o uso de bactérias do gênero Azospirillum estão
atribuídos à promoção do crescimento e o acúmulo de N em plantas de trigo (SALA et al.,
2005), benefícios na manutenção dos afilhos férteis, maior extração de N e acúmulo nos grãos
(JEZEWSKI et al., 2010), aumento de produção (SALA et al., 2007), translocação mais
eficiente do N para os grãos, grãos mais pesados e mais cheios, melhor realocamento do N
presente na biomassa para os grãos (DIDONET et al., 2000) e maior desenvolvimento
radicular (SILVA et al., 2004). Contudo, outros autores não encontraram diferença entre
tratamentos com e sem a inoculação (CAMPOS et al., 1999).
Vários trabalhos têm buscado testar o uso da técnica de inoculação de bactérias de
vida livre em gramíneas, e os resultados obtidos muitas vezes são contraditórios, onde
encontra-se resultados positivos com o uso dessas bactérias e outros onde não encontrou-se
tais resultados. Okon e Labandera-Gonzales (1994) destacam que a inoculação com A.
brasilense tem uma taxa de sucesso entre 60 e 70%, com aumentos significativos na
produtividade de grãos que variam entre 5 e 30%. Outro fator muito importante é a existência
de diferenças entre genótipos de gramíneas em relação a FBN, o que demonstra potencial para
a sua melhor exploração através de melhoramento vegetal (DÖBEREINER, 1989).
As bactérias de vida livre, como o Azospirillum brasilense, possuem especificidade
com a planta e são fortemente afetadas por fatores ambientais, tais como disponibilidade de
29
nitrogênio, oxigênio e outros micro-organismos do solo. O A. brasilense, além da fixação
biológica, apresenta também mecanismos que influenciam no desenvolvimento da planta
proveniente da produção de hormônios, que possibilitam, entre outros fatores, um maior
desenvolvimento radicular. A produção de hormônios interfere no crescimento, pode alterar a
morfologia das raízes, o que possibilita maior absorção de minerais e de água,
consequentemente obtêm maior produtividade.
Ao tratar dos componentes agronômicos que serão descritos nesse Capítulo, buscou-se
trabalhar com o elo da cultura do trigo que incide junto ao produtor rural e técnicos de campo,
onde o uso de tal prática não pode acarretar em perdas, principalmente de produtividade de
grãos. Os componentes agronômicos influenciam e são influenciados por diversos fatores.
Influenciam a produtividade e, posteriormente, podem ou não influenciar a qualidade do grão
e são influenciados por fatores genéticos, ambientais e pelas práticas culturais utilizadas.
O trabalho buscou testar diferentes doses de nitrogênio e a ausência desse elemento.
Isso porque segundo Fages (1994), a maioria das respostas positivas, em termos de aumento
de rendimento de grãos, pela inoculação de Azospirillum, são geralmente observadas em
condições subótimas de fertilizantes, especialmente nitrogenados, havendo, nesses casos, um
uso mais eficiente do fertilizante nitrogenado disponível.
Outra importante variação testada diz respeito ao genótipo da planta. Para isso buscou
utilizar-de de diferentes cultivares. Reis et al. (2000), destacam que há consenso de que o
genótipo da planta é o fator-chave para obtenção dos benefícios oriundos da fixação biológica
do N2, aliado à seleção de estirpes eficientes.
Além dessas variações, o trabalho foi desenvolvido em diferentes locais. Isso devido
muitos autores considerarem importante fator à interação entre o manejo do solo e da
cobertura vegetal com as variações climáticas (CATELLAN e VIDOR, 1990). Jain et al.
(1987) encontraram crescimento máximo da bactéria Azospirillum brasilense em temperaturas
de 30º C. Pittner et al. (2007) observaram que médias de pH acima de 6,5 favorecem a
multiplicação da bactéria.
Dessa maneira, o trabalho buscou avaliar o desempenho de duas cultivares de trigo
tratadas com duas doses de Azospirillum brasilense frente a diferentes doses de nitrogênio em
dois locais de cultivo, os quais apresentavam duas diferentes culturas antecessoras. Avaliou-se
nesse Capítulo as características morfológicas número de perfilhos, número de espigas e grãos
por espiga; e as características agronômicas peso hectolitro, peso de mil grãos e produtividade
de grãos.
30
5.2. MATERIAL E MÉTODOS
5.2.1. Caracterização das áreas experimentais
Os experimentos foram conduzidos no Campo Experimental do Campus CEDETEG,
da Universidade Estadual do Centro-Oeste, nas coordenadas geográficas 25023’36” de latitude
Sul, 51027’19” de longitude Oeste e 1.120 metros de altitude, e na Fazenda Três Capões, nas
cordenadas geográficas 25025’60” de latitude Sul, 51039’27” de longitude Oeste e 990 metros
de altitude, ambos no município de Guarapuava-PR. O solo dessas áreas, de acordo com mapa
atualizado de solos do Estado do Paraná (EMBRAPA, 2008), encontra-se na unidade de
mapeamento LBd5, constituída por Latossolos Brunos distroférricos.
O clima, pela classificação de Köeppen, enquadra-se como tipo Cfb, mesotérmico,
úmido e superúmido, sem estação seca e com verões frescos. A temperatura anual é de
17°C, a precipitação média anual é de 1961 mm e a média anual da umidade relativa do ar é
de 78% (TOMAZ e VESTENA, 2003).
A área experimental do CEDETEG foi cultivada com milho, no período de verão, sob
sistema plantio direto, e na safra de inverno anterior com trigo. A área da Fazenda Três
Capões foi cultivada com soja no verão anterior e aveia preta no inverno.
As áreas apresentaram diferença em termos de fertilidade, como observa-se na Tabela
1, onde a Fazenda Três Capões apresentou maior fertilidade de que a área do Cedeteg,
principalmente para K e P.
Tabela 1 – Resultados das análises de solos (0-20 cm) realizada nas áreas experimentais.
pH
K
Ca
Mg
Al
H+Al
V
Local
(T)
-3
CaCl
-------------------cmol dm --------------(%)
Cedeteg
5,0
0,18
3,9
2,3
0,00
5,13
11,51
55,2
Três Capões
5,49
0,25 4,64 1,96 0,00
4,68
11,53
59,45
Local
Cedeteg
Três Capões
N
MO
C/N
----- g dm-3 ---2,14
42,9
11,63
2,25
11,62
45,07
P
(Mehlich)
Zn
Fe
Mn
Cu
B
----------------------mg dm-3 ---------------------2,6
1,3
49,7
19,2
1,3
0,2
6,3
1,94
18,7
22,12
4,11
0,9
Em junho de 2011, vinte dias antes da instalação dos experimentos, foi realizada a
dessecação com Glifosato na dose de 3,0 L ha-1. Os experimentos foram instalados sob
31
sistema plantio direto no dia 05 de julho de 2011 no Campus Cedeteg e no dia 12 de julho na
Fazenda Três Capões. Para a semeadura, foi utilizada a semeadora de parcelas SEMINA®.
A pluviosidade no período foi de 966 mm no Cedeteg e 1196,5 mm na Fazenda Três
Capões, conforme pode ser observado na Figura 1.
Plantios
Adubação
cobertura
Figura 1 – Dados de precipitação pluviométrica (mm), por decêndio, em Guarapuava - PR, no
período de 01/07/11 a 31/11/11. (Estação meteorológica Cedeteg e Fazenda Três Capões)
As análises de solo e a precipitação pluviométrica dos dois locais evidencia a
diferença entre os ambientes. Outro importante fator diz respeito à adubação de cobertura que
ocorreu no dia 12/08/2012 no Cedeteg e no dia 24/08/2012 na Fazenda Três Capões, período
este que ficou em descêndios de alta pluviosidade para ambos os locais, conforme pode ser
verificado na Figura 1.
5.2.2. Delineamento e detalhes experimentais
O delineamento experimental foi o de blocos ao acaso, em esquema fatorial 7x2,
sendo sete combinações de doses de N e de doses de A. brasilense (Tabela 1), duas cultivares
de trigo e cinco repetições, totalizando 70 parcelas. As parcelas foram constituídas por nove
32
fileiras (5,0 m comprimento x 0,17 m entre-linha), com área total de 7,65 m2 e área útil
constituída pelas três fileiras centrais.
As cultivares de trigo utilizadas foram Quartzo, proveniente da empresa OR
Melhoramento de Sementes Ltda/Biotrigo Genética Ltda e BRS Tangará, proveniente da
Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – EMBRAPA. Para ambas as cultivares foram
utilizadas 150 kg de sementes por hectare, visando uma densidade de 220 mil plantas por
hectare??. A cultivar Quartzo possui o hábito vegetativo intermediário a semi-ereto,
perfilhamento médio, altura média de 85 cm, ciclo médio, espigamento de 70 dias, maturação
de 128 dias e moderada resistência a geada, classificados como trigo tipo pão. A cultivar BRS
Tangará também possui ampla adaptação geográfica e caracteriza-se por apresentar altura
média de plantas de 85 cm, espigamento de 69 dias, maturação de 123 dias, com grãos
classificados como tipo trigo melhorador a pão.
A dose de fertilizante de base utilizada na condução do experimento foi calculada de
modo a fornecer 20 kg.ha-1 de N. Tal valor foi definido baseando-se na recomendação da
Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (2008) para o Paraná, a qual
recomenda, quando a cultura anterior for soja, de 10 a 30 kg.ha-1 de N, e quando a cultura
anterior for milho, de 25 a 30 kg.ha-1 de N. O valor utilizado fica entre as duas recomendações
pelo fato do experimento possuir as duas culturas antecessoras. Para isso, foi utilizado o
adubo formulado N-P-K 08-28-16, na dosagem de 250 kg.ha-1, para todos os tratamentos.
A adubação nitrogenada de cobertura foi realizada quando as plantas se encontravam
próximas a fase de perfilhamento, baseando-se na recomendação da Reunião da Comissão
Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (2008) para o Paraná, buscando uma adubação
nitrogenada intermediária entre à recomendada para as diferentes culturas antecessoras, que é
de 30 a 60 kg.ha-1 de N para soja e de 30 a 90 kg.ha-1 de N para milho. Para isso, utilizou-se
das dosagens descritas na Tabela 2.
A inoculação das sementes com o Azospirillum brasilense foi realizada na semeadura,
sendo utilizada a dose de 100 mL.ha-1 (100 mL / 150 kg de semente) de produto comercial
Masterfix Gramíneas® e três vezes a dose. A recomendação comercial é de 100 ml.ha-1, cuja
concentração da bactéria por mililitros é de 2x108 UFC. As cepas da bactéria foram: AbV5 e
AbV6.
33
Tabela 2– Discussão dos tratamentos com diferentes doses de nitrogênio em cobertura e
associação com Azospirillum brasilense em inoculação de sementes.
Tratamentos
1.
2.
3.
4.
100% N + 3 doses Azo
50% N + 3 doses Azo
100% N + 1 doses Azo
50% N + 1 doses Azo
N base
(kg.ha-1)
20
20
20
20
N cobertura
(kg.ha-1)*
90
35
90
35
5. 100% N + 0 dose Azo
20
90
6. 50% N + 0 dose Azo
20
35
7. 0 N + 0 dose Azo
0
0
* fonte de N uréia (45% N) ** mL inoculado em 150 kg sementes
N total
(kg.ha-1)
110
55
110
55
110
55
0
Dose
A. brasilense**
300
300
100
100
0
0
0
Todos os tratos culturais realizados foram os recomendados pela Reunião da Comissão
Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (2008) para o Paraná.
A colheita foi realizada entre os dias 20 e 25 de novembro, de forma manual, colhendo
as três linhas centrais de todas as parcelas do experimento. As amostras foram processadas na
FAPA (Fundação Agrária de Pesquisa Agropecuária), utilizando para trilha uma colhedora de
parcelas marca WINTERSTEIGER®. As amostras foram secadas até 13% e posteriormente
acondicionadas em câmara fria a 8oC.
5.2.3. Características morfológicas e agronômicas avaliadas
As características morfológicas avaliadas foram obtidas momentos antes da colheita
do trigo, sendo estas: número de perfilhos (NP) - valor médio obtido por meio da contagem
do número de perfilhos, em uma amostra de dez plantas coletadas na área útil da parcela;
número de espigas (NE) – valor médio obtido por meio da contagem do número de espigas
em uma amostra de dez plantas coletadas na área útil da parcela e; número de grãos por espiga
(GE) - valor médio obtido por meio da contagem do número de grãos em uma amostra de
cinco plantas coletadas na área útil da parcela.
As características agronômicas avaliadas foram obtidas após a colheita, sendo estas:
peso hectolitro (PH) – determinado no tempo zero de maturação do trigo em aparelho marca
Dalle Molle em triplicata, e resultados expressos em kg.hL–1; peso de 1000 grãos (P1000) –
valor médio obtido por meio da pesagem de três amostras de 1000 grãos retiradas na área útil
da parcela; e produtividade de grãos (PROD) – foram colhidas as plantas da área útil da
parcela (três fileiras centrais). As espigas foram trilhadas e os grãos pesados e,
34
posteriormente, determinou-se a umidade. Os dados referentes ao peso de grãos foram
transformados para kg.ha-1 e corrigidos para umidade padrão de 13%.
5.2.4. Análises estatísticas
Primeiramente, realizou-se a análise de variância individual e, posteriormente, a
análise conjunta envolvendo os dois locais de cultivo. Todos os dados das características
avaliadas foram submetidos ao teste de homogeneidade e estabilidade dos dados, a análises de
variância, e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey, a 5% de probabilidade, sendo
utilizado o programa Sisvar (FERREIRA, 2008).
35
5.3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com os resultados da análise de variância conjunta, apresentados na Tabela
3, foram observados efeitos significativos (P<0,05 e P<0,01) para doses e cultivar nos
caracteres avaliados: número de perfilho (NP), número de espigas (NE), grãos por espiga
(GE), peso hectolitro (PH), peso de mil grãos (P1000) e produtividade de grãos (PROD). Para
as características morfológicas a interação local x cultivar foi significativa para as
carcaterísticas NP, NE e GE, sendo importante enfatizar que o ambiente de cultivo
individualmente influenciou NP e NE. Porém, houve interação tripla significativa, tratamento
x local x cultivar para as características agronômicas: PH, P1000 e PROD, evidenciando que
os tratamentos com e sem redução da adubação de cobertura com nitrogênio e associados com
a bacatéria Azospirillum brasilense, obtiveram efeitos significativos de acordo com a cultivar
avaliada e o local de cultivo. Os Coeficientes de Variação (CV) observados ficaram todos
abaixo de 20%.
Tabela 3 – Resumo da análise de variância conjunta para número de perfilho (NP), número de
espigas (NE), grãos por espiga (GE) peso hectolitro (PH), peso de mil grãos (P1000), e
produtividade de grãos (PROD).
Fonte de Variação
GL
NP
BLOCO (LOCAL)
4
2.46
DOSES
6
14.20**
LOCAL
1
80.40**
CULTIVAR
1
21.06**
TRAT*LOCAL
6
0.52 ns
TRAT*CULT
6
1.14 ns
LOCAL*CULT
1
15.04**
TRAT*LOCAL*CULT
6
1.04 ns
ERRO
108
0.95
15.81
CV
6.18
MÉDIA GERAL
* P<0,05; ** P<0,01; NS – não significativo pelo teste F.
QM
NE
1.77
12.07**
50.76**
21.21**
0.52 ns
0.67 ns
9.30**
0.76 ns
1.05
17.56
5.83
GE
10.08
38.32**
2.01 ns
559.20**
6.72 ns
7.62 ns
69.44**
2.99 ns
7.10
9.11
29.26
PH
3.99
3.69*
497.45**
705.60**
1.39ns
2.46 ns
332.33**
6.82**
1.40
1.59
74.39
P1000
9.52
19.15**
2564.57**
483.60**
6.04 ns
3.58 ns
0.13 ns
8.44*
3.26
5.21
34.64
PROD
265515.51
4654305.99**
98050.17 ns
10577052.57**
237453.97 ns
402972.67**
1505309.20**
375326.17**
111458.11
9.27
3602.52
5.3.1. Caracteres Morfológicos
Para os diferentes caracteres avaliados a diferença entre as médias dos tratamentos
estão divididos entre a comparação dentro de cada local e de cada cultivar, comparando o
desempenho das cultivares nos diferentes locais, a média geral dos tratamentos, a média geral
dos diferentes locais e a média geral das diferentes cultivares. Os dados estão apresentados na
Tabela 4.
No Cedeteg não houve diferença entre os tratamentos para a ambas as cultivares
quando avaliado número de perfilhos (NP) e número de espigas (NE), somente o tratamento
36
0 N + 0 Azo foi inferior aos demais tratamentos, para a cultivar Quartzo, em ambos os
caracteres. Para NE o tratamento 50% N + 0 Azo não diferiu do tratamento 0% N + 0 Azo.
Nesse mesmo local, para grãos por espiga (GE), não observou-se diferença entre a
maioria dos tratamentos para a cultivar Tangará, somente os tratamentos 100% N + 0 Azo e 0
N + 0 Azo diferiram entre si, os demais tratamentos não apresentaram diferença significativa
perante o tratamento 0 N + 0 Azo. Para a cultivar Quartzo não houve diferença entre os
tratamentos que receberam N, porém, os tratamentos 100% N + 300 Azo, 50% N + 300 Azo e
50% N + 100 Azo não diferiram estatisticamente do tratamento 0% N + 0 Azo.
Na Fazenda Três Capões os caracteres NP e NE, para a cultivar Tangará, não
apresentaram diferença significativa entre os diferentes tratamentos. Para NP somente os
tratamentos 100% N + 300 Azo e 50% N + 300 Azo diferiram do tratamento 0% N + 0 Azo.
Já para NE somente o tratamento 50% N + 300 Azo diferiu do tratamento 0% N + 0 Azo.
Nesse local, para NP da cultivar Quartzo, o tratamento 100% N + 300 Azo diferiu do
tratamento 50% N + 0 Azo e do tratamento 0% N + 0 Azo. O tratamento 100% N + 100 Azo
diferiu somente do tratamento 0% N + 0 Azo. Os demais tratamentos não diferiram entre si e
nem perante o tratamento 0% N + 0 Azo. Esta mesma cultivar, quando analisado NE, não
apresentou diferença entre os diferentes tratamentos e somente o tratamento 100% N + 300
Azo diferiu do tratamento 0% N + 0 Azo. GE não apresentou diferença estatística entre os
diferentes tratamentos para ambas as cultivares.
Comparando o desempenho das cultivares em cada local observou-se diferença de
comportamento no NP para os tratamentos 100% N + 100 Azo, 100% N + 0 Azo e tratamento
0% N + 0 Azo da cultivar Tangará na Fazenda Três Capões, que foram inferiores neste local.
Para NE e GE não houve diferença estatística entre os dois locais para esta cultivar. Para a
cultivar Quartzo, no NP somente o tratamento 50% N + 0 Azo foi inferior na Fazenda Três
Capões, todos os demais tratamentos foram inferiores no Cedeteg e o tratamento 0% N + 0
Azo não diferiu entre os locais. Para NE todos os tratamentos foram superiores no Cedeteg e o
tratamento 0% N + 0 Azo não diferiu para Quartzo. Para GE todos os tratamentos não
diferiram nos dois locais para esta cultivar.
Para a média geral dos tratamentos observou-se que para NP o tratamento 100% N +
300 Azo diferiu dos tratamentos sem o uso da bactéria e do tratamento 0% N + 0 Azo. Os
tratamentos 50% N + 300 Azo, 100% N + 100 Azo e 50% N + 100 Azo diferiram do
tratamento 50% N + 0 Azo e do tratamento 0% N + 0 Azo. O tratamento 100% N + 0 Azo
diferiu do tratamento 0% N + 0 Azo.
37
Para NE, o tratamento 100% N + 300 Azo diferiu dos tratamentos sem o uso da
bactéria e do tratamento 0% N + 0 Azo. O tratamentos 50% N + 300 Azo diferiu do
tratamento 50% N + 0 Azo e do tratamento 0% N + 0 Azo. Os tratamentos 100% N + 100
Azo e 50% N + 100 Azo e 100% N + 0 Azo diferiram do tratamento 0% N + 0 Azo.
No que se refere à GE os diferentes tratamentos não diferiram entre si e os tratamentos
50% N + 300 Azo e 50% N + 0 Azo não diferiram do tratamento 0% N + 0 Azo.
Para a média geral dos diferentes locais observou-se que NP e NE apresentaram
valores superiores no Cedeteg. Já GE não apresentou diferença significativa entre os
diferentes locais. Tais valores encontrados demostram que houve diferença entre os diferentes
locais avaliados para estes caracteres.
Para a média geral das diferentes cultivares observou-se que para NP e NE a cultivar
Tangará apresentou valores superiores à Quartzo. Para GE a cultivar Quartzo foi superior à
Tangará. Tais valores encontrados demostram que houve diferença entre os diferentes locais
avaliados para estes caracteres.
Tabela 4 – Médias das avaliações das características morfológicas associadas a doses de
nitrogênio (N) e uso de diferentes doses de Azospirillum brasilense (Azo) nas cultivares de
trigo BRS Tangará e Quartzo em dois locais de cultivo (diferentes culturas antecessoras).
Guarapuava, 2011.
Número de perfilhos (NP)
TANGARÁ
QUARTZO
Doses
N
Azo
100%
300
50%
300
100%
100
50%
100
100%
0
50%
0
0
0
Média cultivar
Média local
Cedeteg
(Milho)
7.60 a A
7.18 a A
7.64 a A
7.14 a A
7.38 a A
5.98 a A
6.12 a A
Três Capões
(Soja)
6.96 a A
7.16 a A
6.38 ab B
6.26 ab A
6.06 ab B
5.36 ab A
4.84 b B
6.58 A
6.95 A (Milho)
Cedeteg
(Milho)
Média
Três Capões
(Soja)
7.94 a A
7.56 a A
7.36 a A
7.82 a A
6.56 a A
6.48 a A
4.48 b A
6.08 a B
5.16 abc B
5.32 ab B
4.68 abc B
4.26 abc B
4.08 bc B
3.42 c A
5.80 B
5.43 B (Soja)
7.14 a
6.76 ab
6.67 ab
6.47 ab
6.06 bc
5.47 cd
4.71 d
CV –15,96%
continua...
38
continuação...
Doses
N
Azo
100%
300
50%
300
100%
100
50%
100
100%
0
50%
0
0
0
Média cultivar
Média local
Doses
N
Azo
100%
300
50%
300
100%
100
50%
100
100%
0
50%
0
0
0
Média cultivar
Média local
Número de espigas (NE)
TANGARÁ
QUARTZO
Cedeteg
Três Capões
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
(Milho)
(Soja)
7.36 a A
6.48 ab A
7.42 a A
5.58 a B
6.70 a A
7.00 a A
6.82 a A
5.14 ab B
6.70 a A
6.12 ab A
6.96 a A
5.18 ab B
6.74 a A
6.04 ab A
6.94 a A
4.60 ab B
6.60 a A
5.82 ab A
6.06 a A
4.22 ab B
6.24 a A
5.16 ab A
5.94 ab A
3.98 ab B
5.66 a A
4.56 b A
4.02 b A
3.42 b A
6.23 A
5.45 B
6.44 A (Cedeteg)
5.24 B (Três Capões)
Grãos por espiga (GE)
TANGARÁ
QUARTZO
Cedeteg
Três Capões
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
(Milho)
(Soja)
27.86 ab A
26.86 a A
30.40 ab A
33.44 a A
27.70 ab A
26.78 a A
30.00 ab A
31.60 a A
29.02 ab A
26.92 a A
32.24 a A
31.10 a A
29.20 ab A
28.08 a A
31.24 ab A
32.18 a A
30.72 a A
27.52 a A
32.20 a A
32.88 a A
26.54 ab A
24.66 a A
32.50 a A
31.82 a A
25.62 b A
24.30 a A
26.20 b A
29.94 a A
27.27 B
31.27 A
29.39 A (Cedeteg)
29.15 A (Três Capões)
Média
6.71 a
6.41 ab
6.24 abc
6.08 abc
5.67 bc
5.33 cd
4.41 d
CV –17,71%
Média
29.64 a
29.02 ab
29.82 a
30.17 a
30.83 a
28.88 ab
26.51 b
CV – 9,25%
Letras maiusculas comparam médias na linha para cada cultivar avaliada.
Letras minúsculas comparam médias na coluna.
Médias submetidas ao Teste de Tukey à 5%.
Como observado em trabalho realizado por Jezewski et al. (2010), os quais obtiveram
maior manutenção dos afilhos férteis na maior dose de N, também observou-se essa tendência
para as duas cultivares na Fazenda Três Capões.
Estes dados obtidos corroboram com Mendes et al. (2011), em que não houve
diferenças significativas entre os tratamentos com redução da adubação nitrogenada e
inoculação de Azospirillum brasilense para as características número de perfilhos (NP),
número de espigas (NE) e peso de 1000 grãos (P1000). Para grãos por espiga (GE) todos os
tratamentos não diferiram estatisticamente entre si, somente foram superiores em valores
absolutos frente ao tratamento 0% N + 0 Azo.
5.3.2. Características Agronômicas
Os resultados obtidos nos diferentes tratamentos para as diferentes características
agronômicas avaliadas estão divididas entre a comparação dentro de cada local e de cada
39
cultivar, a comparação do desempenho das cultivares nos diferentes locais, a média geral dos
tratamentos, a média geral dos diferentes locais e a média geral das diferentes cultivares. Os
dados estão apresentados na Tabela 5.
No Cedeteg, para o PH da cultivar Tangará, o tratamento 0% N + 0 Azo foi inferior
aos tratamentos 50% N + 300 Azo e 50% N + 100 Azo, não diferindo dos demais. Para P1000
dessa mesma cultivar, somente o tratamento 50% N + 100 Azo foi superior e os demais não
diferiram estatisticamente entre si, nem frente ao tratamento 0% N + 0 Azo. Para a cultivar
Quartzo, para PH e P1000 não observou-se diferença entre os tratamentos e nem frente ao
tratamento 0% N + 0 Azo. Para produtividade, ambas as cultivares apresentaram diferença
estatística somente entre ao tratamento 0% N + 0 Azo e os diferentes tratamentos não
apresentaram diferença entre si.
Já na Fazenda Três Capões, para a característica agronômica PH somente o tratamento
100% N + 300 Azo foi inferior aos demais tratamentos e inferior ao tratamento 0% N + 0
Azo, porém não diferiu do tratamento 50% N + 300 Azo, este por sua vez não diferiu dos
demais tratamentos e do tratamento 0% N + 0 Azo. Os demais tratamentos não diferiram
estatisticamente entre si e nem frente ao tratamento 0% N + 0 Azo. Para ambas as cultivares
não houve diferença estatística entre os tratamentos e o tratamento 0% N + 0 Azo para P1000.
Nesse mesmo local, para produtividade a cultivar Tangará o tratamento 0% N + 0 Azo
foi inferior ao demais e não diferiu do tratamento 100% N + 300 Azo, e este não diferiu dos
demais. A cultivar Quartzo apresentou diferença estatística somente entre o tratamento 0% N
+ 0 Azo e os diferentes tratamentos e estes não apresentaram diferença entre si.
Comparando o desempenho das cultivares em cada local, observou-se que a cultivar
Tangará, para PH os tratamentos 100% N + 100 Azo, 50% N + 0 Azo 0% N + 0 Azo que
estes foram superiores na Fazenda Três Capões em relação ao tratamento 100% N + 300 Azo,
este foi superior no Cedeteg enquanto que para os demais, não houve diferença significativa
entre os dois locais. Para a cultivar Quartzo na Fazenda Três Capões todos os tratamentos e o
tratamento 0% N + 0 Azo foram superiores ao Cedeteg. Para P1000 ambas as cultivares foram
superiores estatísticamente na Fazenda Três Capões o que pode estar relacionado à melhor
fertilidade da área. Para produtividade a cultivar Tangará foi superior no Cedeteg e a cultivar
Quartzo foi superior na Fazenda Três Capões.
Ao observar a média geral dos diferentes tratamentos pode-se destacar que o
tratamento 50% N + 100 Azo foi superior ao tratamento 100%N + 300 Azo e não diferiu dos
demais tratamentos e do tratamento 0% N + 0 Azo. Os demais tratamentos e o tratamento 0%
40
N + 0 Azo não diferiram entre si. Para P1000 o tratamento 50% N + 100 Azo foi igual aos
tratamentos 50% N + 300 Azo e 50% N + 0 Azo, estes por sua vez não diferiram dos
tratamentos 100% N + 300 Azo, 100% N + 0 Azo do tratamento 0% N + 0 Azo. Já o
tratamento 100% N + 100 Azo e os tratamentos 50% N + 300 Azo, 100% N + 0 Azo e o
tratamento 0% N + 0 Azo não diferiram entre si. A média geral obtida para a produtividade
demonstrou não haver diferença estatística para este caractere entre os diferentes tratamentos
testados, e só observou-se diferença entre estes tratamentos frente ao tratamento 0% N + 0
Azo, o qual foi estatisticamente inferior.
Pela análise da média geral verificou-se haver diferença de local para PH e P1000,
onde a Fazenda Três Capões apresentou números estatisticamente superiores. Para
produtividade não houve diferença entre os dois locais.
No que diz respeito às cultivares, para todas as características avaliadas (PH, P1000 e
produtividade), a cultivar Quartzo apresentou-se estatisticamente superior à cultivar Tangará.
Tabela 5 – Médias das avaliações das características agronômicas peso hectolitro (PH), peso
de mil grãos (P1000) e produtividade de grãos (PROD) associadas a doses de nitrogênio (N) e
uso de diferentes doses de Azospirillum brasilense (Azo) nas cultivares de trigo BRS Tangará
e Quartzo em dois locais de cultivo (diferentes culturas antecessoras). Guarapuava, 2011.
PH (kg hL–1)
Doses
N
Azo
100%
300
50%
300
100%
100
50%
100
100%
0
50%
0
0
0
Média cultivar
Média local
Doses
N
Azo
100%
300
50%
300
100%
100
50%
100
100%
0
50%
0
0
0
Média cultivar
Média local
TANGARÁ
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
71,86 ab A
70,20 b B
72,52 a A
71,58 ab A
71,92 ab B
73,48 a A
72,90 a A
73,04 a A
72,28 ab A
73,26 a A
71,02 ab B
72,94 a A
70,16 b B
72,98 a A
72,15 B
72,51 B (Cedeteg)
P1000 (g)
TANGARÁ
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
31.08 b B
40,24 a A
31.26 b B
40,98 a A
30.98 b B
39,58 a A
37.04 a B
41,16 a A
31.48 b B
40,14 a A
31.56 b B
42,44 a A
31.96 b B
41,18 a A
32,79 B
30,37 B (Cedeteg)
QUARTZO
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
72,26 a B
80,90 a A
73,44 a B
80,34 a A
73,42 a B
80,24 a A
73,66 a B
80,56 a A
73,00 a B
79,20 a A
73,54 a B
79,76 a A
73,20 a B
79,48 a A
76,64 A
76,28 A (Três Capões)
QUARTZO
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
26,96 a B
37,50 a A
29,26 a B
37,52 a A
27,60 a B
36,24 a A
29,20 a B
38,22 a A
28,60 a B
35,46 a A
29,72 a B
37,74 a A
28,44 a B
36,58 a A
36,51 A
38,93 A (Três Capões)
Média
73,81 b
74,47 ab
74,77 ab
75,04 a
74,44 ab
74,32 ab
73,96 ab
CV – 1,54%
Média
33,94 bc
34,75 abc
33,60 c
36,40 a
33,92 bc
35,36 ab
34,54 bc
CV – 5,15%
continua...
41
continuação...
Doses
N
Azo
100%
300
50%
300
100%
100
50%
100
100%
0
50%
0
0
0
Média cultivar
Média local
Produtividade de grãos (kg ha-1)
TANGARÁ
QUARTZO
Cedeteg
Três Capões
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
(Milho)
(Soja)
3567,00 a A 3077.40 ab B
3886.40 a B
4463.00 a A
3787,80 a A
3187.00 a B
3965.80 a B
4424.40 a A
3699,80 a A
3366.80 a A
3935.60 a A
4135.80 a A
3366,80 a A
3707.20 a A
3955.40 a B
4479.60 a A
3535,00 a A
3455.00 a A
3763.60 a B
4202.40 a A
3319,60 a A
3455.80 a A
3997.20 a A
4069.60 a A
2558,20 b A
2503.80 b A
2726.60 b A
2278.00 b B
3327,65 B
3877,39 A
3576,06 A (Cedeteg)
3628,99 A (Três Capões)
Média
3748,45 a
3841,25 a
3784,50 a
3877,25 a
3739,00 a
3710,55 a
2516,65 b
CV – 9,16%
Letras maiusculas comparam médias na linha para cada cultivar avaliada.
Letras minúsculas comparam médias na coluna.
Médias submetidas ao Teste de Tukey à 5%.
Cabe destacar que nos tratamentos em que houve a redução da adubação nitrogenada
para 50% da dose recomendada não observou-se diferença com os tratamentos que utilizaram
a dosagem de 100% N para PH. Para P1000 o tratamento 50%N + 100 Azo foi superior aos
demais para a cultivar Tangará no Cedeteg. Isso evidencia a possibilidade da redução da
adubação nitrogenada, quando aliada ao uso da bactéria Azospirillum brasilense e vai ao
encontro dos dados obtidos por Didonet et al. (2000), que observaram uma translocação mais
eficiente do N para os grãos, o que possibilitou grãos mais pesados e mais cheios, melhor
realocamento do N presente na biomassa para os grãos, tais resultados podem auxiliar
positivamente na variável PH.
A diferença de local constatada corrobora com dados obtidos por Milioli et al. (2012),
onde seus resultados também demonstraram diferença de local que foi atribuída às condições
ambientais, as quais foram preponderantes para o enchimento de grãos e consequentemente
diferenças observadas de PH. Outro importante fator diz respeito à cultura antecessora que no
local onde foi soja, para a cultivar Quartzo, possibilitou maiores incrementos de
produtividade, fato este que está relacionado à soja ser inoculada com bactérias que fixam
nitrogênio, têm uma menor relação C/N, consequntemente propicia uma maior
disponibilidade deste elemento.
Nesse mesmo sentido, Gutkoski et al. (2011), testando doses de N, observaram
diferenças significativas no PH das amostras e um aumento de PH com a elevação da dose de
nitrogênio, atribuído à maior disponibilidade de assimilados durante o período de enchimento
dos grãos. Para peso de mil grãos, estes autores encontraram valores que variaram de 35,37 a
42
39,14 gramas, que também apresentou aumento com a elevação da dose de N para uma
cultivar avaliada e resultados não significativos para outra.
Os resultados obtidos para produtividade confirmam o observado por Didonet et al.
(2000) e Campos et al. (1999), que o uso da bactéria Azospirillum brasilense não apresentou
diferença significativa. Por outro lado, diferem de Sala et al. (2007), que observaram um
aumento de produção com a inoculação de Azospirillum na cultura do trigo. Tais autores
observaram uma tendência semelhante ao exposto na Tabela 5, onde não observa-se
especificidade dos genótipos de trigo empregados e a bactéria, apesar da cultivar Quartzo ter
obtido produtividade superior estatisticamente à Tangará. No que diz respeito ao local de
cultivo, diferentemente do observado, Sala et al. (2007) evidenciaram a influencia do local
nas respostas obtidas com a inoculação e para estes autores, o maior incremento na
produtividade de grãos foi obtido na ausência de N adicional. Nesse sentido, Okon e
Labandera-Gonzales (1994) destacam que resultados de mais de trinta anos de pesquisa
demonstraram heterogeneidade de resultados e que a inoculação com A. brasilense tem uma
taxa de sucesso entre 60 e 70%, com aumentos significativos na produtividade de grãos que
variam entre 5 e 30%.
Diferente do observado na Tabela 5, onde não houve diferença significativa entre os
tratamentos para produtividade, Jezewski et al. (2010) obtiveram o máximo rendimento de
grãos de trigo no tratamento com 50% da dose de N (45 kg.ha-1). O maior incremento na
produtividade de grãos foi obtido na ausência de N adicional. Esses autores observaram
incremento na massa média de grãos com a inoculação de Azospirillum, porém insuficientes
para se tornarem significativas. Mendes et al. (2011) observaram eficiência agronômica no
uso da bactéria Azospirillum brasilense, os quais reduziram a adubação de cobertura em 50%
e não obtiveram redução na produtividade quando utilizado a inoculação desta bactéria.
Didonet et al. (2000) não observaram diferenças no rendimento de grãos de trigo e no
acúmulo de biomassa na maturação fisiológica, nem no N-total acumulado nos grãos entre os
tratamentos inoculados e não inoculados. Entretanto, observaram que houve um melhor
realocamento do N presente na biomassa para os grãos nas planta inoculadas e atribuíram
esses resultados ao menor número de espigas por unidade de área nas plantas infectadas, que
pode ser resultado da morte de afilhos e no conseqüente aumento da disponibilidade de N e de
biomassa às espigas restantes.
Resultados positivos com a redução da adubação nitrogenada e a manutenção da
produtividade também foram encontrados em pesquisa de Milléo et al. (2012), que ao
43
trabalharem com trigo associando a bactéria Azospirillum brasilense e redução da adubação
de base e cobertura não obtiveram diferença significativa para massa seca de parte aérea,
massa seca de raízes, estatura, espigas por metro quadrado e produtividade quando reduzido a
adubação tanto na base quanto na cobertura, fato esse que os autores atribuíram ao efeito
benéfico do uso da bactéria. Contudo, Godoy et al. (2011) não observaram resposta positiva
do A.brasilense para produtividade de grãos quando utilizado a mesma dose de N, quando
reduzido a adubação de N na base e em cobertura a produtividade foi inferior.
Um fator importante é a possível influência acarretada pelo N presente no solo. As
áreas utilizadas possuíam 2,14 e 2,25 g.dm-3 de N e 42,9 e 45,07 g.dm-3 de matéria orgânica
para os locais Cedeteg e Fazenda Três Capões, respectivamente. Esses teores são
considerados elevados e que podem influenciar no desempenho da bactéria e podendo ter sido
os responsáveis pelos valores encontrados na redução da adubação nitrogenada. Além disso, a
bactéria apresenta melhor desenvolvimento em temperaturas próximas à 30ºC (JAIN et al.,
1987) e pH superiores à 6,5 (PITTNER et al., 2007), condições dificilmente encontradas na
região em estudo, principalmente no inverno.
Saubidet et al. (2002) destacaram que existem evidências de que em plantas de trigo a
inoculação não substitui o adubo nitrogenado, porém, promove a melhor absorção e utilização
do N disponível. Baldani e Baldani (2005) enfatizaram que altas doses de N não foram fator
limitante para os efeitos benéficos causados isolados de diferentes bactérias FBN. Destacaram
também que um dos pontos cruciais para seleção e manejo dessas bactérias é a especificidade
planta-bactéria. Além disso, atribuem a maior absorção de N pelas raízes de plantas
inoculadas à produção, pela bactéria, de auxinas, citoquininas e giberelinas.
Outro fator a ser considerado seria que a Fazenda Três Capões apresenta um melhor
nível de fertilidade do solo, quando comparado ao local CEDETEG. Além de ter como cultura
antecessora soja, apresenta um histórico de rotação de cultura, diferente da área Cedeteg, o
que favorece na disponibilidade de nitrogênio, isso devido a soja ser uma espécie que fixa
nitrogênio, apresenta uma relação C/N menor o que possibilita a espécie sucessora uma maior
disponibilidade deste elemento. Além disso, a pluviosidade total foi superior na Fazenda Três
Capões e após a adubação de cobertura ambos os locais apresentaram pluviosidade suficiente
para uma boa eficiência dessa adubação, contudo também foi superior nesse local. Tais
características podem ter acarretado as maiores médias para a maioria das análises realizadas
obtidas na Fazenda Três Capões.
44
5.4.
CONCLUSÕES
O local de cultivo influenciou os caracteres morfológicos número de perfilhos e
espigas por planta das cultivares de trigo avaliadas e influenciou os resultados obtidos para as
características agronômicas peso hectolitro e mil grãos, com e sem a redução da adubação
nitrogenada em cobertura e o uso de Azospirillum brasilense no tratamento de sementes, este
fator está associado à maior fertilidade do solo, cultura antecessora, histórico de rotação de
cultura e pluviosidade total da Fazenda Três Capões.
A escolha da cultivar influenciou as características morfológicas e agrônomicas
avaliadas, sendo a cultivar BRS Tangará superior para as características morfológicas, número
de perfilhos e espiga e inferior para grãos por espiga, peso hectolitro, peso de mil grãos e
produtividade de grãos.
O uso da bactéria Azospirillum brasilense e a redução da adubação nitrogenada não
acarretou em redução das características agronômicas avaliadas, sendo o número de perfilhos
e número de espigas por planta os parâmetros com resposta positiva.
A produtividade de grãos não foi afetada pela redução da adubação de cobertura com
nitrogênio quando utilizado Azospirillum brasilense, em tratamento de sementes,
independentemente da dosagem da bactéria utilizada, sendo a cultivar Quartzo, mais
responsiva ao uso da inoculação.
45
5.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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48
6. CAPÍTULO II
QUALIDADE INDUSTRIAL DA FARINHA DE DUAS CULTIVARES DE TRIGO
INOCULADAS COM Azospirillum brasilense E SUBMETIDAS A DIFERENTES
DOSES DE NITROGÊNIO EM DOIS LOCAIS
RESUMO
A pesquisa foi realizada durante a safra agrícola 2011 na região de Guarapuava-PR, visando
obter informações sobre o uso da bactéria Azospirillum brasilense na cultura do trigo,
inoculada nas sementes com e sem a redução da adubação nitrogenada de cobertura. Para isso
utilizou-se de duas cultivares (BRS Tangará e Quartzo), em dois locais de cultivo, Campo
Experimental do Cedeteg – Unicentro e Fazenda Três Capões da Empresa MLCV – Grupo
Santa Maria. Os objetivos do trabalho foram analisar a influência da redução da adubação
nitrogenada, associada à inoculação sobre a qualidade da farinha produzida. Para a realização
das análises de qualidade de farinhas utilizou-se o laboratório de qualidade de farinha
pertencente à Moageira Irati, onde os testes foram número de queda, glúten úmido,
alveografia e farinografia (somente absorção). Os resultados obtidos demonstram que o local
de cultivo influenciou os parâmetros de qualidade de farinha avaliados o que demonstra o
efeito de melhores condições de fertilidade do solo, cultura antecessora e pluviosidades, estas
ocorridas na Fazenda Três Capões, porém não influenciaram com a mesma magnitude os
parâmetros analizados. Foi possível detectar o efeito da cultivar em todos os testes realizados
de qualidade de farinha, sendo a cultivar BRS Tangará a que apresentou os melhores
resultados para todos os parâmetros com excessão de extensibilidade (L) e número de queda,
o que demostra a importância do genótipo para a obtenção de determinado tipo de farinha.
Houve interação do local de cultivo com a cultivar avaliada e a sua associado à bactéria
Azospirillum brasilense para os parâmetros tenacidade (P), relação tenacidade/extensibilidade
(P/L) e força de glúten (W) nos testes de alveografia e para número de queda e absorção. Para
os tratamentos isolados cabe destacar o efeito positivo da inoculação com a bactéria
Azospirillum brasilense observado para tenacidade (P) e relação tenacidade/extensibilidade
(P/L), principalmente para a cultivar BRS Tangará, sendo que para os outros demais testes, a
redução da adubação nitrogenada não acarretou perdas na qualidade da farinha para as
condições em que foi realizado o trabalho. A característica força de glúten, analisada na
49
Fazenda Três Capões, foi influenciada pela adubação de cobertura com nitrogênio, não
recomendando a sua redução para não comprometer este parâmetro de qualidade de farinha.
Palavras-chave: Alveografia, número de queda, glúten úmido, absorção.
50
ABSTRACT
The survey was conducted during the 2011 growing season in the region of Guarapuava-PR,
aiming to obtain information about the use of the bacteria Azospirillum brasilense on wheat
croop, inoculated in the seeds, with and without the reduction of nitrogen topdressing. For this
it was experiment used two cultivars (BRS Tangara and Quartzo) in two cultivation sites, the
experimental field CEDETEG - UNICENTRO and Farm Três Capões Company MLCV Santa Maria Group. The aim of this paper was to analyze the effect of reduced nitrogen,
associated with the inoculation on the quality of the flour produced. For the analyzes of
quality of flour it was used the laboratory of flour quality belonging to Moageira Irati, where
the tests were falling number, wet gluten, farinograph and alveography (absorption only). The
results obtained demonstrate that the local culture influenced the evaluated parameters which
shows the better effect of soil fertility, preceding crops and rainfall of Farm Três Capões,
however it did not influenced with the same magnitude the parameters analyzed. It was
possible to detect the effect of cultivar, in all tests quality flour, and BRS Tangara that showed
the best results for all parameters with the exception of extensibility (L) and falling number,
which demonstrates the importance of for genotype obtaining a particular type of flour. There
was an interaction of growing site with the evaluated cultivar and their association with the
bacterium A. brasilense to the parameters tenacity (P), relative tenacity/extensibility (P/L),
strength of gluten (W), falling number and absorption. For isolated treatments should be
highlighted the positive effect of inoculation with the bacterium A. brasilense it was observed
to tenacity (P) and relative tenacity/extensibility (P/L), especially for BRS Tangara, and in the
other remaining tests, the reduction of nitrogen fertilization did not cause losses in quality of
flour. The characteristic strength of gluten, analyzed in Farm Três Capões, was influenced by
topdressing with nitrogen, it is not recommended reduction to not compromise this parameter.
Key words: alveography, falling number, wet gluten, absorption.
51
6.1. INTRODUÇÃO
A importância do trigo para o ser humano surgiu a milhares de anos e ainda constitui a
base alimentar de grande parte da população mundial. Nesse sentido, a principal finalidade do
trigo é a produção de farinha, cuja qualidade depende de diversos fatores, os quais segundo
ROSSI e NEVES (2004), podem ser diferentemente abordados nos diferentes elos de sua
cadeia, onde para o produtor rural, o trigo de qualidade é o que possui boas características
agronômicas (resistência a doenças e pragas, potencial produtivo, alto peso hectolitro); para
os moinhos, a qualidade é medida pela uniformidade do tamanho e forma da matéria-prima,
alto peso específico, alto rendimento em farinhas e baixos teores de cinza; já o panificador
busca adquirir uma farinha de boa qualidade, com alta capacidade de absorção de água, boa
tolerância ao amassamento e alta porcentagem de proteína.
Rae et al. (2011) destacam que não existem farinhas de trigo ruins, nem boas, e sim
farinhas adequadas ou inadequadas a determinados usos. Os principais usos das farinhas são
panificação artesanal, panificação industrial, massas alimentícias, biscoitos e uso doméstico.
A qualidade da farinha é definida como a combinação de adequação a uso e a manutenção do
padrão reológico.
Existe uma variedade de testes utilizados para determinar a qualidade da farinha no
Brasil. Isso ocorre devido à diversidade genética de trigos e de ambientes cultivados, levando
à necessidade da utilização de vários métodos para essa determinação. Dobraszczyk e
Morgenstern (2003) destacam que os métodos mais utilizados são os relacionados às
características reológicas da massa, a partir de sistemas simples de água e farinha,
empregando aparelhos específicos para medir estas propriedades como farinógrafo,
extensógrafo, alveógrafo e consistógrafo. Módenes et al. (2009) destacam os testes físicoquímicos e os testes reológicos como os mais utilizados para análise da qualidade do trigo
pelo mercado.
Para os diversos usos de uma farinha de trigo existem testes que podem determinar
suas características e dar a ela uma finalidade específica ou possibilitar uma mescla com
outras farinhas. Essas características da farinha são influenciadas também pela fertilidade e
adubação, afetadas pela disponibilidade de nitrogênio.
Vários trabalhos utilizam de diferentes doses, épocas e fontes de N com a finalidade
de incrementos de produtividade e de qualidade de farinha. Outros utilizam do uso da técnica
de inoculação de Azospirillum brasilense para substituição parcial da adubação nitrogenada
52
ou incremento de produtividade de grãos. Cazetta et al. (2008) obtiveram incremento na força
geral de glúten e redução da relação P/L quando aumentaram a dose de N, o que influenciou
positivamente a qualidade da farinha para panificação. O número de queda foi pouco afetado
pela adubação nitrogenada. Soares Sobrinho (1999) observou que as características físicoquímicas e reológicas, mais influenciadas positivamente pela adubação nitrogenada, foram
teor protéico e força de glúten. Porém, são poucos trabalhos publicados que abordam dosagem
de N e uso de A. brasilense com objetivo de altas produtividade e obtenção de farinha com
características favoráveis.
O trabalho buscou testar diferentes doses de nitrogênio e a ausência desse elemento
devido, segundo Fages (1994), a maioria das respostas positivas da inoculação de
Azospirillum serem observadas em condições subótimas de fertilizantes. Outra importante
variação testada diz respeito ao genótipo da planta, a qual segundo Reis et al. (2000), é fatorchave para obtenção dos benefícios da fixação biológica do N2. Principalmente ao tratar-se de
qualidade de farinha, onde buscou utilizar-se duas cultivares concolidadas na região e com
diferença de classificação quanto à sua finalidade.
Além dessas variações, o trabalho foi desenvolvido em diferentes locais, para
possibilitar visualizar esse efeito sobre a qualidade de farinha. Muitos autores consideram
importante fator à interação entre o manejo do solo e da cobertura vegetal com as variações
climáticas sobre o efeito da fixação biológica (CATELLAN e VIDOR, 1990), assim buscouse visualizar esse efeito na qualidade de farinha obtida.
Dessa maneira, o trabalho buscou avaliar o desempenho de duas cultivares de trigo
tratadas com duas doses de Azospirillum brasilense frente a diferentes doses de nitrogênio em
dois locais de cultivo, os quais apresentavam duas diferentes culturas antecessoras. Avaliou-se
nesse Capítulo esses efeitos sobre a qualidade da farinha produzida, através dos testes de
tenacidade, extensibilidade, relação tenacidade/extensibilidade, força de glúten, glúten úmido,
número de queda e absorção.
53
6.2. MATERIAL E MÉTODOS
6.2.1. Caracterização das áreas experimentais
A caracterização dos locais dos experimentos são os mesmos descritos no item 5.2.1.
Para a realização das análises de qualidade de farinha foi utilizado o laboratório de qualidade
de farinha pertencente à Moageira Irati, localizado no município de Irati-PR.
6.2.2. Delineamento e detalhes experimentais
O delineamento e os detalhes experimentais foram descritos no item 5.2.2. Para a
realização das análises de qualidade de farinhas utilizou-se de amostras de grãos compostas,
onde as repetições 1 e 3 e as repetições 2 e 4 foram agrupadas, sendo as análises realizadas em
duplicata.
6.2.3. Características da qualidade da farinha avaliadas
A extração da farinha foi realizada em moinho de rolo Vitti Molinos, as características
da farinha avaliadas foram as seguintes:
a) Número de queda ou falling number (NQ)
Para a obtenção desta característica utilizou-se do método 56-81 B (AACC, 1995), no
qual coloca-se aproximadamente 7,0 g de farinha no aparelho Falling Number Perten 1310,
esta quantidade é corrigida para umidade de 14% podendo a quantidade utilizada oscilar
poucas casas decimais. Essa farinha é colocada no tubo viscosímetro, no qual adiciona-se 25
mL de água destilada (22oC), tampa-se o tubo com rolha de borracha, homogeniza-se a
suspensão (agitando 20 a 30 vezes), limpa-se a parede do tubo (com auxílio do agitador
viscosímetro), coloca-se o tubo no compartimento receptor, introduzindo-o no banho-maria
(98oC) por 30 seg. Faz-se a leitura dos resultados.
b) Teor de glúten úmido (GU)
Para obtenção do glúten úmido, utilizou-se do método manual, segundo as normas
analíticas do Instituto Adolfo Lutz (1985). Para tanto pesa-se 20 g de farinha de trigo em
becker de 100 mL, adiciona-se 10 mL de solução de cloreto de sódio a 2,0%, mistura-se bem
com o bastão de vidro até formar uma massa aglomerada, deixa-se repousar por 30 minutos.
54
Lava-se a amostra com água corrente sobre um tamis com malha de 200 mesh, apertando e
amassando com os dedos, reúne-se à massa os fragmentos no tamis, deixando o mesmo sob
água corrente por 10 minutos. Pesa-se obtendo o glúten úmido.
c) Alveografia
Os diferentes caracteres da alveografia podem ser usados para definir as características
viscoelásticas da farinha de trigo. Para este teste foi utilizado do método 54-30 (AACC,
1999), com o aparelho Alveógrafo Choppin MA 87, no qual prepara-se 200 g de farinha,
adiciona-se solução salina a 2,5% (conforme umidade da farinha) em 20 seg do início da
mistura, desliga-se a amassadeira após 1 min de mistura, com o auxílio de uma espátula de
plástico são raspadas as paredes e a tampa da masseira incorporando toda a farinha e água, (1
min), liga-se a amassadeira por mais 6 min de mistura. Com a massa obtida, realiza-se a
extrusão e na placa receptora o corte em pedaços, efetua-se a laminação passando o rolo 12
vezes (6 idas e 6 voltas), é cortado em disco e na placa de descanso deixa-se repousar por 20
min (cabine a 25oC). Os pedaços de massa (28 min após o início da mistura) são transferidos
para o centro da placa fixa, é tampado e rosqueado o anel, baixa-se a placa móvel (2 voltas em
20 seg), após 5 seg retira-se o anel e a tampa circular. Abre o orifício da placa fixa, injeta ar
sob a lâmina de massa através do bulbo de borracha, formando a bolha, registra-se a
deformação até o rompimento da bolha, interrompe o fluxo de ar e para-se o registrador. São
obtidas cinco curvas conforme Figura 2 (anexo). Os caracteres avaliados estão descritos a
seguir:
• Pressão máxima (P) – tenacidade
Este dado é obtido pela média das ordenadas máximas, medidas em mm e
multiplicadas por 1.1. É expressa em fração decimal de mm (valor inteiro aproximado).
Relaciona-se com a resistência da massa a deformação.
• Abscissa média de ruptura (L) – extensibilidade
Este caracter é obtido pela medida em mm sobre linha de pressão zero, da origem da
curva ao ponto correspondente verticalmente com a queda de pressão devido à ruptura da
bolha. A média das abscissas de ruptura das curvas, expressa em valor inteiro aproximado
(sem fração decimal de mm), representa o comprimento L.
• Índice de configuração da curva (P/L) relação tenacidade/extensibilidade
O índice de configuração da curva ou relação tenacidade/extensibilidade (P/L)
expressa o equilíbrio da massa e é obtida através da relação entre pressão máxima e abscissa
média de ruptura. O valor é reportado com aproximação de 0,01 unidade.
55
• Força de glúten (W)
O trabalho de deformação ou força de glúten caracteriza a força da farinha
representada pelo trabalho de deformação de um grama de massa obtida em condições
definidas, é expressa em 10-4 J e calculada como segue abaixo:
W = 1,32 (V/L) S
Onde: V = volume de ar, em m
L = abscissa média de ruptura, em mm.
S = área sob a curva em cm2.
d) Farinografia
Por meio de um processo de mistura relativamente suave e prolongado, a massa é
formada, e é desenvolvida até atingir a consistência máxima e, finalmente, é feito a sobremistura (mistura além do ponto ótimo ou do pico de consistência). Portanto, a resistência à
mistura é crescente no início do processo, atingindo um máximo e passando a ser decrescente
no estágio final (Figura 3 – anexo). Para a realização este teste utilizou-se do Método 54-21
(AACC, 1999), através do Farinógrafo Max Egger TS6.
• Absorção
A absorção de água é definida como a quantidade de água requerida (g.100 g-1 de
farinha) para que a massa atinja a consistência ótima de 500 U.F. no ponto máximo (o centro
da banda deve coincidir com a linha de 500 U.F. no pico da curva). A absorção de água
deverá ser corrigida para a base de 14% de umidade. Para a obtenção deste caracter utiliza-se
dos valores obtidos junto ao Farinógrafo Max Egger TS6.
6.2.4. Análises estatísticas
Primeiramente realizou-se a análise de variância individual e, posteriormente, a análise
conjunta envolvendo os dois locais de cultivo. Todos os dados das características avaliadas
foram submetidos a análises de variância e as médias foram comparadas pelo teste de Tukey,
a 5% de probabilidade, sendo o programa utilizado o Sisvar (FERREIRA, 2008). Foi
realizada transformação dos dados de P/L, utilizando log X.
56
6.3. RESULTADOS E DISCUSSÕES
De acordo com os resultados da análise de variância, apresentados na Tabela 6, foram
observados efeitos significativos (P<0,05 e P<0,01) entre cultivares para todos os caracteres
avaliados
–
glúten
úmido
(GU),
tenacidade
(P),
extensibilidade
(L),
relação
tenacidade/extensibilidade (P/L), número de queda (NQ) e absorção. Para tratamento não
houve efeito nos caracteres L e absorção. Para local não houve efeito significativo para L e
P/L.
Os caracteres obtidos através da alveografia e dos demais testes demonstraram haver
interações entre tratamento x cultivar para P/L e NQ, o que demonsta existir influencia da
cultivar junto aos tratamentos utilizados para estes caracteres. A interação dupla tratamento x
local apresentaram efeitos significativos somente para NQ. A interação dupla local x cultivar
não apresentaram diferença estatística somente para GU e L, demonstrando haver influência
do ambiente para os demais testes realizados. Já a interação tripla tratamento x local x cultivar
apresentou diferença estatística somente para P, NQ e W, o que demonstra que a redução da
adubação de cobertura com nitrogênio associado à bactéria Azospirillum brasilense obteve
diferença significativa de acordo com a cultivar avaliada e o local de cultivo somente para
estes testes. Os Coeficientes de Variação (CV) observados ficaram todos abaixo de 30%
mostrando uma variação aceitável dos dados.
Tabela 6 – Resumo da Anova dos caracteres relacionados à qualidade da farinha, tenacidade
(P), extensibilidade (L), relação tenacidade/extensibilidade (P/L), força de glúten (W), glúten
úmido (GU), número de queda (NQ) e absorção (ABS).
QM
P
L
P/L
W
BLOCO (LOCAL)
1
0.28
0.20
0.10
226.72
DOSES
6
381.14**
273.36 ns
0.64**
329.08**
LOCAL
1
175.01*
154.44 ns
0.25 ns
85.08ns
CULTIVAR
1
585.01**
1197.87**
2.00**
396.45*
6
34.14 ns
88.44 ns
0.02 ns
983.43**
TRAT*LOCAL
TRAT*CULTIVAR
6
49.89 ns
190.70 ns
0.22*
165.45*
LOCAL*CULTIVAR
1
3075.44**
288.01 ns
0.53*
13237.87**
TRAT*LOCAL*CULT
6
198.15**
186.10 ns
0.10 ns
500.71**
ERRO
27
29.86
122.20
0.08
61.29
8.90
20.33
23.76
8.05
CV
62.51
54.16
1.23
90.80
MÉDIA GERAL
1
GL – graus de liberdade * P<0,05 ** P<0,01 NS – não significativo pelo teste F.
Fonte de Variação
GL1
GU
3.90
6.87**
634.50**
1178.52**
2.70 ns
2.30 ns
3.35 ns
1.54 ns
1.36
4.07
28.77
NQ
940.28
9777.15**
42405.01**
246715.87**
1278.89**
509.00**
35552.16**
410.61**
74.01
2.33
241.16
ABS
3.5
1.21ns
160.48**
196.87**
1.39 ns
2.26 ns
65.57**
1.62 ns
1.54
2.05
59.22
6.3.1. Testes de alveografia
Para os caracteres avaliados pelo teste de alveografia, a diferença entre as médias dos
tratamentos estão divididas entre a comparação dentro de cada local e de cada cultivar,
57
comparando o desempenho das cultivares
nos diferentes locais, a média geral dos
tratamentos, a média geral dos diferentes locais e a média geral das diferentes cultivares. Os
dados estão apresentados na Tabela 7.
No Cedeteg, para tenacidade (P) da cultivar Tangará observou-se que somente o
tratamento 50% N + 0 Azo e o tratamento 0% N + 0 Azo foram inferiores aos demais
tratamentos, o tratamento 50% N + 0 Azo não diferiu do tratamento 50% N + 300 Azo e do
tratamento 0% N + 0 Azo, e este não diferiu do tratamento 50% N + 0 Azo e foi inferior
estatisticamente aos demais tratamentos. Para este mesmo caractere a cultivar Quartzo não
apresentou diferença estatística entre os diferentes tratamentos e o tratamento 0% N + 0 Azo.
Nesse mesmo local, para extensibilidade (L) os tratamentos não diferiram
estatisticamente entre si para as duas cultivares utilizadas. A relação P/L para a cultivar
Tangará não apresentou diferença entre os tratamentos 100% N + 300 Azo, 100% N + 100
Azo e 100% N + 0 Azo. Os tratamentos 100% N + 100 Azo e 100%N + 0 Azo não diferiram
dos tratamentos 50% N + 300 Azo, 50% N + 100 Azo e 50% N + 0 Azo. Já os tratamentos
50% N + 300 Azo, 50% N + 100 Azo, 100% N + 0 Azo e 50% N + 0 Azo não diferiram do
tratamento 0% N + 0 Azo. Na cultivar Quartzo não houve diferença estatistica entre os
tratamentos.
Já na Fazenda Três Capões, para tenacidade (P) para a cultivar Tangará observou-se
que os tratamentos não diferiram entre si e somente o tratamento 100% N + 300 Azo foi
superior ao tratamento 0% N + 0 Azo. Já para a cultivar Quartzo os tratamentos 100% N +
300 Azo, 50% N + 300 Azo, 100% N + 100 Azo, 50% N + 100 Azo e 100% N + 0 Azo não
diferiram entre si. Os tratamentos 50% N + 300 Azo e 50% N + 100 Azo foram iguais ao
tratamento 50% N + 0 Azo. O tratamento 0% N + 0 Azo e estes dois últimos foram inferiores
aos demais.
Nesse mesmo local, para extensibilidade (L), os tratamentos não diferiram entre si
para as duas cultivares. A relação P/L da cultivar Tangará não apresentou diferença entre os
diferentes tratamentos e, somente o tratamento 100% N + 300 Azo foi superior ao tratamento
0% N + 0 Azo. Já a cultivar Quartzo não apresentou diferença entre os tratamentos.
Comparando o desempenho das cultivares entre locais, observou-se, para P na cultivar
Tangará, somente os tratamentos 50% N + 0 Azo e 0% N + 0 Azo não diferiram para os dois
locais, já os demais tratamentos obtiveram melhores desempenhos no Cedeteg. Para este
mesmo caracter para a cultivar Quartzo somente os tratamentos 50% N + 100 Azo, 50%N + 0
Azo e 0 N + 0 Azo não diferiram para os dois locais, já os demais tratamentos obtiveram
58
melhores desempenhos na Fazenda Três Capões. Para L não houve diferença entre os locais
nos diferentes tratamentos para as duas cultivares. A relação P/L da cultivar Tangará
apresentou diferença entre locais somente para o tratamento 100% N + 300 Azo e 100% N +
0 Azo. O melhor desempenho do tratamento 100% N + 300 Azo ocorreu no Cedeteg e para o
tratamento 100% N + 0 Azo o melhor desempenho foi na Fazenda Três Capões. Para a
cultivar Quartzo não observou-se diferença entre locais nos diferentes tratamentos.
Ao observar a média geral dos diferentes tratamentos, para o caracter P, o tratamento
100% N + 300 Azo, 100% N + 100 Azo, 50% N + 100 Azo e 100% N + 0 Azo não diferiram
entre si, os tratamentos 100% N + 100 Azo, 50% N + 100 Azo e 100% N + 0 Azo não
diferiram do tratamento 50%N + 300 Azo. Os tratamentos 50% N + 100 Azo e 50%N + 300
Azo não diferiram do tratamento 50%N + 0 Azo e este não diferiu do tratamento 0% N + 0
Azo. Já o parâmentro L não apresentou diferença entre os diferentes.
A média geral dos tratamentos para a relação P/L não apresentou diferença estatística
entre os tratamentos 100% N + 300 Azo, 50% N + 300 Azo, 100% N + 100 Azo e 100% N +
0 Azo. Os tratamentos 50% N + 300 Azo, 100% N + 100 Azo e 100% N + 0 Azo não
diferiram do tratamento 50%N + 100 Azo. Os tratamentos 50% N + 300 Azo, 100% N + 0
Azo e 50%N + 100 Azo não diferiram do tratamento 50% N + 0 Azo e este não diferiu do
tratamento 0% N + 0 Azo.
No que diz respeito à média geral dos diferentes locais observou-se que somente o
caracter tenacidade (P) apresentou diferença significativa, onde no Cedeteg foi superior à
Fazenda Três Capões.
Para a média geral das diferentes cultivares, a cultivar Tangará apresentou melhor
desempenho para P e para a relação P/L. Já para L o melhor desempenho foi da cultivar
Quartzo. Estes fatores estão diretamente ligados ao genótipo e classe de cada cultivar, onde a
cultivar Tangará é classificada como trigo melhorador e a cultivar Quartzo é classificada
como trigo tipo pão.
59
Tabela 7 – Médias das avaliações da qualidade da farinha através do teste de alveografia
associadas a doses de nitrogênio (N) e uso de diferentes doses de Azospirillum brasilense
(Azo) nas cultivares de trigo BRS Tangará e Quartzo. Guarapuava, 2011.
Tenacidade (P)
Doses
N
Azo
100%
300
50%
300
100%
100
50%
100
100%
0
50%
0
0
0
Média cultivar
Média local
Doses
N
Azo
100%
300
50%
300
100%
100
50%
100
100%
0
50%
0
0
0
Média cultivar
Média local
Doses
N
Azo
100%
300
50%
300
100%
100
50%
100
100%
0
50%
0
0
0
Média cultivar
Média local
TANGARÁ
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
QUARTZO
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
85.50 a A
68.00 a B
60.50 a B
72.00 a A
78.00 ab A
52.00 ab B
53.00 a B
65.00 ab A
88.50 a A
63.00 ab B
48.50 a B
74.00 a A
80.00 a A
54.50 ab B
56.50 a A
63.50 ab A
79.00 a A
54.50 ab B
49.50 a B
75.50 a A
61.00 bc A
54.00 ab A
57.00 a A
50.50 b A
52.50 c A
50.00 b A
50.50 a A
54.00 b A
65.75 A
59.29 B
64.29 A (Cedeteg)
60.75 B (Três Capões)
Extensibilidade (L)
TANGARÁ
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
QUARTZO
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
35.50 a A
39.00 a A
60.00 a A
60.00 a A
51.50 a A
45.00 a A
50.50 a A
66.50 a A
47.00 a A
43.00 a A
41.50 a A
60.50 a A
62.50 a A
41.00 a A
55.00 a A
72.00 a A
46.00 a A
64.50 a A
40.00 a A
51.50 a A
53.50 a A
46.00 a A
65.00 a A
62.00 a A
55.00 a A
64.00 a A
72.00 a A
66.50 a A
49.53 B
58.78 A
52.50 A (Cedeteg)
55.82 A (Três Capões)
Relação tenacidade/extensibilidade (P/L)
TANGARÁ
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
2.47 a A
1.77 a B
1.51 bc A
1.15 ab A
2.04 ab A
1.59 ab A
1.28 bc A
1.34 ab A
1.71 abc B
1.00 ab A
1.14 bc A
1.17 ab A
0.95 c A
0.78 b A
1.42 A
1.30 A (Cedeteg)
QUARTZO
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
1.01 a A
1.05 a A
1.17 a A
1.03 a A
1.24 a A
0.88 a A
0.70 a A
1.20 a A
0.97 a A
1.32 a A
0.88 a A
1.48 a A
0.83 a A
0.83 a A
1.04 B
1.17 A (Três Capões)
Média
71.50 a
62.00 bc
68.50 ab
63.62 abc
64.62 ab
55.62 cd
51.75 d
CV – 8,90%
Média
48.62 a
53.37 a
48.00 a
57.62 a
50.50 a
56.62 a
64.37 a
CV – 20,33%
Média
1.61 a
1.17 abcd
1.53 ab
1.14 bcd
1.36 abc
1.00 cd
0.82 d
CV – 23,76%
Letras maiusculas comparam médias na linha para cada cultivar avaliada.
Letras minúsculas comparam médias na coluna. Médias submetidas ao Teste de Tukey à 5%. Relação P/L dados tranformados para Log X.
Ao observar os valores obtidos para a variável P, verifica-se a diferença entre locais
que houve para este caracter, onde o Cedeteg foi superior à Fazenda Três Capões. Além disso,
na cultivar Tangará no Cedeteg, o tratamento 50% N + 0 Azo não diferiu somente do
60
tratamento 0% N + 0 Azo e ao tratamento 50% N + 300 Azo e inferior aos demais. Tendência
semelhante na cultivar Quartzo na Fazenda Três Capões, onde o tratamento 50% N + 0 Azo
não diferiu do tratamento 0% N + 0 Azo, do tratamento 50% N + 300 Azo e 50% N + 100
Azo e foi inferior aos demais. Tais resultados demonstram importante influencia da bactéria,
bem como da elevação da dose de N, resultado semelhante ao observado por Gutkoski et al.
(2011), que com a elevação da dose de N aplicada no solo verificaram um aumento da força
de glúten (W), tenacidade (P), relação P/L e absorção de água. Os valores de tenacidade (P)
de ambas as cultivares avaliadas por estes autores, aumentaram com a elevação da dose de N
aplicada no solo, variando entre 78 e 108 mm, e de forma similar os de absorção de água de
55 mL para 58 mL.
Outro fator observado em P foi a superioridade para este caracter da cultivar Tangará,
que diferiu estatisticamente da Quartzo, observado na comparação das duas médias gerais das
cultivares.
Para L observou-se um maior valor para a cultivar Quartzo quando comparado à
cultivar Tangará. Já para a relação P/L, comparando as médias gerais das cultivares,
observou-se que a cultivar Tangará foi superior à Quartzo.
Observou-se também que, para a relação P/L, os dados obtidos para Quartzo não
diferiram estatisticamente e os valores encontrados estão dentro do estipulado para produção
de pães pela Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale (2012), que
determina como relação P/L ideal valores entre 0,5 e 1,2. Por outro lado, a cultivar Tangará
apresentou comportamento diferente onde, no Cedeteg, com o uso da bactéria e de 100% da
dose de N, houve um incremento significativo na relação P/L, chegando à valores de 2,47
para o tratamento 100% N + 300 Azo.
Na média geral, para relação P/L, observou-se que os tratamentos com redução da
adubação nitrogenada apresentaram valores inferiores àqueles encontrados nos tratamentos
com o uso de 100% N e com o uso da bactéria independentemente da dosagem desta.
Diferente do observado, Cazetta et al. (2008) em trabalho realizado com adubação
nitrogenada, obtiveram redução da relação P/L com o aumento das doses de N, o que
influenciou positivamente a qualidade da farinha para panificação. Mandarino (1994) ressalta
que o aumento da relação P/L, com consequente acréscimo da elasticidade do glúten, pode ser
provocado pela elevação do teor de gluteninas, que são proteínas de elevada elasticidade e
baixa extensibilidade. Por outro lado, a redução da relação P/L pode ser explicada pelo
aumento do teor de gliadinas, que são responsáveis por baixa elasticidade do glúten.
61
Cabe destacar que para a cultivar Quartzo o uso da bactéria reduziu a relação P/L, em
ambos os locais, comparado ao tratamento padrão 100% N + 0 Azo, diferentemente do
observado para a cultivar Tangará. Dessa maneira, o uso da bactéria, dependente da cultivar,
pode acarretar aumento ou diminuição da relação P/L.
Para avaliar a força de glúten (W) utilizou-se somente dos dados referente à Fazenda
Três Capões, devido aos dados obtidos no Cedeteg ficarem inferiores aos requeridos pela
Instrução Normativa nº 38, a qual classifica o trigo com W ≥ 300 como melhorador, W ≥ 220
como pão, W ≥ 160 como doméstico, W ≥ 100 como básico, abaixo de 100 o trigo enquadrase como para outros usos. Dessa maneira, trabalhou-se com os dados somente da Fazenda
Três Capões que apresentou tratamentos com classificação de trigo básico e outros usos, o que
não ocorreu no Cedeteg, onde apresentou somente classificação de outros usos.
Para os valores obtidos para W cabe destacar que os tratamentos 100% N + 300 Azo e
100% N + 100 Azo foram superiores aos demais quando comparado a média geral na
Fazenda Três Capões. Ao analisar cada cultivar observa-se a mesma superioridade dos
tratamentos com o uso do Azospirillum para a cultivar Quartzo e para a cultivar Tangará não
observou-se essa tendência.
Tabela 8 - Força de glúten (W) das cultivares Tangará e Quartzo na Fazenda Três Capões em
resposta a combinação de doses de N em cobertura e inoculação com Azospirillum brasilense.
Doses
N
100%
50%
100%
50%
100%
50%
0
Azo
300
300
100
100
0
0
0
Média
Tangará
Quartzo
Média
83.00 bc A
59.50 c B
95.50 a A
56.00 c B
83.50 ab B
63.00 bc B
77.50 abc B
74,00 B
123.50 ab A
113.50 b A
139.50 a A
116.00 b A
115.00 b A
81.50 c A
81.50 c B
110,07 A
103,25 ab
86,50 bc
117,50 a
86,00 bc
99,25 b
72,25 c
79,50 c
CV – 8,62%
Letras maiusculas comparam médias na linha para cada cultivar avaliada.
Letras minúsculas comparam médias na coluna. Médias submetidas ao Teste de Tukey à 5%.
Pires et al. (2012) avaliaram o comportamento de diferentes cultivares de trigo em
função de diferentes estratégias de suplementação de N em cobertura, envolvendo aumento e
fracionamento de dose de N e não obtiveram resposta à mudança na estratégia para
suplementação de N em cobertura, em relação ao momento e dose tradicionalmente indicado
para rendimento de grãos e força de glúten (W). As cultivares testadas atingiram valores de
força de glúten compatíveis com sua classificação comercial, ou superiores, com a estratégia
62
tradicional, não tendo necessitado suplementação tardia ou partição da dose de N. Nesse
mesmo sentido, Bassoi e Foloni (2012) não observaram aumento significativo para
produtividade e o valor de W, quando do aumento na dose da adubação nitrogenada em
cobertura, para duas cultivares testadas. Já Cazetta et al. (2008) em trabalho realizado com
adubação nitrogenada, obtiveram incremento na força geral de glúten com o aumento das
doses de N, o que influenciou positivamente a qualidade da farinha para panificação.
6.3.2. Outros testes de qualidade de farinha
A diferença entre as médias dos tratamentos estão divididos entre a comparação dentro
de cada local e de cada cultivar, comparando o desempenho das cultivares nos diferentes
locais, a média geral dos tratamentos, a média geral dos diferentes locais e a média geral das
diferentes cultivares. Os dados estão apresentados na Tabela 9.
Para glúten úmido (GU) no Cedeteg o tratamento 0% N + 0 Azo da cultivar Tangará
foi inferior somente ao tratameno 100% N + 100 Azo e não diferiu dos demais. Para a cultivar
Quartzo não houve diferença entre os tratamentos.
Para o número de queda (NQ) da cultivar Tangará, nesse mesmo local, os tratamentos
50% N + 100 Azo e 100% N + 0 Azo não diferiram entre si e foram superiores aos demais.
Os tratamentos 100% N + 300 Azo, 50%N + 300 Azo e 100% N + 100 Azo foram superiores
ao tratamento 50% N + 0 Azo que por sua vez foi superior ao tratamento 0% N + 0 Azo. Para
este teste na cultivar Quartzo os tratamentos 50% N + 300 Azo, 100% N + 100 Azo, 50% N +
100 Azo e 100% N + 0 Azo não diferiram entre si, onde os tratamentos 50% N + 300 Azo e
100% N + 100 Azo não diferiram do tratamento 100% N + 300 Azo, que foram superiores ao
tratamento 50% N + 0 Azo que por sua vez foi superior ao tratamento 0% N + 0 Azo.
Para a absorção, no Cedeteg, não houve diferença estatística entre os tratamentos para
a cultivar Tangará. Já na cultivar Quartzo houve uma única diferença entre os tratamentos
100% N + 100 Azo e 100% N + 0 Azo.
Na Fazenda Três Capões a cultivar Tangará apresentou diferença estatística para GU
somente do tratamento 50% N + 0 Azo que foi inferior aos demais tratamentos e não diferiu
de 0% N + 0 Azo. Para a cultivar Quartzo não houve diferença entre os diferentes
tratamentos.
Para número de queda (NQ), nesse mesmo local, na cultivar Tangará houve diferença,
onde o tratamento 100% N + 300 Azo foi superior seguido dos tratamentos 50% N + 300
63
Azo, 100% N + 100 Azo, 50% N + 100 Azo e 100% N + 0 Azo que não diferiram entre si e
foram superiores ao tratamento 50% N + 0 Azo, que por sua vez foi superior ao tratamento
0% N + 0 Azo. Já na Fazenda Três Capões, os tratamentos 100% N + 300 Azo, 50% N + 300
Azo, 100% N + 100 Azo, 50% N + 100 Azo e 100% N + 0 Azo foram iguais entre si. Os
tratamentos 50% N + 300 Azo e 50% N + 100 Azo foram iguais ao tratamento 50% N + 0
Azo que por sua vez foi superior ao tratamento 0% N + 0 Azo. Para absorção não houve
diferença entre os tratamentos para ambas cultivares.
Comparando o desempenho de local para cada cultivar observou-se que para GU as
duas cultivares foram superiores na Fazenda Três Capões em todos os tratamentos. Para NQ a
cultivar Tangará foi superior em todos os tratamentos no Cedeteg, somente para o tratamento
0% N + 0 Azo foi inferior neste local. Já a cultivar Quartzo, para NQ, os tratamentos 50% N +
300 Azo, 50% N + 100 Azo e 100% N + 0 Azo foram superiores no Cedeteg, 50% N + 0 Azo
foi superior na Fazenda Três Capões e os demais tratamentos não apresentaram diferença
estatística entre os locais. Para a absorção a cultivar Tangará foi inferior no Cedeteg somente
para o tratamento 50% N + 100 Azo, para os demais tratamentos não houve diferença. Para a
cultivar Quartzo todos os tratamentos foram superiores na Fazenda Três Capões, somente o
tratamento 0% N + 0 Azo não diferiu estatísticamente.
Ao observar a média geral dos diferentes tratamentos o GU apresentou diferença
estatística somente entre os tratamentos 50% N + 300 Azo que foi superior ao tratamento 50%
N + 0 Azo e superior ao tratamento 0% N + 0 Azo. Os demais tratamentos não diferiram entre
si.
Para a média geral do NQ os tratamentos 100% N + 300 Azo, 50% N + 100 Azo e
100% N + 0 Azo não diferiram entre si e foram superiores aos tratamentos 50% N + 300 Azo,
100% N + 100 Azo que por sua vez foram superiores ao tratamento 50% N + 0 Azo e ao
tratamento 0% N + 0 Azo, a qual foi inferior a todos os tratamentos. Para absorção não houve
diferença entre os diferentes tratamentos.
Ao observar a média geral dos diferentes locais, constata-se que para GU e absorção,
houve diferença entre locais e os valores superiores foram encontrados na Fazenda Três
Capões. Para NQ o local que apresentou valores superiores foi o Cedeteg.
Para a média geral das duas cultivares observou-se que, para GU e absorção, a cultivar
Tangará apresentou valores superiores à cultivar Quartzo. Para NQ os valores superiores
foram encontrados na cultivar Quartzo.
64
Tabela 9 – Médias das avaliações do teste de glúten úmido, número de queda e absorção,
associadas a a doses de nitrogênio (N) e uso de diferentes doses de Azospirillum brasilense
(Azo) nas cultivares de trigo BRS Tangará e Quartzo. Guarapuava, 2013.
Glúten úmido (GU)
Doses
N
Azo
100%
300
50%
300
100%
100
50%
100
100%
0
50%
0
0
0
Média cultivar
Média local
Doses
N
Azo
100%
300
50%
300
100%
100
50%
100
100%
0
50%
0
0
0
Média cultivar
Média local
Doses
N
Azo
100%
300
50%
300
100%
100
50%
100
100%
0
50%
0
0
0
Média cultivar
Média local
TANGARÁ
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
QUARTZO
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
29.60 ab B
37.20 a A
23.00 a B
26.85 a A
29.80 ab B
38.10 a A
20.75 a B
27.45 a A
31.60 a B
39.25 a A
21.60 a B
28.20 a A
30.30 ab B
37.05 a A
21.00 a B
27.30 a A
29.90 ab B
38.20 a A
20.45 a B
27.55 a A
29.70 ab B
33.30 b A
20.75 a B
26.55 a A
27.35 b B
35.70 ab A
19.90 a B
27.25 a A
33.36 A
24.19 B
25.40 B (Cedeteg)
32.14 A (Três Capões)
Número de queda (NQ)
TANGARÁ
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
QUARTZO
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
232.00 b A
191.00 a B
316.00 b A
323.00 a A
237.50 b A
124.50 b B
330.00 ab A
312.50 ab B
222.50 b A
129.00 b B
329.50 ab A
326.00 a A
280.00 a A
131.50 b B
340.50 a A
313.50 ab B
274.00 a A
122.00 b B
340.50 a A
328.00 a B
183.50 c A
94.00 c B
277.50 c B
297.00 b A
163.00 d B
62.50 d A
235.00 d A
236.50 c A
174.78 B
307.54 A
268.68 A (Cedeteg)
213.64 B (Três Capões)
Absorção
TANGARÁ
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
59.90 a A
61.55 a A
60.30 a A
61.25 a A
60.05 a A
61.95 a A
60.70 a B
63.55 a A
61.00 a A
61.70 a A
60.70 a A
61.20 a A
60.80 a A
60.80 a A
61.10 A
57.54 B (Cedeteg)
QUARTZO
Cedeteg
Três Capões
(Milho)
(Soja)
55.10 ab B
60.80 a A
54.95 ab B
60.25 a A
56.90 a B
59.90 a A
53.70 ab B
60.30 a A
52.55 b B
60.20 a A
55.30 ab B
60.25 a A
53.55 ab A
59.20 a A
57.35 B
60.92 A (Três Capões)
Média
29.16 ab
30.16 a
29.02 ab
28.91 ab
29.02 ab
27.57 b
27.55 b
CV – 4,07%
Média
265.50 a
251.12 b
251.75 b
266.37 a
266.12 a
213.00 c
174.25 d
CV –2,33%
Média
59.34 a
59.18 a
59.70 a
59.56 a
58.86 a
59.36 a
58.58 a
CV –2,05%
Letras maiusculas comparam médias na linha para cada cultivar avaliada.
Letras minúsculas comparam médias na coluna.
Médias submetidas ao Teste de Tukey à 5%.
Ao observar as médias gerais para NQ constatou-se que o tratamento 100% N + 300
Azo não diferiu dos tratamentos 50% N + 100 Azo e 100% N + 0 Azo, demostra-se que o
65
tratamento com a redução do nitrogênio e o uso da bactéria apresentou comportamento similar
aos tratamentos com o uso de 100 % de N. Dessa maneira, o uso da bactéria demostrou
influencia positiva para a variável NQ. Contudo, os resultados obtidos nessa pesquisa diferem
dos observados por Cazetta et al. (2008), onde o número de queda foi pouco afetado pela
adubação nitrogenada, e verificaram que, de forma geral, a adubação nitrogenada não
interfere na atividade da alfa-amilase, e que esta depende da cultivar utilizada e da dose de N
aplicada em cobertura. Em trabalho realizado por Mendes et al. (2011), os tratamentos com e
sem redução da adubação nitrogenada e com e sem a utilização do Azospirillum brasilense
não alteraram NQ na cultivar Quartzo.
Cabe destacar que a Fazenda Três Capões apresenta uma melhor fertilidade, teve como
cultura antecessora soja, apresenta um histórico de rotação de cultura, diferente da área
Cedeteg. Além disso, a pluviosidade total foi superior na Fazenda Três Capões e após a
adubação de cobertura ambos os locais apresentaram pluviosidade suficiente para uma boa
eficiência dessa adubação, contudo também foi superior nesse local. Tais características
podem ter acarretado as maiores médias para a maioria das análises realizadas obtidas na
Fazenda Três Capões.
66
6.4. CONCLUSÕES
O local de cultivo influenciou os parâmetros de qualidade de farinha avaliados o que
demonstra o efeito de melhores condições de fertilidade do solo, cultura antecessora e
pluviosidades, estas ocorridas na Fazenda Três Capões, porém não influenciaram com a
mesma magnitude os parâmetros analizados.
Foi possível detectar o efeito da cultivar, em todos os testes realizados de qualidade de
farinha, sendo a cultivar BRS Tangará a que apresentou os melhores resultados para todos os
parâmetros com excessão de extensibilidade (L) e número de queda, o que demostra a
importância do genótipo para a obtenção de determinado tipo de farinha.
Houve interação do local de cultivo com a cultivar avaliada e a sua associado à
bactéria
Azospirillum
brasilense
para
os
parâmetros
tenacidade
(P),
relação
tenacidade/extensibilidade (P/L) e força de glúten (W) nos testes de alveografia e para número
de queda e absorção.
Para os tratamentos isolados cabe destacar o efeito positivo da inoculação com a
bactéria
Azospirillum
brasilense
observado
para
tenacidade
(P)
e
relação
tenacidade/extensibilidade (P/L), principalmente para a cultivar BRS Tangará, sendo que para
os outros demais testes, a redução da adubação nitrogenada não acarretou perdas na qualidade
da farinha para as condições em que foi realizado o trabalho.
A característica força de glúten, analisada na Fazenda Três Capões, foi influenciada
pela adubação de cobertura com nitrogênio, não recomendando a sua redução para não
comprometer este parâmetro de qualidade de farinha.
67
6.5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AMERICAN ASSOCIATION OF CEREAL CHEMISTS – AACC. Approved methods of
the American Association of Cereal Chemists. 9 ed. Saint Paul, 1995.
AMERICAN ASSOCIATION OF CEREAL CHEMISTS – AACC. Approved methods of
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Veterinárias, Universidade Estadual Paulista, Jaboticabal, 1999.
70
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao calcular as médias dos tratamentos dos dois locais, com e sem o uso da inoculação,
para cada cultivar, observa-se que a cultivar Tangará nos tratamentos com o uso de 100% da
dose de N, independente da dose da bactéria, apresentou produtividade média de 3427,75 kg
ha-1. Já para os tratamentos com a redução da adubação para 50% da dose de N, independente
da dose da bactéria, a produtividade média foi de 3512,20 kg ha-1-. A média da cultivar
Tangará para o tratamento com 100% de N sem o uso da bactéria foi de 3495,00 kg ha-1. Para
a cultivar Quartzo, o tratamento com o uso de 100% de N independente da dose da bactéria
foi de 4105,20 kg ha-1. Essa mesma cultivar com a redução da adubação para 50% de N
independente da dose da bactéria foi de 4206,30 kg ha-1. E a média do tratamento com o uso
de 100% da dose de N e sem a inoculação foi de 3983,00 kg ha-1.
Ao analisar tais informações observa-se que ambas as cultivares apresentaram maiores
produtividades, porém não significativas, com a redução da adubação para 50% de N e uso da
inoculação com a bactéria A. brasilense. Semelhante ao encontrado por Sala et al. (2007), que,
ao trabalhar com diferentes doses de N, obtiveram maior incremento na produtividade de
grãos na ausência de N adicional. Neste sentido, o incremento de produtividade foi superior
na cultivar Quartzo, a qual apresentou ganho de 223,3 kg ha-1, que correspondeu a 5,6% de
incremento. Isso vai de encontro aos dados obtidos por Hungria et al. (2010) que para a
cultura do trigo observou incrementos de 312-423 kg ha-1, o que correspondeu a 13-18% em
relação à não inoculação. O fato de ter envidenciado respostas diferentes nas cultivares em
estudo, permite-nos inferir que houve variação na interação, bactéria A. brasilense vs cultivar.
Ao analisar tais resultados, de acordo com dados levantados com as empresas do setor,
o custo estimado da inoculação por hectare é de R$ 18,00. O preço médio no Paraná da
tonelada de uréia no ano de 2012 foi de R$ 1.346,52 e o preço mínimo da tonelada de trigo foi
de R$ 369,83 e alcançou R$ 564,16 na colheita de 2012 (CONAB, 2012). Neste sentido, a
redução de 55 kg.ha-1 da adubação nitrogenada pode propiciar economia de R$ 164,50,
considerando o incremento de produtividade da cultivar Quartzo, que foi de 234,50 kg.ha-1,
observa-se que a inoculação pode propiciar um ganho extra de R$ 86,72, considerando o
preço mínimo do trigo e de R$ 132,29, considerando o preço médio da tonelada na colheita do
ano de 2012. Assim, o ganho financeiro do uso da inoculação por hectare alcançaria até R$
251,22, com um custo da inoculação de R$ 18,00, o que possibilitaria um ganho líquido de até
R$ 233,22.
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ANEXOS
Figura 2 – Alveograma com indicação dos principais caracteres: P – pressão máxima e L –
abscissa média de ruptura.
Figura 3 – Resultado obtido no farinograma da farinha obtida de uma das parcelas
experimentais.
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