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AS MÚLTIPLAS FORMAS DE COMUNICAÇÃO DO ADMINISTRADOR Marilani Soares Vanalli Docente da UNOESTE Pretende‐se com este artigo científico destacar as múltiplas formas de comunicação existentes dentro da seara da liderança administrativa, que permeia o universo pessoal e o profissional, expressando as vozes deste intervalo comunicacional entre líderes e liderados. É importante refletir nas facetas da comunicação do administrador bem como nos seus limites: do interpessoal ao intrapessoal; do pessoal ao profissional, do individual ao coletivo e das consequencialidades que estas variadas formas de comunicação atingem. Assim, pode‐se pensar que a comunicação pode ser um entrave ou uma solução. E mais, que se praticada correta e positivamente, pode além de obter uma maximização de resultados imperscrutáveis, ainda manter a harmonia desejada no ambiente de trabalho. Palavras‐chave: comunicação – administrador – pessoal – profissional – resultados. INTRODUÇÃO A comunicação entre as pessoas se constitui em um processo social, histórico e contextual. As inúmeras formas de se expressar ‐ quer sejam elas no âmbito pessoal ou no profissional ‐ garantem aos indivíduos resultados inusitados para o fim a que se destinam. Vivemos inúmeras formas diferentes de comunicação, que expressam múltiplas situações pessoais, interpessoais, grupais e sociais de conhecer; viver e sentir, que quando dinâmicas, evoluem modificando‐se; modificando a nós mesmos e aos que nos rodeiam. Quando se fala para alguém, você exerce a sensação de poder, de domínio, de liderança. Nestes casos, a energia flui através da voz, do corpo, das palavras, postura, dos gestos e de cada olhar. É a expressão profunda e reveladora do seu otimismo ou não, da agressividade ou suavidade, da sua autoestima. É a comunicação invisível, surda, porém percebida pelos sentidos. É muito agradável a energia que flui de pessoas otimistas; felizes, que diante das adversidades da vida encontram desafios que podem ser superados. Quando o líder se dirige a um grupo o seu poder de comunicação deve ser cauteloso, pensando nas inúmeras interpretações que podem ocorrer. A comunicação precisa ser objetiva e simultaneamente subjetiva atendendo ao propósito contextual a que se destina. O objetivo deste artigo é refletir sobre as múltiplas formas de comunicação do Administrador e os seus limites: da interpessoal à intrapessoal; do pessoal ao profissional; do individual ao coletivo; da comunicação aos resultados. Caminhando nesta direção é que se pensou em elaborar a escrita de um artigo científico com o propósito de abordar e analisar através de Colloquium Humanarum, vol. 9, n. Especial, jul–dez, 2012
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pesquisas bibliográficas, as variadas formas de comunicação, bem como os resultados discursivos convertidos em ações na empresa e quais conseqüências administrativas que elas têm trazido. Com os dados destes resultados, classificar‐se‐á se tem havido maior condição positiva ou negativa em tais comunicações. OBJETIVOS Ao se pensar na escrita de um artigo científico, o objetivo maior é o refletir sobre as múltiplas formas de comunicação do Administrador e em todos os seus limites: parte‐se da intrapessoalidade e projeta‐se do pessoal ao profissional; do individual ao coletivo; as mais variadas formas de comunicação do líder e os resultados que ela atinge. A partir disto, tem‐se que a comunicação pode ser entrave ou a solução. Para tanto, pesquisar‐se‐á com maior detalhamento as inúmeras formas de comunicação bem como as consequencialidades que ela traz. METODOLOGIA Com base na comunicação cotidiana, dos acertos e falhas existentes na comunicação interpessoal e profissional em circunstâncias variadas, decidiu‐se por executar uma pesquisa bibliográfica para analisar o como e o porquê estas possibilidades comunicativas não acontecem com a eficácia que deveriam ou poderiam. A partir de tal pesquisa, tem‐se a pretensão de provar que a comunicação nasce falha na perspectiva intrapessoal, e continua nesse mesmo propósito até o final. E que nesta direção, o líder administrador precisa conhecer seus limites profundamente para modificar as relações de causa e efeito no que tange a comunicação. Os resultados desastrosos da comunicação podem repercutir em resultados pouco interessantes em se pensando na empresa como um todo. Utilizar‐se‐á de bibliografia pertencente às áreas da Teoria da comunicação, da linguagem, da Lingüística e da administração. DISCUSSÃO Comunicar‐se bem é tarefa árdua, já que está sujeita a aceitar as inúmeras dificuldades que temos em ser coerentes. É saber dosar palavras somadas às emoções. É transformar racionalmente o que se pensa, sente, em assumir o lado, complicado da nossa existência. Para que aconteça a comunicação pessoal/profissional é necessário que se tenha em mente os seguintes questionamentos: o que eu pretendo falar e como fazê‐lo. Colloquium Humanarum, vol. 9, n. Especial, jul–dez, 2012
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O modo como é compreendido o processo social da Comunicação com base nas ações sociais humanas, tem como raiz a linguagem e a partir daí outras formas de comunicação são possíveis quando derivadas desta principal. Mafessoli (1987, p. 98) cataloga a: Comunicação como função social perfeita, inscrita nos lugares mais humildes e nas situações mais banais e decreta a importância da construção social a partir do cotidiano em que a força propulsora está centrada exclusivamente na comunicação interpessoal e intrapessoal. Mafessoli tem razão ao afirmar que a comunicação como função social perfeita está centrada nas dimensões de intra e interpessoalidade, pois são as raízes básicas de como/quanto e para quem eu falo e o contexto de tais comnicações. Apoiando‐se nestas conjecturas teóricas, tem‐se que a comunicação do Administrador e a comunicação em âmbitos gerais ao longo de décadas é uma das razões pelas quais se percebe um bom número de questões conflitivas. Lidar com gente é diferente de lidar com seres inanimados. O ambiente empresarial é formado por pessoas com um universo particular e expectativas variadas em interação constante e, geralmente, apontam para alvos variados. As divergências estão postas em cena. Hoje, os diversos meios de comunicação estão em expansão. Percebe‐se mais problemas, e que, em ritmo de descompasso e situação paradoxal, o suporte tecnológico, muitas vezes, pode ser visto como acentuador deles, afastando mais as pessoas, que perdem a oportunidade de encontrar um realinhamento nos relacionamentos. A conseqüência disso está no cenário em que empresários e gerentes que são inábeis na comunicação, manuseiam e administram os mais modernos e eficazes recursos tecnológicos de comunicação. O resultado é uma atuação desintegradora; fragmentária afetando direta e negativamente os resultados do negócio. Mas a comunicação não para aí. Pelas multifaces que possui, envereda por uma seara onde pessoas; trabalho; máquinas; resultados imbricam‐se num emaranhado que pode ser complicado, se não mantidos sob controle. É um processo pelo qual nós atribuímos e transmitimos significados na intenção de criar um entendimento compartilhado. Em qualquer empresa ‐ organização existe um vasto emaranhado de redes de comunicação. Estas, sob diversas formas e em diferentes direções, percorrem a estrutura no seu conjunto dividindo‐se nas sub‐áreas: Comunicação intrapessoal e interpessoal; comunicação autoritária ou modalizante; Comunicação Colloquium Humanarum, vol. 9, n. Especial, jul–dez, 2012
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descendente e ascendente; lateral e diagonal, Comunicação escrita, comunicação oral e outras aqui não citadas. Ser competente é saber fazer bem o que se propôs a fazer (dever). Ao dever articulam‐
se, além do saber o querer e o poder. É fundamental dominar os conteúdos; a comunicação a ser transmitida e as técnicas comunicativas para que se articulem o falante ao ouvinte; a mensagem aos resultados positivos. Para que isto aconteça é imprescindível que se acople à competência, as habilidades necessárias para a veiculação das ideias com clareza; pensar no contexto em que tal comunicação estará inserida e a qual propósito ela servirá. Só assim, entram em cena, no jogo comunicativo competências e habilidades comunicacionais. Schutz (2003, p. 98) enfatiza a comunicação: Como base perfeita das ações sociais e examina o mecanismo comunicacional como fator de interação em curso, entende que as outras formas de comunicação possíveis são derivadas dessa situação principal. Para esse autor a linguagem é um meio de expressão e de comunicação entre as pessoas. Destaca a comunicação como base das ações sociais. As outras formas de comunicação possíveis são derivadas desta primeira (linguagem) Parece que Schutz tem razão ao dizer que a comunicação alicerça as ações sociais e examina o mecanismo comunicacional e que outras formas de comunicação são derivadas desta primeira que é a linguagem. Partindo deste pressuposto, tem‐se que a linguagem é para a comunicação uma vertente básica e que, as outras que dela derivam apóiam‐se nela como suportes hierárquicos. Daí se tem que, a comunicação interpessoal alcança este viés nas ações e passa pelo crivo numa dinâmica da intercomunicação, tendo um espaço físico e um tempo determinado. Há muitas formas de comunicação do falante que assumem uma condição superficial e outras de maior profundidade. Na primeira, expressam mais a exterioridade das coisas, e na segunda, relacionam o exterior com o interior. Mais que isso, quando falamos, lançamos do universo pessoal para o empresarial todo nosso ser, composto de razão e emoção, pessoa e profissão, objetivo inicial e propósito final. Uma pluralidade de situações numa única e especial ação: o ato de falar. Reconhecemos comunicações autênticas que expressam o propósito íntimo e verdadeiro. Nos casos de comunicação do Administrador há relações expressas de poder, de dominação. Pode haver, em trocas comunicativas formas desiguais e verticais, no resultado onde um fala e outro obedece tendo como referência o poder de domínio que o lider ocupa. Colloquium Humanarum, vol. 9, n. Especial, jul–dez, 2012
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O espaço da Interlocução na comunicação do Administrador é muito importante além da dimensão econômica e valorização pessoal. Em muitos casos, a comunicação não acontece de forma superficial, mas sim autoritária. Nos processos de comunicação inautênticos, não se verifica uma correspondência do pensar com o sentir, provocando distorções de leitura do receptor com relação ao comunicador. E mais ainda, há processos de comunicação que de acordo com a elaboração semântica que aplicaram, tem a capacidade de nos modificar e modificar os outros; enquanto outros processos comunicacionais ineficientes e autoritários provocam tal repulsa que além de não nos modificar, colocam‐nos na direção contrária da exigida pelo falante. Ficam ratificadas assim, que a comunicação autoritária está longe de alcançar o êxito pretendido. Comunicação autoritária explícita tem o poder de dominar o outro, impor pontos de vista, estabelecer controle. Um diálogo comunicacional autoritário explícito é difícil e se estabelece numa condição vertical, de cima para baixo. Mas, a autoritária implícita vem camuflada, surda, subliminar. Esta forma de comunicação autoritária disfarça‐se numa roupagem lingüística mais delicada, em um nível de discurso sub‐reptício, já que o autoritarismo encontra‐se mascarado diante de expressões afetivas numa fala que simula interação, afeição e preocupação escamoteando todos os demais tipos de controle. No sistema capitalista em que vivemos os Administradores que alcançaram o sucesso valem‐se de um maior refinamento da linguagem, com tendência de comunicação humanizadora. É estruturada de tal maneira que se percebe pouco ou quase nada a condição de ordem a que o subordinado está exposto. Neste caso, as ordens são cumpridas e as metas atingidas. A comunicação real é menos praticada e acontece quando líderes administrativos mais abertos linguisticamente, exercem uma interação de linguagem com discurso franco, objetivo e participativo, destacando maior leveza; menor controle; consequentemente mínima manipulação. Em graus diferentes de interação real de comunicação, o mais importante é a atitude de busca e de crescimento. CONCLUSÃO Múltiplas são as formas de comunicação existentes. Na comunicação pessoal são praticados níveis superficiais ou mais profundos, autênticos ou inautênticos e se dão em várias instâncias: da intra para a interpessoal; de líderes para liderados numa relação de comunicação: organização/empresa/resultados/sociedade. Colloquium Humanarum, vol. 9, n. Especial, jul–dez, 2012
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A comunicação empresarial procura adaptar‐se ao ritmo e velocidade intensos a que se veem subjugados. Desta maneira, a visão e comunicação de um Administrador devem ser amplas em sua área, mas também visão sólida sobre mercado e o universo dos negócios, para, desse modo, conseguir trabalhar com os diferentes públicos. Observa‐se que vários treinamentos são executados sobre autoestima; stress; competências e habilidades, mas em menor escala oficinas sobre o poder da comunicação dentro da empresa. Simplificando seria, como se fala, aquilo que se fala. Parece que o novo desafio dos líderes comunicadores é aliar, em um mesmo processo estratégico empresarial, a imagem da empresa; a responsabilidade social empresarial e; devido à era tecnológica e de informação em que vivemos explorar todos estes segmentos ao máximo para criar uma relação positiva de resultados entre empresa e sociedade que caracterize o século tecnológico no qual estamos inseridos. REFERÊNCIAS BRASIL. MEC/INEP. Educação superior: conceitos, definições e classificações. Brasília, 2000. CAHEN, Roger. Comunicação Empresarial: a imagem como patrimônio da empresa e ferramenta de marketing. São Paulo: Best Seller, 1990. CASTANHO, Sergio. E. M. Educação superior do século XXI: discussão de uma proposta. Caxambu: ANPED/2000. ELTZ, F. Qualidade na comunicação: preparando a empresa para encantar o cliente. São Paulo: Casa da Qualidade, 1994. MAFESSOLI, M. A dinâmica social da comunicação. Paris, Le livre de Poche, 1995. SCHUTZ, A. Fenomenologia e relações sociais – coletânea de textos de Alfred Schutz. Rio de Janeiro, Zahar Editores, 1979. SCHUTZ, A. e LUCKAMNN, T. As estruturas do mundo e da vida. Evanston, Northwestern University Press, 1973. ________. Recepção e comunicação: a busca do sujeito, In.: SOUSA, M. W. Sujeito o lado oculto do receptor. São Paulo: Brasiliense, 1995. SILVA, C. C. T. F. da. A comunicação empresarial pós‐moderna nas empresas socialmente responsáveis. Lorena: Cleyton Carlos Torres Ferreira da Silva. 2007 Colloquium Humanarum, vol. 9, n. Especial, jul–dez, 2012
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