ORGANIZAÇÃO COOPERATIVA E SUAS RELAÇÕES PRODUTIVAS E COMERCIAIS: O CASO DA COOPERATIVA DA AGRICULTURA FAMILIAR INTEGRADA (COOPAFI) DO MUNICÍPIO DE FRANCISCO BELTRÃO (PR) Área: ADMINISTRAÇÃO Categoria: PESQUISA Ivanira Correia de Oliveira Unioeste – Campus de Francisco Beltrão Rua Maringá, 1200 – Francisco Beltrão – Pr [email protected] Cristiane Unioeste – Campus de Francisco Beltrão Rua Maringá, 1200 – Francisco Beltrão – Pr [email protected] Célio Unioeste – Campus de Francisco Beltrão Rua Maringá, 1200 – Francisco Beltrão – Pr [email protected] Letícia Unioeste – Campus de Francisco Beltrão Rua Maringá, 1200 – Francisco Beltrão – Pr [email protected] Resumo O presente estudo refere-se a uma etapa inicial do projeto Desenvolvimento de Inovações Tecnológicas dos Produtos Alimentícios e Agroecológicos da Pequena Agroindústria Familiar em andamento no Sistema de Cooperativas da Agricultura Familiar Integrada (COOPAFI) do município de Francisco Beltrão (PR). Trata-se de um estudo sobre a gestão da cooperativa e de levantamento das características dos consumidores, ações desenvolvidas no sentido de subsidiar o estabelecimento de estratégias que promovam o desenvolvimento de inovações na gestão administrativa e aumentem a competitividade. Para tanto, realizou-se pesquisa qualitativa, quantitativa, exploratória, bibliográfica e documental. Os dados foram levantados utilizando-se de observação e questionário, este aplicado a 79 consumidores. Os resultados mostram uma diversidade de problemas que devem ser solucionados rapidamente, caso contrário podem inviabilizar o negócio, tais como escala e qualidade da produção, comercialização, infra-estrutura interna e gestão da cooperativa. Palavras-chave: Gestão cooperativa. Comercialização. Mercado. Cascavel – PR – 22 a 24 de junho de 2009 Organização cooperativa e suas relações produtivas e comerciais: o caso da Cooperativa da Agricultura Familiar Integrada (COOPAFI) do município de Francisco Beltrão (PR) Área: Administração Categoria: PESQUISA Resumo O presente estudo refere-se a uma etapa inicial do projeto Desenvolvimento de Inovações Tecnológicas dos Produtos Alimentícios e Agroecológicos da Pequena Agroindústria Familiar, em andamento no Sistema de Cooperativas da Agricultura Familiar Integrada (COOPAFI) do município de Francisco Beltrão (PR). Trata-se de um estudo sobre a gestão da cooperativa e de levantamento das características dos consumidores, ações desenvolvidas no sentido de subsidiar o estabelecimento de estratégias que promovam o desenvolvimento de inovações na gestão administrativa e aumentem a competitividade. Para tanto, realizou-se pesquisa qualitativa, quantitativa, exploratória, bibliográfica e documental. Os dados foram levantados utilizando-se de observação e questionário, este aplicado a 79 consumidores. Os resultados mostram uma diversidade de problemas que devem ser solucionados rapidamente, caso contrário podem inviabilizar o negócio, tais como escala e qualidade da produção, comercialização, infra-estrutura interna e gestão da cooperativa. Palavras-chave: Gestão cooperativa. Comercialização. Mercado. 1. INTRODUÇÃO Na região do sudoeste do Paraná, a ocupação ocorreu recentemente, com predomínio da pequena propriedade rural. Na atualidade é muito difícil uma família conseguir manter-se dignamente com apenas uma atividade que lhe proporcione renda, partindo para a agregação de valor na sua produção na esperança de obter um lucro maior no final do processo. A diversificação da produção também é uma forma das famílias manterem sua auto-suficiência e ainda conseguir resultados mais satisfatórios. Dessa forma as famílias produtoras, que antes produziam apenas para a subsistência, agora buscam meios de comercializar o seu excedente. De acordo com Camini (2005), o sudoeste paranaense foi ocupado e colonizado recentemente, caracterizando-se pelo predomínio de pequenas propriedades e de estrutura fundiária. Alguns fatores foram decisivos para o processo de criação das cooperativas no sudoeste do Paraná, tais como a ausência de técnicas para atender aos produtores, a dificuldade na aquisição de insumos, bem como a necessidade de incremento na comercialização de produtos agrícolas. Cascavel – PR – 22 a 24 de junho de 2009 Nos últimos anos verifica-se um avanço das cooperativas em diversos segmentos em todo país. As cooperativas viabilizam o empreendedorismo porque o associado é também o gestor da sociedade cooperativa (CRUZIO, 2003). É o caso das cooperativas de pequenos produtores rurais, como a Cooperativa da Agricultura Familiar Integrada (COOPAFI) de Francisco Beltrão. A administração concebida pela sociedade cooperativa carrega consigo a vantagem de ser conduzida pelo associado que é também dono. Por outro lado, em muitos casos, isso tem gerado problemas gerenciais sérios pela inexperiência administrativa, além de outros fatores internos e externos, relacionados ao fornecimento de produtos e sua comercialização. Dentro desse contexto, encontra-se a COOPAFI e seus associados que têm vivenciado o agravamento da situação financeira decorrente de vários fatores, entre eles gerencial e de mercado. A COOPAFI iniciou suas atividades em fevereiro de 2000, com o intuito de auxiliar na comercialização de artesanato produzido pelos associados. Como a cooperativa não possuía uma sede própria, a prefeitura municipal de Francisco Beltrão cedeu um espaço para a construção, a qual possibilitasse a comercialização de seus produtos. Devido a isso, o centro de comercialização COOPAFI, localizado na Avenida General Osório, n° 272, Bairro Cango, teve sua inauguração no dia primeiro de maio de 2008, onde permanece em funcionamento atualmente. A cooperativa foi criada para auxiliar os pequenos produtores familiares a comercializar seus produtos e aumentar a renda familiar. Após o início das atividades de comercialização, visualizou-se a possibilidade de comercializar também produtos alimentícios. Começou então, a venda de produtos in natura e produtos processados, oriundos da agroindústria familiar. O objetivo inicial foi à comercialização de produtos diferenciados que são os orgânicos, porém, os produtores começaram a encontrar dificuldades na produção, devido à legislação que é extremamente rigorosa e burocrática na obtenção do selo de orgânicos. Diante da situação, a cooperativa passou a comercializar outros produtos industrializados, porém os produtores não tinham o registro dos produtos e rótulos exigidos pela fiscalização, requisitos necessários para comercialização, o que resultou em desapontamento e perda de entusiasmo para a comercialização de produtos na COOPAFI. A COOPAFI tem como princípio a comercialização justa, podendo assim, vender os produtos da agroindústria familiar por um preço mais atrativo que o de mercados convencionais da cidade. Todavia, questões relacionadas à escala e qualidade da produção, comercialização, infra-estrutura interna e gestão da cooperativa têm agravado a situação financeira, o que pode levar à inviabilidade do negócio. 2 REFERENCIAL TEÓRICO Para o referencial teórico buscou-se definir dois aspectos importantes que foram essenciais no decorrer deste trabalho, ou seja, a agroindústria familiar com seus conceitos e a cooperativa como organização e sua importância. 2.1 AGROINDÚSTRIA FAMILIAR A caracterização de micro e pequenas empresas denominadas agroindústrias familiares é própria, como um setor altamente informal, escala mínima de processamento, baixo Cascavel – PR – 22 a 24 de junho de 2009 potencial empreendedor de seus proprietários, baixo nível cultural e educacional, ou seja, o próprio dono ou algum de seus familiares acaba atuando em várias frentes, indo da produção a supervisão de vendas, de estoques ao principal executivo e, muitas vezes por falta de instrução e pelo medo de contrair dívidas deixa de investir em melhorias ou oportunidades de crescer (OLTROMARI, 2005). Na região Sudoeste do Paraná, a agroindustrialização de pequeno porte é um fato recente que teve inicio em 1990, por iniciativa dos próprios agricultores familiares e de alguns setores do poder público. As principais atividades desenvolvidas foram a pasteurização de leite, queijos; abate de bovinos, suínos e aves; defumados e embutidos; açúcar mascavo, melado/rapadura; aguardente, compotas, doces; suco e polpas; conservas; classificação e beneficiamento de grãos. Ou seja, atividades com produtos alimentícios e bebidas, que já possuíam vínculo com o modo de viver dos agricultores familiares, os quais a partir de uma necessidade passaram a desenvolvê-la. Onde as agroindústrias familiares passaram a fazer parte de um processo recente de reorganização do meio rural da região (FERRAZ, 2008). Segundo Vieira (1997), uma agroindústria rural se constitui geralmente por dois motivos: o primeiro, e mais comum é o aproveitamento dos excedentes que o produtor não consegue vender in natura no mercado, por estar fora dos padrões de comercialização ou por não ter uma boa qualidade; a segunda motivação vem quando o preço pago pelos produtos é muito pequeno e o produtor acaba vendo na agroindustrialização uma maneira de adicionar valor. Na agroindústria todo o aporte tecnológico é originário da própria família, sendo comum pouca atenção à qualidade, embalagens e apresentação do produto, também sofrendo com a comercialização, pois em geral não há pesquisa de mercado para o produto. De acordo com o autor, estima-se que a taxa de sobrevivência dessas unidades produtoras esteja em torno de 3,0%. Pode-se compreender por agroindústria, uma organização, onde há o beneficiamento e / ou transformação de produtos provenientes da exploração agrícola, pecuária, pesqueiras, extrativistas e florestais, abrangendo desde processos simples, como secagem, classificação, limpeza e embalagem, ate processos mais complexos que incluem operações físicas, químicas ou biológicas como, a extração de óleos. Inclui também o artesanato em geral no meio rural (OLTROMARI 2005, p.12). A agricultura está sendo comprimida por dois complexos industriais muito poderosos: aquele que se coloca antes da produção (máquinas, fertilizantes, agrotóxicos, entre outros) e o outro situado depois, que é a indústria de transformação de alimentos. Ao se propor à industrialização como uma alternativa para viabilizar economicamente a pequena propriedade evita-se que a renda do setor rural seja transferida para o setor industrial que pode ser vista como estratégia para revalorização da atividade agrícola, pois antes quem ficava com a maior renda era a indústria que agregava valor aos produtos, sem correr nenhum risco relacionado à atividade agrícola (MEIRELLES 1997). A partir do momento que ocorre aumento na renda do pequeno produtor, diminui a possibilidade deste, vir a deixar o meio rural. No Brasil, a agricultura familiar responde por 7 de cada 10 empregos no campo e por cerca de 40% da produção agrícola. Atualmente, 35% dos alimentos que compõem a cesta alimentar, distribuída pela Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB), originam-se da agricultura familiar, assim como a maior parte dos Cascavel – PR – 22 a 24 de junho de 2009 alimentos que abastecem a mesa dos brasileiros tem origem nas pequenas propriedades (BRASIL, 2009). O setor de produção primária, principalmente nas pequenas propriedades vem passando por mudanças buscando se adequar à nova realidade do mercado consumidor que, com o passar do tempo tornou-se mais exigente, preocupado com a saúde e com o meio ambiente. Surge então, um nicho de mercado para produtos ecologicamente corretos que não agridem o meio ambiente, produtos orgânicos, entre outras formas de obter lucros. (MEIRELLES 1997). Mudança como essa que ocorre no mercado exige dos pequenos produtores inovações, o que nem sempre pode ser correspondido pela falta de conhecimentos ou estrutura para atender novas demandas. Para Chiavenato (2000, p.687), atualmente a administração é vista como criadora de novas oportunidades, produzindo desenvolvimento econômico e social, sendo considerada como a ferramenta, a função e o instrumento que tornam as organizações capazes de produzir o desenvolvimento. Nesse sentido, quanto mais preparada estiver uma organização, no caso a agroindústria, menores serão seus problemas referentes à direção, e mais facilmente serão alcançados seus objetivos de contribuir para o desenvolvimento econômico-social. 2.2 A COOPERATIVA COMO UMA ORGANIZAÇÃO Uma cooperativa nada mais é do que uma organização de várias pessoas que possuem o mesmo objetivo, onde são necessários empenho e dedicação dos associados para que funcione corretamente e com responsabilidade, atendendo suas principais necessidades econômicas e tendo benefícios concretizados, os quais não seriam possíveis obter de uma forma individual, tendo em vista que os princípios que norteiam o trabalho das cooperativas fundamentam-se na parceria, cooperação, divisão do capital, realização de assembléias para tomada de decisão e distribuição de lucros ou sobras. Por sua vez as principais formas de insucessos das cooperativas estão no endividamento, na perda de credibilidade administrativa além da concorrência que está sempre exigindo qualidade e uma produção mais eficaz (CAMINI, 2005). Crúzio (2005) define cooperativa como sociedade de pessoas jurídicas não sujeita à falência, sendo criada para prestar serviços aos associados. Pinho (2004) comenta que é possível entender por cooperativas como sendo uma empresa de serviços, tendo por objetivo atender as necessidades econômicas de seus associados que as criam com seu próprio esforço e risco. Com o tempo, o conceito de cooperativa formou-se em diversos setores. Em conseqüência, desenvolveram-se cooperativas de compradores, de funcionários de firmas de pequenos varejistas e do comércio agrícola, como é o caso da COOPAFI. Segundo Bressan (2002, apud Camini 2005, p.101): Para que a cooperativa possa satisfazer seus associados e se manter como uma empresa competitiva é importante que haja ocorrências de sobras, pois é um sinal de que a empresa consegue pagar seus credores, atender aos associados e proporcionar retorno financeiro para cooperativa, ou seja, possui uma gestão eficiente. Para o sucesso da cooperativa é preciso que haja união entre os associados, mas uma união que vai além dos interesses em comum e da busca por direitos, porque liga as pessoas Cascavel – PR – 22 a 24 de junho de 2009 através de laços de amizade e companheirismo. Cooperativismo é uma forma de renovar a esperança de famílias e crianças que carecem de ajuda através de seus projetos sociais. É informação, pois contribui para que sua sociedade fique por dentro das mudanças sociais em diversas áreas, desde a agricultura até a educação (OLIVEIRA, 2009). Uma empresa não deve apenas manter a perspectiva do consumidor durante o desenvolvimento e comercialização de seu produto, deve também manter relações públicas e eficientes com todas as pessoas de quem depende seu êxito (ZOBER, 1971). Da mesma forma, a cooperativa deve manter bom relacionamento com associados, mercado consumidor, poder público e instituições, como universidades, estas podem contribuir com conhecimento e inovação, melhorando a comercialização de produtos que é uma das principais funções das cooperativas de pequenos agricultores e agroindústrias e onde em geral, está a maior dificuldade. É importante destacar que as cooperativas, assim como as empresas de um modo geral, precisam identificar seus diversos públicos, seja interno ou externo para que possa desenvolver ações de marketing que resultem na troca produtiva, comercial ou de prestação de serviços de maneira eficiente e eficaz. Segundo Crúzio (2003) cada cooperativa deve gerenciar bem seu composto de marketing, o chamado 4 “ps” (produto, preço, ponto de venda e promoção), o que significa: a) Oferecer bens de boa qualidade a preços e prazo mais acessíveis que os de empresas comuns; b) Desenvolver propagandas visando divulgar melhor os produtos ou serviços dos associados nos mercados-alvo; c) Escolher a mídia adequada para alcançar o maior número de mercados-alvo; d) Selecionar canais de distribuição visando aumentar vendas; e) Melhorar o aspecto das embalagens ou a apresentação dos produtos oferecidos no mercado; f) Criar uma marca para os produtos para que o produto seja facilmente reconhecido no mercado. O bom gerenciamento dos 4 “ps” visa fundamentalmente proporcionar resultados econômicos, sociais e financeiros à cooperativa e aos associados. A importância financeira do cooperativismo para os produtores associados representa uma forma de baratear custos com produção, agregação de valor e, conseqüentemente geração de renda. Além disso, contribui para a manutenção do produtor no campo e o êxodo rural. Ressalta-se também a melhoria da qualidade de vida dos cooperados. Por meio do cooperativismo adquirem conhecimentos de novas técnicas de cultivo, preparação e conservação de alimentos para a família e para venda. A sociedade é também beneficiada com o cooperativismo por meio dos projetos sociais que são desenvolvidos, possibilitando o conhecimento sobre o assunto e a criação de habilidades relacionadas à convivência em grupos, gerando desenvolvimento e fortalecendo cada vez mais a cooperação entre os elementos envolvidos. Considerando novamente o público alvo da cooperativa, Crúzio (2003) destaca a relação da instituição com seus públicos interno e externo. Para tanto, os associados constituem o público interno mais importante porque além de fornecedores de produtos ou serviços são beneficiários e gestores, responsáveis pela disseminação da missão social, política e econômica da cooperativa. Em outras palavras, sem a motivação dos associados Cascavel – PR – 22 a 24 de junho de 2009 com a missão da cooperativa, dos princípios e objetivos não haverá eficiência em uma cooperativa, pois os associados devem partilhar dos mesmos ideais. Já em relação ao público externo basicamente são consumidores, revendedores ou contratantes de serviços que estão em primeiro lugar, os próprios associados, outras cooperativas, centrais, universidades e o governo por meio de programas sociais. 3 METODOLOGIA De acordo com Roesch (2006, p.72) as pesquisas que visam ao diagnóstico de uma situação organizacional normalmente não acarretam um custo muito alto, mas são dificultadas devido o problema de confiabilidade dos dados ou desconfiança do entrevistado em abrir informações, sendo que cada tipo de projeto tem um propósito especifico, propor soluções, diagnosticar problemas, avaliar processos, avaliar resultados ou resolver problemas mais amplos. Esta pesquisa quanto à abordagem trata-se de uma pesquisa qualitativa, uma vez que a sistematização dos dados, colhidos a partir de observação sobre a gestão da cooperativa é analisada qualitativamente. Por outro lado é também uma pesquisa quantitativa que segundo Moreira (2006) os dados pesquisados são confirmados estatisticamente. “Na pesquisa de caráter quantitativo, os processos de coletas de dados são separados no tempo. A coleta antecede a análise, ao contrário da pesquisa qualitativa, em que ambos os processos se combinam” (ROESCH 2006, p. 140). Em relação aos objetivos, a pesquisa é exploratória. Segundo Gil (1991), a pesquisa exploratória tem o objetivo de aperfeiçoar idéias e adequar com maior familiaridade o problema, com a finalidade de construir hipóteses e torná-lo mais explícito. Caracteriza-se também como pesquisa bibliográfica, pois visa analisar e conhecer quais são as principais contribuições teóricas existentes sobre o tema (KÖCHE 1997). Além da pesquisa bibliográfica, documentos da empresa foram necessários para levantamento de informações. Na coleta de dados utilizou-se de observação, questionário e relatórios de vendas. Estes para saber quais produtos foram vendidos durante o mês em que foi aplicado o questionário. Para Ruiz (1986), a observação pode focar a atenção a um fenômeno ou problema, capturá-lo e relatá-lo como observou, sendo localizada na parte inicial da pesquisa podendo ser feita por um grande período de tempo. Já os questionários, são documentos com várias questões, cujas respostas devem ser preenchidas pelo entrevistado, com a intenção de obter respostas para a coleta de informações, devendo ter o cuidado para as perguntas não serem extensas e com um número de questões para não cansar o entrevistado (FACHIN, 2003). A aplicação das técnicas de coleta de dados iniciou em dezembro de 2008, com visitas à instituição e aplicação de questionário aos clientes. Quanto ao questionário houve um préteste nos dias 15 e 18/12/2008. Em seguida, foram realizados ajustes e, posteriormente no período de 6 a 23/01/2009 foi aplicado aos clientes que compareceram na COOPAFI. Foram 79 (setenta e nove) clientes, dos quais 76 (setenta e seis) eram consumidores pessoas físicas não associadas a COOPAFI e três respondentes eram pessoas físicas associadas. Os dados foram compilados e são apresentados sob forma de gráficos. Cascavel – PR – 22 a 24 de junho de 2009 4 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS A pesquisa realizada com clientes da COOPAFI objetivou levantamento de dados sobre a gestão da cooperativa e de características dos consumidores, ações desenvolvidas no sentido de subsidiar o estabelecimento de estratégias que promovam o desenvolvimento de inovações na gestão administrativa e aumentem a competitividade. As informações sobre os consumidores, bem como a identificação de quais produtos estão sendo vendidos e quanto tais produtos estão gerando de receita possibilitarão a formulação de estratégias de marketing, principalmente para comercialização de produtos. Para atingir o objetivo, paralelamente à aplicação do questionário, iniciaram-se investigações sobre a venda de produtos, a fim de fazer um diagnóstico da situação, bem como outras investigações sobre fornecedores (associados) e gestão da cooperativa. Inicialmente serão mostrados alguns pontos importantes do diagnóstico com consumidores, já finalizado e na seqüência dados da comercialização de produtos. O diagnóstico da comercialização está em andamento e apenas será apresentado o que foi observado no primeiro mês (janeiro de 2009) de um período planejado de seis meses. Dos 79 respondentes, 53% são mulheres e 47% são homens. A maioria (30%) mora nas proximidades da COOPAFI, no bairro Cango, do restante (70%) encontram-se bastante pulverizados, havendo consumidores de toda cidade e da zona rural. As figuras a seguir revelam os dados mais importantes da pesquisa com consumidores, que são: conhecimento da COOPAFI (o nome da empresa – sua marca); hábitos de compra (freqüência e produtos consumidos); tamanho e renda familiar dos consumidores. Folder's 1% 3% 18% Jornais Indicação de outros consumidores Pelos associados 59% 19% Outros Figura 1 Como o cliente tomou conhecimento da COOPAFI. De acordo com a Figura 1, a maioria dos consumidores (59%) conheceu a COOPAFI de várias formas. Desses consumidores, 45% deles disseram que ficaram sabendo ao passar em frente, 25% moram perto, 18% foram na inauguração da Cooperativa, 4% ficaram sabendo na feira organizada pelos agricultores associados, 2% pelo Sindicato Rural, 2% participam da direção, 2% trabalham com agricultores e 2% conheceram através da Cascavel – PR – 22 a 24 de junho de 2009 Assessoar. Outras formas foram através dos associados (19%) e indicação de outros consumidores (18%). Apenas 4% disseram conhecer a COOPAFI por meio de folder’s ou jornais, forma utilizada no início das atividades da cooperativa. Atualmente não há divulgação por esse meio. Segundo Rogers (1993), o objetivo principal da propaganda é transmitir informações sobre um produto/serviço. É uma atividade de comunicação que transmite mensagens na expectativa de atingir o mercado-alvo. Segundo o autor, os empresários sentem a necessidade da divulgação, pelo fato tornarem seus produtos mais conhecidos, mostrando suas qualidades, fins e diversidades para o cliente, atraindo-o para sua empresa. É importante também para inserir uma imagem boa da empresa na mente do cliente. Observa-se que quanto mais conhecida à empresa é para o consumidor, mais chances ela terá de ser escolhida para a realização de compras, pois se tratando de empresas não conhecidas, o cliente terá dúvidas de que estará adquirindo um bom produto ou serviço. 19% 0% 32% Diariamente Semanalmente Quinzenalmente 27% Mensalmente Não responderam pois foi a 1ª compra 22% Figura 2 Freqüência de compras na COOPAFI. Verificou-se que 32% dos consumidores compram semanalmente para obterem frutas e hortaliças frescas, e os 19% não responderam, pois estavam conhecendo pela 1ª vez o estabelecimento. Considerando que a maioria dos produtos vendidos na cooperativa são produtos perecíveis (frutas, verduras e massas) que duram pouco tempo, a freqüência de compra deveria ser maior. Cascavel – PR – 22 a 24 de junho de 2009 4% 3% 13% 1 pessoa 9% 2 pessoas 3 pessoas 4 pessoas 5 pessoas 20% 6 pessoas 23% acima de 6 pessoas 28% Figura 3 Número de pessoas na família. Observou-se que as famílias dos entrevistados são constituídas em sua maioria por três pessoas, representando 28%, seguido por 23% que representa duas pessoas e 20% que representa quatro pessoas. A Figura 3 reforça as conclusões em relação à Figura 2, onde deveria ter uma freqüência maior de compras, pelo número de pessoas que consomem os produtos. 3% 14% 15% 10% 28% 30% Até 1 salário mínimo de 1 a 3 salários Mínimos de 3 a 6 salários mínimos de 6 a 10 salários mínimos acima de 10 salários mínimos Não responderam Figura 4 Renda familiar mensal. Dentre os respondentes verificou-se que 30% tem renda familiar de 3 a 6 salários mínimos, seguidos por 28% que possui de 1 a 3 salários mínimos. Isso mostra que há Cascavel – PR – 22 a 24 de junho de 2009 possibilidades de aumento de vendas, pois existe poder de compra, tanto para produtos de preço baixo (hortifruti), como também produtos com valor agregado, como vinhos, cachaça, embutidos, compotas, etc. Para reforçar essa posição, observou-se também durante a pesquisa que os consumidores estão procurando produtos mais saudáveis, sem agrotóxicos, que em geral têm preço maior que produtos da agricultura baseada na adição de adubos químicos. Outros Congelados Conserva de Hortaliças Compotas e Geléias de Frutas Vinhos Embutidos Frutas e Hortaliças Laticínios e derivados Biscoitos Pães 0 10 20 30 40 50 Consumidores Figura 5 Preferência de compra. Os produtos preferidos pelos respondentes foram frutas e hortaliças, e no item “outros” os mais consumidos foram: chá, fubá, açúcar mascavo, veneno para formiga, erva, mel, cachaça, amendoim, mandioca, achocolatado, cereais, canjica, própolis, feijão, vinagre, suco, pipoca, amaciante de roupas, peixe, café. Foi observado que vários clientes compram mais de três produtos e relataram isso na pesquisa. Esse resultado é importante para desenvolver ações de merchandising no ponto de venda. Conforme Pancrazio (2000, p. 38), o merchandising é um conjunto de prestações de serviços e de atividades no ponto-de-venda feito para o consumidor com o objetivo de explorar ao máximo o impulso de compra, acelerar a rotatividade de um bem de consumo; buscar motivar as compras de produtos e serviços por impulso. É uma operação de planejamento necessária para colocar no mercado o produto certo, no tempo certo e em quantidade e preços certos; é uma estratégia de comunicação realizada no ponto de venda; uso de técnicas que visam destacar o produto ou serviço junto ao público e também pode ser entendido como disposição correta dos produtos nas gôndolas para atrair venda. Em seguida apresenta-se parte da pesquisa que está em andamento sobre os produtos comercializados na COOPAFI. Cascavel – PR – 22 a 24 de junho de 2009 450 400 Q u a n tid a d e v e n d id a K g /u n id a d e 350 300 250 Seqüência1 200 150 100 50 s oli Pr 6 Vi nh os 4, op os la l i tr bo Ce o Uv a ng Ca rn e M de an fra d io aç ca a n ja ch Ca M el ra La l iç as as ca vo Ch ás Fe i jã Do o pr et ce o cr em o B o so lac ha Sa s lam es Qu e ij os ar e sd Aç Se m en te uc ho r ta 75 os nh Vi m l m 0 na Ba Al fa ce na 0 Produtos Figura 7 Produtos mais vendidos em janeiro de 2009. Fonte: COOPAFI, 2009. O gráfico acima mostra os produtos mais vendidos no mês de janeiro de 2009, o que corresponde a 20% do total da venda no mês. No total foram comercializados cento e um tipos de produtos. No primeiro mês do ano, os produtos mais vendidos foram: a alface, com maior destaque que vendeu 381 (trezentos e oitenta e uma) unidades, banana 194,54 (cento e noventa e quatro quilos e cinqüenta e quatro gramas) vendidas, vinhos (750ml) foram comercializados 187 (cento e oitenta e sete) unidades de diversas agroindústrias, sementes de hortaliças com venda de 169 (cento e sessenta e nove) unidades, açúcar mascavo com 146 (cento e quarenta e seis quilos) vendidos e chás com 135 (cento e trinta e cinco) unidades de diversos sabores vendidos. Em termos de valores, esse grupo de produtos representa 78% do volume vendido. Entretanto, observa-se que o maior volume de vendas é representado pela alface, porém em valores monetários, está classificada em 15ª (décima quinta). Essa classificação é necessária para se fazer controle de estoques, previsão de vendas e realizar ações de merchandising. Segundo Longenecker; Moore; Petty (1997) para que a empresa tenha deve ter um mercado. Analisar os componentes do mercado é extremamente Segundo os autores, o mercado possui três componentes: os clientes, poder de potencial de mercado. Com base nos resultados da pesquisa na COOPAFI que Cascavel – PR – 22 a 24 de junho de 2009 sucesso ela importante. compra e o mostram as características dos clientes, o poder aquisitivo e necessidades de compra, bem como outras informações sobre a gestão e fatores relacionados à estrutura física e fornecedores, espera-se definir e por em prática estratégias para melhorar as transações produtivas, comerciais e de gestão da cooperativa. 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS Atualmente a falta de capital de giro é o maior problema da cooperativa, gerado por dificuldades internas e externas. Internamente, observou-se que há pouco controle das finanças, receita de vendas insuficientes para cobertura de gastos, desconhecimento de custos dos produtos, atraso no pagamento dos fornecedores (associados), desconhecimento de dívidas, falta de controle de estoques e logística, desperdícios, sistema de informação inoperante. Os fatores externos contribuíram para o agravamento da situação. Durante o período de estudos na COOPAFI foram identificadas algumas dificuldades relacionadas ao fornecimento de produtos à cooperativa, os quais prejudicam significativamente a comercialização dos produtos, tais como fatores climáticos que impossibilitam o desenvolvimento de alguns produtos, reduzindo a colheita pelos produtores associados, falta de registro dos produtos feitos em agroindústrias sem o Serviço de Inspeção Municipal (SIM), falta de mão-de-obra para o produtor que reduz o volume de produção, o que leva a falta de produtos na COOPAFI. Há também o fator concorrência, que são as feiras (quartas e sábados) e os supermercados. Todos esses problemas, consequentemente refletem no caixa. Entende-se que essa incapacidade de gerar caixa por meio da comercialização de produtos e serviços é uma situação crítica para a cooperativa. Apesar citar várias dificuldades apresentadas para a comercialização dos produtos pela COOPAFI, há pontos positivos que são a comercialização de alguns produtos orgânicos, produtos recém colhidos ou processados, preço competitivo e contato direto com o produtor. Existem possíveis soluções para tais dificuldades como: aumentar a variedade de produtos para venda, controlar melhor a entrada e saída de produtos, gerenciar as finanças, capacitar pessoal envolvido, resgatar a confiança de produtores associados e elaborar um plano de marketing eficiente. REFERÊNCIAS BRASIL. Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Companhia Nacional de Abastecimento (COONAB). Agricultura Familiar. 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