Métodos de Física Teórica II Prof. Henrique Boschi IF - UFRJ 1º. semestre de 2010 Aula 4 Ref. Butkov, cap. 8, seção 8.4 Equação da Difusão • Um problema importante para vários ramos da Física é saber como uma substância se difunde num meio. • Os exemplos clássicos são de um gás se difundindo na atmosfera, nêutrons num meio que circunda um reator nuclear, uma substância química num meio solvente, etc. • Vamos ver, a seguir, que a difusão pode ser descrita por meio de uma EDP. Vamos inicialmente definir a densidade (volumar) ρ de uma dada substância, também chamada de concentração, em unidades apropriadas. Vamos também definir o vetor densidade de corrente j associada à essa densidade, como a quantidade de substância que atravessa uma seção transversal ao seu fluxo, por unidade de área e unidade de tempo. Experimentalmente, verifica-se que a maioria dos fenômenos de difusão obedece à Lei (empírica) de Fick onde D é uma constante, chamada de coeficiente de difusão, cujo valor é determinado experimentalmente para cada sistema. • Supondo, também, que a substância difundida não é absorvida nem emitida pelo meio difusor, somos levados a concluir que a quantidade de substância será conservada. • Neste caso, essa conservação pode ser expressa através da equação da continuidade análoga à lei de conservação da carga elétrica, por exemplo. Combinando a Lei de Fick com a equação da continuidade, temos já que div grad ρ = . Essa EDP é conhecida como a equação da difusão. Uma modificação dessa equação acontece no caso em que a substância pode ser absorvida ou emitida pelo meio difusor, como no caso de substâncias químicas ou na difusão de nêutrons. Neste caso, a equação da continuidade é modificada para onde s é a fonte (s > 0) ou sumidouro (s < 0) da densidade de substância ρ . Desta forma, a equação da difusão fica • No caso particular em que a densidade ρ for idependente do tempo (regime estacionário) a equação da difusão se reduzirá às equações de Poisson (s ≠ 0) ou Laplace (s = 0). Equação do Calor • Nos textos de Física básica (termodinâmica) é usual expressar a condução de calor através da relação Veremos, a seguir, que podemos escrever uma EDP para a condução do calor, semelhante à equação da difusão. Fourier descobriu que, em geral, a condução de calor obedece à equação linear onde q é o vetor densidade de corrente de calor, u é a (função) temperatura em cada ponto da amostra, a cada instante, e k é a constante característica de cada material chamada condutividade térmica. Para um volume arbitrário V limitado pela superfície S , o fluxo de calor entrando em S por unidade de tempo (dS aponta para fora) pode ser escrito como Se além disso, existe uma fonte de calor (reação exotérmica) que fornece calor a uma taxa s por unidade de volume e de tempo, então o calor total recebido por V num intervalo de tempo ∆t é De acordo com a fórmula básica da calorimetria, a quantidade total de calor recebido em V aumentará sua temperatura de ∆u , de modo que onde ρ é a densidade volumar de massa e c é o calor específico da substância contida em V . Igualando essas duas expressões, encontramos Para pequenos intervalos de tempo, podemos substituir por . Usando o teorema da divergência, reescrevemos a expressão anterior como Finalmente, combinando esta expressão com a equação do fluxo de calor de Fourier encontramos que é uma EDP para a temperatura u = u(x, y, z, t) onde a e b são constantes definidas como e No caso particular sem fontes ou sumidouros de calor, s = 0 , logo conhecida como a equação da condução do calor. Note que a equação do calor é semelhante à equação da difusão: • Esta semelhança permite que usemos as mesmas técnicas para encontrar soluções para essas equações. Outras equações na Física são também semelhantes. A equação de Schrödinger • Para obter esta equação vamos partir da relação entre a energia E e momentum p para uma partícula não relativística: E = ( p . p )/2m + V(x) A regra de quantização canônica diz que devemos substituir E, p, e V por operadores E → i ħ ∂ / ∂t p i V(x) → V(x) onde esses operadores atuam sobre a função de onda Ψ(x, y, z, t) que descreve o sistema quântico. Dessa forma, a equação para esse sistema não relativístico fica 2 i V t 2m 2 que é a equação de Schrödinger para o sistema. Essa equação guarda alguma semelhança com as equações do calor e da difusão. • Para um sistema relativístico, a relação entre energia e momentum é dada pela relação de Einstein E c p m c 2 2 2 2 4 Usando as regras de quantização canônica, encontramos 2 2 2 2 4 2 c m c t 2 2 que é a chamada equação de Klein-Gordon, que descreve partículas quânticas relativísticas de spin 0. Esta equação guarda grande semelhança com a equação de uma onda em três dimensões, já que possui duas derivadas temporais e duas espaciais. • Vibrações de uma membrana Podemos deduzir a equação diferencial que descreve os movimentos de uma membrana, em analogia à equação da corda (v. sec. 8.8 do Butkov). A equação é que é de fato muito semelhante à equação da corda vibrante. • A diferença reside no termo extra envolvendo a derivada segunda em relação a y. Propagação do som Pode-se deduzir que a propagação som no espaço tridimensional é (ver Moysés 2 ou a sec. 8.9 do Butkov) onde ρ é a função densidade do meio que depende da posição e do tempo, isto é ( x, y , z , t ) ou seja, a onda de som é uma perturbação na densidade do meio no qual ela se propaga. Analogamente, podemos escrever a equação de propagação da onda sonora em termos da pressão p • Nessa forma, fica explícito o fato que a onda sonora é uma onda de pressão, ou seja, o som provoca oscilações na pressão do meio ao longo do qual ele se propaga. Finalmente, podemos também definir um potencial φ associado à velocidade longitudinal v com a qual um ponto qualquer do meio oscila ao ser atravessado pela onda, pela relação • Assim, a equação de propagação do som pode também ser escrita como Equação de Helmholtz • Se considerarmos soluções para a equação da onda em três dimensões, da forma com ω real, a parte temporal da equação estará resolvida e encontraremos conhecida como equação de Helmholtz.