caderno de
REsUMOs
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10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
JORNAL ESCOLAR
E LETRAMENTO
MIDIÁTICO CRÍTICO
A (RE) ESCRITA MEDIADA PELA
WEB 2.0 NA FORMAÇÃO INICIAL
DE PROFESSORES
ADAIR BONINI (UFSC)
ADAIR VIEIRA GONÇALVES (UFGD)
Resumo de Paper
Resumo de Pôster
O trabalho ideológico da mídia tem sido um dos principais
sustentáculos do neoliberalismo e da globalização desigual,
à medida que, via práticas e discurso midiático (principal‑
mente do jornalismo), naturalizam‑se representações do
mundo segundo as quais, por exemplo, o Estado deve ser
mínimo, pois o setor público seria menos eficaz que o em‑
presarial. Nesse contexto, o trabalho escolar com o letra‑
mento midiático crítico envolve não apenas a entrada nas
práticas da mídia, mas a entrada de forma questionadora.
O ensino de produção textual de notícias, por exemplo, que
se centra apenas nas ações necessárias para que se produza
um texto como notícia pode favorecer, muitas vezes, que a
escola reproduza as pautas dos meios de comunicação de
massa e se torne, desse modo, mais um propagador da ide‑
ologia hegemônica. O enfoque proposto pelos PCNs para o
ensino e a aprendizagem da linguagem ganhou espaço no
material didático e em muitas escolas desde a época da pu‑
blicação deste documento. Nessa trilha e, mais recentemen‑
te impulsionado por projetos governamentais (como o Mais
Educação), ampliou‑se também o trabalho de construção de
mídias escolares, principalmente o jornal e a rádio escolar.
Torna‑se pertinente, desse modo, pensar como estão sen‑
do construídas essas mídias, e quais caminhos se colocam
para que elas se desenvolvam e auxiliem na aprendizagem
de linguagem como parte da formação do cidadão crítico.
Neste trabalho, são analisadas quatro dessas experiências
realizadas na rede de escolas públicas municipais da cidade
de Florianópolis. São considerados os jornais produzidos e
entrevistas realizadas com os/as professores/as envolvidos
na condução dos projetos. O objetivo é levantar o discurso
dos/as professores/as quanto ao letramento midiático e o
modo como esses jornais se configuram como resultado das
práticas de letramento postas marcha. Procede‑se, assim, a
uma reflexão sobre os caminhos percorridos e sobre as tri‑
lhas que se abrem.
Partimos da premissa de que é possível o ensino/aprendi‑
zagem da (re) escrita, mais especificamente do letramento
acadêmico com a utilização de plataformas digitais. Nosso
objetivo é investigar se os procedimentos de reescrita do
modelo grafocêntrico tradicional e das pesquisas em pla‑
taformas digitais representadas por trabalhos asiáticos
(BRAINE 1997, 2001; CHANG, 2012; SONG & USAKA, 2009) e
Europeu (SCHULTZ, 2000) são produtivos quando a ferra‑
menta utilizada é o Correio Eletrônico (CE). Os procedimen‑
tos grafocêntricos são intitulados por Signorini (2006) de
gêneros catalisadores quando funcionam como ferramentas
de intervenção docente no texto do estudante, tais como:
Correção Indicativa, Resolutiva e Classificatória (SERAFINI,
1995), Correção Textual‑Interativa (RUIZ, 2001), e Listas de
Controle/Constatações (GONÇALVES, 2009). Decorrentes
desse objetivo, analisamos: i) os procedimentos de reescrita
incorporados nas plataformas digitais a partir da transposi‑
ção didática do gênero artigo de opinião; II) as estratégias
utilizadas pelos estudantes que serão orientadas pelas re‑
gularidades obtidas nas interações típicas das Tecnologias
da Informação e da Comunicação (TIC) e nas relações mo‑
ventes entre os polos da investigação; e, por fim, III) os pro‑
cedimentos utilizados na reescrita de forma longitudinal.
Situamos a pesquisa no âmbito da Linguística Aplicada, de
natureza transdisciplinar e adotamos como aparato meto‑
dológico: i) a Pesquisa–Ação Integrada e Sistêmica –PAIS‑
(MORIN, 2004); ii) a abordagem etnográfica (LILLIS, 2003;
FLOWERDEW, 2006; MARINHO, 2010; FIAD, 2011), porque favo‑
rece a análise de textos, falados ou escritos, focalizando‑ os
etnograficamente como “um traço de uma situação social
que inclui igualmente os valores, regras, significados e ati‑
tudes, e modelos de comportamentos dos participantes, ou
produtores e recebedores de texto” (MARINHO, 2010, p.375).
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10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
AS REPRESENTAÇÕES
DO PROCESSO AVALIATIVO
PRESENTE NOS DOCENTES
EGRESSOS DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE UBERLÂNDIA
ADRIANA CÉLIA ALVES (UFU)
Resumo de Paper
Este estudo pretende analisar como os discentes egressos
do Curso de Letras da Universidade Federal de Uberlândia
veem o processo avaliativo. Buscaremos problematizar
como os professores de Línguas em exercício, formados
na Universidade Federal de Uberlândia, trabalham com o
processo avaliativo: o que aprenderam durante o curso de
graduação, como avaliam seus alunos, quais suas repre‑
sentações sobre a avaliação e as possíveis influências des‑
ses processos para o ensino‑aprendizagem. Na conjuntura
educacional, a avaliação é parte integrante e indissociável
do ensino‑aprendizagem, pois ela não está presente apenas
para diagnosticar, mas tem a função de reorientar, refletir e
regular o processo de ensino‑aprendizagem. Por isso, pro‑
põe‑se um estudo que investigue de que maneira os discen‑
tes de um curso de Letras aprendem a avaliar e a influência
desse processo na prática profissional, no intuito de levar o
tema “avaliação” a ser discutido e repensado de forma me‑
nos estereotipada. Buscaremos verificar se o processo ava‑
liativo sofreu transformações na prática dos docentes para
atender às mudanças propostas nos PCN’s e na LDB. Para
compreendermos esse processo, a fizemos entrevistas com
quatro alunos egressos do curso de Letras da Universidade
Federal de Uberlândia, atuantes em contextos diversos de
ensino. Para a interpretação dos dados utilizaremos a me‑
todologia qualitativa interpretativista. Ainda, os enunciados
proferidos pelos discentes são analisados por meio da con‑
cepção de representações de Bronckart (1997), objetivando
problematizar as representações dos professores de Línguas
egressos da Universidade Federal de Uberlândia e sua in‑
fluência para o ensino‑aprendizagem, bem como, verificar
como acontece a formação dos alunos do curso de Letras da
UFU, referente ao processo avaliativo.
PERSPECTIVISMO CRÍTICO,
INTERPRETAÇÃO DISCURSIVA
E INTERAÇÃO PEDAGÓGICA:
SUBSÍDIOS PARA UMA PROPOSTA
DE LEITURA CRÍTICA A PARTIR
DO LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS
COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA
ADRIANA CRISTINA SAMBUGARO DE MATTOS BRAHIM (CENTRO
UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER)
Resumo de Pôster
Esta comunicação tem como o bjetivo apresentar alguns as‑
pectos de análise e os resultados de uma pesquisa realizada
durante o programa de doutoramento no IEL/UNICAMP. A in‑
vestigação foi realizada através da abordagem qualitativa de
pesquisa, orientada por reflexões teóricas sobre concepções
de discurso (FAIRCLOUGH, 2001, 2003; WIDDOWSON, 2004)
leitura crítica (WALLACE, 2003) e tipos de interação pedagó‑
gica (VAN LIER, 1997). O objetivo foi avaliar – através de aná‑
lises de eventos pedagógicos selecionados de aulas – uma
proposta de intervenção pedagógica nas aulas de inglês do
Curso de Letras. Essa proposta foi guiada pelo “perspectivis‑
mo crítico” a partir do qual sugerimos uma prática de leitura
que contemplasse, por um lado, os textos e o tema (“o mun‑
do do trabalho”) presentes no livro didático de inglês, e, por
outro, textos externos, de mesmo tema, que apresentassem
perspectivas discursivo‑ideológicas diferentes. Sendo assim,
nossa análise teve como corpus as análises pré‑pedagógicas
e cinco aulas registradas em que atuamos como professo‑
ra‑formadora/pesquisadora, a partir das quais investiga‑
mos os efeitos de vários tipos de interação pedagógica que
ocorrem no processo de leitura crítica que parte de uma in‑
terpretação textual, para então chegar a uma interpretação
do discurso que leva a um posicionamento de aliança ou de
resistência. As análises nos mostraram que uma aula de lei‑
tura que se quer crítica pode acontecer através de diferentes
tipos de interação pedagógica, sendo em alguns momentos
mais e, em outros, menos contingentes. Como professo‑
ra‑formadora tivemos, em alguns momentos, um papel im‑
portante de apoio nas interpretações textuais e discursivas e,
em outros momentos, os alunos mostraram autonomia nas
interpretações discursivo‑ideológicas. As conclusões apon‑
taram caminhos interessantes para um planejamento em
contextos de exigência pela adoção de um material didático.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
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CRENÇAS SOBRE O ENSINO
DE INGLÊS NAS ESCOLAS
PÚBLICAS EM MATO GROSSO
DO SUL
DO IMPRESSO AO DIGITAL:
A LEITURA NO ENSINO SUPERIOR
ADRIANA LÚCIA DE ESCOBAR CHAVES DE BARROS (UEMS)
Resumo de Paper
Esta pesquisa tem como objetivo refletir sobre fatos e mitos
a respeito do ensino de Inglês nas escolas públicas dos mu‑
nicípios de Jardim, Guia Lopes, Bela Vista e Campo Grande,
em MS, a partir das crenças de uma aluna de graduação
em Letras Português–Inglês da UEMS, sua professora de
Formação Pedagógica e duas professoras da Secretaria de
Educação, uma do Estado de Mato Grosso do Sul e outra do
Município de Campo Grande. Pesquisas sobre as crenças dos
professores de Inglês vêm acontecendo há mais de 30 anos.
No entanto, ainda há muito sobre o que se investigar e me‑
lhorar. Os cursos de formação universitária encontram‑se
bastante aquém das expectativas dos alunos de Letras, no
que diz respeito à capacitação de língua inglesa. Esse é um
forte motivo para que esses aprendizes se sintam desmo‑
tivados, desestimulados, desassistidos, despreparados e
malformados. Dessa maneira, permeada de reflexões, esta
pesquisa sugere a necessidade de se ouvir mais sobre as
expectativas, os medos e os receios de professores, alunos
dos cursos de Letras, alunos das escolas e todos os atores
envolvidos no processo de ensino‑aprendizagem de Língua
Inglesa nas escolas públicas, para que se possa, em outro
momento, (re) significar os seus (pré) conceitos, adequan‑
do‑os às diversas realidades.
ADRIANE BELLUCI BELÓRIO DE CASTRO (FATEC–BT)
Resumo de Paper
Paralelamente ao crescente surgimento de novas tecnolo‑
gias de informação e de comunicação, ocorre a mudança
no perfil do leitor. Acompanhando a transformação tecno‑
lógica, a possibilidade de leitura passa a ser mais ampla e
a atingir maior número de leitores. Entretanto, com essas
mudanças tecnológicas, surgem leitores de diferentes per‑
fis. Santaella (2005) define três tipos de leitor associados a
mudanças dos meios de comunicação. O primeiro, chamado
leitor contemplativo, é o meditativo da idade pré‑industrial,
o leitor da era do livro impresso e da imagem expositiva, fixa.
Um segundo tipo, o leitor movente é o leitor do mundo em
movimento, dinâmico, mundo híbrido, de misturas sígni‑
cas. Um terceiro tipo, o leitor imersivo é aquele que começa
a emergir nos novos espaços incorpóreos da virtualidade; o
navegador é também um leitor, na medida em que desen‑
volve determinadas disposições e competências que o habi‑
litam a navegar através de fluxos informacionais – sonoros,
visuais e textuais – que são próprios da hipermídia. A partir
desses pressupostos, pretende‑se, com este trabalho, discu‑
tir como a leitura ocorre na sociedade do conhecimento em
que se tem a convivência e a possível transição do impresso
para o digital, a alteração do perfil do leitor e, consequente‑
mente, o reflexo dessa alteração sobre o ensino‑aprendiza‑
gem da leitura, especificamente para alunos ingressantes do
ensino superior. Por meio de confrontos teóricos e metodo‑
lógicos, a fim de selecionar aspectos que sejam pertinentes e
complementares para o desenvolvimento de estratégias de
ensino‑aprendizagem da leitura, deseja‑se, também, apre‑
sentar uma proposta de trabalho didático‑pedagógico que
proporcione a prática da leitura reflexiva, crítica e prazerosa.
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10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
CONTRIBUIÇÃO DOS GÊNEROS
NO ENSINO‑APRENDIZAGEM
DA LITERATURA NO 1º ANO
DO ENSINO MÉDIO
AELISSANDRA FERREIRA DA SILVA (UFAC)
Resumo de Pôster
Tendo como base teórica os estudos sobre os gêneros discur‑
sivos e concebendo‑os não apenas como instrumentos de
comunicação, mas também como objeto de ensino‑apren‑
dizagem, este trabalho aborda questões relativas à expla‑
nação da obra Auto da barca do inferno, de Gil Vicente, em
diversos gêneros. Primeiramente foi feita uma contextuali‑
zação da obra e do autor pela professora regente. Depois, foi
feita a leitura dramatizada da obra em sala de aula. Em se‑
guida, foi feita a divisão da apresentação do trabalho em
gêneros diversos. Cada grupo teve a orientação e o acompa‑
nhamento da professora durante três semanas para a exe‑
cução do trabalho. Terminado o prazo, os grupos fizeram a
apresentação e no final foi entregue um questionário aos
alunos avaliando o trabalho realizado. A análise visa enfocar
se antes os alunos tinham utilizado diversos gêneros em um
único trabalho, bem como se a forma como o trabalho foi
estruturado contribuiu para uma melhor compreensão da
obra analisada. Assim, por meio dos trabalhos apresenta‑
dos e do questionário aplicado, tornou‑se possível explorar
as habilidades propostas tanto para a fala quanto para a es‑
crita, contemplando, dessa forma, a variedade da interação
verbal e, consequentemente, uma melhor compreensão da
obra analisada.
IMPLEMENTAÇÃO
DE UM PROJETO DE ENSINO
DE LÍNGUA INGLESA
INSTRUMENTAL ON‑LINE
NO IFAL: ANÁLISE
DE EXPECTATIVAS
E EXPERIÊNCIAS
DO SUJEITOS ALUNOS
AGNALDO PEDRO SANTOS FILHO (IFAL)
NIEDJA BALBINO DO EGITO (IFAL)
GISELE FERNANDES LOURES DOMITH (UFMG)
Resumo de Paper
O Governo Federal nos últimos anos vem investindo na in‑
ternacionalização da educação brasileira devido à neces‑
sidade e aos benefícios obtidos com tal ferramenta. Prova
desse fato são os convênios firmados entre o Brasil e as ins‑
tituições de ensino no exterior, além do desenvolvimento de
iniciativas como o Ciências Sem Fronteiras que estimula o
compartilhamento do conhecimento entre instituições de
países diferentes. Uma das condições primordiais para se
aproveitar tais oportunidades é a compreensão e uso da
Língua Inglesa, por ser essa o idioma mais usado nos âmbi‑
tos acadêmicos internacionais e de propagação da ciência.
Dentro desse contexto, o Instituto Federal de Alagoas – IFAL
tem buscado parcerias com Instituições que têm programas
de desenvolvimento dentro dessa área. Faremos um relato
da institucionalização do programa IngRede no IFAL. O pro‑
jeto está sendo implantado em convênio com a Universidade
Federal de Minas Gerais – UFMG e tem o objetivo de promo‑
ver o aprendizado de língua inglesa através do uso de Novas
tecnologias da Informação e Comunicação – TICs. Estamos
vivendo no período da sociedade da informação, na qual o
uso das novas tecnologias implica em uma mudança no
modo de se fazer a educação, acompanhando o desenvolvi‑
mento da era digital onde o aprendizado não ocorre apenas
dentro da sala de aula. A educação à distância (EAD), tem
representado um importante papel na mudança dos parâ‑
metros educacionais, uma vez que possibilita novas formas
de aprender, rompendo barreiras de espaço e tempo. Através
do uso das TICs são desenvolvidas plataformas de ensino de
inglês à distância com o objetivo de facilitar e democratizar
o ao aprendizado de inglês, propiciando ao aprendiz uma
maior autonomia na organização e no gerenciamento do
tempo de seus estudos. Nesta comunicação, vamos apre‑
sentar as tomadas de posição dos sujeitos participantes
desse projeto no IFAL quanto à participação no projeto e a
aprendizagem de línguas estrangeiras através das TICs.
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10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O DEBATE SOBRE POLÍTICAS
LINGUÍSTICAS E EDUCACIONAIS
EM TIMOR‑LESTE: PROBLEMAS
HISTÓRICOS E QUESTÕES
CONTEMPORÂNEAS
NA INTERPRETAÇÃO
DE PROFESSORES
DE LÍNGUA PORTUGUESA
ALAN SILVIO RIBEIRO CARNEIRO (UNICAMP)
Resumo de Paper
O território de Timor‑Leste tem 14.919 quilômetros quadra‑
dos e uma população de 1.066.409 habitantes, sendo que
41,4% desta tem de 0 a 14 anos (TIMOR‑LESTE, 2011). O país
apresenta ainda um alto índice de crescimento populacional
(BANCO MUNDIAL, 2008), o que coloca uma série de desafios
para o planejamento de suas políticas públicas, principal‑
mente na área de educação. Timor‑Leste tem como línguas
oficiais: o português e o tétum. O país ainda tem duas lín‑
guas de trabalho, o inglês e o indonésio e, ao menos, outras
15 línguas nacionais (ENGELENHOVEN, 2006). Para a reintro‑
dução da língua portuguesa no sistema escolar, após muitos
anos de proibição do uso dessa língua durante o regime in‑
donésio, os timorenses estabeleceram convênios, principal‑
mente entre os anos de 2001 e 2002, com Portugal e Brasil
para o desenvolvimento de projetos de cooperação na área
educacional, dentre esses projetos, destaca‑se a criação
do curso de Licenciatura em Língua Portuguesa e Culturas
Lusófonas, da Universidade Nacional Timor Lorosa’e (BOLINA,
2005). O objetivo desta comunicação é apresentar a histó‑
ria desse curso e a perspectiva dos professores formados e
de alunos em formação acerca de suas vivências, bem como
identificar as suas visões sobre o rumo atual das políticas lin‑
guísticas e educacionais, procurando evidenciar o seu papel
em processos sócio‑políticos mais amplos que ainda estão
em andamento no território. Os dados apresentados aqui
são resultado de uma pesquisa etnográfica realizada entre
janeiro e junho de 2012, que incuiu entrevistas centradas nas
histórias de vida desses professores e desses alunos. O en‑
foque nas análises esteve centrado nas entrevistas como
evento interacional, com particular destaque para o funcio‑
namento das ideologias linguísticas na interação, que apon‑
ta para a compreensão das políticas linguísticas como uma
prática situada, na qual os agentes evidenciam os seus posi‑
cionamentos, negociando as suas identidades sociais.
A CANÇÃO/ LETRA
DE CANÇÃO COMO
ATIVIDADE SOCIAL PARA
O DESENVOLVIMENTO
DE LEITURA E ESCRITA
EM SALA DE AULA
ALBA VALERIA ALVES IGNACIO (puc–sp)
Resumo de Paper
Este estudo visa compreender criticamente o ensino‑apren‑
dizagem de leitura e escrita no contexto escolar por meio
de uma atividade social do gênero canção/letra de canção.
A compreensão de forma crítica e reconhecimento do gê‑
nero canção quanto a sua função social, seu contexto de
produção e seu estilo, avaliação da sua temática, atentan‑
do para as mensagens trazidas nas letras de canção anali‑
sadas, pelo fato de se tratar de um gênero que está sempre
circulando em diversas esferas e por ser um grande instru‑
mento de conscientização e de socialização dos alunos é o
foco central. Desse modo, a compreensão de leitura e de
escrita, neste estudo, será apoiada, respectivamente, nos
pressupostos referentes à capacidade de leitura de Rojo
(2009), nos gêneros discursivos (Bakhtin, 1952–53/2003) e
no trabalho com gêneros orais e escritos na escola proposto
por Dolz e Schneuwly, 1998), bem como nos aportes teóri‑
cos sobre performance de Holzman(2002) e aos construtos
de ZPDs mútuas (John‑Steiner, 2000). “Como definido por
Vygotsky e explicitado pelas definições de Engeström (2007),
para Holzman (2002) a ZPD é a relação entre ‘ser e tornar‑se’.”
(Magalhães, 2009). Este estudo se constitui como uma
pesquisa crítica de colaboração (PCcol), visto que concebe
a linguagem como papel central e busca a transformação
dos participantes. A pesquisa crítica de colaboração está in‑
serida no paradigma crítico que tem por objetivo intervir e
transformar contextos (Magalhães, 2009). Essa metodolo‑
gia possibilita a formação dos educadores e alunos com foco
no desenvolvimento e na formação de um profissional refle‑
xivo‑crítico. Tem como base teórica as discussões da Teoria
da Atividade Sócio‑histórico cultural (TASCH), concebida por
Vygotsky (1930, 1934), Leontiev (1977), E
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10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
REPRESENTAÇÕES DO AGIR
DOCENTE EM MATERIAIS
DIDÁTICOS DESTINADOS
À FORMAÇÃO CONTINUADA
DE PROFESSORES
VISÕES DE LEITURA
DE ALUNOS‑PROFESSORES
DE INGLÊS: PRAGMATISMO
E CONCEPÇÕES FILOSÓFICAS
ALCIONE GONÇALVES CAMPOS (UEL)
ALCIONE DA SILVA SANTOS (UFCG)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Este trabalho é parte dos resultados obtidos em uma
pesquisa realizada com professores do 4º ciclo do Ensino
Fundamental em um curso de formação continuada cujo
objetivo foi orientar docentes da Educação Básica acerca dos
tópicos e descritores que guiam a formulação de questões
da Prova Brasil. O objetivo desse artigo é investigar as repre‑
sentações observáveis do agir docente no Caderno PDE 2009,
material didático produzido pelo Ministério da Educação e
Cultura (MEC) para embasar o curso em referência. A base
teórica que serviu para a análise de dados está constituída
de estudos sobre representações sociais (MOSCOVICI, [1976]
2010), o agir humano (HABERMAS 2002; REESE‑SCHÄFER,
2009), o agir docente (MACHADO, 2009), bem como so‑
bre os extratos textuais para análise dos textos/discursos
(BRONCKART, 2008; 1999; BRONCKART E MACHADO, 2005 e
2004). Os resultados da análise dos dados mostraram que,
no instrumento da instância oficial, são observadas duas
representações sobre o agir docente: o agir cognitivo, re‑
lacionado à aquisição de conhecimentos específicos sobre
competências de leitura; e o agir especifico em sala de aula,
relacionado às alternativas metodológicas a serem desen‑
volvidas pelo professor por meio do uso de ferramentas/
instrumentos para a formação do leitor proficiente. Esses
dois tipos de representações sugerem que a instância oficial,
através do Caderno PDE 2009, age praxiologicamente, orien‑
tando o professor para que este execute tarefas.
Há diferentes formas de ler e de entender a leitura.
Decodificação, julgamento de validade, leitura compensató‑
ria, leitura de ideologias são algumas posições adotas. Todas
as quais pressupõem diferentes visões de língua(gem), texto.
Nesta comunicação, o objetivo é relatar resultados prelimi‑
nares de análise de dados do projeto pesquisa Pensamento
Crítico para Ação Transformadora, cujo contexto de coleta
de dados é naturalístico – disciplina de Leitura em Língua
Inglesa, da segunda série da graduação em Letras/Inglês
da Universidade Estadual de Londrina. O qual tem como
objetivo geral mapear o desenvolvimento dos licenciandos
em língua inglesa enquanto professores e leitores nesta lín‑
gua adotando‑se modelo longitudinal de coleta de dados
por meio de instrumentos ecológicos. Partindo de visão de
linguagem enquanto expressão de pensamento e discurso,
o projeto, situado no campo do Letramento crítico, adota
epistemologia construcionista social e ontologia subjeti‑
vista, crítica e dialógica. A disciplina, contexto de coleta de
dados, busca, por um lado, oferecer amplo leque de visões
de leitura, concepções de língua(gem) e texto, e por outro,
incentivar que a leitura seja instrumento para consciência
crítica. Portanto, analiso dados oriundos de um exercício
aplicado na disciplina de Leitura em Língua Inglesa no qual
os alunos‑professores precisam se colocar como professo‑
res e preparar atividades de leitura voltada ao Letramento
Crítico. Uma das questões que os alunos‑professores res‑
pondem pede que estabeleçam objetivos para uma aula de
leitura com base em dois textos multimodais. A partir da
análise das respostas dos alunos procurei identificar suas
concepções de leitura. Os resultados apontam para concep‑
ções diferenciadas e relacionadas principalmente a questões
pragmáticas, por um lado, e filosóficas, por outro.
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10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
INCLUSÃO SOCIAL NAS AULAS
DE LÍNGUA ESTRANGEIRA:
PERCEPÇÕES E CONFLITOS
ALESSANDRA CORACINI ZANELLO MACHADO (UTFPR)
MIRIAM SESTER RETORTA (UTFPR)
DIFERENÇAS CULTURAIS
PERCEBIDAS POR BRASILEIROS
NO EXTERIOR VERSUS
ABORDAGEM CULTURAL NOS
LIVROS DIDÁTICOS DE INGLÊS
ALESSANDRA SARTORI NOGUEIRA (UNICAMP)
Resumo de Pôster
O objetivo deste trabalho é relatar resultados preliminares
de uma pesquisa de campo que originalmente foi conce‑
bida no ENFOPLI (Grupo de Formadores de Professores de
Língua Inglesa de Instituições de Ensino Superior Públicas e
Particulares do Estado do Paraná) e posteriormente, condu‑
zida e desenvolvida na Universidade Tecnológica Federal do
Paraná por alunos do curso de Licenciatura Letras Português/
Inglês. A pesquisa teve como questionamento quais eram as
percepções e sentimentos dos stakeholders (indivíduos en‑
volvidos direta ou indiretamente com o fenômeno ou pro‑
blemática) sobre a inclusão de alunos com necessidades es‑
peciais nas aulas de língua inglesa. As teorias que embasam
a investigação são as de crenças e percepções de Barcelos
(2000,2001, 2004), Coelho (2005), Trajano (2005), Silva
(2007), Madeira (2008). Para coletarmos os dados, foram
utilizados sete questionários: um para os alunos regulares,
um para alunos com necessidades especiais, um para os pais,
um para os professores, um para os gestores da escola, um
para os coordenadores/orientadores da escola e um para os
funcionários das escolas. A coleta foi feita por alunos de es‑
tágio obrigatório de língua inglesa em escolas públicas no
ano de 2011. Os resultados estão sendo analisados e discuti‑
dos por uma das alunas, a qual decidiu transformar o projeto
em um Trabalho de Conclusão de Curso. Alguns resultados
preliminares mostram que há uma descrença e desânimo
em relação à inclusão escolar da maneira que tradicional‑
mente está sendo conduzida. Os alunos com necessidades
especiais dizem ser bem recebidos pelos colegas e professo‑
res e se sentem parte do grupo, porém têm consciência de
que não conseguem desenvolver suas competências e habi‑
lidades acadêmicas a contento. Sentimento também com‑
partilhado pelos pais, professores e alunos regulares.
Resumo de Paper
Apostando na inseparabilidade entre língua e cultura, este
estudo tem por objetivo explorar um recorte dessa relação
a partir de relatos sobre conflitos culturais vividos por bra‑
sileiros no exterior. São explorados sete relatos, quatro dos
quais relacionam cultura com questões linguísticas, como
pronúncia, entonação, gramática e vocabulário, algo que
era inesperado. Os outros três relatos envolvem diferenças
comportamentais, como horário de chegada às festas, di‑
ficuldades encontradas no processo de instalação de tele‑
fone e modo de oferecer um lanche ao amigo. Em seguida,
selecionamos em alguns livros didáticos (LDs) as categorias
abordadas pelos respondentes, a fim de verificar que tipo
de tratamento cultural é dado a essas questões (tanto lin‑
guísticas, como comportamentais). Os resultados sugerem
que os LDs veiculam a ideia segundo a qual língua e cultura
são por vezes entidades distintas: apresentam, por um lado,
como fatos culturais textos sobre filmes, música, persona‑
lidades e história relacionados a outros países e, por outro
lado, atividades gramaticais ignorando‑se os aspectos cul‑
turais que lhe são intrínsecos. Além disso, os dados lançam
luz sobre algumas questões. Primeiro, constituem exemplos
concretos da inseparabilidade entre língua e cultura, con‑
ceito bastante repetido, mas talvez pouco compreendido
na prática. Segundo, demonstram como os aprendizes são
subestimados em relação à noção de língua e cultura que já
carregam consigo. A riqueza de seus conhecimentos prévios
nunca pode ser desprezada. Terceiro, as histórias demons‑
tram de que maneira a fluência não é fator determinante
para livrar o aprendiz dos equívocos. Propomos, por fim, que
o professor amplie a concepção de cultura veiculada pelas
atividades dos LDs, permitindo que o aprendiz passe a movi‑
mentar‑se entre as culturas, movimento este que acontece
no espaço discursivo chamado terceiro lugar, terceiro espa‑
ço ou entrelugar.
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10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PRÁTICAS INTERDISCIPLINARES
EM AULAS DE LÍNGUA MATERNA
E ESTRANGEIRA: DIÁLOGOS
NOS PROCESSOS DE PRODUÇÃO
E COMPREENSÃO DE TEXTOS
A POLÍTICA LINGUISTICA
EM MOÇAMBIQUE
E AS CONTROVÉRSIAS
NA EDUCAÇÃO FORMAL
ALEXANDRE ANTÓNIO TIMBANE (UNESP)
ALEX BEZERRIL TOLEDO (UFRJ)
Resumo de Paper
Resumo de Pôster
Este pôster tem como foco a análise de projetos interdisci‑
plinares voltados para compreensão e produção de textos
desenvolvidos em aulas de língua materna e estrangeira por
professores‑participantes do projeto “Práticas de Linguagem
em diferentes áreas do conhecimento na escola pública”
(PLIEP), o qual integra universidade e escola. O PLIEP par‑
te dos pressupostos de que a linguagem ocupa papel cen‑
tral na construção e reconstrução de significados e de que
a transposição didática de gêneros em práticas letradas é
fundamental em todas as áreas do conhecimento. Partindo
dessas concepções, tem‑se por objetivo entender como a
interdisciplinaridade é enfocada em aulas de LM e LE das
escolas participantes; que gêneros circulam nos projetos
interdisciplinares; e como se dá a interação entre os partici‑
pantes e atividades propostas no processo de co‑construção
do conhecimento. Para alcançar tal objetivo haverá coleta
de dados no ambiente escolar através da filmagem de aulas
e constantes diálogos com os envolvidos no processo de en‑
sino‑aprendizagem através de questionários e entrevistas.
Espera‑se que as práticas interdisciplinares co‑construídas
ao longo da pesquisa gerem reflexões sobre a centralidade
da linguagem em práticas pedagógicas de diferentes áreas
do conhecimento. Por fim, objetiva‑se discutir a importân‑
cia de atividades de produção e compreensão de textos em
todas as áreas do conhecimento.
A história do Português em Moçambique está intimamente
ligada à colonização, pois foi este processo que implantou no
séc. XIX. A política lingüística do sistema colonial classificava
as mais de vinte línguas bantu faladas no território como
dialetos, fato que contraria estudos, pois estas línguas são
completas, com estrutura gramatical, sintática, morfológi‑
ca, fonética‑fonológica e lexical própria. A presente pesquisa
visa analisar e explicar a situação linguística de Moçambique
bem como o impacto da política linguística na escolariza‑
ção e na vida dos moçambicanos. Da pesquisa se conclui
que o número de cidadãos com língua bantu como língua
materna tende a baixar, ascendendo assim a variante mo‑
çambicana que Dias (2009), Vilela (1995), Gonçalves (1996),
Timbane (2012), Lindegaard (2009) designam por Português
Moçambicano. Esta variante hoje atinge cerca de 50.4%
(GONÇALVES, 2012, p.4); a educação bilingue pode ajudar a
reduzir o número de reprovações principalmente nas zonas
rurais, tal como sustentam Ngunga, Nhongo, Langa et alli
(2010); a literatura em línguas bantu iria aumentar, até por‑
que já foi feita padronização das línguas bantu em 2008; o
preconceito ou desprezo com relação às línguas bantu pode
reduzir com políticas que encorajam e valorizam as línguas
bantu. A experiência da África do Sul (cujas as línguas oficiais
de origem africana são usadas nas escolas, nas instituições
públicas) serve de lição para se entender que Moçambique
perdeu muito pelo fato de não ter oficializado as línguas ban‑
tu. Hoje, os sul‑africanos investiram na pesquisa das línguas
locais, fato que resultou na criação de dicionários, de gramá‑
ticas e de muita literatura. Em Moçambique falta a “vontade
política” para que as línguas bantu faladas por 85,2% dos mo‑
çambicanos (GONÇALVES, 2011, p.4) sejam legalmente presti‑
giadas e que algumas delas não caiam na extinção.
10
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O MATERIAL DIDÁTICO
DE LÍNGUA INGLESA
E O LETRAMENTO CRITICO
O PAPEL DE INTENSIFICADORES
LEXICAIS NA ANÁLISE
DE SENTIMENTOS VIA TWITTER
ALICE HELEN GRIGOLO (UFPR)
ALINE AVER VANIN (PUCRS)
LARISSA ASTROGILDO DE FREITAS (PUCRS)
Resumo de Paper
O presente trabalho vem propor uma abordagem focada
no Letramento Crítico para o material didático utilizado em
uma franquia de ensino de Inglês como L2. Esse material
já apresenta atividades que inserem a reflexão, o debate e
a discussão de diferentes pontos de vista, mas percebemos
que essas discussões podem avançar em direção a aquilo
que o Letramento Crítico propõe (JORDÃO, 2007; SOUZA, 2011).
Desta forma, utilizando os mesmos tópicos do material di‑
dático incluiremos atividades que promovam a percepção
das diferentes perspectivas, levando o aluno a refletir sobre
suas implicações. Essas atividades serão elaboradas a par‑
tir da metodologia OSDE ‑ Open Spaces for Dialogue and
Enquiry (ANDREOTTI, 2006) tendo como princípio que todo
conhecimento é válido, legítimo, parcial, incompleto, possí‑
vel de ser questionado e construído a partir de nossas expe‑
riências de vida. É através do diálogo, da investigação e do
envolvimento crítico dos participantes que buscamos uma
percepção das diferentes realidades construídas discursiva‑
mente. Também se pretende problematizar os temas abor‑
dados pelo material didático, orientando o debate para uma
perspectiva crítica, desestabilizando as crenças dos alunos
e fazendo‑os questionar as diferentes formas de vermos o
mundo. Dentro desse contexto apresentado, o papel do pro‑
fessor será problematizar os temas e facilitar a criação e ma‑
nutenção de um ambiente aberto para discussão. Espera‑se
que os alunos possam desenvolver novos procedimentos in‑
terpretativos, tornando‑se produtores de conhecimento, e,
portanto, agentes de transformação social.
Resumo de Paper
A comunicação por meio de redes sociais tornou‑se am‑
plamente difundida para todos os setores da vida cotidia‑
na. Com o advento da era da informação, computadores
fazem a mediação entre pessoas, instituições e empresas.
Além disso, muitas vezes, relações virtuais se consolidam
pelo uso constante e cada vez mais frenético dessas redes.
Nesse contexto, é possível observar que opiniões coletadas
em redes sociais, acerca de qualquer assunto, podem refle‑
tir no comportamento das próprias entidades referenciadas.
Ou seja, tendo em vista um determinado assunto em pau‑
ta (e.g., um novo produto no mercado), indícios da opinião
do público podem refletir na sua comercialização. O Twitter
pode ser considerado uma ferramenta de divulgação de in‑
formações, de interação e de compartilhamento de opiniões.
Em um limite de 140 caracteres, verifica‑se um conteúdo ex‑
presso por uma linguagem sintética e dinâmica que licencia
o uso de elementos que se aproximam daqueles utilizados
em diálogos orais. Assim, neste estudo são utilizadas ferra‑
mentas de Processamento de Linguagem Natural (PLN) na
análise de sentimentos, isto é, na verificação da atitude, da
opinião e do estado emocional presentes nos tweets com
relação a entidades de domínios específicos. A partir disso,
pretende‑se observar os elementos lexicais envolvidos no
fenômeno da intensificação, haja vista que a intensificação
pelo uso de adjetivos e de advérbios relacionados, especial‑
mente pela repetição lexical (“muito, muito”) e de caracteres
(“muuuuito”), pode provocar mudanças substanciais na aná‑
lise de sentimento.
11
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
FILHOS DE OFICIAIS E PRAÇAS
DE CARREIRA DO EXÉRCITO
BRASILEIRO – ALUNOS
MULTICULTURAIS E SUA
ADAPTAÇÃO EM UMA
NOVA ESCOLA NAS AULAS
DE LÍNGUA INGLESA
ENSINO, APRENDIZAGEM
E AVALIAÇÃO DA MODALIDADE
ESCRITA EM PORTUGUÊS
PARA ESTRANGEIROS
EM CONTEXTO TELETANDEM
ALINE DE SOUZA BROCCO (UNESP ‑ IBILCE)
DOUGLAS ALTAMIRO CONSOLO (UNESP)
ALINE CARNEIRO DOS SANTOS COSTA (UFRJ)
Resumo de Paper
Resumo de Pôster
O presente trabalho destina‑se a apresentar o pré‑projeto
de mestrado que trata da multiculturalidade dos filhos de
militar, que mudam de cidade, estado e até mesmo de país
constantemente devido às transferências obrigatórias exi‑
gidas pela profissão dos pais. Tais mudanças acarretam não
somente uma adaptação no âmbito familiar, como tam‑
bém inserção em uma nova cultura, novo ambiente escolar
e novo círculo social, entre outros. Sem opção de escolha,
crianças e adolescentes são obrigados a deixar amigos, o
ambiente escolar conhecido e o ritmo a que estavam ha‑
bituados para encarar os novos desafios impostos por um
novo ambiente. Como resultado das constantes mudanças,
temos crianças multiculturais, com experiências diversas
convivendo com outras que, em sua maioria, só conhecem
a cidade onde moram ou redondezas. O projeto que venho
desenvolvendo tem o intuito de observar os filhos de militar
no ambiente escolar, mais especificamente na faixa do sexto
ao nono ano, dependendo da demanda desses alunos nessas
séries. A ideia inicial é acompanhar de 10 a 15 adolescentes e
verificar como se dá sua adaptação nas aulas de língua ingle‑
sa e como o seu conhecimento de mundo influencia ou não
de forma diferenciada no novo ambiente. Em paralelo, pre‑
tendo explorar a postura da escola e dos professores diante
dos novos alunos, bem como a expectativa dos pais perante
a nova escola. Partindo de uma triangulação de dados, bus‑
carei desvendar um pouco do universo desses adolescentes
e contribuir para a divulgação desta realidade até agora não
explorada no Brasil. Para tanto, lançarei mão dos estudos de
Oxford (2003), Kramsch (1998), Freire (1996), Benson (1997),
entre outros autores que tratam da autonomia em sala de
aula, organização da sala de aula, língua e cultura.
O objetivo desta apresentação é divulgar apontamentos
sobre o ensino e a aprendizagem de português para es‑
trangeiros em contexto teletandem durante a vigência e
desdobramentos do projeto Teletandem Brasil: línguas es‑
trangeiras para todos, por meio de resultados de pesquisas
desenvolvidas neste contexto. O teletandem é um contexto
virtual que propicia o ensino e aprendizagem por intermédio
de computadores, valendo‑se concomitantemente da pro‑
dução e compreensão oral, da escrita e de imagens. Nesse
contexto, duas pessoas, cada uma proficiente em uma lín‑
gua, encontram‑se regularmente para aprender a língua um
do outro. Essas pessoas buscam, então, de forma autônoma
e colaborativa, aprender a língua e a cultura do outro em in‑
terações autênticas, sendo que o parceiro mais proficiente
ajuda o menos proficiente na língua e vice‑versa. As pesqui‑
sas evidenciam que o contexto em questão funciona como
um complemento para a sala de aula; desenvolve as com‑
petências intercultural, linguístico‑comunicativa e peda‑
gógica; contribui para a formação de professores; propicia
substancial insumo para a aprendizagem; e proporciona o
ensino da forma com fins comunicativos, entre outros bene‑
fícios. Enquanto um contexto de ensino e aprendizagem de
português como língua estrangeira (PLE), o teletandem pro‑
porciona a difusão da língua e da cultura portuguesa e facili‑
ta o contato com o Brasil por meio da comunicação on‑line.
Em etapa mais recente, de implementação de parcerias de
teletandem integradas a disciplinas de língua estrangeira na
universidade, os interagentes foram incumbidos de produzir
textos na língua‑alvo e corrigir textos elaborados pelos es‑
trangeiros em língua portuguesa. Esta prática de produção
escrita suscitou questionamentos a respeito do feedback re‑
alizado pelos interagentes brasileiros sobre a produção tex‑
tual de seu parceiro, e nesta apresentação ilustra‑se a dis‑
cussão com produções textuais em PLE para discussão sobre
como se caracteriza a correção desses textos.
12
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PERSPECTIVAS DE ENSINO
E A FORMAÇÃO DE SUJEITOS
CRÍTICOS: REFLEXÕES
SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA MODERNA
O LIVRO DIDÁTICO
E A ENSINAGEM DE INGLÊS:
AS VOZES BAKHTINIANAS
E VYGOTSKYANAS NO PNLD
ALINE L DE A V DOS S VIEIRA (UFRJ)
ALINE DEOSTI (UFPR)
ANDERSON NALEVAIKO MARQUES (IFPR)
KATIA BRUGINSKI MULIK (UFPR)
Resumo de Paper
O ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras na edu‑
cação básica vem sendo fortemente afetado pela complexi‑
dade das transformações sociais e culturais e do desenvol‑
vimento tecnológico oriundas do processo de globalização.
Assim, ensinar uma língua estrangeira não se resume no
repasse de informações linguísticas e no trabalho com ha‑
bilidades comunicativas, mas na formação de um indivíduo
capaz de compreender as relações complexas do mundo que
vive e que saiba pensar e agir criticamente a partir delas.
Nesse sentido, propomos neste artigo a discussão de algu‑
mas perspectivas de ensino que enfatizam a formação do
aluno crítico – pedagogia crítica, leitura crítica e letramen‑
to crítico e multiletramentos – buscando identificar em que
sentido(s) essas perspectivas se diferem e se aproximam e
que aspectos as constituem, bem como a forma como con‑
ceituam o termo crítico. Após a discussão das perspectivas
apresentamos alguns elementos propostos por Pennycook
(2003) que sintetizam o trabalho crítico (pensamento críti‑
co, relevância social, modernismo emancipatório e prática
problematizadora) buscando associá‑los a discussão das
perspectivas debatidas. Finalmente, nas considerações fi‑
nais, sintetizamos os elementos recorrentes nas três pers‑
pectivas de ensino e traçamos nossa conclusão no que tan‑
ge ao ensino de línguas estrangeiras na educação básica em
uma perspectiva crítica.
Resumo de Pôster
O livro didático de inglês pode atuar na promoção da heu‑
rística, conduzindo o aluno à compreensão de sua função
no mundo, facultada pelos valores recebidos em casa, for‑
talecidos na escola e praticados na sociedade. Este trabalho
tem o objetivo de entender como o livro didático de inglês
pode influenciar a ensinagem, repensando os papéis do pro‑
fessor, enquanto agente co‑construtor do conhecimento, e
dos alunos, enquanto agentes críticos e transformadores.
Serão analisadas as vozes bakhtinianas e vygotskyanas do
Programa Nacional do Livro Didático, que tem como princi‑
pal objetivo subsidiar o trabalho pedagógico dos professores
por meio da distribuição de coleções de livros didáticos aos
alunos da educação básica, mas prima não somente pela
qualidade do material didático, como também, traça metas
a serem alcançadas pelo professor através de sua prática
docente. A fundamentação teórica deste trabalho baseia‑se
em Vygotsky e a teoria sociointeracional e nos princípios
bakhtinianos de dialogismo, alteridade e estudos quanto
aos gêneros do discurso.
13
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
UM ESTUDO SOBRE
A FORMAÇÃO LINGUÍSTICA
DE FUTUROS PROFESSORES
DE INGLÊS COMO
LÍNGUA ESTRANGEIRA
ALINE MARA FERNANDES (UNESP)
Resumo de Paper
Esta comunicação tem o objetivo de mostrar os resulta‑
dos preliminares de um estudo sobre a proficiência oral
em língua inglesa de alunos‑formandos de um curso de
Licenciatura em Letras de uma universidade pública do in‑
terior do estado de São Paulo. Os dados que compõem o es‑
tudo foram coletados no ano de 2012 e obtidos a partir de
(1) gravações em áudio do desempenho de oito alunos no
teste oral do EPPLE (Exame de Proficiência para Professores
de Línguas Estrangeiras), (2) gravações em áudio e vídeo de
seminários apresentados por esses alunos nas aulas de lín‑
gua inglesa na universidade, (3) observações de aulas e (4)
questionários aplicados a alunos e professores da disciplina
de inglês. O foco da análise dos dados está no uso da meta‑
linguagem. Busca‑se estabelecer possíveis relações entre a
qualidade das aulas de inglês do 4º ano do curso de Letras da
universidade em questão e a qualidade da produção oral dos
alunos‑formandos no que concerne à proficiência oral dos
futuros professores para lidar com a língua‑alvo para fins de
ensino. Este estudo é parte de uma pesquisa de doutorado
em andamento que objetiva o levantamento de uma tipolo‑
gia de tarefas pedagógicas que favoreçam o desenvolvimen‑
to da competência metalinguística dos alunos‑formandos,
ou seja, o conhecimento sobre o funcionamento da língua e
a capacidade dos futuros professores de falar sobre a língua‑
‑alvo, utilizando‑se de taxonomia adequada. A motivação
para tal pesquisa está na necessidade de se traçar parâme‑
tros mais específicos para a formação linguística e pedagó‑
gica do professor de línguas estrangeiras no Brasil. Sendo as‑
sim, acredita‑se que a avaliação da proficiência do professor
de LE é necessária para o estabelecimento de níveis de com‑
petência linguístico‑comunicativa desejados e, consequen‑
temente, para melhoras nas condições de ensino do inglês
principalmente nas escolas regulares no país.
NECESSIDADES FORMATIVAS
DO PROFESSOR DE INGLÊS
DO OESTE BAIANO
ALINE RIBEIRO PESSÔA (UFBA)
Resumo de Paper
Diversos estudos sobre formação de professor de língua es‑
trangeira chamam a atenção para a importância da forma‑
ção continuada, especialmente para a formação de um do‑
cente reflexivo e crítico. A discussão (Celani, 2002; Gimenez,
2005; Vieira‑Abrahão, 2004, entre outros) tem considerado
a reflexão da prática pedagógica como um caminho promis‑
sor para o docente se perceber como transformador por ser
conhecedor do cenário que o cerca. Entretanto, uma signi‑
ficativa parcela de professores de língua inglesa ainda não
compreende o sentido de um fazer docente reflexivo e crí‑
tico, principalmente em virtude de sua formação inicial ser
incompleta. Deve‑se, portanto, pensar em formação conti‑
nuada que considere as reais necessidades do professor de
línguas, em seu cenário de atuação, e busque um diálogo de
modo que lhe seja possível gerar reflexão que funcione para
reorganizar seu conhecimento prático e, assim, fomentar a
formação e um profissional reflexivo e crítico. Nesse senti‑
do, esta pesquisa objetiva identificar o perfil do professor de
inglês do oeste baiano, conhecer suas condições de traba‑
lho e diagnosticar suas necessidades, com a principal finali‑
dade de subsidiar ações que visam contribuir com a forma‑
ção continuada desses profissionais. Os informantes desta
pesquisa exploratória, qualitativa que apresenta algumas
quantificações, são os professores de inglês de escolas pú‑
blicas, municipais e estaduais, de nove municípios do oeste
baiano. Os dados foram coletados por meio de questionário
semi‑estruturado e autoavaliação de proficiência linguísti‑
ca que considerou a matriz do Quadro Comum Europeu de
Referência para as Línguas. Os resultados demonstram as
lacunas da formação inicial desses professores com nível
elementar de proficiência, e a disposição em participar de
oficinas e grupos de pesquisa colaborativa.
14
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
IDENTIDADE NACIONAL
VERSUS IDENTIDADE RACIAL:
PERFORMATIVIDADE E INJÚRIA
RACIAL NO BRASIL
O ENSINO DA FONÉTICA
E FONOLOGIA NO CURSO
DE LETRAS/ESPANHOL DA UNEB:
RELATO DE EXPERIÊNCIAS
ALINE RUIZ MENEZES (UFOP)
ALINE SILVA GOMES (UNEB)
Resumo de Pôster
Resumo de Paper
Este trabalho é parte da pesquisa de Iniciação Científica,
que está sendo desenvolvida dentro do Departamento de
Letras da UFOP, intitulada “Mídia e intolerância racial: aná‑
lise de uma prática”, que tem como objetivo principal ana‑
lisar o discurso da mídia em relação aos casos de intolerân‑
cia racial protagonizados por grupos ou indivíduos no país.
Realizamos uma pesquisa de cunho qualitativo e quantita‑
tivo, baseada primeiramente no levantamento bibliográfico,
na leitura e produção textual acerca do material pesquisado.
O corpus foi formado por (i) Leis que criaram as Delegacias
de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (DECRADI); (ii)
Boletins de ocorrência de crimes de ódio, de cunho racial,
obtidos na DECRADI de São Paulo, a pioneira nesta questão;
(iii) notícias veiculadas eletronicamente por cinco grandes
jornais brasileiros e a análise da nomeação dos grupos cata‑
logados pela DECRADI. Tendo em vista a perspectiva teórica
da Pragmática e dos Estudos Culturais, bem como da Análise
do Discurso Crítica, temos como objetivo principal, neste
trabalho, apresentar como os recorrentes casos de injúria
racial, observados nos boletins de ocorrência, nos ajudam a
compreender a construção da identidade nacional a partir da
questão racial. Partimos da concepção de Fairclough (2001)
de que o discurso é uma forma de agir sobre o mundo e sobre
o Outro, sendo assim, é a partir do discurso que a sociedade
se estrutura, se reflete e se modifica. Salientamos que para
esta pesquisa, raça é visto como um conceito sociológico, e
não biológico, o que auxilia na explicação de termos crimes
baseados em questões raciais em nosso país. O que está em
jogo não é que todos façamos parte da mesma raça huma‑
na, mas que nossas relações sociais são racializadas hierar‑
quicamente (Munanga, 2004). Dessa forma, encontramos a
necessidade de compreender essas construções identitárias
a partir da questão racial e perceber a forma como discurso
produz ações, no caso das injúrias raciais.
A formação docente no Brasil tem sido um dos temas mais
discutidos e explorados no âmbito educacional nas últimas
décadas e, no que se refere à formação de professores de
língua espanhola, esta seja talvez uma das maiores dívidas
do governo brasileiro junto a nossa sociedade, como afirma
Moreno (2005). Com a finalidade de contribuir de alguma
maneira nessas discussões, e no contexto em que estamos
inseridos, esta apresentação visa compartilhar os resulta‑
dos das práticas de ensino desenvolvidas entre os discen‑
tes do curso de Licenciatura em Letras – Língua Espanhola
e Literaturas de Língua Espanhola –, da Universidade do
Estado da Bahia (UNEB – Campus I), na disciplina Estudos
Contrastivos em Fonética e Fonologia da Língua Materna e
Língua Espanhola, no primeiro semestre de 2012. O objetivo
geral do curso é estudo contrastivo das estruturas fonéticas
e fonológicas da língua portuguesa e da língua espanhola.
A comunicação está estruturada em três seções: primeiro,
explica‑se o componente curricular em questão; em seguida,
mencionam‑se os materiais e métodos utilizados durante as
aulas ministradas; logo, apresentam‑se os resultados sobre
algumas atividades realizadas pelos discentes. Por último,
nas considerações finais, discorre‑se sobre a importância
dos conteúdos fonético‑fonológicos na formação dos futu‑
ros professores de espanhol. Adotam‑se como referência os
trabalhos de Poch Olivé (2001) e Llisterri (2003).
15
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
DISCURSOS E IDENTIDADES
EM XEQUE NA SALA DE I/LE
ALVARO MONTEIRO CARVALHO (UFRJ)
COMPARANDO A PRODUÇÃO
DE BRASILEIROS E ANGLÓFONOS
DE CLUSTERS INICIADOS POR /S/
AMANDA DO NASCIMENTO BURGO (UFRJ)
Resumo de Paper
Apesar de o tema sexualidade estar abarcado em um dos te‑
mas transversais propostos pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais (1997), a orientação sexual, Louro (1997) assevera
que tal temática não é discutida de forma aberta na escola
por ser considerada uma responsabilidade da família. Em ra‑
zão disso, as práticas escolares parecem corroborar para a
reprodução e solidificação de significados que são produzi‑
dos por uma matriz de inteligibilidade de ordem heterosse‑
xual (BUTLER, 1990). O efeito dessas práticas é a aparente
constante contribuição da educação para a naturalização
de certas formas de ser, conhecer e pensar sobre o corpo e
o desejo, desconsiderando outras formas de experiência e
de construção de significados. Refletindo sobre esse cenário,
este trabalho tem dois objetivos: 1) apresentar um projeto
pedagógico – desenvolvido com alunos/as de uma turma
de 9º ano de inglês como língua estrangeira – que discute
questões relacionadas a identidades estigmatizadas como
a sexualidade, por exemplo; e 2) discutir alguns dos efeitos
da implementação de tal projeto. A partir de teorizações
advindas da Teoria Queer (SULLIVAN, 2003; BUTLER, 2004)
e da perspectiva socioconstrucionista (MOITA LOPES, 2003),
esse estudo procura problematizar processos tradicionais
de construção de conhecimento, buscando também a de‑
sestabilização de conceitos fundamentalistas acerca das
masculinidades. Os dados, gerados por meio de procedi‑
mentos de teor etnográfico e abordados de acordo com
princípios da Sociolinguística Interacional (GOFFMAN, 1974 e
1981; GUMPERZ, 1982; BLOOMMAERT, 2009), não indicam total
desestabilização e/ou renegociação, mas sim movimentos
ainda tímidos de desestabilização. Entretanto, pode‑se dizer
que, tais movimentos sutis constituem passos significativos
em direção à agência e à mudança.
Resumo de Pôster
Este trabalho faz parte do projeto de pesquisa: “Análise do
Processo de Ensino/Aprendizagem de Línguas Estrangeiras a
Brasileiros – Problemas de Sotaque e de Pronúncia”, que está,
de certa maneira, relacionado à temática da inclusão ou ex‑
clusão social por meio da linguagem. O projeto mencionado
serve como base da nossa pesquisa que é a realização dos
clusters por falantes de Português Brasileiro (PB) ao falarem
inglês. Denomina‑se clusters as “seqüências de duas ou mais
consoantes dentro de uma sílaba” (Prator & Robinett: 1985,
174). Um brasileiro, na fase de aprendizado do inglês como
língua estrangeira (LE), insere /i/ antes de /s/, o que leva a
um processo de ressilabação – quebra os constituintes do
cluster. Essa inserção acontece por influência da língua ma‑
terna, o português (que não tem esse cluster), constituin‑
do‑se, então, em marca de sotaque. Sabe‑se, também, que
algumas dessas marcas podem levar a estereótipos sociais,
atitudes negativas voltadas contra o falante que se esforça
para aprender o novo idioma. Mostraremos alguns de nos‑
sos dados gravados provenientes de alunos de Inglês de sex‑
to período da Faculdade de Letras (UFRJ), comparando‑os
com os dados de falantes nativos e analisando‑os por inter‑
médio do programa computacional PRAAT. Desse modo, ten‑
taremos dar algumas explicações para o problema da inser‑
ção vocálica em clusters, apontando que o suposto nível de
gravidade da pronúncia inadequada ainda é menor do que
a possível atitude de exclusão social sofrida pelo aprendiz
de inglês.
16
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O PROCESSO DE ELABORAÇÃO
DE SEQUÊNCIAS
DIDÁTICAS EM LÍNGUA
INGLESA NO CONTEXTO
DE UM SUBPROJETO DE PIBID
ANA CAROLINA DE LAURENTIIS BRANDÃO (UNEMAT)
Resumo de Paper
Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir ex‑
periências de elaboração de material de língua inglesa, vi‑
venciadas por alunos de um curso de Letras e uma profes‑
sora de inglês da rede pública em um subprojeto de PIBID.
O PIBID (Programa de Institucional de Bolsas de Iniciação à
Docência) é uma iniciativa da CAPES no sentido de melhorar
a Educação Básica no país, oferecendo bolsas de estudos a
professores universitários (coordenadores institucionais e de
área), professores da rede pública (supervisores) e discentes
de cursos de Licenciatura. O subprojeto em questão é parte
de um projeto de PIBID de uma universidade do Mato Grosso,
e tem o intuito de contribuir para a formação inicial e conti‑
nuada de profissionais da área de ensino de língua inglesa,
por meio do desenvolvimento de uma proposta de ensino
com base em gêneros textuais. As atividades envolvendo os
gêneros seguem o modelo de sequência didática, segundo
Dolz, Noverraz e Schneuwly (2004), e serão aplicadas no
primeiro semestre de 2013. O aporte teórico‑metodológico
deste trabalho é a Pesquisa Narrativa (CLANDININ; CONNELLY,
2000). Os textos de campo envolvem excertos de relatos
escritos por mim, coordenadora de área, e pelos bolsistas,
bem como as sequências didáticas elaboradas. A análise
desse material é feita com base na Composição de Sentidos,
segundo Ely, Vinz, Downing e Anzul (2001). Até o momento,
foi possível perceber dificuldades relacionadas à articula‑
ção da teoria envolvendo os gêneros, estudada na primeira
fase do subprojeto, e a prática de elaborar as sequências, e
à contemplação de outros conhecimentos além do sistêmi‑
co, sugeridos pelos Parâmetros Curriculares Nacionais de
Língua Estrangeira.
A CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES
DE PROFESSORES NA MÍDIA:
QUEM PODE ENSINAR INGLÊS
NO BRASIL?
ANA CASTELLO (UNB)
MARIANA R. MASTRELLA‑DE‑ANDRADE (UNB)
Resumo de Pôster
Este trabalho tem com objetivo apresentar os resultados de
uma investigação sobre a maneira como a mídia tem parti‑
cipado na construção de identidades de quem ensina inglês
no Brasil. Teoricamente, entende‑se aqui que as investiga‑
ções com foco em identidades implicam em deslocar a ênfa‑
se sobre a descrição de sujeitos, voltando‑a sobre a ideia de
tornar‑se, uma concepção que envolve movimento e trans‑
formação a partir de uma noção de linguagem que opera e
realiza o que se diz (BUTLER, 1997). Assim, enfocar a maneira
como a identidade de professores é construída significa, so‑
bretudo, entender as relações sociais, discursivas e de poder
que a propiciam, já que, como ressaltam Norton (2000) e
Mastrella (2007), as identidades não são algo simplesmente
abstrato ou neutro, mas são todas políticas, engendradas
em relações desiguais de poder. Tendo então essa perspec‑
tiva teórica, esta pesquisa buscou analisar, a partir da co‑
leta e seleção de reportagens e anúncios de instituições de
ensino de inglês no Brasil, como os discursos constroem as
identidades de quem ensina inglês, considerando, segundo
Bourdieu ( 1997), que a mídia tem o poder de formar opiniões
e atitudes em massa, tornando‑se especialista ou guardiã de
valores coletivos. A análise foi conduzida com base na teoria
dos Atos de Fala de Austin (1976) e conforme os trabalhos de
Pinto (2002), que entendem língua como performativida‑
de. Os resultados mostram indícios de que os discursos que
sustentam as informações sobre ensinar inglês no Brasil es‑
tabelecem quem é o “bom professor” e o que ele representa,
aproximando‑o, de modo geral, a um estereótipo marcado
por aparência física e sotaque bastante aproximados aos
dos de falantes anglo‑saxônicos, ressaltando, em prima‑
zia, questões exclusivas do falar inglês em detrimento de
outras habilidades.
17
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O CERTIFICADO DE PROFICIÊNCIA
EM LÍNGUA PORTUGUESA PARA
ESTRANGEIROS (CELPE–BRAS):
UM INSTRUMENTO DE AÇÃO
POLÍTICO‑LINGUÍSTICA
ONDE E COMO SE APRENDE
A LER INFOGRAFIA?
ANA CATARINA MORAES RAMOS NOBRE DE MELLO (UFRJ)
Este trabalho tem como objeto de estudo a leitura de info‑
grafia e o letramento visual de estudantes de ensino médio
de duas escolas públicas mineiras. O infográfico em foco é
aquele que circula no âmbito do jornalismo, tanto em mídia
impressa quanto eletrônica, mas especialmente naquela,
em suportes como revistas e jornais. Cada vez mais presente
nesses produtos editoriais, o infográfico, texto multimodal
por excelência, demanda do leitor habilidades que envol‑
vem noções de língua, imagem, matemática, entre outras.
Os projetos gráficos de jornais, por exemplo, têm, cada vez
mais, há algumas décadas, proposto ao leitor páginas em
que imagens e palavras aparecem de forma interpolada, op‑
tando por desenhar o que não se pode ou não se prefere des‑
crever ou narrar. Fundamentam este trabalho concepções
de infográfico como a de Teixeira (2010), aspectos da pro‑
dução editorial e dos projetos gráficos (Ribeiro, 2009; 2010),
uma concepção de letramento visual (Dondis, 2007), assim
como noções de letramentos e de multimodalidade pro‑
postas pelos estudos de Kress (2010) e Kress e Van Leeuwen
(1996; 2001). O método de pesquisa empregado foi o grupo
focal, conduzido com jovens estudantes de terceiro ano do
ensino médio, sendo um primeiro em uma escola pública fe‑
deral e outro em uma escola pública estadual. As questões
abordadas nos grupos eram relativas ao reconhecimento
de infográficos, à leitura desses textos, aos letramentos en‑
volvidos nessa ação e às agências desse letramento. Os da‑
dos gerados foram analisados tomando‑se como referência
resultados do Enem que apontam problemas no desenvol‑
vimento de habilidades de leitura e matemáticas. Os resul‑
tados da pesquisa apontam para a escola como uma impor‑
tante agência de letramento visual, embora isso quase nun‑
ca seja ou pareça sistematizado ao longo do período escolar.
Também é importante corroborar pesquisas anteriores que
apontam o pouco espaço que as aulas de língua materna de‑
dicam ao letramento visual.
Resumo de Paper
Dentre os diversos instrumentos de ação político‑linguís‑
tica implementados pelo Governo brasileiro que visam à
internacionalização da Língua Portuguesa (LP) e da cultura
brasileira, destaca‑se a criação do Certificado de Proficiência
em Língua Portuguesa para Estrangeiros (CELPE–Bras).
Observa‑se, ao longo dos 15 anos de sua vigência, um au‑
mento expressivo no quantitativo de candidatos participan‑
tes do Exame para sua obtenção: em 1998, 127 participaram
do exame realizado em 5 universidades brasileiras e nos 3 pa‑
íses que compunham o MERCOSUL; em 2012, segundo dados
do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP), foram 8044 inscritos em 26 postos
aplicadores no Brasil e outros 48 em diversos países de to‑
dos os continentes. Evidencia‑se, portanto, uma iniciativa
bem‑sucedida, decorrente, principalmente, do momento
político e econômico relevante vivenciado pelo Brasil, por
intermédio dos diversos intercâmbios econômicos, culturais
e científicos firmados com outros países. No tocante à área
linguística, vem sendo subsidiado pela “criação e manuten‑
ção de políticas de língua protagonizadas pelo Estado e por
outros atores sociais que apontam para uma maior circula‑
ção e valorização” da LP (Carvalho, 2012). Diante dessa reali‑
dade, considera‑se este Exame, via os textos apresentados
tanto na prova oral quanto na escrita, configurações oficiais
das diferentes representações sociais e culturais do Brasil e
de brasileiros ali mostradas. Objetiva‑se, com este trabalho,
traçar um paralelo entre algumas representações depreen‑
didas no material (elementos provocadores) utilizado na
prova oral (Lima, 2008) e em alguns vídeos que compõem
parte dos textos de partida para a realização de tarefas co‑
municativas propostas na prova escrita.
ANA ELISA FERREIRA RIBEIRO (CEFET MG)
Resumo de Paper
18
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
GLOBALIZAÇÃO E CULTURA:
PENSANDO A TRADUÇÃO
DE NOVELAS
A INSERÇÃO DOS QUILOMBOS
NOS MATERIAIS DIDÁTICOS
DE LÍNGUA PORTUGUESA
ANA ELISA TOLEDO LIMA NASCIMENTO (UNICAMP)
ANA FÁTIMA CRUZ DOS SANTOS (UNIJORGE)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Vivemos em um mundo caracterizado por mudanças cons‑
tantes e fluxo global e contínuo de bens, recursos, informa‑
ções e imagens. O mundo está interconectado. A existên‑
cia de um sistema global de comunicação, composto por
Internet, satélites, computadores, celulares e demais apara‑
tos tecnológicos que proporciona a atualização de noticias
minuto a minuto, o deslocamento geográfico sem o deslocar
físico e o contato com diferentes comunidades lingüísticas é
apenas uma das muitas evidências. Contudo, ainda que haja
uma conotação de unicidade fortemente relacionada à idéia
de globalização, especialmente quando se abordam temas
como economia global e globalização de mercado, essa não
pode ser aplicada à esfera cultural. Segundo Renato Ortiz
(2011), uma cultura mundializada não implica o aniquila‑
mento de outras manifestações culturais, ela co‑habita e se
alimenta delas. Para o autor, o universo das “comunicações”
contém uma dimensão que extravasa os quadros nacionais:
ele implica técnicas e práticas transnacionais, assim como a
elaboração de formatos narrativos que transcendem as fron‑
teiras. Diante desse cenário e somado ao fato do Brasil ser
um dos principais países exportadores de novela, o presen‑
te trabalho tem como objetivo estudar a relação globaliza‑
ção‑tradução, abordando o modo como o fenômeno global
vem interferindo nos estudos de tradução, em especial em
seu funcionamento no ambiente midiático; com destaque
para a exportação de novelas brasileiras e o processo neces‑
sário para sua comercialização. Para a realização de nossa
pesquisa, faremos uso de autores de diversas áreas entre as
quais, sociologia, cinema e comunicação. O estudo das tra‑
duções será realizado com base em conceitos formulados
por teóricos das linhas pós‑estruturalista como Rosemary
Arrojo (1993, 1998, 2000 e outros), Lawrence Venuti (1995,
1998, 2000, 2002, 2008) e Susan Bassnett (2009).
A produção de materiais didáticos com conteúdos de Língua
Portuguesa ainda expressam uma deficiência quanto ao
assunto quilombos e sua relevância na formação linguísti‑
ca brasileira ao longo dos séculos XIX e XX. A presente pes‑
quisa, educação quilombola em sala de aula, analisou livros
didáticos da Editora FTD, três volumes do Ensino Médio do
ano de 2008, a fim de observar estes possíveis elementos de
educação de quilombos na aquisição de linguagem sob a in‑
fluência dessas comunidades que envolvia diferentes povos/
cor/posição política e que ainda são referência da formação
identitária, cultural e de linguagem presentes na contem‑
poraneidade. Sob o método qualitativo‑interpretativista,
expõe‑se critérios de análise desse material verificando fi‑
guras, discursos e citações utilizadas. Sugere‑se pontos de
discussão em sala de aula a serem utilizados pelo docente
de acordo com críticas paradidáticas de outros autores so‑
bre o tema. Conclui‑se a ausência de citações ou referências
construtivas sobre uma formação educacional quilombola
nesses livros didáticos analisados.
19
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
FORMAÇÃO CONTINUADA
DE PROFESSORES DE LÍNGUA
INGLESA: NOVOS/VELHOS
DISCURSOS E PRÁTICAS?
ANA KARINA DE OLIVEIRA NASCIMENTO (UFS)
A LÍNGUA PORTUGUESA
COMO UNIDADE ABSTRATA
E IMAGINÁRIA: UMA
LEITURA DO NOVO
ACORDO ORTOGRÁFICO
ANA LUCIA CHELOTI PROCHNOW (UFSM)
Resumo de Paper
Pensar em formação continuada de professores de uma
maneira mais ampla e naquela direcionada a professores de
língua inglesa de maneira mais particular perpassa por va‑
riadas questões que abrangem diversificadas formas de en‑
tender o ensino, a aprendizagem, a relação professor‑aluno,
a formação crítica do discente, as diferentes metodologias
de ensino, enfim, várias questões envolvidas no fazer peda‑
gógico. É levando em conta essa diversidade de temáticas,
que este trabalho, cuja base de análise centra‑se na teoria
dos novos letramentos, propõe‑se a discutir uma experiên‑
cia de formação continuada direcionada a professores de
língua inglesa da rede pública de educação básica de Sergipe.
Trata‑se da análise de três dos instrumentos utilizados du‑
rante o processo (questionário, entrevista e gravação de
aula), a qual busca entender os novos/velhos discursos e
práticas dos professores envolvidos. Nesse percurso, diver‑
sas interpretações e interlocuções foram possíveis, as quais
se mostraram ricos elementos para uma análise acerca do
processo de ensino e aprendizagem de língua inglesa.
SILVANA SCHWAB DO NASCIMENTO (UFSM)
ADRIANA SILVEIRA BONUMÁ (UFSM)
Resumo de Paper
O novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa (1990),
que passou a ser adotado em janeiro de 2009 e visa a unifi‑
car as duas ortografias oficiais do português, a do Brasil e a
de Portugal, efetivamente, deverá ser utilizado a partir de ja‑
neiro de 2013 por toda lusofonia. Em virtude desse momen‑
to de transição, este trabalho se propõe a analisar como os
conceitos que permeiam as questões de política de línguas,
tais como nação, estado, língua nacional, língua oficial, lín‑
gua materna, língua imaginária e língua fluida, são aborda‑
dos nesse documento. Para tanto, em um primeiro momen‑
to, serão discutidos alguns textos de autores que tratam a
respeito da política linguística no Brasil. Depois, serão discu‑
tidos de que forma determinados aspectos do novo acordo
estão relacionados com as políticas de língua. A partir disso,
pretende‑se mostrar em que medida o novo Acordo conce‑
be a língua portuguesa como unidade abstrata e imaginá‑
ria. Para tanto, o suporte teórico está embasado em autores
como Hobsbawm (1990), Orlandi (1988) e Guimarães (2007),
que abordam questões propriamente de política linguística;
e em Fiorin (2009) e Silva Sobrinho (2009), que discutem o
Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa relacionado
com a política linguística no Brasil.
20
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
HISTÓRIAS DE LETRAMENTO
E PERFIL SOCIOCULTURAL
DE PROFESSORES
EM FORMAÇÃO
MUITO ALÉM DE APRENDIZ:
O PAPEL DA TAREFA PARA
PROMOVER MÚLTIPLAS
CATEGORIAS DE PARTICIPANTES
ANA LÚCIA DE CAMPOS ALMEIDA (UEL)
ANA LUIZA PIRES DE FREITAS (UNISINOS)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Nesta comunicação pretendo discorrer sobre um projeto
de pesquisa em etapa inicial de desenvolvimento coordena‑
do por mim junto ao Departamento de Letras Vernáculas e
Clássicas da Universidade Estadual de Londrina – PR. O ob‑
jetivo deste projeto é investigar as práticas de letramentos
vernaculares, locais e situados a partir do levantamento
e análise de um corpus constituído por produções escritas,
histórias de letramento, de alunos do Curso de Licenciatura
em Língua Portuguesa – professores em formação. A pesqui‑
sa empreendida pretende ainda construir um perfil sociocul‑
tural de letramento dos futuros professores com intuito de
compreender os modos de apropriação pertinentes à aqui‑
sição do modelo da cultura escrita denominado letramento
dominante. A fundamentação teórica provém dos Novos
Estudos de Letramento, que incentivam a produção de inves‑
tigações voltadas para as práticas socioculturais de usos de
escrita em comunidades locais, situadas em esferas distintas
da hegemônica e/ou acadêmica, Esta vertente de estudos
vem sendo representada pelos autores: Heath (1982,1983,);
Barton (1998); Barton e Hamilton (1994); Barton, Hamilton e
Ivanic (2000); Street (1984, 1993, 1995, 2003, 2010), Kleiman
(1995, 2001, 2006), Marinho e Carvalho (2010), Soares (1998,
2008, 2010), entre outros. As observações preliminares rea‑
lizadas na etapa exploratória da pesquisa permitem afirmar
que a maior parte dos sujeitos pesquisados demonstra não
ser possuidora dos letramentos de prestígio e não ter tido
acesso aos modelos de escrita da esfera acadêmica; antes
apresentam contato intenso com as práticas comunicati‑
vas e interacionais da cultura oral e com o desenvolvimen‑
to de práticas de letramento próprias das esferas religiosas,
do cotidiano e de locais de trabalho vinculadas a camadas
sociais populares.
O objetivo deste trabalho é o de examinar a relação entre o
leque de ações construídas pelos participantes de uma sala
de aula de língua adicional com a atividade pedagógica que
é levada a cabo. Para tanto, analisamos três segmentos de
fala‑em‑interação a partir dos pressupostos da ACE. O pri‑
meiro segmento (Mondada, Doehler, 2004) se passa em
uma sala de aula de francês e mostra os participantes rea‑
lizando a atividade pedagógica de prover verbos derivados
dos substantivos. Assim, a ação a ser realizada por quem
executava a atividade pedagógica se restringia a produzir
um turno que apresentasse um verbo, em resposta ao subs‑
tantivo apresentado no turno. O segundo segmento (Mori,
Hasegawa, 2009) se passa em uma sala de aula de japonês
e mostra os participantes realizando a atividade pedagógi‑
ca de, a partir de figuras, elaborar frases. Em tal segmento,
observamos que as ações levadas a cabo pelos participan‑
tes se restringiam à produção de enunciados soltos. Nesses
dois primeiros segmentos, as ações desempenhadas pelos
participantes eram bastantes restritas, na medida em que
são balizadas por atividades pedagógicas que delimitam a
participação à produção de enunciados e verbos. Já o tercei‑
ro segmento (Freitas, 2006 e Salimen, 2009) acontece em
uma sala de aula de inglês e mostra os participantes reali‑
zando uma atividade pedagógica de encenação em grupos.
Nesse segmento, os participantes realizaram diversas ações,
como: discordar, levantar hipóteses, responder a uma hipó‑
tese levantada, entre outras. Em contraste aos dois outros
segmentos, nesse último, o leque de ações a serem realiza‑
das para cumprir a atividade pedagógica não só é mais am‑
plo, mas também é mais relacionado com a realização de
ações no mundo. A partir de tais resultados, este trabalho
contribui para os estudos de ACE que estudam a aprendiza‑
gem de línguas, por apontar que, apesar de as tarefas peda‑
gógicas poderem ser re‑configuradas pelos participantes,
elas balizam as possibilidades de ação desempenhadas.
21
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O ESTUDO DAS EMOÇÕES
DE PROFESSORES DE LÍNGUAS:
DE ONDE VIEMOS, ONDE
ESTAMOS E PARA ONDE VAMOS?
ANA MARIA FERREIRA BARCELOS (UFV)
Resumo de Paper
Sabemos que as emoções fazem parte do conhecimento do
professor e que podem influenciar suas ações muito mais do
que as crenças (Borg, 2006). Apesar disso, o fator afetivo, de
acordo com Borg (2006), é um dos menos compreendidos e
mencionados na pesquisa de cognição de professores de lín‑
guas. Borg acredita que pesquisas futuras precisam tentar
“compreender como os fatores cognitivos e afetivos intera‑
gem em moldar o que os professores fazem” (p. 272). A neces‑
sidade de melhor compreensão sobre emoções já foi mencio‑
nada por vários outros autores (NESPOR, 1987; ROSIEK, 2003;
FRIJDA, MANSTEAD E BEM, 2000) que afirmam que “emoção
e afeto tem implicações importantes em como os profes‑
sores aprendem e usam o que aprendem” (Nespor, p. 324).
Embora os trabalhos sobre emoções de professores na área
de educação estejam bem avançados no exterior, no Brasil,
na Linguística Aplicada (LA), a pesquisa sobre emoções de
professores ainda se encontra na sua infância, com poucos
trabalhos sobre esse tópico. Nesta apresentação, faço um
apanhado histórico do estudo de emoções de professores na
LA no Brasil e no exterior, trazendo desenvolvimentos recen‑
tes no exterior e os desdobramentos desses resultados na
pesquisa de ensino de línguas no Brasil. Os objetivos desta
apresentação são: a) traçar as origens do interesse pelo es‑
tudo de emoções de professores (de línguas); b) apresentar
o panorama atual dessa investigação expondo brevemente
resultados de trabalhos realizados no Brasil e no exterior; c)
propor encaminhamentos futuros para a pesquisa de emo‑
ções de professores de línguas. Isso será feito primeiramente
em termos dos trabalhos realizados no exterior, e em segun‑
do lugar, a respeito dos poucos trabalhos existentes no Brasil,
concluindo com sugestões e uma agenda de pesquisa sobre
emoções no contexto brasileiro da Linguística Aplicada.
LINGUAGEM E IDENTIDADE:
AS REPRESENTAÇÕES
CULTURAIS DO “SER
BRASILEIRO” DISCURSIVAMENTE
CONSTRUÍDAS EM LIVROS
DE PORTUGUÊS
PARA ESTRANGEIROS
ANA PAULA DE ARAUJO LOPEZ (UFSJ)
Resumo de Pôster
Atuamos sócio‑politicamente pela linguagem e, a cada afi‑
liação discursiva, identidades sociais emergem, contribuin‑
do para que o sistema identitário seja múltiplo, dinâmico
e reconstruído cotidianamente nas práticas sociais. Nessa
direção, a língua não pode ser definida como um sistema
abstrato de categorias gramaticais, mas sim como uma vi‑
são de mundo, saturada de ideologia. No contexto de ensi‑
no de línguas estrangeiras, o livro didático é um facilitador
do processo de ensino/aprendizagem e figura como um dos
principais meios de contato do aprendiz com a cultura do
país cuja língua está aprendendo. Pressupondo que qualquer
livro didático enuncie a visão de seus autores e que essas re‑
fletem determinados sistemas ideológicos, o presente tra‑
balho buscou averiguar quais identidades sociais associadas
ao “ser brasileiro” são construídas discursivamente em livros
didáticos de Português para Estrangeiros, nos seus varia‑
dos textos e imagens. Para tanto, tomou‑se como referen‑
cial teórico‑metodológico a proposta de Análise Crítica do
Discurso de Paul Gee (1999), principalmente seu conceito de
Modelos Culturais e as reflexões acerca da questão da identi‑
dade social. A análise desenvolvida oferece um entendimen‑
to mais profundo das representações da vida dos brasileiros
construídas discursivamente nesses livros e como essas
representações, ao mesmo tempo em que refletem as prá‑
ticas de alguns grupos sociais, simultaneamente, excluem
as práticas de outros, estabelecendo processos e inclusão
e exclusão via linguagem. Esses processos são constituídos
pela construção de modelos culturais hegemônicos, vincula‑
dos a determinadas identidades sociais estereotipadas, que
são veiculadas no discurso dos livros. O não reconhecimen‑
to dessas questões pode levar os usuários dos livros didáti‑
cos – professores, principalmente – a reproduzirem e conso‑
lidarem práticas hegemônicas, que desconsideram o caráter
múltiplo e dinâmico do sistema identitário e a diversidade
presente na cultura brasileira.
22
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ANÁLISE DE ATIVIDADES
DO CADERNO DE INGLÊS
DA REDE PÚBLICA DO ESTADO
DE SÃO PAULO E SUA RELAÇÃO
COM AS ORIENTAÇÕES
CURRICULARES: CORRELAÇÕES
ENTRE TEORIA E PRÁTICA
ANA PAULA DE LIMA (UNICAMP)
GUILHERME JOTTO KAWACHI (UNICAMP)
Resumo de Paper
Entre 1980 e 1990, o Brasil passou por um processo de re‑
formulação curricular, entretanto, considerando os resulta‑
dos insatisfatórios obtidos em avaliações como o Sistema
de Avaliação da Educação Básica, a Prova Brasil e o Exame
Nacional de Ensino Médio, o governo reconhece que seus es‑
forços foram insuficientes para garantir a aprendizagem dos
alunos nos níveis almejados. Nesse sentido, a Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo (SEE/SP) propõe‑se a coor‑
denar e avaliar o desenvolvimento dos currículos do Ensino
Fundamental e Médio, elaborando propostas que maximi‑
zem e garantam a gestão do currículo na sala de aula, dispo‑
nibilizando sugestões de atividades, materiais complemen‑
tares, avaliações e projetos de recuperação paralela. Como
parte dessas reconfigurações, a SEE/SP publicou a Proposta
Curricular (BRASIL, 2008), visando mudanças políticas, ide‑
ológicas, metodológicas e especialmente curriculares em
face do impacto da globalização na educação. Essas orienta‑
ções estão pautadas em concepções de língua e linguagem
consideradas mais adequadas ao momento sócio‑histórico
pós‑moderno, distanciando‑se de ênfase comunicativas,
estruturalistas e apoiando‑se nos estudos dos letramentos.
Portanto, a fim de verificar se as orientações curriculares
são, de fato, traduzidas em práticas fundamentadas em
epistemologias críticas e plurilíngues, propomo‑nos a ana‑
lisar algumas atividades do caderno de Língua Inglesa volta‑
do para alunos do 5º ano do Ensino Fundamental II. Nosso
objetivo é avaliar se as atividades do material didático são
condizentes às premissas dos letramentos, especialmente
considerando os estudos sobre multiletramentos (COPE &
KALANTZIS, 2000) e letramentos múltiplos, críticos e multis‑
semióticos (ROJO, 2009; MOITA LOPES, 2006). Interessa‑nos,
também, verificar se as propostas práticas do material têm
potencial para estimular a sensibilidade intercultural dos
estudantes, fundamental para sua atuação sob bases éticas,
críticas e protagonistas (ROCHA, 2012).
ASPECTOS HISTÓRICOS
DA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
DE LÍNGUA PORTUGUESA
NO BRASIL
ANA PAULA KUCZMYNDA DA SILVEIRA (UFSC ‑ IFSC)
Resumo de Paper
Esta comunicação tem por objetivo discutir, sob uma pers‑
pectiva bakhtiniana e com base nos estudos de letramen‑
to, a constituição sócio‑histórica do professor de Língua
Portuguesa ao longo da história da escola no Brasil, com
foco especialmente voltado aos séculos XIX e XX. Para fazê‑
‑lo apoiamo‑nos em dados obtidos a partir de pesquisa do‑
cumental de cunho qualitativo, desenvolvida com base na
consulta a textos‑enunciados produzidos na esfera escolar e
em esferas que a tangenciam, os quais materializam discur‑
sos acerca da formação inicial e continuada do professor e a
respeito de seu papel na escola e na sociedade em diferentes
momentos da história. Nesse percurso histórico, parece‑nos
relevante pensar que a constituição do professor de língua
portuguesa nunca se efetivou alijada de influências que
ultrapassam a microcultura escolar e que se alinharam/ali‑
nham a um projeto de cidadão útil ao Estado, a um projeto
de sociedade, de sujeito e de escola que se desejou materia‑
lizar. Do professor catequisador ao professor reflexivo, traça‑
mos um percurso que revela a maneira como o ethos do pro‑
fessor se constitui pela alteridade, atravessado por relações
de poder, por instabilidades, pelo discurso da salvação, do
descrédito, e por novas e frequentes demandas de formação.
23
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PRESCRIÇÕES OFICIAIS PARA
O ENSINO‑APRENDIZAGEM
DE LÍNGUAS PARA FINS
ESPECÍFICOS E O TRABALHO
COM GÊNEROS TEXTUAIS
ÉTICA, RESPOSTA E CRÍTICA
NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR
DE LÍNGUAS: (PERTURB)AÇÕES
EM CURSO
ANA PAULA MARTINEZ DUBOC (USP)
ANA PAULA MARQUES BEATO CANATO (UFRJ)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
O trabalho com línguas para fins específicos (ESP) tem se am‑
pliado gradativamente no Brasil. Tratando especificamente
da rede pública de ensino, tal expansão se deve ao aumento
significativo de instituições técnicas federais (IFs). Em uma
tentativa de direcionar o ensino‑aprendizagem nesse con‑
texto, o governo federal lançou em 2012 diretrizes oficiais.
Tendo atuado nesse contexto, temos a intenção de avaliar
as convergências e divergências entre o trabalho que vinha
sendo realizado e as prescrições oficiais. Para isso, retoma‑
mos alguns conceitos do ESP e fazemos uma breve análise
dos documentos. Em seguida, nos debruçamos sobre uma
sequência didática (DOLZ; SCHNEUWLY, 2004), que procura
contribuir para o desenvolvimento de capacidades de lin‑
guagem em torno do gênero ficha de segurança de laborató‑
rio. Finalmente, estabelecemos as relações entre a proposta
oficial e o material utilizado. Concluímos que o trabalho com
base no interacionismo sociodiscursivo, conforme defende‑
mos (BEATO‑CANATO, 2011; CRISTOVÃO; BEATO‑CANATO, prelo)
está em consonância com a proposta oficial, cujos objetivos
ultrapassam o ensino de estratégias de leitura e o aprofun‑
damento em vocabulário, como o ESP é conhecido no Brasil,
especialmente por leigos.
Propostas curriculares contemporâneas nos âmbitos nacio‑
nal e internacional vêm sinalizando a importância de repen‑
sar a educação sob a ótica da multiplicidade, complexidade
e instabilidade, rompendo, assim, com saberes unos, homo‑
gêneos e estáveis predominantes no paradigma moderno.
No campo do ensino de línguas estrangeiras, isso implica
abordar temas e linguagens de forma mais plural e inclu‑
siva, na medida em que passamos a legitimar saberes até
então apagados pelo currículo escolar. A tarefa, no entanto,
nos coloca novos desafios, pois não estamos habituados a
lidar com a diferença e o dissenso na sala de aula. Esta apre‑
sentação tem como objetivo compartilhar algumas ações
pedagógicas discutidas e/ou implementadas em contextos
de formação docente as quais visam formar professores
éticos, responsáveis e críticos como pré‑condição para que
possam desenhar suas ações docentes futuras pautando‑se
na diferença. Tais ações se fundamentam nos debates sobre
letramentos críticos (GREEN, 1997; MENEZES DE SOUZA, 2011;
MONTE MÓR, 2011, 2012) e em propostas contemporâneas de
educação, dentre as quais a noção de pedagogia da pertur‑
bação (BIESTA, 2006, 2010) e seu entendimento de aprendi‑
zagem como resposta. Além do compartilhamento de algu‑
mas dessas ações, serão apresentadas algumas impressões
de alunos de um curso de Letras diante dessas novas teorias
como importante dado para direcionamentos futuros em
pesquisas da área.
24
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
CARTA DE RECLAMAÇÃO
COMO PRÁTICA SOCIAL
NO CONTEXTO ESCOLAR
REVISTAS PARA MULHERES:
PARA QUÊ?
ANA PAULA RABELO E SILVA (UFC)
ANA PAULA MARTINS ALVES (UFC)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Estudos sobre o letramento têm sido desenvolvidos des‑
de a década de 1980, apresentando um variado quadro te‑
órico sobre as habilidades de leitura e escrita na sociedade
contemporânea. Fundamentando‑se nos pressupostos de
Street (1981, 1984), Heath (1983, 1984) e Barton & Hall (2000),
o presente estudo teve por escopo analisar cartas de re‑
clamação de alunos do 4º ano do EF de uma escola pública
municipal de Fortaleza, observando aspectos socioculturais
do letramento expressos na escrita dos estudantes. Para
os propósitos desta pesquisa analisamos 39 produções de
alunos do 4º ano do Ensino Fundamental participantes de
uma sequência didática, desenvolvida ao longo de dois me‑
ses. Na análise, observamos aspectos estruturais do gênero
carta de reclamação, bem como os aspectos destacados por
Barton & Hall (2000), a saber: a dêixis presente nas cartas, a
força dos atos de fala e os papéis e identidades assumidas pe‑
los escritores. Ao analisarmos tais aspectos intencionamos
perceber os valores culturais e o contexto social de produção
das cartas como prática social. Com este estudo, discutimos
os aspectos estruturais da carta, analisamos os valores cul‑
turais, tais como noções de limpeza e boa qualidade de edu‑
cação, bem como o contexto social dos alunos presentes na
produção das cartas, isto é, foi possível perceber a situação
atual da escola e através dela algumas pistas que descrevem
a comunidade em que a escola está situada. Identificamos
ainda o papel e a identidade assumida pelos escritores das
cartas, e os posicionamentos destes em suas produções.
A presente pesquisa analisou a relação entre os textos ver‑
bais e não verbais das revistas impressas femininas de cir‑
culação nacional e a concepção de identidade do feminino
consolidada pelas mulheres leitoras da cidade de Fortaleza.
Entendemos que as práticas sociais em diversas esferas
da atividade humana interferem para a consolidação de
uma concepção histórica que trata a mulher como obje‑
to, colocando‑a em segundo plano no mundo dos homens.
Recuperamos essas representações de poder, mas optamos
pela por uma definição mais próxima dos conceitos que fun‑
damentam a Análise do Discurso Crítica. Como afirma Del
Priori (1988), mesmo com benefícios no que diz respeito à
garantia de direitos, ela se sujeitou ao acúmulo de trabalhos,
à obrigação de estar (e ser) bela, à ampliação das esferas de
atuação em situações precárias. Para tanto, fizemos um le‑
vantamento da leitura das revistas mais lidas pelas mulheres
de oito bairros da capital do Ceará. Durante o mês de julho
de 2012, foram visitados mais de setenta salões de beleza.
Verificamos que, ao contrário do esperado, não são revistas
como Cláudia, Nova, Marie Clarie ou Elle as mais lidas nos
salões investigados. Independentemente do poder aquisi‑
tivo, há preferência pelas revistas Caras e Quem. A função
da leitura de revistas de salão é entretenimento e busca por
representações. Um aspecto relevante de comportamento
social é que a construção das representações de feminino
pelas mulheres dos bairros de maior poder aquisitivo passa
por uma elaboração com filtro na identidade individual. Elas
desejam ser únicas e optam por uma montagem de caracte‑
rísticas das artistas diferentes (a cor do cabelo de uma atriz e
o corte da outra, por exemplo). Em bairros de classes sociais
com menor poder, ainda há duas concorrentes: as revistas:
Una e Cabelos e Cia. Cabe um estudo posterior em clínicas
de estética para avaliar que revistas são lidas e como se dá o
processo de espelhamento das mulheres.
25
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
IMPLEMENTAÇÃO DE CURRÍCULO
COM BASE EM TEMÁTICAS
E PROJETOS NA DISCIPLINA
DE INGLÊS II DO CURSO
DE LETRAS DA UFRGS
APLICABILIDADE DAS
FERRAMENTAS COGNITIVAS
PROPOSTAS POR KIERAN EGAN
NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA
PARA PRÉ‑ADOLESCENTES
ANA PAULA SEIXAS VIAL (UFRGS)
ANA RAQUEL FIALHO FERREIRA CAMPOS (UFPR)
ANAMARIA KURTZ DE SOUZA WELP (UFRGS)
Resumo de Paper
Resumo de Pôster
A discussão a respeito do currículo baseado em projetos na
escola vem ganhando força desde o início dos anos 2000.
Porém, o debate parece estar apenas começando quanto ao
ensino de línguas no ensino superior. Conforme Duboc (2011),
a reconceituação de língua e de conhecimento suscita um
maior questionamento: o de pensar um currículo de línguas
adicionais que responda às novas configurações no proces‑
so de significação dos sujeitos da era digital. Assim, o proje‑
to “Construção de Programa de disciplina de Língua Inglesa
para o Curso de Graduação em Letras” tem por objetivo
elaborar cadernos com projetos e tarefas pedagógicas para
cada disciplina de língua inglesa dos cursos de licenciatura
e bacharelado em Inglês. Dessa maneira, propomos uma
abordagem curricular alinhada às teorias dos novos letra‑
mentos, cuja progressão curricular é organizada em temá‑
ticas relevantes para a formação dos alunos e toma o lugar
de uma lista de conteúdos prescritivos sugerida nos currícu‑
los mais tradicionais. Para isso, realizaram‑se reuniões com
o corpo docente do Setor de Inglês do Instituto de Letras a
fim de discutir a manutenção das temáticas existentes, dis‑
cutiram‑se as propostas com alunos da graduação e, então,
construíram‑se os novos programas das disciplinas. Neste
trabalho, apresentamos os resultados obtidos da imple‑
mentação dessa nova proposta de currículo na disciplina de
Inglês II, cuja temática é “Como outros países veem o Brasil”.
São propostos 2 projetos a serem realizados durante o se‑
mestre: Brazil in the eyes of the other e What’s on the news.
Esperamos, portanto, oferecer contribuições por organizar
um currículo voltado ao crescimento do aluno enquanto
profissional, além de disponibilizar um material que poderá
servir como referência para trabalho semelhante em currícu‑
los de outras línguas. Através das reuniões com os professo‑
res, buscamos também propiciar um trabalho colaborativo
que favorece a integração dos professores em busca de um
trabalho interdisciplinar.
Esta pesquisa teve como objetivo confirmar a real aplicabi‑
lidade dos estudos de Kieran Egan sobre ferramentas cog‑
nitivas baseados nos estudos de Vygotsky, e através destes
estudos, tornar o ensino mais efetivo, engajando a imagina‑
ção dos alunos e produzindo um maior resultado de aprendi‑
zagem. O contexto de pesquisa foi um curso de línguas com
clientela de classe média / média alta, no qual foram selecio‑
nadas 4 turmas de diferentes professoras com aproximada‑
mente 10 alunos de 9 a 12 anos cada turma. A ferramenta de
pesquisa escolhida foi a Prática Exploratória. As reflexões fei‑
tas pelas professoras e pesquisadora ocorreram em reuniões
pedagógicas semanais, essas reuniões já fazem parte do cro‑
nograma das professoras e portanto não houve um acrésci‑
mo de trabalho, possibilitando que a pesquisa seja susten‑
tável, um dos princípios da Prática Exploratória. As ferra‑
mentas cognitivas de Kieran Egan usadas nessa pesquisa
foram: EXTREMOS E LIMITES DA REALIDADE, ASSOCIAÇÃO COM
O HERÓICO, HUMANIZAÇÃO DO CONHECIMENTO, COLEÇÕES
E HOBBIES, e REVOLTA E IDEALISMO. As aulas foram prepara‑
das juntamente com a pesquisadora e aplicadas pelas qua‑
tro professoras escolhidas. Através de reuniões gravadas
semanalmente e questionários quinzenais, que também já
existem na instituição, foram analisadas as percepções des‑
tas quatro professoras de língua inglesa quanto à motivação
e ao engajamento dos alunos em sala de aula. Os resultados
obtidos revelam que as ferramentas cognitivas propostas
por Kieran Egan são favoráveis e fazem a diferença na busca
por um maior engajamento, uma maior motivação, e con‑
sequentemente, um maior resultado de aprendizagem dos
alunos em sala.
26
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A CONSTRUÇÃO
DE SEQUÊNCIAS DIDÁTICAS
NO ENSINO‑APRENDIZAGEM
DE GÊNEROS TEXTUAIS:
UMA EXPERIÊNCIA
DO PIBID NA FORMAÇÃO
DO ALUNO DE PEDAGOGIA
DA UNIVERSIDADE MUNICIPAL
DE SÃO CAETANO DO SUL (USCS)
ANA SILVIA MOÇO APARICIO (USCS)
MARIA DE FÁTIMA RAMOS DE ANDRADE (USCS)
Resumo de Paper
Neste trabalho, apresentamos os resultados da análise de
uma experiência de formação de alunos de Pedagogia, ten‑
do como foco o processo de construção de sequências didáti‑
cas no ensino‑aprendizagem de gêneros textuais, no âmbito
do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(PIBID) na Universidade Municipal de São Caetano do Sul.
Esse projeto tem como eixo principal a realização de ações
orientadas pela metodologia da “Engenharia Didática”, foca‑
lizando o ensino da Língua Portuguesa, seguindo a aborda‑
gem do trabalho com gêneros textuais do grupo de didática
de línguas de Genebra. Inseridos nesse processo, os alunos
bolsistas e professores regentes de séries iniciais do ensino
fundamental do município de São Bernardo do Campo (SP),
colaborativamente, planejam, elaboram e realizam sequ‑
ências didáticas para o ensino‑aprendizagem de gêneros
textuais. Os dados gerados nesse processo (registros de
encontros de formação, registros de aula, produções das
crianças, entre outros), gravados em áudio e/ou vídeo, com‑
põem o corpus da pesquisa. A metodologia utilizada para
a análise dos dados é de base qualitativo‑interpretativista,
orientada pelos princípios da pesquisa‑ação. Os resultados
apontam principalmente para as dificuldades de analisar
as produções textuais das crianças de modo formativo, que
permite ao professor avaliar as capacidades dos alunos já
apreendidas e ajustar as atividades da sequência didática às
dificuldades e possibilidades reais da turma. Por outro lado,
o envolvimento dos bolsistas e dos professores no processo
propiciado pelo PIBID é, de fato, um fator determinante para
a (re)construção do fazer docente, aliando teoria e prática,
contribuindo para a transformação de suas crenças, hábitos,
atitudes, habilidades e tornando‑os melhor preparados para
a docência.
GÊNERO TEXTUAL ABSTRACT:
O TRABALHO DE ESCRITA
NA FORMAÇÃO DOS
FUTUROS PROFESSORES
DE LÍNGUA INGLESA
ANA VALÉRIA BISETTO BORK (UTFPR)
MIRIAM SESTER RETORTA (UTFPR)
Resumo de Paper
Nas últimas décadas, a língua inglesa alcançou um status de
língua franca e, no meio acadêmico, todo pesquisador que
deseja compartilhar sua pesquisa com um número maior
de interessados na área em que atua deve publicar seu tex‑
to em inglês. Esta comunicação objetiva apresentar alguns
resultados e reflexões sobre um trabalho realizado com alu‑
nos do curso de licenciatura em Letras (Português/Inglês)
da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) do
Campus Curitiba. A pesquisa foi desenvolvida na disciplina
de Laboratório de Escrita IV no primeiro semestre de 2012
cujo objetivo principal foi organizar um artigo acadêmico
em língua inglesa sobre o Trabalho de Conclusão de Curso
(TCC) dos alunos formandos. Porém, para o propósito desta
comunicação, nossa exposição versará sobre a elaboração
do gênero textual abstract, o qual também fez parte do
planejamento e desenvolvimento da disciplina. O estudo
com gêneros textuais (Marcuschi, 2008) possibilita aos es‑
tudantes em formação reconhecer os gêneros peculiares ao
contexto educacional e acadêmico e analisar seus aspectos
linguísticos e discursivos. Para a realização desta proposta
utilizamo‑nos da abordagem teórico‑metodológica calcada
no Interacionismo Sociodiscursivo (ISD) de Bronckart (1999)
e, para a construção e produção do gênero textual propos‑
to, tomamos como base os trabalhos de Dolz e Schneuwly
(2004), no que se refere ao procedimento de sequências di‑
dáticas (SDs). Também foram observadas questões referen‑
tes às capacidades de linguagem. Para ilustrar o trabalho
serão apresentadas partes dos textos produzidos pelos alu‑
nos, seguida de uma avaliação da disciplina realizada pelos
discentes e pelo professor da turma.
27
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
LETRAMENTO ACADÊMICO: UMA
PROPOSTA DE CURRÍCULO COM
BASE EM PROJETOS
ANAMARIA KURTZ DE SOUZA WELP (UFRGS)
ANA PAULA SEIXAS VIAL (UFRGS)
JONATHAN ZOTTI DA SILVA (UFRGS)
LETRAMENTO DIGITAL
E PRÁTICAS SOCIAIS
DE FÃS BRASILEIRAS
EM AMBIENTES VIRTUAIS
ANAMARIA PANTOJA MASSUNAGA (UFRJ)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
O projeto de pesquisa “Construção de Programa de disciplina
de Língua Inglesa para o Curso de Graduação em Letras”, em
andamento no Instituto de Letras (IL) da UFRGS, visa refor‑
mular os programas das disciplinas de língua inglesa para
posteriormente elaborar cadernos com projetos e tarefas
pedagógicas para cada disciplina com base nas noções de le‑
tramento dos Referenciais Curriculares do Rio Grande do Sul
(2009). De acordo com nossa proposta, o currículo consiste
em uma orientação para o desenvolvimento de competên‑
cias e habilidades em língua adicional. Através de uma prá‑
tica pedagógica que parte do texto, não como um pretexto
a ser explorado para ensinar pontos gramaticais, mas como
uma prática social, o aprendizado da língua adicional é con‑
textualizado e permite produzir a transparência da constru‑
ção de sentido orientada pela textualidade em todos os ní‑
veis do sistema linguístico. O ensino com base em projetos
promove a construção conjunta do conhecimento, propor‑
cionando um ambiente de colaboração entre professores e
alunos, conduzindo à constante reflexão e ao pensamento
crítico e criativo. O aluno se apropria do conhecimento, ex‑
perimentando, planejando, analisando, resolvendo proble‑
mas, interagindo e usando a língua dentro e fora da sala de
aula. Para chegarmos aos resultados desejados, a pesquisa
foi organizada da seguinte forma: em um primeiro momen‑
to, foram realizados encontros com o corpo docente respon‑
sável pelas disciplinas de inglês com o propósito de se obter
um levantamento das temáticas e dos gêneros do discurso
ministrados; em um segundo momento, foi efetuada uma
enquete com os alunos da graduação; e, na sequência, fo‑
ram feitas reuniões com representantes discentes de cada
etapa do curso para se discutir a respeito da relevância dos
conteúdos oferecidos nas disciplinas. Neste trabalho, apre‑
sentaremos os resultados alcançados até o momento: os
programas de algumas das disciplinas e as produções finais
de alguns dos projetos desenvolvidos pelos alunos.
Este trabalho tem como objetivo investigar as práticas de
fãs brasileiras nos diversos ambientes online nos quais cir‑
culam. A motivação desse trabalho partiu da minha própria
experiência como fã que vem interagindo nesses espaços,
que considero extremamente ricos e instigantes, há mais
de uma década. Pesquisas sobre fãs e seu universo são no‑
vas no Brasil (Vargas, 2005; Barros, 2009; Valarini, 2010), e
concentram‑se no fenômeno das fanfictions e nas fãs ado‑
lescentes que as escrevem, buscando entender quem são
essas fãs, quais são as suas motivações para escrever e de
que forma essa atividade pode contribuir para suas práticas
de letramento escolares. Embora considere esses objetivos
interessantes, ao trabalhar somente com as escritoras, dei‑
xa‑se de considerar a enorme quantidade de leitores “invisí‑
veis” que estão interagindo nesses ambientes virtuais, assim
como outras formas de participação. É essa lacuna que este
trabalho pretende preencher. Através de uma abordagem de
cunho etnográfico, busco investigar as diversas formas de
participação das três fãs‑participantes e os impactos dessas
em suas vidas a partir de entrevistas e observações de cam‑
po. Entendo o ambiente virtual onde as fãs circulam como
um artefato cultural e uma forma de cultura (Hine, 2000),
onde são criadas e mantidas diversas comunidades virtuais,
que podem ser entendidas como espaços de afinidade (Gee,
2004). Nesses locais, as fãs se engajam em práticas de letra‑
mento, entendido com práticas sociais situadas (Lanksheare
& Knobel, 2010). O desenvolvimento das novas tecnologias
digitais possibilitou o surgimento de novas formas de ver
e interagir com o mundo social; novas formas de ser a agir.
(Lanksheare & Knobel, 2008). A partir do relato das fãs e da
observação de suas práticas locais, apresento e discuto algu‑
mas dessas novas formas de ser e agir: construções identi‑
tárias (online e offline), produções artísticas e colaborativas,
investimento emocional e sentimento de pertencimento.
28
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PONTUAÇÃO: ESTUDO CRÍTICO
SOBRE PROPOSTAS DE ENSINO
ANDERSON CRISTIANO DA SILVA (PUC–SP)
Resumo de Paper
Esta pesquisa objetiva analisar as propostas de ensino sobre
a pontuação nos volumes do 6º ao 9º ano de duas coleções
didáticas: Português: uma proposta para o letramento, de
Magda Soares, e também a coleção Português: linguagens
de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães.
O trabalho justifica‑se pela necessidade de refletirmos a res‑
peito do assunto com vistas ao aprimoramento das práticas
de ensino, revelando‑se uma forma de questionar as pro‑
postas em uso, permitindo também novos olhares sobre o
conteúdo da pontuação, cujos resultados possam contribuir
para expansão do assunto no campo da Linguística Aplicada
e Estudos da Linguagem. Assim sendo, temos como princi‑
pal questão de pesquisa a seguinte pergunta: As propostas
de ensino sobre a pontuação encontradas nas coleções de
livros didáticos distribuídas nas escolas públicas conseguem
suprir as lacunas que a perspectiva normativo‑prescritiva
não consegue abarcar? Para responder a essa pergunta, nos‑
sa hipótese é a de que abordagens de ensino baseadas unica‑
mente na perspectiva prescritivo‑normativa não dão conta
de sanar tal deficiência. Para alicerçar nossa investigação, a
pesquisa tem como arcabouço teórico as contribuições da
Análise Dialógica do Discurso, tendo como aporte alguns
conceitos‑chave desenvolvidos por Bakhtin e os membros do
Círculo. Da perspectiva metodológica, seguimos o seguinte
percurso: (a) analisar as duas coleções didáticas elencadas a
partir das características que cada uma apresenta sobre as
propostas de ensino da pontuação; (b) levantar a tradição
prescritivo‑normativa sobre os sinais de pontuação em gra‑
máticas normativas contemporâneas, tendo como critério
uma visão sincrônica contrastiva, além disso, faremos uma
busca diacrônica em uma gramática normativa vislumbran‑
do estabelecer parâmetros críticos para análise do nosso
corpus. Em nossas considerações preliminares, percebemos
discrepâncias consideráveis na maneira de propor o ensino
da pontuação nas coleções elencadas.
PERSPECTIVAS DE ENSINO
E A FORMAÇÃO DE SUJEITOS
CRÍTICOS: REFLEXÕES
SOBRE O ENSINO DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA MODERNA
ANDERSON NALEVAIKO MARQUES (IFPR)
Resumo de Pôster
O ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras na edu‑
cação básica vem sendo fortemente afetado pela complexi‑
dade das transformações sociais e culturais e do desenvol‑
vimento tecnológico oriundas do processo de globalização.
Assim, ensinar uma língua estrangeira não se resume no
repasse de informações linguísticas ou no trabalho com ha‑
bilidades comunicativas, mas na formação de um indivíduo
capaz de compreender as relações complexas do mundo
que vive e que saiba pensar e agir criticamente a partir de
tais relações. Nesse sentido, propomos neste artigo a dis‑
cussão de algumas perspectivas de ensino que enfatizam a
formação do aluno crítico – pedagogia crítica, leitura crítica
e letramento crítico e multiletramentos – buscando iden‑
tificar em que sentido(s) essas perspectivas se diferem e se
aproximam e que aspectos as constituem, bem como a for‑
ma como conceituam o termo crítico. Após a discussão das
perspectivas apresentamos alguns elementos propostos por
Pennycook (2003) que sintetizam o trabalho crítico (pensa‑
mento crítico, relevância social, modernismo emancipatório
e prática problematizadora) buscando associá‑los à discus‑
são das perspectivas debatidas. Finalmente, nas considera‑
ções finais, sintetizamos os elementos recorrentes nas três
perspectivas de ensino e traçamos nossa conclusão no que
tange ao ensino de línguas estrangeiras na educação básica
em uma perspectiva crítica.
29
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O USO DE REDES SOCIAIS COMO
COMUNIDADES DE PRÁTICA
PARA A ENSINAGEM DE LÍNGUAS
ANDERSON SILVA MATOS (UFRJ)
Resumo de Pôster
A autonomia “é a capacidade de responsabilizar‑se pelo pró‑
prio aprendizado” (Holec, 1981:3). Para Oxford, a autonomia
é obtida através da interação social com uma pessoa mais
capaz em um ambiente particular (OXFORD, 2003). Com
a internet, a noção de ambiente ganha uma dimensão
não‑geográfica enquanto “estas tecnologias possibilitam o
desenvolvimento de novas formas de interacção[...]” (PONTE,
2002:20). Uma das maiores representações dessa transposi‑
ção de espaços está na popularização das Redes Sociais que
“[...] permitem que usuários se apresentem, articulem suas
redes de contatos, e estabeleçam e mantenham conexões
uns com os outros.” (ELLISON, STEINFIELD & LAMPE, 2007).
Em tais espaços, usuários podem utilizar diversas ferramen‑
tas para expor conteúdos de sua vida social e interagir com
usuários, mantendo contato com pessoas já conhecidas
off‑line e interagindo com outros usuários, criando novos
padrões de relacionamento socio‑virtual. Tendo em vista
o crescente uso das Redes Sociais na sociedade, o presen‑
te trabalho procura observar se e de quais formas o uso de
uma rede social pode tornar‑se uma comunidade virtual de
prática e encaminhar seus usuários para o desenvolvimento
de um aprendizado autônomo. Procura ainda entender de
que forma o uso de uma rede social pode se relacionar com
o aprendizado em “sala de aula”. Para isso, uma rede social
foi criada e alguns alunos foram convidados a utilizá‑la li‑
vremente. A partir deste uso, foram observadas a geração
de material na rede social e a interação entre os usuários
gerados espontaneamente. A pesquisa conta com diários
de classe do professor, com a análise da página de perfil e
das atividades dos usuários da rede social e com narrativas
semi‑estruturadas baseadas em questionários respondidos
pelos mesmos alunos a respeito da rede social. Os resulta‑
dos indicam que os usuários utilizaram a rede social de for‑
ma autônoma e conseguiram interagir livremente na língua
adicional, tornando‑a uma comunidade de prática.
ALTERNATIVAS PARA
A DESCOLONIZAÇÃO
DE PRÁTICAS COMUNICATIVAS:
A APROPRIAÇÃO DO HIP HOP
E DAS REDES SOCIAIS PARA
RESISTÊNCIAS INDÍGENAS
ANDRÉ MARQUES DO NASCIMENTO (UFG)
Resumo de Paper
O propósito deste trabalho é apresentar uma análise de prá‑
ticas comunicativas contemporâneas produzidas por indiví‑
duos indígenas no Brasil, sob o pano de fundo dos estudos
decoloniais, pós‑coloniais e interculturais latino‑america‑
nos. Nesta direção, são enfocados usos transidiomáticos em
contextos de multilinguismo que se emergem na composi‑
ção de Rap e em mensagens postadas em redes sociais, nas
quais observa‑se o uso das línguas minorizadas juntamen‑
te com o uso da língua politicamente hegemônica no país.
A principal linha argumentativa desta análise postula que
tais práticas comunicativas híbridas são mais bem compre‑
endidas como formas de apropriação e resistências locais a
projetos globais, cujas origens remontam ao colonialismo
europeu, como os são as ideologias subjacentes à relação
entre línguas, territórios, povos e identidades, assim como
o estágio atual da chamada globalização. A partir de uma
lógica outra que coloca em relevo a agência intercultural in‑
dígena, os usos de práticas transidiomáticas são concebidos
como eventos que, para além de indiciarem e performarem
novas e complexas configurações identitárias, desafiam a
subalternidade indígena, ao mesmo tempo em que dela se
origina, realçando, por exemplo, como estas pessoas his‑
toricamente marginalizadas têm operado no sentido de se
apropriarem de aparatos culturais não‑indigenas, como prá‑
ticas comunicativas em língua portuguesa, a cultura hip hop
e a internet, para resistirem às diversas formas de opressão
e silenciamentos.
30
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A INFLUÊNCIA DOS EXAMES
EXTERNOS NO ENSINO
DE LÍNGUA INGLESA: O ENEM
EM FOCO
ANDREA BARROS CARVALHO DE OLIVEIRA (UNICAMP)
A FORMAÇÃO INICIAL
DE PROFESSORES
DE PORTUGUÊS EM QUESTÃO:
O QUE DIZEM PROFESSORES
FORMADORES DA UFRN
ANDRÉA JANE DA SILVA (UERN)
Resumo de Paper
O objetivo deste trabalho é investigar o efeito retroativo do
Enem nas práticas educacionais que o precedem, especifica‑
mente no ensino de língua inglesa. O efeito retroativo é um
fenômeno complexo cuja “natureza e abrangência são con‑
troladas por uma ampla gama de fatores educacionais, in‑
dividuais e sociais” (Chapelle e Brindley, 2002). Desta forma,
procederemos a uma pesquisa de cunho etnográfico que
envolve a aplicação de questionários e entrevistas com pro‑
fessores e estudantes participantes do ProFis–Unicamp, um
programa destinado à alunos de escol as públicas que utiliza
a nota do Enem como forma de acesso à Unicamp. Também
procederemos a uma análise: a) do conteúdo das questões
de língua inglesa do Enem e de sua matriz de referência para
inferir o construto teórico que a orienta, e b) dos escores do
Enem, para saber se podem ser usados para compor um ar‑
gumento de validade desse exame. Adotamos a noção de
validade como um argumento que se constrói acerca de um
exame com base na interpretação e no uso, ou seja, o grau
em que as interpretações e os usos de um exame podem ser
justificados. (Scaramucci, 2009)
Resumo de Paper
Nosso objetivo neste artigo é o de buscar compreender o
que significa ser professor de Português por meio da análise
dos enunciados de professores formadores da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte. Tomamos como base os es‑
tudos de Garcia (1999), Tardif (2002) e de outros estudiosos
para as leituras das questões que envolvem os processos
formativos. Os dados foram construídos através de entre‑
vista semi‑estrutura e individual com quatro professores de
áreas de atuação diferentes (Literatura, Linguística, Língua
Portuguesa, Leitura e Produção Textual), no ano de 2009.
Todos os interactantes são professores dessa instituição
há mais de dez anos. A análise dos enunciados releva a pro‑
blemática complexa que cerca a formação de professores
de Língua Portuguesa. Os entrevistados trazem à tona o
problema da pouca proficiência dos alunos, futuros profes‑
sores, quanto às habilidades de leitura e escrita, ao mesmo
tempo que colocam como essencial ao professor de Língua
Portuguesa ensinar seus alunos a lerem e a escreverem. Por
outro lado, a análise curricular do Curso nos mostra uma ên‑
fase numa formação mais característica de um bacharelado
e com poucas discussões sobre o ensino e sobre a didatiza‑
ção de certos saberes vistos na graduação. Por fim, devemos
ressaltar que perceber que esses formadores reconhecem o
contexto complexo que o ensino de Português e a formação
de professores dessa área. Ademais, entendem as dificul‑
dades por que passa o ensino universitário, e têm buscado,
cada uma a seu modo, fazer e/ou sugerir modificações para
promoverem melhorias.
31
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
“EU TIVE UM PROFESSOR QUE
ME INSPIROU”: PROMOVENDO
ESPERANÇA NAS EXPERIÊNCIAS
DE APRENDIZAGEM
DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
ANDRÉA SANTANA SILVA E SOUZA (FACULDADE SABERES)
A IMPORTÂNCIA DO MÉTODO
DE TRADUÇÃO PARA
AQUISIÇÃO DE CONHECIMENTO
EM INGLÊS TÉCNICO
NA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL
ANDRÉIA DELLANO MENDES NUNES (UNIVERSIDADE FEDERAL
DO MARANHÃO)
Resumo de Paper
Pesquisas revelam que ensinar línguas deve levar em consi‑
deração a realidade dos alunos (PRABHU, 2003), sua cultura
(BRUNER, 1996), contexto (ROGERS, 1983), e, em alguns casos,
os propósitos específicos da aprendizagem (HUTCHINSON &
WATERS, 1987); e que aprender línguas deve ser uma tarefa
orientada por estratégias e estilos de aprendizagem (BROWN,
2000), fluida na afetividade (ARNOLD, 1999) e na interação
social (VYGOTSKY, 1978 apud LIGHTBOWN & SPADA, 1999).
Investigar a influência da esperança (FREIRE, 1992; SNYDER et
al, 2002; 2005; HALPIN, 2003; MURPHY & CARPENTER, 2008)
nas experiências vivenciadas dentro e fora da sala de aula
(MICCOLI, 1996; 1997; 2000; 2001a; 2001b; 2006; 2007a;
2007b; 2007c; 2007d), por sua vez, parece iluminar a com‑
preensão de fatores que propiciam o engajamento dos alu‑
nos no processo de aprendizagem de segunda língua, poten‑
cializando‑o (SNYDER & LOPEZ, 2007; LARSEN, 2009). Neste
trabalho, tenho como objetivo apresentar o mapeamento
de 50 narrativas de aprendizagem de alunos do curso de
Letras na Universidade Federal de Minas Gerais, responden‑
do a seguinte pergunta: o que/quem nutre a esperança de
um aluno em processo de aquisição de língua estrangeira?
O resultado da triangulação das análises descritiva quanti‑
tativa e qualitativa e interpretativista fenomenológica evi‑
dencia que a esperança é mobilizada essencialmente por
meio do agenciamento da carreira estudantil e nutrida nos
relacionamentos. Isso implica na relevância de uma atitude
(cri)ativa, propositada e aberta (em relação às possibilida‑
des) do aprendiz, destacando a amplitude da influência do
educador que promove empoderamento. Uma pedagogia
orientada pela esperança cultiva aquilo que se tem de mais
singular e vital: visões e sonhos para o futuro.
Resumo de Pôster
O presente trabalho teve como objetivo principal investi‑
gar a importância e a eficiência do método de tradução no
ensino de inglês técnico para os estudantes de ensino téc‑
nico profissionalizante na área da Metalmecânica. Informa
quais os fatores motivacionais ocasionados por este ensino
para que tais alunos despertem para a aquisição de uma
segunda língua, o inglês. Com essa intenção, buscou‑se
fundamentação nas teorias sobre técnicas utilizadas para
o aprendizado da língua inglesa ao longo do tempo, assim
como acervo de termos técnicos, específicos da área a ser
trabalhada. A metodologia foi desenvolvida a partir de uma
pesquisa de campo, e como instrumento de coleta de dados
foram aplicados questionários a alunos e professores do
Ensino Profissionalizante Técnico da área da Metalmecânica
do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial – SENAI, na
escola CEPT, localizada na BR 135, Km 05, Bairro Tibiri, no mu‑
nicípio de São Luís/MA. Diante dos dados obtidos, parte‑se
para a verificação das expectativas do trabalho efetivamen‑
te desenvolvido e dos resultados obtidos.
32
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PROJETO BRASILEIRINHOS:
PORTUGUÊS COMO LÍNGUA
DE HERANÇA NA COMUNIDADE
BRASILEIRA DE BARCELONA,
ESPANHA
ANDREIA SANCHEZ MORONI (UAB ‑ UN. AUTÔN. DE BARCE)
Resumo de Paper
Dentro do contexto das novas migrações internacionais, o
presente trabalho pretende enfocar a situação dos filhos
de brasileiros residentes no exterior e iniciativas possíveis
para transmissão da língua portuguesa brasileira como
língua de herança da família. Tais iniciativas se configuram
hoje como políticas linguísticas familiares, criadas pelas fa‑
mílias e direcionadas a elas. Concretamente, o artigo apre‑
sentará a iniciativa da Associação de Pais de Brasileirinhos
da Catalunha, associação civil sem fins lucrativos formada
por um grupo de famílias que organiza aulas de português
para crianças filhas de brasileiros de 2 a 12 anos e encontros
culturais em Barcelona, Espanha. Estas aulas foram bati‑
zadas de Projeto Brasileirinhos. Atualmente, a Espanha é
o terceiro país que mais recebe brasileiros, atrás somente
dos EUA e de Portugal. Assim, a iniciativa da APBC se insere
num marco de políticas linguísticas voltadas para as famí‑
lias, tendo importante papel inclusive na reivindicação des‑
te espaço e direito dos brasileiros nascidos no exterior ante
órgãos como Consulados Gerais ou o Ministério de Relações
Exteriores do Brasil. O artigo pretende fazer um retrato do
Projeto Brasileirinhos, apresentando a proposta pedagógica
e dados como idade dos participantes, perfil das famílias e
alguns resultados observados.
A IMPORTÂNCIA DOS PACOTES
LEXICAIS NO PROCESSO
DE APRENDIZAGEM AUTÔNOMA
ANDRESSA RODRIGUES GOMIDE (UFMG)
Resumo de Pôster
A aprendizagem autônoma de uma língua permite que o
aprendiz selecione seus próprios métodos, monitore seu
processo de aquisição e determine, desta forma, seus ob‑
jetivos (Holec, 1981). Entretanto, a aplicação destas habili‑
dades na produção de textos acadêmicos enfrenta alguns
obstáculos, uma vez que a auto‑avaliação das atividades e
a estipulação de parâmetros para a correção é limitada pelo
próprio caráter da produção criativa. Desta forma, podemos
encontrar na Linguística de Corpus uma forma de suprir esta
limitação através do trabalho feito com sequências de pala‑
vras que comumente co‑ocorrem em discurso natural (Biber
et al., 1999), também conhecido como pacotes lexicais. Para
auxiliar a aprendizagem autônoma, estes grupos de pala‑
vras podem ser identificados na escrita de falantes nativos
e servir de referência ao aprendiz de uma língua estrangeira.
O presente trabalho tem como objetivo identificar quais são
os erros mais recorrentes na escrita de aprendizes e verificar
a razão entre o mau uso de expressões do ponto de vista léxi‑
co‑gramatical (i.e. expressões recorrentes em que estrutura
e léxico estão em um mesmo nível de igualdade) e os demais
erros. Cinco fragmentos compostos por excertos contendo
de 35 a 78 palavras presentes no BrICLE – um corpus com‑
posto de 160.000 palavras e ainda em fase de compila‑
ção – foram selecionados e submetidos à avaliação feita por
professores de inglês e por falantes nativos da língua, que
identificaram os erros cometidos pelos aprendizes. Por erros
entende‑se aspectos gramaticais, lexicais, relacionados a
grafia e inadequação à escrita acadêmica. Ao final da cole‑
ta, observou‑se que uma grande parte das marcações – um
valor que variou entre 62% e 85% em cada fragmento – es‑
tava relacionada ao uso incorreto dos pacotes lexicais. Este
uso inadequado dos pacotes lexicais ressaltou a relevância
dos estudos que focam na linguagem formulaica através da
Linguística de Corpus e sua inclusão no processo de aprendi‑
zagem autônoma, no qual
33
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
CONSIDERAÇÕES SOBRE
A HOMOGENEIZAÇÃO DAS
IDENTIDADES NO CONTEXTO
DA SURDEZ
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
PARA TRABALHAR COM
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
EM ESCOLAS BILÍNGUES
ANDREZA BARBOZA NORA (UNICAMP)
ANGELA B. CAVENAGHI T. LESSA (PUC/SP)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Atualmente, em parte pela Lei de Libras (Lei nº 10.436/2002)
e de todos os temas afeitos a ela (organização de classes
bilíngues, obrigatoriedade da inclusão da disciplina Libras
nos cursos de Licenciatura, processo de regulamentação
da profissão de intérprete etc.), parece que se invisibilizou
o fato de que há uma grande parcela de surdos que não se
identifica com a língua de sinais e utiliza apenas o português
em suas práticas discursivas e interacionais. Ou, como em
tantos outros casos, faz uso da língua de sinais, mas de‑
monstra maior identificação com a linguagem oral, a língua
portuguesa. A referência no singular – o surdo – a um grupo
que não é uno, mas sim heterogêneo, ora fruto de um falar
“descompromissado” ora fruto de uma tentativa homogenei‑
zante de quem referencia, não encobre apenas questões de
classe, gênero, faixa etária. A referência a um grupo contida
na determinação de um substantivo, o surdo, encobre tam‑
bém outra questão fundamental no contexto político da sur‑
dez: a questão linguística, que se colocou em pauta princi‑
palmente após as determinações legais. Tendo em vista esse
panorama, o presente trabalho pretende discutir a negação
ou a invisibilização da existência de uma heterogeneidade
linguística e identitária no contexto da surdez e da educação
de surdos, problematizando, para tanto, à luz dos Estudos
Culturais (Hall, 2000; Silva, 2009; Woodward, 2009), o con‑
ceito de identidade surda, oriundo dos Estudos Surdos.
Considerando que o Surdo e sua Comunidade (a) necessitam
de uma língua que proporcione a formação social da mente
e que, neste caso específico é uma língua sinalizada; (b) an‑
seiam passar de geração para geração sua língua e cultura
e (b) têm obtido desempenho insatisfatório no processo de
escolarização nas escolas ditas inclusivas, estabelecemos
como objetivo desta apresentação refletir sobre a formação
de professores de língua portuguesa que trabalham com o
processo de alfabetização e letramento de crianças surdas
que possuem LIBRAS como primeira Língua. Os dados que
serão analisados foram coletados por integrantes do Grupo
de Pesquisa Inclusão Linguística em Cenários de Atividades
Educacionais (ILCAE) e compreendem gravações de aulas,
diários de campo e sessões reflexivas. O Grupo apoia‑se nas
concepções de linguagem de Bakhtin e Vygotsky e tem nos
conceitos de defectologia e ensino‑aprendizagem de crian‑
ças com Necessidades Educativas Especiais (NEEs) vigot‑
skianos suporte teórico que permite argumentar a favor im‑
portância de se trabalhar tendo como meta linhas de desen‑
volvimento e aprendizagem únicas, isto é, que não podem
ser comparadas com a das crianças ditas normais uma vez
que, a partir das possibilidades biológicas que cada criança
apresenta é possível criara novas linhas de desenvolvimento.
A análise dos conteúdos curriculares e das interações entre
alunos surdos, ouvintes, professora ouvinte e intérpretes de
LIBRAS revelam que há ainda um enorme abismo nas esco‑
las consideradas bilíngues e inclusivas e que tanto alunos
como professores e intérpretes sentem‑se à margem das
ações educacionais.
34
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A ESCRITA ACADÊMICA NOS
DOCUMENTOS OFICIAIS
ÂNGELA FRANCINE FUZA (UNICAMP/CNPQ)
Resumo de Paper
Esta pesquisa está vinculada aos Grupos de Pesquisa:“Escrita:
ensino, práticas, representações e concepções” (Unicamp) e
“Interação e Escrita” (www.escrita.uem.br), fundamenta‑se
em discussões recentes sobre o letramento acadêmico feitas
por estudiosos dos Novos Estudos do Letramento (STREET,
1984; GEE, 1996; LEA E STREET, 1998; LILLIS, 1999, entre outros)
e na concepção dialógica de linguagem segundo os princí‑
pios teóricos do círculo de Bakhtin. Como objetivo, busca
analisar os principais documentos oficiais brasileiros que
fundamentam a prática da escrita acadêmica, a fim de ve‑
rificar como tal prática é concebida. Assim, são destacados,
primeiramente, os pressupostos sobre escrita apresentados
pela Constituição Federal de 1988, pela LDB – aprovada em 20
de dezembro de 1996 (Lei nº 9.394/96) –, pelo Plano Nacional
de Educação (PNE) de 2000, entre outras leis e instrumentos
legais (medidas provisórias, decretos, portarias, resoluções
etc.). Tais instrumentos legais foram selecionados, tendo
em vista sua influência na organização das universidades.
Os resultados das análises mostram a falta de clareza e flu‑
tuações no trato com a escrita, uma vez que esta prática não
recebe um espaço de discussão específico.
UMA REFLEXÃO SOBRE
UMA ATIVIDADE DE LEITURA
NO FÓRUM, PLATAFORMA
MOODLE, PELO VIÉS
DA COMPLEXIDADE
Angélica Miyuki Farias (GEALIN – GPeAHF FECAP – UNIFAI)
Resumo do Paper
Este trabalho objetiva apresentar uma reflexão à luz do
Pensamento Complexo (Morin, 2008) sobre uma atividade
desenvolvida por alunos do segundo semestre do curso de
comunicação social em ambiente presencial numa institui‑
ção privada na cidade de São Paulo. Embora não seja uma
graduação a distância, a instituição incentiva a utilização
da plataforma Moodle em todos cursos que oferece. Entre
os recursos que tal plataforma possui, selecionamos o fó‑
rum para desenvolver uma das etapas da atividade em que,
após a apresentação dos capítulos do livro intitulado “A me‑
nina que roubava livros”, os alunos postaram sua reflexão a
respeito da leitura. O título deste trabalho foi originalmente
a proposta do fórum mencionado. Ressaltamos ainda que
inseridos em um contexto educacional cuja referência é o
paradigma newtoniano‑cartesiano, a tentativa de superar
uma visão linear e fragmentadora serviu‑nos como principal
motivação para a realização de cada etapa da atividade, pois
acreditamos que o aprendiz deva desenvolver uma compre‑
ensão crítica, tornando‑se cidadão participativo e trans‑
formador. Ao utilizarmos a ferramenta de fórum de discus‑
são, nossa perspectiva pedagógica foi ampliar a interação
entre professora, alunos e conteúdo. Além disso, fazemos
os seguintes questionamentos: é possível considerarmos a
etapa da atividade como um momento de diálogo dos opos‑
tos, percebemos a quebra de linearidade e a instauração
de um movimento circular aberto, finalmente, verificamos
o aspecto hologramático do todo/partes? Palavras‑chave:
fórum, complexidade, interface digital Temas abordados:
Complexidade, interfaces, ensino‑aprendizagem de línguas
35
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A CONTEXTUALIZAÇÃO
DO CONTEÚDO GRAMATICAL
E EXERCÍCIOS PROPOSTOS
NO LIVRO “SÍNTESIS”
ANNY THAIS DE MENEZES SANTOS (UFS)
JULIMAR ALVES NASCIMENTO (UFS)
Resumo de Pôster
A ideia de contextualizar o ensino da gramática e dos exer‑
cícios propostos sobre ela vincula‑se à nova tendência de
educação brasileira de como ensinar língua desde uma
perspectiva do funcionamento para aquisição gramatical.
Percebeu‑se a importância de deixar de lado a aprendizagem
voltada para a memorização de regras, conhecimento frag‑
mentado sem representar sentido de uso real para o aluno,
bem como exercícios com propostas descontextualizadas
que buscavam o preenchimento de lacunas e organização de
frases soltas. Assim, a substituição do conteúdo meramente
normativo por propostas onde o ensino da língua estran‑
geira acontece de forma contextualizada e interdisciplinar
se faz latente inclusive na documentação que rege a educa‑
ção nacional LDB (1996), PCN (1998), OCN (2006) e guia PNLD
(2012). A proposta de contextualização vem com o intuito de
permitir uma formação mais consciente e reflexiva sobre de‑
terminado conteúdo que se aprende. Além disso, nesse tipo
de aprendizagem o aluno passa a ter um papel mais ativo na
construção do conhecimento, pois ele poderá fazer cone‑
xões entre os conhecimentos. Esse trabalho tem como ob‑
jetivo refletir sobre o ensino da gramática contextualizada
bem como os exercícios que estão sendo apresentados no
livro didático “Síntesis” de Ivan Martin da editora Ática, que é
utilizado para o ensino do espanhol nas escolas públicas do
estado de Sergipe. A escolha do material em análise se deve
ao fato de ter sido selecionado para o ensino de espanhol
nos ensino médio pelo Programa Nacional do Livro Didático
(PNLD) 2012 para a implementação do espanhol nas escolas
públicas do Brasil. Nesse breve estudo, propomos analisar
a seção de “Gramática Básica” para fomentar discussões de
como o conteúdo gramatical está sendo abordado e também
como se manifestam os exercícios propostos nessa seção e
esperamos que o conteúdo gramatical e os exercícios pro‑
postos sigam as orientações de perspectiva contextualizada.
LETRAMENTO VISUAL:
INVESTIGANDO RELAÇÕES
ENTRE LINGUAGEM VERBAL
E VISUAL EM WEBSITES
EM LÍNGUA INGLESA
ANTONIA DILAMAR ARAÚJO (UECE)
Resumo de Paper
Na era da tecnologia da informação, texto e imagens estão
crescentemente integrados criando os textos multimodais
para representar o conhecimento e a experiência. Os tex‑
tos multimodais estão presentes na internet, na mídia, nos
materiais didáticos, incluindo os online e que agora se apre‑
sentam pleno de cores, formas, imagens, sons e movimen‑
tos. Neste trabalho, utilizamos os pressupostos teóricos da
gramática visual de Kress e van Leeuwen (1996, 2006) e a
categorização das relações entre texto e imagem propostos
por Martinec e Salway (2005), com o objetivo de investigar e
categorizar como os significados são construídos na intera‑
ção da linguagem verbal com a linguagem visual em textos
multimodais presentes em websites educacionais para o
ensino de língua inglesa. Utilizando‑se de uma metodologia
exploratória‑descritiva e com um corpus constituído de ati‑
vidades de leitura de textos multimodais em 15 websites ins‑
trucionais de livre acesso, examinamos se e como a percep‑
ção das relações entre linguagem verbal e visual é explorada
nas atividades para ajudar a desenvolver habilidades de lei‑
tura crítica nos aprendizes. Os resultados preliminares apon‑
tam para a diversidade de relações entre as duas linguagens
nos textos das atividades de leitura, porém pouca atenção é
dada para a compreensão dos sentidos veiculados aos textos
visuais e para a percepção da relação entre linguagem verbal
e visual.
36
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
CONSCIÊNCIA LINGUÍSTICA
EM COMUNIDADES
QUILOMBOLAS DO RIO GRANDE
DO SUL
ANTONIO CARLOS SANTANA DE SOUZA (UEMS)
PRÁTICAS E EVENTOS
DE LETRAMENTO NO CURSO
DE LETRAS À DISTÂNCIA
DO IFAL: PERSPECTIVAS, LIMITES
E POSSIBILIDADES
ANTONIO CARLOS SANTOS DE LIMA (IFAL)
Resumo de Paper
Esta comunicação traz um levantamento acerca da consci‑
ência linguística entre os afrodescendentes de Comunidades
Quilombolas do Rio Grande do Sul (RS). É uma parte de mi‑
nha pesquisa de doutoramento onde buscamos descrever a
modalidade da língua portuguesa existente nessas comuni‑
dades onde se concentram os descendentes de escravizados
trazidos para o Brasil. Nesse sentido, delimitamos para esta
análise cinco comunidades do RS. Dentre nossas indagações
destacaram‑se: Como ocorre a Educação na Comunidades
Negras Quilombolas? Quais os principais desafios educacio‑
nais nessas comunidades? Quem são os responsáveis pela
educação? Quais as iniciativas governamentais relaciona‑
das à Educação em comunidades negras? Nessa perspecti‑
va, lançamos mão de pesquisa de campo, envolvendo me‑
todologia de História Oral e da Sociolinguística. Verifiquei
o que sabem sobre língua e memória, por meio de histórias
dos quilombos, histórias do povo negro, da escravidão e da
libertação, histórias do mundo social do interior e, histórias
de crianças e adultos. Alguns dados sobre as comunidades
sul rio‑grandenses contidos neste estudo encontram‑se em
fontes históricas e bibliográficas. Com esta pesquisa pre‑
tende‑se despertar o olhar de todos os envolvidos com as
questões educacionais à valorização das diferenças étnicas,
à necessidade do reconhecimento e respeito aos povos qui‑
lombolas, povos que tiveram e ainda tem papel fundamen‑
tal na formação e desenvolvimento de nosso país.
Resumo de Paper
O presente trabalho é o relatório de uma pesquisa empreen‑
dida no Instituto Federal de Alagoas cujo objetivo foi analisar
as implicações da presença ou ausência de práticas e even‑
tos de letramento na formação de professores agentes de
letramento em cursos de Letras à distância do IFAL. Isso por
considerar que esse formato de educação tem se consolida‑
do, sobretudo, pela ampla possibilidade de interação de que
os indivíduos dispõem graças ao desenvolvimento tecnoló‑
gico; diferentemente do espaço presencial, essa modalida‑
de de educação utiliza o Ambiente Virtual de Aprendizagem
(AVA). Assim, o diálogo entre professores e alunos se dá, em
muitas das vezes, através do uso de ferramentas desse am‑
biente. Nessa interação, o uso da leitura e da escrita é indis‑
pensável, principalmente se considerarmos que elas detêm
a capacidade também de encurtar distâncias. Diante disso,
o papel do letramento ganha terreno por ser um “conjunto
de práticas socioculturais, histórica e socialmente variáveis,
que possui uma forte relação com os processos de aprendi‑
zagem formal da leitura e da escrita, transmissão de conhe‑
cimentos e (re)apropriação de discursos” (Buzen, 2010, p.
101). Em cursos de formação de professores, esse letramento
deve proporcionar ao futuro professor uma gama de conhe‑
cimentos que vão desde a escolha teórico‑metodológica
até os processos de avaliação, devendo configurá‑lo como
um agente de letramento. Nessa perspectiva, e para aten‑
der ao objetivo proposto, este estudo articulou pesquisa de
campo e documental. A pesquisa de campo realizou‑se atra‑
vés da observação participante, que permitiram acesso às
mais diversas formas de interação tanto no ambiente virtual
quanto em momentos presenciais. A análise documental se
deu através da análise de produções de alunos e professores.
Os resultados nos possibilitaram refletir sobre as propos‑
tas do curso de licenciatura em Letras à distância do IFAL
para, assim, contribuir para uma mais eficiente formação
de professores.
37
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O TRABALHO DOS PROFESSORES
FORMADORES DOS CURSOS
DE LICENCIATURA EM ESPANHOL
DOS INSTITUTOS FEDERAIS:
COMPOSIÇÃO DE SENTIDOS
MEDIANTE NARRATIVAS DE VIDA
“COLORLESS GREEN IDEAS SLEEP
FURIOUSLY”: USO DE SINTAXE
PARA COMPREENSÃO LEITORA
DE TEXTOS ACADÊMICOS
EM LÍNGUA INGLESA
ANTONIO JOSÉ MARIA CODINA BOBIA (UESB)
ANTONIO FERREIRA DA SILVA JÚNIOR (CEFET/RJ)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Os Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia são
instituições equiparadas às universidades federais brasileiras
a partir do ano de 2008 e passam a ser vistas como institutos
de “educação superior, básica e profissional, pluricurriculares
e multicampi” (BRASIL, 2008). Sua lei de criação determina a
necessidade de oferta de pelo menos 20% do total de suas
vagas em cursos de licenciatura, bem como programas es‑
peciais de formação pedagógica, com vista à formação de
professores para a Educação Básica. Diante de tal realida‑
de, interessa‑nos pesquisar a inserção dos Cursos de Letras/
Espanhol no cenário da Rede Federal. Atualmente, os cursos
de licenciatura em Espanhol existentes na Rede são três:
na Região Nordeste (no IFRN, no campus Natal), na Região
Norte (no IFRR, no campus Boa Vista) e na Região Sudeste
(no IFSUDESTE MG, no campus São João del Rei). A proposta
desta comunicação pretende apresentar e discutir os resul‑
tados alcançados em nossa pesquisa de Pós‑Doutoramento
em Linguística Aplicada, cujo objetivo central estava em
estudar as concepções de ensino de língua por meio de nar‑
rativas de professores formadores que idealizaram e atuam
nos respectivos cursos. Para esta comunicação, resolvemos
direcionar nosso olhar para as narrativas docentes de qua‑
tro professores, que narram sobre seu fazer docente. Como
estratégia de análise das narrativas, adotamos a composi‑
ção de sentidos (MELLO, 2004), a partir da interpretação do
material coletado, da intervenção de minhas experiências
pessoais e profissionais e da confrontação com os discursos
prescritos nos Projetos Pedagógicos de cada curso. O inte‑
racionismo sócio‑discursivo, as concepções de trabalho do‑
cente propostas pelas Ciências do Trabalho e as teorias so‑
bre o professor reflexivo fundamentam teoricamente nossa
investigação. Para alcançar tais objetivos, recorremos, prin‑
cipalmente, aos estudos teóricos de CELANI (2001), TELLES
(2002), MELLO (2004), PAIVA (2005), DAHER (2006), DAHER e
SANT’ANNA (2010).
Embora o ensino de “Inglês com Fins Específicos” (IFE) – tam‑
bém chamado de “Inglês Instrumental” – já seja uma área
reconhecida e amplamente difundida no Brasil, não se pode
deixar de perceber que a maioria dos materiais didáticos para
compreensão leitora produzidos no país quase não abordam
a questão das estruturas sintáticas. Isto, logicamente, se
reflete na metodologia usada pelos professores de IFE. Esta
problemática também ocorre na leitura de textos acadêmi‑
cos em língua inglesa, onde os aprendizes têm claras dificul‑
dades em identificar a estrutura frasal e os vários sintagmas
que a formam quando lidam com períodos mais longos. Este
trabalho pretende, em um primeiro momento, fazer um le‑
vantamento de alguns livros didáticos de IFE para mostrar a
carência do estudo de sintaxe funcional que é sintomática
na área de IFE no Brasil. Para tanto, utilizar‑se‑á como re‑
ferencial teórico um dos poucos estudos que relacionam o
conhecimento de sintaxe à compreensão leitora, The Role
of Syntax in Reading Comprehension: A Study of Bilingual
Readers (MARTOHARDJONO et al., 2005). Finalmente, pro‑
por‑se‑á uma metodologia de trabalho que inclua, não so‑
mente técnicas de skimming, scanning, etc., mas também
formas de ensino que ajudem o aprendiz a reconhecer me‑
lhor as estruturas frasais em língua inglesa.
38
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
DOCÊNCIA DA LÍNGUA
PORTUGUESA NO ENSINO
SUPERIOR: RELATO
DE EXPERIÊNCIA
RELAÇÕES DE PODER NAS
RELAÇÕES DE GÊNERO
REPRESENTADAS EM LIVROS
DIDÁTICOS DE LE
ARIÁDNE CASTILHO DE FREITAS (UNITAU)
ARIOVALDO LOPES PEREIRA (UEG)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Este resumo relata o processo de ensino/aprendizagem da
disciplina Língua Portuguesa na Universidade de Taubaté –
SP. Pesquisou‑se nas portarias e deliberações da Instituição
e nas atas de reuniões dos professores dessa disciplina dos
anos de 1987 a 2012. Os resultados revelam que a discipli‑
na, denominada atualmente Português Instrumental, está
sob a responsabilidade do Grupo de Estudos de Língua
Portuguesa, GELP, implantado em outubro de 1987 e em
atividade até hoje. A disciplina é obrigatória nas séries ini‑
ciais dos 42 cursos e trabalha a leitura e a produção de gê‑
neros discursivos acadêmicos e profissionais. Os professores
conscientizam os alunos sobre a importância do estudo da
língua materna e dão oportunidade para que eles se tor‑
nem linguisticamente competentes. Para tanto, a prática
pedagógica do docente é importante para interagir com o
aluno e construir o conhecimento linguístico do acadêmico
e futuro profissional. O material didático é construído de
forma conjunta pelos componentes do GELP; seu conteúdo
passa por revisões, alterações e atualizações, após pesquisa
do perfil do aluno, feita no início de cada ano letivo. Os do‑
centes do grupo têm horas de pesquisa e realizam diversas
ações, como oferecimento de aulas de reforço, correção das
provas do vestibular da Universidade, participação em cur‑
sos, palestras e congressos e publicação das pesquisas em
revistas e livros. Desde 2011, integram o grupo de pesquisa
Docência da Língua Portuguesa no Ensino Superior, creden‑
ciado junto ao CNPq, com o objetivo principal de discutir e
desenvolver estratégias didáticas para aprimoramento da
prática docente em sala de aula. Ressalta‑se que o diferen‑
cial dos professores do Grupo é preparar os acadêmicos para
o uso que farão da língua em sua futura atuação profissional.
Por tudo isso, o trabalho desenvolvido durante 25 anos pe‑
los professores do GELP tem sido avaliado de forma positiva
pelos alunos, diretores de departamentos e administração
superior da Universidade.
Esta comunicação é o relato de investigação sobre as formas
de representação das relações de poder nas relações entre gê‑
neros, em livros didáticos de língua estrangeira (LE) – inglês.
Trata‑se de uma pesquisa qualitativa cujo objeto são as duas
coleções de livros didáticos para o ensino de língua inglesa
no ensino fundamental indicadas no Guia do Livro Didático
do Programa Nacional de Livro Didático – PNLD/LE/2011.
Como parte da fundamentação teórica, são discutidos os
conceitos de gênero (Sunderland, 1995; 1994; 1992; Coates,
1993; Louro, 1999; Moita Lopes, 2002; Cameron, 1999), dis‑
curso (Howarth, 2000; Mills, 1997; Gee, 1996; Foucault, 1972;
1998), ideologia (Eagleton, 1997; Crespigny e Cronin, 1999;
Thompson, 2009) e poder (Kaplan e Lasswell, 1998; Bobbio,
1999; Fairclough, 1989; Foucault, 2004). Num primeiro mo‑
mento, procedeu‑se à análise de textos escritos e imagéticos
(ilustrações) que retratam relações entre gêneros (homem e
mulher), na busca de se identificar possíveis discursos ideo‑
lógicos que reforcem ou contestem as relações de poder pre‑
sentes nas práticas sociais. A base para esta análise foram
os princípios da Análise de Discurso Crítica – ADC (Fairclough
1992; 1995; 1997; 2001; 2003; Fairclough e Wodak, 1996;
Pennycook, 2001). A segunda etapa da pesquisa foi realizada
em campo e nela buscou‑se conhecer o posicionamento de
alunos(as) e professores(as) sobre os livros didáticos analisa‑
dos e sua percepção dos discursos ideológicos que subjazem
os textos desses materiais. A análise dos dados é realizada
através da triangulação dos resultados das duas etapas e
evidencia uma incongruência entre ambas.
39
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A FORMAÇÃO DISCURSIVA
DOCENTE EM COMUNIDADES
DE APRENDIZAGEM:
NOVOS OLHARES SOBRE
O LETRAMENTO DIGITAL
ARLINDA CANTERO DORSA (UCDB–MS)
Resumo de Paper
Este artigo é fruto de uma pesquisa desenvolvida junto ao
Grupo de Pesquisas e Estudos em Tecnologia Educacional e
Educação a Distância (GETED), da Universidade Católica Dom
Bosco (UCDB, Mato Grosso do Sul), que desde 2007 pesquisa
a questão da formação continuada no âmbito presencial e a
distância, além de estudar a linguagem, as interrelações e as
ferramentas de tecnologias de informação e comunicação.
A temática volta‑se à análise da formação discursiva docente
em uma comunidade indígena na Escola General Rondon na
Aldeia Bananal, localizada em Taunay‑ MS e tem como foco
o uso de tecnologias de informação e comunicação com um
duplo objetivo: (i) investigar como tem ocorrido a formação
continuada de cada professor participante da comunidade;
(ii) analisar as estratégias de leitura, produção e comunica‑
ção nas práticas discursivas dos docentes voltadas ao letra‑
mento digital. Quanto à formação continuada docente, foi
utilizado inicialmente o ambiente virtual NING e posterior‑
mente a rede social Facebook. Com relação ao letramento
digital, pode‑se afirmar ainda que parcialmente, que há ne‑
cessidade da capacitação continuada para que os docentes
tenham condições de serem mediadores no uso das novas
tecnologias em suas práticas pedagógicas. Conclui‑se que
as variadas culturas indígenas sofrem modificações e reela‑
borações constantes com o passar do tempo. Integram‑se
ao avanço tecnológico e multicultural presente na socieda‑
de como sujeitos ativos e passivos, simultaneamente, em
relação às tecnologias e a multiculturalidade.
O PROFESSOR DE LÍNGUAS
EM TEMPOS DE REFLEXÃO:
INSTANTÂNEOS
DA FORMAÇÃO DOCENTE
AUGUSTO CÉSAR LUITGARDS MOURA FILHO (UNIVERSIDADE
DE BRASÍLIA)
Resumo de Paper
Esta comunicação relata uma pesquisa em andamento
que é iluminada pelo construto teórico Professor Reflexivo
(SCHÖN, 1992; PIMENTA, 2003 e MOURA FILHO, 2011) e confi‑
gura‑se como um estudo de caso, mais especificamente na
modalidade história de vida. O objetivo da investigação que
relato é revelar o papel das narrativas pessoais na formação
de docentes de línguas estrangeiras. Tal perspectiva se justi‑
fica por indicar como esses docentes superaram as históricas
inadequações da formação em Letras (MOITA LOPES, 1996 e
PAIVA, 2004, inter alios), que envolvem o acesso restrito a ex‑
periências acadêmicas significativas, o desconhecimento da
importância da formação continuada e, não raro, uma for‑
mação profissional alienada, a qual ignora as reais deman‑
das da sociedade ao formar profissionais que agem mais re‑
ativamente do que proativamente. Diante de um quadro ad‑
verso de formação de professores, inclusive dos de línguas, a
formação reflexiva de docentes, que emergiu com a mudan‑
ça do paradigma da concepção do próprio papel a ser desem‑
penhado por esses profissionais, apresenta‑se como uma
alternativa de transformação de concepções equivocadas
que se cristalizaram ao longo dos anos. Tal formação guarda
identidade com várias propostas de formação de docentes
que surgiram no princípio da década de 80 do século passa‑
do, tais como as que preveem a figura do professor‑pesqui‑
sador e a pedagogia crítica, por exemplo. O estudo de caso
interpretativista mostrou‑se a metodologia mais adequada
para a condução da pesquisa relatada. Segundo Merriam
(2001, p. 28), pesquisas realizadas com o apoio desse cons‑
truto viabilizam a revelação de fatores capazes de promover
uma compreensão profunda do fenômeno investigado.
40
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
TRADIÇÕ EES DISCURSIVAS
EM PROCESSOS‑CRIMES:
UMA ANÁLISE
EM TEXTOS INTRODUTÓRIOS
A (DES)CONSTRUÇÃO DA FACE:
(IM)POLIDEZ LINGUÍSTICA
NA INTERLÍNGUA
AURÉLIA LEAL LIMA LYRIO (UFES)
AUREA SUELY ZAVAM (UFC)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Dando continuidade aos estudos sobre gêneros numa pers‑
pectiva histórica que vêm se desenvolvendo no âmbito do
grupo de pesquisa Tradice, este trabalho tem como objeti‑
vo maior investigar a constituição/reelaboração do proces‑
so‑crime, um gênero do domínio jurídico. A concepção que
norteia a proposta deste estudo é a de tradição discursiva,
utilizada na descrição histórica das línguas. Dentro dessa
concepção, proposta por romanistas alemães (KOCH, 1997;
KOCH & OESTERREICHER, 2001; KABATEK, 2003, 2004), os es‑
tudos sempre consideram o contexto social e histórico ao
descrever os propósitos e os elementos formais e linguísti‑
cas dos textos, entendidos como práticas discursivas que
se repetem continuamente até se fixarem plenamente, a
ponto de serem identificados como tais na comunidade em
que circulam, isto é, como tradições discursivas. Como par‑
te da investigação maior, este estudo procura responder as
questões: Quais são as fórmulas textuais típicas que carac‑
terizam os elementos constitutivos dos processos‑crimes?
Quais desses elementos se conservaram e quais sofreram
mudanças? Que traços permitem estabelecer limites entre
suas partes constitutivas? Em relação à parte introdutória
do processos‑crimes, este estudo analisa as funções que
desempenham os elementos dêiticos tão recorrentes e tão
característicos desta parte do todo enunciativo. Ao desven‑
dar as estratégias empregadas na introdução desses textos,
reveladas pelas marcas linguísticas investigadas, não só se
desvela o contexto social e histórico no qual se desenvolveu
esse gênero, como também se descobre a relação entre tra‑
dições discursivas e expressões dêiticas. Acreditamos que
os resultados obtidos podem assim nos ajudar a compreen‑
der melhor o uso de elementos dêiticos como modo de di‑
zer constitutivo da introdução dos processos‑crimes, como
também nos ajudam a lançar mais luzes às pesquisas que se
dedicam a investigar a história da língua vinculada à história
dos textos.
As pesquisas, tanto em língua estrangeira como em língua
materna, demonstram que os aprendizes não se utilizam
das normas de polidez linguística adequadamente, ou, mes‑
mo, não a utilizam (PIIRAINEN‑MARSH, 1995, NIKULA, T., 1996).
Dessa forma, empregam atos de fala altamente ameaçado‑
res tanto da face positiva como da negativa do interlocutor
e da própria, o que vai culminar com o insucesso da intera‑
ção. A competência pragmática, atualmente, é vista como
altamente necessária tanto para os falantes nativos de uma
língua como para aqueles de LE (BARDOVI‑HARLIG, HARTFORD,
MAHAN‑TAYLOR, MORGAN, AND REYNOLDS, 1991; KASPER, 1997).
Em vista disso, o presente trabalho analisa a utilização/não
utilização de estratégias de polidez por aprendizes de in‑
glês como língua estrangeira (LE) no decurso da interação,
para construir, manter, ou resgatar a própria face e a do
seu interlocutor. A pesquisa se baseia na Teoria da Polidez
de Brown e Levinson (1978, 1987), de Lakoff (1972) e de Leech
(1983). Almejamos empregar os resultados na conscientiza‑
ção desses aprendizes, bem como no ensino de estratégias
de polidez condizentes com as normas de um convívio mais
harmônico em sociedade.
41
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ASPECTOS COGNITIVOS
NA AQUISIÇÃO DE L2/LE:
ENTENDENDO A RELAÇÃO
ENTRE AS ESTRATÉGIAS
DE APRENDIZAGEM
E A MOTIVAÇÃO
COMO EXPERIÊNCIAS
VIVENCIADAS NO PIBID
E NO INÍCIO DA CARREIRA
DOCENTE PODEM MODIFICAR
AS CRENÇAS DE PROFESSORES
DE ESCOLAS PÚBLICAS
BÁRBARA CAROLINE DE OLIVEIRA (UNB)
BÁRBARA COTTA PADULA (UFV)
BÁRBARA CAROLINE DE OLIVEIRA (UNB)
Resumo de Pôster
Resumo de Paper
Este trabalho tem por objetivo compreender a relação entre
o uso de estratégias e a motivação no processo de aprendiza‑
gem de uma segunda língua – L2 ou língua estrangeira – LE,
com vistas a contribuir para a construção do conhecimento
relacionado ao processo ensino‑aprendizagem. Trata‑se de
um estudo bibliográfico, que primeiramente, faz caracteri‑
zação da aprendizagem assente na compreensão da plurali‑
dade de teorias. Em segundo lugar, são apresentados fatores
que melhor explicam as diferentes estratégias de aprendiza‑
gem. E em seguida, elucida fatores influenciadores da mo‑
tivação que podem conduzir os alunos no estudo de L2/LE.
Por fim, relaciona as estratégias e a motivação observando
como estas convergem para a ASL. O processo de aquisição e/
ou aprendizagem de uma L2/LE é complexo e pode ser carac‑
terizado por um número significativo de variáveis. Diversos
modelos de aprendizagem e pesquisas em aquisição de uma
L2/LE têm buscado explicar dos fatores que interagem nes‑
se processo, tais como questões relativas ao contexto de
aprendizagem, características do professor, diferenças indi‑
viduais do aprendiz, como aptidão, autonomia, estratégias
de aprendizagem e a motivação, por exemplo. Visto isso, o
conhecimento mais acurado sobre o processo de aquisição
pode contribuir para que os pares, envolvidos nas tarefas de
ensinar e aprender línguas, professores e aprendizes, aper‑
feiçoem seu desempenho na tarefa de ensinar e aprender LE.
Cabe ressaltar, que no cenário atual, o processo de ensino e
aprendizagem de uma L2/LE é entendido como uma constru‑
ção que inclui um papel ativo por parte do aprendiz. Nessa
perspectiva, torna‑se relevante que o aluno desenvolva a
capacidade de estabelecer as próprias metas, planejar e mo‑
nitorar seus esforços, com vistas a direcionar sua aprendiza‑
gem e ter mais sucesso no uso da língua.
Estudiosos (COELHO 2005; BERNARDO, 2007) entendem a
relevância de estudos relacionados à realidade das escolas
públicas e, portanto, às experiências vivenciadas no PIBID,
já que neste projeto o professor em formação tem a opor‑
tunidade de vivenciar a realidade de um profissional atuan‑
te nessas escolas e assim direcionar sua formação. Assim,
percebe‑se que estudos que averiguem experiências nesses
contextos podem auxiliar na modificação das crenças dos
professores em pré‑ serviço ou em carreira inicial, já que
segundo Miccoli (2010) através da investigação de experiên‑
cias pode‑se compreender partes importantes do processo
de ensino e aprendizagem. Além disso, faz‑se necessário
ressaltar que de acordo com BARCELOS (2006) as crenças são
dinâmicas, portanto estão suscetíveis a mudanças. Assim,
este trabalho tem o objetivo de verificar se as experiências
vivenciadas no PIBID e, posteriormente, como professora de
escola publica, modificaram ou não as crenças de uma pro‑
fessora recém‑formada e atuante neste contexto em relação
à docência e decisão de continuar ou não ensinando. É inte‑
ressante lembrar que antes de ingressar no curso de Letras
ela tinha a intenção de lecionar nessas escolas e tinha a cren‑
ça de que poderia ser uma agente modificadora do ensino.
Neste estudo, para a coleta de dados, foi solicitada a profes‑
sora, que é ex‑bolsista do PIBID, uma narrativa na qual ela
teve a oportunidade de fazer uma reflexão sobre as crenças
que tinha antes de ingressar no curso de Letras em relação
ao ensino, sobre suas experiências vivenciadas na partici‑
pação no projeto supracitado e, por fim, sobre suas crenças
atuais em relação à docência e, consequentemente, suas
expectativas profissionais. Dessa forma, serão apresentados
os resultados da análise dos dados observando a contribui‑
ção da experiência no PIBID para a modificação ou não das
crenças da participante e sobre seus anseios profissionais.
42
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
DISCURSO E CONSTRUÇÃO
DE IDENTIDADE E NA WEB:
PRÁTICAS ‘NÃO ESCOLARES’
NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR
DE LÍNGUAS
BÁRBARA CRISTINA GALLARDO (UNEMAT)
Resumo de Paper
Este estudo é um recorte da minha pesquisa de doutorado
desenvolvida na Unicamp e que teve como objeto de estu‑
do a Comunicação Transnacional Mediada por Computador.
A ideia inicial surgiu do fato das Tecnologias de Informação
e Comunicação (TICs) serem atualmente parte inerente do
cotidiano das pessoas nos níveis pessoal e profissional. Isto
torna a inclusão dos letramentos digitais na formação esco‑
lar um assunto primordial no mundo todo. Nessa perspec‑
tiva, o objetivo deste estudo é investigar a construção de
identidades nacionais de futuros professores no Facebook
na interação com estrangeiros. A representação multimodal
em páginas de Redes Sociais Virtuais é um recurso expressi‑
vo de construção discursiva do Self que exige o entrelace de
letramentos e sensibilidade adquiridos no trânsito entre os
meios on e offline. Entendo que o estudo dessa construção
pode auxiliar na reflexão, tanto na formação pessoal e pro‑
fissional do público‑alvo como na minha própria, de como
os discursos locais/globais são reproduzidos nas vozes de
futuros formadores. A metodologia utilizada neste estudo
é de natureza quanti‑qualitativa e exploratória. A base te‑
ória está fundamentada em trabalhos que discorrem sobre
o impacto da globalização na identidade cultural e nacional
das pessoas e em estudos que analisam o comportamento
dos usuários da internet. A linguagem utilizada nas inte‑
rações é abordada através da metafunção ideacional da
Linguística Sistêmico‑ Funcional (LSF). Os pressupostos da
Análise Crítica do Discurso (ACD) são usados na observação
da construção de identidades pelo discurso multimodal
no espaço virtual do Facebook. Os resultados mostram a
construção de imagens globais como condição para o esta‑
belecimento de relações interpessoais transnacionais. Este
resultado aponta para a proposição de projetos nos Cursos
de Licenciatura em Letras que promovam práticas digitais
transnacionais como autoconhecimento em uma perspecti‑
va global e reflexões sobre o poder dos discursos.
PROJETO RIO CRIANÇA GLOBAL:
INVESTIGANDO PROPOSTAS
E PRÁTICAS
BEATRIZ DE SOUZA ANDRADE MACIEL (UFRJ)
Resumo de Paper
Entendendo‑se a centralidade do conhecimento de inglês
em um mundo cada vez mais globalizado (MOITA LOPES,
2005), objetiva‑se neste trabalho investigar o contexto de
ensino de inglês no Projeto Rio Criança Global, implantado
pela Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro a
fim de ampliar o número de cariocas falantes de inglês até as
Olimpíadas de 2016 (SME/RJ, 2010). O interesse pelo projeto
surge da percepção do contraste entre a proposta de abran‑
ger estratégias que desenvolvam a compreensão/produção
escrita e oral da língua estrangeira (LE) desde as primeiras
séries do Ensino Fundamental (Orientações Curriculares/
SME, 2012) e a fala corrente entre professores quanto à in‑
viabilidade da prática oral de LE em escolas (MICCOLI, 2010),
bem como entre a proposta de ensino de LE para crianças
(LEC) e a ausência de cursos de Letras que contemplem a
especificidade deste ensino (ROCHA, 2008). Tendo‑se em
vista, portanto, que o projeto aponta para práticas diferen‑
ciadas das que antes guiavam o professor de LE em escolas
públicas, busca‑se investigar a relação entre a proposta do
projeto e o modo como ela é percebida e efetivada por pro‑
fessores envolvidos, e como se processam estratégias para o
desenvolvimento profissional voltado à eficiência no desem‑
penho docente. Sob uma perspectiva interpretativista, esta
pesquisa utiliza a) análise da documentação que norteia o
projeto, para entender a identidade pedagógica e os concei‑
tos de linguagem que descrevem/delineiam a proposta, b)
entrevistas semiestruturadas com professores do projeto, a
fim de compreender a forma de atuação e postura adotada,
orientações e instigações à reflexão sobre a prática docen‑
te, e dificuldades/conflitos na realização daquilo que o pro‑
fessor entende ser o seu papel na perspectiva da proposta.
Ao problematizar a relação entre a proposta teórica do pro‑
jeto e sua efetivação segundo a percepção dos professores,
pretende‑se traçar contribuições para os resultados a serem
alcançados com o projeto.
43
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
REPRESENTAÇÕES DE DOCENTES
DA FL/UFRJ EM UM PROJETO
INTERDISCIPLINAR
ROBINSON CRUSOE: O LUGAR
DO ROMANCE NO DISCURSO
DO NOVO MUNDO
BERNARDO PUGA NUÑEZ LOPES (UFRJ)
BIANCA DOROTHÉA BATISTA (UFRJ)
Resumo de Pôster
Resumo de Paper
O presente estudo tem como objetivo analisar as represen‑
tações de docentes da Faculdade de Letras da UFRJ evol‑
vidos em um contexto de projeto de pesquisa acadêmico.
O referido projeto, denominado Práticas de Linguagem em
Diferentes Áreas do Conhecimento na Escola Pública (PLIEP),
tem como pressuposto central a ideia de que a transposição
didática de gêneros (BRONCKART, 2010) para inserção em
práticas letradas é fundamental em todas as áreas do conhe‑
cimento. Suas bases teóricas giram em torno da perspecti‑
va sociointeracionista, defendendo que as ações sociais são
mediadas pela linguagem e o conhecimento é transdiscipli‑
nar (ABREU JÚNIOR, 1996). Neste sentido, reúne professores
e pesquisadores de diversas áreas que atuam em diferentes
instituições, o que permite o estreitamento, através de um
viés interdisciplinar, do diálogo entre universidade/escola e
entre graduação/pós‑graduação. A investigação desenvol‑
vida durante a execução do PLIEP analisa os motivos que
levaram os docentes da FL/UFRJ a se engajarem no projeto,
o porquê do tema escolhido ter lhes interessado, suas ex‑
pectativas quanto a ele para formação de professores, bem
como o papel que pretendem desempenhar junto aos outros
participantes envolvidos. A coleta de dados foi realizada por
meio de e‑mails e entrevistas gravadas no decorrer do pro‑
jeto, buscando verificar possíveis modificações das expec‑
tativas e conflitos dos participantes em foco. Os resultados
foram analisados a partir das concepções de ideologia do
círculo de Bakhtin (Voloshinov, 1929; Bakhtin, 1953) e do con‑
ceito de Zona Proximal de Desenvolvimento (Vygotsky, 1930,
1934). Procura‑se, assim, promover uma reflexão crítica so‑
bre o projeto e contribuir para a atuação e a formação con‑
tinuada de professores em uma perspectiva interdisciplinar.
Num contexto de expansão marítima, os relatos de viagens
publicados expandem‑se através da Imprensa dando acessi‑
bilidade ao Novo Mundo. Desta forma, surgem exigências de
historicidade e mecanismos de controle, como afirma Costa
Lima (2009) para que estes relatos sejam considerados reais.
Em virtude disso, muitas narrativas eram escritas em pri‑
meira pessoa, possuiam uma linguagem simples e descrição
detalhada para que o leitor fosse persuadido de que o texto
diante dos seus olhos era verdadeiro. No romance de Daniel
Defoe, Robinson Crusoe (1719), o editor afirma que a vida
de Crusoe é uma história de fatos e por isso suas aventuras
são dignas de serem tornadas púbicas além de servirem de
instrução para os leitores. A exaltação da veracidade e o re‑
púdio à ficção correspondem ao que Michael Mckeon (1985)
denomina de “questions of truth”, uma crise epistemológica
sobre como expressar a verdade numa narrativa. A afirma‑
ção do novo gênero literário, o romance, fez com que sur‑
gisse a distinção entre “novel” (romance) e “romance” (relato
ficcional/ romance de cavalaria). Para negar a ficcionalidade
da obra, era necessário utilizar‑se dos mesmos artifícios dis‑
cursivos, e até mesmo paratextuais, dos documentos acerca
de viagens circundantes nos séculos XVII e XVIII. O presente
trabalho propõe analisar o discurso do personagem e narra‑
dor Robinson Crusoe e os mecanismos utilizados na narrati‑
va para ofuscar sua ficcionalidade, convertendo assim a um
status de veracidade. Neste cenário, as fronteiras entre o ro‑
mance e relatos de viagem, ou seja, entre ficção e literatura
tornam‑se indefinidas.
44
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O LETRAMENTO CRÍTICO
E OS MULTILETRAMENTOS
NA LEITURA DE UM READER
EM UMA TURMA DE PIBID
BRUNA CARREIRA DA SILVA E SILVA (UFRJ)
Resumo de Pôster
Devido à carga horária reduzida, turmas lotadas e hete‑
rogêneas, o ensino de língua inglesa nas escolas públicas
atualmente tem, muitas vezes, focado na habilidade de
leitura dos alunos (cf. Parâmetros Curriculares Nacionais
de Línguas Estrangeiras, Reorientação Curricular de Língua
Estrangeira do estado do RJ), já que esta seria essencial em
outras etapas da vida daqueles indivíduos, como por exem‑
plo, o acesso destes à universidade (ENEM, Vestibular, exa‑
me instrumental de acesso à pós‑graduação). Seguindo essa
linha de raciocínio, o estímulo aos multiletramentos (COPE
& KALANTZIS, 2000) e ao letramento crítico (BRASIL, 2006)
em si não deveriam parecer distantes da realidade de sala de
aula dos alunos, uma vez que observa‑se uma cobrança no
setor de línguas estrangeiras quanto a formação do cidadão
multicultural. Dessa forma, através de um questionário a
ser aplicado para alunos que participam do projeto PIBID em
uma escola da rede pública na cidade do Rio de Janeiro, este
trabalho busca analisar a reação dos estudantes quanto aos
temas e gêneros apresentados tanto quanto observar a ca‑
pacidade dos mesmos de utilizar seus multiletramentos na
leitura de um reader – um livro paradidático criado ou adap‑
tado para diferentes níveis de estudantes de inglês. O reader
“L.A. Detective” apresenta um mistério no qual um detetive
precisa procurar a filha de um senhor rico. A partir desta lei‑
tura, será observado como os alunos entendem a posição da
mulher na história e constatar se estes observam os aconte‑
cimentos violentos recorrentes na história como presentes
na sociedade em que vivem. Além disso, o trabalho também
busca saber a opinião dos alunos em relação ao ato da leitu‑
ra e se há um interesse – ou mesmo acesso – por parte deles
à literatura em geral. Assim, os resultados obtidos poderão
abrir espaço para uma reflexão quanto ao papel da leitura
no ensino de língua inglesa e servir de base para uma discus‑
são sobre a exclusividade do ensino desta habilidade na aula
de LE.
PROPOSTAS PEDAGÓGICAS
DE LEITURA E ESCRITA
ACADÊMICA PARA ESTUDANTES
INDÍGENAS: O LETRAMENTO
ACADÊMICO ORIENTANDO
AÇÕES DA POLÍTICA
DE PERMANÊNCIA NA UFRGS
BRUNA MORELO (UFRGS)
CAMILA DILLI NUNES (UFRGS)
Resumo de Paper
O projeto de extensão Curso de Inglês para Estudantes
Indígenas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) foi criado no segundo semestre de 2008. O curso em
desenvolvimento desde então está em sua 8ª edição. O obje‑
tivo deste trabalho é apresentar esse projeto como parte da
política de permanência desenvolvida pela UFRGS com os es‑
tudantes indígenas, bem como apresentar contribuições en‑
volvendo o uso da linguagem quanto a diretrizes para orien‑
tar novas ações para a permanência de grupos étnicos mi‑
noritários, partindo de dois projetos de mestrado (MORELO,
2011; DILLI, 2011) voltados ao estudo das práticas sociais de
leitura e escrita na universidade gerados no contexto deste
curso. O curso se destinou originalmente a oportunizar aos
alunos indígenas o desenvolvimento de leitura em língua
inglesa com vistas à maior participação deles em sua vida
acadêmica, nas suas próprias comunidades e na sociedade,
tendo como meta principal o desenvolvimento de letra‑
mento acadêmico (LEA & STREET, 1998, 2006). Com base na
análise do projeto em seus quatro anos de trajetória, apon‑
tamos para novos objetivos do curso e a estruturação de um
currículo mais amplo, que abranja letramentos comuns aos
estudantes, tanto fora como dentro da universidade. É im‑
portante destacar que o curso possibilita uma sala de aula
exclusivamente indígena, na qual todos os estudantes indí‑
genas da UFRGS podem ser colegas, tornando‑se, assim, um
contexto distinto de todos os outros na Universidade. A par‑
tir dos resultados alcançados, apontamos novas pesquisas
na área que poderiam contribuir para redimensionar o curso
como parte da construção de uma política de permanência
dos estudantes indígenas na UFRGS.
45
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
DESENVOLVIMENTO
DE UMA DISCIPLINA
SEMI‑PRESENCIAL: CONFLITOS
COMO POSSIBILIDADES
DE RECONSTRUÇÃO
DA PRÁTICA PEDAGÓGICA
A ESCRITA ESCOLARIZADA
EM REDAÇÕES DE VESTIBULAR:
UM ESTUDO DISCURSIVO
BRUNA SCHEINER GOMES PIMENTA (UFRJ)
Este trabalho visa a apresentar algumas reflexões a respeito
do gênero redação de vestibular, sob a perspectiva discur‑
siva, com fundamentação em Bakhtin e em estudos volta‑
dos para a análise da construção do discurso. A redação de
vestibular se configura como um gênero discursivo híbrido
(Wilson, 2012), no qual diversas linguagens se articulam jun‑
to aos diversos tipos de conhecimento, a saber, o escolar, o
científico e o cotidiano. Dessa forma, pretende‑se compre‑
ender os fatores que intervêm no processo de produção des‑
se gênero, em especial no que toca à tentativa de os escre‑
ventes se apropriarem da escrita escolar(rizada), buscando,
assim, reconhecer os fenômenos associados ao uso dessa
escrita em contextos específicos tais como o evento vesti‑
bular. Assumimos, para tanto, a concepção de que a escola
constitui um espaço onde diversos conhecimentos se fazem
presentes, tendo como eixo principal os saberes escolares,
em que a escrita (associada à leitura) representa um tipo
de conhecimento que os alunos aprendem ainda quando
não se esteja ensinando a ler ou a escrever explicitamente
(Rockwell, 1985). Assim, também consideramos as políticas
linguísticas envolvidas no ensino da língua escrita, porque
entendemos com Corrêa (2004) a natureza heterogenea‑
mente constitutiva da escrita, pois nela atuam forças cen‑
trípetas e centrífugas da língua (Bakhtin, 1993), associam‑se,
fundem‑se linguagens sociais (Goulart, 2007) nos diferentes
modos de apropriação da palavra alheia e da palavra própria
(Bakhtin, 2003), mesmo em textos em que se exige o chama‑
do padrão culto da língua em seu registro formal.
Resumo de Paper
A presente pesquisa é motivada pelo estudo que realizo no
Programa de Pós‑Graduação em Linguística Aplicada em ní‑
vel de Mestrado na Universidade Federal do Rio de Janeiro
(UFRJ) e corrobora com minha experiência docente nesta
instituição. Este trabalho objetiva compartilhar algumas re‑
flexões sobre a importância do conflito (conceito trazido da
Teoria da Atividade) para a reconstrução (ou não) da prática
pedagógica do professor universitário na modalidade semi‑
‑presencial de ensino. A pesquisa desenvolvida é uma pes‑
quisa‑ação de cunho etnográfico que teve como contexto de
investigação uma turma de Inglês Instrumental cuja carga
horária contava com um Ambiente Virtual de Aprendizagem.
Três questões constituíram‑se como fios condutores para a
investigação. Sendo elas: Que conflitos foram identificados
pela professora, ao longo e ao final do curso, como oportuni‑
dades de mudança e reconstrução de sua prática pedagógi‑
ca (seja no curso em foco ou em próximos cursos)? A que ele‑
mentos do sistema de atividade (no caso, o curso investiga‑
do) os conflitos estavam relacionados? O que foi feito diante
das oportunidades de mudança e reconstrução da prática
percebidas pela professora? Questionários, diários e regis‑
tros em fórum foram usados como instrumentos para a ge‑
ração de dados. O arcabouço teórico da pesquisa fundamen‑
tou‑se em três pilares: Formação de professores (LIBERALLI,
2009), Ensino a distância e semi‑presencialidade (MORAN,
2004) e Teoria da Atividade (ENGESTRÖM, 1987, 1999).
BRUNO ARAUJO DE OLIVEIRA (UERJ)
Resumo de Pôster
46
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
“O NOVO PERFIL
DO PROFESSOR”:
REPRESENTAÇÕES DOCENTES
EM UMA REPORTAGEM
DE NOVA ESCOLA
CAINARA RODRIGUES DOS SANTOS SILVA (UFSJ)
Resumo de Paper
Esta pesquisa foi desenvolvida com o intuito de identificar e
analisar as representações docentes apresentadas pela re‑
vista Nova Escola na reportagem intitulada “O novo perfil do
professor”. Com um breve histórico da representação docen‑
te no Brasil e um estudo sobre o discurso informativo, mais
especificamente a revista Nova Escola, chegamos ao estu‑
do das representações docentes trazidas pela reportagem
analisada. Através de uma análise visual fundamentada nos
Estudos Culturais e na Gramática do Design Visual (LISTER e
WELLS, 2001; HALL, 1997; KRESS; VAN LEEUVEN, 1996) e de um
análise verbal baseada nas heterogeneidades enunciativas
(AUTHIER‑REVUZ, 1990, 1998, 2004) e dos ditos e não‑ditos
propostos por Ducrot (1987), conseguimos fazer um levan‑
tamento das diversas vozes que compõem o discurso sobre
“O novo perfil do professor”, assim como alguns aspectos que
a reportagem também silencia, como os direitos dos do‑
centes e as consequências que o excesso de trabalho pode
causar. Identificamos que as diversas representações que
são construídas sobre esse profissional o torna o principal
responsável pelo sucesso e/ou fracasso escolar. São tantas
as representações atribuídas a ele, que ficou difícil definir
um único perfil. Assim, chegamos a conclusão de que há
uma tentativa fracassada da revista Nova Escola em traçar
o novo perfil docente, pois através das representações trazi‑
das, o professor não se situa em UM perfil. Vários são os per‑
fis definidos, no qual há uma mistura de vozes que o não o
levam para o novo e nem tampouco o deixam no velho, mas
o situa em um entre‑lugar.
A CONSTITUIÇÃO DE UMA
AÇÃO DE POLÍTICA LINGUÍSTICA
COM BASE EM UM ESTUDO
DE LETRAMENTO ACADÊMICO:
ORIENTAÇÕES PARA UMA
PROPOSTA PEDAGÓGICA
DE LEITURA E ESCRITA PARA
UNIVERSITÁRIOS INDÍGENAS
CAMILA DILLI NUNES (UFRGS)
BRUNA MORELO (UFRGS)
Resumo de Paper
O objetivo deste trabalho é, sob o viés de estudos de letra‑
mento acadêmico (Lea e Street, 1998, 2006), discutir leitura
e escrita em disciplinas de primeiro semestre da faculdade
de Medicina da Universidade Federal do Rio Grande do Sul
(UFRGS) e elaborar como essas práticas sociais de leitura e
escrita podem ou devem orientar propostas pedagógicas
para calouros no Projeto de Extensão Leitura e Escrita na
Universidade para Estudantes Indígenas da UFRGS. Esse
projeto é parte das políticas de permanência adotadas para
esses estudantes no âmbito das Ações Afirmativas da UFRGS
desde o segundo semestre de 2008 e constitui‑se como uma
política linguística (Ricento, 2006; Hornberger, 2006; Wiley,
2006). A discussão será feita sobre dados gerados por traba‑
lho de campo etnográfico nos dois períodos letivos de 2012,
incluindo 67 horas de observação em duas disciplinas do cur‑
so de Medicina, coleta de textos escritos e entrevistas em áu‑
dio (Dilli, 2013). Pretende‑se analisar usos sociais da escrita:
eventos de letramento neste contexto, textos envolvidos e
tarefas de leitura e escrita, incluindo de avaliação, e como
esse levantamento pode corroborar com um projeto de po‑
lítica linguística que visa a uma permanência de qualidade
para os estudantes indígenas desde o primeiro semestre, em
seus cursos de graduação.
47
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ESCRITA COLABORATIVA
EM LÍNGUA INGLESA EM UMA
PÁGINA WIKI.
CAMILA MARIA DA COSTA KAMI (IBILCE/UNESP/SJ RIO PRETO)
A COESÃO TEXTUAL
EM TEXTOS DE ESTUDANTES
DE LÍNGUA INGLESA DO NÍVEL
INTERMEDIÁRIO AVANÇADO
CAMILA NATHÁLIA DE OLIVEIRA BRAGA (UFPB)
Resumo de Paper
As novas tecnologias de informação e comunicação (NTICs),
a Internet, as conexões de banda larga e a web 2.0 criaram
novas oportunidades para o ensino e o aprendizado de lín‑
guas. Entretanto, cabe ao professor a seleção de recursos
tecnológicos que propiciem a autonomia e a colaboração
no processo de ensino e aprendizagem de língua estrangei‑
ra (LE). Apesar de os alunos estarem em constante contato
com as NTICs, eles as utilizam para atividades sociais e re‑
creativas. É preciso lembrar que as habilidades necessárias
para tais atividades nem sempre são aquelas desejáveis em
contextos virtuais de aprendizagem de LEs, os quais podem
exigir o uso de um registro formal, competência intercultu‑
ral e um conhecimento mais aprofundado da L‑alvo (O’DOWD,
2007). O presente trabalho teve o objetivo de conduzir uma
experiência sobre o uso da tecnologia wiki em uma faculda‑
de de tecnologia do interior do estado de São Paulo, mais
especificamente no curso de Gestão Empresarial. O ambien‑
te selecionado foi o Wikispaces, o qual permite a criação de
páginas na web, upload de arquivos e figuras, a comunica‑
ção por meio de e‑mail entre os colaboradores dentre outros
recursos (MANTOVANI; VIANNA, 2008). A proposta foi engajar
alunos do quinto termo em ema escrita colaborativa com o
intuito de que as estruturas e os conteúdos desenvolvidos
durante os dois anos de estudo da Língua Inglesa (LI) fos‑
sem colocado em prática. Portanto, foi selecionada uma
unidade do livro didático cujo tema era a competitividade
de empresas e focava o uso dos comparativos em inglês.
Os alunos foram divididos em grupos e cada grupo pensou
em um restaurante, desenvolvendo uma página no ambien‑
te Wikispaces para apresentar sua empresa. Os grupos de‑
veriam pensar sobre o nome do restaurante, sua missão, o
menu e os preços. Trata‑se, portanto, de um trabalho qua‑
litativo e de natureza etnográfica. Foi uma experiência en‑
riquecedora, uma vez que eles praticaram a escrita em LI de
uma forma dinâmica e colaborativa.
Resumo de Paper
Este trabalho apresenta um estudo longitudinal com dura‑
ção de um semestre no qual foram analisadas três redações
(uma no início, uma no meio e uma no final do semestre leti‑
vo) produzidas em língua inglesa por alunos do curso Inglês
para Fins Acadêmicos da UFMG. Os sujeitos, alunos de diver‑
sos cursos de graduação da universidade, no momento da
coleta de dados cursavam a disciplina IFA I, equivalente ao
nível intermediário avançado (B1+ de acordo com o Common
European Framework of Reference). O curso IFA, em sua
totalidade (cinco semestres, finalizando no nível C1), visa
preparar os alunos para atingirem a pontuação necessária
no TOEFL (IFA IV) e para a vivência em uma universidade es‑
trangeira (IFA V) em programas de intercâmbio acadêmico
no nível da graduação. O foco específico deste estudo são
as produções escritas dos alunos, pois, ao trabalhar a habi‑
lidade escrita, o aluno é motivado a pensar, organizar ideias,
desenvolver a habilidade de resumir, analisar e criticar. Além
disso, essa habilidade fortalece o aprendizado, o pensamen‑
to e a reflexão dos estudantes de língua estrangeira, além de
ser uma das competências de produção (juntamente com a
fala), o que possibilita uma avaliação mais completa do nível
linguístico do aluno. Uma vez que a habilidade escrita re‑
presenta um escopo de pesquisa muito amplo, foi feita uma
opção por enfocar aspectos coesivos nos textos dos alunos.
A opção pela coesão foi feita devido ao fato de muitos pes‑
quisadores (HALLIDAY; HASAN, 1976; HALLIDAY; MATTHIESSEN,
2004) apontarem sua importância para a sustentação de
um texto. As redações produzidas pelos sujeitos foram anali‑
sadas e anotadas de acordo com os tipos de coesão propos‑
tos por Halliday e Hasan (1976) e em relação à propriedade e
impropriedade de seu uso. Além deste estudo com duração
de um semestre, pretende‑se acompanhar os mesmos sujei‑
tos ao longo dos dois próximos semestres a fim de fazermos
um mapeamento mais completo do desenvolvimento da co‑
esão em sua habilidade escrita.
48
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
EFEITOS DA INSTRUÇÃO FORMAL
DE PRONÚNCIA NA PRODUÇÃO
DOS PADRÕES DE VOICE ONSET
TIME DAS PLOSIVAS SURDAS
E SONORAS INICIAIS POR
BRASILEIROS APRENDIZES
DE INGLÊS (L2)
LETRAMENTO DIGITAL:
CONCEPÇÕES DOS
PARTICIPANTES DE UM CURSO
DE PRÁTICA ESCRITA 1
CAMILA SAVICZKI MOTTA (UFRGS)
O processo de letramento é entendido como o domínio de
práticas sociais de leitura e escrita necessárias para a parti‑
cipação efetiva e competente em diversos contextos e ati‑
vidades sociais (Rojo, 2009; Soares, 2004). Com o advento
das novas tecnologias da informação e comunicação (NTICs),
uma nova dimensão é adicionada a esse conceito, fazendo
surgir a concepção de letramento eletrônico para represen‑
tar o conjunto de conhecimentos que permite a participação
do indivíduo em práticas letradas da era digital. A aquisição
desse tipo de letramento, dito eletrônico ou digital, depen‑
de, dentre outros fatores, da exposição do indivíduo a prá‑
ticas de linguagem coletivas em que a escrita mediada por
computador seja significativa (Buzatto, 2001). O ensino de
produção escrita em língua estrangeira, por sua vez, deve
envolver atividades de aprendizagem direcionadas a propó‑
sitos comunicativos específicos, que reflitam usos reais do
idioma em práticas comunicativas do cotidiano. O presente
trabalho é o relato de uma pesquisa exploratória, conduzida
no âmbito do projeto Letras 2.0, desenvolvido pelo núcleo de
pesquisas em Linguagem, Educação e Tecnologia – LingNet/
UFRJ para apoio à oferta de cursos e disciplinas na modali‑
dade on‑line ou semipresencial na Faculdade de Letras da
Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O estudo com‑
preende a discussão de resultados iniciais de uma pesquisa
cujo objetivo é descrever e analisar práticas de produção
escrita em língua estrangeira propostas no contexto da dis‑
ciplina de Prática Escrita 1, ministrada a alunos do curso de
graduação em Letras (Português–Inglês). Busca‑se valorizar
as perspectivas da professora e de estudantes envolvidos
nos processos abordados – cujas percepções procurou‑se
conhecer a partir da análise de posts na plataforma Moodle
e de entrevistas semiestruturadas. Discutem‑se as contri‑
buições dessas práticas para a aprendizagem da expressão
escrita em LE em contextos educacionais mediados pelas
novas tecnologias.
Resumo de Pôster
O escopo deste trabalho consiste em verificar e analisar os
padrões de Voice Onset Time (VOT) a partir de coletas de
produção feitas com brasileiros aprendizes de inglês como
língua adicional em diversos níveis de proficiência, bem
como os possíveis efeitos de instrução formal nessa produ‑
ção. Para a verificação dos efeitos da instrução na aquisição
deste aspecto fonético‑fonológico no campo da produção,
contou‑se com três grupos de aprendizes: (a) um grupo de
controle, que não recebeu instrução alguma acerca do as‑
pecto da L2 investigado; (b) um primeiro experimental (E1),
que recebeu instrução explícita com caráter comunicativo
(seguindo‑se Celce‑Murcia et al., 2010); (c) um segundo
grupo experimental (E2), que recebeu instrução explícita de
caráter não‑comunicativo e descontextualizado acerca da
aspiração dos segmentos plosivos surdos iniciais. A estes
participantes foram aplicados um pré‑teste, um pós‑teste e
um pós‑teste postergado, consistindo na leitura em voz alta
de palavras do inglês. As palavras‑alvo eram monossilábicas,
iniciadas pelas plosivas sonoras /b/, /d/ e /g/ ou surdas /p/ /t/
e /k/, seguidas de uma vogal alta, contexto esse que possi‑
bilita valores mais acentuados de VOT (YAVAS, 2007). As pro‑
duções foram gravadas e posteriormente analisadas no
software Praat (BOERSMA & WEENINK, 2012 – version 5.3.04)
e o valor de VOT de cada uma das dezoito palavras‑alvo foi
medido, num total de trinta e seis tokens por participante.
Espera‑se, com o presente trabalho, verificar a efetiva neces‑
sidade de um ensino de pronúncia de caráter efetivamente
comunicativo, em oposição a abordagens de ensino do com‑
ponente fonético‑fonológico que se voltem apenas a uma
tradicional descrição dos aspectos da forma‑alvo.
CARLA ALMEIDA DE LIMA (UFRJ)
Resumo de Paper
49
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
HEBE POR HEBE: UM ESTUDO
DAS CONSTRUÇÕES
IDENTITÁRIAS
NO DISCURSO DE SI
A FORMAÇÃO DE PROFESSOR
DE INGLÊS PARA CRIANÇAS
E A INTERAÇÃO ENTRE
UNIVERSIDADE E COMUNIDADE
CARLA CARVALHO SILVA (UFSJ)
CARLA CONTI DE FREITAS (UEG)
TATIANA NATHÁLIA DE PAULA (UFSJ)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
O ano de 2012 ficará marcado como aquele em que o país
se despediu de uma das personagens mais emblemáticas
da TV brasileira: Hebe Camargo. A apresentadora, que des‑
de 2010 lutava contra um câncer, veio a falecer no dia 29
de setembro. Nos dias posteriores à sua morte, foi possível
vislumbrar como o fato repercutiu na mídia. Nesse cenário,
chamou‑nos a atenção a matéria veiculada na revista Caras
(05 de outubro de 2012, edição nº 987), que homenageou a
artista ao trazer na edição supracitada não somente as ima‑
gens de todas as capas as quais ela protagonizou para a re‑
vista, mas também a primeira e a ultima matéria realizada
com Hebe. Nessas matérias a apresentadora fala de si, deli‑
neando um perfil de cunho “autobiográfico”. De acordo com
Amossy, “todo ato de tomar a palavra implica a construção
de uma imagem de si” (2005, p.09), imagens estas construí‑
das não apenas na autodescrição, mas também pela veicula‑
ção de crenças implícitas, estilo, competências linguísticas e
enciclopédicas do sujeito. Nesse sentido, propomos analisar
como a apresentadora se autorrepresenta nas matérias vei‑
culadas em Caras e que imagem constrói de si. Será realizada
uma articulação entre este material e a entrevista concedi‑
da pela apresentadora ao programa De frente com Gabi, que
foi ao ar no dia 06/06/2010 pelo SBT. Pela ampla temática
abordada nessa entrevista – TV, amor, saúde – a apreensão
da autoimagem que Hebe constrói fica igualmente eviden‑
ciada. Para cumprir os objetivos propostos, após o levanta‑
mento dos dados, será feita uma análise discursiva dos dois
materiais a partir da Análise do Discurso, mais precisamente
da teoria Semiolinguística, proposta por Patrick Charaudeau
(2009), no que se refere ao modo de organização discursivo
descritivo. Na problematização dos conceitos referentes à
identidade, o aparato teórico foi composto por Hall (2006)
e Rajagopalan (2010). Já com relação à construção das ima‑
gens de si no discurso, será utilizado o que propõe Amossy
(2005).
Há, hoje, uma crescente oferta do ensino de inglês para
crianças nas escolas regulares públicas e particulares, es‑
colas de idiomas e escolas bilíngues. Concomitantemente a
esta demanda, surge a necessidade da formação do profis‑
sional para atuar nessa área, destacando a necessidade de
se repensar o currículo do curso de Letras, tendo em vista
possíveis reformulações no que tange à formação desse pro‑
fissional. Neste contexto, busca‑se discutir em que medida
as reais oportunidades de trabalho têm sido consideradas
ao longo da formação inicial de professores de língua, com
vistas a contribuir para a melhoria dos cursos de formação
inicial de professores de inglês e, a partir disso, destacar a
importância da interação entre universidade e comunida‑
de para que suas ações gerem novas possibilidades para o
ensino e para a aprendizagem de línguas para crianças, con‑
tribuindo para a formulação de políticas de visem a atender
a esta necessidade. Para isso, desenvolvemos uma pesquisa
em Linguística Aplicada, considerando‑a como um campo
transdisciplinar que, buscando tratar das questões da lin‑
guagem, compreende também as questões sociais, culturais
e políticas em que elas estão envolvidas. Como abordagem
metodológica, utilizamos a pesquisa de cunho transdis‑
ciplinar, uma vez que ela propõe uma visão mais ampla da
realidade, levando o pesquisador a não somente descrever
o ambiente pesquisado, mas problematizá‑lo, com vistas
a provocar mudanças. Assim, em se tratando da formação
para o ensino de inglês para crianças, defendemos que é pre‑
ciso ter uma visão da língua estrangeira como instrumento
para contribuir também para a formação do ser humano,
contribuindo, desse modo, para a formação de indivíduos
sensíveis às diferenças, mas ao mesmo tempo, com identi‑
dades e discursos próprios.
50
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A TASHC NA ELABORAÇÃO
DE MATERIAL DIDÁTICO PARA
O ENSINO DA LÍNGUA INGLESA
NA UNIVERSIDADE: UMA UNIÃO
NA POLÍTICA LINGUÍSTICA PELA
VIDA IN POTENTIA
SUBJETIVIDADE DO TRADUTOR:
A SINGULARIDADE
DE UMA ESCRITA
CARLA LIMA RICHTER (UFPE)
Este trabalho tem como objetivo rastrear os traços da sub‑
jetividade do tradutor no texto traduzido, levando em consi‑
deração os pressupostos teóricos da Psicanálise, a existência
do inconsciente e a inextricabilidade entre o escritor e sua
escrita. A subjetividade do tradutor é forjada entre a “sua” lín‑
gua e a do outro, nos entre‑lugares, nos entre mundos, nas
diversas línguas que habita e que por elas se deixa habitar.
Uma das preocupações dos tradutores é com a fidelidade
que devem ao texto original. Na tradição da atividade de
tradução, o texto original parece ocupar um lugar “sagrado”,
intocável e o trabalho do tradutor parece representar algo
de menor importância. Trazemos a análise sobre o conto de
Clarice Lispector, “Viagem a Petrópolis” e a tradução do mes‑
mo conto para o inglês “Journey to Petropolis”. Esse conto e
sua tradução constitui parte do corpus de nossa tese de dou‑
torado sobre escritas singulares e/ou “sinthomaticas” (LACAN,
2007) como as de Clarice Lispector, Virginia Woolf, James
Joyce, que busca refletir sobre as implicações para o traba‑
lho de tradução de produzir sentidos a partir de escritas tão
peculiares. Os resultados da análise apontaram para o fato
de que o tradutor, apesar de ter como valor de sua ativida‑
de, a fidelidade ao texto original, deixa marcas de sua “pas‑
sagem” pelo texto, constituindo‑se como autor de um novo
texto, diferente e, ao mesmo tempo, semelhante ao original.
Para além do reprodutor de sentido, aparece um criador de
sentidos novos, ilusão permitida pela adição de significantes
novos provenientes do sujeito tradutor.
Resumo de Paper
Esta pesquisa está inserida no campo da Linguística
Aplicada ( LA ), por ser um estudo da linguagem em um con‑
texto acadêmico que promove mudanças de papéis sociais
(DAMIANOVIC, 2012). No caso focal, o reposicionamento so‑
cial do discente na graduação das engenharias, que sai da
posição de aluno de língua inglesa para a de pesquisador
que desenvolve e divulga seus estudos em eventos inter‑
nacionais. Fundamenta‑se na TASHC, Teoria da Atividade
Sócio‑Histórico‑Cultural (VYGOTSKY, 1934/2007; LEONTIEV,
1977/1997; ENGESTRÖM, 1987/1999), um lócus no qual o sujei‑
to está em constante interação com o outro, em um con‑
texto histórico e culturalmente construído (LIBERALI,2009).
Segundo Mateus (2007), em se tratando de língua estran‑
geira, a elaboração, implementação e avaliação de mate‑
rial didático além de suprir necessidades prementes pouco
contempladas nas politicas educacionais vigentes, possi‑
bilitam o desenvolvimento de professores de línguas como
profissionais engajados com uma reestruturação curricular
dos conteúdos.O material didático constitui‑se como um
poderoso artefato de mediação que oferece ao sujeito opor‑
tunidades de reconstrução do agir linguístico em um mundo
social‑histórico‑culturalmente determinado ( DAMIANOVIC,
2007). Nesse panorama, esta comunicação discute a elabo‑
ração, avaliação e implementação de um material didático
(RICHTER, a, b,c) nas aulas de língua inglesa, na graduação
de Engenharia de uma universidade federal do nordeste do
Brasil. O procedimento metodológico está alicerçado na
Pesquisa Crítica de Colaboração (PCCOL) (MAGALHÃES, 2006)
e a discussão dos dados construídos será à luz das catego‑
rias enunciativas, discursivas e linguísticas (LIBERALI, 2012).
Os resultados preliminares revelam que o material didático
elaborado pode contribuir para os alunos agirem amplian‑
do sua envergadura in potentia por meio da linguagem na
atividade social “submissão de resumo para apresentação de
pôster em eventos científicos internacionais”.
CARLA MARIA DOS SANTOS FERRAZ ORRÚ (UNICAMP)
Resumo de Paper
51
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A BIBLIOTECA PÚBLICA E SEU
PÚBLICO NA FORMAÇÃO
DE LEITURA
PESSOAS EM SITUAÇÃO DE RUA:
LINGUAGEM, IDENTIDADE
E EXCLUSÃO
CARLA MARIA FRANÇA DO NASCIMENTO (UFBA)
CARLOS ALBERTO CASALINHO (UNICAMP)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
O engajamento do profissional da Linguística Aplicada (LA)
em diversas outras áreas de trabalho, de domínios discur‑
sivos outros, é cada vez mais visível na atual economia do
mercado de trabalho do Brasil. Refletir sobre estratégias
políticas que viabilizem a sua atuação nas várias instân‑
cias discursivas nas quais estão inseridos, tem sido agenda
do dia para esses profissionais no que tange à formação de
leitores,formação de professores, ensino e aprendizagem
de línguas, políticas linguísticas, entre outras demandas da
LA. Este trabalho visa a apresentar e analisar atividades ob‑
servadas e experienciadas em uma biblioteca pública, num
cotejo entre o Manifesto da IFLA/UNESCO para as Bibliotecas
públicas (1994) e as discussões sobre formação de leitores no
seio da Linguística Aplicada. Numa Biblioteca Pública volta‑
da primeiramente para o público infantojuvenil na cidade
do Salvador, saraus de leitura, oficinas de leitura, “contação”
de histórias infantojuvenis, peças de teatro, dramatizações,
uma diversidade de gêneros num mesmo ambiente de cir‑
culação de cultura são ofertados à comunidade escolar que
lá busca formação e informação. A biblioteca, vista como
“centro local de informação, tornando prontamente acessí‑
veis aos seus utilizadores o conhecimento e a informação de
todos os gêneros” (UNESCO, 1994) é vista nesse cotejo como
ambiente possível onde manifestações multi‑interacionais
e as semioses possuem lugar em ousadas e efetivas inicia‑
tivas de formação de leitura. Quem é esse público leitor que
adentra a biblioteca? Quem são os agentes de leitura que
mediam, promovem essas atividades? O que pensam sobre
a política que contorna suas ações? Quais recursos utiliza‑
dos para atingir os fins desejados? O cenário da observação
foi uma Biblioteca Pública do Governo do Estado da Bahia,
localizada no centro da cidade do Salvador, tendo como par‑
ticipantes a diretora da unidade, funcionários‑agentes de
leitura e estudantes visitantes.
Hoje, a população de rua não se restringe mais à figura tra‑
dicional do mendigo pois seu perfil é cada vez mais diverso:
homens e mulheres desempregados, doentes mentais, mi‑
grantes, portadores de HIV, dependentes químicos e outros
marginalizados que, pelo fato de a maioria estar em con‑
dições de vida precária, vêem na rua uma alternativa de
vida e o medo da sociedade faz com que sejam encaradas
como alguém que não deve ser olhadas. São vistas como
uma ameaça por quem está dentro do sistema e, dada sua
aparência, roupas e corpos sujos e maltratados, provocam
medo e, também, por não terem domicílio fixo são conside‑
rados como seres invisíveis. Fazem parte do cenário urbano
e passam despercebidos por grande parte da população,
mesclando‑se ao meio da paisagem; pessoas passam por
eles, agem com indiferença, como se eles não existissem.
Quando conversamos com eles, manifestam e constroem
sua heterogeneidade como evidência de um discurso silen‑
ciado por um sistema que não permite que se configurem
como seres com identidade legitimada pelo discurso domi‑
nante. Partindo de entrevistas realizadas com essa popula‑
ção, propomos problematizar – através da análise em uma
abordagem discursiva‑desconstrutivista, perpassada pelo
olhar derrideriano, pela psicanálise freudo‑lacaniana, en‑
trecruzando‑se, sem conflitos, com a filosofia foucaultia‑
na – em suas falas, a relação entre a linguagem, identidade e
exclusão que caracterizam esse grupo social. Considerando
que a identidade resulta das representações que cada um faz
cde si e do outro e que essas representações partem sempre
do outro, nosso corpus constitui‑se dos dizeres dos passan‑
tes de rua em situação de albergue; uma vez que temos, na
modernidade, a política social de abrigagem como forma de
solucionar os problemas de abandono, violência e miséria.
O abrigo torna‑se naturalizado como o lugar de uma possí‑
vel igualdade que, na experiência de abrigo, nega e silencia
a linguagem que traduz a identidade dos passantes de rua.
52
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O TRABALHO DOCENTE
ENTRE O PRESCRITO
E O RENORMALIZADO: E AGORA,
O QUE FAZER?
O PERFIL DO APRENDIZ
DE INGLÊS ATRAVÉS
DE UMA ANÁLISE FOCADA
EM PACOTES LEXICAIS
CARLOS HÉRIC SILVA OLIVEIRA (puc–sp)
CAROLINA BOHÓRQUEZ GRONDONA (UFMG)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
No contexto da Linguística Aplicada, os estudos sobre o
trabalho tornam‑se cada vez mais atraentes. Assim, este
artigo objetiva apresentar uma reflexão sobre o trabalho
docente. Visto o ensino como trabalho, os aportes ergológi‑
cos propõem analisar a atividade humana como desenvolvi‑
mento social composta de normas antecedentes à realiza‑
ção da atividade. Todavia, no trabalho docente, o prescrito
torna‑se antecedente da renormalização que humaniza a
atividade docente. O distanciamento entre prescrição e re‑
normalização aparece tanto quanto entrecruzada focando
a situação do trabalho do professor como desenvolvimento
humano em situação educacional. A prescrição é vista como
antecipação do trabalho e a renormalização é o possível
realizável da atividade do trabalho docente. Desta feita, o
quadro epistemológico a ser abordado direciona o estudo
à Ciência do Trabalho (DANIELLOU, 2004), (NOUROUDINE,
2002) e Ergologia (SCHWARTZ, 1997, 2002, 2007, 2008),
(SOUZA‑e‑SILVA, 2002, 2004). Pretende‑se, com o olhar er‑
gológico mostrar a relação precisada entre a prescrição e a
renormalização nas atividades do contexto educacional em
situação do trabalho docente, justificando sua relevância
na complexa atividade do trabalho como instrumento in‑
trínseco entre o prescrito/planejado e a atividade provável
renormalizadora do trabalho do professor. Sendo assim, a
atividade humana quando desenvolvida através do prescrito
revelar‑se aliada à atividade de renormalização do trabalho
docente recriado.
A área de Ensino e Aprendizagem de Inglês como Língua
Adicional pode ser favorecida pelas descobertas da
Linguística de Corpus por esse campo reforçar uma visão de
língua que integra o léxico e a gramática, permitindo ofere‑
cer aos aprendizes uma perspectiva da língua em uso. Neste
trabalho focamos nos pacotes lexicais – sequências de pala‑
vras que comumente co‑ocorrem em discurso natural (Biber
et al. 1999) – por se destacarem como importantes unidades
de significado. Anteriormente, estudamos a correlação das
variáveis ‘proficiência’ e ‘uso de pacotes lexicais’ (Bohórquez
et al. 2012), partindo de pesquisas de corpora de aprendizes
brasileiros (Shepherd 2009; Dutra, Orfano & Berber‑Sardinha
2012; Dutra & Berber‑Sardinha no prelo). O presente traba‑
lho analisa os tipos de pacotes lexicais usados por aprendi‑
zes menos e mais proficientes, comparando sua produção
à de nativos no contexto da escrita acadêmica. Para tanto,
investigou‑se a lista de pacotes lexicais de dois subcorpora
do International Corpus of Learner of English (ICLE), repre‑
sentantes dos níveis menos e mais proficientes, e a lista de
pacotes lexicais do Louvain Corpus of Native English Essays
(LOCNESS). Os pacotes foram classificados de acordo com a
Lista de Fórmulas Acadêmicas (Simpson‑Vlach & Ellis 2010)
e os testes estatísticos utilizados para comparar os corpo‑
ra foram o Chi‑quadrado, ANOVA e Análise de Aglomerados.
Resultados preliminares mostram que a produção de pa‑
cotes lexicais dos aprendizes menos proficientes, em algu‑
mas situações, se aproxima do discurso oral, demonstra uso
excessivo de determinadas subcategorias e apresenta um
número menor de tipos e quantidades de pacotes lexicais
quando comparada à produção de nativos. A comparação
que apresentamos busca estabelecer traços de similaridade
e discrepância entre a produção do continuum aprendiz‑na‑
tivo, para que futuramente seja possível propor intervenções
para o desenvolvimento da fluência e acuidade de alunos de
inglês na escrita acadêmica.
53
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
FRAMEWORK DE EXPERIÊNCIAS:
CAPTURANDO A COMPLEXIDADE
NO ENSINO E APRENDIZAGEM
DE LE
CAROLINA VIANINI AMARAL LIMA (UFMG)
LAURA STELLA MICCOLI (UFMG)
Resumo de Paper
Experiências podem ser consideradas sistemas adaptativos
complexos, por encapsularem processos, cuja compreensão
exige desenrolar o emaranhado de eventos conectados à
experiência, pelos quais a experiência se constitui. Por sua
emergência natural em depoimentos de professores e estu‑
dantes sobre o que vivenciam em sala de aula, defendemos
compreendê‑la como construto para documentar a com‑
plexidade do ensino e aprendizagem de LE. O ‘framework de
experiências de estudantes e professores’ detalha a natureza
de experiências narradas, evidenciando que ensino e apren‑
dizagem extrapolam a exclusividade do pedagógico e cogni‑
tivo na sala de aula. Integram‑se a eles, domínios de experi‑
ências sociais, afetivas, contextuais, conceptuais, pessoais e
futuras, confirmando ensino e aprendizagem como proces‑
sos dinâmicos, não‑lineares e, portanto, abertos a imprevisi‑
bilidades. Neste trabalho, argumentamos pela utilização do
framework como instrumento metodológico capaz de cap‑
turar tal complexidade e apresentamos depoimentos de alu‑
nos (Miccoli 1997, 2000, 2003; Bambirra, 2009) e professoras
(Miccoli 2006,2010, Zolnier, 2011, Vianini, 2012) que a eviden‑
ciam empiricamente. A experiência, como construto, tem se
mostrado profícua, na medida em que fomenta e possibilita
estudos sobre várias questões que perpassam dinâmicas en‑
tre participantes dentro e fora de salas de aula de LE, propor‑
cionando visão holística desses processos e compreensão do
seu sentido maior.
BARREIRAS NA COMUNICAÇÃO
INTERCULTURAL ONLINE:
ANÁLISE DA CONVERSA
INTERCULTURAL EM BLOGS
DE PLA.
CAROLINE CAPUTO PIRES (UFV)
Resumo de Paper
Visando a analisar os aspectos de interação intercultural
relacionados ao ensino de português como língua adicional,
o presente artigo apresentará uma análise das barreiras en‑
frentadas por alunos na comunicação intercultural online
em blogs de PLA. O artigo mostra como o aspecto da comu‑
nicação intercultural, no qual consiste nas atividades produ‑
zidas pelos alunos intercambistas da Universidade Federal
de Viçosa na participação de um blog, enfatiza as barreiras
linguísticas na interação linguística. Os blogs de PLA são lu‑
gares de uma comunicação intercultural entre vários alunos
intercambistas de nacionalidades variadas e com diferentes
visões do mundo. Percebe‑se que a questão da cultura é cla‑
ramente analisada em blogs de comunicação intercultural,
então se observa a necessidade de observar as barreiras que
os alunos de PLA enfrentam ao participarem e inserir obser‑
vações que auxiliem na identificação de aspectos intercul‑
turais associados à nova língua e a interação online. Para
subsidiar esse trabalho nos apoiamos na experiência de en‑
sino de línguas e de ensino PLA e em teóricos como GUMPERZ
1998, GOFFMAN 1980, 1988, GARCEZ 2006, SCHRÖDER 2008,
MARCUSCHI 1998. Os resultados do estudo mostraram que
as barreiras enfrentadas pelos alunos na comunicação onli‑
ne juntamente com impedimentos linguísticos dificultam o
aprendizado da nova língua, aumentando os obstáculos que
possam ter na aquisição da língua estrangeira, o que limita‑
rá o processo de ensino e aprendizagem.
54
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O GÊNERO BIOGRAFIA
NO ENSINO DE LÍNGUA
INGLESA E O DESPERTAR
DO PENSAMENTO CRÍTICO
E DA AUTOPERCEPÇÃO EM SALA
DE AULA: DA AULA REAL PARA
O VIRTUAL
CASSIANA BITTENCOURT MUSHASHE (UTFPR)
GISELE DOS SANTOS DA SILVA (UTFPR)
Resumo de Pôster
Nesse trabalho apresentaremos o resultado de uma ativida‑
de realizada com uma turma de Ensino Médio de um colégio
estadual da periferia de Curitiba, envolvendo os gêneros bio‑
grafia e blog. Após observação e convívio ao longo de um se‑
mestre enquanto bolsistas do PIBID (Programa Institucional
de Bolsa de Iniciação à Docência) com uma turma de 1º ano,
notamos que não havia muita interação e união entre os
membros do grupo. Sendo assim, decidimos desenvolver um
exercício que além de ensinar a língua inglesa, também per‑
mitisse que os alunos se conhecessem melhor e trocassem
algumas experiências. Posto isso, tendo em vista a perspec‑
tiva de ensino de língua a partir de gêneros textuais como
propõe as DCEs de Língua estrangeira e, segundo a proposi‑
ção de Marcuschi (2002) de que toda interação verbal acon‑
tece por meio de gêneros, sendo a língua entendida como
prática social, histórica e cognitiva que privilegia sua nature‑
za funcionalista e interacionista, optamos por trabalhar, pri‑
meiramente, com o gênero biografia. Este gênero, aplicado
sob a visão do letramento crítico, além de possibilitar a abor‑
dagem de aspectos linguísticos do inglês, ainda foi uma for‑
ma eficaz de levar os alunos a refletirem criticamente sobre
suas histórias de vida e perceberem seus papéis enquanto
sujeitos participantes em determinado contexto social, his‑
tórico e cultural. Em conseguinte, após notarmos o quanto
os alunos estavam envolvidos com a tecnologia – estavam
sempre usando celulares, comentando sobre redes sociais e
jogos – decidimos utilizar o gênero digital “blog” para que os
alunos publicassem suas biografias e pudessem comparti‑
lhar suas histórias com os demais colegas de classe. O uso do
blog também foi a maneira que encontramos para trabalhar
o letramento digital com aquele grupo. Em suma, podemos
dizer que o resultado alcançado com esse trabalho foi posi‑
tivo e ressignificante tanto para os alunos quanto para nós
enquanto professoras.
AS CONSEQUÊNCIAS
DA REFLEXÃO COLABORATIVA
SOBRE UMA PESQUISADORA
CHARLENE STEPLANY MARYLIN MENESES DE PAULA (UFG)
Resumo de Paper
Nesta comunicação, apresento as consequências que o
processo de reflexão colaborativa (SMYTH, 1991; IBIAPINA,
2008; MATEUS, 2009; MOITA LOPES, 2006; PESSOA; BORELLI,
2011) – base de sustentação da pesquisa colaborativa que
realizei em 2011 no meu curso de mestrado – desempenhou
sobre mim. Tal processo, realizado ao longo de quatro me‑
ses em nove sessões reflexivas, foi permeado por micropo‑
deres (FOUCAULT, 2008), que acarretaram inúmeros confli‑
tos (IBIAPINA, 2008; PAULA, 2010) e diferentes resistências
(FOUCAULT, 2008), advindos tanto do professor (Henrique) e
da professora (Sílvia) participantes quanto da pesquisadora.
As minhas resistências apoiavam tipos específicos de verda‑
des: aquelas que rompiam com o socialmente instituído e
naturalizado. Entretanto, essas resistências, de certa forma,
acabaram sendo vistas por Henrique e Sílvia como imposi‑
ções derivadas de minhas posições ideológicas legitima‑
das em minha autoridade teórica de pesquisadora, ou seja,
tornaram‑se veículos de repressão (ELLSWORTH, 1989). Isso
me levou a reconsiderar a posição social que eu e também
os participantes ocupávamos naquele momento e a pro‑
blematizar minhas narrativas, minha relação com o saber
acadêmico e a suposta completude e imparcialidade de todo
conhecimento (ELLSWORTH, 1989). Dessa forma, os resulta‑
dos mostram a existência de verdades “para além daquelas
que o indivíduo faz ressurgir no seu discurso e na sua prática”
(IBIAPINA, 2008, p. 27). Além disso, revelam o levantamento
de questionamentos existenciais: os fundamentos científi‑
cos que eu considero estarem me libertando, não estariam,
na verdade, me oprimindo? Que tipo de saberes e que rela‑
ções de poder nos produzem? Por que temos a necessidade
de acreditar em dogmatismos? A meu ver, essas mudan‑
ças simbolizam o fortalecimento e o amadurecimento de
uma pesquisadora.
55
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
LETRAMENTO DIGITAL
E APRENDIZAGEM
NAS ORGANIZAÇÕES
CHRISTIANE HEEMANN (UFSC/UAB)
Resumo de Paper
O cenário mundial vem sofrendo inúmeras mudanças decor‑
rentes do processo de globalização e surgimento sucessivo
de novas tecnologias de informação e comunicação. Para
as organizações, tal mudança contínua faz com que elas
busquem a necessidade de investir no seu capital intelectu‑
al e uma resposta para essas transformações é a Educação
Corporativa por meio da Educação a Distância, onde as or‑
ganizações encontraram espaço para atender um grande
número de pessoas. Esta expansão se justifica pelos custos
elevados da educação presencial, limitações geográficas
e de tempo. Nas organizações a aprendizagem também
ocorre, e o engajamento em atividades online e as diversas
interações levam a diferentes tipos de aprendizagem que
requerem a apropriação das tecnologias de informação e
comunicação pelos participantes. Tal aprendizagem está li‑
gada ao letramento digital que demanda uma nova maneira
de ser no mundo e de se relacionar. O domínio perfeito para
se refletir sobre a aliança do conhecimento, aprendizagem
e prática no local de trabalho é a ideia central de uma co‑
munidade de prática (LAVE e WENGER, 2006). Este trabalho
almeja apresentar questões relacionadas à aprendizagem
no local de trabalho e comunidades de prática, vislumbran‑
do possibilidades futuras de ensino e aprendizagem em
contextos diferenciados.
A IDENTIDADE
DO PROFESSORADO DE LÍNGUA
INGLESA DE UMA REDE PÚBLICA
MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO
E SEUS MAIORES DESAFIOS
NA SALA DE AULA DE UMA
CAPITAL BRASILEIRA
CHRISTINE SANT ANNA DE ALMEIDA (Puc–SP)
Resumo de Paper
Esta proposta de comunicação tem por objetivo apresentar
parte de uma pesquisa de doutorado em andamento. Tal
pesquisa tem como objetivo maior elaborar uma proposta
de educação continuada para o grupo de professores de lín‑
gua inglesa de uma rede pública municipal de educação bá‑
sica em um estado da região sudeste da federação brasileira.
O específico foco desta apresentação está na identidade do
professor de língua inglesa de uma rede pública municipal de
educação em uma capital do sudeste brasileiro, bem como
na visão desses ao elencarem seus maiores desafios dentro
de sala de aula. Esses dados foram obtidos por meio de ques‑
tionários (FOWLER, 1990, e GILLHAM, 2000) na coleta de da‑
dos realizada entre maio e setembro de 2012, que continham
questões que versavam quanto ao perfil do profissional da
educação, quanto a seus maiores desafios no seu fazer pe‑
dagógico, bem como quanto suas aspirações e desejos em
relação a um programa de educação continuada, que real‑
mente vise suas necessidades e trilhe sólidos caminhos para
seu desenvolvimento profissional.
56
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
POLÍTICA DE EDUCAÇÃO ONLINE
CHRISTOPHER DANE SHULBY (USP)
Resumo de Paper
O objetivo deste artigo é mostrar a necessidade de prepa‑
ração adequada dos docentes e as normas especificamente
para o ambiente online e examina a literatura atual utilizan‑
do o método de síntese agregadora. Diversas instituições de
educação e governo foram analisados em uma abordagem
temática. Os temas explorados são: 1) moderna geração
“nativo digital” de alunos; 2) nuances da sala de aula online;
3) ensino online eficaz; 4) tecnologia hoje; 5) programas de
formação de professores. Os observações foram sintetiza‑
dos para fazer recomendações objetivas para o futuro da
aprendizagem online. Verificou‑se que que a web traz novas
possibilidades, bem como limitações e deve ser avaliada por
padrões diferentes de qualidade sem excesso de degradação,
nem valorização. No papel novo de facilitador, o professor
deve ser orientador dos alunos numa abordagem centrada
no estudante. Isto requer uma mudança também no papel
do aluno de passivo para ativo. O facilitador deve criar prá‑
ticas eficazes orientadas para o aluno que assistem a aquisi‑
ção de novos conceitos. As práticas eficazes começam com
uma melhor filosofia pedagógica organizada, que é melho‑
rada por usos inovadores de tecnologia. Com a abundância
atual de opções, é importante para os programas online
planejar bem. Não há falta de ferramentas, mas sim de pro‑
fissionais com formação adequada na área. A educação no
ensino online no estado atual é verde e muito pouco desen‑
volvida. As universidades e agências governamentais devem
desenvolver um padrão de qualidade para os professores e
os componentes da sala de aula virtual. A sala de aula virtual
é diferente, mas ela deve oferecer aos estudantes resultados
comparáveis aos da sala de aula tradicionais.
INTERAÇÃO E APRENDIZAGEM
EM SITES DE REDES SOCIAIS:
UMA ANÁLISE A PARTIR DAS
CONCEPÇÕES SÓCIO‑HISTÓRICAS
DE VYGOTSKY E BAKTHIN.
CÍNTIA REGINA LACERDA RABELLO (UFRJ)
Resumo de Paper
A forte inserção das Tecnologias da Informação e da
Comunicação (TICs) no contexto educacional no século XXI
apresenta grandes desafios para a educação. Por outro lado,
se abrem também inúmeras oportunidades de transforma‑
ção nos contextos de ensino e aprendizagem onde profes‑
sores e alunos dispõem de diversas ferramentas online que
ampliam as possibilidades de interação e construção colabo‑
rativa de conhecimento para além do ambiente da sala de
aula como é o caso da utilização de Sites de Redes Sociais
(SRSs). Este trabalho tem como objetivo refletir sobre a con‑
tribuições das concepções sócio‑históricas de Vygotsky e de
Bakhtin na aprendizagem mediada pelas TICs a partir de uma
experiência de utilização de Site de Rede Social no ensino de
língua inglesa no ensino superior. O trabalho relata um estu‑
do exploratório de um grupo formado no SRS Facebook com
o objetivo de expandir as interações realizadas na sala de
aula. A pesquisa, de caráter interpretativista com elementos
de etnografia virtual, buscou identificar como as interações
realizadas no SRS contribuíram para a criação de áreas de
desenvolvimento potencial que conduzem à aprendizagem.
57
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A INTERAÇÃO EM UM PROJETO
DE MULTILETRAMENTOS
NA UNIVERSIDADE: HIBRIDISMO
DE COMPETÊNCIAS
O USO DE TECNOLOGIAS
DE INFORMAÇÃO
E COMUNICAÇÃO (TIC) EM SALA
DE AULA NO ENSINO DE INGLÊS
CLARA DORNELLES (UNIPAMPA)
CLARA VIANNA PRADO (PUC–SP)
ANTONIA NILDA DE SOUZA (UNIPAMPA)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
As tecnologias que nos circundam favorecem a reorgani‑
zação dos papéis desempenhados pelos sujeitos em suas
práticas sociais (SANTAELLA, 2007) e esse processo se desen‑
volve pela articulação entre letramentos escolares e multi‑
‑hipermidiáticos (SIGNORINI, 2012). Para verificar como essas
dinâmicas ocorrem em contextos específicos de ensino‑
‑aprendizagem, este trabalho tem o propósito de analisar os
papéis assumidos pelos editores do Jornal Universitário do
Pampa (JUNIPAMPA), ao interagirem para co‑construírem o
jornal. O JUNIPAMPA, uma ação do Laboratório de Leitura e
Produção Textual (LAB), integra em sua equipe professores,
alunos e técnicos de uma universidade federal no sul do país,
além de membros da comunidade não acadêmica, e visa pro‑
porcionar o uso da linguagem em diferentes práticas sociais,
contribuindo para a expressão informativa, crítica e artística,
na perspectiva dos multiletramentos (ROJO, 2012; SIGNORINI,
2012). Neste trabalho, analisamos a interação co‑construída
pela equipe editorial do JUNIPAMPA, em momentos conside‑
rados “chaves” para o (re)direcionamento das ações em curso.
Buscamos na etnografia virtual (MONTEIRO, 2012; ESTALELLA,
ARDÈVOL, 2007) os elementos que nos permitiram fazer al‑
gumas escolhas metodológicas e de análise, e na socio‑
linguística interacional o conceito de ‘footing’ (GOFFMAN,
2002), que possibilitou verificar “o que está acontecendo” na
interação focalizada e quais papéis os interagentes estão as‑
sumindo. Os dados foram gerados no período de abril a no‑
vembro de 2012, e incluem interações realizadas pela equipe
editorial no Facebook, por e‑mail e em reuniões registradas
em vídeo, além de anotações de campo. Os resultados apon‑
tam para a simetria de papéis e hibridismo de competências
entre os participantes, em que o ensino‑aprendizagem se
dá de forma transdisciplinar, orientado para a resolução de
problemas. (Projetos CNPq no. 475305/2010–8 /FAPESP no.
2010/41497–9 /PIBIC e PROEXT MEC)
O presente trabalho visa apresentar contribuições acerca
do uso das tecnologias de informação e comunicação (TIC)
em sala de aula no ensino de inglês. Pretende, ainda, con‑
tribuir para (1) um melhor entendimento de como se tem
usado a tecnologia (2) como os alunos adolescentes fazem
uso destes equipamentos em seu dia a dia (3) discutir as pos‑
sibilidades de aplicação destas tecnologias na sala de aula
do ensino de inglês. As bases teóricas que sustentam o es‑
tudo são a Teoria Sócio Histórica e Cultural que tem foco no
desenvolvimento e aprendizagem e na Teoria da Tecnologia
da Informação. Este projeto se configura em uma pesquisa
qualitativa interpretativista de natureza etnográfica e os
instrumentos de coleta serão questionários e filmagens de
entrevistas conduzidas com alunos adolescentes de diversos
contexto durante um período de 6 meses a contar de novem‑
bro de 2012. A realidade atual e a necessidade de estudos so‑
bre o uso de tecnologia na escola é revelada pela existência
de diversas pesquisas nacionais e internacionais como por
exemplo o projeto interinstitucional “Perspectivas globais
no ensino e desenvolvimento através de mídias de edição de
vídeo digitais: Um estudo qualitativo no dia a dia de adoles‑
centes marginalizados” que já vêm sendo desenvolvidas pelo
programada de Pós Graduação em Linguística Aplicada e
Estudos da Linguagem da PUC–SP em conjunto com universi‑
dades estrangeiras ao qual esta pesquisa está ligada; por pu‑
blicações sobre o tema, como Novas Tecnologias, Pressões
e Oportunidades por Demo (2009) ou Tecnologias para
Transformar a Educação por Sanchos e Hernandez (2006).
58
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A INTEGRAÇÃO DE CALL
– COMPUTER ASSISTED
LANGUAGE LEARNING – NOS
CURSOS DE LETRAS DO ESTADO
DO PARANÁ
CLAUDIA BEATRIZ MONTE JORGE MARTINS (UTFPR)
LETRAMENTOS
TRANSNACIONAIS E FORMAÇÃO
PLURILÍNGUE: IMPLICAÇÕES
PARA PESQUISA EM ENSINO
DE LÍNGUA E FORMAÇÃO
DE PROFESSORES
CLÁUDIA HILSDORF ROCHA (CEL/UNICAMP)
Resumo de Paper
A relevância da tecnologia no ensino de línguas estrangeiras
(LE) é inegável. Entretanto, assim como em outras áreas, a
integração não tem ocorrido como se esperava. O ensino de
LE é uma das únicas áreas de estudos que possui um campo
com nome específico para estudar a sua relação com a tec‑
nologia: CALL ‑ Computer Assisted Language Learning. Esse
acrônimo, apesar das críticas, é sigla consolidada em pes‑
quisas e organizações que focam LE e tecnologia. CALL é um
ramo jovem da Linguística Aplicada e é por natureza inter‑
disciplinar. Apesar das inúmeras pesquisas sobre CALL, ainda
existem lacunas significativas, especialmente no tocante à
sua integração em sala. Nesta comunicação serão apresen‑
tados e discutidos os resultados de um estudo que analisou
a integração de CALL nos cursos de Letras do Paraná, a partir
da perspectiva dos professores de LE. O referencial teórico
usado foi o Modelo Esférico de Integração de CALL de Hong
(2009). Esse modelo sintetiza descobertas anteriores e mos‑
tra que são três os conjuntos de fatores que representam
a essência dessa integração: formação de professores em
CALL/tecnologia, fatores individuais e fatores contextuais.
A pesquisa foi do tipo levantamento quantitativo. O instru‑
mento de coleta de dados foi um questionário fechado (seis
seções / escalas Likert), distribuído para todos os professo‑
res de LE de Letras do Paraná. O uso da tecnologia não foi
considerado um construto unitário, mas sim multifacetado.
Buscou‑se evitar as limitações analíticas em casos onde os
professores usam a tecnologia para diferentes propósitos.
Os resultados obtidos mostram como os três conjuntos de
fatores do modelo se relacionam com esses usos multiface‑
tados e quais são determinantes para a integração de CALL.
A partir desses resultados, professores, formadores de pro‑
fessores, administradores, etc. podem tomar decisões in‑
formadas sobre CALL e são mostrados caminhos para que a
integração deixe de ser um problema sem solução.
RUBERVAL FRANCO MACIEL (UEMS)
Resumo de Paper
Se ler e escrever são meios pelos quais as pessoas alcan‑
çam e são alcançadas por outros contextos, então há mais
questões acontecendo localmente do que a prática social
(WARRIER, 2009). O estudo dos letramentos no âmbito das
línguas estrangeiras como prática social tem pouco teori‑
zado o letramento também como uma prática que envolve
a habilidade de se manter, viajar, integrar e, neste sentido,
Brandt e Clinton (2002) sugerem que as pesquisas nesta
temática considerem os potenciais transcontextualizados
e transcontextualizantes do que são frequentemente des‑
critos como práticas sociais locais. Nessa direção e com
foco mais específico no ensino de línguas adicionais, al‑
guns pesquisadores têm buscado aproximar as filosofias
dos Multiltramentos (COPE; KALANTZIS, 2000) e dos Novos
Letramentos (GEE, 2010) das teorizações bakhtinianas, com
vistas à formação plurilíngue (ROCHA, 2010; 2012). Assim
sendo, esta comunicação tem por objetivo apresentar algu‑
mas considerações iniciais sobre o conceito de letramentos
transnacionais (SPIVAK, 1992; BRYDON, 2012; BLOMMAERT,
2010; PRINSLOO, 2009; MACIEL, 2012; MOHANTY, 2009) e sua
interface com o ensino de língua de base crítica (PENNYCOOK,
2012), ecológica (NUNES, 2005) e participatória (JENKINS,
2009). Além disso, pretende‑se brevemente relatar as pes‑
quisas desenvolvidas em contextos internacionais sobre le‑
tramentos transnacionais, visando à discussão acerca de fu‑
turas direções e de suas possíveis implicações para o ensino
de línguas em um mundo globalizado. Por fim, será relatado
um diálogo de pesquisa envolvendo universidades brasilei‑
ras e canadenses – Brazil–Canada knowledge Exchange: de‑
veloping transnational literacies (BRYDON et al, 2010).
59
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A CONSTRUÇÃO DIALOGICA DOS
SABERES NO CURSO TÉCNICO
DE MECÂNICA
CLAUDIA MARIA VASCONCELOS LOPES (CEFET/RJ)
Resumo de Paper
Há muito tempo a sala de inglês para fins específicos tem
sido palco para o ensino‑aprendizagem de leitura de textos
em áreas específicas. Porém, novas demandas educacionais
fazem com que nós, professores de língua inglesa,inaugu‑
remos novas práticas na sala de ESP. Tendo em vista a lei‑
tura como prática social,a educação como um fenômeno
interdisciplinar (Cf. Fazenda 2011),e a tendência contem‑
porânea de transpor barreiras disciplinares através da con‑
traposição e articulação de conhecimentos (BASTOS; MOITA
LOPES, 2010) percebo a necessidade de visitar práticas que
coadunem com as essas novas demandas (Cf. Lopes, 2007).
Assim sendo, esta comunicação tem como objetivo princi‑
pal discutir a leitura em língua estrangeira como fonte de
conhecimento no viés da interdisciplinaridade. Dessa forma,
desenvolvo uma investigação de base etnográfica, seguindo
o paradigma interpretativista, a fim de melhor compreender
a sala de aula de inglês inserida no contexto do curso técnico
de Mecânica com objetivo de buscar novos caminhos para a
construção do conhecimento.
AS MARCAS EVIDENCIAIS
NA FALA DOS ACADÊMICOS
ANGOLANOS: UMA REFLEXÃO
SOBRE O ESTATUTO DA LÍNGUA
PORTUGUESA FUNDAMENTADA
NO CORPUS DO PROFALA
CLÁUDIA RAMOS CARIOCA (UFC)
Resumo de Paper
Na linha de pesquisa sobre as políticas linguísticas, o pre‑
sente estudo explicita o quadro sociolinguístico de Angola,
particularizando a política linguística e o estatuto da língua
portuguesa, como também mostra as representações que
os acadêmicos guineenses constroem em seu dizer de língua
materna (LM), língua segunda (L2) – língua oficial (LO) e lín‑
gua nacional (LN) – e língua estrangeira (LE) (GROSSO, 2005).
A metodologia adotada far‑se‑á em duas etapas: a primei‑
ra diz respeito ao levantamento bibliográfico acerca do es‑
tatuto linguístico de Angola, tendo como foco a situação
de oficialidade da língua portuguesa neste país; a segunda
apresenta uma análise linguístico‑discursiva das falas de dez
dos acadêmicos angolanos, constituídas a partir do corpus
do projeto Variação e Processamento da Fala e do Discurso:
análises e aplicações (PROFALA) que utiliza o questionário
do Atlas Linguístico Brasileiro (ALIB) para realização das
entrevistas. O questionário é constituído por questões que
focalizam aspectos fonético‑fonológicos, semântico‑lexi‑
cais, morfossintáticos, pragmáticos e metalinguísticos. Este
trabalho faz um recorte do questionário e analisa três das
perguntas metalinguísticas que foram reformuladas para o
contexto africano. Nas falas dos angolanos, a análise focali‑
zará as marcas evidenciais (DIK, 1989; HENGEVELD, 1989), que
revelam o nível de comprometimento dos acadêmicos com
as várias línguas que coexistem no território angolano.
60
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
NARRATIVAS DE APRENDIZAGEM
DE INGLÊS COMO LINGUA
ESTRANGEIRA NA FORMAÇÃO
DE ALUNOS‑PROFESSORES
DE AÇU/RN
CLEITON CONSTANTINO OLIVEIRA (UFSC)
Resumo de Paper
Considerando pesquisas recentes que se preocupam com
o estudo do indivíduo, este artigo apresenta um recorte de
uma investigação biográfica realizada com quatro alunos
universitários de Inglês do estado do Rio Grande do Norte/
Brasil. O estudo objetiva capturar as especificidades e com‑
plexidades nos processos desenvolvimentais de dois grupos
de alunos de Inglês como língua estrangeira: dois alunos de
graduação e dois de especialização. Assim, a pesquisa tem
o intuito de compreender (a) como esses alunos concebem
suas próprias aprendizagens de Inglês e (b) como eles veem
a si próprios enquanto alunos de Inglês. Os dois grupos de
alunos verbalizaram, por meio de entrevistas semi‑estrutu‑
radas, suas experiências passadas com a aprendizagem de
Inglês em diferentes contextos. A biografia dos alunos foi
organizada em histórias de aprendizagem e analisadas sob
uma abordagem narrativa. Essas biografias revelaram que
as abordagens de aprendizagem adotadas pelos alunos são
particularmente influenciadas pelo impacto dos diferentes
contextos de aprendizagem sob os quais eles estiveram
expostos durante o processo educacional. Os resultados
da pesquisa indicam que os dois grupos de abordagens pa‑
recem estar altamente vinculados ao interesse por cursos
de Inglês no grupo da graduação; e auto‑esforço no grupo
da especialização. Os resultados também sugerem que es‑
sas abordagens são flexíveis, fluidas e sujeitas a mudanças
constantes, e que, portanto, são capazes de se entrelaçarem
uma com as outras.
DESAFIANDO O PARADIGMA
DE QUE NÃO SE APRENDE INGLÊS
NA ESCOLA
CLIMENE F. B. ARRUDA (UFMG)
Resumo de Paper
A literatura retrata problemas e desafios (BARCELOS
E COELHO, 2007), em relação ao processo de ensino/apren‑
dizagem de língua estrangeira, que poderiam justificar o
paradigma da ‘escola como lugar da não aprendizagem do
inglês’, em especial, as da rede pública de ensino. Vários
estudos revelam um quadro desfavorável ao ensino de in‑
glês na escola pública, como, por exemplo, os descritos em
Gimenez et al. (2003), Gasparini (2005), Uechi (2006), den‑
tre outros. No entanto, é preciso alimentar a esperança na
possibilidade da aprendizagem de inglês na escola regular e
buscar evidências de experiências de sucesso nesse contexto.
Sendo assim, o objetivo deste trabalho é mostrar algumas
histórias de sucesso na aprendizagem, na escola pública e
particular, narradas pelos aprendizes e por seus respectivos
professores, a fim de discutir como se explicam essas expe‑
riências bem‑sucedidas, bem como, quais experiências se
relacionam ao sucesso na aprendizagem, buscando, assim,
desconstruir o paradigma de que é impossível aprender nes‑
te contexto. Para tanto, a investigação narrativa foi adota‑
da como método de estudo. Desse modo, foram coletadas
narrativas estudantes –da rede pública e da rede privada de
ensino, bem como, narrativas de seus professores. No ma‑
peamento e categorização das experiências bem‑sucedidas,
vivenciadas pelos estudantes participantes, utilizou‑se o
marco de referência de experiências de Miccoli & Bambirra
(2009). Os resultados demonstram que o agenciamento
(AHEARN, 2001) dos aprendizes, relacionado à motivação,
tem efeitos significativos na aprendizagem da língua. As im‑
plicações desses resultados evidenciam que tratar de ques‑
tões relacionadas a experiências de aprendizagem, na sala
de aula de língua, pode fazer diferença no aprendizado dos
estudantes de língua inglesa da escola regular.
61
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS
E FORMAÇÃO DE PROFESSORES:
(DES)ARTICULAÇÕES DOS
DISCURSOS FORMADORES
LETRAMENTO
E ETNOLEXICOGRAFIA
NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
COSME BATISTA DOS SANTOS (UNEB)
CLORIS PORTO TORQUATO (UEPG)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Neste trabalho, que é parte de uma pesquisa mais ampla,
discuto diferentes ações de políticas linguísticas desenvol‑
vidas pelo Estado voltadas, sobretudo, para formação de
professores. Essas políticas, enunciadas em documentos
oficiais que se pretendem orientadores do ensino, tratam do
ensino de língua portuguesa, de línguas indígenas, de LIBRAS
e de línguas adicionais. No presente recorte da pesquisa, a
metodologia utilizada é caracterizada como análise docu‑
mental, com especial enfoque para a produção dos textos
analisados. Com base no arcabouço teórico‑metodológico
bakhtiniano, são conceitos fundamentais para análise: sig‑
no ideológico, gêneros do discurso e dialogismo. Neste tra‑
balho, são analisados diferentes volumes dos Parâmetros
Curriculares Nacionais relativos ao ensino de línguas (por‑
tuguesa e adicionais), documentos relativos ao ensino de
LIBRAS ou de língua portuguesa para surdos e documentos
relativos à educação escolar indígena. Uma análise prévia
destes documentos mostra, dentre outros aspectos, que,
embora tenham sido produzidos no âmbito do Ministério
da Educação, parece não haver articulação entre os textos,
como se a realidade linguística de cada grupo sociolinguís‑
tico (como surdos e indígenas) em foco no documento não
estivesse articulada ao contexto sociolinguístico mais am‑
plo. Essa ausência de articulação pode afetar a formação dos
professores no sentido de estes não desenvolverem ações
pedagógicas adequadas à complexidade sociolinguística
mais ampla em que estão inseridos.
No mês de março de 2012, em um curso de sociolinguística re‑
alizado no curso de Licenciatura Intercultural em Educação
Escolar Indígena – LICEEI ‑ UNEB, foi apresentada como uma
das demandas de formação, o estudo lexicográfico das va‑
riantes linguísticas em uso nas comunidades indígenas en‑
volvidas no curso. O objetivo deste artigo é analisar a produ‑
ção de verbetes dos professores indígenas em conflito com
os verbetes sugeridos nos dicionários tradicionais de língua
Portuguesa. O pressuposto metodológico se filia à pesquisa
qualitativa, do tipo pesquisa‑ação‑formação, e o pressupos‑
to teórico é da Linguística Aplicada, de base interdisciplinar,
envolve um quadro conceitual configurado pelos estudos do
letramento intercultural, da sociolinguística e pelos estudos
etnolexicográficos. A produção dos professores levou em
conta o respeito pelo dialeto em uso, como uma demanda
da sociolinguística e da cultura, e, ao mesmo tempo, o regis‑
tro escrito dos verbetes, como uma demanda da formação
do professor da educação escolar indígena
62
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O QUE É APRENDER INGLÊS
A DISTÂNCIA? CRENÇAS
DE ALUNOS E A MOTIVAÇÃO
CRISTIANE MANZAN PERINE (UFU)
A GENRE‑BASED METHODOLY
FOR TEACHING ENGLISH
AS FOREIGN LANGUAGE
IN A PUBLIC SCHOOL IN BRAZIL
CRISTIANE MARIA MARTINS GALVÃO (IFG)
Resumo de Paper
Considerando a Linguística Aplicada com ciência responsiva
à vida social contemporânea (MOITA LOPES, 2006) e, posto
que, o contexto social contemporâneo é mediado por tec‑
nologias digitais, neste trabalho, focalizamos como se con‑
figuram construtos afetivo‑cognitivos em ambientes virtu‑
ais de aprendizagem. Propomos, então, discutir os resulta‑
dos parciais de uma pesquisa de mestrado que investiga as
crenças de alunos acerca da aprendizagem de língua inglesa
a distância e sua conexão com a motivação para aprender.
Entendemos crenças como ideias, opiniões e pressupostos
que alunos têm a respeito dos processos de ensino/aprendi‑
zagem de línguas formulados a partir de suas experiências
(BARCELOS, 2001) e motivação algo que nos leva a iniciar e
sustentar uma ação (DÖRNYEI, 2005). Essa investigação
contou com a participação de 10 alunos de diferentes cur‑
sos de graduação de uma universidade federal no interior
de Minas Gerais, inscritos na disciplina “Inglês Instrumental
a Distância” (IngRede). Nesta pesquisa de cunho qualita‑
tivo, os dados foram coletados por meio de questionários,
diários reflexivos, entrevistas virtuais e observação da par‑
ticipação dos alunos na plataforma Moodle. Na análise dos
dados, fez‑se útil o WordSmith Tools. Os dados indicam que
os alunos possuem diversas crenças sobre aprender inglês a
distância, o uso do computador e os papéis de professores
e alunos nesse contexto. Apontam ainda para uma perspec‑
tiva dinâmica da motivação, a qual parece ser intensificada
em um contexto a distância, e as múltiplas influências entre
o contexto formal de aprendizagem e crenças de aprendizes.
Esperamos que este trabalho venha a contribuir com estu‑
dos sobre crenças e motivação buscando apontar implica‑
ções para o processo de ensino/aprendizagem de línguas a
distância, visto que tais construtos têm sido pouco explo‑
rados nesse contexto, bem como fomentar discussões e de‑
safios no campo acadêmico referente à disponibilização de
disciplinas de línguas em ambientes virtuais.
Resumo de Pôster
This presentation describes a genre‑based methodolo‑
gy of teaching English as a foreign language in a public
high‑school in Brazil. The purpose of the chosen method‑
ology was involving students with the process of learning
English as a foreign language and encouraging them to
construct meaning through different modalities of texts.
All activities were proposed and based on a theoretical re‑
search on genres, motivating the students through written
and oral production with the focus on purposeful commu‑
nicative situations that were appropriate to their age and
needs. Through this methodology the participants learned
vocabulary, text types, grammar, pronunciation, intonation
according to different contexts, themes or topics. The activ‑
ities were all developed in groups in order to maximise lan‑
guage interaction encouraging risk taking. The texts types
used were: music through lyrics and karaoke, telephone
conversation, biographies, directions and many others. The
findings of this experience are particularly suitable for edu‑
cational contexts where the students are low in proficiency
of English as a foreign language (EFL).
63
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
COCONSTRUINDO
NARRATIVAS E NEGOCIANDO
AUTORIDADE: A FABRICAÇÃO
DA ESTRUTURA FORMAL
DA NARRATIVA EM INTERAÇÕES
COTIDIANAS FAMILIARES
NA FALA‑EM‑INTERAÇÃO
CRISTIANE MARIA SCHNACK (UNISINOS)
Resumo de Paper
Narrativas materializam o mundo, e são o espaço intera‑
cional no qual nos posicionamos em relação às experiências
que tivemos (OCHS; CAPPS, 2001). Ao propor que narrativas
orais sejam tornadas objeto legítimo de pesquisa, Labov e
Walestky (1967) possibilitam que tais narrativas sejam es‑
crutinadas em sua estrutura formal (LABOV; WALESTKY, 1967)
e interacional (SACKS, 1992). Narrar possibilita que narra‑
dor e endereçados tornem‑se conarradores da existência
(C.GOODWIN, 1984). Para além de sua estrutura formal inter‑
na, uma narrativa sustenta‑se e organiza‑se em função de
seus propósitos interacionais (M.GOODWIN, 1990; DE FINA,
2009), que norteiam a posição a ser adotada pelos conarra‑
dores. Calcado na etnografia (O´REILLY, 2009), este estudo
analisa narrativas familiares sobre a experiência escolar de
uma criança valendo‑se do arcabouço teórico‑analítico da
análise da fala‑em‑interação (SACKS, 1992). Participar e en‑
volver‑se em narrativas constitui‑se a “cola” social (OCHS;
CAPPS, 2001) que cria e mantém laços familiares. Contudo,
as análises demonstram que participar e envolver‑se estão
intrinsecamente relacionados à atividade realizada através
da narrativa, como a negociação de autoridade familiar, por
exemplo. A pesquisa contribui para os estudos de narrati‑
vas, no âmbito da Linguística Aplicada, ao evidenciar que a
estrutura formal da narrativa não se sustenta senão na in‑
teração, sendo fruto da atividade na qual os interlocutores
se engajam.
O TRABALHO COM O GÊNERO
CARTA DE SOLICITAÇÃO
A PARTIR DE SEQUÊNCIAS
DIDÁTICAS: POTENCIALIDADES
DE UMA ABORDAGEM.
CRISTIANE NORDI (UFSCAR)
Resumo de Paper
Esta pesquisa tem o objetivo de problematizar o trabalho
com gêneros na escola, a partir de uma proposta de interven‑
ção, junto a uma turma de sexto ano do Ensino Fundamental
de uma escola pública do interior de São Paulo. O referencial
teórico está pautado nos estudos do Interacionismo Social
(BAKTHIN, 2000, 2002; VYGOTSKY, 1989) e especificamente
nos estudos advindos do Interacionismo Sócio discursivo,
em sua vertente didática sobre a utilização dos gêneros
textuais em sala de aula (BRONCKART; DOLZ, NOVERRAZ e
SCHNEWULY, 2004, 2005, 2006, 2007). A fim de desenvol‑
ver um trabalho que integrasse as práticas lingüísticas, que
favorecesse o uso situado da língua e que contribuísse com
o desenvolvimento efetivo dos alunos, optou‑se metodo‑
logicamente pelo desenvolvimento de uma seqüência di‑
dática (SD), enquanto instrumento de trabalho docente e
de coleta de dados para a investigação. Assim, adotamos a
perspectiva da Pesquisa–Ação, encontrando no paradigma
qualitativo o caminho natural, já que esta pesquisa é uma
forma orientada para a resolução de problemas e/ou a trans‑
formação de uma dada situação. Os resultados alcançados
com a pesquisa demonstraram algumas potencialidades da
SD enquanto metodologia de trabalho com a língua. Esta é
um excelente método para identificar as capacidades e difi‑
culdades dos alunos e de melhor adaptar o trabalho do pro‑
fessor na aula. Dessa maneira, os resultados demonstraram
que o desenvolvimento da Sequência Didática é produtivo e
viável, porque torna possível ao professor trabalhar conteú‑
dos formais (ortografia, flexão verbal) e a produção textual
ao mesmo tempo, além, do mais importante, que é a função
social do gênero. Por fim, não menos importante, a elabo‑
ração do modelo didático e da própria SD fez com que me
apropriasse de teorias importantes para a minha formação,
o que me fez perceber que só mudamos a prática quando en‑
tendemos e nos apropriamos de teorias adequadas à natu‑
reza da linguagem.
64
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
DE LÍNGUA INGLESA: ESTUDOS
ACERCA DA COGNIÇÃO
INFORMADA E COGNIÇÃO
REPRESENTADA NA PRÁTICA
CRISTIANE OLIVEIRA CAMPOS GONELLA (UFSCAR)
CLAUDIA JOTTO KAWACHI‑FURLAN (UFSCAR)
ELIANE HERCULES AUGUSTO‑NAVARRO (UFSCAR)
Resumo de Paper
Nesta comunicação, apresentaremos dados obtidos em
duas pesquisas de pós‑graduação que buscaram investigar
a cognição do professor de língua inglesa pré‑serviço e em
serviço. De acordo com Borg (2006), a prática de professores
é influenciada por uma gama de cognições pré‑ativas, inte‑
rativas e pós‑ativas. Nesse sentido, o ensino de línguas pode
ser visto como um processo que é definido por interações
dinâmicas entre cognição, contexto e experiência. Em um
dos trabalhos, buscamos investigar a cognição do professor
recém formado com relação ao ensino‑aprendizagem de
gramática, tendo em vista que a formação teórica desses
participantes foi pautada nos estudos de Batstone (1994) e
Larsen‑Freeman (2003) que defendem a visão de gramática
fundamentada na possibilidade de desenvolvê‑la como ha‑
bilidade (grammar as a skill / grammaring). Em outro estudo,
analisamos a cognição de professores em formação acerca
da utilização de gêneros discursivos na produção de material
didático para o ensino de inglês. Investigamos tanto a cog‑
nição informada como a cognição representada na prática,
ambas discutidas por Borg (2006), sendo que a análise da
última revelou grande empenho por parte dos participantes
no sentido de integrar o conhecimento teórico à atividade
prática (JOHNSON, 2006). Os resultados de ambos os estu‑
dos sugerem que as oportunidades de prática assistida du‑
rante a formação docente contribuíram para a articulação
teoria e prática. Desse modo, verificamos que quando o foco
da formação deixa de ser o que os futuros professores devem
saber para recair sobre quem são eles e como eles aprendem
a ensinar (GRAVES, 2009), a formação se estabelece como
um processo de desenvolvimento, com impactos mais signi‑
ficativos e melhor compreendidos.
RELAÇÕES ÉTNICO‑RACIAIS
NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO
DE LÍNGUA INGLESA
CRISTIANE ROSA LOPES (UEG)
Resumo de Paper
Apesar de vários documentos oficiais, como, por exemplo,
os Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL, 1998, 2000) e
a Lei Federal 10.639/03 (BRASIL, 2003), tornarem obrigatória
a educação das relações étnico‑raciais nas escolas públicas
e privadas de Ensino Fundamental e Médio, pesquisas indi‑
cam que muitos cursos de formação de professores/as ain‑
da não integraram a diversidade étnico‑racial às suas pau‑
tas (FERREIRA, 2006, 2008, 2009; GONÇALVES, MENEZES &
TEODORO, 2011; MOITA LOPES, 2002; SILVA, 2011). Diante disso,
as universidades estão sendo formalmente instruídas para a
inclusão de discussões sobre diversidade em seus currículos
(BRASIL, 2002, 2005). Esta comunicação visa discutir resul‑
tados iniciais de uma pesquisa, que tem como objetivo ca‑
pacitar alunos/as da graduação em Letras: Português/Inglês,
de uma universidade pública no interior de Goiás, para a in‑
corporação de atividades críticas, focando o tema raça/et‑
nia, nas aulas de língua inglesa do Estágio Supervisionado.
A discussão tem como embasamento teórico: a Linguística
Aplicada Crítica (MOITA LOPES, 1999, 2002, 2006; PENNYCOOK,
2001, 2006); a formação crítica de professores/as (FERREIRA,
2006, 2009; GIROUX, 1997, PESSOA & BORELLI, 2011); racismo e
educação (CAVALLEIRO, 2001, FERREIRA, 2011).
65
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
USO DE CORPORA PARA
O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA
PARA PROFISSIONAIS
DE PUBLICIDADE
CONTRIBUIÇÕES
FOUCAULTIANAS PARA
A POLÍTICA LINGUÍSTICA: PODER
E DISCURSO EM TELA
CRISTINA MAYER ACUNZO (PUC–SP)
CRISTINE GORSKI SEVERO (UFSC)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Esta pesquisa objetivou o desenvolvimento de atividades
de ensino de inglês como Língua Estrangeira com o uso de
corpora para profissionais da área de Publicidade. O ensino
Línguas Estrangeiras para profissionais de áreas específi‑
cas é um desafio, por existir pouco material disponível no
mercado que atenda às necessidades dos alunos de comu‑
nicar‑se em seu meio profissional. Além disso, o uso de cor‑
pora na preparação de materiais e sua aplicação na sala de
aula ainda são incipientes. Baseamo‑nos na Linguística de
Corpus, que proporciona a pesquisa, o estudo e a explora‑
ção da língua em uso (BERBER SARDINHA, 2004) por meio da
análise de um corpus e de ferramentas computacionais que
nos permitem extrair os padrões lexicogramaticais distinti‑
vos da área estudada. Coletamos e analisamos um corpus
de 1 milhão de palavras da área de Publicidade e desenvolve‑
mos dois tipos de atividades, que envolveram pressupostos
de ensino variados, de forma a mostrar que atividades com
corpora podem ser utilizadas independentemente da abor‑
dagem de ensino usada pelo professor. Alguns dos padrões
estudados e usados nas atividades são: ad spending, ad
network(s), ad revenue, ad campaign(s), run an ad, launch
an ad, place an ad e do an ad. As atividades proporcionam
aos alunos a exploração dos padrões por meio de textos,
bem como das ferramentas WordSmith Tools, AntConc e do
concordanciador COCA (Corpus of Contemporary American
English). Com o uso da Linguística de Corpus em sala de aula,
objetivamos levar o aluno à reflexão sobre a linguagem e ao
uso da língua com eficiência, dando‑lhe voz, de forma que o
ensino possa partir de seus questionamentos sobre esse uso
e o professor possa agir como um guia e facilitador, ajudan‑
do‑o a encontrar suas respostas e customizando o ensino às
suas necessidades.
O presente trabalho visa explorar, apresentar e discutir as
possíveis contribuições dos trabalhos de Michel Foucault,
em especial de sua fase genealógica dedicada ao estudo da
relação entre poder, discurso e subjetividade, para as refle‑
xões do campo de saber intitulado “Política Linguística”. Para
tanto, inicialmente, procede‑se a um levantamento dos
conceitos de política, poder e língua, bem como das meto‑
dologias, que constituem este saber. Na sequência, apresen‑
tam‑se os conceitos foucaultianos de relações de poder e de
discurso, considerando suas contribuições para o campo a
partir de uma questão comum a todas as concepções de po‑
líticas linguísticas: Quem planeja o que para quem e como?
(Cooper, 1989). Com isso, desmembram‑se as reflexões sobre
as “Políticas Linguísticas” considerando, a partir de um olhar
foucaultiano, os participantes e instâncias reguladoras dos
discursos e práticas, o objeto e os sujeitos‑alvos do planeja‑
mento, e as diferentes formas de atuação/intervenção das
políticas linguísticas. Para tanto, ilustra‑se a discussão com
dois casos: (i) o multilinguismo na rede digital e (ii) o multi‑
linguismo em contextos pós‑coloniais, em especial na África
do Sul. Tais casos permitirão refletir sobre a complexidade
da relação entre línguas, discursos e poder em que estão em
jogo, respectivamente, (i) a dimensão tecnológica cuja en‑
grenagem de funcionamento é política e opera como instân‑
cia reguladora de discursos e práticas, (ii) a dimensão local de
uso da língua em que as avaliações e apreciações dos sujei‑
tos envolvidos são basilares para o planejamento linguístico.
66
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
OS GÊNEROS POÉTICOS
NA SALA DE AULA: UM LUGAR
DE TRAVESSIA E POIÉSIS.
CYNTHIA AGRA DE BRITO NEVES (UNICAMP)
AVALIAÇÃO DE DUAS
DISCIPLINASDE UM CURSO
ON‑LINE DE FORMAÇÃO
DE PROFESSORES
CYNTHIA REGINA FISCHER (IFSP/GEALIN–Puc–sp)
Resumo de Paper
Este trabalho é parte de uma pesquisa de campo realizada
em salas de aula em dois “lycées” de Grenoble, na França, ao
longo de 2011. Acompanhei, como pesquisadora‑observado‑
ra, atividades que envolviam a circulação dos gêneros poéti‑
cos em classes do ensino secundário francês, contrastando
essas dinâmicas com as observadas aqui no Brasil, em dois
colégios de São Paulo, durante 2010 e 2012. Sob essa pers‑
pectiva, constatei semelhanças e diferenças didáticas no
ensino de literatura lá e cá, bem como observei heranças e
influências da pedagogia francesa em nosso ensino/aprendi‑
zagem de poesias no Ensino Médio – foco da minha tese de
doutorado, ainda em andamento. Destaco, contudo, neste
trabalho, a dificuldade dos professores franceses e brasilei‑
ros em “transpor didaticamente” (Chevallard, 1991) os gêne‑
ros poéticos para a sala de aula, distanciando os alunos do
“prazer do texto” (Barthes, 2006). Na França, os docentes co‑
bram de seus alunos a “lecture expressive”, isto é, a leitura de
poesias em voz alta e direcionam essas leituras muitas vezes
visando à composição do “commentaire composé” – ambas
exigências do “baccalauréat” (o “bac”). No Brasil, os gêneros
poéticos são lidos no Ensino Médio em função dos vestibu‑
lares e do ENEM. Tanto em território francês como em terri‑
tório nacional, os gêneros poéticos se encontram fragmen‑
tados em materiais didáticos, engessados em questionários
estereotipados, cuja atenção se dirige ao aspecto formal do
poema e à busca pelas figuras de estilo; na classificação de
Gebara (2002), um tipo de leitura de decodificação ou “leitu‑
ra eferente”. De acordo com a crítica de Petit (2002) e Rouxel
(2004), o Ensino Médio transformou a leitura em uma práti‑
ca formal, dissecante, longe de desenvolver a sensibilidade
e/ou a criatividade dos alunos. Acredito, no entanto, que a
sala de aula deva ser o espaço – e por que não? – da “poié‑
sis”; defendo ainda, um ensino/aprendizagem de poesias
menos preocupado com a transposição e mais inspirado
na travessia.
MARIA APARECIDA GAZOTTI VALLIM (FATEC–ZL; FOC)
Resumo de Paper
De acordo com Filatro (2008), como acontece na educação
presencial, o modelo de aprendizado eletrônico adotado em
um curso de educação a distância tem “importantes implica‑
ções para os processos de desenho instrucional”. O motivo
dessas implicações é a influência da opção por uma deter‑
minada abordagem pedagógica e/ou andragógica que nor‑
teará o design instrucional do curso. Este trabalho tem por
objetivo analisar o design instrucional de duas disciplinas de
um curso de Formação Pedagógica para Docentes de Ensino
Profissional de Nível Médio na modalidade à distancia em
ambiente digital para quatro polos de educação a distân‑
cia no estado de São Paulo. As disciplinas Fundamentos da
Didática e Metodologia de Ensino I e Escola e Currículo fo‑
ram avaliadas com o intuito de criar subsídios para sua re‑
‑elaboração e reaplicação. O design instrucional em foco é
analisado à luz das tecnologias adotadas, modelos de apren‑
dizado eletrônico e modelos de design instrucional (FILATRO,
2008). As disciplinas foram oferecidas para o segundo mo‑
dulo da primeira turma do curso, com cerca de 200 alunos.
67
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O TRABALHO DE ENSINO
COM TEXTOS E A IDENTIDADE
DO PROFESSOR: REFLEXÕES
SOBRE AS PEDRAS DO CAMINHO
GÊNERO E FORMAÇÃO
DE PROFESSORES DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA MEDIADO
PELO COMPUTADOR
DAIANE DA COSTA BARBOSA (UFAL)
DANIE MARCELO DE JESUS (UFMT)
JOSÉ ADAILTON CORTEZ FREIRE (UFAL)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Este trabalho tem por objetivo refletir sobre a visão do pro‑
fessor acerca do processo de leitura, procurando analisar
como seu trabalho de ensino contribui para a formação da
identidade profissional. Configura‑se como um ensaio teóri‑
co, qualitativo‑descritivo, motivado pela experiência docen‑
te dos autores, sustentando‑se nos postulados de Geraldi
(1997), quando afirma que, ao longo da história da educação
brasileira, foram construindo‑se diferentes identidades so‑
bre a ação de ensinar, a partir da relação entre o conteúdo de
ensino e o produto da pesquisa científica. São elas: o profes‑
sor enquanto mestre, como transmissor de conhecimentos
e enquanto controlador da aprendizagem. Observou‑se que
esta última identidade ainda é muito presente e disputa o
espaço com a segunda identidade. Entretanto, a primeira,
o professor enquanto mestre, distancia‑se cada vez mais
do perfil docente atual. Geraldi sustenta que a presença do
texto na sala de aula pode desconstruir essa realidade, per‑
mitindo que o trabalho do professor volte a ser o de produtor
de conhecimentos, configurando‑o como mestre. Contudo,
tem se percebido que, apesar da presença do texto na sala
de aula, há muitos casos em que a identidade do professor
não apresenta mudança significativa, revelando a existên‑
cia de outros aspectos e suas implicações para o proble‑
ma. Os apontamentos aqui traçados discutem ainda o pa‑
pel do livro didático, enquanto intermediador do trabalho
de ensino.
O objetivo deste trabalho é investigar as representações de
alunos do curso de Letras/língua inglesa em um blog educa‑
cional de uma Universidade Federal brasileira. O propósito é
entender como o tema sobre gênero é apresentado no dis‑
curso dos participantes. O estudo se insere numa perspec‑
tiva crítica do discurso, apoiado nos estudos sobre gênero e
sexualidade. A metodologia de pesquisa é de caráter inter‑
pretativo, e a análise buscou apreender as representações
discursivas que se materializam nas escolhas linguísticas dos
usuários do blog. A metodologia de pesquisa é de caráter in‑
terpretativo, e a análise buscou apreender as representações
discursivas que se materializam nas escolhas linguísticas
dos usuários do blog. As conclusões apontam que a reflexão
crítica pode ser uma excelente ferramenta para questionar o
discurso hegemônico heteronormativo na formação de pro‑
fessores. As conclusões apontam que a reflexão crítica pode
ser uma excelente ferramenta para questionar o discurso
hegemônico heteronormativo na formação de professores.
Esta investigação faz parte de uma série de trabalhos de ca‑
ráter interpretativo a respeito do ensino e da aprendizagem
de língua no espaço virtual. O enfoque pretendido é enten‑
der com as práticas ciberespaciais podem alterar o dizer e o
fazer de docentes em serviço e em pré‑serviço envolvidos em
experiências educativas sob a égide de interações mediadas
pelo computador. Dos resultados, espera‑se colher subsídios
que possam auxiliar na discussão da formação de educado‑
res na seara digital.
68
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ENGLISH LANGUAGE TEACHING
IN VOCATIONAL EDUCATION:
SOME PEDAGOGICAL PRACTICES
DANIEL DE MELLO FERRAZ (USP)
Resumo de Paper
Vocational (technical/technology) education has been
emphasized and valued by government´s discourses and
practices. São Paulo´s Etecs and Fatecs, for example, have
more than tripled in terms of schools and of students in the
past decade. According to Fartes, Santos and Gonçalves
(2010), educational reforms have pointed to recognition
of vocational education, and the teacher´s professional
knowledge assumes an important role within this context.
My interest is the debate between the technical and the
critical education which, according to Martins (2000), is
the great challenge of technical education. I believe this de‑
bate should also be incentivized in contexts other than vo‑
cational education. For this presenation, I briefly introduce
some theoretical grounding of this work. Then, I discuss
some activities that were done in my classes at FATEC as
attempts to focus on both linguistic enhancement and crit‑
ical awareness (Menezes de Souza and Monte Mór, OCEM,
2006). In the end I suggest some other activities and some
articles through a handout.
GÊNEROS DO DISCURSO
ORAL PÚBLICO: UMA
PROPOSTA DE AVALIAÇÃO
DE UM PROJETO PEDAGÓGICO
DE APRESENTAÇÕES ORAIS
DANIELA DONEDA MITTELSTADT (UFRGS)
CAROLINE SCHEUER NEVES (PPE ‑ UFRGS)
Resumo de Paper
Este trabalho tem como objetivo apresentar e discutir a pro‑
posta de avaliação de um projeto pedagógico desenvolvido
em uma turma de português como língua adicional. O proje‑
to foi desenvolvido na disciplina de Práticas do Discurso Oral,
cujo foco é a aprendizagem de gêneros do discurso orais pú‑
blicos. Para o desenvolvimento do curso e da sua posterior
análise, partimos das concepções de projeto pedagógico
como plano de ação com abertura para possibilidades de en‑
caminhamento e de resolução (BARBOSA, 2004) e de avalia‑
ção como processo contínuo e coerente com o trabalho em
sala de aula (SCHLATTER; GARCEZ, 2012). O projeto em foco
tinha como objetivo o desenvolvimento de uma apresen‑
tação oral com PowerPoint sobre variação linguística para
ser apresentada para uma turma de uma escola destinada
à Educação de Jovens e Adultos de Porto Alegre. A avaliação
mostrou‑se como uma forma de dar aos alunos mais oportu‑
nidades para refletir sobre o seu desempenho, bem como de
fomentar a discussão sobre quais critérios são importantes
no planejamento e na realização de uma apresentação oral
com PowerPoint. Com este trabalho, pretendemos contri‑
buir para a discussão sobre o desenvolvimento de projetos
envolvendo gêneros orais e o seu processo de avaliação em
aulas de língua adicional.
69
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O ENSINO DA GRAMÁTICA
NA SALA DE AULA DE ITALIANO
COMO LÍNGUA ADICIONAL
DANIELA NORCI SCHROEDER (UFRGS)
Resumo de Paper
O ensino da gramática é um tema fundamental para a didá‑
tica do ensino de línguas. A proposta desta comunicação é
refletir sobre o modo como trabalhamos as questões gra‑
maticais na sala de aula de italiano como língua adicional
em contexto brasileiro. A revisão teórica deste estudo parte
dos conceitos de ensino com foco na forma como propostos
por Long (1991), Long & Robinson (1997) e Spada (1997, 1999,
2004). Spada (1997) definiu o tratamento com foco na forma
como “a ação pedagógica utilizada para chamar a atenção
dos aprendizes para uma determinada forma linguística de
modo implícito ou explícito”. Levo em consideração tam‑
bém os documentos oficiais que balizam o ensino de línguas
em contexto brasileiro, como os Parâmetros Curriculares
Nacionais – Língua estrangeira (1998) e, mais recentemen‑
te, os Referenciais Curriculares da Secretaria de Educação/
RS: Língua Portuguesa e Literatura, Línguas Estrangeiras
Modernas – Espanhol e Inglês (2009). A reflexão que propo‑
nho procura questionar os seguintes aspectos: abordagem
da gramática em sala de aula, maneiras como o profes‑
sor pode inserir o ensino com foco na forma na sua prática
docente e em que momentos estas ações podem ser mais
eficientes. Não há como aprender uma língua sem apren‑
der a estrutura desta língua. A discussão é quando, como
e porque aprofundar questões gramaticais aos alunos de
língua adicional.
CENTROS DE AUTOACESSO: UMA
PROPOSTA PARA CURRÍCULO
BILÍNGUE A FUNÇÃO DOS
CENTROS DE AUTOACESSO
NA APRENDIZAGEM
DE LÍNGUA INGLESA
E NO DESENVOLVIMENTO
DA AUTONOMIA DO APRENDIZ
DANIELE BLOS BOLZAN (UFRGS)
Resumo de Paper
Este trabalho de pesquisa analisa o processo do desen‑
volvimento da autonomia de três alunos da 4ª série do
Ensino Fundamental de uma escola com currículo bilíngue
Português / Inglês. Baseando‑se em princípios etnográficos,
os dados foram gerados durante um trimestre letivo em que
os alunos participantes frequentaram, semanalmente, nas
aulas de língua inglesa, centros de autoacesso. O objeti‑
vo dos centros de autoacesso era proporcionar a interação
entre os alunos para a co‑construção de diálogos, com ou
sem a intervenção da professora, tendo em vista os concei‑
tos de teoria sociocultural (Vygotsky, 1984) como mediação,
internalização, Zona de Desenvolvimento Proximal e scaf‑
folding, a partir da crença de que aprendizagem ocorre na
performance (Swain & Lapkin, 1998) e princípios das perspec‑
tivas sociocultural I e II de autonomia propostas por Oxford
(2003). Relato na análise quais foram os critérios utilizados
por cada participante na escolha do centro a ser trabalhado
e descrevo sua atuação dentro dos diferentes moldes de ta‑
refas propostas em diferentes etapas, assim como seu papel
no grupo durante a atividade. Por fim, trago dados acerca
do background familiar e personalidade dentro e fora dos
centros, obtidos nas entrevistas com os familiares. Os resul‑
tados mostraram que a partir de um objetivo comum na sala
de aula, que é a aprendizagem de língua inglesa e mais espe‑
cificamente a construção de diálogos, existe uma negocia‑
ção de papéis (Lantolf, 2000). Há momentos em que aquele
aluno mais experiente, através da interação, colaboração,
imitação, experiência compartilhada e pistas, auxilia outros
menos experientes e momentos em que ele é o auxiliado a
fim de que aquilo que ele consegue fazer com o auxílio do ou‑
tro em determinada etapa da atividade, consiga fazer com
maior autonomia no futuro, levando‑o a tornar‑se um usuá‑
rio mais autônomo de segunda língua e a tornar‑se cada vez
mais responsável pela busca de seu conhecimento.
70
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
LA LITERACIDAD CRÍTICA
EN EL AULA DE E/LE: LA LECTURA
LITERARIA AUXILIANDO
EN ESE PROCESO
DANIELE MENDONÇA DE PAULA CHAVES (UFPA)
Resumo de Pôster
Comprendemos que el proceso de aprendizaje de una len‑
gua involucra más que solamente el estudio de las reglas
estructurales de ese idioma. Así, para el efectivo aprendiza‑
je de un idioma, el individuo no puede ignorar la sociedad
a que esta lengua esta sometida, ni tampoco sus ideolo‑
gías y estructuración de poder, contribuyendo así para que
esta persona reflexione sobre la lengua y la sociedad en la
que esta se presenta. De este modo, la persona es capaz de
desarrollar también una reflexión crítica en relación a la so‑
ciedad en que esta insertada. En este sentido, la literacidad
crítica viene contribuir para la construcción de una compre‑
sión e interpretación de la realidad, de uno mismo en cuanto
miembro de una sociedad y de las prácticas sociales a desa‑
rrollar. Esto nos lleva a plantear las Orientações Curriculares
(2006) cuando resalta la función social de la enseñanza de
lenguas extranjeras y la formación y cambio de actitudes
proporcionadas por el contacto con el otro. Dentro de este
abordaje, esta investigación propone el uso de la literatura
en las clases de ELE, principalmente con obras relacionadas a
la Amazonia, como una manera de desarrollar la literacidad
crítica en el aprendiente de E/LE en Brasil. Para tanto el basa‑
mento teórico de esta investigación se plasma en el estudio
de temas como literacidad crítica, lectura literaria, metodo‑
logía de enseñanza, además de análisis de procedimientos
de comprensión lectora en una lengua extranjera.
POLÍTICAS E PLANEJAMENTO
DO ENSINO MÉDIO (INTEGRADO
AO TÉCNICO) E DA LÍNGUA
ESTRANGEIRA (INGLÊS):
NA MIRA(GEM) DA POLITECNIA
E DA INTEGRAÇÃO
DANIELLA DE SOUZA BEZERRA (IFG)
Resumo de Paper
Partindo da hipótese de que a proposta de integração cir‑
cunscrita ao Ensino Médio Integrado à Educação Profissional
Técnica (EMIEPT) devia implicar de alguma forma em uma
constituição idiossincrática das dimensões do ensino de
seus componentes curriculares, recorre‑se à história, aos
construtos teóricos e às políticas curriculares com vistas
a apreender como o que é historicizado, almejado e pres‑
crito (deveria) impacta(r) a materialização desse conjunto
na elaboração da dimensão do planejamento de ensino do
Componente Curricular Língua Estrangeira–Inglês (CCLEI).
Para tanto, este estudo se caracteriza como exploratório e
descritivo (GIL, 1996) e faz uso das pesquisas bibliográfica e
documental (CELLARD, 2008). No total, são analisados, qua‑
li‑quantitavamente (FLICK, 2009), sessenta e duas matrizes
curriculares, vinte e dois planos de cursos e quatorze emen‑
tários, os quais foram catalogados nos sítios eletrônicos de
IFs. Os resultados da análise bibliográfica evidenciam que o
EMIEPT 1) se singulariza pelos fundamentos oriundos da con‑
cepção de educação omnilateral e politécnica e de escola uni‑
tária baseado no programa de educação de Marx (e Engels) e
de Gramsci, pelos fundamentos de currículo integrado e pela
missão de escamotear a dualidade de classes brasileira via
superação da dualidade histórica entre formação geral e for‑
mação profissional; 2) tem seus fundamentos hibridizados
no âmbito das recentes políticas curriculares de modo que
o horizonte da politecnia acaba ficando a cargo das próprias
instituições que o adotarem e 3) e o CCLEI podem se sincro‑
nizar caso os objetivos linguísticos e instrumentais se con‑
juguem com os objetivos educacionais (específicos) o que
pode ser feito à luz abordagem de letramento crítico (BRASIL,
2006) integrada (ou não) às outras abordagens de ensino he‑
gemônicas no Brasil. Já os resultados da análise documental
mostram que o que é almejado e prescrito para o CCLEI não
está sendo incorporado pelos planejamentos de ensino.
71
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ABORDAGEM SOCIOLÓGICA
E COMUNICACIONAL
DE CURRÍCULOS LATTES: UMA
AMOSTRA DA CONSTITUIÇÃO
DAS IDENTIDADES COLETIVAS.
DANIELLE BRITO DA CUNHA (UFRN)
JOÃO PAULO LIMA CUNHA (UFRN)
Resumo de Paper
Os estudos em ciências humanas, de modo geral, tem se
pautado em apresentar as múltiplas facetas das identida‑
des em tempos líquidos. Nesse pensamento, a Linguística
Aplicada (LA) tem se posicionado de forma indisciplinar
(MOITA LOPES, 2006), frente às identidades, sejam elas indi‑
viduais ou retratos dessa individualidade em identidades co‑
letivas (sociais). Este estudo está inserido nessa problemati‑
zação, mais especificamente, sobre as identidades coletivas
de sujeitos pesquisadores da linguagem, com alguma for‑
mação em literatura. O presente trabalho se propõe ao le‑
vantamento e análise dos usos linguísticos na constituição
das identidades valorizadas e suas implicações para enten‑
der a prática social que reveste o currículo como um discurso
acadêmico. Ratificando uma LA autônoma, esta pesquisa
tem como base teórico‑metodológica a Análise Crítica do
Discurso (ACD). Contudo, sabendo que essa corrente possui
diversas abordagens, utilizaremos a Abordagem Sociológica
e Comunicacional do Discurso (ASCD) dado ao seu foco
abrangente quanto ao estudo do sujeito e das identidades
individuais e coletivas. A ASCD utiliza como suporte teórico,
dentre outros, os estudos sociológicos de Guy Bajoit (2008)
e os estudos da Linguística Sistêmico‑Funcional. Em nosso
enfoque, analisamos 10 (dez) currículos lattes de estudiosos
da literatura de 2 (duas) Instituições Federais – Universidade
Federal de Sergipe (UFS) e Universidade Federal do Rio
Grande do Norte (UFRN). A escolha de apenas um campo do
saber da linguagem visou, exclusivamente, o cumprimento
do objetivo do trabalho, sendo assim, não há uma pretensão
quantitativa, mas um método qualitativo‑interpretativo
que não se responsabiliza por cálculos em forma de porcen‑
tagem ou probabilidade sobre os textos apurados. Acima
de tudo, nossa análise demonstrou que é possível conferir
a presença dessa identidade fragmentada, fluída, mutante
mesmo em um gênero considerado cristalizado.
ESTUDO SOBRE AULAS
DE HISTÓRIA COM FOCO NO USO
DA LÍNGUA ESCRITA
DANUSE PEREIRA VIEIRA (UFRJ)
Resumo de Paper
Nas escolas, costuma‑se atribuir a baixa proficiência em lín‑
gua escrita como responsabilidade do professor de Língua
Portuguesa. Com base no quadro teórico proposto por
Bakhtin, Vygotsky, Wittgenstein e Fairclough, que aponta
para a linguagem como prática social e para o uso socioin‑
teracional do discurso e do ensino, refleti, durante minha
pesquisa de mestrado, o papel e o uso da leitura e escrita
em duas diferentes classes de História de uma escola pú‑
blica. Certamente, ao optar por esse campo de pesquisa,
deparei‑me com questões que nos levam a pensar sobre o
letramento do aprendiz, em como tornar o ensino mais sig‑
nificativo, para que este possibilite o aluno atuar no meio
social de forma mais crítica e reflexiva. Colocando‑me como
pesquisadora, não quis indicar modelos a serem seguidos,
nem tampouco uma forma correta ou errada de atuação do‑
cente, não trabalhei sobre esta dicotomia, nem quis provar
hipóteses. No entanto, o estudo possibilitou‑me sublinhar a
necessidade de se colocar a linguagem como elemento cen‑
tral no processo educacional. O objetivo nesta comunicação
é dividir o resultado de minha pesquisa e refletir o uso do par
leitura–escrita operando como ferramenta de (re)constru‑
ção do mundo e de letramento escolar.
72
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
IRONIA: DOU MINHA PALAVRA!
DARCILIA MARINDIR PINTO SIMOES (UERJ /CNPQ)
Resumo de Paper
Entende‑se que o trabalho com o léxico não tem sido pres‑
tigiado suficientemente nas classes de língua portugue‑
sa. Por isso vimos desenvolvendo uma pesquisa destinada
a demonstrar a importância da seleção lexical adequada,
como garantia para a consecução do projeto comunicati‑
vo subjacente ao texto. Para demonstrar sumariamente o
processo de investigação, esta comunicação se constituirá
da seguinte forma: 1) Explanação da meta da pesquisa que
é um estudo do semântico‑estilístico do léxico na produção
de efeitos irônicos nos textos. 2) Base teórica na iconicidade
verbal e na perspectiva lexicogramatical, com apoio digital.
3) Articulação entre a base teórica e a constituição técnica
da ironia. 4) Demonstração da proposta de análise em pe‑
ças textuais. 5) Considerações finais sobre a possibilidade
de aplicação das respostas obtidas na orientação discente
de leitura e produção textual. Partindo da premissa de que
a base representativo‑expressional dos textos tem no plano
lexicogramatical seu arcabouço semântico‑estilístico, vi‑
mos fazendo levantamentos auxiliados pela ferramenta do
WordSmith Tools que, em seguida, são discutidos com su‑
porte na ferramenta de em que seus cotextos são observa‑
dos, para identificar valores e funções semântico‑estilísticas
orientadas para a construção da ironia. Essa pesquisa o obje‑
tivo de subsidiar estratégias didático‑pedagógicas relativas
à leitura e à produção de textos, inicialmente, no ensino su‑
perior, mas com vista a sua expansão para os outros níveis
de ensino.
OS CURSOS DE LETRAS APÓS
A EXPANSÃO UNIVERSITÁRIA
DA “ERA LULA”: MAPEAMENTO
E RUMOS
DAVID JOSÉ DE ANDRADE SILVA (UFPR)
Resumo de Paper
A política expansionista universitária iniciada na primeira
gestão do ex‑presidente Luís Inácio Lula da Silva com o pro‑
jeto “Expandir” e o programa de Reestruturação e Expansão
Universitária – REUNI marcou um salto de ampliação de va‑
gas federais no ensino superior e o sonhado acesso das po‑
pulações interioranas à universidade. Contudo, a deflagra‑
ção de greves nas Instituições Federais de Ensino Superior –
IFES desde de 2011 tem exposto pontos frágeis na política do
Ministério da Educação no que concerne à qualidade do tra‑
balho docente e, consequentemente, à atividades de ensi‑
no, pesquisa e extensão que propiciem aos estudantes uma
educação plena. Relacionado à este cenário macro, as ins‑
tâncias deliberativas das IFES também possuem grande par‑
cela de responsabilidade no processo decisório de apoio às
políticas do MEC e na execução dos projetos que submetem
para receber os recursos e implantar as metas pactuadas.
O presente trabalho objetiva centrar as discussões sobre o
eixo ensino nesse processo de expansão, considerando que
é a primeira representação do ensino universitário para a so‑
ciedade pela idealização profissional almejada nos cursos de
graduação. Assim, serão apresentados dados relativos aos
cursos de Letras criados a partir de 2003 nas IFES, incluindo
perfil, condições de oferta, corpo docente e vagas discentes.
Será dada ênfase aos cursos de formação de professores, em
especial os de Língua Inglesa. A metodologia apoiar‑se‑á na
busca virtual de documentos fornecidos pelas instituições
e outros canais oficiais do MEC que produzem dados para o
tema em pauta. A fundamentação teórica se embasará nas
discussões sobre: política linguística, de Rajagopalan (2003,
2005, 2006); formação de professores, de Saviani (2009); for‑
mação de professores de línguas, de Celani (2008), Almeida
Filho (2008) e Paiva (2003, 2004, 2005).
73
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
CRENÇAS NO PROCESSO
DE ENSINO‑APRENDIZAGEM
DE ESPANHOL COMO
LÍNGUA ESTRANGEIRA
(ELE) A BRASILEIROS: UMA
ANÁLISE SOB A PERSPECTIVA
DA FONOLOGIA DE USO
CYBER LOVE: A REPRESENTAÇÃO
DE IDENTIDADES MASCULINAS
EM SITES BRASILEIROS
DE RELACIONAMENTO
DAVIDSON MARTINS VIANA ALVES (UFRJ)
Segundo van Leeuwen (2008), todas as representações do
mundo e do que nele ocorre, sejam elas mais ou menos abs‑
tratas, devem ser interpretadas como representações (ou
recontextualizações) de práticas sociais. Nessa linha, utilizo
o marco analítico para a análise do discurso de viés crítico
proposto por esse autor, assim como os preceitos da Análise
Crítica de Discurso e da Linguística Sistêmico‑Funcional,
para discutir a recontextualização midiática de elementos
chave de uma prática social particular, a busca de uma par‑
ceira amorosa – seus atores, seus papeis e identidades; as
ações das quais participam e com que estilos performáticos;
os cenários de atuação, as relações de tempo‑espaço, etc.
Minha análise também explora, a partir de uma perspecti‑
va das ciências sociais críticas, as conexões entre identida‑
de e consumo, ou o que Bauman (2008) chama de fetichis‑
mo da subjetividade: a representação dos sujeitos sociais
como produtos que estabelecem relações comerciais entre
si. Mais especificamente, investigo como homens usuários
de sites de relacionamento recontextualizam a prática so‑
cial da “busca amorosa” em um gênero discursivo particular:
os perfis construídos por usuários de três sites de relacio‑
namento disponíveis no Brasil – Badoo, Par Perfeito e POF
(Plenty of Fish). Como esse trabalho faz parte de um projeto
de pesquisa em andamento, ainda não há resultados finais a
serem apresentados.
Resumo de Pôster
O presente trabalho faz parte do projeto de pesquisa deno‑
minado: Análise do Processo de Ensino/Aprendizagem de
Línguas Estrangeiras a Brasileiros – Problemas de Sotaque e
de Pronúncia, que, de certo modo, tangencia o tema da in‑
clusão/exclusão social por meio da linguagem e objetiva dis‑
cutir o ensino de Espanhol como língua estrangeira (ELE) sob
aspectos fonético‑fonológicos. Nesse processo, os conceitos
de prestígio e de estigma, variantes padrão e não‑padrão,
pronúncia popular e standard são fortemente evidenciados.
Parte‑se do ponto de vista preconizado por Labov (2008)
(trad. BAGNO, M. apud CALVET (2002) [trad. MARCIONILO, M.])
de que o objeto de estudo da linguística não é apenas uma
língua em particular ou várias línguas, mas a comunidade
social vista também sob seu aspecto linguístico. No que tan‑
ge à evolução fonética das consoantes espanholas sabe‑se
que durante o século XV já eram perceptíveis notáveis mu‑
danças fonéticas relacionadas ao uso e a significativos ele‑
mentos extralinguísticos. Entretanto, como a língua nun‑
ca interrompe seu fluxo de funções e nem deixa de evoluir,
outros fatos linguísticos também atuaram diretamente no
sistema e seus efeitos se fizeram sentir, como o que ocorreu
com as três sibilantes do espanhol do século XVI que se con‑
centravam em um espaço articulatório reduzido, pelo seu
contraste fonético ser pequeno. Nessa perspectiva cita‑se
Bybee (2001a), que relaciona a produtividade de um padrão
a sua frequência de tipo e de ocorrência, vinculando‑a aos
propósitos comunicativos do falante e a sua competência
pragmática. Por fim, busca‑se entender a sistematização
de determinados modos de falar, bem como a construção
de uma imagem identitária dos falantes de Espanhol como
Língua Estrangeira.
DEBORA DE CARVALHO FIGUEIREDO (UFSC)
Resumo de Paper
74
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
CRÍTICA TEXTUAL, LIVRO
DIDÁTICO E ENSINO: UMA
ABORDAGEM FILOLÓGICA
DÉBORA DE SOUZA (UFBA)
WILLIANE SILVA COROA (UFBA)
O CAMPO PROFISSIONAL DOS
EGRESSOS DE LICENCIATURA
EM LÍNGUA INGLESA NA CIDADE
DE BELO HORIZONTE – UMA
DESCRIÇÃO POSSÍVEL
DÉBORA FERNANDES DE MIRANDA (UFMG)
Resumo de Paper
A Crítica Textual, atividade de restituição dos textos, é uma
vertente da prática filológica. Entre uma das preocupações
da Crítica Textual está a elaboração de normas editoriais que
devem ser utilizadas em transcrições de textos (principal‑
mente literários) para espaços outros (incluindo‑se os livros
didáticos). Observando‑se que, em geral, as casas publica‑
doras brasileiras geralmente não preservam a integridade
do texto e que os textos transcritos para os livros didáticos
apresentam problemas como supressão de trechos, por
exemplo, propõe‑se, neste trabalho, observar como tex‑
tos literários aparecem em livros didáticos, de modo geral,
adotando como fundamentação teórico‑metodológica os
pressupostos da Crítica Textual em que se tem como objeti‑
vo principal a edição e a interpretação de textos. Nessa pers‑
pectiva, observa‑se a importância de uma prática editorial
voltada, sobretudo, para o estabelecimento de textos em li‑
vros didáticos, a partir de critérios filológicos, levando‑se em
consideração, por um lado, a necessidade de preservação e
de transmissão daqueles, e por outro, a responsabilidade e o
compromisso da escola na formação de cidadãos competen‑
tes. Nesse sentido, desenvolve‑se uma análise do processo
de transmissão de alguns textos literários apresentados em
livros didáticos, o que permite fazer uma leitura de que tex‑
tos são oferecidos aos alunos, e de que maneira os mesmos
estão expostos.
Resumo de Paper
O objetivo desta comunicação é apresentar os resultados
parciais de uma pesquisa de doutorado sobre o valor do
diploma de licenciatura em inglês no contexto contempo‑
râneo, marcado pela massificação do ensino e pela desva‑
lorização da profissão docente (DURU‑BELLAT, 2006; GATTI,
BARRETO, 2009). Para o desenvolvimento da pesquisa, foi
necessário traçar um cenário do principal campo profissio‑
nal dos professores de inglês em Belo Horizonte: escolas
públicas, escolas particulares e cursos de idiomas. Para isso,
quatro diretores de cada um desses campos escolares foram
entrevistados e questionados sobre os seguintes assuntos:
a) o valor do ensino de inglês nas instituições; b) o trabalho
do professor de inglês; e c) o perfil do professor de língua in‑
glesa. O que se evidencia nos depoimentos dos diretores das
escolas públicas é a distância entre o que seria ideal e o que
de fato ocorre nas aulas não somente de língua inglesa, mas
também de todas as disciplinas. Fatores como indisciplina e
desinteresse por parte dos alunos tornam o ambiente bas‑
tante desafiador para os docentes, que têm adoecido e se
ausentado mais. Nas escolas particulares, os depoimentos
indicam que o valor e a eficiência da disciplina estão dire‑
tamente relacionados aos objetivos do ensino de inglês na
escola pesquisada. Quanto mais difusos, menor o valor da
disciplina, mais difícil o trabalho e maior rotatividade de
professores. Quanto mais bem definidos, melhor o ensino,
melhor o desempenho dos alunos, maior valorização da
matéria e permanência prolongada do mesmo professor na
escola. Por meio do depoimento dos coordenadores, é possí‑
vel afirmar que a licenciatura em inglês possui importância
apenas relativa quando a questão é a seleção de professores
para cursos livres. O requisito imprescindível continua sendo
a proficiência no idioma. Porém, a tendência nesse campo é
o surgimento de mais professores não só fluentes no idioma,
mas também formados ou cursando Letras.
75
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O PROFISSIONAL DO ENSINO
DE LÍNGUA INGLESA E O SEU
OBJETO DE ENSINO: “DO YOU
KNOW WHAT I MEAN?”
DEBORA I. BALSEMÃO OSS (UNISINOS)
Resumo de Paper
Este estudo qualitativo interpretativista tem por referência a
pesquisa na área da formação de professores de segunda lín‑
gua (L2) e aspira à melhoria da qualidade de ensino como um
todo. De natureza reivindicatória / participatória (Creswell,
2010), os procedimentos investigativos comtemplam a voz
do professor de língua inglesa que atua no ensino médio
da educação básica brasileira, através das suas narrativas
autobiográficas (Paiva, 2009; Kalaja, Menezes e Barcelos,
2008; Bruner, 2004; Johnson e Golombek, 2002; Connelly e
Clandinin, 1990) e das relações possíveis de serem depreen‑
didas a partir da análise dos dados gerados por estes profis‑
sionais, pelo pesquisador (Borg, 2006; Clandinin e Connelly,
2000; Freeman, 1998; Moen, 2006; Pavlenko, 2007; Rabelo,
2011). O estudo abraça elementos especificamente relacio‑
nados à cognição dos professores (Borg, 2009, 2006 e 2003)
para proporcionar a elevação da consciência dos participan‑
tes do estudo – inclusive a do próprio pesquisador – com vis‑
tas a uma formação coerente com o papel que o professor
de L2 do ensino médio pode desempenhar na formação dos
jovens. Idealmente, uma formação que vislumbre coerência
com as necessidades intelectuais e técnicas da formação de
nossos jovens e que abra espaços educacionais que contem‑
plem a diversidade de interesses da parcela jovem da popu‑
lação brasileira, pode contribuir com a promoção de ações
sociopolíticas necessárias para a ampliação de opções dos
jovens egressos deste nível escolar (Schwartzman, 2010;
Castro, Barros, Ito‑Adler e Schwartzman, 2012).
A TRADUÇÃO REPRESENTADA:
UMA ANÁLISE DE QUESTÕES
TRADUTÓRIAS A PARTIR
DA RELAÇÃO ENTRE
REPRESENTAÇÕES COGNITIVAS,
SOCIAIS E PÚBLICAS
DE TRADUTORES EM FORMAÇÃO
DÉBORA MENDES NETO (UFOP)
Resumo de Paper
Este estudo apresenta os resultados parciais de uma pesqui‑
sa em andamento que objetiva realizar uma análise acerca
de questões tradutórias – definição de tradução, competên‑
cias necessárias à atividade tradutória, papel e status do tra‑
dutor e da tradução na sociedade – a partir da identificação
e análise das representações dessas questões por tradutores
em formação. Baseando‑se nos conceitos apresentados pela
Teoria da Relevância (Sperber& Wilson, 1986/1995), procu‑
ra‑se verificar até que ponto as representações enunciadas
por tradutores em formação são observadas nas práticas
tradutórias e o nível de consciência desses aprendizes sobre
o papel de tais representações na formação de representa‑
ções públicas e no reforço de determinados estereótipos
culturais sobre o tradutor e a tradução. A pesquisa tem
como outros referenciais teóricos Alves (1996), Gutt (2000),
Sperber (2001) e Gonçalves (2006) que, utilizando a Teoria
da Relevância, trazem valiosas contribuições para o entendi‑
mento de questões cognitivas pertinentes à tradução; além
do aporte de Moscovisci (2000) e Charaudeau (2006), que
nos permitirão uma reflexão sob o ponto de vista sociodis‑
cursivo das representações analisadas. A metodologia cons‑
ta de: a) aplicação de um questionário prospectivo, para pa‑
dronização do perfil dos informantes; b) realização de uma
atividade tradutória com auxílio dos programas Translog e
Camtasia, que possibilitam a documentação das ações dos
tradutores; e c) uso de protocolos retrospectivos que, por
meio dos comentários sobre as ações documentadas, nos
permitirão a análise de possíveis relações entre representa‑
ções explícitas e as tomadas de decisão em determinadas
passagens da tarefa de tradução. Espera‑se encontrar atra‑
vés das análises dos registros, marcas implícitas e explícitas
de representações mentais que refletirão representações so‑
ciais a respeito da problemática da tradução, que contribui‑
rão para aprofundar questões teóricas e didático‑pedagógi‑
cas na formação do tradutor.
76
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O POTENCIAL DA PLATAFORMA
GALANET PARA PRÁTICAS
ESCOLARES DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA E MATERNA
DÉBORA SECOLIM COSER (UNICAMP)
Resumo de Paper
O objetivo dessa comunicação é discutir o papel da inter‑
compreensão entre línguas próximas como potencial ideal
para a aprendizagem tanto de língua estrangeira como de
língua materna. A partir de postulados correntes sobre mul‑
tiletramentos na literatura pertinente à linguística aplica‑
da, parte‑se para a análise de um contexto específico que
fomentaria essas práticas na escola: o uso da plataforma
Galanet. Essa plataforma emprega a heterogeneidade e a
pluralidade das práticas sociais contemporâneas de leitura
e escrita por meio da multiplicidade de linguagens, semioses
e mídias nos textos multimodais que nela circulam, e tam‑
bém pela pluralidade e diversidade cultural experenciadas
pelos usuários nas interações plurilíngues. O estudo dos
ambientes de comunicação mediada por computador da
plataforma busca demonstrar que nos encontros intercultu‑
rais promovidos pelo Galanet o ato de aprender e/ou ensinar
uma língua no contato com o outro torna‑se um exercício
reflexivo, despertando interesses metalinguísticos nos inte‑
ractantes. Destaca‑se, ainda, o refinamento de capacidades
discursivas necessárias para o sucesso em eventos interati‑
vos, tais como as de detectar mal‑entendidos e colocar‑se hi‑
poteticamente no lugar do outro durante a interaçãO, capa‑
cidades essas que o processo educional tradicional busca de‑
senvolver nos alunos por meios ultrapassados. Defende‑se
que o uso de plataformas que visam a intercompreensão em
contextos plurilíngues, como é o caso da Galanet, pode ser
pensado tambem como caminho para um novo letramen‑
to que teria impactos qualitativos no ensino de português
nas escolas brasileiras, levando‑se em conta contextos reais
de aprendizagem e práticas transculturais que os alunos já
desenvolvem no seu cotidiano às margens do conteúdo que
lhes é passado na escola.
O CORPO DIFERENTE
EM NARRATIVAS DE SUPERAÇÃO
DEBORA SOARES PESSOA (UFV)
Resumo de Pôster
O corpo concebido como um constructo histórico, social e
cultural, meio pelo qual a sociedade se expressa e se cons‑
titui no mundo (BUTLER,2008), muitas vezes acaba sendo
docilizado, controlado, disciplinado pelas estruturas e insti‑
tuições (FOUCAULT,1987). O culto ao corpo perfeito se tornou
quase uma obrigação, e o corpo que é marcado, de algum
modo, pela deficiência ou diferença (o corpo diferente) é,
muitas vezes, marginalizado, silenciado e ocultado pelas mí‑
dias. O discurso como modo de ação e interação é o meio
pelo qual os indivíduos podem agir e se posicionar sócio‑
‑historicamente no mundo (FAIRCLOUGH,2003). As práticas
discursivas, ao contribuírem para a construção, reprodução,
contestação e reestruturação das identidades sociais e po‑
sições do sujeito (FAIRCLOUGH,2001), por um lado, reprodu‑
zem a sociedade, mas por outro, possibilitam o indivíduo a
transformá‑la socialmente. Assim, as pessoas que passaram
por uma situação, acidente ou doença, que modificou em
algum aspecto o seu corpo, ao relatarem suas experiências,
resignificam e reconstroem suas identidades e crenças por
meio do discurso. O presente trabalho tem por objetivo prin‑
cipal promover reflexões acerca de como o corpo diferente é
representado no gênero situacional narrativa de superação à
luz da Análise do Discurso Crítica. O corpus é constituído por
dez narrativas midiáticas, extraídas do Portal da Superação,
produzido para a novela Viver a Vida, da emissora de tele‑
visão Rede Globo. Para a análise das narrativas, utilizou‑se
o Sistema de Transitividade (HALLIDY & MATHIESSEN,2004).
A análise discursivo‑crítica nos permite compreender me‑
lhor o diferente, além de possibilitar‑nos analisar as relações
de poder que são mantidas ou desafiadas, as ideologias evi‑
denciadas no texto e as mudanças sociais que podem resul‑
tar do poder constitutivo e ideológico do discurso.
77
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PARCERIA DA EDUCAÇÃO
CONTINUADA E A INICIAL:
ENSINO E APRENDIZAGEM
DEISE PRINA DUTRA (UFMG)
MATEUS EMERSON DE SOUZA MIRANDA (UFMG)
MÉTODOS RECONSTRUTIVOS
NA PESQUISA EM ENSINO
DE LÍNGUAS: MÉTODO
DOCUMENTÁRIO E ANÁLISE
DA CONVERSA
DENISE GISELE DE BRITTO DAMASCO (UNB)
Resumo de Pôster
O ensino de línguas requer um profissional crítico e reflexi‑
vo e, para isso, é preciso que a formação inicial contribua de
forma significativa, preparando os futuros profissionais com
autonomia e atitude investigativa (Gimenez e Cristóvão,
2004). Nesse sentido, o projeto de educação continuada que
participamos também oferece aos alunos da graduação, a
oportunidade de contato com os professores‑alunos (pro‑
fessores de inglês da rede pública de ensino), envolvendo‑os
com a realidade educacional dos participantes e, assim, pre‑
parando‑os para o exercício da docência. Para os alunos de
graduação este é um momento para serem expostos às dis‑
cussões metodológicas e à prática reflexiva (Dutra e Mello,
2004). Desta forma, o objetivo desta pesquisa é investigar
a) o papel do projeto de formação continuada na formação
inicial dos alunos do curso de Letras em seus processos de
desenvolvimento da identidade como professores, e b) como
os professores‑alunos entendem sua colaboração na forma‑
ção inicial dos monitores. Os dados foram coletados através
de narrativas escritas pelos alunos da graduação, atuais e
ex‑monitores, e questionários respondidos pelos profes‑
sores‑alunos do projeto. Inicialmente, verificamos que o
Projeto proporciona aos graduandos maior segurança para
atuação em sala e conhecimento de novas técnicas de ensi‑
no baseadas nos textos teóricos indicados pelo projeto, des‑
tacando‑se a importância de basear a prática nas reflexões
propostas pela Linguística Aplicada. Os professores‑alunos
consideram o contato com os graduandos fundamental, e
acreditam colaborar para a construção do perfil profissional
dos alunos em formação inicial. A experiência em um progra‑
ma de educação continuada proporciona a reflexão sobre os
processos de ensinar e aprender línguas e colabora com o
desenvolvimento profissional durante o curso de graduação,
envolvendo os alunos de graduação com a realidade educa‑
cional fora da universidade.
Resumo de Paper
Essa comunicação apresenta o referencial teórico‑meto‑
dológico de uma pesquisa de doutorado da Faculdade de
Educação da Universidade de Brasília que aborda dois eixos:
juventude e língua estrangeira. Aproxima‑se do campo da
linguagem, pois tratar de língua estrangeira significa tratar
de linguagem e língua. Pretende‑se conhecer o/a jovem es‑
tudante e a/o jovem professor/a da rede pública do Distrito
Federal que se encontra em escolas específicas de idiomas
e entender suas visões de mundo e seu universo. Como
percurso metodológico utilizou‑se métodos reconstruti‑
vos de análise de dados qualitativos, a saber: a) o Método
Documentário de Ralf Bohnsack na análise de entrevistas
em grupos de discussão com jovens estudantes e jovens
professores/as de língua estrangeira, cujas bases estão na
Sociologia do Conhecimento de Karl Mannheim e b) Análise
da Conversa, que se encontra ancorada na Etnometodologia
e na Sociolinguística Interacional, a partir de Garfinkel,
Traverso e Marcuschi. O Método Documentário e a Análise
da Conversa oferecem aportes teórico‑metodológicos para
realizar pesquisas no âmbito dos estudos das práticas so‑
ciais, dentre as quais pesquisas educacionais. Pretende‑se
apresentar como instrumento de coletas de dados o grupo
de discussão a partir de Bohnsack e Weller. Mesmo ciente de
que no Brasil, há uma tendência para utilizar o grupo focal
em pesquisas qualitativas educacionais, optou‑se pelo gru‑
po de discussão, pois o mesmo favorece a interação entre os/
as participantes e a compreensão das orientações coletivas
que surgem dessa interação. Pretende‑se apresentar um
exercício metodológico realizado com jovens estudantes de
línguas do Distrito Federal durante esta pesquisa doutoral.
78
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
OBJETO(S) DE ENSINO
DE LÍNGUA PORTUGUESA
NOS DOCUMENTOS
PARAMETRIZADORES DE ENSINO
MÉDIO E SUA FILIAÇÃO TEÓRICA:
DEFINIÇÕES E IMPLICAÇÕES
PARA A FORMAÇÃO DOCENTE
LÍNGUA E CULTURA
NO ENSINO‑APRENDIZAGEM
DE PORTUGUÊS
LÍNGUA ESTRANGEIRA
DENISE LINO DE ARAÚJO (UFCG)
A partir da década de sessenta, o ensino de língua estrangei‑
ra ou segunda língua direcionou‑se para uma visão comu‑
nicativa (HYMES, 1994). Neste tipo de abordagem, o aluno
passa a ser treinado para usar estratégias de comunicação
e analisar o seu próprio discurso, familiarizando‑se com a
realidade cultural a qual está sendo exposto. A aprendiza‑
gem de uma língua estrangeira/segunda língua implica na
assimilação de uma nova cultura, segundo Ferreira (1998) ou
como defende Brown(1987, p.128): “a aprendizagem de uma
segunda língua, em alguns aspectos, envolve a aquisição de
uma segunda identidade”. Acredita‑se que, trabalhando de
modo mais enfático o envolvimento entre língua e cultura
dentro e fora da sala de aula, é possível que o aluno venha
a produzir uma forma mais eficiente de comunicação em
circunstâncias reais de uso, favorecendo a construção do
significado, de identidades sociais e o desenvolvimento de
um conhecimento compartilhado, procurando ajudar o
aprendiz de LE a desenvolver um senso crítico sobre língua
e cultura e a se comunicar apropriadamente na língua‑alvo.
Em uma perspectiva interculturalista, argumenta‑se a fa‑
vor da valorização do saber cultural do aprendiz através da
aquisição da cultura estrangeira, a partir do conhecimento
da língua e da cultura maternas. Legitimando esta posição,
Kramsch (2000) afirma que o entendimento de uma cultura
estrangeira requer a colocação desta em relação com a nati‑
va, apresentando uma maneira de pensar mais cuidada so‑
bre a cultura alvo e a de origem. O professor que adota uma
posição interculturalista passa a ser definido como um edu‑
cador consciente que constrói o conhecimento junto com o
aluno, despertando o seu senso crítico e contribuindo para o
seu crescimento como pessoa.
Resumo de Paper
A expressão objeto(s) de ensino tem sido usada recorren‑
temente na área de Linguística Aplicada, todavia carece
ainda de uma revisão sistemática capaz de apontar os sen‑
tidos que lhe tem sido imputados. Este trabalho se vincula
a uma pesquisa mais ampla na qual se buscou realizar um
esboço do estado da arte sobre essa expressão, tendo como
escopo os documentos nacionais parametrizadores do en‑
sino médio. Para este trabalho especificamente, apresen‑
tamos a noção de objeto de ensino tal como aparece nas
Orientações Curriculares para o Ensino Médio (Brasil, 2006)
e nos Fundamentos Teóricos Metodológicos do ENEM e cor‑
relacionamos um dos objetos – escrita – à filiação teórica es‑
boçada, tendo em vista realizar uma reflexão sobre o efeito
retroativo desses documentos na formação de professores
de português como língua materna. Este trabalho se funda‑
menta no paradigma interpretativo, apoiando‑se na teoria
da complexidade, que nos permite realizar uma (re)leitura
da noção de objeto de ensino, tal como proposta pela escola
de Genebra (Dolz, Gagnon e Decândio, 2010). Trabalhamos
na pesquisa como com dados bibliográficos entendidos
como documentos/monumentos (Le Goff 1997), recolhidos
dos documentos parametrizadores citados. Os resultados
ainda em andamento apontam que não há definição do
conceito objeto de ensino nos documentos, muito embora
vários objetos sejam apresentados, nem sempre os mesmos.
A filiação teórica ora faz apagar determinados objetos ora
faz surgir outros. Este quadro nos parece potencialmente
crítico pelo efeito retroativo (SCARAMUCCI 2004) causado
no ensino médio e na formação docente. As principais con‑
tribuições deste trabalho situam‑se na articulação de uma
proposta, em fase de construção, de leitura crítica dos do‑
cumentos parametrizadores na formação de professores de
português como língua materna.
DENISE MARIA OLIVEIRA ZOGHBI (UFBA)
Resumo de Paper
79
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
LETRAMENTOS NA SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA:
DIVERSIDADES E ALTERIDADES
NO ENSINO E APRENDIZAGEM
DE LEM ENTRE ALUNOS DE EJA
DENISE SILVA PAES LANDIM (USP)
Resumo de Paper
A finalidade do trabalho é apresentar a investigação realiza‑
da como pesquisa de mestrado sobre as relações de diversi‑
dade e alteridade no processo de ensino e aprendizagem de
Língua Inglesa entre alunos de Ensino de Jovens e Adultos.
A pesquisa qualitativa de cunho etnográfico adotou como
procedimento a observação de aulas de língua inglesa de
duas professoras em duas escolas municipais em bairros
da periferia da cidade de São Paulo. Além da observação de
aulas, ocorrida entre os meses de setembro a novembro de
2012, as duas professoras e alguns alunos participaram de
entrevistas semi‑abertas e aplicaram‑se questionários im‑
pressos e online. Com a fundamentação teórica dos estu‑
dos de novos letramentos e multiletramentos (Lankshear,
Knobel, Gee, Freebody, Luke, Cope, Kalantzis, Lemke, entre
outros) preconizam‑se ensinos e aprendizagens de letra‑
mentos no contexto das transformações sociais, linguísticas
e cognitivas advindas do desenvolvimento da sociedade glo‑
balizada e em rede (Castells). Entende‑se que os letramen‑
tos apropriados para o mundo contemporâneo contemplem
a variedade e a diversidade de linguagens, discursos, repre‑
sentações e culturas que as novas tecnologias e a globaliza‑
ção têm proporcionado às pessoas. Nessa variedade e diver‑
sidade, encontram‑se múltiplas possibilidades de alteridade,
elemento constitutivo de identidades. Nesse sentido, acre‑
dita‑se que o emprego dos multiletramentos pode capacitar
os alunos a alcançar os objetivos da educação contemporâ‑
nea: criar acesso à linguagem – sempre em mudança – do
trabalho, ao poder e à comunidade, apoiando o engajamen‑
to crítico para que se planejem futuros sociais. O tema se
mostra relevante por proporcionar a reflexão diante da cons‑
tatação de que os alunos investigados compõem um grupo
de indivíduos a que diversos bens simbólicos, econômicos e
culturais, como a própria escolarização, foram restritos. Tal
situação se torna ainda mais complexa no contexto das de‑
mandas da sociedade em rede e globalizada.
CRENÇAS E EMOÇÕES
DE PROFESSORES DE INGLÊS
EM SERVIÇO
DENIZE DINAMARQUE DA SILVA (UFV)
Resumo de Pôster
Há cada vez mais trabalhos sendo realizados no Brasil sobre
crenças e emoções no ensino e aprendizagem de línguas
(Barcelos e Coelho, 2010; Aragão, 2005, 2008; Mastrella,
2002; Mastrella‑de Andrade 2012). Sabe‑se que as crenças
são co‑construídas e resultantes das nossas experiências
e da interação social (Barcelos, 2006), estando intrinsica‑
mente relacionadas de maneira complexa com a agência do
aprendiz, e do professor e com ações que ora facilitam ou di‑
ficultam aprendizagem ou ensino de uma língua estrangeira.
Da mesma forma, a emoção está presente na sala de aula de
línguas (Wright, 2006; Aragão, 2005, 2008), já que a motiva‑
ção está ligada ao domínio emocional. O presente trabalho
busca estabelecer uma correlação entre crenças e emoções
de professores. Utilizando questionários semiabertos e en‑
trevistas narrativas gravadas, este estudo, em andamento,
procura identificar as crenças e emoções de professores de
inglês em serviço e compreender a relação dessas com sua
prática, bem como investigar o que esses professores de in‑
glês acreditam e sentem sobre suas práticas atuais de ensi‑
no da língua e como essas crenças e emoções se relacionam.
Trata‑se de um estudo qualitativo de cunho exploratório e
descritivo que conta com a participação de 12 professores de
inglês em serviço de escolas públicas de uma cidade da Zona
da Mata de Minas Gerais.
80
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
NAVEGANDO CONTRA A MARÉ:
UMA ANÁLISE DISCURSIVA
DE DIZERES SOBRE A (NÃO)
ADESÃO ÀS REDES SOCIAIS
MULTICULTURALISMO: UMA
ANÁLISE DO(S) DISCURSO(S)
MULTICULTURAL(IS) DO CANADÁ
E DA AUSTRÁLIA
DEUSA MARIA DE SOUZA PINHEIRO PASSOS (USP)
DIEGO BARBOSA DA SILVA (UERJ)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
A popularidade das redes sociais, no Brasil, medida, princi‑
palmente, pelo crescimento acelerado do número de inter‑
nautas adeptos dos vários sites disponíveis, em especial, o
Facebook, reflete o alcance desses meios de comunicação e
sua pertinência para a configuração das formas de interação
humana. Os brasileiros, em especial, ocupam um dos pri‑
meiros lugares no rol dos usuários mais integrados e fami‑
liarizados com o meio, no qual celebram diariamente uma
existência “faceboqueana”, alimentando, com disciplina
quase inabalável, essa dimensão da sua identidade, afetada,
em sua constituição, pelos efeitos discursivos de sua relação
com a sociedade na qual se inserem e dos modos de circula‑
ção de seus dizeres. O grande número de adeptos das ditas
novas práticas do ciberespaço tende a tornar estranha qual‑
quer manifestação contrária ao reconhecimento da rede so‑
cial como lugar onde se deve estar. Recorrendo à noção de
ética como responsabilidade, este trabalho busca investigar,
a partir da análise de um corpus composto por entrevistas
com alunos de graduação de inglês de uma universidade pú‑
blica de São Paulo, como se enuncia a não‑adesão às mídias
sociais. Interessa‑nos, sobretudo, o modo como, no gesto
de recusa do pertencimento ao meio, se constrói discursi‑
vamente a exclusão voluntária como alternativa para a ex‑
pressão de singularidades, por meio de uma voz localizada
na direção oposta ao imaginário pró‑redes sociais.
Nestas últimas décadas observamos o crescimento da mi‑
gração e a intensificação da globalização que, favorecendo
o contato entre culturas, trouxe e traz uma série de ques‑
tões e desafios de convivência e de reformulação de con‑
ceitos como nacionalismo, cidadania, direitos humanos e
sujeito universal. Nossa pesquisa de doutorado visa justa‑
mente pensar estas questões por meio da análise discursiva
(PÊCHEUX, 2009 [1975]; ORLANDI, 2007) do multiculturalismo,
sobretudo o discurso multicultural da Unesco (Organização
das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura).
Para esta apresentação analisamos, a partir da noção de
acontecimento discursivo de Pêcheux (1997; 1999), o surgi‑
mento do termo multiculturalismo no Canadá e na Austrália,
os primeiros países onde foi utilizado nos anos 1960 e 1970.
O que está em jogo e o que não está quando se diz multi‑
culturalismo? O que esses sentidos silenciam? Há paráfrases
e deslizamentos em torno desses sentidos? No Canadá, um
dos poucos países colonizados por duas metrópoles euro‑
peias, observamos que seu surgimento está relacionado
à reivindicação de direitos pela minoria francófona, com a
adoção de uma política baseada na ideia de “uma nação mul‑
ticultural, mas bilíngue”. Ambas as histórias desses países,
no entanto, estão marcadas pela imigração e povoamento
de vasto território, primeiramente feita com europeus e só
mais recentemente de maneira significativa com povos de
outros continentes. Analisando, pudemos perceber que o
surgimento do multiculturalismo nesses países, enquanto
acontecimento, está relacionado à colonização e à emigra‑
ção europeias e a uma formação discursiva liberal‑capitalis‑
ta, e não à ideia de aceitação da diferença, sendo seu sentido,
portanto, um deslocamento do assimilacionismo cultural.
81
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ATIVIDADES METACOGNITIVAS
DE LEITURA EM ESPANHOL
‑ LÍNGUA ADICIONAL
EM CONTEXTO ESCOLAR
DIEGO DA SILVA VARGAS (UFRJ)
“O QUE SIGNIFICA APRENDER
INGLÊS PARA VOCÊ?”
LICENCIANDOS REFLETINDO
SOBRE AFETO E CONSTRUÇÃO
DE IDENTIDADES
DIEGO FERNANDES COELHO NUNES (FFP/UERJ)
Resumo de Paper
Esta pesquisa tem como objetivo refletir sobre as leituras
realizadas por alunos do 9º ano do Ensino Fundamental
da rede pública do município de Niterói/RJ em aulas de
Espanhol, por meio de sua interação com propostas de ativi‑
dades focadas no desenvolvimento de habilidades metacog‑
nitivas. Os principais referenciais curriculares nacionais in‑
dicam que a principal tarefa do ensino de línguas adicionais
na Educação Básica é se unir ao ensino de língua materna
em busca da ampliação do letramento do aluno. Entretanto,
diversos trabalhos já revelaram que o trabalho com a lei‑
tura na escola ainda ensina prioritariamente ao aluno que,
enquanto aprendiz, ele deve se comportar como sujeito‑re‑
produtor, por meio da seleção de informação explicitamen‑
te apresentada na linearidade do texto. Acreditamos que os
Estudos em Metacognição possam, então, contribuir para a
alteração dessa situação, trazendo critérios metodológicos
para a elaboração de atividades de leitura que visem colo‑
car o aluno como sujeito de seu processo de construção de
significados. Entende‑se como metacognição a capacidade
do ser humano de pensar e refletir sobre seus processos cog‑
nitivos, monitorando‑os, regulando‑os e reformulando‑os
quando necessário, em função de um determinado objetivo.
Em uma atividade escolar de leitura, a metacognição atua
principalmente no que se refere à elaboração e flexibilização
de hipóteses de leitura e ao estabelecimento de objetivos de
leitura. Neste trabalho, então buscamos analisar as respos‑
tas dos alunos dadas a atividades pensadas para o desen‑
volvimento dessas atividades, com o objetivo de entender,
por um lado, o processo de leitura desenvolvido na mente
do aluno‑leitor, e, por outro, (re)pensar as atividades de lei‑
tura desenvolvidas hoje nos ambientes de educação formal,
visando a estruturar novos objetivos para que se possa levar
o aluno ao entendimento e à realização de leituras de quali‑
dade de um texto, dentro e fora da escola.
Resumo de Pôster
Neste trabalho, através de narrativas geradas em ‘conversas
exploratórias’ (MILLER, 2001; MORAES BEZERRA, 2007) por
meus colegas e por mim, licenciandos em Letras (Português/
Inglês) de uma universidade pública no estado do Rio de
Janeiro, apresento reflexões acerca da influencia que o afeto
parece exercer no processo de aquisição de uma língua es‑
trangeira e de que forma tal influência interfere no aprendi‑
zado, aproximando ou afastando pessoas, integrando‑as ou
causando conflitos (KUSCHNIR, 2003). Além disso, também
apresento reflexões sobre a constante construção e recons‑
trução de identidades desses praticantes no decorrer do pro‑
cesso de reflexão sobre o ensino‑aprendizagem de línguas no
momento em que contamos estórias (BASTOS, 2004, 2005;
MOITA LOPES, 2003). Baseando‑me nos princípios da Prática
Exploratória (MILLER, 2001; ALLWRIGHT e HANKS, 2009, inter
alia), a busca por entendimentos sobre as questões aponta‑
das é conduzida de forma inclusiva no sentido de envolver
todos os praticantes nesse processo. Fundamento‑me, ain‑
da, na teoria sociocultural (VYGOTSKY, 1987, 1994), segundo a
qual todo aprendizado acontece situado no social e na histó‑
ria, que permeiam as interações construídas pelo aprendiz e
por seu par mais competente.
82
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A IMAGEM MIDIÁTICA:
DO PICTÓRICO
À REPRESENTAÇÃO
SOCIOCULTURAL
DINA MARIA MARTINS FERREIRA (UECE)
FERNANDO HENRIQUE RODRIGUES DE LIMA (UECE)
Resumo de Paper
A linguagem imagética se organiza por múltiplos caminhos,
muitas vezes entrelaçados por nós, que ora se harmonizam,
ora se apertam, ora se desatam. E pela multifacetada rede
conceitual, nossa primeira preocupação é delimitar os sen‑
tidos que vamos adotar de imagem, ou seja, figura, visual,
pictórico, simbólico e afins desse campo semântico. E, como
um campo semântico, seus signos compósitos vão com‑
partilhar a característica “traço delineado”. Esse eixo sêmi‑
co, sem dúvida, não divide a imagem abstrato‑mental da
imagem concreto‑externa, já que, ao se pensar em imagem,
não se pode separar a percepção mental das figuras exter‑
nas que rodeiam os nossos corredores sociais. Nosso estudo
parte do visual midiático, mais especificamente da charge
jornalística, cuja natureza figurativa cruza o simbólico para
alcançar à imagem‑representação social – representação
do mundo exterior constituída pela manifestação simbó‑
lica, alimentada pela charge que, por sua própria natureza,
critica e denuncia situações político‑sociais. E é pela análise
da imagem charge se alcança a crítica à normatização da di‑
ferença. Enquanto o desenho da charge selecionada – sob a
temática da camada de ozônio e seu calor cabonizante mais
a relação entre elite e não‑privilegiados – delineia traços grá‑
ficos – imagem figurativo‑pictórica –, vão se construindo
imagens simbólicas que se tornam imagens representativas
de valores sociais em um espaço político‑histórico.
A TRADUÇÃO COMO SISTEMA
COMPLEXO ADAPTATIVO
DIOGO NEVES DA COSTA (UFRJ)
Resumo de Paper
Se traduzir é uma realidade póstuma ao mito de Babel, re‑
montando a séculos, seu registro como item pela Modern
Language Association Bibliography se faz somente a partir
de 1983 sob o nome de “Teoria da Tradução” (GENTZLER. 2009
p.21). E, tendo o campo da tradução um caráter interdisci‑
plinar, pensadores e pesquisadores se apoiaram em diferen‑
tes alicerces teóricos para sua análise, além de abordarem
o fenômeno “tradução” de acordo com suas necessidades e
interesses. E, ao lado de toda reflexão e produção intelec‑
tual, temos a prática tradutória, muitas vezes observada
como independente de toda teoria. Pretende‑se, então, de‑
fender a tradução dentro do paradigma da complexidade,
este que observa o mundo organizado como um arquipéla‑
go de sistemas no oceano da desordem (MORIN, 2001, p. 57).
Acreditamos que através do paradigma da complexidade po‑
deríamos observar a tradução sem reduzi‑la às suas partes
(sistema reducionista) e nem vê‑la de forma excessivamente
abrangente (sistema holístico). E, através de exemplos pro‑
venientes tanto da história da tradução quanto de estudos
sobre o fenômeno da tradução, defenderemos que sua com‑
posição é feita tanto por circuitos fechados quanto circuitos
“caóticos” e imprevisíveis, de forma que estaríamos diante de
um sistema complexo adaptativo. Destacaremos ao longo
da apresentação, com base em Holland (1995) e Nussenzveig
(1999), nove características dos sistemas complexos adapta‑
tivos que nos parecem suficiente para a definição de siste‑
mas dessa natureza e demonstrar que a tradução as possui.
Entretanto, não basta apenas defender a tradução como um
sistema complexo adaptativo, pretendemos apresentar um
uma possibilidade para sua análise com base em Palazzo
(1999) que sugerirá a análise por “redes”. Ao final, concluire‑
mos que, a princípio, a tradução corresponde às caracterís‑
ticas dos sistemas complexos adaptativos, sendo este um
caminho promissor para a análise desse fenômeno.
83
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
POLÍTICA LINGUÍSTICA
E O PROFESSOR EM FORMAÇÃO:
IMPLICAÇÕES E APLICAÇÕES
POR QUE OLHAR A HISTÓRIA
DO ENSINO DE LÍNGUAS?
DÖRTHE UPHOFF (USP)
DJANE ANTONUCCI CORREA (UEPG)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Este trabalho abaliza‑se nas perdas causadas pela ausência
de uma autonomia maior por parte dos professores median‑
te as descrições de situações sociolinguisticamente comple‑
xas e também nas consequentes aplicações e implicações
dessas visões no âmbito didático e pedagógico. Trata‑se de
um recorte de um estudo maior, em andamento, que discu‑
te a estreita relação que se estabelece entre políticas linguís‑
ticas (RAJAGOPALAN, 2004, 2008, 2009; PENNYKOOK, 2006;
MAKONI, MEINHOF, 2006; CALVET, 2007; OLIVEIRA, 2007,
2009) e escrita (BRITTO, 2008; CORREA, 2009a, 2009b, 2011a;
2011b). Utilizando o viés da pragmática (PINTO, 2005, 2009;
RAJAGOPALAN, 2010). O objetivo geral do estudo é fazer um
levantamento sobre a compreensão atual que os professo‑
res de Língua Portuguesa, em formação na UEPG/PR, têm
de língua(gem) atualmente para subsidiar discussões sobre
ensino de língua. Os objetivos específicos são: discutir polí‑
ticas linguísticas e averiguar se tais discussões os auxilia a
compreender os mecanismos que definem o(s) uso(s) da lín‑
gua(gem); retomar com os professores em formação o fato
de que as práticas linguísticas heterogêneas acompanham
a evolução sociocultural de todas as línguas do mundo e
que os movimentos em direção da homogeneidade linguís‑
tica são determinados por fatos sociais, políticos e históri‑
cos. A hipótese de pesquisa é “a constante discussão sobre
os processos históricos, socioculturais, linguísticos e de po‑
líticas linguísticas que envolvem a constituição das línguas
propicia maior autonomia para propor estudos, discussões
e encaminhamentos pedagógicos, seja sob a égide de uma
posição científica, seja de uma proposta intervencionista no
campo social e educacional”. Utilizando métodos qualitati‑
vos (TRIVIÑOS, 2009; THIOLLENT, 2009) os resultados até o
momento apontam maior visibilidade às indagações, difi‑
culdades e experiências de professores em formação oriun‑
das de situações sociolinguisticamente complexas.
A comunicação propõe uma reflexão sobre as formas e
os possíveis sentidos de se estudar a história dos méto‑
dos de ensino de línguas estrangeiras na formação inicial
e continuada de professores da área. Parte‑se, com Hüllen
(2000), da observação que o ensino de línguas cultiva uma
memória relativamente curta, compreendendo sobretu‑
do o período desde o advento da abordagem comunicativa.
Características da prática de ensino anterior a essa marca
costumam ser relembradas de maneira bastante esquema‑
tizada, em forma de princípios didáticos como a repetição
mecânica de frases isoladas ou a concepção de língua como
mero sistema gramatical, que hoje são considerados ultra‑
passados. Constrói‑se, assim, uma visão do passado como
uma época de equívocos e enganos metodológicos, à qual
é preciso se contrapor para desenvolver uma prática peda‑
gógica competente e eficaz. Na comunicação aqui proposta,
sugere‑se um deslocamento desse olhar para a história e a
adoção de um enfoque que põe em evidência as condições
de produção do ensino, ou seja, o conjunto, sempre variável,
de conceitos teóricos, recursos materiais e fatores sociopo‑
líticos, com os quais os professores se defrontam quando
articulam o seu ensino. Advoga‑se, dessa forma, uma visão
da história que não procura identificar o certo e o errado nas
práticas pedagógicas, mas que entende o desenvolvimen‑
to dos diferentes métodos de ensino como tentativas de
equacionar os desafios inerentes ao ensino/aprendizagem
de um idioma estrangeiro. Para dar subsídio à discussão, se‑
rão analisados os enfoques adotados em diversas obras de
referência que apresentam um retrospecto dos métodos de
ensino de línguas.
84
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A PROFICIÊNCIA LINGUÍSTICOCOMUNICATIVA-PEDAGÓGICA
DO PROFESSOR DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA: ALINHAVANDO
PESQUISAS EM AVALIAÇÃO PARA
NOVAS POLÍTICAS LINGUÍSTICAS
NO BRASIL
SOBRE A MULHER E AS (DES)
IDENTIFICAÇÕES: O FEMINISMO
E AS VOZES DE RESISTÊNCIA
NA CONTEMPORANEIDADE
DOUGLAS ALTAMIRO CONSOLO (UNESP)
Através de uma análise baseada nos estudos discursivos per‑
cebe‑se que estes não se voltam meramente para o conteú‑
do informacional dos enunciados, mas para o modo como
esse conteúdo é enunciado: importa menos o que foi dito,
importando mais como foi dito. Assim, o foco no modo de
enunciar permite ao analista identificar momentos de ten‑
são, contradição dos dizeres do sujeito. Logo, o questiona‑
mento deve existir através da reflexão que surge a partir da
confrontação dos enunciados com as ideologias em circula‑
ção na sociedade. Em relação a estas constatações procura‑
mos exemplificá‑las a partir das formas de discursivização e
subjetivação postas em circulação na contemporaneidade
pelos discursos feministas. Procuramos também analisar
pelo viés dos estudos culturais, principalmente nos estudos
como os de Santos (2011), Silva (2000) e Charthier (1990), no
que tange ao fenômeno das (des)construções de identida‑
des para analisar como estas noções podem ser percebidas
nos discursos feministas enquanto discursos de oposição e
resistência aos discursos que tentam se apoderar do corpo
da mulher (a partir das regras sociais que se lhe impõem
os discursos machistas, por exemplo). Também procura‑
mos atentar para noção de gênero tal como percebida por
Schienbinger (2001), que aponta para relações de poder e
hierarquia entre os sexos. Finalmente, em todas as áreas de
contribuições, seja a AD, sejam os estudos culturais ou os
estudos de gênero, podemos perceber a noção de ideologia
que atuam na AD dentro das Formações Discursivas e para os
estudos culturais e os estudos de gênero como funcionando
de diversas maneiras, prescrevendo características e com‑
portamentos aceitáveis para homens e mulheres. Ambos os
estudos problematizam essa questão de ideal masculino ou
feminino, em que aparecem (nos atos de construção iden‑
titária) situações de afirmação /diferença, de acordo com a
(des)identificação com as atribuições de gênero empresta‑
das pela sociedade em discursos de dominação.
VERA LUCIA TEIXERIA DA SILVA (UERJ)
Resumo de Paper
A proficiência linguística do professor de língua estrangei‑
ra, entendida na perspectiva da manifestação de um con‑
junto de competências e habilidades e do conhecimento
sobre e de uso da linguagem para as finalidades específi‑
cas de ensino e de apoio à aprendizagem, constitui ques‑
tão pertinente para investigações em Linguística Aplicada.
Resultados de pesquisas sobre essa proficiência, no âmbito
de projetos individuais e coletivos, embasados em dados de
contextos de ensino‑aprendizagem de línguas no Brasil e
no exterior, e balizados por processos de elaboração e utili‑
zação de três instrumentos de avaliação, a saber, o TECOLI
(Teste de Compreensão Oral em Língua Italiana), o TEPOLI
(Teste de Proficiência Oral em Língua Inglesa) e finalmente
o EPPLE (Exame de Proficiência para Professores de Línguas
Estrangeiras), nos permitem relatar, nesta comunicação,
um percurso em pesquisas na área de avaliação, com visíveis
desdobramentos e implicações para políticas linguísticas
no contexto educacional brasileiro. Apontamos, a partir de
um acervo de artigos científicos, dissertações de mestrado
e teses de doutorado, questões sobre a validade do EPPLE
enquanto um exame de proficiência para professores de
línguas, tais como a manifestação do construto em faixas
de proficiência, e a viabilidade da avaliação dessa proficiên‑
cia, nas modalidades escrita e oral, e preferencialmente por
meio do computador. Tratam‑se de recortes de uma profici‑
ência de caráter complexo, alinhavados em contribuições de
um projeto que retoma aspectos de caráter terminológico,
teórico e metodológico para a implementação do EPPLE no
cenário nacional, contando‑se com um instrumento válido
e confiável que atenda aos objetivos de uma avaliação de
proficiência linguístico‑comunicativa‑pedagógica de pro‑
fessores embasada em resultados de pesquisas iluminando
o construto do exame, bem como as maneiras de utilizá‑lo,
tanto em formato presencial como em formato eletrônico.
ÉDERSON LUÍS DA SILVEIRA (FURG)
Resumo de Pôster
85
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PERSPECTIVAS SOBRE
A IMPORTÂNCIA DA LINGUÍSTICA
APLICADA (LA) NA FORMAÇÃO
INICIAL DOS PROFESSORES
DE LÍNGUA INGLESA (LI)
ÉDINA APARECIDA CABRAL BÜHRER (UNICENTRO)
Resumo de Paper
O objetivo deste trabalho é provocar uma discussão em
torno dos problemas e desafios na formação inicial de pro‑
fessores de língua inglesa (LI) no processo de construção
identitária propiciada pela Linguística Aplicada (LA). A base
da argumentação é parte constitutiva da pesquisa de dou‑
torado na qual enfatizo a importância da linha de pesquisa
de formação de professores de línguas, principalmente da LI,
como uma linha de investigação que viabiliza que novos es‑
tudos direcionados a melhoria profissional do professor de
línguas sejam realizados. No desenvolvimento da pesquisa
focalizo a formação do professor de língua inglesa no con‑
texto do Estágio Curricular Supervisionado fazendo uma
breve trajetória da linha de pesquisa de formação de profes‑
sores que deslocou o objeto de pesquisa direcionado à sala
de aula para o professor. Não se trata aqui de uma discussão
que busca pelas raízes ou pelas minúcias do início da linha
de pesquisa no Brasil, mas apresentar perspectivas da LA que
posicionam a linha de pesquisa de formação de professores
e possibilitam a abertura de oportunidades nos cursos de
pós‑graduação em Letras para que tópicos como o que dis‑
cuto na tese possam ser tratados no âmbito dos Estudos da
Linguagem e não apenas na área da Educação. Essa aber‑
tura da LA considera o envolvimento do professor formador
dos cursos de Letras tanto com aspectos linguísticos quan‑
to com questões pedagógicas, didáticas, sociais, políticas e
culturais. Na pesquisa, faço um mapeamento dos estudos
sobre a formação de professores de LI no Brasil baseado em
Gil (2005), na sequência enfatizo os desafios contemporâ‑
neos dos professores de línguas na sua formação (GIMEMEZ,
2005) a partir das contribuições da Linguística Aplicada (LA)
e finalizo com as lacunas e os avanços nos estudos da LA que
tratam da formação de professores de LI no Brasil (ORTENZI,
2007). A discussão sobre a linha de pesquisa, formação de
professores de LI, traz inúmeras contribuições para que se
possa repensar os cursos de graduação e também a própria
formação do professor formador.
OS DOCENTES DO CURSO
DE LETRAS E AS TESES ACERCA
DO ENSINO DE GRAMÁTICA
EDMAR PEIXOTO DE LIMA (UERN)
Resumo de Paper
Os discursos que permeiam a sociedade se configuram de
modo geral como discurso argumentativo. Essa argumen‑
tação torna‑se mais preponderante quando as discussões
abordam a gramática como objeto de ensino da Língua
Portuguesa. Portanto, este artigo se propõe a discutir
qual(is) a(s) tese(s) que os docentes do curso de Letras de‑
fendem quando discutem o ensino de gramática e, conse‑
quentemente, qual a concepção de gramática a que eles se
filiam em suas ações pedagógicas. Esse trabalho está vincu‑
lado ao Programa de Pós‑graduação (PPGL) da Universidade
do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), haja vista ter‑
mos participado do Projeto de Cooperação Acadêmica:
Disciplinas voltadas às Metodologias de Ensino de Língua
Portuguesa (PROCAD). O nosso corpus faz parte das entre‑
vistas realizadas com os docentes do curso de Letras das
três IES participantes do referido projeto. Utilizamos como
aporte teórico os estudos que envolvem a argumentação
(PERELMAN E TYTECA, 2005), as pesquisas realizadas por
Neves (2007), Antunes (2003 e 2007) e Geraldi (2006), entre
outros autores que nortearão nossas reflexões. Assim, os
docentes entrevistados demonstram em seus discursos as
teses de que: (i) o professor necessita formar alunos cons‑
cientes de sua posição social e a gramática contribui para o
acesso à produção e compreensão dos discursos que circu‑
lam nas práticas sociais; (ii) o domínio da linguagem se con‑
figura como elemento de acesso ao conhecimento, já que
orador e auditório influenciam‑se mutuamente nas defesas
das teses. Com relação ao que os docentes dizem acerca da
concepção de gramática que norteia o ensino na graduação:
(i) o ensino de gramática está pautado na norma padrão; (ii)
a necessidade do aluno saber manipular os conhecimentos
linguísticos na produção de texto; e (iii) a preferência pela
gramática descritiva. Acreditamos que com essas discussões
podemos ampliar o debate acerca da gramática como obje‑
to de ensino de língua portuguesa na universidade.
86
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A CONSTRUÇÃO DE UM PPC
DE LETRAS NA MODALIDADE
DE EAD: DESAFIOS
E PERSPECTIVAS
EDNA MARTA OLIVEIRA DA SILVA (UNINTER)
ADRIANA CRISTINA SAMBUGARO DE MATTOS BRAHIM (CENTRO
UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL UNINTER)
Resumo de Paper
Em meados dos anos 90, com a disseminação das tecno‑
logias de informação e de comunicação, começam a surgir
programas oficiais e formais de EaD por parte das Secretarias
de Educação municipais e estaduais, isoladas ou em parce‑
ria com as universidades, com as iniciativas de Formação
Continuada de professores da rede pública, dada a deman‑
da da necessidade de formação de professores. Em 2001 o
Ministério da educação publica as Diretrizes Curriculares
para os cursos de Licenciatura, a partir dos quais as IES pu‑
deram organizar seus projetos pedagógicos e ter um me‑
lhor direcionamento em relação às exigências de formação.
Conforme aponta Pinto (2002), a busca por uma nova iden‑
tidade profissional requer esforço conjunto das instâncias
institucionais bem como do colegiado dos professores, di‑
recionado para a construção de uma identidade dos cursos
de licenciaturas, a partir de uma nova proposta de forma‑
ção docente, fundada na práxis, como lugar de produção da
consciência crítica e da ação qualificada. Apoiando‑nos em
trabalhos de pesquisadores da área de EaD (BELLONI, 2008;
SILVA, 2010; MORAN, MASETTO e BEHRENS, 2000; LÉVY, 1999;
OLIANI e MOURA, 2012, entre outros) fomos procurar subsí‑
dios para a construção do Projeto Pedagógico de um curso
de Licenciatura em Letras na modalidade a distância que
atenda as Diretrizes Curriculares e aspectos da formação
inicial de professores, e que também proponha uma pers‑
pectiva contemporânea de EaD, diferente de atuais mode‑
los fordistas (MATTAR, 2012). Assim, este trabalho tem como
objetivo apresentar aspectos do processo de elaboração e
implementação de um PPC de Letras, mostrando os princi‑
pais desafios encontrados, bem como as perspectivas que se
apresentaram no decorrer do processo de construção deste
projeto na modalidade de EaD.
A AQUISIÇÃO DOS PRONOMES
CLÍTICOS DE 3ª PESSOA
NA PRODUÇÃO ESCRITA
DE BRASILEIROS APRENDIZES
DE ESPANHOL: INSTRUÇÃO COM
FOCO NA FORMA
EDUARDO DE OLIVEIRA DUTRA (UNIPAMPA)
Resumo de Paper
Neste trabalho investigamos a aquisição dos pronomes clíti‑
cos de 3ª‑ pessoa como forma simples por brasileiros apren‑
dizes de espanhol como língua adicional. Em virtude do
caráter predominantemente descritivo das pesquisas exis‑
tentes a respeito da aprendizagem desse aspecto linguísti‑
co (González, 1994; Villalba, 1995; Cruz, 2001 Semino, 2001;
Simões, 2010) e dos resultados das pesquisas que caracteri‑
zam essa forma‑alvo de difícil aquisição por brasileiros, op‑
tamos pela investigação do objeto desse objeto de estudo.
O contexto de pesquisa é um curso livre de uma universidade
pública do sul do Brasil, localizada no interior do Rio Grande
do Sul. Os participantes desta investigação foram cinco es‑
tudantes do primeiro semestre de um curso livre. Este estu‑
do é uma pesquisa mista, isto é, uma investigação quanti‑
tativa e qualitativa, na qual a análise dos dados linguísticos
é complementada por dados não‑linguísticos. Os dados
linguísticos serão gerados a partir de três testes (pré‑tes‑
te, pós‑teste e teste postergado) e apontados por meio de
índices numéricos. A coleta desses dados ocorreu através
de produções escritas: controladas e livres. Com o propósi‑
to de obtermos os dados não‑linguísticos, faremos uso de
informações provenientes de ficha social em que constam
informações pessoais e experiências escolares a respeito do
processo de ensino/aprendizagem da língua‑alvo. Após o
período de coleta dos dados não‑linguísticos, serão obede‑
cidas quatro etapas, a saber: a) leitura das fichas sociais; b)
categorização das informações; c) sistematização dos dados
não‑linguísticos; d) elaboração de tabelas. Adotamos uma
abordagem transversal com a intenção de averiguarmos os
efeitos da Instrução com o Foco na Forma (IFF) no que tange
à aquisição dos pronomes clíticos do espanhol como forma
simples por aprendizes brasileiros, na perspectiva da pesqui‑
sadora canadense Nina Spada (1997, 1999, 2000, 2005, 2010).
Os dados estão em processo de análise.
87
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
GÊNERO DEBATE NA ESCOLA
ELAINE CRISTINA FORTE‑FERREIRA (UFC)
Resumo de Paper
O gênero debate como objeto de ensino na escola consti‑
tui o centro de nossa atenção nesta pesquisa. Este traba‑
lho, como recorte de nossa tese em andamento, objetiva
investigar a maneira como os alunos de ensino fundamen‑
tal constroem o tópico discursivo, ou o desviam, em gêne‑
ros orais, como o debate. Para embasar teoricamente esta
pesquisa, apoiamo‑nos nos conceitos de gênero do discurso
(BAKHTIN, 1997), no de gêneros escolarizados (SCHNEUWLY
E DOLZ, 2004); nos estudos da modalidade oral da língua
(MARCUSCHI, 2001; 2003; ANTUNES, 2003; FÁVERO, ANDRADE
E AQUINO, 2003; BUENO, 2009); na proposta de sequência
didática (DOLZ, NOVERRAZ E SCHNEUWLY, 2004; SWIDERSKI
E COSTA‑HUBES, 2009); no de tópico discursivo (BROWN
E YULE, 1983; JUBRAN, 1993; 2006; PINHEIRO, 2006). Nosso
estudo, que é uma pesquisa‑ação de natureza qualitativa,
conta com a participação de uma turma de alunos do 7º ano
do ensino fundamental. O processo de coleta de dados apre‑
sentou os seguintes procedimentos: visita à escola e intera‑
ção com os alunos a partir da elaboração de atividades para
a produção do gênero debate. Os dados foram registrados
em áudio e vídeo. As produções são constituídas de textos
orais, elaborados por alunos, a partir da apresentação de te‑
máticas que suscitam discussão por terem a característica
de serem polêmicas, o que, no nosso entender, pode ser a
base para dar início à produção textual dos alunos, no caso,
o debate. A partir desses procedimentos, construímos um
corpus em 12 aulas que aconteceram durante o segundo se‑
mestre de 2012. Para este trabalho, entretanto, recortamos
apenas duas aulas do corpus para explicitar como aconteceu
o desvio de tópico na construção da argumentação durante
a produção textual.
CRIAÇÃO E UTILIZAÇÃO
DE MATERIAL DIDÁTICO
E PROPOSTAS OFICIAIS PARA
O ENSINO DE LÍNGUA INGLESA:
UMA ANÁLISE DA PRÁTICA
DOCENTE NO CONTEXTO
DA EDUCAÇÃO BÁSICA
ELAINE CRISTINA MEDEIROS FROSSARD (UESC)
Resumo de Paper
Este trabalho teve como finalidade analisar se a utilização
de materiais didáticos e a criação de atividades e material de
apoio ao ensino‑aprendizagem de língua inglesa atende aos
objetivos estabelecidos pelos documentos oficiais de con‑
cretização curricular para o ensino de língua estrangeira (LE)
no Brasil. Tendo como embasamento teórico documentos
como os Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino
Médio (PCNEM, 1998), as Orientações Curriculares para o
Ensino Médio (OCEM, 2006) e os pressupostos da Linguística
Aplicada (LA) e da Linguística Aplicada Crítica (LAC), por meio
dos trabalhos de Moita Lopes (1996), Almeida Filho (2002;
2005), Pennycook (1994; 2001), dentre outros, buscou‑se es‑
tabelecer uma relação entre o objeto de estudo e questões
da linguagem inseridas na prática social real. Além disso,
as contribuições de Bakhtin (1929/1999; 1929/2005; 1979) e
Authier‑Revuz (1982/2004; 1990; 1998) também serviram
de apoio a este estudo no que tange à análise dos discursos
dos professores entrevistados quanto a suas concepções de
língua, linguagem e propósitos do ensino de língua inglesa,
o que constituiu fator de grande importância para a com‑
preensão dos resultados. A pesquisa foi desenvolvida em 3
escolas públicas de Ensino Médio selecionadas na cidade de
Itabuna, estado da Bahia, e propôs‑se uma análise interpre‑
tativa e qualitativa dos dados, que foram obtidos junto aos
docentes participantes da pesquisa por meio de questioná‑
rios, entrevistas e análise autorizada de seu planejamento e
prática em sala de aula.
88
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
(DIS)POSICIONAMENTOS
DE PROFESSORES/AS E POLÍTICAS
PÚBLICAS DE FORMAÇÃO
PARA A DOCÊNCIA: UMA
ANÁLISE CRÍTICO‑DISCURSIVA
DE SUBPROJETOS PIBID
ELAINE FERNANDES MATEUS (UEL)
Resumo de Paper
O campo educacional tem sido marcado por transformações
que incorporam práticas sociais próprias do neoliberalismo.
Assim como na economia global, também políticas educa‑
cionais têm se fundamentado nos ideais de parcerias e redes
colaborativas de trabalho como formas de gerenciamento
das práticas de ensino. Nessa direção, o MEC lançou em 2007
o Plano de Desenvolvimento da Educação (PDE) e, como
parte dele, o Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
à Docência (Pibid). A alegação de base que se encontra na
proposição do Pibid é a de que há um quadro atual na forma‑
ção de professores/as que deve ser alterado – indicando que
aquilo que existe não corresponde ao que se deseja – e que a
alteração do quadro se faz por meio da relação permanente
entre universidades e escolas, isto é, por meio de parcerias.
Nesse cenário, as normativas do Pibid reformulam o siste‑
ma posição‑prática associado à formação de professores/as,
possibilitando, por um lado, a criação de espaços híbridos
com potencial transformador e, por outro, projetanto (dis)
posições artificiais, não previstas e não objetivadas nas prá‑
ticas de muitas das instituições de ensino envolvidas e, por
esta razão, com potencial regulador. Partindo disso, investi‑
ga‑se, por meio de estudo crítico do discurso, subprojetos na
área de Letras/Inglês de cinco Instituições de Ensino Superior,
contemplados por Editais Pibid entre 2009 e 2012. O objetivo
é explorar princípios de recontextualização ligados a atores
sociais, seus papéis e (dis)posições nestas práticas específi‑
cas de formação de professores/as. Os resultados sinalizam
(i) posições objetivas flutuantes; (ii) maior flutuação nas po‑
sições dos/as licenciandos/as; (iii) rejeições/apagamentos
de (dis)posicionamentos de professores/as da universidade;
(iv) (re)posicionamentos vazios para professores/as da edu‑
cação básica. As implicações deste estudo dizem respeito
aos modos como diferentes (dis)posicionamentos reprodu‑
zem‑transformam relações institucionalizadas de poder.
ENTREVISTAS DA PARTE ORAL
DO EXAME CELPE–BRAS:
UM ENFOQUE NAS ATITUDES
E REAÇÕES DO ENTREVISTADOR
ELEONORA BAMBOZZI BOTTURA (UFSCAR)
Resumo de Pôster
A tendência mercadológica tem impulsionado o interesse
pela língua/cultura brasileira intensificando a procura por
aprender a língua portuguesa aumentando, consequen‑
temente, o número de instituições públicas e privadas que
têm oferecido cursos de português como língua estrangeira
(PLE) no mundo.Nesse contexto, é válido ressaltar a crescen‑
te procura de estrangeiros para a obtenção do Certificado
de Proficiência em Língua Portuguesa para Estrangeiros
(Celpe–Bras), oficialmente instituído pelo Ministério da
Educação em 1994 tendo as inscrições para a obtenção do
mesmo aumentado consideravelmente nos últimos anos.
Esses elementos propulsores do ensino de PLE e a busca de
muitos estrangeiros para se tornarem proficientes em por‑
tuguês, instigam diversos pesquisadores a trabalhar com di‑
ferentes processos que envolvem o ensino‑aprendizagem‑a‑
valiação de línguas estrangeiras.Esta pesquisa busca inves‑
tigar as entrevistas orais da Parte Oral do exame Celpe–Bras.
Pretende‑se analisar as entrevistas do segundo semestre de
2012 de um Posto Aplicador de uma universidade do interior
paulista, dando enfoque na questão do comportamento do
entrevistador e qual impacto este possui no desempenho do
candidato. Pesquisas seminais da área estudam tal relação
e elucidam a necessidade de realizar estudo detalhado e sis‑
tematizado das variáveis envolvidas na relação entrevista‑
dor/ candidato.Neste trabalho, objetiva‑se analisar a papéis,
atitudes e comportamentos dos entrevistadores em intera‑
ção face‑a‑face no exame elucidando possíveis elementos,
presentes no discurso do entrevistador, que favoreçam ou
prejudiquem o desempenho do candidato. Perguntamo‑nos
acerca de qual é a relação que se estabelece na interação,
uma vez que a atuação do entrevistador como interlocutor
pode implicar no resultado do desempenho e, também, da
proficiência do candidato.Pretende‑se, assim, buscar enca‑
minhamentos sobre a validade da avaliação oral em exames
de proficiência.
89
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
COORDENADORES E GESTORES
PARTICIPANTES DA FORMAÇÃO:
GRUPO DE REFERÊNCIA
AVALIAÇÃO EM LÍNGUA
INGLESA: ESTUDO DE CASO
EM UMA EMPRESA
ELIANA KOBAYASHI (UNICAMP)
ELIANA APARECIDA OLIVEIRA BURIAN (Puc–sp)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
O presente estudo pretende descrever e interpretar o fenô‑
meno da Formação de Professores Coordenadores e Gestores
participantes da Formação: Grupo de Referência desenvolvi‑
do em uma Diretoria de Ensino da Capital do Estado de São
Paulo durante o ano de 2012. O objetivo é revelar o significado
da experiência vivenciada pelos Professores Coordenadores
do Ensino Fundamental I e II e do Ensino Médio, atuantes em
Escolas da Rede Pública do Estado de São Paulo, participan‑
tes do grupo de Referência da referida Diretoria de Ensino.
Os textos para interpretação serão produzidos por meio do
relato de experiência dos participantes. O propósito é ofere‑
cer insights sobre como se constitui o fenômeno da forma‑
ção dos Professores Coordenadores e Gestores participantes
do Grupo de Referência da diretoria em questão, do ponto
de vista dos participantes, e da pesquisadora observado‑
ra. O estudo é embasado na teoria do desenvolvimento de
base Vygotskiana, e a metodologia de pesquisa adotada é
a Abordagem Hermenêutico‑Fenomenológica, por ser uma
abordagem que representa a possibilidade de entrar em
contato, descrever e compreender as representações que
os participantes fazem sobre a experiência e por favorecer
o entendimento da complexidade que o fenômeno da for‑
mação de Professores Coordenadores representa. O estudo
Hermenêutico – Fenomenológico (vAN MANEN,1990 e FREIRE,
2006) se dará por meio da interpretação dos relatos de expe‑
riência dos participantes procurando revelar a natureza do
fenômeno da formação dos Professores Coordenadores e
Gestores participantes do Grupo de Referência desta direto‑
ria possibilitando oferecer contribuições para os interessa‑
dos na área.
Apresentamos os resultados de uma pesquisa realizada em
uma empresa na área de avaliação em língua inglesa rela‑
cionada ao processo seletivo e ao curso de inglês subsidiado
aos funcionários. Para tanto, foram utilizados instrumentos,
como entrevista com o diretor responsável pela avaliação de
língua inglesa dos candidatos a emprego na empresa, ques‑
tionários junto aos funcionários e análise dos testes usados.
Os resultados revelam como ocorre a seleção profissional
e o acompanhamento dos funcionários que participam do
curso, identificando descompassos entre a concepção de
linguagem inferida pela entrevista com o diretor e a opera‑
cionalizada nos testes utilizados, assim como entre a esco‑
la que ministra o curso e a empresa. Neste estudo, defen‑
demos que a avaliação de desempenho seria a forma mais
adequada para analisar a capacidade de uso da língua nesse
contexto empresarial, visto que possibilita avaliar o parti‑
cipante desempenhando atividades que simulam ou repre‑
sentam uma amostra do critério, ou seja, o desempenho
alvo subsequente ao teste (Scaramucci, 2004; Clark, 1996;
Hamayan, 1995; McNamara, 1996,1997; 2000). Discutimos
também que devido às características específicas do uso da
língua, a avaliação deveria ser em inglês para propósitos es‑
pecíficos (Douglas 2000; Sullivan, 2006), neste caso, inglês
para negócios.
90
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PROGREDIR NA APRENDIZAGEM
DE LE NA ESCOLA PÚBLICA:
O QUE ALUNOS DO ENSINO
FUNDAMENTAL II PERCEBEM
SOBRE ESSE DESAFIO
ELIANE FERNANDES AZZARI (IEL/ UNICAMP)
Resumo de Paper
Em um contexto educacional que privilegia o paradigma cur‑
ricular, cresce a preocupação em dar voz aos protagonistas
da aprendizagem, de modo a compreender suas opiniões e
percepções, valorizando o que eles já conhecem e como po‑
dem contribuir para sua tarefa de aprender. De acordo com
os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira
(PCNs de LE) publicados em 1998, a aprendizagem de uma lín‑
gua estrangeira (LE) é um direito do cidadão. Segundo ainda
os PCNs de LE é função da escola garantir, a todo cidadão, o
ensino de uma língua adicional de modo que os alunos se‑
jam capazes de atuar na sociedade por meio da criação de
significados através do uso dessa LE. Mas de que maneira a
visão de ensino de LE na escola pretendida nos PCNs atende
às necessidades e expectativas do alunado de hoje? O que é
e como é aprender uma LE na escola pública, sob o ponto de
vista do aprendiz? Que resultados esses aprendizes esperam
atingir após sete anos de aulas de LE? Como esses apren‑
dizes percebem que estão (ou não) progredindo? Estas são
questões que motivam nossa pesquisa. Realizando grupos
focais e entrevistas individuais com alunos da rede pública
em Valinhos, no interior do estado de SP e pesquisando na
literatura (Leffa,1991; William e Burden, 1999), levantamos
49 afirmativas que expressam opiniões sobre a ideia cen‑
tral que norteia a pesquisa. Na etapa seguinte, usando o
instrumento de pesquisa oferecido pela Metodologia Q, 26
aprendizes do 8º e 9º anos formaram 4 perfis diferentes, de
acordo com as opiniões que compartilham/os diferem entre
si.Adotando uma visão meta‑cognitivista e sócio‑construti‑
vista da aprendizagem (Williams e Burden,1997), colocamos
a perspectiva do aprendiz em pauta esperando que, ao ouvi‑
‑lo, possamos repensar nossas práticas e currículos escola‑
res entendendo ainda que seja papel da escola fornecer uma
educação linguística que contemple os diferentes perfis de
alunos, de modo a capacitá‑los para atuar em uma socieda‑
de cada vez mais multiletrada.
GÊNEROS TEXTUAIS
E APRENDIZAGEM DO TRABALHO
DE ENSINAR
ELIANE GOUVÊA LOUSADA (USP)
Resumo de Paper
Nesta comunicação, apresentaremos um recorte de um
projeto de pesquisa que visa a estudar a formação dos pro‑
fessores iniciantes de línguas estrangeiras pela perspectiva
de algumas das Ciências do Trabalho. Mais especificamente,
procuraremos mostrar como o jovem professor se apropria
do trabalho de ensinar e constroi sua identidade profissional
por meio dos textos que produz em sua situação de trabalho.
Nesse sentido, discutiremos, também, o papel que podem
exercer os gêneros textuais na aprendizagem da atividade
docente. Para tanto, apoiar‑nos‑emos em duas vertentes te‑
óricas que compartilham os pressupostos do Interacionismo
social (Vigotski, 1997, 2009): i) por um lado, o Interacionismo
sociodiscursivo (Bronckart, 1999, 2006, 2008; Machado,
2007, 2009), no que diz respeito ao agir profissional e à aná‑
lise das práticas linguageiras em situação de trabalho; ii) por
outro lado, a Clínica da atividade (Clot, 1999, 2001, 2008) e a
Ergonomia da atividade dos profissionais da educação (Faïta,
2004, 2011; Amigues, 2004; Saujat, 2004), no que diz respei‑
to à formação pelo trabalho e ao trabalho de ensino (Faïta,
2011; Machado, 2004). Após a apresentação do quadro teóri‑
co‑metodológico que orienta nossa pesquisa, mostraremos
o contexto em que os dados são coletados, exemplificando
os diferentes gêneros textuais que permeiam a atividade
profissional dos professores iniciantes. Em seguida, apon‑
taremos os textos usados para esta apresentação, a saber:
gravações em áudio de discussões sobre textos escritos pe‑
los professores iniciantes e sobre sua atividade profissional.
Dando continuidade, indicaremos o que as análises desses
textos revelam sobre a apropriação do trabalho de ensino.
Finalmente, teceremos alguns comentários sobre o papel
desses gêneros textuais e, portanto, das práticas linguagei‑
ras para o desenvolvimento profissional.
91
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O IDOSO NO LIVRO DIDÁTICO
DE LÍNGUAS
ELIANE RIGHI DE ANDRADE (UNICAMP)
Resumo de Paper
Este trabalho propõe‑se a problematizar as representações
de idosos que circulam nos livros didáticos de língua ingle‑
sa no ensino básico, particularmente das coleções didáti‑
cas aprovadas pelo Plano Nacional do Livro Didático, uma
vez que esses livros, ao serem selecionados, colocam‑se
como recursos de aprendizagem que reúnem qualidades
que legitimam sua aprovação e posterior adoção nas esco‑
las. A partir dessas considerações sobre o material didático,
procuraremos analisar se há uma preocupação desse mate‑
rial, no discurso didático‑pedagógico que o constitui, com
a representação da diversidade sociocultural que constitui
as identidades vigentes na contemporaneidade, particular‑
mente focando‑nos nas representações de idoso, uma vez
que, com o envelhecimento da população brasileira, tem‑se
uma nova organização social, a qual se reflete na formação
de novas identidades na contemporaneidade. Procuramos
discutir, assim, como os livros didáticos de língua inglesa
têm apresentado os idosos aos sujeitos em formação na es‑
cola e as representações que aparecem como regularidades
discursivas nesses livros. Nossa investigação se apoia nos
estudos discursivos da linguagem, em seu imbricamento
com os estudos sociais sobre a identidade e os da psicanálise
sobre o sujeito. Como metodologia, utilizaremos também
a Análise do Discurso como dispositivo analítico do corpus
de pesquisa, construído a partir de recortes discursivos sig‑
nificativos selecionados das diferentes coleções destinadas
ao ensino de língua inglesa. Como resultados desse estudo,
pretende‑se apontar algumas relações de poder presentes
no discurso do livro didático e questionar as representações
de idosos que podem remeter a sentidos estabilizados no
imaginário social, buscando ressignificar o papel do idoso
na atual sociedade, bem como o do livro didático de línguas
na formação de identidades do sujeito aprendiz, esboçando,
assim, novas possibilidades de sentido para a velhice.
A AÇÃO PENAL 470
E A MANIPULAÇÃO DISCURSIVA:
REPRESENTAÇÕES DO PROCESSO
DO “MENSALÃO” CONSTRUÍDAS
POR ENTREVISTADOS
ELIANE VELLOSO MISSAGIA (UFSJ)
Resumo de Paper
Este trabalho objetiva investigar os procedimentos linguís‑
tico‑discursivos utilizados no processo de representações
sociais em entrevistas que tratam do julgamento do “mensa‑
lão”, feitas com o ex‑presidente do STF, Carlos Velloso, (Época,
30 de Julho de 2012); com Márcio Thomaz Bastos, advogado
de José Roberto Salgado, (ÉPOCA, 6 de Agosto de 2012) e com
Eliana Calmon, ministra do STF (Veja, 12 de Setembro de
2012). Buscamos investigar o caráter manipulador, atribuído
aos textos midiáticos, tomando como corpus de análise en‑
trevistas publicadas em revistas de informação. Nosso foco
centra‑se no processo de manipulação, bem como no jogo
entre os interlocutores envolvidos, atentando para a dispu‑
ta de poder em torno dos sentidos que constituem as visões
a respeito da corrupção no Brasil, do poder judiciário e das
possíveis mudanças resultantes do processo em julgamento.
Pretende‑se, portanto, investigar as entrevistas como ins‑
trumentos de constituição da opinião pública, compreen‑
dendo que a aceitação ou recusa das representações veicu‑
ladas nas entrevistas resultam da constituição de enuncia‑
dos relevantes. Nesse sentido, propõe‑se, do ponto de vista
metodológico, uma articulação entre a Teoria da Relevância
de Sperber e Wilson e a Análise Crítica do Discurso, como
procedimento de análise das práticas representacionais.
Partimos da noção de Van Dijk (2008) de que a mídia con‑
trola o acesso ao discurso, constituindo‑se como a instância
que definirá, dentre outras coisas, quem será entrevistado
e, consequentemente, a definição de quem acerca da situa‑
ção social ou política será aceita. Primeiramente, será feita
a investigação do papel da linguagem na manipulação dis‑
cursiva, através da descrição de processos inferenciais que
nos guiam às possíveis implicaturas pretendidas. Por fim,
as representações produzidas a partir das implicaturas de‑
vem ser analisadas para compreendermos o seu funciona‑
mento ideológico, as relações de poder em jogo e o efeito de
manipulação discursiva,
92
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
OS EXAMES DE LÍNGUAS
E A POLÍTICA LINGUÍSTICA
BRASILEIRA PARA
A LÍNGUA INGLESA: FOCO
NO VESTIBULAR UNICAMP
ELIAS RIBEIRO DA SILVA (UNIFAL–MG)
Resumo de Paper
Nos últimos anos, vários pesquisadores (Schiffman, 1996,
2006; Spolsky, 2004; Shohamy, 2006, 2008; entre outros)
têm argumentado que uma análise efetiva da política lin‑
guística de um país ou região deve englobar a descrição das
práticas sociais que envolvem as línguas faladas e/ou ensi‑
nadas na comunidade. Esses autores partem do pressupos‑
to de que, frequentemente, a legislação oficial sobre a ques‑
tão linguística não corresponde à real política linguística em
vigor na sociedade. Shohamy (2006), especificamente, pro‑
põe que os pesquisadores focalizem o funcionamento dos
mecanismos de política linguística, isto é, aqueles dispositi‑
vos que atuam na legitimação de uma determinada língua.
Para autora, as placas de trânsito, o vestuário, os materiais
didáticos, os exames de línguas etc. são mecanismos ou dis‑
positivos de política linguística na medida em que operam,
no interior de práticas sociais, como instâncias de legitima‑
ção de uma língua ou variedade linguística. A partir desse
referencial teórico, objetiva‑se, nesta comunicação, discutir
o papel da Prova de Inglês do Vestibular Unicamp, entendi‑
do como uma prática social, no funcionamento da política
linguística brasileira para a língua inglesa. O material de
análise é composto por entrevistas semi‑estruturadas com
alunos de um curso pré‑vestibular voltado para o exame de
entrada da Unicamp. Trata‑se de uma análise qualitativa
na qual são mobilizados os modos de operação da ideolo‑
gia descritos por Thompson (2002). A partir das entrevistas,
busca‑se identificar as representações sobre a língua inglesa
e sobre o Vestibular Unicamp presentes no imaginário dos
participantes da pesquisa. Identificadas essas representa‑
ções, procura‑se, a partir da formulação teórica adotada, de‑
monstrar que o exame da Unicamp atua como instância de
reafirmação/legitimação das representações sobre a língua
inglesa que circulam na sociedade brasileira, funcionando,
portanto, como um mecanismo da política linguística brasi‑
leira para essa língua.
INDIGNADOS: A POSIÇÃO
DE DOIS SITES DE NOTÍCIAS
SOBRE UM MESMO
EVENTO SOCIAL
ÉLIDE GARCIA SILVA VIVAN (UNIP/SP ‑ CENTRO PAULA SOUZA /
FATEC TATUÍ)
Resumo de Paper
Este trabalho analisa o discurso de duas mídias jornalísticas
online, Folha Online e Portal de Notícias G1, sobre o movi‑
mento anticapitalista “Os Indignados”, e verifica o posiciona‑
mento de ambos. A análise foi fundamentada na teoria de
Norman Fairclough (2008 e 2009) Análise do Discurso Crítica
(ADC). A ADC considera o discurso como forma de represen‑
tar o mundo, e tem três efeitos construtivos (a construção
das identidades sociais, a contribuição para “a construção
dos sistemas e crenças” e a formação das relações sociais)
acompanhados das três funções da linguagem (identitária,
ideacional e relacional). Neste trabalho focamos a função
ideacional, que envolve a ideologia do “eu discursivo”. Alem
disso, apresentamos os conceitos de representações de
eventos sociais, de mídia, de globalização e discurso jornalís‑
tico. O trabalho contextualiza o movimento dos Indignados
e a história das organizações das mídias, Folha de São Paulo
e Rede Globo. O corpus é composto por 89 matérias, 52 da
Folha Online, entre elas 15 colunas, oito matérias exclusivas
para assinantes e sete entrevistas, 37 matérias do Portal de
Notícias G1 e três vídeos. A análise foi realizada através de
leitura minuciosa, buscando evidências que levassem a uma
identificação do posicionamento das mídias, verificando a
escolha lexical na descrição do movimento. Ao fim da aná‑
lise, percebemos que a Folha Online se posicionou frente ao
assunto ao divulgar o movimento, discutindo e explicando o
tema, além de trata‑lo de forma global. O Portal de Notícias
G1 não esclarece, em sua maioria, o que é o movimento, tra‑
ta‑o como diferentes movimentos dependendo da posição
geográfica em que ocorrem as manifestações, não demons‑
tra posicionamento claro, dificultando a compreensão sobre
o propósito do movimento.
93
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A PRODUÇÃO DE STOP
MOTION CONTRIBUINDO
PARA DESENVOLVIMENTO
DAS CAPACIDADES DA ÁREA
DE LINGUAGEM
ESTRANHANDO A FORMAÇÃO
DE PROFESSORES DE LÍNGUAS
ÉLIDI P. PAVANELLI‑ZUBLER (CEFAPRO/SINOP–MT ‑ MEEL UFMT)
Neste estudo, busca‑se refletir sobre a relevância de um
currículo queer na formação inicial de professores de lín‑
guas. A sociedade tem testemunhado um crescimento as‑
sustador da violência homofóbica nas escolas que se agrava
mediante a incapacidade de os/as professores/as lidarem
com o tema (ABRAMOVAY, CASTRO e SILVA, 2004) (JUNQUEIRA,
2009). Como qualquer discurso, o currículo, ao normalizar
e normatizar a sexualidade, legitima ou marginaliza iden‑
tidades (LOURO, 2001) (SILVA, 2003). Assim, a teoria queer
surge como uma crítica ao essencialismo com o qual as iden‑
tidades de gênero e sexualidade são encaradas, enfatizando
seu caráter performativo (BUTLER, 2001) (LOURO, 2004). Por
conseguinte, os sujeitos, que não se adequam à norma he‑
terossexual, estão fadados a ocupar um lugar abjeto na so‑
ciedade (BUTLER, 2003). Uma vez que as identidades são (re)
construídas na e pela linguagem, a sala de aula de línguas
constitui um espaço privilegiado para abordar a diversidade
sexual (MOITA LOPES, 2002). No entanto, a fim de promover
uma pedagogização da sexualidade consciente e livre de
preconceitos, torna‑se necessário, além de reconhecer a fa‑
ceta erótica da educação (WOOKS, 2001), que os/as profes‑
sores/as compreendam seu papel na formação de cidadãos/
cidadãs refexivos e críticos da realidade.
JOANA RODRIGUES MOREIRA LEITE (UFMT)
Resumo de Pôster
As Orientações Curriculares da Educação Básica do Estado
de Mato (MT) apontam que o conceito de linguagem envolve
indivíduo, história, cultura e sociedade em uma relação di‑
nâmica entre produção, circulação e recepção, ricas em sis‑
temas semióticos expressos e registrados ligados intrinseca‑
mente ao modo como o ser humano produz, (re)constrói e
(re)significa e sustenta sua práticas sociais. Para atender a
essas orientações muitos professores buscam novas meto‑
dologias e formas de trabalhar as diferentes linguagens, nes‑
sa busca por inovação surge – a partir dos projetos de apren‑
dizagem – a possibilidade de trabalhar com Stop Motion
que é uma técnica de animação que consiste em fotografar
objetos, quadro a quadro, resultando em um vídeo. Os pro‑
fessores sentem‑se motivados a trabalhar com essa técnica
quando percebem que, além de ser bastante atrativa, pos‑
sibilita o desenvolvimento de capacidades como leitura e
interpretação, vivência e ressignificação de diversas práticas
linguísticas e a produção de textos nas diferentes linguagens.
Propomos, portanto, neste trabalho apresentar e discutir a
utilização da técnica de animação Stop Motion em escolas
públicas de MT como possibilidade de desenvolvimento das
capacidades da área de linguagem. As discussões propostas
são resultados do envolvimento de professores formado‑
res do Centro de Formação e Atualização dos Profissionais
da Educação Básica de MT na formação continuada de pro‑
fessores que, a partir do desenvolvimento de projetos de
aprendizagem, sentiram a necessidade de compreensão e
aprofundamento da técnica. A utilização desta técnica cer‑
tamente resulta em um maior envolvimento e comprome‑
timento dos alunos que tornam‑se autores em seu processo
de aprendizagem. O professor também passa a perceber a
necessidade de buscar em sua formação continuada práti‑
cas do letramento digital. Toda essa mobilização de novas
práticas resulta em uma aprendizagem mais significativa
para todos os envolvidos.
ELIO MARQUES DE SOUTO JUNIOR (UFRJ)
Resumo de Paper
94
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
REMIDIAÇÃO
E MULTIMODALIDADE COMO
CAMINHOS POTENCIAIS PARA
A APRENDIZAGEM: O CASO
DO LIVRO DIGITAL “OUR CHOICE”
ELIS NAZAR NUNES SIQUEIRA (UNICAMP)
Resumo de Pôster
A invenção de Gutenberg representou forte impacto no pro‑
cesso editorial na medida em que aumentou a tiragem de
produção e promoveu uma consequente redução de tem‑
po e de custo. Todavia, a prática de leitura de textos não foi
fundamentalmente alterada, uma vez que cadernos costu‑
rados à mão já existiam e a estrutura de códex se mantinha
(CHARTIER, 1998). Já atualmente, a emergência das novas
tecnologias da informação e comunicação tem organizado,
promovido, incentivado e sustentado, além dos novos mo‑
dos de produção industrial, novas práticas para recepção e
produção de conteúdos, participação social e construção
do conhecimento. Sobretudo, essa emergência, caracterís‑
tica da contemporaneidade, desenvolve uma reorganização
no sistema de mídias (BRIGGS; BURKE, 2004), cujas relações
não necessariamente são de competição ou substituição,
pois, constantemente, essas mídias coexistem, reconfigu‑
ram‑se de modo a se manter, complementar ou formular
um novo uso. Por isso, é inviável tratar as relações existen‑
tes nesse sistema com base em rupturas e isolamentos.
Diante desse conceito, o livro digital “Our Choice”, do ativista
Al Gore, é exemplo de prática remidiada, pois foi produzido
a partir do documentário “An Inconvenient Truth”, também
baseado nas ideias do ex‑vice‑presidente. Ademais, o livro
digital em questão é constituído por inúmeros gráficos, ví‑
deos, imagens, sons e outras atividades interacionais, de‑
sencadeando, assim, uma leitura influenciada por recursos
multimodais. Desse modo, os objetivos deste trabalho são,
primeiramente, analisar algumas das especificidades dos
processos de remidiação (BOLTER; GRUSIN, 2000) presentes
nesse livro e, em seguida, considerando os aspectos vantajo‑
sos que a multimodalidade pode propiciar ao ensino (BRAGA,
2010), identificar e analisar como os recursos multimodais
proporcionam experiências e caminhos enriquecedores
à aprendizagem.
O PROGRAMA
DE LICENCIATURAS
INTERNACIONAIS (PLI)
E A FORMAÇÃO DE UMA
PROFESSORA DE LÍNGUA
INGLESA EM TERRAS
PORTUGUESAS: IDENTIDADES
E INVESTIMENTO NA ERA GLOBAL
ELISABETE ANDRADE LONGARAY (FURG)
Resumo de Paper
O estudo de caso aqui relatado consiste na análise qualitati‑
va de uma série de narrativas curtas elaboradas por uma pro‑
fessora de língua inglesa em formação. Aluna regularmente
matriculada no curso de Licenciatura em Letras Português –
Inglês de uma universidade federal no extremo sul do Brasil
e bolsista do Programa de Licenciaturas Internacionais (PLI)
promovido pela CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de
Pessoal de Nível Superior), a participante desta pesquisa faz
uso de anotações em diário a fim de expressar seus desejos
e aspirações, medos e angústias no que diz respeito à apren‑
dizagem do inglês como língua adicional (LA). Elaborados
em língua inglesa e enviados para a pesquisadora por meio
eletrônico, os registros mensais produzidos pela bolsista dão
conta das experiências vividas por ela enquanto aprendiz de
inglês desde os tempos de escola até o presente momento
em que atua como bolsista PLI em uma universidade portu‑
guesa. A leitura desses registros revela a construção de iden‑
tidades flexíveis e mutáveis e o desejo de pertencimento a
uma comunidade falante de língua inglesa que, nas palavras
da própria bolsista, pode lhe conferir maior “status social”
(excerto do diário do mês de outubro de 2012). Os conceitos
de identidade (Norton, 1995, 2000, 2001), de investimento
(Norton, 1995, 2000) e de pesquisa narrativa (Norton e Early,
2011) têm caráter fundamental para esta investigação.
95
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O TRABALHO INTERDEPENDENTE
ENTRE A ESCRITA DE UM SCRIPT
E A ELABORAÇÃO
DE DOCUMENTÁRIOS PARA
UMA PARTICIPAÇÃO CIDADÃ
EM UMA MOSTRA CULTURAL
NO COLÉGIO MILITAR
ELIZABETH DE OLIVEIRA CAMELO (UFPE)
Resumo de Paper
Esta pesquisa objetiva discutir a produção interdependen‑
te (LIBERALI, 20120 na escrita em Língua Inglesa do gênero
script de documentário por sujeitos focais de alunos do 9º
Ano do Ensino Fundamental do Colégio da Polícia Militar
de Pernambuco para participarem de atividade social
(LIBERALI, 2011) – a performance (FUGA & DAMIANOVIC, 2010)
de elaboração e apresentação de documentários na Mostra
Cultural Anual do referido colégio. Para tanto será discutida
a elaboração, aplicação e avaliação de um material didático
(CAMELO, 2012) que focaliza na escrita de script de documen‑
tários (LARRÉ, 2012) com base no papel da argumentação
(Leitão, 2011; Liberali, 2011; Leitão e Damianovic, 2011) na
estruturação da compreensão e produção escrita do gênero
(MARCUSCHI, 2008) script de documentário. Esta é uma pes‑
quisa crítica de colaboração (MAGALHÃES, 2009) e os dados
construídos revelam que ao elaborar o material didático, a
professora‑pesquisadora pôde, por meio da implementação
e avaliação do mesmo, rever sua prática pedagógica recons‑
truindo o sentido (Vygotsky, 1933) do papel da linguagem na
sua formação docente crítico‑colaborativa (LIBERALI, 2009).
Além disso, ao perceber o impacto do material didático à luz
da atividade social, a discussão revela o incremento da par‑
ticipação discente na mostra cultural focal. Os resultados
indicam que o ensino de língua inglesa que parte de uma
perspectiva Sócio‑Histórico‑Cultural (Engestrom, 2012) pos‑
sibilita ao estudante e ao professor se identificarem como
participantes ativos nos seus reposicionamentos sociais
(DAMIANOVIC, 2012).
ATENDENDO AS NOVAS
DEMANDAS DO MERCADO
DE TRABALHO NO IFRJ
ELZA MARIA DUARTE ALVARENGA DE MELLO RIBEIRO (MS)
Resumo de Paper
A partir da criação dos Institutos Federais de Educação
Ciência e Tecnologia pelo governo federal, o ‘inglês instru‑
mental’ oferecido como disciplina nos cursos médio‑técnicos,
precisa, nem tanto, rever a terminologia do nome da maté‑
ria, mas, principalmente, revisitar os construtos teóricos do
ESP (English for Specific Purposes) para reformulação de prá‑
ticas, especialmente no que se refere à análise das necessi‑
dades dos alunos frente às novas demandas do mercado de
trabalho contemporâneo e globalizado onde são inseridos.
Programas recém lançados pelo governo em parceria com
organizações internacionais como o ‘Ciência sem fronteiras’,
que estimula o envio de alunos dos Institutos Federais para
o exterior com o mínimo de proficiência oral também corro‑
boram a necessidade de colocar os profissionais envolvidos
com aprendizagem de língua estrangeira em permanente
estado de revisão da análise de necessidades. O presente
trabalho tem por objetivo apresentar o resultado do ‘encon‑
tro’ entre (1) as expectativas das as empresas que procuram
pelos alunos concluintes em relação às funções que os estu‑
dantes desempenharão em língua estrangeira no período de
estágio, com (2) aquilo que para os alunos concluintes é uma
exigência inédita e desafiadora a fim de suprir tal lacuna,
com foco no que se refere a gêneros orais e, ainda, (3) com as
exigências governamentais e de órgãos afiliados quando do
interesse dos alunos em participarem dos programas de in‑
tercâmbio cultural. Nessa relação empresa‑governo‑escola,
o antigo ‘inglês instrumental’ precisa se aproximar do concei‑
to de ESP, aqui baseado em Hutchinson and Waters (1987), a
fim de oferecê‑lo mais eficaz, eficiente e significativamente,
colaborando para a formação integral do aluno como profis‑
sional de ponta na sua área de formação. Para tal, busca‑se
o diálogo dos gêneros atuais da grade com os que precisam
ser incluídos, com foco nos orais, através da constante reno‑
vação de materiais didáticos.
96
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PROFESSOR DE LÍNGUAS COMO
SUPERVISOR DE PROGRAMA
DE INSTITUCIONAL DE BOLSAS
DE INICIAÇÃO À DOCÊNCIA:
ESCRITA DE RELATÓRIOS
E IDENTIFICAÇÕES
PSICANALÍTICAS
POLÍTICAS E PLANEJAMENTO
LINGUÍSTICOS: MAPEAMENTO
DAS PESQUISAS SOBRE ENSINO
DE LÍNGUAS ADICIONAIS
NO BRASIL
EMANUELLE AVELAR GOMES (UNEB)
TAISA PINETTI PASSONI (UNEB)
ELZIRA YOKO UYENO (UNITAU)
Resumo de Pôster
Resumo de Paper
O objeto da pesquisa a se relatar é o processo de constru‑
ção identitária do professor da rede de ensino público como
supervisor de bolsistas do Programa Institucional de Bolsa
de Iniciação à Docência – PIBID/Capes. Mais precisamente,
constitui o processo de construção da identidade do pro‑
fessor‑supervisor de um projeto que se insere no preferido
programa e visa ao incentivo à docência de alunos de licen‑
ciatura em Letras. Apresentado o contexto da pesquisa, a
percepção de que, a despeito das orientações e procedimen‑
tos a serem assumidos pelos profesores‑supervisores fos‑
sem os mesmos, os projetos conduzidos não produziam os
efeitos esperados, sobretudo com relação a adesão dos bol‑
sistas sob sua supervisão, constitiu o problema deflagrador
desta pesqisa. A hipõtese para esses desvios foi que ocorria
algum procedimento de natureza externa à epistemológica
relativa à língua e ao ensino de língua, foco do projeto. Sob o
pressuposto de uma concepção de identidade que contem‑
pla processos de subjetivação que compreedem modos de
objetivação e modos de subjetivação e processos de identi‑
ficações psicanalíticas, analisaram‑se os relatórios mensais
acerca de suas atividades de supervisão das de bolsistas sob
sua responsabilidade, relatóros esses que devem entregar
ao coordenador do projeto. Objetivou‑se por essa análise
perceber indicios de procedimentos que transcendiam aos
de natureza epistemológica e aos de natureza pedagógica.
Resultados da análise do corpus de pesquisa revelaram su‑
pervisores que, a despeito da dificuldade de ordens variadas
que enfrentam não apenas institucionais como a de super‑
visionar sujeitos que, por se subjetivam não mais em uma
sociedade verticalizada na qual se interditavam e, por con‑
seguinte, submetiam‑se à hierarquização como a uma bús‑
sola, mas numa sociedade horizontalizada em que tenden‑
cialmente se desbussolam de que fala Forbes, responsabili‑
zam‑se, inventando um novo amor, de que fala Forbes, uma
nova forma de supervisionar.
Com a globalização têm‑se um crescimento concomitante
de relações entre diferentes culturas, etnias e línguas. Junto
com este processo, desponta a necessidade de se discutir as
políticas que regem o ensino e aprendizagem do instrumen‑
to agente neste entrosamento entre as diferentes comuni‑
dades, a saber: a língua. De acordo com Calvet (2007), as lín‑
guas existem para servir aos homens e não o oposto. Diante
disto, tornam‑se relevantes as decisões que norteiam os
processos de ensino‑aprendizagem das línguas no contexto
de globalização. Tal perspectiva abrange uma série de ques‑
tões que nos levam a refletir sobre a condição do ensino e
aprendizagem de Línguas Adicionais no Brasil. Esta reflexão
é imprescindível para os profissionais da área de ensino de
línguas, a fim de desvelar os aspectos políticos e ideológi‑
cos que norteiam o seu trabalho. Assim sendo, por meio de
revisão bibliográfica de natureza crítico‑interpretativista, o
presente estudo apresenta um projeto de iniciação cientí‑
fica que pretende elaborar um mapeamento das pesquisas
realizadas nos últimos cinco anos no Brasil, em programas
de pós‑graduação constantes na base de dados do sistema
CAPES, acerca da política e do planejamento linguísticos
em relação às Línguas Adicionais. A partir destas pesquisas,
buscamos analisar as relações entre o ensino destas lín‑
guas na escola de Educação Básica brasileira com os aspec‑
tos políticos e ideológicos subjacentes às leis que regem o
sistema escolar.
97
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
APRENDER A APRENDER,
APRENDER A ENSINAR:
DESDOBRAMENTOS ÉTICOS,
DIDÁTICOS, PEDAGÓGICOS
DO CONCEITO DE “AUTONOMIA
DO APRENDIZ” EM AULAS
DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
ÉRICA SCHLUDE WELS (UFRJ)
Resumo de Paper
Encontramos as raízes da “Autonomia” aplicada à Educação
nas obras de Paulo Freire. É esse teórico que inaugura a
Pedagogia crítica em nosso país (ASSIS‑PETERSON, 2001).
Como “(...) educar não é transferir conhecimento, mas criar
possibilidades para a sua própria produção ou a sua constru‑
ção.” (FREIRE, 2007), defendemos a visão de uma Autonomia
de raízes políticas, construída eticamente, na relação dia‑
lógica entre mestre e aprendiz. Segundo Nicolaides (2003),
a autonomia é destacada como um dos valores mais re‑
levantes no contexto das Leis de Diretrizes e Bases (1996).
Nas Diretrizes Curriculares do Curso de Letras (Secretaria
de Educação Superior do MEC, 1999), a autonomia é salien‑
tada como prioridade na formação do professor de línguas.
No ensino superior, pesquisas geradas na Academia pouco
influenciam a realidade escolar (NICOLAIDES, 2003). Além
disso, é grande a distância entre muitos dos valores trans‑
mitidos pelo discurso acadêmico, e a necessidade do mer‑
cado de trabalho, caracterizando um cotidiano profissional
utilitarista, isto é, o ensino de língua estrangeira como um
produto facilmente vendável, longe de uma prática refle‑
xiva (CELANI, 2001). Entre os alicerces da presente pesqui‑
sa, destacamos a revisão conceitual dos conceitos de ética,
moral, responsabilidade e liberdade, com vistas à construir
um arcabouço teórico interdisciplinar, de caráter indiscipli‑
nar (MOITA LOPES; FABRÍCIO, 2006) O traçado metodológico
escolhido privilegia a etnografia, a partir de pesquisas qua‑
litativas (LÜDKE, 1986, MATOS, 2001), com os instrumentos
da observação participante (BORTONI‑RICARDO, 2008) e das
práticas da pesquisa‑ação. Entendemos que as questões
aqui levantadas se incluem no campo atual da Lingüística
Aplicada, já que ética, interdisciplinaridade, autonomia, pe‑
dagogia crítica, formação de professores são aspectos que
encontram ampla repercussão no mundo, configurando
questões de interesse social.
PRÁTICA DE PESQUISA
NO ESTÁGIO SUPERVISIONADO:
UMA PROPOSTA REFLEXIVA
ERIKA REGINA SOARES DE SOUZA (UNEMAT)
Resumo de Paper
Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados
de um estudo feito na disciplina de Estágio Supervisionado
do curso de Letras da UNEMAT – campus Pontes e Lacerda.
As constantes contradições entre os discursos dos alunos e
suas práticas no estágio, bem como as mudanças no siste‑
ma educacional decorrentes das novas tecnologias de infor‑
mação e comunicação, motivaram os professores da discipli‑
na do Estágio Supervisionado do referido campus a elabora‑
rem um novo projeto político‑pedagógico que adequasse à
prática docente a atual realidade educacional. Esse projeto
considera o período do estágio como um momento de pro‑
dução reflexiva de conhecimentos, em que a ação é pro‑
blematizada e refletida no contexto presente. Deste modo,
considera‑se a pesquisa e a reflexão no ensino de uma lín‑
gua como um dos fatores primordiais na formação inicial do
acadêmico. Nesse sentido, a linguagem é concebida como
uma prática social, e as pesquisas devem ser desenvolvidas
dentro do contexto aplicado (Moita‑Lopes, 2006). Nessa
direção, esta pesquisa baseia‑se nos pressupostos teóricos
de autores como Donald Shön (1992), Moita‑Lopes (2008),
Bortoni‑Ricardo (2008), Vieira‑Abrahão (2011), Pimenta
(2002) e Celani (2003). A análise interpretativa, feita com
base nos relatórios produzidos pelos alunos, demonstrou
que, instigar os alunos estagiários a planejarem as suas aulas
a partir de uma problemática, motiva a pesquisa e a reflexão
a cerca da sua própria prática visando a busca de possíveis
respostas; os dados também revelaram que a pesquisa‑refle‑
xiva resulta em aulas produtivas e interativas. Diante disso,
espera‑se que este estudo, a partir do projeto elaborado na
disciplina de estágio, contribua com uma formação docente
critica e, sobretudo, demonstre a relevância de se pensar em
uma prática reflexiva como um dos prováveis caminhos de
mudanças de posturas em relação ao ensino de línguas.
98
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
VOZES DISCORDANTES
NA CONSTRUÇÃO
DA IDENTIDADE DA MULHER
EM CENAS DE GABRIELA
FORMAÇÃO DOCENTE
NA CONTEMPORANEIDADE
E PRÁTICA TECNOLÓGICA: UMA
ANÁLISE LINGUÍSTICA
ERINALDO DA SILVA SANTOS (UNEAL)
ESTELA SERAGLIO FURRER (ONZE DE MARÇO)
JOSEFA MENDES DA SILVA (UNEAL)
Resumo de Paper
Resumo de Pôster
Nesse início do século XXI, parece ainda existir uma “guerra
dos sexos”, ou melhor, uma luta, mesmo que velada, entre os
gêneros masculino e feminino. Sendo assim, deparamo‑nos
com a compreensão de que o homem é superior à mulher,
e esta tem um papel menor na sociedade, ficando restri‑
ta a atividades do ambiente privado, mesmo com todos os
ganhos do feminino no mundo do trabalho. Nessa arena, a
linguagem é fator importante para a construção do mascu‑
lino e do feminino, visto que compreendemos que gênero
é um constructo. Entendendo dessa maneira, compreen‑
demos que a ficção, através da telenovela, torna‑se impor‑
tante para a reflexão sobre a identidade da mulher, mesmo
quando a narrativa acontece há exato um século, no início
do século XX. No estudo, analisamos cenas da telenovela
da rede de TV Globo, Gabriela, compreendendo a partir da
personagem Malvina as vozes discordantes na construção
da performance feminina (Austin, 1990; Marcuschi, 2003).
A telenovela é uma adaptação do romance “Gabriela cravo e
canela”, de Jorge Amado e narra a vida na cidade de Ilhéus
(Bahia) no início da década de 1920. Na pesquisa, objetiva‑
mos analisar como os recursos linguísticos e paralinguísti‑
cos utilizados pela personagem Malvina contribuem para
subverter os padrões de submissão que foram/são impostos
às mulheres. Para a realização deste trabalho, optou‑se pelo
método qualitativo (Bortoni‑ Ricardo, 2008). Para funda‑
mentar este estudo, tomamos por base as ideias de Goffman
(1964), Marcuschi (2003), Austin (1990), Hoffnagel, (2010),
Van Dijk (1998), e outros. As reflexões realizadas possibilita‑
ram‑nos verificar que em suas performances comunicativas,
Malvina questiona o fato de ser condicionada a repetir os
padrões dominantes e ter seus limites definidos socialmen‑
te, demonstrando interesse de ser protagonista e não seguir
o discurso patriarcal construído pelas grandes instituições,
reivindicando tratamento igualitário, objetivando dissipar
qualquer discriminação em função do gênero.
Esta pesquisa que se encontra em desenvolvimento tem
como propósito apresentar uma análise linguística do dis‑
curso docente e discente no que diz respeito ao uso das no‑
vas tecnologias no contexto acadêmico. Os participantes
da pesquisa são docentes e discentes do curso de Letras de
uma universidade do centro‑oeste. Pressupomos então que
a tecnologia se faz presente nas diversas atividades diárias
na contemporaneidade. Assim, pensar a formação docen‑
te integrada à prática tecnológica é fundamental nos dias
atuais. Nessa direção, a comunicação é mediada, em sua
maioria, pelo computador. Em consequência desse cenário,
um ambiente linguístico é recriado artificialmente, em que
o professor e o material didático são forçados a se integra‑
rem nesse mundo digital (Paiva, 1995). Diante disso, pro‑
pomos verificar se há uma “consonância” acerca da prática
tecnológica na formação docente, na opinião de professores
formadores e alunos em formação do curso de letras/inglês.
Para tanto, utilizamos os construtos teóricos da Linguística
Sistêmico‑Funcional com base nos estudos de Halliday
(1994) Halliday e Mathiessen (2004), Eggins (1994) e a forma‑
ção de professor de língua estrangeira (Celani, 2003; Paiva,
1996; Moita‑Lopes, 2006; Assis‑Peterson e Cox, 2007). A aná‑
lise linguística será feita com base nos dados coletados por
meio de observação e gravação de aulas e entrevistas com
os professores e acadêmicos. Os dados serão transcritos, or‑
ganizados e categorizados pela ferramenta computacional
WordSmith tools (Scott, 1997). Serão destacados os elemen‑
tos léxico‑gramaticais presentes no discurso dos participan‑
tes relacionados à formação docente e prática tecnológica.
Espera‑se, portanto, que este estudo reflexivo contribua
com pesquisas futuras na área da Linguística Aplicada (LA)
com foco na formação docente e, sobretudo, instigue prá‑
ticas tecnológicas no contexto ensino/aprendizagem de lín‑
guas na contemporaneidade, especificamente “no ambiente
de formação docente”.
99
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
EM ANGOLA, A LÍNGUA
PORTUGUESA DE QUEM É?
A INFLUÊNCIA DO DIALETO
NSOLONGO NA CONCORDÂNCIA
VERBO‑NOMINAL
DO PORTUGUÊS DE LUANDA.
REPRESENTAÇÕES
DE TECNOLOGIA E O PAPEL
DA LINGUAGEM NA PERSPECTIVA
DE PESQUISADORES
DE AMBIENTES
VIRTUAIS IMERSIVOS
EUGÉNIA KOSSI (UNIPIAGET)
EVALDO CARNEIRO DE MELLO SOBRINHO (UFRJ)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
O presente trabalho pretende discutir a problemática da
fuga à Língua Portuguesa (LP) padrão, que muita gente
chama de mau português, para uma que recebe traços dos
pressupostos culturais de um povo que tem um passado se‑
cular. Tal memória alimenta uma tradição oral que se traduz
na língua oficial com características identitárias próprias das
línguas nacionais ou locais. Tendo como foco as várias influ‑
ências linguísticas que o Português de Angola recebe, traça‑
remos uma comparação entre o nsolongo e a língua trazida
pelos europeus nas comunidades asolongo de Luanda. Isto,
com intuito de provar que um povo respeita as suas raízes
e atualiza a Língua de colonização tendo como base o seu
contexto pragmático, cultural. Infelizmente, ainda há uma
resistência em se reconhecer que tais mudanças não são
invasões, mas variações naturais proporcionadas pela gra‑
mática implícita de um povo. Chomsky bem o evidenciou
ao definir a gramática universal como sendo “o sistema de
princípios, condições, e regras que são elementos ou pro‑
priedades de todas as línguas humanas não meramente por
acidente, mas por necessidade – naturalmente, necessidade
biológica e não lógica. Assim a GU pode ser entendida como
a expressão da “essência da linguagem humana””. A partir de
um corpus coletado em comunidades de asolongo, observa‑
mos que, por ter tal língua um plural prefixal, os falantes não
reconhecem o plural sufixal da LP permitindo a ocorrência
de frases como “os menino foi embora”. Queremos com isso
mostrar que, apesar de a LP em Angola seguir uma norma
europeia, já existe uma língua portuguesa angolana com
manifestações próprias que merecem ser estudadas do pon‑
to de vista científico e social.
Este trabalho discute os resultados de uma pesquisa que
buscou trazer para o primeiro plano a problematização da
própria pesquisa acadêmica – entendida como prática so‑
cial – examinando discursos em trabalhos acadêmicos en‑
volvendo as novas tecnologias de informação e comunica‑
ção. Foi adotada, portanto, uma perspectiva crítica e refle‑
xiva tal como postulada por Moita Lopes (2008), Pennycook
(2008) e Rajagopalan (2003). Desta forma, a pesquisa que
divulgamos investigou as representações de tecnologia dos
pesquisadores de ambientes virtuais imersivos (AVIs) – espe‑
cificamente games, realidade virtual, virtual heritage etc –,
assim como seu posicionamento em relação ao entendi‑
mento dessas mídias como novas linguagens. Para tanto,
um corpus de dezessete trabalhos – teses de doutorado e
dissertações de mestrado produzidas em universidades bra‑
sileiras nas áreas de Engenharia, Computação, Educação e
Comunicação – foi analisado utilizando‑se dispositivos da
Análise Crítica do Discurso, segundo o modelo tridimensio‑
nal de Fairclough (2001). Recorreu‑se, ainda, a dispositivos
defendidos por Orlandi (2010) e Gill (2002). Em uma segun‑
da etapa, nossa interpretação foi confrontada com dados de
entrevista e questionários aplicados a um grupo selecionado
dentre os autores das pesquisas analisadas. Os resultados
evidenciam que alguns pesquisadores, ainda que inseridos
em áreas que reivindicam objetividade e “neutralidade cien‑
tífica”, mostram‑se claramente engajados em processos de
transformação social. Evidencia‑se também a presença de
visões utópicas da tecnologia e, ainda, um grande “silêncio”
em relação ao fato de que os AVIs se constituem em novas
linguagens produtoras de sentido. Discute‑se, assim, o pa‑
pel dos profissionais das áreas da linguagem nos projetos
de desenvolvimento dos AVIs, as relações de poder entre as
diversas disciplinas envolvidas nesses projetos interdiscipli‑
nares, e, finalmente, os desdobramentos ideológicos das vi‑
sões utópicas identificadas.
100
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
UM OLHAR PARA A IDENTIDADE
DO PROFESSOR DE LÍNGUA
INGLESA NA EDUCAÇÃO BÁSICA
EM REGIÕES DO EXTREMO SUL
DA BAHIA
DISCURSIVIDADES SOBRE
O ENSINO E APRENDIZAGEM
DE INGLÊS: O QUE
É SER FLUENTE?
EVELYN CRISTINE VIEIRA (UFG)
EVELLIN BIANCA SOUZA DE OLIVEIRA (UNEB)
LUCIANA CRISTINA DA COSTA AUDI (UNEB)
Resumo de Pôster
Considerando que a identidade não é estanque, ou seja, que
ela se reconstitui pelas nossas práticas sociais, enfatizamos
a relevância de estudos relacionados aos processos de (re)
construção da identidade do professor de Língua Inglesa.
Desta forma o presente trabalho, pretende apresentar um
projeto de Iniciação Científica que visa realizar estudos sobre
a (re) construção da identidade profissional de professores
de língua inglesa, e, concomitantemente, pesquisar o per‑
fil dos professores de Língua Inglesa que atuam nas escolas
públicas de Educação Básica em dez municípios da Região
do Extremo Sul da Bahia, dentro de uma perspectiva funda‑
mentada nos pressupostos da teoria sócio‑histórico‑cultu‑
ral. O projeto constitui‑se de estudos sobre a identidade e
levantamento de dados sobre a formação dos profissionais
atuantes nas salas de aula de língua inglesa no ensino fun‑
damental e médio na região. Pretende‑se traçar o perfil des‑
tes profissionais e promover a discussão de trabalhos que
tratam sobre questões de identidade dos professores, como
ela vem sendo formada, como se dá suas crenças e como a
sociedade influencia nesse processo de formação identitária.
Espera‑se que as ações do projeto venham a possibilitar a
formação de profissionais que, conhecedores de suas reali‑
dades, atuem na promoção da cidadania e se tornem, eles
mesmos agentes transformadores de suas próprias comuni‑
dades, contribuindo para a formação de políticas públicas e
programas na área de educação.
Resumo de Paper
Esse trabalho tem como objetivo refletir sobre discursivida‑
des no ensino de Inglês como Língua Estrangeira no Brasil,
especialmente no que diz respeito ao termo “fluência” e as
características atribuídas a esse termo. Nossa preocupação
surgiu do uso do termo “fluência” em diferentes âmbitos e
como parte de diversos discursos – acadêmico, publicitário,
pedagógico – acerca do ensino de idiomas. Inicialmente,
propomos pensar a questão da fluência em um contexto
mais amplo e não minimizá‑lo a uma única habilidade, como
propõe alguns enunciados discursivos do discurso pedagó‑
gico. Portanto, nosso intuito é que ao revisitar os conceitos
de fluência nos estudos de Linguística Aplicada, possamos
pensar como as discursividades acerca do mesmo são cons‑
truídas e como influenciam o meio em que circulam, ou seja,
que efeitos de sentidos retornam a esses lugares discursivos.
Os participantes de nossa pesquisa foram alunos e professo‑
res de escolas de idiomas, a fim de que pudéssemos coletar
dados que mostrassem discursivamente suas concepções e
crenças envolvidas no processo de aquisição de língua ingle‑
sa. O arcabouço teórico da pesquisa se compôs na interface
entre a Linguística Aplicada e a Análise Dialógica do Discurso,
baseada nos pressupostos do Círculo de Bakhtin, com seus
estudos a respeito da natureza da linguagem e seu funcio‑
namento em constante diálogo. Sabemos que tais diálogos
ocorrem ininterruptamente no âmbito escolar, na sala de
aula de língua estrangeira em específico, no discurso midi‑
ático, no universo acadêmico. Por isso, intentamos verifi‑
car tais relações dialógicas a fim de compreender como são
produzidas e, principalmente, que impactos provocam no
processo de aquisição de uma língua. Assim, analisaremos
com base nos pressupostos teóricos as sequências discur‑
sivas dos envolvidos na pesquisa a fim de problematizar a
noção de fluência e o processo de ensino e aprendizagem de
Inglês, especificamente no contexto das escolas de idiomas
no Brasil.
101
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O IMAGINÁRIO SOCIAL ACERCA
DO PROFESSOR: UMA ANÁLISE
CRÍTICO‑DISCURSIVA DA SAGA
“HARRY POTTER”
UMA ABORDAGEM
DISCURSIVA DA PRODUÇÃO
DE SABERES EM ESTÁGIO
CURRICULAR SUPERVISIONADO
FABIANO SILVESTRE RAMOS (UFV)
FÁBIO CARLOS DE MATTOS DA FONSECA (PUC–SP)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
O objetivo do presente trabalho é investigar, a partir de uma
perspectiva social do discurso, a maneira como o professor
é retratado na mídia cinematográfica. Proponho‑me a ana‑
lisar a saga Harry Potter, que compreende 08 filmes. Em li‑
nhas gerais, a história da saga se passa na Escola de Magia e
Bruxaria de Hogwarts, centro de referência no meio bruxo no
que diz respeito ao ensino de jovens bruxos, para onde eles
vão aos 11 anos de idade e saem aos 17, já preparados para o
“mercado de trabalho”. A escolha do corpus se justifica pela
abrangência da saga no contexto internacional e pelo papel
de construção de opinião desenvolvido pela mídia nos dias
atuais. Dessa forma, tentar compreender a maneira como o
profissional de ensino é retratado em tal contexto nos au‑
xilia na compreensão do imaginário social acerca da figura
do professor. Como aporte teórico e instrumental de análise,
utilizo a Teoria Social do Discurso, proposta por Fairclough
(2001). Segundo o autor, o discurso seria uma forma de prá‑
tica social, um modo de agir sobre o mundo e sobre a socie‑
dade, sendo um elemento da vida social inter‑relacionado a
outros elementos (RESENDE e RAMALHO, 2006). Sendo assim,
o discurso deve ser considerado tridimensional, sendo essas
três dimensões (texto, prática discursiva e prática social)
passíveis de análise. Os dados nos revelam a existência de di‑
versos perfis de professores que conflitam, entre si, na maio‑
ria das vezes. Os mais recorrentes são aqueles de professores
com instintos paternais, que em diversos momentos deixam
transparecer esses instintos na interação com os aprendizes.
Um outro perfil recorrente é o de professor autoritário, que
impõe medo e não permite nenhum tipo de interação em
sala de aula.
Eleger o estágio curricular supervisionado como tema cen‑
tral de pesquisa se deve a uma especificidade muito própria,
sua natureza ambígua, híbrida, por estar situado justo no
ponto de interseção de dois mundos: o da formação e o da
profissão (Brasil, 2008). É um momento duplamente críti‑
co e tenso para os sujeitos nele engajados, posto que, para
realizarem as suas atividades, sofrem as coerções de pres‑
crições heterodeterminadas e heterogêneas entre si. Esta
pesquisa, mobilizando os protagonistas do estágio curri‑
cular supervisionado (estagiário, orientador e supervisor)
pretende lançar alguma luz sobre esta questão. Para tanto,
o estudo se inscreve numa perspectiva teórica multidiscipli‑
nar que envolve a Ergonomia da atividade (Ferreira, 2000),
a Ergologia (Schwartz, 2002; Schwartz & Durrive, 2007), a
Clínica da Atividade (Clot, 2006) e a Análise do Discurso de
base enunciativa (Maingueneau, 2008). A proposta de me‑
todologia realiza o cruzamento de dois procedimentos: (a)
pesquisa documental de prescritos, a partir da qual serão le‑
vantados os documentos legais que regulam o estágio curri‑
cular supervisionado a fim de se ter acesso as suas múltiplas
concepções; (b) prospecção de textos reflexivos sobre a ati‑
vidade no estágio curricular supervisionado, interpelando,
por um lado, orientador e supervisor por meio da instrução
ao sósia (Faïta, 2005; Clot, 2006) e, por outro, a figura do
próprio estagiário, por meio da autoconfrontação (Muniz &
Nepomuceno, 2011; Vieira, 2004). É importante frisar que há
um interesse específico quanto ao tipo de estágio curricular
supervisionado: o que é realizado pelos alunos do Ensino
Médio Técnico Integrado em Mecânica e Eletrotécnica do
IFRJ. Focalizando o tema do saber sob uma dupla perspec‑
tiva, a da formação e a da profissão, o objetivo geral deste
projeto é investigar a atividade de estágio curricular supervi‑
sionado enquanto processo de formação que integra formas
heterogêneas de saber.
102
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A MULTIMODALIDADE
DO INFOGRÁFICO: UMA ANÁLISE
ATRAVÉS DA GDV
INGLÊS PARA FINS ESPECÍFICOS:
INGLÊS PARA ADVOGADOS
FABRÍCIO OLIVEIRA DA SILVA (Puc–sp)
FÁBIO NUNES ASSUNÇÃO (UECE)
ANTONIA DILAMAR ARAÚJO (UECE)
Resumo de Paper
Por anos a informação vem sendo transmitida principalmen‑
te através de textos verbais. No entanto, percebe‑se hoje a
importância do uso de diferentes modos para a elaboração
de textos com sentidos mais completos e acessíveis. Quando
diferentes modos semióticos são utilizados na construção
de um texto, cada modo contribui com suas próprias carac‑
terísticas para completar o sentido deste. A este fenômeno
dá‑se o nome de multimodalidade. Gêneros multimodais já
fazem parte do cotidiano, mas os leitores devem estar pre‑
parados para eles, para que possam assimilar seu conteúdo
de forma crítica. Assim, é importante que gêneros multimo‑
dais estejam presentes em ambientes educacionais. Entre
eles, destaca‑se o infográfico. O infográfico é utilizado para
formatar notícias que não cabem nos limites da enunciação
verbal ou fotográfica, como mapas, localização geográfica
ou simulação de movimento. Devido à natureza multimodal
deste gênero, propõe‑se uma análise sobre ele, realizada se‑
gundo os aportes teóricos da Gramática do Design Visual, de
Kress e van Leeuwen (1996). Tal análise tem como objetivo
descobrir se este gênero segue os padrões de composição
multimodal ocidental, apresentado pelos autores em sua
obra. Assim, o presente artigo tem como propósito apresen‑
tar esta análise, focalizando as três funções apresentadas na
obra: representacional, interativa e composicional. A análise
comprovou que os elementos das funções foram emprega‑
dos na elaboração do infográfico e que este de fato seguiu o
padrão de composição multimodal ocidental, apresentado
por Kress e van Leeuwen.
Resumo de Paper
Uma característica central da abordagem de Línguas para
Fins Específicos é a análise de necessidades e, segundo Long
(2005), todo e qualquer programa de ensino de línguas deve
partir dessa análise. Este trabalho tem por objetivo desen‑
volver uma análise de necessidades de inglês para advoga‑
dos de uma cidade do interior do Estado de São Paulo e da
capital paulista, estes últimos alunos de um curso de leitura
e um curso de redação jurídica. O arcabouço teórico desta
pesquisa em Ensino‑Aprendizagem de Línguas para Fins
Específicos está fundamentado, principalmente, nos precei‑
tos de Hutchinson e Waters (1987), Dudley‑Evans e St John
(1998) e Ramos (2004), entre outros. Nesta pesquisa qualita‑
tiva com referencial metodológico do estudo de caso, segun‑
do as orientações de Lüdke (1983), Lüdke e André (1986), Gil
(1987), Johnson (1992), Stake (1998) e Denzin e Lincoln (1998),
foram realizadas quatro entrevistas com dois informantes
especialistas, que permitiram levantar informações para
a elaboração de dois questionários que foram, então, apli‑
cados ao grupo de participantes, composto por 8 profissio‑
nais de Sorocaba/SP, 17 alunos do curso de leitura e 6 alunos
do curso de redação, ambos ministrados na cidade de São
Paulo, totalizando 31 participantes. Em razão da carência de
pesquisas que busquem levantar as necessidades de inglês
de profissionais do Direito, esta pesquisa traz uma contri‑
buição original para a área de Línguas para Fins Específicos
e pode auxiliar no melhor entendimento desse contexto de
trabalho para profissionais que se envolvem com o ensino
de inglês para advogados. Identificando necessidades de
aprendizagem e da situação‑alvo os resultados desta inves‑
tigação fornecem dados que permitirão elaborar cursos de
inglês para advogados em Sorocaba, bem como avaliar e/
ou (re)desenhar os cursos de inglês jurídicos frequentados
pelos participantes.
103
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
TECNOLOGIAS DIGITAIS
E FORMAÇÃO DE PROFESSORES
DE LÍNGUA ESTRANGEIRA:
EXPERIÊNCIAS HÍBRIDAS
FABRÍCIO TETSUYA PARREIRA ONO (USP)
Resumo de Paper
A reforma do pensamento tida como emergente por Morin
(2004), a cultura da convergência discutida por Jenkins
(2008), as novas teorias de letramento (SNYDER, KRESS,
2000), multiletramentos (COPE E KALANTZIS, 2000; NEW
LONDON GROUP, 1996) e ensino crítico (LANKASHEAR e KNOBEL,
1997; MONTE MOR, 2009 E MENEZES DE SOUZA E MONTE MOR,
2006) apontam um movimento de ressignifição da educação
diante das mudanças socioculturais, cognitivas e tecnológi‑
ca. Tendo em vista as questões apontadas por esses autores e
considerando que os novos letramentos e multiletramentos
reconhecem a multiplicidade de significados pela combina‑
ção de vários modos de comunicação (KRESS e VAN LEUWEEN,
1996,) e encorajam a leitura, a escrita e a comunicação por
meio de diversas mídias, gêneros, dialetos e línguas, como
também os contextos sociais. Além disso, este encontro hí‑
brido de mais de um meio de comunicação “é um momento
de liberdade e libertação do entorpecimento e do transe que
eles impõem aos nossos sentidos” (McLUHAN, 1964). Desta
forma, centralizo esta discussão na formação continuada de
professores de língua estrangeira, tendo como contexto um
curso de pós‑graduação latu senso em Estudos Avançados
de Língua Inglesa na cidade de São Paulo, com um público
formado, em grande parte, por professores do ensino regu‑
lar, da esfera pública e privada. Para tanto, com o objetivo
de fomentar discussões e questionamentos acerca do tema
e, também, dialogar com as pesquisas realizadas em outros
contextos, analiso um elemento multimodal, elaborado por
professores em‑serviço da rede pública participantes do cur‑
so. No elemento produzido pelos professores participantes,
há uma discussão das teorias dos novos letramentos e mul‑
tiletramentos, indicando um processo reflexivo na (re)cons‑
trução de suas perspectivas teóricas e que poderão refletir
em suas práticas de sala de aula.
AS MACRO‑ESTRUTURAS
NA ATIVIDADE PRÁTICA
DO PROFESSOR DE INGLÊS
FÁTIMA APARECIDA CEZARIM DOS SANTOS (UNESP–IBILCE,
CAMPUS SÃO JOSÉ DO RIO PRETO, BOLSIS)
Resumo de Paper
Habilidade em língua inglesa é vista como vital aos paí‑
ses que queiram fazer parte da economia global, havendo,
portanto, uma demanda mundial por professores de inglês
competentes e abordagens mais eficazes para o desenvolvi‑
mento profissional (BURNS e RICHARDS, 2009). Na perspecti‑
va da teoria sócio‑cultural (VIGOTSKI, 2003), a formação de
professores de línguas é compreendida em todos os aspec‑
tos profissionais e em todos os diferentes contextos sociais
de atuação (JOHNSON e GOLOMBEK, 2011). Assume‑se que a
prática docente é uma atividade que emerge da participa‑
ção nas práticas sociais em sala de aula de línguas, logo, a
atividade de ensino de língua estrangeira é socialmente si‑
tuada (JOHNSON, 2009). Tendo a formação de professores
de línguas a função de prepará‑los para o mundo profissio‑
nal, torna‑se importante considerar como as atividades dos
professores moldam ou são moldadas pelas macro‑estru‑
turas sociais, que constituem a vida profissional do profes‑
sor (JOHNSON, 2009). Com essa exposição conceitual, esta
comunicação visa apresentar análise do posicionamento de
professores de inglês acerca do efeito das macro‑estruturas
institucionais em suas atividades docentes. Os dados são
parciais e emergem de dois espaços interligados: a) de um
projeto de formação continuada colaborativa com um gru‑
po de professoras de inglês; b) de duas professoras de inglês,
participantes de minha pesquisa de doutorado, em anda‑
mento. Todas as participantes atuam em uma rede pública,
no ensino fundamental, de uma cidade paulista. A análise
de dados deu‑se a partir dos enunciados das participantes
e de minha observação em campo. Até o momento, pode‑se
constatar que as macro‑estruturas mantêm uma interrela‑
ção relevante com a qualidade do trabalho docente, no que
tange a dois importantes aspectos: a) condições emprega‑
tícias; b) recursos materiais, de acordo com o ponto de vista
das professoras.
104
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
EXPLORANDO O POTENCIAL
DA LINGUÍSTICA COGNITIVA
PARA A APRENDIZAGEM
ONLINE DE PREPOSIÇÕES
EM LÍNGUA INGLESA
FERNANDA BURATTI PORTAL (UNISINOS)
ISA MARA DA ROSA ALVES (UNISINOS)
Resumo de Paper
Com o crescimento cada vez maior da Educação a Distância
(EAD), há a necessidade de (re)formular e (re)avaliar as prá‑
ticas de ensino, a fim de suprir necessidades e interesses da
nova era digital. Observa‑se também que os fundamentos
teóricos que orientam a prática dos professores podem in‑
fluenciar diretamente nos tipos de resultados alcançados
pelos alunos. Além disso, particularmente na EAD, faz‑se fun‑
damental levar em consideração os fatores afetivos e as opi‑
niões expressos pelos alunos, uma vez que eles influenciam
nos processos mentais, como memorização, raciocínio, mo‑
tivação, atenção (PERGHER, 2005). Nesse contexto, tem‑se
como objetivo explorar o potencial da Linguística Cognitiva
(LANGACKER, 1987; LAKOFF, 1987) para a aprendizagem de
preposições em inglês em ambientes virtuais de aprendiza‑
gem. Para tanto, o trabalho desenvolve‑se dentro de cinco
grandes fases: (i) descrição das preposições à luz da aborda‑
gem teórica adotada (ex.: BRUGMAN, 1981; TYLER, 2008); (ii)
estudo da metodologia de ensino baseada em uso proposta
pela Linguística Cognitiva (ex.: TYLER & EVANS, 2003; TYLER,
2008); (iii) desenho e construção de materiais educacionais
digitais (MEDS) (BEHAR, 2009) para o ensino de preposições
na modalidade a distância; (iv) análise do desempenho dos
alunos e; (v) análise das percepções dos alunos a partir da
aula. Optou‑se pela Linguística Cognitiva porque se entende
que essa teoria pode trazer avanços para a descrição das pre‑
posições e benefícios para o ensino‑aprendizagem de LE, em
especial, na modalidade a distância. A partir desse estudo,
pretende‑se elaborar um conjunto de princípios metodoló‑
gicos para o ensino das preposições, levando em considera‑
ção o desempenho dos alunos e suas percepções ao realizar
as atividades propostas.
GESTÃO E PRODUÇÃO
DE SIGNIFICADOS
COMPARTILHADOS
FERNANDA COELHO LIBERALI (Puc–SP)
Resumo de Paper
Esta apresentação discute uma abordagem para a gestão es‑
colar a partir de uma tradição Vygotskiana (1934) que implica
que a produção coletiva de significados compartilhados seja
entendida como aspecto essencial para o desenvolvimento
de uma possibilidade criativo‑colaborativa para transfor‑
mar a escola. Será debatido o “Projeto de Gestão em Cadeias
Criativas”, que foi desenvolvido a partir de uma demanda
da Secretaria Municipal de Educação (SME) de uma grande
capital do sudeste do Brasil para o desenvolvimento amplo
de vários níveis da gestão escolar. A discussão focalizará a
produção coletiva de significados para o conceito de gestão,
desenvolvida ao longo de 2011 e 2012. Além disso, abordará
também o resultado da implementação de atividades de
Gestão para o Ensino Fundamental que foram desenvolvidas
com diretores e formadores de educadores da Secretaria de
Educação, com treze Diretorias Regionais e com parte das
541 escolas dessa rede. Para a apresentação, primeiramen‑
te, será feita a exposição do projeto proposto à Secretaria
Municipal de Educação, a análise e a interpretação, de for‑
ma breve, do conceito de gestão em contextos gerais e edu‑
cacionais e sua posterior reelaboração no quadro da Teoria
da Atividade Sócio‑Histórico‑Cultural. Na sequência, será
descrito o quadro de pesquisa e intervenção colaborativa
em que o estudo e a ação sobre gestão nesse enfoque fo‑
ram realizados. Para finalizar, serão discutidos os processos
de produção de significado e os resultados que este projeto
apresentou após dois anos de sua implementação.
105
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O MOODLE COMO FERRAMENTA
NO COMPARTILHAMENTO
E NA REFLEXÃO DE CRENÇAS
SOBRE O PROCESSO DE ENSINO
E APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS
GÊNEROS DISCURSIVOS COMO
INSTRUMENTOS NO PROCESSO
DE ENSINO‑APRENDIZAGEM
DE MATEMÁTICA E FÍSICA.
FERNANDA MENESES RODRIGUES DA COSTA (UFRJ)
FERNANDA COSTA RIBAS (UFU)
Resumo de Pôster
Resumo de Paper
Nesta comunicação discutirei o potencial da plataforma
Moodle no sentido de fomentar o compartilhamento e a re‑
flexão de crenças de mestrandas sobre o processo de ensino
de aprendizagem de línguas a partir de situações de intera‑
ção e colaboração em fóruns de discussão. Discorrerei não
só a respeito da reflexão das alunas sobre suas próprias cren‑
ças instigada nos fóruns, como também sobre o processo
colaborativo de construção de conhecimento acerca do que
sejam crenças. Os dados que serão apresentados foram cole‑
tados em uma disciplina oferecida a um grupo de sete alunas
no Curso de pós‑graduação em Estudos Linguísticos, intitu‑
lada “Tópicos em Linguística Aplicada 1: Crenças no ensino/
aprendizagem de línguas: interfaces afetivas e contextuais”.
A disciplina teve carga horária de 60 horas presenciais, as
quais foram complementadas por tarefas e fóruns propos‑
tos na plataforma virtual de aprendizagem, utilizada simul‑
tânea e paralelamente às aulas semanais. Além de recortes
dos fóruns de discussão, serão apresentados também dados
de um questionário aplicado às alunas via Moodle que visou
o registro de suas impressões acerca da utilização da plata‑
forma no curso. A análise e discussão dos dados se baseiam
nos trabalhos de Paiva (2010), López et al. (2010), Rozenfeld
et al. (2010) e Warschauer (2011) que tratam do uso de tec‑
nologias no desenvolvimento de práticas colaborativas e
aprendizagem experiencial.
Diante dos recentes índices do ENEM e de outros exames
que medem a qualidade da educação no país, podemos no‑
tar que a educação pública brasileira vem tendo um fraco
desempenho em matemática e física. Além disso, o ensino
dessas duas disciplinas costuma ser descontextualizado,
distante da realidade social do aluno, não proporcionan‑
do, portanto, a verdadeira reflexão e participação criativa
do estudante em seu meio. Dessa forma, o presente pôster,
fruto do projeto Práticas de Linguagem em Diferentes Áreas
do Conhecimento na Escola Pública (PLIEP), busca, a partir
da concepção de gêneros do discurso do círculo de Bakhtin
e de construtos relacionados a processos de aprendizagem‑
‑e‑desenvolvimento de Vygotsky, entender os gêneros que
organizam a construção de conhecimento em matemática
e física, as características desses gêneros e de que forma os
conceitos científicos destas disciplinas são trabalhados na
sala de aula. Os dados serão coletados em escolas do ensino
fundamental participantes do PLIEP, através da observação
de aulas, de questionários respondidos por alunos e profes‑
sores e do levantamento dos gêneros discursivos que circu‑
lam nas aulas. Este pôster pretende, portanto, apresentar os
resultados da triangulação dos dados gerados a partir destes
três instrumentos. Em uma etapa futura da pesquisa, a dis‑
cussão destes resultados com os professores‑participantes
pretende desencaderar a co‑construção de práticas situadas
de compreensão e produção de gêneros numa perspectiva
interdisciplinar, de forma a propiciar o engajamento em prá‑
ticas situadas de construção do conhecimento em matemá‑
tica e física que estabeleçam relações mais significativas en‑
tre os conceitos científicos destas disciplinas e a vida social.
106
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O CURSO DE TRADUÇÃO
NA UFOP: PADRÕES
PROTOTÍPICOS DE EDIÇÃO
NA TRADUÇÃO DE TEXTOS
TÉCNICO‑CIENTÍFICOS
O ESPAÇO PARA A AGÊNCIA
DO APRENDIZ DE LÍNGUA
INGLESA SOBRE SUA
PRÓPRIA APRENDIZAGEM
FERNANDA PASSOS DA TRINDADE JORGE NERES (UFRJ)
FERNANDA MOREIRA FERREIRA (UFOP)
Resumo de Paper
Resumo de Pôster
Esse trabalho apresentará os resultados de uma pesquisa
em andamento que visa investigar o desenvolvimento de
tradutores em formação, no início e no final do Bacharelado
em Tradução da Universidade Federal de Ouro Preto
(UFOP), comparando os seus resultados com aqueles obti‑
dos na pesquisa com tradutores profissionais, realizada na
Universidade Federal de Minas Gerais (Alves e Gonçalves, no
prelo). Investigaremos vinte alunos, 10 entre o 3º e o 4º pe‑
ríodos, e 10 entre o 7º e o 8º períodos do Curso. Serão utili‑
zados, para a realização de um experimento com tradução,
dois resumos de artigos acadêmico‑científicos com cerca
de 250 palavras. O processo será registrado pelo software
TRANSLOG (Jakobsen, 1999) e, após a realização das tarefas
de tradução, serão feitas entrevistas semiestruturadas cujas
respostas serão gravadas em áudio. A análise dos dados será
feita com base no mapeamento do padrão de edição no par
linguístico português‑inglês, utilizando o sistema Litterae
(Alves e Vale, 2011). Serão comparados os resultados entre os
alunos iniciantes e concluintes e, então, serão comparados
os resultados desta pesquisa com os de Alves e Gonçalves
(no prelo), que, a partir dos trabalhos de Alves & Vale (2009;
2011), propuseram uma metodologia de mapeamento dos
padrões prototípicos de edição na tradução, a fim de com‑
preender melhor algumas características do processo tra‑
dutório e da relação entre os elementos de codificação/de‑
codificação (codificadores procedimentais e conceituais)
(cf. Wilson, 2011) e a competência do tradutor. Pretende‑se,
assim, perceber com mais clareza as dificuldades dos alunos
em relação ao processo tradutório, observar o desenvolvi‑
mento da chamada competência tradutória e, ainda, apre‑
sentar propostas didáticas que visem à melhoria de cursos
de tradução a partir dos resultados obtidos.
A autonomia, por exercer uma função central na aprendiza‑
gem bem sucedida de línguas (Little, 2000), tem sido tema
central de muitas pesquisas acadêmicas. De acordo com
Oxford (2011) a autonomia do aprendiz combina responsabi‑
lidade e agência, ou seja, o aprendiz autônomo é responsá‑
vel, já que aceita deveres e obrigações de uma forma inten‑
cional. Ainda segundo essa mesma autora uma visão mais
flexível e realista de aprendiz autônomo seria a de pessoas
ativas, reflexivas e responsáveis em diferentes contextos so‑
ciais. A partir dessa fundamentação teórica proponho esta
pesquisa qualitativa com princípios etnográficos que tem
como objetivo analisar o espaço para a agência do aprendiz
de língua inglesa sobre sua própria aprendizagem. A análise
dessa agência, seguindo os pressupostos teóricos citados,
envolve todos os aspectos do aprendiz autônomo (atividade,
reflexividade e responsabilidade). A geração de dados desse
estudo acontece em uma escola de ensino fundamental da
rede pública da cidade do Rio de Janeiro, durante aulas de in‑
glês, por meio da análise do diário de pesquisa, de entrevista
com a professora e de gravação e transcrição das observa‑
ções de aulas de inglês e das sessões de visionamento com a
professora e com os aprendizes participantes.
107
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
DESDOBRAMENTOS
DISCURSIVOS, HISTÓRICOS
E CULTURAIS DO INTERCÂMBIO
ACADÊMICO ENTRE O COLÉGIO
TÉCNICO DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DE MINAS GERAIS
E A ESCUELA MANUEL BELGRANO
DA UNIVERSIDADE NACIONAL
DE CÓRDOBA, ARGENTINA
FERNANDA PEÇANHA CARVALHO (UFMG)
Resumo de Paper
No ano de 2012 o COLTEC–UFMG firmou um convênio de inter‑
câmbio de reciprocidade com a Escuela Superior de Comercio
Manuel Belgrano, dependente da UNC, Argentina. Devido ao
fato de ambas as instituições terem um potencial estabeleci‑
do em educação técnica, superior e em pesquisa, o objetivo
da experiência acadêmica internacional foi proporcionar aos
estudantes uma formação acadêmica complementar, além
de ampliar suas perspectivas profissionais e culturais. O pro‑
jeto piloto de intercâmbio teve como pré‑requisito o desen‑
volvimento de projetos de pesquisa de temática lingüística,
histórica e cultural a partir dos desdobramentos advindos
da experiência de intercâmbio. Tais projetos objetivam uma
maior inserção dos intercambistas no cenário acadêmico
internacional. Através de entrevistas, questionários, análise
e registro de imagens, investigações bibliográficas e outras
metodologias de pesquisa em ambos os países, os intercam‑
bistas investigaram temas como: fonética cordobesa, práti‑
cas de lazer de jovens cordobeses e belorizontinos, empreen‑
dedorismo no ensino profissional, ensino técnico ofertado
por ambas as escolas, etc; aspectos de interesse científico e
cultural acessíveis no processo de troca cultural e acadêmi‑
ca. O presente trabalho objetiva apresentar um breve histó‑
rico do projeto de intercâmbio, compartilhar as etapas e os
resultados parciais dos projetos de pesquisa desenvolvidos,
visando expor o pensamento crítico e analítico, o senso cria‑
tivo e capacidade de aprendizagem por meio da investiga‑
ção científica nacional e internacional dos estudantes bra‑
sileiros do COLTEC, bem como o discurso dos intercambistas
como embaixadores do Brasil no período de imersão cultural
internacional e a conduta como divulgadores das pesquisas
desenvolvidas em ambos os países. A análise das condutas
será estudada, tendo como referencial teórico conceitos ad‑
vindos da AD francesa, que parte dos estudos pecheutianos
em interface com a psicanálise.
SINAIS DE MUDANÇA NAS
CRENÇAS DE ADOLESCENTES
APRENDENDO INGLÊS
NA ESCOLA PÚBLICA: UMA
PERSPECTIVA SOCIOCULTURAL
FERNANDO SILVÉRIO DE LIMA (UFV)
Resumo de Paper
O conceito de mudança faz parte de um dos debates mais
recentes na pesquisa de crenças em Linguística Aplicada.
O presente trabalho tenta ser uma contribuição a esse tó‑
pico contemporâneo ao abordar o processo de mudança de
crenças de alunos adolescentes aprendendo inglês em uma
escola pública brasileira sob um olhar sociocultural (Alanen,
2003; Lima, 2012). O estudo de natureza interventiva foi re‑
alizado em uma turma de nono ano composta por 32 ado‑
lescentes. Inicialmente foi realizado um mapeamento das
crenças dos alunos sobre a aprendizagem da língua inglesa
por meio de questionário, sendo constatada uma forte des‑
crença na maioria do grupo sobre conseguir aprender inglês,
seguida de uma indiferença ao assunto e dos demais que
acreditam nessa possibilidade. Tendo observado esse cená‑
rio, foi proposto aos alunos um período de intervenção com
algumas modificações na rotina da turma, principalmente
nas atividades realizadas. As atividades foram elaboradas
tendo em vista sugestões dos alunos, com base em suas
crenças ali construídas (Barcelos, 2007; Johnson, 2009). Por
fim, os alunos responderam outro questionário e participa‑
ram de um grupo focal para discutir as experiências vivencia‑
das na intervenção. Os resultados mostraram alguns sinais
de mudança nas crenças daquela turma. As experiências po‑
sitivas advindas de atividades em pares, com músicas e jo‑
gos motivaram os adolescentes a se envolverem mais com a
aula de inglês, sugerindo ser esse um possível caminho para
a ressignificação de crenças como a de que não se aprende
inglês em escola pública. Todavia, foram constatadas ainda
algumas limitações contextuais específicas que competem
fortemente com o processo de mudança, como é o caso da
indisciplina e desinteresse dos próprios alunos, um aspecto
que ajuda a reforçar a descrença em si, na própria aprendiza‑
gem e no contexto sociocultural onde interagem e se trans‑
formam. Revelando assim a necessidade de mais estudos
interventivos com adolescentes em escola pública.
108
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A ESPANHA COMO O ÚNICO
LUGAR EM QUE SE FALA
A LÍNGUA ESPANHOLA
FERNANDO ZOLIN VESZ (IFMT)
CORRECTIVE FEEDBACK,
ATTENTION AND NOTICING:
THEIR RELEVANCE
IN THE CLASSROOM
FLAVIA CHRISTINA DE AZEREDO CERQUEIRA (UFMG)
Resumo de Paper
Alicerçada em uma concepção de crenças como produtos
sociais, históricos e políticos conectados aos contextos so‑
ciopolíticos mais abrangentes (Barcelos e Kalaja, 2011), esta
comunicação tem como objetivo analisar os aspectos socio‑
políticos que envolvem a crença de que a Espanha é a primei‑
ra e/ou única referência quando se trata de países que falam
espanhol. Tal crença é identificada nas falas de atores sociais
da escola e da família em uma escola pública de ensino fun‑
damental que, desde 2000, oferece o espanhol como disci‑
plina obrigatória e única língua estrangeira em sua matriz
curricular. Os resultados sugerem que a opção de creditar
ao país essa condição, ou mesmo de empregá‑lo em exem‑
plos sobre aspectos culturais e linguísticos, passa por uma
questão ética e política dizente da invisibilidade da América
Latina no ensino e na aprendizagem de espanhol. Conclui‑se
que pôr em análise esta crença pode contribuir para provo‑
car outros questionamentos, principalmente contra o pre‑
conceito, bem como no tocante aos estereótipos, à redução
e à generalização do que a América Latina (não) é.
Resumo de Paper
Second language acquisition studies have claimed that feed‑
back, in the form of recasts, has a positive impact on learn‑
ers’ L2 development (LONG, 2006; MACKEY, 2006; LEEMAN,
2003). This study aims to examine the effectiveness of two
corrective feedback forms, recasts and models, on Brazilian
learners of English acquiring two language structures and
the role of focus attention and noticing in this scenario. The
present research followed the pre‑test, pos‑test, delayed
pos‑test, and control design, and it was conducted with
thirty‑three students randomly selected to perform two
communicative activities in three different sessions. During
the activities, the participants received corrective feedback
or no feedback according to the experimental condition they
were assigned. Before starting the study, the participants
were pre‑tested by the means of three versions of two in‑
struments: a grammaticality judgment test (GJ) and an oral
picture description; they were pos‑tested immediately after
the last day of treatment; five days later, the participants
were administered a delayed pos‑test. All of the instruments
and the conditions were counterbalanced. Along with the
language activities, the participants also performed atten‑
tion control tests and a stimulated recall test. The results
suggest that recasts and models were more effective than
no feedback. As for the cognitive factors, the results showed
a complex scenario. Overall, attention seems to be the most
relevant component of the cognitive variables contemplat‑
ed on this research.
109
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A ARGUMENTAÇÃO NA PROSA
ESCOLAR DO ENSINO
FUNDAMENTAL II
FLÁVIA CRISTINA CANDIDO DE OLIVEIRA (UFC)
Resumo de Pôster
Esta pesquisa pretende analisar a estrutura argumentativa
composicional, retórica e metadiscursiva no gênero artigo
de opinião em textos de alunos da educação básica. Para
isso, propomo‑nos articular três abordagens distintas da ar‑
gumentação: a ATD – Análise Textual do Discurso – em Adam
(2008), a TAD – Teoria da Argumentação no Discurso – em
Perelman e Olbrechts‑Tyteca (2005) e a Metadiscursividade
em Hyland (2004). Tomamos, inicialmente, a abordagem de
Adam e seu modelo de análise a fim de mostrar que a con‑
sideração da argumentação em sala de aula deve contem‑
plar além de aspectos composicionais, outros de natureza
retórica e de natureza metadiscursiva. Para isso, buscamos
conciliações teóricas entre essas três abordagens da argu‑
mentação, a fim de propor um parâmetro analítico pelo qual
os textos opinativos possam ser avaliados no que tange aos
aspectos composicionais e pragmático‑retóricos. Só após
isso, procedemos ao exame das produções textuais do gêne‑
ro artigo de opinião de alunos do fundamental II, com a fi‑
nalidade de observar as regularidades dos problemas que se
apresentam nas construções desses textos, para, em outra
etapa metodológica, sugerir atividades que possam ser tra‑
balhadas pelo professor em sala de aula. Nossos resultados
ainda estão em fase de análise, mas levantamos a hipótese
de que os alunos apresentam um grau maior de dificuldade
no que se refere à estrutura retórica e à metadiscursividade
na composição do texto. Também constatamos que a sequ‑
ência argumentativa, tal como descrita por Adam (1992) é a
que exige mais do aluno que ainda está em processo de de‑
senvolvimento da escrita.
ELABORAÇÃO DE LIVRO
DIDÁTICO NO ESTADO
DO PARANÁ: O TRABALHO
DO PROFESSOR FACE
ÀS ORIENTAÇÕES OFICIAIS.
FLAVIA FAZION (USP)
Resumo de Paper
A pesquisa de mestrado que propomos apresentar nesta co‑
municação insere‑se no campo de estudos sobre os gêneros
textuais e o ensino de línguas, bem como no campo do tra‑
balho e da formação do professor diante dessa perspectiva.
A Secretaria de Educação do estado do Paraná implantou,
em 2008, as novas diretrizes curriculares para o ensino de
línguas (DCE, 2008), as quais propõem a utilização dos gê‑
neros textuais nas aulas de línguas. Para que essa proposta
se materialize nas salas de aula, um programa de formação
continuada foi organizado e, em 2010, iniciou‑se o projeto
de elaboração do livro didático público (LDP) para o ensino
de línguas no CELEM por professores da rede. Nossa pesquisa
visa a estudar o posicionamento desses professores‑elabo‑
radores (PE) diante das orientações para seu trabalho, bem
como a percepção que eles têm de seu agir profissional e o
papel que o ensino com gêneros textuais pode desempenhar
em sua atividade de trabalho. Para alcançar esses objetivos,
solicitamos aos PE relatos pessoais sobre a experiência de
participar do processo de elaboração e, após a filmagem
de suas aulas, realizamos entrevistas baseadas na visuali‑
zação desse material, a fim de proporcionar ao professor a
ocasião de reviver a experiência vivida sob um novo ponto de
vista (Clot, 2001). Para analisar os textos assim produzidos,
seguiremos o modelo de análise textual do Interacionismo
Sociodiscursivo (Bronckart, 2008): levantamento do con‑
texto de produção em seus aspectos sociossubjetivos e fí‑
sicos, estudo da infraestrutura geral do texto (plano global
dos conteúdos temáticos, tipos de discurso e sequências
textuais), mecanismos de textualização (conexão, coesão
nominal e verbal) e enunciativos (vozes e modalizações).
Apresentaremos, inicialmente, o contexto em que esta pes‑
quisa é desenvolvida; em seguida, explicitaremos os referen‑
ciais teóricos que a embasam e, finalmente, mostraremos as
análises realizadas até o momento.
110
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
EMOCIONAR E DOMÍNIO
DE AÇÃO – A INFLUÊNCIA DAS
EMOÇÕES NA FORMAÇÃO
DE PROFESSORES E SUAS
ESCOLHAS FUTURAS.
FLÁVIA MARINA MOREIRA FERREIRA (UFV)
Resumo de Pôster
Este trabalho, fruto de uma pesquisa de iniciação cientifica,
foi realizado com seis estudantes pré‑formandos do curso de
licenciatura em Letras de uma Universidade Federal, locali‑
zada na Zona da Mata Mineira. A pesquisa teve como obje‑
tivo investigar a influência das emoções nas escolhas profis‑
sionais futuras dos estudantes. Corroborando Aragão (2008)
que aponta para a necessidade de um estudo reflexivo a fim
de propiciar aos estudantes o conhecimento das próprias
emoções e Maturana (1999) que aponta a grande influência
das emoções em nosso domínio de ação, desenvolvemos
este trabalho com o intuito de investigar as emoções viven‑
ciadas por esses estudantes em sala de aula e relacionarmos
com suas ações e também com as futuras escolhas que pre‑
tendem fazer após se formarem. Os dados foram coletados
através de narrativas escritas pelos estudantes, questioná‑
rios semiabertos e entrevistas orais. Os resultados demons‑
tram que os estudantes se comportam em sala de aula de
acordo com as emoções que vivenciam, INFLUENCIANDO
também na aprendizagem de Língua Inglesa. Destacamos
qye a pesquisa serviu também para que os estudantes pu‑
dessem refletir sobre o processo de aprendizagem durante
o curso de Letras. Observamos a importância da reflexão da
aprendizagem para os estudantes, pois, como apontam os
resultados desta pesquisa, as emoções vivenciadas e não
refletidas podem comprometer a formação profissional dos
estudante e influenciar suas escolhas futuras.
A INVESTIGAÇÃO DE ASPECTOS
CULTURAIS E SOCIAIS
EM ATIVIDADES DE LEITURA
DISPONIBILIZADAS
EM PORTAIS EDUCACIONAIS
PARA PROFESSORES
DE LÍNGUA INGLESA
FLÁVIA MEDIANEIRA DE OLIVEIRA (UFPEL)
Resumo de Paper
Os Parâmetros Curriculares Nacionais apontam que o en‑
sino de línguas deve propiciar ao aluno a análise de sua
própria língua e cultura, por meio de vínculos com outras
culturas – por semelhança e contraste – que lhe permitam
compreender melhor sua realidade e as de outros, enrique‑
cendo sua visão crítica e seu universo cultural (PCN+, 2002).
A leitura de textos em língua inglesa se constitui como uma
das alternativas pedagógicas que mais contribui para a re‑
flexão dessas questões em sala de aula (Motta‑Roth, 2006).
Os portais educacionais, especificamente de língua inglesa,
disponibilizam diversos conteúdos e atividades pedagógicas
que podem ser utilizados, principalmente, por professores
em formação inicial. Este estudo, com base nas pesquisas
de Análise do Discurso e Ensino e Aprendizagem de Línguas,
tem como objetivo analisar as atividades de leitura propos‑
tas por quatro portais educacionais de língua inglesa, visan‑
do identificar em que medida questões culturais e sociais
são propostas e discutidas nessas atividades. Além disso,
busca‑se 1) investigar quais os objetivos dos portais educa‑
cionais ao discutirem os aspectos culturais e sociais em suas
atividades de leitura e 2) identificar de que forma a pluralida‑
de cultural é valorizada e incentivada nas atividades de leitu‑
ra propostas por esses portais. Nossa investigação visa con‑
tribuir com a prática docente de professores em formação
inicia, auxiliando‑os no processo de ensino e aprendizagem
das questões culturais e sociais de língua inglesa. A pesquisa
inicial aponta que as atividades de leitura com enfoque em
aspectos culturais e sociais ainda são propostas com o intui‑
to de apresentar e discutir questões gramaticais relaciona‑
das ao ensino de língua inglesa.
111
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
“IF SEX IN A SOCIETY DIDN’T TELL
A GIRL WHO SHE WOULD BE”:
A CONSTRUÇÃO DO CONCEITO
DE “VIRGINDADE” SEGUNDO
MULHERES HOMOERÓTICAS
ENTRE A LÍNGUA
E O TERRITÓRIO:
REPRESENTAÇÃO DE IMIGRANTES
EM LIVRO DIDÁTICO
DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
FLAVIA MORENO DE MARCO (UFRJ)
FLAVIO ROBERTO GOMES BENITES (UNEMAT)
Resumo de Pôster
Resumo de Paper
Este trabalho propõe‑se, através de uma visão sociocons‑
trucionista do discurso, a analisar o processo de construção
e reconstrução de identidades sexuais envolvendo o en‑
tendimento do conceito de “virgindade” por parte de indi‑
víduos homoeróticos do sexo/gênero feminino. Consoante
Carpenter (2001), a virgindade é um construto social ambí‑
guo extremamente importante para definir a vida sexual dos
indivíduos. Focaliza‑se, assim, como o conceito de virginda‑
de é recontextualizado em um espaço online de afinidades,
observando jogos e posicionamentos interacionais em tal
ambiente no qual ocorre a contestação dos discursos he‑
gemônicos sobre tal conceito. Os dados foram gerados por
meio de etnografia virtual (Hine 2000), pois entendo este
universo como um canal de comunicação de amplo espaço
para debates e reconstrução de significados via letramento
digital. A Web 2.0, nesse contexto, não é considerada ape‑
nas um local em que o usuário recebe informações de forma
passiva, mas sim um lugar de (re)construção de significados
(Moita Lopes 2010). No percurso analítico trilhado são per‑
ceptíveis mudanças no âmbito das compreensões das iden‑
tidades sociais e do conceito sócio‑histórico de virgindade,
principalmente por parte daqueles envolvidos em contradis‑
cursos sobre sexualidades não‑hegemônicas.
Este trabalho tem por objetivo problematizar a representa‑
ção de imigrantes em livros didáticos de língua estrangeira,
tendo como apoio teórico a perspectiva discursiva, que agre‑
ga contribuições teóricas advindas da história, psicanálise e
línguística. Para tanto, tomamos como objeto de análise
livros didáticos de língua espanhola de editoras também es‑
panholas que são adotados por escola brasileira de idioma.
Procuramos contextualizar a temática da imigração tendo
como pressuposto que a condição do imigrante encerra um
duplo, já que ele se encontra em um entre‑lugares, como
duas faces de uma mesma realidade: a sociedade de onde
ele saiu e aquela que o acolheu. Refletimos também em tor‑
no da estrangeiridade, avançando em relação ao conceito
de estrangeiro, pensando‑o também como sentimento de
estranheza e de familiaridade. Nesse sentido, vinculando
estrangeiridade‑imigração ao ensino de língua estrangeira,
procuramos pôr em relevo a naturalidade com que o livro
didático representa o ensino da língua. Além disso, aponta‑
mos que a problemática da imigração é também representa‑
da de forma naturalizada, o que faz com que os leitores‑alu‑
nos brasileiros a vejam como romantizada, na medida em
que se poderia ignorar tratados e leis que dizem respeito à
limitação e proibição da imigração de cidadãos que estejam
fora do país retratado no livro didático.
112
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
CONSTRUINDO IDENTIDADES
PROFISSIONAIS
EM UM PROGRAMA
DE FORMAÇÃO
PARA PROFESSORES
DA ESCOLA PÚBLICA
MAS PRECISA SER TÃO
DOLOROSO? RELATOS
DE ALUNOS DE LETRAS SOBRE
O PROCESSO DA ESCRITA
E DA CORREÇÃO DE ERROS
FRANCISCO JOSÉ QUARESMA DE FIGUEIREDO (UFG)
FRANCISCO CARLOS FOGAÇA (UFPR)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
O objetivo do trabalho é investigar de que forma um pro‑
grama de formação de professores (o PDE) promovido pela
Secretaria de Educação do Estado do Paraná (SEED), para pro‑
fessores de escolas estaduais, contribuiu para a formação da
identidade de três professores participantes e o impacto que
tal programa teve sobre suas trajetórias profissionais. O PDE
estabelece uma parceria com as universidades públicas do
Paraná e prevê atividades teóricas e práticas em um perío‑
do de dois anos: no primeiro ano do programa o professor
participante se afasta de sala de aula para poder estudar, e
no segundo implementa atividades de sala de aula na escola
pública onde leciona. A fundamentação teórica se baseou no
conceito de comunidades de prática (WENGER, 1997; WENGER,
McDERMOTT e SNYDER, 2002; BARTON e TUSTING, 2005, entre
outros), sobretudo no que se refere a como a identidade se
constrói em dadas comunidades e como as diferentes traje‑
tórias são negociadas e reconciliadas ao longo do processo,
na medida em que os membros da(s) comunidade(s) assu‑
mem diferentes formas de participação. Foram utilizados
questionários e entrevistas semiestruturadas para a obten‑
ção dos dados. Os resultados mostram que o programa de
formação tem um grande impacto na formação da identi‑
dade profissional dos envolvidos, embora a sustentabilidade
das novas práticas desenvolvidas deva ser relativizada.
Este estudo, de natureza qualitativa (NUNAN, 1992), tem por
objetivo promover algumas reflexões sobre a forma como os
fatores afetivos podem influenciar a aprendizagem de uma
língua estrangeira (LE), ou de uma segunda língua (L2), es‑
pecialmente no campo da produção textual e da correção.
Como bem observa Cheng (2002), escrever é uma atividade
emocional e cognitiva; ou seja, nós pensamos e sentimos en‑
quanto escrevemos. Os dados para este estudo provêm de
uma turma de formandos do curso de Letras – Inglês da UFG,
que realizaram, durante um semestre letivo, 4 atividades de
escrita e de correção de erros, realizadas com o auxílio de
seus pares. Por meio da análise dos dados, serão apresenta‑
dos os fatores afetivos que podem influenciar os processos
da escrita e da correção de erros, bem como percepções de
alunos do Curso de Letras sobre esses processos. Os resul‑
tados indicam que os alunos têm a autoestima aumenta‑
da quando recebem elogios sobre a sua produção, quando
percebem que escrever é um processo e, portanto, não se
cobram tanto ao realizar a atividade. Por outro lado, a auto‑
estima é diminuída quando se cobram demais para realizar
a atividade e, com isso, se sentem incompetentes por não
produzirem um texto considerado ideal. Observou‑se, tam‑
bém, que a correção severa dos erros, bem como a forma
ridicularizante e desconfortante de lidar com eles perante
a classe estão entre os fatores que provocam ansiedade na
interação professor–aluno. Com as reflexões advindas deste
estudo, espera‑se que professores, alunos e demais pessoas
envolvidas no ensino e aprendizagem de línguas possam re‑
fletir sobre como tornar os processos de escrita e de correção
de erros mais humanizados.
113
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
LITERATURA E LEITURA:
UM DESAFIO NAS AULAS
DE ESPANHOL DO ENSINO MÉDIO
DE ESCOLAS PÚBLICAS
GIRLENE MOREIRA DA SILVA (POSLA–UECE)
CLEUDENE DE OLIVEIRA ARAGAO (UECE)
Resumo de Paper
A partir da nossa atuação como coordenadora do Projeto
PIBID–CAPES em escolas públicas, das leituras de Paiva (2003)
Barcelos (2011), Miccoli (2010) e Celani (2002) e de acordo
com nossa prática docente, percebemos que, em geral, o en‑
sino da língua estrangeira (LE) está em crise nas escolas pú‑
blicas. O professor apresenta dificuldades de formar o aluno
naquela língua estudada e não consegue trabalhar as qua‑
tro habilidades (ler, escrever, falar, ouvir) em sua sala de aula.
Entendemos que para a construção de um ensino eficaz de
LE na escola, precisamos focar na leitura e, assim, também
conseguir outros avanços linguísticos. Defendemos, as‑
sim como Mendoza (2004, 2007), Aragão (2006) e (Santos,
2007), que a literatura seja usada como recurso para as aulas
de Espanhol como língua estrangeira (E/LE), auxiliando o es‑
tudante no processo de aquisição da nova língua estudada.
Esse artigo é parte de uma pesquisa de doutorado, ainda em
fase inicial, que tem por objetivo geral promover o letramen‑
to de alunos de língua espanhola do ensino médio de escola
pública, a partir do ensino comunicativo focado na compe‑
tência leitora, com o intuito, ainda, de avaliar como o uso
de gêneros textuais, priorizando os literários, influenciam
nesse processo. Neste trabalho, refletiremos sobre os ele‑
mentos que compõem a competência leitora e literária em
língua estrangeira, mais especificamente o espanhol, e as
possibilidades para seu desenvolvimento no ensino médio
de escolas públicas.
VISUALIZAÇÃO: A QUINTA
HABILIDADE LINGUÍSTICA
NO ENSINO E APRENDIZAGEM
DE INGLÊS COMO
LÍNGUA ESTRANGEIRA
GISELDA DOS SANTOS COSTA (UFPE)
Resumo de Pôster
Em nossa sociedade, cheia de imagens, representações vi‑
suais e experiências visuais de todos os tipos, há, sim, para‑
doxalmente, ainda um grau significativo de analfabetismo
visual. Apesar da importância de desenvolver competências
visuais específicas, letramento visual ainda não é uma prio‑
ridade nos curriculos escolares (SPALTER e DAM, 2008). Esta
comunicação tem como objetivos (1) apresentar a nova fase
da Linguistica aplicada como uma ciência do design (New
London Group,1996; Weideman, 2007). Design é o concei‑
to‑chave para a teoria do multiletramentos do New London
Group (1996), composto de pesquisadores em educação, so‑
ciolinguística, psicologia, sociologia e tecnologia. Segundo
este grupo, o processo de Design é dinâmico, em constante
mudança e é usado para descrever interpretação e constru‑
ção de significado. Assumir uma postura ampla sobre cons‑
truir significado é exigido uma noção de multiletramentos e,
em vez de chamar esse processo de leitura, eles chamam de
design, uma vez que uma variedade de textos estão disponí‑
veis e devem ser interpretados, (2) enfatizar a importância
de integrar o letramento visual crítico como a quinta habi‑
lidade línguistisca em sala de aula de inglês com base nas
novas normas da Associação Internacional de Leitura e do
Conselho Nacional de Professores de Inglês Americano (IRA
/ NCTE, 1996), e (3) apresentar uma sugestão de atividade vi‑
sual, usando o videoclip da cantora Jessie J chamado Price
Tag, como uma atividade crítica pedagógica mediada pela
tecnologia móvel, em particular o celular. O público alvo
desta apresentação são alunos de Letras, professores de lín‑
gua inglesa e pesquisadores que visam conhecer maneiras
de aproveitar as possibilidades da onipresença na tecnologia
em suas práxis (Ally, 2009 e Kukulska‑Hulme at al., 2009).
114
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A DISCIPLINA PRODUÇÃO
TEXTUAL NO CURSO
DE EDUCAÇÃO FÍSICA, SOB
A PERSPECTIVA DOS ALUNOS
GISELE DE OLIVEIRA (FEFISO/ACM SOROCABA)
Resumo de Paper
A disciplina Produção Textual investigada nesta pesquisa é
parte do conjunto de disciplinas que compõem um curso
de graduação em Educação Física. Sendo esse o contexto
de pesquisa, esta comunicação tem por objetivo apresen‑
tar a descrição e a interpretação do fenômeno a vivência
de graduandos em Educação Física na disciplina Produção
Textual, considerando os registros textuais compartilhados
por alunos que cursaram a disciplina durante um semestre.
O estudo fundamenta‑se na complexidade e no ensino de
língua materna, aprofundando o paradigma da complexida‑
de, os sistemas complexos e a relação entre complexidade
e Educação, tendo como principais autores Behrens e Oliari
(2007), Moraes (1997, 2008, 2010), Morin (2000, 2005, 2008,
2011) e Tescarolo (2004). Além disso, aspectos relacionados
às experiências prévias, produção textual, letramento e ensi‑
no de Português para Fins Específicos são abordados, emba‑
sando‑se, principalmente, em Dewey (1938), Dudley‑Evans e
St John (1998), Antunes (2003, 2009), Celani (2005a, 2008),
Ramos (2009), Rojo (2009). Os textos foram interpreta‑
dos a partir dos princípios metodológicos da abordagem
hermenêutico‑fenomenológica (van Manen, 1990 e Freire,
1998, 2007, 2008, 2010, 2011, 2012) e seu diálogo com a com‑
plexidade, o que permitiu que a constituição do fenômeno
emergisse dos registros textuais revelando sua constituição
temática: participantes, disciplina, aprendizagem e relações
são os temas hermenêutico‑fenomenológicos que demons‑
tram como os alunos vivenciaram a disciplina Produção
Textual. Essa constituição sugere possibilidades no que se
refere ao desenho do curso, às aulas e à interação da discipli‑
na Produção Textual com o curso de Educação Física.
O GÊNERO BIOGRAFIA
NO ENSINO DE LÍNGUA
INGLESA E O DESPERTAR
DO PENSAMENTO CRÍTICO
E DA AUTOPERCEPÇÃO EM SALA
DE AULA: DA AULA REAL PARA
O VIRTUAL
GISELE DOS SANTOS DA SILVA (UTFPR)
Resumo de Pôster
Nesse trabalho apresentaremos o resultado de uma ativida‑
de realizada com uma turma de Ensino Médio de um colégio
estadual da periferia de Curitiba, envolvendo os gêneros bio‑
grafia e blog. Após observação e convívio ao longo de um se‑
mestre enquanto bolsistas do PIBID (Programa Institucional
de Bolsa de Iniciação à Docência) com uma turma de 1º ano,
notamos que não havia muita interação e união entre os
membros do grupo. Sendo assim, decidimos desenvolver um
exercício que além de ensinar a língua inglesa, também per‑
mitisse que os alunos se conhecessem melhor e trocassem
algumas experiências. Posto isso, tendo em vista a perspec‑
tiva de ensino de língua a partir de gêneros textuais como
propõe as DCEs de Língua estrangeira e, segundo a proposi‑
ção de Marcuschi (2002) de que toda interação verbal acon‑
tece por meio de gêneros, sendo a língua entendida como
prática social, histórica e cognitiva que privilegia sua nature‑
za funcionalista e interacionista, optamos por trabalhar, pri‑
meiramente, com o gênero biografia. Este gênero, aplicado
sob a visão do letramento crítico, além de possibilitar a abor‑
dagem de aspectos linguísticos do inglês, ainda foi uma for‑
ma eficaz de levar os alunos a refletirem criticamente sobre
suas histórias de vida e perceberem seus papéis enquanto
sujeitos participantes em determinado contexto social, his‑
tórico e cultural. Em conseguinte, após notarmos o quanto
os alunos estavam envolvidos com a tecnologia – estavam
sempre usando celulares, comentando sobre redes sociais e
jogos – decidimos utilizar o gênero digital “blog” para que os
alunos publicassem suas biografias e pudessem comparti‑
lhar suas histórias com os demais colegas de classe. O uso do
blog também foi a maneira que encontramos para trabalhar
o letramento digital com aquele grupo. Em suma, podemos
dizer que o resultado alcançado com esse trabalho foi posi‑
tivo e ressignificante tanto para os alunos quanto para nós
enquanto professoras.
115
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O SIGNIFICANTE QUE
(ME) FAZ APRENDER:
A APRENDIZAGEM DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA (INGLÊS)
E OS EFEITOS TRANSFERENCIAIS
RELAÇÕES IDENTITÁRIAS
NO ENSINO DE LÍNGUA INGLESA
COMO (L3): UM DESAFIO
PARA ALUNOS SURDOS
E PROFESSORES OUVINTES
GISELE FERNANDES LOURES DOMITH (UFMG)
GISELLE ALMADA SOUTO (FACULDADE CCAA)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Apresento um recorte de minha pesquisa de doutorado inti‑
tulada Transferência e aprendizagem de língua estrangeira
(LE). O objetivo da pesquisa é investigar, os efeitos da trans‑
ferência (BREUER; FREUD, [1893–95] 2006); LACAN, ([1953]
2010) na aprendizagem de inglês como LE. Freud ([1905]
2006) concebe a transferência como o estabelecimento de
vínculos afetivos entre sujeitos. Esse vínculo é inicialmente
vivido pelo sujeito em suas primeiras relações com outros
(mãe, pai, outros familiares, amigos). As marcas das pri‑
meiras transferências servem elementos a partir dos quais
o sujeito representa/simboliza os outros vínculos que esta‑
belece ao longo de sua vida. Essas marcas ou significantes
(LACAN, [1969–1970] 1992) carregam investimentos afetivos
(sentimentos, afetos, expectativas, ódio, amor) que podem
determinar o modo como o sujeito estabelece vínculos pos‑
teriores, seja com o analista, o médico, amigos ou professo‑
res. Acredito que quando um aluno estabelece uma relação
transferencial com o professor, ocorrem atualizações simbó‑
licas e imaginárias que provocam (re)arranjos subjetivos que
podem ser o mote da aprendizagem. Marcas desses deslo‑
camentos subjetivos podem ser flagradas no dizer (NEVES,
2006), o que viabiliza a investigação do fenômeno transfe‑
rencial na aprendizagem de LE. Na investigação proposta,
professor e aluno são vistos como sujeitos descentrados,
efeito da história, da cultura e do inconsciente que orientam
sua relação com os outros (AUTHIER, 2001). A aprendizagem
de línguas estrangeiras configura‑se pela tomada da palavra
no outro idioma (SERRANI, [1998] 2004). O corpus da pesqui‑
sa é formado a partir de depoimentos de professores e alu‑
nos de inglês em diferentes situações de aprendizagem e de
registros, em áudio e em notas de campo, de aulas do idio‑
ma. Apresentarei uma amostra de análise que aponta o es‑
tabelecimento de uma relação transferencial entre professor
e aluno em um curso de formação de professores do inglês.
A presente pesquisa tem como principal objetivo analisar o
processo de identificação e/ou desidentificação no ensino e
aprendizagem da língua estrangeira (inglês) no contexto da
educação inclusiva. O sujeito surdo vive em uma sociedade
de cultura dominantemente ouvinte, por isso é impossibi‑
litado de desenvolver identidade e cultura surda. Durante
séculos a comunidade surda se submeteu à perspectiva dos
ouvintes nos âmbitos: educacional, social, cultural e identi‑
tário. O aluno surdo, em sua maioria, é desvalorizado como
sujeito e desafiado diariamente nas salas de aulas, por pro‑
fessores ouvintes que trabalham a língua oral e não a LIBRAS
(Língua Brasileira de Sinais), como principal forma de co‑
municação. Cobra‑se da criança Surda uma incorporação
ao sistema cultural do ouvinte fazendo com que esta seja
obrigada a se negar como indivíduo completo diante de uma
maioria ouvinte. É preciso que sejam utilizadas estratégias
pedagógicas voltadas para o aluno surdo, permitindo que
sua cultura surda seja valorizada, concomitantemente, sua
identidade surda. Dentre todos os problemas do atraso ou
inexistência de formação, o estigma de analfabetismo ou
deficit de letramento em língua portuguesa, consequente‑
mente, em língua inglesa, é o que mais marca o sujeito sur‑
do em sua vida dentro e fora da escola. A pesquisa torna‑se
relevante porque centra seus esforços sobre a relação iden‑
titária do aluno surdo com a língua inglesa. Compreender
como se constitui como sujeito o aluno surdo é contribuir
para o entendimento dos motivos que levam a educação in‑
clusiva a sucessos e fracassos, visto que, em última instância,
é a identificação ou a não identificação dos sujeitos com o
ensino da língua que determina aqueles mesmos sucessos
ou fracassos.
116
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A TRADUÇÃO
DO HUMOR EM FILMES
DE PEDRO ALMODÓVAR
O TROPEIRISMO EM DITADOS
POPULARES: RELAÇÕES ENTRE
LÍNGUA E CULTURA
GISELLE BRANCO MENDONÇA (UFRJ)
GISELLE OLIVIA MANTOVANI DAL CORNO (UCS)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
A tradução Audiovisual está em alta. Hoje com a grande
quantidade de canais a cabo, dvds e blu‑rays o papel do tra‑
dutor se tornou imprescindível para que todo o mundo possa
compreender a mensagem que a obra quer emitir. Há quem
prefira ver filmes na língua original com legendas, há outros
que preferem não ler, preferem os filmes dublados. Escolher
qual dos dois é melhor se trata de um falso debate, visto
que as situações socioculturais de cada país determinam a
escolha de um ou outro sistema. O Humor é uma das ques‑
tões de maior complexidade que pode ser apresentada a um
tradutor de textos audiovisuais. O telespectador espera um
humor mais próximo da sua realidade, mas informal e quan‑
do isso não acontece vemos fracassos de bilheteria. Nesta
comunicação nos propomos analisar a tradução do Humor
em alguns trechos dublados e legendados ao português de
três filmes de Pedro Almodóvar (Mujeres al borde de un ata‑
que de nervios de 1988, Todo sobre mi madre de 1999 e Volver
de 2006) promovendo assim o conhecimento e o debate de
questões relativas à Tradução Audiovisual.
Adágios e provérbios são formas de registrar em palavras o
que a sabedoria popular consagrou como uma espécie de
verdade universal, ou pelo menos válida para um determina‑
do grupo social. Através deles, pela leitura de pressupostos,
pode‑se inferir aspectos da realidade, bem como crenças e
valores desse grupo. Alguns seguem estruturas relativamen‑
te regulares, que podem funcionar como qualificadores ao
estabelecer comparações em que um sujeito ou situação
X apresenta uma característica ou propriedade P em grau
maior ou igual a outro sujeito ou circunstância Y: (X é/tem)
P como Y ou (X é/tem) mais P que Y. O Dicionário gaudério,
de Luís Augusto Fischer e Iuri Abreu (2011), é uma coletânea
de “expressivas comparações da sabedoria gauchesca, mais
velhas que a sogra do compadre, de autoria coletiva e ime‑
morial.” Entre esses ditos, que, segundo os autores, apre‑
sentam a “sabedoria gaúcha em frases definitivas”, encon‑
tram‑se alguns que têm como tema o tropeirismo, deixando
transparecer características desse importante fenômeno
econômico‑cultural no Brasil desde o final do século XVII.
Neste trabalho, propomos uma análise semântica e estru‑
tural dos provérbios coletados por Fischer e Abreu relativos
ao tropeirismo, buscando identificar valores, costumes e há‑
bitos do tropeiro, figura determinante para o progresso do
país, numa tentativa de reiterar a ideia de que as relações
entre língua e cultura são indissociáveis.
117
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
NA UECE: CRENÇAS SOBRE O USO
DO TEXTO LITERÁRIO NO ENSINO
DA LÍNGUA FRANCESA.
GISLEUDA DE ARAUJO GABRIEL (UECE)
“PENSAR VISUALMENTE”:
QUESTÕES DE LETRAMENTO
VISUAL E INFOGRAFIA EM TESTES
COM ALUNOS DO ENSINO MÉDIO
DE ESCOLA PÚBLICA FEDERAL
GIULIA SAMPAIO PIAZZI (CEFET–MG)
Resumo de Paper
Entre os recursos utilizados na formação e a aprendizagem
de língua estrangeira (LE), as obras literárias permanecem
um tanto relegadas porque se tem considerado com frequ‑
ência que o texto literário é uma modalidade do discurso lin‑
guisticamente complexa e muito elaborada que tem pouca
influência na aprendizagem comunicativa (MENDOZA, 2007).
Atualmente, entre as pesquisas referentes ao ensino e apren‑
dizagem de línguas, os estudos sobre crenças apontam para
a grande relevância na formação de professores. Segundo
os estudiosos da área, o desvelamento das crenças, dentro
de cada contexto da prática de ensino dos professores, per‑
mite ao professor uma melhor adequação de objetivos, con‑
teúdos, abordagem e de procedimentos metodológicos no
processo de ensino e aprendizagem. Portanto, esta pesquisa
tem por objetivo averiguar a mudança (ou não) das crenças
de professores em formação do curso de Letras Francês da
UECE, sobre o uso do texto literário a partir de práticas de
leituras literárias no ensino do FLE. Utilizaremos como su‑
porte teórico os estudos de WIDDOWSON (1991), ALMEIDA
FILHO (2005), MENDOZA (2003, 2004, 2007), BARCELOS
(2010, 2006), VIEIRA‑ABRAHÃO (2008), SILVA (2010), COSSON
(2011), KLEIMAN (2008), ROJO (2009), MARCUSCHI (2011),
SCHENEUWLY, B. & DOLZ (2004), dentre outros. Este traba‑
lho de pesquisa se efetivou no âmbito do curso de Letras
da UECE, com professores de francês em formação que, em
contato com reflexões teóricas e metodológicas sobre o uso
do texto literário no ensino da língua francesa, adequaram à
sua realidade os conhecimentos adquiridos ao longo de sua
formação acadêmica. Diante do resultado de algumas pes‑
quisas, nota‑se a necessidade de desenvolver em contextos
de formação de professores, as competências indispensáveis
à utilização do texto literário em práticas leitoras, no intuito
de formar, em nossas Universidades profissionais capacita‑
dos e aptos a utilizar o texto literário como recurso didático
em suas práticas de ensino.
ANA ELISA FERREIRA RIBEIRO (CEFET MG)
Resumo de Pôster
A infografia tem sido bastante utilizada em veículos de co‑
municação, especialmente em objetos de leitura populares
como jornais e revistas, responsáveis por grande parte da
divulgação desse gênero textual multimodal (KRESS; VAN
LEEUWEN, 1998; 2006). O infográfico (do inglês infographi‑
cs) é definido como uma representação diagramática de
dados (CAIRO, 2008) e, como considerado no jornalismo, é
produzido a partir de narrativas, explicações ou movimen‑
tos retóricos assemelhados, com o objetivo de mostrar fatos,
objetos ou explicar fenômenos. O ENEM e o PISA têm soli‑
citado dos estudantes habilidades de leitura desses textos,
embora os resultados gerais de leitura ainda estejam aquém
do desejável. A despeito disso, há um discurso das instân‑
cias de produção (jornalísticas, principalmente) segundo o
qual infográficos e imagens são facilitadores da leitura e da
compreensão dos textos. Esta pesquisa propõe identificar o
desenvolvimento das habilidades de estudantes de pensar
visualmente (TEIXEIRA, 2010) ou compreender onde e como
se dá seu letramento visual. O estudo tem cunho qualitativo
e se debruça sobre resultados de testes com alunos da série
final do Ensino Médio de uma escola pública federal. São re‑
gistradas as explicações dos estudantes em relação às estra‑
tégias utilizadas na produção de gráficos para obter dados
para análise. Apresentaremos, aqui, a análise dos resulta‑
dos do teste de um informante, por julgarmos que ele possa
trazer boas questões sobre o pensar visualmente. Por meio
desta discussão, espera‑se revelar questões ligadas à vida
social e à circulação dos textos, assim como elementos fun‑
damentais da aprendizagem da leitura e da produção de tex‑
tos multissemiótica, auxiliando pesquisadores e professores
(até mesmo jornalistas e infografistas) a pensarem questões
de escrita para a sala de aula e para a produção editorial.
118
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O PAPEL TRANSFORMADOR
E DESAFIADOR DA ELABORAÇÃO
DE CURRÍCULO DE INGLÊS
GLADYS DE SOUSA (UFMG)
MARILENE PEREIRA DE OLIVEIRA (POSLIN ‑ UFMG)
PESQUISAS SOBRE EFEITO
RETROATIVO DE EXAMES
DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
NO BRASIL E NO MUNDO:
PANORAMA DE 2004 A 2012
GLADYS QUEVEDO‑CAMARGO (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA)
Resumo de Paper
Esta pesquisa surgiu em decorrência do curso Experience in
Curriculum Design, oferecido pelo POSLIN/UFMG. O objetivo
deste estudo é apresentar, discutir questões relacionadas à
experiência na elaboração de um currículo de língua inglesa,
analisar documentos fornecidos voluntariamente por uma
escola regular e indicar um modelo alternativo de currículo.
O embasamento teórico do currículo proposto tem respaldo
nos documentos oficiais, nos elementos recomendados por
Brown (1995), nos conceitos de Munby (1978), Nunan (1993),
Pholsward (1993), Kirkgöz (2007), Fandiño (2010) e Vygotsky
(1978). A coleta de dados ocorreu em várias etapas: visita à
escola, entrevista e questionários. Levantamos as deman‑
das dessa comunidade escolar (needs analysis) elaborando,
aplicando e analisando três questionários com questões
fechadas e abertas, para a professora, 121 alunos do ensino
fundamental e 90 do ensino médio. A partir desses dados
foi feito uma comparação com o currículo existente. Dentre
outros aspectos, os resultados apontaram que o livro didá‑
tico é usado como sendo o próprio “currículo”, que muitas
demandas dos alunos não estavam sendo contempladas,
por exemplo, eles preferem trabalhar em aula as habilidades
orais, mas indicaram que em suas aulas de inglês a leitura é
mais privilegiada. Além disso, é necessário que se deixe claro
os conceitos de currículo e conteúdo programático. Na nova
proposta sugerimos, entre outros aspectos, maior interação
entre os aprendizes, o uso das novas tecnologias e de tópi‑
cos culturais, corroborando a expansão da própria identida‑
de e da comunidade. Constatamos que há necessidade de
contar com a participação dos diferentes atores do processo
de ensino‑aprendizagem na elaboração de um currículo e da
importância de se incluir este tema na formação de profes‑
sores, seja na inicial ou continuada.
MATILDE VIRGINIA RICARDI SCARAMUCCI (UNICAMP)
Resumo de Paper
O termo ‘efeito retroativo’ refere‑se ao impacto, à influên‑
cia, ou às consequências advindas da presença, ostensiva ou
não, de algum tipo de instrumento que configure alguma si‑
tuação de avaliação, no processo de ensino e aprendizagem
(de uma língua). Atualmente não há controvérsias quanto
à sua importância e complexidade, nem quanto ao fato de
que ocorre com frequência e pode afetar diversos agentes
e aspectos envolvidos na situação de avaliação, em inten‑
sidade variada. Diante da relevância de práticas avaliativas
nos últimos anos, particularmente no âmbito das políticas
educacionais em diversos países, muitos pesquisadores ao
redor do mundo têm se dedicado a pesquisar o efeito retroa‑
tivo na tentativa de compreender como ele se constitui e se
manifesta. O efeito retroativo das avaliações no ensino e na
aprendizagem de línguas começou a ser discutido no Brasil
no final da década de 1990, particularmente nos trabalhos
de Scaramucci (1998a; 1998b; 1999), que, em 2004, publicou
uma revisão da literatura sobre o tema, com o intuito de
mostrar o estado da arte dos estudos sobre efeito retroati‑
vo no Brasil e no mundo. Dando sequência a esse trabalho,
esta apresentação traz um levantamento de pesquisas pu‑
blicadas entre 2004 e 2012 sobre o efeito retroativo na ava‑
liação de línguas. No total, foram 81 trabalhos realizados por
diversos pesquisadores do Brasil e de outros países. Nossos
objetivos foram (1) mapear o contexto de produção de tais
pesquisas, e (2) identificar padrões e regularidades relativas
aos procedimentos metodológicos utilizados por eles. Os re‑
sultados mostram Brasil, Irã e China com o maior número de
pesquisas no período de tempo pesquisado, e o predomínio
de questionários e entrevistas como principais instrumentos
de coleta de dados.
119
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
AS PERFORMANCES
IDENTITÁRIAS DE MULHERES
NEGRAS EM UMA COMUNIDADE
PARA NEGROS NA ORKUT
A OFERTA DE LÍNGUAS
ESTRANGEIRAS NA ESCOLA
SOB A ÓTICA AVALIADORA
DE SEUS ALUNOS
GLENDA CRISTINA VALIM DE MELO (UNIFRAN)
GLENDA HELLER CÁCERES (UFRGS)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
No contexto digital, as relações humanas ocorrem com in‑
tensidade, personagens são criados a cada acesso, as perfor‑
mances discursivas são diversas e as identidades, segundo
Hall (2006), estão em constante movimento. Com os novos
letramentos digitais, a internet se tornou também um espa‑
ço para contestar e discutir os direitos da população negra
que durante a Modernidade tiveram seus corpos excluídos e
suas vozes apagadas. Na pós‑Modernidade, de acordo com
Venn (2000) e Boaventura (2004), os olhares se voltam para
o sul e para as vozes dos esquecidos na Modernidade que se
tornam objeto de pesquisa. Este artigo analisa performan‑
ces identitárias de raça encenadas nos textos produzidas por
negras em uma comunidade da Orkut. O estudo se embasa
em concepções sobre os novos letramentos digitais e em te‑
orias queer. Os dados foram gerados em uma comunidade
da Orkut que discute temas sobre a população negra. Foram
analisadas mensagens de um fórum para mulheres negras
brasileiras. O arcabouço analítico são os construtos de ali‑
nhamento e enquadre propostos por Goffman ([1979], 1998).
Os resultados indicam que as performances identitárias das
mulheres negras estudadas são permeadas por sexualidade,
gênero, raça, classe social, escolaridade e oscilam entre uma
postura queer e performances racializadas.
Na ecologia das relações intra‑institucionais são os agen‑
tes – alunos, professores, equipe diretiva e técnicos adminis‑
trativos –, com suas respectivas funções, os que lhe confe‑
rem o caráter educativo. Nessa comunidade, os alunos têm
um papel central, dado que é em torno deles que a escola
organiza‑se como sistema. Dentro desse sistema, os compo‑
nentes curriculares consolidam, teoricamente, o que se con‑
sidera essencial para a formação dos estudantes. As línguas
estrangeiras fazem parte dos componentes do currículo
escolar e estão, na instituição em foco nesta pesquisa, res‑
tritas às práticas de sala de aula. É, então, diante deste con‑
texto, que se define o escopo deste trabalho. A realidade que
pretendemos descrever a partir das perspectivas dos alunos
é a de uma escola federal de Ensino Médio e Tecnológico do
interior do Rio Grande do Sul em que o aspecto ‘bilinguismo’,
apesar de evidente no contexto social, não é hegemônico en‑
tre os estudantes que frequentam a instituição. O trabalho,
portanto, tem razão de ser já que essa realidade – em que
a escola parece dedicada a cumprir normas externas (como
a oferta de língua espanhola, determinada pela lei 11161/05)
e a pensar no aluno em sua relação com o mundo contem‑
porâneo (motivo pelo qual, juntamente com o espanhol, é
obrigatório o ensino de inglês), sem a promoção de práticas
bilíngues alheias à sala de aula de línguas estrangeiras – dis‑
põe de uma quantidade insignificante de estudos publicados
na área de políticas linguísticas. Assim, buscando entender
a forma como os alunos veem a oferta de línguas estrangei‑
ras nessa escola, trataremos da ideologia que fundamenta
a relação entre os alunos e essas línguas. Além das entrevis‑
tas realizadas, a análise de documentos institucionais per‑
mite‑nos refletir sobre a desconsideração dos anseios dos
estudantes diante da proposta político‑linguística da escola.
120
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PROBLEMATIZANDO A PROPOSTA
DE ENSINO DE INGLÊS COMO
LÍNGUA FRANCA NO BRASIL:
IMPLICAÇÕES PARA POLÍTICAS
LINGUÍSTICAS EDUCACIONAIS
GLORIA GIL (UFSC)
MARIA INÊZ PROBST LUCENA (UFSC)
Resumo de Paper
O objetivo desta comunicação é problematizar o conceito
de ensino de inglês como Língua Franca e discutir resulta‑
dos de pesquisas sobre o tópico (Jenkins, 2003; Seidlhofer,
2001; 2004, entre outros), contrapondo a discussão teórica
com discussões recentes sobre abordagens de ensino/apren‑
dizagem de Inglês. Nos últimos anos, Linguistas Aplicados
(Rajagopalan; 2004; Canagarajah; 2007, entre outros) tem
enfatizado a importância de mudar o objetivo, a metodolo‑
gia e o currículo de ensino de inglês adequando‑os ao con‑
ceito de Língua Franca. No entanto, entendemos que essa
proposta necessita de uma reflexão mais aprofundada nos
círculos acadêmicos brasileiros, especialmente nas discus‑
sões que envolvem debates políticos sobre a formação do
professor de Inglês. Com base em uma concepção de ensi‑
no/aprendizagem de línguas pautada no social e em uma
perspectiva interacionista, discutiremos diferentes pontos
de vista teóricos acerca do conceito de Inglês como Língua
Franca (ex. Canagarajah, 2007), inglês como língua interna‑
cional (Rajagopalan, 2005) e de interlíngua (Selinker, 1992),
procurando discutir as implicações ideológicas e metodoló‑
gicas que estão ali implícitas. Como formadoras de professo‑
res, propomos que uma possível reformulação nas políticas
de ensino de inglês no Brasil envolva uma discussão concei‑
tual sobre hibridismo, língua adicional, proficiência, identi‑
dade, multilinguismo e interculturalidade nos domínios da
vida contemporânea brasileira. Como linguistas aplicadas,
nosso interesse está nas implicações dessa problematização
para ´participantes de cenários escolares contemporâneos,
sobretudo em seus encontros na sala de aula [de língua]´ (
Garcez, 2011).
A CONSTRUÇÃO DO ETHOS
JOYCIANO NO DISCURSO CRÍTICO
LITERÁRIO UNIVERSITÁRIO
GRENISSA BONVINO STAFUZZA (UFG)
Resumo de Paper
A noção de ethos modifica‑se nos estudos da linguagem
quando pensamos o conceito proveniente da retórica na
análise do discurso. Ethos, na análise do discurso (e também
na pragmática), é pesquisada por Maingueneau em toda
extensão de seu trabalho. Em sua Gêneses dos Discursos
(2005/1984), em especial, o estudioso pensa uma “semânti‑
ca global”, na tentativa de inserir em um modelo integrativo
várias dimensões do discurso, reservando entre elas, um lu‑
gar decisivo para a enunciação e para o enunciador. De fato,
o enunciador deve atribuir a si mesmo e a seu destinatário
determinado status para legitimar seu dizer: ele concede a
si próprio no discurso uma posição institucional e marca sua
relação com um saber. Amossy (2005), ao pesquisar a noção
de ethos, observa que a ação exercida pelo orador sobre seu
auditório não é de ordem linguageira, mas social. Portanto,
sua autoridade não depende da imagem de si que ele pro‑
duz em seu discurso, mas de sua posição social. Ao pensar
no posicionamento do discurso crítico literário em relação
ao estudo de James Joyce e sua obra, lidamos com algumas
possibilidades de relação entre enunciadores, preexistindo
pelo menos três imagens a partir dessas relações: i) a ima‑
gem que o leitor forma de Joyce e sua obra via leitura de obra,
resultando em uma concepção autoral; ii) a imagem que
o aluno forma de Joyce e sua obra via aula, resultando em
uma concepção didática (teórica e literária); iii) a imagem
que a academia forma de Joyce e sua obra pela pesquisa, re‑
sultando em uma concepção acadêmica. Aqui, em especial,
pretendemos analisar a construção do ethos joyciano no
discurso crítico literário universitário, considerando um re‑
corte de pesquisa do período de 1922 em que o autor publica
Ulysses, em Paris, França. Analisaremos as imagens que se
formam de Joyce e sua obra a partir das críticas acadêmicas
iniciais da obra em questão, considerando alguns enuncia‑
dos de artigos científicos publicados na revista La Revue des
Lettres Modernes.
121
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PROPOSTAS DE PRÁTICAS
LETRADAS INTERCULTURAIS
PARA O ENSINO‑APRENDIZAGEM
DE INGLÊS EM CONTEXTO
ACADÊMICO‑UNIVERSITÁRIO
GUILHERME JOTTO KAWACHI (UNICAMP)
Resumo de Paper
O propósito deste trabalho é apresentar resultados parciais
de uma pesquisa de doutorado cujo objetivo geral é inves‑
tigar a relação língua‑cultura no ensino‑aprendizagem de
língua inglesa (LI) em um determinado contexto de ensino
superior. Considerando o status da LI como língua franca
(CRYSTAL, 2010) e sua função em contextos de globalização,
que não apenas aproximam as pessoas mas também produ‑
zem e evidenciam desiguldades (CANCLINI, 2008), deve‑se
considerar que o ensino de LI está imbuído em aspectos ide‑
ológicos, políticos, sociais e culturais. É imprescindível, por‑
tanto, que o ensino de línguas situado na pós‑modernidade
promova oportunidades de reflexão sobre outras culturas,
que raramente são abordadas de modo crítico. Se conside‑
rarmos que aspectos culturais são geralmente apresentados
como “curiosidades”, “franja” ou “adendo” (ALMEIDA FILHO,
2002), parece‑nos não apenas desejável mas necessário que
as culturas do outro sejam abordadas na prática pedagógica
em LI sob perspectivas éticas e críticas (ROCHA, 2012). Assim,
julgamos pertinente desenvolver propostas didático‑peda‑
gógicas que focalizassem questões relacionadas a culturas,
estereótipos, representações, identidades, e que tivessem
potencial para promover o pensamento crítico e protago‑
nista dos aprendizes. Para tanto, encontramos suporte nas
teorias dos multiletramentos (COPE & KALANTZIS, 2000;
ROJO, 2009), entre outros pilares teóricos. Geramos dados
com alunos de um curso universitário superior, e os instru‑
mentos/procedimentos (gravações em aúdio, questionários
e escrita reflexiva) privilegiaram tratamento qualitativo dos
dados. Com essa pesquisa, esperamos contribuir para a pro‑
dução de conhecimento da área e reforçar a necessidade de
reflexão sobre aspectos culturais no ensino‑aprendizagem
de línguas, para que concepções mono – monolíngues, mo‑
noculturais e monoletradas (ROCHA, 2012) sejam problema‑
tizadas em prol de uma educação, de um ensino e de alunos
pluri – em todos os sentidos do prefixo.
O CARÁTER FORMATIVO
DO MANUAL DO PROFESSOR
DE LÍNGUA PORTUGUESA
GUSTAVO DE SOUZA MONTES (UFRJ)
Resumo de Paper
O livro didático se configura como uma importante ferra‑
menta nos processos de ensino/aprendizagem de línguas.
Pode‑se perceber, a partir do depoimento de diferentes au‑
tores (CORACINI, 1999; GRIGOLETTO, 1999; MARCUSCHI, 2000;
entre outros), que o LD constitui o principal, senão o único
muitas vezes, instrumento pedagógico utilizado pelos pro‑
fessores e alunos em sala de aula. Além de ser a fonte mais
utilizada no ensino, uma fonte de “saber institucionalizado”
(Carmagnani, 1999b), o LD, como se pode perceber nos docu‑
mentos oficiais (PCN 1998; OCEM, 2006; PNLD, 2012), se apre‑
senta como importante ferramenta no tocante à formação
docente. Muito se discute sobre o papel formativo e peda‑
gógico para professores chamados “inexperientes”, entretan‑
to, podemos percebê‑los como uma fonte de informações e
suporte não só para professores inexperientes, mas para os
experientes também (Donoghue, 1992). Levando em consi‑
deração essas premissas, o presente trabalho tem por ob‑
jetivo investigar, através de entrevistas semi‑estruturadas,
as crenças de professores de Língua Portuguesa do Ensino
Médio do Colégio de Aplicação da UFRJ (CAp UFRJ), acerca
do caráter formativo do LD. Com base nas ideias e opiniões
que esses professores têm em relação ao que está envolvido
nos processos de ensino/aprendizagem de línguas e o que
os mesmos formulam a partir de suas próprias experiências
(BARCELOS, 2001), triangulando com o discurso do manual
do professor da coleção adotada, procura‑se problematizar
o papel do LD no que diz respeito à contribuição do mes‑
mo para a formação continuada. Os resultados pretendem
indicar se as crenças dos professores analisados refletem
uma postura consciente dos mesmos em relação ao cará‑
ter formativo do LD ou se, segundo eles, o LD é só um (ou
mais um) instrumento pedagógico para o desenvolvimento
dos alunos.
122
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
SELF‑AWARENESS AND NOTICING
IN L2 SPEECH LEARNING
HANNA EMILIA KIVISTÖ‑ DE SOUZA (UNIVERSITAT
DE BARCELONA)
Resumo de Paper
This paper examined explicit phonological awareness in in‑
termediate learners of English. According to the Noticing
Hypothesis (Schmidt, 1992), in order to learn a linguistic
structure in the second language (L2), this structure has
to be first noticed. Applying this notion to the realm of L2
pronunciation acquisition, the speaker has to notice the
L2 specific segmental and suprasegmental features in or‑
der to learn how to produce them accurately. Discovering
what pronunciation features L2 learners notice and perhaps
more importantly, what they do not notice has important
implications for L2 phonological training in helping the in‑
structor to draw the student’s attention to relevant features.
The following research questions were posed: How aware
are L2 learners of their own pronunciation mistakes? What
kind of pronunciation mistakes L2 learners are able to no‑
tice in their own production? 64 Spanish/Catalan learners of
English recorded themselves reading aloud five English sen‑
tences. They then compared their pronunciation to a native
speaker recording and wrote in detail about the differences
they could notice. The participants’ pronunciation mistakes
were marked and categorized. Subsequently the comments
were analyzed and compared to the recordings in order to
determine what aspects were noticed. The results revealed a
serious mismatch between the pronunciation mistakes that
were made and the mistakes that were noticed. The learn‑
ers were most aware of errors in rhythm and intonation,
whereas the awareness on segmental errors was extremely
low. The results suggest that a substantial amount of pro‑
nunciation errors goes unnoticed in L2 learners. This should
be taken into account in the EFL classroom through the use
of consciousness‑raising activities. In addition, the findings
offer support to the idea that L2 phonological awareness is
difficultly verbalized.
GÊNEROS EM CONTEXTO
ESCOLAR: REFLEXÃO SOBRE
A FORMAÇÃO DOCENTE
HELENICE JOVIANO ROQUE DE FARIA (UNEMAT)
Resumo de Paper
Os estudos sobre os gêneros discursivos revelam‑se promis‑
sores. Entendidos em BAKHTIN (2003, p.268) como “correias
de transmissão entre a história da sociedade e a história da
linguagem”, esses construtos mostram‑se objeto de refle‑
xão em muitas escolas e vertentes dos estudos da lingua‑
gem. Abrem‑se assim, novos debates quando se perspecti‑
va a compreensão desses “artefatos culturais” em contexto
de sala de aula. No entendimento de ROJO (2008, p.76), da
escola de Sidney à Genebra, da nova retórica à abordagem
sistêmico‑funcional, da linguística de corpus à reflexão
bakhtiniana, os gêneros assumem lugares importantes nas
discussões teórico/metodológicas no âmbito da Linguística
Aplicada. Diante de um assunto híbrido, desde a flutuação
terminológica à apreensão do lugar e papel, esta comunica‑
ção objetiva refletir sobre o ensino dos gêneros na Educação
de Jovens e Adultos e compreender que efeitos esses dis‑
positivos produzem em contexto de sala de aula. Também
evidencia, parcialmente, os resultados obtidos sobre a(s)
percepção(s) que os professores de língua materna, desta
unidade escolar, apresentam sobre esta problemática, nas
reais situações sociais de uma escola pública em Sinop/MT.
Espera‑se contribuir com os estudos da linguagem e com os
debates sobre o uso desses construtos no espaço escolar.
123
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ADOLESCENTES EM CONFLITO
COM A LEI: MASCULINIDADE
E VIOLÊNCIA
HELLEM DA SILVA ESPÍNDOLA (UFRJ)
HELLEM DA SILVA ESPÍNDOLA (UFRJ)
A MOBILIZAÇÃO DE PROCESSOS
REFLEXIVOS, CRÍTICOS
E EMOCIONAIS EM NARRATIVAS
DE PROFESSORES DE LÍNGUAS
EM FORMAÇÃO INICIAL
HELVIO FRANK DE OLIVEIRA (UFG)
Resumo de Paper
Adolescentes em conflito com a lei: masculinidade e violên‑
cia A violência não é um “ente”, ela é macho. Nolasco, 2001
Este estudo procura entender os adolescentes em conflito
com a lei à luz da associação entre masculinidade e violên‑
cia (Nolasco, 2001), fortemente ligada a conceitos e refe‑
rências socioculturais e históricas que são construídos ao
longo de nossas vidas e perpetuados via discurso (Moita
Lopes, 2003; Werst, 1991; Brait, 1997; Hall, 1995; Mills, 1997;
Foucault, 2001). Em geral, os meninos são socializados por
meio de estímulos à coragem e à violência, sendo essa vali‑
dada como um dos aspectos centrais de sua masculinidade
(Nolasco, 2001; Connell, 1995; 2000). Sob o risco de se re‑
duzir a questão a um essencialismo biológico, pode‑se ob‑
servar que homens estão mais envolvidos em situações de
riscos variados ou de conflito com a lei desde a infância/ado‑
lescência (Zaluar, 1999). Parto do princípio de que olhar para
a questão da violência de modo reducionista, além de não
explicar o problema, contribui para o conformismo e para a
estagnação (Velho, 2000). Por isso, entendo tais conflitos
sob o ponto de vista da socioconstrução discursiva, que nes‑
se caso está centrada na concepção do homem hegemônico
que ainda vigora nas sociedades contemporâneas. Os dados
analisados foram gerados etnograficamente por meio de en‑
trevistas com foco no grupo (Morgan, 1998; Josselson, 1996;
Morgan e Krueger, 1993) com adolescentes em conflito com
a lei que cumprem pena por envolvimento com o crime e por
abuso de drogas. As conversas apontaram para a construção
de um único tipo de masculinidade, essencialista e hegemô‑
nica (Connell, 1995; 2000) evidenciando a importância de
qualidades como bravura, ousadia, força, além da inserção
no mundo do trabalho e do aventureirismo sexual.
Resumo de Paper
A partir da pesquisa narrativa, podemos compreender que
o prisma da educação corresponde a uma construção so‑
cial, cultural, histórica e cotidiana organizada por sujeitos
instalados em um respectivo contexto e provida pelo ato
pessoal e coletivo de narrar. Nesse sentido, quaisquer en‑
volvidos em um determinado processo, no caso específico
desta proposta, a formação inicial de professores de línguas,
tornam‑se “organismos contadores de histórias” que “vivem
vidas estoriadas de forma individual e social”, baseadas nas
diversas vivências e experiências que possuem (CLANDININ;
CONNELLY, 1988, 1990, 199, 2000, 2011, p. 17). Justamente por
essa razão, a narrativa é tida como um recurso possuidor de
valores existenciais significativos. No caso da pesquisa em
relevo, tais instrumentos revelam‑se extremamente pro‑
pícios à reflexão docente, uma vez que possui teores emo‑
cionais, reflexivos e críticos sobre dada problemática. Com
base nesse pressuposto, nesta comunicação, almejo, a par‑
tir de um estudo realizado com professores em formação
inicial, discutir a mobilidade e os recursos que as narrativas
dos participantes construíram no decorrer de uma pesquisa
de doutoramento. No geral, dizem respeito a significados
que evidenciaram a importância de se pensar a formação
de professores de línguas numa perspectiva engajada dire‑
tamente com o contexto político, social e cultural cuja sis‑
tematização torna‑se digna de problematização, posterior‑
mente, transformando‑se em um ato bastante desafiador
na perspectiva da mudança. Em formatos orais, escritos e
visuais, as narrativas coletadas durante o ano de 2012, com
participantes de um curso de Letras (Português/Inglês) de
uma universidade pública, sinalizaram resultados relativos
à (des)construção de perfis e/ou de identidade(s) docente(s)
pré‑idealizado(s) ou construído(s), moldado(s) conforme o
contexto social e cultural, via experiência, via linguagem, via
práticas pedagógicas.
124
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O PAPEL DO INTERLOCUTOR
NA ELABORAÇÃO
E RE‑ELABORAÇÃO
DE UNIDADES TEMÁTICAS
NO ENSINO DE LÍNGUAS
ESTRANGEIRAS MODERNAS
AS FRONTEIRAS INTERNAS
DO “PORTUGUÊS DEL NORTE
DEL URUGUAY” E DO GALEGO
NA ESPANHA: ENTRE
A PERCEPÇÃO DOS FALANTES
E AS POLÍTICAS LINGUÍSTICAS
HENRIQUE EVALDO JANZEN (UFPR)
HENRY DANIEL LORENCENA SOUZA (UFRGS)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
O presente trabalho apresenta, à luz da concepção bakh‑
tiniana de linguagem, um aprofundamento em relação a
uma pesquisa anterior em que foram analisadas unidades
temáticas elaboradas por graduandos do curso de Letras
Anglogermânicas na disciplina de Metodologia de Ensino
de Línguas Estrangeiras Modernas (LEM) – Inglês e Alemão e
posteriormente re‑elaboradas na disciplina Prática de Ensino
e Estágio Supervisionado de LEM. A pesquisa concentrou‑se
na análise do papel exercido pelo interlocutor nas mudanças
efetuadas na (re)construção das unidades temáticas. O tra‑
balho mobiliza, do arcabouço teórico‑metodológico da con‑
cepção bakhtiniana, a noção de que toda produção verbal é
orientada para um interlocutor, enfatizando a natureza dia‑
lógica do processo de produção verbal (M. Bakhtin, 1997; V.
N. Volochinov, 1992). No processo interacional constitutivo
das atividades de elaboração e re‑elaboração das unidades
temáticas, o outro‑interlocutor (concepção dialógica de
Bakhtin) que orientou as reestruturações das unidades te‑
máticas constituiu‑se pelas vozes dos colegas de sala, pela
voz do professor das disciplinas de Metodologia e Prática e/
ou pelas vozes dos alunos‑aprendizes. Essas vozes, a partir
de valores e vivências distintas, conduziram os estagiários,
numa perspectiva exotópica (o olhar de fora), a novas pro‑
duções temático‑verbais, contribuindo dessa maneira, na
efetivação de modificações em relação às atividades que ti‑
nham sido propostas inicialmente nas unidades temáticas.
No diálogo com seus interlocutores, os estagiários vivencia‑
ram deslocamentos de sentido. Tais deslocamentos se con‑
cretizam – como indicado – em reformulações das unidades
temáticas, que foram assinaladas nas reflexões que os esta‑
giários elaboraram em seus relatos.
Com a formação dos blocos econômicos, a abordagem das
línguas passou a dominar o debate, estabelecendo‑se dis‑
cussões sobre as políticas lingüísticas. Reconhecer que as
fronteiras não são barreiras para os idiomas e que a liber‑
dade de falá‑los e mantê‑los são direitos do homem, é um
fato reconhecido. Mas como tornar isso real? A convivência
das línguas é assimétrica, ou seja, ao não gozarem muitas
vezes do mesmo prestígio, uma pode acabar ficando em
desvantagem para outra, fato que vai se refletir nos com‑
portamentos de toda uma sociedade. Mas uma língua não
encontra apenas fronteiras geográficas. Muitas vezes essas
fronteiras acabam surgindo internamente, de forma dissi‑
mulada e que escondem agentes que passam despercebi‑
dos pelas políticas lingüísticas. Essas barreiras podem estar
ocultas no que Calvet (2007) chama de “equipamento das
línguas”, reconhecendo que as línguas não podem cumprir
sempre as mesmas funções. Ao limitarmos nosso estudo
em duas regiões diferentes, tendo em comum a presença
hegemônica do espanhol e do português, é possível obser‑
var a participação de cada uma delas e o resultado gerado
nas comunidades que ficam entre essas línguas: na fronteira
Uruguai Brasil – do lado uruguaio; e na região da Galícia –
comunidade autônoma espanhola, cercada pelo castelhano,
língua oficial da Espanha. O objetivo deste trabalho é repen‑
sar um paradigma que tenha na pluralidade linguística seu
ponto de partida. A discussão passa então pelas interfaces
das questões político‑linguísticas, práticas de línguas nos
contextos das comunidades que as usam, além de fatores
de prestígio e desprestígio que interferem nesses ambientes.
Ou seja, entender que o problema das línguas de fronteira
dependem muitas vezes mais de barreiras internas do que
propriamente geográficas.
125
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PROFESSOR(ES) – IDENTIDADES
DESIGNADAS PELO
PODER ECONÔMICO
HILARIO INACIO BOHN (UCPEL)
“PELO MENOS OS ALUNOS
APRENDERAM UM POUQUINHO”:
REFLEXÕES SOBRE O ENSINO
DE LI EM ESCOLA PÚBLICA
HILDA SIMONE HENRIQUES COELHO (UFV)
Resumo de Paper
Marx e Engels, em sua obra Ideologia Alemã, reconhecem na
economia a força propulsora da organização social das na‑
ções. Esta percepção opõe‑se ao idealismo criador proposto
pela filosofia alemã e ao empirismo que se limita a narrar a
organização social das nações. Marx e Engels contrapõem a
estas concepções o materialismo histórico social e dialético
onde as relações materiais concretas que os homens estabe‑
lecem entre si, explicam a organização da sociedade. Neste
sentido, não é a consciência que determina a vida, mas é
esta que determina a consciência. É dentro dessa dialética
entre a força norteadora da economia e a ação humana que
se examinam neste texto as identidades de professor que são
cada vez mais definidas e designadas pela força do mercado,
conforme discursadas na imprensa e literatura nacionais, e
nos documentos oficiais do governo brasileiro. Discute‑se,
também, como a voz dos educadores brasileiros, dos lin‑
guistas aplicados, dos filósofos e sociólogos nacionais é sis‑
tematicamente afastada desse debate. Os professores, os
educadores, são relegados à mera execução de um conjunto
de tarefas para a preparação de trabalhadores destinados a
elevar o PIB nacional em vez de desenvolverem a cidadania
transformadora, de indivíduos históricos que se criam a si
mesmos, e são responsáveis pela atividade coletiva e pela
realidade social em que vivem.
Resumo de Paper
A fim de incentivar licenciandos a se comprometerem com o
ensino na rede pública, o Governo Federal lançou mão de pro‑
gramas de incentivo à docência. O Programa Institucional
de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), por exemplo, tem
como objetivo antecipar o vínculo entre futuros professores
e as salas de aula da rede pública através da articulação en‑
tre a universidade e as escolas. Neste trabalho apresentare‑
mos alguns desafios percebidos durante os encontros de co‑
ordenação e de supervisão realizados semanalmente com o
grupo de bolsistas do PIBID–Inglês, da Universidade Federal
de Viçosa. As surpresas com relação à indisciplina dos alunos
e às dificuldades na realização das tarefas planejadas com
as professoras supervisoras são os tópicos que prevalecem
nas sessões de discussão sobre as observações dos bolsistas
das aulas. Através de anotações e reflexões da coordenadora
e gravaçao de áudio das sessões de discussão, percebemos
que os bolsistas parecem confirmar o ciclo vicioso existen‑
te naquele contexto: o professor, embora capacitado, não
ensina a língua inglesa conforme seu planejamento e expec‑
tativa porque acredita que o contexto e a desmotivação dos
estudantes não favorecem a aprendizagem, e os estudantes,
por sua vez, não acreditam que aprendem inglês na esco‑
la porque o professor só ensina o “básico” (COELHO, 2005;
ZOLNIER, 2007; BARCELOS & COELHO, 2011). Observamos que,
ao contrário das expectativas do Governo em relação ao
Programa, essas experiências geram nos graduandos senti‑
mentos de indignação e, por vezes, distanciamento do com‑
promisso futuro com o magistério na rede pública. Nesta co‑
municação, baseando‑se nos estudos de crenças e emoções
(BARCELOS, 2004; ARAGÃO, 2007), compartilharemos as re‑
flexões realizadas no subprojeto PIBID–Inglês com o intuito
de motivar os bolsistas à docência e de promover ações para
romper com o ciclo vicioso fundado na crença de que “só po‑
demos ensinar um pouquinho de inglês na escola”.
126
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A PRODUÇÃO TEXTUAL
NA ESCOLA EM DOIS ATOS:
ANTES E DEPOIS DOS PCN
HUBEÔNIA MORAIS DE ALENCAR (UFRN)
Resumo de Pôster
O presente trabalho é um recorte de uma pesquisa desen‑
volvida durante o nosso curso de mestrado, centrada na
análise do processo de produção textual em sala de aula do
Ensino Fundamental. Ela partiu da percepção de que a ta‑
refa de se formar produtores de textos proficientes, capazes
de estabelecer uma interação através da escrita, em diferen‑
tes situações interativas, não parece ter sido facilmente de‑
senvolvida pela escola. Os relatos de professores aos quais
frequentemente temos acesso sinalizam uma preocupação
dos responsáveis por desempenhar tal tarefa em relação a
como e o que fazer para formar produtores de textos compe‑
tentes. No campo dos estudos da linguagem, diversas pes‑
quisas apontam para a necessidade de se redimensionar o
ensino da produção textual, considerando, sobretudo, o seu
caráter interacional (GERALDI, 1997, 2000; MARCUSCHI, 2008;
LEAL, 2008; VAL 2009). Essa preocupação também aparece
nos Parâmetros Curriculares de Língua Portuguesa (BRASIL,
1998). Nosso estudo respalda‑se numa análise dialógica do
discurso, norteando‑se teoricamente nas ideias do Círculo
de Bakhtin (BAKHTIN, 2003, 2008; BAKHTIN/VOLOCHÍNOV,
2010) e em seus estudiosos (FARACO, 2009; BEZERRA, 2008;
PONZIO, 2010; GERALDI, 2010; OLIVEIRA, 2008, dentre outros),
principalmente, nas suas orientações sobre dialogismo, exo‑
topia, autor e autoria. Os resultados desta pesquisa estão
fundamentados ainda em Vygotsky (1997, 2005), sobretudo,
na sua concepção de mediação. A constituição do corpus
se deu em situação de ensino, mediante registros de obser‑
vação, gravação e transcrição de aulas e o recolhimento de
produções textuais escritas pelos alunos em dois momentos
distintos: em 1998 e em 2008. As análises revelaram que, em
relação aos procedimentos metodológicos, há diferenças
nas aulas ministradas nos dois momentos da pesquisa; no
entanto, tais diferenças não foram suficientes para visuali‑
zarmos resultados sobre o texto do aluno no que se refere à
sua habilidade de autorar o próprio texto.
POSSÍVEIS VISÕES DE CULTURA
ATRAVÉS DO LIVRO DIDÁTICO
IARA MARIA BRUZ (UNINTER)
IARA MARIA BRUZ (UNINTER)
Resumo de Paper
O presente trabalho pretende apontar para representa‑
ções – de cunho sociocultural –em um livro didático de in‑
glês. Segundo pesquisas de CORACINI (2011), GRIGOLETTO
(2011), entre outros pesquisadores, o livro didático tem uma
forte presença e influência em sala de aula e, por isso, é im‑
portante averiguarmos como seus conteúdos são tratados.
Podemos afirmar que no ensino de língua/cultura estrangei‑
ra os livros didáticos influenciam tanto alunos como profes‑
sores. Também, podemos afirmar que encontramos, tanto
no discurso dos professores quanto nos livros didáticos, re‑
presentações da cultura‑alvo. Neste trabalho, partindo de
uma concepção plural de cultura (Bhabha, 1998; Eagleton,
2005) e da concepção de linguagem do Círculo de Bhaktin;
fazemos uma análise sócio‑cultural de um livro didático sob
a perspectiva da interculturalidade. Além disso, é utilizado
o conceito de forças centrípetas e centrífugas bakhtinianas.
Nossa análise – que se ocupa principalmente das represen‑
tações de cultura construídas a partir das ações e relações
das personagens apresentadas no livro didático Touchstone
1(2005) – indica que as personagens estão situadas predo‑
minantemente nos Estados Unidos. Sabendo que este é um
dos países que mais recebem imigrantes, esperava‑se que
nos livros didáticos apresentassem situações de interação
entre americanos e estrangeiros/imigrantes; além disso,
esperava‑se que alunos e professores pudessem ter acesso
tanto ao ponto de vista do nativo quanto ao do imigrante
acerca dessa relação nativo/imigrante. Temos a impressão
que existe uma a escassez de representação de relações e in‑
terações entre americanos e estrangeiros/imigrantes neste
livro didático – que implica uma visão de cultura –e que essa
escassez pode gerar uma visão errônea e fragmentada para
o estudante e professor da língua/cultura estrangeira acerca
dessas relações.
127
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A PRÁTICA INVESTIGATIVA
E REFLEXIVA NO DISCURSO
DO PROFESSOR EM FORMAÇÃO
INÉS KAYON DE MILLER (PUC–RIO)
BEATRIZ DE CASTRO BARRETO (PUC–RIO)
MARIA CRISTINA GUIMARAES DE GOES MONTEIRO (PUC–RIO)
Resumo de Paper
Este trabalho visa apresentar os resultados parciais de
uma análise que vem sendo desenvolvida no âmbito da for‑
mação inicial de professores de português e de inglês no
Departamento de Letras da PUC–Rio. Com base nos princí‑
pios da Prática Exploratória (Allwright, 2003), criou‑se, no
curso de Estágio Supervisionado, um espaço de integração
entre professores monolíngues e bilíngues, onde se procu‑
ra levar o licenciando a agir em busca da qualidade de vida
em sala de aula (Gieve & Miller, 2006). A partir de textos
produzidos pelos licenciandos nesse contexto, sob a luz da
Linguística Sistêmico‑Funcional (Halliday, 1984), identifi‑
cam‑se, no discurso do professor em formação, marcas lin‑
guísticas que denotam a assimilação de uma atitude inves‑
tigativa em relação ao próprio fazer profissional. Percebe‑se,
na sua produção escrita, uma postura reflexiva sobre a licen‑
ciatura em si, sobre o papel social do professor e sobre a res‑
ponsabilidade de promover uma visão holística e inovadora
no que diz respeito à sala de aula.
PAPEL DA CONSCIENTIZAÇÃO
LINGUÍSTICA PARA
UMA PEDAGOGIA
DO PLURILINGUISMO NOS ANOS
INICIAIS DE EDUCAÇÃO BÁSICA
INGRID KUCHENBECKER BROCH (UFRGS)
Resumo de Paper
O presente estudo busca contribuir com os trabalhos de
educação plurilíngue e intercultural em anos iniciais da edu‑
cação básica. Constitui seu objetivo central identificar em
que medida e de que modo a exposição à diversidade de lín‑
guas, nos moldes de uma abordagem baseada no modelo de
conscientização linguística (language awareness), contribui
para a construção de uma competência plurilíngue e inter‑
cultural de alunos do Ensino Fundamental. Para tanto, é
fundamental a discussão do conceito de conscientização lin‑
guística em abordagens plurais no ensino de línguas. Os da‑
dos desta pesquisa provêm de entrevistas com três grupos
de alunos, monolíngues em português, do quarto ano do
Ensino Fundamental, a saber: Grupo 1: com grande exposi‑
ção a diversidade linguística no currículo escolar; Grupo 2:
com pouca exposição à diversidade linguística; e Grupo 3:
sem exposição a diversidade linguística, restrito ao portu‑
guês. A análise dos dados, mesmo que ainda parcial, mos‑
trou, à luz do referencial teórico utilizado, a relevância da ex‑
posição à diversidade linguística para a constituição de uma
formação plural favorecedora da aprendizagem de línguas.
Ao mesmo tempo, revelou a necessidade de ações para uma
formação continuada dos professores não apenas pautada
no reconhecimento do repertório linguístico do aluno, mas
que também englobe estratégias para o trabalho com os
diferentes repertórios linguísticos presentes no contexto es‑
colar. Tais ações de conscientização linguística estendem‑se
para além da mera aquisição de proficiência linguística e
contribuem, deste modo, para desmistificar tabus e cren‑
ças sobre a língua do outro e a aprendizagem de línguas.
Sua implementação, no sentido de uma educação inclusiva
tanto para alunos expostos a diferentes códigos linguísticos
quanto para alunos de comunidades em que prevalece ape‑
nas uma língua, constitui, por isso, um dos pontos centrais a
considerar na construção de uma pedagogia do plurilinguis‑
mo (cf. ALTENHOFEN & BROCH 2011).
128
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
DESENHANDO UM CURSO
LIVRE ONLINE SOBRE
ENSINO‑APRENDIZAGEM
DE LE E AS RELAÇÕES
ÈTNICO‑RACIAIS
IRENE IZILDA DA SILVA (SEE/GPEAHF–CNPQ)
REFLEXÕES SOBRE O PAPEL
DO AFETO NO PROCESSO
DE SOCIOCONSTRUÇÃO
DE IDENTIDADE NA SALA
DE AULA DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA E MATERNA
ISABEL CRISTINA RANGEL MORAES BEZERRA (UERJ)
Resumo de Paper
Este trabalho propõe uma reflexão acerca da experiência
vivida por um grupo de professores de línguas inglesa e
espanhola da educação básica, em uma escola particular
da cidade de São Paulo, ao participarem de um curso livre
online sobre questões de ensino‑aprendizagem de línguas
estrangeiras e as relações étnico‑raciais. O intuito é regis‑
trar, investigar e interpretar a experiência vivida pelos pro‑
fessores participantes ao longo do curso para posterior‑
mente redesenhá‑lo. O desenho do curso se dará a partir
do projeto pedagógico da escola e os documentos oficiais –
Orientações Curriculares – Expectativas de Aprendizagem
para a Educação Étnico‑Racial (SME–SP, 2008) e a Lei
10.639/03 – bem como as necessidades expressas pelo gru‑
po de professores que atuam neste contexto, tendo o viés da
Complexidade por arcabouço teórico (Morin, 2005/2008 e
outros) A Abordagem Hermenêutico‑Fenomenológica será
a orientação metodológica a ser utilizada a partir da pers‑
pectiva de van Manen (1990) e Freire (1998, 2007, 2008, 2010)
que permiti a interpretação e descrição de uma experiência
humana, ou seja, de um fenômeno, a partir de quem o vi‑
vencia, materializada em registros textuais, neste caso, fei‑
tos no ambiente virtual do curso. Irene Izilda da Silva (SEESP,
GPeAHF/CNPq)
ADRIANA NOGUEIRA ACCIOLY NOBREGA (PUC–RIO)
Resumo de Paper
Neste trabalho, apresentamos duas investigações que, além
refletirem sobre a relação entre o afeto socioconstruído e o
processo de ensinar‑aprender língua estrangeira e materna,
objetivam discutir a (re)construção identitária (HALL, 2000;
MOITA LOPES, 2002) dos aprendizes (licenciandos de Letras
e alunos de ensino médio) no que diz respeito ao uso social
desses idiomas. A primeira investigação toma por base aos
princípios da Prática Exploratória (ALLWRIGHT, 2005; MILLER,
2010; ALLWRIGHT e HANKS, 2009) e pretende problematizar
o processo de socioconstrução discursiva de práticas de
pesquisa reflexiva e de ensino‑aprendizagem de língua in‑
glesa. No caso da segunda, a mesma apoia‑se na Teoria da
Avaliatividade (MARTIN e WHITE, 2005) para análise do posi‑
cionamento de alunos no que tange ao domínio da escrita
em língua materna. Para poder alcançar tais entendimentos,
ambas pesquisas tomam como fio condutor reflexão acerca
do afeto e sua relação com a aprendizagem (VYGOTSKY, 2008
; OLIVEIRA e REGO, 2003). Ao debruçarmo‑nos sobre tais
questões buscamos compreender como essas experiências
nos afetam enquanto professoras‑formadoras de licencian‑
dos de línguas e de pesquisadoras, posto que entendemos
ser crucial repensar nossa ação no contexto acadêmico.
Neste sentido, no processo sociodiscursivo de construção de
saberes e identidades, mapeamos as narrativas (LINDE, 1993;
MOITA LOPES, 2002; BASTOS, 2005) e instâncias de avaliação
resgatadas através de marcas discursivas evidenciadas em
textos produzidos pelos aprendizes (MARTIN, 2001), as quais
parecem funcionar como ferramentas para a reflexão dos
praticantes envolvidos sobre: [a] a importância social da
proficiência em uma língua, seja materna ou estrangeira;
[b] o que significa aprender uma língua no contexto situa‑
cional em que se inserem; [c] o processo de [re]construção
identitária e suas implicações contextuais; [d] as questões
relativas ao afeto socioconstruído que emergem ao longo
desse processo.
129
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A (PRÉ)INICIAÇÃO CIENTÍFICA
COMO ENTRADA NO UNIVERSO
DA PESQUISA
ISADORA GARCIA E COSTA (UFRJ)
ANA PAULA MARQUES BEATO CANATO (UFRJ)
A TAREFA COLABORATIVA
EM INGLÊS COMO
LÍNGUA ESTRANGEIRA
NO AMBIENTE VIRTUAL
ISIS DA COSTA PINHO (UNISINOS)
MARÍLIA DOS SANTOS LIMA (UNISINOS)
Resumo de Pôster
A inserção no universo da pesquisa é um processo complexo
vivenciado por muitos graduandos e alguns alunos do ensi‑
no médio. Para compreender melhor esta experiência, o pre‑
sente estudo ocupou‑se em analisar as representações de
estudantes acerca de sua primeira iniciação e pré‑iniciação
científica. Desenvolvida no âmbito do projeto Práticas de
linguagem em diferentes áreas do conhecimento na escola
pública (PLIEP/UFRJ), a investigação se deu com graduandos
de Letras e alunos do ensino médio. Pautado pelo sociointe‑
racionismo, o projeto reuniu professores e pesquisadores de
diversas áreas e instituições (uma universidade e três escolas
públicas), o que permitiu a transposição de barreiras discipli‑
nares e a concepção do conhecimento como transdisciplinar
(ABREU JÚNIOR, 1996). Nele, os alunos participantes tinham
como principais tarefas: a colaboração com os professores
universitários no desenvolvimento de módulos de um cur‑
so de formação continuada oferecido a professores da rede
pública; a contribuição no desenvolvimento de projetos in‑
terdisciplinares nas escolas participantes; o desenvolvimen‑
to de uma pesquisa. Com este pôster, objetivamos expor as
representações dos alunos‑pesquisadores, identificadas a
partir de três instrumentos de coleta de dados: um questio‑
nário, um resumo feito pelos participantes acerca da expe‑
riência no projeto e, por fim, entrevistas semi‑estruturadas.
Aplicados em momentos distintos e analisados com base nos
princípios do Interacionismo Sociodiscursivo (BRONCKART,
2010), tais instrumentos possibilitaram o acompanhamen‑
to de modificações na ótica dos participantes. Com esta
pesquisa, foi possível identificar que: os alunos adquiriram
maior intimidade com o trabalho de pesquisador; o traba‑
lho cooperativo favoreceu melhores resultados; dedicação e
engajamento estão diretamente relacionados ao espaço e à
voz dados aos alunos. O trabalho contribuiu para uma refle‑
xão crítica dos estudantes em relação ao seu papel, às suas
intenções e à sua atuação.
Resumo de Paper
Este é um estudo de caso que visa investigar a produção de
estudantes de Letras em tarefas colaborativas em inglês
como língua estrangeira (LE) em ambiente virtual, focando
a mediação no processo de aprendizagem. A fundamen‑
tação teórica utilizada consiste em princípios da teoria so‑
ciocultural vygotskiana, de estudos na área de aquisição de
segunda língua e língua estrangeira, e da pesquisa na área
de educação mediada por computador. Os participantes
dessa pesquisa foram alunos de graduação de Letras/Inglês
de uma universidade particular do sul do Brasil. A geração de
dados ocorreu na disciplina de Inglês 3 e 4 a partir de uma
sequência de tarefas de produção oral, em que os alunos
deveriam realizar um bate‑papo em inglês, através do pro‑
grama Skype, a partir de vídeos curtos do Youtube. Logo
após, as duplas foram chamadas a relatar suas percepções
quanto às tarefas realizadas, sua aprendizagem e a intera‑
ção com a ferramenta utilizada. Além disso, os estudantes
ouviram as suas gravações em um processo de audição re‑
flexiva, postando a sua revisão no ambiente. A análise dos
dados focou a mediação da colaboração, da língua e da tec‑
nologia no processo de aprendizagem de LE. Os resultados
do estudo em andamento sugerem que houve colaboração
a partir de evidências de negociação e compartilhamento da
produção na busca por dar coerência a narrativa. Além dis‑
so, essa interação colaborativa pode ter promovido através
do processo de apoio mútuo a aprendizagem da LE. A partir
disso, pretende‑se contribuir para a melhoria da pesquisa
em Linguística Aplicada, Aquisição de Língua Estrangeira e
Educação Mediada por Computador, somando‑se a estudos
sobre tarefas colaborativas na aprendizagem de línguas.
130
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A HIBRIDIZAÇÃO DOS VÁRIOS
TIPOS DE CONHECIMENTO
NA REDAÇÃO DE VESTIBULAR
A ELABORAÇÃO DE APOSTILAS
PARA A AULA DE LEITURA
EM INGLÊS
IZABEL CRISTINA MARQUES CANDIDO (UERJ)
JACQUELINE GOMES VICENTE (PUC–RIO)
Resumo de Pôster
Resumo de Paper
O trabalho desenvolve‑se a partir do estudo das redações de
vestibular, adotando‑se a perspectiva e a concepção intera‑
cional e discursiva da língua. Nesse sentido, a língua escrita
e os modos de sua produção em gêneros discursivos como
a redação serão investigados explorando‑se aspectos que
evidencie os usos escolares da escrita. Entendemos por usos
escolares as práticas que foram vivenciadas pelos alunos
em sua trajetória escolar e que se refletem em seus textos.
Nosso objetivo é observar a relação entre língua escrita (no
gênero redação) e conhecimento, entendendo que “enunciar
é argumentar” (Goulart, 2007), pois os saberes são produzi‑
dos por variadas formas em diferentes textualidades. Num
domínio discursivo como vestibular, o processo de hibridiza‑
ção de linguagens sociais e conhecimento se fez notar em
função do modo como os candidatos (escreventes) articu‑
lam a palavra alheia (autoridade) na construção da pala‑
vra própria. Esperamos contribuir assim para aprofundar a
compreensão dos usos escolares da escrita e refletir sobre
sua repercussão em termos de políticas linguísticas que se
desenvolvem e possam vir a desenvolver‑se de modo mais
sistemático na escola para que se desfaçam preconceitos e
equívocos a respeito da língua e do conhecimento.
Segundo Dolz & Schneuwly (2004), cada situação de comu‑
nicação requer uma ação diferente do aluno. Deste modo, os
autores afirmam que ninguém escreve uma carta da mesma
forma que escreve um conto. A diversidade na produção de
textos orais e escritos está relacionada às diferentes condi‑
ções nas quais nos envolvemos. Apesar de haver uma infini‑
dade de textos, há certa regularidade nos textos produzidos
pelos usuários de uma língua. Esta regularidade pode ser
explicada através da noção de gêneros discursivos. No con‑
texto escolar, a finalidade do ensino da compreensão leitora,
por exemplo, com base na noção de gêneros discursivos é
que o aluno aproprie‑se de certos gêneros (Dolz & Schneuwly,
2004; Ramos, 2004). O objetivo deste trabalho foi investigar
o material didático destinado ao ensino de leitura em língua
inglesa que foi desenvolvido em um colégio de rede pública
estadual do Rio de Janeiro, enfocando o gênero discursivo e
as formas como as tarefas propostas pelo autor do material
salientavam as características do gênero discursivo estuda‑
do. Para atingir este objetivo, revi a literatura sobre gêneros
discursivos, leitura e abordagem instrumental. A noção de
gêneros adotada na pesquisa é aquela proposta por Dolz
& Schneuwly (2004), os quais tiveram Bakhtin ([1952–53]
2003) como precursor sobre o assunto. A metodologia de
pesquisa consistiu na observação minuciosa das três apos‑
tilas que compunham esse material didático. A análise do
conteúdo desse material foi feita com base na proposta de
aplicação de gêneros discursivos na aula de leitura elabora‑
da por Ramos (2004), englobando as três fases de estudo de
um gênero discursivo. O resultado final é a melhor compre‑
ensão do ensino de leitura, em inglês, a partir de gêneros dis‑
cursivos, bem como a análise do perfil do autor e do material
produzido por ele.
131
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ANÁLISE DE ACRÉSCIMO
DE INFORMAÇÕES
EM REPORTAGENS
TURÍSTICAS BILÍNGUES
NA PERSPECTIVA DISCURSIVA
URBANIDADE E DESIGN SOCIAL:
O PROJETO M900
JACQUELINE LARANJA LEAL MARCELINO (UNEB)
O objetivo deste trabalho é apresentar as principais carac‑
terísticas do projeto M900, desenvolvido por um grupo de
alunos, professores e pesquisadores universitários interes‑
sados em mapear a região da Avenida Paulista, na altura
do número 900. Esse mapeamento é norteado a partir de
Debord (1957) e seu conceito de deriva, no qual os sujeitos se
propõem a apropriar‑se, assumir ou mesmo construir novos
olhares sobre espaços públicos de forma crítica e participa‑
tiva. O corpus analisado é constituído de gravações audio‑
visuais acerca dos encontros do grupo e transcrições de fala
dessas derivas que culminaram na publicação do site M900
e na proposta de que sejam criados novos projetos em torno
do conceito de design social. A análise de dados é feita à luz
de estudos bakhtinianos acerca de produtos e signos ideoló‑
gicos capazes de incidir tanto sobre o M900 e seu processo
de materialização plurivocal de diferentes gêneros discursi‑
vos quanto pela identidade dos participantes e seus olha‑
res sobre a cidade e seus sujeitos. Este trabalho se justifica
por considerar que a Linguística Aplicada, de fato, segundo
Pennycook (2006), se constitui entre fronteiras transdiscipli‑
nares, no caso, em diálogos transgressores entre comunica‑
ção social, geografia, arquitetura e urbanismo e educação,
quando e se os mesmos objetos temáticos provenientes de
derivas objetivam ressignificar a cidade em função de novos
projetos de intervenção urbana que plurivocalizem, entre
outros, não‑lugares e não‑sujeitos nessa região da capital
paulista. Conclui‑se, segundo Bakhtin (1929:2002), que o
M900 é um produto ideológico que faz parte de uma reali‑
dade natural ou social como todo corpo físico, instrumento
de produção ou produto de consumo; mas ao contrário des‑
tes, ele também reflete e refrata outras realidades que lhe
são exteriores para fortalecer e fixar ações ou projetos de im‑
pacto a mudanças sociais como signo de política identitária
das‑nas‑pelas linguagens urbanas.
Resumo de Paper
A partir de estudo centrado em reportagens turísticas bilín‑
gues impressas, veiculadas na revista Viver Bahia, edições
de janeiro e abril/maio, respectivamente edições nº 05 e 08
abordando as maiores festas populares da Bahia: carnaval e
São João, publicadas pela Bahiatursa, órgão oficial de pro‑
moção do turismo na Bahia, procede à análise do processo
tradutório: português / inglês de textos de divulgação de
turismo dirigido a leitores brasileiros e estrangeiros. O foco
deste trabalho é a análise na perspectiva discursiva, de
acréscimo no texto de chegada, de informações presentes
no texto de língua de partida. Os textos que compõem as
supracitadas reportagens constituem o corpus da pesquisa.
A análise dos dados realiza‑se à luz do instrumental teóri‑
co‑metodológico fornecido pela Análise de Discurso da linha
francesa nos moldes de Michel Pêcheux que dialoga com a
concepção contestadora de tradução, também se opondo à
concepção tradicional de tradução. A partir da comparação
entre os textos em apreço, nas versões português/inglês, o
processo tradutório é analisado como processo discursivo.
Neste estudo evidencia‑se que a tradução resulta da inter‑
pretação do tradutor, que está associada à sua interpelação,
como sujeito, quanto às determinações sócio‑históricas im‑
plicadas nesta dinâmica. Por sua vez, o discurso que resulta
do processo tradutório representa uma possibilidade dentre
outras oferecidas pelo interdiscurso ao sujeito‑tradutor que
dirá aquilo que lhe possibilita sua posição‑sujeito no exercí‑
cio de sua atividade.
JANAÍNA BEHLING (UNICAMP)
Resumo de Paper
132
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A POPULARIZAÇÃO
DA CIÊNCIA NA MÍDIA
E O DISCURSO RELATADO
JANAÍNA PIMENTA LEMOS BECKER (UNISINOS)
Resumo de Paper
A popularização da ciência corresponde ao processo social
de comunicação dos conhecimentos da ciência à sociedade
(Hilgartner, 1990; Cornelis, 1998; Myers, 2003; Calsamiglia,
van Dijk, 2004). Este trabalho assume a existência de graus
de popularização da ciência na mídia (i) resultantes dos com‑
ponentes do contrato de comunicação que os sujeitos reco‑
nhecem nas trocas de linguagem em que se popularizam
informações da ciência e (ii) responsáveis por diferenças na
configuração linguística dos textos. A fim de sustentar a tese
de que há categorias linguísticas e discursivas que indiciam
a existência de graus de popularização da ciência na mídia,
dentre as quais se elege o discurso relatado, este trabalho
examina notícias de popularização da ciência publicadas nas
revistas Ciência Hoje e VEJA. Ao assumir a definição de que
o discurso relatado corresponde ao ato de enunciação me‑
diante o qual um locutor, em um determinado espaço e em
um determinado tempo, relata a um interlocutor o que foi
dito por outro locutor a outro interlocutor em um espaço e
em um tempo distintos (Charaudeau, 2007), este trabalho
examina a forma do relato, a modalidade da enunciação e
a natureza e o modo de denominação da fonte da informa‑
ção. A análise dos textos revela diferenças entre as notícias
publicadas nas revistas Ciência Hoje e VEJA em relação (i) à
quantidade de ocorrências de discurso relatado, (ii) à for‑
ma de relato dos enunciados de origem, (iii) à variedade le‑
xical dos verbos de elocução, (iv) à natureza das fontes da
informação e (v) a seu modo de denominação. Os resulta‑
dos decorrem da representação dos sujeitos integrantes da
instância de recepção midiática – o que se alinha à visada
de captação do contrato de comunicação da mídia – e indi‑
ciam dois graus diferentes de popularização da ciência na
mídia. Este trabalho apresenta resultados decorrentes das
pesquisas para uma tese de doutorado desenvolvida no PPG
em Linguística Aplicada da Universidade do Vale do Rio dos
Sinos (UNISINOS).
PROPOSTAS HÍBRIDAS
DE APRENDIZAGEM
DE INGLÊS COMO LÍNGUA
ADICIONAL MEDIADA POR
TECNOLOGIAS DIGITAIS
JANAINA WEISSHEIMER (UFRN)
Resumo de Paper
No processo de ensino e aprendizagem de uma língua adi‑
cional, aprendizes podem se valer das inúmeras possibilida‑
des oferecidas pelas tecnologias digitais, cuja palavra chave
é interação e construção coletiva. Muitos estudos têm en‑
fatizado as potencialidades oferecidas pelas tecnologias di‑
gitais de informação e comunicação em promover aprendi‑
zagem ativa, motivação e desenvolvimento de habilidades
linguísticas e cognitivas. Neste contexto, o objetivo desta
comunicação é apresentar resultados de pesquisas realiza‑
das no âmbito do projeto Aquisição de Inglês Mediada por
Tecnologias Digitais, sob coordenação da proponente, na
Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Serão consi‑
deradas as ferramentas GoogleDocs e VoiceThread, assim
como o uso de Jogos do tipo Massively Multiplayer Online
Role‑Playing – avaliando‑se aspectos linguísticos, cogni‑
tivos e motivacionais desenvolvidos por estas tecnologias.
Ainda, pretende‑se discutir as potencialidades e limitações
de uma metodologia híbrida voltada ao ensino e aprendiza‑
gem de línguas adicionais.
133
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
REFLEXÕES DE PROFESSORES
DE INGLÊS EM FORMAÇÃO
INICIAL SOBRE O USO
DE NOVAS TECNOLOGIAS
A FORMAÇÃO CRÍTICA
DOCENTE E O PAPEL
DO PROFESSOR NA PRODUÇÃO
DE MATERIAIS DIDÁTICOS
JANARA BARBOSA BAPTISTA (UNESP)
JANE BEATRIZ VILARINHO PEREIRA (IFB)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
É notável que atualmente a sociedade suporta influências
de novas tecnologias que modificam o modo como o co‑
nhecimento é construído. Faz‑se necessário, assim, que se
reflita sobre o enfoque dado ao ensino e aprendizagem de
línguas estrangeiras e se realinhe práticas pedagógicas se‑
gundo necessidades e expectativas dessa sociedade dinâ‑
mica e digital, o que acarretará novas responsabilidades
para alunos e professores. Nesse sentido, esta comunica‑
ção objetiva apresentar os resultados de uma pesquisa de
Doutorado, de cunho qualitativo (ANDRE, 2000), que analisa
como ocorre a formação de professores de inglês em relação
ao uso de novas tecnologias em um curso de Letras durante
uma disciplina que tem como eixo o uso de novas tecnolo‑
gias para o ensino e aprendizagem de línguas estrangeiras.
O foco desta apresentação é expor reflexões desses alunos,
feitas ao término do primeiro semestre da disciplina através
de textos reflexivos, sobre as experiências proporcionadas
por essa disciplina. Para o desenvolvimento desse trabalho,
são abordados conceitos relacionados a letramento digital
(SOARES, 2002; BUZATO, 2006, 2009), formação de profes‑
sores (BUZATO, 2001; FREIRE, 2009; ALMEIDA FILHO, 2009;
JONHSON, 2009; PAIVA, 2010) e perspectiva sociocultural
(VYGOTSKY, 1978). Os resultados obtidos até o momento pos‑
sibilitam observar que a maior parte dos alunos envolvidos
na pesquisa avalia a experiência na disciplina como positiva,
uma vez que eles percebem a importância da reflexão sobre
o uso de novas tecnologias no ensino e aprendizagem de lín‑
guas estrangeiras na realidade tecnológica em que vivemos.
Justifica‑se, assim, que os cursos de graduação possibilitem
que professores de línguas estrangeiras em formação inicial
reflitam sobre novas tecnologias e sobre as exigências edu‑
cacionais de uma sociedade em processo de digitalização.
(Apoio: Fapesp – Processo 2012/4993–1)
A formação crítica docente e o papel do professor na produ‑
ção de materiais didáticos Este trabalho é parte de um pro‑
jeto de pesquisa colaborativa (MAGALHÃES, 2002) que tem
por objetivo discutir e analisar o papel do professor de lín‑
gua estrangeira na produção de materiais didáticos. Desse
modo, inicialmente, apresentarei um breve levantamento
dos papéis historicamente desempenhados pelos professo‑
res de língua estrangeira no intuito de melhor compreen‑
dermos o seu papel na contemporaneidade. Busca‑se, atu‑
almente, a formação de educadores autônomos, capazes de
refletir criticamente sobre suas ações e transformá‑las. Com
base nesse objetivo de formação docente, embasamos este
estudo em uma proposta de reflexão crítica aqui utilizada
como instrumento para a problematização e a reconstrução
material didático, bem como para a transformação da rea‑
lidade de atuação docente. Assim, destacaremos algumas
reflexões realizadas pelos professores‑participantes des‑
se estudo acerca do livro em análise e seus entendimentos
acerca de seus papéis no contexto de ensino‑aprendizagem.
Esperamos que refletindo criticamente sobre diversos temas
educacionais, tais como a relação teoria e prática, o papel do
professor na produção de conhecimentos, e, por conseguin‑
te de materiais didáticos; o professor retome o seu papel de
professor‑pesquisador que problematiza e constrói conheci‑
mento, e, portanto, intervém em sua realidade.
134
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ENSINO DE INGLÊS
NO FUNDAMENTAL I:
UM PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
EM PARCERIA
JANICE GONÇALVES ALVES (USP / FAFE)
JANICE GONÇALVES ALVES (USP / FAFE)
LEITURA CRÍTICA DE GÊNEROS
MULTISSEMIÓTICOS MEDIADA
POR COMPUTADORES:
UMA ESTRATÉGIA
DE MULTILETRAMENTO
NA ESCOLA.
JANICLEIDE VIDAL MAIA (UFC)
Resumo de Paper
Ensino de Inglês no Fundamental I: um processo de cons‑
trução em parceria Janice Gonçalves Alves FAFE (Fundação
de Apoio à Faculdade de Educação da USP) Através de pes‑
quisa colaborativa realizada a partir da participação do
processo de implantação do Ensino de inglês nas séries do
Ensino Fundamental I da rede pública municipal de São
Paulo, pretende‑se descrever e analisar influências do tra‑
balho de formação e colaboração proposto pela SMESP
(Secretaria Municipal de São Paulo) em parceria com a FAFE–
USP (Fundação de Apoio à Faculdade de Educação). Parte‑se
do conceito de linguagem como prática social, onde seu
aspecto sociointeracional pressupõe a construção do sig‑
nificado de forma comum entre os interlocutores, os quais
interagem em negociações com variadas hipóteses. Dentro
dessa perspectiva, a autonomia e a adequação ao contexto
são valores essenciais, portanto, situa‑se o ensino de língua
inglesa dentro de experiências infantis contextualizadas,
como brincadeiras, jogos, canções, histórias e outros, onde
o aprendiz tenha a possibilidade de produzir sentidos em
contextos multimodais (KRESS, 2003; GEE, 2006). Além dis‑
so, destacam‑se as necessidades desses estudantes em for‑
mação, com relação às questões relacionadas aos processos
de letramentos e multiletramentos – ou seja, aos processos
de construção dos usos sociais das linguagens oral e escri‑
ta, e outras – os quais têm mudado fortemente o foco dos
objetivos pedagógicos no ensino de línguas, em tempos de
globalização, novas tecnologias e grande diversidade cultu‑
ral (LUKE e FREEBODY, 1997; GIROUX, 2005).
Resumo de Paper
Este trabalho apresenta uma proposta de leitura de gêneros
multissemióticos, a saber, charge, cartum e tirinha, a par‑
tir dos preceitos do letramento crítico e do multiletrameto
(ROJO, 2008). Baseamo‑nos nas reflexões de Soares (1998)
sobre o letramento como um conjunto de práticas sociais
ligadas à leitura e à escrita em que os indivíduos se envol‑
vem em seu contexto social e concordamos com Kleiman e
Morais (1999), quando afirmam que a leitura crítica tem um
potencial emancipador contra a fragmentação e a aliena‑
ção. Nessa perspectiva, nossa proposta visa discutir sobre
a importância da aula de leitura na formação do aluno‑ci‑
dadão e refletir sobre a inserção das Novas Tecnologias de
Informação e Comunicação (TIC’s) no ambiente escolar
como ferramenta necessária ao multiletramento do aluno
ao promover a formação necessária para agir na vida con‑
temporânea (MOITA‑LOPES; ROJO, 2004). Considerando, pois,
nossos objetivos, trabalhamos com as seguintes questões:
Como deve ser ministrada uma aula de leitura a partir dos
gêneros multissemióticos na perspectiva da formação da
consciência crítica do aluno? Quais dificuldades encontrará
o educando na aula de leitura mediada pelo computador?
Nossas hipóteses são: a) é imprescindível que se leve em
consideração as necessidades do aprendiz e a diversidade
do cabedal trazido por ele para a sala de aula; b) a partir do
respeito à autonomia do aprendiz, o protagonismo da sua
aprendizagem se manifestará; c) a promoção do empodera‑
mento é necessária para não simplesmente aprender, mas
aprender para transformar sua condição e realidade social;
d) pressupomos, ainda, que não basta proporcionar o aces‑
so ao computador nos ambientes escolares e que, portanto,
essa ferramenta educacional não pode se limitar a um mero
auxílio ao ensino.
135
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
IDENTIDADES SOCIAIS NOS
LIVROS DIDÁTICOS DE LE
JAQUELINE DA SILVA BARROS (UNB)
MARCELO SOUSA SANTOS (UNB)
Resumo de Paper
A visão estruturalista de aquisição da língua(gem) previa a
necessidade de formalização de sentenças puras e transpa‑
rentes que funcionassem para comunicação de forma que o
equívocos fossem eliminados. Essa ainda é a proposta de al‑
guns livros didáticos, os quais objetivam trazer ao aluno o do‑
mínio da língua em sua totalidade no que concerne a estru‑
tura gramatical reduzindo o aprendizado a memorização de
códigos. Igualmente neste material podem ser encontrados
traços da cultura da língua‑ alvo dissimulados gerando uma
visão idealizada do mundo real para o aluno (TÍLIO, 2006).
Por meio da Análise Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2003)
utilizada como aporte teórico‑metodológico, buscou‑se
neste trabalho desvelar a assimetria das relações de poder
ocasionadas por meio da produção, circulação e recepção
de ideologias estereotipadas e hegemônicas de comporta‑
mentos e formas de ser dos sujeitos, identificadas na manei‑
ra como são representadas as identidades sociais de classe,
raça/etnia e gênero em um livro didático de língua estran‑
geira. A análise de imagens e textos proporcionou o entendi‑
mento de que ainda persiste a implementação de identida‑
des legitimadoras. No entanto, tendo em vista a influência
da globalização como principal fenômeno da pós‑moderni‑
dade no âmbito inclusive do ensino de línguas, faz‑se neces‑
sário que o professor de línguas reconheça a importância de
construir o aprendizado social, assumindo um ponto de vis‑
ta humanista, pedagógico e cientificamente competente de
forma a anular preconceitos recorrendo para isto a estraté‑
gias educativas que promovam o reconhecimento do eu e do
outro pela ciência acerca da fragmentação do sujeito no que
concerne a sua identidade social (HALL, 2007) por meio da
pedagogia radical (GIROUX, 2007), para que possam ser im‑
plementadas identidades de resistência e projeto (CASTELLS,
2010) na sala de aula gerando aprendizado efetivo.
IDENTIFICAÇÕES PSICANALÍTICAS
E RESPONSABILIZAÇÃO: ANÁLISE
DOS DIÁRIOS DE BOLSISTAS
DO PROGRAMA INSTITUCIONAL
DE BOLSAS DE INICIAÇÃO
À DOCÊNCIA
JENNIFER GALVÃO CEZAR (UNITAU)
Resumo de Paper
É inegável que vivemos uma era de constantes queixas sobre
quase todas as coisas. Comumente encontramos pessoas
que, diante de insucessos, não assumem a parcela que lhes
cabe na situação. Nos diversos afazeres cotidianos, traba‑
lho, escola, família nos deparamos com a apatia ou a negli‑
gência. Para Forbes (2012), o que há é um novo laço social.
Se tínhamos uma sociedade verticalizada, na qual identifi‑
cávamos uma autoridade, como o pai, o chefe, hoje, a ho‑
rizontalidade das relações pede uma nova atitude. Atuando
como supervisora no Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação à docência (PIBID/CAPES/UNITAU), no subproje‑
to “Formação inicial e continuada de professores de Língua
Portuguesa: o olhar científico sobre a prática e a construção
do ethos”, identificamos que alguns dos docentes em inicia‑
ção apresentavam certa apatia às atividades, não realizando
o trabalho que lhes cabia. Valiam‑se da queixa e atribuíam
a outros a causa de seus insucessos e insatisfações. O que
se verificou adiante foi que esses docentes se deslocaram
dessa posição para a de responsabilização por suas ativi‑
dades, conduzindo‑se, até mesmo, a trabalhos científicos.
A hipótese para essa mudança é que alguns procedimentos
da supervisora mobilizaram esses docentes. Sob Análise do
Discurso francesa e da Psicanálise lacaniana, partindo do
pressuposto de que a escrita tem o potencial de contribuir
para a subjetivação daquele que escreve, procedemos à aná‑
lise dos diários escritos pelos docentes recuperando pela ma‑
terialidade linguística indícios de que algum procedimento
ou fala da supervisora tenha deflagrado a mudança. Os re‑
sultados da pesquisa ainda em andamento apontam que os
procedimentos promovidos ao longo de meses revelaram se
configurar como o que se denomina manejo em psicanálise
e desencadeou os deslocamentos observados. Pelo manejo,
os docentes em questão engajaram‑se em suas atividades,
foram levados a abandonar justificativas e desculpas que os
eximiam do trabalho que assumiram.
136
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ATITUDES LINGUÍSTICAS NAS
ATIVIDADES DE PRONÚNCIA
DO LIVRO THE BIG PICTURE B1+
JÉSSICA MARTINS CARVALHO (UFRJ)
Resumo de Pôster
Com este trabalho, de design exploratório e em estágio se‑
minal, objetiva‑se, em um primeiro momento, investigar as
atitudes linguísticas produzidas e perpetuadas nas ativida‑
des para ensino da pronúncia de língua inglesa como língua
adicional da versão global do livro The Big Picture B1+ (Jones
e Goldstein, 2012) publicado pela editora Richmond, e utili‑
zado nos Cursos de Línguas Abertos à Comunidade (CLAC) da
UFRJ. Segundo a proposta dos autores, a série da qual o livro
faz parte propõe uma abordagem internacional da língua
inglesa, baseada em tópicos globais e atividades culturais
relevantes às experiências dos aprendizes, e as atividades de
pronúncia, inseridas nesta visão, incluem uma grande varie‑
dade de vozes nativas e não nativas nas gravações de áudio.
A partir daí, analisar‑se‑á como tais atividades se relacionam
com a construção de identidade do aprendiz como falante
de inglês global. Tal análise será baseada no núcleo de in‑
teligibilidade para inglês como língua franca (lingua franca
core) proposto por Jenkins (2000). Baseando‑se na visão de
que em uma nova comunidade anglófona internacional, re‑
sultante da grande expansão de falantes não‑nativos, não
se faz necessário imitar a pronúncia de um falante nativo, e
consequentemente, considerar o que dela se desvia como
erro. Jenkins propõe, com isso, identificar e compreender
que itens fonológicos prejudicam ou contribuem para uma
comunicação internacional bem‑sucedida. Espera‑se, assim,
fazer um mapeamento das atividades de pronuncia propos‑
tas e verificar se elas abordam itens centrais ou não centrais
do núcleo de inteligibilidade. Acredita‑se que embora o livro
apresente uma abordagem de inglês como língua internacio‑
nal (EIL), o modelo de correção adotado corresponda à pro‑
núncia de falantes cuja primeira língua é o inglês. Espera‑se,
com este trabalho, propor uma abordagem crítica ao ensino
de pronúncia no contexto brasileiro e ao trabalho em sala de
aula com as atividades sob análise.
UMA ANÁLISE SOBRE
A IDENTIDADE E FORMAÇÃO
DE PROFESSORES DE LÍNGUA
INGLESA EM TEIXEIRA
DE FREITAS ‑ BAHIA
JESSICA RAMOS DE OLIVEIRA (UNEB)
LUCIANA CRISTINA DA COSTA AUDI (UNEB)
Resumo de Pôster
O conceito de identidade profissional tem sido cada vez mais
discutido em estudos na academia, e pode ser considerado
um conceito de múltiplas definições. Adotamos o conceito
de identidade como algo que não é estanque, mas que se
reconstitui nas/pelas práticas sociais cotidianas dos sujei‑
tos. O presente trabalho apresenta um projeto de iniciação
científica que visa realizar estudos sobre processos de (re)
construção da identidade do professor de língua inglesa, e,
concomitantemente, pesquisar o perfil dos professores de
língua inglesa atuantes nas escolas públicas de Educação
Básica no município de Teixeira de Freitas – Bahia. O projeto
consiste em um estudo documental com levantamento de
dados referentes à formação dos professores de língua ingle‑
sa junto à secretaria municipal de Educação, e juntamente à
Diretoria Regional de Educação – DIREC 9, sediada na cidade
de Teixeira de Freitas. Outro objetivo do projeto consiste em,
a partir dos dados levantados e o perfil traçado desses profis‑
sionais neste contexto, promover a discussão de trabalhos
que tratam de questões de identidade e formação inicial e
continuada de professores dentro de uma perspectiva fun‑
damentada nos pressupostos da teoria sócio‑histórico‑cul‑
tural e a (re) construção de identidade de professores, que
muitas vezes está fortemente vinculada aos processos de
sua formação.
137
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
SABER OU NÃO SABER INGLÊS,
EIS A QUESTÃO
JESSILÉIA GUIMARÃES EIRÓ (UEPA)
EDWIGES CONCEIÇÃO DE SOUZA FERNANDES (UEPA)
Resumo de Paper
É sabido que os cursos de Licenciatura em Letras, qualquer
que seja a modalidade/habilitação, objetivam, primária, ain‑
da que não exclusivamente, formar professores de língua e
de suas literaturas. Assim sendo, durante a graduação, os
alunos serão introduzidos às disciplinas e conteúdos que os
instrumentalizarão no conhecimento teórico e prático ne‑
cessário à sua constituição como professor da área escolhi‑
da. Em outras palavras, o graduando em Letras tem a opor‑
tunidade de, ao longo da graduação, discutir sobre “o que
ensinar” e “como ensinar” e isso dentro de uma perspectiva
de contextualização e de constante redimensionamento das
teorias propostas, na busca da excelência na sua formação
que, por seu turno, deve implicar a busca da excelência na
sua prática docente. O objetivo é o de trazer à discussão
um tema recorrente entre os sujeitos – coordenadores, pro‑
fessores e alunos – envolvidos na licenciatura em Letras –
Língua Inglesa, e tem a ver com o nível de conhecimento da
língua‑alvo que o graduando precisa ter ao adentrar o curso
e como isso se relaciona com a construção de sua autono‑
mia durante sua formação. Há posições antagônicas, que
vão desde assumir que o graduando não precisa conhecer a
língua‑alvo, cumprindo ao curso de graduação o mister de
oportunizar esse aprendizado, até as que defendem a ne‑
cessidade de uma proficiência absoluta. No meio desse ca‑
minho, há uma posição que se propõe conciliadora. Assim,
neste artigo, busca‑se discutir sobre a necessidade de um
conhecimento prévio da língua‑alvo, relacionando‑o ao per‑
fil do profissional a ser formado e da autonomia necessária
para essa formação.
WIKI UMA INTERFACE PARA
AUTORIA E PRODUÇÃO
COLABORATIVA
NA APRENDIZAGEM DE ALUNOS
DE UMA ESCOLA PÚBLICA
JOANA RODRIGUES MOREIRA LEITE (UFMT)
ÉLIDI P. PAVANELLI‑ZUBLER (CEFAPRO/SINOP–MT ‑ MEEL UFMT)
Resumo de Pôster
O objetivo deste resumo é apresentar um relato de experi‑
ência com professoras que utilizaram o Wiki com seus alu‑
nos, com a finalidade de promover escrita colaborativa no
ciberespaço. A ideia surgiu da experiência a partir do curso
de formação continuada “Linguagem e Tecnologia Digital”,
realizada no município de Sinop/MT com educadores da rede
municipal e estadual, no ano de 2011. O curso se concentra‑
va em discussão e reflexão de referenciais teóricos sobre o
processo de ensino/aprendizagem da área de linguagem,
mediado pelas tecnologias digitais. Paralelamente, foram
expostas algumas ferramentas para que os participantes
pudessem relacioná‑las a sua prática. Dentre alguns dos re‑
cursos utilizados, usamos o software Wikispaces, cuja pro‑
posta faz parte da filosofia Wiki. Duas professoras optaram
por desenvolver com seus alunos, do segundo ciclo, do en‑
sino fundamental, de uma Escola Estadual de Sinop–MT um
projeto que focou o aspecto da autoria e a construção de es‑
crita colaborativa em que os alunos desenvolviam seus tex‑
tos no ambiente Wiki, compartilhando suas aprendizagens
após os debates em sala de aula e de pesquisas realizadas no
laboratório de informática. Essa experiência foi desafiadora,
contudo muito satisfatória, pois os alunos despertaram o
gosto pela escrita, pois as professoras relataram que os alu‑
nos se sentiram mais motivados, já que isso acontecia cola‑
borativamente e a escrita era apresentada para os demais
alunos da escola e por pessoas que acessavam constante‑
mente a WEB 2.0. Desta experiência, colhemos que os alunos
conseguiram trabalhar colaborativamente com a mediação
das professoras envolvidas, tendo como resultado de seus
trabalhos um Wiki com produções colaborativas (escrita) de
todos os alunos da sala.
138
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PRAVALER E A CONSTRUÇÃO
IDENTITÁRIA DO SUJEITO
ALUNO: UMA LEITURA
CRÍTICA SOB O OLHAR
DA ABORDAGEM SOCIOLÓGICA
E COMUNICACACIONAL
DO DISCURSO
JOÃO BATISTA DA COSTA JÚNIOR (UFRN)
Resumo de Paper
Percebe‑se que, na modernidade tardia, as instituições pri‑
vadas de ensino têm estreitado cada vez mais seu vínculo
com os segmentos empresarias. Gerenciados por uma ótica
economicista, os setores privados da educação enfatizam
em seus discursos a necessidade de o aluno contratar crédi‑
to estudantil como condição para sua formação acadêmica
e profissional, mercantilizando, assim, a educação como
bem de consumo. Sob essa perspectiva, esta pesquisa obje‑
tiva contribuir para uma visão crítica e reflexiva a respeito
dos discursos e do processo da construção identitária pesso‑
al diante da relação entre educação superior privada e mer‑
cado como fios que se entrecruzam na modernidade tardia.
Como questões norteadoras para o estudo, destacamos:
Como os discursos em depoimentos do site da Agência de
Crédito Estudantil PRAVALER significam? Que representações
alunos de instituições privadas de ensino superior fazem a
respeito de sua própria identidade pessoal quando falam so‑
bre a aquisição do crédito estudantil PRAVALER? A pesquisa
está inscrita na Abordagem Sociológica e Comunicacional
do Discurso – ASCD, (PEDROSA, 2011, 2012) e no quadro teóri‑
co da Análise Crítica do Discurso – ACD, (FAIRCLOUGH, 2006,
2008; CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 1999), dialogando com
os estudos sociológicos de BAJOIT (2008). A pesquisa se
constituiu metodologicamente numa abordagem de natu‑
reza qualitativo‑interpretativista (CHIZZOTTI, 1991; BOGDAN
e BIKLEN, 1994; MINAYO, 1994), assentando‑se nos pressu‑
postos da Linguística Aplicada contemporânea (SIGNORINI,
1998; MOITA‑LOPES, 2006; MENEZES, SILVA, GOMES, 2009).
O corpus analisado concentrou‑se numa compilação de
10 depoimentos coletados diretamente do site da Agência
PRAVALER. As categorias analíticas que elegemos para con‑
duzir a análise dos dados ancoraram‑se na perspectiva te‑
órica da Linguística Sistêmico‑Funcional, especificamente
no Sistema de Avaliatividade (MARTIN E WHITE, 2005) e no
Sistema de Transitividade (CUNHA & SOUZA, 2011). Por meio
da análise d
ILUSÃO DE CONTROLE
DE SABERES NA FORMAÇÃO
DE PROFESSORES
JOÃO BÔSCO CABRAL DOS SANTOS (UFMG)
Resumo de Paper
Tomando a noção de controle como uma função pedagógica
que mede e avalia a escolha de conteúdos, este trabalho pro‑
blematiza a finalidade de controle de saberes na formação
de professores. Será que ainda é possível sobrepor o conheci‑
mento sem que este emerja pela constituição de um sujeito
discursivo? A necessidade de controle de conteúdos nas pro‑
postas político‑pedagógicas, nos cursos de licenciatura ple‑
na em Letras, vem sendo praticada com a ilusão de “garantir”
(?) que saberes canônicos em campos isolados herméticos
da Linguística, da Teoria da Literatura e da Pedagogia, sejam
abordados com o objetivo de manter uma formação grama‑
ticalesca, estrutural e calcada em um cognitivismo menta‑
lista. Esse controle se coloca no contraponto de uma neces‑
sidade essencialista, em detrimento de uma fomentação
filosófico‑político‑histórico‑psico‑sócio‑cultural‑linguística
dos professores‑em‑formação. A ilusão de controle de sabe‑
res quer se sobrepor a uma formação fenomenológica que
parte conhecimentos locais de uma comunidade acadêmica.
Até quando a formação de professores priorizará esse acade‑
micismo teórico? Trazendo para discussão uma ideia de pro‑
posta político‑pedagógica aberta e voltada para um ethos
pedagógico que contemple os espaços culturais e ideoló‑
gicos, é possível abranger interpelações patêmicas de for‑
madores, professores‑em‑formação e em‑serviço. Inicia‑se,
pois, a construção de um logus derivado da constituição
sujeitudinal dos atores sociais envolvidos no acontecimento
da formação. Dessa forma, emerge um athos que refrata um
imaginário político, interpelações existenciais dos sujeitos, e
por que não uma evanescência entre linguagem, sociedade
e cidadania.
139
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
COMUNICAÇÃO INDIVIDUAL
E COORDENADA EM PORTUGUÊS
EM CONGRESSOS
DE LINGUÍSTICA APLICADA:
ASPECTOS DE REALIZAÇÃO
DE GÊNERO SOB A PERSPECTIVA
SISTÊMICO‑FUNCIONAL
POLÍTICA E PLANEJAMENTO
LINGUÍSTICOS NO BRASIL:
LEVANTAMENTO DA LEGISLAÇÃO
SOBRE O ENSINO
DE LÍNGUAS ADICIONAIS
JOELMA GOMES LUZ (UNEB)
TAISA PINETTI PASSONI (UNEB)
JOÃO PAULO SOARES (FACULDADE PITÁGORAS)
Resumo de Pôster
Resumo de Paper
Este trabalho tem como objetivo descrever aspectos de re‑
alização do gênero comunicação individual e coordenada
de apresentadores novatos (alunos de pós‑graduação lato
sensu e stricto sensu: mestrandos e doutorandos, nomea‑
dos aqui juniores) e apresentadores experientes (doutores,
nomeados aqui seniores) em português em 03 congressos
de Linguística Aplicada (ALSFAL, INPLA e CBLA) no período
de 2010 a 2011, a fim de identificar como as comunicações
dos apresentadores juniores e seniores estão estrutura‑
das no que tange: à sua estrutura genérica e às escolhas
léxico‑gramaticais feitas pelos apresentadores que estão
tipicamente associadas as etapas do gênero. Para tanto,
recorro aos conceitos de gênero do discurso da Linguística
Sistêmico‑Funcional de Halliday (1994) e seus seguidores
Martin & Rose (2008) e Eggins & Slade (1997) dentre ou‑
tros, além de utilizar as estruturas genéricas de Ventola et
al. (2002), no que tange ao gênero comunicações em con‑
gressos em inglês. Para análise quantitativa dos dados – no
nível léxico‑gramatical – será utilizado o programa com‑
putacional Wordsmith Tools (SCOTT, 1997), enquanto que
para análise qualitativa do gênero comunicação – no nível
contextual – utilizarei a teoria de linguagem da Linguística
Sistêmico‑Funcional de Halliday (1994). A razão da escolha
do corpus de estudo está associada a minha experiência
profissional como professor de graduação e pós‑graduação
(lato sensu) da disciplina “Métodos e Práticas da Pesquisa”
em que os discentes são ensinados e submetidos à apresen‑
tação oral de seus projetos de pesquisa como finalização do
processo de iniciação científica. Tal apresentação tem como
foco familiarizá‑los com gêneros acadêmicos orais para que
eles sejam capazes de realizar apresentações em outras dis‑
ciplinas durante o curso de graduação e pós‑graduação (lato
sensu), além de participar futuramente de comunicações,
sejam elas individuais ou coordenadas, em congressos de
suas respectivas áreas.
Diante da vivência em contexto de formação de professores
de língua inglesa, especialmente em sua fase inicial, é possí‑
vel perceber que há muitas lacunas a serem preenchidas que
não são amplamente contempladas nos currículos desta
licenciatura. Portanto, projetos de iniciação científica vêm
contribuir grandiosamente para a formação do licenciando.
No que diz respeito aos estudos relativos aos processos de
ensino‑aprendizagem das Línguas Adicionais na contempo‑
raneidade, torna‑se relevante pautar a importância de se
entender, estudar e problematizar a questão das políticas e
planejamento linguísticos. Considerando a relevância que
as diferentes línguas desempenham nas relações estabele‑
cidas entre sujeitos e instituições nos processos engendra‑
dos na/pela globalização, o presente estudo visa apresentar
um projeto de iniciação científica que busca fazer levanta‑
mento e análise da legislação que rege o ensino das Línguas
Adicionais na escola de Educação Básica brasileira, a fim
de construir um inventário desses documentos de modo a
contribuir para o campo dos estudos linguísticos. Para tan‑
to, serão realizadas pesquisas em sites oficiais dos governos
Federal, Estaduais e Municipais para identificar quais são os
documentos disponíveis e de que modo tratam do ensino
destas línguas. Além disso, pretende‑se aprofundar o conhe‑
cimento acerca dos conceitos de política linguística e plane‑
jamento linguístico, levando em consideração questões em
ampla discussão na atualidade como, por exemplo, a rela‑
ção do neoliberalismo com a educação, de modo a relacio‑
nar essa temática às políticas educacionais, mais especifica‑
mente às políticas linguísticas.
140
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O DISCURSO SOBRE
A HOMOSSEXUALIDADE
NO ÂMBITO ESCOLAR: ALGUMAS
CONSIDERAÇÕES SOB O PRISMA
DA ANÁLISE DO DISCURSO
LINGUÍSTICA DE CORPUS
NA ELABORAÇÃO
DE MATERIAL DIDÁTICO
JONATHAN ZOTTI DA SILVA (UFRGS)
ANAMARIA KURTZ DE SOUZA WELP (UFRGS)
JOMSON TEIXEIRA DA SILVA FILHO (UFAL)
Resumo de Pôster
Resumo de Paper
Este trabalho pretende apresentar uma breve pesquisa so‑
bre os discursos constantes nos enunciados de alunos do en‑
sino médio de uma Instituição Federal Pública na cidade de
Marechal Deodoro, Alagoas, com vistas a observar e analisar
como esses discursos são constituídos no âmbito escolar.
Nesse sentido foi realizada uma pesquisa de cunho qualita‑
tivo, com a aplicação de um questionário estruturado em
cinco perguntas discursivas relacionadas aos temas mais
frequentes sobre a homossexualidade como a relação den‑
tro do espaço escolar entre os alunos que se dizem homos‑
sexuais e heterossexuais, o beijo entre homossexuais para
obtenção das sequências discursivas a serem analisadas sob
o prisma da Análise do Discurso de linha francesa. O objeti‑
vo dessa pesquisa consiste em analisar a constituição dos
discursos sobre a aceitação ou não da homossexualidade
no ambiente escolar identificando as formações discursivas
componentes das formações ideológicas. Assim como con‑
clui o trabalho de Jesus & Filho (2009) em Ilhéus, provavel‑
mente os discursos sobre o tema se apresentam como sendo
predominantemente preconceituoso.
Este trabalho é um recorte do projeto de pesquisa
“Construção de Programa de Disciplina de Língua Inglesa
para o Curso de Graduação em Letras” atualmente em an‑
damento no Instituto de Letras. O projeto consiste na cons‑
trução dos programas e na elaboração de material didático
para as disciplinas de Inglês I, II, III, IV e V, as quais são obri‑
gatórias nos currículos de Licenciatura e Bacharelado em
Letras com habilitação em Língua Inglesa da Universidade
Federal do Rio Grande do Sul. O trabalho prevê quatro fases
distintas, entretanto as ações relatadas aqui fazem parte
das fases 2 e 3. Na fase 2, planejamos a compilação de um
pequeno corpus para cada gênero abordado nas unidades
didáticas desenvolvidas nas disciplinas em foco. Na fase 3,
serão elaborados cadernos para essas disciplinas, conten‑
do projetos e tarefas pedagógicas desenvolvidas com base
nas propostas de letramento dos Referenciais Curriculares
do Rio Grande do Sul (RGS, 2009). A Linguística de Corpus
(LC) é a metodologia escolhida para a elaboração das tarefas
pedagógicas. Tal escolha se justifica em razão de um corpus
ser uma ferramenta útil para esse propósito, uma vez que
oferece maneiras de abordar o uso corrente da língua e de
trabalhar com textos autênticos em sala de aula. Além disso,
a pesquisa em corpora mostra que a linguagem é utilizada
de forma padronizada e reconhecida como “esperada” ou
“típica” por seus usuários, apresentando correlações entre
uso e contexto. Nesse sentido, o centro do conhecimento
acerca da língua desloca‑se do professor, do dicionário e da
gramática para o corpus. Em primeiro lugar, definimos a LC e
explicamos o conceito de corpus; e, em segundo lugar, mos‑
tramos um modelo de tarefa com base nessa metodologia,
demonstrando a utilidade da LC tanto para professores, na
elaboração de material didático voltado a alunos em um
contexto específico, quanto para alunos, em sua formação
como pesquisadores e no desenvolvimento de sua autono‑
mia enquanto aprendizes.
141
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O USO DA METALINGUAGEM NAS
PRÁTICAS DE ENSINO DE LÍNGUA/
CULTURA ESTRANGEIRA
EM TURMAS HETEROGÊNEAS
DO PONTO DE VISTA DAS
LÍNGUAS/CULTURAS
DOS ALUNOS.
ANÁLISE DE NECESSIDADES:
INGLÊS PARA FINS GERAIS
DE NEGÓCIOS X INGLÊS PARA
FINS ESPECÍFICOS DE NEGÓCIOS
JORGE LUIZ LAURÊNÇO DE OLIVEIRA (UFPA)
Esta comunicação será baseada em um recorte de minha
dissertação de mestrado em que foi realizada uma análise de
necessidades em uma empresa multinacional e foram iden‑
tificadas as tarefas executadas pelos funcionários utilizando
o Inglês. O aporte teórico utilizado na pesquisa foi para in‑
glês para fins de negócios baseado em Ellis & Johnson(1994),
Duddley Evans & ST. Johns (1998), para análise de necessi‑
dades e abordagem instrumental, Hutchinson & Waters
(1987), Duddley Evans & ST. Johns (1998) e Robinson (1991).
O objetivo desta apresentação será mostrar a diferença na
identificação do inglês para fins gerais de negócios e para
fins específicos de negócios. Foi possível por meio dos dados
obtidos na pesquisa, visualizar a importância de distinguir o
termo geral e específico que muitas vezes gera confusões no
momento de elaborar um curso para fins de negócios. Ao fi‑
nal da comunicação será apresentada uma reflexão sobre a
formação de professores para o ensino de línguas para fins
específicos em um momento crítico que sediaremos dois
grandes eventos e a necessidade de se falar inglês é urgente
e imprescindível.
Resumo de Pôster
Neste trabalho serão apresentados os resultados da pesqui‑
sa de iniciação científica ligada ao projeto práticas de ensi‑
no, metalinguagem e uso de material didático em turmas
heterogêneas do ponto de vista linguístico e cultural, do
Programa de Pós Graduação em Letras da Ufpa. Tem como
objetivos principais descrever e analisar o uso da metalin‑
guagem em turmas de português como língua estrangeira
e propor procedimentos suscetíveis de tornar mais eficaz e
interessante o seu uso nas aulas de LE dentro da abordagem
acional. A necessidade desta investigação dá‑se pela pouca
descrição e análise dos professores de PLE, sobretudo quan‑
do se trata de turmas heterogêneas do ponto de vista lin‑
guístico/cultural dos alunos. Sua geração de dados resultará
por meio do método etnográfico com observação de aulas
em turmas de PLE em Belém. A metalinguagem é constitu‑
ída por “designações de ações linguageiras particulares (...)
das quais algumas se referem diretamente à reescrita (...);
[por uma] terminologia específica à análise da linguagem e
da língua (..)”» (Delamotte‑Legrand, 1994 : 171; tradução mi‑
nha). Dentro dessa abrangência da metalinguagem no ensi‑
no de línguas, busca‑se o norteio da descrição e análise da
metalinguagem no ensino de línguas estrangeiras não mais
sobre a língua como um sistema modelo, mas pensando em
propostas de como ela pode ser voltada para o ensino pau‑
tado na utilização da linguagem por indivíduos que necessi‑
tam da língua assentada na sua realidade, para interagir‑re‑
agir na busca de sua inserção social. Metalinguagem em tur‑
mas heterogêneas; Ensino de português língua estrangeira;
Abordagem acional
JORGE ONODERA (UESC–UNIV. EST SANTA CRUZ)
Resumo de Paper
142
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA
COMO COMPROMISSO POLÍTICO
DO LINGUISTA NA SOCIEDADE
CONTEMPORÂNEA
JOSÉ CEZINALDO ROCHA BESSA (UNESP)
Resumo de Pôster
Se a divulgação do conhecimento produzido por linguistas
para os seus pares, realizada no interior da comunidade
científica, trata‑se de um fato consolidado aqui no Brasil, o
mesmo não se pode dizer da divulgação do saber produzido
por esses estudiosos para o público leigo. Nesse sentido, este
trabalho tem como objetivo reivindicar o compromisso polí‑
tico do linguista brasileiro com a divulgação científica, con‑
siderando a necessidade de se dar mais visibilidade aos resul‑
tados das investigações que os estudiosos desse campo de‑
senvolvem, com vistas à formação de um “público leigo culto”
sobre fatos de linguagem. Trata‑se de um trabalho crítico‑
‑reflexivo, apoiado em estudiosos do campo da linguagem
(BAKHTIN, 2010; BUBNOVA, 2011; SOBRAL, 2008; RAJAGOPALAN,
2005; OLIVEIRA, 2007; FARACO, 2001; entre outros) e da área
da comunicação e divulgação científica (GUIMARÃES, 2009;
COOKSON, 2012). A defesa que se faz em torno do compro‑
misso político do linguista com a divulgação científica é uma
forma de responder a discursos veiculados na mídia, refleti‑
dos no discurso do senso comum e por ele também refrata‑
dos. Seguindo ensinamentos da filosofia do ato de Bakhtin
(2010), sustenta‑se que o dever ético obriga o linguista a as‑
sumir o compromisso político de divulgar para o público não
especializado o saber que ele produz, não apenas como uma
condição de reconhecimento e de afirmação do campo ao
qual se dedica, mas também pela necessidade de descons‑
truir os valores que se manifestam sob a forma de atitudes
preconceituosas e intolerantes, expressos nesses discursos
da mídia e do senso comum, contra usuários da língua e até
mesmo contra os próprios linguistas. Esse compromisso cul‑
mina com o ato de fazer chegar ao público não especializado
textos de divulgação científica em espaços de circulação os
mais diversos, principalmente por meio da mídia tradicional,
de jornais impressos, revistas, TV e rádio, de modo a se vis‑
lumbrar o estreitamento desse fosso que separa o linguista
do leigo.
AVALIANDO O ESFORÇO
PROCESSUAL NA TRADUÇÃO
E SUAS IMPLICAÇÕES PARA
O DESENVOLVIMENTO
DA COMPETÊNCIA/EXPERTISE
DO TRADUTOR
JOSÉ LUIZ VILA REAL GONÇALVES (UFOP)
Resumo de Paper
Este trabalho apresenta alguns resultados de uma pesquisa
empírico‑experimental com foco na vertente processual dos
estudos da tradução. Investigaram‑se os sub‑processos de
codificação linguística e suas implicações para a competên‑
cia/expertise do tradutor, levando em conta o impacto do
processamento cognitivo em diferentes domínios de análi‑
se. Os conceitos de codificação conceitual e procedimental
fundamentam‑se no arcabouço da Teoria da Relevância
(Sperber; Wilson, 1986/1995) e em alguns de seus desdobra‑
mentos (Wilson, 2011; Alves; Gonçalves, no prelo). A pesquisa
teve como objetivo mapear e analisar dados textuais e pro‑
cessuais coletados através de um experimento que contou
com a participação de 8 sujeitos, tradutores profissionais, no
par linguístico inglês‑português. Foram realizadas duas ta‑
refas tradutórias, uma em cada direção linguística, utilizan‑
do‑se para as coletas o software Translog (Jakobsen, 1999), o
rastreador ocular Tobii T‑60, além dos protocolos retrospec‑
tivos (Ericsson; Simon, 1993). Para a análise dos dados, foram
utilizados os softwares Translog e Tobii Studio, e também o
sistema Litterae (Alves; Vale, 2011), criado para anotar dados
textuais e processuais. Três tipos de dados referentes ao es‑
forço processual foram analisados e discutidos: os tempos
totais de realização das tarefas, os tempos de duração das
fixações oculares nos respectivos textos‑fonte e textos‑alvo
e os tipos de codificação (conceitual ou procedimental) ob‑
servados nos procedimentos de edição para solução de pro‑
blemas. Os resultados encontrados até o momento apon‑
tam para certos padrões no processamento cognitivo de
tradutores profissionais, que, com a devida sistematização
e contraposição com padrões de tradutores em formação,
poderão contribuir para a consolidação do mapeamento da
competência/expertise do tradutor e, consequentemente,
para o desenvolvimento de metodologias didático‑pedagó‑
gicas para a formação de profissionais dessa área.
143
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A CANÇÃO COMO CONSTELAÇÃO
DE GÊNEROS E SUAS
IMPLICAÇÕES PARA O ENSINO
DE PORTUGUÊS COMO
LÍNGUA ADICIONAL
ELVIS & MADONA, DE MARCELO
LAFFITTE: MASCULINIDADES
E FEMINILIDADES
REPRESENTADAS
NO CINEMA BRASILEIRO
JOSÉ PEIXOTO COELHO DE SOUZA (UFRGS)
JOSÉ RAYMUNDO FIGUEIREDO LINS JÚNIOR (UVA)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Em Coelho de Souza (2010), propus que a canção seja enten‑
dida na perspectiva dos gêneros discursivos como uma cons‑
telação de gêneros, tal como concebida por Araújo (2006),
na qual as canções de cada gênero musical – como canção
de rock e canção de bossa nova – sejam também pertencen‑
tes a diferentes gêneros, como gênero do discurso canção de
rock e gênero do discurso canção de bossa nova. Essa pro‑
posta parte do entendimento de que um intérprete/compo‑
sitor na esfera artístico‑musical seleciona um determinado
gênero canção de gênero musical a partir do seu projeto
discursivo e de que a afiliação de um compositor/intérpre‑
te ao compor/interpretar uma canção em um dado gênero
musical determina aspectos da construção composicional,
do estilo e do conteúdo temático tanto do discurso musical
quanto do verbal da canção, além de delimitar os possíveis
ouvintes presumidos e contextos de produção, circulação e
recepção da canção. Partindo dessa compreensão de canção
como gênero discursivo e do pressuposto de que a constru‑
ção dos seus sentidos requer uma tripla competência: a ver‑
bal, a musical e a literomusical, sendo esta compreendida
como a capacidade de relacionar as duas linguagens (COSTA,
2002), esta comunicação tem como objetivo tratar das im‑
plicações da noção de canção como constelação de gêne‑
ros para o ensino de português como língua adicional (PLA)
com base em gêneros do discurso, tema da minha pesquisa
de doutorado em andamento. Para isso, fundamentado na
proposta dos Referenciais Curriculares do Rio Grande do Sul
(RS, 2009) para o ensino de línguas, proponho sugestões de
como abordar esse gênero em sala de aula buscando uma
compreensão que privilegie a construção dos sentidos a par‑
tir não somente da letra, mas também da música e da arti‑
culação entre as duas linguagens, levando em conta as espe‑
cificidades do gênero canção de gênero musical em estudo.
A diversidade sexual sempre foi tratada no cinema interna‑
cional, e, atualmente, vem se destacando no cinema brasi‑
leiro. Entender a dimensão da representação das identidades
sexuais torna‑se, então, uma das ocupações da Linguística
Aplicada. É necessário refletir sobre como os fenômenos cul‑
turais estão implícitos no comportamento sexual do indiví‑
duo para desmitificar a ideia de que “masculino” e “feminino”,
são categorias estanques. A pragmática de John Austin nos
mostra o quão performativos são os atos de fala, e como
construímos e somos constituídos pelos mesmos. Numa
outra perspectiva, Judith Butler nos aponta a construção
de identidade de gênero como uma construção social, que
transita entre aquilo que conhecemos como masculino e fe‑
minino. Este trabalho se propõe a examinar a representação
social de gênero no filme Elvis & Madona, do diretor Marcelo
Laffitte. A questão da sexualidade humana é problematiza‑
da a partir dos conflitos, encontros e desencontros entre os
protagonistas da trama: o travesti Madona e a lésbica Elvis.
Através da análise do(s) discurso(s) desses personagens,
percebe‑se como os personagens constroem suas identi‑
dades de gênero e de sexo, e como o gênero e a sexualidade
se colocam em relação a outros aspectos da vida pública e
privada. Noções como o “normal”, o “natural”, e o “desviante”
ou “perverso” são consideradas, bem como a relação entre a
visão social e forma cinematográfica, sobretudo como for‑
ma midiática de construção de realidades. Ao final da análi‑
se, percebe‑se como a pragmática austiniana, o conceito de
performatividade utilizado por Butler e a análise do discurso,
além de se afinarem no que diz respeito à compreensão da
construção de gênero, contribuem, significativamente, para
incluir a Linguística Aplicada nas agendas das demandas so‑
ciais da atualidade.
144
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
LETRAMENTOS NAS SALAS
DE RECURSOS MULTIFUNCIONAIS
JOSÉ RIBAMAR LOPES BATISTA JÚNIOR (UnB)
DENISE TAMAE BORGES SATO (UNB)
Resumo de Paper
Nos últimos anos, a política educacional brasileira promo‑
veu a inclusão de pessoas com deficiência nas escolas. Por
conta disso, objetivamos investigar as práticas de letra‑
mento, os discursos e o processo de formação dos profis‑
sionais que atuam nas salas de recursos multifuncionais,
local de realização do serviço de atendimento educacional
especializado (AEE). Adotamos o arcabouçou teórico‑meto‑
dológico da Análise de Discurso Crítica (FAIRCLOUGH, 2007,
2010; CHOULIARAKI E FAIRCLOUGH, 1999), dos Novos Estudos
do Letramento (BARTON, 2007; BAYNHAM E PRINSLOO,
2009; RIOS, 2009; BARTON E PAPEN, 2010) e a etnografia
(HAMMERSLEY E ATKINSON, 2007; ANGROSINO, 2007). Os da‑
dos foram gerados e coletados por meio de artefatos, ob‑
servações, entrevistas, registro de diários e narrativas, no
período de agosto de 2010 a outubro de 2012. Os resulta‑
dos parciais indicam que os profissionais sem formação em
Educação Especial, buscam conhecimentos do mundo pes‑
soal e de outras práticas sociais, na tentativa de reorgani‑
zá‑las a fim de suprir suas lacunas acadêmicas por meio de
práticas docentes alternativas, com vistas à promoção da
inclusão. Além disso, os resultados demonstram a fragilida‑
de da proposta de inclusão brasileira, fortemente alicerçada
em conhecimentos empíricos desses profissionais. De igual
forma, o discurso do letramento autônomo perpassa a prá‑
tica, no desejo de que crianças e jovens especiais tenham
na escola a ferramenta para superação da deficiência. Por
outro lado, novos discursos emergem no contexto escolar
(Discursos da inclusão, dos Direitos Humanos, da Saúde e
da Família tradicional) que favorecem o convívio entre crian‑
ças e jovens da Educação Especial e Educação Regular, bem
como a integração social de pessoas com deficiência em di‑
ferentes ambientes. Por fim, as práticas de letramento ca‑
racterizam‑se pelo aspecto administrativo, social, de saúde
e funcional nas escolas de Fortaleza, pelo aspecto autôno‑
mo em Brasília e pelo caráter empírico em Teresina.
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS PARA
O ENSINO DE LE NO BRASIL
NO SÉCULO XIX
JOSELITA JUNIA VIEGAS VIDOTTI (USP)
Resumo de Paper
A nossa pesquisa teve como objeto de estudo o discurso
político‑educacional sobre o ensino de língua estrangeira
(LE) no Brasil do século XIX, com ênfase na língua inglesa.
Primeiramente examinamos o espaço de memória de ensino
de LE no processo educacional brasileiro. Ao constatarmos
que a lei que oficializou o ensino das línguas inglesa e france‑
sa no Brasil (Decisão nº 29) havia se dado no início do século
XIX (1809), decidimos investigar que discursos suscitaram a
criação de políticas linguísticas para o ensino de LE no Brasil
no século XIX. Sob a ótica da Análise do Discurso, de linha
Pêcheutiana, investigamos os efeitos de sentido construídos
a partir do discurso político‑educacional sobre o ensino da
língua inglesa no Brasil do século XIX, buscando compreen‑
der a formulação das políticas linguísticas da época em rela‑
ção às LE e o estatuto destas naquelas políticas. O corpus foi
composto por leis, debates parlamentares e relatórios minis‑
teriais relacionados ao ensino da língua inglesa. A análise da
materialidade linguística dos enunciados produzidos pelos
sujeitos legisladores mostrou que a Decisão nº 29 instaurou
um acontecimento discursivo, rompendo com a memória
de não‑regulamentação do ensino de LE no Brasil e fundou o
sentido de utilidade das LE para a instrução pública no Brasil.
Constatamos que a política de ensino de LE ancorava‑se em
um saber importado. Concluímos que o acontecimento dis‑
cursivo instaurado pela Decisão nº 29 criou um lugar para as
LE e estas também fizeram parte de uma política de produ‑
ção e circulação de conhecimento.
145
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
COGNIÇÃO
DE ALUNOS‑PROFESSORES
DE INGLÊS: PROCESSO
DE CONSTRUÇÃO
DE CONHECIMENTO POR MEIO
DA PESQUISA‑AÇÃO
JOSIMAYRE NOVELLI CORADIM (UEL)
Resumo de Paper
Ao se propor a investigar a cognição de alunos‑professores
de Língua Inglesa durante o estágio supervisionado do cur‑
so de Letras Português/Inglês de uma instituição pública do
norte do Paraná, essa comunicação tem por objetivo apre‑
sentar uma análise inicial dos dados coletados durante as
orientações realizadas em pares antes e após a elaboração
de planos de aulas. Tal investigação faz parte de uma pesqui‑
sa de doutorado em Estudos da Linguagem. Ao se configurar
uma pesquisa‑ação, de base interpretativista e etnográfica,
pretendo analisar a construção de conhecimento desses
alunos‑professores no contexto em questão, olhando‑se
para o processo de como eles elaboram seus planos de aula,
colocam‑nos em prática, avaliam suas próprias práticas e re‑
fletem sobre esse processo durante a realização do estágio.
Para embasar essa análise, utilizarei como fundamentação
teórica a cognição e a pesquisa‑ação. Além disso, três per‑
guntas são utilizadas como referências para a condução des‑
sa análise: 1) Que conhecimentos os alunos produzem por
meio da pesquisa‑ação?; 2) Quais são os recursos que dão
suporte a construção desse conhecimento?; 3) Como o alu‑
no se posiciona em relação ao conhecimento produzido pela
pesquisa‑ação?. Como resultados, espero que a análise reali‑
zada nessa pesquisa possa contribuir para que o processo de
formação de alunos‑professores seja visto e compreendido
como momento de produção, análise, avaliação e reflexão
de suas práticas, amenizando as lacunas existentes na for‑
mação de professores.
THE TRANSFERABILITY
OF LANGUAGE LEARNING
STRATEGIES FROM MEXICAN
INDIGENOUS BILINGUAL
(NÁHUATL‑SPANISH)
STUDENTS´FIRST LANGUAGE
LEARNING EXPERIENCE TO THE
LEARNING OF ENGLISH
JOVANNA MATILDE GODÍNEZ MARTÍNEZ
(SOUTHAMPTON UNIVERSITY)
Resumo de Paper
Bilingualism and Multilingualism is a reality in many parts of
the world (Baker,2000; De Houwer, 1995 & 2009; and Meisel,
2004) and it is more often than not that people and research‑
ers in the field believe this to have learning advantages over
monolingual language students (Baker, 1996; Bild & Swain,
1989; Cenoz & Valencia, 1994; Thomas, 1998; Lasagabaster,
1997). Nonetheless there is no literature that provides infor‑
mation in the case of Mexican indigenous bilingual Náhuatl–
Spanish learners of English. The goal of this research was
to investigate the extent to which last semester English
language learners from the B.A. in management, who are
Native Nahuatl (L1) and Spanish (L2) as a Second Language
speakers from the Escuela Superior de Huejutla –an aca‑
demic extension of the Universidad Autónoma del Estado de
Hidalgo in Mexico – could use the language learning strat‑
egies employed in their first and second language learning
experiences to learn English (L3). The secondary objective of
the study was to know the reasons, according to the results,
of how and why those specific activities and LLS transferred
from the L1 and L2 previous language learning experiences to
the L3. The study adopted direct approaches to collect data
by means of 36 student questionnaires and 72 parent ques‑
tionnaires statistically analyzed and compared. The results
revealed that the most persistent activities used in both
L2 and L3 learning by native Náhuatl were those related to
speaking, additionally the reasons for the outcome of the
particular results was due to three major facts: 1) L1N stu‑
dents’ L1 and L2 were learned and needed primarily for com‑
municative purposes, 2) the aid received from L1N students’
parents utterly had to do with communicating in the L2 and
3) the study revealed that L1N students attitudes towards
the L3 were positive regardless of the fact that they did not
need their L3 for immediate communicative purposes.
146
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O PAPEL COLABORADOR
DE LIVROS DIDÁTICOS DE LÍNGUA
INGLESA NA CONSTRUÇÃO
DA IDENTIDADE CULTURAL
DO APRENDIZ
JULIANA ALVES DOS SANTOS (UNEB)
Resumo de Paper
É urgente a necessidade de entender o ensino‑aprendiza‑
gem de língua estrangeira como um processo de redefinição
de identidades. O livro didático (LD), como integrante desse
processo, muitas vezes se configura como voz dominante
na sala de aula, silenciando vozes importantes na constru‑
ção do conhecimento, como a voz do professor e a do aluno.
Busca‑se analisar se e como o LD de língua inglesa, voltado
para os anos finais do ensino fundamental, relaciona‑se à
construção das identidades culturais dos alunos. Para isso
foi traçado um panorama das recentes investigações sobre
LD; a história do ensino de língua inglesa no Brasil; do livro
didático; das políticas públicas criadas para sua sistemati‑
zação em âmbito nacional; e foram tecidas considerações
sobre ensino de língua estrangeira e escola pública brasileira.
A investigação tem um caráter predominantemente qualita‑
tivo e configura‑se como análise documental, pois entende‑
mos os livros como documentos de fonte primária, tal como
concebidos pelos seus autores e inseridos em um contexto
sócio histórico, nesse caso, na pós‑modernidade. Fazendo
uso das técnicas da análise de conteúdo, verificou‑se que
o LD representa superficialmente o possível mundo em que
se situam os discentes; que a maioria dos aspectos cultu‑
rais são apresentados na seção de leitura e que raramente
é oportunizado que o estudante compare suas identidades
culturais com as que são exibidas no LD. Acreditamos que
uma análise crítica por parte dos alunos e dos professores
quanto ao caráter acessório que o LD deve assumir é de ex‑
trema importância, uma vez que comprovamos que esse
material funciona como silenciador dos discursos dos par‑
ticipantes no processo de ensino‑aprendizagem. Além disso,
uma visão crítica sob o livro possibilita que materiais extras
sejam buscados, a fim de enfatizar o momento da aprendi‑
zagem de língua inglesa como um mergulho multicultural.
O PROCESSO DE PROFICIÊNCIA
EM ESCRITA SUBSIDIADO POR
TAREFAS DIDÁTICAS
JULIANA BATTISTI (UFRGS)
Resumo de Paper
O presente resumo versa sobre o trabalho de elaboração
e avaliação de tarefas de leitura e produção escrita para a
disciplina de Leitura e Produção Textual (LET 01431) do cur‑
so de Licenciatura em Letras da Universidade Federal do
Rio Grande do Sul (UFRGS). Deseja‑se organizar uma uni‑
dade didática com as tarefas de leitura e escrita que serão
elaboradas, tendo em vista a definição de um eixo temático.
A elaboração desse material didático iniciou‑se com a es‑
colha da temática estabelecida conforme perfil dos partici‑
pantes dessa disciplina – alunos de Licenciatura em Letras,
definiu‑se como objeto de estudo da tarefa o gênero resenha,
gênero muito solicitado na esfera acadêmica do curso de
Letras. Em seguida, foram estabelecidos os conteúdos a se‑
rem trabalhados, escolhido um filme que trata de questões
pertinentes ao eixo temático, inseridos exemplos de textos
pertencentes ao gênero resenha, realizado um estudo apro‑
fundado das regularidades composicionais do gênero e pro‑
posto uma produção de resenha. Com os textos dos alunos
em mãos, elaborou‑se uma grade de avaliação com descri‑
tores especificamente para a tarefa em questão. A constitui‑
ção da grade foi se fazendo conforme o levantamento das
características composicionais percebidas através das pro‑
duções dos alunos A tarefa se encontra na etapa de reelabo‑
ração e será retestada, o que acarretará no refinamento da
grade de avaliação.
147
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
GÊNEROS DO DISCURSO
E ZONA DE DESENVOLVIMENTO
PROXIMAL
JULIANA ORMASTRONI DE C. SANTOS (Puc–SP)
PROFESSOR DE INGLÊS
E LIVRO DIDÁTICO: DISCURSO
E MEMÓRIAS EM CONSTITUIÇÕES
IDENTITÁRIAS
JULIANA ORSINI DA SILVA (UNIFAMMA)
Resumo de Paper
Este resumo discute um projeto de pesquisa que está sendo
desenvolvido na pós‑graduação em Linguística Aplicada e
Estudos da Linguagem na PUC–SP. Apresenta como objetivo
geral compreender criticamente as práticas de leitura e escri‑
ta e o domínio dos alunos quanto a esses processos em uma
sala de 1º ano do Ensino Médio de uma escola pública do in‑
terior do estado de São Paulo e, como objetivos específicos:
a) Criar, em sala de aula, um contexto de trabalho com lei‑
tura e escrita como atividade social, com gêneros que se or‑
ganizam pela argumentação; b) criar ZPDs que possibilitem
o movimento de negociação colaborativo‑crítica para apre‑
dendizagem e desenvolvimento na constituição de leitores
criativos. A pesquisa está embasada no quadro da Teoria
da Atividade Sócio‑Histórica‑Cultural (TASHC) (Vygotsky,
1934/2001; Leontiev, 1978; Engström, 1999, 2011), que assegu‑
ra a relação entre o sujeito, sua historicidade e sua realidade;
na teoria dos gêneros do discurso (Bakhtin/Volochinov, 1929/
1992, Bakhtin, 1979/ 2011); e na compreensão de leitura e es‑
crita como práticas sociais (Rojo, 2009; Dolz e Schenuwly,
2010 e Liberali, 2009). A metodologia escolhida para este
trabalho é a Pesquisa Crítica de Colaboração (Magalhães,
2009, 2010, 2011), metodologia que entende as transforma‑
ções escolares por meio da criação de instrumentos que per‑
mitem aos sujeitos e compreenderem suas próprias ações,
as de outros e relacioná‑las ao seu contexto histórico‑cultu‑
ral e político. A compreensão de como a aprendizagem ocor‑
re por meio da TASHC implica o reconhecimento do conceito
de vygoskyano de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZPD),
que enfoca o papel do outro e o instrumento. Compreender
a ZPD implica reconhecer o papel do outro, pois as ações dos
sujeitos são motivadas e produzidas a partir das ações dos
outros, em situações em que os envolvidos agem colabo‑
rativamente na negociação e na produção de significados
que pressupõem novas organizações e não só aquisição de
conteúdos individuais.
Resumo de Paper
Considerando o livro didático como instrumento de grande
relevância no contexto escolar, partindo, dessa forma, do lu‑
gar que o livro didático ocupa no processo de ensino‑apren‑
dizagem, esse trabalho discute identidade de professores e
de professoras de inglês em relação às memórias que fazem
desta ferramenta ao longo de suas trajetórias como aprendi‑
zes da língua. Para isso, tomamos o discurso como ação so‑
cial cujos efeitos de sentido transformam práticas e sujeitos
nelas envolvidos e estabelece, a partir desta perspectiva, um
diálogo com os sentidos de identidade como definida a par‑
tir das relações eu‑outro e daquilo que constitui a diferença
entre ambos. Nesse sentido, essa pesquisa lança luz sobre
o papel do discurso como possibilidade para se compreen‑
der as constituições identitárias que se fazem nas tensões
entre estável‑provisório, individual‑social, simbólico‑mate‑
rial. Os resultados apontam para relações entre identidades
de professores e de professoras instanciadas no discurso da
obrigatoriedade e da sujeição e as memórias sobre livros
didáticos, por um lado, como bens de consumo compul‑
sórios e essenciais à vida escolar e, por outro, como recur‑
sos em que as tendências pedagógicas se fazem presentes.
Os dados indicam quanto ao discurso impositivo da escola,
a necessidade de que mais reflitamos sobre nossa atuação
como professores e professoras socialmente atuantes nos
contextos educacionais.
148
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ELISÃO: PROCESSO
DE SÂNDI EXTERNO
NA AQUISIÇÃO FONOLÓGICA
JULIANA RADATZ KICKHOFEL (UCPEL)
Resumo de Paper
O presente trabalho teve como objetivo analisar o emprego
do sândi vocálico externo na aquisição da fonologia do por‑
tuguês, em especial o processo de Elisão, com abordagem
fonética e fonológica dos dados, aliando análise acústica e
Teoria da Otimidade. Após a retomada dos estudos já reali‑
zados sobre o processo de sândi vocálico externo – Elisão–o
trabalho propôs uma análise acústica dos segmentos vo‑
cálicos envolvido no processo, e, subsequentemente, apre‑
sentou uma análise dos resultados com fundamento na
Teoria da Otimidade, a partir do Algoritmo de Aprendizagem
Gradual (GLA). O corpus foi constituído por dados de quatro
crianças falantes nativas do Português Brasileiro (PB) e uma
criança falante do Português Europeu (PE), com desenvolvi‑
mento fonológico normal, com idade de 2:0 a 3:0 (anos: me‑
ses), acompanhadas longitudinalmente. A análise acústica
dos dados do presente estudo permitiu a discussão da na‑
tureza do sândi vocálico externo, identificando apagamento
de segmento vocálico na Elisão, bem como chegou à identi‑
ficação das características da vogal resultante do processo.
Esses resultados ofereceram o suporte para a escolha das
restrições, particularmente da restrição MAXIO, na análise
embasada na Teoria da Otimidade. O estudo apontou não
apenas que uma única hierarquia de restrições explicita a
aplicação, pelas crianças, dos três processos de sândi, mas
também que, para tais processos, opera, na aquisição fono‑
lógica de crianças falantes de PB e de PE, a mesma hierarquia
de restrições proposta por Bisol (2003) para o uso da língua
por falantes adultos. Com os resultados obtidos, o estudo
pôde trazer mais uma evidência para o entendimento de
que a gramática da criança e a do adulto têm a mesma na‑
tureza, o que vem ao encontro dos pressupostos da Teoria
da Otimidade.
PROPOSTA DE PARÂMETROS
DE AVALIAÇÃO DE PROFICIÊNCIA
ESCRITA DESENVOLVIDOS
A PARTIR DA PERSPECTIVA
BAKHTINIANA DE LINGUAGEM
JULIANA ROQUELE SCHOFFEN (UFRGS)
Resumo de Paper
Este trabalho apresenta a proposta de parâmetros de avalia‑
ção de uso da linguagem desenvolvida por Schoffen (2009),
que define proficiência como “capacidade de produzir enun‑
ciados adequados dentro de determinados gêneros do dis‑
curso, configurando a interlocução de maneira adequada ao
contexto de produção e ao propósito comunicativo”. Esses
parâmetros foram desenvolvidos a partir da análise das
tarefas e das grades de avaliação da Parte Escrita de uma
edição do exame Celpe–Bras, e também de 181 textos pro‑
duzidos pelos examinandos. A análise revelou limitações
na operacionalização do conceito de uso da linguagem na
avaliação do exame, por não relacionar todos os compo‑
nentes do contexto de recepção e de produção sugeridos
pela tarefa na grade de avaliação e no processo de correção.
A partir da perspectiva bakhtiniana de linguagem – segundo
a qual a comunicação é organizada através de gêneros do
discurso, com base nas relações axiológicas estabelecidas
entre os interlocutores em determinado contexto de produ‑
ção – (Bakhtin, 1953, Bakhtin/Voloshínov, 1929), propomos
propõe novos parâmetros de avaliação para a Parte Escrita
do exame Celpe–Bras, buscando uma avaliação holística e
integrada das práticas de compreensão e produção a partir
da configuração da interlocução no texto. Essa avaliação
busca compreender o texto em sua singularidade a partir da
interlocução nele configurada, para então avaliar, a partir
dessa interlocução, quais e quantas informações e recursos
lingüísticos seriam necessários para cumprir o propósito do
texto dentro do contexto de produção solicitado. Repensar
a avaliação a partir dessa perspectiva traz vantagens para
o ensino e a formação de professores de línguas adicionais,
visto que considerar a relação entre todos os aspectos que
determinam a atualização do propósito de comunicação
implica em um (re)direcionamento dos objetivos de ensino,
de forma a tornar o agir por meio da linguagem a questão
central das práticas de ensino‑aprendizagem.
149
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
EFEITOS DE ESTRANHAMENTO
QUE EMANAM
DA LÍNGUA ESTRANGEIRA
EM FUNCIONAMENTO
JULIANA SANTANA CAVALLARI (UNIVÁS)
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS (RE)
VELADAS NA FORMAÇÃO
INICIAL DE PROFESSORES: UMA
(RE)LEITURA DE PRÁTICAS
EM ESTÁGIO SUPERVISIONADO
JULIANA ZEGGIO MARTINEZ (UFPR)
Resumo de Paper
A fim de propiciar um posicionamento discursivo e ideologi‑
camente engajado do aprendiz que entra em contato com
uma língua estrangeira, no caso: a língua inglesa (LI), o obje‑
tivo deste estudo é salientar a relação indissociável existente
entre língua, cultura e ideologia e o modo como tal relação
incide na produção de efeitos de sentido e de verdade que
emanam de enunciados formulados em uma língua estran‑
geira e que, por vezes, se apresentam como estranhos e sem
sentido ao aprendiz. Para tanto, com base na perspectiva
discursivo‑desconstrutivista, empreendeu‑se a análise de al‑
guns enunciados retirados de livros didáticos importados e
largamente utilizados em nosso país. Como regularidade, os
enunciados selecionados para análise neste estudo produzi‑
ram certo efeito de estranhamento nos aprendizes ao serem
proferidos, durante as aulas de LI, uma vez que seus possí‑
veis efeitos de sentido estavam diretamente atrelados ao co‑
nhecimento de aspectos culturais das nações e países cuja
língua nativa é a LI. A hipótese que ordenou este estudo e a
análise do corpus de pesquisa sugere que caso a intrínseca
relação entre língua, cultura e ideologia não seja levada em
conta no processo de ensino e aprendizagem de LI, muitos
sentidos produzidos por enunciados veiculados nos LD ficam
silenciados e/ou sem sentido, reduzindo a aprendizagem ao
nível gramatical ou estrutural da língua alvo. A análise dos
registros nos permitiu compreender que o desconhecimen‑
to de certos aspectos socioculturais que permeiam a língua
estrangeira impossibilita a apreensão de determinados efei‑
tos de sentido provavelmente intencionados pelo material
didático adotado, deixando a aula pouco significativa e, por
vezes, sem sentido.
Resumo de Paper
Esta apresentação relaciona políticas linguísticas e práticas
de estágio supervisionado em contexto de formação inicial
de professores. A proposta foi motivada pela realização de
um projeto de extensão em que alunos de Letras em está‑
gio supervisionado ministraram aulas em cursos de inglês
com fins acadêmicos para estudantes universitários em si‑
tuação de fragilidade financeira. O objetivo desses cursos
pressupunha que a função da educação fosse oportunizar
o acesso dos alunos ao mundo, principalmente aos mais
desfavorecidos, ou seja, havia um entendimento de que tais
cursos permitiriam aos participantes acesso às exigências
do mundo acadêmico, como futura participação em cursos
de Pós‑graduação e programas de mobilidade estudantil ou
outras atividades acadêmicas nas quais o domínio da língua
estrangeira é visto como condição basilar. Com o intuito de
(re)ler essas práticas de estágio constituídas pelos objeti‑
vos desse projeto, proponho nesta apresentação uma (re)
leitura desse contexto entendendo que toda política é uma
regra, um sistema que determina e é determinado por fun‑
ções sóciodiscursivas, e que portanto, políticas linguísticas
certamente impactam os papéis que constituem o ensino
de línguas (maternas, estrangeiras, adicionais). A crítica sur‑
ge do fato de nenhuma problematização ter sido promovi‑
da sobre as políticas linguísticas (re)veladas nesse contexto
de formação inicial. A ressignificação dessa relação – entre
políticas linguísticas e formação de professores – fundamen‑
ta‑se em dois conceitos: a banalização de Hanna Arendt, na
reflexão da necessidade de se pensar o impensado, e a im‑
possibilidade de emancipação em Jacques Rancière, apoiada
na desconstrução de conceitos como igualdade, democracia
e consenso.
150
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
“POR QUE É RELEVANTE
A CO‑CONSTRUÇÃO
DO CONHECIMENTO DURANTE
UMA ATIVIDADE DE LEITURA?”
AFETIVIDADE E ORALIDADE
NA APLICAÇÃO DO TEXTO
DRAMÁTICO PARA O ENSINO
DE LE
JULIANNE CORTEZ TAVARES (UERJ)
JÚNIO CÉSAR BATISTA DE SOUZA (UNB)
Resumo de Pôster
Resumo de Paper
Pensar sobre a relevância da co‑construção do conhecimen‑
to durante uma atividade de leitura pode ser justificada na
medida em que a sociointeração durante as aulas de leitura
em língua inglesa e a construção de conhecimento compar‑
tilhado (PCN–LE, 1998) começam a ser observadas. Neste
trabalho, adoto como perspectiva inicial, a natureza socioin‑
teracional da linguagem, na qual os atores sociais encon‑
tram‑se localizados em um determinado momento cultural,
social e histórico (PCN–LE, 1998). Assim sendo, afirmar que a
construção do significado é social e se efetiva através do dis‑
curso. Desta forma, busco entender como ocorre a socioin‑
teração em uma sala de aula de língua inglesa com foco em
leitura e como são recebidas pelos estudantes as atividades
com foco na co‑construção do conhecimento da língua du‑
rante essas aulas. Utilizando dados gerados durante o curso
de extensão do projeto de iniciação à docência “Aulas e ma‑
terial de leitura: uma perspectiva da formação docente em
língua inglesa”, reflito sobre a questão acima que se consti‑
tuiu no puzzle, cuja reflexão envolveu os alunos presentes,
no sentido de juntos buscarmos ‘trabalhar para entender’
(Moraes Bezerra e Rodrigues, 2012; Miller, 2010; Allwright,
1991, 2003). Além disso, a observação das atitudes dos par‑
ticipantes‑praticantes durante as atividades de leitura pro‑
postas também devem ser consideradas como elementos
relevantes para o processo de reflexão sobre a aprendiza‑
gem de leitura em língua inglesa. A condução desse pro‑
cesso reflexivo‑investigativo realizou‑se através da Prática
Exploratória (Moraes Bezerra e Rodrigues, 2012; Miller, 2010;
Allwright, 1991, 2003), uma forma inclusiva de buscar o en‑
tendimento de puzzles que surgem durante o processo de
formação docente, focalizando na “ação para o entendimen‑
to” (Miller, 2010). Desta forma, o relevante é fazer com que
alunos e professores, colaborativamente, investiguem as
questões que lhes instigam sobre ensinar, aprender e sobre
suas vidas em sala de aula.
O trabalho Afetividade e Oralidade na Aplicação do Texto
Dramático para o Ensino de LE discute a relação entre apren‑
dizes de língua estrangeira, em específico o Inglês, e a apli‑
cação do texto dramático, sob a perspectiva dos estudos
do escopo da Linguística Aplicada. Reflete a experiência de
uma pesquisa‑ação (Barbier, 2007) a respeito de um Curso
Temático realizado no 1º semestre do ano letivo de 2012 na
Universidade de Brasília utilizando a teoria dramática para
o ensino da língua inglesa e seu aspecto interdisciplinar.
Assim, apresenta resultados no que tange a afetividade dos
aprendizes bem como as trocas interacionais que exijam a
presença dos afetos e do corpo para que a comunicação se
torne mais livre e natural (Reis, 2011). Apoia‑se na afirmação
de Mastrella‑de‑Andrade (2011) sobre a importância de con‑
siderar que de fato o desejo dos alunos por desenvolver uma
competência linguística na língua‑alvo se constitui como
parte de grande importância no processo de ensino aprendi‑
zagem. Por fim, propõe uma reflexão a respeito da inter‑rela‑
ção desses aspectos supracitados e de considerar caminhos
alternativos como o uso de jogos dramáticos com vistas a
desenvolver a oralidade assim como a afetividade no ensino
de língua estrangeira.
151
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
POTENCIAIS DAS TICS PARA
UMA EDUCAÇÃO CRÍTICA:
NOVAS POSSIBILIDADES
EM CONTEXTO ESCOLAR
JUNOT DE OLIVEIRA MAIA (UNICAMP)
CONSCIENTIZAÇÃO LINGUÍSTICA
ATRAVÉS DAS ARTES:
O PROJETO ALMA‑H ENTRE
A PESQUISA E A COMUNIDADE
DE FALA MINORITÁRIA
JUSSARA MARIA HABEL (UFRGS)
Resumo de Paper
A ideia de uma escola que se contrapõe a uma orientação
reprodutora e repetitiva nasce a partir do posicionamento
político de alguns filósofos e educadores – notadamente,
nomes como os de Gramsci (1971), Freire (1974), Giroux (1983),
Aronowitz and Giroux (1985) e Braga (1990), filiados a uma
tradição analítica neomarxista – em relação ao papel mera‑
mente informativo que a educação tem assumido em boa
parte das salas de aula do Brasil e do mundo. Para esses pen‑
sadores, a educação deve ser formadora, motivando os es‑
tudantes a desenvolver pensamento crítico necessário para
entender, agir e, assim, transformar a sociedade em que vi‑
vem. Dessa forma, o objetivo do presente estudo é discutir
como essa transformação da sociedade, tão importante nos
ideais da Educação Crítica, pode ser potencializada a partir
do momento em que determinados recursos técnicos – no
caso, as TICs, Tecnologias de Informação e Comunicação –
permitem uma exposição pública de vozes locais, amplian‑
do, dessa maneira, as possibilidades de participação social
mais abrangente por parte dos sujeitos. Embora, em sua
origem, as TICs tenham sido geradas para servir ao processo
de globalização do mercado e da cultura – portanto, um in‑
teresse de elite –, elas trazem em sua essência um forte po‑
tencial de subversão e de desestabilização da ordem vigente.
Para exemplificar isso, estudos de caso específicos, como o
de Maia (2012), o qual relata como um sujeito, morador do
Complexo do Alemão, se apropria das TICs – especificamen‑
te, do uso de redes sociais – para ampliar suas ações de par‑
ticipação social, ilustram essa possibilidade, indicando no‑
vos caminhos a serem explorados pela educação crítica no
contexto escolar.
Resumo de Pôster
O presente trabalho tem por objetivo apresentar ações e
instrumentos de popularização da ciência desenvolvidos no
âmbito do Projeto ALMA‑H (Atlas Linguístico‑Contatual das
Minorias Alemãs na Bacia do Prata: Hunsrückisch) com a in‑
termediação de diferentes formas de arte. Parte‑se do pres‑
suposto de que o uso de linguagens artísticas auxilia em um
diálogo mais eficaz entre pesquisa linguística e comunida‑
des de fala minoritárias. A metodologia utilizada consiste no
desenvolvimento e implementação de uma série de estra‑
tégias, incluindo encontros de falantes, exibição de filmes,
saraus e antologia de poemas, além da constituição de um
acervo de dados artísticos que têm a língua como temática,
contatos com artistas e eventos teatrais, bem como partici‑
pação em ações de ordem sócio‑política, visando à promo‑
ção de uma consciência linguística sobre línguas minoritá‑
rias e plurilinguismo, em diferentes instâncias da sociedade
(v. ALTENHOFEN & BROCH 2011). Dá suporte a essas ações o
banco de dados do macroprojeto ALMA‑H, o qual reúne um
corpus de dados iconográficos e linguísticos de mais de 38
localidades de pesquisa na Bacia do Prata. Com isso, pre‑
tende‑se promover a conscientização linguística (language
awareness) sobre o papel da pluralidade linguística e das
línguas de imigração, como patrimônio cultural imaterial,
além de colaborar para o incremento de políticas linguísti‑
cas para a diversidade e pluralidade linguística no contexto
brasileiro. Entre os resultados mais significativos obtidos até
o momento, estão a Exposição “Línguas de Imigração Alemã
no Brasil” e o I Encontro de Falantes de Hunsrückisch. Além
de abrir as portas da Universidade à comunidade de fala mi‑
noritária, o Encontro serviu para testar algumas das estra‑
tégias desenvolvidas no ALMA‑H, como o sarau literário em
Hunsrückisch, as histórias hunsriqueanas e o carrossel de
línguas minoritárias. As ações executadas atestam a rele‑
vância do diálogo entre pesquisa e sociedade.
152
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
AVALIAÇÃO DA LEITURA
NO ENEM: O APOSTILADO
DO SISTEMA POSITIVO
DE ENSINO.
ACONSELHAMENTO
LINGUAGEIRO
NA APRENDIZAGEM DE LÍNGUAS:
AFETIVIDADE EM FOCO
KAMILA LAUANY LUCAS LIMA (UFG)
KAMILA SANTOS SANTANA (UFPA)
Resumo de Pôster
Resumo de Pôster
O presente trabalho tem como objetivo analisar o ensino
da leitura e da interpretação de textos escritos no aposti‑
lado do Sistema Positivo, usado pelos alunos de uma insti‑
tuição privada de ensino numa cidade do interior de Goiás
(Ensino Médio – EM). Observamos se ele mobiliza os saberes
e competências requeridos pela matriz de referência da área
de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias na avaliação do
ENEM e como isso é feito. Sob a ótica da pesquisa interpreta‑
tivista, procedemos a um levantamento dos gêneros discur‑
sivos/textuais que são apresentados ao aluno para leitura e
interpretação, intencionando observar se existe diversidade
deles no material didático, bem como analisando a forma
como são trabalhados com o aluno. Além disso, observamos
qual o suporte teórico subjacente à noção de habilidades
e competências pretendidas pela avaliação. Os resultados
deste estudo poderão indicar a necessidade de mudanças
nas políticas de elaboração de material didático dos siste‑
mas privados de ensino, tendo em vista que esse material
deve oportunizar ao aluno a vivência de situações em que
o conhecimento esteja relacionado com a realidade, objeti‑
vando a construção de competências, assim como prevê o
exame do ENEM.
O aconselhamento linguageiro (AL) é uma área da lin‑
guística aplicada que carece de maior investigação
(MOZZON‑McPHERSON; VISMANS, 2001). É um campo ainda
não totalmente definido, contudo podemos afirmar que
está ligado a outros construtos do ensino e da aprendiza‑
gem de línguas estrangeiras (LE), como autonomia (BENSON,
2001), motivação (DÖRNYEI, 2011), crenças (BARCELOS, 2007),
afetividade (ARNOLD, 1999) etc. Reinders (2008) define o
aconselhamento linguageiro como “uma forma de suporte
linguageiro” (REINDERS, 2008, p. 13). Ele afirma que “o pro‑
pósito do AL é proporcionar um direcionamento aos alunos
sobre a sua aprendizagem de línguas e fomentar o desenvol‑
vimento da autonomia do aprendente” (idem). No projeto
de pesquisa Aconselhamento linguageiro visando à autono‑
mia e à motivação na aprendizagem de línguas estrangeiras,
desenvolvido em uma universidade pública, utilizamos o
AL para auxiliar aprendentes com dificuldades na aprendi‑
zagem de LE e ajudá‑los a autorregular a própria aprendi‑
zagem. Damos atenção especial aos fatores afetivos, uma
vez que eles influenciam significativamente no sucesso ou
falha na aprendizagem (OXFORD, 1990). Este trabalho discu‑
te como o projeto supracitado tem ajudado um aprendente
do curso de Letras – habilitação em língua inglesa – a desen‑
volver a sua fluência na LE e se tornar mais seguro acerca da
sua produção oral. Nas sessões de AL promovemos a reflexão
acerca da aprendizagem, confrontamos crenças que atrapa‑
lham a aprendizagem e tentamos ajudar o aprendente a ga‑
nhar mais confiança ao produzir a língua alvo. Os resultados
mostram que o aprendente refletiu mais sobre a sua prática
e se sentiu mais seguro ao produzir a LE, melhorando assim
sua autoestima. Logo, acreditamos que o AL é profícuo para
auxiliar os alunos a enfrentar as suas dificuldades na apren‑
dizagem de LE, ajudando‑os a acreditar na sua autoeficácia
e tornando‑os conscientes da importância da afetividade na
aprendizagem de línguas.
153
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O ENSINO DE ALEMÃO
COMO LÍNGUA ADICIONAL
EM COMUNIDADES BILÍNGUES
PORTUGUÊS‑HUNSRÜCKISCH
PROFESSORES DE PORTUGUÊS
COMO LÍNGUA ESTRANGEIRA
EM FORMAÇÃO: UM ESTUDO
DE CASO
KAREN PUPP SPINASSÉ (UFRGS)
KARIN ADRIANE HENSCHEL POBBE RAMOS (UNESP ‑ FCLASSIS)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
No âmbito das pesquisas a cerca das línguas minoritárias, a
presente comunicação dará uma contribuição para as dis‑
cussões sobre as línguas brasileiras de imigração, trazendo
um recorte desse tema. Em nosso projeto de pesquisa Ens–
PH, desenvolvido na UFRGS, nos ocupamos com um contexto
e uma problemática específica, a saber, o contexto de conta‑
to linguístico português‑hunsrückisch no Rio Grande do Sul
e as questões relativas ao ensino de alemão para as crian‑
ças bilíngues dessas regiões. Muitas vezes, a citada língua
de imigração, a língua materna minoritária desses alunos
bilíngues, sofre de desprestígio e não vê sua relevância e seu
lugar respeitados no contexto escolar. Partimos do pressu‑
posto, contudo, de que essa variedade poderia contribuir
muito para o aprendizado da língua alemã padrão oferecida
na escola, se houvesse uma didática mais de acordo com a
realidade bilíngue em questão. Nesse sentido, a presente co‑
municação pretende mostrar resultados práticos de nossas
pesquisas e apresentar as propostas metodológicas que de‑
senvolvemos junto às escolas. Porém, mais que isso, preten‑
de discutir também o papel das políticas linguísticas nesse
contexto ainda tão carente de atenção.
O interesse pelo português do Brasil tem aumentado nos
últimos anos, refletindo uma tendência contemporânea de
maior estreitamento entre as diferentes culturas, bem como
um cenário favorável à economia brasileira no campo das
relações comerciais entre países. Seguindo esse movimento,
crescem atividades de ensino, pesquisa e difusão do portu‑
guês e, nesse sentido, surge um novo campo que deveria fa‑
zer parte dos currículos dos cursos de formação de professo‑
res de línguas, dadas as especificidades que a área contem‑
pla, uma vez que ensinar português como língua estrangeira
requer competências distintas da metodologia para o ensi‑
no da língua vernácula e da metodologia para o ensino de
línguas estrangeiras. Há que se considerar aspectos que di‑
zem respeito às concepções de língua, cultura, identidade e
processo de ensino e aprendizagem de línguas que os profes‑
sores em formação estão desenvolvendo para fundamentar
as suas práticas pedagógicas. O presente estudo tem como
objetivo refletir sobre o processo de formação de professo‑
res de Português Língua Estrangeira, no contexto de um
Centro de Línguas. Para tanto, nos propomos a oferecer aos
professores em formação um espaço de reflexão sobre suas
práticas e construção de saberes que possam vir a subsidiar
o ensino de PLE em outros contextos. Dessa forma, esse pro‑
jeto baseia‑se nas seguintes perguntas de pesquisa: a) como
os alunos de Letras em questão, professores em formação,
veem o ensino de PLE; b) que concepções de língua, cultura,
identidade e processo de ensino e aprendizagem de línguas
adotam; c) como se dão as relações interculturais no contex‑
to de ensino de PLE no Centro de Línguas em estudo. Como
instrumento de coleta de dados, utilizaremos as gravações
das reuniões de orientação de língua (com a docente respon‑
sável pelo projeto), gravações de aulas, atividades reflexivas
registradas em diários, entrevistas e questionários, os quais
serão analisados a partir de uma abordagem comunicativa
para o ensino de línguas.
154
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PESQUISA DE LÍNGUA
INGLESA EM AMBIENTE
ONLINE FUNDAMENTADAS
NA COMPLEXIDADE
KARIN CLAUDIA NIN BRAUER (Puc–SP)
KEYLA CHRISTINA ALMEIDA PORTELA (Puc–sp)
Resumo de Paper
Este trabalho pretende descrever e interpretar interfaces e
atividades de ensino aprendizagem consideradas relevantes
por professores de inglês, para alcançar o objetivo de incen‑
tivar e dar suporte aos alunos no desenvolvimento do ato de
pesquisa da língua inglesa em ambiente virtual sob o viés
da Complexidade. Deste modo, o intuito deste estudo é que
ocorra uma maior compreensão no desempenho do uso do
paradigma da complexidade em pesquisas online e conse‑
quentemente no manejo de textos relacionados ao ensino
aprendizagem sob este viés em ambiente online. A pesquisa
dará ênfase a professores do ensino médio. Os aportes teóri‑
cos para o estudo relacionados à Complexidade serão base‑
ados em Morin (2005), e sobre a educação a distância, inter‑
faces online do ambiente virtual em Valente( 2007). O foco
do estudo para o levantamento de textos será a abordagem
metodológica da hermenêutico‑Fenomenológica de Freire
(2005). Este trabalho tem como preocupação colaborar com
os profissionais e estudantes da área da educação e de lín‑
guas em ambiente virtual.
A TRANSPOSIÇÃO DOS
CONCEITOS DA LINGUÍSTICA
NO MANUAL DO PROFESSOR
EM LIVROS DIDÁTICOS
DE PORTUGUÊS
KARINA GIACOMELLI (UFPEL)
Resumo de Paper
Os livros didáticos de português vêm, nos últimos anos, pro‑
curando apresentar novas formas de trabalhar com a língua
e com a linguagem, incorporando novos conceitos advin‑
dos de diferentes campos da Linguística, principalmente
das teorias do texto, do discurso e da enunciação. Nesse
sentido, o objetivo deste trabalho é verificar, na análise do
manual do professor de livros didáticos quais dessas teorias
são citadas e como foram transpostas do campo científico
para o nível do ensino. Utiliza‑se o conceito de transposição
didática, ou seja, as transformações pelas quais passam o
saberes científicos quando são utilizados no sistema educa‑
cional. Consideram‑se os conteúdos de ensino produtos da
passagem de um conhecimento do saber para uma versão
didática. Assim, os conceitos linguísticos passam por dife‑
rentes etapas na sua didatização, ou seja, os conceitos de
um campo científico como a linguística textual, as teorias
da enunciação, as análise de/do discurso são modificados
para se tornar conteúdo a ser ensinado na escola. Porém,
há um processo intermediário: a transformação acontecida
quando essas teorias são apresentadas no manual que cons‑
ta nos livros didáticos. É essa primeira modificação, que visa
atualizar os professores e explicar/justificar o tratamento
da língua/linguagem presente no livro, o objeto de análise
deste trabalho.
155
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A FORMAÇÃO DO PROFESSORORIENTADOR: POR UMA
POLÍTICA LINGUÍSTICA CRÍTICOCOLABORATIVA-CRIATIVA
KARLA DANIELE DE SOUZA ARAÚJO (IFPE)
MARIA CRISTINA DAMIANOVIC (UFPE)
Resumo de Paper
O objetivo desta pesquisa é discutir a construção de conheci‑
mento na atividade social (ENGESTROM,2009) de orientação
acadêmica, vista como um espaço formativo entre orienta‑
dor e orientando (ARAÚJO,DAMIANOVIC,LINS e SILVA,2012) em
um paradigma crítico‑colaborativo‑criativo (LIBERALI, 2010).
Na atividade focal que analisamos, orientador e o orientan‑
do compartilham o objeto de elaborar, implementar e ava‑
liar um material didático para o ensino de espanhol como
língua estrangeira (DIÔGO, 2012) na comunidade de alunos
de Letras. Partimos dos pressupostos da Teoria da Atividade
Sócio‑Histórico‑Cultural (TASHC) (ENGESTRÖM, 1999),de
onde consideramos que interagir pela linguagem é uma for‑
ma política de agir na sociedade.Assim, entendemos que é
possível repensar o papel do orientador dentro da ativida‑
de social de orientação dentro de uma política linguística
(RAJAGOPALAN, 2009) arvorada em uma ética de interven‑
ção criativa em que a produção do conhecimento deveria
acontecer não como estrutura, mas como acontecimento
do sujeito pelo/para outro sujeito (SCHERER 2002: 12). Para
esta análise nos debruçamos sobre o processo dialógico
(BAHKTIN,1988) da construção do material didático focal, e
analisamos o papel da interação linguística entre orientador
e orientando ao longo da escrita de 3 unidades didáticas,nas
quais o orientador registra seus encaminhamentos por escri‑
to,em forma de notas. A partir da análise, percebemos, com
base em categorias enunciativas, discursivas e linguísticas
(LIBERALI, 2012),que os mecanismos pelos quais os discur‑
sos de ambos se entrelaçam ao longo da atividade indicam
que em uma pesquisa acadêmica o dogmatismo da palavra
científica, associado aos papéis que os sujeitos assumem,
favorecem o predomínio da palavra autoritária. No entanto,
ao longo do processo, mecanismos discursivos e linguísticos
indicam tentativas de abrir ao orientando situações de ação
criativa, evidenciando o potencial formativo da atividade
de orientação.
ALFABETIZAÇÃO: UMA
ABORDAGEM CULTURAL
KARLA EPIPHANIA LINS DE GOIS (EMMB)
Resumo de Paper
Partindo da premissa “a leitura do mundo precede a leitura
da palavra”, pretende‑se neste estudo dialogar com a lin‑
guagem enquanto identidade e seu papel importante de
preparar os sujeitos para a alfabetização (Freire;Donato,
2009). Na literatura atual são encontradas várias discussões
sobre metodologias de como se obter resultados satisfató‑
rios em relação à leitura e escrita, mas é ignorado que para
os sujeitos, a alfabetização é parte das expressões culturais.
Pensando assim, resolve‑se investigar qual a importância
dada a linguagem como identidade no ensino fundamental,
como é tratada no dia a dia, como mote para a alfabetização,
e como é aproveitada a cultura oral nesse processo. Para isso,
são investigados os textos orais que circulam popularmente,
ou seja, a expressão oral dos sujeitos presentes na escola, a
partir de parlendas, brincadeiras orais e músicas, como for‑
ma de valorizar os saberes existentes. Pois, entende‑se que
a apropriação do conhecimento se dá no movimento contí‑
nuo de reflexão e ação. Espera‑se que esta reflexão contribua
para uma compreensão da língua como cultura, um fenô‑
meno social, que é utilizada para a expressão do mundo pe‑
los sujeitos que a usam, força mediadora do conhecimento,
sendo ela mesma conhecimento.
156
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
FORMAÇÃO CONTINUADA
DE PROFESSORES:
UMA PERSPECTIVA
INSERIDA NA PROPOSTA
DOS LETRAMENTOS
TOPONÍMIA
E INTERDISCIPLINARIDADE: UMA
PROPOSTA DE ESTUDO APLICADA
AO ENSINO
KARYLLEILA DOS SANTOS ANDRADE (UFT)
KARLA FERREIRA DA COSTA (USP/ CNA)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
As várias transformações ocorridas no mundo em função
do fluxo de informações causadas pelas novas tecnologias
de informação têm reflexo na vida social e privada na so‑
ciedade contemporânea. Neste contexto, a língua tem um
papel importante no processo de disseminação e transna‑
cionalização de informações e conhecimentos, podendo‑se,
então, questionar: como a formação de professores de lín‑
gua inglesa tem sido proposta para atender tais mudanças?
Pesquisadores como Monte Mór (2011), Kumaravadivelu
(1994) apontam que a formação de professores de língua in‑
glesa nos moldes tradicionais, com ênfase na metodologia,
já não dá conta de preparar o professor e alunos para socie‑
dade atual. A escola, nessa perspectiva, assume um espaço
de ressignificação de teorias contextualizadas localmente
(Monte Mór, 2007; Maciel, 2011) e de desenvolvimento de
agências. Esta apresentação tem por objetivo relatar o re‑
sultado parcial de uma proposta de formação de professo‑
res de língua inglesa direcionada à rede municipal de Campo
Grande. A pesquisa busca considerar o histórico de formação
desses professores, bem como desta pesquisadora‑forma‑
dora com experiência em treinamentos para professores em
escolas de idiomas, redefinindo a abordagem de formação
segundo uma perspectiva de auto‑crítica (Takaki, 2011), com
base nas teorias de novos letramentos e letramento crítico
( Cope & Kalantzis, 2000; Kress,2006, Lankshear & Knobel
2002, 2006, Monte Mór 2011, Menezes de Souza,2011).
Os estudos toponímicos, dentro do alcance interdisciplinar
de seu objeto de estudo, constituem um caminho possível
para o conhecimento do modus vivendi das comunidades
linguísticas, que ocupam ou ocuparam um determinado es‑
paço. Quando um indivíduo ou comunidade linguística atri‑
bui um nome a um acidente humano ou físico, revelam‑se
aí tendências sociais, políticas, religiosas, culturais. Todo
nome de lugar resguarda um motivo, uma história, traços
culturais, históricos e linguísticos, uma motivação toponí‑
mica. Conhecer aspectos socioculturais, geomorfológicos,
psicológicos e linguísticos faz parte do estudo do topôni‑
mo. É neste contexto que devemos pensar este estudo: uma
ação e um fazer interdisciplinar como prática pedagógica.
A proposta deste trabalho vincula‑se ao estudo da toponí‑
mia no contexto do ensino de Geografia e História, consi‑
derando a teoria da interdisciplinaridade. Para realizar essa
discussão, utilizaremos como abordagem teórico‑metodo‑
lógica, no campo da toponímia, os trabalhos de Dick (2004,
1999, 1990), e os estudos de Fazenda (1998), (2003) e (2009)
e Morin (1990) no campo da interdisciplinaridade e na teoria
da complexidade. Como metodologia de trabalho, optare‑
mos pelo método qualitativo. Por ter um enfoque indutivo,
de caráter descritivo, a pesquisa qualitativa compreende um
conjunto de técnicas interpretativas que visam a escrever e
a decodificar os componentes de um sistema complexo de
significados. Compreendemos que a teoria e a metodologia
que serão utilizadas neste estudo estão relacionadas com a
perspectiva do pensamento complexo, que aborda a teoria
e o método como sendo indispensáveis ao conhecimento
complexo. Esta pesquisa está situada também no campo de
estudo sobre formação continuada de professores, vincula‑
do aos estudos toponímicos numa perspectiva interdiscipli‑
nar. Tal filiação se justifica pelo nosso interesse em contribuir
com a formação inicial do professor, realizada nas disciplinas
de História e Geografia.
157
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A PRÁTICA REFLEXIVA
DO PROFESSOR DE LÍNGUA
INGLESA: UMA ANÁLISE
A PARTIR DE DIÁRIOS DE BORDÔ
DE ACADÊMICOS DO PIBID
O APRENDIZ AUTÔNOMO DE LE:
IDENTIFICAÇÃO, PROFICIÊNCIA
E REPRESENTAÇÕES NA RELAÇÃO
COM A ALTERIDADE
KÁTIA HONÓRIO DO NASCIMENTO (ufmg)
KATIA BRUGINSKI MULIK (UFPR)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
A prática reflexiva é um dos temas recorrentes nas pesqui‑
sas sobre formação de professores e suscita debates tanto
no que diz respeito à formação continuada quanto a inicial.
Nesta pesquisa focamos nesta última partindo da análise de
diários de bordô produzidos por acadêmicos de Letras par‑
ticipantes do Programa de Bolsas de Iniciação a Docência
(PIBID) na disciplina de língua inglesa de uma universidade
federal no Paraná. Tais diários foram produzidos com base
em observações e regências realizadas pelos acadêmicos e
depositados em um site que é restrito a pesquisadores da
universidade e integrantes do grupo. A análise dos dados é
de caráter interpretativista e busca evidências que sinalizem
como os integrantes do PIBID constroem sua prática refle‑
xiva a partir de observações de aulas de outros professores
e como isso reflete na prática docente dos próprios aca‑
dêmicos dentro do programa. Dentro dessa proposta nos
pautamos nos trabalhos de Zeichner (2008), Akibari (2007),
Pimenta (2002) e Rodgers (2002) para discutimos o concei‑
to de prática reflexiva dentro de uma perspectiva crítica e
Contreras (2012) para relacionarmos a prática reflexiva com
a autonomia do professor. Nossa análise favorece para que
compreendamos que a prática reflexiva não é algo do acaso
e é ferramenta essencial para que se construa uma postu‑
ra profissional ética e crítica, por isso deve ser instigada ao
longo da formação inicial e permear toda a carreira docente.
Os aprendizes autônomos de LE são considerados centra‑
dos e conscientes de sua aprendizagem, supondo controle
e autorregulação (BERTOLDO, 2003). Diferentemente dessa
abordagem, uma corrente de pesquisa em LA os vê como su‑
jeitos‑língua que tomam “outra posição subjetiva” durante a
aprendizagem ao “estabelecer outros elos imaginários e sim‑
bólicos em seu processo de enunciação em outras línguas”
(NEVES, 2006, p. 45). Esta assertiva remete‑nos ao objeto de
estudo da pesquisa: o encontro de um aprendiz de língua in‑
glesa (LI) com a alteridade. A pesquisa se orienta pela hipóte‑
se de que a partir desse encontro emergem representações
criadas pelo sujeito‑aprendiz sobre o Outro e sua língua, que
o conduzem a atitudes autônomas em sua aprendizagem.
Os resultados da pesquisa mostram um aprendiz pautando
seu alto nível de autonomia de aprendizagem pela identifi‑
cação com o país estrangeiro como um novo lugar, diferente
e melhor que aquele de seu país natal. Ao resvalar na língua
do Outro e ao buscar uma proficiência na LI, o (Outro) (e a
língua) estrangeiro(a) idealizado(a)(s) começa(m) a ser vi‑
vido(s) como (uma) possibilidade(s) de escolha do mestre
de seu gozo (PRASSE, 1997) e do (des)locar‑se, mudando de
condições de vida. A pesquisa se desenvolve sob os subsídios
teórico‑metodológicos da Análise do Discurso Francesa e da
Psicanálise (PÊCHEUX e FUCHS, 1975/2010; ORLANDI, 2005)
como domínios que explicitam a identidade/identificação de
aprendizes autônomos, visto que estes se orientam por pro‑
cessos outros que manifestam representações simbólicas e
imaginárias que geram (des)locação.
158
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
CRENÇAS DE PROFESSORES
DE INGLÊS
E O DESENVOLVIMENTO
DA AUTONOMIA
KEISE PEGORARO ROSA (UFRJ)
CAMILA DA SILVA CHAVES (UFRJ)
O DIFERENCIAL DO PARADIGMA
COMPLEXO NA CAPACITAÇÃO
DOS PROFISSIONAIS
DE SECRETARIADO EXECUTIVO
EM CURSOS ONLINE.
KEYLA CHRISTINA ALMEIDA PORTELA (Puc–sp)
KARIN CLAUDIA NIN BRAUER (Puc–SP)
Resumo de Pôster
Segundo Barcelos (2004:145) “Ter consciência sobre nossas
crenças e ser capazes de falar sobre elas é um primeiro passo
para professores e alunos reflexivos”. Sendo assim, este tra‑
balho pretende entender as crenças de professores de língua
inglesa do projeto CLAC–UFRJ, em relação ao desenvolvimen‑
to da autonomia de seus alunos. Como fundamentação teó‑
rica, consideramos as versões de autonomia sociocultural I e
II propostas por Oxford (2003). Segundo a autora, na versão
de autonomia sociocultural I, o foco é o ensino mediado por
meio da interação com o par mais experiente. Já na versão
sociocultural II, o foco é na interação para participação na
comunidade de prática. Além disso, nos baseamos no con‑
ceito de crenças proposto por Barcelos (2006), de que cren‑
ças são formas dinâmicas de pensar, perceber e entender
o mundo; não são construídas de forma isolada, e sim em
contextos sociais e individuais através de processos intera‑
tivos de ressignificação, “uma forma de pensamento, cons‑
truções da realidade, maneiras de ver e perceber o mundo e
seus fenômenos, co‑construídas em nossas experiências re‑
sultantes de um processo interativo de interpretação e (re)
significação. Como tal, crenças são sociais (mas também in‑
dividuais), dinâmicas, contextuais e paradoxais.” (BARCELOS,
2006:18). Esta é uma pesquisa qualitativa de cunho etnográ‑
fico cuja metodologia de pesquisa consistirá na aplicação de
um questionário que nos ajude a entender essas crenças dos
professores no que se refere ao desenvolvimento da autono‑
mia de seus alunos. Selecionaremos os cinco questionários
que nos chamarem mais atenção para que com esses profes‑
sores façamos uma entrevista, na qual eles aprofundarão o
conteúdo abordado no questionário.
Resumo de Paper
O objetivo deste trabalho é mostrar o diferencial do para‑
digma complexo na capacitação dos profissionais de secre‑
tariado executivo em cursos online. Este paradigma é ino‑
vador para estes profissionais, tendo em vista que ele traz
a ideia de ter mais de uma forma de executar uma tarefa, o
conhecimento é visto como não linear e nem fragmentado
como ocorre no paradigma tradicional. Os secretários exe‑
cutivos são profissionais, agentes de mudanças e possuem
visão holística dentro de uma organização, assim o paradig‑
ma complexo dialoga com este profissional. Esta pesquisa
será realizada em um ambiente virtual utilizando o Moodle.
Como base teórica seguirá o viés da complexidade de Morin
(1999, 2002, 2005), o curso online seguirá o modelo de
Design Educacional Complexo (Freire, 2012) e como aporte
metodológico para análise dos textos a abordagem herme‑
nêutico‑fenomenológica (van Manen, 1990). Com o objetivo
de demonstrar o diferencial do paradigma complexo, será
realizado um curso online com profissionais de secretariado
no qual um grupo seguirá este paradigma e o outro o para‑
digma tradicional. Esta pesquisa pretende mostrar as vanta‑
gens e o diferencial no processo de aprendizagem quando se
utiliza de um paradigma inovador e de auto‑renovação.
159
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ENSINO‑APRENDIZAGEM
DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
PARA CRIANÇAS E (TRANS)
FORMAÇÃO CIDADÃ:
MULTILETRAMENTOS,
PLURILINGUISMO
E TRANSCULTURALIDADE
KLEBER APARECIDO DA SILVA (UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA)
Resumo de Paper
Esta sessão reúne trabalhos voltados ao ensino‑aprendiza‑
gem de língua estrangeira (LE) nos anos iniciais da escolari‑
zação (Ensino Fundamental I), com vistas à reflexão sobre as
diversas materialidades do processo nesse contexto e com
foco na (trans) formação cidadã (ROCHA, 2012, 2010; ROCHA,
TONELLI & SILVA, 2010; ROJO, 2010, 2009; MOITA LOPES & ROJO,
2004). Ao ser (re) conhecida como um dos importantes le‑
tramentos para o engajamento social e discursivo do cida‑
dão no mundo atual (ROCHA, 2010), densamente multise‑
miotizado e marcado pela pluralidade cultural e identitária,
a língua estrangeira revela‑se, ao lado de muitos outros, um
elemento central na formação para a cidadania crítica, tam‑
bém no que diz respeito ao Ensino Fundamental I (ROCHA,
TONELLI & SILVA, 2010). Nessa perspectiva, são muitos e va‑
riados os fatores que merecem atenção, visando a um ensino
de língua estrangeira efetivo, crítico e compatível com as ca‑
racterísticas da sociedade contemporânea (ROCHA & BASSO,
2008), no que diz respeito ao modo como hoje ocorrem as
relações humanas por meio da linguagem, em suas múlti‑
plas formas ou semioses (HIGGINS, 2009). Nesse contexto,
orientando‑se principalmente por uma visão enunciativa de
linguagem (BAKHTIN, 2004 [1929]; 2003 [1953]) e sociointera‑
cional de aprendizagem (VYGOTSKY, 1978), o principal objeti‑
vo desta sessão é discutir estudos voltados a mapeamentos
da área, parametrizações, material didático, interação em
sala de aula e avaliação, no que diz respeito à língua estran‑
geira nos anos iniciais do Ensino Fundamental I, na medida
que, entre tantos outros, esses temas revelam‑se centrais
para ações positivas rumo a um processo educativo mais
informado, significativo e emancipatório (ROCHA, 2012, 2010,
2006; GIMENEZ, 2010; ROCHA, SILVA & TONELLI, 2010; ROJO,
2010; FREIRE, 2004).
TECNOLOGIAS DA INFORMAÇÃO
E DA COMUNICAÇÃO NO ENSINO
PRESENCIAL DA UFES
KYRIA REBECA FINARDI (UFES)
Resumo de Paper
O objetivo deste trabalho é descrever uma ação realiza‑
da em conjunto com UAB/CAPES/UFES, por intermédio do
Núcleo de Educação a Distância–Ne@ad da UFES, caracteri‑
zada como curso de formação continuada para a utilização
das TICs no ensino presencial. Trata‑se da primeira etapa do
curso à distância denominado Tecnologias da Informação e
da Comunicação no Ensino Presencial da UFES que teve du‑
ração de 06 meses e foi dividido em 5 módulos, a saber: 1)
Ambientação de plataforma Moodle e conferência Web; 2)
Recursos de mediação em educação online; 3) Integração de
mídias na educação I; 4) Integração de mídias na educação
II e 5) Fundamentos em Educação a Distância. Um total de
176 alunos distribuídos entre 119 servidores técnico‑adminis‑
trativos e 57 professores da UFES participaram do curso. Este
trabalho faz uma breve descrição do curso reportando resul‑
tados preliminares do uso das tecnologias da informação e
comunicação no ensino presencial por parte dos professores
que integraram o curso. Para tanto, a análise se baseou em
dados quantitativos (número de atividades realizadas du‑
rante o curso e acesso por parte dos professores) além de
dados qualitativos (entrevistas com professores sobre o uso
das tecnologias aprendidas no curso no ensino presencial).
Em geral, o estudo sugere que cursos de formação de pro‑
fessores para o uso de tecnologias da informação e comuni‑
cação no ensino presencial são necessários e devem vir con‑
jugados com ações institucionais no sentido de incentivar
e monitorar o acesso a ferramentas tecnológicas por parte
dos professores.
160
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A RECONFIGURAÇÃO
DO PROGRAMA NACIONAL
DO LIVRO DIDÁTICO
LARISSA GOULART DA SILVA (UFRGS)
SIMONE SARMENTO (UFRGS)
Resumo de Pôster
Este trabalho apresenta resultados da pesquisa “O Programa
Nacional do Livro Didático no Cotidiano Escolar na Educação
Linguística” desenvolvida na UFRGS. Essa pesquisa visa des‑
crever o processo de implementação dos livros didáticos(LD)
aprovados pelo PNLD de Língua Estrangeira(PNLD/LE) nas
escolas públicas de Porto Alegre e como os atores sociais,
neste caso, professores reconfiguram esta política edu‑
cacional em seus cenários. O PNLD/LE teve seu início em
2011 e apresenta algumas diferenças com relação aos ou‑
tros componentes curriculares: são de caráter consumível
e são acompanhados de um CD. Consoante a projetos em
Linguística Aplicada comprometidos com o empoderamen‑
to da escola, propomos um trabalho de co‑autoria e colabo‑
ração com os educadores participantes da pesquisa. Dessa
forma, a pesquisa propõe‑se a disseminar boas práticas no
que diz respeito ao uso do LD, apesar das dificuldades ine‑
rentes as políticas educacionais. A coleta de dados se deu
por meio de questionários e entrevistas realizadas em 2011
com os professores das escolas referidas e por observações
das aulas de uma professora de Inglês. As perguntas do ques‑
tionário e das entrevistas tinham por objetivo verificar se:(1)
os professores participaram da escolha do LD;(2) as escolas
receberam LDs em quantidade suficiente;(3) os professores
estão utilizando o LD em suas aulas e, caso positivo como.
Os resultados apontam uma grande diversidade de cenários
com relação à escolha, quantidade e uso do LD, com algu‑
mas dificuldades em entender as especificidades do PNLD/
LE e utilizar o LD em sala de aula. Entretanto, apesar de a
maioria das escolas não ter recebido LDs em quantidade su‑
ficiente, alguns professores criaram formas alternativas do
uso do LD, não previstas pelo PNLD. De uma forma geral, o
PNLD/LE parece estar trazendo benefícios para o ensino de
LE nas escolas investigadas.
REPRESENTAÇÃO DE ATORES
SOCIAIS EM DISCURSOS
SOBRE ENSINO E TRADUÇÃO
NA FORMAÇÃO INICIAL
DE PROFESSORES DE FRANCÊS
LÍNGUA ESTRANGEIRA
LARISSA MARIA FERREIRA DA SILVA RODRIGUES (UFC)
Resumo de Paper
Este resumo contempla parte de uma pesquisa desenvolvi‑
da no Mestrado em Linguística na Universidade Federal do
Ceará. Nosso objetivo é investigar como atores sociais são
representados em discursos sobre tradução e ensino na for‑
mação inicial de professores de francês língua estrangeira
(doravante FLE). Durante aulas observadas em disciplinas
de Tradução do Francês I e II, de um curso de graduação em
Letras/Francês de uma universidade pública do estado do
Ceará, foi possível observar que alguns alunos elaboravam
discursos acerca do uso da tradução na sala de aula, mas
não questionavam o conhecimento estabelecido pelos pro‑
fessores. Pelo viés da análise de discurso crítica (ADC), que,
segundo Fairclough (2003), é concebida como uma aborda‑
gem científica interdisciplinar voltada para estudos críticos
da linguagem como prática social, esses discursos são defi‑
nidos como diferentes perspectivas de representar o mun‑
do. Desta forma, para averiguar como os atores poderiam
representar a si e a outros, tivemos como base os conceitos
de discurso e de significado representacional (discursos), em
Fairclough (2003), e a categoria representação de atores so‑
ciais, em van Leeuwen (1997). Coletamos os dados a partir de
questionários, entrevistas e algumas notas de campo, o que
caracteriza a pesquisa como qualitativa e observação parti‑
cipante; esta última porque o pesquisador além de observar,
participou ativamente das atividades que aconteciam no
ambiente que selecionou para coletar os dados. Os resulta‑
dos indicam que alguns alunos ofuscam sua agentividade,
tornando‑se alheios ao uso da tradução em sala; outros en‑
fatizam sua agentividade, apresentando‑se como professo‑
res que utilizam a tradução, quando julgam necessário, se‑
guindo, de uma forma geral, o que é divulgado na Academia
por seus formadores, sem questionar o formato de ensino.
161
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
DISCURSIVIDADES SOBRE
O “ENSINO BILÍNGUE”
(PORTUGUÊS/INGLÊS):
ACONTECIMENTO, MEMÓRIA,
SUBJETIVIDADE
A CONSTRUÇÃO
DE SIGNIFICADOS E IDENTIDADES
NAS NARRATIVAS DE AMOR
ROMÂNTICO DE LEITORAS
ADULTAS DA SÉRIE CREPÚSCULO
LAURA FORTES (USP)
LAURA MENDES PIRES (UFRJ)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Nossa atual pesquisa de doutorado tem se dedicado princi‑
palmente ao estudo discursivo do currículo de língua ingle‑
sa em escolas denominadas “bilíngues” no sistema educa‑
cional brasileiro. Pretendemos, neste trabalho, aprofundar
nossa reflexão a respeito de algumas discursividades sobre
o currículo de língua inglesa que têm circulado em institui‑
ções escolares “bilíngues” de Educação Infantil. O corpus
que construímos para esta análise compreende enunciados
produzidos pelo discurso oficial – documentos do MEC e dos
Conselhos de Educação a respeito do funcionamento dessas
instituições escolares “bilíngues” – e enunciados produzidos
pelo discurso institucional – propostas curriculares divul‑
gadas nos sites de 5 escolas “bilíngues”. A análise mobilizou
conceitos da Análise de Discurso, dentre os quais destaca‑
mos enunciado, acontecimento, memória discursiva e sub‑
jetividade. No decorrer da análise, procuramos interpretar
o surgimento e a expansão da “escola bilíngue” como um
acontecimento que irrompe na memória discursiva que sus‑
tenta os discursos das propostas curriculares, produzindo
efeitos, tanto de desestabilização/reconfiguração quanto de
absorção de dizeres já estabilizados. Concluímos que tanto
no discurso oficial quanto no discurso institucional a repre‑
sentação da “criança bilíngue” está ancorada em discursivi‑
dades de natividade, em que o “falante nativo” constitui um
modelo para a produção linguística. Assim, o ensino “bilín‑
gue” é significado como um lugar em que esse ideal poderá
ser alcançado, produzindo um processo discursivo que ins‑
taura a legitimação do ensino de inglês na escola “bilíngue” e,
ao mesmo tempo, reitera a deslegitimação do ensino de in‑
glês na escola “não‑bilíngue”. Observamos que tal processo
de discursivização do acontecimento ensino “bilíngue” tem
produzido novas posições para o sujeito‑criança (brasileiro)
em sua relação com a língua inglesa, inserindo‑o nos novos
modos de subjetivação da sociedade contemporânea.
A presente pesquisa objetiva investigar a construção do gê‑
nero feminino no discurso de amor romântico de leitoras
adultas da série de livros best‑seller Crepúsculo. O estudo
justifica‑se dado que a série, voltada para o público femini‑
no adolescente, teve também grande aceitação por parte de
mulheres adultas que, ao mesmo tempo em que se identifi‑
cam com ideais feministas, parecem desejar o mesmo tipo
de “príncipe encantado” por quem a protagonista dos livros
se apaixona. Como pressupostos teóricos, considero a “cri‑
se de identidade” do sujeito contemporâneo (Hall, 2006), a
noção de identidades como construídas socialmente atra‑
vés de instâncias discursivas (Moita Lopes, 2002), a com‑
preensão do gênero como desempenhado através de per‑
formances (Butler, 2003 [1990]) e as teorizações de Giddens
(1993) e Bauman (2006) sobre amor e relacionamentos na
contemporaneidade, entendendo que a forma como indiví‑
duos experienciam o amor não é natural e universal (Freire
Costa, 1998), mas responsiva ao contexto cultural em ques‑
tão (Rezende e Coelho, 2010). A metodologia de pesquisa
consiste em entrevistas semiestruturadas com um grupo de
mulheres que se encaixam no perfil mencionado. Espera‑se,
através dos dados gerados, entender como a ideologia do
amor romântico afeta as visões sobre relações amorosas
dessas mulheres e como o gênero feminino é desempenhado
e construído no discurso das participantes da pesquisa em
relação à ideologia de amor romântico presente no livro.
162
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ENSINO/APRENDIZAGEM
DE ESPANHOL COMO LÍNGUA
ADICIONAL EM CURSOS PROEJA
DO IFSC
NARRATIVE BRIDGING
EXPERIENCES IN FOREIGN
LANGUAGE CLASSROOMS: FROM
TAXONOMY TO FRAMEWORK
LAURA RODRIGUES DE LIMA (IFSC)
LAURA STELLA MICCOLI (UFMG)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Este trabalho pretende apresentar uma reflexão sobre
as práticas pedagógicas desenvolvidas por professoras
de Espanhol em dois cursos do Programa Nacional de
Integração da Educação Básica com a Educação Profissional
na Modalidade de Educação de Jovens e Adultos (PROEJA)
do Instituto Federal de Santa Catarina (IFSC). Desenvolvido
numa perspectiva etnográfica, o objetivo deste estudo qua‑
litativo e interpretativo é investigar se as práticas desenvol‑
vidas pelos atores do PROEJA se relacionam com as concep‑
ções críticas e sociointeracionistas presentes nos documen‑
tos que regulamentam o ensino/aprendizagem de Espanhol
como língua adicional. Além disso, busca analisar se tais
práticas podem contribuir para o enriquecimento científi‑
co, cultural, político e profissional e para o efetivo exercício
da cidadania, sendo essa a finalidade do PROEJA, de acordo
com seu documento base (BRASIL, 2007). Fundamentado
em estudos que tratam da Educação de Jovens e adultos, do
ensino/aprendizagem de Espanhol e da educação intercultu‑
ral, este estudo está situado na área da Linguística Aplicada,
conduzido com base em uma perspectiva crítica e política de
ensino de língua estrangeira. A análise dos dados gerados
até o momento aponta que algumas práticas linguísticas
são mais significativas para os alunos, pois atendem aos
seus propósitos, e para o objetivo de promoção do exercício
pleno da cidadania através da prática da linguagem. São
aquelas planejadas e desenvolvidas por professoras e alunos,
de forma conjunta, e que fomentam construções multilín‑
gues e multiculturais.
Narrative bridging experiences in foreign language class‑
rooms: from taxonomy to framework Laura Miccoli UFMG
In this paper, the significant of role of narrative to disclose
the relatedness of experiences lived by teachers and students
in foreign language classrooms is discussed. Starting from
a review of mainstream research in Applied Linguistics and
mapping the evolution of the field that has led to alternative
models of SLA (Atkinson 2011), in which experience research
fits, the expansion and transformation of the initial ‘tax‑
onomy’ (Miccoli 1997, 2010) into a framework of classroom
experiences (Miccoli forthcoming) is presented. The use of
the original taxonomy to analyze different types of narra‑
tive data from students (Miccoli 1997, 2000, 2003; Bambirra,
2009, Souza e Silva 2011, Ferreira 2012) and from teachers
(Miccoli 2006, 2010, Coelho 2011, Zolnier, 2011, Vianini, 2012)
over the last 15 years has demanded this review. From an
original distinction among ‘direct’ as ‘indirect’ experiences,
Miccoli moves towards viewing experiences, not as isolated,
but as related events, as a consequence of the intertwined
nature of classroom experiences as narrated by teachers
and students. Narrative data will illustrate the need for
changing nomenclature. The argument defended is that the
framework can provide a starting point to map the nature
of classroom experiences as an initial discrete methodology
for comprehending the relatedness of various experiences in
language classrooms that yields holistic analyses that dis‑
close the complexity of foreign language teaching and learn‑
ing (Miccoli and Vianini 2012). Finally, the implication of such
change in nomenclature for classroom research that aims to
understand events in foreign language is addressed.
163
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
CRENÇAS DE PROFESSORES
SOBRE PESQUISAS
RELACIONADAS AO PROCESSO
DE ENSINO E APRENDIZAGEM
DE LE – UM ESTUDO “Q”
LAURO LUIZ PEREIRA SILVA (UFU / ILLEL / PPGEL)
ESCRITA DE DIÁRIOS
POR PROFESSORES
EM FORMAÇÃO: DA QUEIXA
À RESPONSABILIZAÇÃO
E AS IDENTIFICAÇÕES
PSICANALÍTICAS
LAURO TAKE TOMO VELOSO (UNITAU ‑ FAC. ANHANGUERA)
Resumo de Paper
Com este trabalho, objetivamos principalmente investigar
as cognições de docentes de LE (inglês) da rede pública de
ensino e de professores formadores de universidades públi‑
cas federais sobre estudos na área de ensino‑aprendizagem
de LE. Para tanto, procuramos não só identificar as cog‑
nições dos professores sobre as pesquisas na LA e sobre os
possíveis resultados dessas pesquisas em relação à prática
docente, mas também analisar e contrastar as expectativas
dos formadores em relação às pesquisas realizadas nos con‑
textos de escolas púbicas, visando à interlocução teoria e
prática. Como referencial teórico, discutimos a relação teo‑
ria e prática, à luz da LA, e a noção de professor como sujeito
do conhecimento, de acordo com Bertoldo (2007), Connely;
Clandinin (1988, 1995), Tardif (2002, 2008). Como aborda‑
gem de pesquisa recorremos à Metodologia Q, que utiliza o
programa PQMethod 2.11. A partir das análises pudemos per‑
ceber que, de forma geral, há múltiplos fatores subjetivos,
de ordem social e cultural que influenciam a prática, ações
e tomada de decisões dos professores e formadores partici‑
pantes em relação ao processo de ensino‑aprendizagem de
LE na rede pública de ensino. A diversidade de questões que
emergiram e cognições muitas vezes contraditórias apon‑
tam para a natureza multifacetada e complexa do processo
de ensinar e aprender a língua estrangeira no referido con‑
texto. Observamos ainda que os professores da rede pública
acreditam que as pesquisas são de fundamental importân‑
cia para embasar a sua prática e contribuem de forma signi‑
ficativa para o processo de ensino‑aprendizagem de LE. Por
meio das pesquisas, artigos e publicações de LA os formado‑
res podem estar mais próximos do docente de LE da rede pú‑
blica, contribuindo para a formação continuada desses pro‑
fissionais, promovendo a melhoria do ensino de LE (inglês).
Resumo de Paper
A condição de trabalho do professor nos níveis de ensino bá‑
sico, sobretudo da rede pública de ensino, tem sido o motivo
de afastamentos e mesmo de exoneração de seus cargos pú‑
blicos. De queixas enunciadas por acadêmicos de pedagogia
de uma instituição de ensino superior acerca da indisciplina
discente, percebida durante seu estágio curricular obriga‑
tório, constitui‑se o problema desta pesquisa. Como hipó‑
tese, considerou‑se que a indisciplina discente mobiliza os
processos de identificações psicanalíticos que constituem
a subjetividade dos acadêmicos e promovem determinados
deslocamentos. Objetivou‑se, rastrear, na materialidade lin‑
guística do discurso produzido por futuros professores, os
deslocamentos identitários quando expostos às situações
de indisciplina discente. Fundamenta‑se nos pressupostos
da Análise do Discurso de perspectiva francesa e de autores
que com ela dialogam, sobretudo Lacan. O corpus de pesqui‑
sa foi constituído de vinte questionários que contemplam a
percepção de indisciplina pelo futuro professor e descrições,
na forma de um diário, de como lidaram com as situações
de indisciplina ao longo de um mês. Resultados da análise
revelaram que alguns acadêmicos de pedagogia, diante das
situações de indisciplina discente, produziam discursos que
apontavam para identificações da ordem da culpa psicana‑
lítica; e outros discursos revelaram a identificação pela ver‑
gonha, honra e responsabilização, portanto, denotam que
o aluno‑professor deslocava‑se da posição de sujeito do pri‑
mum vivere, daquele que vive para salvar a própria pele ou
experimenta a indiferença, para assunção do desejo. Assim,
alguns acadêmicos de pedagogia, sustentando a honra de
ser educador, responsabilizam‑se diante de situações inu‑
sitadas do seu cotidiano. Por consequência da atividade de
escrita, a análise do corpus revela que o acadêmico apre‑
senta um questionamento sobre si, deslocando‑o da queixa
à responsabilização.
164
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PROFESSOR FORMADOR PARA
ATUAÇÃO NA FORMAÇÃO
CONTINUADA DE DOCENTES
DA ÁREA DE LINGUAGENS: UMA
IDENTIDADE EM CONSTRUÇÃO
LEANDRA INES SEGANFREDO SANTOS (UNEMAT)
ROSINDA DE CASTRO GUERRA RAMOS (PUC–SP)
Resumo de Paper
Nesta pesquisa buscamos compreender como um grupo
de docentes está aprendendo a ser professor formador e
construindo a identidade profissional na interação com
seus pares da área das linguagens, apresentando os perfis
e trabalho dos formadores dessa área de um contexto de
formação continuada na rede estadual de ensino público de
Mato Grosso, polo de Sinop. Para tanto levantamos algumas
questões teóricas relacionadas à identidade do docente – to‑
mando‑a como incompleta e fragmentada, construída nas
práticas discursivas e na relação com o outro em diferentes
contextos – de sua necessidade de estar em formação cons‑
tante, dadas as contínuas mudanças nas últimas décadas
e as repercussões em seu fazer cotidiano, e, principalmen‑
te, do papel do professor formador, cujas características
diferem‑se daquelas requeridas ao professor. A escolha
metodológica é qualitativa interpretativista e os dados fo‑
ram gerados por meio de um questionário, uma entrevista
semiestruturada e registros em diário de campo de encon‑
tros no grupo de estudos da área ao longo de um ano letivo.
Descrevemos como ocorre o ingresso do professor formador
no Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da
Educação Básica do Estado de Mato Grosso, quem são os
professores formadores da área de linguagens que atuam
no Projeto Sala de Educador, uma das políticas públicas de
formação continuada dos profissionais da educação do esta‑
do. Discutimos o que o grupo entende sobre formação pro‑
fissional, quais papéis os professores formadores executam
no Centro e o que pensam sobre o trabalho que realizam.
A análise dos resultados mostra claramente a especificida‑
de do trabalho de professor formador, sobretudo, como tem
acontecido a construção de sua identidade e da equipe de
linguagens. Enfim, abordamos as questões para as quais
esses resultados apontam, assim como algumas pistas que
poderão servir para respondê‑las.
A CASA DAS CINCO MULHERES:
IDENTIDADES DE GÊNERO
EM CONTEXTO FAMILIAR
LEANDRO DA SILVA GOMES CRISTÓVÃO (CEFET–RJ)
Resumo de Paper
Neste trabalho encaminho algumas discussões sobre a re‑
lação discurso – identidades de gênero – família. Proponho
a análise de um evento social – uma conversa entre cinco
mulheres de uma mesma família – à luz dos pressupostos
da Sociolinguística Interacional. A partir de uma perspectiva
interpretativista e de uma abordagem qualitativa dos dados
(Denzin & Lincoln, 2006), analiso os sentidos de gênero e de
família que essas cinco mulheres co‑constroem quando reu‑
nidas para uma conversa informal. Para isso, parto de uma
discussão dialética entre as formulações contemporâneas
da instituição familiar (Lins de Barros, 2006; Singly, 2010)
e as semantizações sociais da categoria de gênero (Butler,
2010; Cameron, 2010; Scott, 1995), para observar, num nível
micro (Goffman, 2002), as interações das participantes da
situação em tela. A observação dos dados é realizada a partir
das noções sociointeracionais de enquadre (Tannen & Wallat,
1987), footing (Goffman, 1979) e pistas de contextualização
(Gumperz, 1982).
165
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PADRÕES LÉXICO‑GRAMATICAIS
EM ARTIGOS CIENTÍFICOS
LEILA BARBARA (Puc–sp)
Resumo de Paper
A Linguística Aplicada, ao estudar situações sociais ou de
ensino/aprendizagem, necessita de um suporte teórico que
relacione os elementos usados na linguagem focalizada.
Precisa de uma teoria que seja sensível tanto ao contexto
de situação quanto ao contexto de cultura, ou seja, que en‑
foque o ensino ou a produção linguística de um grupo não
simplesmente do ponto de vista do material lingüístico, mas
que seja poderosa o suficiente para entendê‑los em seus
contextos de produção ou recepção e entender os efeitos de
diferentes realizações linguísticas. A Linguística Sistêmico
Funcional (Halliday:1994; Halliday & Matthiessen:2004)
tem exatamente essa capacidade: entender os fenômenos
linguísticos em relação a sua estrutura, mas relacionando‑
‑os às características dos destinatários e dos emissores po‑
dendo, portanto, avaliá‑los e desenvolvê‑los segundo seus
propósitos e, especialmente, ajudar os falantes, principal‑
mente os menos privilegiados, a decodificá‑la e codificá‑la
devidamente. Esta comunicação tem como preocupação a
produção de pesquisadores em desenvolvimento e analisa,
em contexto, um corpus de mais de 1500 artigos científicos
de diferentes áreas da ciência, publicados no importante site
científico brasileiro www. scielo.br que contem as mais bem
avaliadas revistas de diferentes áreas. Tendo em vista que o
papel dos produtores desses artigos é informar sobre novas
pesquisas relevantes de uma forma clara, elegante e despre‑
tensiosa, o trabalho analisa processos verbais e a modalida‑
de com o propósito de levantar padrões léxico‑gramaticais
que possam orientar jovens pesquisadores na escritura de
artigos. Além de ter a Linguística Sistêmico Funcional como
apoio teórico tem a Linguística de Corpus como suporte me‑
todológico, utilizando a ferramenta Wordsmith Tools que,
ao lado de organizar o léxico dos textos e quantificá‑lo, per‑
mite o estudo de grande quantidade de textos observando‑
‑os em seu contexto.
FORMAÇÃO INICIAL
DE PROFESSORES
DE LÍNGUAS: CIDADANIA
E REPOSICIONAMENTO
PROFISSIONAL
LEINA CLAUDIA VIANA JUCÁ (UFOP)
Resumo de Paper
Nos cursos de formação inicial de professores de línguas, as
disciplinas de estágio supervisionado são, muitas vezes, o
primeiro e único contato do licenciando com a sala de aula
e o contexto escolar. É a partir das experiências de docên‑
cia viabilizadas por essas disciplinas que os licenciandos
fazem suas primeiras reflexões acerca dos lugares e papéis
do professor na escola e na sociedade. Diante de um quadro
aparentemente estanque e imutável de uma profissão que
parece oferecer um futuro pouco promissor, muitos licen‑
ciandos tendem a se tornar, a partir daí, desistentes da car‑
reira docente. Nesse sentido, parece necessário incluir, nos
cursos de formação inicial, uma perspectiva educacional crí‑
tica e política para a formação de professores, focalizando o
desenvolvimento da capacidade do licenciando de compre‑
ender a si mesmo como cidadão (MATTOS, 2011) e de perceber
como essa compreensão influencia seus papéis como pro‑
fessor e lhe dá a oportunidade de fazer escolhas sobre como
quer viver (BRYDON, 2009). Considerando questões relacio‑
nadas à greve de professores do estado de Minas Gerais, essa
apresentação pretende mostrar a necessidade de se incluir a
educação para a cidadania na formação inicial de professo‑
res de línguas, de forma que os licenciandos tenham a chan‑
ce de refletir sobre sua posição na sociedade, as implicações
dessa posição e as consequências de mantê‑la ou modificá‑
‑la (MENEZES DE SOUZA; MONTE MÓR, 2006). Espera‑se que a
compreensão de si mesmo como cidadão e as escolhas que
venha a fazer sobre como quer viver sejam determinantes do
engajamento do licenciando/professor em embates que ob‑
jetivem seu reconhecimento e seu reposicionamento social
e político (FRASER, 1997) como (futuro) professor.
166
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
SHAKESPEARE E A LITERATURA
POPULAR: A ADAPTAÇÃO
DE HAMLET POR
DAVID BERGANTINO
LEONARDO BÉRENGER ALVES CARNEIRO (UFRJ)
Resumo de Pôster
A imbricação entre a tragédia Hamlet (1600–1) e a literatura
popular remonta ao século XIX, com os trabalhos de Mary
e Charles Lamb e a coletânea de contos de Mary Cowden
Clarke. A peça ganha acelerada produção de adaptações
durante o século XX, nos mais variados gêneros narrativos:
do detetivesco ao horror; das obras com traços feministas à
literatura infanto‑juvenil. Em Hamlet II: Ophelia’s Revenge,
o escritor norte‑americano David Bergantino recria, em
uma narrativa de horror situada em pleno século XXI, a
tragédia da Dinamarca, trazendo para o centro da trama a
personagem Ofélia, agora retratada como um monstro que
busca assombrar e destruir o jogador de futebol universitá‑
rio Cameron Dean e seus amigos, que estão em visita a um
antigo castelo na Dinamarca. Tendo‑se por base teórica os
estudos sobre adaptação, sobretudo aqueles postulados pe‑
las teóricas Linda Hutcheon e Julie Sanders, e levando‑se em
consideração a posição de protagonista que Ofélia ocupa no
romance, a comunicação tem por objetivo analisar a recons‑
trução da identidade feminina da personagem, reconfigura‑
da em uma narrativa contemporânea de forte apelo popular,
e que acaba por articular conflitos de perspectivas sobre a
personagem shakespeariana e sobre a peça como um todo.
O TRABALHO COM GÊNEROS
TEXTUAIS NOS CADERNOS
DO ALUNO DO ENSINO MÉDIO
PROPOSTOS PELA SECRETARIA
DA EDUCAÇÃO DO ESTADO
DE SÃO PAULO
LETÍCIA FONSECA BORGES (IBILCE/UNESP)
Resumo de Paper
Este trabalho apresenta uma análise do Caderno do Aluno
do 2º ano do Ensino Médio elaborado pela Secretaria da
Educação do Estado de São Paulo a fim de encontrar carac‑
terísticas da Proposta de Ramos (2004) para implementa‑
ção de um trabalho com gêneros textuais em sala de aula
a fim de conscientizar os alunos do propósito, da estrutura
textual e das características linguísticas de diferentes gêne‑
ros. Para tal, apresenta‑se a Proposta Curricular do Estado
de São Paulo (2008, 2010), bem como definições de gêneros
textuais por Bakhtin (2010), Miller (1984), Martin (2000),
Swales (1990), Bhatia (1993) e Ramos (2004); além da defi‑
nição da proposta de Ramos (2004) e suas fases: (a) apre‑
sentação, fase de reconhecimento do gênero, do lugar de cir‑
culação, do propósito comunicativo e seus participantes; (b)
detalhamento, fase que aborda a organização retórica e as
características léxico‑gramaticais do gênero a fim de forne‑
cer condições para compreensão e produção geral e detalha‑
da dos textos; e (c) aplicação, fase em que se espera a con‑
solidação e apropriação do gênero. Podem‑se identificar as
fases da proposta de Ramos (2004) nos seguintes aspectos:
(a) questões focadas no reconhecimento do público‑alvo, do
gênero/tipo de texto e do tipo de informação contida, são
partes da fase apresentação; (b) exercícios que exploram a
identificação e o reconhecimento dos movimentos do texto,
as escolhas lexicais e seus propósitos pertencentes à fase de‑
talhamento; (c) a produção da versão dos alunos do gênero
abordado baseado nas características, escolhas lexicais e or‑
ganização textual aprendidas anteriormente relacionam‑se
à fase aplicação. Conclui‑se, que as fases da proposta de
Ramos (2004) e seus objetivos foram encontradas no mate‑
rial analisado, embora mais amostras dos gêneros aborda‑
dos deveriam ser apresentadas, para que os alunos tenham
acesso a mais exemplos destes, e consequentemente, mais
subsídios para produzi‑lo.
167
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O USO DE ABORDAGENS
DE CUNHO ETNOGRÁFICO COMO
POSSIBILIDADE DE PESQUISA:
UM OLHAR ETNOGRÁFICO SOBRE
APRENDIZAGENS EM REDE
EM COMUNIDADES ESCOLARES
E COMUNIDADES VIRTUAIS
LIA SCHULZ (UFRGS)
Resumo de Paper
Há algum tempo, são utilizadas diferentes técnicas de pes‑
quisa qualitativa advindas do campo das Ciências Sociais,
especialmente da Antropologia, tanto na área da Educação
como em Linguística Aplicada. O objetivo deste trabalho é
analisar e discutir o uso de abordagens de cunho etnográfi‑
co – a Etnografia Escolar, a Microetnografia e a Netnografia –
para se pesquisar aprendizagens em rede tanto em comu‑
nidades escolares como comunidades virtuais. A partir de
dados de uma pesquisa de campo em uma escola pública de
Porto Alegre, discute‑se como tais abordagens podem con‑
tribuir para a manutenção de um olhar etnográfico na gera‑
ção dos dados e para a construção de um esforço pelo enten‑
dimento das ações dos participantes a partir de um viés êmi‑
co. Observa‑se, especialmente, como tais técnicas podem
ser úteis para a análise da construção de comunidades de
aprendizagem em rede a partir da observação detalhada, da
escuta atenta e do registro minucioso, procedimentos dos
quais as abordagens etnográficas lançam mão. Além disso,
são abordados temas relacionados à participação do pes‑
quisador no cenário da pesquisa, as formas de registro, de
coleta e geração de dados e análise em pesquisa qualitativa.
A contribuição da investigação para o campo da Linguística
Aplicada é a de ampliar a discussão sobre metodologias de
pesquisa contemporâneas utilizadas para se investigar o
uso da linguagem e de tecnologias e aprendizagens em rede.
O trabalho de campo que será relatado e servirá como base
para a análise faz parte do projeto de tese em andamento
que analisa gêneros escolares e gêneros digitais em uma
comunidade escolar.
TÁTICA E RESPONSIDADE
NA PRODUÇÃO DO GÊNERO
FOLHETOS DE CORDEL
LÍDIA MARIA DA SILVA SANTOS (UFAL)
Resumo de Pôster
Este trabalho resulta de uma pesquisa desenvolvida no
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
na área de Letras (PIBID/CAPES) da Universidade Federal de
Alagoas (UFAL), cujo enfoque é a análise de produções do gê‑
nero cordel, a partir de atividades planejadas e aplicadas por
bolsistas do referido Programa durante a realização de um
projeto cultural em uma das escolas em que atuavam. Essas
atividades visavam à leitura e produção do gênero folhetos
de cordel. Diante disso, objetivamos neste trabalho analisar
como alunos do 9º ano do Ensino Fundamental apresentam
compreensões responsivo‑ativas e táticas em suas produ‑
ções. Tendo em vista o objetivo a que nos propomos alcan‑
çar, recorremos às reflexões de Bakhtin (2003) sobre gêneros
do discurso e compreensão responsivo‑ativa; De Certeau
(1998) sobre estratégia e tática; e Abreu (1993), Galvão (2000,
2001, 2002), Evaristo (2000) e Resende (2007) sobre o gêne‑
ro folheto. A partir das análises, constatamos que, embora
os alunos sofram as determinações da escola e das orienta‑
ções do professor, eles apresentam compreensões táticas
e responsivas em suas produções, subvertendo, em alguns
momentos, essas orientações, mas sem resultar em um dis‑
tanciamento total da proposta apresentada pelo professor.
168
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
AS PRÁTICAS E PERCEPÇÕES
DE PROFESSORES
UNIVERSITÁRIOS NA UTILIZAÇÃO
DE UM AMBIENTE VIRTUAL
DE APRENDIZAGEM EM UMA
DISCIPLINA SEMIPRESENCIAL
LILIA APARECIDA COSTA GONÇALVES (UFRJ)
A PRODUÇÃO ORAL NA SÉRIE
KEEP IN MIND À LUZ
DE DIRETRIZES EDUCACIONAIS
E DAS VISÕES INTERACIONAL,
DISCURSIVA E COMUNICATIVA
DO ENSINO‑APRENDIZAGEM
DE LE
LÍLIAN MARIA DOS SANTOS CARNEIRO CAVALCANTI (UFOP)
Resumo de Paper
As transformações promovidas pelos avanços tecnológicos
afetam as mais diversas instâncias da sociedade. A presença
das mídias digitais no cotidiano das pessoas vem influen‑
ciando o modo de viver e constituindo novas práticas co‑
municacionais, sociais, políticas e culturais (CASTELLS, 1999;
LÉVY, 1993). A educação também está sendo influenciada e
sofrendo transformações em função da formação de um
novo perfil de cidadão (MILL, 2010). A utilização de recursos
tecnológicos e ambientes virtuais de aprendizagens em ins‑
tituições de ensino, entre elas as universidades, possibilita
aos professores a incorporação de novas ferramentas no
ensino, a ampliação dos espaços e dos tempos pedagógi‑
cos e o aumento da interação entre aluno‑aluno e aluno‑
‑professor. Este trabalho visa investigar as percepções de
professores universitários sobre sua própria formação para
utilização de novas tecnologias em sua prática pedagógica,
especialmente para o uso de ambientes virtuais de apren‑
dizagem. A pesquisa foi desenvolvida no âmbito do Projeto
Letras 2.0, que está vinculado ao núcleo de pesquisas em
Linguagem, Educação e Tecnologia da UFRJ (Lingnet/UFRJ),
que, entre outras atividades, procura oferecer à comunida‑
de da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio
de Janeiro (UFRJ) condições de acesso a iniciativas educa‑
cionais mediadas pelas novas tecnologias (TAVARES, 2011).
O trabalho caracteriza‑se como um estudo de caso de base
etnográfica e os dados foram gerados por meio de entrevis‑
tas, registro de mensagens e documentos dos cursos minis‑
trados pelos professores. Os resultados da pesquisa podem
contribuir para uma melhor compreensão da formação do
professor universitário para uso das novas tecnologias e
para o aperfeiçoamento de ações de formação docente no
contexto investigado.
Resumo de Paper
O livro didático (LD) é visto como importante ferramenta no
processo de ensino‑aprendizagem de uma língua estrangei‑
ra (LE), visto que pode servir de guia para que os professores
possam desenvolver suas aulas, apresentando o conteúdo
programático a ser enfocado durante determinado período
escolar, e propondo atividades para que os alunos pratiquem
a LE. Nesse sentido, propomos um estudo que visa a analisar
as propostas de atividades de produção oral e as instruções,
voltadas ao professor para o desenvolvimento dessas ati‑
vidades, contidas na série keep in Mind (2009), com o pro‑
pósito de avaliar até que ponto as instruções direcionadas
ao professor para a condução das atividades e as atividades
propostas atendem aos pressupostos teórico‑metodológi‑
cos levantados pelos documentos que apresentam as dire‑
trizes educacionais legais nas quais o ensino‑aprendizagem
de LE deve ser baseado. Procedemos, então, a uma análise
dos textos oficiais que compõem a legislação educacional
nacional e Verificamos que as diretrizes apresentadas se
ancoram em três perspectivas de base: na visão interacio‑
nal do ensino‑aprendizagem; na perspectiva discursiva da
linguagem; bem como em aspectos de uma abordagem co‑
municativa para o ensino‑aprendizagem de LE. Passamos,
então, a elucidar cada uma dessas perspectivas teóricas e a
apresentar os procedimentos metodológicos adotados para
a viabilização dessa pesquisa. Tais procedimentos são carac‑
terizados pelos atributos da pesquisa qualitativa, já que par‑
timos de uma análise interpretativa dos dados, associando‑
‑os aos aparatos teóricos levantados. Foi realizada a análise
das primeiras e últimas instruções e propostas de atividades
de cada um dos volumes e os resultados mostram‑nos que,
em alguns pontos, os LDs avaliados estão em sintonia com
as propostas teórico‑metodológicas apresentadas e, em ou‑
tros, precisam ser revisitados, como, por exemplo, no fato
de a maioria das instruções e atividades não exporem o con‑
texto em que se passará a atividade.
169
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
HOMOGENEIZAÇÃO
E DIVERSIDADE EM NARRATIVAS
DE JOVENS MORADORES
DE TERRITÓRIOS DE CONFLITO
APRENDIZAGEM DE LÍNGUA
E CULTURA: DEPOIMENTO
DE ALUNOS QUANTO
AO MATERIAL APLICADO
LILIANA C BASTOS (PUC–RIO)
LILIANA GOTTHEIM (UNICAMP)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Nesse trabalho analiso narrativas de adolescentes morado‑
res de uma comunidade de baixa renda, localizada em uma
área urbana de conflitos, no centro do Rio de Janeiro. A aná‑
lise tematiza a questão da homogeneização de territórios de
pobreza, considerando a tendência a tratar esses territórios
como espaços igualmente ilegais e violentos, habitados por
criminosos e miseráveis. Tal discussão está necessariamen‑
te envolvida com questões de ética, sobretudo para a pes‑
quisa que, como esta, lida com contextos de desigualdade
social (Cameron et al, 1993). No âmbito de um projeto de
pesquisa em andamento (Bastos 2010; Lewis e Bastos, no
prelo), as narrativas analisadas foram produzidas em en‑
trevistas e grupos focais, no contexto de um projeto social,
conduzido por profissionais de saúde. As vidas dos habitan‑
tes de territórios de baixa renda são caracterizadas por uma
grande complexidade de situações e de trajetórias sociais
(Caldeira, 2000; Sarti, 2003; Valladares, 2005). Há muitas
coisas acontecendo nessas áreas além de tiroteios e tráfico
de drogas (Kokoreff, 2003), e as pessoas que nelas habitam
não adotam necessariamente o mesmo comportamento,
como os estereótipos sociais nos levam a crer. Para analisar
a diversidade e complexidade das percepções dos jovens que
moram nessas áreas de conflito, examinaremos suas perfor‑
mances narrativas (Mishler, 1999; Langellier, 2001), enten‑
dendo‑as também como espaços de conflitos entre sentidos
e identidades sociais e pessoais. Os jovens contam histórias
sobre amigos, vizinhos, relações familiares, escola, rotina
doméstica. Contam também histórias de tiroteios e drogas,
muitas vezes amenizando possíveis contornos violentos.
Analisando essas narrativas é possível ouvir indivíduos e he‑
terogeneidades, e assim nos aproximar de suas percepções
do que está acontecendo nesses territórios. Essa seria uma
forma de contribuir para a discussão da ética em torno da
estigmatização de territórios de pobreza e dos jovens que
os habitam.
Aprendizagem de língua e cultura: depoimentos de alunos
quanto ao material aplicado Liliana Gottheim (CEL) UNICAMP
Tendo em vista analisar resultados de aplicação de materiais
de ensino de português como língua adicional, que buscam
facilitar o desenvolvimento de competência linguística‑so‑
ciocultural de alunos estrangeiros, coletamos depoimentos
de aprendentes, após trabalho com uma sequência didática,
construída a partir da leitura de um livro de história (com
textos, ilustrações e tabelas). O livro, que trata, especifica‑
mente, da época da expansão cafeeira no oeste paulista, a
vida no campo e a modernização da cidade de São Paulo, na
virada do século XX, explica o desenvolvimento da região em
que a universidade pública brasileira, na qual os alunos es‑
tudam, está inserida. Os dados foram coletados na mesma
universidade, em uma classe de português para falantes de
espanhol (nível II) e outra de português para falantes de ou‑
tras línguas (nível III), durante os quatro dias que durou a ati‑
vidade, integrada a um curso semestral de 30 encontros (60
horas). Ao utilizar um livro escrito por pesquisadores da área
de história, intencionamos, sobretudo, oferecer aos alunos
oportunidade de pensamento crítico, possibilidade de de‑
senvolver habilidades de leitura, de produção oral e escrita,
além de incentivo a uma aprendizagem colaborativa. O en‑
foque, no entanto, foi entender em que medida a aquisição
de um repertório sociocultural comum aos brasileiros e nem
sempre de fácil acesso aos estrangeiros, disponibilizado por
meio de materiais utilizados para esse fim, foi significativa
para os alunos. Entre autores que alicerçaram nosso traba‑
lho, com foco em princípios de abordagem comunicacional,
princípios de abordagem comunicativa intercultural, e re‑
flexões sobre a prática docente, entre outros, encontram‑se
Almeida Filho (2013 no prelo; 1993); Byram (1997); Kramsch
(1998); Mendes (2008); Tomlinson (2013 no prelo; 2003;
1998); Schoffen, Kunrath, Andrighetti & Santos (2012).
170
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
LETRAMENTO CRÍTICO:
UMA INVESTIGAÇÃO DOS
TIPOS DE CONHECIMENTOS
NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
REESCREVER PRA QUÊ
E COMO? O QUE DIZEM E FAZEM
OS PROFESSORES EM UM CURSO
DE FORMAÇÃO
LILIANE MANTOVANI LOPES (UEL)
LISIANE RIBEIRO RAUPP (UNISINOS)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Este estudo tem por objetivo discutir os tipos de conheci‑
mentos predominantes em um contexto de ensino superior,
mais especificamente com graduandos do 2º ano do curso de
Letras Estrangeiras Modernas da Universidade Estadual de
Londrina (UEL) em 2012. Esta pesquisa está inserida em um
cenário maior, o projeto de pesquisa intitulado “Pensamento
Crítico para Ação Transformadora”, também desenvolvida
junto à UEL, e que tem como foco o desenvolvimento de
pesquisas sob a ótica do Letramento Crítico (LC), visando à
transformação de realidades opressoras, marcadas por desi‑
gualdade, preconceito e exclusão. Sendo assim, este foi um
dos trabalhos realizados no referido projeto. A coleta de da‑
dos foi feita por meio de um instrumento pedagógico adota‑
do na disciplina de Leitura em Língua Inglesa, sob orientação
da prof.ª Dra. Simone Reis. Tal instrumento era composto
por questões em que se exigia o papel de professor diante
de dois textos redigidos em língua inglesa. A análise indutiva
e dedutiva dos dados apontou que tipos de conhecimentos
estes alunos mobilizam por meio das atividades de Leitura
que concebem na posição de professores. O “Conhecimento
Linguístico” foi a categoria com maior número de respon‑
dentes, seguida de “Conhecimento Contextual”, “Habilidades
Linguísticas” e, por fim, o menor volume de respostas se
refere à categoria “Atributo Cognitivo” e “Leitura Crítica”.
Interpreta‑se que as respostas destes graduandos – bem
como seus exemplos e justificativas – refletem diretamente
a posição de professores que assumem. Em outras palavras,
parece haver um privilégio do domínio da língua. Espera‑se,
com este estudo, elevar o nível de consciência dos parti‑
cipantes investigados com relação a seus conhecimentos
didático‑pedagógicos e políticos, além de contribuir com a
escassa produção de trabalhos na área do LC (REIS, 2008).
Segundo pesquisas recentes (Leite, 2009; Ruiz, 1998), é ne‑
cessário investir mais na formação de professores com o
intuito de ampliar seus conhecimentos sobre a importân‑
cia do processo de reescrita textual, pois esse processo nem
sempre é posto em prática, ou é feito somente para higieni‑
zação do texto (ortografia e pontuação). Por isso esta pes‑
quisa propõe‑se, à luz do Interacionismo Sócio‑Discursivo
(ISD) (BRONCKART, 2009), identificar as representações dos
professores nos seus discursos e práticas docentes, com o
propósito de promover maior conhecimento sobre o proces‑
so de reescrita textual. No âmbito de um projeto maior, de‑
nominado “Por uma formação continuada cooperativa para
o desenvolvimento do processo educativo de leitura e pro‑
dução textual escrita no Ensino Fundamental”, do Programa
Observatório da Educação/Capes, do PPGLA‑ Unisinos, coor‑
denado por Ana Maria Mattos Guimarães, acompanha‑se o
trabalho de quatro professoras da rede pública municipal de
uma cidade do Rio Grande do Sul, parceira do projeto, anali‑
sando como articulam as ideias desenvolvidas na academia
à sua prática de sala de aula no processo de reescrita textual.
Respaldados em uma concepção interativa de linguagem,
foram elaborados projetos de ensino que têm os gêneros
textuais como articuladores das suas atividades. Foram re‑
alizadas entrevistas semi‑padronizadas e observações parti‑
cipantes, os quais foram gravados em áudio. Nesta pesquisa,
é possível perceber que, para que os professores cheguem
a dar a devida importância ao processo de reescrita textual
temos ainda um caminho a percorrer. Mas entendemos que
o trabalho por meio de projetos, nos quais é privilegiado o
processo de escrita textual voltada à prática social real dos
alunos, permite que haja maior reflexão no processo de re‑
escrita textual, tanto por alunos, como por professores, pro‑
movendo maior interação e maior desenvolvimento das ha‑
bilidades linguísticas dos alunos, enriquecendo o ensino e a
aprendizagem da Língua Materna.
171
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O EFEITO RETROATIVO E O NOVO
EXAME NACIONAL DO ENSINO
MÉDIO: UM ESTUDO DE CAMPO
LIVIA LETICIA ZANIER GOMES (UFU)
A CO‑CONSTRUÇÃO
DE NARRATIVAS EM INTERAÇÕES
FACE A FACE: PESSOAS COM
AFASIA EM CENA
LÍVIA MIRANDADE OLIVEIRA (PUC–RIO)
Resumo de Paper
Este trabalho tem por fim apresentar os resultados de uma
pesquisa de mestrado desenvolvida junto ao Instituto de
Letras e Linguística da Universidade Federal de Uberlândia,
concluída em julho de 2013. Na pesquisa, investigou‑se o
(não) acontecimento do chamado “efeito retroativo” a partir
do Novo Exame Nacional do Ensino Médio (Novo Enem), no
que se refere a esse efeito na postura didático‑pedagógica
de oito professores de Língua Portuguesa de três escolas de
Uberaba–MG. Está inserido na área da linguística aplicada,
tendo suporte em Rajagopalan (2006) e tem como supor‑
te teórico a concepção interacionista de linguagem (BRASIL,
1996; Bakhtin, 2006). Dando suporte à teoria de efeito re‑
troativo, recorremos a Scaramucci (2004), Alderson & Wall
(1993), Sobrinho (2002). Embasando a análise das ques‑
tões de múltipla escolha presentes no Enem, recorremos a
Vianna (1982) e a Medeiros (1975). Metodologicamente, o
caráter desta pesquisa engloba dois aspectos: o de pesquisa
documental e o de pesquisa de campo. A pesquisa documen‑
tal teve base na análise de documentos tais como provas
de “Linguagens, Códigos e suas Tecnologias” do Enem, do‑
cumentos norteadores da educação nacional tais como os
Parâmetros Curriculares Nacionais e as matrizes de referên‑
cia para o Novo Enem. O contexto da pesquisa de campo são
salas de aula de LP de 3° ano do Ensino Médio de três escolas
selecionadas para esta pesquisa, escolha realizada a partir
das estatísticas oferecidas pelo Ministério da Educação após
o Enem 2010. Os instrumentos utilizados para a pesquisa de
campo foram documentos docentes disponibilizadas pelos
professores participantes da pesquisa bem como questioná‑
rios aplicados a eles; notas de campo realizadas pela pesqui‑
sadora a partir das aulas assistidas e material discente pro‑
duzido a partir das aulas de LP pelos alunos de tais professo‑
res e também participantes indiretos desta pesquisa.
Resumo de Paper
No vasto campo dos estudos narrativos, existem diferen‑
tes abordagens com base nas quais é possível buscar me‑
lhor compreender a prática discursiva de narrar. Nesse
sentido, inserindo‑se no quadro teórico‑metodológico da
Sociolinguística Interacional, esta pesquisa de doutorado se
vale de estudos canônicos (LABOV & WALETZKY, 1967; LABOV,
1972) e interacionais (SACKS, 1968; JEFFERSON, 1978) sobre
narrativas, desenhando uma interface bastante familiar nos
estudos sociolinguísticos (cf. BASTOS, 2005; DE FINNA, 2003),
que subjaz às investigações aqui empreendidas. Fomentada
por pressupostos advindos dessas visões, esta pesquisa de
natureza qualitativa (construcionista e interpretativista)
tem por objetivo investigar a construção colaborativa das
narrativas e as construções discursivas de pessoas com afa‑
sia através da prática de narrar. Para tanto, foram eleitas as
dimensões da narrativa, propostas por Ochs e Capps (2001),
como categorias de análise: narrador, historiabilidade, capa‑
cidade de encaixe, linearidade e postura moral. As narrativas
analisadas fazem parte de um corpus de aproximadamente
15 horas de gravações em vídeo de interações entre pessoas
com e sem afasia, que foi gerado através do método entre‑
vista de grupo focal (cf. MORGAN, 2002) e transcrito de acor‑
do com convenções propostas pelos analistas da conversa.
As análises realizadas revelam: i) o envolvimento de múlti‑
plos narradores ativos, colaborando com o passo a passo da
narração; ii) o engajamento dos narradores na construção
da historiabilidade das narrativas; iii) narrativas que assu‑
mem características do discurso circundante; iv) narrativas
não‑lineares, o que condiz com o contexto de suas ocorrên‑
cias (interações face a face com sistemática de trocas de
turnos semelhantes à de conversas cotidianas); e v) habili‑
dades retóricas de pessoas com afasia na construção de suas
narrativas como envolventes dramas. Tais análises têm nos
possibilitado observar a competência narrativa de pessoas
com afasia.
172
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A (RE)SIGNIFICAÇÃO DOS
SUJEITOS DA PESQUISA: ENSINO
DE LÍNGUAS E AUTONOMIA
DO APRENDIZ
LÍVIA NASCIMENTO ARCANJO (UFJF)
ANA CLAUDIA PETERS SALGADO (UFJF)
Resumo de Paper
Este trabalho evidencia um momento de (re)significação da
posição de pesquisador através dos múltiplos movimentos
de três pesquisas sociolinguísticas, das quais participamos,
que convergem para uma compreensão da formação da sub‑
jetividade do sujeito pesquisado. As pesquisas foram realiza‑
das em escolas públicas de Juiz de Fora/MG. A primeira delas,
intitulada “Os dialetos sociais na escola pública” – sob a co‑
ordenação da Profa. Dra. Lucia Cyranka – teve como objetivo
avaliar a possibilidade de uma adoção da pedagogia cultu‑
ralmente sensível (ERICKSON, 1987), bem como implementar
essa reflexão em sala de aula. A segunda, coordenada pela
Profa. Dra. Ana Cláudia Peters, sob o título de “Ensino de lín‑
guas na escola pública: abordagem CLIL”, traz como principal
proposta investigar a viabilidade da adoção da abordagem
CLIL (Content Language Integrated Learning) na escola pú‑
blica. Ambas são pesquisas‑ação de caráter etnográfico, de
maneira que não só observam a realidade, mas também se
propõem a intervir nela. A terceira pesquisa é a dissertação
de mestrado, ainda em andamento, que emergiu das inquie‑
tações levantadas a partir das duas pesquisas anteriores e
busca compreender como os alunos da escola pública se (re)
significam a partir do contato de línguas. O corpus deste tra‑
balho é constituído de notas expandidas elaboradas durante
as três referidas pesquisas. Essas notas são analisadas se‑
gundo a abordagem da Psicologia Sociohistórica dos núcle‑
os de significação. A abordagem de análise utilizada nos per‑
mite verificar quais são os indicadores e pré‑indicadores que
têm influenciado com mais evidência esse processo de ativi‑
dade interna do aluno. A partir disso, percebe‑se que o papel
político e social da escola está intrinsecamente ligado à sig‑
nificação social e linguística desse aprendiz como um cami‑
nho para lhe conferir autonomia. Foi buscando compreender
essa significação social e linguística do aprendiz que nos de‑
paramos com a (re)significação dos próprios pesquisadores.
O ESTUDO DO PROCESSO
ENSINO‑APRENDIZAGEM
DO PORTUGUÊS PELO
FALANTE DE POMERANO
NO ENSINO MÉDIO
LUANA CYNTIA DOS SANTOS SOUZA (IFES)
Resumo de Pôster
A pesquisa consiste em um trabalho etnográfico acerca do
processo de ensino e aprendizagem do português para alu‑
nos do ensino médio falantes da língua pomerana. Ela é rea‑
lizada no estado do Espírito Santo, na cidade de Santa Maria
de Jetibá, que tem como língua oficial o Pomerano. Dessa
forma, é necessário fazer uma análise para identificar as di‑
ficuldades enfrentadas tanto pelos educadores quanto pelos
educandos, ao lidarem com o bilinguismo dentro da sala de
aula. Para alcançar o objetivo proposto pelo trabalho, usa‑se
como base a corrente Sociolinguística para realizar uma des‑
crição antropológica da cultura local, a fim de refletir os as‑
pectos sociolinguísticos que envolvem os sujeitos. Portanto,
depois da caracterização da comunidade pomerana, faz‑se
uma análise qualitativa dos roteiros de entrevistas dos pro‑
fessores e alunos da escola foco, situada na zona urbana do
município, além da observação dos sujeitos in loco e análise
do material didático trabalhado pelos educadores. Assim, foi
identificado que os problemas enfrentados pelos pomeranos
em relação à aprendizagem do Português não são muito di‑
ferentes dos encontrados nos demais educandos que têm o
Português como primeira língua. Eles ainda usam junto aos
familiares sua língua materna, o Pomerano, mas este pare‑
ce sofrer uma lenta suplantação linguística devido aos pro‑
blemas na preservação da cultura e da língua, em interação
com o Português. Pois, no decorrer das décadas desde a che‑
gada dos imigrantes no ES, a falta de incentivo por parte do
governo e o processo de modernização da comunidade po‑
merana vêm provocando a sua aculturação. Conclui‑se que
há poucos problemas quanto à aprendizagem do Português
pelos pomeranos e isso torna desnecessário um tratamento
diferenciado aos alunos bilíngues em relação aos demais alu‑
nos, que tem o Português como língua materna.
173
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
POLÍTICAS AFIRMATIVAS
E LINGUAGEM: O QUE
AS AÇÕES AFIRMATIVAS VÊM
MOBILIZANDO DE POLÍTICAS
DE PERMANÊNCIA ESTUDANTIL
NO CAMPO DA LINGUAGEM?
LUANDA REJANE SOARES SITO (UNICAMP)
Resumo de Paper
Neste trabalho, abordo políticas de permanência voltadas
para estudantes cotistas, analisando em particular aquelas
orientadas para a linguagem. Em se tratando de políticas
públicas de acesso à educação superior na América Latina,
ganha destaque, no início do século XXI, a implementação
de políticas de ações afirmativas com o objetivo de abrir as
portas das universidades a estudantes advindos de grupos
sócio‑culturalmente marginalizados e historicamente ex‑
cluídos do espaço acadêmico. Ao acompanhar experiências
de alunos que ingressaram no ensino superior do Brasil e
da Colômbia por meio de sistema de cotas, chamou a aten‑
ção o fato de que eles se deparam, em ambos os contextos,
com expectativas muito diferentes no que se refere ao seu
desempenho: há, por um lado, aqueles que julgam que os
estudantes cotistas não terão capacidade para lidar com as
demandas acadêmicas, e, por outro, há aqueles que acredi‑
tam que esses alunos, não só terão sucesso em sua forma‑
ção, como serão também capazes de romper com discursos
hegemônicos e propor novas formas de produção de co‑
nhecimento. Esse desempenho se relaciona à trajetória de
inserção desses estudantes no meio acadêmico, o que exige
uma apropriação de práticas de leitura e escrita próprias do
discurso acadêmico (ZAVALA, 2010). Alinhada aos Estudos
de Letramento no campo da Linguística Aplicada (STREET,
1984; KLEIMAN, 1998), analiso se há e quais são as políticas
de permanência estudantil de duas Universidades públicas,
uma brasileira e outra colombiana, que tenham como foco
a linguagem. Este trabalho é um recorte do meu projeto
de doutorado, em andamento, que investiga trajetórias de
estudantes que ingressaram na Universidade por políticas
afirmativas. Esta pesquisa é de cunho etnográfico, reunindo
um corpus de análise composto por textos legais, entrevis‑
tas com estudantes e gestores públicos, assim como textos
produzidos pelos alunos.
INTEGRAÇÃO ENTRE
INFORMAÇÃO LINGUÍSTICA
E VISUAL: A MULTIMODALIDADE
NO GÊNERO GRÁFICO
LUANE DA COSTA PINTO LINS FRAGOSO (CEFET/RJ–PUC–RIO)
Resumo de Paper
A comunicação multimodal que combina linguagem e grá‑
ficos é uma maneira satisfatória de transmitir informação.
Os indivíduos parecem integrar informação fornecida por
diferentes modalidades – como a linguagem e os gráficos‑
quase sempre baseados em processos cognitivos incons‑
cientes. Como apresentado em Habel e Acarturk (2007), no
processamento de documentos gráficos textuais, os indiví‑
duos constróem diferentes tipos de relações referenciais e
co‑referenciais, a ideia subjacente é que as representações
conceptuais integradas mediam a linguagem, os gráficos e
as entidades de domínio na compreensão multimodal. Este
trabalho possui como principal objetivo investigar o proces‑
so de compreensão leitora e interpretação de representações
gráficas em sala de aula de alunos provenientes do ensino
médio‑técnico de uma instituição pública federal do estado
do Rio de Janeiro. Com esta pesquisa, busca‑se compreender
quais os principais aspectos cognitivos que encontram‑se
envolvidos quando da leitura/interpretação de gráficos por
parte desses alunos especificamente, suas dificuldades e o
que eventualmente contribui (ou não) para uma leitura e en‑
tendimento bem sucedidos de textos multimodais. Uma vez
que os gráficos são amplamente utilizados a fim de transmi‑
tir/ilustrar informações, acredita‑se que com o estudo dos
processos de leitura/compreensão dos mesmos à luz da psi‑
colinguística, seja possível, primeiramente, entender o que
ocorre com os alunos quando da leitura desses materiais,
assim como acontece o processo de integração visual e lin‑
guística de textos multimodais e a importância da investi‑
gação da multimodalidade com alunos oriundos do ensino
médio‑técnico. Por fim, tal pesquisa destaca a importância
da linguagem não verbal para fins de construção de signifi‑
cado, chamando atenção principalmente para os aspectos
multimodais presentes nos textos, ilustrados pelo objeto de
estudo da presente pesquisa: as representações gráficas.
174
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
STANDARD E SUBSTANDARD
NO CONTÍNUO
DE COMPETÊNCIAS
LINGUÍSTICAS DE FALANTES
DE HUNSRIQUEANO
COMO LÍNGUA BRASILEIRA
DE IMIGRAÇÃO
LUCAS LÖFF MACHADO (UFRGS)
Resumo de Pôster
O presente trabalho analisa a presença da norma culta do
alemão, no espaço de domínio da variedade substandard
do Hunsrückisch (ou hunsriqueano), falado em áreas de
imigração alemã no sul do Brasil. Contrariamente a pes‑
quisas anteriores do contato alemão‑português, que ora
se detiveram exclusivamente nos empréstimos do portu‑
guês, ora nos componentes de base germânica, nosso estu‑
do busca evidenciar a relevância em considerar o contínuo
linguístico standard‑substandard em sua totalidade, a par‑
tir da constatação do uso variável da variedade standard,
identificada como Hochdeutsch, entre os informantes do
projeto ALMA‑H (Atlas Linguístico‑Contatual das Minorias
Alemãs na Bacia do Prata: Hunsrückisch), no qual se in‑
sere esta pesquisa. É objetivo da presente pesquisa anali‑
sar os graus de uso e competência do Hochdeutsch entre
falantes de hunsriqueano, nas localidades de pesquisa do
Projeto. Com isso, pretende‑se aprofundar a compreen‑
são das relações entre standard e substandard no conta‑
to Hunsrückisch‑Hochdeutsch‑português. A metodologia
utilizada segue a perspectiva pluridimensional e relacional
(THUN 1996), como vem sendo desenvolvida no macropro‑
jeto ALMA‑H. Essa perspectiva busca confrontar os dados
da variação linguística do alemão em diferentes dimensões
de análise (diatópica, diageracional, diastrática etc.). A hi‑
pótese central que fundamenta a presente pesquisa é de
que a competência dos membros dessas comunidades na
norma culta varia conforme as situações de uso da língua
(dimensão diafásica), representadas no corpus do Projeto
por conversas livres, respostas ao questionário e leituras
em português e alemão. Do mesmo modo, na dimensão
diastrática, observa‑se que a escolarização monolingual em
português tem levado a uma substituição da língua‑teto
(Dachsprachenwechsel) do alemão pelo português, nas fun‑
ções formais e escritas de uso da língua.
O OLHAR DO PROFESSOR
EM FORMAÇÃO INICIAL SOBRE
A PRÁTICA DA FORMAÇÃO
CONTINUADA: PONTOS
DE TENSÃO
LÚCIA DE FÁTIMA SANTOS (UFAL)
Resumo de Paper
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(PIBID), iniciado em 2009, tem se consolidado como uma
iniciativa importante na formação dos professores tanto
da formação inicial quanto continuada, porque possibilita,
além da troca de experiências, um movimento de reflexão
sobre as práticas pedagógicas que resulta da parceria esta‑
belecida entre esses professores. A partir dos conceitos de
interação, dialogismo e excedente de visão propostos por
Bakhtin (1992 e 1997) e de reflexões sobre formação de profes‑
sores desenvolvidas na área de LA, como em Kleiman (2001),
Oliveira (2012), Zozzoli (2008), entre outros, nesta comuni‑
cação temos como objetivo discutir aspectos relacionados
às descrições e reflexões apresentadas pelos professores em
formação inicial acerca das aulas que assistem como obser‑
vadores‑participantes, analisando a avaliação que propõem
sobre essas aulas, tomando como base dados obtidos em
anotações de campo e diários do banco de dados do PIBID/
Letras da Universidade Federal de Alagoas. Trata‑se de expe‑
riências desenvolvidas em três escolas da Rede Estadual de
Ensino de Maceió, envolvendo um grupo de vinte alunos da
licenciatura em Letras, cinco professoras da educação bási‑
ca e uma professora do curso de Letras/Ufal, que coordena o
grupo. Conforme resultados preliminares, observamos que
os professores em formação inicial expressam, em geral, de‑
cepção e questionamento acerca das práticas pedagógicas
dos professores da formação continuada.
175
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ETNOGRAFIA ONLINE:
REPENSANDO MODOS
DE CONSTRUIR CONHECIMENTO
SOBRE SOCIABILIDADES
LÚCIA GOMES PINHEIRO (UFRJ)
Resumo de Paper
Dentre as transformações sociais mais relevantes da con‑
temporaneidade, destaca‑se a formação dos espaços online
aos quais tem afluído uma multiplicidade de sujeitos, exar‑
cerbando‑se o trânsito de significados. As interações que ali
se forjam, constituem assim, uma instância em que as pes‑
soas encenam performances sociodiscursivas, construin‑
do‑se intersubjetivamente. Nesse sentido, as comunidades
das redes sociais configuram um lócus rico para a investiga‑
ção de processos de (re)descrição de sociabilidades. Como
abordagem viável de pesquisa dos contextos online, insi‑
nua‑se a etnografia virtual, que é, por um lado, emblemá‑
tica da responsividade da etnografia às mudanças sociohis‑
toricas possibilitadas pelas tecnologias digitais (HINE, 2005;
2000; ERICKSON, 1988). Por outro, tal vertente de pesquisa
incrementa a reflexão epistemológica acerca, dentre outros
aspectos, das noções de contexto e objeto, que a etnografia
offline já vinha realizando, tornando premente, além disso, a
reavaliação dos limites éticos do trabalho do/a etnógrafo/a.
Diante do exposto, objetivo neste estudo problematizar
minha atuação como pesquisadora‑participante em duas
comunidades online cujos membros se reuniram em torno
de sua opção comum, respectivamente, pela maternidade
e pela não‑parentalidade. Privilegio as seguintes questões:
o percurso de definição dos contextos de pesquisa e a pro‑
priedade de sua restrição à esfera online; as modalidades de
minha observação participante e as precauções éticas ado‑
tadas. As conclusões apontam que a etnografia online como
vertente ainda nova de investigação é marcada por dilemas
teórico‑metodológicos que impõem decisões situadas, en‑
sejando o repensar dos modos de produção de conhecimen‑
to sobre sociabilidades.
GÊNERO ARGUMENTATIVO:
UM ESTUDO DE TEXTO
LÚCIA HELENA MARTINS GOUVÊA (UFRJ)
Resumo de Paper
Este trabalho se insere na linha temática “Ensino e
Aprendizagem de Língua Materna” e tem por finalidade
apresentar uma proposta de estudo de texto de caráter ar‑
gumentativo. Para isso, será utilizado um corpus de textos
midiáticos e empregadas duas teorias de base enunciativa: a
teoria Semiolinguística do Discurso, de Patrick Charaudeau,
e a teoria da Argumentação na Língua, de Oswald Ducrot
(especificamente as duas primeiras fases). Pretende‑se tra‑
tar do processo da argumentação, levando em conta a ma‑
cro e a microestrutura textual, o que implicará, no primeiro
caso, abordar os conceitos de “gênero textual” e “modos de
organização do discurso” e, no segundo, estudar algumas
“marcas linguísticas da enunciação” e aplicar o conceito de
“orientação argumentativa”. Ao se explorar essa temática,
será possível sinalizar o quanto emerge e como emerge a
subjetividade na construção de texto, fato que indicará o
papel determinante do sujeito da enunciação em seus dis‑
cursos. Por intermédio desse estudo, objetiva‑se alcançar o
ensino de produção e de interpretação de texto, duas práti‑
cas escolares que ainda precisam evoluir em todos os níveis
de instrução – ensino fundamental, médio e superior.
176
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
OPERAÇÕES
DE RETEXTUALIZAÇÃO
NA PRODUÇÃO TEXTUAL
DE APRENDIZES DE PORTUGUÊS
COMO LE‑ADICIONAL
ESTUDO CONTRASTIVO
ENTRE DUAS CLASSIFICAÇÕES
PRAGMATICO‑FUNCIONAIS PARA
PACOTES LEXICAIS
LUCIANA AGUIAR DE OLIVEIRA (UFMG)
LUCIA ROTTAVA (UFRGS)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Operações de retextualização consistem de processos pe‑
los quais um determinado gênero textual é reelaborado ou
produzido (Marcuschi, 2001) com características de outro
gênero (Dell´Isolla, 2007). A retextualização de um deter‑
minado gênero textual está relacionada ao uso, ao contex‑
to de circulação, aos prováveis leitores, constituindo‑se em
variáveis que orientam ou determinam a linguagem usada
nesse processo. Esse processo se complexifica em se tra‑
tando de um contexto de ensino aprendizagem de língua
adicional devido à configuração dos contextos em que a
Língua Portuguesa é ensinada e das características de seus
aprendizes (Rottava, 2009).O objetivo desta comunicação
é descrever e analisar as operações de uso linguagem que
os aprendizes de português língua adicional recorrem para
a retextualização de um gênero a outro. Os dados sob aná‑
lise foram gerados em contexto de ensino e de aprendiza‑
gem em um curso de português para estrangeiros em uma
universidade britânica no ano letivo de 2011/2012. Fizeram
parte deste estudo doze aprendizes de português como
LE‑adicional. As retextualizações resultam de uma trans‑
crição oral para uma produção escrita. A transcrição oral é
um trecho do filme Amarelo Manga (2003), sob a direção de
Cláudio Assis, assistido pelos participantes em sala de aula
e, posteriormente, foi solicitada a retextualização. Os resul‑
tados indicam as operações mais recorrentes e a capacidade
dos aprendizes lidarem com diferentes recursos da lingua‑
gem em português –língua adicional.
A área de Ensino e Aprendizagem de Inglês como Língua
Adicional tem recebido contribuições da Linguística de
Corpus (LC) para a compreensão da língua em uso. Os pa‑
cotes lexicais, entendidos como sequências de palavras que
comumente co‑ocorrem no discurso natural (Biber et al.
1999), destacam‑se como importantes fontes de significa‑
do no discurso. O estudo dos pacotes lexicais e de suas fun‑
ções motivou a elaboração de listas pragmático‑funcionais
como as propostas por Biber et al. (2004), Hyland (2008) e
Simpson‑Vlach & Ellis (2010). No presente trabalho, apre‑
sentamos um estudo comparativo entre as classificações
de Simpson‑Vlach & Ellis e Hyland, pois ambas são basea‑
das em corpora acadêmicos e nosso objetivo, posterior, é
melhorar a classificação atual do nosso grupo de pesquisa.
O grupo vem trabalhando com pacotes lexicais extraídos do
Br–ICLE. Os objetivos do presente trabalho são a) identificar
qual classificação é a mais consistente, b) identificar quais
categorias são mais problemáticas e c) implementar estra‑
tégias secundárias de desambiguação entre classificações.
O estudo foi subdividido em quatro fases: 1) análise compa‑
rativa das duas classificações; 2) classificação de 50 bundles
de quatro palavras, escolhidos aleatoriamente, por um gru‑
po de quatro pesquisadores utilizando, separadamente, as
clasificações propostas por Simpson‑Vlach & Ellis e Hyland;
3) cruzamento das classificações a fim de verificar o índice de
inconsistência entre as mesmas; 4) aplicação de questioná‑
rio de verificação das opiniões dos anotadores. Os resultados
preliminares demonstram a ocorrência de inconsistências
nas classificações dos pesquisadores. Constatou‑se que o
grau de inconsistência é maior em determinadas categorias
que apresentam sobreposição semântica (e.g. atenuadores
e epistêmicos em Simpson‑Vlach & Ellis 2010), apontando
para a necessidade de refinamento das classificações.
177
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O APRENDIZADO DE LÍNGUA
ESTRANGEIRA ATRAVÉS
DA MULTIMODALIDADE
PRESENTE EM JOGOS DE VÍDEO
GAMES DE RPG
LUCIANA BRAGA CARNEIRO LEÃO (FAETEC / UFF)
Resumo de Paper
Esta comunicação objetiva apresentar como a multimoda‑
lidade encontrada em jogos de videogame do gênero role‑
‑playing game (RPG) pode contribuir para o aprendizado de
língua estrangeira (LE). O número de pesquisas que apresen‑
tam metodologias de ensino através de ambientes virtuais
de aprendizagem (AVA) e desenvolvimento de materiais didá‑
ticos digitais têm crescido exponencialmente. No entanto,
essas propostas, por vezes, representam apenas metodolo‑
gias e atividades já comuns em sala de aula apenas repro‑
duzidas no meio digital (Purushotma, Thorne & Wheatley,
2009). Já os alunos frequentemente fazem uso de filmes,
séries, internet e vídeo game, dentre outras tecnologias,
quando querem expandir seu conhecimento da LE por conta
própria. Nesse uso, a língua deixa de ser o fim para assumir a
posição de meio pelo qual o real objetivo do aprendiz – seja
o entretenimento, completar o jogo, ou outro – será alcan‑
çado. E, uma vez que a aprendizagem de LE deixa de ser o
objetivo principal, o nível de estresse e bloqueio do aprendiz
diminui. Focou‑se então nos vídeo games de RPG, pois, além
de oferecerem uma grande quantidade de insumo, esse é
apresentado em um ambiente multimodal (Kress, 2004), o
que não só facilita a compreensão, por fornecê‑lo através
de diferentes caminhos cognitivos, como também propor‑
ciona retroalimentação corretiva (Lyster & Ranta, 2007).
Averigua‑se nessa pesquisa o quão compreensível para os
jogadores é o insumo oferecido ao longo do jogo. Para tal,
busca‑se compreender quais as estratégias cognitivas utili‑
zadas pelos jogadores para extrair sentido dos textos, e se
eles têm consciência de que as estão utilizando. Além disso,
analisa‑se as formas com que a multimodalidade é usada
como ferramenta para facilitar a compreensão, e se ela pro‑
porciona pistas cognitivas que facilitarão a revocação (re‑
call) do vocabulário. Por fim, verifica‑se também os níveis de
motivação e filtro afetivo com relação ao entendimento dos
textos em ILE durante as sessões de jogos.
UM OLHAR PARA A NEGOCIAÇÃO
DO EMPREENDIMENTO
CONJUNTO DE UMA
COMUNIDADE DE PRÁTICA
DE FORMADORAS
DE PROFESSORES
DE LÍNGUA INGLESA
LUCIANA CABRINI SIMÕES CALVO (UEM)
Resumo de Paper
O presente trabalho traz um recorte dos resultados de uma
pesquisa de doutorado que teve como foco de investigação
as interações de formadoras de professores de língua inglesa
reunidas em um grupo de estudos (GE). Olhando para este
GE como uma Comunidade de Prática (CP), apresento e dis‑
cuto, nesta comunicação, a análise do seu processo de ne‑
gociação do empreendimento conjunto. Em linhas gerais,
CPs são definidas como grupo de pessoas com objetivos e
interesses comuns que interagem contínua e regularmente
com o propósito de se desenvolverem e se aperfeiçoarem em
um domínio específico (Wenger, 1998, 2006). A ideia sub‑
jacente ao seu conceito é a de “parceria de aprendizagem”
(Wenger, 2012) estabelecida entre aqueles que comparti‑
lham de uma mesma prática. As CPs são caracterizadas pelo
engajamento mútuo, empreendimento conjunto e repertó‑
rio compartilhado (Wenger, 1998) e apresentam três elemen‑
tos que a diferenciam de outros grupos formais: o domínio, a
prática e a comunidade (Wenger, McDermott, Snyder, 2002;
Wenger, 2006). O corpus deste estudo se constitui de trans‑
crições das gravações em áudio de dezesseis encontros entre
as formadoras durante o ano de 2010. Para a análise e dis‑
cussão dos dados, utilizarei alguns elementos do referencial
de Análise de Discurso Crítica (Chouliaraki e Fairclough, 1999;
Fairclough, 2001; 2003; 2005; 2011), procurando estabelecer
um diálogo com os pressupostos de CP, como também vol‑
tando uma atenção especial para o uso da linguagem por
parte dos seus membros.
178
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
DA INTENCIONALIDADE
À PRÁTICA: A COLABORAÇÃO
NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
DE LÍNGUA INGLESA
EM UM SUBPROJETO PIBID
O ENSINO DE LÍNGUA
PORTUGUESA, O USO
DA VÍRGULA E A CONSCIÊNCIA
METALINGUÍSTICA
LUCIANA FARIA PEREIRA (UFRJ)
LUCIANA CRISTINA DA COSTA AUDI (UNEB)
TAISA PINETTI PASSONI (UNEB)
Resumo de Paper
Na atualidade vários autores têm discutido diferentes sen‑
tidos para colaboração, nas mais diversas áreas do saber.
Especificamente na área de língua inglesa, tendências con‑
temporâneas têm apontado para a relevância do trabalho
colaborativo na formação de professores, uma vez que este
possibilita a produção do conhecimento por meio do encon‑
tro de profissionais que possuem experiências e trajetórias
distintas, (re)construindo identidades por meio da legitima‑
ção do outro no processo de construção do saber. Entendendo
que os princípios da colaboração permeiam os documentos
referentes ao edital PIBID/CAPES, e em consonância com a
proposta institucional do PIBID/UNEB 2011, a área de língua
inglesa do Campus X submeteu um subprojeto, tendo como
referência os trabalhos desenvolvidos por um grupo de pro‑
fessores do curso de letras inglês da Universidade Estadual
de Londrina, com o intuito de promover práticas de forma‑
ção de professores que se coadunem com tais pressupostos.
Nesse sentido o subprojeto intitulado Inovação Curricular e
Formação de Professores de Língua Estrangeira, tem orga‑
nizado suas atividades em diferentes dimensões, quais se‑
jam: a) no planejamento, execução e avaliação conjunta de
nossas atividades de sala de aula; b) nos encontros semanais
para leituras e discussões teóricas; c) na inovação curricular,
a partir de atividades localmente significativas desenvolvi‑
das dentro das salas de aula da Educação Básica, por meio
do ensino colaborativo; d) na criação de possibilidades para
pesquisas vinculadas a este processo de formação de pro‑
fessores. Consideramos que tais atividades são pautadas na
colaboração, no sentido de que todos os professores partici‑
pantes do subprojeto – professores formadores, professores
colaboradores e alunos‑professores. Desse modo, o presen‑
te trabalho pretende discutir alguns princípios da colabora‑
ção na formação de professores e investigar como as ações
desse subprojeto tem sido implementadas na dinâmica de
suas ações cotidianas.
Resumo de Paper
O ensino de língua materna no Brasil é marcado por uma va‑
lorização do conteúdo gramatical em detrimento de outras
formas de aprendizagem da língua. Isso se observa e com‑
prova quando, em sala, o alunado rejeita trabalhos de leitu‑
ra e de produção textual, acreditando que essas são ativida‑
des à parte do processo de ensino‑aprendizagem da língua.
“Eu não quero trabalhar textos, eu quero aprender português”,
essa é uma frase que Kleiman (2008 [1993], p. 16) reproduz de
um aluno e que, de formas diferentes, ouvimos facilmente
nas escolas. No entanto, o que falta a muitas instituições,
professores e alunos, em tais situações, é (re)conhecer e (re)
pensar o objetivo do ensino de língua, isto é: permitir e dar
recursos para que o indivíduo compreenda, reconheça, pro‑
duza e reflita sobre as mais variadas práticas discursivas da
vida para fazer usos das mesmas quando julgar necessário e
quando preciso for, da maneira que convier. Toda essa pro‑
blemática que circunda o ensino de língua materna resulta
em grandes e graves deficiências na apropriação e uso da lín‑
gua – principal “ferramenta” de defesa contra a ignorância e
a alienação. Chamam‑nos a atenção aqui as desordens que
se relacionam ao mau uso da vírgula. Acredita‑se que essas
revelem problemas relacionados, principalmente, à percep‑
ção da estrutura sintática do texto escrito. Nessa perspecti‑
va, reflete‑se sobre a necessidade de um ensino que objetive
a consciência metalinguística, isto é, uma atividade “que tra‑
ta a linguagem como um objeto cujas propriedades podem
ser examinadas a partir de um monitoramento intencional e
deliberado.” (SPINILLO & SIMÕES, 2003, p. 537) Desse modo, o
trabalho aqui proposto objetiva discutir (1) como os proble‑
mas no mau uso da vírgula revelam outros problemas mais
gerais no ensino de língua portuguesa e (2) como esses po‑
dem ser amenizados e – por que não? – até resolvidos, a par‑
tir da criação de estratégias de ensino através dos estudos
em metacognição e metalinguagem.
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
179
AMBIENTES VIRTUAIS
DE APRENDIZAGEM:
COMUNICAÇÃO, INTERAÇÃO
E DISCURSO EM UM CURSO
SEMIPRESENCIAL DA UFRJ
BRASILEIROS NÃO SABEM
INGLÊS: CRENÇAS PROPAGADAS
PELA MÍDIA VS CRENÇAS
DIFUNDIDAS PELOS BRASILEIROS
LUCIANA KINOSHITA BARROS (UFPA)
LUCIANA GUIMARÃES RODRIGUES DE LIMA (SME/RJ)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Este trabalho apresenta parte dos resultados de uma pesqui‑
sa de mestrado defendida no Programa Interdisciplinar de
Pós Graduação Linguística Aplicada da Universidade Federal
do Rio de Janeiro que teve como objetivos caracterizar as
potencialidades e limitações das ferramentas e‑mail, chat e
fórum em ambiente virtual de aprendizagem, assim como
identificar os elementos que influenciaram na interação en‑
tre professor e alunos. Segundo Moita Lopes (2006), a partir
do surgimento das novas tecnologias, as noções de realida‑
de, verdade, totalidade, espaço, tempo adquiriram concei‑
tuação diversa da tradicional, na forma com que as pessoas
lidam com a informação e constroem o próprio conhecimen‑
to. A possibilidade de acesso generalizado às novas tecnolo‑
gias de comunicação e de informação proporcionou novas
maneiras de viver, de trabalhar e de se organizar socialmen‑
te. Com as mudanças tecnológicas, culturais, econômicas e
históricas vivenciadas, vê‑se que os trabalhos de Lingüística
Aplicada (LA) do início do novo milênio buscavam compreen‑
der as implicações políticas na prática. Desse modo, a aná‑
lise privilegiou o registro dos discursos nas ferramentas di‑
gitais. Com relação aos aspectos relacionados aos significa‑
dos dos termos interatividade e interação, a relevância nos
estudos da linguagem, educação e tecnologia se basearam
nos estudos de Anderson (2003), Moore (2007), Silva (200),
Belloni (1999), Leffa (2005), Kenski (2007) e Primo (2003).
O objeto de estudo dessa pesquisa são as crenças sobre en‑
sino/aprendizagem (E/A) de Inglês como Língua Estrangeira
(ILE) de uma notícia intitulada Nível de inglês de brasileiro é
considerado “muito baixo” em ranking, publicada em 24 de
outubro de 2012 na internet, e dos comentários que foram
postados sobre ela. Com essa investigação pretendemos
traçar um panorama de como brasileiros veem sua própria
relação com o E/A de ILE em um momento em que o país pre‑
cisaria estreitar ainda mais as relações com o atual idioma
mundial já que em breve sediará dois importantes eventos
esportivos mundiais, além de também mostrar como a mí‑
dia retrata essa relação. Para alcançar o objetivo traçado
analisamos os dados a partir das concepções de crenças
sobre ILE (e suas respectivas aplicações no E/A de línguas)
defendidas por teóricos como Barcelos (2011), Conceição
(2011), Lima (2011) e Paiva (2010). Primeiramente buscamos
identificar as crenças que perpassam a notícia e os comen‑
tários para então compará‑los procurando constatar até
que ponto eles se diferenciam, se igualam, se completam
ou se contradizem. Resultados preliminares indicam que a
opinião do público não está muito distante das ideias pro‑
pagadas pela mídia, uma vez que ambas as partes têm seu
discurso fundamentado em crenças bastante pessimistas, o
que gera o sentimento de que a notícia apenas divulga uma
pesquisa que confirma o que todos já sabiam, pois, com al‑
gumas raras exceções, os comentários aparentam ser for‑
mados por discursos construídos de forma alienada a partir
de outros discursos (midiáticos ou não) e/ou experiências
de vida que levam os brasileiros a verem o E/A de ILE no país
com muito pessimismo.
180
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PROCESSOS DE RACIALIZAÇÃO
EM UM PROJETO
DE LETRAMENTOS QUEER
LUCIANA LINS ROCHA (UFRJ)
MEMÓRIA E PRESCRIÇÃO
NO ENSINO DE ESPANHOL
NO BRASIL: MANUAIS
DO PROFESSOR
LUCIANA MARIA ALMEIDA DE FREITAS (UFF)
Resumo de Paper
A teoria queer, uma posição epistemológica que desconfia
de naturalizações causadoras de sofrimento (Louro, 2004),
apresenta‑se como uma teorização fecunda para abalar o
letramento escolar em relação a formas de produção de co‑
nhecimento que naturalizam algumas performances como
mais adequadas que outras, engendrando certas normas tá‑
citas a que alunos(as) vêem submetidos(as). Dentre tais nor‑
mas tácitas podemos apontar a heterossexualidade com‑
pulsória, já que os(as) ‘desviantes’ sabem o quão hostil pode
ser a escola. O sucesso escolar estaria relacionado também
à encenação de performances consideradas adequadas.
Considerando a naturalização da hipersexualização dos
homens negros, coloca‑se igualmente dentre tais normas
tácitas a heterosexualidade imposta a meninos negros com
muito mais força que aos brancos. Isso se mostra quando
nossa ‘consciência’ para a diversidade nos leva a relacionar
a homofobia ao racismo, numa comparação capciosa que
pode resvalar para a total abjeção dos negros homoafetivos
(Sommerville, 2000; Barnard, 2004). O objetivo deste tra‑
balho é discutir processos de racialização e sexualidades du‑
rante a implementação de um projeto de letramentos queer
na minha própria sala de aula de ILE em uma escola pública
na cidade do Rio de Janeiro no ano de 2010. A turma focal
apresentava dois alunos homoafetivos e suas trajetórias ao
longo do processo são aqui consideradas à luz dessas ques‑
tões. Enquanto o aluno branco estilizava um “gay assumido”,
o aluno negro estilizava um “macho hegemônico”, apontan‑
do para tais normas tácitas impostas pelo letramento esco‑
lar. A estilização (Coupland, 2007) é aqui tomada como nor‑
te para análise do discurso encenado durante o processo, já
que ela é posta em ação a partir da tensão entre performan‑
ces sedimentadas e novos sentidos.
Resumo de Paper
Esta comunicação tem o objetivo de apresentar um dos pro‑
jetos do Grupo de Pesquisa Práticas de linguagem, trabalho
e formação docente (UFF), cujas investigações articulam
práticas discursivas e práticas sociais, em especial, no que
diz respeito ao trabalho docente. Em sua primeira etapa, a
presente pesquisa teve como meta realizar um levantamen‑
to dos livros didáticos de espanhol, com foco nos manuais
do professor. Foram levantados apenas livros dirigidos ao
ensino regular e produzidos no Brasil ao longo do século XX,
considerando como marco inicial o ano de 1925, quando se
incluiu a disciplina no Colégio Pedro II. Com isso, foi possível
averiguar a existência e as características dos manuais do
professor encontrados e, a partir desses dados, construir um
panorama analítico das presenças, ausências e dos seus for‑
matos, considerando que tais elementos produzem sentidos
acerca do papel do professor e da disciplina. Em sua segunda
etapa, foram realizados dois recortes para análise: (1) uma
comparação entre o manual mais antigo encontrado, de
1990, e os das coleções selecionadas pelo Programa Nacional
do Livro Didático – PNLD 2011; (2) um estudo dos fragmentos
que citam ou que se dirigem ao docente em livros didáticos
produzidos entre 1942 e 1961, único período do século XX em
que o espanhol foi disciplina obrigatória no Brasil. As análi‑
ses foram realizadas a partir da compreensão de que esses
textos integram e prescrevem o trabalho docente. Para as
análises, foi fundamental a contribuição teórica da concep‑
ção dialógica de linguagem (BAKHTIN, 2003; VOLOSHINOV,
2009), em especial do conceito de gênero discursivo, e suas
relações com os estudos sobre o trabalho, em especial, a
abordagem ergológica da atividade (SCHWARTZ, 1997). Por
meio desta pesquisa, busca‑se promover o conhecimento do
gênero discursivo manual do professor e de questões relacio‑
nadas à história do ensino de espanhol no Brasil.
181
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ESCRITA COLABORATIVA
E LEITURA SOCIAL: NOVOS
RELACIONAMENTOS ENTRE
LEITOR, AUTOR E TEXTO
OS DESAFIOS DA FORMAÇÃO
DE PROFESSORES NO PIBID –
INGLÊS
LUCIANE STURM (UPF)
LUCIANA NUNES VITER (UFRJ)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
A linguagem é uma tecnologia construída ao longo do tem‑
po através de múltiplas interações (KENSKI, 2008) e a sua re‑
presentação escrita tem sido uma das principais ferramen‑
tas para registro e transmissão de conhecimentos da civili‑
zação humana. Os dispositivos para escrita e leitura evoluí‑
ram de superfícies sólidas como pergaminhos e papiros, até
chegarem ao uso mais amplo do papel quando da invenção
da imprensa no Século XV, por Gutenberg. Atualmente, ocor‑
re uma nova revolução nos suportes para leitura e escrita,
desencadeada pelo desenvolvimento acelerado das tecnolo‑
gias de informação e comunicação e pela popularização de
aparelhos que facilitam a leitura em tela como e‑readers e
tablets. Estas transformações ocorrem principalmente em
função dos níveis de mobilidade e interatividade proporcio‑
nadas por estes equipamentos e pelas características muito
específicas da hipermídia e do hipertexto neles utilizados,
que modificam não apenas o forma to de reprodução, mas
também a própria estrutura da produção e da leitura dos
textos que habitam estes meios (CHARTIER, 1994). Assim, gê‑
neros textuais anteriores a essas mudanças se modificam,
enquanto outros gêneros inéditos emergem a partir de no‑
vas dimensões comunicativas possibilitadas pelas inovações
tecnológicas. Pretende o presente trabalho investigar os
fenômenos da escrita colaborativa e da leitura social nesses
contextos, buscando identificar as características desses no‑
vos relacionamentos entre leitor, autor e texto e os possíveis
impactos dessas mudanças nos processos da leitura e da for‑
mação do leitor.
O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência
(PIBID) criado pela CAPES é uma iniciativa ao aperfeiçoamen‑
to e à valorização de professores para a educação básica,
promovendo a inserção dos acadêmicos no contexto das
escolas públicas desde o início da sua formação universi‑
tária, proporcionando‑lhes oportunidades de criação e de
participação em experiências metodológicas, tecnológicas
e de práticas docentes de caráter inovador e interdisciplinar
para a superação de problemas identificados no processo
de ensino‑aprendizagem. Nesse contexto, esta comunica‑
ção tem como objetivo apresentar e discutir o subprojeto
Letras–Inglês, da Universidade de Passo Fundo, que está
sendo desenvolvido em 2 escolas estaduais e 1 municipal, no
município de Passo Fundo, envolvendo dezoito acadêmicos
e três professoras de Língua Inglesa. O foco do subprojeto,
iniciado em agosto de 2012, está no desenvolvimento do
letramento crítico, a partir das Orientações Curriculares
Nacionais (2007) e no Referencial Curricular – Lições do Rio
Grande (Vol.1, 2009), centrado na temática a influência da
língua inglesa na cultura brasileira. Na primeira etapa do
subprojeto, os bolsistas estiveram presentes nas escolas e
nas aulas de inglês, por 6 meses, realizando a investigação
da realidade escolar, com a contextualização, diagnósticos e
levantamento de dados, por meio de entrevistas e aplicação
de questionários. Serão apresentados, portanto, dados ricos
e reveladores, cujas análises e reflexões visam a ações inova‑
doras que darão continuidade ao projeto. Paralelamente a
isso, os bolsistas têm sessões semanais e sistemáticas de es‑
tudo de textos científicos e de aperfeiçoamento linguístico.
Nesses encontros, de posse da fundamentação teórica, há
espaço para discussões de alternativas de intervenção e pla‑
nejamento de sequências didáticas, com vistas à promoção
e à qualificação do ensino, por meio da docência comparti‑
lhada, envolvendo bolsistas.
182
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O ENSINO DA ARGUMENTAÇÃO
A PARTIR DO CONCEITO
DE GÊNEROS DO DISCURSO:
CONTRADIÇÕES E PERSPECTIVAS
O DESEJO DE SABER E SUAS
IMPLICAÇÕES NO ENSINO
E APRENDIZAGEM
DA LÍNGUA INGLESA
LUCIANO NOVAES VIDON (UFES)
LUCIENE PIRES NEVES (UNITAU)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Neste trabalho de pesquisa, perguntamo‑nos a respeito das
concepções, propostas didático‑pedagógicas e práticas de
ensino da argumentação e de gêneros do discurso argumen‑
tativo encontradas, atualmente, no ensino de língua portu‑
guesa, especialmente no ensino médio. O objetivo é discutir
como questões referentes à subjetividade, estilo e autoria
tem se tornado objeto de ensino em relação a gêneros do
discurso argumentativo e, também, como enunciados per‑
tencentes a esses gêneros têm sido realizados na esfera
social mais ampla e na escolar, mais particularmente. Tal
objetivo é buscado a partir da teoria bakhtiniana da lingua‑
gem, de sua metodologia dialógica (BAKHTIN/VOLOSHINOV,
2010; BAKHTIN, 2010a; BAKHTIN, 2010b; MEDEVIÉDEV, 2012;
AMORIM, 2001; MIOTELLO; 2012), e, também, de um corpus
de enunciados constitutivos do contexto de interação esco‑
lar. Trabalhamos com a hipótese de uma tensão enunciativa
que se constitui entre os regimes discursivos (AMORIM, 2001)
de gêneros consagrados e legitimados pela escola e pela so‑
ciedade e os quereres‑dizer dos locutores (BAKHTIN, 2010a).
Dentro dessa perspectiva, analisamos situações de ensi‑
no‑aprendizagem da linguagem escrita colocando em dis‑
cussão as relações dos sujeitos com os gêneros do discurso
dissertativo‑argumentativo privilegiados, atualmente, pelo
universo ideológico escolar. Os resultados, até o momen‑
to, apontam para o que temos denominado “pedagogia da
dessubjetivação”, na qual uma concepção ao mesmo tem‑
po subjetivista‑idealista e objetivista‑abstrata, nos moldes
da crítica bakhtiniana às duas vertentes linguístico‑filosó‑
ficas predominantes no início do século XX, ainda perma‑
nece como horizonte discursivo e ideológico do ensino de
língua portuguesa neste início do século XXI. Esperamos,
com essa proposta de trabalho, avançar na investigação si‑
tuada, participante e dialógica, dessas práticas linguístico‑
‑pedagógicas e na crítica propositiva de suas concepções e
bases epistemológicas.
É de conhecimento a posição hegemônica ocupada pela lín‑
gua Inglesa no mundo globalizado, as representações sócio‑
‑historicamente compartilhadas de que o inglês é essencial
para a inserção no mercado de trabalho e seus atraentes
meios de divulgação e disseminação cultural através de mú‑
sicas, filmes e jogos. Sendo assim, não está claro se tudo isso
seria o suficiente para que o aluno da rede regular de ensino,
principalmente o da rede pública adira à língua, se engaje
em seu aprendizado e consequentemente usufrua dos be‑
nefícios que o aprendizado dessa língua pode oferecer. Este
estudo, que parte dos pressupostos da Análise do Discurso
de linha Francesa e também de alguns conceitos oriundos da
psicanálise visa a investigar, problematizar e entender essa
resistência e autoexclusão do aluno quanto ao aprendizado
da LI, em especial na escola regular pública. Como material
de pesquisa foram utilizados transcrições da fala dos alunos,
coletadas durante algumas aulas ministradas pelo próprio
professor‑pesquisador e respostas fornecidas a partir de um
questionário informal, nas quais foram destacadas algu‑
mas regularidades no corpus discursivo que denunciaram a
função crucial do desejo de saber que por sua vez propicia
a identificação do aprendiz com o professor e com a disci‑
plina em questão. Tal identificação dará início ao processo
transferencial, acionando e possibilitando, então, a aprendi‑
zagem. Em última instância, este estudo tem como objetivo
contribuir para um processo de ensino e aprendizagem de
LI mais significativo na Escola Regular Pública.
183
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
LINGUAGEM MIDIÁTICA
E COLABORAÇÃO CRÍTICA
NO ENSINO‑APRENDIZAGEM
DA LÍNGUA ESTRANGEIRA
ESCOLHER RENUNCIAR:
OS DISCURSOS TEÓRICOS [DOS
ESTUDOS DA LINGUAGEM]
E SEUS DUPLOS
LUCILENE SANTOS SILVA FONSECA (CENTRO PAULA SOUZA)
LUIS FERNANDO PROTASIO (UNICAMP)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Este trabalho enfoca a formação de professores em um cur‑
so de licenciatura, inglês e espanhol, em uma Faculdade de
Jandira/SP. Está, de forma geral, voltado à compreensão e
transformação dos sentidos e significados atribuídos pelos
alunos‑professores e professora‑pesquisadora, ao ensino da
Língua Estrangeira (LE), em contexto escolar, organizado
como atividade de formação de professores pré‑serviço, em
aulas de Prática de Ensino de LE. Embora essa seja uma área
considerada prioritária pelo Governo Brasileiro, de acordo
com o Censo da Educação Superior 2010, publicado em 2012
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais
Anísio Teixeira (INEP), há um decréscimo no número de
alunos matriculados em cursos destinados à formação de
professores. Na área do ensino de LE, também nota‑se um
crescente desinteresse pela docência, o que tem ocasio‑
nado o fechamento de cursos de letras por falta de alunos.
Em Estados como Piauí e Paraíba, simplesmente não há
docentes para ministrar espanhol nas escolas (INEP, 2012).
Na avaliação de Celani (2009), existe uma descrença geral
no meio educacional em relação à área. Para ela, no entan‑
to, a situação tende a se reverter (...)”. Não há duvida de que,
para mudar esse quadro, muito há de se propor para incen‑
tivar os estudos e motivar os alunos à docência de línguas
estrangeiras. Há necessidade de inovações, uso de novos
recursos que favoreçam o ensino‑aprendizagem da língua
estrangeira. Estudos de Bianconcini de Almeida, já em 2003,
apontam para esta necessidade e, nesse contexto, para a
utilização das mídias digitais, que ganham destaque por
serem excelentes recursos e oportunizarem a expansão do
olhar do professor e do aluno para novos horizontes no dia a
dia da sala de aula. A Linguagem midiática, hoje, já se encon‑
tra presente nos espaços escolares, embora nem sempre da
forma desejada. Este trabalho, como já apontei, centra‑se
na formação de professores de línguas, principalmente os de
língua estrangeira. Diferentemente do
No contemporâneo contexto teórico dos estudos da lingua‑
gem e, em particular, dos estudos da tradução, os discursos
produzidos e disseminados parecem cada vez mais deferir
em favor da precariedade das distinções absolutas que mar‑
cariam aquilo que, classificado como sistemático, tradicio‑
nal, clássico, exigiria, portanto, uma leitura desconstruti‑
va salvadora. Projetados fundamentalmente a partir dos
modelos da filosofia continental, esses discursos atribuem
ao século 20 (em especial, à sua segunda metade − a fami‑
gerada “pós‑modernidade”) a superação dessas distinções
(teoria e prática, corpo e espírito, material [real] e simbólico,
original e tradução) e o apagamento das fronteiras que, nes‑
sa leitura, ameaçariam o sucesso do sagrado projeto demo‑
crático. Entretanto, ao renunciar às fronteiras e revogar as
distinções, criando um espaço ambíguo transterritorial fun‑
dado na coincidência (em certo sentido, o espaço reclamado
pela LA), o que se produz, na maioria das vezes, é um discur‑
so totalitário que coloca ênfase naquilo que supõe abando‑
nar, isto é, cliva o mecanismo (político) da proibição e repete
a lógica (econômica) da simbolização. É o que lemos, por
exemplo, nos exercícios filosóficos de Agamben (2010), que
reduz zoé e bíos ao Dasein, e do próprio Derrida (2009), que,
ao desconstruir a mesma distinção, apela finalmente para o
poético. Especificamente nos estudos da tradução, tais dis‑
cursos manifestam‑se nas noções de Aufgabe como “tarefa‑
‑renúncia” (BENJAMIN, 2010) e de survie como “sobrevivência/
sobrevida” (DERRIDA, 1986) − duplos carregados de valor ético,
social, religioso, simbólico. Nesse contexto, o objetivo deste
trabalho é pensar as possibilidades de um discurso teórico
que, de fato, supere as distinções absolutas, mas seja eman‑
cipatório, aberto a uma nova abordagem da coincidência de
duas diferenças e capaz de agenciar a passagem do clone ao
avatar sem reincidir no poder soberano de uma [bio]política
dominada pela sacralização da diferença.
184
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
RELATOS DE VIAGEM
ENQUANTO OBJETOS
DE INVESTIGAÇÃO LINGUÍSTICA
LUIZ BARROS MONTEZ (UFRJ)
Resumo de Paper
Um texto escrito no passado pode trazer mais ou menos in‑
formação historiográfica acerca da época de sua produção,
dependendo não somente de sua natureza, mas também do
modo como ele é investigado. Vale dizer, um único e mesmo
texto pode mostrar‑se opaco ou pouco informativo para
um historiador, enquanto para outro se mostra elucidati‑
vo e rico em informações. Examinado do ponto de vista de
suas razões semânticas mais profundas, ou seja, como um
“enunciado” (cf. Bakhtin), o objeto textual pode se apresentar
como homogêneo e simples para um investigador, ao mes‑
mo tempo em que se apresenta atravessado por fraturas e
como um objeto complexo para outro. Este último investi‑
gador, munido com um arsenal teórico que dê conta destas
fraturas, certamente estará mais habilitado a extrair do tex‑
to um maior número de e mais ricas informações do que o
primeiro. Parece bastante claro que, para que isso possa ser
realizado, é fundamental reconhecer o documento textual
como prática social concreta em meio aos conflitos e inte‑
resses econômicos, políticos e ideológicos da época em que
foi produzido. Contudo, o que não é tão claro é que, para se
levar a cabo esse reconhecimento, não basta o levantamen‑
to das condições históricas em que o texto em questão foi
escrito – aí incluída a biografia do autor, ou mesmo a inves‑
tigação de suas motivações psicológicas – desvinculado dos
seus aspectos linguísticos constitutivos particulares. É im‑
prescindível o reconhecimento prévio do texto como prática
discursiva específica, isto é, verificar em sua morfologia os
elementos que o alinham como “unidades, conjuntos, séries
e relações”. Somente assim se pode conceber o documento
como prática social concreta, e não como um ato abstrato
póstumo às práticas não semióticas. Com base nessa consi‑
deração preliminar, examino nesta comunicação um pouco
mais atentamente um gênero textual específico, os relatos
de viagens, analisando o que eles representam enquanto ob‑
jeto de reflexão linguística.
A ATUAÇÃO DO TRADUTOR
E INTÉRPRETE DE LIBRAS/
PORTUGUÊS EM SITUAÇÃO
DIALOGAL: UMA PROPOSTA
DE REPRESENTAÇÃO
ESQUEMÁTICA DA SITUAÇÃO
DE INTERPRETAÇÃO
LUIZ CLÁUDIO DA SILVA SOUZA (UFRJ)
Resumo de Paper
Este trabalho tem como objetivo analisar os esquemas
elaborados para descrever a atividade de comunicação e
tradução. Este texto percorre desde uma concepção meca‑
nicista da linguagem proposta por Jakobson (1971) até uma
abordagem discursiva da tradução elaborada por Corrêa
(2007), com base na Análise Semiolinguística do Discurso.
Analisaremos, em primeiro lugar, alguns esquemas propos‑
tos para explicitar a maneira das trocas linguageiras deter‑
minadas na situação de comunicação (Charaudeau, 2010).
O principal objetivo é propor um esquema para a interpre‑
tação da língua de Sinais/Português. Assim sendo, nossa
proposta contemplará situações em que todos os parceiros
das trocas linguageiras estejam presentes fisicamente na
Circunstância Discursiva. Para isso, necessitaremos inicial‑
mente detalhar a especificidade da tradução e interpreta‑
ção de uma língua de modalidade visual‑espacial para uma
de modalidade oral‑auditiva e vice‑versa que permitirá uma
proposta de representação esquemática adequada à situa‑
ção de interpretação intermodal.
185
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
IDENTITÁRIA EM UMA HISTÓRIA
DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUA
INGLESA SOB A PERSPECTIVA
TRIDIMENSIONAL DO DISCURSO
LUNARA DAVID GOLÇALVES (UFV)
RAFAEL BARCELLOS DE MORAES (UFV)
Resumo de Paper
No presente trabalho, analisamos uma História de
Aprendizagem de Língua Inglesa, de um professor recém‑for‑
mado em Letras, sob o viés da Análise do Discurso Crítica
de linha francesa, mais precisamente da Teoria Social do
Discurso (TSD) proposta por Norman Fairclough (2001) e da
Gramática Sistêmico‑Funcional (GSF) proposta por Michael
Halliday (1994). Sob a perspectiva tridimensional do discurso
presente na TSD o discurso é visto como texto, prática discur‑
siva e prática social. Pela perspectiva da GSF, podemos iden‑
tificar como funciona o sistema de significados, que Halliday
associa a três metafunções: interpessoal, ideacional e tex‑
tual. Por meio delas podemos identificar como o discurso se
organiza, explicar o uso da língua a partir das necessidades e
propósitos do sujeito narrador em determinados contextos.
Desta forma, buscamos identificar (i) como se dá o processo
de construção da identidade como professor/aluno do sujei‑
to narrador, e (ii) as relações sociais com os sujeitos presen‑
tes no discurso. Nossas conclusões, através da análise dos
elementos linguísticos presentes no discurso, nos levam
a acreditar que a identidade é mesmo um processo, assim
sendo, está em constante construção devido às relações so‑
ciais e as práticas discursivas dos sujeitos que participam do
processo de construção identitária.
GÊNEROS MULTIMODAIS,
MULTILETRAMENTOS
NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
LUZINETE CARPIN NIEDZIELUK (FMP)
Resumo de Paper
Esta comunicação apresenta a importância do uso dos pos‑
tulados sobre multimodalidade na formação de professores
do curso de Pedagogia, quarta fase de uma instituição públi‑
ca do município de Palhoça. Nosso objetivo foi buscar capa‑
citar os(as) alunas(os) de tal curso a obterem o letramento
visual e fazerem uso do mesmo em suas aulas na educação
infantil. Para tal, recorremos aos fundamentos da Gramática
do Desenho visual para a compreensão da multimodalidade,
dos multiletramentos, aliados aos pressupostos enunciati‑
vo‑discursivos de abordagem sócio‑histórica do Círculo de
Bakhtin. A metodologia utilizada é a dialógica e qualitativa.
Como resultados pudemos perceber que estes alunos(as) no
decorrer de um semestre modificaram e, consequentemen‑
te, ampliaram sua forma de observar os textos/discursos e
sua maneira de trabalhar com estes textos/discursos que
apresentem em sua composição além do texto verbal ima‑
gens, o quê antes para eles era pouco representativo passou
a ser de muita relevância. Com isso, comprovou‑se a contri‑
buição do letramento visual para a formação docente.
186
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
BETWEEN THE LAW AND THE
PEOPLE : THE DYNAMICS
OF LINGUISTIC POLICY AND
LANGUAGE CULTURE
WHO ARE THEE: VOZES
SILENCIADAS NA AULA
DE LINGUA ESTRANGEIRA
MADSON GOIS DINIZ (UFPE)
LYNN MARIO TRINDADE MENEZES DE SOUZA (USP)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Schiffman (1996) called attention to the fact that language
policies are inseparable from what he defined as ‘linguistic
cultures’; as such, far from merely consisting of documents,
he considered it is important to identify the plurality of dis‑
courses and ideologies in which language policies are embed‑
ded, conceived, formulated and implemented. This plurality
in turn may produce discrepancies and conflicts throughout
the process of production and implementation laying bare
the inherently normative and excluding character of such
policies. This paper discusses aspects of this complexity also
approached by Ball (2006), Luke & Hogan (2006), Snyder
(2008) e Rizvi & Lingard (2010) who take into consideration
the genealogy, the context, the process of formulation, the
writing, and the implementation of language policies. In or‑
der to illustrate this complexity, the paper focuses on the
concept of ‘mother tongue’ (Khubchandani 1994,1998; Gupta
2000; Pattanayak 1990; Agnihotri 1994) and the ethical and
epistemological implications of such a concept for language
normatization, orality and literacy practices and for identi‑
ty issues in a community. Also connected to this is the issue
of how language policies conceive the educational process
itself: varying from a mere transmission of knowledge to a
process of developing citizenship. The paper is based on re‑
search carried out in Goa, India and in indigenous education
policy in Brazil (Menezes de Souza 2007, 2008, 2011).
Sendo a cultura vista enquanto conflito político no meio dos
significados atribuídos às ações dos indivíduos localizados
na mesma fronteira de relações de poder (Quantz, 1992), a
sala de aula de língua estrangeira é um território de (res)
significação de identidades e embates. Nesse sentido, a co‑
‑existência de culturas dominantes e dominadas, remete a
definição de Giroux (1992) ao propor o antagonismo das re‑
lações de poder, a partir dos quais, o dito e o interdito são
construções históricas clivadas de gradiente ideológico, as‑
sumidas ou não pelo sujeito. Por sua vez, os discursos dos
espaços educacionais passam pelo efeito de sentido dos
interlocutores através da capacidade de percepção de si, do
outro e do hibridismo cultural. Se a sociedade é refletida na
linguagem com seus valores e verdades, conforme pontua
Lakoff (1973), como tais imagens sociais são representadas
e construídas para os aprendizes de língua estrangeira? –
Assuntos como as minorias étnicas ou LGBTI não alcançam
os lócus dos livros‑texto, das formações de professores e do
cotidiano da sala de aula. As questões acerca da teoria de gê‑
nero e queer têm merecido cada vez mais destaque no âmbi‑
to da linguística aplicada crítica, com vistas a uma discussão
mais efetiva dos papéis e identidades de professores e apren‑
dizes no processo de ensino‑aprendizagem de língua estran‑
geira. Entretanto, a incipiente visão de alteridade entre os
atores partícipes do processo educacional, parece dificultar
o desenvolvimento de uma atitude tolerante, ou ainda, tor‑
nam o debate mais emergente. O objetivo dessa comunica‑
ção é refletir sobre a percepção de professores e alunos de
língua estrangeira do Ensino Médio de uma escola pública
de Recife–PE, acerca da temática LGBTI e como a clivagem do
discurso eu‑outro demarca um entre‑lugar entre os valores
culturais assinalados pela língua materna em detrimento
dos valores culturais da língua alvo ou estrangeira.
187
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
UMA PROPOSTA DE ABORDAGEM
DO PROCESSO DE SELEÇÃO
DE LIVROS DIDÁTICOS
NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES
A ABORDAGEM
DA REFERENCIAÇÃO
EM TEXTOS MIDIÁTICOS
NO ENSINO FUNDAMENTAL
MAITÊ MORAES GIL (UFRGS)
MANUELA COLAMARCO PEREIRA (UFRJ)
FABIANA DA COSTA GONÇALO (UFRJ)
Resumo de Paper
O livro didático desempenha um papel significativo no cená‑
rio educacional brasileiro: ele constitui um dos poucos gêne‑
ros impressos ao qual uma expressiva parcela da população
tem acesso, sendo, algumas vezes, o principal material de
leitura de professores e alunos. O livro didático é um mate‑
rial sedutor, uma vez que propicia, por um lado, certa pratici‑
dade ao trabalho pedagógico e, por outro, uma atração para
o aluno que encontra um material com aspecto visual envol‑
vente, graças à crescente preocupação das editoras com os
projetos gráficos. Em alguns contextos, o LD é responsável,
inclusive, pela organização do currículo. Diante desse cená‑
rio, objetivo deste trabalho é argumentar que o processo de
formação de professores deve abordar a questão do LD em
suas diferentes dimensões: política, histórica, ideológica,
econômica, pedagógica etc. Dentre essas esferas, o foco
escolhido para este estudo é o processo de seleção de livros
didáticos. Para tanto, são analisadas qualitativamente as
resenhas do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD)
dedicadas aos volumes de Língua Portuguesa para o Ensino
Fundamental (2011). Além disso, são explorados os critérios
de análise de pesquisas cujo objeto de análise são os LDs, a
fim de que seja apresentada uma proposta de capacitação
para a análise e escolha dos LDs nos cursos de Licenciatura
em Letras. Os resultados da investigação desenvolvida pos‑
sibilitam a elaboração de um roteiro de análise que pode
orientar os professores na seleção dos LDs a serem por eles
adotados. Conclui‑se, então, que uma discussão sistemática
sobre a análise e a escolha dos LDs na formação de professo‑
res pode favorecer o trabalho com esses materiais didáticos
em sala de aula.
Resumo de Paper
A presente pesquisa tem por objetivo reunir as contribuições
do processo de referenciação a um trabalho mais produtivo
com o texto em sala de aula no Ensino Fundamental, princi‑
palmente no que se refere às atividades de leitura e interpre‑
tação. O corpus sob análise constitui‑se de textos do ramo
midiático, pertencentes aos gêneros notícia, artigo de opi‑
nião, editorial e reportagem. Esses textos encontram‑se em
duas coleções de livros didáticos para o Ensino Fundamental,
aprovadas pelo PNLD–EF‑2011. Tem‑se um total de oito livros
e, nesses livros, 70 textos e 387 exercícios foram analisados.
Neste trabalho há o desenvolvimento de duas etapas: (i)
uma análise quantitativa para mostrar as ocorrências das
atividades com referenciação em relação ao número total
de exercícios dos textos; e (ii) uma análise qualitativa, bus‑
cando observar a qualidade das atividades encontradas, no
que tange à contribuição para uma leitura mais produtiva
por parte do aluno, principalmente em relação às escolhas
lexicais reveladoras de intencionalidade do autor do texto.
Adotou‑se como suporte teórico deste trabalho estudos com
base na Linguística do Texto, destacando as obras de Koch
(2004, 2006, 2008), Koch & Elias (2006), Marcuschi (2008),
Cavalcante et alii. (2003), Cavalcante (2011), Mondada
(2001), dentre outros. A pesquisa mostrou que, apesar da
indiscutível importância da referenciação para o ensino de
LP que hoje se faz necessário, ainda há pouco material sobre
o tema disponível para o Ensino Fundamental. Sabemos que,
na academia, esse tema é bastante estudado e sua relevân‑
cia é inquestionável. No entanto, ainda há muito que fazer
para levá‑lo até a sala de aula por meio de metodologias e
materiais a serem desenvolvidos. Por isso, na segunda etapa
da pesquisa, com vias a auxiliar professores que se interes‑
sem pelo tema em questão, são propostos materiais didáti‑
cos, organizados também a partir de textos midiáticos, pos‑
síveis de serem aplicados a alunos do Ensino Fundamental.
188
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A RESSIGNIFCIÇÃO DA ATIVIDADE
DE LEITURA EM LÍNGUA
INGLESA: EXPERIÊNCIA EM UMA
ESCOLA PÚBLICA
MARA CRISTINA FERREIRA CUNHA (PUC–SP)
A LÍNGUA INGLESA
NO CONTEXTO DE FORMAÇÃO
UNIVERSITÁRIA:
É FRANCA OU AINDA
CULTURALMENTE IMPLICADA?
MARALICE DE SOUZA NEVES (UFMG)
Resumo de Paper
Este trabalho tem como objetivo descrever e interpretar o
fenômeno ressignificação da atividade de leitura em lín‑
gua inglesa de um grupo de alunos do ensino médio em
uma escola da rede pública estadual da cidade de São Paulo
em aulas planejadas a partir da contribuição dos estudan‑
tes. A fundamentação teórica dessa pesquisa está baseada
em textos sobre a formação do professor reflexivo (Celani,
2002, 2010), a atividade de leitura (Christine Nuttall, 1996;
Françoise Grellet, 1990) e a complexidade (Moraes, 2008,
2008a; Morin, 2006a, 2006b). Esta pesquisa será realizada
à luz da Abordagem Hermenêutico‑Fenomenológica (van
Manen, 1990; Freire, 2009, 2010). Questionários, diários
reflexivos, notas de campo e entrevistas são os instrumen‑
tos de coleta de dados. Até o momento, a interpretação dos
dados parece indicar que esses alunos expressam o desejo
de estudar a língua inglesa, apresentam resistência a traba‑
lhos comuns nas aulas de inglês da escola pública, como por
exemplo, a tradução e o estudo calcado na gramática. Assim,
esta pesquisa pretende contribuir para a área de formação
de professores, fornecendo informações relevantes sobre a
prática de leitura em língua inglesa.
Resumo de Paper
O objetivo deste trabalho é contribuir com o debate rela‑
cionado ao ensino e à aprendizagem de inglês como língua
estrangeira (LE) ao problematizar a disseminação global
da língua inglesa (LI) e sua consequente discussão de que,
como lingua franca, o inglês deixa de carregar o mito do fa‑
lante nativo e não se atrela mais às suas culturas de origem
(cf. SEIDLHOFER, 2003). Pretende‑se apresentar tendências
enunciativas que levam a representações identitárias emer‑
gentes da relação entre sujeitos brasileiros universitários
com sua língua e cultura de origem no encontro com outros
sujeitos falantes da língua inglesa, nativos ou não, de paí‑
ses onde essa língua é nacional para discutir de que forma
a LI, em processo de mudança de status de língua possuída
somente pelo falante nativo para o status de língua tam‑
bém pertencente ao não nativo (WIDDOWSON,1994) poderá
influenciar a constituição da identidade dos falantes brasi‑
leiros em aprendizagem no contato/confronto com falantes
nativos e não nativos diante dessa abertura para outras cul‑
turas e para a LI como língua ambivalentemente atrelada a
uma cultura de origem, em geral, a americana ou a inglesa.
A Linguística Aplicada, por sua característica interdiscipli‑
nar, oferece oportunidade de se enfocar o componente só‑
cio‑cultural e a dimensão enunciativa da língua valendo‑se
de estudos nas diversas áreas de estudos da linguagem, da
Psicanálise, da Educação e das Ciências Humanas e Sociais.
Parte‑se, portanto, de conceitos e noções oriundos da
Análise de Discurso e da psicanálise para analisar o corpus
composto de entrevistas com diversos sujeitos de duas ca‑
pitais brasileiras. Busca‑se comprovar a hipótese de que cul‑
tura e língua são fortemente imbricados e, mesmo que cada
vez mais a LI seja utilizada com o fim exclusivo de comuni‑
cação entre não nativos dessa língua, a referência a algum
pertencimento cultural interfere nas representações que os
falantes fazem de si e da LI.
189
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ADAPTAÇÃO E ENSINO
DE LITERATURA: UM OLHAR
DIALÓGICO‑INTERTEXTUAL
PRÁTICAS DE LEITURA E ESCRITA
EM LÍNGUA INGLESA – UMA
ABORDAGEM INSTRUMENTAL
MARCEL ALVARO DE AMORIM (UFRJ)
MARCELA APARECIDA CUCCI SILVESTRE (UFRN)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Roland Barthes ([1973] 2010) já nos alertava para “a im‑
possibilidade de viver fora do texto infinito”, ou seja, do
intertexto. Essa concepção nos direciona a uma visão do
texto literário como inacabado, em constante construção.
Paradoxalmente, o ensino dessa arte fluída, da literatura,
continua a pautar‑se numa visão concreta do literário visto
como um produto pronto para o consumo: a instituição es‑
colar continua, na segunda década do século XXI, a trabalhar
com uma abordagem tecnicista da literatura ainda baseada
em conceitos estruturalistas do início dos anos 1970. Essa
comunicação surge, então, a partir da necessidade de cla‑
marmos o discurso literário – não o discurso didático sobre
a literatura – para a sala de aula e de entendermos de que
forma a adoção de outras linguagens e de outras formas de
se enxergar a prática de ensino de literatura pode possibili‑
tar a criação de novas rotas que propiciem o engajamento
dos alunos/leitores no que aqui chamaremos de rede dialógi‑
co‑intertextual (BAKHTIN, [1929] 2006; STAM, 2000). Dentre
as outras linguagens que perpassam e/ou são perpassadas
pelo literário, exploraremos especialmente a utilização das
adaptações cinematográficas na prática de sala de aula.
Para tanto, inicialmente ilustraremos a situação atual da
educação literária a partir do que tem sido realizado na área
de políticas públicas voltadas à educação do estado do Rio
de Janeiro. A partir do quadro construído, buscaremos, pau‑
tados em uma abordagem dialógica do discurso (BAKHTIN,
[1953] 2003) e do ensino‑aprendizagem da literatura (CEREJA,
2005), discutir de que forma as adaptações poderiam con‑
tribuir para um (re‑)pensar do ensino dessa disciplina na
instituição escolar. Entretanto, é necessário ressaltar que
nosso intuito não é fornecer um roteiro didático para a utili‑
zação do cinema como substituto ou ilustração da literatura,
mas o de pensar o filme como parte do texto infinito e, por
consequência, do processo interpretativo de determinada
obra literária.
A disciplina de “Práticas de Leitura e Escrita em Língua Inglesa”
é oferecida aos alunos da Escola de Ciências e Tecnologia da
Universidade Federal do Rio Grande do Norte segundo um
processo pedagógico baseado na abordagem instrumental
de ensino de línguas, contemplando exercícios de leitura,
interpretação e produção de textos. Por meio desse proces‑
so, busca‑se promover não apenas as práticas de leitura em
seus diversos níveis de complexidade, mas também o deba‑
te e a reflexão crítica, a partir da utilização das estratégias
de leitura como procedimentos (físicos ou mentais) impres‑
cindíveis. Contudo, para que o ato da leitura obtenha maior
nível de eficácia, é essencial que o emprego das estratégias
seja fruto de reflexão e conscientização do leitor, implicando
na necessidade de serem “ensinadas” aos leitores. Partindo
do princípio de que o leitor constrói o significado do texto a
partir do próprio texto, dos conhecimentos prévios, do co‑
nhecimento linguístico, dos objetivos e das estratégias de
leitura (SOLÉ, 1998), o curso visa à aplicação de um modelo
de leitura que não se centra nem no texto nem no leitor, mas
na interação entre os dois. Tendo em vista alcançar os obje‑
tivos propostos, destacam‑se algumas das principais estra‑
tégias de leitura trabalhadas na disciplina: 1. needs analysis;
2. introduction: english is everywhere; 3. prior knowledge; 4.
discoursive genres; 5. Skimming; 6. Scanning; 7. Predicting; 8.
cognates and false cognates; 9. word formation; 10. linking
words; 11. repeated words; 12. typographical signals; 13. use
of dictionary and translator; 14. how to write a profile. A in‑
vestigação teórica apoia‑se nos conceitos sobre ESP e abor‑
dagem instrumental de Hutchinson & Waters (1987), Ramos
(2003) e Borges (2011), nas reflexões de Santos (2011), Solé
(1996 e 1998) e Koda (2004) com relação à leitura, além do
reconhecimento e diferenciação dos variados gêneros dis‑
cursivos, do ponto de vista de sua estrutura composicional,
relações temáticas e estilo.
190
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
COAUTORIA EM AMBIENTE
VIRTUAL: NÍVEIS DE INTERAÇÃO
NA PRODUÇÃO TEXTUAL
MARCELO CRISTIANO ACRI (UEL)
Resumo de Paper
Na escola, o desenvolvimento da escrita caracteriza‑se
como um momento em que a aprendizagem ocorre de for‑
ma colaborativa. Ao produzir seu texto, o escritor passa por
uma fase de reflexão sobre o que já produziu. Por esse mo‑
tivo, a refacção textual é um momento importante. Nossa
pesquisa de mestrado partiu desse recorte do processo de
desenvolvimento da escrita dentro da sala de aula e, através
do uso de ferramentas digitais em ambiente virtual, buscou
evidenciar como se processaria a produção de textos em co‑
autoria. Caracterizamos nossa pesquisa como uma pesqui‑
sa‑intervenção, através da qual propusemos a 25 alunos do
ensino médio de uma escola pública da cidade de Rolândia
(PR) a criação de um blog jornalístico escolar, utilizando
como ferramenta para a produção dos textos o processador
de textos oferecido pelo Google Docs. Além de enfocarmos os
níveis de interação, buscamos demonstrar que a utilização
de recursos digitais em ambiente virtual e a promoção da es‑
crita colaborativa potencializam a aprendizagem e o desen‑
volvimento da escrita em coautoria. Fundamentamo‑nos
em Bakhtin (2006), para quem o fenômeno da interação ca‑
racteriza‑se como um processo; Primo (2003; 2005), quando
discute o conceito de interatividade e interação; Coscarelli
(2007) e Ribeiro (2012), que tratam do letramento digital; e
Vigotski (2007), que desenvolve reflexões relativas ao ensi‑
no e aprendizagem. Após analisarmos o processo de escrita,
percebemos que as ferramentas digitais: permitem o desen‑
volvimento da escrita em coautoria, de forma a dar liberda‑
de para os grupos idealizarem e produzirem um texto final
satisfatório; estimulam a produção escrita e desenvolvem a
habilidade de avaliar o que é relevante para o texto; e pos‑
sibilitam a construção de hipertextualidade integrada à lida
com outras linguagens.
SEMIÓTICA MATERIAL
E MULTILINGUISMO DAS
COISAS: UMA PROPOSTA
DE DIVERSIFICAÇÃO
DA PESQUISA
EM LINGUÍSTICA APLICADA
MARCELO EL KHOURI BUZATO (UNICAMP)
Resumo de Paper
A comunidade da LA no Brasil vem manifestando‑se sobre a
necessidade de ampliação do escopo de sua atuação da dis‑
ciplina para a produção de inteligibilidades alternativas para
problemas sociais nos quais a linguagem tem papel central,
com a geração de resultados de pesquisa pertinentes e úteis
para a diminuição do sofrimento humano nas comunidades
envolvidas. Tal necessidade está ligada à difusão acelerada
do uso de tecnologias digitais da informação e da comunica‑
ção que afetam crescentemente o cotidiano das populações
urbanas e escolarizadas em todo o mundo, notavelmente
pelo aumento exponencial dos fluxos de pessoas, textos e
tecnologias vindas de outras partes. Tal ampliação passa,
proponho, por uma reproblematização da relação entre
linguagem, meios tecnológicos e prática social que inclua
a superação de dicotomias tais como global/local, linguís‑
tico/não‑linguístico e humano/tecnológico. A presente co‑
municação divulga um projeto de pesquisa que tem como
meta investigar situações sociais de uso da(s) linguage(ns)
m a partir do arcabouço da Semiótica Material, também
conhecida como Teoria Ator–Rede. Trata‑se de incluir en‑
tre os participantes legítimos dos eventos e práticas focali‑
zados quaisquer entidades pelas quais circule a ação social,
i.e. entidades passíveis de serem vistas como textos, e que,
como textos, traduzam enunciados para sua própria língua
e os transportam de modo a exercer um papel organizacio‑
nal e performativo. A proposição fundamental que autoriza
tal investigação, oriunda do campo dos Estudos Sociais da
Ciência e Tecnologia, é a de que tecnologias são essencial‑
mente ‘política feita por outros meios’. Analisa‑se as conse‑
quências metodológicas de tal proposição e apresenta‑se
as estratégias empíricas e analíticas desenvolvidas para o
prosseguimento do trabalho, assim como alguns resultados
de investigações preliminares que motivaram o desenvolvi‑
mento do projeto.
191
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A COMPLEXIDADE DO LÉXICO:
REFLEXÕES IN RADICE SOBRE
A ABORDAGEM LEXICAL
E O PENSAMENTO COMPLEXO
AUTONOMIA EM APRENDIZAGEM
DE LÍNGUA INGLESA EM ESCOLA
DA REDE PÚBLICA DO RIO
DE JANEIRO
MARCELO FURLIN (UMESP)
MARCELO GONÇALVES SOARES MACIEL (UFRJ)
Resumo de Paper
Resumo de Pôster
A interação do sujeito com seus entornos ganha substância,
entre diversas formas, por meio da linguagem, e inserida
nos múltiplos contextos desenhados pela História, revela o
tecido do verbo entrelaçado pelos fios da construção, des‑
construção e reconstrução. Nessa perspectiva in transitu,
o sujeito passa a ser caracterizado pela marca da multipli‑
cidade, visto que incorpora inúmeras e renovadas represen‑
tações sociais e ressignifica o modus operandi de estar no
mundo (ORLANDI: 2001). Tal concepção plural nutre a refle‑
xão sobre o verbo em movimento, que dá forma ao locus da
ordem, desordem e organização (MORIN: 2005). Entende‑se,
nesse viés, que o estudo da linguagem no enfoque específico
da multissignificação abre novos caminhos para a articula‑
ção de sentidos em sua dimensão pragmática. A presente
comunicação é inspirada em dois grandes recortes teóri‑
cos, em fase de refinamento: os princípios sistematizados
pela Abordagem Lexical (LEWIS:1993), que, essencialmente,
caracteriza o processo de aquisição linguística na dinâmica
do movimento, em contraste com a concepção estática da
língua idealizada como produto, e os pressupostos do pen‑
samento complexo (MORIN: 2005), que evidencia a multidi‑
mensionalidade do conhecimento, tecido em sua condição
de heterogeneidade, como registro metafórico de fenôme‑
nos.Na moldura dos espaços sociais, a sala de aula, surge
como cenário privilegiado para a análise de realizações dis‑
cursivas. O estudo contempla considerações introdutórias
acerca do processo que favorece o reconhecimento de blo‑
cos lexicais como acento da composição de atos comunica‑
cionais. O movimento que surge entre tais blocos, no nível
da frase e do texto, e a sua relação com inúmeros repertórios
discursivos, apresenta possibilidades de ricos diálogos com
o pensamento complexo e provoca novos questionamentos
sobre a relação ensino/aprendizagem.
Este trabalho tem como objetivo discutir as atitudes, crenças
e motivações de jovens alunos da rede pública de ensino da
cidade do Rio de Janeiro e como estes fatores podem contri‑
buir para uma aprendizagem mais autônoma (OXFORD, 2011).
Todos os dados serão obtidos a partir do Projeto Institucional
de Bolsa de Iniciação à Docência (PIBID), subprojeto Inglês
realizado no Colégio Estadual André Maurois a partir do se‑
gundo semestre de 2012. O projeto, cujo tema é “a promoção
do letramento crítico no ensino de inglês”, não visa apenas
promover aos alunos participantes a aquisição de um con‑
junto de habilidades linguísticas, mas fomentá‑los a pensar
e, principalmente, agir criticamente atuando com respon‑
sabilidade nos mais diversos contextos sócio‑histórico‑cul‑
turais nos quais estão inseridos, o que vai muito além dos
ambientes educativos. Tais pretensões estão baseadas nos
Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Estrangeira
(BRASIL, 1998) e nas Orientações Curriculares para o Ensino
Médio (BRASIL 2006), profundamente alicerçado numa abor‑
dagem sociointeracional do ensino de língua, e que entende
a linguagem como um fenômeno social. Portanto o ensino
de língua estrangeira, especificamente neste caso o inglês,
a língua franca contemporânea (CRYSTAL, 2001), tem como
objetivo a inclusão social num mundo globalizado e multi‑
cultural (BRASIL, 1998). Associado ao propósito interacional
e emancipatório do ensino de língua estrangeira outro re‑
sultado pretendido é desfazer a crença que não é possível
aprender inglês na escola, especialmente a aprendizagem
da prática oral, através do desenvolvimento da autonomia
dos aprendizes participantes.
192
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A RELAÇÃO ENTRE PRONÚNCIA
E INTELIGIBILIDADE
DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
MARCELO HENRIQUE BARBOSA (Puc–SP)
Resumo de Paper
Este trabalho, uma pesquisa de cunho experimental, in‑
vestiga a relação de pronúncia e inteligibilidade de Inglês
como língua estrangeira. A inteligibilidade de uma língua
estrangeira está condicionada a uma pronúncia native‑like?
Uma pronúncia de língua estrangeira marcada por traços
da língua materna do falante interfere na inteligibilidade
da produção? Falantes de uma língua estrangeira só serão
compreendidos se a pronúncia não apresentar falhas de
cunho fonético? A busca por respostas a estas perguntas foi
a motivação para o desenvolvimento da pesquisa “Questões
de Pronúncia e Inteligibilidade em Contexto de Inglês como
Língua Estrangeira”. Para o desenvolvimento desta pesquisa
desenvolvi um teste de percepção que engloba um protoco‑
lo de diferencial semântico visando registrar as percepções
de nativos de língua inglesa da pronúncia de Brasileiros fa‑
lantes de Inglês como língua estrangeira. O protocolo de
diferencial semântico consiste em 4 descritores, Hard/Easy
Understanding, Sounds Natural/Unnatural, Inaccurate/
Accurate Intonation, Strong/Subtle Foreign Accent. O cor‑
pus da pesquisa engloba 7 falantes brasileiros de variados
níveis de proficiência em língua inglesa e 4 nativos deste
idioma. Os juízes recrutados para o teste de percepção com‑
preendem 6 britânicos, 6 australianos, 6 norte‑americanos e
6 canadenses.Com base nos resultados da pesquisa preten‑
do verificar se houve interferência da pronúncia na inteligi‑
bilidade dos enunciados submetidos a avaliação perceptiva.
Acredito que os resultados do teste de percepção poderão
contribuir para uma reflexão sobre o ensino de pronúncia de
língua estrangeira de modo a adaptar as práticas de ensino
existentes às necessidades dos aprendizes.
METÁFORA E PERSUASÃO
EM TÍTULOS DE FILMES
MARCELO SAPARAS (UAM)
SUMIKO NISHITANI IKEDA (PUC–SP)
Resumo de Paper
Esta pesquisa trata da força persuasiva da metáfora, com‑
parando títulos de filmes americanos no original em inglês
com sua tradução para o português, para examinar como e
por que as traduções podem diferir consideravelmente do
original correspondente. As metáforas, longe de constituir o
entendimento, são geralmente selecionadas para ajustar‑se
a um modelo pré‑existente e culturalmente compartilhado e,
assim dever‑se‑ia dar um papel mais fundamental à cultura
no estudo desses tropos. A comparação de metáforas em jor‑
nais britânicos e italianos e em jornais americanos e taiwa‑
neses mostra que elas são específicas para cada uma des‑
sas línguas. A metáfora A PESSOA ZANGADA É UM RECIPIENTE
PRESSURIZADO parece ser quase‑universal, mas natureza do
recipiente varia: barriga para o japonês e cabeça para o bra‑
sileiro, por exemplo. Esses fatos podem explicar a razão do
uso da metáfora para fins persuasivos: ela se apoia em co‑
nhecimento compartilhado por uma comunidade, presen‑
te no frame de cada falante. Assim, as metáforas não têm
composição deliberada, antes seu produtor está fortemente
preso às tradições de sua cultura, que assim o orientam em
suas escolhas. A Análise Crítica da Metáfora objetiva revelar
as intenções cobertas dos usuários da língua e apoia‑se na
metodologia da Linguística‑Sistêmico‑Funcional. A pesqui‑
sa mostrou que o êxito da metáfora no processo persuasivo
apoia‑se no fato de que esse tropo dá acesso a interpreta‑
ções que refletem a subjetividade, ao ligar um fato ao mun‑
do social do leitor. A vantagem do uso de metáforas é que
elas levam em conta o sistema de valores aceitos na comuni‑
dade. Daí por que as traduções brasileiras de títulos de filmes
americanos envolverem escolhas léxico‑gramaticais que in‑
cidem em valores arraigados na cultura brasileira.
193
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
CONSTRUÇÕES DISCURSIVAS
DA MULHER BRASILEIRA
NOS RELATOS DE VIAGEM
DE JOHN LUCCOCK
MARCIA CRISTINA DE OLIVEIRA SANTOS (UFRJ)
Resumo de Paper
Suponho que, a partir de uma perspectiva colonialista/ impe‑
rialista, alguns escritores de relatos de viagens inferiorizam
índias, negras e brasileiras brancas, ao contrastá‑las com os
‘desejáveis’ padrões estéticos e comportamentais europeus.
Interpreto tais construções à luz da chamada Linguística
Aplicada Crítica. Dessa forma, estudo relatos de viagem, ou
travelogues”, como práticas sociais, embasando‑me no con‑
ceito de “zona de contato”, e da perspectiva transcultural,
dialógica e historicizada sugerida por Pratt. Neste trabalho,
mais especificamente, observaremos de maneira sucinta, os
contornos que o viajante inglês Jonh Luccock atribui à mu‑
lher brasileira em seu relato de 1820, intitulado Notas Sobre
o Rio de Janeiro e Partes Meridionais do Brasil. Podemos
perceber que o texto engendra certas relações assimétricas
estabelecidas entre o europeu detentor do poder da pena e
a mulher brasileira, vítima de seu escrutínio. Ao analisar o
travelogue, podemos observar a maneira com que o autor
homogeniza a alteridade colonial, e a inferioriza ao contras‑
tá‑la com os padrões europeus. De igual modo, o viajante
constrói a mulher da ex‑colonia como repulsiva a qualquer
olhar não conterrâneo. Por fim, notamos que o relato atua
como prática social ao invalidar modos de vida locais, sobre‑
pondo um discurso europeizante ao viver da mulher autóc‑
tone, apagando seus sentidos, em uma tentativa de silen‑
ciar, e civilizar essa mulher.
A COCONSTRUÇÃO
DE NARRATIVAS NAS
INTERAÇÕES TELEFÔNICAS PARA
O SERVIÇO DE EMERGÊNCIA
DA BRIGADA MILITAR
DE PORTO ALEGRE
MARCIA DE OLIVEIRA DEL CORONA (UNISINOS)
Resumo de Paper
Esse estudo, de cunho etnográfico (O’REILLY, 2009) e funda‑
mentado pelo arcabouço teórico‑metodológico da Análise
da Conversa Etnometodológica (GARFINKEL, 1967; SACKS,
1992) discute, por meio de análises de interações telefônicas
entre comunicantes e atendentes do serviço de emergência
“190”, como este(a)s participantes se engajam na coconstru‑
ção de narrativas, enquanto negociam a prestação do ser‑
viço. Partimos do pressuposto de que as narrativas não são
pacotes ordenados, coesos e cuidadosamente organizados
em sua temporalidade e cronologia (DE FINA, 2009). Ao con‑
trário disso, entendemos que toda narrativa se insere em
um contexto único de produção e é localmente coconstru‑
ída, turno após turno, na e pela interação. Dessa forma, os
interlocutores não se orientam para a história apenas como
uma unidade discursiva, mas para o que está sendo feito
através dela, com ela e por ela (SCHEGLOFF, 1997). Nossos
dados revelam a orientação do(a)s comunicantes para a
produção de categorias de pertença (SACKS, 1992), ao des‑
creverem as suas ações e as do(a) seu/sua agressor(a), que
buscam a construção de uma relação de antagonismo entre
ele(a)s, com vistas à avaliação dos atendentes quanto à mo‑
ralidade (BERGMANN, 1998) dos fatos relatados. Referências
bibliográficas: BERGMANN, J. Introduction: morality in dis‑
course. Research on Language and Social Interaction, v. 31,
n. 3 e 4, p. 279–294, 1998. DE FINA, A. Narratives in interviews:
the case of accounts for an interactional approach to nar‑
rative genres. Narrative Inquiry. v. 19, n. 2, p. 233–258, 2009.
GARFINKEL, H. Studies in ethnomethodology. Englewood
Cliffs: Prentice‑Hall, 1967. O’REILLY, K. Key concepts in ethno‑
graphy. London: Sage, 2009. SACKS, H. Lectures on conver‑
sation. Oxford: Basil Blackwell, 1992. vols. I e II. SCHEGLOFF,
E. Narrative analysis: thirty years later. Journal of Narrative
and Life History. v. 7, n. 1–4, p. 97–106, 1997.
194
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
SEM PHOTOSHOP: UMA
FOTOGRAFIA DA (TRANS)
FORMAÇÃO INICIAL
DE PROFESSORES
DE PORTUGUÊS LÍNGUA
ESTRANGEIRA NO MERCOSUL
MÁRCIA PEREIRA DE ALMEIDA MENDES (UNB)
Resumo de Paper
Com o recente Plano de Ação 2011–2015 do Setor Educacional
do MERCOSUL, a criação de novos espaços de (trans)forma‑
ção inicial de professores de português língua estrangeira
(doravante PL2/PLE) passa a ser uma questão em evidên‑
cia. Mas é preciso cautela antes de comemorar os avanços.
É evidente que para o estabelecimento de qualquer processo
formal de (trans)formação inicial de professores são neces‑
sários parâmetros de orientação curricular. Ao observarmos
os documentos oficiais brasileiros que estabelecem estes pa‑
râmetros, notamos que o resultado esperado deste processo
é um professor crítico‑reflexivo (Gil & Vieira‑Abrahão, 2008;
Almeida Filho, 2004) e, portanto, seguro e independente
(Celani, 2010). Leffa (2005) levantou suspeitas de que nem
todos os cursos de Letras no Brasil têm, de fato, proporcio‑
nado essa formação crítico‑reflexiva. Tomando esta suspeita
por provocação, iniciamos em 2012 um projeto de pesquisa
no qual apresentamos a seguinte questão: as (trans)forma‑
ções iniciais de professores de PLE no MERCOSUL têm dado
frutos condizentes com uma (trans)formação reflexiva e crí‑
tica? Em busca de possibilitar condições para a (re)constru‑
ção de novas políticas para a formação inicial de professores
de PL2/PLE, apresentamos o andamento de uma pesquisa
que está sendo realizada no cômputo da pós‑gradução em
Linguística Aplicada. A primeira fase da pesquisa consiste
em uma análise documental dos documentos oficiais que
tratam da (trans) formação inicial na busca de traçar como
foi idealizado este processo. A segunda fase se caracteriza
como qualitativa e de base etnográfica: consiste em identi‑
ficar quais são as experiências (Miccoli, 2010), crenças (Silva,
2010, 2005; Barcelos & Vieira‑Abrahão, 2006) e identidades
(Mastrella‑de‑Andrade, 2011) que tem sido (re)(des)constru‑
ídas e (re)significadas pelos professores de PLE no início e no
fim de sua (trans)formação inicial (Silva & Santos, 2012).
CONSTRUINDO FORMAS
DE SER E DE AGIR NA TUTORIA
ON‑LINE NO ENSINO SUPERIOR:
O DISCURSO DO PROFESSOR
MARCIA TELESCA KERCKHOFF (UFRJ)
Resumo de Paper
Centrado nas práticas discursivas desenvolvidas no contex‑
to de atuação e (auto)formação do professor do ensino su‑
perior, enquadra‑se no conjunto de estudos sobre interação
e discurso, em que a linguagem é entendida como forma de
ação e produto da socialização. Construído na interface en‑
tre os campos da Linguagem, Educação e Tecnologia, abor‑
da: a questão da interação e da construção social do conhe‑
cimento (VYGOTSKY, 1998, 2000 e seguidores) no contexto de
formação de professores; os papéis, habilidades e compe‑
tências do professor virtual (BERGE, 1995, 1996, 1997; TAVARES,
2004, 2007); a relação entre tecnologia, sociedade e educa‑
ção (ALMEIDA, 2001; COLL e MONEREO, 2010); o Modelo CoI /
Community of Inquiry Framework (GARRISON, ANDERSON &
ARCHER, 2000), voltado ao ensino e aprendizagem on‑line
no Ensino Superior; o modelo de análise da linguagem vincu‑
lado à perspectiva da Linguística Sistêmico‑Funcional / LSF
(HALLIDAY, 1984; HALLIDAY & MATTIESSEN, 2004). Investiga a
prática docente e a linguagem utilizada pelo professor‑tu‑
tor que ministra disciplina on‑line no contexto do ensino
superior, em instituição privada. Focaliza o discurso escrito
produzido pelo professor na atividade de tutoria e nas in‑
terações com os alunos à distância, bem como a reflexão
sobre as características desse discurso e sua influência no
processo de ensino e aprendizagem mediado pelas Novas
Tecnologias de Informação e Comunicação (NTICs). Adota
a pesquisa‑ação como método de investigação (THIOLLENT,
1998) e inclui como instrumentos de geração de dados os re‑
gistros de protocolo verbal retrospectivo, de diário reflexivo
e os produzidos pelo sujeito no ambiente virtual de apren‑
dizagem (AVA) em sua interação com os alunos à distância.
Estabelece implicações para a (auto)formação e a prática do
professor on‑line no ensino superior, dentre elas a atenção
às formas de desenvolver a “comunicação didática” (entre
professor e alunos) diretamente relacionadas à presença de
ensino (ANDERSON et al., 2001).
195
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A LINGUAGEM DOS FILMES
AMERICANOS AO LONGO DOS
ANOS: UMA ABORDAGEM
MULTIDIMENSIONAL
PRAGMÁTICA DO CORPO:
PERFORMANDO “MILITANTES
SEM TERRA” NO MST–CE
MARCO ANTONIO LIMA DO BONFIM (UECE)
MARCIA VEIRANO PINTO (PUC–SP)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
O objetivo da pesquisa relatada aqui é investigar as dimen‑
sões de variação na linguagem dos filmes americanos ao lon‑
go de 80 anos de cinema falado. Para tanto, buscou suporte
teórico na visão de linguagem da Linguística de Corpus e na
abordagem metodológica da Análise Multidimensional. Mais
especificamente, nas duas modalidades propostas por essa
metodologia: a que mapeia a linguagem dos filmes nas 5 di‑
mensões de variação do inglês apontadas por Biber (1988), e
a que propõe novas dimensões de variação baseadas apenas
nos filmes. Além de variáveis linguísticas ambas as modali‑
dades de análise levaram em conta as variáveis não‑linguís‑
ticas a seguir: ano em que os filmes foram apresentados ao
público, indicações/ premiações, duração, gênero, diretores,
roteiro original versus adaptado, estúdio em que foram pro‑
duzidos e avaliação da crítica. O corpus utilizado na pesquisa
é composto por 640 legendas de filmes de gêneros diversos
organizados sob quatro grandes categorias: comédia, dra‑
ma, ação‑aventura e horror‑suspense‑mistério. Os filmes
foram selecionados com base no guia de filmes ‘1001 filmes
par a ver antes de morrer’, elaborado por sessenta e sete
críticos de cinema renomados, que elegeram os melhores
filmes de cada década, do sítio www.filmesite.org, e das no‑
meações e premiações recebidas pelas seguintes academias:
Oscar, BAFTA e Filmes de Horror, Fantasia e Ficção Científica
(The Academy of Science Fiction, Fantasy and Horror Films).
Os resultados apontaram que a linguagem dos filmes não
apresenta grande variação ao longo dos anos e simula bem
o diálogo espontâneo. A variação encontrada se explica por
meio de 3 dimensões fortemente influenciadas pelo ângulo
narrativo adotado para se contar a história, ou seja, histó‑
rias com foco nos personagens versus histórias com foco no
tema, histórias que se desenvolvem a partir das escolhas dos
personagens versus histórias que se desenvolvem a partir de
sequências de eventos e histórias com foco nas emoções.
o presente trabalho insere‑se na linha da Pragmática Cultural
(NOGUEIRA DE ALENCAR, 2008, 2010, 2012) e tem como objeti‑
vo apresentar nossa proposta de uma Pragmática do corpo
nos estudos linguísticos, isto é, uma Pragmática que leve em
conta a relação corpo/linguagem/relações de poder nos pro‑
cessos de significação. Para tanto, nos fundamentamos nas
pesquisas em Pragmática que relacionam corpo, linguagem,
identidade e poder (PINTO, 2002, 2007; BUTLER, 1997, 2000,
SILVA, 2005, 2010). De forma específica, analisamos no âm‑
bito do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra do
Ceará (MST–CE), os processos corporais de subjetivação
como performativos, através das marcas das estilizações
de classe (identidade de classe) presentes nos atos de fala
(AUSTIN, 1990) re‑produzidos no interior deste Movimento
social no estado do Ceará. Partimos da hipótese de que os
atos de fala re‑produzidos no interior do MST–CE articulam
as marcas das estilizações de classe, operando a relação
dessas identidades com uma determinada maneira de atu‑
ar neste Movimento social, ou seja, performatizam o sujei‑
to que pretendem nomear. Noutras palavras, estes sujeitos
sociais se tornam “militantes Sem Terra” através e nos pró‑
prios atos de fala que pré‑significam seus corpos. Com este
estudo esperamos contribuir para o avanço dos “estudos do
corpo” na linguagem (PINTO, 2009) refletindo sobre a relação
entre corpo, linguagem e as relações de poder que regulam e
constrangem a produção de nossas subjetividades.
196
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
REFLEXOS DAS POLÍTICAS
ITINERANTES NAS DIRETRIZES
CURRICULARES NACIONAIS PARA
OS CURSOS DE LETRAS
SOBRE A AQUISIÇÃO DO RÓTICO
EM INGLÊS–L2 POR FALANTES
DE PB–L1
MARCO AURÉLIO CUNHA CAMARGOS (UFMG)
MARCO ANTÔNIO MARGARIDO COSTA (UFCG)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
A expressão políticas itinerantes foi criada por Lindblad e
Popkewitz (2004) para designar conceitos que circulam em
reformas educacionais e propostas curriculares, em nível in‑
ternacional, como resultado de processos de globalização.
O objetivo deste trabalho é apresentar como esses pesqui‑
sadores analisam alguns desses conceitos em diversos paí‑
ses para, em seguida, discutir como, no Brasil, as Diretrizes
Curriculares Nacionais dos Cursos de Letras apresentam
reflexos dessas políticas, salientando algumas implicações
para a formação de professores de línguas. À maneira de ou‑
tros países que relacionam as reformas educacionais a mu‑
danças ocorridas em diversas áreas da sociedade, no Brasil,
a partir das Diretrizes Curriculares, enfatizamos como as
mudanças estão vinculadas às transformações no mercado
de trabalho e profissional. Com isso, argumentamos que o
surgimento de alguns conceitos que se apresentam materia‑
lizados em palavras de ordem como “flexibilidade”, “diversida‑
de”, “tecnologias da informação” são reflexos de tais políticas
itinerantes. De forma concomitante, buscamos evidenciar
que essas políticas são ambivalentes e podem ser interpre‑
tadas como processos de desregulamentação e privatização
de deveres – frutos da transição da modernidade sólida para
a modernidade líquida, conforme advoga Bauman (2001).
O objetivo do deste trabalho é discutir como a rotina mo‑
tora do r‑retroflexo é apropriada por aprendizes brasileiros
de inglês, visando explorar a relação entre propriedades
articulatórias e organização lexical. A aquisição segmen‑
tal de fonologia em L2 já foi estudada em vários enfoques:
processual (VANPATTEN & WILLIAMS, 2007), conexionis‑
ta (MCCLELLAND, 2001), construtivista (TOMASELO, 2003),
emergentista (ROBINSON & ELLIS, 2008). Assumimos para
este estudo os fundamentos teóricos da Fonologia de Uso
(BYBEE, 2001, 2010) e da Teoria de Exemplares (JOHNSON,
1997; PIERREHUMBERT, 2001, 2003), que sugerem que os sons
estão estreitamente relacionados com a organização lexical;
e que os falantes têm conhecimento fonético detalhado de
sua língua. Considerando‑se os pressupostos teóricos assu‑
midos, apresentaremos resultados da apropriação do r‑re‑
troflexo em inglês L2 de falantes brasileiros de inglês das se‑
guintes cidades: Belo Horizonte, Lavras e São Paulo. O rótico
em final de sílaba tem as seguintes manifestações nestas ci‑
dades: a) em Belo Horizonte ocorre a fricativa velar ou glotal,
b) em Lavras (sul de Minas Gerais), ocorre o r‑retroflexo e a
cidade de São Paulo apresenta o tepe. A hipótese investiga‑
da foi de que a realização do retroflexo em inglês–L2 ocor‑
re inicialmente em contexto análogo em português–L1, ou
seja, em posição final de sílaba. Em outros contextos, ocorre
grande variabilidade articulatória, uma vez que a rotina mo‑
tora associada à L1 está em fim de sílaba. Os resultados deste
trabalho mostram que os falantes têm conhecimento foné‑
tico detalhado de sua língua e esse conhecimento é levado
à L2 em rotinas motoras consolidadas. Argumentamos que
as rotinas motoras são associadas a contextos específicos
(por exemplo, em final de sílaba) em itens lexicais específi‑
cos. Estes resultados indicam que há estreita relação entre
o conhecimento fonológico e a organização lexical na aqui‑
sição de L2.
197
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
“PEDAGOGY AS AND FOR
TRANSGRESSION”: FOCO
NA EXPERIÊNCIA DE UM GRUPO
DE PROFESSORES/AS DE INGLÊS
COM O ENSINO CRÍTICO
DE LÍNGUAS
MARCO TÚLIO DE URZÊDA FREITAS (UFG)
Resumo de Paper
Neste trabalho, apresento um recorte da minha pesquisa de
mestrado, a qual teve por objetivo problematizar a experi‑
ência de três professores e duas professoras de inglês com
o ensino crítico de línguas. Os dados do estudo foram gera‑
dos no primeiro semestre de 2009, tendo como fontes dois
questionários, oito sessões reflexivas e três trabalhos de
conclusão de curso. Para analisar os dados, utilizo reflexões
teóricas da pedagogia crítica, da linguística aplicada crítica,
da linguística aplicada transgressiva e da formação crítica
de professores/as. As análises feitas apontam para três re‑
sultados. O primeiro mostra que os/as professores/as‑par‑
ticipantes apresentam percepções sobre o ensino crítico de
línguas que vão desde uma abordagem menos tradicional e
mais comunicativa a uma abordagem mais dialógica, per‑
formativa e transgressiva de ensino de línguas estrangeiras.
Já no que se refere ao segundo resultado, observamos que as
aulas e atividades críticas ministradas pelos/as professores/
as‑participantes refletem uma articulação entre os pressu‑
postos de diferentes pedagogias, tais como das pedagogias
interculturais, antirracistas, feministas e queer. Além disso,
percebemos que essas aulas e atividades foram marcadas
pelo surgimento de eventos críticos em sala de aula, eventos
esses que, devido à sua imprevisibilidade, acabaram desen‑
cadeando uma série de conflitos em suas práticas.
NOVAS IDENTIDADES SOCIAIS
OU (RE)POSICIONAMENTO
SOCIAL? O IMPACTO
DE MUDANÇAS POLÍTICAS,
SOCIAIS E ECONÔMICAS
NA PERCEPÇÃO DAS
IDENTIDADES SOCIAIS
NO BRASIL.
MARCOS ANTONIO MORGADO DE OLIVEIRA (UFSC)
Resumo de Paper
Através de um conjunto de mudanças políticas, sociais e
econômicas, parece haver certo consenso de que, na última
década, uma parcela bastante significativa de cidadãos bra‑
sileiros teve a oportunidade de alcançar novos patamares na
escala social no Brasil. Assim, pode‑se talvez afirmar que a
melhoria das condições sociais e econômicas da população
brasileira em geral pode também ter produzido uma melho‑
ria na auto‑percepção das pessoas enquanto indivíduos e
cidadãos, ou seja, uma (re)avaliação de suas próprias identi‑
dades sociais. Este projeto em andamento, portanto, busca
investigar como esses (re)posicionamentos sociais e iden‑
titários são construídos discursivamente e também o pos‑
sível impacto dessa mudança de percepção identitária em
diferentes contextos sociais (na imprensa e outras mídias,
na publicidade, na economia e política, nas artes, etc.) e ins‑
titucionais (escolas, universidades, empresas, etc.) e como
esse possível impacto produziu/produz mudanças no uso da
linguagem/discurso nesses diferentes contextos. A pesqui‑
sa pretende, através da investigação de diferentes gêneros
textuais, orais e escritos, estabelecer possível relação entre
tais mudanças identitárias e discurso, buscando, em um
primeiro momento, identificar as principais mudanças que
tenham auxiliado a hipótese de (re)posicionamento social
e identitário e como, por exemplo, a imprensa constrói tal
aspecto e, num segundo momento, investigar mídias virtu‑
ais tais como ‘facebook’ e/ou ‘weblogs’, por exemplo, para
identificar/confirmar os (re)posicionamentos identitários.
Com o suporte da Análise Crítica do Discurso, esta pesquisa
buscará identificar elementos linguísticos e extra‑linguísti‑
cos que possam, ou não, confirmar a hipótese de mudança
apresentada acima.
198
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
UMA LEITURA DISCURSIVA
DE AO MESTRE COM CARINHO:
ECOS NA CONTEMPORANEIDADE
O GÊNERO TEXTUAL‑ACADÊMICO
ABSTRACT: UMA ABORDAGEM
DE ENSINO
MARCOS LÚCIO DE SOUSA GÓIS (UFGD)
MARCUS DE SOUZA ARAÚJO (UFPA)
Resumo de Paper
Resumo de Pôster
Dentre os clássicos que abordam o trabalho do profes‑
sor, educação, escola, talvez um dos mais marcantes seja
Ao mestre com carinho (1966), estrelado por Sydnei Poitier
e dirigido por James Clavell. A importância desse filme se
evidencia, por exemplo, no sintagma “ao mestre com cari‑
nho”, bastante comum em várias manifestações que tratam
festivamente do assunto. Uma rápida pesquisa no Google,
o sintagma “ao mestre com carinho” retornou 495.000 re‑
sultados, em 0,27 segundos. Diante disso, o objetivo desta
comunicação é analisar discursivamente o “ethos” do profes‑
sor e da educação construídos nessa obra, tentando proble‑
matizar como aí se constrói representações do “professor”.
Metodologicamente, ler‑se‑á o filme a partir da perspectiva
discursiva francesa e buscar‑se‑ão ecos dessa imagem em
dois outros enunciados, a saber: plano de governo para a
prefeitura de São Paulo dos candidatos Fernando Haddad
e José Serra, em 2012, tendo em vista o destaque que esses
prefeitáveis deram ao assunto. Esta apresentação mobili‑
zará, sobretudo, o conceito de “ethos discursivo” tal como
defendido por Maingueneau (2006). Defender‑se‑á, como o
autor, que existe uma relação entre uma maneira de dizer e
uma maneira de ser. As discussões levantadas contribuirão,
deseja‑se, para se repensar o papel social ocupado por diver‑
sos indivíduos em nossa sociedade.
Gêneros textuais são enunciados tipificados, modos reco‑
nhecíveis de utilização da língua em constante mudança
que organizam toda a atividade humana, constituindo
ampla diversidade de contextos e práticas sociais (SWALES,
1990, 2004; BHATIA, 2004; BAZERMAN, 2004). Situando a
noção de gêneros a partir dessa perspectiva, este trabalho
tem como objetivo apresentar uma proposta de unidade di‑
dática a partir do gênero acadêmico abstract (MOTTA‑ROTH;
HENDGES, 2001, 2010) desenvolvida com alunos da gradua‑
ção na disciplina “Língua Estrangeira Instrumental” de uma
Universidade Federal do norte do país com foco no desenvol‑
vimento da competência leitora. A base teórico‑metodológi‑
ca se fundamenta na proposta pedagógica de gênero textual
de Ramos (2004) que se divide em três fases: apresentação,
detalhamento e aplicação. Essa proposta integra a gradação
e a progressão de conteúdo, mostrando preocupações em
apresentar o gênero, ensinar os alunos a reconhecer seus
componentes e fazer com que se apropriem desse conheci‑
mento para seu uso prático. Nesse contexto, discutiremos
questões centradas no aspecto da leitura para fins acadêmi‑
cos em língua inglesa (CELANI et al, 2005; JORDAN, 1997; entre
outros), além de ilustrarmos com as tarefas propostas que
serviram de base para o desenvolvimento da unidade didáti‑
ca. Os resultados apontam para uma leitura mais eficiente e
crítica do gênero abstract, sendo os alunos mais conscientes
da organização textual e do contexto de produção, além dos
aspectos linguístico‑discursivos do gênero em foco. O traba‑
lho com a proposta pedagógica de gênero textual tornou os
alunos mais conscientes que o gênero abstract é produzido
por membros de um determinado contexto social, histórico
e cultural, assim como todo e qualquer gênero. Dentro des‑
sa perspectiva, ensinar gêneros de textos para nossos alunos
significa instrumentalizá‑los com as ferramentas de que pre‑
cisam para agir no mundo em que vivem.
199
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
REFERENCIAÇÃO E ENSINO:
ANÁLISE DE RELATOS DE JOGOS
MARGARETH ANDRADE MORAIS RUBINO (UFRJ)
LEONOR WERNECK DOS SANTOS (UFRJ)
Resumo de Paper
Neste trabalho, analisamos as diversas recategorizações de
objetos de discurso, num corpus composto de relatos es‑
portivos de jogos de futebol, publicados on line em jornais
específicos de esporte (Lance! e Marca) e em jornais como
O Globo, Folha de São Paulo, Zero Hora. Temos como obje‑
tivos: (1) verificar como os processos referenciais presentes
no corpus exigem o acionamento de conhecimentos pré‑
vios, compartilhados pelo entorno sociocognitivo e cultu‑
ral, para reconstruir os objetos de discurso; (2) associar os
processos referenciais a estratégias da mídia para captar o
leitor (cf. HERNANDEZ, 2006; NASCIMENTO, 2009); e (3) co‑
laborar com o ensino de língua portuguesa através de ativi‑
dades de leitura e análise lingüística para alunos de ensino
médio. Com base na Linguística do Texto, consideramos que
os processos referenciais constroem caminhos de sentido ao
sinalizar para a busca de informações na memória discursiva
dos participantes da enunciação. Segundo Mondada (2003),
Koch (2004, 2008), Cavalcante (2005,2011), entre outros
autores, por meio dos processos referenciais, a imagem do
referente vai sendo alterada, à medida que se desenvolve o
discurso, de forma que o desconhecimento de alguma in‑
formação pode dificultar a reelaboração dos objetos de dis‑
curso. Como a referenciação é um fenômeno sociocognitivo,
que necessita da recuperação de inferências, analisaremos
como isso ocorre em relatos de jogos de futebol. Segundo
Barbeiro e Rangel (2006), no jornalismo esportivo costuma
haver maior liberdade no tratamento textual, humor e um
vocabulário marcado por expressões populares e criativas.
Assumimos também o pressuposto teórico de que a leitura é
uma atividade na qual a produção de sentidos é guiada pelo
acervo sociocognitivo dos leitores, que atuam na formula‑
ção de hipóteses e inferências para a compreensão textual
(cf. Kleiman, 1989; Marcuschi, 2008).
A TEORIA DOS
MULTILETRAMENTOS
E A FORMAÇÃO CONTINUADA
DE PROFESSORES DE INGLÊS:
UMA ANÁLISE EM SERGIPE
MARIA AMÁLIA VARGAS FAÇANHA (UFS)
Resumo de Paper
A teoria dos multiletramentos tecem considerações acer‑
ca de um trabalho crítico de leitura e de interpretação de
imagens como textos carregados de significados e inten‑
ções e não como elementos meramente coadjuvantes de
um texto escrito. É levando essa ideia em consideração que
o presente trabalho, resultante de reflexões conduzidas ao
longo do Projeto de Formação Continuada de Professores
de Língua Inglesa em Sergipe a partir das teorias dos Novos
Letramentos, apresenta reflexões acerca da percepção de
professores de inglês da rede pública do estado quanto ao
uso crítico de diferentes recursos audiovisuais em suas práti‑
cas docentes. Os dados aqui analisados foram colhidos atra‑
vés da aplicação de questionários e de entrevistas. A análise
foi feita tendo como foco a necessidade de as aulas de língua
inglesa ultrapassarem objetivos meramente linguísticos, le‑
vando docentes e discentes a construir, de forma colaborati‑
va e crítica, diferentes leituras e sentidos da realidade. Nesse
sentido, investigou‑se como esses docentes trabalham
com a interpretação de imagens, vídeos, cores, fotografias,
etc, encontrados não apenas em materiais didáticos, mas
pertencentes à sociedade midiática em que vivemos. Os re‑
sultados apontaram para uma prática pedagógica em que
a ênfase está nos conteúdos de textos escritos e em que as
imagens ou quaisquer outros recursos audiovisuais são co‑
locados em segundo plano ou muitas vezes são ignorados.
200
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
REDES DE PESCA E REDES
DE DISCURSO: ORDENS
DE DISCURSO, SABERES
E SUBJETIVIDADES
DE PESCADORES ARTESANAIS
EM ARRAIAL DO CABO
TEXTO E LEITOR:PROPOSTAS
DISCURSIVAS PARA UMA
LEITURA MAIS CONSCIENTE
MARIA APARECIDA GOMES FERREIRA (IFRJ)
Texto e leitor: propostas discursivas para uma leitura mais
consciente. Esta proposta é um estudo sobre operações lin‑
guístico‑discursivas em um “corpus” de textos midiáticos,
numa abordagem que privilegia os estudos enunciativos.
Pretende‑se verificar como se realiza a inclusão no discurso
de marcas de subjetividade e de que dispositivos se valem
jornalistas para aferir credibilidade à imagem de si (ethos)
e à de seus leitores,veiculadas na mídia impressa. Como
aparato teórico, fundamentam a proposta teorias da enun‑
ciação e as de base sócio comunicacional, como a Teoria
Semiolinguística ( Charaudeau, 2008), que possibilitam
compreender como os enunciadores se movem em espaços
de restrição gramatical e de manobras discursivas, em situ‑
ações determinadas, com o fim de construírem juntos o ato
de comunicação. Tendo, por fim, também verificar como se
dá a escolha lexical para a construção da mensagem do tex‑
to e a imagem dos enunciadores, a presente proposta obje‑
tiva contribuir para preencher certas lacunas no ensino de
leitura e interpretação de gêneros midiáticos que circulam
nas práticas sociais da língua.
Resumo de Paper
Partindo de uma visão pós‑estruturalista sobre sociabilida‑
des e subjetividades, (Venn, 2000; Moita Lopes, 2006; Louro,
2008; Pennycook, 2010) e ciente das relações de poder exis‑
tentes entre pescadores artesanais da cidade de Arraial do
Cabo (Ferreira, 2012), o presente trabalho objetiva analisar
as construções discursivas das relações sociais de saber‑po‑
der entre pescadores artesanais da referida cidade. Segundo
Venn (2000, p. 15) conhecer, ser e desejar são processos
constituintes das identidades sociais e da produção de co‑
nhecimentos. Nesse sentido, as identidades sociais dos pes‑
cadores estão imbricadas no saberes que eles constroem e
que são ratificados, ou não, por seus pares. As redes de sabe‑
res nas quais esses pescadores se envolvem são organizadas
em torno de ordens do discurso, que são os efeitos discursi‑
vos de práticas de produção, controle, seleção, distribuição
e organização de discursos em torno de procedimentos de
exclusão (Foucault, 1971/2003). Tais ordens do discurso, por
sua vez, podem ser percebidas por meio do instrumental
teórico‑analítico de ordens de indexicalidade, nas quais al‑
gumas formas de semiose são sistematicamente percebidas
como válidas, outras, como menos válidas e outras nem
são consideradas, enquanto todas são sujeitas a regras de
acesso, regulação e circulação (Blommaert, 2010). Aliando,
portanto, os construtos de ordens de indexicalidade e or‑
dens do discurso, proponho‑me a analisar a construção dis‑
cursiva das redes de saber‑poder imbricadas nas identidades
sociais desses pescadores por meio de entrevistas semi‑es‑
truturadas (Ludke e André, 1986; Worcman e Pereira, 2006).
O propósito dessa discussão é problematizar tanto a ideia
homogênea sobre comunidades de pescadores (Anderson,
1986; Pennycook, 2010), como a visão essencialista sobre
esses sujeitos sociais encontradas na literatura (Britto, 1999;
Cascudo; 2002; Linsker e Tassara, 2005; Loureiro, 2005).
MARIA APARECIDA LLINO PAULIUKONIS (UFRJ)
Resumo de Paper
201
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O PROCESSO DE CONSTRUÇÃO
DE UMA COMUNIDADE VIRTUAL
DE APRENDIZAGEM DE LÍNGUA
INGLESA PARA ALUNOS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
SOB A ÓTICA DA TEORIA
DA ATIVIDADE
MARIA APARECIDA OLIVEIRA MOREIRA (UFF)
Resumo de Paper
O objetivo do presente trabalho é investigar a construção e
evolução de uma comunidade virtual de aprendizagem de
língua inglesa, composta por alunos das últimas séries do
Ensino Fundamental de uma escola pública e sua professo‑
ra. A expectativa é de que tal comunidade de aprendizagem
se forme a partir da participação dos alunos em uma rede
social criada pela professora‑pesquisadora (http://apareci‑
danet.ning.com/), para dar‑lhes a oportunidade de expan‑
dir seus conhecimentos da língua, por meio de atividades
multimodais e colaborativas online. A rede social foi cons‑
truída dentro da plataforma NING e oferece como suporte
de aprendizagem recursos de hipermídia (áudio, vídeos,
textos), links para websites de atividades e exercícios para
prática da língua‑alvo, além de ferramentas de participação
e interação como fóruns, blogs e chats. A investigação tem
como embasamento teórico os conceitos de Comunidades
de Prática (Wenger, 1998) e Comunidades de Aprendizagem
Online (Rheingold, 1993; Preece, 2000; Tavares, 2003; Palloff
& Pratt, 2007). A pesquisa é um estudo de caso ainda em cur‑
so e envolve o acompanhamento da participação dos apren‑
dizes na comunidade virtual, suas interações e colaboração
com a comunidade. Os dados coletados através de observa‑
ções e outros instrumentos qualitativos estão sendo anali‑
sados sob a perspectiva da Teoria da atividade sócio‑históri‑
co cultural (Daniels, 2003; Engeström, 1987; Mwanza, 2001;
Vygotsky, 1978). Uma análise preliminar das relações entre
os elementos do sistema de atividade tem revelado alguns
conflitos que podem estar impedindo que a comunidade se
desenvolva. A falta de familiaridade com essa nova modali‑
dade de aprendizado (online), que requer posturas distintas
daquelas às quais os aprendizes estão acostumados, pode
ser um desses conflitos.
FORMAÇÃO DE EDUCADORES:
A ORGANIZAÇÃO DA LINGUAGEM
EM RELAÇÕES DIALÉTICAS NAS
INTERAÇÕES ENTRE TODOS
OS PARTICIPANTES DE PROJETOS
DE FORMAÇÃO DE EDUCADORES
MARIA CECILIA CAMARGO MAGALHAES (PUC–SP)
FERNANDA COELHO LIBERALI (Puc–SP)
Resumo de Paper
Esta comunicação discute a organização da linguagem em
projetos de intervenção em formação de educadores, con‑
duzidos por pesquisadores do GP Linguagem em Atividades
no Contexto Escolar – LACE ‑, desenvolvidos em Institutos de
Ensino Infantil, Fundamental e Médio da rede pública, parti‑
cular e conveniada, situados em áreas carentes de São Paulo.
Especificamente, analisa e discute os modos como a lingua‑
gem organiza a criação de contextos de formação de educa‑
dores que possibilitem, a todos os participantes, aprendiza‑
gem e transformação quanto ao objeto em discussão. Está
apoiada na Teoria da Atividade Sócio‑Histórico‑Cultural,
com base nos escritos de Vygotsky, Leontiev, Bakhtin e o cír‑
culo, que apontam a centralidade da organização dialética
da linguagem nas relações entre participantes das intera‑
ções cujo foco está na constituição de alunos, professores,
gestores, pesquisadores colaborativos e reflexivos. A comu‑
nicação está organizada para envolver reflexão crítica sobre
os modos como a organização argumentativa da linguagem,
nas relações, possibilita a criação de zpds mútuas (Vygotsky),
voltadas à compreensão e transformação de práticas a‑so‑
ciais, a‑políticas e a‑históricas, isto é, do individualismo que,
em geral, caracteriza o contexto escolar. A análise argumen‑
tativa de três atividades de formação dos projetos de inter‑
venção será a base para a discussão de como colaboração,
criticidade e criatividade podem servir de base para a trans‑
formação da comunidade escolar.
202
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
EXPLORANDO OS ELEMENTOS
DEFINIDORES DA POLÍTICA
DE AVALIAÇÃO DE PROFICIÊNCIA
EM LÍNGUA ESTRANGEIRA –
INGLÊS EM UM PROGRAMA
DE PÓS‑GRADUAÇÃO.
MARIA CECÍLIA DOS SANTOS FRAGA (UNICAMP)
Resumo de Paper
No ensino superior, a comprovação de proficiência em língua
estrangeira é freqüentemente considerada pré‑requisito
para a obtenção dos títulos de Mestre ou de Doutor. Nesses
contextos, os testes de proficiência são de alta‑relevância,
pois têm implicações tanto para a vida acadêmica e profis‑
sional dos alunos como para as instituições e seus progra‑
mas de pós‑graduação. O objetivo deste trabalho é explorar
o lugar da avaliação de proficiência em leitura em língua
estrangeira – Inglês, em um programa de pós‑graduação de
uma faculdade de engenharia de uma universidade pública
paulista, e explicitar a política praticada pelo programa no
que diz respeito à língua estrangeira. Serão analisados: o
perfil do leitor almejado pelo programa, especialmente as
habilidades e competências em língua estrangeira que o
compõem; o nível de proficiência compatível com tal perfil; o
modo como o construto da habilidade de leitura está repre‑
sentado na prova de proficiência (Messick, 1989; Alderson,
2000); a relevância que o programa atribui à língua estran‑
geira para a obtenção dos títulos. A discussão levará em con‑
ta noções sobre proficiência (Scaramucci, 2000)e os propó‑
sitos de uso de teste e suas consequências (Shohamy, 2001;
McNamara, 2006; Scaramucci, 2011). Espera‑se, com este
estudo, obter evidências para compor um argumento de
validade (Kane, 2001; Chapelle et al, 2008)do uso da prova
em questão.
A PRODUÇÃO
TEXTUAL NA ESCOLA:
O GÊNERO ‘RESPOSTA
À QUESTÃO DISCURSIVA’
MARIA CRISTINA GUIMARAES DE GOES MONTEIRO (PUC–RIO)
Resumo de Paper
Há algum tempo a prática discursiva na escola tem sido de‑
senvolvida com base no conceito de gênero textual. O traba‑
lho na disciplina de Língua Portuguesa e nos livros didáticos
da área volta‑se para a sistematização dos gêneros textuais
considerados mais relevantes para a ação dos indivíduos em
situações comunicativas cotidianas. Há, entretanto, uma
produção textual, que, apesar de frequente no contexto
escolar, não tem sido formalmente contemplada no traba‑
lho de elaboração de texto: a resposta à questão discursiva.
Produz‑se a resposta discursiva, mas não se ensina como
escrevê‑la ou organizá‑la – ela não é percebida como tex‑
to. Alinhada com Bronckart (1999) e Marcuschi (2002), esta
pesquisa se desenvolve sob a perspectiva sócio‑interativa da
língua e procura observar as condições de produção em que
o texto é produzido. Propõe‑se que a resposta discursiva seja
vista como um gênero textual e, dada a sua frequência de
uso, seja tratada como um conteúdo a ser abordado no âm‑
bito escolar. As trezentas respostas discursivas, coletadas
em avaliações aplicadas a turmas de Ensino Médio, apon‑
tam para um gênero com certo hibridismo no que diz respei‑
to às relações entre oralidade e escrita.
203
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PROGRESSÃO PARA
O DESENVOLVIMENTO
DA ORALIDADE BASEADA
EM GÊNEROS
CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES
DE ALUNOS EM TEXTOS
PRODUZIDOS NA ESCOLA
PÚBLICA DO RIO DE JANEIRO
MARIA DA GLÓRIA MAGALHÃES DOS REIS (UNB)
MARIA DAS GRAÇAS DIAS PEREIRA (PUC–RIO)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
A presente comunicação tem o objetivo de apresentar re‑
sultados de trabalhos realizados pelo “Grupo de Estudos
de Didática de Língua Estrangeira” (GEDLE) credenciado no
Diretório de Grupos de pesquisa do CNPq e certificado pela
instituição de origem. O grupo trabalha atualmente com o
projeto que tem por título “A questão da oralidade no ensino
de língua estrangeira”. As investigações são realizadas sobre
as línguas espanhola, francesa, inglesa e japonesa. Os es‑
tudos baseiam‑se nas perspectivas sociointeracionista de
Vygotsky (2007, 2008) e discursiva de Bakhtin (2009, 2011).
No âmbito do ensino de línguas estrangeiras, esta concep‑
ção leva a reflexões sobre quais experiências o professor pode
proporcionar aos aprendizes para levá‑los a interagir com o
seu contexto sociocultural, transformando‑o e sendo trans‑
formados em uma interação dialética com o seu meio cul‑
tural. Fundamentando‑se igualmente nos conceitos de ora‑
lidade e gêneros em Marcuschi (2008) e Dolz & Schneuwly
(2004), o presente trabalho apresenta caminhos possíveis
para o desenvolvimento da produção oral em língua estran‑
geira. Tendo‑se em conta que a linguagem passa pelo cor‑
po e pela voz, as reflexões do grupo visam ainda a propiciar,
consequentemente, uma atenção especial às questões de
identidade presentes no processo de ensino/aprendizagem,
considerando que as línguas são a “expressão das identida‑
des de quem delas se apropria” (RAJAGOPALAN, 2003, p. 69;
MASTRELLA, 2007). A experiência apresenta como resultados
um livro a ser publicado no próximo ano e a sua aplicação no
curso de Licenciatura Letras–Francês da Universidade que
sedia o grupo.
No presente estudo, focalizo a produção de textos na escola
pública no Rio de Janeiro, no segundo ciclo do ensino fun‑
damental, enquanto lugar de discussão de identidades e de
posicionamentos de alunos construídos em discurso, nas re‑
des de relações sociais. Ivanic (1998) considera que “quem so‑
mos afeta a forma como escrevemos”. Hungerford‑Kresser e
Vetter (2012) focalizam, em especial, discursos que emergem
na educação urbana de estudantes adolescentes latinos a
partir de Harré & Langenhove (1999). A relevância da pesqui‑
sa se coloca a partir da necessidade de professores e alunos
buscarem inteligibilidades (Moita Lopes, 2006) sobre a prá‑
tica pedagógica e a formação de novos professores. Nossas
indagações são: Que discursos e identidades são construí‑
dos pelos alunos na produção de textos na escola? De que
forma as ideologias influenciam na construção discursiva e
social? Discuto duas pesquisas: a de Linares e Pereira (2010),
com alunos do 9º ano do Ensino Fundamental, no municí‑
pio de Nova Iguaçu – RJ; e a de Rodrigues, Marques e Costa
(2012), com alunos de 6ª e 7ª séries de uma escola pública
da Rocinha – RJ, com geração de dados para disciplinas de
um Curso de Licenciatura em Letras. Na primeira pesquisa,
mediante um texto‑motivador, os alunos construíram tex‑
tos narrativos, com vivências da infância e adolescência e
temáticas variadas, acionando lugares e ambientes. Os po‑
sicionamentos são reveladores de laços afetivos conflitu‑
osos em relação à família e trabalho. Na segunda pesquisa,
como os futuros professores se pautaram pelo estudo de
Linares (2009), fizeram uma pergunta direta – “O que quero
ser quando crescer? Por quê?”; os alunos trouxeram constru‑
ções identitárias sociais influenciadas pela mídia, mas ain‑
da em dúvida sobre escolhas profissionais futuras. A partir
dos resultados, procuro refletir sobre o papel da escola em
relação às construções de identidade dos alunos, de forma
a termos um papel mais agentivo e de transformação social
na escola pública.
204
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
MEMÓRIA(S) E (RE)
SIGNIFICAÇÕES DE PROFESSORES
DE LÍNGUA INGLESA SOBRE
O CURSO DE LETRAS
MARIA DE FÁTIMA FONSECA GUILHERME (UFU)
CRISTIANE CARVALHO DE PAULA BRITO (UFU)
Resumo de Paper
Deleuze (2008), ao refletir sobre a relação do sujeito com o
processo de escrita, entende que, ao escrever, o sujeito co‑
loca‑se em um caso de devir, ou seja, coloca‑se em um caso
“sempre inacabado, sempre em via de fazer‑ser, e que extra‑
vasa qualquer matéria vivível ou vivida” (p. 11). Entendemos
que as reflexões do autor podem se estender para quaisquer
outros processos que envolvam a relação sujeito e lingua‑
gem. E é essa relação, sujeito e linguagem, especificamente
no Curso de Letras, que pretendemos abordar neste traba‑
lho. Mobilizados por uma memória discursiva, professores
em‑serviço de língua inglesa enunciam sobre seu processo
de aprendizagem da língua inglesa no Curso de Letras, assim
como sobre seu processo de formação como (futuros) pro‑
fessores. Entendemos que, quando esses professores enun‑
ciam, eles tomam uma posição enunciativa, que diz respeito
a processos identificatórios, a relações de poder decorrentes
de filiações sócio‑históricas e redes de memória de sua cons‑
tituição (SERRANI, 2000). A memória discursiva, numa pers‑
pectiva peucheutiana, significa as possibilidades de dizeres
que se atualizam no momento da enunciação, enquanto
efeito de um esquecimento correspondente a um processo
de deslocamento da memória de significações. Em suma,
ela se refere ao saber discursivo que torna possível todo dizer
e que retorna sob a forma do pré‑construído, o já dito, que
está na base do dizível, sustentando cada tomada da pala‑
vra (ORLANDI, 2002). Para este estudo, o corpus foi consti‑
tuído a partir de um questionário aplicado, tendo com base
a proposta AREDA ‑ Análise de Ressonâncias Discursivas em
Depoimentos Abertos (SERRANI, 1998). Alguns resultados si‑
nalizam que, ao enunciarem sobre o Curso de Letras, os pro‑
fessores se inscrevem em várias formações discursivas, (res)
significando o curso como espaço de não‑aprendizagem da
língua inglesa e de não‑formação do professor dessa língua.
QUESTÕES DE REPRESENTAÇÃO
E IDENTIDADE EM DISCURSOS
MIDIÁTICOS SOBRE USO
DE REDES SOCIAIS NO ENSINO
DE LÍNGUAS
MARIA DE FÁTIMA SILVA AMARANTE (PUC–CAMPINAS)
Resumo de Paper
Nos últimos anos, o advento de ferramentas tecno‑digitais
provocaram alterações marcantes no ensino/aprendizagem
de línguas, pois ampliaram as possibilidades interacionais, o
que nos levou a analisar discursos midiático‑digitais sobre
o uso de redes sociais em processos de ensino/aprendiza‑
gem de línguas. Mapeamos nesses discursos como são re‑
presentados os atos de ensinar e aprender, que constituem
e são constituídos por relações de poder saber (FOUCAULT,
2012); e verificamos, com base em Woodward (2011), Hall
(1996), Silva (2004), Bauman (2011), dentre outros, as práti‑
cas identitárias constituídas por essas representações para,
então, discutir suas implicações para a (re)configuração de
relações de poder no ethos discursivo da sala de aula, bem
como para a formação de professores. Adotamos a perspec‑
tiva teórico‑metodológica interpretativa e transdisciplinar
da Análise de Discurso de Linha Francesa, conforme descri‑
ta por Gregolim (2006), fundamentando‑nos em estudos
de Foucault (1996 e 1969) e Pêcheux (1988 e 1983). O corpus
foi coletado de discursos veiculados nos últimos cinco anos
na Internet, em artigos científicos, boletins informativos e
blogs. Dessa forma, este estudo permite refletir sobre a tec‑
nologização do ensino de línguas como um aspecto das polí‑
ticas linguísticas implícitas que transitam na academia e na
sociedade em geral. Os resultados, ainda parciais, revelam,
por um lado, o forte deslocamento das identidades nacio‑
nais pela homogeneização cultural (HALL, 2011), da qual a
noção de inglês como língua de comunicação internacional
é um dos índices. De outra parte, observamos práticas iden‑
titárias (re)nova(da)s que derivam da aparente centralidade
do aluno e que deixam ao professor as margens do discurso.
As conclusões, ainda preliminares, remetem‑nos às relações
entre avatares (BAUMAN, 2004), que carregam a promessa
da excelência, mas também de seu avesso.
205
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A PRÁTICA PEDAGÓGICA
NO DISCURSO DE PROFESSORAS
DE INGLÊS E DE ALUNOS
DA REDE PÚBLICA
MARIA EUGENIA BATISTA (SME–SP)
PERCEPÇÕES E EXPERIÊNCIAS
DE DUAS PROFESSORAS DE COM
O ENSINO CRÍTICO DE LÍNGUAS
EM UM CONTEXTO TÉCNICO/
TECNOLÓGICO
MARIA EUGÊNIA SEBBA FERREIRA DE ANDRADE (IFG)
Resumo de Paper
Esta comunicação tem como objetivo apresentar a repre‑
sentação da prática pedagógica que permeia o discurso
de professoras de inglês e de alunos dos anos iniciais do
ensino fundamental (3ª e 4ª séries) da rede pública de ensi‑
no de um município da região metropolitana de São Paulo.
Foram coletadas 10 entrevistas orais (cinco com profes‑
soras e cinco com alunos) gravadas em áudio e transcritas
para análise. A análise linguística tem como aporte teórico
a Linguística Sistêmico Funcional (HALLIDAY, 1994 e HALLIDAY
& MATHIESSEN, 2004) e a Análise Crítica do Discurso (VAN
LEEUWEN, 2008) e a discussão a respeito da representação
da prática pedagógica é fundamentada em Freire ([1968]
2005), Bernstein (1971, 1990, 2000) e Kumaravadivelu (2003).
Os resultados do estudo apontam para a presença marcante
de processos materiais na representação da prática pedagó‑
gica cujo ator social de destaque é o professor. Observa‑se
que as ações representadas no discurso das professoras e
dos alunos sinalizam que o ensino‑aprendizagem da língua
inglesa é orientado para conteúdo centrado em vocabulário,
muitas vezes descontextualizado, em detrimento do desen‑
volvimento de competências comunicativas que habilitem
os alunos a agirem em sociedade.
Resumo de Paper
Esta comunicação apresenta os resultados de uma pesqui‑
sa que teve por objetivo examinar a maneira como duas
professoras de ILE (inglês como língua estrangeira) do IFG
(Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de
Goiás) compreendem e abordam questões ligadas ao ensino
crítico de línguas (raça, gênero, sexualidade, imperialismo
linguístico etc.) nas salas de aula de contexto técnico/ tec‑
nológico. Para a coleta de dados, foram utilizados questio‑
nários, narrativas escritas e uma sessão reflexiva com base
na leitura do texto “Ensino Crítico de Línguas Estrangeiras”
(PESSOA; URZÊDA‑FREITAS, 2012). Apesar da “aparente” des‑
conexão entre o contexto de atuação das professoras (cujo
foco principal está na formação para o mercado de traba‑
lho e no consequente predomínio do ensino voltado para
as habilidades instrumentais da língua) e a proposta de
ensino crítico de LE (que pressupõe uma prática pedagógi‑
ca constantemente problematizadora por meio da língua e
do corpo (PENNYCOOK, 2006)), os resultados apontam que
as participantes percebem o uso da língua como prática so‑
cial, ou seja, como algo que pode tanto ajudar a empoderar
como marginalizar os indivíduos que dela fazem uso (MOITA
LOPES, 1996). E, por isso, também defendem o ensino crítico
como sendo um caminho capaz de transformar vidas e re‑
alidades, e o que difere disto, para elas, é entendido como
mera instrumentalização.
206
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O DESENHO DE UM CURSO
ONLINE PELO VIÉS
DA COMPLEXIDADE: ESPAÇO
DE FORMAÇÃO
MARIA EUGENIA WITZLER D’ESPOSITO (GPEAHF/CNPQ)
Resumo de Paper
Os temas que perpassam a formação de uma professora/pes‑
quisadora quando do desenho de um curso online de prática
escrita em língua inglesa para professores do Ensino Médio
da rede pública estadual na cidade de São Paulo, desenha‑
do a partir das necessidades expressas por professores des‑
se contexto, da Proposta Curricular do Estado de São Paulo
(São Paulo, 2008) e dos Cadernos redigidos pela Secretaria
da Educação do Estado de São Paulo (São Paulo, 2008), pelo
viés da complexidade (Morin, 1990/2008, 1999/2006a,b,
2005/2006), são o foco desta comunicação. A base de todo o
processo é a complexidade, estabelecendo um diálogo com
os construtos teóricos relacionados ao desenho de cursos a
distância (Palloff & Pratt, 1999; Horton, 2000; Filatro, 2003,
2008, dentre outros). Tendo o intuito de investigar a expe‑
riência de desenho e a busca dos temas que a constituem,
utilizei a abordagem hermenêutico‑fenomenológica (Freire:
1998, 2007, 2008a,b, 2010) como metodologia de pesquisa.
Assim, ao longo desta comunicação, apresentarei as fases
que compuseram o desenho desse curso a distância de prá‑
tica escrita pelo viés da complexidade, os temas que com‑
preendem a formação da professora/pesquisadora ao dese‑
nhá‑lo e que contribuem para a formação e prática de outros
docentes que atuam na área.
ANÁLISE DA COMPREENSÃO
ESCRITA EM LÍNGUA INGLESA
NO CADERNO DO PROFESSOR
MARIA FERNANDA MARTINS (PUC–SP E FACULDADE
DE TECNOLOGIA DE BOTUCATU ‑ FAT)
Resumo de Paper
Análise da compreensão escrita em língua inglesa no
Caderno do Professor Maria Fernanda Martins (Faculdade
de Tecnologia de Botucatu – FATEC–Botucatu) Os professo‑
res de língua inglesa das escolas públicas do estado de São
Paulo, a partir de 2008, puderam contar, pela primeira vez,
com material didático de apoio para o desenvolvimento de
seu trabalho em sala de aula. Esse material foi oferecido pela
Secretaria de Educação do Estado de São Paulo, que lançou
o Caderno do Professor, por meio da Proposta Curricular
do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, 2008). O Caderno do
Professor, parte do processo de elaboração da Proposta
Curricular, é o material didático destinado aos professores de
cada disciplina do Ensino Fundamental II e do Ensino Médio,
nas escolas públicas do estado de São Paulo e contêm as pro‑
postas, os direcionamentos e sugestões de como realizar as
atividades e conteúdos do Caderno em sala de aula. O obje‑
tivo da Proposta Curricular (SÃO PAULO, 2008) é de articular a
rede de ensino estadual para que as escolas trabalhem como
um todo, garantindo a todos os alunos uma base comum
de conhecimentos. O objetivo desta apresentação é mos‑
trar os resultados da análise da habilidade comunicativa de
compreensão escrita em inglês no Caderno do Professor de
Inglês, da 1ª série do Ensino Médio (SÃO PAULO, 2009), ob‑
servando como ela reflete os documentos oficiais e como
é explorada nas atividades. Os critérios da lista de Ramos
(2009) foram usados na análise dos dados a fim de obser‑
var como a compreensão escrita em inglês é trabalhada no
Caderno do Professor da 1ª série do Ensino Médio (SÃO PAULO,
2009) e como ela reflete os documentos oficiais. A ficha de
compreensão escrita de Dias (2009) foi usada para a análise
dos dados no que concerne especificamente as atividades
de leitura.
207
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A APROPRIAÇÃO
DO PORTUGUÊS‑ACADÊMICO
POR UNIVERSITÁRIOS
INDÍGENAS: MATERIAIS
DIDÁTICOS E METODOLOGIAS
DE ENSINO EM FOCO
MARIA GORETE NETO (UFMG)
O ALUNO ‘LOCAL’ E O ALUNO
‘DO LIVRO DE INGLÊS’: COMO
A LINGUAGEM E AS PRÁTICAS
PEDAGÓGICAS PROPOSTAS PELO
LIVRO TEXTO DO PNLD FAZEM
SENTIDO NA SALA DE AULA?
MARIA HELENA FÁVARO (UFSC)
MARIA INÊZ PROBST LUCENA (UFSC)
Resumo de Paper
Este artigo discute o ensino do português‑acadêmico para
universitários indígenas oriundos de contextos multicultu‑
rais e multilíngues diversos. O corpus principal de análise
compõe‑se de produções escritas por alunos de distintas
etnias do curso de Formação Intercultural de Educadores
Indígenas da Universidade Federal de Minas Gerais, dentre
os quais uma parte fala português como língua materna
e outra fala português como segunda língua. Estes regis‑
tros são complementados por planos das aulas de Leitura
e Produção de Textos Acadêmicos ministradas no referido
curso e ainda de notas e diários de campo elaboradas pela
professora da disciplina. A análise aponta que o processo de
apropriação do português exigido pela academia é perpas‑
sado pelo português‑indígena e/ou por outras línguas indí‑
genas faladas como língua materna pelos povos focalizados.
Isto indica a necessidade de que materiais didáticos e meto‑
dologias específicas de ensino do português sejam pensadas
para os cursos de licenciatura indígena com o intuito de fa‑
cultar tanto a apropriação do português‑acadêmico quanto
a valorização do português‑indígena e/ou de outras línguas
indígenas. A expectativa é que a reflexão apresentada pos‑
sa contribuir nas discussões que envolvem o ensino do por‑
tuguês para indígenas tanto nas universidades quanto nas
aldeias e, eventualmente, também colaborar para reflexões
sobre o ensino de português em outros cenários.
Resumo de Paper
Nesse estudo, buscamos discutir o uso do livro didático de
língua inglesa em sala aula, a partir da observação e pro‑
blematização dos modos como os alunos de uma turma do
oitavo ano do ensino fundamental, de uma escola pública
de Florianópolis, atribuem sentido ao conteúdo trazido por
esse livro do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), do
Ministério da Educação (MEC). Dada a reconhecida impor‑
tância que o livro‑texto assume na sala de aula de língua in‑
glesa nas escolas públicas brasileiras, entendemos que seja
indispensável problematizar seus conteúdos, bem como a
forma como esse recurso pedagógico é concebido e utilizado
no contexto de ensino/aprendizagem de inglês, a fim de que
discussões sobre valores socioculturais, políticos e ideológi‑
cos sejam contempladas no ensino de língua inglesa. Esse
entendimento se dá em consonância com um grande núme‑
ro de trabalhos na Linguística Aplicada que vem constituin‑
do um importante arcabouço teórico voltado à discussão e
questionamento dos usos do livro didático no contexto de
sala de aula de língua inglesa (OLSON, 1989; HOLLIDAY, 1994;
CANAGARAJAH, 1999; 2005; PENNYCOOK, 2001; MOITA LOPES,
2005; DIAS, 2009; SOUZA, 2011; LUCENA, 2012; dentre outros).
Procuramos investigar a maneira como os alunos atribuem
sentido às atividades trazidas pelo livro didático de língua in‑
glesa, fazendo uso de recursos da etnografia que nos ajuda
a entender práticas locais e situadas de ensino e aprendiza‑
gem de línguas estrangeiras (CANAGARAJAH, 2007; CLEMENTE
& HIGGINS, 2008). Embora os dados sejam preliminares,
apresentaremos uma breve análise realizada a partir dos
conceitos de performatividade e identidade, no sentido de
mostrar que os modos como os alunos lidam e significam as
diferentes práticas de linguagem propostas pelo livro texto
apontam para diferentes posicionamentos identitários as‑
sumidos por eles no contexto pesquisado.
208
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
SESSÕES COLABORATIVAS:
ANÁLISE DE UMA
PERSPECTIVA SOCIOCULTURAL
DA APRENDIZAGEM
DO PROFESSOR E DA MEDIAÇÃO
PELO PROFESSOR FORMADOR
MARIA HELENA VIEIRA ABRAHÃO (UNESP)
Resumo de Paper
Sessões Colaborativas: análise de uma perspectiva socio‑
cultural da aprendizagem do professor e da mediação pelo
professor formador Tomando por arcabouço teórico uma
perspectiva sociocultural (Vygotsky, 1978; 1985; Wertsch,
1985; Johnson, 2009; Johnson e Golombek, 2011), objetiva‑se
nesta comunicação apresentar resultados da análise de
sessões colaborativas realizadas com professores de inglês
em formação continuada, em que se buscou compreender
como se deu a aprendizagem do professor e a atuação do
professor formador, em seu papel de mediador desse pro‑
cesso. Essas sessões integraram um projeto longitudinal
de pesquisa‑ação colaborativa (Burns, 1999), que visava a
coconstrução da prática de ensino de inglês em uma única
escola pública estadual e envolveu os dois professores efeti‑
vos que eram responsáveis pelo ensino da língua inglesa na
escola. As ações do projeto abarcaram o acompanhamento
das aulas dos professores pelos estagiários e mestrandos in‑
tegrantes do estudo, gravações em áudio e vídeo das aulas,
aplicação de questionários para o levantamento das crenças
e expectativas dos alunos e dos professores, entrevistas e
sessões colaborativas mensais (com oito horas de duração)
com os professores e o grupo de colaboradores (mestrandas,
duas docentes universitárias, alunos de graduação). Nestas,
buscava‑se refletir colaborativamente sobre os sucessos e
insucessos experienciados nas aulas, discutindo possíveis
encaminhamentos, com base nos conhecimentos (concei‑
tos) cotidianos e científicos introduzidos. Os resultados des‑
sa análise mostram o caminho tortuoso e difícil que caracte‑
riza a construção de novos conceitos (Smagorinsky, Cook e
Johnson (2003) e o trabalho de mediação pelo formador.
AVALIAÇÃO, AUTO‑AVALIAÇÃO
E AVALIAÇÃO DOS PARES
NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR
DE LÍNGUAS
MARIA INÊS VASCONCELOS FELICE (UFU)
Resumo de Paper
O objetivo desta comunicação é expor e discutir criticamente
a avaliação no curso de Letras – Licenciatura – cuja propos‑
ta pedagógica prevê o foco na formação do professor, fun‑
damentada na autonomia e na reflexão crítica do aprendiz.
Esse futuro professor reflexivo, pesquisador de sua própria
ação, será agente de transformação do contexto social da
escola pública (CELANI, 2003). Este trabalho pretende, ainda,
abrir espaço para reflexões sobre a importante função for‑
mativa que a avaliação desempenha nos processos de apren‑
dizagem. Fundamentada na noção de ensino‑aprendizagem
do interacionismo sociodiscursivo (Bronckart, 1997/1999), e
apoiada em Vygotsky (1930/1993, 1934/1998) e Habermas
(1983/1989, 1985/2000, 1987), a avaliação será entendida
aqui como prática que tem por função ser parte essencial do
processo de ensino‑aprendizagem, tendo o objetivo maior
de auxiliar o aluno a se constituir como um agente crítico
(Felice, 2006), desde que exercida como uma atividade a
serviço do conhecimento (Alvarez Méndez, 2002). Pretendo,
ainda, refletir especificamente sobre a avaliação que tenho
aplicado às turmas na disciplina do primeiro período, Língua
Francesa: Aprendizagem crítico‑reflexiva. Apresento tam‑
bém discussões sobre a auto‑avaliação e a avaliação do
pares que esses alunos, ingressantes em 2008, 2009, 2010
e 2011 vêm fazendo sobre seu desempenho e aprendizagem,
assim como o desempenho e a aprendizagem de seus cole‑
gas. Resultados parciais mostram a resistência dos estudan‑
tes em aprender a avaliar, sobretudo quando se trata de atri‑
buir uma nota aos colegas, mas pode‑se perceber que são
bastante precisos e honestos ao se auto‑avaliarem.
209
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A TEORIA E A PRÁTICA:
PROCURANDO ENTENDER
AS POLÍTICAS LINGUÍSTICAS
EDUCACIONAIS A PARTIR
DE ETNOGRAFIAS ESCOLARES
MARIA INÊZ PROBST LUCENA (UFSC)
Resumo de Paper
A compreensão de políticas educacionais relacionadas as
práticas de linguagem envolve uma discussão acerca das
relações entre políticas linguísticas, políticas culturais,
currículo, prática educacional e forças governamentais
(PENNYCOOK, 2002). No cenário da Linguística Aplicada, os
procedimentos da abordagem etnográfica nos ajudam a
entender as relações entre leis, resoluções, diretrizes, etc. e
o contexto para o qual políticas educacionais são pensadas
(CANAGARAJAH, 2005). O objetivo deste trabalho é chamar
a atenção para o papel que a pesquisa interpretativista de
cunho etnográfico pode desempenhar no entendimento das
políticas educacionais de línguas. Argumentando em favor
dessa perspectiva de investigação como um modo de pro‑
blematizar a relação entre os objetivos de tais políticas e o
contexto sociocultural para o qual elas são planejadas, apre‑
sento uma breve reflexão acerca da elaboração e do uso dos
documentos oficiais provenientes das políticas educacionais
de línguas; em seguida, discuto questões metodológicas na
etnografia das políticas educacionais e de planejamentos de
línguas. Por fim, discuto alguns elementos que podem fazer
parte da etnografia de políticas linguísticas, apresentando
três exemplos de pesquisas realizadas em salas de aulas de
línguas (LIMA, 2010; GADIOLI, 2012; GUEROLA, 2012) que em‑
bora não tenham tido como objetivo principal a discussão de
políticas educacionais, revelaram, entre outros aspectos, o
modo como essas políticas e documentos oficiais são inter‑
pretados e recriados na escola.
ALTERIDADE E CONSTRUÇÃO
DE AUTORIA:
O DESAFIO PEDAGÓGICO
MARIA MARTA FURLANETTO (UNISUL)
Resumo de Paper
Neste trabalho, dou continuidade a minhas reflexões sobre
autoria como uma prática específica de subjetivação, te‑
oricamente e em sua vertente pedagógica, entendendo‑a
como processo político de produção no interior da cultura.
Concebendo a materialidade do discurso em formulações
textuais que emergem a partir de uma matriz de sentido
(interdiscurso), tenho como objetivos, à luz de noções dis‑
cursivas tais como subjetividade, identidade (e sua crítica de
cunho filosófico), alteridade (nas práticas atravessadas pe‑
las várias modalidades de linguagem), ideologia e memória
discursiva: a) considerar, teoricamente, a impossibilidade de
fechamento, de indiferença e de passividade frente à alte‑
ridade, em geral na sociedade e em especial na construção
da função‑autor; b) refletir, a partir daí, sobre a produção de
autoria (e do efeito‑leitor) no contexto de formação pedagó‑
gica. A alteridade deriva os acontecimentos da vida (social)
e é derivada deles. Com o outro “eu”, sua identificação e pro‑
dução, abre‑se a linguagem para a proximidade e para o es‑
tranhamento; para a compreensão e para a incompreensão;
para o acordo e para o desentendimento. A espessura da lin‑
guagem, aberta pela alteridade, faz pensar nos confrontos,
na identidade e na diferença – tudo concertado pela expe‑
riência social, tributária da racionalidade da esfera política,
que tem um papel simbólico especial na construção ética da
convivência e das identidades.
210
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
FORMAÇÃO DE PROFESSORES,
LINGUAGEM E TECNOLOGIA
MARIA VALÉSIA SILVA DA SILVA (UCS–RS)
Resumo de Paper
Este trabalho propõe a apresentação de Projeto Piloto no
RS de formação continuada, em ambiente na Plataforma
MOODLE da Escola Estadual de Ensino Médio Santa Catarina,
em Caxias do Sul‑ RS. Para tanto, relataremos o início, a or‑
ganização e o desenvolvimento de projetos na Sala Digital
da escola. O referido projeto tem cunho etnográfico, e tra‑
tará das atividades da sala digital desenvolvidas desde 2011,
além da criação do grupo “GT Linguagens e suas Tecnologias”.
O grupo trabalha sob a Coordenação da Sala Digital do
Ensino Médio e Núcleo de Tecnologias Educacionais da 4º
CRE. Este é desenvolvido em conjunto com a Coordenação
das Línguas Adicionais, em parceria com a Coordenação de
Língua Portuguesa e Literatura e tem o objetivo de desenvol‑
ver a formação continuada dos professores de Ensino Médio,
em um primeiro momento. Relataremos, também, como
as reuniões e as atividades são elaboradas em conjunto e
demonstraremos as atividades desenvolvidas pela coorde‑
nação da sala digital e pelos docentes que fazem parte do
grupo. Finalmente, falaremos sobre a interdisciplinaridade
resultante da articulação, não intencional, do Coordenador
da Sala Digital e os professores, da relação construída
com a Universidade da Caxias do Sul, com a Associação de
Professores de Inglês do Rio Grande do Sul, bem como sobre
os planos futuros para o desenvolvimento das atividades de
formação continuada para esses educadores. Pensamos que
a ferramenta poderá resultar em diferentes possibilidades de
aprendizagem dos alunos e de articulação para reuniões as‑
síncronas, para fazer frente à dificuldade de reunião dos pro‑
fessores devido ao grande número de horas em sala de aula.
A PROVISORIEDADE
DA TRADUÇÃO: O INTRADUZÍVEL
COMO O QUE NÃO CESSA
DE (NÃO) SE TRADUZIR
MARIA VIVIANE DO AMARAL VERAS (UNICAMP)
Resumo de Paper
Este trabalho tem por objetivo argumentar em favor do in‑
traduzível como uma experiência original que só se mostra
‘em tradução’. Falar em intraduzível no mundo institucional
da tradução é de saída pôr sob suspeita a objetividade co‑
municante que diz respeito a uma concepção instrumental
de língua, mesmo que se admita que é justamente essa ob‑
jetividade que se torna problemática logo que se entra em
contato com outra língua. Existe, é claro, uma dimensão
partilhável da língua, que permite supor alguma transpa‑
rência, alimentada pela possibilidade de comunicar certo
conteúdo produzido em uma língua estrangeira, mesmo
que sustentado em uma abstração da materialidade dessa
língua e em uma ilusão de identidade que pressupõe que
o sucesso de uma tradução residiria na passagem de uma
língua a outra sem equívocos. O que acontece, contudo,
quando a língua não é oferecida como meio de transmissão
de uma experiência prévia (que ela traduz), mas se oferece
ela mesma como experiência a traduzir? Se, como diz Walter
Benjamin (1923–2010), “toda tradução é apenas uma forma,
de algum modo provisória, de lidar com a estranheza das lín‑
guas”, levantamos a hipótese de que essa forma provisória é
ditada pelo que de cada língua permanece intraduzível. Esse
intraduzível, longe de negar a tradução, afirma‑a como uma
tarefa cuja riqueza está justamente no “provisório” que ela
insiste em sempre pôr em cena, ao mesmo tempo em que se
põe à escuta das diferenças, dos equívocos e das lacunas que
se escrevem numa língua de tradução ‘sem original’.
211
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O LEGADO PURITANO
NA CONSTRUÇÃO
DO PENSAMENTO MODERNO
DOS ESTADOS UNIDOS
LETRAMENTO CRÍTICO: EFEITOS
DE UMA DISCUSSÃO SOBRE
GÊNERO EM SALA DE AULA
MARIANA NUNES MONTEIRO (UFRJ)
MARIANA BATISTA TORRES (UFRJ)
Resumo de Paper
Resumo de Pôster
Os puritanos contribuíram significativamente para a cons‑
trução dos ideais que guiaram os americanos no período co‑
lonial e nos séculos posteriores. Nos dias atuais, ainda é pos‑
sível enxergar resquícios desta influência, conforme Carlos
Eduardo Lins da Silva expõe em seu artigo “Puritanismo,
Individualismo e Pragmatismo na Resposta Americana ao
Terror” (2002). Estudar, pois, esta sociedade é crucial para
que se possa conhecer e quiçá compreender um pouco mais
o país que desperta reações de amor e ódio. Posto estas con‑
siderações, o presente trabalho visa investigar a herança
puritana na América moderna, através do conceito de self‑
‑made man, amplamente difundido durante a época da pro‑
pagação do “sonho americano”, e da importância atribuída
à figura divina, com a ressalva de que anteriormente Ele era
visto como aquele que pune (a exemplo, o sermão do prega‑
dor puritano Jonathan Edwards “Sinners in the Hands of an
Angry God”) em oposição à visão de salvador e protetor de
uma nação (“God Bless America”) que caminha para a glória.
Discutirei os elementos que caracterizam o legado puritano
por meio da análise de discursos políticos e literários desde
a época do auge deste sistema, no século XVIII, até os dias
de hoje. As ideias de Norman Foerster, Carlos Eduardo Lins
da Silva, Antonio Pedro Tota e Stuart Hall constituem o arca‑
bouço teórico que fundamenta esta pesquisa.
A dicotomia homem/mulher está tão enraizada na socieda‑
de contemporânea que o fato de a identidade de gênero ser
discursivamente construída é naturalizado. Ao adotar essa
visão essencialista de gênero/sexualidade, criando uma po‑
laridade entre homo¬erotismo e heterossexualidade (MOITA
LOPES,2002), o papel ativo do indivíduo na construção do
mundo que o cerca é desconsiderado. Dessa forma, o pre‑
sente trabalho visa apresentar e discutir os efeitos acarreta‑
dos pelo processo de desenvolvimento do letramento crítico
de alunos do Ensino Médio acerca de questões identitárias.
Mais especificamente, o foco desta pesquisa se volta para
uma aula em particular na qual os alunos são expostos a
questionamentos problematizadores sobre o binarismo
homem/mulher, sendo levados a considerar novas possibi‑
lidades de ser e a perceber que desempenham papéis impor‑
tantes na construção do mundo a sua volta e na construção
contínua das identidades sociais. O contexto de pesquisa é
uma escola pública localizada na zona sul do Rio de Janeiro
na qual os alunos participam de um projeto intitulado “A pro‑
moção do letramento crítico no ensino de inglês” propor‑
cionado pelo Programa Institucional de Bolsa de Iniciação
à Docência – PIBID. As aulas desse projeto são pensadas de
forma a desenvolver nos alunos habilidades não só linguís‑
ticas, mas também reflexivas sobre a sociedade na qual
estão inseridos.
212
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
RESISTINDO A IDENTIDADES
LEGITIMADAS DE FALANTES
DE INGLÊS: UMA EXPERIÊNCIA
NO CURSO DE LETRAS
MARIANA R. MASTRELLA‑DE‑ANDRADE (UNB)
Resumo de Paper
Esta comunicação objetiva relatar uma pesquisa no curso de
Letras/Inglês em uma universidade pública, com foco sobre
a construção de uma noção crítica de identidade de falan‑
tes de inglês. O suporte teórico que embasa este trabalho se
constitui especialmente de três aspectos. O primeiro enfa‑
tiza que língua é o lugar onde formas possíveis e reais de or‑
ganização e suas prováveis consequências políticas e sociais
são definidas e contestadas (Weedon, 1997). Não dissociado
disso, temos que língua é lugar de luta política, ou seja, está
sempre imbuída de poder. Poder é entendido como relação e
não como força pertencente a alguém e que, portanto, não
se possui, mas se exerce, está em tudo e em todo o tempo,
inclusive nas relações que constroem as categorizações so‑
bre quem somos (Foucault, 1979). O terceiro aspecto diz res‑
peito à questão das identidades, entendidas como plurais,
feitas na e por meio da linguagem, existindo nos atos de fala
que as produzem (Butler, 1997). Nesse sentido, esta pesquisa
de base qualitativa contou com os seguintes procedimentos
metodológicos: 1) entrevistas iniciais, em que os alunos re‑
lataram suas compreensões dos modelos ideais de falantes
da língua inglesa hoje; 2) a recepção de representantes da
Nigéria e de Trinidad e Tobago na sala de aula do curso de
Letras; 3) momento de discussão em grupo sobre questões
linguísticas, sociais e políticas sobre o uso do inglês hoje; e
4) entrevista final sobre a relação dos licenciandos com a lín‑
gua inglesa no processo de formação após a experiência do
projeto. Os resultados mostraram que o modelo de falante
ideal ainda persiste e se concentra sobre nativos anglo‑sa‑
xões. Entretanto, os resultados também sugerem que essas
concepções podem ser desafiadas, trazendo em especial no‑
vas compreensões sobre a relação do licenciando em língua
inglesa com essa mesma língua e uma maior liberdade para
o uso da língua inglesa que atenda aos próprios interesses da
comunidade brasileira, não fixo a um modelo apenas.
“LET GREEKS BE GREEKS, AND
WOMEN WHAT THEY ARE”,
A LITERATURA FEMINISTA
DE ANNE BRADSTREET
E A POESIA COMO ESPAÇO
DE ATIVISMO POLÍTICO.
MARIANA ROMARIZ LEIVAS (UFRJ)
Resumo de Pôster
Embora a literatura tenha sido por muito tempo um espaço
restrito a escritores homens, o primeiro poeta norte‑ameri‑
cano de que se tem registro foi uma mulher, Anne Bradstreet,
cujo livro “The Tenth Muse Lately Sprung Up in America” foi
o primeiro de autoria feminina a ser publicado nos Estados
Unidos. Sua poesia oscila entre o cotidiano feminino
bem‑comportado e a crítica à sociedade patriarcal do século
XVII. Bradstreet reivindica seu direito de escrever, deixando
claro em sua própria poesia que sabe que não será bem acei‑
ta por quem lê sua literatura. O objetivo desse trabalho é in‑
vestigar os recursos linguísticos dos quais Anne Bradstreet
se apropria para reconstruir discursivamente sua identidade
social como feminista e como a autora usa sua poesia como
espaço para ativismo político e denúncia da condição social
da mulher, usando sua própria voz para dar a voz a quem não
tem. Pretendo também analisar os recursos linguísticos de
que Bradstreet lança mão ao reivindicar seu espaço na lite‑
ratura, que merece ter sua obra valorizada. Esse trabalho
possui considerável relevância para a literatura porque visa
melhorar a percepção da força literária feminina em um mo‑
mento primordial da literatura norte‑americana.
213
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
NOVAS PERSPECTIVAS PARA
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
DE LÍNGUA PORTUGUESA
MARIANA VIDOTTI DE REZENDE (UEL)
A INSTITUCIONALIZAÇÃO
DA EXPERIÊNCIA DO ABUSO
SEXUAL INFANTIL:
NARRATIVAS INVIÁVEIS
MARILÉIA SELL (UNISINOS)
Resumo de Paper
Ao longo dos últimos anos as políticas públicas de educação
têm se preocupado com a necessidade de se rever o papel do
professor frente à nova perspectiva educacional decorrente,
em especial, da cultura digital. No que faz referência ao pro‑
fessor de Língua Portuguesa (foco de meu estudo), é consen‑
so que ele deve, entre outras questões, considerar as novas
maneiras de ler, de se produzir, de se fazer circular os textos
na sociedade e, consequentemente, do novo perfil do aluno,
para elaborar suas propostas de ensino. Neste viés da cultu‑
ra digital e papel do professor de Língua Portuguesa, perce‑
be‑se, no entanto, um grande abismo entre o que se propõe,
o que é possível fazer e o que se faz fruto, entre outras ques‑
tões, da falta de participação do professor na elaboração de
novas propostas de ensino e de um currículo que restringe
e sistematiza. Nesta perspectiva, proponho‑me a discutir a
necessidade de se rever as propostas e de propor novas po‑
líticas para formação de professores de Língua Portuguesa.
Resumo de Paper
As narrativas são um recurso para realizar diversas ações no
mundo, como construir, interpretar, socializar experiências,
negociar identidades e significar acontecimentos (SACKS,
1992; OCHS; CAPPS, 1996; DE FINA, 2008). Através da estrutu‑
ra das narrativas os/as atores/as sociais aprendem a se po‑
sicionar frente às experiências, estabilizando preferências
de como agir, sentir e saber nos diferentes grupos sociais.
Adotando uma perspectiva etnometodológica (GARFINKEL,
1967) e interacional (SACKS, 1992), esta pesquisa analisa in‑
terações entre um conselheiro tutelar e crianças vítimas de
abuso sexual, atentando para as ações que os/as interlocu‑
tores/as realizam ao coconstruir as histórias. Os resultados
da pesquisa apontam que as práticas narrativas são aciona‑
das para organizar a experiência das vítimas e acomodá‑la
às expectativas morais e às demandas do discurso jurídico
(MACMARTIN, 2002). A estrutura da narrativa (i.e. as suas
características) está, assim, condicionada à atividade intera‑
cional que está sendo desenvolvida (i.e. construir um relato
reportável para o sistema judiciário e realinhar as expecta‑
tivas morais quebradas). Isso mostra que as narrativas pre‑
cisam ser analisadas em seu contexto de produção, ou seja,
no turno a turno da interação, e não como uma unidade dis‑
cursiva pronta e externa ao evento interacional (SCHEGLOFF,
1997). Em outras palavras, então, é a atividade interacional
que determina o formato da narrativa, e não o contrário.
Nesta perspectiva, esta pesquisa mostra como as práticas
narrativas muito estruturadas podem representar roteiros
de significação pré‑estabelecidos para as vítimas de abuso
sexual, retirando‑lhes a agentividade e inviabilizando signifi‑
cações alternativas e únicas da experiência vivida. O esforço
de acomodar as histórias das vítimas às expectativas sociais
e morais privilegia determinadas versões da realidade, em
detrimento de outras, promovendo silêncios que podem di‑
ficultar a nossa compreensão deste fenômeno social comple
214
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O LAPTOP EDUCACIONAL UCA
NAS AULAS DE LÍNGUA INGLESA:
UM ESTUDO DE CASO EM TRÊS
ESCOLAS DA REDE PÚBLICA
DE ENSINO NO ESTADO DO ACRE
LÍNGUA PORTUGUESA:
BREVE PERCURSO
HISTÓRICO‑PROFISSIONAL
NO BRASIL
MARÍLIA CARVALHO BATISTA (UNB)
MARILEIZE FRANÇA MATTAR (UFAC)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Essa comunicação é fruto de uma pesquisa financiada
pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e
Tecnológico (CNPq) intitulada “Laptop Educacional UCA: aná‑
lise das práticas pedagógicas e da formação dos professo‑
res das escolas do Projeto Piloto do Acre”, que está em fase
de desenvolvimento e é vinculada ao Centro de Estudos
do Discurso do Acre (CED–Ac) da Universidade Federal do
Acre. Com a inserção de computadores nas escolas através
do Projeto UCA (um computador por aluno), as possibilida‑
des tecnológicas tornam‑se uma alternativa para facilitar a
educação através da inclusão digital. Papert (1994), Moran
(2000) e Masseto (2000) salientam que o computador pode
vir a ser um grande aliado no esforço em prol da melhoria
da qualidade do ensino, tendo em vista que respeita ritmos
diferenciados. Perrenoud (2000) e Arroyo (2000) salientam
que a tecnologia na sala de aula é uma forma não só de in‑
clusão digital, mas também de inclusão social. Estudiosos
da contemporaneidade, como Lemos (2003) e Levy (1999),
defendem que estamos vivendo em uma nova era sociocul‑
tural, pautada pela ampliação das possibilidades comunica‑
cionais e pelo avanço tecnológico da informática e compu‑
tação que tem produzido inúmeras e profundas transforma‑
ções nas mais diversas esferas sociais, enfim, em todo nos‑
so papel social e, inclusive, nossa linguagem. Dessa forma,
após breve contextualização da pesquisa supracitada e dos
pressupostos que a fundamentam, pretendo discutir nes‑
sa comunicação como os professores de língua inglesa em
três escolas da rede pública de ensino no estado do Acre vêm
articulando a sua prática pedagógica com o uso do laptop
educacional no processo de língua inglesa e que implicações
pedagógicas contribuem para o desenvolvimento da com‑
petência comunicativa do aluno. Como resultado desse con‑
junto de ações, espera‑se que esse estudo fortaleça o uso do
laptop educacional no processo de ensino‑aprendizagem de
língua Inglesa.
Este trabalho tem como fio condutor a história do ensino
de Língua Portuguesa no Brasil. Analisa‑se a partir da his‑
tória da LIngua Portuguesa, como a formação do professor
interfere no processo ensino‑aprendizagem. O enfoque
parte dos textos de Serafim da Silva Neto, José Ricardo Pires
de Almeida, Maria Cecília Camargo Magalhães e de Carla
Lynn Reichmann. O texto de Silva Neto permite‑nos orien‑
tar no âmbito do historicismo cultural. Já a obra de Pires de
Almeida retrata o movimento pedagógico e os aconteci‑
mentos da criação de escolas no Brasil. Magalhães, em seu
texto demonstra que a história da própria prática permite
criar espaço reflexivo e crítico, possibilitando o questiona‑
mento sobre as escolhas metodológicas em contextos esco‑
lares. Reichmann sublinha historiar e historicizar processos
de ensino‑aprendizagem e práticas discursivas docentes po‑
dem reposicionar o professor‑autor na própria (re)constru‑
ção identitária. A pesquisa biográfica de contextos escolares
problematiza a trajetória da formação e identidade sociopro‑
fissional. O professor ao ser analisado a partir de sua própria
formação levará à compreensão do percurso histórico‑social
que o ensino/aprendizagem assumiu e assumi no contexto
social, político, cultural e profissional. O trabalho orienta‑se
na busca de caminhos para compreender a formação de pro‑
fessor de Língua Portuguesa e o movimento de sua própria
identidade profissional que não está desvinculada de sua
formação social e sua trajetória de vida, para tanto será ana‑
lisada as negociações identitárias enunciadas, o que é dito
e pensado por meio das vozes que entrecruzam o discurso
do professor e transferido para o processo de aprendizagem.
215
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O ESTÁGIO CURRICULAR
SUPERVISIONADO
NA LICENCIATURA EM LETRAS:
OS SIGNIFICADOS DESSA
PRÁTICA SITUADA NA ÓTICA
DO PROFESSOR EM FORMAÇÃO
A PRODUÇÃO DE MATERIAL
DIDÁTICO EM AMBIENTE DIGITAL
POR ALUNOS DE LICENCIATURA
EM LETRAS
MARÍLIA DOS SANTOS LIMA (UNISINOS)
PATRÍCIA DA SILVA CAMPELO COSTA (UFRGS)
MARÍLIA CURADO VALSECHI (UNESP)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Este trabalho visa analisar os significados que o estágio cur‑
ricular supervisionado apresentam para o professor de lín‑
gua portuguesa em formação. Trata‑se de um recorte de mi‑
nha pesquisa de doutorado, que, inserida numa perspectiva
transdisciplinar e interpretativista da Linguística Aplicada,
busca conhecer os significados que o fenômeno em estudo
tem para os sujeitos envolvidos a fim de valorizar os saberes,
bem como as necessidades desse grupo, e, em função des‑
tes, refletir sobre formas de contribuir para uma formação
mais sólida para o professor. A abordagem metodológica da
pesquisa constitui‑se em um estudo de caso, cuja unidade
particular consiste na prática do estágio supervisionado da
licenciatura em Letras de uma universidade pública específi‑
ca. Da perspectiva dos Estudos de Letramento, o estágio su‑
pervisionado é uma prática situada voltada para o letramen‑
to para o local de trabalho docente, que, “além dos conhe‑
cimentos teóricos pertinentes, devidamente ressignificados
para a situação de ensino, abrange também conhecimentos
sobre as condições específicas de trabalho, as capacida‑
des e interesses da turma, a disponibilidade de materiais e
o acesso que a comunidade tem a eles.” (KLEIMAN, 2008, p.
512). Dessa forma, o estágio supervisionado contribui forte‑
mente para a construção da identidade docente. Para a pre‑
sente comunicação, trazemos alguns dados provenientes de
relatórios de estágio e trechos de interação em sala de aula,
focalizando as vozes – no sentido bakhtiniano do conceito –
dos professores em formação.
O estudo aqui relatado focaliza a produção de material didá‑
tico em língua estrangeira a partir da colaboração estabele‑
cida entre duplas de alunos de licenciatura em Letras/Inglês
de uma universidade particular do sul do Brasil. É adotado o
conceito de diálogo colaborativo (Swain, 2000), entendido
como o diálogo que contribui para o desenvolvimento lin‑
guístico a partir de uma perspectiva sociocultural de apren‑
dizagem. Considera‑se também a relevância da pesquisa
em educação mediada por computador que aponta para a
tecnologia como elemento potencializador da interação, da
criação e da autoria na língua, gerando um espaço propício
para o ensino‑aprendizagem. Para a elaboração do material
didático, solicitou‑se aos participantes que focalizassem a
compreensão e a produção oral e escrita, considerando os
conceitos de letramento, gêneros textuais, autonomia, co‑
nhecimento de mundo, necessidades e interesses dos alu‑
nos. Após a conclusão das tarefas, foram feitas entrevistas
com os participantes a fim de investigar suas opiniões e
sentimentos a respeito da proposta e das tarefas desenvol‑
vidas por eles. São apresentadas algumas produções que
evidenciam o envolvimento dos alunos de licenciatura e
sua reflexão sobre a relevância de um material didático ade‑
quado, enfatizando‑se o papel da tecnologia. Os resultados
também revelam que a interação estabelecida durante a
produção do diálogo colaborativo pode estimular o proces‑
so de aprendizagem.
216
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
DISCURSO E IDENTIDADE: DOIS
JORGES E DUAS CIDADES
MARÍLIA VARELLA BEZERRA DE FARIA (UFRN)
Resumo de Paper
Esta comunicação pretende discutir as construções identi‑
tárias de duas cidades a partir do discurso poético. Partimos
da compreensão de que as cidades são cenários múltiplos
e fragmentados na contemporaneidade e de que múltiplos
são também os sujeitos que nelas habitam. O poeta se utili‑
za da palavra que é o seu material verbal e descreve a nature‑
za, o cotidiano, os personagens, os sons, as cores da cidade,
atribuindo‑lhes um sentido artístico, refletindo uma deter‑
minada época histórica, social e cultural. O presente estu‑
do se fundamenta no modelo sócio histórico de linguagem
(BAKHTIN E O CÍRCULO, 2002, 2003, 2010) e nos estudos cul‑
turais, considerando que a cultura constrói valores, estabe‑
lecendo diferenças, em função de suas condições de produ‑
ção (HALL, 2003, 2011; CANCLINI, 1997, 2003). O corpus desta
pesquisa é constituído por dois poemas, sendo o primeiro es‑
crito pelo poeta Jorge Fernandes sobre a cidade do Natal e o
segundo, sobre a cidade de Buenos Aires, escrito pelo poeta
Jorge Luis Borges. As primeiras análises discursivas revelam
que, apesar da diferença de estilos dos dois autores‑criado‑
res, ou seja, das suas diferenças nas relações históricas, so‑
ciais e culturais, as construções identitárias das duas cidades
se dão a partir de traços das suas memórias, de experiências
próprias que os identificam com essas cidades.
PARÂMETROS LINGUÍSTICOS
E CULTURAIS DA LÍNGUA
PORTUGUESA EM PRODUÇÃO
ESCRITA EM LÍNGUA INGLESA
– CONTRIBUIÇÕES PARA UMA
LÍNGUA FRANCA OU INDÍCIOS
DE INTERLÍNGUA?
MARINA MEIRA DE OLIVEIRA (UFRJ)
Resumo de Pôster
Este projeto de pesquisa busca investigar o nível de influên‑
cia que a língua “nativa” (L1) pode exercer sobre o aprendi‑
zado de língua adicional (LA) na escrita. A proposta temáti‑
ca, primeiramente, é avaliar que estruturas gramaticais da
Língua Portuguesa na sua variação brasileira (L1 em ques‑
tão) comumente se apresentam na redação de textos na
Língua Inglesa (LA em questão). Em um segundo momento,
o enfoque cai sobre as atividades de escrita nos livros didáti‑
cos, baseando‑se nas instruções apresentadas para escrever
uma “boa” redação. Trata‑se de um estudo quanti‑qualitati‑
vo, partindo da quantificação de certas estruturas advindas
da língua nativa, presentes nas redações em língua inglesa.
O caráter qualitativo, no entanto, é predominante na inves‑
tigação das motivações dessas ocorrências, e na existência
de perguntas passíveis de modificação ao longo da análise
dos dados. Dentre elas, a principal é “Até que ponto pode‑se
dizer que o emprego de categorias sintático‑semânticas de
forma inapropriada por aprendizes de LA caracteriza um le‑
gado da L1?”. O material utilizado para a geração de dados
compreende dois questionários, os textos reunidos, e livros
didáticos selecionados. O cruzamento de dados nos textos
pretende verificar a produtividade de uma determinada
estrutura, ao passo que os questionários têm por objeti‑
vo testar o reconhecimento de algumas dessas categorias
por parte do aluno/escritor e de falantes de outra L1. No se‑
gundo momento, serão analisados os enunciados de livros
didáticos que se referem à produção escrita e as sugestões
de avaliação apresentadas. Os resultados esperados permi‑
tirão mapear quais estruturas claramente motivadas pela
L1 se apresentam como um obstáculo para a inteligibilidade
discursiva, e quais não constituem séria ameaça ao enten‑
dimento da mensagem que se quer transmitir. Quanto ao
segundo momento, a conclusão poderá apontar para a ne‑
cessidade de uma análise crítica das atividades de produção
escrita nos livros didáticos.
217
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
MÍDIAS DIGITAIS
E MULTIMODALIDADE: ANÁLISE
DE DOIS SITES DE REVISTA
DE CULTURA
O USO DO DICIONÁRIO NA SALA
DE AULA DE PORTUGUÊS COMO
LÍNGUA ESTRANGEIRA, PLE
MARISELA COLÍN RODEA (UNAM)
MARISA NASCIMENTO (Puc–sp)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Este trabalho é a aplicação dos conhecimentos adquiridos
na área da Multimodalidade e da Semiótica Social duran‑
te meu intercâmbio feito na The Hong Kong Polytechnic
University, com o financiamento do programa Ciência sem
Fronteiras do CNPq, na modalidade Graduação Sanduíche.
Em meu estudo, analiso a disposição dos elementos que
compõem as homepages de duas revistas de arte e cultura:
a revista Bravo!, do Brasil (http://bravonline.abril.com.br/) e
a revista ArtAsiaPacific, de Hong Kong (http://artasiapacific.
com/). Esta análise é feita com base nas ferramentas que a
Multimodalidade possibilita para a leitura de textos compos‑
tos por diversas semioses. A partir da análise da disposição
dos elementos multimodais, busco identificar a proposta de
mensagem destas páginas online. Valendo‑se do entendi‑
mento de que as homepages são textos, utilizo os estudos
de tipologia de textos multi‑semióticos para compreender
a proposta da mensagem. Os elementos interativos dispo‑
níveis numa homepage estão integrados para compor um
layout e dar coerência e significado ao todo. Há, nesta com‑
posição, um sistema de escolhas, por parte de seus auto‑
res, que são justificáveis devido ao contexto no qual foram
feitas. Estas escolhas podem ser compreendidas através de
funções desempenhadas pela linguagem, denominadas por
Halliday de metafunções – ideacional, interpessoal e textu‑
al.Dessa forma, a fundamentação teórica deste estudo é a
Multimodalidade, com foco nas três metafunções. Os resul‑
tados da análise demonstram que o uso de recursos interati‑
vos, bem como o público leitor ao qual o site se direciona re‑
fletem as escolhas na composição das páginas web. Apesar
das duas revistas terem linhas editoriais semelhantes, seus
sites apresentam propostas de mensagem distintas.
O propósito deste trabalho é pesquisar o uso do dicionário
na sala de aula de português como língua estrangeira, PLE.
O dicionário é um objeto verbal imanente que tem um cará‑
ter simbólico, cultural e social, a exploração do significado
não só define aquilo que os signos nomeiam, mas a maneira
em que se significa com eles desde a experiência histórica
de uma cultura (Lara, 2006). No caso de PLE, existem dicio‑
nários monolíngues de qualidade tais como o Dicionário
Houaiss da Língua Portuguesa, o Novo Dicionário Aurélio da
Língua Portuguesa. No entanto, os dicionários bilíngues não
oferecem a mesma qualidade e há uma falta de dicionários
didáticos dirigidos a um público hispano‑falante universitá‑
rio. Adotando‑se o método de análise de observação de sala
de aula, este estudo examina o uso do dicionário na sala de
aula em tarefas de aprendizagem. Completa‑se a informa‑
ção com um questionário e uma discussão em grupo (focus
group) sobre o tema em questão. As perguntas de pesqui‑
sa foram as seguintes: Cómo usa o dicionário o aluno que
aprende português como língua estrangeira, PLE? Qué estra‑
tégias relacionadas com léxico utilizam os alunos? Qué re‑
presentações os alunos fazem do dicionário? Cómo aparece o
uso do dicionário na sala de aula? Nossos informantes foram
24 alunos do terceiro nível de português com 240 horas de
aula. No momento da pesquisa, os alunos participavam em
experiências de intercambio via chat com uma universidade
brasileira. No momento da pesquisa o tema tratado era a
“escola e a educação”, o campo semântico abrangeu centros
de interes relacionados com esse tema. O principal resultado
do estudo informa sobre o uso do dicionário em sala de aula,
as estratégias de aprendizagem de léxico empregadas pelo
aluno, as rotinas de busca geradas pela tarefa e aquelas pró‑
prias da cultura de aprendizagem em atividades de
218
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
HISTÓRIAS DE LETRAMENTO
EM CENÁRIO DE IMIGRAÇÃO
ALEMÃ DO SUL DO BRASIL
MARISTELA PEREIRA FRITZEN (FURB)
Resumo de Paper
Os Estudos do Letramento têm ressaltado que as práticas de
leitura e de escrita se dão em contextos sócio‑históricos e
ideológicos específicos, envolvem relações de poder e adqui‑
rem sentidos distintos para os atores sociais que se inserem
nessas práticas. A partir desse pressuposto, desenvolveu‑se
uma pesquisa com o objetivo de desvelar e compreender
histórias de letramento de indivíduos teuto‑brasileiros em
um cenário do Sul do Brasil, onde coexistem línguas de imi‑
gração ao lado da língua portuguesa. Todos os sujeitos da
pesquisa são pessoas que vivenciaram na escola a campa‑
nha de nacionalização do ensino empreendida pelo Governo
Vargas (1037–1945). Nesta comunicação, pretende‑se socia‑
lizar e discutir dados parciais dessa pesquisa interpretati‑
vista de cunho etnográfico, em busca da compreensão das
complexas relações entre letramentos, políticas linguísticas
nacionais e locais e a educação. Os registros foram gerados
por meio de entrevistas narrativas individuais, por meio
das quais os sujeitos, todos acima de 78 anos, foram con‑
vidados a reconstruir sua trajetória de vida no tocante às
práticas sociais de leitura e de escrita em alemão e em por‑
tuguês. As narrativas construídas pelos atores sociais desta
pesquisa desvelam histórias de letramento em que os sig‑
nificados da escrita transcendem a esfera escolar, uma vez
que são produzidos na inserção dos sujeitos em práticas de
letramentos vivenciadas na família, na esfera religiosa e no
trabalho. Além disso, os depoimentos dos sujeitos trazem à
tona os conflitos gerados pela imposição de uma identidade
nacional única, os ressentimentos decorrentes do processo
de assimilação e as estratégias de resistência desses grupos.
A partir desses registros, espera‑se poder contribuir para dar
visibilidade ao cenário intercultural da região e de outras zo‑
nas de imigração. Espera‑se ainda ampliar o debate sobre o
papel da LA na discussão e implementação de políticas lin‑
guísticas e na formação de professores.
CRENÇAS DE PROFESSORES
DE LÍNGUA JAPONESA
DESCENDENTES DE IMIGRANTES
JAPONESES EM CONTEXTO
DE SALA DE AULA
MARLEY FRANCISCA DE LIMA (USP)
Resumo de Paper
O presente trabalho trata da investigação de crenças sobre
a experiência de professores descendentes de imigrantes ja‑
poneses. Especificamente, desenvolveremos esta pesquisa
tendo como foco a sequência de aula, fazendo um compa‑
rativo entre duas professoras. Caracterizando‑se como um
estudo de caso, esta pesquisa é de base qualitativa e resulta‑
do da observação não participativa de sua pesquisadora no
campo investigado. As colaboradoras são duas professoras
de língua japonesa com experiência no Japão como alunas
do ensino regular japonês que, de volta ao Brasil, começa‑
ram a ensinar a língua japonesa. Ambas possuem entre 20
e 30 anos, sendo uma filha de pai descendente e de mãe
não descendente, e a outra, filha de pais descendentes de
segunda geração. A primeira adquiriu a língua japonesa de
forma simultânea à sua língua materna, enquanto a segun‑
da o adquiriu de forma consecutiva àquela. Verificamos no
decorrer da análise dos dados que, apesar de possuírem mui‑
to em comum, as duas professoras têm formas diferentes
de conduzir suas aulas. Os dados utilizados neste trabalho,
coletados em uma escola de língua japonesa de uma comu‑
nidade de nipo‑brasileiros na região Centro‑Oeste do Brasil,
constituiu‑se mediante o uso de instrumentos de pesquisa
comuns a uma investigação de base contextual, como gra‑
vações em áudio das aulas, entrevistas, diários e notas de
campo, além da própria observação das aulas.
219
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
LEIA AS INSTRUÇÕES:
UMA ANÁLISE DE TEXTOS
MULTIMODAIS EM RÓTULOS
DE ALIMENTOS
MARTA APARECIDA PEREIRA DA ROCHA COSTA (CEFET–MG)
ASPECTOS DA FORMAÇÃO
DE PROFESSORES‑ALUNOS
DE INGLÊS DA REDE PÚBLICA
DO AMAZONAS: UMA
PESQUISA‑AÇÃO NO PARFOR
MARTA DE FARIA E CUNHA MONTEIRO (UFAM)
Resumo de Paper
Com base em discussões sobre letramento e letramento
visual, este estudo traz uma análise da leitura de quatro
rótulos de mistura para bolo, focalizando a leitura dos “mo‑
dos de preparo”, considerados aqui textos instrucionais.
Observou‑se como a multimodalidade contribui para a pro‑
dução de sentido na leitura desses textos. A hipótese do es‑
tudo aqui apresentado era de que, nos rótulos, a multimo‑
dalidade está além de uma representação semiótica conven‑
cional de caráter meramente ilustrativo. Os fundamentos
para esta pesquisa foram dados por diversos autores, mas
especialmente por Kress e van Leeuwen (1996, 2001 e 2006),
que possuem uma teoria sobre a utilização simultânea de
diferentes modos semióticos na comunicação. A coleta dos
dados analisados deu‑se por meio da simulação de fazer bo‑
los, das quais participaram 26 alunos, graduandos de uma
escola pública federal. Eles leram as instruções em rótulos
de mistura para bolo e simularam o seu preparo, enquanto
narravam as suas ações (como num protocolo verbal ou em
um think aloud). Inspirado em testes de usabilidade, mon‑
tou‑se um cenário para a realização dos procedimentos com
uma bancada sobre a qual foram disponibilizados utensílios
e ingredientes necessários à simulação do preparo. Os tes‑
tes foram gravados e transcritos, o que permitiu a análise da
interação do leitor com o texto, da interação entre recursos
verbais e não‑verbais, além das dificuldades encontradas
pelos estudantes na leitura. Observou‑se que os recursos
semióticos da multimodalidade foram percebidos e utiliza‑
dos pelos leitores participantes, o que permitiu concluir que
elementos não‑verbais representados nos rótulos podem
se aliar à mensagem verbal na construção de uma compre‑
ensão do texto instrucional. Verificou‑se ainda que a leitura
de rótulos de alimentos não é algo tão simples e que requer,
além de habilidades de leitura, também conhecimentos es‑
pecíficos não disponibilizados nas propostas instrucionais.
Resumo de Paper
Considerando‑se a necessidade de formar professores da
rede pública para atuar na educação básica em conformida‑
de à Lei de Diretrizes e Bases – LDB de 1996, o Ministério da
Educação do Brasil – MEC criou em 2009 o Plano Nacional
de Formação de Professores da Educação Básica – PARFOR.
Assim, para atender a uma demanda significativa de forma‑
ção de professores no Estado do Amazonas, a Universidade
Federal do Amazonas – UFAM vêm ofertando, desde
2010, turmas de 1ª. e 2ª. Licenciatura de Língua/Literatura
Estrangeira – Inglês. Esse trabalho, pois, apresenta uma
pesquisa em andamento realizada no contexto de uma das
turmas de 2ª. Licenciatura do PARFOR, de uma cidade do in‑
terior do Amazonas e tem o objetivo de investigar questões
discursivas e identitárias subjacentes à formação desses pro‑
fessores‑alunos com base nas teorias do Letramento Crítico.
O aporte teórico é baseado em Celani (2010), Fairclough
(1992; 2008), Hall (1997), Kleiman (2006a; 2006b), Street
(1995), entre outros. A metodologia é baseada no paradigma
qualitativo (Denzin e Lincoln, 2006) e a pesquisa vem sen‑
do executada por meio da pesquisa‑ação (Andaloussi, 2004;
Thiollent, 2011). Os participantes são 20 professores‑alunos
de inglês que frequentam o curso e a geração de dados vem
sendo efetivada por meio de instrumentos como questio‑
nários, entrevistas, notas de campo, observações e rodas
de conversas. A análise preliminar dos dados vem revelan‑
do que os participantes têm a consciência de que o ensino‑
‑aprendizagem de inglês no interior do Amazonas exige de si
o papel de agentes de transformação social em um contexto
pleno de privações (Rojo, 2006), que seu discurso é perme‑
ado por questões políticas referentes ao ensino‑aprendiza‑
gem de línguas e sua identidade se encontra em construção.
220
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE
PROFISSIONAL DE ALUNOS
DO TERCEIRO PERÍODO
DO CURSO DE LETRAS
PORTUGUÊS–INGLÊS
MARTA DEYSIANE ALVES FARIA (UFV)
ENSINO DE ESPANHOL
E DE PORTUGUÊS (LÍNGUAS
PRÓXIMAS) EM DIFERENTES
AMBIENTES DE APRENDIZAGEM
DE LÍNGUAS E SEUS REFLEXOS
NA FORMAÇÃO INICIAL DOCENTE
MARTA LÚCIA CABRERA KFOURI KANEOYA (UNESP)
Resumo de Paper
A identidade do professor de línguas tem sido tema de vá‑
rios estudos (BAGHIN‑SPINELLI, 2002; TELLES, 2004; LOURES,
2007; MALATÉR, 2008). Contudo, poucos foram aqueles que
verificaram a questão identitária com participantes dos pri‑
meiros períodos da graduação (TICKS e MOTTA‑ROTH, 2010;
TICKS, 2011) e como a sala de aula pode ser um local que fa‑
vorece (ou não) a identificação dos participantes com a pro‑
fissão. Nesta comunicação faço um relato sobre um projeto
de pesquisa, ainda em andamento, que tem por objetivo ve‑
rificar como futuros professores de línguas do terceiro perí‑
odo de uma universidade federal do interior de Minas Gerais
estão construindo suas identidades profissionais. Para isso,
investigo os discursos desses futuros professores por meio
de narrativas escritas, questionários abertos, grupos focais,
e também observações em sala de aula de língua inglesa.
Os resultados parciais sugerem que a maioria dos alunos
utiliza o discurso veiculado na sociedade sobre o ensino de
línguas nas escolas publicas, relatando problemas veicula‑
dos na mídia como salas cheias, falta de respeito por parte
dos alunos e baixos salários. Apesar disso, parecem construir
uma identidade (ainda frágil) de professores de língua ingle‑
sa, embora a identidade que se sobressai mais nessa fase,
ainda é a de aprendiz de línguas. Isso pode ser devido ao
tipo de aula de língua inglesa que não focaliza na sua forma‑
ção enquanto professores em formação, mas apenas como
aprendizes desse idioma. A aula os constrói assim e por sua
vez, eles também ajudam na construção de uma aula ape‑
nas de língua. Considerações sobre a formação de professo‑
res serão oferecidas ao final.
Resumo de Paper
Este trabalho traz alguns resultados investigativos de um es‑
tágio de iniciação científica (PIBIC–Reitoria/Unesp) sobre en‑
sino/aprendizagem de línguas tipologicamente próximas –
português e espanhol – em contexto de formação inicial de
professores de línguas (ALMEIDA FILHO, 2001, 2004; 2007;
CUNHA, 2007; KFOURI‑KANEOYA, 2008), tendo como parâ‑
metro as Orientações Curriculares para o Ensino Médio: lin‑
guagens, códigos e suas tecnologias (2006). A pesquisadora
é licencianda em Letras nas duas línguas e realiza estágios
curriculares supervisionados em contextos distintamente
configurados de ensino/aprendizagem de línguas estran‑
geiras (LEs): o presencial e o virtual. O primeiro contexto é a
sala de aula, no qual a estagiária ministra aulas de regência
de Espanhol como LE (ELE), tendo como participantes alu‑
nos da rede pública estadual de ensino. O segundo contexto
é o ambiente virtual teletandem, no qual a estagiária atua
como interagente de um parceiro mexicano, ensinando‑lhe
português como língua estrangeira (PLE) (MENDES, 2011;
KFOURI‑KANEOYA, 2010; MOTA E SCHEYERL, 2010; RABASA,
2010; ALMEIDA FILHO E CUNHA, 2007; CUNHA E SANTOS, 2002;
FERREIRA, 2001). O estudo proposto, caracterizado como
qualitativo de cunho etnográfico (ANDRÉ, 2000; RICHARDS,
2003), tem como principal objetivo possibilitar a conscien‑
tização da estagiária sobre a estreita relação entre a LM e a
LE, em distintos contextos, especialmente quando se trata
do estudo de línguas muito próximas, como se propõe nesta
pesquisa. Podemos vislumbrar, por fim, uma atitude de con‑
vergência cultural, social ou psicológica com relação à nova
língua estudada (ALMEIDA FILHO, 2001).
221
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
THE EFFECT OF ETANDEM
LEARNING ON STUDENTS’
ENGLISH SPEAKING COMPETENCE
MARTHA GUADALUPE HERNÁNDEZ ALVARADO (UAEH)
Resumo de Paper
Previous studies have revealed the potential of eTandem
learning between native speakers of two different languag‑
es. Most research however has focused on the development
of learners’ writing skills through synchronous and asyn‑
chronous written Computer‑Mediated Communication
(CMC). This work reports findings from a study conducted be‑
tween students of English from the Universidad Autonoma
del Estado de Hidalgo and students of Spanish from the
University of Southampton. The project focused on the ef‑
fect that eTandem language learning through synchronous
oral CMC with native speakers had on the improvement of
Mexican students’ English speaking competence, based
on their reflections and perceptions of improvement. The
work is structured into five sections. Section one offers a
description of the teaching and learning context where the
research took place and states the problem, aims as well
as research questions addressed in the study. It explains the
researcher’s motivation to conduct the study as well as its
significance considering the characteristics of the students
and the limitations of the English teaching and learning con‑
text. Section two provides information regarding Tandem
language learning, its definition, main principles, approach‑
es, and the media used by language partners to communi‑
cate with native speakers of their target language depend‑
ing on their learning goals and needs. Section three explains
the methodology used in the study with a detailed descrip‑
tion of participants, research procedure, data collection in‑
struments, data analysis, as well as limitations encountered
in the study. Section four presents and discusses the findings
obtained from the analysis of data from participants’ pre and
post interviews and eTandem language learning portfolios.
Section five concludes by summarising the findings emerged
from the study, commenting on the pedagogical implica‑
tions, and providing recommendations for further research
in the field in other contexts.
A MÚSICA POPULAR COMO
RECURSO NO DISCURSO
POLÍTICO: A CAPTAÇÃO
DE UM ENUNCIADO SOBRE
OUTRO ENUNCIADO.
MARY CRISTINA RODRIGUES DINIZ (UEMA)
Resumo de Pôster
Este trabalho tem por objetivo analisar a capacidade que
tem a musica popular, como parodia no discurso político
apresentado na propaganda eleitoral para vereadores em
São Luís, capital do Maranhão. Esboçar uma espécie de per‑
fil linguístico – discursivo da produção de músicas populares
seguindo os preceitos de Dominique Maingueneau sobre
discurso constituinte considerando a comunidade discursi‑
va, o etos e os domínios enunciativos. Analisar a combina‑
ção de duas fontes enunciativas que tem como finalidade
em seu nível de ação levar o público ouvinte a agir pelo voto.
O discurso político vem captar a letra da musica popular
para apropriar‑se do seu valor pragmático inserindo na mes‑
ma o tom persuasivo no tocante a convencer a população de
que estão falando a verdade, sendo assim tais aspectos são
abordados mediante a estrutura vocabular e considerando a
modalidade de construção semântica que é produzido pelo
ato de enunciação. A avaliação proposta para a realização
deste trabalho baseia‑se em observação e análise de músi‑
cas e em entrevistas que demonstram o nível de alienação
das pessoas enfatizando com tal método a noção de respon‑
sabilidade no ato da fala na música propagandista eleitoral
na qual os políticos apresentam discursos assertivos a fim de
garantir veracidade no que diz.
222
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PESQUISAS SOBRE GÊNEROS
TEXTUAIS NO RIO DE JANEIRO:
UM LEVANTAMENTO A PARTIR
DOS SIGETS
MATEUS CARVALHO BRUM DE OLIVEIRA (UFRJ)
ANA PAULA MARQUES BEATO CANATO (UFRJ)
FORMAÇÃO CONTINUADA
DE PROFESSORES
DE INGLÊS: CONSIDERAÇÕES
SOBRE A IMPORTÂNCIA
DO DESENVOLVIMENTO
LINGUÍSTICO
MATEUS EMERSON DE SOUZA MIRANDA (UFMG)
Resumo de Pôster
Desde a década de oitenta, muito tem sido estudado e dis‑
cutido sobre gêneros discursivos/textuais. No Brasil, a área
de investigação se ampliou especialmente a partir da publi‑
cação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em 1998,
que, em uma perspectiva bakhtiniana, toma a linguagem
como prática social e, com uma visão vigotskiana, aborda as
interações sociais e a colaboração entre os indivíduos como
possibilitadoras do desenvolvimento e da construção de co‑
nhecimento. Na mesma perspectiva, o presente trabalho
faz uma análise documental dos cadernos de resumos das
seis edições do SIGET – Simpósio Internacional de Estudos de
Gêneros Textuais –com o intuito de mapear as pesquisas que
estão sendo realizadas no Brasil, especificamente no Estado
do Rio de Janeiro, com foco em gêneros textuais. Recolhendo
e avaliando os resumos inscritos nesses Simpósios, foi feito
um levantamento dos trabalhos apresentados, categorizan‑
do‑os e organizando‑os de maneira a obter a quantidade de
pesquisas na área, assim como as Universidades envolvidas,
os focos de investigação e ainda os teóricos mais estudados
pelos pesquisadores cariocas. Com esses dados, obtivemos
um panorama dos estudos sobre o assunto em nosso esta‑
do, de maneira a compreendermos mais amplamente nossa
área de atuação. Os resultados revelam um crescimento gra‑
dativo de apresentações de pesquisadores do estado do Rio
de Janeiro ao longo das edições do Simpósio e um aumento
significativo de investigações com enfoque no processo de
ensino‑aprendizagem, o que demonstra uma consonância
entre as pesquisas e os documentos oficiais da área.
DEISE PRINA DUTRA (UFMG)
VICTOR HUGO MEDINA SOARES (UFMG)
Resumo de Pôster
O desenvolvimento linguístico dos professores não é tarefa
fácil e sua formação integral não acontece somente duran‑
te o período da graduação, sendo um processo contínuo de
aprendizado (Dutra e Mello, 2004). Nesse sentido, o projeto
de educação continuada propõe ações efetivas que causam
impacto na sociedade, por meio de investimentos na qualifi‑
cação de professores. Segundo Dutra e Mello (2004), os pro‑
fessores‑alunos tornam‑se mais confiantes no uso da língua
inglesa, seguindo caminhos autônomos para a continuida‑
de de seu crescimento profissional. Assim, o objetivo deste
trabalho é analisar como os professores buscam aperfeiço‑
ar a proficiência linguística, tanto em situação de educa‑
ção continuada, quanto de forma autônoma, investigando
a influência do projeto e das atividades nele desenvolvidas
para esses fins. Para tanto, a metodologia empregada foi a)
aplicação de questionários de competência linguística para
os 22 professores‑alunos do projeto; b) análise das atividades
propostas; c) adequação das atividades do projeto. Os resul‑
tados apontam que, quanto à autonomia no aprendizado
do inglês, 76% dos participantes utilizam recursos, tais como
filmes, músicas e internet. Em relação ao módulo linguísti‑
co, a maior contribuição vem do enfoque na interação em
atividades de produção e compreensão oral. Constata‑se
que o aprimoramento linguístico, por exemplo, do vocabu‑
lário e da utilização real da língua reflete no crescimento da
motivação para a continuidade do desenvolvimento profis‑
sional. 100% dos participantes acreditam que a participação
no projeto acarretou mudanças na sua prática pedagógica,
proporcionando mais segurança e reflexão. A partir dessas
ações, compreendemos melhor o nosso público alvo e suas
verdadeiras necessidades. Podemos, portanto, afirmar que
o professor precisa ser crítico e estar constantemente aber‑
to às indagações que alimentarão sua contínua construção
pessoal e profissional (FREIRE, 2001).
223
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PESQUISA E ARTE: O USO
DE METÁFORAS NA ABORDAGEM
HERMENÊUTICOFENOMEOLÓGICA
AS TIC E AS IMPLICAÇÕES
NA FORMAÇÃO DO PROFESSOR
DE LÍNGUA PORTUGUESA
MAURILIO DE CARVALHO (UNITAU)
MAURÍCIO VIANA DE ARAÚJO (UFU/PUC–SP)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Os sentidos de téchne, palavra do grego antigo, cujo valor
não separava técnica e arte, foram há muito preteridos pela
ciência cartesiana e positivista. No espírito clássico grego,
no entanto, não podia haver separação entre o trabalho em
busca do belo que se faz para produzir uma obra literária,
estátua ou pintura, ou para a construção de um barco, um
arco, um escudo: tudo isso era visto como obra do engenho
do espírito humano. No decorrer da história, os sentidos de
téchne, uma vez inseparáveis, se afastaram e chegaram até
nós como duas coisas distintas: a arte, identificada com a
imaginação, a fruição estética e com o não útil, e a técnica,
guardando a etimologia, identificada com a razão e a cons‑
trução de coisas úteis. No campo da pesquisa, desde René
Descartes, nas ciências da natureza, e Auguste Comte, nas
ciências humanas, o dilaceramento da téchne grega só
tem aumentado, chegando a um ponto de uma separação
quase irremediável entre a razão técnica e a arte da imagi‑
nação. Para a Abordagem Hermenêutico‑Fenomenológica
(van MANEN, 1990; FREIRE, 1998), tendo em vista as relações
complexas e a transdisciplinaridade nos fenômenos huma‑
nos, no entanto, a dicotomia arte/técnica é passível de su‑
peração. Essa abordagem busca um resgate, para a pesquisa
linguística, dos significados de criação do espírito humano
contidos na antiga téchne grega, ao tentar traduzir as moti‑
vações, percursos e vivências de pesquisa em termos de um
conjunto de metáforas que possam, mesmo imperfeitamen‑
te, desvelar os significados da transcendência aos dados bru‑
tos que emerge das expressões das matizadas, ricas e com‑
plexas realidades da experiência humana.
Este trabalho apresenta parte de uma pesquisa concluída
intitulada “Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC) e
ensino‑aprendizagem da Língua Portuguesa – Implicações
na formação do professor” desenvolvida no âmbito do proje‑
to “Competências e habilidades de leitura: da reflexão teórica
ao desenvolvimento e aplicação de propostas didático‑pe‑
dagógicas” (CAPES/INEP/Observatório da Educação/UNITAU).
Esta fração da pesquisa teve dois objetivos básicos: 1‑ de‑
monstrar o que dizem alguns documentos oficiais, como a
LDB 9394/96 e também as Diretrizes Curriculares Nacionais
dos Cursos de Letras, sobre a preparação do professor para
o uso das TIC em aulas de Língua Portuguesa; 2‑ compreen‑
der melhor a realidade da formação do professor de Língua
Portuguesa e investigar os cursos de Licenciatura em Letras,
especialmente no que diz respeito à preparação do professor
para o uso das TIC. Para isso, coletaram‑se para análise as
planilhas dos conteúdos curriculares de três Universidades
do Estado de São Paulo, sendo duas públicas e uma parti‑
cular. Também foram entrevistados seis (06) professores de
Língua Portuguesa da Rede Pública Municipal de Taubaté,
com o objetivo de obter dados concretos sobre se a forma‑
ção desse professor abrange ou não a preparação para o uso
das TIC em sala de aula. Apesar do que dizem os documentos
oficiais, a pesquisa constatou por meio da análise das grades
curriculares que os cursos de formação analisados não pre‑
param efetivamente o professor de Língua Portuguesa para
uma correta apropriação e uso das TIC em suas aulas. Essa
constatação é ratificada pelos dados fornecidos pelos seis
entrevistados a respeito da formação deles.
224
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A NARRATIVA A SERVIÇO
DA COCONSTRUÇÃO
DE PERTENCIMENTO
EM UM EVENTO
DE FALA‑EM‑INTERAÇÃO
INSTITUCIONAL
O FOCO NO CONTEXTO
EM GÊNEROS TEXTUAIS
MULTIMODAIS: UMA
ABORDAGEM PARA
O ENSINO DE ALEMÃO COMO
LÍNGUA ADICIONAL
MELISSA SANTOS FORTES (UNISINOS)
MERGENFEL ANDROMERGENA VAZ FERREIRA (UFRJ)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Goodwin (1989, 1990) e Schegloff (1997) afirmam que, na
maior parte das interações, as pessoas contam histórias
para fazer algo como reclamar, informar, alertar, explicar,
justificar, dentre outras ações. Os interagentes, na fala‑em‑
‑interação, não se orientam para as narrativas que copro‑
duzem somente como uma unidade discursiva, mas “para o
que é feito por ela, com ela, através dela” (Schegloff, 1997, p.
97). Nosso estudo procura descrever como os participantes
da fala‑em‑interação institucional entrevista de proficiência
oral em português como língua adicional constituem per‑
tencimento (Garfinkel, 1967; Garfinkel e Sacks, 1970) de for‑
ma conjunta por meio da produção de narrativas. Os dados
foram gerados e analisados com base no arcabouço teóri‑
co‑metodológico da Análise da Conversa Etnometodológica
(ACe) e da Etnometodologia (EM). Os resultados corroboram
o entendimento das narrativas como uma realização inte‑
racional coordenada e conjunta a serviço de ações como
desculpar‑se, exibir‑se, justificar‑se, dentre outras (Goodwin,
1989, 1990; Schegloff, 1997).
Bakhtin (1997) ressalta em seus textos a importância capi‑
tal dos estudos centrados em gêneros para todos aqueles
que lidam com enunciados concretos relacionados às mais
diferentes esferas da atividade humana. É nesse sentido
que este trabalho destaca e relaciona a pesquisa com foco
em gêneros textuais ao processo de ensinar e aprender lín‑
guas, mais especificamente, ao ensino de Alemão como
Língua Adicional, com especial ênfase para a abordagem
de aspectos contextuais e culturais nesse ensino. Segundo
estudos sociointeracionistas, o contexto estaria ligado aos
construtos “conhecimento” e “situação”. Nesta linha, auto‑
res como Bateson (1987), Goffman (1974) e Gumperz (1982;
2001) enfatizam o contexto como uma categoria socialmen‑
te situada ou, em outras palavras, o processo pelo qual o
conhecimento social constrói a interpretação de diferentes
ações em quaisquer situações de uso linguístico. Assim, ao
considerarmos a língua como um sistema de “opções entre‑
laçadas” (HALLIDAY, 1994; 2004), a opção do falante por uma
ou outra forma ou significado é explicada exatamente pelo
contexto em que ocorre. Nesse sentido, é a situação (ou o
contexto) que dá ao interactante uma boa parte da informa‑
ção sobre os significados que estão sendo trocados. Desta
forma, este trabalho tem por objetivo geral discutir em que
medida a exploração de elementos contextuais em gêneros
textuais multimodais pode contribuir para o processo de
significação desses textos, principalmente, no que tange ao
ensino de Alemão como Língua Adicional. A análise do con‑
texto, realizada nesse estudo, baseia‑se nas categorias cam‑
po, modo e participantes, como apresentadas por Halliday e
Hassan (1998). Além do conceito de contexto, fundamentam
e embasam este trabalho os conceitos de gêneros textuais
(BAKHTIN, 1997; SWALES, 1990; MARCUSCHI, 2002; PALTRIDGE,
2001), multimodalidade (KRESS & VAN LEEUWEN,1996; 2001)
e construção de sentido (KOCH, 2003).
225
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
“I AM A PIBIDIANA”: SOCIETAL
RELATIONS AS THE LOCUS
OF SUSTAINED DEVELOPMENT
IN A TEACHER EDUCATION
PROGRAM IN BRAZIL
A ESCRITA DO PROFESSOR
COMO UM ELEMENTO
DA INOVAÇÃO NO PROCESSO
DE ENSINO‑APRENDIZAGEM
DE LÍNGUA PORTUGUESA
MICHELE SALLES EL KADRI (UEL)
MILENE BAZARIM (UNICAMP/EDUVALE)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
In teaching and teacher education, the gap between edu‑
cational theory and educational practice is part of the com‑
mon lore constitutive of the field of education (Baird, 2010;
Cheng, Cheng, & Tang, 2010). Coteaching in conjunction
with cogenerative dialoguing as a means of teacher induc‑
tion has been shown to overcome this gap (Roth & Tobin,
2001; Scantlebury, Gallo‑Fox, & Wassell, 2008; Mateus,
2005; El Kadri, 2013). In the context of a case study of one
teacher, we exemplify teacher development through a cul‑
tural‑historical perspective on learning and development in
a Brazilian teacher preparation (PIBID) that made coteach‑
ing/cogenerative dialoguing the core of its approach.
Therefore, the purpose of this article is to articulate teacher
development in the praxis‑centered coteaching/cogenera‑
tive dialoguing setting of this PIBID arrangement in terms
of changing societal relations that shaped and were shaped
by their participants. We draw on the work of Vygotsky and
other cultural‑historical activity theorist, who theorize hu‑
man development and personality in terms of the “ensemble
of societal relations” (Leont’ev, 1983; Vygotskij, 2005) that an
individual is and has been a part of. The case study exempli‑
fies the dialectic of changing societal relations that are both
produced and the condition for the further production of de‑
velopment. The results show that (a) development is a pro‑
cess of subjectification; (b) the condition for development
is participation in the praxis of relations and (c) coteaching
and cogenerative dialogue set the context for transforma‑
tion to occur. Implications for teaching education programs
are discussed.
Nesta comunicação, apresento resultados de uma pesquisa
em andamento sobre o processo de inovação nas aulas de
Língua Portuguesa ministradas por mim, enquanto profes‑
sora‑pesquisadora, para alunos de 5.ª e 6.ª séries do Ensino
Fundamental de uma escola pública de Campinas–SP. É um
estudo realizado no âmbito da Linguística Aplicada que uti‑
liza diversas metodologias de base qualitativo‑interpretati‑
vista. O corpus é constituído por registros gerados em con‑
texto escolar entre 2004 e 2007, que flagram a minha escrita
como professora, e coletados em 2010, que abarcam minha
escrita como aluna da Educação Básica e Superior. As análi‑
ses preliminares apontam que a monitoração reflexiva e a ra‑
cionalização da ação se apresentam como características da
escrita da professora desde quando era aluna. Na condição
de professora, essa escrita tem um efeito de reversibilidade
que provoca mudanças nas suas práticas de ensino‑aprendi‑
zagem. Assim, a experiência vivida na aula, única e irreversí‑
vel, ao ser registrada, escrita em diversos gêneros, passa a
estar sujeita aos processos de (re)entextualizações e des/re/
contextualizações e, com isso, a novas significações. O efei‑
to de reversibilidade se dá quando, por conta dessas novas
significações, há a (re)construção de (novas) práticas em
sala de aula. Trata‑se de um movimento constante, carac‑
terístico, portanto, do processo de inovação. Mesmo a mu‑
dança em práticas já estabelecidas não sendo um atributo
exclusivo dessa professora, é a sua escrita que torna visível o
processo e possibilita que a ele sejam atribuídas várias signi‑
ficações. Tais resultados têm implicações nos estudos sobre
letramento e formação de professores, pois evidenciam que
a inovação das práticas escolares de ensino‑aprendizagem
de Língua Portuguesa também dependem do fortalecimen‑
to da relação que os professores têm com a escrita.
226
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
REPRESENTAÇÕES DISCURSIVAS
DE NAMORAR NA PRODUÇÃO
ESCRITA DE ESTUDANTES
DO ENSINO MÉDIO
MILTON GUILHERME RAMOS (UERN)
MULTILINGUISMO EM CONTEXTO
DE SALA DE AULA: O ENSINO/
APRENDIZADO DE ALEMÃO
COMO SEGUNDA LÍNGUA
ESTRANGEIRA (L3)
MINKA BEATE PICKBRENNER (UFRGS)
Resumo de Paper
Nos dias de hoje, as formas de relacionamento humano es‑
tão em constante mudança, parecendo acompanhar a dinâ‑
mica sociocultural. De certo modo, essa mudança perpassa
o discurso, manifestando textualmente a representação
que se constrói sobre o mundo. Neste trabalho, que é um re‑
corte de uma pesquisa de doutorado mais ampla intitulada
“Representações discursivas de Ficar e Namorar em textos de
vestibulandos e pré‑vestibulandos”, vinculada ao PpGEL, da
UFRN, Natal, RN, objetiva‑se evidenciar como estudantes do
ensino médio constroem as representações discursivas de
Namorar na produção escrita, pelo viés semântico, a partir
de algumas categorias geradas com base em Adam (2006;
2008), Passeggi (2010) e Ramos (2011). Para tanto, parte‑se
de uma abordagem quali‑quantitativa (GONÇALVES, 2005;
CRESWELL, 2007). Constitui‑se como corpus de análise 62
redações de estudantes concluintes do ensino médio da
Escola Estadual Juscelino Kubitschek, situada em Açu, RN.
Teoricamente, esta pesquisa segue as orientações de Bentes
(2001), Koch (2006; 2010) e Oliveira (2011), perspectivada
pela Análise Textual dos Discursos (ATD), abordagem pro‑
posta por Adam (2006; 2008; 2010) que situa a Linguística
Textual no quadro mais amplo da Análise do Discurso. A aná‑
lise do corpus evidencia que os estudantes do ensino médio
mobilizam elementos semânticos diversos na construção
das representações discursivas de Namorar no texto escri‑
to, revelando uma imagem multifacetada para esse evento
sociodiscursivo; aponta também a influência do contexto
na construção dessas representações. Ressalta ainda a im‑
portância do docente de língua materna em criar, mediar e
acompanhar situações de ensino e de aprendizagem, as quais
possibilitem a discussão de temas diversos, além do contato
com uma diversidade de gêneros textuais que suscitem a
discussão em grupo e à (re)construção das representações
discursivas diante dos novos contextos sociointeracionais.
Resumo de Paper
No cenário multilingue europeu atual, onde a convivência
entre pessoas de diferentes países, línguas e culturas tor‑
na‑se cada vez mais presente e intensa, cresce o interesse
pelo multilinguismo. No Brasil, os estudos sobre o processo
de aquisição de mais de duas línguas são ainda muito recen‑
tes e exíguos, revelando a existência de uma lacuna teórica
que evidencia a necessidade de serem desenvolvidas pesqui‑
sas na área voltadas a um cenário próprio de aquisição de
línguas estrangeiras. Adotando como referência a pesquisa
e trabalhos concernentes à educação multilingue desen‑
volvidos na Europa e, mais especificamente, relacionados
ao ensino/aprendizado da língua alemã como segunda lín‑
gua estrangeira (L3), após o inglês como primeira língua es‑
trangeira (L2), na Alemanha, o trabalho tem por finalidade
fomentar discussões, estudos e reflexões acerca do multilin‑
guismo e contribuir para a construção de novas concepções
e elaboração de novas práticas relacionadas à aquisição de
línguas estrangeiras no Brasil. Com foco no ensino/apren‑
dizado de alemão como L3 e sob uma abordagem que pri‑
vilegia conhecimentos já apreendidos do inglês como L2, o
presente estudo investiga em que medida o conhecimento
prévio do inglês pode influenciar o aprendizado de alemão
e, a partir disso, procura avaliar as implicações da relação
L2/L3 de forma mais geral. Para a elaboração do trabalho,
tomamos como base os dados obtidos em estudo empírico
realizado com um grupo de aprendizes adultos do primeiro
semestre do nível básico de língua alemã. Os escores obti‑
dos indicam que conhecimentos anteriormente adquiridos
e já consolidados de determinadas estruturas do inglês (L2)
podem afetar positivamente a execução de atividades que
envolvem a língua alemã (L3), sugerindo que conhecimentos
da L2 podem trazer benefícios no sentido de qualificar e ace‑
lerar o processo de aquisição da L3, principalmente quando
L2 e L3 forem tipologicamente semelhantes, como no inglês
e no alemão.
227
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O ENSINO DE LÍNGUAS,
A INTERNET E A COMPETÊNCIA
INTERCULTURAL
MIRELLE AMARAL DE SÃO BERNARDO (UFSCAR)
Resumo de Paper
Nesta comunicação pretendo discutir sobre a relação entre
o uso da internet em aulas de língua estrangeira (inglês) e
o desenvolvimento da Competência Intercultural de profes‑
sores e aprendizes. Revisito, assim, os conceitos de cultura,
competência intercultural e ciberespaço e suas implicações
para o ensino de línguas, dentro do contexto da Linguística
Aplicada. Baseando‑me em dados empíricos da pesquisa
realizada durante o Mestrado em Linguística Aplicada pela
UnB e no projeto apresentado ao programa de doutorado
em Linguística da UFSCar, pretendo mostrar como a inte‑
ração entre aprendizes de línguas estrangeiras e falantes
nativos ou não dessas línguas contribui para o desenvolvi‑
mento da Competência Comunicativa e, por conseguinte,
da Competência Intercultural dos alunos ou futuros pro‑
fessores, uma vez que motiva os aprendizes a fazerem uso
da língua‑alvo e, ao mesmo tempo, favorece o intercâmbio
cultural e linguístico entre os participantes da interação.
Segundo Ware & Kramsch (2005), “o papel tradicional do pro‑
fessor como tutor e transmissor do conhecimento na sala de
aula centrada no professor já não é suficiente para as salas
de aula sem paredes onde a perícia de ninguém pode com‑
binar a riqueza de recursos culturais e contatos acessíveis
encontrados na Internet. Nem a visão do professor como
facilitador, comum em classes centradas no aprendiz, na
abordagem comunicativa para o ensino de língua pode, ne‑
cessariamente, preparar os alunos para os tipos de desafios
colocados pela comunicação global”.
A SEMIÓTICA JURÍDICA COMO
INSTRUMENTO DE SUPERAÇÃO
DA CRISE HERMENÊUTICA
CONTEMPORÂNEA – POR
UMA SEMIÓTICA DA CULTURA
DO PODER JUDICIÁRIO E DAS
FIGURAS DE AUTORIDADE
MIRIAM AZEVEDO HERNANDEZ PEREZ (UNESA)
Resumo de Paper
O presente trabalho tem por objetivo analisar se a semiótica
da cultura do Poder Judiciário pode ser utilizada como um
mecanismo de superação da crise hermenêutica que se ve‑
rifica na seara jurídica, a fim de ver suprida a exigência cons‑
titucional de consolidação de um Estado Democrático de
Direito, via uma prática democrática, que se requer formal
e materialmente. Os autores jurídicos nacionais não alcan‑
çam um consenso quanto às técnicas hermenêuticas ideais
a serem adotadas na interpretação e aplicação do Direito, o
que resulta em incerteza jurídica, social, econômica e políti‑
ca. Desse modo, trata‑se de um problema de ordem prática
cujo enfrentamento faz‑se necessário a fim de que a socieda‑
de tenha a possibilidade de planejar‑se com a certeza de que
a lei será aplicada de forma equânime e correta, sem que se
consolidem tratamentos desiguais, para casos iguais. A aná‑
lise do discurso utilizado, portanto, via semiótica da cultu‑
ra jurídica, a partir das lições de autores como Jackobson,
Lotman e Eric Landowski, retratada nas decisões judiciais
proferidas, no século XXI, pelo Supremo Tribunal Federal, en‑
sejaria a constatação da presença das figuras de autoridade,
em uma prática de baixa democracia. Na hipótese de restar
evidenciado que a via definida constitui um instrumento re‑
velador de decisões judiciais que não se adequam à exigência
constitucional de democracia formal e material, teremos a
fundamentação necessária ao cidadão a fim de que questio‑
ne tais práticas, a fim de que se adequem à determinação da
Lei maior.
228
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ESTRATÉGIAS MOBILIZADAS POR
ALUNOS DAS SÉRIES INICIAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL PARA
A LEITURA DO GÊNERO CONTO
MÔNICA DE SOUZA SERAFIM (UFC)
A COMPETÊNCIA
PRAGMÁTICO‑SOCIAL
DE PESSOAS COM AFASIA
OPERANDO EM PROCESSOS
DE NEGOCIAÇÃO DE FACE
MÔNIKA MIRANDA DE OLIVEIRA (UFJF)
Resumo de Paper
Este trabalho visa investigar as capacidades de leitura de
alunos de 1ª a 3ª séries do ensino fundamental de uma escola
pública brasileira. Para desenvolvermos este estudo basea‑
mo‑nos nos estudos de Giasson (1996), Kress e van Leeuwen
(1996), Solé (1998), Harvey e Goudvis (2007), Mills (2009) e
Girotto & Souza (2010), que tratam sobre as estratégias de
leitura e/ou de seu ensino, além das pesquisas da equipe
de Didática de línguas da Universidade de Genebra sobre
a noção de gênero textual na produção e na compreensão
de textos com Schneuwly e Dolz, 2004; Cordeiro, 2004;
Thévenaz, Schneuwly, Soussi, Ronveaux, Aeby, Jacquin,
Léopoldoff, Cordeiro & Wirthner, 2011. A fim de analisarmos
as estratégias que os alunos utilizaram para a leitura e o re‑
conhecimento do gênero textual conto, apoiamo‑nos em
um corpus composto por nove entrevistas semi‑estrutura‑
das, realizadas no momento em que os alunos recontavam
oralmente o conto ilustrado Ali Babá e os 40 ladrões. Nosso
estudo mostrou que as crianças tratam as dimensões verbal
e não‑verbal do conto como um continuum, ou seja, uma
complementando a outra. Além disso, no tocante à caracte‑
rização do gênero textual, a maioria das crianças conseguiu
identificar os personagens da história pela vestimenta, pela
presença na capa do livro, pelo ambiente em que estavam e
pelo semblante. No que diz respeito à estrutura da narrativa,
as crianças de 1a série ordenaram cronologicamente a histó‑
ria, por meio das imagens, identificando a situação inicial, a
complicação, o desenvolvimento das ações e a resolução dos
fatos. No caso das crianças de 2ª e 3ª série, todos os elemen‑
tos que compõem a estrutura narrativa estavam presentes
no momento em que elas recontavam a história. Esses re‑
sultados nos levam a concluir que as crianças procuram
compreender os sentidos do conto mobilizando, para tanto,
conhecimentos específicos ao gênero de maneira articulada
aos inúmeros recursos verbais e não‑verbais presentes no
suporte livro.
Resumo de Paper
Estudos recentes têm mostrado que pessoas com afasia
podem apresentar habilidades para lidar com regras sociais,
culturais e interacionais que subjazem às suas construções
discursivas (cf. OLIVEIRA & OLIVEIRA, 2009; LANINI, OLIVEIRA,
VIEIRA, 2010; OLIVEIRA, 2011; OLIVEIRA & BASTOS, 2011, 2012).
Este estudo que se insere no quadro teórico‑metodológi‑
co de perspectivas interacionais em linguística (SCHIFFRIN,
1994), vale‑se das contribuições dos estudos de Goffman
(1967, 1969, 1971) acerca do fenômeno da face, buscando com‑
preender os meandros do processo de negociação de face
que opera em interações entre pessoas com e sem afasia.
O conceito de face pode ser definido como o valor social posi‑
tivo que uma pessoa efetivamente reivindica para si mesma
através da linha que os outros assumem que ela assumiu du‑
rante um contato particular (GOFFMAN, 1967 [2011]). Logo, a
manutenção da face é construída na fábrica da interação so‑
cial (lócus das negociações de faces), configurando‑se como
uma condição da interação e não o seu objetivo. Pode‑se
considerar, então, que negociações de face demandam ha‑
bilidades em usar a linguagem para desempenhar ações em
situações interacionais, nas quais construções sociais são
informadas por uma matriz cultural de valores e normas que
guiam toda e qualquer construção discursiva. Assim consi‑
derando, este estudo assume a possibilidade de entender as
ações (eg. auto‑elogios, críticas, etc.) de pessoas com afasia
que emergem em suas construções discursivas enquanto
compondo um processo de negociação de face. Para tanto,
de um corpus de aproximadamente 15 horas de gravações
em vídeo de interações face a face entre pessoas com e sem
afasia, serão selecionados para análise trechos em que tais
ações sinalizam negociações de face. O material linguístico
a ser analisado foi gerado através do método de entrevista
grupo focal (MORGAN, 2002) e será transcrito para uma aná‑
lisa que volta o foco para a competência pragmático‑social
de pessoas com afasia.
229
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
IDENTIDADE DE GÊNERO
EM CONTEXTO PEDAGÓGICO
MONIQUE DA SILVA VICENTE (PUC–RIO)
LÍNGUAS MINORITÁRIAS/
LÍNGUAS IMIGRANTES,
HÁ DIFERENÇA?
MYRNA ESTELLA MENDES MACIEL (SESI/ UNISEP)
Resumo de Paper
Algumas pesquisas têm mostrado que as questões referen‑
tes às sexualidades permeiam todo o processo educacional,
sendo identificadas não somente em múltiplas conversas
em sala de aula como também nas interações e nas relações
sociais construídas pelos alunos em outros espaços extra‑
‑escolares. Notamos, sobretudo, a predominância das prá‑
ticas discursivas reprodutoras de noções de masculinidade
hegemônica e heterossexualidade normativa como formas
categóricas de performances de gênero e de sexualidade.
Entretanto, de acordo com a Teoria Queer – que tem como
um de seus principais objetivos criticar a heteronormativida‑
de homofóbica –, os gêneros e os desejos sexuais são con‑
cebidos como múltiplos, dinâmicos e contraditórios, uma
vez que a anatomia sexual não deve necessariamente coin‑
cidir com o gênero. Partindo do princípio de que, a partir do
século XX, coube às instituições de ensino escolarizar seus
discentes em múltiplos letramentos (Davies, 1999), entende‑
mos que é também papel da escola conscientizá‑los sobre a
forma plural como as pessoas vivenciam seus gêneros e suas
sexualidades. Entendemos por letramento um conjunto
de práticas discursivas (nas formas orais, escritas e visuais,
por exemplo) associadas a visões particulares do mundo e
a crenças e valores – um processo intrinsecamente relacio‑
nado às identidades sociais ou ao sentido de si mesmo das
pessoas que participam de tais práticas. (FRABRÍCIO & MOITA
LOPES, 2010: 290.) Para tal, apontamos a necessidade de fa‑
zer, em sala de aula, o uso da linguagem atrelado às redes
de conhecimento e de saber sócio‑historicamente situados,
seja através de debates, palestras ou simples discussão so‑
bre textos, a fim de que as práticas discursivas se façam re‑
fletir sobre as práticas identitárias. Nesse sentido, torna‑se
conveniente fazer uso dos estudos em Linguística Aplicada,
a qual procura observar como a linguagem é realmente apli‑
cada nos diversos campos, como da retórica ou escrita, do
discurso comunicativo, das técni
Resumo de Paper
As línguas de imigrantes hoje no Brasil, segundo MORELLO
(1999), contemplam um cenário de mais de 30 línguas es‑
palhadas pelo Brasil. E assim, o contexto de imigrantes no
Brasil é significativo, pois há um cenário de manifestações
linguísticas baseadas em um processo de historicidade em
que levou os imigrantes buscarem lugar melhor para viver e
constituir família. Essa situação faz com que possamos com‑
preender que somos um país plurilíngue, que passou pelo
processo histórico de imigração, em que recebeu imigrantes
de todos os países durante um processo de colonização e que
infelizmente vive hoje em situação monolíngue. Mas apesar
de todo esse cenário, temos outro contexto de políticas pú‑
blicas em prol da valorização de línguas consideradas mino‑
ritárias, esse contexto, incluem línguas de imigrantes como
também as línguas indígenas. Com a vinda dos imigrantes,
veio com as famílias, a língua, os costumes, a música, a dan‑
ça entre outros hábitos específicos de cada país. O Brasil
abriu as portas para os imigrantes, que aqui, encontraram
terras para produzir e consequentemente também substi‑
tuir a mão‑de‑obra escrava. MACIEL (2010). Isso fez com que,
as variedades não padrão sofressem forte estigmatização
decorrente da norma padrão vigente, caracterizando‑as
como variedades caipiras, língua não padrão, decorrente de
falantes não alfabetizados. Portanto, pensar em ações de
políticas públicas que, promovam as línguas minoritárias é
colaborar para que a construção de um país monolíngue seja
desmistificado e consequentemente valorizar os imigrantes
que construíram este país.Uma dessas ações importantes
para identificar as línguas minoritárias, são as relações de
redes, em que o pesquisador pode analisar a língua falada
em comunidades, identificando a sua relação com línguas
de imigrantes, definindo‑as, em categorias como língua mi‑
noritária, ou majoritária e propondo relações de redes com
outros falantes de línguas de imigrantes.
230
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
RELAÇÕES ENTRE DISCURSOS
EM ATAS ESCOLARES
NÁDIA DOLORES FERNANDES BIAVATI (UESB)
Resumo de Paper
Relações entre discurso(s) e(m) atas: Política Linguística e
ensino Nádia Dolores Fernandes Biavati O trabalho consiste
em investigar discursos e práticas representadas em atas do
Instituto Euclides Dantas/ Vitória da Conquista–BA. O foco
se concentra em apresentar as implicações de uma identi‑
dade de professores presente no território simbólico da es‑
cola e conquistense, bem como os reflexos dessa condição
sobre o olhar sobre si e sobre o outro (no caso, outras práti‑
cas, outros locais). Em um estudo de caso, pesquisa se con‑
centra no conjunto de aspectos que (re)estruturam o gênero
a partir do olhar pela análise discursivo‑crítica de Norman
Fairclough (2003;2006), desvelando vivências escolares
baianas, bem como o modo de vida e de atuação com e so‑
bre o idioma. O destaque é dado aos discursos que caracte‑
rizam o conjunto de decisões dos professores relatados em
documentos. São atas lavradas que se no acervo do arquivo
morto do instituto ora mencionado que interessam como
foco para o desenvolvimento do presente projeto. O estudo
de caso considera um conjunto de elementos discursivos
tanto no contexto de consolidação da escola, quanto na sua
contribuição e delineamento das marcas identitárias, tra‑
zidas pelos professores e professores em formação, através
dos registros nos documentos em estudo. Entendem‑se as
atas como documentos que se estabelecem como discurso
no seu sentido amplo (FAIRCLOUGH, 2001; 2003), linguagem
como prática social (escolar), quanto um conjunto de docu‑
mentos que se destacam por totalidades de práticas de insti‑
tuições, com suas decisões políticas, ideológicas e marcadas
por relações de poder. Compreender o movimento discursi‑
vo que envolve o gênero ata significa compreender que tal
gênero, em geral, resgata, narra e descreve fatos, eventos,
valores, hábitos e decisões que permearam a antiga Escola
Normal na região.
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS
E POLÍTICAS DE FORMAÇÃO
DE PROFESSORES
E PESQUISADORES EM LÍNGUAS
NARA HIROKO TAKAKI (UFMS)
Resumo de Paper
Observa‑se que diferentes atribuições de sentido a uma
mesma política pode representar espaços para mudan‑
ças a favor do professor/pesquisador/cidadão. Relacionar
documentos e prioridades da sala de aula e da pesquisa já
implica estar além da mera transformação do velho com o
novo. No olhar do intérprete dessas políticas, visões domes‑
ticadas e visões que requerem ressignificações coexistem
ganhando contornos complexos (Maciel, 2011). Este traba‑
lho apresenta, pois, interfaces epistemológicas no encontro
de conhecimentos científicos e conhecimentos desconheci‑
dos por meio da construção de sentido dos co‑pesquisado‑
res e aprendizes em aulas de língua inglesa para indígenas
de MS. São focalizados: aspectos educacionais (Monte Mór,
2011), éticas das dinâmicas (Caputo, 2008; Takaki, 2012) nos
processos tradutórios culturais nas ecologias de saberes
da perspectiva das minorias pós‑coloniais (Andreotti, 2011;
Bhabha, 1994; Menezes de Souza, 2012; Santos, 2008). A me‑
todologia é qualitativa, interpretativa e rizomática (Cormier,
2008; Jordão, 2012; Takaki, 2012). As tomadas de iniciativas
e intersubjetividades dos participantes sugerem a necessi‑
dade de reflexividades e de formas complementares aos mo‑
delos existentes de construção de sentido nas políticas de
ensino de línguas, formação de professores e pesquisadores
de línguas sob a premissa de que inovações e éticas podem
ser conciliadas.
231
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A EJA E OS MODOS
DE SUBJETIVAÇÃO
NATÁLIA COSTA LEITE (UFMG)
Resumo de Paper
A educação e as instituições escolares têm sido alvos cons‑
tante de pesquisas nos últimos anos. Diversas áreas do sa‑
ber tem se debruçado em cima de estudos que as analisem
a partir de uma configuração própria da pós‑modernidade.
Dentro dessa perspectiva, defino como objeto de análise os
discursos produzidos por professores de língua inglesa atu‑
antes no projeto de Educação para Jovens e Adultos (dora‑
vante EJA).A proposta busca refletir sobre como esses profes‑
sores dialogam com as regularidades discursivas produzidas
pelas instituições político educacionais através do espaço
discursivo demarcado como Discurso Político Educacional
(MASCIA, 2002), que tem entre suas características a regu‑
lação de práticas educacionais através de dispositivos de
poder (documentos oficiais como o PCN, OCEM) Conceitos
da Análise do Discurso (doravante AD), em especial as con‑
tribuições de Michel Foucault em sua obra “A Arqueologia do
Saber” serão utilizados para o embasamento teórico deste
trabalho. A proposta buscou entender como professores
dialogam com as regularidades discursivas produzidas pelos
discursos circulantes e a maneira como tais discursos funcio‑
nam como produtores de subjetividades e regimes de verda‑
de. A análise do estudo apontou para dizeres que remetem
a um discurso institucionalizado, o discurso da legalidade
assim como referências aos discursos amoroso, político edu‑
cacionais e da globalização.
ENTOAÇÃO E EXPRESSIVIDADE
EM ESPANHOL:
ANÁLISE DAS ATITUDES
PROPOSICIONAIS EM DUAS
VARIEDADES ARGENTINAS.
NATALIA DOS SANTOS FIGUEIREDO (UFRJ)
Resumo de Paper
A proposta deste trabalho é a de descrever foneticamente
e analisar fonologicamente alguns contornos melódicos de
enunciados assertivos e interrogativos que representam
diferentes formas de atitudes do falante com relação a um
contexto expressivo. A partir dos padrões atitudinais pro‑
postos por Moraes (2008) para a descrição do português
brasileiro e por Prieto & Roseanno (2010) para diferentes va‑
riedades dialetais do espanhol, foram analisados seis tipos
de enunciados assertivos e interrogativos totais em espa‑
nhol. Consideraram‑se as variedades de Buenos Aires e de
Córdoba, de acordo com a atitude do locutor em relação ao
valor proposicional do enunciado (Moraes 2008). O objetivo
é descrever seus padrões entonacionais. As asserções e per‑
guntas, com seus respectivos contornos tonais, cumprem
diversas funções pragmáticas conversacionais, mas ain‑
da estão pouco descritas em espanhol, representando um
grande vazio para o ensino do Espanhol/LE. Os dados foram
coletados de informantes com nível de ensino superior, de
ambos os sexos e de cada variedade do espanhol em estudo.
A intenção é a de se obterem mostras de fala representada,
a partir da interação entre entrevistador e entrevistado, em
que cada informante interpreta papéis comunicativos den‑
tro de uma tarefa controlada. Os enunciados gravados fo‑
ram descritos a partir da análise fonética do contorno de fre‑
quência fundamental e medidas de duração de sílabas atra‑
vés do programa computacional Praat (BOERSMA y WEENINK,
1993–2000) e etiquetados fonologicamente segundo o
modelo Métrico Autossegmental – AM (LADD, 1996) e a no‑
tação Sp_ToBI (ESTEBAS‑VILAPLANA & PRIETO, 2009). Com a
descrição dos contornos tonais dos enunciados analisados,
espera‑se contribuir na descrição das variedades da língua e
no ensino da oralidade do Espanhol como língua estrangeira.
232
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
(IN)SIGNIFICAÇÕES
DE DONA LEOPOLDINA
NA HISTORIOGRAFIA BRASILEIRA.
CURADORIA NA WEB COMO
PRÁTICA ESCOLAR
NAYARA NATALIA DE BARROS (UNICAMP)
NATHALIA NICACIO GANZER (UFRJ)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
A partir do momento em que o Brasil proclamou a indepen‑
dência de Portugal, em 1822, colocou‑se como projeto in‑
telectual e ideológico, e por conseguinte discursivo, definir
a nova nação que surgia em termos identitários. O Brasil
passou a precisar de uma história própria, desdobrada no
tempo. Isto implicava a definição do que seria o “brasileiro”,
como indivíduo e como povo, a descrição de um passado co‑
mum e a projeção de um destino comum aos nacionais. Era
preciso, portanto, definir e dar contornos à cultura brasilei‑
ra e qualificar um “projeto de civilização” para o país. Neste
projeto de construção discursiva de uma história para o
Brasil, D. Maria Leopoldina, figura central na Independência
ao lado de D. Pedro I, representa uma figura problemática.
Não somente por sua condição de estrangeira, mas princi‑
palmente por ser filha de Francisco I, o mais importante re‑
presentante da aristocracia europeia à época, da linhagem
dos Habsburgos, cujos planos impunha com mão de ferro no
Império Austro‑Húngaro (recém fundado em 1806) através
de uma política interna e externa extremamente reacioná‑
ria e colonialista. As construções discursivas de Leopoldina
nos discursos da história desde os dias da Independência até
os nossos dias são, por conseguinte, heterogêneas, porque
interpretam esta personagem histórica de modos diferen‑
tes, e atendem a projetos específicos determinados por cada
momento em que foram produzidas. Proponho, portanto,
uma análise específica, não exclusivamente historiográfi‑
ca, mas igualmente linguístico‑aplicada, que dê conta não
somente das motivações histórico‑sociais dos discursos
históricos sobre Leopoldina, mas igualmente as motiva‑
ções de ordem ideológico‑discursivas e de seus elementos
morfológico‑textuais.
O panorama de estudos e discussões sobre os novos letra‑
mentos, além de proporcionar a reflexão sobre as práticas
letradas apoiadas nas tecnologias digitas da informação e
comunicação (TDICs), instiga a observação sobre os novos
objetos que constroem essas práticas ou têm se desenvolvi‑
do a partir delas. Nesse contexto, acreditamos que é preciso
mobilizar os nossos alunos para o conhecimento e operacio‑
nalização desses objetos na escola, considerando que esse
tipo de engajamento não tem sido incorporado ao currícu‑
lo escolar por razões bastante conhecidas – por exemplo, a
dinâmica em que, na maioria das vezes, estabelecem‑se as
aulas, nas quais o conhecimento é adquirido pelos alunos
muito mais numa relação de consumo e recepção, do que
de produção e colaboração, componentes característicos da
Web 2.0. Assim, seguindo a perspectiva teórica dos novos
letramentos/letramentos digitais, é que propomos pensar
questões práticas sobre a possibilidade de trabalho com
novos objetos digitais na escola, já que eles requerem ca‑
pacidades específicas e, em certa medida, sofisticadas, do
aluno para que ele possa fazer um uso democrático e demo‑
cratizador de tais ferramentas. A fim de ilustrar um exem‑
plo específico de prática, a curadoria digital, analisaremos
a plataforma Storify, que oferece um serviço de apoio para
a produção de objetos textuais, além de explicitar algumas
de suas potencialidades para o trabalho com a cultura digi‑
tal, dentro do ensino de habilidades específicas (tais como
a seleção de informação pertinente e o domínio da coesão
e coerência na produção de textos), e para o contato com
noções importantes como as de gêneros textuais e leitura
crítica, entre outras. No entanto, é importante enfatizar que,
embora esse tipo de trabalho não entre em conflito direto
com o currículo, nossa perspectiva abarca a consideração
de que a sensibilização dos alunos para esse tipo de objeto
não deve ser meramente baseada em designs didáticos e
curriculares autoritários.
233
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
NEW ENGLISHES:
INTELIGIBILIDADE
ENTRE UMA FALANTE
CAMARONENSE DE INGLÊS
E APRENDIZES BRASILEIROS
CRENÇAS E EMOÇÕES DE DUAS
PROFESSORES EM SERVIÇO
NEIDE CESAR CRUZ (UFCG)
O estudo de crenças sobre o ensino e a aprendizagem de
línguas vem se desenvolvendo consideravelmente como
um campo fértil de pesquisa no Brasil desde meados da dé‑
cada de 90 (BARCELOS, 2007, p. 27). As inúmeras pesquisas
desenvolvidas na área (COELHO, 2005; CONCEIÇÃO, 2004;
LIMA, 2005; SILVA, 2004) contribuem para se ampliar o co‑
nhecimento sobre o assunto, assim como apontam para a
necessidade de novas investigações. Nesse trabalho, propo‑
mo‑nos a apresentar um estudo qualitativo, de cunho explo‑
ratório e descritivo, acerca das crenças e emoções de duas
professoras de escolas públicas da cidade de Viçosa, Minas
Gerais. Pata tanto, procuramos identificar quais são suas
crenças; as emoções vivenciadas por elas em suas práticas
de ensino, bem como a relação existente entre essas crenças
e emoções a partir da análise de questionários semi‑abertos,
narrativas gravadas e entrevistas. Discutimos como esses
dois conceitos se inter‑relacionam na formação das partici‑
pantes como professoras de inglês, como língua estrangeira;
e influenciam sua prática, trazendo implicações para o ensi‑
no. Como pressupostos teóricos, pautamo‑nos nas discus‑
sões de Barcelos (2006) a respeito de crenças, e nos estudos
de Zembylas (2009); Aragão (2007) e Ribeiro (2012) acerca
das emoções de professores.
Resumo de Paper
Este estudo focaliza a inteligibilidade entre falantes de
duas variedades do inglês: o inglês camaronense e o inglês
brasileiro. Especificamente, o estudo apresenta dois objeti‑
vos. O primeiro tenciona investigar até onde a fala de uma
falante camaronense de inglês como segunda língua é in‑
teligível para aprendizes brasileiros de inglês como língua
estrangeira e vice‑versa. O segundo é identificar as razões
que causaram problemas de inteligibilidade entre os falan‑
tes. Participaram do estudo oito aprendizes brasileiros de in‑
glês, graduandos de Letras de uma universidade localizada
em um estado da região nordeste do Brasil, e uma falante
de inglês de Camarões, também graduanda do mesmo curso.
A coleta de dados foi realizada em três etapas. Na primeira,
conversas informais entre os brasileiros e a camaronense
foram gravadas. Na segunda etapa, trechos da fala da ca‑
maronense foram apresentados aos graduandos brasileiros.
Em seguida, esses graduandos foram solicitados a escrever
os trechos e a identificar palavras que tivessem considerado
difícil, muito difícil ou impossível de entender (Silva, 1999).
Na terceira etapa, o inverso ocorreu: trechos das falas dos
graduandos foram apresentados à camaronense, que foi
solicitada a escrever esses trechos e a identificar palavras
que tivesse considerado difícil, muito difícil ou impossível
de entender. Os resultados sugerem que os problemas de
inteligibilidade ocorreram mais no nível fonológico do que
no nível lexical.
NEIDE NUNES RODRIGUES (UFV)
Resumo de Pôster
234
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
RELATOS DE EXPERIÊNCIA
DE UMA ALUNA DE LETRAS
E SUAS IMPLICAÇÕES
SOBRE SEU PROCESSO
DE FORMAÇÃO DOCENTE: FOCO
EM IDENTIDADES E EMOÇÕES
NEILA DIAS DOS SANTOS UECKER (UNB)
MARIANA R. MASTRELLA‑DE‑ANDRADE (UNB)
Resumo de Pôster
Pesquisas com foco em identidade e línguas estrangeiras
apontam há muito para o fato de que a sala de aula, espaço
formal de ensino‑aprendizagem, se constitui como um espa‑
ço de construção identitária (CANAGARAJAH, 1999; MASTRELLA,
2007; NORTON, 2011). Para Norton e Toohey (2002), tal apren‑
dizagem engaja as identidades dos aprendizes porque língua
não é apenas um sistema linguístico de signos e símbolos,
mas também uma prática social complexa. A língua estran‑
geira, nesse caso, tem um papel ativo na contínua produção
das identidades, especialmente quando identidade é enten‑
dida como relação, não como característica fixa ou natural‑
mente dada (BUTLER, 1997). Por essas razões, sendo o curso
de Letras um espaço de formação linguística e pedagógica,
ele se constitui, por natureza, como uma arena apropriada
onde são construídas e desconstruídas identidades de pro‑
fessores formadores e em formação. Nessa perspectiva te‑
órica, este trabalho apresenta uma investigação qualitati‑
va, em que são analisados relatos de aprendizagem de uma
aluna do curso de Letras/Inglês de uma universidade pública,
coletados por meio de sessões de reflexão. As análises das
narrativas são conduzidas a partir de uma compreensão de
língua como performatividade (Austin, 1976), mostrando em
especial dois aspectos: 1) que as identidades no curso de for‑
mação não são simples “categorias” nas quais as pessoas são
encaixadas, sendo responsáveis também por um desencade‑
amento de consequências, as quais têm implicações nega‑
tivas e positivas, provendo acessos e/ou embargos sobre o
processo de aprendizagem da língua e de formação docen‑
te e 2) que, indissociavelmente das relações e construções
identitárias, aprender línguas e aprender a ensinar línguas
são processos permeados de emoções, as quais não são ape‑
nas simples “sentimentos”, mas reações carregadas de signi‑
ficados e reveladoras dos tipos de interação que a vivência
trazida com a nova língua, língua estrangeira, proporciona
O ESTADO ANÔMICO
DE EXCEÇÃO DE (D)DIREITO
NO ENSINO DE INGLÊS
NA ESCOLA PÚBLICA
NEIVA CRISTINA DA SILVA REGO RAVAGNOLI (PUC–SP)
Resumo de Paper
Este trabalho, uma pesquisa qualitativo‑interpretativista,
investiga a manifestação do estado de anomia nas represen‑
tações de professores e alunos de inglês de escolas públicas
no interior do estado de São Paulo. A anomia é a expressão
de um estado do indivíduo que, frente à ausência, conflito,
falta de clareza ou não conhecimento das normas, regras
ou leis do contexto no qual se integra, experimenta um es‑
tado de vazio ou indeterminação que se manifesta através
de diferentes respostas individuais de adaptação ou condi‑
cionamento. Essas respostas emergem da confluência de
sua identidade e de suas representações e por fomentarem
zonas de instabilidade como, por exemplo, incerteza, apa‑
tia, rejeição, sentimentos de inferioridade, impotência, inca‑
pacidade, inconformismo, dentre outras, é um estado que
pode comprometer o ensino‑aprendizagem de inglês. Os re‑
sultados desta investigação mostraram que no contexto
pesquisado, a manifestação da anomia instaura uma situa‑
ção social caracterizada por um estado de exceção de direi‑
to e de Direito – um estado no qual o direito à educação de
todo cidadão, garantido constitucionalmente não se perfaz:
nem a sociedade reivindica seus direitos pelo Direito, nem o
Direito protege os direitos sociais dos indivíduos.
235
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
PRÁTICAS INTERACIONAIS
NA ESCOLA: A NEGOCIAÇÃO
DE UMA IDENTIDADE RURAL
NEIVA MARIA JUNG (UEM)
JAKELINE APARECIDA SEMECHECHEM (UEM)
A INSTITUCIONALIZAÇÃO
DE UM PROCESSO
DE FORMAÇÃO CONTINUADA
PARA PROFESSORES DE INGLÊS
NUMA CAPITAL DO NORDESTE
NIEDJA BALBINO DO EGITO (IFAL)
Resumo de Paper
Esta comunicação tem como objetivo apresentar um estudo
que objetivou evidenciar de que modo participantes de uma
sala de aula precisam negociar significados sociais, como
uma identidade rural. Os dados analisados são resultantes
de uma pesquisa do tipo etnográfico realizada em uma co‑
munidade multilíngue (português, brasileiro e ucraniano)
do Sul do Brasil. A perspectiva teórico‑metodológica é a da
Sociolinguística Interacional, procurando evidenciar como
alguns dos seus conceitos têm contribuído para compreen‑
der eventos interacionais em contextos institucionais esco‑
lares. Para tanto são retomados conceitos, como encontro
social, contexto, enquadre, footing, alinhamento, pistas de
contextualização, estruturas de participação, a fim de discu‑
tir a concepção de interação dessa vertente teórica. Os re‑
sultados deste trabalho mostram como a análise no plano
microanalítico de práticas interacionais escolares, como as
que envolvem a participação e o gerenciamento de identida‑
des sociais, apontam para as relações e conflitos macrosso‑
ciais que constituem os membros da comunidade.
Resumo de Paper
O presente trabalho traz os resultados de uma pesquisa de
mestrado que analisou as ações de formação continuada
para professores de inglês que ocorreram num período de
10 anos numa rede municipal de uma capital do Nordeste.
Neste trabalho a autora visa investigar o processo de insti‑
tucionalização dessa formação continuada, desde a parte
burocrática que diz respeito à Rede, a escolha metodológica
do formador e a interação deste com as crenças de cada par‑
ticipante, bem como fazer uma reflexão sobre sua configu‑
ração naquele período, (transição do século XX para o XXI) no
intuito de estabelecer sua trajetória e os resultados que tal
empreendimento trouxe ao ensino de Inglês nas escolas da
citada rede depois de uma década, pelo menos no sentido de
alguma definição metodológica que tenha possibilitado al‑
guma renovação no ensino desse idioma. Com o objetivo de
obter uma verificação dessa ação, foi lançado mão de uma
pesquisa de cunho etnográfico. A pesquisadora participou
de sessões de formação, assistiu às aulas de alguns professo‑
res participantes da formação, fez entrevistas com formado‑
res e professores e aplicou questionários a alguns dos alunos
da rede.
236
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O PIBID NA FORMAÇÃO
DE PROFESSORES DE LÍNGUA
INGLESA: UM ESTUDO SOB
A ÓTICA DA ANÁLISE CRÍTICA
DO DISCURSO
NILCEIA BUENO DE OLIVEIRA (UNISUL)
Resumo de Paper
A presente pesquisa de cunho qualitativo situa‑se no univer‑
so de formação continuada de professores de Língua Inglesa
da educação básica em escolas públicas. O foco do trabalho
está direcionado para o discurso de professores de Língua
Inglesa que estão participando do Projeto PIBID (Letras/
Inglês) na Universidade Estadual de Londrina. Ao participar
deste projeto, o professor‑supervisor atua como formador
de professores num espaço de reflexão sobre suas práticas e
teorias presentes em seu contexto de trabalho. Desta forma,
o objetivo da pesquisa é investigar as ideologias presentes
nas lutas hegemônicas para sustentação ou transforma‑
ção das relações assimétricas de poder presentes do discur‑
so dos professores que atuam como supervisores do PIBID.
O aparato teórico que fundamenta a pesquisa é a Análise
Crítica do Discurso (FAIRCLOUGH, 2001), cuja premissa bási‑
ca é que a linguagem é uma forma de ação social, ou seja,
uma prática social. O Modelo analítico seguido foi o Quadro
Tridimensional de Análise na dimensão texto, através da
metafunção ideacional (Halliday, 2001), e na dimensão prá‑
tica discursiva. Os dados foram coletados através de ques‑
tionário e, posteiormente, de entrevista semi‑estruturada.
A análise preliminar dos dados tem indicado que o discurso
dos professores‑supervisores age na formação dos pibidia‑
nos (alunos do curso de Letras) e também em si próprios
(autoformação), um modo de ação sobre o mundo e sobre
as pessoas, numa relação dialética, constituindo tanto uma
condição como um efeito da estrutura social (FAIRCLOUGH,
1989). O discurso dos professores apresenta‑se de forma hí‑
brida, apresentando ideologias tanto tradicionais quanto da
modernidade tardia (mudança social).
TRADUÇÃO DE ARTIGO COMO
ATIVIDADE DE FORMAÇÃO
EM LETRAS–FRANCÊS NA UFSC
NOÊMIA GUIMARÃES SOARES (UFSC)
Resumo de Paper
A presente comunicação tem como objetivo apresentar par‑
te de um projeto de pesquisa, o qual envolve três universida‑
des brasileiras: UFBA, UFSC e PUC–RS. Trata‑se da organiza‑
ção e publicação de um livro com artigos traduzidos na área
de Crítica Genética. A parte aqui apresentada é aquela que
envolveu, na tradução de um dos artigos, alunos de gradua‑
ção do Curso de Letras Francês da UFSC em 2012–2013. Esta
comunicação concentra‑se em apresentar essa atividade de
pesquisa do ponto de vista pedagógico. Além de se oportu‑
nizar aos alunos participantes do projeto a publicação de
uma tradução em conjunto, considere‑se todo o aprendi‑
zado que decorre da situação de publicação (direitos auto‑
rais, orçamentos) e também de tradução (questões práticas
e teóricas). Ademais, houve também a oportunidade de os
alunos vivenciarem os benefícios da tradução para a apren‑
dizagem da língua estrangeira, conforme autores como
Atkinson (1993), Malmkjaer (1998), Balboni (2002), Soares,
Romanelli (2012). Em encontros semanais, o professor orien‑
tou o trabalho de tradução junto aos alunos, e o grupo, com
base em preceitos teóricos e através da prática e de discus‑
sões conjuntas, foi definindo, além do texto traduzido, uma
série de questões gerais norteadoras das escolhas tradutó‑
rias. O trabalho foi muito bem avaliado pelos alunos (ques‑
tionário) e pelo professor, oferecendo oportunidades únicas
de formação, corroborando a ideia de que a tradução pode
ser uma valiosa ferramenta de conhecimento e aprofun‑
damento em vários aspectos no ensino/aprendizagem da
língua estrangeira.
237
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
LINGUAGEM E APRENDIZAGEM
EM PESQUISAS
DE LETRAMENTO DIGITAL
COESÃO E COERÊNCIA TEXTUAIS
NA PRODUÇÃO ESCRITA
DE FORMANDOS EM LETRAS
NÚBIO DELANNE FERRAZ MAFRA (UEL)
ORLANDO DE PAULA (UNITAU)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Efetuou‑se um levantamento sobre a temática Linguagens
e Tecnologias em teses e dissertações dos programas de
pós‑graduação em Letras, Linguística e Linguística Aplicada,
produzidas no período 2000–2010 em todo o país. Baseados
neste levantamento, apresentamos nesta comunicação al‑
guns resultados da análise em desenvolvimento sobre pes‑
quisas de letramento digital que contemplam projetos de
intervenção em aulas de Língua Portuguesa na Educação
Básica (Fundamental II e Ensino Médio). Que concepções de
linguagem e de aprendizagem, constantes nesses projetos
de intervenção, têm contribuído para delinear o trabalho
de letramento digital do professor? Estas questões têm sido
trabalhadas, dentre outras, tendo em vista o delineamento
de um cenário teórico‑prático dos projetos de intervenção
desenvolvidos recentemente. Quando pensamos no coti‑
diano do professor, construído entre concepções e ações em
sala de aula, o contexto da escolarização não só é constituti‑
vo deste cotidiano como contribui na definição das ações di‑
dático‑metodológicas, articuladas às concepções de lingua‑
gem. Neste sentido, entendemos que o mapeamento destas
investigações tem colaborado para uma ampla visualização
e análise do cenário de pesquisas desenvolvidas, sinalizando
assim para uma ação mais consistente voltada às demandas
do professor de Língua Portuguesa no âmbito do letramento
digital em sala de aula.
Proponho, nesta pesquisa, uma rediscussão dos conceitos
de coesão e coerência textuais a partir da investigação des‑
ses conceitos na produção escrita de formandos em Letras.
Para essa rediscussão, são retomados os estudos feitos por
Beaugrande e Dressler, Halliday e Hasan, Giora, Charrolles,
Koch, Travaglia, Fávero, e Marcuschi. Nosso objetivo é, to‑
mando a conceituação desses autores como parâmetro,
apontar e discutir a concepção de coesão e coerência tex‑
tuais que esses formandos apresentam por meio de seus
textos. O corpus de análise é constituído de textos produzi‑
dos por formandos do curso de Letras de universidades pú‑
blicas e particulares do Brasil ao responderem a uma ques‑
tão discursiva da prova de Linguística e Língua Portuguesa
do Exame Nacional de Cursos (ENC)‑2001, mais conhecido
na época como Provão, que, em 2004, foi substituído pelo
Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE.
Essa questão versava sobre o uso de mecanismos coesivos
em um texto produzido por uma menina de 10 anos. Do pon‑
to de vista teórico‑metodológico, esta pesquisa ancora‑se
no conceito de interacionismo dialógico e no conceito de he‑
terogeneidades enunciativas. Isto quer dizer que a sustenta‑
ção desta pesquisa está na manifestação verbal do discurso
desses alunos, o qual se dá por sujeitos constituídos social e
historicamente. Nesse sentido, a análise, feita de uma pers‑
pectiva enunciativo‑discursiva, permite lançar um olhar que
se caracteriza não só pela análise de marcas linguísticas ex‑
plícitas, mas também, no nível discursivo, pela análise dos
efeitos de sentido que essas marcas enunciam. De acordo
com os resultados, os conceitos de coesão e coerência tex‑
tuais revelados no discurso dos formandos ocorreram sob
diferentes formas de manifestação, as quais podem ser re‑
lacionadas ao conceito de heterogeneidade mostrada mar‑
cada, caracterizando diversas noções de coesão e coerência
textuais com ancoragem em uma concepção tradicional
de linguagem.
238
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
GÊNEROS NO LETRAMENTO
ACADÊMICO DO PESQUISADOR
EM LINGUÍSTICA APLICADA
ORLANDO VIAN JR (UFRN)
DA FRAGMENTAÇÃO
À COLETIVIDADE E VICE‑VERSA:
IDENTIDADES EM TRÂNSITO
NO JOGO DAS AFINIDADES
OSEAS BEZERRA VIANA JÚNIOR (UFBA)
Resumo de Paper
Pela perspectiva sistêmico‑funcional, “os gêneros são defi‑
nidos como uma configuração recorrente de significados e
que tais configurações recorrentes de significados desen‑
cadeiam as práticas sociais de uma dada cultura” (Martin e
Rose, 2008, p. 6). Com base nesse pressuposto, pode‑se afir‑
mar que uma cultura específica pode ser mapeada de acordo
com os gêneros que nela circulam e que, a partir das configu‑
rações de significados produzidas textualmente, textos con‑
figurados na mesma família de gêneros podem ser descritos
de acordo com a especificidade de cada gênero (isto é, sua
topologia, de acordo com Martin e Rose, 2008) e também
de acordo com as inter‑relações entre gêneros da mesma
família (isto é, sua tipologia, também segundo Martin e
Rose, 2008). Tomando esses princípios como ponto de par‑
tida, nosso objetivo é discutir como textos configurados na
família de gêneros acadêmicos podem ser agrupados, assim
como delineadas suas semelhanças e diferenças como modo
de contribuir para o planejamento curricular de cursos em
nível de pós‑graduação, além de serem vislumbrados como
um meio de promover o letramento acadêmico dos estudan‑
tes nesse nível de ensino. A partir de um corpus gerado por
meio de análise de necessidades (Hutchinson e Waters, 1987)
de um grupo de pesquisadores neófitos em um programa de
Estudos da Linguagem, as noções de tipologia e de topolo‑
gia são usadas para mapear os gêneros requeridos na for‑
mação de pesquisadores no campo da Linguística Aplicada.
Nosso foco recairá sobre o artigo acadêmico e seu papel na
família de gêneros acadêmicos, uma vez que é um dos mais
requisitados, tanto para leitura quanto para produção, no
programa pesquisado, conforme revelaram os resultados da
análise de necessidades. Objetivamos, ainda, discutir como
os conceitos propostos por Martin e Rose podem ser usados
como ferramentas para a implementação de uma proposta
educacional baseada em gêneros em nível de pós‑graduação
no no campo de Linguística Aplicada.
Resumo de Paper
Ao longo das últimas décadas, um dos principais debates
que têm se centrado nas diferentes disciplinas das ciências
humanas e sociais dizem respeito às identidades e os modos
pelos quais elas são (re) construídas e/ou operam nos mais
variados contextos. Apesar de suas diferentes abordagens,
pelo menos, duas ideias centrais foram convergentes: em
primeiro lugar, a ideia de que já não é mais possível se admi‑
tir a concepção de uma identidade unitária, fixa e imutável
do sujeito e, em segundo lugar, que há uma multiplicidade
de identidades. Assim, é possível afirmar que se, por um lado,
a inauguração da pluralidade e fragmentação do sujeito é,
de fato, operante, por outro, como Hall (2005) realça, é a
consequência dessa sua condição que não mais lhe permite
a identificação com apenas um modo de ser sujeito. No en‑
tanto, diante desse quadro, há uma tendência ao “enfraque‑
cimento” das identidades coletivas enquanto estratégias
e forças políticas, de resistência e reversão da condição de
diversos grupos marginalizados. Tendo por base a ideia de
uma política de afinidades (DAY, 2002; 2005; HARAWAY, 2009),
constituída por grupos sociais distintos, fazendo valer um
lugar político e não mais por uma coletividade, nesse traba‑
lho, discuto os modos pelos quais estudantes resistem e re‑
vertem suas posições de sujeito, por vezes, marginalizadas
e subalternizadas. Para tanto, situado na área da línguística
aplicada em sua interface com a Antropologia, Sociologia,
Teoria Feminista, Estudos Culturais e Geografia, me apoio
nas observações e análises realizadas em uma sala de aula
de língua estrangeira, de nível básico, do Núcleo de Extensão
da UFBa, constituida por estudantes oriundos de classes so‑
ciais, etnias e orientação sexual diversas, entrecortados pela
necessidade de interação.
239
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
INSTANCIAÇÕES AVALIATIVAS
EM PARECERES DE REVISTA
CIENTÍFICA DE LINGUÍSTICA:
UMA PERSPECTIVA
SISTÊMICO‑FUNCIONAL
OSILENE MARIA DE SÁ E SILVA DA CRUZ (Puc–SP)
Resumo de Paper
Este trabalho traz resultados de uma pesquisa de douto‑
rado realizada na Pontifícia Universidade Católica de São
Paulo, cujo objetivo foi a análise de pareceres de artigos
de uma revista acadêmica da área de conhecimento de
Linguística (RL1). Especificamente, buscou‑se identificar os
assuntos (tópicos) abordados pelos pareceristas e explicar
a avaliação dos artigos, tendo como suporte teórico‑meto‑
dológico a Linguística Sistêmico‑Funcional (HALLIDAY, 1994;
HALLIDAY e MATHIESSEN, 2004; e seguidores), sobretudo no
que se refere às instanciações da metafunção interpessoal,
e o Sistema de Avaliatividade (consubstanciado em MARTIN
e WHITE, 2005). Realizou‑se uma pesquisa qualitativa em
um corpus constituído por 67 pareceres, divididos em três
grupos: Pareceres de Artigos Aprovados sem Restrições (A),
Artigos Aprovados com Restrições (AR) e Artigos Reprovados
(R). Resultados mostram os tópicos (aboutness) abordados
pelos pareceristas, dentre os quais: Análise, Argumentação,
Bibliografia, Contribuição, Forma, Língua e Metodologia,
os quais foram analisados na perspectiva dos Subsistemas
de Avaliatividade: Atitude, Engajamento e Gradação.
No Subsistema Atitude, identificou‑se considerável ocorrên‑
cia da categoria Apreciação, com avaliações predominan‑
temente positivas para o grupo de pareceres A e negativas
para os grupos de pareceres AR e R. Instanciações típicas do
Subsistema Engajamento revelam predomínio de posiciona‑
mentos heteroglóssicos com alto índice de modalidade nos
três grupos de pareceres, embora se tenha observado um
índice maior de posicionamentos monoglóssicos no grupo
de pareceres A. A análise do Subsistema Gradação mostra
predomínio de ocorrências do tipo Força, com destaque
para recursos de Intensificação, demonstrando aspectos
positivos nos pareceres A e negativos nos pareceres AR e R.
Recursos de Quantificação foram utilizados com maior in‑
cidência em avaliações negativas, sinalizando generalização
na avaliação.
INTELIGIBILIDADE NA ESCRITA
ACADÊMICA DE APRENDIZES
DE INGLÊS
PATRICIA BERTOLI DUTRA (UFMG)
Resumo de Paper
Este trabalho apresenta relatos de uma pesquisa em anda‑
mento sobre inteligibilidade (readability) da produção es‑
crita de aprendizes brasileiros de nível universitário em um
curso de inglês para fins acadêmicos. O corpus coletado
compreende a produção escrita desses alunos que são de
diversas habilitações e origens, como engenharia mecânica,
engenharia aeroespacial, administração de empresas, histó‑
ria, entre outros, com cerca de 50 mil palavras. Os textos fo‑
ram submetidos à versão online do programa de análise de
complexidade textual Coh‑Metrix (McNAMARA, et al., 2010).
O programa analisa os textos por seus elementos linguís‑
ticos extraindo índices de correferência lexical e semântica,
índices de frequência e informação lexical, índices de hipe‑
ronímia, polissemia, causalidade e complexidade sintática.
Os índices são contrastados com resultados obtidos em
pesquisas de inteligibilidade de textos de falantes nativos
(CROSSLEY; McNAMARA, 2011). Os resultados parciais da aná‑
lise contrastiva entre cada um dos índices especificamente
apontam problemas tais como de colocações semânticas
e de simplicidade sintática, demonstrando que a produção
escrita dos alunos esta aquém do esperado em textos aca‑
dêmicos quanto à idiomaticidade e naturalidade. Esses re‑
sultados são indícios de pontos específicos que podem ser
trabalhados em sala de aula.
240
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
INGLÊS PARA FINS ESPECÍFICOS
EM AMBIENTE DIGITAL
PATRÍCIA DA SILVA CAMPELO COSTA (UFRGS)
Resumo de Paper
Este trabalho visa examinar como tarefas focadas na leitura
de inglês como língua instrumental, na área de Tecnologia
da Informação (TI), podem ser conduzidas em ambiente digi‑
tal. Especificamente, foram elaboradas tarefas que tinham
como suporte duas ferramentas digitais de edição colabora‑
tiva, as quais foram utilizadas com o propósito educacional
de auxiliar no desenvolvimento da língua estrangeira (LE).
Para tanto, participaram da pesquisa seis alunos de uma tur‑
ma de Inglês Instrumental para Tecnologia da Informação
do curso de graduação em Sistemas de Informação, em uma
faculdade particular da região sul do Brasil. Primeiramente,
os alunos utilizaram a ferramenta CorkboardMe, que possi‑
bilita a criação de painéis interativos, para elaborarem um
resumo colaborativo e visual em língua materna de um tex‑
to lido em inglês da área de TI. Nessa etapa, eles tiveram a
oportunidade de adicionar palavras‑chave, links, imagens e
vídeos relacionados ao texto. Em um segundo momento, os
participantes construíram um resumo colaborativo, na fer‑
ramenta GoogleDocs, a partir da leitura de outro texto sobre
TI. Posteriormente, os aprendizes responderam a um ques‑
tionário com perguntas sobre suas percepções e dificuldades
em relação à realização das tarefas. A análise dos dados e as
respostas do questionário revelam que os alunos refletiram
sobre o texto lido e sobre seu processo de aprendizado em
LE. Além disso, a amostragem exibe um interesse dos apren‑
dizes por ferramentas digitais que se aproximem da sua área
de TI. Desse modo, é possível constatar a importância da in‑
clusão de diferentes recursos tecnológicos, a fim de benefi‑
ciar as aulas de línguas para fins específicos.
LAS NUEVAS TECNOLOGÍAS
COMO HERRAMIENTA
DE MANUAL DIDÁCTICO PARA
LA ENSEÑAZA GRAMATICAL
PATRICIA DE CARVALHO ANDRADE (UFS)
Resumo de Pôster
La llegada de las nuevas tecnologías han cambiado las for‑
mas de comunicación, además de cambiaren la postura de
instituciones de enseño, profesores y materiales didácticos.
La educación actual encuentra un desafío de construir un
enseño que engloben la utilización de las nuevas tecnolo‑
gías. La enseñanza tradicional de la lengua da mucho énfasis
a la gramática normativa que se presenta de forma artificial
y mecanizada. Así, en las clases de LE, se trabajan los ele‑
mentos que forman parte de la lengua a partir de propues‑
tas de cuestiones que identificamos como fragmentadas y
desconectadas del significado para el uso y funcionamiento
en el lenguaje. La utilización de tecnologías surge como una
posibilidad para envolver el alumno a una propuesta de en‑
señanza que lo motive para desenvolver su reflexión crítica.
De esta forma, nuestro trabajo busca, primero analizar si el
manual “El arte de leer español”, primer volumen, incluye ac‑
tividades utilizando las TICs (Tecnologías de la Información
y Comunicación) y en seguida plantear una actividad para
la inserción de las TICs en colaboración con la propuesta
del libro didáctico “El arte de leer español”, suplementando
los posibles huecos en la enseñanza de la gramática. La es‑
coja del libro es justificada por ser uno de los manuales
elegidos por el guía del PNLD (Programa Nacional do Livro
Didático) de 2012. Para ofrecer un subsidio didáctico, nos ba‑
samos en los conceptos de los estudiosos Coscarelli(2002),
Marcuschi,Xavier(2007)e Koch e Elias(2007). Buscamos de
esta manera auxiliar en el proceso de enseñanza/aprendiza‑
je de LE y a la vez inserir a los estudiantes en el mundo digital.
Se espera que con la inclusión de utilización de las TICs en las
clases de E/LE, la visión acerca de la enseñanza de la gramá‑
tica tradicional se rompa, superando la frontera del material
didáctico impreso, una vez que va a proporcionar que el pro‑
ceso de enseñanza/aprendizaje dé continuidad fuera de sala
de clase.
241
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
REFLEXÕES COLABORATIVAS
SOBRE A EXPERIÊNCIA DOCENTE
NO ENSINO DE INGLÊS PARA
PROPÓSITOS ACADÊMICOS.
A CONSTRUÇÃO
DE UMA COMUNIDADE
DE PRÁTICA E A FORMAÇÃO
DE PROFESSORES DE LÍNGUAS
PATRICIA DE OLIVEIRA LUCAS (UFSCAR)
PATRÍCIA FABIANA BEDRAN (UNESP)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Nos últimos anos o Brasil tem se destacado em diversas áre‑
as da pesquisa científica. Dessa forma, o país tem propiciado
condições favoráveis para que seus estudantes participem
de programas de estudo em universidades estrangeiras,
compartilhando conhecimentos e experiências. Todavia,
mesmo com as inúmeras oportunidades, muitos deles en‑
frentam um grande obstáculo: a Língua Inglesa. Por essa ra‑
zão, algumas universidades, cientes de tal dificuldade, têm
buscado ofertar a seus alunos cursos de Inglês baseados nas
necessidades específicas dos aprendizes, refletindo aspectos
de seu cotidiano acadêmico. Assim, parte do suporte teórico
de nosso trabalho como docente desse tipo de curso de lín‑
gua vem da teoria de gênero de Swales (1990), na qual o au‑
tor defende que os membros de uma comunidade discursiva
se engajam em atividades que envolvem habilidades retóri‑
cas, discursivas e linguísticas específicas. Essa atuação nos
conduziu a indagações sobre questões de ensino‑aprendiza‑
gem e à reflexão sobre nossa prática em relação ao contexto
social de atuação (ZEICHNER E LISTON; 1996). As respostas
encontradas nos conduziram a trabalhar de forma colabo‑
rativa, e, essa colaboração entre os professores, permeadas
pelos desafios que são encontrados no processo de ensino
e pelas reflexões que eles suscitam, são elementos que tal‑
vez possam ajudar os professores a se tornarem verdadeiros
líderes e consequentemente profissionais reflexivos e en‑
gajados com a profissão (DELLACARPINI, 2008). Isso posto,
é nosso intuito mostrar alguns dos resultados do trabalho
colaborativo em nossa prática docente na qual professores
(presencial e a distância) trabalharam com um mesmo gru‑
po de graduandos da área de ciências exatas. Tais observa‑
ções resultam de nossas anotações e discussões em forma
de diários, posto que esses instrumentos são adequados ao
fomento do processo reflexivo (BAILEY; 1990) e demonstram
a busca por alternativas para a melhoria da qualidade do en‑
sino ofertada aos nossos aprendizes.
Este trabalho apresenta resultados de uma pesquisa de dou‑
torado que teve como principal objetivo investigar a forma‑
ção e a configuração de uma Comunidade de Prática (CdP)
em um contexto de formação de professor no e para o meio
virtual.O referencial teórico que fundamentou este trabalho
foram as pesquisas sobre formação pré‑serviço de professo‑
res na contemporaneidade sob uma perspectiva sociocultu‑
ral, CdP e formação tecnológica do professor. Para realizar
essa pesquisa qualitativa de cunho etnográfico, contamos
com a participação de seis brasileiros professores‑aprendizes
de italiano como LE e uma professora‑mediadora formadora
de professores de uma universidade pública do interior pau‑
lista. O contexto de investigação foram as sessões de media‑
ção realizadas por meio do chat do Windows Live Messenger,
de encontros presenciais, do uso de videoconferência do
aplicativo Oovoo e por meio do ambiente wikispaces (wiki).
Essas sessões configuraram‑se como uma prática coletiva e
um ambiente propício para o desenvolvimento de uma CdP,
em que se buscava abordar questões vinculadas à experiên‑
cia prática dos professores‑aprendizes enquanto professores
de sua língua materna e aprendizes de língua estrangeira.
Os resultados obtidos, a partir da triangulação dos dados e
das perspectivas, mostraram que o uso de instrumentos e
ambientes tecnológicos e dos recursos humanos, metodo‑
lógicos e tecnológicos constituíram um verdadeiro habitat
tecnológico que serviu de base para o desenvolvimento da
CdP, em que se buscava instigar o desenvolvimento de uma
prática reflexiva. Os resultados obtidos por meio do desen‑
volvimento desta pesquisa permitem visualizar de maneira
mais clara a relação entre tecnologia e educação e nos faz
repensarmos e reconceitualizarmos a função do professor,
bem como sua formação neste meio e para atuar futura‑
mente neste e em outros contextos.
242
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
CONHECIMENTO PRÉVIO,
LEITURA E METACOGNIÇÃO:
ENSINO DE LEITURA
E AUTOAVALIAÇÃO
EM LD DE LÍNGUA PORTUGUESA
PATRICIA FERREIRA BOTELHO (UFRJ)
“ENGLISH FROM ZOG”:
O LIVRO DIDÁTICO DE INGLÊS
DO PROGRAMA ACELERA
BRASIL E SUA INFLUÊNCIA
NO PAPEL DESEMPENHADO
PELA DISCIPLINA
PATRÍCIA HELENA DA SILVA COSTA (CEFET/RJ)
Resumo de Paper
Este trabalho tem o objetivo de apresentar o ensino de leitu‑
ra na escola sob a perspectiva metodológica fundamentada
pelos estudos da metacognição. Para tanto, entende‑se o
processamento interativo de leitura – advindo dos estudos
em Psicolinguística – como o ponto de partida para compre‑
ender a leitura como uma atividade cognitiva de produção
de significados. Entende‑se, nessa perspectiva teórica, a lei‑
tura como uma integração conceptual em vias de constru‑
ção de significados, para além das metodologias que se vê
nos LD correntemente utilizados no meio escolar, que pouco
explora o conhecimento prévio do aluno como estruturador
do seu saber. Entende‑se, com esse trabalho, os julgamentos
de aprendizagem como ponto de partida para explorar refle‑
xão sobre as habilidades a serem desenvolvidas em leitura:
a) Easy of learning no estágio de pré‑leitura e Judgments of
learning no estágio de pós‑leitura (KORIAT, 1993). Com base
em pesquisas recentes na área de Cognição e Ensino com
alunos de Ensino Médio da rede pública, apresenta‑se uma
nova metodologia de ensino de leitura que visa à melhoria
do desenvolvimento dessa atividade no espaço escolar a
partir da exploração do conhecimento prévio dos alunos, in‑
tegrando esse saber aos saberes envolvidos em sala de aula
para aprendizagem da leitura em língua materna.
Resumo de Paper
Esta pesquisa objetiva analisar o livro didático utilizado
nas aulas de língua inglesa de duas turmas do Programa
Acelera Brasil de uma escola pública do município do Rio
de Janeiro. O Programa consiste em corrigir o fluxo escolar
de alunos multirrepetentes do 3° e 4° anos do ensino funda‑
mental, promovendo‑os ao 6° ano. Através da utilização de
materiais didáticos exclusivos, os discentes têm a oportu‑
nidade de discutir assuntos relativos aos seus contextos so‑
ciais. Além disso, os docentes responsáveis pelas turmas do
Programa participam de reuniões semanais oferecidas pela
Coordenadoria Regional de Educação. Tendo em vista estas
características, dois aspectos merecem atenção: a falta de
diálogo entre os responsáveis pelo Programa e os docentes
de língua inglesa e o livro didático adotado. Diferentemente
do que ocorre com os professores regentes, não há nenhu‑
ma reunião específica com os professores de língua inglesa.
Em relação ao livro didático selecionado, o mesmo não faz
parte do conteúdo especificamente elaborado para os alu‑
nos, pois se trata do livro utilizado pelas turmas do 5° ano do
ensino fundamental, o livro Zip From Zog. A partir destes dois
aspectos, surgiram as seguintes problematizações: a) qual
o papel exercido pelo ensino de língua inglesa no Programa
Acelera Brasil? b) em que aspectos o livro didático adotado se
adequa ao Programa? Utilizaremos, como objeto de estudo
desta pesquisa documental, o próprio material didático Zip
From Zog, investigando‑o a partir da “análise de adequação”
proposta por Cunningsworth (1995). Contaremos também
com Almeida Filho (2009) e sua definição do ensino de lín‑
gua estrangeira como uma tríade “educacional‑cultural‑co‑
municacional”. Com base nos aspectos que motivaram esta
pesquisa, pode‑se apontar a pouca relevância dada ao ensi‑
no de língua inglesa. Além disso, acredita‑se que a utilização
do material didático em questão possibilite o trabalho com
Temas Transversais, trazendo o cotidiano dos alunos para a
sala de aula.
243
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A LÍNGUA QUE DEVE SER
“DOMINADA” RAPIDAMENTE
‑UM ESTUDO SOBRE A LÍNGUA
INGLESA EM DOIS TEXTOS
DA REVISTA VEJA
PATRÍCIA MARA DE CARVALHO COSTA LEITE (UFSJ)
O DESENVOLVIMENTO
DE LETRAMENTOS
CRÍTICOS EM PROJETOS
INTERDISCIPLINARES
NO CONTEXTO
DE ESCOLA PÚBLICA
PAULA ANGÉLICA DA SILVA CAMPOS (ufrj)
Resumo de Paper
Aliado ao discurso do crescimento da necessidade de se
aprender a língua inglesa, percebe‑se um consequente inte‑
resse da mídia em explorar tal assunto, veiculando textos di‑
versos que versam sobre a necessidade de se aprender inglês
(revista Cláudia 2009), a dominação da língua inglesa (revis‑
ta Veja, 2009, 2012), a facilidade e essencialidade da crian‑
ça aprender o idioma (revista Veja, 2007 e revista Educação,
2010), para citar alguns exemplos. O discurso sobre a obriga‑
toriedade do conhecimento da língua inglesa na sociedade
contemporânea apresenta formações discursivas marcadas
por argumentos positivos: inserção no mundo globaliza‑
do, ascensão social, melhores oportunidades, por exemplo.
No entanto, a língua deve ser “dominada” de modo fluente
e rápido. Será isso possível? O objetivo do presente trabalho
é abordar o modo como a língua inglesa é representada so‑
cialmente em dois textos da VEJA: “Yes, nós somos bilíngues”
(2007) e “A corrida pelo domínio da língua” (2009) sob a óti‑
ca de Moscovici (1978), bem como, explicitar possíveis vozes
conflituosas no fio enunciativo. Utilizaremos, pois, autores
como Bauman (2001) que trata do conceito de Modernidade
Líquida, Carmagnani (2008) e Coracini (2007) que estudam
publicidades de escolas de idiomas e Garcia (2011) que estu‑
da a aprendizagem infantil. Uma vez que as representações
sociais orientam condutas e práticas sociais, elas se consti‑
tuem em elementos privilegiados ao estudo dos mecanis‑
mos que influenciam o processo educativo. Assim, o modo
como a língua inglesa é representada pela mídia interfere
tanto no modo como o professor ministrará sua aula quanto
o modo do aluno aprender.
Resumo de Paper
A presente pesquisa pretende investigar as práticas de
multiletramentos envolvidas em projetos interdisciplina‑
res desenvolvidos em escolas públicas participantes do
projeto Práticas de Linguagem em Diferentes Áreas do
Conhecimento na Escola Pública (PLIEP). A análise realizada
baseia‑se na concepção de letramentos críticos e multiletra‑
mentos de Rojo (2009 e 2012) e procura estabelecer diálogos
entre as definições de interdisciplinaridade propostas por
Fazenda (2012) e as concepções de professores de diferen‑
tes áreas do conhecimento participantes do PLIEP acerca da
prática interdisciplinar. O PLIEP conta com a participação de
professores do Programa Interdisciplinar de Pós‑Graduação
em Linguística Aplicada da Universidade Federal do Rio de
Janeiro e professores participantes de três escolas públicas
das redes municipal e estadual do Rio de Janeiro. Além disso,
o projeto promove a formação dos integrantes através de
seis módulos semipresenciais que visa à formação continu‑
ada destes profissionais da educação. Este trabalho é finan‑
ciado pela FAPERJ no âmbito das bolsas de iniciação científica
recebidas pelo PLIEP. A escolha metodológica desta investi‑
gação prevê a realização de entrevistas e observação de pro‑
jetos desenvolvidos em sala de aula que colaborem para o en‑
tendimento das práticas de letramento críticos e multiletra‑
mentos desencadeadas em projetos interdisciplinares; das
expectativas e concepções de professores da escola pública
a respeito destas práticas e dos processos de co‑construção
do conhecimento decorrente dos projetos interdisciplinares
observados. A análise dos dados possibilitará compreender
os multiletramentos desencadeados em projetos interdisci‑
plinares desenvolvidos por professores das escolas públicas
participantes e as concepções destes professores acerca da
interdisciplinaridade de forma a propiciar a reflexão sobre a
prática da interdisciplinaridade como um instrumento efeti‑
vo e, como uma atividade ideológica na esfera escolar.
244
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
SIGNIFICADOS DAS PRÁTICAS
DE LETRAMENTO FORMATIVAS
NA ESFERA ESCOLAR: VOZES DAS
PROFESSORAS PARTICIPANTES
CAMINHANDO RUMO
À AUTONOMIA DO APRENDIZ:
O PROCESSO COLABORATIVO
COMO FERRAMENTA
PAULA BARACAT DE GRANDE (UNICAMP)
PAULA FRANSSINETTI DE MORAIS DANTAS VIEIRA (UFG)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Este trabalho discute práticas de letramento na formação
continuada de professores, situadas na esfera escolar, pela
perspectiva de seus participantes. Como uma pesquisa si‑
tuada na Linguística Aplicada, discuto questões implica‑
das em uma esfera social, no caso, a escola e a formação
do professor, para então refletir sobre uma formação que
contribua para que o professor seja autorizado, legitimado
e valorizado para agir no seu contexto de ação (KLEIMAN;
MARTINS, 2007). Essa posição, dentro da LA e da perspectiva
dos Estudos de Letramento, tem o intuito de compreender o
professor em sua “agentividade e heterogeneidade” (VÓVIO;
DE GRANDE, 2010) ao enfocar as práticas de letramento nas
quais os professores se engajam na formação profissional
que ocorre na escola, e também os seus dizeres sobre essas
práticas. Para isso, acredito que seja necessário conhecer
e discutir tais práticas e situá‑las sócio‑historicamente no
contexto das iniciativas de formação continuada de profes‑
sores. Trago para a apresentação uma parte de análises de
minha pesquisa de doutorado em andamento, cujo objetivo
geral é conhecer e compreender as práticas de letramento
formativas situadas na esfera escolar de professoras de 1º a 5º
ano do Ensino Fundamental de uma escola do interior pau‑
lista. Os dados foram gerados em metodologia qualitativa
de natureza etnográfica por meio de observação participan‑
te em reuniões Hora de Trabalho Pedagógico Coletivo, bem
como em outros eventos formativos de iniciativa da escola
ou da secretaria municipal de ensino. Questionários e entre‑
vistas também são utilizados. As análises discutidas neste
trabalho, que partem da descrição de quais são as práticas
formativas e como estas são compreendidas e ressignifica‑
das pelas professoras em um evento de formação, apontam
para vozes sociais e gêneros mobilizados pelas professoras
diversos daqueles que circulam em cursos acadêmicos: o dis‑
curso de autoajuda e a preocupação com o “como fazer” em
sala de aula.
Este trabalho objetiva apresentar os resultados de uma pes‑
quisa realizada com alunos do terceiro ano do ensino médio
em uma instituição pública de ensino na cidade de Goiânia–
go. Salientar a importância do processo colaborativo como
um dos caminhos que pode conduzir o aprendiz rumo à sua
autonomia é valorizar o eixo que sustenta esta pesquisa.
Para tanto, nos propomos a discutir a cultura de aprender
inglês a partir da visão dos alunos envolvidos nesse processo.
A pesquisa qualitativa é aqui aplicada com a finalidade de se
observar o contexto e, principalmente, de se avaliar o proces‑
so em que ela ocorre, mais que apenas observar o resultado
(BODGAN e BIKLEN, 1998; NUNAN, 1998). O termo ‘cultura de
aprender línguas’ é utilizado por Almeida Filho (1993) e aqui
resgatado ao considerarmos as crenças, os mitos, os pressu‑
postos culturais que afloram da fala e das atitudes dos alu‑
nos ao serem convidados a participar mais efetivamente na
construção de sua aprendizagem através de atividades por
eles sugeridas. O processo colaborativo implica em reeducar
e em reaculturar aqueles que estão envolvidos, uma vez que
os resultados apontam para uma repetição de momentos vi‑
vidos pelos alunos em outros locais de aprendizagem. As ati‑
vidades sugeridas ressaltam a importância ainda atribuída a
exercícios controlados e de cunho estrutural, sendo, portan‑
to, fundamental a discussão aqui proposta sobre o papel do
aprendiz. Para tanto, nos baseamos em autores que tratam
do processo colaborativo (BENSON & VOLER, 1997; BRUFFEE,
1999; FIGUEIREDO, 2006), de pesquisas em sala de aula de
L.E. (ALLWRIGHT & BAILEY, 1991; LIGHTBROWN & SPADA, 1993;
FIGUEIREDO, 1999; SCARCELLA & OXFORD, 1992) e também so‑
bre a cultura de aprender línguas (BARCELOS, 1999, 2004).
245
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
SENTIDOS DE LETRAMENTO
PARA ALUNOS‑PROFESSORES
DE LÍNGUA INGLESA
PAULA KRACKER FRANCESCON (UEL)
Resumo de Paper
Este trabalho relata resultados parciais do projeto de pesqui‑
sa Pensamento Crítico para Ação Transformadora, desenvol‑
vido na Universidade Estadual de Londrina (UEL), sob orien‑
tação da Profa. Dra. Simone Reis. Os dados foram coletados
no início de 2012 com alunos do 2º ano do curso de Letras –
Língua Inglesa. O instrumento de coleta consistiu em um par
de textos sobre os quais os alunos responderam questões a
partir de dois posicionamentos: o de professor e o de leitor.
A análise presente neste trabalho se refere às respostas dos
alunos, na posição de professores, à pergunta que pedia que
eles formulassem questões e/ou proposições para uma aula
de leitura em língua inglesa, tomando como base os textos
oferecidos com o instrumento. As unidades de análise apre‑
sentadas neste trabalho são a cognição (BORG, 2003) e o dis‑
curso (FAIRCLOUGH, 1989; 1992; 2003), conduzidas pela epis‑
temologia construcionista social (SCHWANDT, 2003). O obje‑
tivo das análises é observar as concepções de texto, leitor e
leitura dos alunos‑professores, permitindo que esse estudo
se enquadre na área do letramento.
SABER METALINGUÍSTICO: UMA
ABORDAGEM PSICOLINGUÍSTICA
DA METALINGUAGEM COMO
POSSIBILIDADE DE ELABORAÇÃO
DE MATERIAIS DIDÁTICOS
DE LÍNGUA PORTUGUESA
PAULA REGINA DE ANDRADE LESSA (UFRJ)
Resumo de Paper
O termo “metalinguagem” traz diferentes possibilidades de
abordagem, logo, é necessária uma distinção entre elas no
trato com o termo, devendo‑se distinguir entre a concepção
dos linguistas e dos psicolinguistas (GOMBERT, 1992). Assim,
objetivamos discutir tais abordagens a fim de contribuir
para a melhor difusão da concepção psicolinguística, que se
mostra como uma alternativa de entendimento dos saberes
envolvidos no uso da língua em termos reflexivos e de geren‑
ciamento de saberes para a melhoria de materiais didáticos
de produção textual. Tratando a metalinguagem no sen‑
tido em que os linguistas apontam, lidamos com questões
relacionadas a nomenclaturas e classificação de estruturas.
Portanto, “atividades metalinguísticas são aquelas que to‑
mam a linguagem como objeto não mais enquanto reflexão
vinculada ao próprio processo interativo, mas consciente‑
mente constroem uma metalinguagem sistemática com
a qual falam sobre a língua” (GERALDI, 1995, p. 25). Tal con‑
cepção tem sido largamente utilizada há muito no ensino
de Língua Portuguesa, o que parece limitar o aluno no uso
da norma padrão escrita. Contudo, o termo pode ser com‑
preendido, no que tange à concepção psicolinguística, como
um saber oriundo de reflexões conscientes sobre a lingua‑
gem. Isto é, o saber metalinguístico (como preferimos) diz
respeito ao saber da pessoa acerca da língua por meio da re‑
flexão e ação sobre ela, que envolve os saberes metassintáti‑
co, metatextual, etc. (GOMBERT, 1992; CORRÊA, 2004). Nossa
hipótese é que este saber, contrapondo‑se à sua concepção
classificatória, parece ser mais eficaz no aprimoramento das
habilidades relacionadas à língua escrita em norma padrão
de Língua Portuguesa (LESSA, a sair). Assim, a distinção en‑
tre as concepções do termo “metalinguagem” (linguística e
psicolinguística) mostra‑se importante para se entender as
diferentes possibilidades de abordagem e, também, abrir
portas para metodologias de ensino de língua portuguesa
diversas às tradicionais.
246
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ENGLISH AS A LINGUA FRANCA:
CONFLICTING IDEOLOGIES
EXPRESSED IN AN ACADEMIC
WRITING COURSE
ONLINE FORUMS
PAULA TATIANNE CARRERA SZUNDY (UFRJ)
Resumo de Paper
The fact that the number of those who speaks English as an
additional language is much bigger than the amount of peo‑
ple who speaks it as a mother tongue has raised the devel‑
opment of researches about its status as a global language,
phenomenon addressed as English as a lingua franca (ELF),
English as an international language (EIL) and World English
(WE) (House, 2003; Rajagopalan, 2004; Canagarajah, 2007;
Seidlhofer, 2010; Llurda, 2011; Jenkins, 2012). Taking into con‑
sideration the implication that the role of ELF can have on
language policies, English language teaching (ELT), teacher
education, didactic material development and so forth, the
topic has increasingly gained attention in the field of Applied
Linguistics, where it has been transformed into an arena to
deconstruct crystallized views about the native accent as
a model to be pursued, propose the development of con‑
textualized teaching‑learning approaches in which English
become a tool to value local knowledge and practices and
emphasize a multilingual and multicultural perspective to
ELT. Framed on the conception that future language teach‑
ers need to construct theoretically informed views both
about language and the teaching‑learning processes, this
paper aims at reflecting about the ideologies expressed
by pre‑service English teachers concerning the role of ELF
in the Academic Writing course I teach to undergraduate
students at the Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ).
The corpus is composed of participants’ posts in forums
that integrate the course online component, which will be
analyze in the light of the bakhtinian circle conceptions of
crystallized/behavioral ideologies, authoritative/persuasive
discourse and responsiveness. Additionally, constructs of
the Systemic Functional Linguistics (Halliday, 2004; Eggins,
2004) will be used to comprehend how linguistic choices
related to lexicon, modality and mental processes express
conflicting ideologies.
A PRÁTICA DE FORMULAÇÃO
NA ENTREVISTA
DE PRÉ‑MEDIAÇÃO
FAMILIAR JUDICIAL
PAULO CORTES GAGO (UFJF)
ROBERTO PEROBELLI DE OLIVEIRA (UFS)
Resumo de Paper
Neste trabalho, examinamos o papel profissional de uma
pessoa que atua como uma terceira parte em uma disputa
legal – uma mediadora – na justiça familiar. Especificamente,
investigamos uma determinada ferramenta de comunica‑
ção utilizada pelos mediadores: a prática da formulação,
como descrita originalmente por Garfinkel & Sacks (1970:171),
a prática de “dizer‑em‑forma‑muitos‑palavras o que esta‑
mos fazendo (...)”. Na literatura em Análise da Conversa, ela
é descrita como um método utilizado pelos participantes na
interação para criar inteligibilidade e resolver problemas de
indicialidade no aqui e agora de encontros. Considerando‑se
a entrevista de pré‑mediação um gênero específico de co‑
municação na área e sua importância para o processo de
mediação, analisamos dois casos de mediação com dados
de 2007 (primeiro caso) e de 2008 (segundo caso), em pes‑
quisa qualitativa e interpretativa, com dados reais de fala‑
‑em‑interação, em um tipo de estudo que conta com uma
base de colaboração da mediadora em questão através de
entrevistas e análise de dados conjunta, no quadro teórico
da Análise da Conversa. O estudo de quatro entrevistas (duas
em cada caso, perfazendo um total de 228 minutos de con‑
versa) revelou os seguintes resultados: o mediador formula
sentimentos não ditos das partes, futuras posições possíveis
a serem levadas para a seção conjunta de mediação, acusa‑
ções ocultas, recupera informações anteriores ditas pelas
partes para reabrir tópicos, lida com problemas de compre‑
ensão de partes da conversa, reúne informações durante
narrativas. Estas formulações são divididas em dois grupos:
as que tiram conclusões e tecem implicações do que foi dito,
e aquelas que resumem a conversa ou parte dela. A media‑
ção é uma importante ferramenta de política pública de dis‑
tribuição de oportunidades iguais na sociedade brasileira.
247
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O “FAZER POÉTICO” NOS
LETRAMENTOS VERNACULARES
PAULO ROBERTO ALMEIDA (UEL)
Resumo de Paper
Nesta comunicação pretendo expor a concepção de um pro‑
jeto de pesquisa implementado junto ao curso de Letras da
Universidade Estadual de Londrina sob minha coordenação.
Tomando como referência teórica os conceitos de cultu‑
ra, esta vista como constitutivamente híbrida (cf. Bhabha),
de letramentos (cf. Street, Soares), de gêneros do discurso
(cf. Bakhtin) e a perspectiva de um sujeito “trabalhador” (cf.
Possenti; Certeau), o presente projeto tem como objetivo
coletar produções orais e/ou escritas, em seus mais diferen‑
tes gêneros discursivos, produzidas nas práticas sociais de
letramentos das culturas populares, buscando investigar
nessas produções os modos de um “fazer poético” (“poiéo”‑
do grego =criar, inventar, gerar), ou seja, as táticas no tra‑
balho de um fazer poético de dizer o mundo. A hipótese é de
que um olhar crítico para este “espaço” constitutivamente
heterogêneo, um contexto de letramentos locais ou verna‑
culares, em que estão envolvidos/imersos os sujeitos em
suas vivências cotidianas, possibilitará indiciar nas práticas
de/sobre linguagem não valorizadas e, portanto, pouco in‑
vestigadas, manifestadas sob forma de textos/enunciados
de diferentes gêneros discursivos, a singularidade ou indí‑
cios de autoria de sujeitos falantes, em seu “trabalho” com e
na sua própria língua. O desenvolvimento do projeto visa à
constituição de um corpus com a perspectiva de elaboração
de material didático, buscando contribuir para o ensino de
língua materna.
SENTIDOS E SIGNIFICADOS
ATRIBUÍDOS À RELAÇÃO TEORIA
E PRÁTICA POR PROFESSORES
DE INGLÊS EM FORMAÇÃO
PAULO ROBERTO BOA SORTE SILVA (PUC–SP)
Resumo de Paper
Este trabalho tem o objetivo de analisar os sentidos e sig‑
nificados (VYGOTSKY, 1934/2010; LEONTIEV, 2006; LIBERALI,
2009) atribuídos por professores de inglês em formação ini‑
cial e formação contínua à relação teoria e prática. Trata‑se
de parte dos resultados da pesquisa de doutorado que ana‑
lisa criticamente como os professores de inglês em forma‑
ção entendem a relação teoria e prática para, a partir desse
entendimento, propor possíveis formas de estabelecer essa
relação na ação docente de língua de inglesa. A pesquisa é
qualitativa, caracterizada como estudo de caso (YIN, 2010).
Para a coleta dos sentidos e significados dos professores fo‑
ram utilizados questionários e entrevistas (LAVILLE E DIONE,
1999). Os sentidos e significados têm base na teoria sócio‑
‑histórico‑cultural e, ao serem levados em consideração no
âmbito da formação de professores de inglês, oferecem a
possibilidade de se verificar a presença de eventos psicoló‑
gicos resultantes do contato com o idioma e a cultura dos
países de língua inglesa, bem como do contato com os alu‑
nos, pais dos alunos, formadores e coordenadores pedagó‑
gicos. Essa apropriação está associada às concepções de lin‑
guagem e ensino com as quais esse professor teve contato
ao longo da sua vida, da sua formação e (re)construção da
identidade profissional.
248
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O ESPAÇO DISCURSIVO
DA SALA DE AULA DE LÍNGUA
INGLESA DA ESCOLA
PÚBLICA E OS SIGNIFICADOS
DA NÃO‑INTERAÇÃO ENTRE
PROFESSOR E ALUNO:
UMA QUESTÃO PARA
AS POLÍTICAS LINGUÍSTICAS?
PAULO ROGÉRIO STELLA (UFAL)
Resumo de Paper
Este trabalho discute os resultados parciais de uma pesquisa
com professores e alunos de inglês na escola pública regu‑
lar em Maceió no estado de Alagoas com foco na reflexão
sobre as políticas linguísticas que permeiam as relações de
ensino e aprendizagem. Partimos do pressuposto de que: a)
o foco do ensino de língua estrangeira pertence à “comunica‑
ção dialógica” (BAKHTIN 1988); b) toda posição expressa em
enunciados é carregada de valores circulantes que apontam
para contextos nem sempre comuns entre os interlocutores;
c) todo enunciado é orientado a outros, implicando um jogo
entre alteridade (PONZIO 2010) e identidade. O objeto deste
trabalho é a discussão sobre as representações dos professo‑
res e alunos sobre as aulas de inglês. Volta‑se, primeiramen‑
te, à análise das falas dos professores sobre a língua que en‑
sinam no que se refere à importância do inglês no contexto
da educação no estado, os métodos que utilizam e as ações
em sala de aula. E, em segundo lugar, analisa também as
percepções dos alunos não somente sobre o valor da língua
inglesa na sua formação mas também sobre o que apren‑
dem em suas aulas. Pretendemos trazer à reflexão o fato de
que, apesar de os professores e seus alunos partilharem do
pontos de vista convergentes sobre língua inglesa e ensino,
existe entre ambos um não‑diálogo que interfere diretamen‑
te no processo de ensino‑aprendizagem dessa língua para
ambas as partes observadas. Acreditamos que os resultados
dessa análise podem nos dar subsídios para reflexões sobre
as políticas linguísticas para o ensino de inglês no estado.
POLÍTICAS PÚBLICAS
PARA OS CENTROS
INTERESCOLARES DE LÍNGUAS
DO DISTRITO FEDERAL
PRÍSCILA PATRÍCIA PAIVA MESQUITA (UNB)
Resumo de Paper
É sabido que há carência de políticas públicas especifica‑
mente direcionadas ao ensino de línguas no Brasil, o que não
é diferente na nossa capital. Porém com o advento dos gran‑
des eventos internacionais que nosso país receberá em 2013,
2014 e 2016, houve no Distrito Federal a preocupação em re‑
gulamentar os Centros Interescolares de Línguas (doravan‑
te CIL) que já existem na região a mais de 30 anos, foi cria‑
do no ano de 2012 pela Secretaria de Estado e Educação do
Distrito Federal – SEDF, o Núcleo dos Centros Interescolares
de Línguas – NCIL, que tem a incumbência de em um curto
espaço de tempo regulamentar a ação dos CIL além de criar
novas diretrizes para tais centros. Atualmente o DF conta
com oito CIL, que atendem alunos de escolas públicas ofere‑
cendo cursos de alemão, espanhol, francês, inglês e japonês.
Estes Centros contam com cursos que tem duração de três
a sete anos. O trabalho que o NCIL vem desempenhando de
maneira bem democrática (ao contrário do que costuma ser
feito nas políticas públicas especialmente de educação) ao
longo deste ano está reestruturando os cursos oferecidos
pelos Centros de Línguas, além de alterar a configuração
atual destas escolas com oferecimento de cursos diferentes
dos que vem sendo trabalhados ao longo de todo este tem‑
po. Destarte, este trabalho pretende expor o trabalho reali‑
zado até a data do Congresso pelo NCIL, além de analisar se
as novas Diretrizes apresentadas pelo Núcleo serão eficien‑
tes para os CIL e especialmente para os seus alunos e toda a
comunidade escolar.
249
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O GAME “WORLD
OF WARCRAFT” E A INTERAÇÃO
DOS JOGADORES: O CASO
DO “APORTUGUESAMENTO”
PRISCILHA SANSÃO ALVES DE OLVEIRA (CEFET–MG)
Resumo de Pôster
O game World of Warcraft é um MMORPG (Massive
Multiplayer Online Role‑Playing Game) que combina ele‑
mentos de narrativas, cumprimentos de tarefas, criação
de itens, batalhas e convivência com outros jogadores, em
um ambiente virtual (LEVY, 1999). Atualmente, o WoW pos‑
sui cerca de dez milhões de jogadores no mundo, forman‑
do uma comunidade de diferentes faixas etárias e perfis.
Esses jogadores conhecem e produzem suas próprias re‑
ferências, inclusive na cultura do jogo, e mantêm uma for‑
ma de comunicação específica. Assim, tem‑se a criação de
novo vocabulário e de expressões próprias da comunidade
de jogadores. Entre os jogadores de língua portuguesa, o
processo de “aportuguesamento” de palavras é evidente e
surge da interação dentro de uma comunidade de prática
(WENGER, 1998). Esta pesquisa – de cunho etnográfico – pre‑
tende analisar esse “aportuguesamento” de palavras entre
usuários do game, processo observável nas ferramentas de
chat ou janelas de bate‑papo dos servidores do jogo. A fim
de compreender o processo de formação de palavras por
meio do “aportuguesamento” de termos do jogo (o qual é
originalmente em inglês), realizamos a coleta de dados dos
registros de comunicações escritas nos chats, apoiando‑nos
em questões morfológicas e gramaticais do português, ca‑
racterizando expressões próprias e identificando expressões
idiomáticas exclusivas, bem como relações entre linguagem
e tecnologias. As informações são analisadas de acordo o
aporte teórico em linguística (morfologia e sociolinguística)
e em Wenger (comunidade de prática). Dessa forma, espe‑
ramos obter bons subsídios para contribuir para a discussão
sobre neologismos, estrangeirismos, aportuguesamento e
outras questões linguísticas, especialmente em morfologia
da língua. Ao final da pesquisa, será produzido um glossário
composto pelas expressões utilizadas pelos jogadores de
língua portuguesa, indicando os termos, abreviações e de‑
nominações que os jogadores utilizam frequentemente no
ambiente virtual.
REFLETINDO SOBRE
A OBSERVAÇÃO DE AULA
NARRATIVAMENTE:
HISTORIANDO A EXPERIÊNCIA
DE PROFESSOR‑PARTICIPANTE
E DE PROFESSOR‑PESQUISADOR
RAFAEL BARCELLOS DE MORAES (UFV)
LUNARA DAVID GOLÇALVES (UFV)
Resumo de Paper
Nesta comunicação de Pesquisa Narrativa (CLANDININ &
CONNELLY, 2000), trazemos algumas reflexões e implica‑
ções acerca do processo de observação de aula. A partir de
nossa experiência, como pesquisadores e professores, ao
mesmo tempo participantes e autores da pesquisa, relata‑
mos a trajetória percorrida para a observação de aula em um
contexto de formação de professores de LI. Nossos planos
para esta pesquisa, bem como para a observação de aula,
foram se modificando e se adaptando ao passo que íamos
desenvolvendo o trabalho, aprendendo sobre o processo e
caminhando entre as etapas de observação de aula, a dizer,
a pré‑observação, a observação e a pós‑observação (BAILEY,
2006; SILVA, 2008). Em vias de conclusão, nossas reflexões
nos levam a acreditar que este seja um processo complexo
devido não apenas à natureza histórica, social e cultural que
compõe o processo de observação de aula, mas também
às emoções (ARAGÃO, 2011) e às crenças (BARCELOS, 2004;
GIMENEZ et al., 2000) que o permeiam e que estabelecem o
espaço conversacional (COELHO, 2012) em que participante
e pesquisador se inserem, guiando as ações e os sentidos
construídos nesta experiência.
250
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ESTRATÉGIAS DE VERDADE
EM RELATOS DE VIAGEM
DE LÍNGUA ALEMÃ
RAFAEL CHAVES SANTOS (UFRJ)
Resumo de Pôster
Esta comunicação tratará das estratégias presentes nos dis‑
cursos dos viajantes de língua alemã para apresentar suas
descrições como verdade. Para isso, foram selecionadas as
três principais estratégias presentes nas obras dos viajantes,
na tentativa de dar veracidade as suas palavras. São elas:
(1) quando se faz uso da palavra de outra pessoa, que seria,
segundo o próprio viajante, especialista naquele assunto
tratado; (2) quando um viajante repete a idéia ou mesmo as
palavras de outro (intertextualidade); (3) quando utiliza ex‑
pressões moduladoras ou, ainda, no prefácio ou introdução
de suas obras afirmam que vão relatar somente a verdade.
Esta análise leva em consideração também o fato de que
qualquer trabalho que utilize como fonte o olhar do estran‑
geiro (do outro) deve observar que este olhar também virá
sempre acompanhado de valores pré‑existentes, e que, cer‑
tamente, entrarão em choque com os fatos e pessoas obser‑
vados numa luta dialética que pode se dar no interior de uma
mesma pessoa, e de um mesmo relato. Em outras palavras,
isso decorre porque o “habitante tem vivência comum ao
grupo, mas parcos conhecimentos sobre o todo”, (cf. LEITE,
1997) e o “viajante torna‑se um observador alerta e privilegia‑
do do grupo visitado” (idem) por estar “de fora”, ou seja, não
pertencer diretamente àquele grupo. Entretanto, este olhar
“de fora” não é isento, pois o visitante não é um mero expec‑
tador que assiste as coisas passarem, ele interage com as
pessoas e com o meio e, desta forma, apresenta‑os sua cul‑
tura “civilizada” na sua maneira de agir. Mesmo que ele não
pertença em seu país de origem a uma classe elevada é pos‑
sível que ele se identifique com ela. Dessa interação resulta
uma nova visão por parte do visitante e do visitado. Novas
visões estas que trarão em si traços de ambas as posições,
decorrente deste confronto dialético. O que denominamos
aqui de visões são os significados ideológicos presentes nos
discursos ou na linguagem.
A RESSEMIOTIZAÇÃO
EM PLATAFORMAS
HIPERMODAIS: A REDISCUSSÃO
DE BINARISMOS A PARTIR DOS
TRANSLETRAMENTOS DE FÃS
RAFAEL SALMAZI SACHS (UNICAMP)
Resumo de Paper
A expansão das tecnologias digitais de informação e comu‑
nicação facilitou a combinação e manipulação de diferentes
modalidades em formato digital, consolidando diversas prá‑
ticas discursivas que podem ser definidas como transletra‑
mentos, já que envolvem o atravessamento de diferentes
modalidades, mídias e gêneros na produção de textos multi
e hipermodais. No bojo das culturas de fãs apoiadas por pla‑
taformas de publicação on‑line, essas práticas podem origi‑
nar percursos de ressemiotização em que os usuários con‑
solidam posturas variadas em relação à própria afinidade,
reutilizando criativa e colaborativamente os conteúdos pu‑
blicados pelas corporações de mídia. Dado que a multimo‑
dalidade enseja uma multiplicação e diversificação dos sen‑
tidos, e que tal diversificação tem consequências políticas,
como apontam os estudos sobre hipermodalidade, propu‑
semo‑nos a explorar tais percursos a partir da análise de re‑
des hipermodais constituídas num corpus de posts de fãs do
seriado Glee na plataforma hipermodal Tumblr. Na análise,
reconstituíram‑se os processos de criação e remixagem dos
posts, levantando‑se as operações e saberes semiótico‑dis‑
cursivos agenciados no processo, bem como as alterações
de significados ocorridas em cada etapa e nos diferentes per‑
cursos de leitura das redes hipermodais. Concluiu‑se que, na
prática letrada focalizada, os processos de ressemiotização
podem levar os fãs a novas leituras dos conteúdos disponibi‑
lizados pela franquia, especialmente por meio de travessias
a outros domínios discursivos, permitindo, a partir das ima‑
gens e textos do seriado, a expressão e afirmação de identi‑
dades liminares envolvendo certos binarismos — em espe‑
cial os relacionados (i) à sexualidade, com a representação
de várias nuances do que significa, por exemplo, ser gay; e
(ii) aos papéis/direitos de autores/produtores e leitores/es‑
pectadores, com reflexões metadiscursivas em que os fãs se
colocam como coprodutores dos conteúdos que consomem,
e, portanto, como produsuários.
251
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A COMPETÊNCIA PROFISSIONAL
DOCENTE EM UMA ANÁLISE
MULTIMODAL DE INTERAÇÕES
PROFESSOR/ALUNO
O TEXTO NA TELA:
SINCRETISMO VERBO‑VISUAL
NA PRODUÇÃO DE ESTUDANTES
EM PROJETO HIPERMIDIÁTICO
RAFAELA FETZNER DREY (IFRS)
RAQUEL SALCEDO GOMES (UNISINOS)
Resumo de Paper
Resumo de Pôster
Este estudo teve como objetivo principal analisar quais ele‑
mentos interacionais, vistos sob uma perspectiva multimo‑
dal, permitem observar a emergência de uma competência
profissional docente. Para isso, foram filmadas aulas de
alunas‑professoras do curso de licenciatura em Letras, para
que se analisassem os momentos de interação entre pro‑
fessora/alunos. Com este fim, foi realizada uma análise que
integra elementos discursivos (BRONCKART, 2003), gestuais
(KENDON, 2004) e sequenciais, da fala‑em‑interação, con‑
substanciando uma análise multimodal (GOODWIN, 2000).
Os resultados mais importantes deste estudo apontam três
aspectos: (i) a apresentação de uma metodologia inicial
de análise do trabalho real/concretizado sob a perspectiva
multimodal; (ii) a reflexão sobre um conceito dinâmico de
competência profissional docente; e (iii) a motivação para
repensar o estágio como prática de ensino nos cursos de li‑
cenciatura. Os dados aqui apresentados enfocam o primeiro
deles, especificamente a questão da multimodalidade. Para
a realização desta análise, foi proposto um cruzamento
epistemológico entre os quadros teóricos do Interacionismo
Sociodiscursivo (ISD) (BRONCKART, 2003, 2006), que pro‑
põe uma análise da linguagem como ação social; e da
Sociolinguística Interacional, que prevê análises da intera‑
ção como prática social. A viabilidade deste cruzamento
parece justificar‑se a partir dos estudos sociointeracionistas
de Vygotsky (1939/2005; 1984/2007), que consideram a inte‑
ração professor/alunos um instrumento que altera o desen‑
volvimento do pensamento, mediado pela linguagem – ge‑
rando uma mudança de ação. Os resultados apontam que
a análise sob a perspectiva multimodal pode ser decisiva no
sentido de revelar uma gama maior de elementos interacio‑
nais que permitem inferir a profissionalidade docente como
um processo em constante (re)construção, propiciando re‑
flexões necessárias às mudanças que urgem nas práticas de
ensino propostas atualmente.
Que texto é este produzido na e para a tela do computador?
Quais as implicações de suas especifidades para o ensino de
línguas? Tais questionamentos norteiam a presente pesquisa
de mestrado, que versa sobre o texto sincrético, hibridizador
de diferentes linguagens na tela digital. Objetivamos inves‑
tigar os aspectos verbo‑visuais e discursivos do texto na tela
em atividades pedagógicas de um projeto de trabalho hiper‑
midiático. Como referencial teórico, fundamentamo‑nos em
aportes conceituais e metodológicos de dois projetos distin‑
tos que se debruçam sobre o estudo da linguagem humana:
a Semiótica Discursiva e o Interacionismo Sociodiscursivo
(ISD). A escolha deveu‑se à raiz comum a que se fidelizam
esses dois projetos: a Linguística de Ferdinand de Saussure,
em sua fase atual. A partir da máxima saussuriana de que
o sistema linguístico é forma e tudo nele são relações, pelo
entendimento de que sua apreensão é uma abstração ope‑
racional; conjugamos elementos da Semiótica Discursiva
Plástica e da concepção do agir de linguagem do ISD de
modo a permitir a observação de uma discursividade na tela
do computador, mediante a hibridização entre o verbal e o
visual, que caracterizariam outra concepção de texto. A fim
de subsidiar a verificação empírica de nossa hipótese, desen‑
volvemos um projeto de trabalho, inspirado na Pedagogia
de Projetos, para aulas de inglês em uma turma de 19 alunos
do oitavo ano do Ensino Fundamental da rede municipal de
ensino de Novo Hamburgo. As produções dos estudantes,
blogs elaborados ao longo do projeto, compõem o corpus da
pesquisa. É possível que ocorram, no contexto educacional
em que os textos analisados foram produzidos, letramentos
múltiplos, que não se referem apenas ao desenvolvimento
da habilidade de ler e escrever dentro do sistema linguístico,
mas que envolvem habilidades em outras linguagens, como
a plástica, que passa a desempenhar papéis mais relevantes
na produção e leitura destes textos.
252
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A ETNOGRAFIA
VIRTUAL E OS NOVOS
DESAFIOS LANÇADOS
AO/À PESQUISADOR(A) ONLINE
ESPANHOL PARA
NEGÓCIOS: DESAFIOS
E ESTRATÉGIAS NO ENSINO
SUPERIOR TECNOLÓGICO
RAQUEL SOUZA DE OLIVEIRA (UFRJ)
REGIANE SOUZA CAMARGO MOREIRA (FATEC ‑
GUARATINGUETÁ)
Resumo de Paper
O advento da Internet afetou, de maneira contundente, as
interações entre as pessoas e as formas como elas vêm ence‑
nando as performances de suas intersubjetividades. Em face
disso, vários pesquisadores sublinham a relevância de olhar‑
mos para os contextos virtuais e produzirmos conhecimen‑
to que faça justiça aos efeitos sociodiscursivos engendrados
por essas novas formas de socialização (Hine, 2000 e 2005;
Wittel, 2000; Leander & McKim, 2003; Gimarães Jr, 2005;
dentre outros). Para isso, revisões na tradição de métodos
e teorias das ciências sociais e da área da linguagem vêm se
mostrando imprescindíveis. Neste trabalho, debruço‑me so‑
bre os pressupostos teórico‑metodológicos que orientaram
uma pesquisa etnográfica que realizei em duas comunida‑
des online sobre artrite reumatóide nas redes sociais Orkut e
Facebook. Debato sobre as reconfigurações implementadas
na etnografia à luz dos múltiplos contextos que coexistem
nas redes onde hoje nossas vidas sociais são organizadas.
Novos desafios metodológicos e éticos têm sido lançados
à prática etnográfica em virtude, principalmente, dos usos
que temos feito da Internet. Busco, então, apontar alguns
processos de desestabilização por que determinados princí‑
pios dessa prática investigativa vem passando na atualidade.
Nesta investigação, apresento os contextos virtuais selecio‑
nados para minha pesquisa, discorro sobre minha atuação
como pesquisadora‑participante das comunidades e aponto
os cuidados éticos tomados. Relato, ainda, os desafios por
mim encontrados em meu trabalho de campo que motiva‑
ram o redesenho de minha investigação. As considerações
finais deste estudo apontam que pesquisas efetuadas em
contextos online vêm contribuindo com o exercício de refle‑
xividade acerca de nossos aportes teórico‑metodológicos,
assim como com a deflagração de mudanças em nossas
práticas epistemológicas.
Resumo de Paper
Esta pesquisa, inserida no contexto de Ensino de Línguas
para Fins Específicos, com ênfase em Espanhol para Fins
Específicos, foi conduzida com o objetivo de conhecer as
necessidades de um grupo de alunos do curso superior de
tecnologia em Gestão Empresarial, bem como de professo‑
res que atuam como profissionais dessa área no mercado de
trabalho; saber qual a avaliação dos alunos em relação ao
plano de curso da disciplina de Língua Espanhola e apontar
subsídios que possam contribuir com a reelaboração do pla‑
no de curso da disciplina Espanhol. O aporte teórico referen‑
te à Abordagem de Línguas para Fins Específicos utilizado
neste trabalho focaliza, principalmente, os pressupostos de
Hutchinson e Waters (1987) e Dudley‑Evans e St. John (1998),
entre outros. Os dados foram coletados através dos seguin‑
tes instrumentos: questionários, aplicados aos alunos e aos
professores do curso de Gestão Empresarial; entrevistas se‑
mi‑estruturadas com alunos e professores que atuam como
gestores e fazem uso do espanhol no mercado profissional, e
também com a coordenadora do curso; e documentos sobre
o curso de Gestão Empresarial. Este estudo justifica‑se pela
importância da língua espanhola para a formação profissio‑
nal dos estudantes de tecnologia em Gestão Empresarial.
Os resultados desta pesquisa deverão ser utilizados como
subsídios para propostas futuras de adequação do plano
de curso da disciplina Espanhol, atualmente oferecida a
esses alunos.
253
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O INTÉRPRETE DE LÍNGUA
DE SINAIS NO ENSINO
DA LÍNGUA ESTRANGEIRA
REJANE CRISTINA DE CARVALHO BRITO (UNIMONTES)
Resumo de Paper
Este trabalho é um recorte da pesquisa para doutoramen‑
to em andamento na Universidade Estadual de Campinas
(UNICAMP). Nosso estudo tem como tema a situação do
intérprete de língua de sinais inserido na educação regular
para atender o público surdo nas escolas inclusivas, de for‑
ma específica em relação ao ensino de línguas. Trata‑se de
um contexto especial no grande cenário do ensino da língua
estrangeira por ter características específicas (como sala
de aula mista: alunos surdos e ouvintes) que o diferem do
ensino regular comumente conhecido. O objetivo é proble‑
matizar a situação do intérprete de libras (língua brasileira
de sinais) na aula de ensino de línguas estrangeiras. Neste
recorte, trazemos as representações do intérprete sobre a
sua função na inclusão de alunos surdos em relação ao en‑
sino nas escolas regulares. Percebemos que a relação entre
os discursos e a memória/história permite ver a identidade
do intérprete de língua de sinais como não acabada e (trans)
formada na várias práticas de subjetivação, nos significados
sócio‑histórico‑culturais materializados nos dizeres sobre
o que é ser intérprete, o que é interpretar, nos reflexos in‑
clusivos, educacionais e sociais que envolvem a inclusão de
alunos surdos no ensino regular. Apresentamos uma breve
análise discursiva de recortes das entrevistas (orais) com in‑
térpretes de língua de sinais realizadas nos estados de São
Paulo e Minas Gerais. Em nossas análises, seguimos a pers‑
pectiva discursiva desconstrutivista apoiada em autores
como Foucault e Derrida e em algumas noções da psicaná‑
lise freudo‑lacaniana. Como considerações tecidas a partir
das nossas análises, percebemos no dizer dos intérpretes
algumas regularidades e representações acerca da função
do intérprete como complemento do corpo do surdo, auxí‑
lio pedagógico, formador social do aluno, mediador familiar,
professor e pessoa ocupante de um novo e outro lugar entre
a “normalidade” e “anormalidade” na sala de aula.
APRENDER A ENSINAR
INGLÊS EM ESCOLAS
PÚBLICAS DO INTERIOR:
O ACONSELHAMENTO
LINGUAGEIRO COMO
FORMA DE INTERVENÇÃO
E FORMAÇÃO DOCENTE
REJANE SANTOS NONATO (UFPA)
Resumo de Paper
Ensinar Língua Estrangeira (LE) em escolas públicas do in‑
terior é uma tarefa muito difícil, uma vez que as condições
de trabalho são extremamente precárias. Por outro lado, se‑
gundo Paiva (1997), o ideal seria que o professor de LE tivesse
bom domínio do idioma, sólida formação pedagógica, além
é claro de uma aguçada consciência política. Dessa forma,
entendendo a necessidade de qualificação profissional dos
professores de LE e as remotas condições de oferta de forma‑
ção continuada para professores de LE de escolas públicas de
cidades do interior é que pensamos uma forma de interven‑
ção e formação que visa conhecer melhor esse profissional
tantas vezes desvalorizado e incentivá‑lo a buscar sua auto‑
nomização e consequentemente a melhoria de sua prática
docente. Para tanto, nos utilizamos do aconselhamento
linguageiro que é um novo campo de pesquisa, que pode
exercer grande influência no processo de ensino‑aprendi‑
zagem, apoiando as ações desenvolvidas em sala de aula
(GARDNER; MILLER, 1999; MOZZON‑McPHERSON, 2007; RILEY,
1997). A metodologia de pesquisa adotada enquadra‑se no
método de pesquisa qualitativa. A sequência de procedi‑
mentos apóia‑se no projeto coordenado por MAGNO E SILVA
desenvolvido na UFPA, no qual primeiramente, analisa‑se a
experiência pessoal de aprendizagem de LE do aconselhado
e identifica‑se uma área de preocupação pessoal; em segui‑
da, planeja‑se pró‑ativamente, visando a área de preocu‑
pação pessoal; o terceiro passo é exercer uma intervenção
monitorada, agindo e refletindo, coletando e analisando
informações por meio de observação, notas de campo, nar‑
rativas, checklists de avaliação, questionários etc.; por fim,
como última etapa, dá‑se a avaliação e o replanejamento,
levantando os pontos positivos e negativos da intervenção,
planejando uma nova intervenção para o mesmo problema
ou, se ele estiver resolvido, procura‑se identificar um novo
problema e recomeçar o ciclo.
254
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
CIÊNCIAS SEM FRONTEIRAS
E LÍNGUAS SEM FRONTEIRAS:
QUE FRONTEIRAS RESTAM
PARA O SER DE LINGUAGEM
CONTEMPORÂNEO?
PRODUÇÃO ORAL PARA
O EXAME TOEFL IBT:
A PERCEPÇÃO DE ALUNOS
EM AULAS PARTICULARES
RENATA MENDES SIMOES (PUC–SP)
RENATA ARCHANJO (UFRN)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
A oportunidade aberta pela temática proposta neste 10º
CBLA para discutir política e políticas linguísticas acontece
em um momento social de extrema complexidade para o
ser de linguagem contemporâneo. Em meio à globalização
das práticas sociais, à homogeneização da cultura de mas‑
sa, e aos novos modelos de relações sociais fluidas e fugazes,
o sujeito social procura seu lugar no mundo, sua identida‑
de as quais estão cada vez mais hibridizadas e mestiçadas.
Tal panorama característico do mundo da vida não deixa de
ser replicado no mundo da arte, da cultura, e, portanto, da
produção do conhecimento. As políticas linguísticas, que
em si nos sinalizam para o modo como usamos a linguagem
na mediação de nossas práticas sociais, ao se tornarem po‑
liticas de hibridização podem contribuir, em um primeiro
momento para escapar da lógica da homogeneização do
mundo, conforme nos esclarece Garcia Canclini (2001). Se a
educação é um espaço político para promover o multilin‑
guismo faz‑se necessário analisar as ações sociais e políti‑
cas que tentam promover a democratização do acesso aos
bens culturais. Assim, este estudo tem por objetivo discutir
o programa governamental brasileiro intitulado Ciências
sem Fronteiras, que em seu bojo desencadeou o programa
linguístico Línguas sem Fronteiras, com base nos discursos
dos documentos oficiais e de artigos na mídia impressa de
reações à essas iniciativas, problematizando a formação lin‑
guística pensada para promover a ascensão social desejada
no contexto da sociedade contemporânea.
Como professora de inglês em aulas particulares, minha pre‑
ocupação pedagógica tem se voltado para o preparo de alu‑
nos que pretendem prestar o exame de proficiência em inglês
TOEFL iBT (Test of English as a Foreign Language – Internet
Based Test). Apesar da ampla oferta de livros e cursos em es‑
colas de idiomas voltados para a preparação do exame TOEFL
iBT, ainda é escassa a literatura sobre ensino‑aprendizagem
para preparação desse exame em aulas individuais. Nesse
sentido, Ramos (2008, p.75–77) alerta para as diferentes
necessidades de cursos voltados para áreas específicas, cor‑
roborando a noção aqui apresentada da importância de um
curso focado especificamente nas necessidades para o exa‑
me TOEFL iBT. Assim, emergiu a necessidade de se investigar
como o aluno se sente ao final do curso elaborado por esta
pesquisadora e adaptado para cada novo aluno, em relação
à sua habilidade de produção oral no exame. Este trabalho
pretende investigar as percepções de aprendizagem dos alu‑
nos em contextos individuais de aula. Para tanto, serão uti‑
lizados os seguintes procedimentos metodológicos: análise
do material elaborado para o curso; aplicação de questioná‑
rios fechados a 8 alunos no início e no final do curso; obser‑
vações de aulas e anotações de campo. O referencial teórico
deste trabalho engloba os seguintes conceitos: ensino base‑
ado em tarefa, como proposto por Swain (2000), Ellis (2000),
e Nunan (2004); elaboração de material didático com base
em Hutchinson e Waters (1987), Dudley Evans e St. John
(1998), e Tomlinson (2001); e análise de necessidades como
proposta por Hutchinson e Waters (1987), Dudley‑Evans e St.
John (1998) e Long (2005). Com base nesse tripé, espera‑se
apontar diretrizes que possam contribuir para o contexto
individual de ensino‑aprendizagem, especialmente com re‑
lação às necessidades específicas de produção oral para o
exame TOEFL iBT, uma vez que esse é um campo carente de
estudos aprofundados.
255
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A (NÃO) IMPLICAÇÃO
NA LINGUÍSTICA APLICADA:
O PROFESSOR DE LÍNGUA
INGLESA E SUA RELAÇÃO
POLÍTICA COM ESSA LÍNGUA
RENATA NASCIMENTO SALGADO (UFMG)
Resumo de Paper
O entendimento sobre a implicação, ou não, de professo‑
res de Línguas Estrangeiras (LEs) – em especial, de Língua
Inglesa (LI), com questões que transcendam as discussões
de políticas linguísticas, adentrando em aspectos ligados ao
papel do linguista aplicado, visto, também, como um agen‑
te politizante, sugere a desconsideracão de fatores relacio‑
nados tanto aos processos identitários quanto aos proces‑
sos identificatórios desses sujeitos. Frente a este quadro, eis
que algumas perguntas norteadoras são pontuadas: como
o professor de LE – em especial, de LI, se vê na sua relação
com a língua que fala e que ensina (língua esta que tem uma
“penetração política acentuada” (MARIANI, 2007))? Ao narrar
sua trajetória profissional, de que forma, e quando, o pro‑
fessor fala sobre sua percepção e seu engajamento nessa
relação política com a LI e, se não fala, como essa ausência
de relato pode ser interpretada/analisada? Com o intuito de
respondê‑las, o presente estudo procura, através de dizeres
de professores de LE, entrevistados durante a pesquisa de
Doutorado em andamento desenvolvida na Faculdade de
Letras da UFMG, analisar os discursos que retratam/relatam
aspectos sociais, históricos, ideológicos e políticos focados
na LI, tendo como referencial teórico teorias do discurso atra‑
vessadas por conceitos da psicanálise freudo‑lacaniana. Por
meio da análise discursiva inspirada nas considerações de
Foucault ([1983–84]2011) sobre a ‘prática da parresia’, proble‑
matizando‑a com a escuta psicanalítica, aborda‑se o ponto
de vista desses professores por via das identificações que ex‑
perimentam nas suas trajetórias e escolhas profissionais no
que se refere ao seu papel como professor de LE e, ao mesmo
tempo, à sua implicação com a língua que o constitui profis‑
sionalmente. Ademais, considera‑se também o conceito de
implicação na elaboração de Monceau (2008), para o qual
não existe análise da implicação na profissão sem o (O)ou‑
tro – o inconsciente (LACAN, 1998) – como referência.
ESP NA EAD: REPENSANDO
AS NECESSIDADES DOS ALUNOS
DE LICENCIATURA EM QUÍMICA
RENATA RIBEIRO GUIMARÃES (IFRJ/UFF/CAPES)
Resumo de Paper
O presente trabalho teve como objetivo repensar as neces‑
sidades dos alunos e as demandas do currículo de um cur‑
so de Licenciatura em Química na modalidade a distância
(EaD), no que diz respeito à disciplina “inglês para fins espe‑
cíficos” (ou ESP), disciplina essa obrigatória para os alunos
no primeiro período do curso. Para atingir tal objetivo, foi
necessário: entrevistar tutores presenciais e alunos, con‑
tabilizar os dados coletados e analisar as sugestões dadas
quanto aos temas e gêneros textuais relevantes e que deve‑
riam ser parte do material didático. Além disso, para emba‑
sar os procedimentos da pesquisa, trabalhamos de acordo
com alguns dos principais referenciais teóricos das áreas de
ensino‑aprendizagem de inglês, inglês para fins específicos,
leitura, gêneros textuais e análise de necessidades, a sa‑
ber: Goodman (1967), Kaufman (1985), Hutchinson; Waters
(1987), Swales (1990), Johns (1991), Bhatia (1993), Long (1996),
Dudley‑Evans; St. John (1998), Stewart; Cuffman (1998),
Martin (2000), Paltridge (2001), Bakhtin (2003), Marcuschi
(2003), Ramos (2004), Basturkmen (2006), Costa (2008),
Motta‑Roth (2008), Songhori (2008), Cristóvão (2010) e
Vereza (2005; 2011). Por fim, vale ressaltar também que a
importância do trabalho está na possibilidade de propor‑
cionar aos alunos uma participação mais bem sucedida em
ambientes profissionais e acadêmicos por meio da leitura de
textos, em língua inglesa, pertinentes para os mesmos.
256
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O ENSINO DE INGLÊS
NO CONTEXTO ESCOLAR:
POLÍTICAS, PRÁTICAS
E IDENTIDADES PROFISSIONAIS
REESCRITA E REVISÃO DE TEXTO:
UMA PRÁTICA NECESSÁRIA
NA FORMAÇÃO DOCENTE
RISOLEIDE ROSA FREIRE DE OLIVEIRA (UERN)
RICARDO LUIZ TEIXEIRA DE ALMEIDA (UFF)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
A presente investigação tem por objetivo discutir políticas
governamentais para o ensino de Inglês como língua es‑
trangeira nas escolas brasileiras, em relação com as práticas
e identidades desenvolvidas por professores trabalhando
nesse contexto. Partindo de uma análise histórica das prá‑
ticas, propostas e políticas educacionais desde a segunda
metade do século passado, pretendemos avaliar o impacto
de documentos oficiais, como os Parâmetros Curriculares
Nacionais, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio
e os editais do Programa Nacional do Livro Didático – Língua
Estrangeira, sobre o processo de ensino de Inglês no Brasil.
Dentre os documentos citados, daremos atenção especial
às Orientações Curriculares para o Ensino Médio, que serão
interpretadas à luz dos procedimentos da Análise Crítica do
Discurso (CHOULIARAKI & FAIRCLOUGH, 1999; FAIRCLOUGH,
2003), visando à explicação dos efeitos de sentidos evocados
por seu texto. O foco maior nesse documento justifica‑se
pelo fato de ele aparentemente sinalizar, pela primeira vez,
uma mudança de rumos nas políticas oficiais em relação
àquilo que era preconizado pelos Parâmetros Curriculares
Nacionais. A tensão entre resistência e desejo de mudança,
bem como entre as identidades do professor como educador
ou instrutor (ASSIS‑PETERSON, 2003) subjaz essa análise, que
também tenta apontar caminhos possíveis para o futuro de
nossa profissão nas escolas regulares.
Este estudo tem como objetivo contribuir com um problema
recorrente na esfera universitária: as dificuldades na escri‑
ta dos gêneros acadêmicos. Com o propósito de colaborar
para a solução dessa problemática na formação docente,
propõe‑se um trabalho conjunto de reescrita e revisão de
texto nas disciplinas Metodologia do Trabalho Científico e
Produção Textual, ministradas no primeiro período da gra‑
duação, uma vez que elas têm como finalidade orientar os
alunos no início de sua trajetória acadêmica. Para tanto,
destaca a necessidade de uma efetiva prática de escrita
e revisão textual nessas disciplinas, subsidiada na teoria/
análise dialógica do discurso do Círculo de Bakhtin. A pes‑
quisa conta com a participação dos professores das referi‑
das disciplinas e de um grupo constituído de 20 alunos do
curso de Letras, da UERN, Núcleo de Macau. A metodologia
inclui, além da aplicação de questionários a professores e
alunos, a análise das várias versões de gêneros acadêmicos
produzidos pelos alunos no processo de escrita. Os achados
iniciais da pesquisa demonstram que a prática de revisão de
textos na escritura de gêneros acadêmicos, especialmente
por parte dos alunos que apresentam dificuldades de ordem
linguística e discursiva, é bastante produtiva, pois estimula
a autonomia no desenvolvimento de diferentes gêneros dis‑
cursivos exigidos no âmbito universitário ao longo da forma‑
ção de professores.
257
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O ETHOS ESPECULAR DE ALUNOS
E PROFESSORES EM SITUAÇÕES
DE CONFRONTO NO ENSINO
DE LÍNGUA PORTUGUESA
RITA DE CÁSSIA SOUTO MAIOR SIQUEIRA LIMA (UFAL)
Resumo de Paper
As imagens de si depreendidas nas situações interacionais e
na reflexão sobre os significados das ações de linguagem são
problematizadas com dados de uma pesquisa‑ação (BARBIER,
2006), provenientes do curso de Leitura e Produção em
Língua Portuguesa do projeto “Ensino/ Aprendizagem de
Línguas em Comunidades de Maceió” (PROEX/FALE/UFAL),
objetivando refletir acerca do Ethos Especular (SOUTO MAIOR,
2009, 2011) e das relações dialógicas (BAKHTIN, 2003) em
contexto de ensino/aprendizagem. Na seleção de análise,
apresento momentos de tensão interacional em sala que
respondem à construção do ethos especular dos sujeitos ali
envolvidos. É possível observar essa constituição através de
estratégias linguístico‑discursivas, na relação simbólica do
poder estabelecida. Nesse sentido, segundo Bakhtin (2003,
p.225), as relações dialógicas refletem e refratam intenções
discursivas dos sujeitos e são elementos fundamentais para
a reestruturação das ideologias vigentes (BAKTHIN, 2003).
Compreendemos, com a análise, que as estratégias utiliza‑
das pelos sujeitos nas práticas sociais funcionam como me‑
canismos de Discursos Envolventes (SOUTO MAIOR, 2012) na
constituição de suas subjetividades pelo fenômeno do Ethos
Especular e que a observação desse acontecimento promo‑
ve a reflexão sobre os elementos que compõem o momento
de ensino, proporcionando, assim, novos desdobramentos
nas pesquisas e na atuação do professor em formação.
PROFICIÊNCIA EM LEITURA
NO ENSINO MÉDIO: UMA
ANÁLISE DE ATIVIDADES QUE
CONTEMPLAM HABILIDADES
COM RENDIMENTO
INSATISFATÓRIO NO SARESP
RITA ROBERTA MARIOTO (UNITAU)
Resumo de Paper
O desenvolvimento de habilidades de leitura e trabalho
com gêneros textuais voltados aos alunos do Ensino Médio
paulista tematizam este trabalho, pois se trata de alunos
concluintes, que estão prestes a atuar em vários níveis da
sociedade. O presente estudo traz como questionamento
o processo de desenvolvimento dos procedimentos didáti‑
cos voltados para a formação da proficiência leitora desses
alunos. O estudo se justifica pela necessidade de se dedicar
uma atenção específica à abordagem dos materiais didáti‑
cos, para se delinear, a partir das atividades e exercícios rea‑
lizados pelos alunos, como o tema é desenvolvido na prática.
O objetivo é oferecer uma análise reflexiva sobre os procedi‑
mentos didáticos que medeiam o trabalho com habilidades
de leitura e gêneros discursivos. A metodologia de trabalho
foi a pesquisa bibliográfica, realizada no Caderno do Aluno
de Língua Portuguesa, material didático oficial, distribuído
pela Secretaria de Educação de São Paulo para os três anos
do Ensino Médio. Primeiramente, foram selecionadas, a par‑
tir dos dados disponibilizados pelo Relatório Pedagógico do
Saresp 2010, as três habilidades de leitura do nível adequado
obtiveram menor porcentagem de acertos. Em seguida, fo‑
ram observados os exercícios e atividades que desenvolvem
tais habilidades no Caderno do Aluno, considerando‑se os
critérios de frequência, clareza do comando, contextuali‑
zação e nível de dificuldade. A fundamentação para o tra‑
balho alicerça‑se na Matriz de Referência do Saresp (2009)
e no Relatório do Saresp (2010), bem como nos conceitos
de gênero discursivos de Bakhtin (1998). O estudo concluiu
que, quanto aos gêneros discursivos, as atividades atuam de
forma a valorizar sua diversidade; quanto às atividades refe‑
rentes às habilidades de leitura, verificou‑se a necessidade
de revisão de exercícios e da articulação de conteúdos que
agem como pré‑requisitos para a resolução das questões,
com vistas ao melhor desenvolvimento da habilidade.
258
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
TEXTUALIZAÇÃO COMO
PRINCÍPIO METODOLÓGICO
NO ENSINO DE LITERATURAS
DE LÍNGUA INGLESA
ROBERTO BEZERRA DA SILVA (UFS)
Resumo de Paper
Concepções de inspiração pós‑estruturalista convergem
para uma compreensão relacional da textualidade, na medi‑
da em que a concebem como processo engendrado por sujei‑
tos historicamente situados em relação co‑constitutiva com
a linguagem, de forma que os sentidos sejam entendidos
como construção resultante da ação humana no meio sim‑
bólico em tensão dialética com a realidade. Tais concepções,
por um lado, afastam‑se da tradição fortemente arraigada
de valorização das leituras autorizadas e, no caso da litera‑
tura, da hegemonia do cânone e da crítica; por outro, põem
em relevo a figura do(a) leitor(a) e a instância da recepção
como espaço privilegiado que então se abre para a dimensão
afetiva, as histórias e memórias de leituras, suas idiossincra‑
sias, a fruição e o prazer, convidando à reflexão acerca das
práticas leitoras institucionalizadas pela educação formal.
Nesse contexto, este estudo discute possibilidades de ação
pedagógica no ensino de literaturas de língua inglesa em um
curso de Letras, tomando a noção de textualização como
princípio para a construção de eventos de interpretação li‑
terária que se harmonizem com a perspectiva pós‑estrutu‑
ralista. Outrossim, busca alinhar tal princípio com os ideais
de formação crítica e formação cidadã, indagando sobre os
pressupostos ideológicos e o sentido político imaginados
para tais eventos.
UMA PROPOSTA
DE DESENVOLVIMENTO
DE TAREFAS PARA A PRÁTICA
DA HABILIDADE ORAL
DE ALUNOS CURSANTES
DAS SÉRIES FINAIS
DO ENSINO FUNDAMENTAL
DE ESCOLA PÚBLICA
ROBSON PAES PINA FERNANDES (UERJ)
Resumo de Pôster
Esta comunicação visa a apresentar resultados preliminares
de uma pesquisa, na qual se busca desenvolver tarefas vol‑
tados para a habilidade oral de alunos cursantes das séries
finais do Ensino Fundamental de Escola Pública. A pesquisa
se justifica, pois há pouco ou nenhum foco no desenvolvi‑
mento dessa habilidade na escola pública. A pesquisa está
alicerçada teoricamente pelos estudos de ALMEIDA FILHO
(1993), LITTLEWOOD (1995), WILLIS (1996), NUNAN (2004),
TOMLINSON (2004). Do ponto de vista metodológico, o es‑
tudo se pauta pelos parâmetros da pesquisa qualitativa.
A pesquisa está sendo realizada em três diferentes escolas
públicas localizadas na região metropolitana do estado do
Rio de Janeiro. Os primeiros resultados revelam que não
existe qualquer preocupação por parte dos professores em
fornecer oportunidades para que os alunos desenvolvam a
habilidade oral. No presente estágio, algum material basea‑
do no conceito de tarefa já foi desenvolvido e será, em breve,
pilotado nas turmas observadas.
259
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O LETRAMENTO CRÍTICO
E O ENSINO DE INGLÊS:
REFLEXÕES SOBRE
A PRÁTICA DO PROFESSOR
EM FORMAÇÃO CONTINUADA
RODOLFO RODRIGUES PEREIRA DOS SANTOS (UFAL)
Resumo de Paper
Sempre que apresentados às discussões que envolvem
propostas de ensino dentro das concepções teóricas do le‑
tramento crítico e multiletramentos no ensino de língua
adicional – Inglês, uma questão primária surge como tôni‑
ca colocada pelo professor em formação acadêmica ou for‑
mação continuada: o que o letramento, particularmente o
“crítico” tem haver com o seu fazer prático em sala de aula?
Este questionamento parece‑me ter fortes implicações não
somente em relação à própria preocupação do professor
em querer saber como tal abordagem o ajudará a melhorar
sua prática, como também parece apontar para a discussão
do ensino de língua Inglesa, ainda divido entre o desenvol‑
vimento de habilidades e competências necessárias à vida
escolar e a necessidade de, através da aprendizagem dessa
língua, desenvolver a consciência do sujeito para que ele
possa posicionar‑se criticamente contra as forças de opres‑
são e dominação operantes na sociedade pós‑modernização.
Acredito ser esta última necessidade o local em que o debate
sobre o ensino de língua adicional, dentro da abordagem do
letramento crítico, ganha terreno e aponta para a emergên‑
cia de práticas de ensino que objetivem não somente à cons‑
trução das habilidades linguísticas dos sujeitos aprendizes,
mas também a formação de cidadãos mais críticos e cons‑
cientes socialmente. Por esta razão a formação do professor,
seja ela acadêmica ou continuada, não deve ser vista alheia
à discussão teórica do letramento crítico e ao cotejo dos di‑
álogos relacionados à prática e sua reflexão. Neste trabalho,
procuro demonstrar como experiências desenvolvidas den‑
tro de um projeto de formação continuada para professores
de língua adicional vêm contribuindo para a prática do pro‑
fessor em sala de aula. Por fim, apresento a análise de uma
atividade desenvolvida por uma das professoras envolvidas
no projeto, com o objetivo de proporcionar como é possível
desenvolver práticas de ensino dentro da abordagem do le‑
tramento crítico nas aulas de línguas.
SENTIMENTOS E CRENÇAS
NA PAISAGEM DE ENSINO
DE PROFESSORES/TUTORES
RODRIGO CAMARGO ARAGÃO (UESC/IAT)
Resumo de Paper
Esta comunicação apresenta recortes de uma pesquisa com
tutores de um curso de Letras a distância. Buscou‑se com
este estudo, inserido em um programa de formação de pro‑
fessores, comparar como o tutor do curso de Letras repre‑
senta sua prática pedagógica em contraste com sua ativida‑
de docente na educação básica. A partir da pesquisa narra‑
tiva (Clandinin e Connely, 2000); da pesquisa sobre crenças
e emoções (Barcelos, 2006; Aragão, 2011); e de imagens que
representam sua prática (Aragão, 2008); foram analisados
documentos da pesquisa que retratam a trajetória pessoal e
profissional de oito tutores, bem como a maneira como es‑
tes acreditam e sentem sua pedagogia com o uso intensifica‑
do das tecnologias da informação e comunicação. Durante a
investigação, buscou‑se responder perguntas como: O que
significa ser tutor? Como você se sente durante as atividades
de tutoria? Como você compara sua atividade de tutor da ati‑
vidade de professor do ensino médio? Qual sua relação com
as novas tecnologias na tutoria e na escola? Questões sobre
as crenças e os sentimentos desta nova figura da educação
superior são comparadas com outro momento do ensino de
línguas em que a identidade da profissão se via em processo
de construção (Leffa, 1999, 2000). Comparações no âmbito
teórico/prático são avançadas acerca da identidade do tutor
com aquela representada por um momento do ensino de lín‑
guas no Brasil. Assim também, refletimos sobre a situação
das políticas públicas atuais no campo de formação de pro‑
fessores à luz dos resultados desta pesquisa.
260
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
VISUALIDADE E ESCRITA:
TIPOGRAFIA, PRODUÇÃO
TEXTUAL E LEITURA CRÍTICA
BRASIL SEM MISÉRIA E RIO + 20:
ANÁLISE CRÍTICA DO DISCURSO
DE COMBATE À POBREZA
RODRIGO ESTEVES DE LIMA LOPES (UFPB)
RODRIGO SLAMA RIBAS (UFRN)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Este artigo tem por objetivo estabelecer uma discussão so‑
bre as potencialidades significativas da tipografia. É minha
preocupação em entender melhor o fenômeno da escrita
tipográfica mecanizada, discutindo‑a enquanto tecnologia
essencial para peodução e leitura de textos, tanto impressos
como digitais. Esse suporte de produção sempre foi relevan‑
te para o uso da linguagem escrita — uma vez que a esma‑
gadora maioria do que lemos é impresso e, por conseguinte,
utiliza a tipografia na base de sua constituição enquanto
mensagem – e ganhou cores especiais depois do nascimen‑
to da tipografia digital. Apesar de naturalizada, ora pelo
hábito, ora pelas convenções sociais ou ainda pelas possi‑
bilidades tecnológicas do meio (MCLUHAN, 1962; 1994), as
escolhas tipográficas desempenham um papel importante
na materialização da linguagem escrita. Logo, acredito ser
simplista imaginar que elas teriam um papel apenas secun‑
dário na construção semiótica do signo linguístico escrito.
De forma a cumprir tal objetivo, ele parte dos estudos mul‑
timodais de análise da lin‑guagem e de estudos do design ti‑
pográfico para estabelecer as relações funcionais que essas
escolhas possuem.
O discurso de combate à pobreza é universal. No Rio +
20, como popularmente foi conhecida a Conferência da
Organização das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento
Sustentável (CNUDS) realizada no primeiro semestre de 2012
no Brasil, gerou um documento que, dente questões relacio‑
nadas à preservação ambiental, pressupõe o combate à po‑
breza, a exemplo dos Oito Jeitos para Mudar o Mundo, tam‑
bém da ONU. Outro lócus de materialização deste tipo de dis‑
curso é o Governo da República Federativa do Brasil, liderado
por Dilma Rousseff, PT, que em sua plataforma de governo,
ainda na campanha, privilegiava a erradicação/diminuição
da miséria em nosso país, refletido no slogan de seu gover‑
no, Pais pobre é país sem miséria. A partir destes postulados,
este trabalho, ancorado pela Análise Crítica do Discurso, de
acordo com van Dijk (2008), Fairclough (1992[2008], 2006),
e Pedrosa (2008, 2012a, 2012b) – a última, que fundamen‑
ta a Abordagem Sociológica e Comunicacional do Discurso
(ASCD) –tem por objetivo promover uma reflexão crítica
acerca do discurso sobre a pobreza do governo federal, pre‑
sente no site institucional Brasil sem miséria, especifica‑
mente no texto intitulado Paraibanos recebem assistência
técnica para produzir no campo, publicado em março de
2012, que será comparado, brevemente, ao texto da Rio + 20.
Assim, caminharemos com os que se preocupam em analisar
criticamente as idiossincrasias sociais manifestas no discur‑
so. Ainda, é importante dizer que este trabalho faz parte de
uma dissertação em andamento, previamente intitulada de
A RE(A)PRESENTAÇÃO DA POBREZA BRASILEIRA: Análise crítica
dos discursos do governo, da CUFA e da Veja, que se preocu‑
pa com a construção discursiva dos pobres pelo Governo
Federal, por uma ONG, e por um veículo representante da
mídia de massa.
261
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
“O BURRO NÃO SABE LÊ” –
LETRAMENTOS DE NEGRITUDES
EM PONTOS DE JONGO
ROGÉRIA COSTA DE PAULA (USS ‑ UNIVERSIDADE
SEVERINO SOMBRA)
REPENSANDO A ABORDAGEM
COMUNICATIVA:
MULTILETRAMENTOS EM UMA
ABORDAGEM CONSCIENTE
E CONSCIENTIZADORA
ROGÉRIO CASANOVAS TILIO (UFRJ)
Resumo de Paper
Tendo como pressuposto que as negritudes, situadas em
contextos de diáspora africana, constituíram significações
sobre o mundo social e sobre elas próprias por meio de jo‑
gos de linguagem, fluxos de identificações, apropriações e
performances que são históricas e que atravessaram a his‑
tória, este trabalho investiga os letramentos das chamadas
minorias sociais e das culturas locais na região centro‑sul
fluminense. A pesquisa está abalizada em epistemolo‑
gias descolonizadoras (MIGNOLO, 2008, CASTRO‑GÓMEZ e
GROSFOGUEL, 2007, QUIJANO, 2002, SANTOS, 2001) e contesta
visões tradicionais de letramento que têm servido para que
negritudes sejam posicionadas como iletradas. Traz à bai‑
la uma perspectiva em que a linguagem é entendida como
performativa, ou seja, instauradora de realidades sociais.
Dessa forma, interpreta os modos de significar pelos quais
as negritudes desenvolveram um “letramento” peculiar que
lhes possibilitaram organizar politicamente a resistência ao
capitalismo negro e à supremacia branca, especificamen‑
te por meio da música e da dança – no jongo. Para melhor
elucidação dos letramentos das negritudes investigadas, o
trabalho focaliza pontos de jongo e duas oficinas de jongo
ministradas por um grupo cultural da região. As letras do
jongo possibilitam desenvolver uma análise dos índices lexi‑
cais em que as negritudes constroem uma crítica às políticas
de poder pelas quais são socialmente situadas. Além disso,
focaliza as indexicalidades (BLOMMAERT, 2005) pelas quais
as negritudes se apropriam de referenciações para contestar,
transgredir, criticar e denunciar os meandros em que seus
corpos e culturas foram forjados em um sistema de exclusão
e abjeção. As oficinas mostram como as negritudes situadas
na localidade recontextualizam o jongo e suas culturas lo‑
cais. As considerações finais indicam que, na contempora‑
neidade, os letramentos das negritudes são trans‑históricos,
translocais e se mesclam aos novos letramentos.
Resumo de Paper
Mais de 30 anos já se passaram e a abordagem comunica‑
tiva (CELCE‑MURCIA, 2001; BROWN, 2007a; HAMMER, 2007;
RICHARDS & RODGERS, 2001; SCRIVENER, 2010) ainda é con‑
siderada por muitos a metodologia mais eficiente para o en‑
sino de inglês. Mesmo a chamada abordagem pós‑método
(BROWN, 2007a, 2007b) parece ainda não ter rompido o sufi‑
ciente com a abordagem comunicativa, a ponto de apontar
para uma quebra de paradigma – parece tratar‑se apenas de
uma pequena modificação desta. Embora sem negar suas
qualidades, é importante refletir criticamente e repensá‑la.
Seus princípios ainda estão sintonizados com as necessida‑
des do conhecimento de inglês na contemporaneidade? Ela é
suficiente para promover a comunicação? Existe apenas um
tipo de comunicação? As quatro habilidades são realmente
suficientes e/ou necessárias? A tentativa de responder es‑
tas questões leva ao conceito de multiletramentos (COPE &
KALANTZIS, 2000), especialmente ao de letramento crítico
(CERVETTI et al., 2001), segundo o qual os aprendizes preci‑
sam ser empoderados para usar a língua(gem) de maneira
crítica e responsável, consciente do seu papel no mundo
globalizado e preparado para agir nele. O ensino de língua
estrangeira na contemporaneidade (MOITA LOPES, 2003)
requer repensar o conceito de competência comunicativa e
seus desdobramentos, que deram origem à abordagem co‑
municativa de ensino de línguas. O objetivo deste trabalho
é, através de uma discussão teórica embasada primordial‑
mente pelo trabalho de Cope & Kalantzis (2000) e por do‑
cumentos oficiais brasileiros, tais como PCN (BRASIL, 1998),
OCEM (2006) e o Edital do PNLD (2011), propor a professores
de língua estrangeira uma reflexão crítica acerca de sua prá‑
tica pedagógica, muitas vezes ainda presa de maneira acrí‑
tica a pressupostos naturalizados da chamada “abordagem
comunicativa”. Propõe‑se uma postura pró‑ativa e reflexiva,
mais condizente com o objetivo do ensino de língua estran‑
geira na contemporaneidade. A proposta aqui apresentada
é a que norteia o projeto PIBID (Capes)‑Inglês da UFRJ, que se
apóia em três eixos: tópicos e temas socialmente relevantes,
multiletramentos e gêneros discursivos.
262
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
COMO É (NÃO) SABER INGLÊS?
UMA ANÁLISE DAS METÁFORAS
DE ALUNOS UNIVERSITÁRIOS
SOBRE (NÃO) SABER A LÍNGUA.
O ENSINO‑APRENDIZAGEM
DA LÍNGUA FRANCESA
NO CURSO DE LICENCIATURA
ROSA MARIA DE OLIVEIRA GRAÇA (UFRGS)
RONALDO CORRÊA GOMES JUNIOR (UFMG)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Para Lakoff e Johnson (1980), ao contrário do que muitos
pensam, “as metáforas estão presentes no dia a dia não só
na linguagem, mas nos pensamentos e ações humanas”
(p.5). Dessa forma, metáforas são mais que figuras artifi‑
ciais e estão presentes na linguagem no pensamento. Este
trabalho teve por objetivo identificar as metáforas de alunos
universitários de diversos cursos de graduação sobre o saber
e não saber inglês. Para isso, estimulou‑se que os estudan‑
tes expressassem suas concepções por meio de metáforas
que, posteriormente, foram categorizadas em: Metáforas
Estruturais e Metáforas de Esquemas Imagéticos. Dentro
de cada grupo, foram formadas sub‑categorias advindas da
análise e do agrupamento contextual das expressões meta‑
fóricas. É importante ressaltar que os agrupamentos sur‑
giram das regularidades nas conceitualizações dos apren‑
dizes e refletem como essa população enxerga (não) saber
inglês. Para a análise das metáforas, foi utilizada a Teoria da
Metáfora Conceitual (LAKOFF & JOHNSON, 1980), associada
à Teoria da Mesclagem Conceitual (FAUCONNIER & TURNER,
2002). Os dados revelaram que, de maneira geral, saber a
língua está intimamente relacionado com a inclusão dos in‑
divíduos no mundo. A língua demonstra ser um instrumen‑
to de inserção social, ou seja, quem sabe inglês “abre portas
para”, “tem acesso ao”, “está incluído em” e “está conectado
ao” mundo. Ademais, o conhecimento da língua está tam‑
bém relacionado à “posse” de coisas e ao “domínio” do mundo.
Os licenciandos em Língua Francesa têm, na formação di‑
dática oferecida pelas disciplinas de Didática de Língua
Francesa e Estágios de Docência de Língua Francesa I e II, a
oportunidade de refletirem sobre o ensino‑aprendizagem da
língua francesa não só como alunos como também futuros
professores. Ao longo dos últimos anos, a essa formação
vêm sendo acrescidas as experiências como as monitorias
de língua francesa tanto no Colégio de Aplicação da UFRGS
(CAP), onde também realizam seus estágios regulamentares,
como no Núcleo de Ensino de Línguas Estrangeiras da UFRGS
(NELE). Tanto o CAP como o NELE contam com professores
tutores que orientam os seus monitores no sentido de apro‑
fundar suas reflexões sobre questões essenciais para suas
futuras práticas docentes. A inclusão em 2012 de um subpro‑
jeto em Língua Francesa no PIBIB abriu mais uma opção de
monitorias em uma escola de ensino médio de Porto Alegre.
Tais experiências contribuem, sem dúvida, para o debate
sobre o ensino do francês como língua adicional sob a pers‑
pectiva do sociointeracionismo e para a reflexão sobre a im‑
portância do contexto em que se insere, em práticas contex‑
tualizadas a partir de projetos que privilegiem competências
específicas visando à autonomia e ao espírito crítico.
263
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
RESPONSABILIDADE
ENUNCIATIVA E CONSTRUÇÃO
DE AUTORIA NA ESCRITA
DE TEXTOS ACADÊMICOS
DE ESPECIALISTAS DA ÁREA
DE LETRAS
ROSÂNGELA ALVES DOS SANTOS BERNARDINO (UERN)
TRANSFERÊNCIA
DE ESTRATÉGIAS
DE APRENDIZAGEM
COM FOCO NA LEITURA:
UM ESTUDO DE CASO
NO CONTEXTO DE INGLÊS PARA
FINS ACADÊMICOS
ROSÂNGELA GUIMARÃES SEBA (UFES)
Resumo de Pôster
Este trabalho é um recorte de nossa pesquisa de doutorado
em andamento, cujo objetivo geral consiste em investigar a
responsabilidade enunciativa na escrita de textos de espe‑
cialistas, precisamente em artigos científicos produzidos por
pesquisadores doutores. O corpus da pesquisa foi coletado
em um periódico especializado da área de Letras e avaliado
no Qualis da CAPES com extrato A1. Como baste teórica, se‑
guimos pressupostos da Análise Textual dos Discursos (ATD),
a partir da compreensão de Adam (2008; [2011]) acerca da
responsabilidade enunciativa, bem como de Rabatel (2009;
2010), Coltier, Dendale e Brabanter (2009), entre outros.
Em diálogo com esse quadro teórico, buscamos respaldo na
concepção dialógica dos enunciados de Bakhtin (1990, 2000,
2006), nas suas discussões sobre discurso relatado, nas pos‑
tulações teóricas cunhadas por Authier‑Revuz (1998; 2004)
sobre heterogeneidade enunciativa e, ainda, nos trabalhos
de Foucault (1969 [2002; 2010]) sobre discurso e autoria.
Neste trabalho, apresentamos e discutimos resultados preli‑
minares de nossa pesquisa, procurando examinar as seguin‑
tes questões de pesquisa: que estratégias textuais/discursi‑
vas são mobilizadas pelo locutor/enunciador para materiali‑
zar a (não) assunção da responsabilidade enunciativa no ar‑
tigo científico? Como o locutor/enunciador se posiciona em
relação ao coletivo de vozes alheias que nele permeiam? E,
ainda, como esse locutor/enunciador constrói uma voz au‑
toral portadora de um ponto de vista próprio, pelo qual ele
assume a responsabilidade enunciativa? A partir dos resulta‑
dos obtidos, nosso trabalho espera colocar em discussão o
manejo de estratégias textual‑discursivas de materialização
da responsabilidade enunciativa e de inscrição de autoria
na escrita considerada especializada, e, em extensão, nos
gêneros acadêmicos, de modo a contribuir, também, para o
debate em torno da produção textual na universidade e nos
espaços de circulação da produção científica.
Resumo de Paper
Considerando que a transferência da aprendizagem, objeti‑
vo central da Educação, constitui‑se, surpreendentemente,
“o Santo Graal dos educadores”, ou seja, algo que sempre se
procura, mas a respeito de que ainda não se tem uma explica‑
ção definitiva (HASKELL, 2001), esta Comunicação apresenta
os resultados de um estudo de caso qualitativo, de natureza
exploratória (YIN, 2003), fruto da tese de doutoramento da
autora, realizado na Universidade Federal do Espírito Santo,
envolvendo cinco participantes voluntários. A pesquisa bus‑
cou investigar o processo de transferência de estratégias de
aprendizagem com foco na leitura de textos acadêmicos
autênticos em inglês para novos contextos além da sala de
aula. Os dados foram coletados em quatro etapas, por meio
de questionários, atividades escritas de compreensão textu‑
al em inglês, justificativas (para o uso ou não de certas estra‑
tégias), relatórios finais dos participantes e diário de campo.
Os resultados sugeriram que a transferência de certas estra‑
tégias foi efetiva, contribuindo positivamente para o desen‑
volvimento da habilidade leitora em inglês dos participantes.
Fundamentado na teoria psicogenética de Piaget (1978) e no
conceito de transferência de Haskell (2001), o estudo pre‑
tende contribuir para uma maior compreensão do processo
de construção e transferência do conhecimento através da
interação do sujeito leitor com o texto a partir da tomada
de consciência, vista como um processo de construção, uma
passagem do saber fazer para o compreender (PIAGET, 1978).
264
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A PRÁTICA DE ANÁLISE
LINGUÍSTICA MEDIADA PELOS
GÊNEROS DO DISCURSO
ROSÂNGELA HAMMES RODRIGUES (UFSC)
Resumo de Paper
A publicação dos PCNs e dos documentos oficiais de ensino
dos estados e municípios oficializou a proposta de ensino e
aprendizagem de língua materna gestada na década de 1980,
denominada por Britto (1997) como ensino operacional e re‑
flexivo da língua(gem). Essa proposta, a partir de uma dada
concepção de sujeito e língua e de uma dada concepção da
finalidade do ensino de línguas na escola, se constituiu arti‑
culada em torno de dois eixos da linguagem, uso e reflexão,
e concretizada por meio do ensino e aprendizagem das práti‑
cas de leitura/escuta, produção textual e análise linguística.
Ainda, no campo da pesquisa aplicada, na década de 1990
vemos o impulso das pesquisas em torno dos gêneros do
discurso, especialmente na área de ensino e aprendizagem
de línguas. Um olhar retrospectivo sobre essas pesquisas
demonstra que a articulação foi enfatizada primordialmen‑
te em torno do ensino e aprendizagem da produção textual,
com menos ênfase para o ensino e aprendizagem da prática
de análise linguística. Nesta comunicação, partindo da posi‑
ção teórica de que os gêneros do discurso constituem base
teórica e pedagógica para o ensino e aprendizagem de lín‑
guas, objetiva‑se discutir o potencial teórico e pedagógico
dos gêneros do discurso para o ensino e aprendizagem da
prática de análise linguística no âmbito do ensino operacio‑
nal e reflexivo da linguagem.
ARTICULAÇÕES
E DESARTICULAÇÕES
ENTRE TEORIA E PRÁTICA
NA FORMAÇÃO INICIAL
DE FUTUROS PROFESSORES
DE LÍNGUA ESTRANGEIRA
ROSANGELA SANCHES DA SILVEIRA GILENO (UNESP/FCLAR)
Resumo de Paper
O objetivo deste paper é propor a reflexão sobre as articula‑
ções e desarticulações entre teoria e prática na formação ini‑
cial de futuros professores de língua estrangeira de um curso
de Letras de uma instituição pública de ensino superior do
Estado de São Paulo. Pensando a formação do professor den‑
tro do paradigma do profissional reflexivo‑crítico e com base
nos trabalhos já realizados que focalizam a “relação entre
teoria e prática” na formação inicial ou continuada de pro‑
fessores de línguas estrangeiras com suporte na Línguística
Aplicada, procurou‑se responder em que medida os conheci‑
mentos adquiridos no curso de formação inicial embasam os
projetos de estágio, e materializam‑se nas práticas de sala
de aula durante o estágio supervisionado. Para tal, foram
coletados e analisados dados dos relatos dos alunos estagiá‑
rios, registrados nos diários reflexivos e nos relatórios finais
de estágio de observação e regência de aulas, assim como
dos projetos de minicurso e dos planos de aulas elaborados
a partir de sua proposição, que foram elaborados para a dis‑
ciplina de Prática de Ensino de Língua Estrangeira: Espanhol
e Italiano, durante o primeiro semestre do corrente ano.
Verificou‑se nestes trabalhos a forte influência das experiên‑
cias de aprender e ensinar que os alunos‑professores trazem
ao escolher não só o tema e os conteúdos dos projetos de es‑
tágio como também os materiais e os procedimentos meto‑
dológicos. Também se observou que quando colocados em
prática, os projetos revelam abordagens de ensino ecléticas,
dificultando em alguns casos que o estagiário conseguisse
ensinar a língua‑alvo de maneira coesa, coerente e eficiente.
Por outro lado, em outros casos, verificaram‑se projetos em
que foi possível a articulação entre o conhecimento adquiri‑
do nas disciplinas de conteúdo e nas disciplinas de formação
pedagógica, e a realização de minicursos bem sucedidos ofe‑
recidos a alunos de escolas públicas.
265
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
FORMAS CONCEITUAIS
ALTERNATIVAS DE LINGUAGEM,
CIÊNCIA E ESTUDOS DE GÊNERO
ROSEANNE ROCHA TAVARES (UFAL)
A TEORIA DOS NOVOS
LETRAMENTOS NA PERSPECTIVA
DA FORMACAO INICIAL
DE PROFESSORES
ROSELI PEIXOTO GRUBERT (UEMS)
Resumo de Paper
Nessa comunicação, tenho como objetivo refletir sobre ci‑
ência, linguagem e estudos de gênero no conto intitulado
“Congenital Agenesis of Gender Ideation by K. N. Sirsi e Saniha
Botkin, escrito por Raphael Carter e publicado por “The
James Tiptree award anthology”. Apesar de já existir estudos
na área de ficções científicas, acredito que, nesse conto, há
um desenvolvimento de estruturas conceituais alternativas
no que diz respeito aos imaginários tecnocientíficos, às dis‑
cussões sobre universais linguísticos e relativismo cultural,
visionando diferentes perspectivas aos estudos de gênero e
à própria crítica ao mundo acadêmico ortodoxo. Há uma su‑
gestão de uma revisão na política das relações hierarquiza‑
das de gênero na sociedade, perceptíveis como um fenôme‑
no transcultural. Esse trabalho faz parte de um projeto de
pesquisa financiado pelo CNPq e coordenado pela professora
Ildney de Fátima Souza Cavalcanti da UFAL. O título do pro‑
jeto é: Histórias de gênero e de ciência na ficção e na teoria:
utopias, distopias e ficção científica de autoria feminina.
ADRIANA LÚCIA DE ESCOBAR CHAVES DE BARROS (UEMS)
Resumo de Paper
Novas perspectivas epistemológicas que têm surgido
como efeito dos novos letramentos digitais Snyder (2007)
e as características de uma sociedade multimodal (COPE
E KALANTZIS, 2000), bem como a visão crítica para o ensino
de Línguas Estrangeiras (MONTE MÓR, 2009). Essas questões
têm apontado perspectivas teóricas para a formação de pro‑
fessores, sobretudo nas disciplinas específicas de formação
no curso de Letras. Nesse sentido, o presente trabalho visa
a discutir a formação inicial de professores na disciplina de
estágio supervisionado com base na teria dos novos letra‑
mentos. Parte integrante do projeto de novos letramentos
da USP, em colaboração com a UFMS, a pesquisa faz um le‑
vantamento das práticas adotadas nas escolas públicas, co‑
letadas por acadêmicos do curso de Letras da UEMS, proble‑
matizadas nas aulas de estágio supervisionado. Como base
nesses dados e reinterpretados localmente, os alunos pro‑
põem alternativas para a transposição entre teoria e prática,
fazendo uso das tecnologias digitais.
266
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ATIVIDADE FORMAÇÃO
DE COORDENADOR:
UMA PESQUISA CRÍTICA
DE COLABORAÇÃO
ROSEMEIRE RODRIGUES DOS SANTOS (Puc–SP)
FORMAÇÃO DE DOCENTES
DA ÁREA DE LINGUAGENS:
APROXIMAÇÕES
TEÓRICO‑PRÁTICAS DOS
CONTEXTOS GLOBAL E LOCAL
ROSINDA DE CASTRO GUERRA RAMOS (PUC–SP)
Resumo de Pôster
Este pôster visa a apresentar a pesquisa que investigou a
formação de coordenador de uma escola municipal situa‑
da na região de São Mateus na cidade de São Paulo.Como
objetivo geral, este trabalho almeja compreender como
um contexto de formação de coordenador, voltado para a
formação de professores em local de trabalho, pode criar
possibilidades de compreensão e transformação das práti‑
cas didáticas nesta escola. Como objetivos específicos, esta
pesquisa almeja compreender e transformar: a) os modos
como professora‑pesquisadora e coordenador entendem
a condução e organização da formação de professores ao
longo da pesquisa; e b) as relações entre professora‑pes‑
quisadora e coordenador participantes como centrais ao
introduzir ou não transformação nos modos de participa‑
ção e nas práticas didática. As escolhas teórico‑metodo‑
lógicas, nesta pesquisa, apoiam‑se na Teoria da Atividade
Sócio‑Histórico‑Cultural, com base nos estudos de Vygotsky
(1930, 1934), Leontiev (1978), nas expansões de Engeström,
(2008, 2011), Magalhães (2010, 2011), Liberali (2011), ao estu‑
dar a atividade coletiva e intencional dos sujeitos que, por
meio de artefatos culturais (linguagem organizada pela ar‑
gumentação) e das regras que organizam a divisão de tra‑
balho, em contextos sócio‑histórico‑culturais definidos. na
construção de zpds para transformações de compreensões.
Quanto à escolha da metodologia, este trabalho se insere na
Pesquisa Crítica de Colaboração, cujo foco está na organiza‑
ção de projetos de intervenção formativa para a formação
colaborativo‑crítica e reflexiva de todos os participantes da
pesquisa, inclusive da professora‑pesquisadora, propondo
uma investigação na qual teoria e prática relacionam‑se
como práxis crítica (Magalhães, 2011). Os dados foram pro‑
duzidos por meio de sessões reflexivas videografadas entre
pesquisadora e coordenador, sendo as categorias de análise
utilizadas: levantamento do plano geral do texto, escolhas
lexicais, turnos conversacionais e tipos de pergunta.
LEANDRA INES SEGANFREDO SANTOS (UNEMAT)
Resumo de Paper
Este trabalho apresenta e discute reflexões referentes à for‑
mação docente e sua construção dentro da profissão, desen‑
cadeadas mediante encontros presenciais e a distância com
suporte do ambiente colaborativo de aprendizagem a dis‑
tância, a plataforma e‑Proinfo por um grupo de professoras
formadoras que compõem a equipe da área de linguagens
do Centro de Formação e Atualização dos Profissionais da
Educação Básica do Estado de Mato Grosso, polo de Sinop.
A partir da leitura e discussão de pressupostos teóricos de‑
fendidos por Nóvoa (2009), a equipe (re)pensou e (re)avaliou
as ações desenvolvidas em forma de exercícios de reflexão
crítico‑colaborativa realizados conjuntamente a partir de
interações e registro no fórum de discussão do ambiente
e‑Proinfo. Os dados sinalizam para alguns aspectos que tra‑
remos para discussão: i) a equipe encontra‑se aberta para
mudanças de ideias e nas ações de formação continuada
nas escolas, em um momento de construção da identidade
de professoras formadoras, juntamente com a consolidação
das ações de políticas públicas adotadas pelo estado, por
meio do Projeto Sala de Educador – espaço conquistado
para o desenvolvimento da formação continuada – que pre‑
conizam a formação e desenvolvimento profissional no ló‑
cus de atuação mediante um trabalho colaborativo e reflexi‑
vo; ii) é importante que a proposta de formação continuada
atenda tanto às questões gerais sobre educação e formação
docente, bem como às especificidades das áreas/disciplinas;
iii) a cultura do individualismo e certa apatia por parte dos
profissionais impedem avanços profícuos; iv) o excesso de
atividades, a falta de tempo e/ou sua melhor organização
na escola, a dificuldade em organizar horários em que todos
os profissionais possam participar e resistência às inovações
propostas pelas políticas públicas interferem no bom anda‑
mento da oferta de formação, bem como em sua qualidade.
267
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
O PAPEL DO COLETIVO
NA FORMAÇÃO INICIAL
DE PROFESSORES:
INVESTIGANDO A ATIVIDADE
DOCENTE DE ESTAGIÁRIOS
DE FRANCÊS
ROZANIA MARIA ALVES DE MORAES (UECE)
Resumo de Paper
A formação de professores compreende um objeto de inves‑
tigação de grande interesse para os profissionais das áreas
de Letras, Linguística, Linguística Aplicada, Pedagogia e ou‑
tras, inclusive para a Ergonomia da Atividade. Porém, dentro
do sistema professor‑saber‑aluno, o professor ainda é consi‑
derado um elemento pouco investigado (cf. BARRÉ DE MINIAC
& HALTÉ, 2002 apud AMIGUES, 2003), logo, o trabalho desse
profissional também representa um ponto de investiga‑
ção pouco explorado; no entanto, tem‑se notado que esse
campo de investigação vem se ampliando não apenas na
Europa (por exemplo, na França, com as pesquisas da equi‑
pe ERGAPE da Universidade de Aix‑Marseille), mas também
no eixo Sul‑Sudeste do Brasil e, recentemente, com estudos
iniciados em uma universidade pública do Ceará. A partir de
um recorte (resultados parciais) de uma pesquisa em curso
que investiga a atividade docente de professores de francês
em formação inicial, este trabalho busca analisar, particular‑
mente, o papel do coletivo profissional (formadores, coorde‑
nadores, os próprios estagiários) na formação desses futu‑
ros professores. Participam da pesquisa duas estagiárias do
Curso de Letras/Francês e duas formadoras, dentre as quais
uma coordena o curso onde as estagiárias atuam. A partir
de autoconfrontações realizadas entre as estagiárias, e do
retorno ao coletivo, o estudo aponta para a importância
deste momento realizado pelo coletivo não apenas para o
desenvolvimento profissional das estagiárias, professoras
em formação, mas também para a organização do trabalho
docente das professoras formadoras. A análise da ativida‑
de docente adotada nesse estudo apóia‑se nas teorias dos
gêneros do discurso e da enunciação de Bakhtin (2003), e
também na teoria do desenvolvimento na perspectiva histó‑
rico‑cultural de Vygotski (2008). Fundamentando‑se ainda
na ergonomia da atividade (CLOT & FAITA, 2000), o estudo
segue os procedimentos adotados no quadro metodológico
da autoconfrontação (FAITA & VIEIRA, 2003).
NEGOCIANDO POLÍTICAS
LINGUÍSTICAS NA ESCOLA
PÚBLICA: QUEM
EMPODERA QUEM?
RUBERVAL FRANCO MACIEL (UEMS)
Resumo de Paper
O presente trabalho tem por objetivo discutir lançamento
de várias propostas curriculares no contexto “nacional, fe‑
deral e internacional denominado por Rizvi e Lingard (2010)
como “fastpolicymaking”. Essas políticas possuem influência
de forças com a globalização, neoliberalismo (Block, Gray,
Holborow, 2012), FMI, PISA, entre outros aspectos que em
geral podem ser consideradas apenas como políticas simbó‑
licas (Maciel, 2010, 2011, 2012). Do ponto da vista da linguís‑
tica aplicada, poucos têm sido os estudos que propõem uma
investigação sobre as políticas linguísticas na formação de
professores de inglês (Maciel, 2009). Os estudos sobre po‑
líticas linguísticas têm enfocado a análise de documentos
Ricento (2009), resistência local (Canagarajah, 2005), es‑
paço para translíngua (Garcia, 2011), construção identitária
(Morgan 2010), mecanismos de controle (Shohamy, 2009),
efeitos da globalização (Blommaert, 2010), entre outros.
A discussão deste trabalho tomará como base uma pesquisa
qualitativa,com característica etnográfica (McCarty, 2011)
com foco na colaboração entre universidade e escola públi‑
ca na reinterpretação e implementação de dois documentos
oficiais para o mesmo segmento. Busca‑se, ainda, abordar
as questões éticas com base em Rancière (2010), Spivak
(2005), bem como o aspecto crítico (Menezes de Souza,2012;
Monte Mór, 2012; Maciel, 2012, Takaki, 2012).
268
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
IDENTIDADE E PESQUISA
DO PRATICANTE: TRABALHANDO
PARA ENTENDER REUNIÕES
DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
A PARTIR DOS PRINCÍPIOS
DE PRÁTICA EXPLORATÓRIA
A PRODUÇÃO ORAL
DE FALANTES BILÍNGUES
HUNSRIQUEANO‑PORTUGUÊS
NA LEITURA
DO ALEMÃO STANDARD
SABRINA GEWEHR BORELLA (UFRGS/CAPES)
SABINE MENDES LIMA MOURA (PUC–RIO)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
O presente trabalho surge em uma comunidade de pesqui‑
sadores em Prática Exploratória (Moura, 2007, 2008, dora‑
vante PE), composta por alunos de um curso de Licenciatura
em Letras no Rio de Janeiro. A partir de questionamentos em
relação ao conhecimento compreendido como tendo valor
científico e aos demais saberes da comunidade explorató‑
ria (Foucault, 2012), realizei uma análise, em conjunto com
uma das pesquisadoras‑praticantes licenciandas, a partir da
transcrição de uma reunião de iniciação científica da qual
participamos. Nesta análise, a pesquisadora buscou obser‑
var, linguisticamente, onde/se podíamos evidenciar os prin‑
cípios de PE (Allwright e Hanks, 2009) em nossa interação.
Em seguida, partindo do conceito de quadro e laminação
(Goffman, 1974/2012), com especial ênfase no posicionamen‑
to do eu e na possível construção de uma política de iden‑
tidade própria (Goffman, 1963/2012), analisei a interação
e as observações da licencianda, inspirada pelo trabalho
de Miller (2001). Observamos que a PE parece oferecer um
quadro híbrido e multi‑laminado em que pesquisa, atuação
profissional e autoconhecimento surgem como parte de
nossa política de identidade, em busca de uma Linguística
Aplicada como área indisciplinar (Moita Lopes, 2008a), que
precisa refletir um mundo pós‑identitário (Bastos & Moita
Lopes, 2010).
O presente artigo analisa a produção oral de falantes bilín‑
gues hunsriqueano‑português na leitura em alemão stan‑
dard. Tal propósito justifica‑se por ser a habilidade de leitura
um indicativo da presença e acesso maior ou menor à norma
culta do alemão em comunidades onde a língua de imigração
usada na interação diária equivale a uma variedade dialetal,
portanto substandard. É, por isso, objetivo deste estudo ve‑
rificar em que medida: 1º) os participantes conhecem a rela‑
ção ‘grafema‑fone’ do alemão standard; 2º) os participantes
apresentam transferências do português ou do hunsrique‑
ano na leitura em alemão e, finalmente, 3º) de que modo
diferentes dimensões sugeridas pelo modelo teórico da dia‑
letologia pluridimensional e contatual (THUN, 1998) indicam
uma variação de pronúncia na leitura em alemão standard
e, consequentemente, um maior grau de presença da nor‑
ma escrita. Para este artigo, foram analisados segmentos de
leituras realizadas por 60 informantes de 17 localidades do
Projeto ALMA‑H (Atlas Linguístico‑Contatual das Minorias
Alemãs na Bacia do Prata: Hunsrückisch – v. www.ufrgs.br/
projalma), os quais foram divididos em quatro grupos, sepa‑
rados por escolaridade e faixa etária. Foi analisado o seguin‑
te segmento do texto, por conter grafemas característicos
do alemão, como,,,,,, e : Und er sprach: Ein Mensch hatte
zwei Söhne. Und der jüngere von ihnen sprach zu dem Vater.
Os resultados apontam que grande parte dos participantes
conhece a relação entre grafema‑fone do alemão standard.
Transferências interlinguísticas também foram observadas,
tanto do português como do hunsriqueano. A partir das
análises apresentadas pode‑se concluir que a semelhança
do hunsriqueano com o alemão standard facilita a tarefa de
leitura na norma escrita. As potencialidades apontadas por
essa relação entre oralidade e escrita carecem, no entanto,
de uma pedagogia mais adequada aos contextos de plurilin‑
guismo (ALTENHOFEN, C. V; BROCH, I, K; 2011).
269
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
A FORMAÇÃO DO PROFESSOR
DE LÍNGUA INGLESA DA ESCOLA
PÚBLICA: UMA EXPERIÊNCIA
NO PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO
DA CAPES COM O INSTITUTO
DE EDUCAÇÃO (IOE)
DA UNIVERSIDADE DE LONDRES
SABRINA HX DURO ROSA (IFRS)
Resumo de Paper
Especialistas e profissionais da área de educação são unâni‑
mes em afirmar que o processo de decadência da educação
pública no Brasil vem da metade do séc. XX, num período que
começou nos anos 50 e teve o ápice nos anos 70 (RIBEIRO,
M.L.S, 1982; PALMA FILHO, J.C., 1998; SILVA, J. C., 2007). Em vis‑
ta de um ensino público precário como um todo – com falta
de estrutura física, de materiais básicos, de livros, de profes‑
sores etc. – o ensino de LI também sofreu em termos de qua‑
lidade, o que não poderia ser diferente já que está inserido
nesse sistema educacional público que depende, principal‑
mente, da boa vontade dos nossos governantes para mudar
esse quadro. Com este trabalho, pretendemos trazer à luz
uma iniciativa da CAPES em prol de uma qualificação de pro‑
fessores de Língua Inglesa (LI) que veio para mudar, mesmo
que de forma sutil, essa situação em várias partes do País,
pois 13 Estados foram contemplados. Muitas vezes, é a cren‑
ça dos próprios professores de LI que leva adiante a cultura
de que não se aprende inglês na escola; eles têm em seu dis‑
curso as famosas frases: “Eles [estudantes] não aprendem
português quanto mais inglês” (MOITA LOPES, 1996, p. 63) e
“[...] ensinar inglês em escolas públicas não funciona” (LIMA,
2011, p.14). Por meio de relatos da experiência, pretendemos
socializar as práticas desenvolvidas no Curso de Capacitação
para Professores de Inglês das Escolas Públicas e motivar ou‑
tros profissionais para buscarem sua formação continuada,
atuando na promoção desse processo de mudança.
FORMAÇÃO DE PROFESSORES
E FORMADORES DE EDUCAÇÃO
BILINGUE EM MOÇAMBIQUE:
FOCO NOS POSICIONAMENTOS
SOBRE O ENSINO DE LÍNGUAS
E SUA PROFISSIONALIZAÇÃO
SAMIMA AMADE PATEL (UNIVERSIDADE EDUARDO MONDLANE
‑ MOÇAMBIQUE)
Resumo de Paper
Este trabalho apresenta um recorte referente aos aspectos
sobre a formação de professores/formadores de educação
bilingue de uma pesquisa maior de doutorado, cujo objetivo
era olhar como os alunos do “Curso de Licenciatura em Ensino
de Línguas Bantu”, em Moçambique, se relacionavam com
a disciplina de “Didática de Línguas Bantu e Metodologias
de Educação Bilingue”, através do desenvolvimento de um
curso semipresencial experimental, com recurso ao ambien‑
te virtual, como parte da pesquisa. O recorte tinha como
foco o posicionamento interacional dos alunos participan‑
tes da pesquisa a partir do seu lugar de enunciação e actu‑
ação, face aos aspectos sobre língua, cultura e identidade
em contextos de minorias ou minoritarizados na formação
de professores e formadores (Cavalcanti, 1999, 2006; Maher
1997, 2006), bem como sobre o contexto sociolinguístico
africano e Moçambicano (Bamgbose, 1991; Lopes 2004).
A pesquisa de cunho etnográfico interpretativo (Erickson,
1982, 1996; Mason, 1997; Cavalcanti, 1991, 1999, 2006), se
enquadra na área da Linguística Aplicada em uma vertente
da Linguística Aplicada com viés INdisciplinar (Moita Lopes,
2006) ou Transgressiva (Pennycook, 2006), sustenta‑se nos
estudos culturais pós‑coloniais e em visões de língua e lin‑
guagem sócio – construtivistas. Os resultados da pesquisa
atinentes ao presente recorte mostram que do ponto de vis‑
ta linguístico, cultural, ideológico e pedagógico, os alunos
se posicionam crítica e assertivamente em matérias sobre a
sua profissionalização como professores de ensino bilingue
em contextos de ensino complexos e sociolinguisticamente
heterogêneos. Nesses posicionamentos, evidenciou‑se que
havia uma busca de espaço de trabalho legitimado por po‑
líticas linguísticas favoráveis às línguas Bantu e à educação
bilingue, em Moçambique.
270
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
MEMÓRIAS LINGUÍSTICAS,
MEMÓRIAS DE APRENDIZAGEM:
POLÍTICAS LINGUÍSTICAS
FAMILIARES DE TRANSMISSÃO
E USO DA LÍNGUA ÁRABE EM FOZ
DO IGUAÇU
SAMIRA ABDEL JALIL (UNICAMP / UNILA)
Resumo de Paper
Buscando privilegiar a relação entre linguagem e socieda‑
de com as implicações ideológicas que lhe são pertinentes,
esta comunicação tem como objetivo geral a apresentação
de uma pesquisa ora em andamento, cujo enfoque está na
investigação sobre as políticas familiares de transmissão e
uso de uma língua de imigração – no caso, o árabe – na se‑
gunda geração de sua comunidade de fala em Foz do Iguaçu,
cidade paranaense em que a presença dos árabes pode ser
fortemente percebida em números e no uso da língua de
herança em diversos contextos de comunicação. A partir
da análise das memórias linguísticas e de aprendizagem
da língua árabe, bem como dos sentimentos linguísticos e
das funções sociais que as línguas assumem na trajetória
linguística dos sujeitos de pesquisa, pretende‑se promover
uma discussão sobre as representações construídas acerca
das identidades linguísticas dos membros da segunda gera‑
ção desse grupo étnico, de forma a estabelecer uma relação
entre as representações que emergem em seu discurso e as
políticas familiares de uso (ou não) da língua árabe. Com
essa pesquisa, planeja‑se produzir novos significados e sa‑
beres sobre a realidade social da coletividade em questão ao
se criar subsídios para a promoção de políticas pró‑línguas
minoritárias nessa comunidade. Ao se conhecer melhor o
contexto em questão, pode‑se auxiliar, também e caso haja
interesse, as famílias de imigrantes em geral no planejamen‑
to e na implementação de políticas linguísticas familiares e
comunitárias que sejam favoráveis à transmissão e ao uso
da língua de herança.
PROPOSTAS DE ATIVIDADES
ONLINE E RECURSOS DIGITAIS
PARA O ENSINO DE LÍNGUA
INGLESA A DISTÂNCIA
SAMUEL DE CARVALHO LIMA (IFRN)
Resumo de Paper
Levando em consideração o panorama de pesquisas que
refletem a relação e o compromisso da Linguística Aplicada
(LA) com os fenômenos que envolvem o uso das novas
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), este tra‑
balho desenvolve um estudo das propostas de atividades
online para a oferta de ensino da compreensão e produção
oral em língua inglesa como língua estrangeira mediado por
computador/web. A execução desta proposta baseou‑se nas
reflexões acerca das propostas de atividades online (SALMON,
2002; CHAPELLE, 2003), relacionando‑as aos princípios de
ensino da compreensão e produção oral em língua inglesa
(HARMER, 1998; 2001; BROWN, 2000a; 2000b), bem como às
possibilidades desse ensino ser realizado através do uso de
recursos digitais (PAIVA, no prelo; 2010). Nossa análise resul‑
tou na descrição dos usos da tecnologia que constitui a ofer‑
ta desse ensino a distância no curso semipresencial Letras/
Inglês da Universidade Federal do Ceará (UFC) em parceria
com a CAPES/UAB. O gráfico resultante desse levantamento
representa o catálogo das tecnologias digitais utilizadas pe‑
los elaboradores do material didático para o ensino da com‑
preensão e produção oral em inglês por computador/web, a
saber: áudio; vídeo; gravador; portfólio; vídeo conferência;
fórum digital. Distintas pelos traços constitutivos de suas
configurações, as propostas de atividades online refletem as
escolhas realizadas pelos seus proponentes durante o plane‑
jamento do curso em EaD, comprometido com a promoção
das interações que podem resultar na prática de gêneros di‑
gitais e o uso das tecnologias que os medeiam.
271
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
SOBRE O TRABALHO
DE ALFABETIZAR: DESCRIÇÕES
E ANÁLISES
SANDOVAL NONATO GOMES SANTOS (USP)
UM OLHAR PARA
A REPRESENTAÇÃO DE POBREZA
NAS TRADUÇÕES DE VIDAS
SECAS PARA O ESPANHOL
SANDRA FRANCISCA DA SILVA (UNICAMP ‑ SP)
Resumo de Paper
Este estudo propõe descrever e contrastar componentes
didáticos e interacionais do trabalho de alfabetização da
criança em três contextos escolares pertencentes a redes de
ensino municipais da região metropolitana de São Paulo, a
saber: a) em uma turma de 1o. ano do ensino fundamental
de uma escola do município de São Bernardo do Campo; b)
em uma turma de 2o. ano do ensino fundamental de uma es‑
cola do município de Taboão da Serra e c) em uma turma de
1o. ano do ensino fundamental de uma escola do município
de São Paulo. Assim formulado, este objetivo aponta para
o trabalho docente como foco de interesse do estudo. Dois
problemas preliminares estão pressupostos nessa opção.
O primeiro tem a ver com a natureza constitutivamente in‑
terativa do trabalho docente, percepção comum às diferen‑
tes abordagens do tema na pesquisa acadêmica, no Brasil
(GOMES‑SANTOS; ALMEIDA 2009; MACHADO 2009; MACHADO;
LOUSADA; FERREIRA 2011) e no exterior (BRONCKART 2009;
CLOT; FAÏTA 2000; SCHNEUWLY; DOLZ 2009; TARDIF; LESSARD
2005). O segundo problema decorre desse. Dada a natureza
interativa do trabalho docente, como caracterizar a intera‑
ção em que ele ganha corpo especificamente em sala de aula
de alfabetização – contexto comumente de ingresso formal
da criança não apenas no mundo da escrita como também
nos rituais e nas práticas do mundo da escola. A geração de
dados consistiu no acompanhamento de aulas nas turmas
mencionadas pela técnica da observação participante, en‑
tre 2010 e 2011. Os dados gerados nesse período compreen‑
dem três corpora de gravações em áudio e em áudio‑vídeo
(ALVES 2012; JORDÃO 2012; TORINI 2011) integrantes do banco
de dados do Grupo de Pesquisa Linguagem na prática esco‑
lar (LIPRE) da Faculdade de Educação da Universidade de São
Paulo. Descrições e análises de contextos escolares como os
de que trata este estudo podem fornecer pistas suscetíveis
de elucidar aspectos centrais da natureza do trabalho de en‑
sino na escola pública brasileira de hoje.
Resumo de Paper
O objetivo desta pesquisa é lançar um olhar para o discur‑
so da tradução literária do romance moderno brasileiro
Vidas Secas, de Graciliano Ramos. Inicia‑se este estudo pela
perspectiva do processo tradutório da referida obra, tradu‑
zida para o espanhol pelos tradutores José Rodríguez Feo
(La Habana – Cuba, 1964), José Luis Díaz Liaño (Madrid –
España, 1974) e Florencia Garramuño (Buenos Aires 
–
Argentina, 2001). Pensamos então que, por pertencer à
década de trinta, a obra tenha sofrido influências ideológi‑
cas das disputas de poder desse momento histórico e políti‑
co‑social, pois o contexto no qual está inserida a obra Vidas
Secas é marcado por transformações políticas, decorrentes
da queda da oligarquia cafeeira, acentuando, com isso, a luta
de classes liderada por Getúlio Vargas que, posteriormente,
foi nomeado presidente. O embasamento teórico deste es‑
tudo parte de uma perspectiva discursivo‑desconstrutivista,
especialmente no que tange aos estudos de Michel Foucault
e Jacques Derrida, em discurso e Estudos da Tradução, com
o fito de observar os sentidos de pobreza que emergem no
texto de chegada, além de inquirir como a representação
da pobreza é articulada na cultura do outro pelo viés do
tradutor. Compreende‑se conforme Jacques Derrida (2005,
p.7), “Um texto só é um texto se ele oculta ao primeiro olhar,
ao primeiro encontro, a lei de sua composição e a regra de
seu jogo”. Esse jogo é marcado por essa impossibilidade de
nomeação, não inacessível, mas quase imperceptível. Esse
desejo de nomeação faz com que o tradutor acredite deter
o poder em atribuir sentidos a todos os fios discursivos da
língua de partida.
272
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
LETRAMENTO E FORMAÇÃO
INICIAL E CONTÍNUA
DE PROFESSORES
DE LÍNGUAS ESTRANGEIRAS
ORALIDADE E ETHOS
DISCURSIVO:
OLHARES CRUZADOS
SANDRO LUIS DA SILVA (UNIFESP)
SANDRA REGINA BUTTROS GATTOLIN DE PAULA (UFSCAR)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
O período contemporâneo é marcado pelo desenvolvimento
tecnológico e pelas transformações econômicas, políticas,
culturais e sociais, influenciadas pelo fenômeno da globali‑
zação. Tais transformações tiveram seu impacto também na
educação do país, motivando pesquisas e novas propostas
para o ensino, visando adequar os objetivos escolares às no‑
vas necessidades. Pretende‑se abandonar práticas de ensino
baseadas em uma visão de educação bancária (FREIRE, 1979)
e inserir novos conceitos e tecnologias, como o letramento
e seus estudos mais recentes, como os multiletramentos,
novos letramentos e letramento crítico. A escola tem a res‑
ponsabilidade de formar cidadãos críticos, preparados para
o convívio social e político e para as novas exigências do mer‑
cado de trabalho. Enquanto isso, o professor precisa se atu‑
alizar, conhecer, discutir e trabalhar em sala de aula com as
novas orientações, além de refletir sobre sua prática. O pro‑
fessor de Língua Estrangeira, principalmente o de Inglês, a
língua da globalização, depara‑se com outros desafios, como
o de afirmar o papel social e educacional de sua disciplina.
Nesta apresentação, reportaremos resultados de uma pes‑
quisa que buscou compreender como é feita a construção de
conhecimento sobre as teorias que dão base às orientações
curriculares, por parte de professores em formação inicial ou
contínua. A preocupação com a formação do conhecimento
teórico pelo docente justifica‑se pela sua importância para
o desenvolvimento de uma prática informada e consciente,
em que o professor consegue explicar o seu processo de ensi‑
no, analisá‑lo e, principalmente, transformá‑lo.
O desempenho linguístico na fala não se serve apenas da
gramática e do léxico da língua, mas lança mão dos mais
variados recursos, sejam eles verbais ou não. Por um lado, a
Análise da Conversação (AC) desenvolve espaço privilegiado
para a construção de identidades sociais no contexto real –
“controle social” e, além disso, exige uma enorme coordena‑
ção de ações que exorbitam em muito a simples habilidade
linguística dos falantes. A AC estabeleceu sua preocupação
básica com a vinculação situacional, com o caráter prag‑
mático da conversação e toda atividade linguística diária.
Todos os aspectos da ação e interação social poderiam ser
examinados e descritos em termos de organização estrutu‑
ral. AC preocupa‑se com a especificação dos conhecimentos
linguísticos, paralinguísticos e socioculturais que devem
ser partilhados para que a interação seja bem sucedida
(Gumperz, 1982). De acordo com Kerbrat‑Orecchiohni (2006,
p. 15), “O objetivo da análise conversacional é, precisamen‑
te, explicitar essas regras que sustentam o funcionamento
das trocas comunicativas de todos os gêneros; (...) decifrar
(...) o comportamento daqueles que se encontram engaja‑
dos nessa atividade polifônica complexa que é a condução
de uma conversação”. Assim, ocorre a preocupação com a
vinculação situacional e, em consequência, com o caráter
pragmático da conversação e de toda atividade linguística
diária. Por outro lado, a Análise de Discurso (AD), em especial
a de linha francesa, sobretudo a desenvolvida pelos estudos
de Dominique Maingueneau, procura evidenciar os funda‑
mentos linguísticos da teoria da enunciação, os quais sus‑
tentam explicações sobre relações enunciativas nas quais os
interlocutores, situados num aqui e num agora, não só se
assumem reciprocamente, como também se atribuem iden‑
tidades, por um jogo de imagens ideologicamente forjadas
a partir de formações discursivas. Segundo Maingueneau
(2005, p.15), discurso é “uma dispersão de textos cujo modo
de inscrição histórica permite definir como
273
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
AVALIANDO A AVALIAÇÃO:
UMA INVESTIGAÇÃO
SOBRE A INFLUÊNCIA DAS
RUBRICAS DO PNLD SOBRE
OS MATERIAIS DIDÁTICOS
DE LÍNGUA PORTUGUESA
SEBASTIÃO CARLÚCIO ALVES FILHO (UFU)
Resumo de Paper
Neste trabalho, investiguei o que propõem as rubricas de
avaliação do PNLD presentes na seção que trata de leitura
e interpretação de textos, buscando conhecer quais as con‑
cepções de linguagem, leitura e avaliação estão presentes
no processo de análise dos livros. Em seguida, utilizei os re‑
sultados encontrados nesta primeira análise para avaliar as
atividades de leitura e interpretação de texto presentes em
dois conjuntos de materiais didáticos adotado por turmas
do EM: uma turma de uma escola da rede privada que adota
apostilas e outra turma de uma escola da rede pública que
utiliza os livros didáticos distribuídos pelo Governo Federal.
A análise dos materiais foi feita com a finalidade de perce‑
ber se a (não) avaliação do PNLD exerce influência sobre o
conteúdo por eles apresentado. Para a realização do estudo
proposto, foram utilizados, como perspectiva metodológica,
os pressupostos da Linguística Aplicada (LA), que, de acordo
com Moita Lopes (1996), é uma ciência social, pois visa a es‑
tudar os problemas de uso da linguagem enfrentados pelos
usuários da língua no contexto de ensino/aprendizagem ou
fora dele. Como fundamentação teórica para a análise dos
dados, foram utilizados os estudos acerca das concepções
de linguagem, leitura e avaliação. Ao final deste trabalho, foi
possível conhecer quais as concepções de linguagem, leitu‑
ra e avaliação estão presentes no processo de avaliação de
materiais didáticos feito pelo Governo Federal. Foi possí‑
vel, também, através dos dados encontrados, perceber se a
(não) avaliação dos materiais didáticos feita pelo PNLD exer‑
ce alguma influência sobre as atividades de leitura e inter‑
pretação de textos presentes nos materiais e quais as con‑
cepções teóricas subsidiam a sua produção.
A FORMAÇÃO PRÉ‑SERVIÇO
DE PROFESSORES DE INGLÊS
COMO ESPAÇO PARA A (RE)
CONSTRUÇÃO DE IDENTIDADES.
SELMA MARIA ABDALLA DIAS BARBOSA (UFT)
Resumo de Paper
Esta comunicação se propõe a mostrar os resultados par‑
ciais de uma pesquisa de doutoramento de base etnográ‑
fica e longitudinal a qual traz como tema: A Formação
Pré‑Serviço de Professores de Inglês como Espaço para a
(Re)construção de Identidades. Esta pesquisa tem como
objetivo investigar e analisar o processo de (re)construção
das identidades culturais, profissionais e sociais de alunos
do curso de Letras de uma Universidade Federal do extremo
norte do Tocantins. A investigação é realizada por meio da
análise qualitativa dos relatos reflexivos realizados pelos
professores em formação inicial ao final de quatro semestres
da disciplina de estágio supervisionado de ensino de língua
estrangeira (Inglês), como também de relatos e interações
postados numa Comunidade de Prática‑CoP (WENGER, 1998;
CLARKE, 2008) e sessões temáticas realizadas durante o pro‑
cesso de investigação. O gênero autonarrativo denominado
relato‑reflexivo, são estórias de vida e experiências desses
alunos‑professores com a regência, que em momentos pon‑
tuais serão dialogadas com o leitor‑pesquisador. No intuito
de mapear a (re)construção das identidades profissionais,
sociais e culturais, nos propomos a analisar, concomitan‑
temente, os aspectos cognitivos (BORG, 2006; ZEICHNER,
2005; ZEMBYLAS, 2005) como por exemplo, as crenças e
emoções(VIEIRA ABRAHÃO,1992, 1996, 2004, 2006; BARCELOS,
2007, 2010; ARAGÃO, 2005; COELHO, 2010) que subjazem o
processo de formação de professores de língua estrangeira.
274
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
NOVOS LETRAMENTOS
E ENSINO DE LÍNGUA INGLESA:
UMA PESQUISA‑AÇÃO
EM COMUNIDADES
DE BAIXA RENDA
POR MARES NUNCA DANTES
NAVEGADOS:ÁGUAS
DESCONHECIDAS NA AULA
DE INGLÊS
SERGIO GARTNER (Puc–sp)
SELMA SILVA BEZERRA (IFAL)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Este estudo teve como objetivo investigar o processo de en‑
sino‑aprendizagem de alunos de duas comunidades de bai‑
xa renda da cidade de Maceió durante um semestre letivo.
O semestre em questão teve como foco o ensino da língua
inglesa com ênfase nos novos letramentos visando desen‑
cadear uma consciência crítica sobre os temas discutidos.
A metodologia de pesquisa escolhida foi à pesquisa‑ação
(ANDRÉ, 2004), e os procedimentos utilizados para a coleta
dos dados foram notas de campo, questionário, entrevista,
gravações em áudio e vídeo. A fundamentação teórica se
baseou nos pressupostos da Linguística Aplicada e nos con‑
ceitos dos novos letramentos (NEW LONDON GROUP,1996;
COPE & KALANTZIS,2008), da pedagogia crítica (FREIRE, 2005;
KRAMSCH, 1993) e da produção responsiva ativa (ZOZZOLI,
2006). Os resultados sinalizam que a condução das três ati‑
vidades desenvolvidas com nuances dos novos letramentos
promoveu a participação dos alunos com posicionamentos
conscientes e alguns críticos. Cada atividade trabalhou com
um tipo de design (NEW LONDON GROUP, 1996). A primeira
objetivou a produção de uma apresentação na qual os par‑
ticipantes teriam, inicialmente, que analisar o contexto de
algumas imagens (design visual) para depois escolher os
elementos linguísticos apropriados (design linguístico); a
segunda objetivou o uso de sítios de relacionamento para a
produção de um perfil, a atividade envolvia também a esco‑
lha de elementos linguístico adequados (design linguístico);
a terceira atividade tinha como objetivo a produção de um
slogan (design linguístico) através das imagens de um vídeo
(design visual), que trazia alguns temas sociais (violência,
preservação ambiental, abuso sexual) nos quais os alunos
tiveram que construir seus posicionamentos e escrever
a respeito.
Através da metáfora de navegar em mares desconhecidos,
apresentamos um trabalho de pesquisa de doutorado, focali‑
zando a escrita colaborativa em língua inglesa como L2. Esta
apresentação tem como pilar uma experiência pedagógica
desenvolvida em uma sala de aula virtual de inglês como L2,
com aprendizes adolescentes do Ensino Fundamental II, que
visa desenvolver a escrita em L2 por meio da colaboração
entre pares. Especificamente, este trabalho procura com‑
preender as primeiras vivências e percepções sobre a escrita
colaborativa no ambiente do Google Docs. A interpretação
se concentra nos questionários reflexivos que fazem parte
da pesquisa do autor. O objetivo dos questionários foi tentar
entender e interpretar a dinâmica da escrita colaborativa e
suas implicações para o desenvolvimento de outras tarefas
no ambiente virtual. Utilizou‑se a abordagem hermenêuti‑
co‑fenomenológica (Freire, 1998, 2007, 2008), tem como in‑
tuito metodológico investigar um dado fenômeno humano
através da descrição e interpretação de uma ou várias mani‑
festações, buscando entender sua essência. Portanto, a me‑
todologia foi o caminho usado para se fazer uma breve refle‑
xão sobre as vivências desse processo de ensino e aprendiza‑
gem. Em um nível mais específico e teórico, buscou‑se fazer
uma leitura dessa vivência, dialogando com os princípios do
paradigma da complexidade estabelecidos por Morin (1999,
2003, 2004, e 2007) e Moraes (2008). Percebeu‑se que tal
projeto pedagógico em contextos de ensino‑aprendizagem
de línguas vai ao encontro dos princípios que compõem esse
paradigma emergente, ou seja, o princípio dialógico, holo‑
gramático e o da recursividade.
275
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
FORMAÇÃO CONTINUADA
DE PROFESSORES DE INGLÊS
COMO LÍNGUA ADICIONAL
EM ALAGOAS: REFLEXÕES,
CONTRIBUIÇÕES E (RE)
CONSTRUÇÕES
SERGIO IFA (UFAL)
Resumo de Paper
Nesta apresentação, descrevo e interpreto a formação
continuada de professores de língua inglesa da rede públi‑
ca que oferecemos em Alagoas. A formação de professores
faz parte da Rede Nacional de Formação Continuada dos
Profissionais do Magistério da Educação Básica Pública e se
desenvolve, em Alagoas, no formato de um curso de aper‑
feiçoamento com seis módulos de trinta horas. Como em‑
basamento teórico, apoio‑me na Lingüística Aplicada Crítica
(Pennycook, 2001); na teoria do ensino reflexivo (Schön,
1983,1987; Zeichner, 1993, 2003; Salles e Gimenez, 2010); na
perspectiva crítica de formação de professores (Freire, 1970;
Kincheloe, 1993; Pimenta, 1999; e Celani, 2001); nas teorias
do letramento crítico e dos novos letramentos (Lankshear e
Knobel, 2011a, 2011b; Menezes de Souza, 2011a, 2011b; Monte
Mór, 2010, 2011). Em especial, o objetivo da apresentação
centra‑se em descrever e interpretar de que forma a equi‑
pe formadora e os professores em formação promovem o
desenvolvimento profissional, nos módulos iniciais, ao ar‑
ticularem: (1)a expansão dos conhecimentos teóricos e das
práticas de letramento e (2) a formação crítica para a parti‑
cipação em práticas sociais; (3) o aperfeiçoamento das habi‑
lidades na língua inglesa e (4) a participação cidadã em um
mundo plural.
A DIMENSÃO AFETIVA
E AS CRENÇAS DE PROFESSORES
DE INGLÊS SOBRE
AVALIAÇÃO FORMAL
SÉRGIO RAIMUNDO ELIAS DA SILVA (UFOP)
Resumo de Paper
Este trabalho contribui para a qualidade do aprimoramen‑
to profissional de professores de língua estrangeira (LE) no
que tange à uma maior conscientização da dimensão afeti‑
va que perpassa as crenças e as práticas didático‑pedagógi‑
cas de avaliação, instigando uma postura mais reflexiva do
professor, aperfeiçoando sua formação e seu desempenho.
Analisa o papel tanto da afetividade quanto das crenças so‑
bre avaliação na prática docente, com vistas a destacar de
que formas a dimensão afetiva e as crenças contribuem para
o desenvolvimento de suas práticas profissionais de ava‑
liação. Trata‑se de uma pesquisa de base qualitativa, cujos
instrumentos de coleta de dados utilizados são um ques‑
tionário, uma entrevista e uma narrativa, coletados de um
grupo de professoras de inglês em serviço. Os resultados
mostram que a afetividade é considerada em diferentes mo‑
mentos das práticas de avaliação formal das professoras‑in‑
formantes (ora em cada uma das três etapas consideradas
por essa pesquisa: elaboração, aplicação e correção), não
havendo um consenso quanto aos momentos em que ela
está ou deve se fazer presente. Em outras palavras, os dados
revelam que a percepção das informantes quanto aos mo‑
mentos em que a dimensão afetiva está presente, e também
em que intensidade ela deve ser considerada, é variável. Por
conseguinte, as crenças sobre a afetividade nas práticas de
avaliação reveladas nos dados analisados são individuais e
variadas, além de inconsistentes e até mesmo controversas,
em algumas situações.
276
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
ESCREVENDO NA INTERNET:
O TRABALHO COM REVISÃO
E REESCRITA DE TEXTOS DIGITAIS
NA ESCOLA
SERGIO VALE DA PAIXÃO (IFPR)
Resumo de Paper
O trabalho intenta continuar as investigações acerca da pro‑
dução escrita dos alunos nos espaços virtuais de comunica‑
ção iniciados em minha dissertação de mestrado e continua‑
das no grupo de pesquisa Ensino, Cultura, Linguagem e suas
Tecnologias (GECLIT – IFPR/Jacarezinho). Nossa intenção é a
de aproximar as discussões sobre letramento em seu senti‑
do geral, ao que se tem buscado compreender sobre o letra‑
mento digital considerando os novos espaços em que os alu‑
nos têm circulado e suas novas formas de comunicação nas
redes em que são necessárias práticas de leitura e escrita.
Para que haja uma contribuição significativa aos trabalhos
que são realizados nessa nova era tecnológica, faremos um
recorte no que diz respeito aos aspectos de revisão e reescri‑
ta de textos já iniciados em trabalhos como o de Menegassi
(1998) e que podem colaborar para práticas escolares que
acontecem na esfera digital, na cultura do hipertexto. Ao re‑
conhecer a esfera digital como excelente possibilidade de
trabalho no que concerne à leitura e a produção de textos, e
fazendo uso desses recursos em minhas aulas no ensino mé‑
dio no IFPR ‑ Jacarezinho, questiono‑me sobre minha própria
prática pedagógica no que concerne a qualidade desses tex‑
tos. Será que a simples prática de produção escrita na esfera
virtual, como em sites de relacionamento, por exemplo, tem
colaborado para produções escritas com qualidade fora des‑
se espaço? Ou será que os trabalhos realizados por mim e no
contexto digital têm sido realizados apenas para deixar as
aulas mais “interessantes” e “prazerosas” aos olhos dos alu‑
nos, porém desprovidas de significativa qualidade no que se
produz? É nesse sentido, que uma pesquisa sobre essas pro‑
duções, tendo em vista a possibilidade de revisão e reescrita
dos textos produzidos pelos alunos nas esferas digitais, nas
aulas de Português, colaborará significativamente para que
se comprove a eficácia e a necessidade de se trabalhar com
os textos produzidos nesse campo, ou seja, o espaço virtual.
INICIAÇÃO CIENTÍFICA JÚNIOR:
RELATO DE EXPERIÊNCIAS
DE PESQUISAS COM FOCO
NO ENSINO E APRENDIZAGEM
DE LÍNGUAS ADICIONAIS COM
USO DE CORPORA
SHIRLENE BEMFICA DE OLIVEIRA (IFMG)
Resumo de Paper
A iniciação científica Júnior promove momentos para que
bolsistas sejam inseridos na prática de pesquisa como prin‑
cipio educativo favorecendo ao desenvolvimento da com‑
petência comunicativa em língua inglesa e da capacidade
crítica. Nesta comunicação, apresentaremos os resultados
de uma investigação que se desdobrou em três experiências
com bolsistas desta modalidade. O estudo de caso foi de‑
senvolvido em um Instituto Federal com a participação da
pesquisadora, oito bolsistas PIBIC Jr. e 230 alunos do Ensino
Médio Técnico. Os dados foram coletados por meio de ques‑
tionários, um corpus de textos argumentativos escritos pelos
alunos e as análises foram feitas com o auxílio do WordSmith
Tools. Na primeira experiência, quatro bolsistas mapearam,
descreveram os pacotes lexicais típicos de alunos inician‑
tes evidenciados em um corpus de textos argumentativos e
os categorizaram de acordo com a Academic formulas List
(SIMPSON‑VLACH; ELLIS, 2010). As análises foram pautadas
pela frequência dos itens e de seus colocados para a compre‑
ensão do comportamento das palavras em diferentes con‑
textos de uso e dos padrões probabilísticos da linguagem
produzida pelos participantes (BIBER, 1998). Na segunda
experiência, quatro bolsistas analisaram o efeito da instru‑
ção formal como foco na forma proativo no uso de orações
relativas em produções escritas (DOUGHTY; WILLIAMS, 1998).
Finalmente, na terceira experiência, os bolsistas analisaram
as crenças e experiências dos participantes sobre o processo
de aprendizagem de língua inglesa (MICCOLI, 1996; BARCELOS,
2001). Os resultados apontam para a necessidade de envol‑
vimento de professores de línguas e outras áreas neste tipo
de pesquisa, pois os alunos do ensino médio demonstram,
como pesquisadores, grande amadurecimento teórico, me‑
todológico e no uso da tecnologia. A pesquisa também pro‑
move a capacidade de organização dos estudos, de abstra‑
ção, a autonomia, e o mais importante o desenvolvimento
da competência comunicativa em língua inglesa.
277
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
AS NOVAS TECNOLOGIAS
REPRESENTADAS NO LIVRO
DIDÁTICO DE LÍNGUA INGLESA
TEORIA SOCIOCULTURAL
E AUTONOMIA
SILVIA EMILIA DE JESUS BARBOSA DA CUNHA (UFRJ)
SILVELENA COSMO DIAS (UNICAMP)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
Esta pesquisa tem por objetivo investigar e analisar se os
livros didáticos de língua inglesa, (LD de LI) que integram o
Programa Nacional do Livro Didático 2011 e 2012, se apro‑
priam do discurso sobre ou das novas tecnologias e como
se dá essa apropriação. Trata‑se de uma pesquisa que se
insere na perspectiva discursivo‑desconstrutivista, postu‑
ladas pelas teorias do discurso, da psicanálise lacaniana e
da desconstrução derridiana. Partimos do pressuposto de
que o LD é portador do discurso de verdade, garantindo‑lhe
legitimação e poder, o que nos remete aos estudos foucaul‑
tianos sobre a maneira como o poder se dissemina em uma
sociedade e produz efeitos de verdade e saber inquestioná‑
veis. O nosso corpus se constitui de duas coleções de LD de
LI para o ensino fundamental e de sete coleções para o ensi‑
no médio. Buscou‑se investigar como o discurso sobre (d)as
novas tecnologias emerge nos textos, nas imagens, fotos e
ilustrações, nas atividades de comunicação escrita, de pro‑
dução escrita, de compreensão oral, de produção oral, de
elaboração de projetos e nas orientações teórico‑metodo‑
lógicas que permeiam o exemplar do professor. Os resulta‑
dos apontam que o LD traz unidades temáticas referentes
às novas tecnologias, propõe realização de atividades com
o manuseio das novas tecnologias e apropria‑se de forma‑
tos textuais circulados na internet, como e‑mails, fóruns e
webpages. Assim, podemos afirmar que as novas tecnolo‑
gias deixam suas marcas impregnadas no papel impresso do
LD de LI e por meio dele veiculam‑se representações sobre
as novas tecnologias, sobre os sujeitos aluno e professor e
sobre as questões relativas ao ensino e aprendizagem de LI,
na tentativa de tornar‑se o objeto desejante de seu leitor,
pois o LD precisa provocar identificações em seu “consumi‑
dor”, uma vez que “identificar‑se significa encontrar naquilo
que se lê traços de si, que constituem o seu inconsciente”
(CORACINI, 2010, p. 33).
A falta de compreensão acerca do termo autonomia faz com
que muitos o associem como um sinônimo de independên‑
cia, individualismo, isolamento. O objetivo deste trabalho
consiste em desmistificar o termo e inseri‑lo em uma pers‑
pectiva sociocultural que preze as interações com o outro,
tomando como pressuposto, portanto, a autonomia como
parte das relações humanas. Dickinson (1994) define autono‑
mia em uma linha mais clássica na qual aponta que a mesma
está mais para uma atitude em relação à aprendizagem do
que para uma metodologia em si. Freire (1996) aponta para a
importância da responsabilidade e desenvolve o tema desta‑
cando que a autonomia seria uma relação simbiótica entre
professor e aluno, vantajosa para ambos, e que não deveria
implicar em licenciosidade por parte do aluno tampouco em
autoritarismo por parte do professor. Ao destacarmos a rela‑
ção com o outro não podemos deixar de considerar a Teoria
Sociocultural de Vygotsky na qual o psicólogo destaca a im‑
portância da interação. Tal teoria serviu como base para que
Oxford (2003) definisse a autonomia a partir de um viés so‑
ciocultural, levando em consideração o contexto situado de
aprendizagem mediada que se dá através da interação com
um par mais experiente. Neste trabalho, portanto, serão
expostas as diferentes visões de autonomia e como a visão
tradicional acerca da mesma pode ser desconstruída ao in‑
serirmos a importância da versão sociocultural apresentada
por Oxford.
278
10o coNgrEsso BrasileiRo de liNgUística aPliCada
AVALIAÇÃO DO ENEM
E AS ATIVIDADES DE LEITURA
DO APOSTILADO DO SISTEMA
POSITIVO DE ENSINO MÉDIO
PRÁTICAS CONTEMPORÂNEAS
NO ENSINO DA LÍNGUA INGLESA:
OS LETRAMENTOS CRÍTICOS
EM SALA DE AULA
SÍLVIO RIBEIRO DA SILVA (UFG–CAJ)
SIMONE BATISTA DA SILVA (UFRRJ)
Resumo de Paper
Resumo de Paper
O presente trabalho tem como objetivo analisar a didatiza‑
ção da leitura e da interpretação de textos escritos no apos‑
tilado do Sistema Positivo, usado pelos alunos de uma insti‑
tuição privada de ensino numa cidade do interior de Goiás
(Ensino Médio – EM), observando como ele mobiliza os sabe‑
res e competências requeridos pela matriz de referência da
área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias na avaliação
do ENEM. Sob a ótica da pesquisa interpretativista, procede‑
mos a um levantamento dos gêneros discursivos/textuais
que são apresentados ao aluno para leitura e interpretação,
observando se existe diversidade deles no material didático,
bem como analisando a forma como são trabalhados com o
aluno. Além disso, direcionamos nosso olhar sobre qual su‑
porte teórico subjaz à noção de habilidades e competências
pretendidas pela avaliação. Os resultados do estudo (em an‑
damento) poderão indicar a necessidade de mudanças nas
políticas de elaboração de material didático dos sistemas
privados de ensino, tendo em vista que esse material deve
oportunizar ao aluno a vivência de situações em que o co‑
nhecimento esteja relacionado com a realidade, objetivando
a construção de competências, assim como prevê o exame
do ENEM.
No ensino formal em contexto brasileiro, usualmente o co‑
nhecimento da Língua Inglesa tem sido considerado como
commodity e visto como porta de acesso para ascensão so‑
cial e econômica. As teorias pós‑críticas dos Letramentos
Críticos (MENEZES DE SOUZA, 2011; MONTE MÓR, 2011; NEW
LONDON GROUP, 2006; CERVETTI, PARDALES e DAMICO, 2001;
entre outros), entretanto, enxergam o ensino de língua
Inglesa na educação formal como a oportunidade de pro‑
mover uma metalinguagem em sala de aula, fomentando
entre os alunos a crítica de seus próprios discursos, repre‑
sentações e produções de sentidos, buscando, desta forma,
trabalhar a diferença, a pluralidade e a apropriação local de
conteúdos globais. Com a intenção de investigar essas te‑
orias contemporâneas para o ensino de Língua Inglesa, foi
fundado o Grupo de Estudos sobre Letramentos Críticos, da
UFRRJ, constituído por professores de Inglês em pré‑serviço
na Universidade além de professores em serviço da comu‑
nidade extramuros. O objetivo deste trabalho é apresentar
as perspectivas desses professores componentes do Gr
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caderno de REsUMOs