MARINA MUCEDOLA CINQUINI
CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO DE REATORES
IRRADIADOS POR MICRO-ONDAS PARA
CRAQUEAMENTO TÉRMICO DE HIDROCARBONETOS
SÃO CAETANO DO SUL
2011
MARINA MUCEDOLA CINQUINI
CONTRIBUIÇÃO AO DESENVOLVIMENTO DE REATORES
IRRADIADOS POR MICRO-ONDAS PARA
CRAQUEAMENTO TÉRMICO DE HIDROCARBONETOS
Dissertação apresentada à Escola de Engenharia
Mauá do Centro Universitário do Instituto Mauá
de Tecnologia para obtenção do Título de Mestre
em Engenharia de Processos Químicos e
Bioquímicos.
Linha de
Químicos.
Pesquisa:
Projeto
de
Processos
Orientador: Prof. Dr. Luiz Alberto Jermolovicius
Co-Orientador: Prof. Dr. José Thomaz Senise
SÃO CAETANO DO SUL
2011
Cinquini, Marina Mucedola
Contribuição ao desenvolvimento de reatores irradiados por
micro-ondas para craqueamento térmico de hidrocarbonetos –
Marina Mucedola Cinquini — São Caetano do Sul, SP: CEUNEEM, 2011.
152 p.
Dissertação de Mestrado — Programa de Pós-Graduação. Linha
de Pesquisa: Projeto de Processos Químicos — Escola de
Engenharia Mauá do Centro Universitário do Instituto Mauá de
Tecnologia, São Caetano do Sul, SP, 2011.
Orientador: Prof. Dr. Luiz Alberto Jermolovicius e Co-orientador:
Prof. Dr. José Thomaz Senise
1. – Craqueamento térmico. 2. Micro-ondas. 3. Hidrocarbonetos
I. Instituto Mauá de Tecnologia. Centro Universitário. Escola de
Engenharia Mauá. II. Título.
AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Juvenal Mucedola e Ivone Mucedola pelo exemplo de amor, trabalho,
dedicação, respeito e fé. Por terem cuidado de mim com muito zelo, atenção e carinho.
Ao meu marido Edmilson Cinquini pelos 23 anos de amor, carinho e companheirismo.
Às minhas filhas Verena e Aprile, por seu amor pleno de afeto e carinho demonstrados
constantemente com beijos e abraços.
Aos meus orientadores e professores Luiz Alberto Jermolovicius e José Thomaz Senise pelo
incentivo, orientação, experiência, sabedoria e seriedade que fizeram à diferença neste
trabalho.
Aos colegas Edmilson Renato de Castro, Renata Borges do Nascimento e Luis Fernando
Baccan e Silva funcionários do Instituto Mauá de Pesquisa, pela colaboração e apoio
durante os ensaios no Laboratório de Micro-ondas. Assim como a ajuda do Sr. Lauro
Ferreira, da Oficina Mecânica do Centro Universitário Mauá, pela usinagem e montagem dos
equipamentos utilizados nos testes de laboratório.
À banca examinadora pela orientação e ajuda com importantes conselhos que possibilitaram
a complementação final do trabalho.
A todos que acreditaram e confiaram em mim na realização deste projeto.
Agradeço a Deus pela sua presença constante em minha vida, permitindo encontrar várias
pessoas especiais que me inspiraram e iluminaram o meu caminho.
Se as coisas são inatingíveis. . . Ora
Não é motivo para não querê-las.
Que tristes seriam os caminhos não fora
A mágica presença das estrelas. . .
Mário Quintana
RESUMO
Este trabalho desenvolveu um reator contínuo para o craqueamento térmico de
hidrocarbonetos utilizando radiação de micro-ondas como fonte de energia. A fração de
hidrocarbonetos escolhida para os testes possui uma faixa de destilação entre 154 e 181°C,
correspondente ao decano. Basicamente o reator é um tubo de quartzo, um material
transparente às micro-ondas, disposto no centro de uma câmara de alumínio
paralelepipédica, isolada termicamente com um isolante térmico sílico-aluminoso também
transparente às micro-ondas. Na extremidade desta câmara há uma parede móvel e na
outra um gerador de micro-ondas de 2,45 GHz e 3 kW de potência. No interior do reator há
um susceptor de micro-ondas que é uma peça de cerâmica com alta perda dielétrica que
absorve muito bem as micro-ondas e consegue atingir altas temperaturas causando um
intenso aquecimento. Verificou-se pela equação de Gibbs que é possível craquear o decano
em temperaturas a partir de 300°C na pressão ambiente. O carbeto de silício atingiu a
temperatura de craqueamento em apenas alguns minutos de exposição à irradiação de
micro-ondas. Otimizou-se a ação do susceptor quando se ajustou uma região de máximo
campo elétrico com a parede móvel, aumentando desta forma o máximo rendimento de
energia absorvida pelo susceptor. A temperatura atingida pelo carbeto de silício por sua vez
é função da potência de micro-ondas aplicada. O produto craqueado foi condensado e
caracterizado pelo cálculo da massa molecular média e pelos resultados de cromatografia
gasosa acoplada a espectrometria de massa. As análises indicaram que a fração craqueada
é mais leve que a amostra inicial, mostrando uma redução do ponto médio de ebulição das
frações craqueadas comparadas com o ponto médio inicial. Conclui-se que o reator contínuo
desenvolvido no trabalho, por meio de ação sinérgica do carbeto de silício e das microondas, promoveu o craqueamento térmico do decano. Os testes conduziram a um resultado
qualitativo devido à perda dos compostos leves que não condensaram.
Palavras chave: micro-ondas. craqueamento. hidrocarbonetos. petróleo.
ABSTRACT
This study developed a continuous reactor in order to thermally crack hydrocarbons by using
microwaves radiation as a source of energy. The fraction of hydrocarbons chosen for the
tests has a range of distillation between 154 and 181ºC, corresponding to the decane.
Basically, the reactor is a tube of quartz, material that is transparent to radiation from
microwaves, placed in the center of a parallelepiped aluminum chamber, thermally insulated
with a thermal insulator of aluminous-silicon, also transparent to microwaves. At one end of
this chamber there is a mobile wall and at the other end there is a generator of microwaves
of 2.45 GHz and 3 kW of power. Inside the reactor, there is a microwaves susceptor, a piece
of ceramic of high dielectric loss which absorbs microwaves very well and can reach high
temperatures that cause intense heat. With the Gibb´s equation, it was found that it is
possible to crack the decane at temperatures from 300 ºC at room pressure. The silicon
carbide reached cracking temperature within a few minutes of exposure under irradiation
from microwaves. The action of the susceptor was optimized when a region of the maximum
electric field was adjusted with the mobile wall, thus increasing the maximum yield of energy
absorbed by the susceptor. The temperature reached by the silicon carbide is caused by
applying microwave power. The cracked product was condensed and characterized by
calculating the average molecular weight and from the results of gas chromatography which
were coupled with mass spectrometry. Analyses indicated that the cracked fraction is lighter
than the initial sample, showing reduction in the average boiling point of the cracked fraction
compared with the average boiling point initial. The conclusions are that the reactor
developed in this study, by means of the synergistic action of silicon carbide and
microwaves, promoted thermal cracking of the decane. The tests led to a qualitative result
due to the loss of light compounds that did not condense.
Keywords: microwaves. cracking. hydrocarbons. petroleum.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 01 – ESQUEMA DO PROCESSO DE VISCORREDUÇÃO...................................................26
FIGURA 02 – ESQUEMA DO PROCESSO DE CRAQUEAMENTO CATALÍTICO
FLUIDIZADO - UNIDADE FCC .....................................................................................28
FIGURA 03 – ESQUEMA DO PROCESSO DE HIDROTRATAMENTO CATALÍTICO.......................29
FIGURA 04 – ESQUEMA DO PROCESSO DE CRAQUEAMENTO CATALÍTICO DE
RESÍDUOS.....................................................................................................................30
FIGURA 05 – ESQUEMA DO PROCESSO DE CRAQUEAMENTO CATALÍTICO
PROFUNDO...................................................................................................................31
FIGURA 06 – ESQUEMA DO PROCESSO DE PROCESSO TÉRMICO GASÓLEO..........................32
FIGURA 07 – ESQUEMA DO PROCESSO DE PROCESSO DE CONVERSÃO TÉRMICA
INTENSA........................................................................................................................33
FIGURA 08 – ESQUEMA DO PROCESSO DE COQUEAMENTO......................................................34
FIGURA 09 – ESQUEMA DO PROCESSO DE COQUEAMENTO RETARDADO..............................35
FIGURA 10 – PROCESSOS DE HIDROCRAQUEAMENTO E HIDROTRATAMENTO
NAS UNIDADES DE REFINO DO PETRÓLEO BRUTO...............................................37
FIGURA 11 – FLUXOGRAMA DE UMA REFINARIA MODERNA DO PETRÓLEO CRU...................38
FIGURA 12 – REAÇÃO DE CRAQUEAMENTO TÉRMICO C/ FORMAÇÃO DE
RADICAIS LIVRES.........................................................................................................42
FIGURA 13 – REAÇÕES PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS NO CRAQUEAMENTO
CATALÍTICOS DE ALCANOS........................................................................................43
FIGURA 14 – REAÇÃO DE CRAQUEAMENTO TÉRMICO/CATALÍTICO C/ FORMAÇÃO
DE ÍONS POSITIVOS.....................................................................................................44
FIGURA 15 – EFEITOS CAUSADOS PELA INCIDÊNCIA DE MICRO-ONDAS
EM DIFERENTES MATERIAIS......................................................................................47
FIGURA 16 – APARELHO DE DESTILAÇÃO ASTM..........................................................................66
FIGURA 17 – CURVAS DE DESTILAÇÃO ASTM D 86-90 DAS AMOSTRAS DE
QUEROSENE: QUATRO REPETIÇÕES.......................................................................69
FIGURA 18 – RELAÇÃO ENTRE OS PONTOS DE EBULIÇÃO MÉDIO MOLAR E
VOLUMÉTRICO CORRESPONDENTE A INCLINAÇÃO ASTM.................................. 69
FIGURA 19 – RELAÇÃO ENTRE MASSAS MOLECULARES, TEMPERATURA
MÉDIA DE EBULIÇÃO VOLUMÉTRICA E MOLAR, DENSIDADES DAS
FRAÇÕES DE PETRÓLEO............................................................................................70
FIGURA 20 – COLUNA DE DESTILAÇÃO FRACIONADA.................................................................73
FIGURA 21 – ESQUEMA DA COLUNA DE DESTILAÇÃO FRACIONADA........................................75
FIGURA 22 – REATOR CONTÍNUO DE MICRO-ONDAS...................................................................79
FIGURA 23 – ESQUEMA GERAL DO REATOR CONTÍNUO DE MICRO-ONDAS............................79
FIGURA 24 – ESQUEMA DO REATOR CONTÍNUO DE MICRO-ONDAS..........................................80
FIGURA 25 – PEÇA DE CARBETO DE SILÍCIO RUBRA...................................................................81
FIGURA 26 – DESTILAÇÃO ASTM DO QUEROSENE ILUMINANTE DA MARCA ESSO................83
FIGURA 27 – DESTILAÇÃO ASTM DO DECANO / AMOSTRAS COLETADAS (159 E 163° C).....84
FIGURA 28 – DESTILAÇÃO ASTM DO DECANO / AMOSTRAS COLETADAS (160 E 180° C).....84
FIGURA 29 – DESTILAÇÃO ASTM DO DECANO / AMOSTRAS COLETADAS (150 E 170° C).....85
FIGURA 30 – DESTILAÇÃO ASTM DO DECANO / AMOSTRAS COLETADAS (150 E 156° C).....85
FIGURA 31 – DESTILAÇÃO ASTM DO DECANO .............................................................................86
FIGURA 32 – DESTILAÇÃO ASTM DA REDESTILAÇÃO DO DECANO ..........................................86
FIGURA 33 – CURVAS DE DESTILAÇÃO ASTM D 86- 90 DA AMOSTRA DE
QUEROSENE: QUATRO REPETIÇÕES.......................................................................88
FIGURA 34 – DESTILAÇÃO ASTM DA FRAÇÃO DE DECANO........................................................88
FIGURA 35 – DESTILAÇÃO ASTM DA FRAÇÃO CRAQUEADA .....................................................89
FIGURA 36 – HIDROCARBONETOS POSSÍVEIS NA AMOSTRA DE QUEROSENE.......................92
FIGURA 37 – HIDROCARBONETOS PROVÁVEIS NO CG-MS DA FRAÇÃO DECANO..................93
FIGURA 38 – HIDROCARBONETOS PROVÁVEIS ENCONTRADOS NO CG-MS
DA FRAÇÃO CRAQUEADA .........................................................................................93
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 – CARACTERÍSTICAS DAS FRAÇÕES BÁSICAS DO REFINO NAS
DESTILAÇÕES ATMOSFÉRICA E A VÁCUO...............................................................23
TABELA 2 – REAÇÕES DE CRAQUEAMENTO TÉRMICO/CATALÍTICO EM VÁRIOS
TIPOS DE HIDROCARBONETOS .................................................................................40
TABELA 3 – EXEMPLOS DE TEMPO DE REAÇÃO REDUZIDO POR AQUECIMENTO
DE MICRO-ONDAS..........................................................................................................51
TABELA 4 – PROPRIEDADES PADRÃO DOS HIDROCARBONETOS NA REAÇÃO
DE CRAQUEAMENTO....................................................................................................59
TABELA 5 – CÁLCULO TERMODINÂMICO DA REAÇÃO DE CRAQUEAMENTO
DO DECANO/PENTANO+PENTENO.............................................................................60
TABELA 6 – CÁLCULO TERMODINÂMICO DA REAÇÃO DE CRAQUEAMENTO
DO DECANO/BUTANO+ETILENO.................................................................................61
TABELA 7 – CÁLCULO TERMODINÂMICO DA REAÇÃO DE CRAQUEAMENTO
DO DECANO/BUTENO+ETANO+ACETILENO.............................................................62
TABELA 8 – CÁLCULO TERMODINÂMICO DA REAÇÃO DE CRAQUEAMENTO
DO DECANO/PROPENO+ETILENO+HIDROGÊNIO.....................................................63
TABELA 9 – CONDIÇÕES DE CRAQUEAMENTO DA FRAÇÃO C10 POR
IRRADIAÇÃO DE MICRO-ONDAS.................................................................................82
TABELA 10 – DESTILAÇÃO ASTM D 86-90 DO QUEROSENE ILUMINANTE.................................87
TABELA 11 – HIDROCARBONETOS ENCONTRADOS NA ANÁLISE CG-MS DAS
AMOSTRAS: DECANO, PROC 1, PROC2, PROC 3, PROC 4....................................94
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
PM
Peso molecular
FM
Fórmula molecular
PE
Ponto de ebulição
u.m.m.
Unidade de massa molecular
API
American Petroleum Institute
ASTM
American Standard for Testing and Materials
GLP
Gás liquefeito do petróleo
BTX
Benzeno, tolueno e xileno
C-C
Ligação simples de carbonos
FCC
Craqueamento catalítico fluidizado
STEAM
Corrente de fluídos
AV.
Aviação
BFW
Água de caldeira
MEROX
Oxidação de mercaptanas
VRU
Unidade de recuperação de gases
CG-MS
Cromatografia gasosa acoplada com espectro de massa
PIE
Ponto inicial de ebulição
PROC 1
Processo de craqueamento térmico 1
PROC 2
Processo de craqueamento térmico 2
PROC 3
Processo de craqueamento térmico 3
PROC 4
Processo de craqueamento térmico 4
SiC
Carbeto de silício
NP
Naftênicos parafínicos
ND
Não disponível
LISTA DE SÍMBOLOS
v
Velocidade de propagação da onda eletromagnética
‫ג‬
onda Comprimento de
f
Freqüência de onda
E
Energia do campo eletromagnético
h
Constante de Planck
tan δ
Tangente de Perda
є
Permissividade do material
µ
Permeabilidade do material
ε´
Constante dielétrica
ε´´
Fator de perda dielétrico
∆H°f
Variação de entalpia padrão de formação
∆S°
Variação de entropia padrão
∆Hr
Variação de entalpia da reação
∆Sr
Variação de entropia da reação
∆Gr
Variação de energia livre de Gibbs da reação
tan α
Inclinação de Engler
T90
Temperatura de ebulição em 90% destilados
T10
Temperatura de ebulição em 10% destilados
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO....................................................................................................16
2 OBJETIVO...........................................................................................................18
3 JUSTIFICATIVA.................................................................................................19
4 PROCESSAMENTO DO PETRÓLEO..........................................................21
4.1 O PETRÓLEO......................................................................................................21
4.2 REFINO DO PETRÓLEO.....................................................................................22
4.3 CRAQUEAMENTO..............................................................................................39
5 REAÇÕES QUÍMICAS INCENTIVADAS POR MICRO-ONDAS..........46
5.1 MICRO-ONDAS....................................................................................................46
5.2 EFEITO DAS MICRO-ONDAS SOBRE AS REAÇÕES QUÍMICAS....................48
5.3 APLICAÇÕES DE MICRO-ONDAS AO PETRÓLEO...........................................51
6 CONDIÇÕES DE CRAQUEAMENTO DA FRAÇÃO DE DECANO.....59
6.1 VIABILIDADE CINÉTICA DO CRAQUEAMENTO...............................................63
7 MATERIAIS E MÉTODOS...............................................................................65
7.1 AVALIAÇÃO DO EFEITO DA IRRADIAÇÃO DE MICRO-ONDAS NA
FRAÇÃO C10........................................................................................................65
7.2 DESTILAÇÃO SEGUNDO ASTM D 86................................................................65
7.3 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DE UMA AMOSTRA DE
HIDROCARBONETOS SEGUNDO ASTM D 1298 - 99 (45)...............................67
7.4 DETERMINAÇÃO DA MASSA MOLECULAR MÉDIA DE
UMA AMOSTRA DE HIDROCARBONETOS.......................................................68
7.5 CROMATOGRAFIA GASOSA ACOPLADA COM ESPECTROMETRIA
DE MASSA CG-MS.............................................................................................70
7.6 FRAÇÃO C10 DO QUEROSENE E EQUIPAMENTO PARA SEU
PREPARO............................................................................................................71
7.6.1 Destilação fracionada do querosene...................................................................73
7.6.1.1 Materiais e equipamentos conforme esquema da coluna de destilação
representada na Figura 21.................................................................................73
7.6.1.2 Métodos de destilação........................................................................................76
7.6.1.2.1 Ensaios de destilação fracionada do querosene iluminante................................76
7.7 REATOR DE ALTA TEMPERATURA INCENTIVADO POR MICRO-ONDAS.....78
7.7.1 Craqueamento térmico/catalítico incentivado por micro-ondas.........................80
8 RESULTADOS E DISCUSSÃO.....................................................................83
8.1 RESULTADOS DA DESTILAÇÃO C10.................................................................83
8.1.1 Destilação ASTM do Querosene Iluminante.................................................83
8.1.2 Destilação ASTM do decano..........................................................................83
8,2 DESTILAÇÃO SEGUNDO ASTM D 86 DA AMOSTRA DE QUEROSENE.........87
8.3 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DAS AMOSTRAS DE QUEROSENE,
DECANO E CRAQUEADAS.................................................................................89
8.4 DETERMINAÇÃO DA MASSA MOLECULAR MÉDIA DA AMOSTRA
DE QUEROSENE OBTIDA PELA CURVA ASTM DO QUEROSENE.................90
8.5 DETERMINAÇÃO DA MASSA MOLECULAR MÉDIA DA AMOSTRA DA
FRAÇÃO DE DECANO OBTIDA PELA ASTM.....................................................90
8.6 DETERMINAÇÃO DA MASSA MOLECULAR MÉDIA DA AMOSTRA DA
FRAÇÃO CRAQUEADA OBTIDA PELA CURVA ASTM......................................91
8.7 RESULTADOS DA ANÁLISE CROMATOGRÁFICA CG-MS...............................94
8.7.1 Cromatograma da fração C10, e os seus espectros de massa.............................95
8.7.2 Cromatograma da fração de hidrocarbonetos craqueados (PROC 1)
e os seus espectros de massa .........................................................................102
8.7.3 Cromatograma da fração de hidrocarbonetos craqueados (PROC 2)
e os seus espectros de massa........................................... ..............................108
8.7.4 Cromatograma da fração de hidrocarbonetos craqueados (PROC 3)
e os seus espectros de massa..........................................................................115
8.7.5 Cromatograma da fração de hidrocarbonetos craqueados (PROC 4)
e os seus espectros de massa .........................................................................123
8. 8 DISCUSSÃO.....................................................................................................132
9 CONCLUSÃO...................................................................................................136
10 REFERÊNCIAS..............................................................................................137
ANEXO A – DESTILAÇÕES ASTM DAS AMOSTRAS OBTIDAS
NAS DESTILAÇÕES FRACIONADAS DO QUEROSENE
PELO MÉTODO ITERATIVO (TENTATIVA E ERRO)..............................144
16
1 INTRODUÇÃO
A indústria de petróleo, nas últimas décadas, tem se defrontado com uma nova situação no
cenário mundial com relação às reservas de petróleo. A qualidade do petróleo explorado
está migrando de petróleo leve para petróleo pesado [1]. Isto impacta no perfil de produtos
obtidos nas refinarias, aumentando a produção de derivados pesados. Assim, apesar dos
bilhões e bilhões de barris que são descobertos, a produtividade em seus principais
derivados, gasolina, nafta, querosene de aviação e óleo diesel não atinge a sua demanda.
Com este panorama de oferta de petróleo pesado, o refino nos próximos anos enfrentará um
grande desafio: conseguir processar petróleo pesado e produzir seus derivados com
qualidade, evitando a formação de mais resíduos pesados, de forma a atender à crescente
demanda de combustíveis.
Considerando, ainda, as questões ambientais cada vez mais impostas por uma
regulamentação rigorosa com relação à eliminação de resíduos, promovem o incentivo ao
desenvolvimento de métodos de produção de derivados convencionais na melhoria do refino
a partir de petróleos pesados. Estrategicamente, busca-se pela manutenção da
produtividade dos processos de refino e a qualidade dos produtos de refinação.
É esperado que as indústrias petrolíferas, em futuro próximo, invistam em pesquisa e
tecnologia na área de refino do petróleo pesado, pois combustíveis e matérias-primas
petroquímicas ocupam um papel importante no equilíbrio econômico mundial [1].
Uma opção é investir nas atuais refinarias, visando adequá-las para o processamento de
frações de petróleo pesado. Esta solução implica em uma reestruturação das refinarias já
construídas, o que não é atraente, devido ao custo de implantação destas novas estruturas
e também no aumento de energia para processar o petróleo mais pesado.
A alternativa de melhorar a qualidade do petróleo cru alterando a sua composição por meio
de um tratamento térmico severo, como o craqueamento, apresenta a vantagem de evitar
alterações profundas no parque instalado.
Uma variante desta alternativa é o craqueamento térmico incentivado por micro-ondas. Esta
solução está fundamentada na química incentivada por micro-ondas, que preconiza a
17
aceleração de reações químicas por meio do campo eletromagnético. Há citações no estado
da técnica que permitam admitir a possibilidade do craqueamento, incentivado por microondas [2,3,4,5,6,32,33,34, 35,36,37,38,39,40 a 61,66,77].
Nesta ordem de idéias, empreendemos o presente trabalho, visando desenvolver uma base
de processo para redução de peso molecular de hidrocarbonetos por craqueamento,
utilizando a energia das micro-ondas.
O trabalho proposto utilizará uma fração simples do petróleo, rica em C10, classificada como
decano, ao invés de utilizar o petróleo bruto, pois a proposta busca o craqueamento de
hidrocarbonetos por irradiação de micro-ondas e, a fração de decano, neste trabalho,
representa os hidrocarbonetos derivados do petróleo como reagente da reação.
Considerando ainda que a aquisição de uma grande quantidade de amostras de decano
para os testes de craqueamento térmico torna-se inviável para este trabalho, optou-se na
extração do decano a partir de amostras de querosene iluminante. O querosene é uma
fração do petróleo que contém uma quantidade considerável de decano na sua composição,
em torno de 35%, tornando-se viável a produção e obtenção do decano através da
destilação fracionada do querosene iluminante.
18
2 OBJETIVO
Estabelecer o equipamento e as condições operacionais de laboratório para promover uma
redução da massa molecular média das frações de hidrocarbonetos, por meio de reação de
craqueamento térmico por micro-ondas. Avaliar, em estágio incipiente, a viabilidade do
craqueamento por micro-ondas, analisando o comportamento da fração de hidrocarbonetos
com faixa de ebulição entre 158 a 174 °C, equivalente ao decano.
Basicamente o objetivo do trabalho é obter através do reator contínuo de micro-ondas,
frações de hidrocarbonetos mais leves, naftas leves, craqueando as frações de decano
(C10), num estágio inicial de exploração onde a única fonte de energia utilizada é a energia
das micro-ondas. É uma tentativa de simular o craqueamento térmico dos hidrocarbonetos
do refino do petróleo, visando classificar e qualificar os hidrocarbonetos obtidos neste
processamento.
19
3 JUSTIFICATIVA
Considerando que, atualmente, há um aumento da oferta de petróleo mais pesado, com
densidade da ordem de 2°API abaixo do petróleo tradicional, e que as refinarias estão
dimensionadas para operar com petróleo mais leve, configura-se um problema estratégico
para indústria do refino.
Processar o petróleo pesado em refinarias tradicionais (projetadas para o petróleo mais
leve) é problemático, pois requer uma carga de energia maior do que a disponibilizada para
o refino do petróleo leve, resultando na queda de produtividade e maior geração de resíduos
de refino.
Alguns esforços já foram feitos para viabilizar tal processamento, como as tecnologias de
craqueamento térmico/catalítico mais severo, por exemplo, a Viscoredução e Coqueamento
Retardado, para tratamento das frações pós-destilação [7,11,12,13,14,15,16,17,18,19,20].
Atualmente, o custo deste aprimoramento é alto e, por enquanto ainda compensa investir na
compra de petróleo leve e processá-lo. A médio e longo prazo, as indústrias necessitarão de
uma inovação tecnológica para melhorar a qualidade do petróleo bruto pesado ou para o
tratamento dos produtos de fundo para transformá-los em combustíveis através de novas
técnicas de craqueamento térmico.
Com esta visão, justifica-se o objetivo deste trabalho em estabelecer uma base experimental
para conversão dos hidrocarbonetos pesado, bem como os resíduos pesados dos
processos de refino, em produtos mais leves, permitindo aumentar a oferta de combustíveis.
Almeja-se atingir tal intento por meio da aplicação de micro-ondas ao processo de
craqueamento de hidrocarbonetos.
Devido à dificuldade do trabalho com amostras de hidrocarbonetos pesados em laboratório
considerando a sua complexidade, os testes serão baseados no comportamento de uma
fração do petróleo menor, mais simples, a fração C10, denominado decano, cuja faixa de
ebulição apresenta-se entre 158 a 174 °C.
Não serão comparados neste trabalho aspectos econômicos e dados técnicos quantitativos
de processo do craqueamento térmico de hidrocarbonetos do refino de petróleo
20
convencional com os de craqueamento térmico de hidrocarbonetos do reator contínuo
irradiado por micro-ondas. Informações sobre o processo como a demanda energética,
custo de implantação dos processos e instalação de equipamentos, balanço de massa e de
energia, rendimento dos produtos e subprodutos, velocidade da reação, perdas de
processo, etc., poderão ser explorados em futuros trabalhos de pesquisa sobre
craqueamento térmico de hidrocarbonetos com aplicação de micro-ondas como única fonte
de energia.
Neste trabalho serão analisados apenas os aspectos qualitativos dos resultados
experimentais devido à dificuldade no controle e obtenção das variáveis de processo. O
fluxo de hidrocarbonetos na entrada e saída do reator, a temperatura da peça de carbeto de
silício e temperatura e pressão do sistema não foram disponibilizados neste projeto.
21
4 PROCESSAMENTO DO PETRÓLEO
4.1 O PETRÓLEO
O petróleo é um líquido escuro, uma mistura orgânica constituída por diferentes tipos de
hidrocarbonetos, apresentando diversas massas moleculares, propriedades e estruturas,
formando desta forma, composições complexas e frações com faixas de ponto de ebulição
bem próximas. Ainda em sua composição contém contaminantes em menores quantidades
como o nitrogênio, enxofre, oxigênio e alguns metais tais como o níquel, vanádio e ferro
[7,9,10].
Fisicamente, o petróleo varia de um líquido pouco viscoso, para um óleo muito viscoso, e a
sua cor é bem escura quase preta. A densidade relativa do petróleo também varia nas
temperaturas 60/60 °F, na maioria dos casos, de 0,80 a 0,95 correspondendo a 45 e 17 °API
respectivamente.
O petróleo é uma mistura complexa constituída por hidrocarbonetos, podendo ser
classificada em função dos hidrocarbonetos predominantes em: parafínico leve (35,5°API,
alcanos, com baixo teor de cera), parafínico (27°API, alcanos com alto teor de cera),
naftênico ou asfáltico (19,4°API, cicloparafínicos) e aromático (10,7°API, hidrocarbonetos
aromáticos) [8,10].
O petróleo também pode ser classificado de acordo com o tipo de resíduo obtido por
destilação: base parafínica (resíduo de parafinas, cadeias saturadas), naftênica (resíduo de
cicloalcanos) ou base mista (composição intermediária entre as bases parafínicas e
naftênicas) [8].
22
4.2 REFINO DO PETRÓLEO
Para aproveitar o grande potencial energético do petróleo, é necessário processá-lo,
fracionando-o em diversos produtos como os combustíveis: a gasolina, óleo diesel,
querosene iluminante ou de aviação e óleo combustível e também em produtos como a
nafta petroquímica, asfalto e coque de petróleo.
Os produtos derivados do petróleo são obtidos através de processos físicos e químicos que
ocorrem em unidades integradas de refino, que são associadas conforme características da
carga de petróleo utilizada e do produto que se deseja obter [11].
O processamento de petróleo é baseado principalmente em operações de separação e
conversão de seus constituintes. Hidrocarbonetos podem ser convertidos em outros
hidrocarbonetos, desde que lhes sejam aplicados a tecnologia adequada (catalisadores,
temperatura e tempo de reação).
A destilação (atmosférica e a vácuo) é a primeira etapa do refino onde ocorre a separação
dos componentes mais leves e médios, ou seja, é o processo onde são removidas frações
do petróleo com faixas mais baixas de ebulição.
Neste processo, são obtidos os primeiros compostos de valor comercial:
a) Produtos leves:
O metano e etano (matéria prima para a petroquímica), gás liquefeito do petróleo
(GLP, combustível a base de propano e butano), benzenos, toluenos e xilenos
(BTX, matéria prima para petroquímica), naftas leves e pesadas ou solventes
(faixa de ebulição entre 35 a 340°C) e gasolina (entre 46 a 200 °C);
b) Produtos médios:
Querosene (150 a 315°C), óleo diesel leve e pesado (190 a 410° C);
c) Produtos pesados:
Lubrificantes (policíclicos e poliaromáticos), gasóleo leve e pesado, óleo
combustível (alta viscosidade) e asfalto (resíduo da destilação a vácuo).
Na destilação atmosférica, apenas se aquece o petróleo, sem que haja decomposição
térmica e formação de coque na torre. O resíduo atmosférico é uma fração pesada, obtida
23
do fundo da torre de destilação atmosférica, de alto peso molecular, com frações de alto
potencial econômico. Porém, na temperatura de destilação atmosférica estas frações não
vaporizam. Se diminuir a pressão, o ponto de ebulição também cairá e os compostos
conseguem vaporizar em temperatura menor, então na destilação a vácuo consegue-se
removê-los da mistura [11]. A Tabela 1 apresenta um resumo destas possibilidades.
Tabela 1 – Características das frações básicas do refino nas destilações atmosférica e a vácuo [11]
CORTE
FRAÇÕES
N° DE
FAIXAS DE
FRAÇÕES
FAIXAS DE CORTE
DE CORTE
CARBONOS
EBULIÇÃO (°C)
COMERCIAIS
(°C)
C1 e C2
T < -44
Gás
combustível
GASES
Propano
Combustíveis
C3
-44 < T < 0
doméstico, GLP e
matéria prima para
0
ATMOSFÉRICO
petroquímica
NAFTAS
Butano
C4
-44 < T < 0
Nafta Leve
C5 e C6
32 < T < 90
Gasolina; solventes
e p/ petroquímica
Gasolina e
Nafta Pesada
C7 a C10
90 < T < 190
140 < T< 180
produção de
aromáticos
Querosene
QUEROSENE
Querosene
C10 a C12
100 < T < 280
iluminante e de
220 < T < 240
aviação
A VÁCUO
GASÓLEOS
Leve
C13
280
Óleo Combustível
Médio
C14 a C17
320
Óleo Diesel
Pesado
C18 a C22
390
Gasóleo Leve
C20
390
C21
420
C22
550
> C22
> 550
Gasóleo
GASÓLEOS
Médio
Gasóleo
Pesado
RESÍDUO
Asfalteno e
poliaromático
Gasóleo
360 < T < 380
petroquímico
Lubrificantes e óleo
Diesel
Lubrificantes e óleo
Diesel
530 < T < 570
Lubrificantes
Lubrificantes e
asfaltos
> 570
24
Os componentes que possuem ponto de ebulição mais alto, os gasóleos leves e pesados,
que não vaporizaram durante a destilação a vácuo, são direcionados para as unidades de
conversão, onde acontece o craqueamento, reações de decomposição das estruturas
químicas. Desta forma consegue-se maior quantidade dos produtos de interesse comercial
(gasolina, nafta e GLP) e os demais compostos não destiláveis.
Os produtos da destilação e do craqueamento são ainda submetidos a unidades de
tratamento, conforme descritos abaixo, que removem substâncias indesejáveis, os
contaminantes, já que a presença deles desqualifica os derivados comercialmente.
a) Processos de Separação:
- Destilação atmosférica e destilação a vácuo: processos físico-químicos que
separam frações de petróleo em diferentes faixas de ponto de ebulição, obtendo
compostos leves e médios, em função da temperatura e pressão do sistema.
- Desasfaltação a propano: processo químico de separação de gasóleo de alta
viscosidade do resíduo de destilação a vácuo, por ação de um solvente
(propano) sob alta pressão.
- Desaromatização a furfural: processo de produção de lubrificantes, através da
retirada de compostos aromáticos, polinucleares, de alto peso molecular, através
do solvente furfural.
- Desparafinação a solvente: processo na produção de lubrificantes, com remoção
de parafinas do óleo desaromatizado, por ação do solvente metil-isobutil-cetona,
em baixas temperaturas, que solubiliza frações com ceras, exceto as parafinas,
que permanecem em fase sólida, e são filtradas, promovendo a separação.
- Desoleificação a solvente: processo idêntico a desparafinação, em condições
mais severas, para produzir parafinas com menos teor de óleo.
- Extração de aromáticos, semelhante à desaromatização a furfural, obtém
benzeno, tolueno e xileno, de alto valor para o mercado, utilizado em indústrias
petroquímicas, separado da nafta (proveniente de uma unidade de reforma
catalítica)
por
solvente
tetraetilenoglicol
e
n-metilpirrolidona
com
monoetilenoglicol. Os não aromáticos depois da remoção dos solventes, são
enviados ao “pool” de gasolina.
- Adsorção de n-parafinas: processo de separação de cadeias parafínicas da
fração de querosene por passagem num leito de peneiras moleculares
(adsorção) que apesar de proporcionarem qualidade ao querosene iluminante,
são muito prejudiciais ao querosene de aviação. As n-parafinas são valiosas
25
matérias primas para indústria petroquímica sendo usadas na produção de
detergentes sintéticos.
b)
Processos de Conversão:
São processos químicos que tem como objetivo modificar a estrutura molecular
de uma fração a fim de lhe adicionar mais valor econômico. A transformação dos
compostos ocorre através de quebra, reestruturação ou reagrupamento
molecular. Os processos de craqueamento térmico ou catalítico são processos
de quebra ou decomposição molecular e são aplicados em diferentes
severidades de temperatura e pressão. O craqueamento térmico é atualmente
um processo obsoleto, foi utilizado desde 1915 até 1943, sendo a partir deste
período, substituído pelo craqueamento catalítico. Transforma hidrocarbonetos
pesados presentes no gasóleo de vácuo ou no resíduo atmosférico em
moléculas menores, sob elevadas temperaturas e pressões. O objetivo é obter
principalmente gasolina e GLP, produzindo também como subprodutos gás
combustível, óleo diesel, óleo residual e o coque (resíduo de menor valor
agregado). As novas técnicas de craqueamento térmico e catalítico são unidades
popularmente chamadas “unidades fundo de barril”, implantadas junto às
unidades convencionais, que estavam mecanicamente limitadas devido ao
petróleo pesado. Acoplando estas novas unidades junto às unidades da
refinaria, foi obtido melhor benefício em capacidade operacional, com
flexibilidade na composição das cargas, otimização do processo e recuperação
de maior qualidade e quantidade de compostos desejados [11].
As últimas tecnologias de craqueamento empregadas no setor do petróleo
seguem detalhadas nesta ordem de drasticidade: [12 a 20]
Viscorredução: é um processo de conversão térmica parcial de melhora na
viscosidade sem produzir quantidades maiores de destilados, não requer
catalisador e possui baixa severidade, utilizando temperaturas menores e baixo
tempo de residência (evitando a polimerização e coqueamento). Viscorredução
ou “visbreaking” aumenta a produção de gás e destilados, além de
simultaneamente reduzir a viscosidade dos óleos combustíveis e seu ponto de
fluidez. A carga tratada é o resíduo atmosférico e o resíduo a vácuo, sendo
processado num processo tipo “coil” (forno), representado na Figura 1. Nesta
unidade o processamento da carga ocorre em temperaturas da ordem de 454488°C. Há também outro processo de Viscorredução não representando neste
26
esquema, o “soaker” (tambor – um reator que opera em condições adiabáticas
em baixas temperaturas e alto tempo de residência). Parte da carga é
vaporizada e craqueada em condições brandas,obtendo os seguintes produtos:
gás, GLP, nafta (C5–165°C), gasolina, gasóleo e resíduo betuminoso. O reator
(1) recebe a carga de óleo pesado e o aquece em temperaturas altas. Na saída
do reator, a corrente é resfriada com outra corrente de gasóleo que sai da base
da coluna de fracionamento (2). A mistura líquido-vapor entra no meio da coluna
(2) e separa-se em gás combustível, gasolina e nafta, no topo, gasóleo no meio
da coluna e os resíduos da viscorredução são retirados do fundo, denominado
resíduo betuminoso [12].
gás
gasolina
Petróleo cru
gasóleo
betume
FIGURA 1 – ESQUEMA DO PROCESSO DE VISCORREDUÇÃO
FONTE: [12]
Craqueamento Catalítico Fluidizado (FCC): o processo Lummus da Figura 2
apresenta grande seletividade catalítica na conversão de várias frações de
gasóleos em produtos de alto valor agregado. As cargas são gasóleos sem
tratamentos ou gasóleos hidrotratados, que também incluem extratos de óleos
lubrificantes, gás coqueado e resíduos. Incorpora sistemas avançados e flexíveis
de
conversão,
utilizando
catalisadores
altamente
eficientes,
seletivos,
dispendiosos e regeneráveis por combustão (ciclones). No “riser” (elevador)
ocorre um grande contato entre o gás a ser craqueado e o catalisador, num fluxo
contínuo do sistema, promovendo a produção de compostos com composição e
massa diferentes, formando diversas misturas de hidrocarbonetos. Os produtos
formados são: gasolina de alta octanagem, olefinas leves e destilados, e devido
flexibilidade do processo é possível obter diversos produtos desejados, com
27
diferentes tamanhos e formas de moléculas, maximizando a produção de
olefinas leves (etilenos e propilenos). No esquema mostra um sistema integrado
com um regenerador simples e rápido de leito fluidizado e um extrator catalítico
altamente eficiente. O óleo pesado é injetado na base do “riser” (elevador) por
um bico injetor (1). O fluxo da mistura de óleo gasoso e catalisadores sobem por
um curto tempo de contato em todo o “riser” (elevador) (2) onde a carga é
craqueada em condições ótimas de reação. Os produtos da reação saem do
“riser”(elevador) e são separados dos catalisadores a serem regenerados, por
um sistema duplo de ciclones (3). Os produtos gasosos são direcionados
diretamente para o fracionamento, evitando assim, um craqueamento pós “riser”
(elevador), não seletivo e indesejável, mantendo desta forma, um rigoroso
rendimento ao produto final. Os catalisadores separados que contém uma
pequena quantidade de hidrocarbonetos são descarregados através dos
“diplegs” (um prolongamento interno do sistema duplo de ciclones), localizados
no interior do vaso (4), onde se encontram os ciclones. Os catalisadores descem
para um separador contendo grades defletoras modulares (5). Traços de
hidrocarbonetos arrastados com os catalisadores são removidos neste
separador modular usando vapor d´água. Os hidrocarbonetos restantes do
interior do separador são levados para o fracionamento através de um respirador
interno dos ciclones. Os catalisadores descem por um tubo e são controlados
por uma válvula gaveta (6). Então o catalisador é transportado para o centro do
regenerador (8) por uma única linha direta de transferência para catalisadores
usados (7). Este dispositivo oferece ao sistema uma unidade com elevação total
mais baixa daquelas que foram produzidas até o momento. O catalisador é
regenerado por um eficiente contato com o ar produzindo uma completa
combustão do coque. Os gases de combustão saem do ciclone (9) para
recuperação de energia e tratamento dos gases. O catalisador regenerado
quente é retirado por um depósito (10). O depósito permite otimização na
tubulação de catalisador recuperado, independente da densidade do catalisador,
permitindo maximizar o processo pela válvula gaveta (11), assegurando a queda
de pressão e um fluxo contínuo dos catalisadores ao retorno para a zona do bico
de injeção da alimentação (1) [13].
28
3
4
FIGURA 2 – ESQUEMA DO PROCESSO DE CRAQUEAMENTO CATALÍTICO FLUIDIZADO – UNIDADE FCC
FONTE – [13]
Hidrocraqueamento Catalítico: a carga pode ser exclusivamente o gasóleo da
destilação a vácuo ou misturado com produtos de outros processos, tais como
óleo leve, óleo isento de asfaltenos, gasóleo pesado dos processos
Viscorredução e Coqueamento. Catalisadores específicos são usados neste
processo, são tipos amorfos e/ou zeólitas e também carga de hidrogênio. Este
processamento hidrogena cataliticamente frações leves, médias e pesadas,
visando melhorar a qualidade destas frações e tem as seguintes vantagens: alta
tolerância a cargas nitrogenadas, alta seletividade e formação de destilados
médios e alta seletividade das zeólitas, com vida útil de 3 a 4 anos formando
aromáticos leves. Neste processo ocorre produção de combustível de aviação, o
querosene de aviação, diesel, óleo combustível com baixa concentração de
enxofre e carga extra para FCC e nafta hidrocraqueada, leve e pesada. As
condições operacionais são: temperatura de 550 °C e pressão na ordem de 20 a
150 atm. Três diferentes processos de conversão estão dispostos nesta unidade:
um processo de conversão através de uma etapa simples única (sem reciclo),
uma conversão total com líquido reciclável e duas etapas de hidrocraqueamento.
Basicamente o processamento ocorre nos setores (1) e (2), seguida de um
separador de gases (3), o “stripper” (coluna de esgotamento) (4) e coluna de
fracionamento (5) [14].
29
gás combustível
H2
nafta
pesada
querosene av.
Diesel
nafta leve
gasóleo - baixo % S
Alimentação
FIGURA 3 – ESQUEMA DO PROCESSO DE HIDROTRATAMENTO CATALÍTICO
FONTE: [14]
Craqueamento Catalítico de Resíduos: processo de conversão catalítica com
curto tempo de residência e seletividade de gasóleos e resíduos pesados.
Projetado e acoplado às unidades de craqueamento térmico de acordo com as
necessidades de refino, denominado R2R (reator para regenerador), minimiza
custo de investimento, reabilitando unidades de craqueamento térmico, obtendo
maior produção de gasolina de alta octanagem, destilados e olefinas C3-C4. A
alimentação de óleo pesado é injetada ao sistema R2R, efetivamente dispersada
e vaporizada através de um sistema particular de injeção. A reação ocorre na
temperatura estabelecida ao rendimento desejado. Há um controle de
temperatura por outro dispositivo permitindo encontrar o melhor perfil de
temperatura para a reação. Os produtos saem do ”riser” (elevador) com alto
rendimento para outro sistema denominado “stripper-packed” (coluna de
esgotamento). Os catalisadores utilizados são pré-regenerados através de um
avançado e eficiente leito de separação localizado antes do sistema de
regeneração (1). O gás pode ser resfriado para formar menor quantidade de gás
seco e produzir um rendimento máximo de gasolina. A recuperação final das
partículas dos catalisadores ocorre em ciclones antes do produto vaporizado
seja transferido para o setor de fracionamento. A regeneração do catalisador
ocorre em dois estágios independentes e equipados com sistemas distintos de
distribuição de ar e de catalisadores. O resultado é a formação de catalisadores
completamente regenerados com a mínima desativação hidrotérmica deles, além
disso, há uma relativa tolerância aos metais, superior quando utilizados em
sistemas de simples estágio. Este benefício é gerado pela atuação de duas
30
operações de regeneração (1) e (2). O regenerador inicial (1) opera em modo de
combustão parcial, enquanto no regenerador (2) ocorre o segundo estágio, o de
combustão completa. Ambos operam em paralelo com seus respectivos e
distintos sistemas de fluxo de ar e gás. Este conjunto é capaz de processar uma
alimentação com cargas em torno de até 6% de umidade, não necessitando
adicionar outras formas de refrigeração aos catalisadores. Assim, esta unidade
torna-se mais econômica por usar menos ar na refrigeração e ainda, os
catalisadores têm menor desativação e os regeneradores tornam-se menores
comparados com os regeneradores de um único estágio. O calor retirado dos
catalisadores é transferido para a alimentação de hidrocarbonetos pesado
promovendo um aproveitamento de energia ao sistema. A refrigeração para os
catalisadores pode ser opção e ser acoplada à unidade de craqueamento
catalítico de resíduos e tem sido comercialmente aprovada em mais de 56
unidades de refino [15].
sistema de separação
reator
regenerador 2
coluna de esgotamento
elevador interno
bico de alimentação
regenerador 1
FIGURA 4 – ESQUEMA DO PROCESSO DE CRAQUEAMENTO CATALÍTICO DE RESÍDUOS
FONTE: [15]
Craqueamento Catalítico Profundo: processo de conversão catalítica seletiva
de gasóleos e resíduos parafínicos. É uma nova versão da unidade FCC
convencional, flexível, que opera em dois modos, modo I, com máximo
rendimento de propileno (24% em condições severas de reação) e modo II, com
máximo rendimento de iso-olefinas (condições médias de reação). Cada tipo de
operação usa um catalisador específico, desenvolvido com o objetivo de
melhorar a seleção e obter maior quantidade de olefinas. O Craqueamento
Catalítico Profundo é um processo de craqueamento catalítico fluidizado seletivo
que atende uma ampla variedade de cargas de hidrocarbonetos para a produção
31
de olefinas. O princípio deste sistema é igual ao método tradicional da unidade
FCC das refinarias que operam com reator, regenerador e catalisadores. Os
modos I e II de operação utilizam cada um, um único e exclusivo tipo de
catalisador, bem como uma condição diferenciada de reação. Para produzir o
máximo de propileno, no modo I, utilizam-se ambos os sistemas: o “riser”
(elevador) e um leito de catalisadores em condições relativas de severidade.
Enquanto o modo II, somente utiliza o “riser” (elevador) para o craqueamento,
idêntico à moderna FCC, cuja unidade opera em condições médias. A
alimentação ocorre através de bicos de alimentação próprios, como mostra a
Figura 5. Esta unidade de Craqueamento Catalítico Profundo pode acoplar-se
em reatores de craqueamento das refinarias para maior produção de olefinas
[16].
reator
coluna de esgotamento
regenerador
elevador interno
bicos de alimentação
FIGURA 5 – ESQUEMA DO PROCESSO DE CRAQUEAMENTO CATALÍTICO PROFUNDO
FONTE: [16]
Processo Térmico Gasóleo: processo de conversão térmica de resíduo
atmosférico e hidrocarbonetos parafínicos de unidades de conversão. É um
processo de baixo custo operacional, denominado “hydroskimming” (unidade de
refino bem simples), que substituiria refinarias complexas na obtenção de
gasóleo ou para refinarias com restrição de capacidade em conversão de
parafinas. Esta unidade da empresa ShellR elimina a etapa de enviar o resíduo
atmosférico para a destilação a vácuo. Este processo é uma nova técnica que
utiliza “soaker” (tambor – um reator adiabático sob baixa temperatura e alto
tempo de residência) e “visbreaking” para conversão de resíduo e integração
com um sistema de reaquecimento e conversão de ceras destiladas. Os
produtos obtidos são: gás combustível, gasolina, nafta, gasóleo, resíduo
32
craqueado para destilação a vácuo. O resíduo atmosférico ou a vácuo é
carregado para o reator de Viscorredução (1) e em seguida para o reator
“soaker” (tambor) (2). A conversão do resíduo pesado ocorre em ambos os
reatores e no “soaker” (tambor) há um controle de temperatura e pressão. O
efluente do “soaker” é direcionado para o ciclone (3). Na saída do topo do
ciclone (3) os gases são carregados para uma torre de fracionamento
atmosférico (4) para produzir produtos desejados como os destilados leves
parafínicos. Os produtos da base do ciclone e da torre de fracionamento são
levados a um fracionador flash, a vácuo, (6) onde são recuperados os destilados
parafínicos. Os destilados parafínicos da torre de fracionamento 4 e do
fracionador flash a vácuo 6 são misturados e novamente direcionados para outro
reator (5) de alta pressão. Os gases retornam à torre de fracionamento (4). Doze
destas unidades foram construídas e instaladas e avaliadas pela Shell Global
Solutions [17].
gás
nafta
gasóleo
parafínico
carga
resíduo craqueado /
flash a vácuo
FIGURA 6 – ESQUEMA DO PROCESSO TÉRMICO GASÓLEO
FONTE: [17]
Conversão Térmica Intensa: este processo de conversão trabalha no intervalo
entre os processos de Viscorredução e Coqueamento, aumentando o
rendimento de destilados na aplicação de conversão térmica intensa em
resíduos a vácuo e resíduos craqueados a vácuo. Além do gás, gasolina (165
°C), gasóleo (350 °C) e ceras (520 °C), é produzido um produto líquido residual
estável (520 °C e viscosidade a 100 °C de 615 cSt), não utilizado
comercialmente como combustível, mas somente para gerar energia e
hidrogênio. O resíduo é pré-aquecido e logo é carregado ao reator (1) e em
33
seguida ao “soaker” (tambor) (2), onde ocorre uma intensa conversão da carga.
A conversão é máxima através do controle de temperatura e pressão. O efluente
do “soaker” (tambor) é direcionado para o ciclone (3). Os gases do topo do
ciclone (3) são levados para uma torre de fracionamento (4) para produzir os
produtos desejados como gases, GLP, nafta, querosene e gasóleo. O produto da
base do ciclone e da torre de fracionamento são em seguida direcionados para
destilação “flash” a vácuo (5), que recupera gasóleo e destilados parafínicos. O
coque líquido residual é dirigido para um processamento posterior dependendo
da saída do fluxograma [18].
gás
seco
Gás
nafta
gasóleo
leve
gasóleo
pesado
alimentação
resíduo
craqueado /
flash a vácuo
FIGURA 7 – ESQUEMA DO PROCESSO DE CONVERSÃO TÉRMICA INTENSA
FONTE: [18]
Coqueamento: melhora resíduos pesados e obtém frações de hidrocarbonetos
mais leves. A mistura é aquecida na temperatura de coqueamento (482-510°C),
causando parcial vaporização e médio craqueamento, cujos produtos obtidos
são: gás seco, C3-C4, nafta, gasóleos leve e pesado e coque. Existem dois vasos
que recebem a mistura aquecida, enquanto num deles ocorre a reação de
coqueamento, no outro é retirado o coque, submetido a jatos d´água
pressurizados, mantendo o processo contínuo, sem paradas para manutenção.
A carga é alimentada diretamente para a torre de fracionamento (1) onde se
mistura com os efluentes do reciclo e a mistura do fundo da torre de
fracionamento (1) é bombeada para o reator. A mistura é aquecida até a
temperatura de craqueamento, causando parcial vaporização e médio
craqueamento. A mistura líquido-vapor entra em ambos os tambores de
coqueamento (2) e (3) para o craqueamento. Os gases dos tambores (2) e (3)
34
saem no topo e são levados para o a torre de fracionamento (1) para a obtenção
de gases, nafta, e gasóleos leves e pesados. Os gases e a nafta entram na
Unidade de Recuperação de Gases (VRU) (4) [19].
gás seco
C3/C4
nafta
gasóleo
leve
gasóleo
pesado
alimentação
FIGURA 8 – ESQUEMA DO PROCESSO DE COQUEAMENTO
FONTE: [19]
Coqueamento Retardado: a carga desta unidade é o resíduo atmosférico e a
vácuo, resíduos de hidrotratamento e hidrocraqueamento, asfaltos, alcatrão
(resíduo
betuminoso)
de
pirólise,
óleo
decantado,
piche
da
unidade
Viscorredução, solvente refinado e betume. A carga é aquecida a 482-510° C e
direcionada para a base do fracionador, onde recebe outra mistura condensada
do reciclo. Do fundo do fracionador, a mistura mais pesada é retirada e aquecida
novamente na temperatura de Coqueamento e levada a um dos dois vasos de
Coqueamento. Vapor d´água é injetado na tubulação para evitar formação de
coque. Quando completada a formação de coque em um dos vasos, este é
isolado para limpeza com alta pressão d´água, e o outro entra no processo. Os
produtos obtidos são: gás combustível, C3/C4, GLP, nafta, gasóleo leve, gasóleo
pesado e coque. A carga é alimentada na base da torre de fracionamento (1),
depois de passar pelo trocador de calor onde se mistura com o reciclo
condensado. A mistura é bombeada para os dois tambores de Coqueamento (3),
decorrentes do reator (2), onde a temperatura de Coqueamento foi atingida.
Vapor ou água fervente é injetado na tubulação do reator para prevenir o coque
nos tubos do forno. Os vapores da saída dos tambores (3) seguem para a torre
de fracionamento, onde são separados no topo contendo gases úmidos, GLP,
nafta e duas correntes de gasóleo. A corrente do topo é enviada pra uma
unidade de recuperação de gases (4) onde uma corrente única de produtos
35
leves é separada. A planta também inclui sistemas de recuperação de água,
manuseio do coque, fluxo de efluentes com declive, respiradouros para
recuperação de gases [20].
gás combust.
C3/C4/GLP
nafta
gasóleo leve
gasóleo
pesado
alimentação
FIGURA 9 – ESQUEMA DO PROCESSO DE COQUEAMENTO RETARDADO
FONTE: [20]
Além do craqueamento existem outros processos de conversão como a Reforma e
Isomerização Catalítica:
Reforma Catalítica: é um processo de aromatização que transforma a nafta de
destilação atmosférica, com alto teor de parafínicos, em frações de alto teor de
aromáticos (gasolina de alta octanagem e aromáticos leves).
Isomerização Catalítica (processos de rearranjo molecular), alcooilação e
polimerização catalítica (processo de síntese molecular): são processos que
formam outro tipo de molécula a partir de moléculas menores do craqueamento,
com auxílio de catalisadores, por exemplo, a gasolina alquilada a partir de
parafínicos e olefinas, formando produtos para uma mistura de gasolina, por
exemplo, as reações de alquilação abaixo descritas:
36
c) Processos de Tratamento: processos de baixa severidade e complexidade, com
objetivo principal de eliminar impurezas presentes nas frações obtidas nos
processos de separação e conversão.
Dessalgação Eletrostática: extração do sal da emulsão óleo/água/sal.
Tratamento Cáustico: lavar as frações leves do petróleo com hidróxido de sódio
ou hidróxido de potássio para eliminar gás sulfídrico e mercaptanas de baixos
pesos moleculares.
Tratamento Merox: tratamento cáustico regenerativo, semelhante ao processo
anterior, com recuperação da soda cáustica.
Tratamento Bender: processo obsoleto que transforma produtos sulfurados
corrosivos e mercaptanas, em outras substâncias menos corrosivas, com
objetivo de melhoria do querosene de aviação e na redução da corrosividade de
compostos ácidos. Porém este tratamento não reduz o teor de enxofre.
Tratamentos com dietanolamina e monoetanolamina, processos específicos para
remoção de gás sulfídrico de frações leves. Remove também dióxido de carbono
[10].
Os processos convencionais acima citados são aplicados em frações leves
enquanto o hidrotratamento, ilustrado na Figura 10 [1], em frações médias e
pesadas, sendo utilizado para tratamento prévio das cargas de outros processos,
em procedimento de quebra catalítica de hidrogenação em condições severas de
operação. Trata as cargas desde a nafta até gasóleos pesados, eliminando os
contaminantes, melhorando compostos pesados, provendo aos processos de
craqueamento catalítico, frações menos contaminadas, de forma a preservar os
catalisadores dos processos subsequentes.
d) Processos Auxiliares: são processos destinados ao fornecimento de insumos aos
processos citados.
Geração de hidrogênio: provimento de hidrogênio aos hidroprocessamentos.
37
Recuperação de enxofre: produção de enxofre pela combustão parcial de gás
sulfídrico.
Utilidades: energia elétrica, vapor d‘água, ar comprimido, tratamento de
efluentes, sistema de tocha, estocagem, que não são unidades de processos
mas são essenciais ao refino do petróleo.
Separação
Conversão
Planta de Gás
Finalização
Produtos
GLP, Gás Combustível,
Matéria prima para Petroquímica
C4´s
Alquilação
Hidrorefino
160 °C
Petróleo
Crú
Reforma
Gasolina
Hidrogênio
Hidrorefino
Destilação Atmosférica
232/304°C
Querosene
Hidrocraqueamento
304/343 °C
Hidrorefino
Craqueamento Catalítico
Querosene Médio Destilado
Nafta, Querosene
343 °C
Óleo / Aquecimento
Óleo Combustível
Gasolina, Querosene, Óleo Diesel
Hidrocraqueamento
Viscorredução
343/471 °C
Óleo Combustível
Craqueamento Catalítico
Destilação à Vácuo
Hidrotratamento
565 °C
Coqueamento
HC Leves
Nafta, Querosene
Gasolina, Querosene
Coque
471/565 °C
Desasfaltação
Extração a
Solvente
Asfalto
Óleo Aromático
Óleo Lubrificante, Parafina, Graxa
FIGURA 10 - PROCESSOS DE HIDROCRAQUEAMENTO E HIDROTRATAMENTO NAS UNIDADES DE REFINO DO
PETRÓLEO BRUTO
FONTE: [1]
A Figura 11 representa um fluxograma da estrutura de uma refinaria moderna de petróleo
[21].
38
Combustível de Refinaria
Tratamento Amina
Planta Claus de
Enxôfre
H2 S
Butanos H2S da água ácida do sistema de separação
Gás
H2
Isômeros
Planta de
Isomerização
Hidrotratamento
Gás
Nafta Pesada
H2
H2
Gás
H2
Reformados
Reforma Catalítica
Hidrotratamento
Gás H2
Querosene /
Combustível de
Aviação
Querosene e/ou
Combustível de Aviação
Tratamento Merox
Gás
Óleo Diesel
H2
Hidrotratamento
Gasóleo Pesado
à Vácuo
Óleo Diesel
Hidrocraqueamento
Petróleo Crú
Destilação Atmosférica
Nafta Leve
Enxôfre
Gasolina Hidrocraqueada
Óleo Diesel
Gasóleo Atmosférico
Gás
i-Butanos
Alquilação
Alquilados
Gás
Destilação
a Vácuo
Gasóleo Leve
Butenos e Pentenos
H2
Hidrotratamento
Alimentação FCC
Gás
Gasóleo Pesado à Vácuo
Coqueamento
Base
Atmosférica
Gás
Resíduo de Vácuo
Desasfaltação
Ar
Craqueamento
Catalítico
Não Condensáveis
Gás
H2
Mistura de Gasolinas
Gás
Gás
GLP
Tratamento
Merox
Processamento de Gás
Nafta
Hidrotratamento
Gasóleo do FCC
Gasolina FCC
Óleo Combustível
Nafta do Coqueamento
(depois do hidrotratamento e reforma)
H2S p/ Planta de Enxôfre
Gasóleo do Coqueamento
Asfalto
Água àcida
Coque do Petróleo
Vapor
CO2
Água Ácida
Sistema de
Gás Combustível
Outros Gases
H2
Água retirada
Gás Natural
Vapor
Síntese de
Hidrogênio
• Produtos finais estão em vermelho.
• Águas ácidas são formadas a partir de
várias destilações e refluxos da refinaria.
• Os "outros gases" que entram na unidade de
processamento de gás vêm de todos fluxos
de gás de várias unidades de processo.
FIGURA 11 – FLUXOGRAMA DE UMA REFINARIA MODERNA DO PETRÓLEO CRU
FONTE: [21]
39
4.3 CRAQUEAMENTO
O processo de craqueamento na indústria petrolífera consiste basicamente na quebra
molecular dos hidrocarbonetos mais pesados submetendo-os à severas condições
operacionais utilizando sistemas de altas pressões e temperaturas além de catalisadores.
Geralmente os primeiros compostos que sofrem o craqueamento são os hidrocarbonetos
acíclicos (parafínicos e isoparafínicos) e alicíclicos (naftênicos). A ruptura das moléculas
ocorre inicialmente em ligações simples carbono-carbono, no centro da molécula, pois
possuem menor energia de ligação. Na quebra, surgem moléculas menores, radicais livres,
de menor peso molecular bem como o hidrogênio [22,23,24,25].
As principais reações envolvidas no craqueamento térmico e catalítico em diferentes classes
de hidrocarbonetos são apresentadas na Tabela 2 [22]:
40
Tabela 2 – Reações de craqueamento térmico/catalítico em vários tipos de hidrocarbonetos [22]
Hidrocarbonetos
Estrutura Química
n-parafinas e
isoparafinas
Principais reações
Principais produtos
Quebra dos
Parafinas ramificadas
hidrocarbonetos em
e olefinas, menos de
diferentes pontos,
três carbonos
menos comum nas
formados e
ligações C-C
pequenas
localizadas nas
quantidades de
extremidades.
metano.
Quebra dos anéis e nas
Naftenos
cadeias laterais
Parafinas, olefinas e
pequena quantidade
de aromáticos.
Abertura no anel dos
compostos naftênicos e
Naftenos
quebra na cadeia lateral
aromáticos
dos aromáticos e
Parafinas, olefinas e
aromáticos.
naftênicos
Não ocorre
Aromáticos sem
Coque
craqueamento nesta
cadeias laterais
estrutura
Aromáticos com
Quebra de cadeias
cadeia lateral
laterais de anéis dos
Olefinas e aromáticos
compostos aromáticos
Ruptura na cadeia de
Olefinas
=
carbonos em vários
pontos
Olefinas ramificadas
e pequenas
quantidades de
parafinas
O craqueamento pode ser considerado o processamento mais estratégico na refinação do
petróleo, pois através dele se consegue obter maior produção de compostos mais leves, de
maior valor agregado como os combustíveis e a nafta petroquímica.
41
Nas frações de fundo de destilação, os gasóleos, derivados das unidades de destilação
atmosférica e a vácuo, encontram-se hidrocarbonetos de alta massa molecular que são as
cargas para as unidades de craqueamento.
Estudos apontam para o comportamento dos asfaltenos no Craqueamento Térmico, no
Coqueamento e na Viscorredução, já que o petróleo pesado e os resíduos do refino contêm
uma grande quantidade de asfaltenos e aromáticos que por sua vez são formados por
moléculas de alto peso molecular. Há uma busca do conhecimento no ambiente das
reações térmicas destes compostos pesados, procurando uma forma e quantidade de
energia adequada que cause a ruptura nas ligações químicas [23].
Existem também a presença de heterocompostos e metais no petróleo pesado que são
venenos para os catalisadores no processo de craqueamento. Também há necessidade de
técnicas específicas para remoção destes contaminantes que prejudicam o processamento.
As temperaturas necessárias para o craqueamento no refino do petróleo são elevadas, em
torno de 400 °C, geralmente acima das utilizadas na destilação a vácuo onde se obtém os
últimos componentes voláteis na composição do petróleo [1,7,11].
As variáveis como a temperatura, pressão, tempo de residência no reator, composição e tipo
de carga utilizada, determinam a qualidade do produto obtido no craqueamento. Um período
de 15 segundos a três minutos, é o tempo necessário para craquear sem formação de
coque na temperatura de 500 °C, formando gases e líquidos mais leves. Em temperatura
acima de 500°C no craqueamento predominam gases [8].
Há formação de radicais livres a partir do craqueamento térmico do átomo de carbono
localizado no centro da cadeia linear. Antes da reação, a ligação covalente entre os átomos
de carbono apresenta dois elétrons compartilhados. Após a reação as ligações covalentes
são rompidas, formando moléculas instáveis, os radicais livres, que estão aptos para formar
novas moléculas, conforme mostra a Figura 12.
42
/
/
/
ETC
/
ETC
•
•
/
/
/
/
CRAQUEAMENTO TÉRMICO
/
/
/
/
ETC
ETC
/
RADICAIS LIVRES FORMADOS
FIGURA 12 – REAÇÃO DE CRAQUEAMENTO TÉRMICO COM FORMAÇÃO DE RADICAIS LIVRES
FONTE: [25]
Neste conjunto de reações, as reações primárias e secundárias são apresentadas abaixo
[11] e na Figura 13 [22]:
a) Reações primárias:
i) Quebra de parafinas e olefinas:
C32H66 C16H34 + C16H32
C30H60 C10H20 + C20H40
ii) Quebra de naftênicos (ciclo-parafinas)
C26H32 C15H20 + C11H22
iii) Desalquilação de aromáticos:
Aromático
Aromático
+
b) Reações Secundárias:
i) Transferência de hidrogênio:
Naftênicos + Olefinas Aromáticos + Parafinas
=
43
Precursor de coque + Olefinas Coque + Parafinas
ii) Isomerização:
Olefinas Iso-olefinas
iii) Transferência de grupos alquila:
C6H4(CH3)2 + C6H6 C6H5(CH3) + C6H5(CH3)
iv) Condensação:
Precursores de coque + Aromáticos Coque + Parafinas
Parafinas + H+ Olefinas
alcanos , cadeia linear
alcanos menores e cicloalcanos
alcanos e alcenos ramificados
aromáticos
alcenos menores e alcenos
ramificados menores
FIGURA 13 – REAÇÕES PRIMÁRIAS E SECUNDÁRIAS FORMADAS NO CRAQUEAMENTO
CATALÍTICO DE ALCANOS
FONTE: [22]
44
Na reação de craqueamento catalítico são usados catalisadores para auxiliar na reação
térmica, aumentando a sua velocidade. Predominantemente, os catalisadores para
craqueamento são as zeólitas, moléculas de estrutura complexa de silicato de alumínio
microporosas que possuem carga negativa e recebem “facilmente” cátions como sódio,
potássio, cálcio, magnésio (ex.: natrolite, Na2Al2Si3O10-2H2O), formando moléculas
conhecidas como “peneiras moleculares”, por permitir através dos poros, um contato maior
com outras moléculas [24].
Podem-se preparar zeólitas com moléculas de hidrogênio, através de troca iônica, onde
formam um eficaz composto sólido ácido, que auxilia nas reações de craqueamento. As
reações primárias são endotérmicas, cedendo o hidrogênio e promovendo a isomerização e
alquilação, que são as reações secundárias (exotérmicas), que por sua vez favorecem as
reações endotérmicas contribuindo para redução de temperaturas [26].
Os íons positivos das zeólitas também são facilmente liberados por troca iônica em
soluções, e as mesmas se tornam potencialmente negativas, atraindo átomos com cargas
positivas. O esquema da Figura 14 mostra a forma como elas podem também intervir na
ruptura dos hidrocarbonetos, tornando-os instáveis com a retirada dos elétrons do átomo de
carbono, e facilitando a quebra da molécula, promovendo aumento na velocidade das
reações de craqueamento [25].
/
/
/
/
ETC
ETC
/
/
/
CRAQUEAMENTO CATALÍTICO
/
ETC
FORMAÇÃO DE ÍON POSITIVO
/
+
ETC
ZEÓLITA CATALISADOR
FIGURA 14 – REAÇÃO DE CRAQUEAMENTO TÉRMICO/CATALÍTICO C/ FORMAÇÃO DE ÍONS POSITIVOS
FONTE: [25]
As reações de craqueamento dependem diretamente da temperatura de reação.
45
As cadeias parafínicas que são mais fáceis de rompimento, por serem lineares, apesar de
maior ponto de ebulição, demandam temperaturas menores de craqueamento [24].
Moléculas pesadas não voláteis na temperatura de craqueamento sofrem coqueamento
sobre a superfície catalítica, devido à ação térmica, gerando coque e gás combustível
[24,25].
Por exemplo, as reações que ocorrem na unidade de craqueamento catalítico fluidizado
(FCC), onde geralmente as cargas para processamento são o gasóleo atmosférico e
gasóleos leve e pesado da destilação a vácuo, formam produtos de craqueamento como o
gás combustível, GLP (C3, C4), nafta de craqueamento (gasolina), óleo leve de reciclo
(diesel de FCC), óleo pesado de reciclo, óleo pesado (óleo combustível de FCC) e coque
(parafínicos e olefinas ramificadas, anéis aromáticos, hidrogênio e aromáticos polinucleares)
[11].
As novas técnicas de craqueamento térmico e catalítico são as unidades popularmente
chamadas “unidades fundo de barril”, implantadas junto às unidades convencionais, que
estavam mecanicamente limitadas. Acoplando estas novas unidades junto às unidades da
refinaria, foi obtido melhor benefício em capacidade operacional, com flexibilidade na
composição das cargas, otimização do processo e recuperação de maior qualidade e
quantidade de compostos desejados [11].
46
5 REAÇÕES QUÍMICAS INCENTIVADAS POR MICRO-ONDAS
5.1 MICRO-ONDAS
As micro-ondas são ondas eletromagnéticas caracterizadas pela freqüência (f), pelo
comprimento de onda (λ) e pela velocidade de propagação (ν), Estas três grandezas se
relacionam conforme equação 1 [27]:
v = ‫ג‬.f
(1)
Todas as ondas eletromagnéticas se propagam no vácuo com velocidade igual à velocidade
da luz, c =299.792,459 km/s.
No espectro eletromagnético, as micro-ondas ocupam a faixa de frequência de 0,3 GHz a
300 GHz, correspondente a comprimentos de ondas de 1 mm a 1m.
A quantidade de energia (E) contida na onda eletromagnética é medida em Joules (J) e é
definida pela constante de Planck (h=6,63 x 10-34 J/Hz) e pela freqüência, f (Hz), conforme a
equação (2):
E= h.f
(2)
Apesar das micro-ondas possuírem frequências altas, não são radiações ionizantes, sendo
incapazes de quebrar ligações químicas. São radiações que não trazem nenhum tipo de
perigo, pois apenas provocam rotações em moléculas bipolares e movimentação de íons,
aquecendo a matéria [27,28,30].
Segundo a lei da ótica, as ondas eletromagnéticas podem propagar e interagir com a
matéria, sendo refletidas, transmitidas ou absorvidas. Os materiais que refletem e
transmitem as micro-ondas não se aquecem, ao contrário dos materiais que as absorvem,
que são aquecidos [27].
47
A permissividade (ε) e permeabilidade (µ) dos materiais são propriedades que definem o
comportamento e interação deles com as ondas eletromagnéticas, causando absorção de
energia ou não, gerando aquecimento rápido ou lento, uniforme ou não.
A Figura 15 representa o comportamento de três grupos de materiais: materiais que
refletem, transmitem e absorvem as ondas eletromagnéticas. Os materiais dielétricos são os
que absorvem parcialmente a energia das micro-ondas. Os materiais que absorvem a
energia das micro-ondas possuem propriedades físicas específicas, como a constante
dielétrica, que define a eficiência de absorção. Na Figura 15 nota-se dois tipos de
constantes dielétricas, definidas pela composição química do material (materiais dielétricos
1 e 2).
Material Transparente: energia transmitida
Material Opaco: energia refletida
Material Dielétrico 1: energia parcialmente absorvida
Material Dielétrico 2: energia parcialmente absorvida
FIGURA 15: EFEITOS CAUSADOS PELA INCIDÊNCIA DO CAMPO DE MICRO-ONDAS EM
DIFERENTES MATERIAIS
FONTE: [27]
O início da utilização das micro-ondas ocorreu na segunda guerra mundial, em sistemas de
radares e a partir deste período, houve um avanço na tecnologia e suas aplicações,
principalmente no aquecimento de materiais. A sua descoberta em 1946, ocorreu quando
engenheiros trabalhavam com transmissores de ondas curtas e apresentaram febre durante
os experimentos devido à exposição às micro-ondas. Também foi notado que chocolates de
barra derretiam no bolso destes engenheiros quando era ativado o gerador de micro-ondas
[29,30,52].
A grande aplicação das micro-ondas se apresenta nas telecomunicações e também em
fornos domésticos, porém em outras áreas da indústria também utiliza-se esta tecnologia, o
que representa uma pequena parte do mercado total de micro-ondas. São exemplos as
48
indústrias de processamento de alimentos (descongelamento de carnes, cozimento,
eliminação de fungos de sementes, aceleração e amadurecimento de frutas, pasteurização
de arroz, desidratação, etc), cura de polímeros, cura de resinas e adesivos, secagem de
madeira, indústria mineradora, fabricação de semicondutores, etc. [29].
5.2 EFEITO DAS MICRO-ONDAS SOBRE AS REAÇÕES QUÍMICAS
No início, a aplicação das micro-ondas na química foi restrita sendo utilizada apenas em
reações de descargas elétricas e formação de plasma nos laboratórios de pesquisa [29].
As primeiras aplicações de micro-ondas nas reações químicas surgiram na década de
setenta do século XX, com o objetivo de realizar análise de metais presentes em produtos
químicos, alimentos, resíduos industriais etc. Assim pela primeira vez as micro-ondas foram
utilizadas para o incentivo de reações químicas através de aquecimento em forno doméstico
para digestão de amostras em vasos abertos [29].
O aquecimento rápido e homogêneo gerado nas amostras, sob o campo das micro-ondas,
tornou-se um aspecto importante para aplicação nas reações químicas. Em 1985 Gedye e
Guiguere iniciaram diversas pesquisas relacionadas à síntese química irradiada pelas microondas. A partir daí, surgiu o interesse dos químicos nesta área e muitos estudos foram
publicados sobre reações químicas incentivadas por micro-ondas. Segundo [31], desde
1985 até 1997 foram quinhentas publicações e até o momento são mais de trinta mil
publicações sobre aplicação de micro-ondas na química, tornando-se um campo de alta
atividade ao desenvolvimento de novas aplicações de micro-ondas aos processos químicos
[27,29,31,32,33,34,52,66].
Os resultados encontrados nas pesquisas surpreenderam os cientistas pelo desempenho e
efeito que as micro-ondas oferecem às reações químicas comparado com o aquecimento
convencional. Elas proporcionaram aquecimento rápido, seletivo e homogêneo nas
amostras, atingindo altas taxas de conversão nos processos devido ao grande aumento de
temperatura, permitindo uma significativa redução de tempo nas reações. A Tabela 3
exemplifica este benefício nas sínteses orgânicas, com ausência de solventes por
aquecimento utilizando as micro-ondas [29,66].
49
Dois fenômenos podem explicar os efeitos das micro-ondas nas reações químicas: o efeito
térmico e o efeito não térmico [27,29,31,32,33,34,52,66].
O aquecimento dielétrico é o efeito térmico das micro-ondas, que ocorre devido à formação
de dois tipos de mecanismos que transformam a energia eletromagnética em calor. O
primeiro mecanismo promove aquecimento em moléculas polares quando expostas ao
campo eletromagnético, onde a irradiação gera um calor volumétrico apresentando uma
distribuição de temperatura homogênea em todo material. As moléculas dipolares do
material são induzidas pela oscilação das micro-ondas e estas oscilações causam rotação
molecular ocorrendo colisões entre elas e gerando calor. No aquecimento convencional, por
queima de gás combustível ou por aquecimento elétrico ou por outros meios, existe um
gradiente de temperatura entre a fonte de calor e o material a ser aquecido, promovendo
assim, uma distribuição não homogênea de temperatura no material, tornando a
temperatura média do material menor do que a desejada.
Diferentes materiais dielétricos têm efeitos térmicos diferentes quando submetidos às microondas e este efeito é associado ao parâmetro tangente de perda, específico de cada
material. A energia eletromagnética das micro-ondas propaga-se pelo material sendo parte
desta energia transformada em calor devido ao atrito entre as moléculas. A relação tan δ,
tangente de perda. está indicada na equação (3):
tan δ = ε’’ / ε’
(3)
A energia potencial elétrica das micro-ondas que atravessa um dado material é denominada
como constante dielétrica, ε’. Parte desta energia é transformada em calor, denominado
como fator de perda dielétrica, ε’’, que representa a permissividade do material. A
capacidade de um material dielétrico absorver a energia das micro-ondas e convertê-las em
calor é expressa pela relação tan δ.
O aquecimento de um material depende da relação tangente de perda, sendo definidos
como condutores (material dielétrico e transparente) ou isolantes (material opaco) [29].
Considerando estas características dos materiais (as suas propriedades eletromagnéticas),
é possível verificar o comportamento deles quando irradiados pelas micro-ondas, ou seja, a
sua capacidade de aquecimento rápido, aquecimento dielétrico, e a sua vantagem,
comparado ao aquecimento convencional por condução.
50
Um exemplo deste fenômeno foi demonstrado na análise cinética dos ensaios de
esterificação do anidrido malêico com 2-etil,1-hexanol, no laboratório de micro-ondas do
Instituto Mauá de Tecnologia – IMT. As equações empíricas da velocidade de reação
indicaram que as velocidades de esterificação do anidrido malêico são maiores quando
utilizadas as micro-ondas [29].
Os químicos observaram que algumas substâncias químicas quando irradiadas pelas microondas sofrem um grande aumento da tangente de perda, causando um aumento do ponto
normal de ebulição do material. Este efeito do superaquecimento das micro-ondas baseia-se
nos seguintes fatores: tempo de relaxação da onda, constante dielétrica, fator de perda
dielétrica e temperatura [29].
Outro fenômeno das micro-ondas relacionado com a constante dielétrica são os pontos
quentes localizados em áreas específicas do material. As reações químicas podem ser
incentivadas pelas micro-ondas em sistemas heterogêneos ou em reações catalíticas, onde
as reações ocorrem mais rápidas, de forma seletiva, formando locais mais quentes, no local
onde está o material dielétrico ou o catalisador [29,32].
Existem reações onde os reagentes são impregnados em suportes minerais sólidos
(aluminas, sílicas e argilas) para aumentar a reação química. Observa-se uma diferença
quando são comparadas as reações, utilizando as micro-ondas e sob aquecimento
convencional, em banhos de óleo, por exemplo. Encontra-se geralmente uma eficiência no
aquecimento do suporte, desde o seu interior, “in core”, devido ao aquecimento dielétrico do
material impregnado, em contraste com a deficiência da condutividade térmica dos óxidos
minerais no aquecimento tradicional [29,32].
Outro mecanismo do efeito térmico das micro-ondas é denominado condução iônica, onde o
calor gerado ocorre por atrito quando há migração dos íons dissolvidos no material quando
submetidos ao campo eletromagnético.
Há o efeito não térmico, denominado efeito específico das micro-ondas que não explica
exatamente como as micro-ondas interagem com as moléculas e quanto de intensidade este
fenômeno atinge, mas existem evidências deste efeito. Estudos de reações químicas
irradiadas por micro-ondas comparadas com o aquecimento convencional, ambas na
mesma temperatura, comprovam a seletividade, reatividade e aumento da velocidade das
reações [29].
51
A reação de polimerização do estireno por micro-ondas demonstrou a presença do efeito
não térmico. Foram consideradas três condições de aquecimento: com alta intensidade de
irradiação de micro-ondas, com baixa intensidade de micro-ondas e com aquecimento
elétrico, todos na mesma temperatura de 85 °C. Apresentaram-se três resultados diferentes,
ou seja, a primeira reação, na intensidade alta, foi a mais rápida. A segunda mais rápida foi
a de intensidade mais baixa e a terceira, a reação mais lenta, foi com aquecimento elétrico.
Além de demonstrar que o campo eletromagnético favorece a cinética da reação utilizandose a mesma temperatura, também o fator intensidade de energia de micro-ondas aplicada
também contribuiu para o aumento na velocidade de reação [29].
As micro-ondas também contribuem com outro fenômeno positivo nas reações químicas, a
sinergia entre os reagentes, também observado durante a reação de polimerização do
estireno, utilizando um catalisador, o ácido p-tolueno sulfônico. Utilizaram-se duas
concentrações do ácido, 0,1% e 0,2% respectivamente, em duas condições de
aquecimento: por micro-ondas e aquecimento elétrico. O catalisador contribuiu para redução
da ordem global da equação de velocidade, e a reação tornou-se mais rápida em
concentrações maiores de catalisadores e sob o campo eletromagnético das micro-ondas
[29].
TABELA 3 – EXEMPLOS DE TEMPO DE REAÇÃO REDUZIDO POR AQUECIMENTO DE MICRO-ONDAS [29]
Reagentes/Produto
Aquecimento
Aquecimento
Micro-ondas
Convencional
Reação
Tempo
(min)
Rendimento
(%)
Reação
Tempo
(min)
Rendimento
(%)
mesitileno + polioximetileno / dimetilmetano
4
75
120
95
ácidobenzóico + metanol / metil benzoato
2
90
60
62
alcoolisoamílico + metanol / acetato de isoamila
2
100
60
85
antraceno + anidrido maléico / aduct
4
85
60
92
benzofenona + hidroxilamina / benzanilida
2
99
90
70
p-cresol + propil iodo / propil p-tolileter
4
96
60
89
ciclohexanol + brometo de sódio / ciclohexilbromida
10
49
30
33
acetanilida + ácido hidroclórico / anilina
15
91
240
98
52
5.3 APLICAÇÕES DE MICRO-ONDAS AO PETRÓLEO
Visto que desde a década de oitenta as micro-ondas encontram na química um campo vasto
de aplicações e o estado da técnica tem apresentado inúmeras aplicações de micro-ondas
na indústria química [6,29,31,32,33,34], a indústria do petróleo também tem investido em
pesquisas de novos processos para a melhoria na produção de hidrocarbonetos de maior
valor comercial com a aplicação de micro-ondas. Os processos do refino mais estudados
são
o
craqueamento
térmico/catalítico
do
petróleo
pesado,
a
dessulfurização,
desnitrificação, remoção de ácidos naftênicos de óleo pesado e o tratamento e separação
de emulsões água e óleo [35, 36, 37 a 61].
Nas pesquisas observou-se uma melhoria na eficiência dos “efeitos das micro-ondas” em
processos
desenvolvidos
em
sistemas
heterogêneos. Outros
materiais
dielétricos
adicionados à reação além dos reagentes, promoveram uma alta eficiência no aquecimento
com as micro-ondas. Nos casos apresentados houve um significativo aumento de
velocidade na reação de craqueamento catalítico dos hidrocarbonetos nestes sistemas.
Os compostos polares ou dielétricos, suportes térmicos ou catalíticos, meio aquoso,
substâncias reativas em estado de plasma frio e outros compostos susceptíveis às microondas contribuíram na formação dos sistemas heterogêneos catalíticos com características
e propriedades dielétricas diferentes. Desta forma um diferencial de aquecimento foi
formado nas reações químicas em função destes fatores e também da intensidade das
micro-ondas, da temperatura e da freqüência das micro-ondas. A tangente de perda neste
tipo de sistema foi maior e definida pela contribuição das constantes dielétrica de cada
composto participante da reação [47].
Outras variáveis também foram consideradas na aplicação de micro-ondas ao petróleo:
massa do material, calor específico do material, propriedades dielétricas, tipo de ligação
química, a forma geométrica molecular, mecanismo de dissipação de calor, a energia
absorvida no material e a energia aplicada [47].
Assim, diversos estudos destinados à melhoria de processos do petróleo por meio de microondas foram realizados em sistemas heterogêneos, constituídos por diferentes reagentes,
catalisadores específicos e vários tipos de freqüência de micro-ondas que de alguma forma
aceleraram ainda mais as reações químicas.
53
Observaram-se nos experimentos a redução de temperatura de processo, aumento da
seletividade, redução do tempo de processamento e altas taxas de conversão. A vantagem
dos sistemas catalíticos ou de sistemas dielétricos é a ação seletiva das micro-ondas nos
catalisadores e nos materiais dielétricos que favorece as reações químicas, aumentando a
eficiência do processo [47].
Alguns destes sistemas estão descritos a seguir:
No estudo em [42] de melhoria dos hidrocarbonetos pesados de menor valor comercial
utilizando doador de hidrogênio e radiação de micro-ondas foi utilizado diversos
hidrocarbonetos como reagentes, a partir de diferentes tipos de petróleo cru, gasóleo
pesado, gasóleo leve, frações residuais do petróleo cru, frações pesadas cíclicas ou
misturas destes. A pesquisa consiste no craqueamento e recuperação dos hidrocarbonetos
pesados, em fase líquida ou gasosa, através da energia das micro-ondas em sinergia com
outras substâncias. Utilizou-se 0,02 a 20% de água, um iniciador de plasma capaz de iniciar
uma descarga elétrica dentro de um campo eletromagnético e doadores de hidrogênio (H2,
H2S, CH4, C2H6, C3H8, xileno e assim por diante). A idéia foi formar uma descarga elétrica
com o iniciador de plasma na presença do campo eletromagnético permitindo o
craqueamento da molécula do doador de hidrogênio, formando moléculas reativas, radicais
ou íons, que reagem com os hidrocarbonetos de menor valor. A melhoria demonstrou que
além do craqueamento dos hidrocarbonetos, foi possível obter diferentes compostos através
de outras reações, qualificando os produtos obtidos. As reações são: alquilação,
isomerização, desnitrogenação, dessulfurização, hidrocraqueamento, hidrogenação, ou
diversas combinações delas, dependendo do hidrocarboneto empregado, condições de
operação e tipo de doador de hidrogênio utilizado [42].
Estudos em [40] também utilizaram plasma para tratamento de hidrocarbonetos aromáticos
pesados do petróleo e do coque produzindo hidrocarbonetos lineares e gás de síntese. O
uso do plasma é uma técnica que consegue, essencialmente, formar compostos capazes de
acumular carga elétrica na presença do campo eletromagnético e desta forma dissipar esta
carga, iniciando uma descarga elétrica. Além de gases ativados pelas micro-ondas,
formando plasma, também podem ser consideradas substâncias iniciadoras de plasma,
compostos sólidos metálicos e não metálicos. Os metais mais adequados para formação de
plasma são: tungstênio, ferro, níquel, cobre ou a liga deles. Os não metais são compostos
de carbono, aluminas, dióxido de manganês, magnetita, óxido de níquel, óxido de ferro,
aluminato de cálcio, óxido de cobalto, nitrato de cromo, sulfeto de ferro e sulfeto de cobre ou
a liga deles. No estudo a proposta foi induzir plasma de água por micro-ondas na conversão
54
dos hidrocarbonetos pesados em temperatura ambiente. A exposição do coque sob o
plasma ajudou a remoção de moléculas de enxofre. Este método inovou a conversão de
petróleo pesado ou os resíduos de baixo valor empregados no refino do petróleo [40].
O craqueamento de hidrocarbonetos com micro-ondas foi abordado em [51], na reação de
decomposição do metano por plasma não térmico, onde forma hidrogênio e carbono a
pressão atmosférica em células de combustível. O plasma não térmico acelera reações
químicas nas temperaturas mais baixas, gerando espécies reativas. Estas substâncias são
capazes de promover reações específicas, como acontece com um agente catalítico,
podendo assim o plasma substituir os catalisadores tão dispendiosos. O benefício neste
método além de acelerar o craqueamento de hidrocarbonetos, contribui para a redução
potencial do sistema através do consumo energético de hidrogênio, promovendo, portanto,
uma alta produtividade com baixo consumo de energia [51].
No craqueamento do petróleo pesado, o processamento convencional requer muita energia
durante o refino e, neste caso, os estudos com as micro-ondas apresentaram uma grande
alternativa. Testes relatados em [35], mostraram que a irradiação de micro-ondas consegue
beneficiar o petróleo pesado, diminuindo a sua viscosidade e o peso molecular de seus
componentes. Os experimentos foram feitos por um período importante de exposição, no
máximo dois minutos, utilizando compostos naftênicos no reator de micro-ondas. Após dois
minutos, o peso molecular aumentou, pois as moléculas menores iniciaram uma nova
reação (reação secundária), formando cadeias de carbono complexas, mais longas e
maiores. Foram vários testes com diferentes amostras de uma mistura de petróleo pesado e
substratos concentrados ricos em hidrogênio. Como resultados foram formados diferentes
tamanhos de moléculas de carbono em diferentes períodos de irradiações [35].
Em [47], foram encontradas citações de hidrocraqueamento ou hidrotratamento em piches
sob as radiações de micro-ondas. Os resultados foram favoráveis com formação de
moléculas menores em hidrocarbonetos C1 – C5 e, além disto, houve uma grande redução
de enxofre e formação de H2S [47].
Outro método de craqueamento do petróleo pesado apresentado no artigo [59] considera a
ação das micro-ondas combinada com ozônio ionizante. Foi observada a redução de
temperatura da reação de craqueamento dos hidrocarbonetos devido à intensa oxidação de
frações pesadas ocorridas pela ação do ozônio e das micro-ondas. A partir da
decomposição de núcleos asfaltênicos foram formados compostos aromáticos (mono e
biaromáticos), com aumento em iso-alcanos e baixa concentração de olefinas. Nestas
55
condições, a reação de craqueamento eliminou a presença de contaminantes, como enxofre
e nitrogênio, alterando a composição dos resíduos, com presença de oxigênio nas
moléculas de carbono [59].
O betume, óleo pesado encontrado em rochas sedimentares, pode ser recuperado por
aquecimento obtido com aplicação das micro-ondas. O calor libera o querogênio das rochas,
reduzindo a viscosidade com formação de óleo quente o suficiente para escoamento e
extração. Houve conversão de algumas moléculas pesadas utilizando catalisadores pó de
níquel ou cobre, aquecidos e ativados pelo campo eletromagnético, promovendo o
craqueamento do petróleo [44].
A qualidade dos hidrocarbonetos líquidos coletados nos experimentos de tratamento de
areias betuminosas por micro-ondas é similar aos produzidos pelo processo convencional,
ou seja, craqueamento térmico com vapor d’água [45 e 47]. O método também permitiu
obter um resíduo isento de betume que pode ser descartado sem prejuízo ao meio
ambiente. Para aumentar a eficiência das micro-ondas, utilizou-se em [47], amostras
diferentes, formadas por areia betuminosa e três tipos de pós de ferro (Fe, Fe2O3 e FeCl)
em concentrações diferentes (0,1; 0,5 e 1 % em massa), cada uma. Os compostos de ferro
são susceptores de micro-ondas que melhoraram os efeitos de temperatura na absorção. O
método híbrido de aquecimento, por irradiação de micro-ondas e transferência de calor por
condução conseguiu eficiência na recuperação do óleo betuminoso. As micro-ondas
aqueceram rápido até atingir a temperatura desejada e o aquecimento convencional
manteve a temperatura de reação constante em períodos diferentes. Em função dos efeitos
obtidos na extração do betume foram avaliados os seguintes fatores: período de tratamento,
intensidade do campo de micro-ondas, natureza e fluxo do gás liberado, forma e posição
das amostras na cavidade de micro-ondas [47].
Os resíduos gerados no refino do petróleo, contendo alta concentração de sólidos, enxofre e
contaminantes, representam para a indústria de petróleo um grande custo de tratamento e
recuperação de óleo combustível pesado. O estudo do aprimoramento destes resíduos
através do craqueamento térmico/ catalítico sob o incentivo da radiação de micro-ondas
possibilitou a recuperação de óleos combustíveis por decomposição de hidrocarbonetos
pesados presentes nos resíduos. Além das micro-ondas, foi utilizado um catalisador, o
carvão, adicionado à mistura residual, a fim de ajudar no craqueamento. Devido ao fato de o
resíduo apresentar uma grande variedade de material pesado e sedimentos, a atividade das
micro-ondas sob o material tornou-se mais favorável, por surgir vários pontos bem quentes
56
nestes resíduos que absorvem melhor e ajudam no craqueamento térmico e, ainda também
existe a ação dos catalisadores adicionados para auxiliar ainda mais a reação [43].
Outro estudo de aplicação das micro-ondas foi utilizado no tratamento de águas residuais do
refino do petróleo. O reator em estudo é suprido com reagentes (amostras de água residual
de processo), catalisadores, oxigênio e água irradiados pelas micro-ondas. O estudo em
[54], inova o tratamento de resíduos das águas industriais gerados na refinação do petróleo,
pois o tratamento convencional demanda muita energia com sistemas submetidos a
elevadas temperaturas e pressão. As águas residuais do refino possuem uma grande
concentração de hidrocarbonetos alifáticos e aromáticos, substâncias orgânicas nãobiodegradáveis que poluem a superfície dos solos e superfícies. O objetivo é utilizar as
micro-ondas para degradar estas substâncias, através de temperatura e pressão baixas,
promovendo desta forma uma oxidação úmida da matéria orgânica insolúvel, convertendo-a
em substâncias orgânicas menores e solúveis, que por sua vez possam ser novamente
oxidados naturalmente (biodegradáveis) em gás carbônico e água. Alguns compostos
sofreram degradação por radiação de 660 W de micro-ondas durante 30 minutos, formando
áreas superaquecidas no centro das amostras devido ao aquecimento dielétrico gerado pela
absorção das ondas pelos catalisadores. Este processo de oxidação catalítica com ar úmido
nas águas residuais incentivada pelas micro-ondas conseguiu um significativo resultado:
uma dosagem de 90% em demanda de oxigênio. O método utilizou micro-ondas, 5 g de
catalisador 5% úmido (GAC), temperaturas entre 100 e 150 °C e oxigênio a pressão de 0,8
MPa. Com esta técnica foi possível obter maior remoção de Demanda Química de Oxigênio
das águas residuais do processamento do petróleo, mais de 90%, promovendo a
biodegradabilidade do sistema, permitindo um posterior biotratamento em condições menos
severas de operação [54].
Outro método onde as micro-ondas interagem com outros materiais é no estudo do
craqueamento catalítico do metano e água sob a radiação das micro-ondas em um reator
que contém carvão ativado como catalisador e correagente, produziu hidrocarbonetos leves
C1 e C2, principalmente acetileno. Neste caso, um catalisador em pó de carvão ativado
converte o metano ou a água em acetileno, com rendimento de 85 a 90%. Quantidades
significativas de C3 foram obtidas também como produto final [41].
Em [60], a pesquisa utiliza a energia de micro-ondas e catalisadores para craqueamento de
hidrocarbonetos. Mostrou-se o craqueamento do octano sob pressão atmosférica, na fase
gasosa, passando sobre um catalisador de Pt/Al2 O3, ou seja, um composto de platina
disposto em suporte de óxido de alumínio, sendo exposto às radiações das micro-ondas. O
57
processo foi desenvolvido para o craqueamento do hexano em catalisador de carbono
ativado. Ocorre craqueamento de gases de combustão de automóveis na tentativa de
aumentar a eficiência dos catalisadores utilizados no escapamento dos automóveis. É uma
idéia que envolve aquecimento rápido e uniforme oferecido pelas micro-ondas, assim
permitindo o craqueamento de hidrocarbonetos formados pela combustão da gasolina, que
por sua vez é um derivado do petróleo [60].
Em [61] realizou-se estudo de processos de oxidação parcial do metano e querosene
(C11H22) pela oxidação do ar na presença de descargas estacionárias de micro-ondas na
pressão atmosférica. Os resultados experimentais e as simulações numéricas mostraram
que, o não equilíbrio do plasma afeta mais efetivamente a conversão dos hidrocarbonetos,
do que o efeito da temperatura, transformando o metano e o querosene em gases de
síntese [61].
As micro-ondas também proporcionaram uma alternativa para estudos que tratam de
atividades de separação do óleo nas areias betuminosas em [47]. A seletividade atua no
aquecimento da areia, favorecendo a economia de energia, vaporizando a água na
separação de emulsão água/óleo, permanecendo, assim, o óleo e separando apenas o
material necessário. Na separação de líquidos e sólidos em sistemas heterogêneos
utilizando as micro-ondas, além do aquecimento favorecido por compostos dielétricos que
as absorvem melhor, também há separação de emulsões pela retirada dos surfactantes que
atuam na interface e estabilidade da mistura, quebrando-as ainda mais [47].
O estudo da extração de hidrocarbonetos leves de areia betuminosa com amostras
irradiadas por micro-ondas a 5,8 GHz, submetidas à pressão de gases ou dióxido de
carbono liquefeito ou vapor de solventes foi também abordado em patentes [47]. A areia
betuminosa exposta sob micro-ondas absorve e gera calor o suficiente para decomposição
do betume.
Outro estudo da aplicação de micro-ondas ao petróleo foi desenvolvido no processamento
de quebra de emulsão. Este processo é aplicado no parque de refino e é considerado
bastante oneroso, pelo consumo de grandes quantidades de energia, produtos químicos e
tempo de processo. Algumas investigações já anunciadas sobre a possibilidade de
separação através da quebra de emulsões pelas micro-ondas foram avaliadas [6], indicando
a vantagem de utilizar as micro-ondas na separação da água salgada (fase dispersa) e óleo
(fase contínua), devido ao rápido aquecimento localizado, seletivo e eficiente na mistura
óleo/água/sal. Isto funciona devido à absorção e formação de calor pelas ondas
58
eletromagnéticas, devido aos dipolos elétricos das moléculas polares da água e da solução
iônica formada pelos sais. Os hidrocarbonetos pesados desta mistura são apolares, não
absorvem bem as ondas eletromagnéticas e atrapalham a desestabilização e separação das
emulsões. O mesmo acontece com os processos de craqueamento, onde o petróleo
pesado, com grande quantidade de compostos de alto peso molecular, naftênicos e
poliaromáticos, necessita de métodos de melhoria [49,72].
Recentemente, um grupo de pesquisa estuda os efeitos das micro-ondas em misturas
líquidas de substâncias polares e não polares, particularmente em hidrocarbonetos
aromáticos e heteroaromáticos. Os estudos confirmaram que os compostos polares
absorvem muito as micro-ondas em temperatura ambiente e podem ser menos absorventes
em temperaturas bem abaixo do ponto de ebulição deles, dos compostos polares. Acreditam
também que seria mais difícil irradiar em hidrocarbonetos cíclicos leves e que a ação e
efeito das micro-ondas nestas substâncias dão origem a mais estudos e incentivo a futuras
experiências [47].
Através dos exemplos extraídos do estado da técnica acima citados, conclui-se que a
aplicação de micro-ondas aos hidrocarbonetos em geral torna-se viável tanto nos processos
de craqueamento térmico/catalítico como em outros processos de refino do petróleo, como a
hidrodessulfurização, a hidrodesnitrogenação e separação de emulsão óleo/água. Nota-se
que nestes estudos publicados não foram quantificados os efeitos da temperatura em
função da freqüência das micro-ondas e das propriedades dielétricas dos hidrocarbonetos, o
que justifica a ausência de projetos de reatores contínuos de micro-ondas para a indústria
do petróleo.
59
6 CONDIÇÕES DE CRAQUEAMENTO DA FRAÇÃO DE DECANO
A possibilidade de uma reação ocorrer pode ser prevista pela análise da variação da sua
energia livre. Quando a energia livre é negativa, admite-se que a reação é possível e,
quando positiva, admite-se que a reação é pouco provável, nas condições usuais de
processamento [62].
De uma maneira preliminar, uma visão prévia da viabilidade da reação pode ser obtida pelo
artifício de considerar que a capacidade calorífica dos reagentes e produtos independa da
temperatura. Nesta simplificação, a análise da variação da energia livre pode ser efetuada
com as entalpias e entropias de formação no estado padrão [63,64].
Considerando, ainda, uma simplificação da reação global de craqueamento das moléculas
de decano, ao admitir que se formem apenas moléculas menores de pentano e penteno em
proporções equimolares:
C10H22 (gás) C5H12 (gás) + C5H10(gás)
Da literatura especializada, [65,74] temos os valores das entalpias e entropias padrão do
sistema decano/pentano/penteno conforme Tabela 4:
TABELA 4 – PROPRIEDADES PADRÃO DOS HIDROCARBONETOS NA REAÇÃO DE CRAQUEAMENTO [74]
Nome
Decano
Pentano
1-Penteno
n-Butano
1-Buteno
Propeno
Etano
Etileno
Acetileno
Hidrogênio
Fórmula
C10H22
C5H12
C5H10
C4H10
C4H8
C3H6
C2H6
C2H4
C2H2
H2
PM
142
72
70
58
56
42
30
28
26
2
∆H°f (kJ/mol)(g)
∆HS°(J/mol.K)(g)
-249,9
-146,5
-20,9
-124,8
1,2
20,4
-84,7
52,3
226,9
218,0
540,9
348,6
347,8
310,2
307,6
267,0
229,6
219,6
200,9
114,7
Com a equação de Gibbs (4) a seguir:
∆G = ∆H – T∆S
(4)
60
pode-se estudar, em termos de uma primeira aproximação, em qual temperatura a energia
livre deste sistema reagente será negativo, como expresso na Tabela 5:
TABELA 5 – CÁLCULO TERMODINÂMICO DA REAÇÃO DE CRAQUEAMENTO DO DECANO/PENTANO+PENTENO
∆Hr
(kJ/mol)
∆Sr
(kJ/mol.K)
∆Gr
(kJ/mol)
Temperatura
(K)
Temperatura
(°C)
82,3
0,156
4,861
498
225
82,3
0,156
4,705
499
226
82,3
0,156
4,550
500
227
82,3
0,156
4,394
501
228
82,3
0,156
0,973
523
250
82,3
0,156
-6,802
573
300
82,3
0,156
-14,577
623
350
82,3
0,156
-22,352
673
400
82,3
0,156
-30,127
723
450
82,3
0,156
-53,452
873
600
82,3
0,156
-69,002
973
700
82,3
82,3
82,3
82,3
82,3
82,3
82,3
82,3
82,3
82,3
0,156
0,156
0,156
0,156
0,156
0,156
0,156
0,156
0,156
0,156
-73,200
-104,300
-119,850
-150,950
-228,700
-244,250
-259,800
-275,350
-290,900
-306,450
1000
1200
1300
1500
2000
2100
2200
2300
2400
2500
727
927
1027
1227
1727
1827
1927
2027
2127
2227
Nesta análise, pode-se admitir que o teste de craqueamento deveria ser conduzido em uma
temperatura acima de 300 °C.
Este mesmo critério foi aplicado em outras possibilidades de formação de produtos,
observando a presença de hidrocarbonetos mais leves conforme os estudos a seguir:
61
1) Formação de butano e etileno :
Considerando a reação de craqueamento do decano abaixo:
C10H22 (gás)2 C4H10 (gás) + 3 C2H4(gás)
Da mesma forma calcula-se através dos valores retirados na literatura [74], indicados na
Tabela 4 e, aplicando os resultados na equação de energia livre de Gibbs da equação 4,
obtém-se o cálculo indicado na Tabela 6, que determina uma segunda aproximação de
temperatura em que a energia livre será negativa.
TABELA 6 – CÁLCULO TERMODINÂMICO DA REAÇÃO DE CRAQUEAMENTO DO DECANO/BUTANO+ETILENO
Temperatura
K
Temperatura
°C
∆Hr
(kJ/mol)
∆Sr
(kJ/mol.K)
∆Gr
(kJ/mol)
281,8
0,428
68,606
498
225
281,8
0,428
68,178
499
226
281,8
0,428
67,750
500
227
281,8
0,428
67,322
501
228
281,8
281,8
281,8
0,428
0,428
0,428
57,904
36,499
15,094
523
573
623
250
300
350
281,8
281,8
0,428
0,428
-6,311
-27,716
673
723
400
450
281,8
281,8
0,428
0,428
-91,931
-103,490
873
900
600
627
281,8
281,8
281,8
281,8
0,428
0,428
0,428
0,428
-146,300
-360,350
-574,400
-788,450
1000
1500
2000
2500
727
1227
1727
2227
Nesta avaliação, estima-se que o teste de craqueamento pode ser conduzido em uma
temperatura superior a de 400 °C.
2) Formação de buteno, etano e acetileno:
C10H22 (gás) C4H8 (gás) + 2 C2H6(gás) + C2H2(gás)
62
Com os valores retirados na literatura [74] conforme Tabela 4 e substituídos na equação de
energia livre de Gibbs, equação 4, estudou-se a terceira aproximação de temperatura em
que a energia livre será negativa, indicada na Tabela 7:
TABELA 7 – CÁLCULO TERMODINÂMICO DA REAÇÃO DE CRAQUEAMENTO DO DECANO/BUTENO+ETANO+ACETILENO
∆Hr
(kJ/mol)
∆Sr
(kJ/mol.K)
∆Gr
(kJ/mol)
Temperatura
(K)
Temperatura
(°C)
308,4
0,427
95,854
498
225
308,4
0,427
95,427
499
226
308,4
0,427
95,000
500
227
308,4
0,427
94,573
501
228
308,4
0,427
85,184
523
250
308,4
0,427
63,844
573
300
308,4
0,427
42,504
623
350
308,4
0,427
21,164
673
400
308,4
0,427
-0,176
723
450
308,4
0,427
-64,196
873
600
308,4
0,427
-106,876
973
700
308,4
308,4
308,4
308,4
308,4
308,4
308,4
308,4
308,4
308,4
0,427
0,427
0,427
0,427
0,427
0,427
0,427
0,427
0,427
0,427
-118,400
-203,760
-246,440
-331,800
-545,200
-587,880
-630,560
-673,240
-715,920
-758,600
1000
1200
1300
1500
2000
2100
2200
2300
2400
2500
727
927
1027
1227
1727
1827
1927
2027
2127
2227
Nesta estimativa, o teste de craqueamento deveria ser conduzido em uma temperatura
superior a de 450 °C.
3) Formação de propeno, etileno e hidrogênio:
C10H22 (gás)2 C3H6 (gás) + 2 C2H4(gás) + H2(gás)
Da mesma forma substituindo os valores retirados na literatura [74] conforme Tabela 4 e a
partir da equação de energia livre de Gibbs da equação 4, avaliou-se também a temperatura
aproximada em que a energia livre será negativa, conforme Tabela 8:
63
TABELA 8 – CÁLCULO TERMODINÂMICO DA REAÇÃO DE CRAQUEAMENTO DO DECANO/PROPENO+ETILENO+HIDROGÊNIO
∆Hr
(kJ/mol)
∆Sr
(kJ/mol.K)
∆Gr
(kJ/mol)
Temperatura
(K)
Temperatura
(°C)
613,1
0,547
340,694
498
225
613,1
613,1
613,1
0,547
0,547
0,547
340,147
339,600
339,053
499
500
501
226
227
228
613,1
613,1
613,1
0,547
0,547
0,547
327,019
299,669
272,319
523
573
623
250
300
350
613,1
613,1
613,1
0,547
0,547
0,547
244,969
217,619
135,569
673
723
873
400
450
600
613,1
613,1
613,1
613,1
613,1
613,1
613,1
613,1
0,547
0,547
0,547
0,547
0,547
0,547
0,547
0,547
80,869
66,100
11,400
-1,181
-43,300
-98,000
-207,400
-480,900
973
1000
1100
1123
1200
1300
1500
2000
700
727
827
850
927
1027
1227
1727
Nesta última avaliação, estima-se que o teste de craqueamento pode ser conduzido a uma
temperatura superior a de 850 °C.
As análises indicaram, evidentemente, que há formação de hidrocarbonetos menores à
medida que as temperaturas de craqueamento do decano aumentaram.
6.1 VIABILIDADE CINÉTICA DO CRAQUEAMENTO
O estado da arte relata temperaturas da ordem de acima de 400°C para a realização do
craqueamento térmico do decano conforme em [1]. Parte da energia posta em jogo atende
às necessidades termodinâmicas, conforme indicado em 6.1 e parte acelera a reação
conforme a lei de Arrhenius [29,66].
64
Por outro lado, também é do estado da arte que as micro-ondas conseguem acelerar
reações químicas [29,32,33,34,66]. Especificamente, para o craqueamento térmico de
hidrocarbonetos, assistido por micro-ondas, há citações [35 a 61,77] que preconizam que há
vantagens de acelerar reações químicas pelo emprego das micro-ondas.
O trabalho visa demonstrar o incentivo das micro-ondas, que são capazes de promover uma
velocidade
adequada
nas
reações
de
craqueamento,
verificando
as
restrições
termodinâmicas e cinéticas através de ajuste das temperaturas experimentais como
previsto pela equação de Gibbs.
65
7 MATERIAIS E MÉTODOS
7.1 AVALIAÇÃO DO EFEITO DA IRRADIAÇÃO DE MICRO-ONDAS NA FRAÇÃO C10
A confirmação dos aspectos idealizados no capítulo 6 foi determinada nos cálculos das
massas moleculares médias da fração C10 e da fração craqueada, indicadas no item 7.4
bem como nas análises cromatográficas CG-MS da fração C10 e da fração craqueada, no
item 7.5.
7.2 DESTILAÇÃO SEGUNDO ASTM D 86 [67]
Uma amostra de 100 ml de querosene iluminante (faixa nominal de destilação entre 150 a
300 °C e pressão de vapor nominal em 37,8 °C igual a 1,4 Pa) foi destilada, em balão
apropriado, a uma vazão constante de 5cm3/min, sob condições prescritas de temperatura e
pressão, em aparelho ASTM, seguindo especificações pré-estabelecidas ao grupo 4
(compostos com ponto inicial de ebulição maior de 100°C e pressão de vapor a 37,8°C
menor de 65,5 kPa).
O destilado foi condensado em um tubo de bronze rodeado por gelo e em seguida foi
registrada a temperatura de vaporização da primeira gota que caiu do condensador (entre 5
e 10 min após o início do aquecimento), anotando-se o “ponto inicial de ebulição” (PIE). A
Figura16 apresenta o aparelho para destilação ASTM utilizado no laboratório de microondas do IMT.
66
FIGURA 16 - APARELHO DE DESTILAÇÃO ASTM
Leituras sistemáticas das temperaturas e dos volumes condensados foram efetuadas,
anotando-se a temperatura de ebulição das frações para cada 10% do volume coletado.
Quando 95% do volume foi destilado, a intensidade do aquecimento foi aumentada e a
máxima temperatura foi registrada como “ponto final ou ponto final de ebulição”.
Alguma decomposição de hidrocarboneto mais pesado pode ocorrer nesta destilação, após
o ponto final de destilação, com a formação de um resíduo de carbono. Nesta eventualidade
registra-se “o ponto de decomposição”.
A temperatura do ponto seco foi anotada quando a ultima gota de líquido do balão foi
evaporada, e o total recuperado é a soma da quantidade destilada e a quantidade do
resíduo (0,1 ml) e, portanto deduziu-se o total recuperado do valor 100, obtendo-se o
volume perdido (100 menos o valor recuperado é igual ao valor perdido).
A curva de destilação ASTM obtida experimentalmente por este método indica o volume
destilado em função da temperatura de ebulição da amostra de hidrocarbonetos.
67
7.3 DETERMINAÇÃO DA DENSIDADE DE UMA AMOSTRA DE HIDROCARBONETOS
SEGUNDO ASTM D 1298 - 99 [68]
O método padrão de teste da American Society for Testing and Materials, ASTM D 1298, é o
ensaio de laboratório que qualifica a densidade de petróleo e derivados (método do
hidrômetro ou densímetro), onde indica a qualidade de amostras de petróleo cru, produtos
do petróleo ou misturas de produtos do petróleo e de não petróleo:
Este método determina, através de um hidrômetro de vidro graduado em kg/L, tipo longo e
plano, especificação E 100, números 82H a 90H, a densidade, densidade relativa, ou °API
de líquidos transparentes móveis, com pressão de vapor Reid< 26 lb, conforme a norma. Os
valores medidos no densímetro são precisos quando convertidos pela Tabela de correção
[69], ou seja, a densidade relativa medida da amostra, a uma dada temperatura, deve ser
convertida para valores em temperatura de 60/60°F, 20/20°C ou 20/4 °C.
O hidrômetro é utilizado neste caso para as amostras de hidrocarbonetos e a leitura da
temperatura é feita com o termômetro próximo ao hidrômetro, para minimizar qualquer erro.
A amostra é transferida para um cilindro de vidro (proveta) na mesma temperatura e o
hidrômetro é mergulhado e estabilizado até a temperatura permanecer constante. A proveta
deve apresentar o diâmetro interno no mínimo 25 mm maior do que o diâmetro externo do
hidrômetro e altura da proveta deve conter espaço suficiente para o hidrômetro flutuar na
amostra com uma distância mínima entre o fundo da proveta e o fundo do hidrômetro igual a
25 mm. A leitura é feita e a temperatura anotada.
É necessário que a proveta e o seu conteúdo permaneçam em temperaturas constantes. O
teste de temperatura só pode ser controlado da seguinte forma: quando observar a escala
do hidrômetro, agitar a amostra com o termômetro e anotar a temperatura que não deve
diferenciar da leitura da temperatura anterior por mais de 2°C. Repetir o teste do hidrômetro
até a temperatura tornar-se estável. Quando o teste de temperatura é feito próximo da
temperatura de referência 15°C, o valor da densidade relativa é mais exato. Para
hidrocarbonetos com média volatilidade e ponto de ebulição acima de 120°C, o teste é feito
frio em recipiente fechado com temperatura menor de 18°C e deve-se manter o banho em
temperatura constante, caso o teste for feito em ambiente com temperaturas muito baixas.
68
Quando transferir a amostra à proveta, evitar formação de bolhas para reduzir a evaporação
dos hidrocarbonetos e não umedecer o pêndulo do hidrômetro que está acima da superfície.
Mergulhe o hidrômetro duas escalas e gire-o sem que as paredes do hidrômetro batam na
parede da proveta, flutuando livre. Estima-se a leitura próxima de 0,0001 para densidade
relativa. A leitura correta da densidade é feita e anotada qualquer observação relevante para
o termômetro e para o hidrômetro.
A densidade °API é expressa em função da densidade relativa (razão entre a densidade de
uma amostra e a densidade da água em temperatura normal). Os ensaios das densidades
nas amostras do querosene, do decano e das amostras craqueadas permitem o cálculo das
densidades relativas e das densidades em °API,
7.4 DETERMINAÇÃO DA MASSA MOLECULAR MÉDIA DE UMA AMOSTRA DE
HIDROCARBONETOS
A determinação da massa molecular média da destilação ASTM da amostra dos
hidrocarbonetos da amostra foi executada desta forma:
A curva de destilação ASTM obtida através de destilações feitas no laboratório de microondas, registradas e plotadas na Figura 17, apresenta uma inclinação que corresponde a
tangente do ângulo α formada pela variação de temperaturas médias da amostra destilada
em °F em função da porcentagem do volume destilado, entre 10% a 90%, conforme
equação 5 [70]:
tan α =(T90 –T10)/(90-10) = (°F / %)
(5)
A inclinação da curva de destilação ASTM ou inclinação de “Engler” da amostra do
querosene da marca ESSO, do decano e da fração craqueada são respectivamente igual a
1,1; 0,3; 0,4 (°F / %). No gráfico, Figura 18, esta inclinação de “Engler” (°F / %) permite
correlacionar a temperatura de ebulição média volumétrica da amostra em outras bases,
como na base molar, por exemplo. Considerando a temperatura média de ebulição
volumétrica ou molar, a inclinação Engler correspondente à curva ASTM da amostra e a sua
densidade calculada, é possível obter pelo gráfico da Figura 19 [63], a massa molecular
média da amostra de hidrocarbonetos.
69
α
FIGURA 17 – CURVAS DE DESTILAÇÃO ASTMD 86 - 90 DA AMOSTRA DE QUEROSENE: QUATRO REPETIÇÕES
FIGURA 18 - RELAÇÃO ENTRE OS PONTOS DE EBULIÇÃO MÉDIO MOLAR E VOLUMÉTRICO
CORRESPONDENTE A INCLINAÇÃO ASTM [70]
70
FIGURA 19 - RELAÇÃO ENTRE MASSAS MOLECULARES, TEMPERATURA MÉDIA DE EBULIÇÃO
VOLUMÉTRICA E MOLAR, DENSIDADES DAS FRAÇÕES DE PETRÓLEO [70]
7.5 CROMATOGRAFIA GASOSA ACOPLADA COM ESPECTROMETRIA DE MASSA
CG-MS [71]
A cromatografia gasosa acoplada com espectrometria de massa é uma técnica eficiente de
análise química que utiliza um método físico-químico de separação com grande capacidade
de isolar moléculas similares (pontos de ebulição bem próximos) de uma mistura de difícil
separação, como uma fração do petróleo. O método consiste na migração individual dos
diferentes constituintes da mistura através da coluna cromatográfica, onde são efetivamente
separados por diferentes interações (por forças intermoleculares) entre as duas fases
imiscíveis da coluna, a fase móvel (gás contendo os analitos) e a fase estacionária (líquida).
Os aspectos da coluna, a fase estacionária, o diâmetro e o comprimento, determinam à
eficiência da separação. Também a temperatura do forno é importante no ajuste da
temperatura da coluna, quanto menor for a temperatura do forno, mais efetiva a separação.
71
As amostras analisadas devem ter o ponto de ebulição de no máximo 300 °C e que sejam
termicamente estáveis. O método consiste primeiramente numa injeção da amostra na
coluna, onde ela é vaporizada e, em seguida, arrastada por um gás inerte de arrasto (puro)
dentro da coluna. Os compostos mais voláteis são os primeiros retidos na cabeça da coluna
pela fase estacionária em leito fixo (líquido) e depois são levados pelo gás de arrasto para o
espectrômetro de massa. Quando o detector detecta a presença de um analito que pertence
aos compostos voláteis da saída da coluna, ele é ionizado numa fonte geradora de íons
através de impacto de alta energia de elétrons, bombardeando este analito. Por esta ação, a
molécula ou o analito, é fragmentado gerando-se íons positivos e negativos. Os íons são
acelerados para um analisador de massas que possui um campo elétrico (sistema de
armadilha de íon) e apenas os íons com uma relação massa/carga (m/z) são separados.
Cada substância separada é identificada por um sistema de identificação de íons e em
seguida é gerado um espectro de massa formando um pico no cromatograma. No
cromatograma formam-se vários picos que corresponde à composição da corrente do gás
transportado em função do tempo de retenção de cada molécula na coluna. Uma biblioteca
de espectros padrão do equipamento interpreta e compara a molécula detectada com
possíveis candidatas e ainda a porcentagem de confiabilidade para cada molécula. Desta
forma define-se a característica do espectro de massa de cada molécula constituinte da
mistura, formando um cromatograma com a composição molecular da amostra analisada
[71].
7.6 FRAÇÃO C10 DO QUEROSENE E EQUIPAMENTO PARA SEU PREPARO
Optou-se por trabalhar com uma fração de hidrocarbonetos rica em C10 para evitar o
manuseio, neste estado exploratório, com misturas complexas de hidrocarbonetos como o
petróleo cru.
A fração C10 foi escolhida pela facilidade de isolá-la, no Laboratório de Micro-ondas, a partir
do querosene de iluminação.
O decano é um hidrocarboneto de fórmula molecular C10H22 com massa molecular de
142,28 g e ponto de ebulição igual a 174,5°C [73].
Infelizmente, não se encontra o decano para comercialização a preços acessíveis. Há
ofertas de padrões cromatográficos de decano com valores da ordem de R$ 125,00 em 100
72
ml [73], o que inviabiliza o estudo ora proposto. Contornou-se a este impasse, optando por
isolar uma fração rica em decano a partir de querosene de iluminação ESSO.
A qualificação do querosene foi feita por destilação segundo a norma ASTM D 86 [67]. Esta
destilação fornece o perfil da temperatura de ebulição em função do volume destilado.
O preparo da fração com decano foi por destilação fracionada do querosene, em uma
coluna de 5.000 mm de comprimento, por 44,5 mm de diâmetro, apresentada na Figura 20.
Nesta coluna foi destilado querosene com reciclo total, até que se atingiu o equilíbrio térmico
na coluna, quando foi coletada a fração de topo, rica no componente mais volátil. O volume
da amostra retirado foi definido pela evolução da temperatura durante a sangria da coluna e
pela curva ASTM da carga em destilação. Esta operação foi repetida com mais cargas de
querosene, de forma análoga, até obter um volume da ordem de 3 litros, da fração rica em
decano. Esta fração de decano foi redestilada para estreitar o mais que possível a faixa de
destilação, aproximando-se ao valor do ponto de ebulição do decano.
Finalmente, esta fração da faixa de ebulição em termos do ponto de ebulição do decano foi
submetida a uma determinação da massa molecular, conforme descrito anteriormente no
item 7.4. Assim qualificado, o substrato foi para os estudos de craqueamento térmico
incentivado por micro-ondas.
73
FIGURA 20 – COLUNA DE DESTILAÇÃO FRACIONADA
7.6.1 Destilação fracionada do querosene
7.6.1.1 Materiais e equipamentos conforme esquema da coluna de destilação representada
na Figura 21.
Os equipamentos utilizados nos ensaios foram:
74
- Balão de 5 litros em vidro Pyrex com 3 bocas (1) ;
- Manta Elétrica para 5 litros, 990W e 230 Volts, com suporte (2);
- Coluna de destilação com 5.000 mm de altura e 44,5 mm de diâmetro (3), com
isolamento térmico de 75 mm em manta de lã de rocha (4);
- Resistência elétrica para aquecimento da coluna, duas de 800 W cada (5).
- Termopares da marca Naka dispostos na base (6), no centro (7) e no topo da
coluna (8);
- Controladores de temperaturas da marca Novus (9): T1, T2, T3;
- Condensador refrigerado a água (24 °C, 1atm) (10);
- Proveta de 250 ml para coleta das amostras (11);
- Becker de 500 ml utilizado na coleta das amostras (12);
75
(10)
Decano (l)
Decano (g)
(4)
(8)
(5)
(7)
T
(11)
(9)
(6)
(12)
(3)
(2)
(1)
FIGURA 21 – ESQUEMA DA COLUNA DE DESTILAÇÃO FRACIONADA
76
7.6.1.2 Métodos de destilação
7.6.1.2.1 Ensaios de destilação fracionada do querosene iluminante
A partir da análise de destilação ASTM do querosene iluminante Esso, foi possível
estabelecer o rendimento das frações de hidrocarbonetos presentes na amostra. Houve uma
previsão de 35% em volume de fração de decano correspondente à faixa de temperatura de
ebulição entre 160 e 180°C, conforme indicado na curva ASTM do querosene, Figura 26.
Durante a destilação fracionada do querosene, três fatores de processo foram considerados:
1) A faixa de ponto de ebulição das amostras coletadas;
2) A estabilidade da temperatura das amostras em função da potência aplicada;
3) A qualidade da amostra produzida.
As faixas de ponto de ebulição das amostras coletadas foram adquiridas através do controle
da leitura das temperaturas T1, T2 e T3 (pressão ambiente) em três pontos da coluna de
destilação, na base, no centro e no topo respectivamente.
Considerando a altura da coluna e a potência aplicada na amostra, foram encontradas
diferentes faixas de temperaturas nas frações de hidrocarbonetos no topo da coluna em
diferentes volumes destilados. As faixas de temperatura, volume e potência permitiram
estabelecer condições de destilação para obtenção do decano. Através dos dados obtidos
experimentalmente foi possível determinar as condições de processo e somente as
amostras de interesse, ou seja, próximas ao decano, foram coletadas, separadas e
qualificadas pela análise de destilação ASTM D 86.
Método iterativo (tentativa e erro) para destilação do querosene na coluna de
fracionamento do Laboratório de Micro-ondas.
As destilações iniciaram sob um fluxo de calor constante de 925 W e, em seguida, as
potências aplicadas ao sistema foram alteradas durante o processo por tentativa e erro e
ajustadas de acordo com os resultados obtidos nas destilações ASTM das amostras
coletadas.
Diferentes frações de 100 ml foram coletadas do condensador para análise. A primeira
fração de interesse, próxima ao decano, estimou-se na faixa de temperatura entre 159 e
77
163°C, e o resultado da destilação ASTM apresenta-se conforme Figura 27, mostrada na
próxima seção, onde são apresentados os resultados.
A amostra de hidrocarbonetos condensada representou 65% de decano. Por este motivo
adotou-se outro método de destilação, destilando-se mais lentamente. Assim o processo
melhorou com a redução da potência em 650 W. Além de tentar produzir uma amostra mais
pura, a proposta era obter uma quantidade de amostras maior, para cada destilação, como
previsto na análise inicial da amostra de querosene, 35% de decano. Optou-se por uma
faixa de temperatura mais ampla, entre 160 a 180°C. A destilação ASTM desta amostra
encontra-se na Figura 28.
A escolha de uma faixa maior de temperatura no topo da coluna promoveu a destilação de
65% de hidrocarbonetos pesados nas amostras e por este motivo adotou-se outro critério.
A potência do aquecedor foi reduzida para 600 W, tentando fracionar melhor o querosene e
evitar um aumento de hidrocarbonetos pesados na amostra.
Após reduzir a potência para 600 W, foi coletado 450 ml de amostra entre as temperaturas
de 150 a 170 °C com a análise ASTM apresentada na Figura 29.
Como a análise ASTM indicou 65% de decano, adotou-se novamente outro método de
trabalho.
Com o objetivo de obter uma fração mais próxima do decano, foi reduzida novamente a
potência em 510 W, e a faixa de temperaturas de corte escolhida foi entre 150 a 156 °C. A
qualidade a amostra analisada foi muito pura, ou seja, a amostra continha compostos com
faixa de ponto de ebulição bem próximos ao decano, conforme Figura 30. Porém, para o
processo não foi uma solução produtiva, pois a quantidade da amostra recolhida
correspondia a 130 ml apenas.
Assim, novamente, outro método de destilação foi escolhido para a destilação fracionada.
Utilizou-se uma potência constante de 510 W, num período de 6 horas e foram coletadas
amostras de 100 ml cada uma, com faixas distintas de temperaturas. Assim, foi possível
avaliar as características de cada amostra pelas destilações ASTM que permitiram
estabelecer qual faixa de temperatura de corte estava mais próxima ao decano e, além
disso, que produzisse uma quantidade maior, nas condições da coluna de destilação. No
Anexo A encontram-se as análises ASTM destas amostras.
78
Os resultados das destilações ASTM das amostras coletadas permitiram avaliar as
temperaturas de corte: 153 a 166 °C. Nesta faixa de temperatura as amostras coletadas
indicaram 85% de decano, conforme indica a Figura 31. Em cada destilação foram
fracionados 3.000 ml de querosene iluminante para produzir 600 ml com 85 % de decano.
Nestas condições, foram cinco destilações, totalizando 3.000 ml de decano destilados.
Em seguida, a mistura foi redestilada e obteve-se 2.000 ml de amostras de hidrocarbonetos
com 95% de decano. A análise ASTM apresenta-se na Figura 32.
7.7 REATOR DE ALTA TEMPERATURA INCENTIVADO POR MICRO-ONDAS
Para o presente estudo foi projetado e construído um reator tubular contínuo, Figura 22, que
permite atingir temperaturas da ordem de 1.000°C em seu interior. Basicamente o reator é
constituído por uma câmara de reação com um tubo de quartzo, posicionado em uma
cavidade na forma paralelepipédica em alumínio. A Figura 23 representa o esquema deste
reator que apresenta o gerador de micro-ondas (1), a câmara de reação (2) e um curto
móvel (parede móvel isolada eletricamente) (3). Há um circulador (4) para proteção do
gerador das reflexões das micro-ondas, dois acopladores direcionais para medição da
potência (5 e 6), um sistema de dissipação de micro-ondas refletidas (7) e os setores de
guias de ondas (8).
O reator basicamente é o tubo de quartzo (9) mostrado na Figura 24. O reator é selado nos
orifícios com filtros de micro-ondas e fechado nas extremidades com flanges (10) que
acoplam pelo lado superior (11) a uma caldeira (18) de alimentação de hidrocarbonetos e
mais outra linha de entrada de gás inerte de arrasto (12), o nitrogênio. Pelo lado inferior do
reator há um outro acoplamento, o condensador de tubo de carcaça (13), com um fluxo de
saída de hidrocarbonetos condensáveis (13a) e incondensáveis (13b), conforme Figura 24.
No interior do reator tubular, encontra-se uma peça de carbeto de silício (14) suportada por
uma placa de isolante refratário sílico-aluminoso (15). O movimento do curto móvel altera a
disposição do campo eletromagnético e desta forma torna-se possível identificar o local de
máximo campo elétrico. Neste ponto o reator recebe a irradiação com maior intensidade. Na
lateral da câmara de irradiação pode-se observar a reação por um visor protegido com filtro
de micro-ondas. O carbeto de silício é um susceptor de micro-ondas que permite um forte
aquecimento na mistura nitrogênio e hidrocarbonetos durante a reação de craqueamento.
79
FIGURA 22 – REATOR CONTÍNUO DE MICRO-ONDAS
(9)
(7)
(2)
(6)
(8)
(1)
(8)
(5)
(4)
FIGURA 23 – ESQUEMA GERAL DO REATOR CONTÍNUO DE MICRO-ONDAS
(3)
80
(17)
(12)
(11)
(16)
(14)
(15)
(2)
(18)
(9)
(13b)
(10)
(13)
(13a)
FIGURA 24 – ESQUEMA DO REATOR CONTÍNUO DE MICRO-ONDAS
7.7.1 Craqueamento térmico incentivado por micro-ondas
No reator, o máximo campo elétrico foi posicionado sobre a amostra em estudo. Isto foi feito
por meio da peça “curto móvel” (Figura 23, foto deste detalhe). O conjunto foi alimentado
pelo gerador de micro-ondas de 2,45 GHz, com potência variável de até 3 KW. A potência
irradiada e a refletida foram medidas com um medidor de potência, modelo E 4419-B de
fabricação pela Agilent.
No interior da câmara de quartzo, a peça de carbeto de silício absorveu intensamente as
micro-ondas permitindo aumentar a capacidade térmica do reator. Como a maioria dos
hidrocarbonetos é considerada apolar, o aquecimento ocorreu por meio da peça de carbeto
de silício valendo-se de suas propriedades dielétricas e o efeito térmico das micro-ondas.
Quando a temperatura manteve-se constante, o vapor da amostra de decano foi enviado
para o interior do reator, por uma válvula (17) junto com o gás de arrasto de nitrogênio
gasoso (12). Ambos foram irradiados pelo campo das micro-ondas e na câmara de quartzo
entraram em contato com a peça de carbeto de silício, aquecida ao rubro acima de 700°C
na pressão ambiente (PROC 1). A pressão interna do vaso (18) foi controlada pelo
pressostato (16).
O primeiro teste no reator de craqueamento foi denominado PROC 1. No momento da
reação, a peça de carbeto de silício apresentou-se rubra, conforme Figura 25 e a potência
81
efetiva absorvida foi de 143 W que representou a diferença entre o valor da potência
incidente, medida pelo acoplador direcional (4) e a refletida, pelo acoplador direcional (5).
Parte da energia das micro-ondas irradiadas foi absorvida pelos compostos que participaram
da reação: o decano, o carbeto de silício e o nitrogênio gasoso. Neste processo, PROC 1, a
energia das micro-ondas foi absorvida pela peça de carbeto de silício e transformada em
calor, atingindo temperaturas próximas de 700 °C. Durante o teste, a peça de carbeto de
silício foi observada constantemente para garantir a demanda de energia necessária ao
craqueamento, já que a reação é endotérmica, e portanto ocorre uma perda de energia para
o ambiente. Utilizou-se a máxima temperatura necessária para a reação, considerando o
craqueamento de moléculas de decano com formação de pentano e penteno, conforme o
estudo prévio da reação com a análise termodinâmica e cinética.
Os testes foram repetidos três vezes e identificados como PROC 2, PROC 3 e PROC 4,
conforme Tabela 9. Para cada ensaio foi coletada uma amostra de hidrocarbonetos
condensáveis. Os compostos que não condensaram foram coletados, mas não foram
identificados.
A composição das amostras coletadas foi definida pelo cromatograma gerado no método de
análise cromatográfica gasosa com espectro de massa CG-MS, estabelecendo desta forma
um resultado qualitativo do trabalho.
FIGURA 25 – PEÇA DE CARBETO DE SILÍCIO RUBRA
82
TABELA 9 – CONDIÇÕES DE CRAQUEAMENTO DA FRAÇÃO C10 POR IRRADIAÇÃO DE MICRO-ONDAS
Potência de Micro-ondas
(Watts)
Craqueamento
Decano
SiC
Temp.
Volume da
Amostra
Craqueada
Pressão no
Reator
Irradiada
Refletida
Absorvida
(°C)
PROC 1
865
722
143
600
5
Ambiente
PROC 2
937
774
163
700
15
Ambiente
PROC 3
1000
845
155
900
2
Ambiente
PROC 4
715
549
166
750
150
Ambiente
(ml)
83
8 RESULTADOS E DISCUSSÃO
8.1 RESULTADOS DA DESTILAÇÃO C10
8.1.1 Destilação ASTM do Querosene Iluminante
A Figura 26 representa a curva de destilação ASTM do querosene da marca ESSO com
35% de decano em relação ao volume total destilado, correspondente a uma faixa de
temperatura entre 160 e 180 °C.
FIGURA 26 – DESTILAÇÃO ASTM DO QUEROSENE ILUMINANTE DA MARCA ESSO
8.1.2 Destilação ASTM do decano
A curva de destilação ASTM da primeira amostra coletada na faixa de temperatura de corte
entre 159 – 163 °C encontrou 35% de hidrocarbonetos pesados, fora da faixa do decano
puro (158 a 174°C), conforme Figura 27.
84
FIGURA 27 – DESTILAÇÃO ASTM DO DECANO / AMOSTRAS COLETADAS (159 – 163°C)
O resultado encontrado na Figura 28, (Destilação ASTM entre 160 e 180 °C), representa
65% de hidrocarbonetos pesados devido à escolha de uma faixa maior de temperatura de
corte no topo da coluna.
280
Destilação ASTM da amostra destilada na faixa de corte (160 - 180 °C)
270
260
250
240
230
222
214
Temperatura °C
220
210
200
190
180
170
189 191
186 187
183 184
180 181 182
179
178
177,5
177
174 176
194
197
203
170
160
150
140
130
120
110
100
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
Volume %
FIGURA 28 – DESTILAÇÃO ASTM DO QUEROSENE-AMOSTRAS COLETADAS (160-180°C)
Na Figura 29, o resultado encontrado na análise ASTM, corresponde 65% do volume do
decano e 35% de componentes pesados.
85
FIGURA 29 – DESTILAÇÃO ASTM DO DECANO / AMOSTRAS COLETADAS (150 – 170 °C)
Na Figura 30, representa a curva
ASTM da amostra da coluna entre 150 e 156 °C,
indicando 85% da amostra de decano, porém com volume obtido de apenas 130 ml.
FIGURA 30 - DESTILAÇÃO ASTM DO DECANO / AMOSTRAS COLETADAS (150 – 156°C)
O resultado apresentado na Figura 31 indica a curva ASTM das amostras recolhidas,
totalizando 3.000 ml de decano, destiladas nas condições de operação obtidas pelo método
iterativo de tentativa e erro. O querosene destilou sob uma potência constante de 510 W,
durante 6 horas. As temperaturas de corte determinadas para fracionar o querosene
iluminante em decano estão na faixa entre 153 e 166 °C.
86
FIGURA 31 – DESTILAÇÃO ASTM DO DECANO
Para produzir amostras mais pura, os 3.000 ml de decano foram redestilados. Obteve-se
2.000 ml de amostras de hidrocarbonetos com 95% de decano, conforme análise da curva
ASTM representada na Figura 32.
FIGURA 32 – DESTILAÇÃO ASTM DA REDESTILAÇÃO DO DECANO
87
8.2 DESTILAÇÃO SEGUNDO ASTM D 86 DA AMOSTRA DE QUEROSENE
A Tabela 10 apresenta três repetições da determinação da curva de destilação, conforme
descrita no item 7.2, para a amostra da fração igual C10.
TABELA 10 – DESTILAÇÃO ASTMD 86-90 (QUEROSENE ILUMINANTE)
Volumes Destilados (%)
Temperaturas (°C)
Repetições (n)
A
B
C
D
PIE
153,0
154,0
154,0
5,0
159,0
158,5
10,0
166,0
15,0
20,0
Temperatura
Desvio padrão
154,0
média (°C)
153,8
0,500
159,0
158,5
158,8
0,289
165,0
166,0
165,0
165,5
0,577
169,5
172,0
169,0
172,0
170,6
1,601
175,0
174,0
173,0
174,0
174,0
0,816
25,0
178,0
176,0
176,0
176,0
176,5
1,000
30,0
181,0
179,0
179,0
179,0
179,5
1,000
35,0
185,0
182,0
182,0
182,0
182,8
1,500
40,0
188,5
187,0
187,0
187,0
187,4
0,750
45,0
192,5
192,0
191,5
192,0
192,0
0,408
50,0
197,0
196,0
197,0
196,0
196,5
0,577
55,0
201,0
201,0
201,0
201,0
201,0
0,000
60,0
206,5
206,5
206,5
206,5
206,5
0,000
65,0
212,0
210,0
210,0
210,0
210,5
1,000
70,0
217,0
216,5
215,0
216,5
216,3
0,866
75,0
222,0
220,0
221,0
220,0
220,8
0,957
80,0
227,0
226,5
226,0
226,5
226,5
0,408
85,0
235,0
232,0
232,0
232,0
232,8
1,500
90,0
244,0
240,5
240,5
240,5
241,4
1,750
95,0
259,0
251,5
250,5
251,5
253,1
3,945
Nota: PIE: Ponto Inicial de Ebulição
A Figura 33 apresenta a curva média de destilação obtida de quatro repetições da destilação
da amostra de querosene iluminante.
88
270
260
250
240
Temperatura de ebulição (° C)
230
220
210
200
190
Temperatura 1
180
170
Temperatura 2
α
Temperatura 3
160
X
150
Temperatura 4
140
130
120
110
100
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
Volume destilado %
FIGURA 33 – CURVAS DE DESTILAÇÃO ASTMD 86 - 90 DA AMOSTRA DE QUEROSENE: QUATRO REPETIÇÕES
As Figuras 34 e 35 representam as curvas ASTM da fração de decano destilado e da fração
craqueada do decano respectivamente, com faixas de ponto de ebulição distintas. A fração
de decano possui faixa de ponto de ebulição entre 154 e 181 °C e a fração craqueada,
apresenta uma faixa de ponto de ebulição entre 152 e 181 °C.
FIGURA 34 - DESTILAÇÃO ASTM DA FRAÇÃO DE DECANO
89
280
Destilação ASTM da fração craqueada do decano
270
260
250
240
230
Temperatura °C
220
210
200
190
180
170
160152
169
165 166 167
162 162,5 163 163,5 164
159 160,5 161 161,5
156 157,5 158 158,5
172
175
181
150
140
130
120
110
100
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
Volume %
FIGURA 35 - DESTILAÇÃO ASTM DA FRAÇÃO CRAQUEADA
8.3 DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECÍFICA DAS AMOSTRAS DE
QUEROSENE, DECANO E DA FRAÇÃO CRAQUEADA
Conforme descrito em 7.3, os resultados obtidos para as amostra de querosene, decano e
fração craqueada em °API são:
A massa específica do querosene observada a 21 °C é 805,0 kg/m3e a sua correção
conforme tabelas dos produtos de petróleo [69] é igual a 805,7 kg/m3. A massa específica da
água a 20 °C é igual a 998,2 kg/m3 [76]. Assim, o cálculo da massa específica do querosene
correspondente em °API é definida pela equação (6):
°API (querosene)= (141,5/densidade relativa) –131,5
(6)
141,5/(805,7/998,2) – 131,5 = 44 °API (Querosene)
A massa específica do decano observada a 21 °C é 795,0 kg/m3 e a sua correção conforme
Tabelas dos produtos de petróleo [69] é igual a 795,7 kg/m3. Pela equação (6) temos:
141,5/(795,7/998,2) – 131,5 = 46 °API (Decano)
90
A massa específica da fração craqueada observada a 21 °C é 780,0 kg/m3 e a sua conforme
tabelas dos produtos de petróleo [69] é igual a 780,7 kg/m3 e pela equação (6):
141,5/(780,7/998,2) –131,5 = 49 °API (Fração Craqueada)
As densidades do querosene, decano e da fração craqueada em °API são:
- Densidade do Querosene = 44 °API
- Densidade do Decano = 46 °API
- Densidade da Fração Craqueada = 49 °API
8.4 DETERMINAÇÃO DA MASSA MOLECULAR MÉDIA DA AMOSTRA DE
QUEROSENE OBTIDO PELA CURVA ASTM
Segundo o roteiro descrito em 7.4, foram obtidos os seguintes resultados:
- Temperatura de vaporização da primeira gota: 154°C (309 °F)
- Temperatura do ponto seco: 276°C (529 °F)
- Inclinação da curva de destilação ASTM: 1,1°F/%
- Temperatura média de ebulição (volumétrica) do querosene: 193 °C (380°F)
- Correção da temperatura média de ebulição molar do querosene: -10°F
- Temperatura média de ebulição(molar) do querosene: 370°F
- ° API do querosene: 44
- Massa Molecular Média do querosene: 150 u.m.m.
8.5 DETERMINAÇÃO DA MASSA MOLECULAR MÉDIA DA AMOSTRA DA FRAÇÃO DE
DECANO OBTIDA PELA CURVA ASTM
- Temperatura de vaporização da primeira gota: 154°C (309 °F)
- Temperatura do ponto seco: 200°C (392 °F)
- Inclinação da curva de destilação ASTM: 0,3°F/%
91
- Temperatura média de ebulição (volumétrica) do decano: 164 °C (328 °F)
- Correção da temperatura média de ebulição molar do decano: -3° F
- Temperatura média de ebulição (molar) do decano: 163 °C (325°F)
- ° API do decano: 46
- Massa molecular média do decano: 128 u.m.m.
8.6 DETERMINAÇÃO DA MASSA MOLECULAR MÉDIA DA AMOSTRA DA FRAÇÃO
CRAQUEADA OBTIDA PELA CURVA ASTM
- Temperatura de vaporização da primeira gota: 152° C (306 °F)
- Temperatura do ponto seco: 200°C (392 °F)
- Inclinação da curva de destilação ASTM: 0,4°F/%
- Temperatura média de ebulição (volumétrica) craqueada: 163 °C (326°F)
- Correção da temperatura média de ebulição molar da fração craqueada: -3° F
- Temperatura média de ebulição (molar) craqueada: 162 °C (323°F)
- ° API da fração craqueada: 49
- Massa molecular média da fração craqueada: 122 u.m.m.
O levantamento de hidrocarbonetos possíveis na amostra de querosene iluminante (C9-C12),
segundo o ponto de ebulição de cada substância pura, está representado na Figura 36,
conforme metodologia apresentada em [74].
92
270
260
Temperatura de ebulição (° C)
250
240
naftaleno α C11H10 244,8 °C
230
metil benzeno C11H16 231,0 °C
220
naftaleno C10H10 212,0 °C
210
benzenoiso (m) C12H18 202,0°C
200
190
n-undecano C11H24 194,5 °C
180
n-decano C10H22 174,1 °C
170
iso-decano C10H22 167,0 °C
160
decano C10H22 158,5 °C
150
nonano C9H20 150,8°C
o-xileno C8H10 144,4°C
m-xileno C8H10 139,1°C
etilbenzeno C8H10 136,2°C
p-xileno C8H10 138,4°C
140
130
2,3dimetil-heptano C9H29 132,9°C
120
110
100
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
Volume destilado %
FIGURA 36 – HIDROCARBONETOS POSSÍVEIS NA AMOSTRA DE QUEROSENE
Comparando os resultados da amostra de querosene qualificado pela curva ASTM com uma
amostra de um ensaio de cromatografia gasosa de querosene (solvente médio do petróleo),
em % massa, nota-se que a composição de hidrocarbonetos apresenta frações na faixa de
C9-C12 e no cromatograma prevaleceu as seguintes frações (C8–C16): 18% parafinas
normais, 11% parafinas ramificadas, 30% monocicloparafinas (NP: naftênicos parafínicos),
12% dicicloparafinas (NP), 1% triciclo parafinas (NP), 26% aromáticos mononucleares e 5%
de aromáticos binucleares.
Completando, os componentes puros encontrados, em porcentagem de massa são:
etilbenzeno
(feniletano,
C6H5.C2H5,106,17),
0,10%;
m-xileno
(1,3-dimetilbenzeno,
C6H4(CH3)2, 106,17), 0,28%; o-xileno (1,2-dimetilbenzeno, C6H4(CH3)2, 106,17), 0,37%; pxileno (1,4-dimetilbenzeno, C4H4(CH3)2, 106,17) + 2,3 dimetilheptano (C9H20, 128,26), 0,27%
e não identificados (2,71%).
Os hidrocarbonetos prováveis na amostra de decano (C10) e da fração craqueada, segundo
o ponto de ebulição de cada substância pura encontrada na espectrometria de massa CGMS, estão representados nas Figuras 37 e 38 respectivamente e na Tabela 11 [75].
93
280
Destilação ASTM da fração de decano redestilado
270
260
250
1-Tetradeceno, 251,2 °C
240
230
Temperatura °C
220
1-Dodeceno, 213,2 °C
210
200
1-Undeceno, 193 °C
190
4-Metil Decano, 187,1 °C
180
170 172
166 167 168
163 163,5 164 164,5165,3
162,5
162
161,5
161
158 159 160 160,3
175
181
Decano, 174,2 °C
170
160154
1-Deceno, 167 °C
150
1,2,4-Trimetil Ciclohexano, 144,8°C
140
p-Xileno, 138,4°C
130
120
110
100
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
Volume %
Temperatura °C
FIGURA 37 - HIDROCARBONETOS PROVÁVEIS ENCONTRADOS NO CG-MS DO DECANO [75]
280
Destilação ASTM da fração de Craqueados
270
260
250
240
230
220
2,8 dimetil,1,8 nonadieno, 188 °C
210
200
181
190
1-Decino, 174,6 °C
172 175
180
169
167
165 166
160,5 161 161,5 162 162,5 163 163,5 164
170
156 157,5 158 158,5 159
152
160
150
Naftaleno, 1,2,3,4 tetrahidro, 5,8-dimetil, 150 °C
140
130
2,3- DimetilPentano, 89,9 °C
1,7 Octadiino, 135,7 °C
120
1-Octino, 126 °C
110
1-Propil,Ciclopropano, 69,3 °C
100
Heptano, 98,5 °C
1-Heptino, 99 °C
1-Hexeno, 63,6 °C
90
80
4-Metil, 1-Pentino, 61,4 °C
70
60
4-Metil, 1- Penteno, 54,3 °C
50
1,2,3-Trimetilciclopropano, 53 °C
40
2,2 Dimetil Butano, 49,9°C
30
2-Metil, Butano, 28,1 °C
20
10
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
55
60
65
70
75
80
85
90
95
100
Volume %
FIGURA 38 - HIDROCARBONETOS PROVÁVEIS ENCONTRADOS NO CG-MS DA FRAÇÃO CRAQUEADA [75]
94
8.7 RESULTADOS DA ANÁLISE CROMATOGRÁFICA CG-MS [75]
Propeno
1-Buteno
2-Metilbutano
4-Metil, 1-Pentino
4-Metil, 1-Penteno
1,2,3-Trimetilciclopropano
1-Hexeno
1-Propil, Ciclopropano
Hexano
2,2-Dimetilbutano
1-Heptino
1-Hepteno
5-Metil, 1-Hexeno
Heptano
2,3-Dimetilpentano
1,7-Octadiino
ο-Xileno
Metil, Cicloheptano
1-Etil,3-Metilciclopentano
1,3,5-Trimetil, Benzeno
1-Nonino
4-Metil, 2,7-0ctadieno
2,6-Dimetil, 2-Hepteno
1,2,3-Trimetilciclohexano
7-Metil,1-Octeno
3,4-Dimetilheptano
Nonano
1-Decino
Ciclodecano
2-Deceno
Decano
2,8-Dimetil,1,8-Nonadieno
1-Undeceno
4-Metildecano
1-Dodeceno
1-Tetradeceno
5,8-Dimetil, 1,2,3,4-Tetra
Hidro, Naftaleno
PE
(°C)
42
56
72
82
84
84
84
84
86
86
96
98
98
100
100
106
106
112
112
120
124
124
126
126
126
128
128
138
140
140
142
152
154
156
168
196
C3H6
C4H8
C5H12
C6H10
C6H12
C6H12
C6H12
C6H12
C6H14
C6H14
C7H12
C7H14
C7H14
C7H16
C7H16
C8H10
C8H10
C8H16
C8H16
C9H12
C9H16
C9H16
C9H18
C9H18
C9H18
C9H20
C9H20
C10H18
C10H20
C10H20
C10H22
C11H20
C11H22
C11H24
C12H24
C14H28
-47,4
-6,2
28,1
61,4
54,3
53,0
63,6
69,3
68,9
49,9
99,0
94,0
85,4
98,5
89,9
135,7
138,4
134,2
121,0
164,8
150,0
149,0
136,0
144,8
139,0
140,8
150,8
174,6
201,0
167,0
174,2
188,0
193,0
187,1
213,2
251,2
272
C20H32
ND
Decano
PROC 4
FM
PROC 3
PM
PROC 2
Hidrocarboneto
PROC 1
TABELA 11 – HIDROCARBONETOS ENCONTRADOS NA ANÁLISE CG-MS DAS AMOSTRAS: DECANO, PROC 1, PROC2, PROC 3, PROC 4
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
X
95
Os resultados da Tabela 11 foram retirados das análises dos espectros de massa obtidos na
cromatografia gasosa CG-MS das amostras de decano, do PROC 1, PROC 2, PROC 3 e
PROC 4, apresentados nos itens 8.7.1, 8.7.2, 8.7.3, 8.7.4 e 8.7.5 e discutidos em 8.8.
8.7.1 Cromatograma da fração C10, e os seus espectros de massa
Nas frações com 95% de decano foram encontradas as seguintes moléculas e seus
respectivos PM no CG-MS. As moléculas avaliadas neste estudo foram as que
apresentavam apenas átomos de carbono e hidrogênio. As características desta
amostra, como temperatura média de ebulição (volumétrica) da fração, igual a 164
°C; 46 °API e massa molecular média igual a 128 u.m.m., foram obtidas neste
trabalho: ο-xileno (106); 1,2,3-Trimetilciclohexano (126); 6-Metil.1-Octeno (126);
Nonano (128); Ciclodecano (140); Decano (142); 1-Undeceno (154); 4-Metildecano
(156); 1-Dodeceno (168); 1-Tetradeceno (196).
Amostra: Hidrocarbonetos C10
Coluna: BPX5 (5% phenyl polysilphenylene)
Volume injetado: 1 microlitro em tolueno
Condições Cromatográficas:
96
PKNO
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
R.TIME I.TIME
0.734 0.700
1.372 1.250
1.467 1.442
1.864 1.758
2.080 1.908
2.336 2.283
2.790 2.608
2.925 2.850
3.120 3.050
3.358 3.225
3.477 3.400
3.858 3.792
4.078 3.950
4.337 4.175
4.593 4.425
4.935 4.758
5.108 5.033
5.297 5.158
F.TIME A/H(sec)
AREA HEIGHT
1.025 6.044 6206245
1026922
1.442 9.151 11319337
1236893
1.758 11.892 14679996
1234429
1.908 7.174 5846020
814884 V
2.283 20.100 14336981
713293 V
2.383 1.631 234303 143680 V
0.28
2.850 9.301 7908557
850295
3.050 8.736 7549384
864182 V
3.225 8.934 2800138
313420 V
3.400 9.675 2467881
255070 V
3.667 10.255 3459821
337379 V
3.950 5.969 337300 56512
0.40
4.175 8.643 1859021
215102 V
4.425 10.134 733360 72364
V
0.87
4.758 8.838 1043190
118040 V
5.033 6.553 2129056
324904 V
5.158 5.858 520770 88897
V
0.62
5.383 7.047 890733 126401 V
1.06
MARK %Total NAME
7.36
13.42
V
17.41
6.93
17.00
9.38
8.95
3.32
2.93
4.10
2.20
1.24
2.52
97
ο-Xileno – 106 C8H10
1,2,3 Trimetilciclohexano - C9H18
98
6-Metil,1-octeno - C9H18
Ciclodecano – C10H20
99
Ciclodecano – C10H20
Decano – C10H22
Nonano – C9H20
N-Undecano – C11H24
100
1-Undeceno – C11H22
4-Metildecano – C11H24
101
1-Dodeceno – C12H24
4,5-Dimetil,2-Undeceno - C13H26
1-Tetradeceno - C14H28
1-Dodeceno - C12H24
102
8.7.2 Cromatograma da fração de hidrocarbonetos craqueados (PROC 1) e os seus
espectros de massa
Nas frações craqueadas do PROC 1 foram encontradas as seguintes moléculas no
CG-MS (PM): 1-Hexeno (84); 1,7-Octadiino (106); 1-Etil,3-metilciclopentano (112);
1-Nonino
(124);
4-Metil,2,7-octadieno
(124);
7-Metil,1-Octeno
(126);
3,4-
Dimetilheptano (128); Nonano (128); 1-Decino (138); Ciclodecano (140); Decano
(142); 1-Undeceno (154); 5,8-Dimetil,1,2,3,4-tetrahidronaftaleno (272).
Amostra: Hidrocarbonetos PROC 1
Coluna: BPX5 (5% phenyl polysilphenylene)
Volume injetado: 1 microlitro em tolueno
Condições Cromatograficas:
103
PKNO
R.TIME
I.TIME
F.TIME
A/H(sec) AREA
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
0.736
1.083
1.417
1.624
2.808
2.978
3.517
3.590
4.094
4.374
4.613
4.942
5.117
5.228
5.305
5.455
5.650
5.734
0.683
0.958
1.375
1.483
2.708
2.933
3.358
3.533
3.958
4.300
4.450
4.792
5.050
5.175
5.267
5.417
5.617
5.683
0.958
1.142
1.483
2.000
2.933
3.108
3.533
3.708
4.300
4.450
4.783
5.042
5.175
5.267
5.408
5.542
5.683
5.917
4.846
10.661
6.206
11.745
12.118
5.672
5.250
5.331
8.297
4.964
7.501
5.313
4.532
3.536
3.420
2.542
3.179
6.842
HEIGHT MARK
%Total
7312591
1508913
343147 32189
V
0.86
671711 108231
1.68
16120260
1372541
608693 50232
1.52
525087 92571
V
1.31
1053960
200747
1388599
260500 V
2572512
310041
407096 82016
V
1.02
1689501
225237 V
5450364
1025795
203635 44936
0.51
281836 79698
V
0.70
644125 188367 V
1.61
82939 32629
0.21
57779 18173
0.14
603350 88180
V
1.51
NAME
18.27
V
40.28
2.63
3.47
6.43
4.22
13.62
104
5,8-Dimetil,1,2,3,4tetrahidronaftaleno – 20H32
1,7-Octadiino – C8H10
1-Hexeno – C6H12
1-Undeceno – C11H22
105
1-Undeceno – C11H22
1-Decino – C10H18
4-Metil,2,7-octadieno –C9H16
106
6-Metil, 1-octeno – C9H18
Ciclodecano – C10H20
Decano – C10H22
107
1-Nonino – C9H16
4-Metildecano – C11H24
3,4-Dimetilheptano – C9H20
108
1-Etil, 3-metilciclopentano – C8H16
8.7.3 Cromatograma da fração de hidrocarbonetos craqueados (PROC 2) e os seus
espectros de massa
Nas frações craqueadas do PROC 2 foram encontradas as seguintes moléculas no
CG-MS (PM): 1-Buteno (56); 1-Propil,ciclopropano (84 ); 2,2-Dimetilbutano (86); 1Hepteno (98); 5-Metil,1-hexeno (98); 2,3-Dimetilpentano (100); Metilcicloheptano
(112); 7-Metil,1 octeno (126); 1-Undeceno (154).
109
Amostra: Hidrocarbonetos PROC 2
Coluna: BPX5 (5% phenyl polysilphenylene)
Volume injetado: 1 microlitro em tolueno
Condições Cromatograficas:
110
PKNO R.TIME
MARK
1
0.605 0.592
2
0.739 0.650
3
1.374 1.242
4
1.402 1.392
5
1.597 1.425
6
2.283 2.250
7
2.962 2.733
8
3.392 3.350
9
3.504 3.425
10 3.585 3.550
11 3.875 3.817
12 4.087 3.967
13 4.353 4.200
14 4.492 4.433
15 4.591 4.517
16 4.934 4.767
17 4.983 4.967
18 5.294 5.250
I.TIME
F.TIME
%TotalNAME
0.650 0.827 47469 57422
0.875 4.548 1412648
1.392 6.204 15404293
1.425 1.461 3162348
2.250 30.752 56566146
2.317 2.505 1277842
3.033 7.434 303514
3.425 3.655 75029 20528
3.550 5.118 635860
3.650 2.823 426224
3.967 5.753 145344
4.200 7.438 1120793
4.433 7.566 328819
4.517 2.688 104187
4.767 7.577 1003089
4.967 6.202 1838845
5.033 1.902 56561 29733
5.392 3.368 209908
A/H(sec)
0.06
310578
2482822
2164017
1839421
510194
40826
0.09
124238
150997
25266
150688
43460 V
38764 V
132386
296505
V
0.07
62331
AREA HEIGHT
V
V
V
0.36
V
V
0.17
V
0.39
0.12
V
V
0.25
1.68
18.31
3.76
67.25
1.52
0.76
0.51
1.33
1.19
2.19
111
1- Buteno – C4H8
5-Metil,1-hexeno – C7H14
112
Propilciclopropano – C6H12
1-Undeceno – C11H22
1-Hepteno – C7H14
113
1-Hepteno – C7H14
6-metil,1octeno – C9H18
Metilcicloheptano – C8H16
114
2,3 –Dimetilpentano - C7H16
2,2-Dimetilbutano – C6H14
N-Heptano– C7H16
115
8.7.4 Cromatograma da fração de hidrocarbonetos craqueados (PROC 3) e os seus
espectros de massa
Nas frações craqueadas do PROC 3 foram encontradas as seguintes moléculas na
CG-MS (PM): Propeno (42); 2-metilbutano (72); 1-Hexeno (84); Hexano (86); 1Hepteno (98); 5-Metil,1hexeno (98); Heptano (100); 2,6-Dimetil,2-heptano (126); 1Undeceno (154).
Amostra: Hidrocarbonetos PROC 3
Coluna: BPX5 (5% phenyl polysilphenylene)
Volume injetado: 1 microlitro em tolueno
Condições Cromatograficas:
116
PKNO
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
R.TIME I.TIME
3.163 3.150
3.219 3.208
3.292 3.242
3.433 3.325
3.514 3.450
3.730 3.558
3.921 3.800
4.125 3.958
4.330 4.142
4.468 4.458
4.662 4.592
4.824 4.725
4.874 4.850
4.992 4.958
5.093 5.058
5.189 5.142
5.310 5.225
5.617 5.433
5.662 5.642
5.733 5.683
5.810 5.783
5.878 5.833
5.982 5.925
6.153 6.108
6.337 6.308
6.483 6.408
6.558 6.508
6.700 6.592
6.843 6.825
6.900 6.867
F.TIME A/H(sec)
AREA HEIGHT
3.183 0.782 2664
3408
0.03
3.242 0.854 2814
3293
0.04
3.325 2.817 15235 5407
0.20
3.450 4.942 45758 9260
V
0.60
3.558 5.176 115553 22325
V
1.52
3.800 9.260 408344 44099
V
5.36
3.958 7.895 177979 22543
V
2.34
4.142 6.894 264447 38361
V
3.47
4.458 11.062 1419218 128299 V
18.62
4.592 5.469 152348 27857
V
2.00
4.725 6.519 208477 31981
V
2.74
4.850 5.185 505956 97583
V
6.64
4.958 4.447 457013 102760 V
6.00
5.058 5.399 223654 41428
V
2.93
5.142 3.876 218622 56409
V
2.87
5.225 4.304 145087 33711
V
1.90
5.433 7.040 654930 93024
V
8.59
5.642 5.779 1273370 220355 V
16.71
5.683 2.038 62926 30875
V
0.83
5.783 5.004 148868 29750
V
1.95
5.833 2.609 87901 33692
V
1.15
5.925 3.519 215383 61209
V
2.83
6.108 7.529 293520 38986
V
3.85
6.308 5.725 271266 47384
V
3.56
6.408 3.801 48727 12821
V
0.64
6.508 4.296 28190 6561
V
0.37
6.592 3.122 22884 7330
V
0.30
6.825 8.519 117498 13793
V
1.54
6.867 2.080 13982 6722
V
0.18
6.950 3.321 18242 5493
V
0.24
MARK %Total NAME
117
2,4-Dimetilpentano – C7H16
2-Metilbutano – C5H12
1-Hepteno– C7H14
118
2,4-Dimetil,1hepteno – C9H18
N-Heptano– C7H16
2,4-Dimetil,1-hepteno – C9H18
1-Undecano – C11H22
119
1-Hexeno – C6H12
5-Metil,1-hexeno – C7H14
1-Hexeno – C6H12
120
Hexano – C6H14
2,3-Dimetilpentano – C7H16
1-Hexeno – C6H12
121
1-Hexeno – C6H12
Heptano – C7H16
122
1-Propeno – C3H6
1-Propeno – C3H6
123
8.7.5 Cromatograma da fração de hidrocarbonetos craqueados (PROC 4) e os seus
espectros de massa
Nas frações craqueadas do PROC 4 cuja temperatura média de ebulição
(volumétrica) da fração é igual a 163 °C; com 49 °API e massa molecular média
igual a 122 u.m.m. foram encontradas as seguintes moléculas na CG-MS (PM): 2Metilbutano
(72);
4-Metil,1-pentino
(82);
4-Metil,1-penteno
(84);
1,2.3-
Trimetilciclopropano (84); 1-hexeno (84); 1-Propilciclopropano (84); Hexano (86);
2,2-Dimetilbutano (86); 1-Heptino (96); Heptano (100); 1-Undeceno (154); 5,8Dimetil,1,2,3,4-tetrahidronaftaleno (272).
Amostra: Hidrocarbonetos PROC 4
Coluna: BPX5 ( 5% phenyl polysilphenylene)
Volume injetado: 1 microlitro em tolueno
Condições Cromatográficas:
124
PKNO R.TIME
I.TIME F.TIME
A/H(sec)
AREA
%Total NAME
1
3.246 3.208 3.300 2.974 24939 8385
0.05
2
3.386 3.300 3.408 3.555 173818 48897 V
0.35
3
3.438 3.408 3.542 7.407 358625 48419 V
0.72
4
3.685 3.542 3.758 10.422 1199319
115079 V
5
3.822 3.758 3.958 9.357 1128616
120619 V
6
4.100 3.958 4.150 8.251 1350068
163629 V
7
4.497 4.150 4.750 18.819 10083131
535809 V
8
5.078 4.750 5.108 14.736 5908885
400976 V
9
5.135 5.108 5.250 6.703 2668542
398108 V
10
5.368 5.250 5.483 12.276 3886275
316564 V
11
5.620 5.483 5.667 9.448 3726654
394452 V
12
5.838 5.667 5.892 11.423 6753907
591242 V
13
5.926 5.892 5.950 2.874 1857532
646379 V
14
6.104 5.950 6.125 5.849 4256420
727725 V
15
6.168 6.125 6.192 3.384 1914594
565717 V
HEIGHT
2.41
2.27
2.72
20.30
11.90
5.37
7.83
7.50
13.60
3.74
8.57
3.86
MARK
125
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
6.209
6.276
6.378
6.547
6.695
6.764
6.836
6.967
7.000
7.070
7.121
7.343
6.192
6.267
6.317
6.450
6.667
6.725
6.792
6.942
6.983
7.033
7.108
7.300
6.267
6.317
6.450
6.667
6.725
6.792
6.942
6.983
7.033
7.108
7.225
7.417
3.774
2.444
5.709
5.745
2.887
2.827
3.813
1.778
2.832
3.458
3.585
3.261
650535 172362 V
271216 110987 V
1023526
179285
1410532
245541
130052 45045 V
196426 69487 V
320593 84069 V
24688 13887 V
43865 15488 V
78891 22816 V
75150 20963 V
146068 44787
1.31
0.55
V
V
0.26
0.40
0.65
0.05
0.09
0.16
0.15
0.29
2.06
2.84
126
Propilcicloprano – C6H12
1-Hexeno – C6H12
1,2,3-Trimetilciclopropano – C6H12
127
1-Heptino – C7H12
5,8-Dimetil,1,2,3,4-tetrahidronaftaleno
C20H32
128
5,8-Dimetil,1,2,3,4-tetrahidronaftaleno
C20H32
1,7-Octadiino – C8H10
129
5,8-Dimetil,1,2,3,4-tetrahidronaftaleno
C20H32
1-Heptino – C7H12
1,7-Octadiino – C8H10
130
Hexano – C6H14
Heptano – C7H16
2,3-Dimetilpentano – C7H16
2-Metilbutano – C5H12
131
1-Heptino – C7H12
1-Hexeno – C6H12
132
1-Hexano – C6H14
8. 8 DISCUSSÃO
O reator contínuo irradiado por micro-ondas desenvolvido no trabalho empreendeu um novo
método de craqueamento térmico de hidrocarbonetos utilizando a irradiação de micro-ondas
como fonte de energia aplicada a uma fração simples do petróleo, rica em C10, o decano.
Considerando que a carga de uma unidade de craqueamento térmico convencional é
refinada, aplicou-se ao sistema, durante os ensaios com o reator de micro-ondas, uma
alimentação similar, também refinada, como as frações de decano, obtidas por destilação do
querosene. O craqueamento térmico/catalítico de uma refinaria recebe cargas de
hidrocarbonetos refinadas ao invés do petróleo cru porque na refinação do petróleo,
primeiramente o petróleo é destilado e somente os derivados são submetidos ao
craqueamento térmico. Assim, o reator de micro-ondas desenvolvido neste trabalho,
explorou o craqueamento térmico dos hidrocarbonetos derivados do petróleo, através das
frações de decano, tentando simular o craqueamento convencional de um processo de
refinação do petróleo.
133
A opção de utilizar a fração de decano, uma fração do petróleo, com faixa de ponto de
ebulição bem estreita, ainda mais simples do que o querosene, auxiliaria nos testes de
laboratório e na análise dos resultados. Amostras de hidrocarbonetos menos complexas e
mais definidas, como as frações de decano, constituídas por menos componentes, permite
simplificar a identificação e qualificação dos hidrocarbonetos presentes, aumentando a
precisão dos resultados.
Portanto, a fração de hidrocarbonetos escolhida para o craqueamento foi obtida pela
destilação fracionada do querosene iluminante ESSO (160 C° < PE < 237 °C), cuja faixa de
ponto de ebulição encontra-se entre 154 e 181 °C, que corresponde a uma fração bem
próxima ao decano com 95% de decano.
Foram feitos quatro testes de craqueamento com esta fração de hidrocarbonetos (154 °C <
PE < 181 °C), denominados processos PROC 1, PROC 2, PROC 3 e PROC 4, no reator
contínuo de micro-ondas, descritos a seguir:
1) No craqueamento PROC 1, foi aplicada uma potência não muito alta, 865 W,
controlando-se a temperatura do carbeto de silício (que é função da potência
aplicada), mantendo-a constante, em torno de 600 °C a pressão ambiente. A
quantidade de hidrocarbonetos condensada foi bem pequena, 5 ml, ao contrário dos
hidrocarbonetos mais voláteis que não condensaram, observando uma grande
quantidade de gases saindo do sistema. Devido a este fato, o reator foi desligado,
pois não foi possível recolher mais amostras utilizando apenas o condensador do
sistema.
2) No processo PROC 2, aumentou-se a potência e a temperatura atingiu 700 °C, o
condensador foi refrigerado à -8 °C, a fim de se obter compostos que não
condensavam. Mesmo com o auxilio do sistema de refrigeração acoplada ao
condensador, o volume coletado foi de apenas 15 ml, mas por outro lado, ocorreu
uma grande formação de compostos voláteis que não condensaram. Verificou-se
neste processo uma evidência na eficiência do craqueamento térmico com as microondas, devido à produção de hidrocarbonetos menores com ponto de ebulição muito
baixo.
3) No PROC 3, utilizou-se uma potência mais alta, em torno de 1000 W (900 °C), e o
resultado foi surpreendente, apenas 2 gotas de hidrocarbonetos foram recolhidas
que condensaram e, a maioria dos compostos craqueados não condensou. Na
134
tabela 11, nota-se que neste processo foi detectado hidrocarbonetos constituídos de
três carbonos, como o propeno.
4) No PROC 4, decidiu-se reduzir a potência irradiada para 715 W (750 °C), tornando o
craqueamento menos severo, pois nos processos anteriores formavam moléculas
muito pequenas que não condensavam. Como havia a necessidade de se obter uma
amostra de 100 ml para a qualificação dos hidrocarbonetos craqueados nos ensaios
de destilação ASTM, utilizou uma potência de 715 W, que permitiu aumentar o
volume coletado obtido em 150 ml.
Todas as amostras recolhidas nos processos de craqueamento térmico do reator contínuo
de micro-ondas, PROC 1, PROC 2, PROC 3 e PROC 4, foram analisadas e a composição
das amostras craqueadas identificadas pelos espectros de massa gerados na cromatografia
gasosa. Assim como também foi feita à análise da amostra inicial da fração de decano.
Os resultados dos cinco cromatogramas e de seus respectivos espectros, identificaram
diversas moléculas presentes nas amostras e que estão relacionadas na tabela 11 do
trabalho, permitindo confirmar a presença das moléculas menores nas amostras craqueadas
obtidas no craqueamento térmico por micro-ondas.
O cálculo da massa molecular média da fração de decano e da fração craqueada obtida no
PROC 4, confirmou também uma redução da massa média específica do decano,
verificando um aumento de três graus API na amostra craqueada, comparando com a
densidade específica do decano.
Também foram observados sinais de coqueamento sobre a peça de carbeto de silício, após
um período de uma hora em PROC 4.
Os testes foram conduzidos a uma avaliação qualitativa das amostras obtidas, já que a
medição e controle do processo não foram disponibilizados neste trabalho. O fator que levou
a uma análise qualitativa foi a formação de uma grande quantidade de hidrocarbonetos
perdida que não condensou durante os ensaios.
Na tabela 11, nota-se a presença de moléculas menores, produtos do craqueamento que
não estavam presentes na amostra inicial da fração de decano, são compostos com PM
entre 42 a 106 u.m.m, como o heptano; 2,2-dimetilbutano; 1-hepteno; 2,3,-dimetilpentano;
propeno; 1-buteno e outros.
135
Importante observar que a potência efetiva utilizada nos ensaios experimentais, a que
realmente participou do craqueamento, é baixa, na ordem de 200 W apenas.
Para atingir um resultado mais completo sobre o desempenho do reator contínuo de microondas e a sua real eficiência energética, é necessário fazer novas investigações e
levantamentos das variáveis e dados de processo através de uma análise de balanços de
massa e de energia do sistema.
Informações importantes podem ser levantadas em trabalhos futuros como: temperatura de
processo e potência efetiva das micro-ondas, rendimento e avaliação da velocidade de
craqueamento, consumo de energia, tamanho da peça de carbeto de silício, produtividade,
custos de implantação do craqueamento com micro-ondas, perdas de processo, qualidade
dos produtos obtidos, vantagens econômicas de custo de um reator industrial de microondas comparado com unidades de conversão química, unidade fundo de barril, etc.
Este trabalho inicial possibilita uma continuidade ao desenvolvimento de reatores irradiados
por micro-ondas para craqueamento térmico de hidrocarbonetos.
136
9 CONCLUSÃO
A caracterização das amostras do decano e da fração craqueada através do cálculo da
massa molecular média e dos resultados da cromatografia gasosa acoplada com
espectrometria de massa CG-MS, confirmou o craqueamento térmico do decano por microondas com o equipamento desenvolvido neste trabalho.
Como as análises indicaram que a fração craqueada é mais leve que a amostra de decano
inicial, mostrando uma redução do ponto médio de ebulição, conclui-se que o reator de
micro-ondas conseguiu craquear o decano com formação de moléculas menores.
O resultado da análise dos espectros de massa das amostras do decano e dos
condensáveis validou a análise ASTM das amostras coletadas, conforme Tabela 11,
indicando a presença de moléculas menores nas amostras craqueadas, pois estas
moléculas não existiam na amostra do decano.
Após uma hora de processamento, observou-se o processo de coqueamento, com a
presença de moléculas de carbono, na superfície do carbeto de silício, indicando a
decomposição dos compostos orgânicos resultando compostos com % mínima de
hidrogênio, como normalmente ocorre no processo de craqueamento convencional.
Desta forma considera-se que o reator incentivado por micro-ondas de 2,45 GHz, idealizado
neste trabalho, promoveu o craqueamento térmico dos hidrocarbonetos. O carbeto de silício,
como susceptor de micro-ondas, auxiliou a reação de craqueamento com aumento de
temperatura, favorecendo o craqueamento térmico de forma rápida e eficiente. Os
resultados dos testes conduziram a uma resposta qualitativa, pois houve perda dos
compostos leves que não condensaram.
137
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144
ANEXO A – DESTILAÇÕES ASTM DAS AMOSTRAS OBTIDAS
NAS DESTILAÇÕES FRACIONADAS DO QUEROSENE PELO
MÉTODO ITERATIVO
Destilação Querosene Esso / amostra coletada na faixa (145 - 148 °C) em 24_02_2010
220
210
200
Temperatura °C
190
185
178
180
169
170
160
149
150
140
152,5 153
151 151,5
154
15
35
155
156
157,5 158
160
161
162
164
171,5
165
ASTM
145
138
130
120
0
5
10
20
25 30
40
45 50 55
% Volume
60
65
70
75 80
85
90
95 100
145
Destilação Querosene Esso / amostra coletada na faixa (149 - 153 °C) em 24_02_2010
220
210
200
190
Temperatura °C
190
186
177
180
173
170
160
152
154
156
157
157
158
159
160 160,5 161
162
163
165
166
168
169,5
ASTM
150 146
140
130
120
0
5
10
15
20
25 30
35
40
45 50 55
% Volume
60
65
70
75 80
85
90
95 100
Destilação Querosene Esso / amostra coletada na faixa (154 - 160 °C) em 24_02_2010
220
210
197
200
189
190
Temperatura °C
182
180
170
159
160
160
161
162
163
164
165 165,5 166
167
168
169
170
172
174
176
156
153
ASTM
150
140
130
120
0
5
10
15
20
25 30
35
40
45 50 55
% Volume
60
65
70
75 80
85
90
95 100
146
Destilação Querosene Esso / amostra coletada na faixa (161 - 165 °C) em 24_02_2010
220
207
210
198
200
190
Temperatura °C
190
185
180
170
165
167
168
169
169
170
170
173
171,5 172,5
174
175
176
177
179
181
162
160
ASTM
150
140
130
120
0
5
10
15
20
25 30
35
40
45 50 55
% Volume
60
65
70
75 80
85
90
95 100
Destilação Querosene Mauá / amostra coletada na faixa (127 - 147 °C) em 01_12_2009
200
195
190
186
Temperatura °C
180
175
168
170
163,5
160
160
155
150
140
140
141
142
143
15
20
144
145
146
147
148,5 149
151
157
152,5
ASTM
135
130
120
0
5
10
25 30
35
40
45 50 55
% Volume
60
65
70
75 80
85
90
95 100
147
Destilação Querosene Mauá / amostra coletada na faixa (148 - 152 °C) em 01_12_2009
210
204
200
194
190
179
Temperatura °C
180
174
170
170
160
150
151
151
152
153
154
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161
162,5
164,5
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150
ASTM
142
140
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120
0
5
10
15
20
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% Volume
60
65
70
75 80
85
90
95 100
Destilação Querosene Mauá / amostra coletada na faixa (153 - 159 °C) em 01_12_2009
220
207
210
200
200
187
190
Temperatura °C
180
180
170
158
160
159
160 160,5 161
162
163
164
165
166
167
168,5
170,5
173
175
155
150
ASTM
150
140
130
120
0
5
10
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20
25 30
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45 50 55
% Volume
60
65
70
75 80
85
90
95 100
148
Destilação Querosene Mauá / amostra coletada na faixa (160 - 162 °C) em 01_12_2009
220
209
210
200
200
200
190
190
Temperatura °C
183
179
180
170
160
158
160
162,5
161 161,5
164
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167
169
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176
154
ASTM
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130
120
0
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45 50 55
% Volume
60
65
70
75 80
85
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95 100
Destilação Querosene Mauá / amostra coletada na faixa (163 - 166 °C) em 01_12_2009
220
210
210
201
200
193
190
186
183
Temperatura °C
180
180
170
162
164
165
166 166,5 167
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174
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177
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ASTM
150
140
130
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0
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25 30
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45 50 55
% Volume
60
65
70
75 80
85
90
95 100
149
Destilação Querosene Mauá / amostra coletada na faixa (120 - 127 °C) em 30_11_2009
220
215
209
210
200
196
190
186
Temperatura °C
182,5
180
172
168,5
170
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150
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154
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165
ASTM
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220
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200
Temperatura °C
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173
175
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177
179
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184
187
189
163
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ASTM
140
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0
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% Volume
150
Destilação Querosene Mauá / amostra coletada na faixa (105 - 130 °C) em 27_11_2009
220
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210
202
200
188
Temperatura °C
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177
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170
170
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140
140
141
142
144
145
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147,5
149
150
152
154
155
ASTM
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130 125
120
0
5
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% Volume
Destilação Querosene Mauá / amostra coletada na faixa (130 - 153 °C) em 27_11_2009
220
208
210
205
200
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190
Temperatura °C
180
180
173
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170
166
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150
146
148
149
150
151
152
153
154
156
157
158,5
160
162
163
ASTM
140
130
130
120
0
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% Volume
151
Destilação Querosene Mauá / amostra coletada na faixa (150 - 156 °C) em 24_11_2009
220
210
207
208
200
Temperatura °C
194
190
185
179
180
173
175
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156
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165
ASTM
169
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162
154
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150
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% Volume
Destilação Querosene Mauá / amostra coletada na faixa (150 - 170 °C) em 23_11_2009
230
219
220
210
Temperatura °C
204
200
196
190,5
190
187
184
180
170
166,5
168
171
169
169
170
15
20
25 30
172
173
35
40
174
175
176
178
180
181,5
ASTM
164
160
150
0
5
10
45 50 55
% Volume
60
65
70
75 80
85
90
95 100
152
Destilação Querosene Mauá / amostra coletada na faixa (160 - 180 °C) em 19_11_2009
230
222
220
214
210
Temperatura °C
203
200
197
194
190
180
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182
183
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187
189
191
ASTM
170
170
160
150
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20
25 30
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45 50 55
% Volume
60
65
70
75 80
85
90
95 100
Destilação Querosene Mauá / amostra coletada na faixa (159 - 163 °C) em 13_11_2009
230
218
220
215
Temperatura °C
210
205
200
191,5 192
190
187
184
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159
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161
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165
166,5
168,5
170
172
174
180,5
176
ASTM
154
150
0
5
10
15
20
25 30
35
40
45 50 55
% Volume
60
65
70
75 80
85
90
95 100
153
Destilação Querosene Mauá / amostra coletada na faixa (186 - 190 °C) em 13_11_2009
240
230
227
230
220
220
Temperatura °C
210
200
187
190
189
191
192
194
195
196,5
198
200
201
202
203
204
206
208
209,5
212
183
180
ASTM
170
160
150
0
5
10
15
20
25 30
35
40
45 50 55
% Volume
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85
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