CEPAS AFLATOXIGÊNICAS EM CASTANHA-DO-BRASIL (Bertholletia excelsa H. B. K)
PROCESSADA
AFLATOXIGENIC STRAINS IN PROCESSED BRAZIL NUT (Bertholletia excelsa H. B. K)
Maristela Martins1, Ana Cláudia Silva dos Santos2, Ariane Mendonça Pacheco3
1
Doutoranda – Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC
2
Acadêmica do curso de Farmácia – Universidade Federal do Amazonas - UFAM
3
Professora Doutora – Universidade Federal do Amazonas – UFAM
Palavras-chave: castanha-do-Brasil, fungos, micotoxinas
Introdução
A castanha-do-Brasil (Bertholletia excelsa H.B.K) é nativa da Região Amazônica e ao longo da
cadeia de processo contaminantes estão presentes. A associação de diversos fungos, e alguns
aflatoxigênicos, com a castanha-do-Brasil tem sido relatada, bem como a presença de
aflatoxinas (SCUSSEL, 2004). A castanha com e sem casca é principalmente exportada, e a
amêndoa, por sua vez, utilizada como ingrediente na fabricação de produtos industrializados,
como biscoitos, óleo, doces, cereais e produtos de panificação (SOUZA, 2003). De forma a
contribuir com o monitoramento da contaminação fúngica, um trabalho foi realizado com
objetivo de avaliar a presença de fungos aflatoxigênicos em amostras de castanha-do-Brasil
sem casca tipo exportação.
Material e Métodos
Foram testados 07 fungos filamentosos pertencentes ao gênero Aspergillus isolados de 30
(trinta) amostras de castanha-do-Brasil descascada, de uma usina de Beneficiamento da
Região Norte da Amazônia Brasileira. O isolamento foi realizado pelo método APHA, 2001.
Após o isolamento, as cepas foram transferidas, individualmente, para o centro da placa
contendo meio agar coco que evidencia a habilidade de produção de aflatoxina pela cepa
testada com visualização de fluorescência sob luz UV (DAVIS et al., 1987). As placas foram
incubadas durante sete dias a 25°C e as cepas que apresentaram fluorescência foram
consideradas positivas quanto à produção de aflatoxinas.
Resultados e Discussões
As análises com os isolados de Aspergillus obtidos de castanha-do-Brasil descascada
revelaram que todas as cepas estudadas possuíam habilidade de produzir aflatoxinas. Tais
resultados reforçam outros estudos que citam que o gênero Aspergillus é um dos principais
envolvidos com as etapas da cadeia produtiva da castanha-do-Brasil ainda com casca
proveniente da floresta (ARRUS et al., 2005). A explicação para a presença de cepas
aflatoxigênicas em amostras pós-beneficiamento pode estar no fato de que apesar das
operações de secagem, para controle das variáveis de umidade e atividade de água, serem
constantes, necessitam ser mais efetivas, uma vez que reconhecidamente podem afetar o
metabolismo fúngico. Por outro lado, alem da riqueza nutricional da castanha-do-Brasil, a
exposição ambiental no armazenamento e a condição operacional de manuseio na etapa de
quebra/descascamento, também podem oferecer condições para a presença de fungos que
afetem a segurança do produto.
Conclusões
A evidência de cepas aflatoxigênicas do gênero Aspergillus em castanha-do-Brasil sem casca
tipo exportação demonstra a necessidade de um controle efetivo da segurança alimentar na
cadeia produtiva, para evitar a contaminação por aflatoxinas e manter a qualidade do produto e
proteger a saúde do consumidor. Os resultados tem a aplicação prática de fornecer subsídios
ao processamento, no sentido de implementar tecnologias que previnam a presença de fungos
aflatoxigenicos e sugerem que outros gêneros também sejam avaliados, nas diferentes etapas
de processamento.
Referências Bibliográficas
APHA. Compendium of met. for the mic. exam. of foods . 4th Ed. American Public Health
Association, Washington, DC. 2001.
ARRUS, K.; BLANK, G.; CLEAR, R.; HOLLEY, R.A. e ABRAMSON, D. Microbiological and
aflatoxin evaluation of Brazil nut pods and the effects of unit processing operations. J.
Food Prot. 68, p. 1060-1065, 2005.
DAVIS, N., IYER, S., DIENER, U. 1987. Improved method of screening for aflatoxin with a
coconut agar medium. App. and Env. Microbiology. 53:7, 1593-1595.
SCUSSEL, V.M. Aflatoxin and food safety: Recent South American Perspectives. J. of
Toxicology. Toxin Reviews, 23:179-216. 2004.
SOUZA, M. L. de. Processamento de cereais matinais extrusados de castanha-do-brasil
com mandioca. Campinas. 2003. 191 f. Tese (Doutorado em Tecnologia de Alimentos) –
Faculdade de Engenharia de Alimentos, Universidade Estadual de Campinas, 2003.
Autor a ser contactado: Ariane Mendonça Pacheco, Universidade Federal do Amazonas – UFAM – e-mail:
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