Decisão do voto nas eleições presidenciais de 2002 – problemas e
qualidades
Introdução
Se o estudo sobre a decisão do voto em eleições presidenciais nos EUA já é uma área de estudo
consolidada, como diversos trabalhos e teorias, no Brasil, a temática ainda tem muito para ser
explorada. Isso decorre, principalmente, da pequena experiência em eleições presidenciais que temos.
Foram apenas 4 eleições presidenciais e a maioria das teorias sobre o comportamento eleitoral
desenvolvidas nos EUA e na Europa ainda não foram testadas aqui.
O material disponibilizado pela Ipsos Opinion permitirá, sem qualquer dúvida, avançar na discussão de
como se comporta o eleitor brasileiro diante da urna. Foram oito rodadas de pesquisas nacionais,
contendo toda a sorte de perguntas, como por exemplo, sobre auto-posicionamento ideológico,
avaliação do governo geral e por áreas, principais problemas do país, principais qualidades que um
presidente deve ter, solidez do voto, conhecimento dos candidatos, avaliação dos candidatos e dos
partidos, posicionamento sobre diversas questões da agenda pública brasileira, etc.
Neste trabalho, ainda bastante cru, tentaremos avançar um pouco a discussão sobre a decisão do voto
centrando o foco na capacidade de resolução de problemas e nas qualidades dos candidatos atribuída
pelos eleitores.
Veremos como se comportou a intenção de voto, a adesão partidária, os principais problemas e as
principais qualidades durante todas as oito rodadas. Depois disso, veremos as matrizes de correlação
entre as variáveis e os modelos de decisão de voto baseadas nos principais problemas e as principais
qualidades.
Um pouco de teoria
O conceito de atalho de informação a que se refere Popkin em seu trabalho “Reasoning Voter” é
derivado do trabalho seminal de Downs, “Uma Teoria Econômica da Democracia”. Por esse conceito,
o eleitor não tem incentivos para se manter informado todo o tempo sobre tudo o que diz respeito ao
governo, à política e às eleições. Ele não tem tempo e recursos para tanto.
Para tentar compensar sua falta de informação mais acabada, mais detalhada, o eleitor utiliza atalhos
de informação. Para Downs, um dos atalhos mais importantes é a ideologia. Ela ajuda a diferenciar os
partidos, poupando o eleitor do custo de estar informado sobre uma ampla gama da questões.
Para Popkin, os atalhos de informação têm a mesma utilidade que para Downs, ou seja, economizar
recursos. Contudo, Popkin desenvolve mais o conceito, apontando que os atalhos utilizados pelos
eleitores incorporam as experiências passadas, a vida cotidiana, a mídia e a campanha política. São
informações mais simples, básicas, chamadas de “baixa racionalidade”, que servem como substitutas
de informações mais elaboradas, complexas e, conseqüentemente, mais dispendiosas. Ele também
classifica os atalhos em três tipos: para avaliar, para obter e para estocar informação.
Os eleitores costumam validar suas informações com outras pessoas, eles avaliam a validade delas
buscando a opinião de outras pessoas que o cercam, seja em casa, no trabalho ou mesmo na mídia e na
campanha eleitoral. Em outras palavras, a influência interpessoal também é um atalho informacional.
Podem existir muitos tipos diferentes de atalhos informacionais, dependendo da vida cotidiana de cada
eleitor. A maneira como ele utiliza e combina seus diversos atalhos pode definir seu voto.
Um pouco de teoria
As informações adquiridas no dia-a-dia também funcionam como atalhos informacionais. Os eleitores
podem utiliza-las de diversas maneiras para suas decisões de voto, as informações que eles adquirem
para tocar sua vida cotidiana são aplicadas a seus julgamentos e decisões políticas. Popkin afirma que
a maior parte da informação que os eleitores usam quando votam é adquirida como um subproduto das
atividades que desempenham como parte de suas vidas diárias. A mídia é importante porque as pessoas
combinam as informações que eles adquirem no dia-a-dia com as informações dos meios de
comunicação. As pessoas vivem, trabalham, se locomovem, compram, pagam impostos, utilizam-se
de serviços públicos e privados, em todas essas situações elas recolhem impressões que são parte
integrante da composição da decisão de voto.
Os atalhos informacionais são muitos, poderia dizer até infinitos, e eles não existem todos em todos os
eleitores, cada um possui seu próprio cabedal de atalhos. A seguir estão alguns dos atalhos
informacionais possíveis das eleições presidenciais de 2002
Lula: um bom atalho informacional para o Lula é o fato dele ser um trabalhador e do Partido dos
Trabalhadores. Como a maioria dos eleitores também é composta por trabalhadores, existiria algo em
comum entre Lula e a maioria dos trabalhadores, o que aproxima dele e aumenta a vontade de votar
nele. Além disso, Brasil, os eleitores, principalmente os de menor escolaridade, se confundem muito
quando são indagados sobre as diferenças entre esquerda e direita, mas uma das respostas mais
freqüentes é associar a esquerda à oposição e a direita ao governo. Portanto, outro atalho importante
para votar em Lula seria o fato dele ser oposição ao governo. Muitos pretenderam votar no candidato
do PT porque ele representava uma mudança em relação ao atual governo.
Um pouco de teoria
José Serra: para o Serra, um atalho importante era o fato dele já ter ocupado alguns postos ministeriais
importantes. Como ministro da saúde, por exemplo, Serra implantou os medicamentos genéricos, para
muitas pessoas essa é uma informação que é suficiente para definir o voto. Ao contrário de Lula, que é
a oposição, Serra é o candidato do governo e o governo conquistou a estabilidade da moeda, acabou
com a inflação. Muitos pretendiam votar em Serra porque ele representava a continuidade e a garantia
da estabilidade.
Ciro Gomes: era um candidato experiente. Foi deputado, prefeito, governador e ministro. Ele tem
experiência administrativa, ele conhece a máquina do governo, ele “sabe das coisas”. Ter experiência
administrativa é um atalho informacional muito importante. Ciro tinha como candidato a vice em sua
chapa um sindicalista, um trabalhador, um homem do povo. Além disso, a coligação que dava
sustentação a sua candidatura era a chamada Frente Trabalhista, que reunia PTB-PDT-PPS, uma
espécie de revival da aliança PTB-PCB dos anos 45-64. Essa ligação com sindicatos e com o
trabalhismo é um atalho informacional que poderia ser muito útil para a decisão de voto.
Garotinho: esse candidato já foi prefeito e governador, ele tem experiência administrativa. Quando ele
chegar na presidência ele saberá o que fazer, pois sabe qual é o “caminho das pedras”. É um candidato
religioso, que valoriza muito o papel da família na sociedade e na formação da cidadania. Além disso,
quando foi governador, deu muita atenção ao social, implantou restaurante e hotel populares. Em
outras palavras, ele era um candidato que se preocupava com gente como a gente, com as pessoas
comuns.
Um pouco de teoria
A idéia de atalhos informacionais é importante para esse trabalho que vocês estão recebendo agora.
Um candidato percebido como o mais capaz para solucionar um problema que é visto como o principal
do país deve ser o favorito na eleição. Isso pode soar trivial, mas é algo que ainda não foi testado
empiricamente. Em que medida acreditar que o candidato é capaz de resolver um problema ou ter uma
qualidade importa na decisão do voto. Algumas hipótese podem ser formuladas tendo-a em mente.
Quanto mais central o problema, maior a probabilidade de voto no candidato mais capaz de resolver
Existe forte correlação entre percepção da capacidade de resolução de problemas e qualidades e a
intenção de voto. Entretanto, algumas capacidades e qualidades devem ter um peso maior.
O que mais preocupa é distinguir entre 1) o eleitor escolhe um candidato e lhe atribui as capacidades e
qualidades e 2) o eleitor sabe quais são as capacidades e qualidades necessarias e escolhe o candidato
que melhor as preencha.
Um pouco de teoria
Para a tese um livro me fez ter boas idéias. Trata-se do “Explaning Labour´s Landslide”, de Worcester
e Mortimore. Não será agora que irei apresentar todo o livro. O que mais me interessa nele é a idéia de
triângulo político, formado por questões políticas (issues), a imagem partidária e a imagem do líder ou
do candidato. A cada eleição esse triângulo pode ter uma forma diferente, dependendo do peso da cada
um dos lados.
Essa atenção com o campo amplo que é o eleitoral é o que acredito fazer mais falta nos trabalhos sobre
a decisão do voto aqui no Brasil, especificamente com as teses oriundas do DCP-USP, de Singer e
Carreirão. Ambos autores optaram por centrar foco em apenas uma das facetas da decisão do voto, o
primeiro na ideologia e o segundo no voto retrospectivo. Deixaram de lado ou não exploraram mais a
fundo diversos aspectos que não podem ser negligenciados.
A decisão do voto é atingida por um mix infinito de fatores. Obviamente, ninguém pode dar conta de
toda a realidade. O que tentarei fazer na tese é ser mais abrangente na explicação e tentar avaliar o
peso da cada uma das variáveis mais importantes. A primeira tentativa disso é este trabalho que ainda
tem gráficos e tabelas demais e análise de menos.
Intenção de voto estimulada
Durante toda a campanha eleitoral o candidato Lula manteve a dianteira. Os três momentos destacados
são os que apresentaram alguma emoção. O crescimento acentuado de Ciro Gomes na Rodada 4, com a
queda de todos os demais candidatos. O mesmo movimento na Rodada 5, mas com um crescimento
menos acentuado de Ciro.
A rodada 7 também ocorreu em um momento de redistribuição das intenções de voto em Ciro. Lula e
Garotinho foram os que mais capitalizaram essa queda, enquanto Serra se manteve no lugar.
Na rodada 8, a pergunta foi sobre em quem havia sido o voto no 1.º turno.
60
50
45
40
48
44
43
39
38
37
35
30
28
25
21
19
20
19
10
10
8
18
17
20
14
10
15
12
8
6
7
6
5
7
5
Rodada 1
Rodada 2
Rodada 3
José Serra
13
10
18
11
9
10
4
5
5
Rodada 4
Rodada 5
Rodada 6
Antony Garotinho
Ciro Gomes
0
Lula
15
18
15
14
12
7
9
4
4 4
Rodada 7
Branco /Nulo /Nenhum
Rodada 8
NS /NR
Diria que tem partido, assim como tem time de futebol que, aconteça
o que acontecer, sempre apóia e torce por ele.
A pergunta sobre partido que foi repetida em todas as rodas não ajuda muito. Em torno de 70% dos
eleitores não torce para um partido como torce para um time. Quando isso ocorre, o PT tem a maioria
da adesão, em torno de 15%. Acredito que os que indicaram algum partido nessa questão são eleitores
com identificação partidária.
Essa variável ainda não será analisa neste trabalho. Isso ficará para o próximo, que deve levar em conta
outras variáveis, como graus de adesão às candidaturas, firmeza do voto e identificação partidária.
80
70
75
73
73
72
68
68
69
68
60
50
40
30
20
13
10
0
3
36
Rodada 1
17
14
6
43
2
2 6
2
3
Rodada 3
Rodada 2
PT
PMDB
16
13
12
5
2
5 2
6
21
3
Rodada 4
PSDB
Rodada 5
PFL
Outros
17
17
6
34
Rodada 6
5
4
2
4 3
Rodada 7
Nenhum/NS/NR/Todos
43
2
Rodada 8
Partido de simpatia - estimulado
Quando a pergunta é sobre simpatia aos partidos com estimulo, o percentual sobe consideravelmente.
Esse grupo de eleitores pode ser encarado como os que têm preferência partidária.
O maior problema é que essa questão só foi incluída em um split com 995 casos na rodada 6.
[pp6] Partido de preferência
Frequency
Valid
PDT
PT
PTB
PMDB
Cumulative
Percent
21
1,0
2,1
2,1
275
13,7
27,6
29,7
20
1,0
2,0
31,7
102
5,1
10,2
41,9
11
,5
1,1
43,0
PFL
47
2,3
4,7
47,7
PPB
17
,9
1,8
49,5
PSB
21
1,0
2,1
51,6
PSDB
57
2,8
5,7
57,3
375
18,7
37,7
95,1
47
2,4
4,8
99,8
2
,1
,2
100,0
995
49,6
100,0
Não sabe /Recusa
Não respondeu
Total
Total
Valid Percent
PPS
Não tem simpatia
por nenhum
Missing
Percent
System
1009
50,4
2004
100,0
Pensando no Brasil, quais desses problemas o novo presidente
deveria tentar resolver
O grande problema no Brasil durante todo o ano de 2002, algo que não se alterou durante a campanha
eleitoral foi o desemprego. No total das menções, a proporção de eleitores que apontavam o
desemprego como um dos principais problemas do Brasil esteve sempre acima de dois terços.
Em um bloco intermediário, aparecem a assistência médica, com índices que variaram entre 18% e
37%, atingindo esse pico na rodada 7; os salários baixos, variando entre 28 e 46%, em queda durante a
campanha. Crimes violência e tráfico de drogas somados variaram entre 70% e 40%, em queda
durante a campanha. Outros problemas foram fome e miséria, educação e corrupção.
80
76
72
70
68
69
68
68
67
67
60
50
40
44
46
36
30
20
24
24
40
37
39
37
36
27
19
16
21
15
10
19
22
15
13
33
29 32
35
34
32
25
2622
15
10
21
16
10
31
36
28
23
22
15
37
27
2826
13
14
9
6
33
26 28
27
24
8
0
Rodada 1
Rodada 2
Rodada 3
Rodada 4
Rodada 5
Rodada 6
Rodada 7
Falta de emprego
Crimes e violência contra as pessoas
Salários muito baixos
Má qualidade da assistência médica
Má qualidade da educação
Tráfico de drogas
Fome e à miséria
Corrupção e desvio de verbas
Rodada 8
Quais dessas características ou qualidades mais importantes que um
candidato deve ter
A principal qualidade que o presidente dever ter é fazer mais pelos mais pobres. São importantes
também a defesa dos interesses dos trabalhadores, ter bom plano de governo e conhecer os problemas
da população.
Outras qualidades são menos importantes, mas não podem ser negligenciadas: ter pulso forte, ter
preparo, brigar pelos interesses do Brasil no exterior e preocupar com as pessoas como eu.
70
60
56
53
58
40
48
30
20
42
41
31
34
29
10
48
42
4848
43
62
56
49
49 52
48
46
46
51
50
48
3538
34
27
24
20
59
54
50
4340
57
29
25
16
14
12
11
1815
13
12
Rodada 2
Rodada 3
18
27
25
18
17
24
23
2320
Rodada 4
Rodada 5
Rodada 6
28
2226
16
24
2323
17
Rodada 7
Rodada 8
0
Rodada 1
Fará mais pelos mais pobres
Defenderá os interesses dos trabalhadore
Conhece os problemas da população
Bom plano de governo
Pulso forte, decidido
Preparo para ser presidente
Brigar pelos interesses do Brasil no ext
Preocupar-se com pessoas como o(a) Sr(a)
Variáveis que entraram na análise
As correlações e tabelas de contigência foram feitas com a intenção de voto e as variáveis de
capacidades e qualidades, ambas estimuladas para os quatro principais candidatos. Nas tabelas, a
variável independente a intenção de voto. Em todos os modelos de regressão foram utilizadas como
variáveis dependentes dummys de intenção de voto: vota lula, vota serra, vota garotinho e vota ciro.
Como covariáveis na rodada 7 entraram as seguintes:
Capacidade:
1) tem mais capacidade para resolver a falta de emprego; 2) tem mais capacidade para resolver o
aumento dos preços da luz, água, gás, gasolina e telefone; 3) tem mais capacidade para não colocar em
risco a estabilidade econômica; 4) tem mais capacidade para resolver o problema do crime e violência
contra as pessoas; 5) tem mais capacidade para melhorar a saúde e a assistência médica; 6) tem mais
capacidade para combater a fome e a pobreza; e 7) tem mais capacidade para melhorar a educação.
Qualidades:
1) fará mais pelos mais pobres; 2) defenderá os interesses dos trabalhadores; 3) é pessoa sensata e
equilibrada; 4) tem bom plano de governo; 5) tem experiência administrativa para ser presidente; 6)
defenderá os ricos e banqueiros; e 7) trará tranqüilidade e união para o país.
Todas as perguntas eram sobre qual dos candidatos tem mais a capacidade e mais a qualidade. Todas
também foram convertidas em dummys.
Além dessas covariáveis inclui também a escolaridade, na qual o valor zero é o analfabeto/sem estudo.
Matriz de correlação da intenção de voto e capacidades
Da matriz de correlação abaixo, o que mais importa é a coluna da intenção de voto. Fica claro perceber
a altíssima correlação entre a intenção de voto e a percepção da capacidade de resolução de problemas.
Os valores entre 0,80 e 0,81, todos significantes a 1%, mostram consistência no voto, mas não são
capazes de revelar quais variáveis são mais importantes para quais candidatos.
A tabela como um todo deixa claro que quando um eleitor adere a um candidato, ele constrói uma
imagem de capacidade sólida. “O meu candidato é o mais capaz para fazer tudo”.
Quando acrescentamos nas variáveis intenção de voto e qualidades as opções de voto
branco/nulo/nenhum e nenhum tem a qualidade, os coeficientes de correlação caem muito.
[ppq1b1]
[ppq1b2]
[ppq1b3]
[ppq1b4]
[ppq1b6]
[pv3a]
[ppq1b1]
[ppq1b2]
[ppq1b3]
[ppq1b4]
[ppq1b6]
Matriz de Correlação da
[pv3a]
Tem
Tem
Tem
Tem
[ppq1b5]
Tem
[ppq1b7]
Matriz de Correlação da Intenção de
Tem
Tem
Tem
Tem
[ppq1b5]
Tem
[ppq1b7]
intenção de voto com
Intenção de capacidade: capacidade: capacidade: capacidade:
Tem
capacidade:
Tem
intenção de voto com
voto(com capacidade: capacidade: capacidade: capacidade:
Tem
capacidade:
Tem
capacidade de resolução de
voto 1°
falta de
preços
estabilidade crimes e capacidade:
fome e capacidade: capacidade de resolução de branco/nulo
falta de
preços
estabilidade crimes e capacidade:
fome e capacidade:
problemas
turno
emprego
básicos
econômica violência
saúde
miséria
educação
problemas (com nenhum)
/nenhum)
emprego
básicos
econômica violência
saúde
miséria
educação
[pv3a] Intenção de voto 1°
[pv3a] Intenção de voto 1°
1,00
0,81
0,81
0,80
0,81
0,80
0,81
0,81
1,00
0,58
0,58
0,57
0,57
0,62
0,61
0,65
turno
turno
[ppq1b1] Tem capacidade:
[ppq1b1] Tem capacidade:
0,81
1,00
0,86
0,82
0,84
0,83
0,83
0,85
0,58
1,00
0,77
0,70
0,72
0,76
0,74
0,77
falta de emprego
falta de emprego
[ppq1b2] Tem capacidade:
[ppq1b2] Tem capacidade:
0,81
0,86
1,00
0,84
0,84
0,83
0,84
0,84
0,58
0,77
1,00
0,73
0,74
0,73
0,72
0,74
preços básicos
preços básicos
[ppq1b3] Tem capacidade:
[ppq1b3] Tem capacidade:
0,80
0,82
0,84
1,00
0,81
0,82
0,81
0,82
0,57
0,70
0,73
1,00
0,71
0,74
0,70
0,74
estabilidade econômica
estabilidade econômica
[ppq1b4] Tem capacidade:
[ppq1b4] Tem capacidade:
0,81
0,84
0,84
0,81
1,00
0,83
0,84
0,85
0,57
0,72
0,74
0,71
1,00
0,73
0,74
0,75
crimes e violência
crimes e violência
[ppq1b5] Tem capacidade:
[ppq1b5] Tem capacidade:
0,80
0,83
0,83
0,82
0,83
1,00
0,84
0,85
0,62
0,76
0,73
0,74
0,73
1,00
0,80
0,83
saúde
saúde
[ppq1b6] Tem capacidade:
[ppq1b6] Tem capacidade:
0,81
0,83
0,84
0,81
0,84
0,84
1,00
0,85
0,61
0,74
0,72
0,70
0,74
0,80
1,00
0,83
fome e miséria
fome e miséria
[ppq1b7] Tem capacidade:
[ppq1b7] Tem capacidade:
0,81
0,85
0,84
0,82
0,85
0,85
0,85
1,00
0,65
0,77
0,74
0,74
0,75
0,83
0,83
1,00
educação
educação
Matriz de correlação da intenção de voto e qualidades
A matriz de correlação da intenção de voto e características e qualidades mostra um padrão semelhante
ao anterior. Altas correlações, exceto naquela que se deveria esperar ao contrário que é a correlação
com a defesa dos ricos.
O que mais chama a atenção é a correlação mais baixa que existiu entre intenção de voto e experiência.
As matrizes de correlação são apenas uma introdução para que possamos avaliar a força de atalhos de
informação, como estão sendo encaradas as variáveis de capacidades e qualidades, na definição do
voto.
[ppq2b1]
[pv3a]
Qualidade: [ppq2b2]
[ppq2b3]
[ppq2b4]
[ppq2b6]
[ppq2b7]
Matriz de Correlação da
Matriz de Correlação da Intenção de ajudará os Qualidade: Qualidade: Qualidade: [ppq2b5] Qualidade: Qualidade:
intenção de voto com
intenção de voto com
voto 1°
mais
defesa do sensato e
plano de Qualidade: defesa dos
trará
características e qualidades
características e qualidades
turno
pobres
trabalhador equilibrado
governo experiência
ricos
tranqüilidade
(com nenhum)
[pv3a] Intenção de voto 1°
[pv3a] Intenção de voto 1°
1,00
0,80
0,76
0,80
0,85
0,73
0,16
0,83
turno
turno
[ppq2b1] Qualidade: ajudará
[ppq2b1] Qualidade: ajudará
0,80
1,00
0,85
0,82
0,84
0,74
0,19
0,83
os mais pobres
os mais pobres
[ppq2b2] Qualidade: defesa
[ppq2b2] Qualidade: defesa
0,76
0,85
1,00
0,77
0,82
0,70
0,18
0,79
do trabalhador
do trabalhador
[ppq2b3] Qualidade: sensato
[ppq2b3] Qualidade: sensato
0,80
0,82
0,77
1,00
0,85
0,79
0,22
0,84
e equilibrado
e equilibrado
[ppq2b4] Qualidade: plano
[ppq2b4] Qualidade: plano
0,85
0,84
0,82
0,85
1,00
0,81
0,19
0,88
de governo
de governo
[ppq2b5] Qualidade:
[ppq2b5] Qualidade:
0,73
0,74
0,70
0,79
0,81
1,00
0,22
0,81
experiência
experiência
[ppq2b6] Qualidade: defesa
[ppq2b6] Qualidade: defesa
0,16
0,19
0,18
0,22
0,19
0,22
1,00
0,21
dos ricos
dos ricos
[ppq2b7] Qualidade: trará
[ppq2b7] Qualidade: trará
0,83
0,83
0,79
0,84
0,88
0,81
0,21
1,00
tranqüilidade
tranqüilidade
[pv3a]
[ppq2b1]
Intenção de Qualidade: [ppq2b2]
[ppq2b3]
[ppq2b4]
[ppq2b6]
[ppq2b7]
voto (com ajudará os Qualidade: Qualidade: Qualidade: [ppq2b5] Qualidade: Qualidade:
branco/nulo
mais
defesa do sensato e
plano de Qualidade: defesa dos
trará
/nenhum)
pobres
trabalhador equilibrado
governo experiência
ricos
tranqüilidade
1,00
0,64
0,64
0,65
0,70
0,55
0,21
0,60
0,64
1,00
0,82
0,77
0,79
0,69
0,35
0,70
0,64
0,82
1,00
0,76
0,81
0,69
0,36
0,67
0,65
0,77
0,76
1,00
0,81
0,74
0,38
0,75
0,70
0,79
0,81
0,81
1,00
0,74
0,34
0,74
0,55
0,69
0,69
0,74
0,74
1,00
0,37
0,68
0,21
0,35
0,36
0,38
0,34
0,37
1,00
0,36
0,60
0,70
0,67
0,75
0,74
0,68
0,36
1,00
Tabelas de contingência
Não mostrarei todas as tabelas de contingência. São 14 no total e iria ocupar muito espaço com
redundâncias. Vou mostrar as mais importantes.
A falta de emprego foi identificada como o principal problema brasileiro. Mais da metade dos eleitores
brasileiros (51%) acreditava que Lula era o mais capaz de resolver esse problema, seguido de Serra
(20%), Garotinho (14%) e Ciro (10%).
Analisando por intenção de voto, vemos que é Lula quem mais consegue se identificar com a
capacidade de resolver a falta de emprego. Nada menos que 92% de seus eleitores acreditavam que ele
era o mais capaz de resolver esse problema. Índice que cai para 80% para Serra, 74% para Garotinho e
70% para Ciro. Além disso, Lula é o candidato com percentuais mais elevados entre os que têm outra
intenção de voto.
[ppq1b1] Tem capacidade: falta de emprego * [pv3a] Intenção de voto 1° turno Crosstabulation
[pv3a] Intenção de voto 1° turno
José Serra
Garotinho
Ciro Gomes
Branco /Nulo
/Nenhum
92,3%
14,1%
11,3%
10,5%
20,0%
Lula
[ppq 1b1] Tem
capacidade: falta
de emprego
Lula
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
Adjusted Residual
José Serra
Garotinho
Ciro Gomes
Nenhum
40,8
-18,8
-18,3
-15,5
-5,8
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
2,1%
79,7%
7,2%
9,0%
15,3%
Adjusted Residual
-21,8
38,7
-7,2
-5,1
-1,0
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
1,4%
,8%
73,6%
3,4%
7,1%
Adjusted Residual
-17,7
-9,7
40,0
-5,8
-1,8
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
1,8%
1,1%
3,4%
70,0%
5,9%
Adjusted Residual
-13,9
-7,7
-5,3
37,4
-1,4
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
2,4%
4,2%
4,5%
7,1%
51,8%
-6,3
-1,2
-,8
1,6
19,4
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
Adjusted Residual
Total
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
Total
50,9%
19,6%
13,8%
10,4%
5,3%
100,0%
Tabelas de contingência
A capacidade de resolver os problemas da saúde é atribuída de forma um pouco mais equilibrada entre
os candidatos. Lula aparece em primeiro, com 44%, Serra em segundo, com 31%, Garotinho em
terceiro com 13% e Ciro em último, com 10%.
Nesse caso, Serra é quem consegue maior percentual entre seus próprios eleitores e quem mais
consegue aparecer aos eleitores dos outros candidatos como o mais capaz de resolver os problemas das
saúde.
Isso deixa claro a diferença mais marcante entre as qualidade de Lula e Serra e o que deixou Lula em
posição confortável frente à Serra durante toda a campanha.
[ppq1b5] Tem capacidade: saúde * [pv 3a] Intenção de voto 1° turno Crosstabulation
[pv3a] Intenção de voto 1° turno
José Serra
Garotinho
Ciro Gomes
Branco /Nulo
/Nenhum
83,0%
7,8%
5,0%
8,8%
17,4%
39,0
-18,5
-17,9
-13,7
-5,2
13,7%
90,1%
19,5%
19,3%
28,3%
-18,4
32,7
-5,7
-4,9
-,6
,9%
,8%
70,8%
2,7%
8,7%
-17,7
-9,3
39,6
-5,9
-1,2
,9%
1,0%
3,6%
65,3%
3,3%
Adjusted Residual
-14,3
-7,5
-4,6
37,0
-2,1
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
1,5%
,4%
1,1%
3,9%
42,4%
-4,2
-3,9
-2,5
1,1
22,8
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
Lula
[ppq 1b5] Tem
capacidade:
saúde
Lula
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
Adjusted Residual
José Serra
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
Adjusted Residual
Garotinho
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
Adjusted Residual
Ciro Gomes
Nenhum
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
Adjusted Residual
Total
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
Total
43,6%
31,0%
13,0%
9,5%
2,9%
100,0%
Tabelas de contingência
Lula também é o líder na capacidade de resolver os problemas de crimes e violência, com 48%. Serra,
com 19%, Garotinho, com 19% e Ciro, com 11% aparecem atrás. Entre os eleitores de Lula, 90%
acreditam que ele é o mais capaz de resolver o problema. Esse índice cai para 77% entre os eleitores de
Serra, 76% entre os eleitores de Garotinho e 68% entre os eleitores de Ciro.
Mais uma vez, a exemplo do que ocorreu com a questão do desemprego, Lula consegue fazer acreditar
a maior parcela de eleitores de outros candidatos que ele tem mais a capacidade de resolver a
violência.
[ppq1b4] Tem capacidade: crimes e violência * [pv3a] Intenção de voto 1° turno Crosstabulation
[pv3a] Intenção de voto 1° turno
José Serra
Garotinho
Ciro Gomes
Branco /Nulo
/Nenhum
90,0%
12,8%
5,7%
9,6%
19,5%
Lula
[ppq 1b4] Tem
capacidade:
crimes e violência
Lula
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
Adjusted Residual
José Serra
Garotinho
Ciro Gomes
Nenhum
40,7
-18,0
-19,5
-14,9
-5,5
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
2,9%
76,8%
7,1%
7,1%
13,8%
Adjusted Residual
-20,1
37,2
-7,0
-5,8
-1,3
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
2,3%
3,5%
76,1%
7,4%
8,0%
Adjusted Residual
-18,0
-8,5
37,9
-4,4
-2,0
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
1,6%
2,9%
4,6%
67,8%
4,6%
Adjusted Residual
-14,4
-6,4
-4,5
35,5
-1,9
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
3,1%
3,9%
6,4%
8,0%
54,0%
-6,1
-2,4
,3
1,5
18,9
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
Adjusted Residual
Total
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
Total
48,4%
19,1%
15,7%
10,7%
6,1%
100,0%
Tabelas de contingência
Analisando a principal qualidade que um candidato a presidente deve ter, Lula lidera na variável
ajudará mais os pobres. Cabe lembrar que essa é a qualidade mais importante para os eleitores. Para
55% dos eleitores é Lula quem mais tem essa qualidade, seguido de Serra, com 17%, Garotinho, com
!6% e Ciro, com 10%.
O candidato Lula era o que mais conseguia fazer seu eleitorado crer que ele teria a qualidade de fazer
mais pelos mais pobres (96%). Nesse caso, o que aparece em segundo é Garotinho, com 79%, à frente
de Serra (73%) e Ciro (69%).
Cabe destacar que entre os eleitores de Serra, 20% acreditam que Lula tem mais a qualidade.
[ppq2b1] Qualidade: aj udará os mais pobres * [pv3a] Intenção de voto 1° turno Crosstabulation
[pv3a] Intenção de voto 1° turno
José Serra
Garotinho
Ciro Gomes
Branco /Nulo
/Nenhum
95,5%
19,5%
11,3%
17,4%
28,9%
Lula
[ppq 2b1]
Qualidade:
ajudará os
mais
pobres
Lula
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
Adjusted Residual
José Serra
Garotinho
Ciro Gomes
40,7
-17,9
-20,3
-14,3
-5,2
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
1,6%
73,3%
5,1%
6,5%
10,3%
Adjusted Residual
-20,3
37,9
-7,4
-5,3
-1,8
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
1,3%
2,5%
79,4%
6,2%
9,3%
Adjusted Residual
-19,6
-9,1
40,9
-5,0
-1,8
,8%
1,9%
3,3%
66,8%
4,1%
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
Adjusted Residual
Nenhum
Total
-14,8
-6,5
-4,9
37,3
-1,9
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
,9%
2,7%
,9%
3,1%
47,4%
Adjusted Residual
-6,6
-,7
-3,1
-,1
25,2
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
Total
54,7%
16,9%
15,6%
9,5%
3,2%
100,0%
Tabelas de contingência
Ter plano de governo é uma qualidade muito exigida pelos eleitores. Isso chega a ser engraçado, por
que eu acredito (só posso acreditar, porque não tenho dados) que a grande maioria dos eleitores não leu
uma linha sequer dos planos de governo dos candidatos em disputa. não obstante, essa variável ocupo
posição importante na estruturação do voto.
Como em todas as outras variáveis, Lula aparece na frente, com 49%, seguido de Serra, com 22%,
Garotinho, com 16% e Ciro, com 11%.
É nessa variável que os candidatos Garotinho e Ciro conseguem convencer a maior parte de seus
eleitores.
[ppq2b4] Qualidade: plano de governo * [pv3a] Intenção de voto 1° turno Crosstabulation
[pv3a] Intenção de voto 1° turno
José Serra
Garotinho
Ciro Gomes
Branco /Nulo
/Nenhum
92,6%
8,6%
7,4%
7,2%
19,3%
Lula
[ppq 2b4]
Qualidade:
plano de
governo
Lula
Adjusted Residual
José Serra
Garotinho
Ciro Gomes
Nenhum
Total
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
42,9
-20,2
-19,1
-15,9
-5,6
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
4,0%
87,6%
6,3%
7,8%
21,6%
Adjusted Residual
-21,1
40,2
-8,7
-6,5
,0
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
1,4%
,8%
80,9%
5,9%
8,0%
Adjusted Residual
-19,2
-10,2
41,7
-5,1
-2,0
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
1,7%
1,6%
4,5%
75,7%
6,8%
Adjusted Residual
-15,0
-7,8
-5,0
38,7
-1,4
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
,4%
1,4%
,9%
3,4%
44,3%
Adjusted Residual
-6,6
-1,8
-2,4
1,1
25,4
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
Total
48,8%
21,8%
15,5%
11,4%
2,5%
100,0%
Tabelas de contingência
Finalmente, a experiência é a qualidade menos atribuída a Lula por seus próprios eleitores, com 74%.
Ainda assim ele é o candidato que mais tem essa qualidade segundo a maior parte dos eleitores, com
39%. Atrás aparecem Serra, com 29%, Garotinho, com 16% e Ciro com 13%.
Em poucas palavras, mesmo em uma variável que avaliava algo que Lula reconhecidamente não tinha,
ele aparecia na frente, mostrando o peso e a força de sua candidatura junto ao eleitorado. Foi a única
variável em que os eleitores de todos os demais candidatos acreditam mais que o seu candidato é o
mais experiente.
[ppq2b5] Qualidade: experiência * [pv3a] Intenção de voto 1° turno Crosstabulation
[pv3a] Intenção de voto 1° turno
José Serra
Garotinho
Ciro Gomes
Branco /Nulo
/Nenhum
73,9%
8,6%
4,7%
6,2%
10,5%
35,2
-15,7
-16,1
-12,8
-5,7
14,7%
88,3%
11,3%
10,8%
40,0%
Adjusted Residual
-15,4
33,2
-9,1
-7,8
2,4
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
4,0%
,8%
77,3%
4,6%
7,4%
Adjusted Residual
-15,8
-10,6
38,7
-6,0
-2,3
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
5,3%
1,5%
5,6%
75,7%
5,3%
Adjusted Residual
-11,5
-8,8
-5,2
35,4
-2,4
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
2,1%
,8%
1,1%
2,8%
36,8%
-2,6
-3,3
-2,6
-,3
19,6
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
100,0%
Lula
[ppq 2b5]
Qualidade:
experiência
Lula
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
Adjusted Residual
José Serra
Garotinho
Ciro Gomes
Nenhum
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
Adjusted Residual
Total
% within [pv3a] Intenção
de voto 1° turno
Total
38,5%
29,2%
16,0%
13,3%
3,0%
100,0%
Regressões
Para cada candidato foram feitas duas regressões logísticas diferentes. Uma com dummys de
capacidade de resolução de problemas e outra com de qualidades. Em ambas foi acrescentada a
variável instru0 que são cinco faixas de escolaridade, de zero=analfabeto até 4=superior incompleto ou
mais.
Na regressão logística, o resultado é a probabilidade de sucesso de um evento, no caso, o voto no
candidato. Em cada tabela, a constante expressa na última coluna é a probabilidade de um eleitor
analfabeto que acredita que o candidato não tem nenhuma das capacidades ou qualidades votar no
candidato.
Existem algumas maneiras diferentes para se avaliar a qualidade de um modelo. Aqui apresentamos
uma das possibilidade que é o percentual de acerto. O software calcula as probabilidades de cada
eleitor, quando essa probabilidade fica acima de 50% o voto é atribuído ao candidato.
Nas regressões feitas, o percentual de acerto do modelo ficou sempre acima de 89%, chegando a
ultrapassar os 95% em alguns casos. Isso significa que saber quem são os candidatos que os eleitores
julgam mais capazes e qualificados permite um acerto muito elevado no prognóstico.
Nesse caso, mais importante do que saber qual o percentual de acerto, uma vez que sabíamos de
antemão que seria elevado (pela força das correlações entre as variáveis), é saber quais variáveis
aumentam mais a probabilidade de voto nos candidatos.
Para proceder essa análise devemos observar as duas últimas colunas das tabelas de regressão. Se a
significância estiver até 0,05, a variável tem peso, importa para análise. A última coluna da o valor que
se deve multiplicar a probabilidade. Quanto maior o número, mais aumenta a probabilidade de voto.
Ajustes dos modelos - Lula
O percentual de acerto total para Lula foi o mais baixo, porém foi o mais equilibrado.
Capacidade com educação
Qualidade com educação
Classification Tablea
Classification Tablea
Predicted
Vota Lula
Observed
Step 1
Vota Lula
,00
Predicted
Vota Lula
Percentage
Correct
1,00
,00
1533
161
90,5
1,00
149
1158
88,6
Overall Percentage
Observed
Step 1
89,7
a. The cut value is ,500
Vota Lula
,00
Percentage
Correct
1,00
,00
1541
153
91,0
1,00
131
1176
90,0
Overall Percentage
90,5
a. The cut value is ,500
Ajustes dos modelos - Serra
O de Serra foi mais alto que o de Lula, mas com alguma deficiência para acertar os que votam em
Serra.
Capacidade com educação
Qualidade com educação
Classification Tablea
Classification Tablea
Predicted
Vota Serra
Observed
Step 1
Vota Serra
Overall Percentage
a. The cut value is ,500
,00
Predicted
Vota Serra
Percentage
Correct
1,00
,00
2378
74
97,0
1,00
137
411
75,1
93,0
Observed
Step 1
Vota Serra
Overall Percentage
a. The cut value is ,500
,00
Percentage
Correct
1,00
,00
2370
82
96,7
1,00
133
415
75,8
92,8
Ajustes dos modelos - Garotinho
Com Garotinho e Ciro ocorre o mesmo que com Serra. Alto percentual de acerto, mas desequilibrado.
Capacidade com educação
Qualidade com educação
Classification Tablea
Classification Tablea
Predicted
Vota Garotinho
Observed
Step 1
Vota Garotinho
,00
Predicted
Vota Garotinho
Percentage
Correct
1,00
,00
2503
34
98,7
1,00
118
345
74,5
Overall Percentage
Observed
Step 1
94,9
a. The cut value is ,500
Vota Garotinho
,00
Percentage
Correct
1,00
,00
2504
33
98,7
1,00
103
360
77,8
Overall Percentage
95,5
a. The cut value is ,500
Ajustes dos modelos - Ciro
Capacidade com educação
Qualidade com educação
Classification Tablea
Classification Tablea
Predicted
Vota Ciro
Observed
Step 1
Vota Ciro
Overall Percentage
a. The cut value is ,500
,00
Predicted
Vota Ciro
Percentage
Correct
1,00
,00
2621
34
98,7
1,00
115
231
66,8
95,0
Observed
Step 1
Vota Ciro
Overall Percentage
a. The cut value is ,500
,00
Percentage
Correct
1,00
,00
2611
44
98,4
1,00
104
241
69,7
95,1
Regressões - Lula
A regressão logística da capacidade de resolução de problemas de Lula mostra constante no valor
0,033, que significa que um eleitor analfabeto, que acha que o Lula não tem nenhuma capacidade tem
probabilidade de 3,3% de votar nele. Todas as variáveis são significantes, inclusive a instrução. Cada
nível a mais de escolaridade representa um acréscimo de 25% na probabilidade.
As variáveis que mais aumentam a probabilidade de voto em Lula são a capacidade de resolver o
desemprego (271,4%) e a capacidade para resolver a fome e a miséria (162,4%).
Na regressão das qualidades e características a probabilidade da constante é 2,8%. A instrução também
é significativa e fez aumentar 15% a probabilidade a cada nível. A variável com mais peso, que mais
faz aumentar a probabilidade de voto nele é o plano de governo (418,9%), seguido de fará mais pelos
mais pobres (223,3%). A variável tem experiência de governo é a única não significante a 0,05. A
variável defenderá os banqueiros faz a probabilidade cair 46,3%.
Regressão logística da capacidade Lula
Regressão logística das qualidades e características do Lula
Variables in the Equation
B
Step
a
1
S.E.
Wald
Variables in the Equation
df
Sig .
Exp(B)
LULA1
1,312
,175
55,914
1
,000
3,714
LULA2
,529
,184
8,262
1
,004
1,698
LULA3
,527
,180
8,621
1
,003
LULA4
,916
,179
26,076
1
,000
LULA5
,458
,192
5,686
1
LULA6
,965
,185
27,292
LULA7
,831
,198
,223
-3,408
INSTRU0
Constant
B
S.E.
Wald
df
Sig .
Exp(B)
LULA1Q
1,173
,206
32,370
1
,000
3,233
LULA2Q
,948
,215
19,426
1
,000
2,581
1,694
LULA3Q
1,004
,189
28,246
1
,000
2,728
2,499
LULA4Q
1,646
,183
80,959
1
,000
5,189
,017
1,581
LULA5Q
,296
,191
2,411
1
,121
1,345
1
,000
2,624
LULA6Q
-,622
,180
11,895
1
,001
,537
17,605
1
,000
2,295
LULA7Q
,966
,191
25,488
1
,000
2,628
,063
12,606
1
,000
1,250
INSTRU0
,139
,065
4,595
1
,032
1,150
,181
355,191
1
,000
,033
Constant
-3,577
,198
327,072
1
,000
,028
a. Variable(s) entered on step 1: LULA1, LULA2, LULA3, LULA4, LULA5, LULA6, LULA7,
INSTRU0.
Step
a
1
a. Variable(s) entered on step 1: LULA1Q, LULA2Q, LULA3Q, LULA4Q, LULA5Q, LULA6Q,
LULA7Q, INSTRU0.
Regressões - Serra
Para Serra, as regressões mostram aspectos diferentes. O primeiro a chamar a atenção é a não
significância da instrução nos dois modelos. Ou seja, considerando esses modelos, a escolaridade não
teve qualquer peso no voto em Serra. Na regressão da capacidade de resolução de problemas, a
constante é 0,031, ou seja probabilidade de 3,1% de voto em Serra do analfabeto que acredita que
Serra não tem capacidade. A variável tem capacidade para resolver o aumento das tarifas não é
significante. As variáveis com maior peso, com maior influência no aumento da probabilidade são a
capacidade de resolver o desemprego (299,9%) e não vai colocar em risco a estabilidade (181,5%).
Na regressão das qualidades a constante é de 0,036 e as variáveis mais influentes são tem bom plano
de governo (291,5%) e trará tranqüilidade e união para o país (239,2%). A questão dos ricos e
banqueiros é significante e faz a probabilidade cair 30,4%.
Regressão logística da capacidade do Serra
Regressão logística das qualidades e características do Serra
Variables in the Equation
Variables in the Equation
B
Step
a
1
S.E.
Wald
df
Sig .
B
Exp(B)
Wald
df
Sig .
Exp(B)
,770
,229
11,336
1
,001
2,159
SERRA2Q
,614
,235
6,813
1
,009
1,848
2,815
SERRA3Q
1,124
,213
27,986
1
,000
3,078
,000
2,245
SERRA4Q
1,365
,227
36,208
1
,000
3,915
,000
2,484
SERRA5Q
,627
,216
8,409
1
,004
1,871
-,362
,165
4,813
1
,028
,696
1,386
,215
41,599
1
,000
3,999
SERRA2
,206
,236
,764
1
,382
1,229
SERRA3
1,035
,206
25,151
1
,000
SERRA4
,809
,219
13,585
1
SERRA5
,910
,206
19,545
1
Step
a
1
S.E.
SERRA1Q
SERRA1
,551
,243
5,140
1
,023
1,735
SERRA6Q
SERRA7
,956
,218
19,295
1
,000
2,601
SERRA7Q
1,222
,209
34,075
1
,000
3,392
INSTRU0
-,077
,076
1,036
1
,309
,926
INSTRU0
-,054
,075
,511
1
,475
,948
Constant
-3,466
,197
310,416
1
,000
,031
Constant
-3,328
,193
297,410
1
,000
,036
SERRA6
a. Variable(s) entered on step 1: SERRA1, SERRA2, SERRA3, SERRA4, SERRA5, SERRA6,
SERRA7, INSTRU0.
a. Variable(s) entered on step 1: SERRA1Q, SERRA2Q, SERRA3Q, SERRA4Q, SERRA5Q,
SERRA6Q, SERRA7Q, INSTRU0.
Regressões - Garotinho
Na primeira equação, que leva em conta a capacidade de resolução de problemas, a escolaridade é
significante e cada nível a mais representa em uma queda de 21,8% na probabilidade de voto. Por isso
a probabilidade de um voto de um analfabeto que considera que Garotinha não tinha nenhuma das
capacidades é a mais alta de todos os modelos (5,5%). Não foi significante a variável aumento das
tarifas. As vaiáveis de maior peso foram não colocará em risco a estabilidade econômica (434,7%) e
combate à fome e pobreza (256,9%).
Na outra equação a escolaridade, a experiência e a defesa dos ricos e banqueiros não são significantes.
A mais importante é a sensatez e o equilíbrio (700,4%) e o plano de governo (306,2%)
Regressão logística da capacidade do Garotinho
Regressão logística das qualidades do Garotinho
Variables in the Equation
Variables in the Equation
B
Step
a
1
S.E.
Wald
df
Sig .
B
Exp(B)
GAROT1
1,243
,298
17,400
1
,000
3,464
GAROT2
,425
,312
1,858
1
,173
1,530
Step
a
1
S.E.
Wald
df
Sig .
Exp(B)
GAROT1Q
1,080
,296
13,305
1
,000
2,945
GAROT2Q
1,011
,325
9,669
1
,002
2,749
2,080
,251
68,680
1
,000
8,004
GAROT3
1,677
,268
39,228
1
,000
5,347
GAROT3Q
GAROT4
,594
,287
4,275
1
,039
1,812
GAROT4Q
1,402
,313
20,048
1
,000
4,062
GAROT5
,909
,323
7,951
1
,005
2,483
GAROT5Q
,292
,320
,830
1
,362
1,339
GAROT6
1,272
,306
17,275
1
,000
3,569
GAROT6Q
,119
,289
,170
1
,681
1,126
GAROT7
,920
,300
9,401
1
,002
2,509
GAROT7Q
,986
,290
11,587
1
,001
2,681
,782
INSTRU0
-,147
,094
2,431
1
,119
,863
,055
Constant
-3,372
,221
232,104
1
,000
,034
INSTRU0
Constant
-,245
-2,906
,091
,199
7,279
213,035
1
1
,007
,000
a. Variable(s) entered on step 1: GAROT1, GAROT2, GAROT3, GAROT4, GAROT5, GAROT6,
GAROT7, INSTRU0.
a. Variable(s) entered on step 1: GAROT1Q, GAROT2Q, GAROT3Q, GAROT4Q, GAROT5Q,
GAROT6Q, GAROT7Q, INSTRU0.
Regressões - Ciro
Finalmente, para Ciro, a escolaridade não é significante em ambos os modelos. No primeiro também
não são significantes as variáveis aumento das tarifas e crime e violência. As mais importantes para
aumentar a probabilidade de voto em Ciro são melhorar assistência médica (272,1%) e a educação
(248,4%).
Na outra equação a variável defenderá ricos e banqueiros não é significante a 0,05. As variáveis que
mais aumentam a probabilidade de voto em Ciro são trará tranqüilidade e união para o país (522,1%)
e sensato e equilibrado (187,1%).
Regressão logística da capacidade do Ciro
Regressão logística das qualidades e características do Ciro
Variables in the Equation
B
Step
a
1
S.E.
Wald
Variables in the Equation
df
Sig .
Exp(B)
CIRO1
1,196
,300
15,927
1
,000
3,308
CIRO2
,430
,342
1,588
1
,208
1,538
CIRO3
1,222
,285
18,403
1
,000
CIRO4
,374
,335
1,245
1
CIRO5
1,314
,299
19,337
1
CIRO6
,686
,322
4,544
CIRO7
1,248
,294
,015
-3,478
INSTRU0
Constant
B
S.E.
Wald
df
Sig .
Exp(B)
CIRO1Q
,818
,336
5,916
1
,015
2,267
CIRO2Q
,926
,335
7,655
1
,006
2,523
3,395
CIRO3Q
1,055
,312
11,462
1
,001
2,871
,265
1,453
CIRO4Q
,829
,355
5,458
1
,019
2,291
,000
3,721
CIRO5Q
,851
,303
7,870
1
,005
2,342
1
,033
1,987
CIRO6Q
-,444
,263
2,859
1
,091
,642
18,001
1
,000
3,484
CIRO7Q
1,828
,288
40,166
1
,000
6,221
,088
,029
1
,864
1,015
INSTRU0
,076
,087
,750
1
,387
1,078
,214
264,292
1
,000
,031
-3,599
,220
267,507
1
,000
,027
a. Variable(s) entered on step 1: CIRO1, CIRO2, CIRO3, CIRO4, CIRO5, CIRO6, CIRO7,
INSTRU0.
Step
a
1
Constant
a. Variable(s) entered on step 1: CIRO1Q, CIRO2Q, CIRO3Q, CIRO4Q, CIRO5Q, CIRO6Q,
CIRO7Q, INSTRU0.
Conclusões
Os coeficientes das regressões mostram que para cada candidato variáveis diferentes tiveram maior
peso no aumento da probabilidade de voto. A capacidade de resolver o desemprego foi mais forte para
Lula e Serra. A não ameaça à estabilidade econômica foi mais importante para Serra e Garotinho. Ciro
se diferenciou e viu aumentar sua probabilidade de voto entre os que acreditavam que ele era o mais
capaz de resolver os problemas da saúde e da educação. Outro ponto forte para Lula foi a capacidade
de resolver a fome e a miséria. No caso das capacidades de resolução de problemas, a instrução foi
significante apenas para Lula (positivamente) e para Garotinho (negativamente).
Nas regressões de qualidades, as mais importantes para os candidatos foram o plano de governo, para
Lula, Serra e Garotinho; sensatez e equilíbrio, para Ciro e Garotinho; tranqüilidade e união para o país,
para Serra e Ciro. O diferencial mais uma vez ficou para Lula que teve como principal variável a
qualidade de fazer mais pelos mais pobres (que é a mais importante) e com escolaridade significante.
Esse breve texto com muitos gráficos e tabelas mostrou que algumas variáveis podem ser encaradas
como atalhos de informação.
Lula: resolve o desemprego e governa para os pobres
Serra: manterá a estabilidade econômica
Ciro é capaz em políticas públicas: saúde e educação
Garotinho tem mais força entre os menos escolarizados e trará paz e tranqüilidade.
O fato de Lula ter vencido à eleição pode ter sido decorrência da crença em sua capacidade de resolver
o principal problema nacional e por ter a qualidade que era considerada e mais importante.
Ainda persiste a dúvida, o eleitor escolhe o candidato e lhe atribui as qualidades ou escolhe as
qualidade e lhes atribui ao candidato. Esse dúvida tem de ser sanada.
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José Paulo Martins (Ciência Política, USP)