Gustavo Moreno/CB/D.A Press - 12/4/11
NUTRIÇÃO ESPORTIVA
Pequena
superpoderosa
Fruta rica em ferro,
potássio, fósforo e
vitaminas B, C e E,
o açaí, conhecido
como uma bomba
energética, ajuda
também na
recuperação após
as atividades
físicas.
Nutricionistas
alertam, porém,
que é preciso
cuidado no
consumo
O meia Adrianinho, do
Brasiliense, aprendeu a
apreciar a fruta quando jogava
no Pará: “É muito gostoso. Se
pudesse, tomava todos os dias”
F
oi durante os cinco meses
em que jogou no Pará, pelo
Paysandu, em 2004, que o
meia Adrianinho, atualmente no Brasiliense, se encantou
pelo açaí. Não esse, tomado com
outras frutas e uma quantidade
exagerada de leite condensado.
Mas o puro, batido somente com
açúcar e que aceita no máximo o
acompanhamento de flocos de tapioca e de farinha d’água. “É muito gostoso. Se pudesse, tomava todos os dias. O problema é que ele
pesa no estômago, provoca uma
moleza, é igual a feijoada. Não dá
para comer sempre. Então, tomo
depois do almoço, umas quatro
horas antes do treino para fazer a
digestão”, conta o jogador.
A indicação foi das “tias da cozinha” — como chama Adrianinho
— do clube paraense. Elas batiam
a fruta e davam aos jogadores ao
fim dos treinos. Lá, o alimento tinha restrição: só podia ser tomado
depois das atividades físicas. Antes
dos jogos, então, nem pensar.
A sabedoria popular se encaixa
com a recomendação dos especialistas. “Se você tomar o açaí
próximo ao horário do treino, ele
vai pesar no seu estômago”, diz o
nutricionista Victor Guerra. Ele
recomenda a ingestão, no mínimo, uma hora antes dos exercícios. “Assim, dá para tomar 500ml
tranquilo”, afirma.
O açaí é um alimento rico em
minerais — principalmente ferro,
potássio e fósforo — e em vitaminas B, C e E. Ainda possui 30 vezes mais antocianina que o vinho
tinto. A substância tem ação antioxidante e ajuda na recuperação
após as atividades físicas. “Durante o treino, há uma grande produção de radicais livres, que geram
danos aos músculos. Parte da dor
tardia é causada por eles e não só
pelo ácido lático”, explica o nutricionista Renato França. “E quando você joga um antioxidante potente, como o açaí, esses danos
são amenizados.”
Casado com uma paraense,
Adrianinho não reclama da visita
dos sogros. Afinal, é da ponte-aérea Pará-Brasília que vêm os dois
litros mensais do “verdadeiro” açaí.
A quantidade, entretanto, nem dura uma semana na casa do jogador.
“Sempre vai alguém tomar. A sorte
é que eu descobri uma mulher que
vende o açaí do Pará na Feira do
Guará.Vou lá todo sábado”, conta o
meia do Brasiliense.
O consumo, no entanto, exige
cautela. Por ser uma fruta muito
energética e calórica (100g de açaí
puro possuem 247 calorias), é preciso ficar atento aos complementos,
como leite condensado, açúcar e
mel. O interessante, de acordo com
Victor Guerra, é adoçá-lo com a
própria granola, que já contém açúcar, ou com açúcar mascavo. “Apesar de ser muito calórico, a gordura
é boa (HDL) e reduz o colesterol
ruim (LDL)”, ressalta Guerra.
Saiba mais
247
Número de calorias em 100g
de açaí puro
Antioxidante
Esse pigmento natural, além de
conferir ao fruto a característica
cor roxa, possui ação
antioxidante, utilizada no
combate aos radicais livres e à
degeneração das células.
Apesar de o açaí ser
muito calórico, a
gordura é boa e reduz
o colesterol ruim”
Victor Guerra, nutricionista
O açaí é rico em gordura HDL
(Lipoproteína de Alta Densidade),
considerada boa, pois retira o
colesterol ruim LDL (Lipoproteína
de Baixa Densidade) das artérias e
leva para ser metabolizado no
fígado. Por ser uma partícula muito
pequena e densa, o LDL torna-se
um vilão porque acaba se
depositando nas artérias e
causando doenças cardiovasculares.
Monique Renne/Esp. CB/D.A Press - 29/4/07
Pouca proteína
Apesar de todo o seu potencial, o açaí não substitui as refeições. De acordo com o nutricionista esportivo Renato França, a
fruta é uma ótima pedida depois
do treino para repor a energia que
foi gasta durante o exercício físico, mas não representa uma
grande fonte de proteína. “Para
repor isso, o atleta pode bater o
açaí com uma proteína de suplementação ou complementando a
alimentação com um sanduíche
de frango ou atum, fontes de proteína”, indica.
Para o atleta que quer ganhar
massa muscular, o nutricionista
orienta: “A ingestão do açaí, misturado com granola, não é muito
interessante depois do treino porque as fibras vão retardar a chegada desse nutriente ao estômago. Já se a pessoa quer emagrecer,
não vai ter problema”, ressalta
Guerra.
É preciso ficar atento também
à alimentação pré-treino. Se a
fruta for adoçada com muito xarope de guaraná, por exemplo,
pode causar a hipoglicemia de rebote. Isso ocorre quando a taxa
de açúcar no sangue se eleva (hiperglicemia) e o pâncreas produz
muita insulina para colocá-la em
níveis normais, gerando a hipoglicemia. Essa queda brusca pode
causar tonturas, fraqueza e até levar o indivíduo a desmaiar.
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