Desordem rara durante e após a gestação,
Cardiomiopatia Periparto é uma complicação
cardíaca que pode permanecer até cinco meses
após o parto
Inflamação do músculo cardíaco, a doença apresenta sintomas de
insuficiência cardíaca que podem ser confundidos com os da gravidez
Embora seja rara, a Cardiomiopatia Periparto (CMPP) ainda é uma das
principais causas de morbidade e mortalidade materna no mundo. Nos
Estados Unidos e no Canadá, a incidência é de 1 em cada 1500 partos.
“Na maioria dos casos, o diagnóstico ainda é impreciso, uma vez que
os sintomas de insuficiência cardíaca podem ser confundidos com os da
gravidez. Geralmente, a doença surge no último mês de gestação ou até
cinco meses após o parto”, explica o cardiologista Bruno Valdigem.
A cardiomiopatia periparto é uma desordem rara associada com a
gravidez, quando ocorre uma miocardite, inflamação do músculo
cardíaco. O coração dilata e enfraquece, levando a sintomas de
insuficiência cardíaca, redução do fluxo sanguíneo e aumento da pressão
arterial.
A insuficiência cardíaca é uma condição em que o coração é incapaz de
bombear o sangue a uma taxa suficiente para atender as demandas do
corpo. Contribuem para o surgimento de uma insuficiência cardíaca
fatores como hipertensão arterial, ataque cardíaco, disfunção da válvula
cardíaca, exposição a toxinas, como o álcool ou quimioterapia, diabetes
mellitus, obesidade e doença renal crônica.
Durante a gravidez, vários hormônios são liberados, a partir do útero,
para os rins, o coração, os pulmões e na circulação sanguínea, muitas
vezes estimulando e alterando o funcionamento normal do coração.
Além disso, a doença também pode estar relacionada à dieta, ao estilo
de vida e outras condições médicas, inclusive genéticas e características
fenotípicas de outras formas de cardiomiopatia não-isquêmica aguda.
A maioria das mulheres afetadas pode recuperar sua função cardíaca
normal já no primeiro ano após a detecção da doença. Em muitos casos,
o tratamento com medicamentos pode estabilizar os sintomas. No
entanto, ainda que recuperada a condição cardíaca, há o risco de o
problema com o miocárdio ocorrer novamente em outra gravidez. Se
doença progredir para insuficiência cardíaca grave, há a probabilidade
de transplante cardíaco ou implante de um cardiodesfibrilador
implantável (CDI).
“Em quase metade das mulheres diagnosticadas, não há uma
recuperação completa, permanecendo a cardiomiopatia dilatada crônica.
Nestes casos, o médico pode indicar o implante de um CDI, se a
paciente continua a ter arritmias graves ou se a função cardíaca
permanece significativamente reduzida”, diz o cardiologista, membro da
Sociedade Brasileira de Cardiologia.
Sintomas
Portadoras de cardiomiopatia periparto sentem cansaço devido a
esforços, dificuldade de respirar mesmo em repouso, chiado no peito,
inchaço nas pernas, palpitações, tonturas, coração acelerado, fadiga e
retenção de fluidos.
Esses sintomas podem ser confundidos, deixando em dúvida o
diagnóstico – se é próprio da gravidez ou se há outras complicações
cardíacas, entre elas a cardiomiopatia periparto.
Em condições normais de gravidez, são comuns as alterações
cardiovasculares. Há o aumento do fluxo sanguíneo em mais de 40%,
decorrente do desenvolvimento do bebê. A frequência cardíaca sobre em
média de 75 batimentos por minuto antes da gravidez para cerca de 90
batimentos/minuto no terceiro trimestre. A pressão arterial aumenta
ligeiramente para acomodar o fluxo de sangue. Todas essas alterações
hormonais e fisiológicas têm evolução gradativa ao longo da gestação,
voltando ao normal cerca de seis semanas após o parto.
Fatores de Risco
Os principais fatores de risco associados à cardiomiopatia periparto são
a maior idade materna, a multiparidade (uma ou mais gestações
anteriores), a gravidez multifetal (gêmeos), pressão alta, exposição a
uma toxina (cocaína ou crack, por exemplo) e uso de medicamentos
para evitar parto prematuro.
As evidências apontam para uma probabilidade maior em mulheres
acima de 30 anos, grávidas de gêmeos e que já tenham tido outros
filhos. Mas também pode ocorrer em mulheres jovens e na primeira
gestação.
“Por isso é muito importante o pré-natal e a realização de exames
preventivos detalhados, como Eletrocardiograma, que avalia a
frequência e o ritmo do coração e pode descartar a possibilidade de um
ataque cardíaco. Outros exames físicos e laboratoriais também são
fundamentais, para procurar anemia, infecção ou mesmo para detectar
outras causas de cardiomiopatia, como lúpus e vírus da imunodeficiência
humana (HIV)”, explica Valdigem.
Dr. Bruno Valdigem é doutor em cardiologia pela Universidade Federal de São
Paulo/Escola Paulista de Medicina, tem título de especialista em cardiologia pela
Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) e pelo Instituto Dante Pazzanese de
Cardiologia. Habilitado pelo departamento de estimulação cardíaca artificial da
Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV) e membro atuante na
Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas (SOBRAC).
Site: http://brunovaldigem.com.br
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Janeiro 2015 - Dr. Bruno Valdigem