A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O
COMÉRCIO VAREJISTA: ANÁLISE DO PERÍODO DE 2003 A 2013 NO
BRASIL
Bruno Bassani Barreto
Felipe Casoni de Azevedo Carvalho
Projeto de Graduação apresentado ao Curso de
Engenharia de Produção da Escola Politécnica,
Universidade Federal do Rio de Janeiro, como
parte dos requisitos necessários à obtenção do
título de Engenheiro.
Orientadora: Thereza Cristina Nogueira de Aquino
Rio de Janeiro
Agosto de 2014
A EXPANSÃO DO CONSUMO E SEUS IMPACTOS SOBRE O COMÉRCIO
VAREJISTA: ANÁLISE DO PERÍODO DE 2003 A 2013 NO BRASIL
Bruno Bassani Barreto
Felipe Casoni de Azevedo Carvalho
PROJETO DE GRADUAÇÃO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO CURSO DE
ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA ESCOLA POLITÉCNICA DA UNIVERSIDADE
FEDERAL DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSÁRIOS
PARA A OBTENÇÃO DO GRAU DE ENGENHEIRO DE PRODUÇÃO.
Examinado por:
_____________________________________________________
Profa. Thereza Cristina Nogueira de Aquino, D.Sc. (Orientadora)
_____________________________________________________
Prof. Amarildo da Cruz Fernandes, D.Sc.
_____________________________________________________
Profa. Rosemarie Broker Bone, D.Sc.
RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL
AGOSTO de 2014
ii
Barreto, Bruno Bassani
Carvalho, Felipe Casoni de Azevedo
A Expansão do Consumo e seus Impactos sobre o Comércio
Varejista: Análise do Período de 2003 a 2013 no Brasil / Bruno
Bassani Barreto e Felipe Casoni de Azevedo Carvalho. – Rio de
Janeiro: UFRJ/ ESCOLA POLITÉCNICA, 2014.
XVIII, 117p.: il.; 29,7 cm.
Orientadora: Thereza Cristina Nogueira de Aquino
Projeto de Graduação – UFRJ/ Escola Politécnica/ Curso de
Engenharia de Produção, 2014.
Referências Bibliográficas: p. 99-102
1. Consumo. 2. Comércio Varejista. 3. Modelos Econométricos.
I. Aquino, Thereza Cristina Nogueira de. II. Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Escola Politécnica, Curso de Engenharia de
Produção. III. A Expansão do Consumo e seus Impactos sobre o
Comércio Varejista: Análise do Período de 2003 a 2013 no Brasil.
iii
À nossa família e amigos, pela compreensão,
incentivo e companheirismo.
iv
Agradecimentos
Iniciamos dirigindo os agradecimentos àqueles que mais nos apoiaram durante a realização
deste trabalho.
Exaltamos a nossa grande gratidão à nossa professora e orientadora, Thereza Aquino, pela
sua amizade e dedicação. Sua orientação tornou possível o desenvolvimento deste trabalho.
Agradecemos também ao Corpo Docente do curso de Engenharia de Produção da
Universidade Federal do Rio de Janeiro, cujos ensinamentos serviram de insumos para que
nós pudéssemos nos tornar não só melhores alunos, mas também melhores profissionais e
pessoas.
Aos nossos amigos, em especial aos da turma EP09.1, que seja durante os momentos de
divertimento ou de estudos, estiveram por perto e fizeram com que nossa experiência ao
longo da graduação fosse inesquecível.
Um agradecimento mais que especial para nossas famílias que, independente dos momentos
de alegria ou tristeza, estiveram presentes em nossas vidas, nos apoiando naquilo que
fazemos e queremos fazer, possibilitando que chegássemos até aqui.
Para finalizar, o nosso agradecimento a todos que, de alguma maneira, se fizeram presentes
durante o desenvolvimento do nosso trabalho.
Muito obrigado!
v
“Primeiro eles o ignoram, depois riem de você,
depois lutam com você, e então você vence.”
Gandhi
vi
Resumo do Projeto de Graduação apresentado à Escola Politécnica/ UFRJ como parte
dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Engenheiro de Produção.
A Expansão do Consumo e seus Impactos sobre o Comércio Varejista: Análise do Período de
2003 a 2013 no Brasil
Bruno Bassani Barreto
Felipe Casoni de Azevedo Carvalho
Agosto / 2014
Orientadora: Thereza Cristina Nogueira de Aquino
Curso: Engenharia de Produção
O trabalho apresenta uma análise sobre a expansão do consumo das famílias no Brasil no
período de 2003 a 2013 e os impactos desse fenômeno no comércio varejista. Com base em
um referencial teórico sobre teoria do consumo e os efeitos de medidas de política econômica
no consumo agregado, é realizado um estudo sobre que variáveis macroeconômicas foram
determinantes para essa expansão do consumo das famílias no período considerado e de que
forma isso se refletiu no desempenho do comércio varejista.
Além de traçar um panorama do comportamento das variáveis estudadas, realizando uma
análise qualitativa, o estudo contém também uma análise quantitativa baseada em modelos
econométricos elaborados com as variáveis consideradas mais determinantes para os
fenômenos estudados.
Palavras-chave: Consumo, Comércio Varejista, Modelos Econométricos.
vii
Abstract of Undergraduate Project presumed to POLI/UFRJ as a partial fulfillment of
the requirements for the degree of Engineer.
The Expansion of Consumption and Its Impact on Retail Market: Analysis of the Period
between 2003 and 2013 in Brazil
Bruno Bassani Barreto
Felipe Casoni de Azevedo Carvalho
August / 2014
Advisor: Thereza Cristina Nogueira de Aquino
Course: Industrial Engineering
This paper presents an analysis about the expansion of families’ consumption in Brazil during
the period between 2003 and 2013 and the impacts of these phenomenons on retail market.
According to one theoretical about consumption’s theory and the effects of economical
policies on aggregate consumption, it is developed a study on macroeconomic variables that
were crucial to this expansion of families’ consumption during the period considered and
how this was reflected in the performance of the retail commerce.
Besides showing an overview of the behavior of the variables studied, performing a
qualitative analysis, the study also contains a quantitative analysis which is based on
econometrical models designed with the variables considered most important for the
phenomenons studied.
Keywords: Consumption, Retail Commerce, Econometrical Models
viii
SUMÁRIO
1.
2.
INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1
1.1.
APRESENTAÇÃO ..................................................................................................... 1
1.2.
OBJETO DE ESTUDO ............................................................................................... 1
1.3.
OBJETIVOS................................................................................................................ 2
1.4.
JUSTIFICATIVA DO TEMA ..................................................................................... 2
1.5.
DELIMITAÇÃO DO ESTUDO ................................................................................. 3
1.6.
MÉTODO .................................................................................................................... 3
1.7.
ESTRUTURA DO TRABALHO ................................................................................ 4
REFERENCIAL TEÓRICO........................................................................................... 5
2.1.
TEORIA DO CONSUMO .......................................................................................... 5
2.1.1.
A função consumo ......................................................................................................... 6
2.1.2.
O Modelo Ciclo de Vida e A Teoria da Renda Permanente (TRP) .......................... 9
2.1.2.1.
O Modelo Intertemporal de Fisher ......................................................................... 9
2.1.2.2.
O Modelo Ciclo de Vida de Modigliani ................................................................ 11
2.1.2.3.
A Teoria da Renda Permanente (TRP) de Friedman ............................................ 12
2.1.2.4.
O Modelo Hall-Flavin ........................................................................................... 12
2.1.3.
O Modelo Híbrido de Campbell-Mankiw ................................................................. 13
2.1.4.
Aplicações aos Dados do Brasil .................................................................................. 13
2.1.5.
Conclusões ................................................................................................................... 14
2.2.
POLÍTICA ECONÔMICA E SEUS EFEITOS SOBRE O CONSUMO ................. 15
2.2.1.
Taxa de Juros e seus Efeitos sobre o Consumo: os Mecanismos de Transmissão de
Política Monetária ...................................................................................................................... 16
2.2.1.1.
Canal do Crédito................................................................................................... 16
2.2.1.2.
Canal do Valor dos Ativos .................................................................................... 17
2.2.1.3.
Canal do Câmbio .................................................................................................. 18
ix
2.2.1.4.
Canal das Taxas de Juros ..................................................................................... 19
2.2.1.5.
Canal das Expectativas Inflacionárias ................................................................. 20
2.2.1.6.
Conclusões ............................................................................................................ 21
2.2.2.
3.
4.
5.
Disponibilidade de Crédito e seus Efeitos sobre o Consumo ................................... 22
A ESTRUTURA DO COMÉRCIO BRASILEIRO .................................................... 24
3.1.
DEFINIÇÃO DE COMÉRCIO ................................................................................. 24
3.2.
A RELEVÂNCIA DO COMÉRCIO BRASILEIRO ................................................ 25
3.3.
OS ÍNDICES E SEGMENTOS DO COMÉRCIO VAREJISTA BRASILEIRO ..... 28
3.3.1.
Índice de volume de vendas ........................................................................................ 29
3.3.2.
Índice de volume de vendas por segmento ................................................................ 31
3.3.3.
A contribuição dos segmentos para o índice de volume de vendas ......................... 32
O CONSUMO DAS FAMÍLIAS................................................................................... 35
4.1.
DEFINIÇÃO E RELEVÂNCIA DO CONSUMO DAS FAMÍLIAS ....................... 35
4.2.
CARACTERIZAÇÃO DAS DESPESAS DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS ......... 38
PANORAMA DAS VARIÁVEIS MACROECONÔMICAS MAIS RELEVANTES
PARA O CONSUMO DAS FAMÍLIAS ENTRE 2003 E 2013 .......................................... 41
6.
5.1.
PIB............................................................................................................................. 41
5.2.
INFLAÇÃO ............................................................................................................... 42
5.3.
EMPREGO ................................................................................................................ 44
5.4.
RENDA ..................................................................................................................... 47
5.5.
TAXA DE JUROS .................................................................................................... 49
5.6.
CRÉDITO.................................................................................................................. 52
5.7.
TRANSFERÊNCIA DE RENDA ............................................................................. 54
5.8.
DESONERAÇÃO FISCAL ...................................................................................... 56
PANORAMA DOS SEGMENTOS DO VAREJO AMPLIADO ENTRE 2003 E
2013.......................................................................................................................................... 60
6.1.
COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES .................................................................. 61
x
6.2.
SUPERMERCADOS,
HIPERMERCADOS,
PRODUTOS
ALIMENTÍCIOS,
BEBIDAS E FUMO ............................................................................................................ 62
6.3.
VESTUÁRIO, CALÇADOS E TECIDOS ............................................................... 63
6.4.
MÓVEIS E ELETRODOMÉSTICOS ...................................................................... 63
6.5.
ARTIGOS
FARMACÊUTICOS,
MÉDICOS,
ORTOPÉDICOS,
DE
PERFUMARIA E COSMÉTICOS ...................................................................................... 64
6.6.
EQUIPAMENTOS E MATERIAIS PARA ESCRITÓRIO, INFORMÁTICA E
COMUNICAÇÃO ............................................................................................................... 64
7.
6.7.
LIVROS, JORNAIS, REVISTAS E PAPELARIA .................................................. 65
6.8.
OUTROS ARTIGOS DE USO PESSOAL E DOMÉSTICOS ................................. 65
6.9.
VEÍCULOS E MOTOS, PARTES E PEÇAS ........................................................... 66
6.10.
MATERIAL DE CONSTRUÇÃO ........................................................................ 67
6.11.
PANORAMA DO SETOR VAREJISTA NOS ANOS DE 2003 E 2004 ............. 68
6.11.1.
Ano de 2003 ................................................................................................................. 68
6.11.2.
Ano de 2004 ................................................................................................................. 69
MÉTODO
DE
ELABORAÇÃO
E
APRESENTAÇÃO
DOS
MODELOS
ECONOMÉTRICOS ............................................................................................................. 71
7.1.
BASE TEÓRICA ESTATÍSTICA ............................................................................ 71
7.1.1.
Regressão linear simples ............................................................................................. 71
7.1.2.
Método dos mínimos quadrados ................................................................................ 72
7.2.
7.1.2.1.
Coeficiente de regressão ....................................................................................... 73
7.1.2.2.
Testes de hipóteses ................................................................................................ 74
7.1.2.3.
Pressupostos do método dos mínimos quadrados ................................................. 76
ELABORAÇÃO DOS MODELOS .......................................................................... 79
7.2.1.
Esclarecimentos sobre as regressões.......................................................................... 80
7.2.1.1.
Quanto às observações ......................................................................................... 80
7.2.1.2.
Quanto aos modelos a serem apresentados .......................................................... 80
xi
7.2.1.3.
Quanto à validação dos pressupostos ................................................................... 80
7.2.1.4.
Quanto aos cálculos das regressões e seus pressupostos ..................................... 81
7.3.
8.
7.3.1.
Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB x Consumo das Famílias ....................... 82
7.3.2.
Consumo das Famílias x Renda Disponível Bruta ................................................... 85
7.3.3.
Consumo das Famílias x Crédito Concedido a Pessoas Físicas .............................. 88
7.3.4.
Consumo das Famílias x Taxa de Juros .................................................................... 91
CONCLUSÃO ................................................................................................................ 95
8.1.
9.
RESULTADOS DOS MODELOS............................................................................ 82
SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS .......................................................... 97
REFERÊNCIAS ............................................................................................................. 99
APÊNDICE I - VARIAÇÃO DO ÍNDICE DE VOLUME DE VENDAS DO VAREJO
ENTRE 2003 E 2013 ............................................................................................................ 103
APÊNDICE II - CRESCIMENTO REAL DO PIB ENTRE 1995 E 2013 ...................... 104
APÊNDICE III - TAXA MÉDIA DE CÂMBIO ENTRE 2003 E 2013........................... 105
APÊNDICE IV - TAXA DE DESEMPREGO ENTRE 2003 E 2013 .............................. 106
APÊNDICE V - POPULAÇÃO EM IDADE ATIVA ENTRE 2003 E 2013 .................. 107
APÊNDICE VI - POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA ENTRE 2003 E 2013 ...
........................................................................................................................................ 108
APÊNDICE VII - POPULAÇÃO OCUPADA ENTRE 2003 E 2013.............................. 109
APÊNDICE VIII - TAXA SELIC MÉDIA ENTRE 2003 E 2013 ................................... 110
APÊNDICE IX - RENDIMENTO REAL ENTRE 2002 E 2013 ..................................... 111
APÊNDICE X - SALÁRIO MÍNIMO ENTRE 2002 E 2013 ........................................... 112
APÊNDICE XI - CRÉDITO PARA PESSOAS FÍSICAS ENTRE 2002 E 2013 ........... 113
APÊNDICE XII - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO COMÉRCIO X CONSUMO
114
APÊNDICE XIII - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X RENDA 115
xii
APÊNDICE XIV - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X CRÉDITO ..
........................................................................................................................................ 116
APÊNDICE XV - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X JUROS ... 117
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Modelo Ciclo de Vida de Modigliani...................................................................... 11
Figura 2 - Transmissão da Política Monetária pelo Canal do Crédito ..................................... 17
Figura 3 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Valor dos Ativos - "Efeito
Riqueza" ................................................................................................................................... 17
Figura 4 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Valor dos Ativos - Modificações
nos Balanços de Instituições Financeiras ................................................................................. 18
Figura 5 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Câmbio Via Alterações nas
Exportações Líquidas ............................................................................................................... 18
Figura 6 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Câmbio Via Alterações nos
Preços dos Tradables ............................................................................................................... 19
Figura 7 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Taxas de Juros – Efeitos sobre o
Investimento Agregado ............................................................................................................ 19
Figura 8 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Taxas de Juros - Efeitos sobre o
Consumo Agregado ................................................................................................................. 20
Figura 9 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Expectativas Inflacionárias .... 21
Figura 10 - Mecanismos de Transmissão da Política Monetária ............................................. 21
xiv
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 - Indicadores do Setor de Comércio Brasileiro em 2011 .......................................... 25
Tabela 2- Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB - 2003 a 2013 ......................................... 27
Tabela 3 - PIB do Brasil em 2013 - Ótica da Oferta ................................................................ 27
Tabela 4 - Segmentos do Comércio Varejista Ampliado......................................................... 29
Tabela 5 - Crescimento Médio do Volume de Vendas por Segmento do Varejo Ampliado 2005 a 2013 .............................................................................................................................. 32
Tabela 6 - Contribuição de cada Segmento no Índice de Volume de Vendas do Varejo
Ampliado - 2006 a 2013 .......................................................................................................... 33
Tabela 7 - Segmentos com Maior Contribuição ao Crescimento do Volume de Vendas do
Varejo Ampliado ...................................................................................................................... 34
Tabela 8 - PIB Brasileiro em 2013 - Ótica da Demanda ......................................................... 36
Tabela 9 - Participação do Consumo das Famílias no PIB - 2003 a 2013 ............................... 37
Tabela 10 - Despesas de Consumo das Famílias que Afetam cada Segmento do Comércio
Varejista Ampliado .................................................................................................................. 40
Tabela 11 - Média de Crescimento Real do PIB - 1995 a 2013 .............................................. 42
Tabela 12 - Série Histórica do IPCA - 2003 a 2013 ................................................................ 43
Tabela 13 - Inflação Anual Média por Governo - 2003 a 2013 ............................................... 43
Tabela 14 - Taxa de Câmbio Comercial para Compra de Dólar (R$ / US$) - 2003 a 2013 .... 44
Tabela 15 - Série Histórica da Taxa Média de Desemprego - 2003 a 2013 ............................ 45
Tabela 16 - Média da Taxa de Desemprego por Governo ....................................................... 45
Tabela 17 - Proporção Média de População Ocupada/População em Idade Ativa - 2003 a
2013.......................................................................................................................................... 46
Tabela 18 - Variação da Média da PO/PIA entre o Último e o Primeiro Ano de cada Governo
.................................................................................................................................................. 46
Tabela 19 - Variação Média Anual do Rendimento Real - 2003 a 2013 ................................. 47
Tabela 20 - Média da Variação Anual do Rendimento Real por Governo .............................. 48
Tabela 21 - Variação Real da Média do Salário Mínimo - 2003 a 2013 ................................. 49
Tabela 22 - Variação Média Anual Real do Salário Mínimo por Governo ............................. 49
Tabela 23 - Média da Taxa Selic no Ano - 2003 a 2013 ......................................................... 51
Tabela 24 - Média da Taxa Selic por Governo ........................................................................ 51
Tabela 25 - Variação Real ao Ano do Montante de Crédito Concedido a Pessoas Físicas –
2003 a 2013 .............................................................................................................................. 53
xv
Tabela 26 - Média da Variação Real ao Ano do Montante de Crédito Concedido a Pessoas
Físicas por Governo ................................................................................................................. 54
Tabela 27 - Valor Total dos Benefícios do Bolsa Família e Número de Famílias Beneficiadas
- 2004 a 2013 ........................................................................................................................... 55
Tabela 28 - Variação Real ao Ano do Benefício Médio por Família - 2005 a 2013 ............... 55
Tabela 29 - Média por Governo da Variação Real do Benefício Médio por Família .............. 56
Tabela 30 - Estimativas de Desonerações Fiscais Instituídas entre 2010 e 2013 .................... 57
Tabela 31 - Variação Real ao Ano do PIB e do Consumo das Famílias - 2010 a 2013 .......... 59
Tabela 32 - Crescimento Médio Anual do Índice de Volume de Vendas por Segmento do
Varejo Ampliado entre 2005 a 2013 ........................................................................................ 60
Tabela 33 - Crescimento do Volume de Vendas
por Segmento do Varejo Ampliado,
Variação do Rendimento Real e Taxa de Desemprego entre 2005 a 2013 .............................. 61
Tabela 34 - Crescimento do Volume de Vendas de Combustíveis e Lubrificantes - 2005 a
2013.......................................................................................................................................... 62
Tabela 35 - Inflação Anual de Alimentos e Bebidas vs IPCA - 2005 a 2013.......................... 63
Tabela 36 - Crescimento do Volume de Vendas de Supermercados, Hipermercados, Produtos
Alimentícios, Bebidas e Fumo – 2005 a 2013 ......................................................................... 63
Tabela 37 - Crescimento do Volume de Vendas de Vestuário, Calçados e Tecidos - 2005 a
2013.......................................................................................................................................... 63
Tabela 38 - Crescimento do Volume de Vendas de Móveis e Eletrodomésticos .................... 64
Tabela 39- Crescimento do Volume de Vendas de Artigos farmacêuticos, médicos,
ortopédicos, de perfumaria e cosméticos – 2005 a 2013 ......................................................... 64
Tabela 40 - Crescimento do Volume de Vendas de Equipamentos e Materiais para Escritório,
Informática e Comunicação – 2005 a 2013 ............................................................................. 65
Tabela 41 - Crescimento do Volume de Vendas de Livros, Jornais, Revistas e Papelaria –
2005 a 2013 .............................................................................................................................. 65
Tabela 42 - Crescimento do Volume de Vendas de Outros Artigos de Uso Pessoal e
Domésticos – 2005 a 2013 ....................................................................................................... 66
Tabela 43 - Crescimento do Volume de Vendas de Veículos e Motos, Partes e Peças – 2005 a
2013.......................................................................................................................................... 66
Tabela 44 - Crédito Direcionado ao Financiamento de Veículos de Pessoas Físicas - 2007 a
2013.......................................................................................................................................... 67
Tabela 45 - Crescimento do Volume de Vendas de Material de Construção – 2005 a 2013 .. 67
xvi
Tabela 46 - Crédito Direcionado ao Financiamento Imobiliário de Pessoas Físicas – 2007 a
2013.......................................................................................................................................... 68
Tabela 47 - Variação no Volume de Vendas por Segmento do Comércio Varejista em 2003 69
Tabela 48 - Variação no Volume de Vendas por Segmento do Comércio Varejista em 2004 70
Tabela 49 - Teste de Hipóteses - Estatística t .......................................................................... 75
Tabela 50 - Teste de Hipóteses - Estatística F ......................................................................... 75
Tabela 51 - Teste de Jarque-Bera............................................................................................. 77
Tabela 52 - Regras de Decisão do Teste de Durbin-Watson ................................................... 78
Tabela 53 - Teste de White ...................................................................................................... 79
Tabela 54 - Variação Real do Volume de Vendas do Varejo Ampliado e do Valor Adicionado
pelo Comércio no PIB .............................................................................................................. 82
Tabela 55 - Modelo Comércio x Consumo - Coeficientes Beta1 e Beta2 ............................... 83
Tabela 56 - Modelo Comércio x Consumo - Estatística t ........................................................ 83
Tabela 57 - Modelo Comércio x Consumo - Estatística F ....................................................... 83
Tabela 58- Modelo Comércio x Consumo - Análise dos Pressupostos ................................... 84
Tabela 59 - Modelo Consumo x Renda - Coeficientes Beta1 e Beta2..................................... 86
Tabela 60 - Modelo Consumo x Renda - Estatística t ............................................................. 86
Tabela 61 - Modelo Consumo x Renda - Estatística F ............................................................ 86
Tabela 62 - Modelo Consumo x Renda - Análise dos Pressupostos........................................ 87
Tabela 63 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Coeficientes Beta1 e Beta2 .... 89
Tabela 64 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Estatística t ............................. 89
Tabela 65 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Estatística F ............................ 89
Tabela 66 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Análise dos Pressupostos ....... 90
Tabela 67 -Modelo Consumo x Taxa de Juros - Coeficientes Beta1 e Beta2.......................... 92
Tabela 68 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Estatística t ................................................. 92
Tabela 69 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Estatística F ................................................ 92
Tabela 70 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Análise dos Pressupostos............................ 93
xvii
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Séries Trimestrais de Renda Disponível Bruta e Consumo das Famílias no Brasil 8
Gráfico 2 - Crescimento Real do PIB e do Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB - 2003 a
2013.......................................................................................................................................... 26
Gráfico 3 - Crescimento Real do PIB e do Volume de Vendas do Comércio Varejista .......... 30
Gráfico 4 - Crescimento Real do PIB e do Volume de Vendas no Varejo Ampliado - 2003 a
2013.......................................................................................................................................... 31
Gráfico 5 - Crescimento Real do PIB e do Consumo das Famílias - 2003 a 2013 .................. 37
Gráfico 6 - Distribuição das Despesas de Consumo das Famílias entre 2008 e 2009 ............. 40
Gráfico 7 - Série Histórica - Taxa Selic Média Mensal - 2003 a 2013 .................................... 52
Gráfico 8 - Representatividade Setorial na Desoneração Fiscal do IPI - 2010 a 2014 ............ 58
Gráfico 9 - Modelo Comércio x Consumo - Gráfico de Dispersão ......................................... 85
Gráfico 10 - Modelo Consumo x Renda - Gráfico de Dispersão ............................................. 88
Gráfico 11 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Gráfico de Dispersão............. 91
Gráfico 12 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Gráfico de Dispersão ................................. 94
xviii
1. INTRODUÇÃO
1.1. APRESENTAÇÃO
O período de 2003 a 2013 no Brasil, que corresponde aos mandatos de Luiz Inácio Lula da
Silva e Dilma Roussef como presidentes do país, é geralmente tratado como um período em
que a política econômica teve como foco principal a expansão do consumo das famílias como
fator impulsionador do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB), através de medidas
como expansão de crédito, desonerações fiscais e realização de programas de transferência de
renda, como o Bolsa Família. Essa expansão do consumo teve reflexos no setor de Varejo,
que também teve seu crescimento impulsionado. Segundo Fouto (2013), “apesar de haver
uma diferença sensível entre os conceitos de consumo – no sentido de realmente consumir o
bem ou serviço – e de venda – quando o direito ao consumo se efetiva – ambos podem ser
vistos grosso modo como diferentes faces da mesma moeda. Especialmente se o domínio
analisado se restringe aos serviços e bens de consumo não-duráveis e duráveis de valor
relativamente menor”.
Tendo em vista o contexto apresentado, o presente estudo visa, a partir de conceitos
adquiridos ao longo do curso de Engenharia de Produção, analisar de que forma ocorreu essa
expansão do consumo das famílias no Brasil no período de 2003 e 2013 e qual o impacto que
isso teve no comércio varejista.
O referencial teórico do estudo tem como base principal a teoria do consumo, tema presente
na disciplina de Macroeconomia. A partir desse referencial teórico, conceitos adquiridos na
disciplina de Econometria foram aplicados para a realização de uma análise quantitativa da
relação entre comércio, consumo e as demais variáveis que os influenciam, tais como renda
disponível, crédito disponível e taxa de juros.
1.2. OBJETO DE ESTUDO
Este trabalho tem como objeto de estudo o comportamento do consumo das famílias e do
setor de comércio no Brasil no período entre 2003 e 2013, suas interrelações e suas relações
com variáveis como renda disponível, crédito disponível e taxa de juros, que são
influenciadas pela política econômica do país.
1
Em resumo, o estudo visa responder à seguinte questão geral de pesquisa: De que forma as
políticas econômicas realizadas no Brasil no período compreendido entre 2003 e 2013
afetaram o desempenho do consumo das famílias que, por sua vez, afetou o comércio
varejista?
1.3. OBJETIVOS
Tendo como referência a questão acima, o estudo desenvolvido tem como objetivo geral
verificar o impacto das políticas econômicas realizadas no Brasil no desempenho do setor de
comércio no período considerado.
Para isso, serão considerados os seguintes objetivos específicos:
(i)
Verificar se o comportamento do comércio pode ser explicado pelo
comportamento do consumo agregado no período considerado.
(ii)
Verificar se o comportamento do consumo agregado pode ser explicado pelo
comportamento da renda disponível no período considerado;
(iii)
Verificar se o comportamento do consumo agregado pode ser explicado pelo
comportamento do crédito disponível no período considerado;
(iv)
Verificar se o comportamento do consumo agregado pode ser explicado pelo
comportamento da taxa de juros no período considerado.
1.4. JUSTIFICATIVA DO TEMA
O período de 2003 a 2013 é frequentemente citado como um período em que a política
econômica teve como foco principal a expansão do consumo das famílias. Neste contexto, os
autores decidiram estudar mais a fundo que medidas foram feitas e de que forma essas
medidas propiciaram essa expansão do consumo das famílias.
Somado a isso, um interesse particular dos autores pelo setor de comércio fez com que o
estudo fosse ampliado de forma a tentar entender se essa expansão do consumo teve reflexos
diretos no comércio varejista brasileiro.
2
1.5. DELIMITAÇÃO DO ESTUDO
Para a realização dos testes empíricos, foram utilizadas séries de dados trimestrais no período
entre o primeiro trimestre de 2003 e o quarto trimestre de 2013.
1.6. MÉTODO
Para a elaboração deste estudo, o primeiro passo foi a realização de uma revisão bibliográfica
sobre o tema tratado. Os autores começaram buscando artigos e teses que tentassem explicar
o comportamento do varejo e/ou do consumo no Brasil por outras variáveis. O referencial
teórico desses artigos era frequentemente em torno da evolução da teoria do consumo. Os
autores, então, decidiram dedicar um subcapítulo do referencial teórico à evolução da teoria
do consumo, com base nesses artigos e nas bibliografias por eles apresentadas.
Apesar de servir como base teórica principal para explicar o comportamento do consumo, em
função principalmente de fatores como a renda, a taxa de juros e o acesso ao crédito, os
autores queriam entender também de que forma medidas de política econômica poderiam
afetar o consumo agregado, o que levou à busca por artigos com expressões-chave como
“política econômica e consumo” e “mecanismos de transmissão de política monetária”.
O segundo passo foi uma revisão histórica do período, para elaboração de um panorama do
comportamento da economia brasileira entre 2003 e 2013. Para isso, além da análise de dados
adquiridos no site Ipeadata, que compila séries históricas de instituições como o Banco
Central e o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o grupo buscou textos que
fizessem uma análise das medidas de política econômica tomadas nesse período e seus
efeitos. Como o período era muito recente, a maior parte dessas análises foi encontrada em
artigos, havendo, contudo, algumas análises encontradas em livros sobre o início do período.
Por fim, foi realizada uma análise quantitativa do comportamento das variáveis em questão
no período. Para isso, os autores obtiveram séries trimestrais das variáveis consideradas
importantes para o estudo e tentaram desenvolver modelos econométricos que mostrassem se
havia impacto de uma em relação à outra. Uma explicação mais detalhada dos principais
métodos utilizados é encontrada no capítulo 4.
3
1.7. ESTRUTURA DO TRABALHO
Além deste capítulo introdutório, este trabalho contempla mais seis capítulos.
O capítulo 2 contém o referencial teórico do trabalho, que é dividido em uma primeira parte
sobre a evolução da teoria do consumo e tem um foco maior na relação entre o consumo e a
renda. A segunda parte do capítulo trata dos efeitos que as medidas de política econômica
podem ter sobre o consumo agregado, com foco na relação de variáveis como o crédito
disponível e a taxa de juros neste.
O capítulo 3 apresenta a estrutura do comércio brasileiro, sua relevância para a economia do
país e os principais indicadores de desempenho do setor.
O capítulo 4 discorre sobre o consumo das famílias, sua relevância na economia brasileira e
caracteriza suas principais despesas.
No capítulo 5, é traçado um panorama de determinadas variáveis macroeconômicas no
período e 2003 a 2013 e feita uma análise qualitativa de seus impactos no consumo das
famílias no período.
No capítulo 6, são analisados os diversos segmentos do varejo ampliado e a sensibilidade de
cada um ao comportamento das variáveis estudadas.
No capítulo 7 é feita uma análise quantitativa. Através da elaboração de modelos
econométricos, tenta-se verificar a relação entre o comércio, o consumo das famílias e
variáveis macroeconômicas como a renda disponível, o crédito disponível e a taxa de juros.
No capítulo 8, por fim, são feitas as conclusões e considerações finais do estudo.
4
2. REFERENCIAL TEÓRICO
Este trabalho tem como base teórica principal a teoria do consumo. Neste capítulo, é feita
uma revisão bibliográfica sobre a influência de algumas variáveis selecionadas no consumo.
No primeiro sub-capítulo, analisa-se a evolução da teoria do consumo, com foco na
influência da variável renda sobre o consumo. No segundo, analisa-se de que forma a política
econômica de um governo se reflete no consumo agregado do país, com destaque para a
influência das taxas de juros e da disponibilidade de crédito sobre o consumo.
2.1. TEORIA DO CONSUMO
O Produto Interno Bruto (PIB) de um país pode ser dividido, segundo a ótica da demanda, em
cinco componentes: o Consumo das Famílias (C), o Investimento (I), os Gastos do Governo
(G) e o Valor Líquido das Exportações (X – M). A demanda total (Z) de um país é, portanto,
representada pela equação:
Z
C+I+G+X–M
(1)
Segundo o IBGE, o Consumo das Famílias no Brasil é estimado a partir do valor gasto pelas
famílias com a aquisição de bens e serviços, excluindo-se os bens de capital, como máquinas
e imóveis, que são considerados como Investimento, e os bens de valor, como joias e obras
de arte, considerados como “reservas de valor”. Segundo Hall et al (apud FOUTO, 2008, p.
12), “normalmente o Consumo representa grosso modo dois terços dos gastos que formam o
Produto Interno Bruto de uma economia”. Em 2013, o Consumo das Famílias representou
62,6% do PIB do Brasil.
O estudo do comportamento do consumidor e dos fatores que influenciam suas decisões de
consumo foi e é objeto de pesquisa de muitos economistas, entre os quais pode-se destacar
John Maynard Keynes, Irving Fisher, Milton Friedman, Franco Modigliani e Robert Hall
(FOUTO, 2008, p. 12; OREIRO, 2002). O referencial teórico que suporta este trabalho tem
como base os estudos e modelos elaborados por estes economistas, que permitiram o
desenvolvimento da teoria do Consumo.
No primeiro item, apresenta-se a teoria de consumo de Keynes (1936), que define uma
associação entre consumo e renda disponível. No segundo item, apresenta-se a teoria de
5
renda permanente e ciclo de vida desenvolvida por Friedman (1957) e Modigliani (1963), que
contrapõe o argumento keynesiano de que o consumidor toma suas decisões de consumo a
partir apenas de sua renda corrente, inserindo a ideia de expectativas racionais. Ainda neste
item, é apresentado o modelo de Hall (1978) que descreve o consumo como um “passeio
aleatório”. No terceiro item, apresenta-se um modelo híbrido desenvolvido por Campbell e
Mankiw (1989; 1990), que sugerem a existência mútua de consumidores que seguem a teoria
keynesiana e de consumidores que seguem a teoria de renda permanente. Por fim, são
apresentadas algumas aplicações desses modelos ao caso brasileiro.
2.1.1. A função consumo
Em sua Teoria Geral, Keynes (1936) aceita o pressuposto clássico de que o Consumo das
Famílias depende de seu volume de renda e de fatores objetivos e subjetivos relacionados a
variações nessa renda e às expectativas quanto ao valor dessa renda no futuro. A teoria aceita
por Keynes define, portanto, que:
C = f(YD)
(2)
Onde:
C = consumo agregado;
YD = renda disponível, que é a renda que resta depois que os consumidores tenham recebido
transferências do governo e pago seus impostos.
A função f(YD) é chamada de função consumo e é considerada uma equação comportamental,
pois “capta algum aspecto do comportamento – no caso, o comportamento dos
consumidores” (BLANCHARD, 2007).
Keynes resume a determinação do consumo agregado ao que ele chama de lei psicológica
fundamental, segundo a qual as variações no nível de renda corrente gerariam variações no
nível de consumo corrente, porém em menor proporção, pois o indivíduo poupa a diferença
entre a sua renda efetiva e os gastos necessários para manter o seu padrão de vida habitual.
Supondo-se uma relação linear entre consumo agregado e renda disponível, a função
consumo é definida como:
6
C = c0 + c1YD
(3)
Onde:
c1 = propensão marginal a consumir, que mostra o efeito de uma unidade monetária adicional
de renda sobre o consumo;
c0 = consumo autônomo, que representa o que seria consumido se a renda disponível fosse
zero;
c0 > 0, restrição que indica que há consumo mesmo se a renda disponível for nula,
considerando-se que as pessoas precisam consumir para atender suas necessidades básica;
0 < c1 < 1, indicando que um aumento da renda disponível leva a um aumento em menor
proporção do consumo.
Uma análise gráfica das séries do Ipeadata no período de 2003 a 2013 mostra que, no Brasil,
o consumo das famílias e a renda disponível bruta têm uma relação positiva no longo prazo.
Contudo, identifica-se em determinados pontos do gráfico que uma variação negativa da
renda não implica necessariamente uma variação negativa do consumo, o que, como será
visto em 2.1.2., pode ser resultado de um maior acesso ao crédito e/ou à consideração de
expectativas sobre a renda futura na definição do consumo corrente.
7
Renda Disponível Bruta e Despesas de Consumo das Famílias
(Trimestre)
R$ 1.400.000
R$ 900.000
R$ 800.000
R$ 1.200.000
R$ 600.000
R$ 800.000
R$ 500.000
R$ 600.000
R$ 400.000
R$ 300.000
R$ 400.000
Consumo das Famílias
Renda Disponível Bruta
R$ 700.000
R$ 1.000.000
R$ 200.000
R$ 200.000
R$ 100.000
R$ -
R$ -
Renda Disponível Bruta
(milhões)
Despesas de Consumo das Famílias
(milhões)
Gráfico 1 - Séries Trimestrais de Renda Disponível Bruta e Consumo das Famílias no Brasil
Fonte: Ipeadata
Keynes indicou ainda oito motivos que levariam o consumidor a preferir poupar em
detrimento de consumir:
(i)
Formar uma reserva contra contingências (motivo precaucional);
(ii)
Prover necessidades futuras advindas do estágio do ciclo de vida da família que a
renda futura sozinha não poderá suprir (motivo ciclo de vida);
(iii)
Beneficiar-se dos juros e da valorização dos ativos (motivo substituição
intertemporal);
(iv)
Manter um perfil de gasto gradualmente crescente (motivo melhoria);
(v)
Desfrutar de uma sensação de independência para eventuais ações ou do poder de
fazer algo (motivo independência);
(vi)
Garantir uma massa de manobra para projetos especulativos ou econômicos
(motivo empresa);
(vii)
Formar herança (motivo herança);
8
(viii) Satisfazer a avareza pura (motivo avareza).
Estudos posteriores começaram a questionar a teoria keynesiana. A partir de dados de
consumo e poupança nos Estados Unidos entre 1869 e 1938, Kuznets (1946) identificou que:
(i)
Para longos períodos, a propensão média a consumir, isto é, a razão entre o
consumo e a renda, era estável, não apresentando tendência de aumentar ou
diminuir;
(ii)
No curto prazo, a propensão média a consumir caía em períodos de expansão
econômica e aumentava em períodos de contração econômica, sendo, portanto,
uma variável contra-cíclica.
A função consumo, contudo, era incapaz de reproduzir tais fatos simultaneamente.
Começaram a surgir modelos, então, em que o consumidor realizava uma análise mais
criteriosa para consumir, não levando em conta apenas a sua renda corrente, mas também
suas expectativas para o futuro. No item seguinte, os principais modelos são apresentados.
2.1.2. O Modelo Ciclo de Vida e A Teoria da Renda Permanente (TRP)
Atualmente, as teorias mais aceitas sobre o comportamento do consumidor são a Teoria da
Renda Permanente (TRP) desenvolvida na década de 1950 por Milton Friedman e o Modelo
Ciclo de Vida desenvolvido por Franco Modigliani em meados da década de 1960. Ambas as
teorias são suportadas por estudos realizados por Irving Fisher no início da década de 1930,
que desenvolveu um modelo básico do comportamento do consumidor.
2.1.2.1. O Modelo Intertemporal de Fisher
O modelo de escolha intertemporal de Fisher (1930) tem como implicação principal a
ausência de uma relação estrutural entre consumo agregado e renda corrente. No modelo de
Fisher, o consumo corrente não depende apenas da renda corrente, mas também da renda
esperada para o futuro. Variações temporárias na renda, apesar de afetarem a poupança, não
apresentam nenhum efeito sobre a decisão de consumo.
9
O modelo de Fisher considera um indivíduo que vive dois períodos e se baseia na decisão do
indivíduo de consumir no período 1 (“hoje”) ou no período 2 (“no futuro”). Este modelo pode
ser expresso por:
S1 = Y1 – C1
C1 = Y1 – S1
C2 = Y2 + S1(1 + r)
(3)
(4)
Onde:
Sn = poupança no período n;
Yn = renda no período n;
Cn = consumo no período n;
r = taxa de juros entre os períodos.
Substituindo-se a equação (3) em (4), obtém-se a seguinte restrição orçamentária:
(5)
Fisher, ainda, considera que o consumidor é impaciente, preferindo consumir no presente que
no futuro, o que faz com que ele desconte a utilidade do consumo a uma taxa de desconto
intertemporal θ. Ao maximizar a função utilidade do consumidor, Fisher chega na seguinte
equação:
(5)
Dessa forma, se:
(i)
r > θ, o consumidor preferirá poupar no primeiro momento e intensificará seu
consumo no segundo;
(ii)
r < θ, o consumo será mais forte no primeiro período, devido à impaciência do
consumidor;
(iii)
r = θ, o consumo permanecerá estável ao longo do tempo.
10
Segundo Steter (2013), “uma das principais contribuições do modelo de Fisher para a teoria
do consumo foi a suavização do mesmo. Afinal, diferente do que era aceito por Keynes, o
consumo não será função apenas da renda corrente, mas também da renda esperada, do fator
de impaciência e da taxa de juros da poupança”.
2.1.2.2. O Modelo Ciclo de Vida de Modigliani
O modelo Ciclo de Vida de Modigliani tem como pressuposto que as decisões de consumo do
indivíduo são tomadas com base no estágio de vida em que ele se encontra, o que pode ser
caracterizado pela figura 1:
Figura 1 - Modelo Ciclo de Vida de Modigliani
Fonte: OREIRO (2003)
Na figura, o estágio I corresponde à juventude, em que os indivíduos têm uma renda baixa e
tendem a contrair dívidas, pois sabem que ganharão rendas maiores no futuro. O estágio II
corresponde à fase adulta, em que a renda atinge um pico e os indivíduos pagam as dívidas
contraídas no estágio I, além de pouparem para a velhice. O estágio III, por fim, corresponde
à velhice, em que a renda tende a zero e os indivíduos consomem toda a poupança
acumulada.
A conclusão de Modigliani é de que as flutuações da renda corrente teriam impacto
unicamente sobre a poupança dos indivíduos e não sobre sua decisão de consumo, que seria
então determinada pelo valor presente dos rendimentos auferidos ao longo da vida.
11
2.1.2.3. A Teoria da Renda Permanente (TRP) de Friedman
A renda permanente representa a taxa de gasto de equilíbrio que uma família ou indivíduo
poderia manter pelo restante de sua vida, dados o nível de riqueza e a renda auferida agora e
no futuro.
Friedman (1957) parte da premissa de que as famílias desejam nivelar o consumo ao longo do
tempo, isto é, preferem um fluxo de consumo suave em vez de abundância em um momento
da vida e escassez em outros momentos. De acordo com Friedman, a poupança consistiria na
diferença entre a renda corrente e a renda permanente. Ao ser confrontado com uma variação
na sua renda, o consumidor tentaria determinar se esta foi permanente ou transitória e, caso
fosse transitória, ajustaria seu nível de poupança de modo a manter seu padrão de consumo
estável.
O contraponto de Friedman ao modelo keynesiano é de que a função consumo deveria levar
em conta a renda permanente ao invés da renda corrente. Além disso, a propensão marginal a
consumir seria dependente da razão entre a renda permanente e a renda corrente. Quando a
renda corrente estivesse temporariamente acima da renda permanente, a propensão média a
consumir cairia, mas quando a renda corrente estivesse abaixo da renda permanente, a
propensão média a consumir aumentaria temporariamente.
2.1.2.4. O Modelo Hall-Flavin
Com base na Teoria da Renda Permanente e Ciclo de Vida, Hall (1978) desenvolveu um
modelo segundo o qual os consumidores utilizariam toda a informação disponível para
preverem suas rendas futuras e tomarem suas decisões de consumo e ajustariam suas
previsões e decisões conforme novas informações estivessem disponíveis. Em seu trabalho,
Hall concluiu que o consumo seguiria um passeio aleatório com uma tendência e que a única
variável relevante que explicaria o consumo presente seria o consumo defasado de um
período. Assim sendo, mudanças no consumo não poderiam ser previstas com informações
pregressas, isto é, qualquer mudança não antecipada na renda, nos preços ou em qualquer
outra variável relevante deslocaria o consumo da trajetória delineada anteriormente.
Assumindo-se expectativas racionais, o consumo seguiria, portanto, o passeio aleatório:
12
Ct = Ct-1 + vt
(6)
Onde:
Ct = consumo corrente;
Ct-1 = consumo defasado de um período;
vt = componente não antecipado do consumo corrente justificado pela revisão das
expectativas sobre a renda permanente.
2.1.3. O Modelo Híbrido de Campbell-Mankiw
Campbell e Mankiw (1989; 1990) desenvolveram um modelo com dois tipos de
consumidores: o primeiro é um caso particular da teoria keynesiana, tomando suas decisões
de consumo de acordo com sua renda corrente, comportamento justificado pela restrição à
liquidez; o segundo, por sua vez, consome sua renda permanente seguindo o modelo de Hall.
Segundo Fouto (2008), o modelo de Campbell e Mankiw “deveria explicar melhor as três
regularidades verificadas empiricamente sobre o consumo e não totalmente adequadas às
hipóteses de renda permanente e ciclo de vida”, quais sejam:
(i)
Mudanças esperadas na renda estão associadas a mudanças esperadas no
consumo;
(ii)
As taxas de juros reais esperadas não estão associadas com as mudanças esperadas
no consumo;
(iii)
Os períodos em que o consumo é maior em relação à renda são tipicamente
seguidos por um rápido crescimento da renda.
2.1.4. Aplicações aos Dados do Brasil
Ao estudar a série de consumo agregado no Brasil de 1947 a 1999, Gomes (2004) investigou
a aplicabilidade da Teoria da Renda Permanente através da decomposição de Beveridge e
Nelson (1981), segundo a qual a série pode ser representada por dois componentes: um
13
passeio aleatório e um ciclo estacionário. Segundo Gomes (2004), “a TRP implica que não
deveria existir uma parte cíclica no consumo, o que não é corroborado pelos dados”.
Não tendo conseguido explicar o consumo agregado no Brasil pela Teoria da Renda
Permanente, Gomes incorporou ao modelo uma hipótese de formação de hábito, que geraria
um componente cíclico no consumo. Apesar de a introdução da formação de hábito ter se
mostrado um procedimento adequado, foi considerado estatisticamente não significativo
quando comparado à regra de bolso de consumir a renda corrente. Segundo este estudo,
portanto, a função consumo é a que melhor descreveria a série de consumo agregado do
Brasil no período analisado, “possivelmente devido à falta de acesso ao crédito” (GOMES,
2004).
Gomes e Paz (2004) testaram também a aplicabilidade das teorias keynesiana, da renda
permanente e expectativas racionais e o modelo híbrido de Campbell-Mankiw sobre a decisão
de consumo em diversos países da América do Sul. As teorias keynesianas e de renda
permanente foram rejeitadas para todos os países da amostra, incluindo o Brasil, cujas séries
de consumo, renda e poupança mostraram-se em linha com o modelo híbrido. O resultado
obtido por Gomes e Paz utilizando técnicas multivariadas sugere que cerca de 60% dos
consumidores no Brasil são restritos a consumir sua renda corrente, seguindo, portanto, o
modelo keynesiano, o que poderia ser explicado por uma restrição à liquidez, isto é, uma falta
de acesso ao crédito.
2.1.5. Conclusões
Ao analisar a evolução da teoria do Consumo, verifica-se que o debate polariza-se entre dois
tipos de comportamento do consumidor: um comportamento “keynesiano”, em que o
consumidor toma suas decisões de consumo levando em conta apenas sua renda corrente, e
um comportamento “otimizador”, em que o consumidor tenta maximizar a utilidade do
consumo ao longo da vida. O surgimento, na teoria macroeconômica, desse segundo tipo de
consumidor, que leva em conta suas expectativas sobre o futuro para tomar suas decisões de
consumo, sugere que o consumo não é função apenas da renda disponível, mas também de
outras variáveis, como a taxa de juros e o acesso ao crédito.
Para um consumidor que tente manter seu nível de consumo constante ao longo da vida,
como o sugerido por Modigliani, a taxa de juros utilizada para descontar os rendimentos
14
futuros estimados a valor presente é determinante para a definição desse nível de consumo.
Por sua vez, uma situação de restrição à liquidez, em que não haja acesso fácil ao crédito,
pode fazer com que um consumidor que esteja na primeira etapa de seu ciclo de vida (vide
seção 2.1.2.2) fique restrito a consumir sua renda corrente.
No próximo sub-capítulo, discute-se como decisões de política econômica, tais como um
aumento da taxa de juros ou uma expansão creditícia, impactam o consumo.
2.2. POLÍTICA ECONÔMICA E SEUS EFEITOS SOBRE O CONSUMO
Segundo Rabelo (2007), o Banco Central procura manter uma postura ativa sobre os
agregados econômicos de forma a manter o controle sobre o nível de atividade econômica do
país. A execução da política econômica pode ser feita através de políticas:
(i)
Fiscais, atuando sobre o nível de gastos do governo e sobre os impostos;
(ii)
Monetárias, através da taxa de juros e do crédito;
(iii)
Cambiais.
Políticas econômicas expansionistas visam à expansão do nível de atividade da economia e
podem ser obtidas através de:
(i)
Aumento dos gastos do governo (política fiscal);
(ii)
Redução de impostos (política fiscal);
(iii)
Redução dos juros (política monetária);
(iv)
Expansão do crédito (política monetária);
(v)
Depreciação cambial, visando à expansão das exportações líquidas (política
cambial).
Políticas econômicas contracionistas, por outro lado, visam à contração do nível de atividade
da economia e podem ser obtidas através de:
(i)
Redução dos gastos do governo (política fiscal);
(ii)
Aumento dos impostos (política fiscal);
(iii)
Aumento dos juros (política monetária);
(iv)
Restrição do crédito (política monetária);
15
(v)
Apreciação cambial, visando à redução das exportações líquidas (política
cambial).
Como, no escopo desta pesquisa, o interesse versa sobre a análise da influência de juros e
crédito sobre o consumo, desenvolve-se, em 2.2.1, uma revisão literária mais aprofundada
sobre os mecanismos de transmissão de política monetária, mostrando como alterações na
taxa básica de juros afetam o consumo agregado do país, e sobre a relação entre a
disponibilidade de crédito e o consumo.
2.2.1. Taxa de Juros e seus Efeitos sobre o Consumo: os Mecanismos de
Transmissão de Política Monetária
As decisões de política monetária são constituídas basicamente pela fixação da taxa de juros
de curtíssimo prazo, cujo efeito sobre outras variáveis macroeconômicas relevantes é
estudado na temática dos mecanismos de transmissão de política monetária. Segundo Taylor
(apud BARBOZA, 2013, p. 6), “the monetary transmission mechanism [is]the process
through which monetary policy decisions are transmitted into changes in real GDP and
inflation”. Mishkin (1995) aponta quatro canais principais de transmissão de política
monetária:
(i)
Canal do crédito;
(ii)
Canal do valor dos ativos;
(iii)
Canal do câmbio;
(iv)
Canal das taxas de juros.
Ball (1992) sugere ainda um quinto canal referente às expectativas inflacionárias.
A seguir, apresenta-se cada um desses canais.
2.2.1.1. Canal do Crédito
Segundo Barboza (2013), “o canal do crédito transmite os impulsos de política monetária em
direção à economia real via alterações no preço do crédito”. Como as taxas de juros das
operações de crédito (i’s
operações de crédito)
estão em geral indexadas à taxa básica de juros (i),
uma alteração nesta pode ser rapidamente transmitida às primeiras. As taxas mais elevadas
16
fazem com que as famílias evitem contrair dívidas, o que tende a impactar negativamente o
consumo agregado (C). Adicionalmente, há uma tendência de redução do investimento (I) por
parte das empresas, devido aos custos mais elevados de financiamento e à perspectiva de
recuo do consumo das famílias.
A figura 2 resume a transmissão da política monetária pelo canal de crédito, com seus efeitos
finais sobre o produto (Y) e a inflação (π):
Figura 2 - Transmissão da Política Monetária pelo Canal do Crédito
Fonte: BARBOZA (2013)
2.2.1.2.Canal do Valor dos Ativos
Segundo Barboza (2013), a transmissão da política monetária pelo canal do valor dos ativos
se dá por duas formas: (i) “efeito riqueza” e (ii) modificações nos balanços de instituições
financeiras.
O “efeito riqueza” pode ser descrito como um aumento na percepção de riqueza pelos
indivíduos em decorrência da valorização dos ativos por eles possuídos. Isto ocorre porque o
preço de um ativo (PA) reflete fundamentalmente o valor presente dos fluxos de caixa
estimados que esse ativo deve proporcionar a quem o possui. Considerando que a taxa de
desconto utilizada seja referenciada à taxa básica de juros (i), uma elevação desta deprime o
preço do ativo e gera uma redução na riqueza financeira (W) de seu detentor, que, por sua
vez, reduz sua demanda por bens e serviços, o que impacta negativamente o consumo
agregado (C).
Figura 3 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Valor dos Ativos - "Efeito Riqueza"
Fonte: BARBOZA (2013)
17
A transmissão através de modificações nos balanços de instituições financeiras se dá porque
estas são grandes detentoras de dívida pública e de equities, sofrendo perdas financeiras
quando a taxa básica de juros (i) aumenta. Estas perdas financeiras tendem a fazer com que
os bancos se exponham menos ao risco e reduzam suas carteiras de crédito, com impacto
negativo sobre a concessão de crédito. O menor acesso ao crédito gera redução no consumo
agregado (C) e no investimento (I).
Figura 4 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Valor dos Ativos - Modificações nos Balanços de
Instituições Financeiras
Fonte: BARBOZA (2013)
2.2.1.3. Canal do Câmbio
Segundo Barboza (2013), a transmissão de política monetária pelo canal do câmbio pode
ocorrer de duas maneiras distintas: (i) via alterações nas exportações líquidas e (ii) via
alterações nos preços dos “tradables”.
As alterações líquidas ocorrem porque um aumento na taxa básica de juros (i) gera um
aumento de mesma proporção no diferencial internacional de juros, o que atrai o capital de
investidores internacionais, que identificam melhores oportunidades de retorno nos ativos
domésticos. Esta entrada de dólares no país tende a gerar uma redução na taxa nominal de
câmbio (e) e, ao menos no curto prazo, na taxa real de câmbio (θ). O câmbio apreciado tende
a gerar, por sua vez, uma redução nas exportações líquidas, como ilustrado na figura 5:
Figura 5 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Câmbio Via Alterações nas Exportações Líquidas
Fonte: BARBOZA (2013)
Já as alterações nos preços dos “tradables”, que são os bens comercializáveis
internacionalmente, ocorrem da seguinte forma: a elevação da taxa básica de juros (i) tende a
apreciar a taxa de câmbio nominal (e), fazendo com que os preços em moeda doméstica dos
bens e serviços importados se reduzam. Isso tem impacto direto na inflação, tanto pela
18
redução dos custos de importação de bens e serviços utilizados em processos produtivos
locais, como pelo maior nivelamento da competição dos bens e serviços importados com os
produzidos localmente. A figura 6 ilustra esse processo de transmissão:
Figura 6 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal do Câmbio Via Alterações nos Preços dos Tradables
Fonte: BARBOZA (2013)
2.2.1.4. Canal das Taxas de Juros
Segundo Barboza (2013), a consideração do canal das taxas de juros passa pela suposição de
existência de uma estrutura a termo de juros bem definida. Nestas condições, a alteração da
taxa básica de juros (i) pelo Banco Central leva a uma alteração de toda a estrutura a termo de
juros. Uma elevação das taxas de juros de longo prazo (i’s
longas),
em geral utilizadas nos
financiamentos de longo prazo das empresas, tende a levar a uma consequente redução do
investimento agregado (I), como mostrado na figura 7:
Figura 7 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Taxas de Juros – Efeitos sobre o Investimento
Agregado
Fonte: BARBOZA (2013)
Segundo Rabelo (2007), na busca por novos mecanismos monetários de transmissão,
admitiu-se que as decisões dos consumidores com relação à moradia e à aquisição de bens
duráveis também representam decisões de investimento. Considerando ainda as teorias de
consumo com expectativas racionais, uma elevação nas taxas de juros de diferentes
maturidades (i’s
longas)
eleva o custo de oportunidade do consumo presente, modificando as
escolhas intertemporais de consumo e poupança. A figura 8 mostra como o consumo
agregado (C) é afetado pelas decisões de política monetária:
19
Figura 8 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Taxas de Juros - Efeitos sobre o Consumo
Agregado
Fonte: BARBOZA (2013)
Rabelo (2007) salienta que “o mecanismo de transmissão de taxas de juros dá ênfase à taxa
de juros real e não à nominal, como sendo a taxa que afeta as decisões do consumidor”.
2.2.1.5. Canal das Expectativas Inflacionárias
Segundo Barboza (2013), a transmissão da política monetária pelo canal das expectativas
inflacionárias pode ocorrer das seguintes formas:
(i)
Diretamente, pela incorporação da inflação esperada aos preços dos bens e
serviços;
(ii)
Via salários, pela incorporação da inflação esperada aos salários nominais em
negociação (w), que constituem um importante item de custo das empresas;
(iii)
Indiretamente, porque alteram a taxa de juros real ex-ante (rex-ante). O aumento da
taxa básica de juros (i) tende a fazer com que inflação esperada (πe) diminua, o
que faz com que a taxa de juros real aumente. Como consumidores e empresas
levam em conta a taxa de juros real em suas decisões de consumo e investimento,
o consumo (C) e o investimento (I) agregados tendem a diminuir.
A figura 9 representa as três vias de transmissão da política monetária pelo canal das
expectativas inflacionárias:
20
Figura 9 - Transmissão de Política Monetária pelo Canal das Expectativas Inflacionárias
Fonte: BARBOZA (2013)
2.2.1.6. Conclusões
A figura 10 sintetiza os cinco canais de transmissão de política monetária acima discutidos:
Figura 10 - Mecanismos de Transmissão da Política Monetária
Fonte: BARBOZA (2013)
É importante frisar que a transmissão de política monetária por quaisquer que sejam os canais
leva um tempo até impactar a inflação. Além disso, esses mecanismos se retroalimentam, isto
é, a redução ou aumento da inflação tem impacto sobre as futuras decisões de política
monetária, constituindo um sistema dinâmico. A análise dessa dinâmica, contudo, não faz
parte do escopo deste estudo.
21
O estudo dos mecanismos de transmissão de política monetária permite identificar diversas
formas pelas quais o consumo agregado pode ser afetado pela alteração da taxa básica de
juros pelo Banco Central. Considerando um aumento da taxa básica de juros, o consumo
agregado é afetado via:
(i)
Canal de crédito, com o aumento das taxas de juros sobre os empréstimos, o que
leva a uma redução da contração de empréstimos pelos consumidores e uma
consequente redução do consumo agregado;
(ii)
Canal do preço dos ativos, através do “efeito riqueza”, que leva à redução da
percepção de riqueza pelo consumidor e à consequente redução de demanda por
bens e serviços;
(iii)
Canal do preço dos ativos, através da redução das concessões de crédito das
instituições financeiras, gerando uma maior restrição à liquidez e reduzindo o
consumo agregado;
(iv)
Canal das taxas de juros, através da elevação do custo de oportunidade do
consumo presente;
(v)
Canal das expectativas inflacionárias, com o aumento do juro real levando a uma
redução do consumo agregado.
No caso de uma redução da taxa básica de juros, os efeitos são opostos aos que descrevemos
acima.
2.2.2. Disponibilidade de Crédito e seus Efeitos sobre o Consumo
A Teoria da Renda Permanente, descrita em 2.1.2.3, tem como uma de suas premissas que o
retorno da poupança é equivalente à taxa de juros dos empréstimos e que os indivíduos
possuem acesso garantido e ilimitado ao crédito. Segundo Steter (2013), contudo, “não são
todos os agentes que conseguem contratar os financiamentos exatamente na mesma taxa que
estariam dispostos a pagar”, o que causaria um impacto negativo no consumo, especialmente
no corrente.
Ao analisar a função de utilidade do consumidor presente na Teoria da Renda Permanente,
Steter (2013) identifica que “como a expectativa da renda futura está presente na função (...),
se houver uma restrição de liquidez no período corrente, o consumo será reduzido em
22
detrimento de maior segurança no futuro”. A restrição à liquidez é recorrentemente apontada
como uma falha da Teoria da Renda Permanente, como apontado em 2.1.4.
Analisando séries brasileiras entre o primeiro trimestre de 1991 e o segundo de 2009, Abe
(2010) encontrou evidências de que a expansão do crédito contribuiu positivamente para a
suavização do consumo no país, tornando-o menos dependente da renda corrente.
Steter (2013) analisou séries brasileiras do primeiro trimestre de 1996 até o primeiro trimestre
de 2013 e concluiu que, além de se tornar mais relevante para o consumo das famílias ao
longo do tempo, o crédito contribuiu para a suavização do consumo das famílias brasileiras
no período estudado, isto é, para que as famílias conseguissem manter o seu nível de
consumo mais estável.
23
3. A ESTRUTURA DO COMÉRCIO BRASILEIRO
3.1. DEFINIÇÃO DE COMÉRCIO
Segundo o IBGE, o comércio é uma atividade econômica do setor de serviços que se refere à
compra, troca e venda de mercadorias. Pode ser entendido como o elo da cadeia de
suprimentos que permite o fluxo de mercadorias entre os produtores e consumidores, sendo
composto pelas atividades de varejo e atacado.
Segundo a Comissão Nacional de Classificação (CONCLA), órgão público subordinado ao
Ministério de Planejamento, Orçamento e Gestão, a venda sem transformação inclui
operações como: montagem, mistura de produtos, engarrafamento, empacotamento e
fracionamento, quando realizadas pela própria unidade comercial.
O comércio atacadista revende mercadorias novas ou usadas, sem transformação, a varejistas,
usuários industriais, agrícolas, comerciais, institucionais e profissionais, ou a outros
atacadistas; ou atua como representante comercial ou agente do comércio na compra ou
venda de mercadorias a esses usuários.
No comércio atacadista, distinguem-se dois tipos de atividades: (i) o atacadista que compra a
mercadoria que revende e (ii) o atacadista representante ou agente do comércio, que, sob
contrato, comercializa em nome de terceiros, inclusive operando o mercado eletrônico via
internet.
O comércio varejista revende mercadorias novas e usadas, sem transformação,
principalmente ao público em geral, para consumo ou uso pessoal ou doméstico. As unidades
comerciais que revendem tanto para empresas como para o público em geral também devem
ser classificadas como varejistas.
O IBGE afirma que o comércio varejista é caracterizado por um grande número de
estabelecimentos, a maioria de pequeno porte em termos de pessoas empregadas. Atacadistas
são empresas de maior porte, tanto no que se refere à absorção de mão de obra quanto à
geração de valor, com elevado volume de compras e de vendas. E por comprar e vender em
maiores volumes, o atacado apresenta um preço unitário menor do que o varejo.
Anualmente, o IBGE divulga a Pesquisa Anual do Comércio, a PAC, que é a principal fonte
de informações sobre a estrutura do comércio brasileiro. A PAC realiza levantamento de
informações econômico-financeiras que subsidiam o Sistema de Contas Nacionais nas
24
estimativas de valor da produção, consumo intermediário, volume e composição do valor
adicionado, excedente operacional, formação de capital e pessoal ocupado.
Até o fim deste trabalho, a última pesquisa divulgada foi a referente ao ano de 2011 (as
pesquisas são divulgadas aproximadamente um ano e meio após o fechamento do ano de
referência). A partir dela, apontam-se algumas importantes informações sobre a atividade
comercial brasileira.
Em 2011, a receita operacional líquida do comércio brasileiro (corresponde às receitas brutas
provenientes da exploração das atividades principais e secundárias exercidas pela empresa,
com deduções dos impostos e contribuições das vendas canceladas, abatimentos e descontos
incondicionais) foi equivalente a 52% do produto interno bruto brasileiro do mesmo ano,
empregando 9,8 milhões de pessoas em 1,6 milhão de estabelecimentos comerciais.
Tabela 1 - Indicadores do Setor de Comércio Brasileiro em 2011
Receita Operacional Líquida (milhões)
Número de Pessoas Ocupadas em 31/12/2011 (mil)
Número de Esatabelecimentos Comerciais (mil)
R$ 2.137.287
9.796
1.571
Fonte: Pesquisa Anual do Comércio
3.2. A RELEVÂNCIA DO COMÉRCIO BRASILEIRO
Para se ter indicadores quantitativos da relevância da atividade comercial, analisou-se, no
período de 2003 a 2013, o crescimento do valor adicionado pelo comércio em relação ao
crescimento do PIB e a participação desse valor adicionado. Os motivos que influenciaram o
comportamento do valor adicionado pelo comércio serão estudados posteriormente nesse
trabalho.
Primeiramente, mostra-se, no gráfico 2, o crescimento do PIB e o valor adicionado pelo
comércio ao PIB sob a ótica da oferta. As informações usadas nos gráficos e tabelas a seguir
foram divulgadas pelo IBGE, que define o valor adicionado pelo comércio como um dos
componentes do valor adicionado pelo setor de Serviços no PIB. O valor adicionado é a
contribuição ao produto interno bruto pelas diversas atividades econômicas, obtida pela
diferença entre o valor de produção e o consumo intermediário absorvido por essas
atividades. As informações mostradas a seguir foram retiradas dos relatórios de Contas
Nacionais Trimestrais.
25
Crescimento Real
PIB x Valor Adicionado pelo Comércio
12%
10%
8%
6%
4%
2%
0%
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
-2%
PIB
Valor Adicionado pelo Comércio
Gráfico 2 - Crescimento Real do PIB e do Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB - 2003 a 2013
Fonte: Ipeadata
Enquanto nesse período o PIB cresceu a uma média de 3,5% ao ano, o valor adicionado pelo
comércio cresceu a uma média de 4,4% ao ano, sendo que em 8 dos 11 anos, o crescimento
do valor adicionado pelo comércio foi superior ao crescimento do PIB.
Em relação à participação no PIB sob a ótica da oferta, em 2003 o comércio respondia por
10,59% e 10 anos depois passou a representar 12,72% no PIB. Tal fato é explicado pela taxa
de média de crescimento do valor adicionado pelo comércio ter sido maior do que o
crescimento do PIB no período. Em termos de valores nominais, isso representa um salto de
R$ 155,8 milhões para R$ 522,8 milhões no valor adicionado pelo comércio.
26
Tabela 2- Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB - 2003 a 2013
Ano
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Participação do Valor
Adicionado pelo
Comércio ao PIB (%)
10,59
11,03
11,17
11,48
12,12
12,53
12,49
12,52
12,65
12,74
12,72
Valor Adicionado pelo
Comércio ao PIB
(Milhões)
R$
155.760
R$
183.764
R$
205.793
R$
233.608
R$
277.370
R$
323.375
R$
349.061
R$
404.007
R$
446.606
R$
474.743
R$
522.789
Fonte: Ipeadata
Em relação a todas as atividades econômicas que adicionam valor ao PIB, o comércio foi a
quarta atividade que mais contribuiu ao PIB em 2013. Sendo que no setor de serviços foi a
terceira atividade de maior participação. Nesse ano, as atividades de maior participação, em
ordem decrescente, foram: “Serviços de administração, saúde e educação pública”, “Outros
serviços” e “Indústria de transformação”.
Tabela 3 - PIB do Brasil em 2013 - Ótica da Oferta
Setores e Respectivas Atividades Econômicas
Agropecuária
Indústria
Extrativa Mineral
Transformação
Construção Civil
Produção e distribuição de eletricidade, gás, água, esgoto e limpeza urbana
Serviços
Comércio
Transporte, armazenagem e correio
Serviços de informação
Intermediação financeira, seguros, previdência complementar e serviços relacionados
Outros serviços
Atividades imobiliárias e aluguéis
Administração, saúde e educação pública
Participação no PIB
em 2013 (%)
5,7
25,0
4,1
13,1
5,4
2,3
69,3
12,7
5,3
2,6
6,9
15,7
8,3
17,7
Fonte: Ipeadata
27
3.3. OS ÍNDICES E SEGMENTOS DO COMÉRCIO VAREJISTA BRASILEIRO
Para se falar dos índices e dos principais segmentos do comércio brasileiro é necessário
explicar o que é a Pesquisa Mensal do Comércio, a PMC, realizada pelo IBGE.
Como o setor de comércio varejista é o último elo da cadeia de suprimentos antes do
consumo final, a Pesquisa Mensal do Comércio é uma pesquisa realizada mensalmente pelo
IBGE com a finalidade de produzir indicadores que possibilitem o estudo do comportamento
do comércio varejista e dos seus segmentos. Entre esses indicadores, os mais relevantes são a
receita nominal de vendas e o volume de vendas.
O indicador de volume de vendas é o mais importante indicador da pesquisa e resulta da
deflação dos valores nominais correntes de receitas por índices de preços específicos para
cada segmento. Em outras palavras, é o indicador de receita nominal de vendas descontada a
inflação de cada segmento. A PMC é realizada com cerca de 5.700 empresas distribuídas nas
27 unidades da federação com mais de 20 funcionários.
Os índices de receitas nominais e de volume de vendas são divulgados dentro dos seguintes
grupos:
1 - Índice de comércio varejista: é a síntese de todos os segmentos de varejo no Brasil
e nas 27 unidades da federação;
2 - Índice de comércio varejista por atividade: é a desagregação do índice de comércio
varejista pelos seus segmentos, sendo 8 ao total:

Combustíveis e lubrificantes;

Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo;

Vestuário, calçados e tecidos;

Móveis e eletrodomésticos;

Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos;

Equipamentos e material para escritório, informática e comunicação;

Livros, jornais, revistas e papelaria;

Outros artigos de uso pessoal e doméstico;
3 - Índice de comércio varejista ampliado: é a síntese dos segmentos já listados acima
mais os 2 seguintes segmentos no Brasil e nas 27 unidades da federação:
28

Veículos e motocicletas, partes e peças;

Material de construção;
4 - Índice de comércio varejista ampliado por atividade: é a desagregação do índice de
comércio varejista ampliado em todos os seus 10 segmentos.
Vale explicar que “veículos e motocicletas, partes e peças” e “material de construção” são
considerados segmentos do comércio varejista ampliado por terem receitas geradas tanto pelo
varejo quanto pelo atacado. Enquanto todas as outras 8 têm receitas geradas
predominantemente pela atividade varejista.
É importante frisar que o IBGE não divulga nenhum indicador voltado exclusivamente para o
comércio atacadista em suas PMCs. Pelo fato do atacado ser um elo anterior ao varejo em
algumas cadeias de suprimento, é de se esperar que os indicadores do varejo e do varejo
ampliado também reflitam, ao menos parcialmente, o desempenho do atacado.
Tabela 4 - Segmentos do Comércio Varejista Ampliado
1
2
3
4
5
6
7
8
Comércio Varejista (1 a 8)
Combustíveis e lubrificantes
Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo
Vestuário, calçados e tecidos
Móveis e eletrodomésticos
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos
Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação
Livros, jornais, revistas e papelaria
Outros artigos de uso pessoal e domésticos
9
10
Comércio Varejista Ampliado (1 a 10)
Veículos e motos, partes e peças
Material de Construção
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio
3.3.1. Índice de volume de vendas
Nesse estudo, só serão apresentados os índices de volume de vendas do comércio varejista e
do comércio varejista ampliado do Brasil para que seja possível fazer comparações com o
crescimento real do PIB em uma mesma base, uma vez que todas essas séries têm a inflação
29
descontada de seus valores correntes. O gráfico 3 mostra o crescimento real do PIB e o
crescimento do volume de vendas no varejo.
Crescimento Real
PIB x Volume de Vendas no Varejo
12%
10%
8%
6%
4%
2%
0%
-2%
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
-4%
-6%
PIB
Volume de Vendas no Comércio Varejista
Gráfico 3 - Crescimento Real do PIB e do Volume de Vendas do Comércio Varejista
Fonte: Ipeadata e Pesquisa Mensal do Comércio
Em apenas 1 dos 11 anos do período, em 2003, o PIB cresceu mais do que o volume de
vendas do varejo. Mesmo em 2009, quando houve uma retração do PIB por causa da crise do
sistema financeiro americano de 2008, o volume de vendas manteve uma alta taxa de
crescimento. No geral, enquanto o PIB teve um crescimento médio de 3,5% ao ano no
período, o volume de vendas do varejo cresceu 6,5% ao ano, em média.
Já quando se considera o índice de volume de vendas do varejo ampliado, o resultado é ainda
melhor. Esse índice apresentou crescimento médio de 7,8% ao ano no período de 2005 a
2013. O período usado não pôde ser mantido de 2003 a 2013, pois o IBGE só começou a
divulgar os resultados do varejo ampliado em 2005.
30
Crescimento Real
PIB x Volume de Vendas no Varejo Ampliado
16%
14%
12%
10%
8%
6%
4%
2%
0%
-2%
2005
2006
2007
PIB
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Volume de Vendas no Comércio Varejista Ampliado
Gráfico 4 - Crescimento Real do PIB e do Volume de Vendas no Varejo Ampliado - 2003 a 2013
Fonte: Ipeadata e Pesquisa Mensal do Comércio
3.3.2. Índice de volume de vendas por segmento
A tabela completa com os índices de vendas de todos os segmentos do varejo pode ser vista
no apêndice desse trabalho. A tabela a seguir mostra o crescimento médio anual de cada
segmento entre 2005 e 2013.
31
Tabela 5 - Crescimento Médio do Volume de Vendas por Segmento do Varejo Ampliado - 2005 a 2013
#
1
2
3
4
5
6
7
8
Segmentos do Varejo
Comércio Varejista (1 a 8)
Combustíveis e lubrificantes
Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo
Vestuário, calçados e tecidos
Móveis e eletrodomésticos
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos
Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação
Livros, jornais, revistas e papelaria
Outros artigos de uso pessoal e domésticos
Comércio Varejista Ampliado (1 a 10)
9 Veículos e motos, partes e peças
10 Material de construção
Crescimento Médio do
Volume de Vendas
entre 2005 e 2013
7,3%
2,3%
6,0%
4,7%
12,3%
9,5%
23,9%
6,2%
12,3%
7,8%
9,3%
5,8%
Fonte: Elaboração própria com dados da Pesquisa Mensal do Comércio
Em resumo, os segmentos que apresentaram um crescimento maior do que o índice de
volume de vendas do varejo ampliado, em ordem decrescente, foram: “Equipamentos e
materiais para escritório, informática e comunicação”, “Móveis e eletrodomésticos”, “Outros
artigos de uso pessoal e domésticos”, “Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos,
perfumaria e cosméticos” e “Veículos e motos, partes e peças”.
Essas médias foram feitas com base no período de 2005 até 2013, uma vez que 5 segmentos
só tiveram seus índices disponibilizados a partir de 2005.
3.3.3. A contribuição dos segmentos para o índice de volume de vendas
Para tratarmos do impacto de todos os 10 segmentos no crescimento do volume de vendas do
varejo, serão utilizados os índices de volume de vendas do varejo ampliado para cada
segmento. Caso se utilizasse o índice do volume de vendas no varejo, não seriam
consideradas as contribuições dos segmentos de “veículos e motocicletas, partes e peças” e
“material de construção”.
É valido frisar que o IBGE, em suas PMCs, não informa o quão grande é cada segmento do
varejo, mas sim o que será discutido a seguir: o quanto cada um desses segmentos contribui
para o crescimento do índice do volume de vendas do varejo ampliado. Sendo tal
32
contribuição uma medida do grau de importância de cada segmento. Essa informação passou
a ser divulgada a partir de 2006.
Entre 2006 e 2013, os segmentos que mais contribuíram para o crescimento do índice de
volume de vendas do varejo ampliado, em ordem decrescente, foram: “Veículos e motos,
partes e peças”, “Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo” e
“Móveis e eletrodomésticos”.
Tabela 6 - Contribuição de cada Segmento no Índice de Volume de Vendas do Varejo Ampliado - 2006 a 2013
#
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Total
#
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
2006
-9,2%
36,9%
1,5%
15,4%
3,1%
3,1%
0,0%
10,8%
32,3%
6,2%
100%
2007
2,2%
15,6%
4,4%
11,1%
2,2%
2,2%
0,0%
7,4%
49,6%
5,2%
100%
2008
5,9%
16,8%
2,6%
15,0%
4,5%
3,4%
0,6%
8,2%
38,1%
4,8%
100%
2009
0,0%
36,2%
-1,4%
2,9%
5,8%
1,4%
0,0%
7,2%
52,2%
-4,3%
100%
2010
3,2%
21,7%
4,0%
14,8%
3,5%
2,5%
0,6%
4,0%
38,9%
6,6%
100%
2011
1,5%
16,7%
1,5%
27,3%
6,1%
4,5%
0,0%
3,0%
31,8%
7,6%
100%
2012
5,0%
28,8%
1,3%
17,5%
5,0%
1,3%
0,0%
6,3%
30,0%
5,0%
100%
2013
10,3%
16,0%
4,8%
10,2%
10,6%
1,9%
0,4%
16,5%
13,0%
16,3%
100%
Média
2,4%
23,6%
2,3%
14,3%
5,1%
2,5%
0,2%
7,9%
35,7%
5,9%
100%
Segmentos do Varejo Ampliado
Combustíveis e lubrificantes
Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo
Vestuário, calçados e tecidos
Móveis e eletrodomésticos
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos
Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação
Livros, jornais, revistas e papelaria
Outros artigos de uso pessoal e domésticos
Veículos e motos, partes e peças
Material de construção
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio
Na média, os 3 segmentos juntos contribuíram com 74% do crescimento do setor no período
com destaque para o primeiro, que sozinho, em 2007 e em 2009, foi responsável por metade
do crescimento do índice do volume de vendas do varejo ampliado.
A desaceleração do crescimento do índice de volume de vendas do varejo ampliado em 2013
(3,6%) pode ser explicado pelo fato desses três segmentos terem apresentado um crescimento
no ano muito inferior às suas médias de crescimento recente. Consequentemente, por
33
crescerem menos, contribuíram menos para o crescimento do índice de volume de vendas do
varejo ampliado, com apenas 39%, o que puxou para baixo o crescimento do índice geral.
Tabela 7 - Segmentos com Maior Contribuição ao Crescimento do Volume de Vendas do Varejo Ampliado
#
2
4
9
Crescimento do Volume de Vendas do Varejo Ampliado por Segmento
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
7,6%
6,4%
5,5%
8,3%
9,0%
4,0%
8,4%
10,3%
15,4%
15,1%
2,1%
18,3%
16,6%
12,3%
7,3%
22,6%
11,9%
11,1%
14,1%
6,1%
7,3%
2013
1,9%
5,0%
1,4%
#
2
4
9
Total
Contribuição no Crescimento do Volume de Vendas do Varejo Ampliado
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
36,9%
15,6%
16,8%
36,2%
21,7%
16,7%
28,8%
15,4%
11,1%
15,0%
2,9%
14,8%
27,3%
17,5%
32,3%
49,6%
38,1%
52,2%
38,9%
31,8%
30,0%
85%
76%
70%
91%
75%
76%
76%
2013
16,0%
10,2%
13,0%
39%
#
2
4
9
Segmentos do Varejo Ampliado
Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo
Móveis e eletrodomésticos
Veículos e motos, partes e peças
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio
34
4. O CONSUMO DAS FAMÍLIAS
4.1. DEFINIÇÃO E RELEVÂNCIA DO CONSUMO DAS FAMÍLIAS
Para o Sistema de Contas Nacionais, uma família é um grupo de pessoas que vive em um
mesmo domicílio e compartilha despesas com alimentos e habitação. Famílias podem ser
constituídas por uma ou mais pessoas. A principal fonte de renda delas é o recebimento de
salários e de outras remunerações por trabalharem em empresas ou no governo. Mas as
famílias também têm rendimentos de produção própria. Autônomos, empresas sem CNPJ e
agricultores são responsáveis por parte da produção própria das famílias.
Além de gerar renda diretamente e receber por sua participação na produção de empresas e
governo, as famílias recebem e fazem outras transferências de recursos. As transferências
feitas e recebidas pelas famílias incluem juros, dividendos, impostos sobre renda e
patrimônio, contribuições e benefícios sociais além de prêmios e indenizações de seguros.
Contabilizando a renda recebida e todas essas transferências, é possível calcular a renda
disponível das famílias: a renda que elas têm para consumir e poupar.
O consumo das famílias, divulgado trimestralmente pelo IBGE em seus relatórios de Contas
Trimestrais, é o valor gasto por elas com a aquisição de bens e serviços usados para atender a
suas necessidades e desejos. Essa despesa não inclui a compra de bens de capital como
máquinas e imóveis (formação bruta de capital fixo) nem a de bens de valor, como joias e
obras de arte (consideradas como reservas de valor). Tal despesa é a mais importante
componente do PIB quando ele é visto sob a ótica da demanda. Junto à outra despesa, o
consumo da administração pública (serviços individuais e coletivos prestados gratuitamente,
total ou parcialmente, pelas três esferas de governo, deduzindo-se os pagamentos parciais
efetuados pelas famílias), forma-se o consumo final. Os outros componentes do PIB sob a
ótica da demanda são:
-
Formação bruta de capital: somatório da formação bruta de capital fixo e da variação
de estoques;
o Formação bruta de capital fixo: Acréscimos ao estoque de bens duráveis
destinados ao uso das unidades produtivas visando ao aumento da capacidade
produtiva do país;
o Variação de estoques: Diferença entre os valores dos estoques de mercadorias
finais, de produtos semimanufaturados, bens em processo de fabricação e
35
matérias-primas dos setores produtivos no início e no fim do ano, avaliados
aos preços médios correntes do período;
-
Exportação de bens e serviços: Bens e serviços exportados em que se inclui somente o
custo de comercialização interna até o porto de saída das mercadorias;
-
Importação de bens e serviços: Bens e serviços adquiridos pelo Brasil do resto do
mundo em que se incluem no preço das mercadorias os custos com seguro e frete.
Tabela 8 - PIB Brasileiro em 2013 - Ótica da Demanda
Componentes do PIB sob a Ótica da Demanda
Consumo Final
Famílias
Administração Pública
Formação Bruta de Capital
Formação Bruta de Capital Fixo
Variação de Estoques
Exportações de Bens e Serviços
Importações de Bens e Serviços
Participação no PIB
em 2013 (%)
84,6
62,6
22,0
17,9
18,2
-0,3
12,6
-15,0
Fonte: Ipeadata
A média de participação das despesas de consumo das famílias, durante o período de 2003 a
2013, foi superior a 60% do PIB. Em valores nominais, no mesmo período, essa despesa
quase que triplicou de valor, saltando de R$ 1,05 trilhão para R$ 3,03 trilhões.
36
Tabela 9 - Participação do Consumo das Famílias no PIB - 2003 a 2013
Ano
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Participação do
Consumo das Famílias
no PIB (%)
61,93
59,78
60,27
60,30
59,90
58,93
61,11
59,64
60,33
62,49
62,62
Consumo das Famílias
em Valores Nominais
(Milhões)
R$
1.052.759
R$
1.160.611
R$
1.294.230
R$
1.428.906
R$
1.594.067
R$
1.786.840
R$
1.979.751
R$
2.248.624
R$
2.499.489
R$
2.744.452
R$
3.033.694
Fonte: Ipeadata
Outro fato que atesta a relevância dessa despesa é o seu crescimento real durante o período.
Assim como o valor adicionado pelo comércio, as despesas de consumo das famílias também
tiveram um crescimento real maior do que o PIB. Enquanto a média de crescimento do PIB
no período foi de 3,5% ao ano, o consumo das famílias apresentou uma média de crescimento
de 4,2% ao ano.
Crescimento Real
PIB x Consumo das Famílias
8%
7%
6%
5%
4%
3%
2%
1%
0%
-1%
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
-2%
PIB
Consumo das Famílias
Gráfico 5 - Crescimento Real do PIB e do Consumo das Famílias - 2003 a 2013
Fonte: Ipeadata
37
Um detalhe que chama atenção no gráfico acima é o fato que após ter tido o seu maior
crescimento em 11 anos, 6,9% em 2010, o consumo das famílias vem ano após ano
apresentando uma desaceleração no seu crescimento. Com exceção do ano de 2003, quando
houve uma retração do consumo das famílias, o crescimento dos últimos três anos são os
mais baixos do período.
Sendo o componente de maior peso no PIB, esse baixo crescimento do consumo das famílias
nos últimos três anos acaba explicando parcialmente o baixo crescimento do PIB no mesmo
período.
4.2. CARACTERIZAÇÃO DAS DESPESAS DE CONSUMO DAS FAMÍLIAS
Para se falar do consumo das famílias, recorreu-se à última Pesquisa de Orçamentos
Familiares (POF), realizada entre 2008 e 2009. A POF é uma pesquisa realizada pelo IBGE e
busca quantificar a estrutura de gastos, rendimentos e variação patrimonial das famílias para
que se tenha um perfil das condições de vida da população na brasileira. Sendo que é a partir
dessa pesquisa que o IBGE estima o componente consumo das famílias no Sistema de Contas
Nacionais.
O IBGE distribui as despesas de consumo das famílias em 11 tipos:

Alimentação: Aquisição total com alimentação realizada pela unidade de consumo,
tanto a destinada e utilizada no domicílio quanto aquelas realizadas e consumidas fora
do domicílio;

Habitação: Despesas com aluguel de moradia e eventuais adicionais incidentes por
atrasos. Além de serviços e taxas de energia elétrica, telefones fixo e celular, pacotes
com telefone, televisão e Internet, gás, água, esgoto, manutenção e pequenos reparos
com habitação, artigos e produtos de limpeza do domicílio, e aquisições de
eletrodomésticos e equipamentos do lar;

Vestuário: Despesas com a aquisição de roupas prontas para homem, mulher e
crianças, calçados e apetrechos (bolsas e cintos), joias e bijuterias, tecidos e artigos de
armarinho;

Transporte: Despesas habituais com transporte urbano, combustível para veículo
próprio, manutenção de veículo próprio, aquisição de veículo, despesas com viagens
esporádicas, estacionamento, pedágio e seguro obrigatório;
38

Higiene e cuidados pessoais: Despesas com a aquisição de artigos de higiene e de
beleza;

Assistência à saúde: Despesas com produtos e serviços relativos à saúde;

Educação: Despesas efetuadas com mensalidades e outras despesas escolares com
cursos regulares (pré-escolar, fundamental e médio), curso superior de graduação,
outros cursos e atividades (curso supletivo, informática, cursos de idioma e outros),
livros didáticos e revistas técnicas, artigos escolares;

Recreação e cultura: Despesas com brinquedos e jogos, celular e acessórios de
telefonia celular, livros, revistas e periódicos não didáticos (jornais, revistas infantis,
etc.). Inclui, ainda, despesas com recreações e esportes;

Fumo: Despesas com cigarros, charutos, fumo para cachimbo, fumo para cigarros e
outros artigos para fumante como, por exemplo, fósforos e isqueiros;

Serviços pessoais: Despesas com cabeleireiro, manicuro, pedicuro e serviços
similares, e consertos de artigos pessoais (sapateiro, relojoeiro, chaveiro etc.);

Despesas diversas: Referem-se às despesas com jogos e apostas, comunicação,
cerimônias e festas familiar e religiosa, serviços profissionais (cartório, advogado,
despachante, contador) e despesas com imóveis de uso ocasional.
Dessas 11 categorias de despesas, as 3 maiores despesas ( “habitação”, “alimentação” e
“transporte” em ordem decrescente) responderam por três quartos do total das despesas das
famílias brasileiras entre 2008 e 2009.
39
Distribuição das Despesas de Consumo Familiar entre 2008 e 2009
40%
35,9%
35%
30%
25%
20%
19,8%
19,6%
15%
10%
7,2%
5,5%
5%
3,0%
2,9%
2,4%
2,0%
1,1%
0,5%
0%
Gráfico 6 - Distribuição das Despesas de Consumo das Famílias entre 2008 e 2009
Fonte: Pesquisa de Orçamentos Familiares - 2008 e 2009
Abaixo, mostra-se uma tabela de associação entre as despesas mostradas acima com os
segmentos do comércio varejista ampliado. A ideia é poder mostrar quais tipos de despesas
afetam cada segmento do varejo ampliado. Despesas do tipo “serviços pessoais” e “despesas
diversas” não foram associadas com nenhum segmento do varejo ampliado porque se referem
à compra de bens, mas sim, à prestação de serviços.
Tabela 10 - Despesas de Consumo das Famílias que Afetam cada Segmento do Comércio Varejista Ampliado
Segmento do Comércio Varejista Ampliado
Tipo de Despesas de Consumo Familiar
Combustíveis e lubrificantes
Transporte
Alimentação
Fumo
Vestuário
Habitação
Assistência à saúde
Higiene e cuidados pessoais
Habitação
Recreação e cultura
Educação
Recreação e cultura
Habitação
Alimentação
Recreação e cultura
Assistência à saúde
Transporte
Habitação
Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo
Vestuário, calçados e tecidos
Móveis e eletrodomésticos
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos
Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação
Livros, jornais, revistas e papelaria
Outros artigos de uso pessoal e domésticos
Veículos e motos, partes e peças
Material de construção
Fonte: Elaboração própria
40
5. PANORAMA
DAS
VARIÁVEIS
MACROECONÔMICAS
MAIS
RELEVANTES PARA O CONSUMO DAS FAMÍLIAS ENTRE 2003 E 2013
Esta seção do estudo tem como objetivo descrever o comportamento de determinadas
variáveis macroeconômicas que impactaram o consumo das famílias e, consequentemente, o
setor comercial ao longo período de 2003 a 2013 no Brasil. As variáveis analisadas são:
(i)
Inflação;
(ii)
Emprego;
(iii)
Renda;
(iv)
Crédito;
(v)
Taxa de juros;
(vi)
Programas sociais;
(vii)
Desoneração fiscal.
É importante destacar que todas as séries usadas para fazer as tabelas desse capítulo estão no
apêndice desse trabalho.
5.1. PIB
A tabela 11 apresenta as médias de crescimento real do PIB entre o primeiro Governo
Fernando Henrique Cardoso (FHC) e os três primeiros anos de Governo Dilma. Por mais que
o período dos Governos FHC não seja o foco desse estudo, torna-se necessário nessa parte do
estudo, ao menos, mostrar qual foi a média de crescimento do PIB durante os seus dois
mandatos para que se tenha uma maior base comparativa, principalmente, quando se falar da
taxa de desemprego. As tabelas completas com os crescimentos anuais em cada governo se
encontram no apêndice desse trabalho.
41
Tabela 11 - Média de Crescimento Real do PIB - 1995 a 2013
Período
FHC
(1995 - 1998)
FHC
(1998 - 2002)
Lula
(2003 - 2006)
Lula
(2007 - 2010)
Dilma
(2011 - 2013)
Média de Crescimento
Real do PIB
(% a.a.)
2,50
2,13
3,50
4,62
2,08
Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata
5.2. INFLAÇÃO
A inflação, um fenômeno econômico de aumento contínuo de preços gerais durante certo
período de tempo, tem como consequência a redução da capacidade de compra da moeda, o
que reduz o poder aquisitivo dos agentes econômicos.
Conforme pode ser visto nas tabelas 12 e 13, o segundo Governo Lula foi o que teve a menor
inflação média, em 5,15% ao ano. Já o primeiro Governo Lula foi o período de maior média
inflacionária, ficando em 6,43% ao ano. Essa maior média de inflação é explicada pelas
inflações nos dois primeiros anos de governo, que foram as maiores taxas de inflação
registradas no período. É importante frisar que em 2003 e 2004, as metas de inflação eram
mais altas (8,5% para 2003 e 5,5% para 2004) do que os atuais 4,5% ao ano. Somente partir
de 2005, com o enfraquecimento da inflação, o Comitê de Política Monetária do Banco
Central (COPON) passou a definir como novo alvo de inflação os 4,5% ao ano.
42
Tabela 12 - Série Histórica do IPCA - 2003 a 2013
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Inflação
9,3 7,6 5,7 3,1 4,5 5,9 4,3 5,9 6,5 5,8 5,9
(IPCA, dez / dez, % a.a.)
Fonte: Ipeadata
Tabela 13 - Inflação Anual Média por Governo - 2003 a 2013
1° Governo Lula 2° Governo Lula Governo Dilma
(2003 - 2006)
(2007 - 2010)
(2011 - 2013)
Inflação
(IPCA, dez / dez, % a.a.)
6,43
5,15
6,08
Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata
Desde o Governo Fernando Henrique Cardoso, em que inflação média ficou em 9,4% ao ano
entre 1995 e 1998 e em 8,8% ao ano entre 1999 e 2002, até o segundo Governo Lula, a
inflação média de cada governo foi inferior à média do governo anterior. No entanto, os três
primeiros anos de Governo Dilma foram marcados por uma inflação média superior ao
segundo Governo Lula. Isso sem levar em conta as expectativas de mercado que esperam que
2014 feche o ano com a inflação medida pelo IPCA (Índice Nacional de Preços ao
Consumidor Amplo) muito próxima ao teto da meta, que é de 6,5% ao ano.
Segundo Giambiagi (2011), ao se destacar o período de 2003 a 2010, correspondente ao
Governo Lula, a inflação dos dois primeiros anos pode ser explicada pela forte depreciação
do real frente ao dólar. Já em 2005, a principal razão da inflação foi o contexto de alta dos
preços das commodities. Em 2006 e 2007, a inflação esteve, respectivamente, abaixo e no
centro da meta. Em 2008, pela primeira vez no período, houve uma pressão inflacionária por
parte da demanda, visto que foi o segundo ano seguido em que o PIB cresceu a uma taxa real
superior a 5% ao ano (6,1% ao ano em 2007 e 5,2% ao ano em 2008). Em 2009, como
consequência da crise econômica mundial de 2008, houve uma retração do PIB brasileiro e a
inflação se deu abaixo do centro da meta. No último ano da década, o PIB teve o maior
43
crescimento do período (7,5% ao ano) e, assim como em 2008, mais uma vez houve uma
forte pressão por parte da demanda nos preços.
Em relação ao período de 2011 a 2013, correspondente aos três primeiros anos do Governo
Dilma, Amorim (2012), lista alguns fatores que contribuíram para a maior média de inflação
do período. Primeiramente, cita a redução da taxa de juros por parte do Banco Central em um
período em que a inflação já estava acima da meta e em elevação, o que alimenta ainda mais
a inflação. O aumento do dólar a partir de 2012 acabou encarecendo importados, encarecendo
bens e serviços. Como forma de proteger alguns setores da indústria e impedir a deterioração
da balança comercial, além de desvalorizar o real, o governo aumentou a alíquota de
importação de diversos produtos, colaborando para preços mais altos. Em um período em que
o desemprego se manteve nos menores níveis históricos, o mesmo autor também atenta para a
inflação de demanda causada pelos ganhos salariais acima da inflação, o que eleva os custos,
sendo que esses não foram acompanhados pelo aumento da produtividade. Vale ressaltar que
o Governo Dilma possui a maior média de inflação do período mesmo tendo baixado a tarifa
da energia elétrica em 2013 e mantendo o controle de preços administrados com aumentos
abaixo do índice IPCA, com destaque para os combustíveis.
Média
de Câmbio
Comercial
Compra
de (R$
Dólar
(R$ /- US$)
Tabela Taxa
14 - Taxa
de Câmbio
Comercial
para para
Compra
de Dólar
/ US$)
2003 a 2013
2003
3,08
2004
2,93
2005
2,43
2006
2,18
2007
1,95
2008
1,83
2009
2,00
2010
1,76
2011
1,67
2012
1,95
2013
2,16
Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata
5.3. EMPREGO
Para se falar dos níveis de emprego no Brasil, durante o período entre 2003 e 2011, foram
utilizadas as taxas de desemprego divulgadas mensalmente pelo IBGE em sua Pesquisa
Mensal de Emprego. A taxa de desemprego informa a quantidade relativa de pessoas com
mais de 10 anos que não estão ocupadas, mas que procuraram por emprego nos últimos 30
dias anteriores à pesquisa. Esse índice é feito com base em pesquisas realizadas nas regiões
metropolitanas de Recife, Salvador, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, São Paulo e Porto
Alegre. As taxas anuais de desemprego apresentadas na tabela 15 foram calculadas a partir
das médias das taxas de desemprego mensais.
44
Tabela 15 - Série Histórica da Taxa Média de Desemprego - 2003 a 2013
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Média do Desemprego
12,3 11,5 9,8 10,0 9,3
(%)
7,9
8,1
6,7
6,0
5,5
5,4
Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata
Tabela 16 - Média da Taxa de Desemprego por Governo
1° Governo Lula 2° Governo Lula Governo Dilma
(2003 - 2006)
(2007 - 2010)
(2011 - 2013)
Média do Desemprego
(%)
10,90
8,00
5,62
Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata
Durante esses 11 anos de estudo, a taxa de desemprego média de cada governo foi sempre
inferior à taxa do governo anterior. Até 2010, essa redução do desemprego é explicada pelos
crescimentos médios do PIB durante os Governos Lula terem sido superiores aos
crescimentos médios do PIB durante os Governos FHC. Esse aquecimento econômico fez
com que milhões de postos de trabalho fossem criados e empregassem aqueles que até então
estavam desempregados. No entanto, esse pensamento não pode ser aplicado ao Governo
Dilma, que mesmo com a menor média de crescimento em relação ao Governo Lula,
conseguiu que a taxa de desemprego alcançasse sua mínima histórica.
Amorim (2014) defende que a geração de riqueza de um país é o total de pessoas
trabalhando, não a taxa de desemprego. Levando em conta essa afirmação, decidiu-se por
analisar, além da taxa de desemprego, os outros índices, também medidos mensalmente pelo
IBGE nas mesmas regiões metropolitanas já citadas, que possam caracterizar as mudanças no
mercado de trabalho ao longo desse período. Por isso, também se buscou os índices de
População em Idade Ativa (PIA), População Economicamente Ativa (PEA) e População
Ocupada (PO).
45
A PIA é a medida da quantidade de pessoas com mais de 10 anos. São os empregados, os
desempregados, os que estudam, os aposentados, os pensionistas e os que não querem
trabalhar. A PIA é o valor máximo de pessoas que poderiam estar empregadas. A PEA mede
a quantidade de pessoas empregadas e desempregadas (pessoas que procuram emprego e não
encontram). São as pessoas inseridas no mercado de trabalho ou que procuram se inserir nele.
Por fim, a PO mede a quantidade de pessoas ocupadas, ou seja, são as pessoas empregadas,
trabalhando por conta própria em seu próprio negócio e empregadores. A taxa de desemprego
é medida pela diferença de uma unidade e a divisão da PO sobre a PEA.
Para se ter uma outra percepção do mercado de trabalho no Brasil, mostra-se na tabela 17 os
índice anuais calculados pela divisão da média dos valores mensais da PO sobre a PIA.
Tabela 17 - Proporção Média de População Ocupada/População em Idade Ativa - 2003 a 2013
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Média da PO / PIA
50,0 50,6 51,0 51,2 51,6 52,5 52,1 53,2 53,7 54,2 54,0
(%)
Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata
Tabela 18 - Variação da Média da PO/PIA entre o Último e o Primeiro Ano de cada Governo
1° Governo Lula 2° Governo Lula Governo Dilma
(2003 - 2006)
(2007 - 2010)
(2011 - 2013)
Variação da Média da
PO / PIA entre o Último
e o Primeiro Ano
(%)
1,12
1,66
0,34
Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata
Fazendo uma análise desses valores, o que se percebe é um enfraquecimento no aumento do
índice de pessoas ocupadas em relação à população em idade ativa no Governo Dilma. Sendo
que o ano de 2013, esse índice já teve uma redução em relação ao ano anterior. Além disso, o
46
resultado mostra que a taxa mínima de desemprego observada em 2013 é em parte explicada
pelo aumento do número de pessoas que deixaram de procurar por empregos e uma vez que
há menos pessoas procurando por empregos, o desemprego cai.
Em nível de comparação, Amorim (2014) afirma que a porcentagem de pessoas ocupadas em
relação à PIA no Brasil é atualmente menor que grande parte dos países da Europa, que em
função da recente crise do euro, possuem taxas de desemprego muito maiores que a
brasileira.
5.4. RENDA
Sobre a capacidade do poder de compra da população, a seguir, são mostrados os valores da
variação do rendimento real das pessoas ocupadas. As médias anuais apresentadas na tabela
19 são referentes às médias das variações mensais sobre o mesmo mês do ano anterior para
que não haja a influência de fatores sazonais. Tais valores foram calculados com base no
rendimento médio real habitual dos trabalhadores, que é um dos principais índices da
Pesquisa Mensal de Emprego realizada pelo IBGE.
Tabela 19 - Variação Média Anual do Rendimento Real - 2003 a 2013
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Variação da Média
do Rendimento Real -12,6 -1,2 1,5 4,0 3,2 3,4 3,2 3,8 2,7 4,1 1,8
(% a.a.)
Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata
47
Tabela 20 - Média da Variação Anual do Rendimento Real por Governo
1° Governo Lula 2° Governo Lula Governo Dilma
(2003 - 2006)
(2007 - 2010)
(2011 - 2013)
Média da Variação da
Média do Rendimento Real
(% a.a.)
-2,07
3,39
2,90
Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata
Por conta da alta inflação já mostrada nos dois primeiros anos de Governo Lula, a média da
variação do rendimento real foi negativa durante o seu primeiro governo. Nota-se que foi a
partir de 2006 que se começou o processo de aumento consistente do rendimento real das
pessoas ocupadas com taxas superiores a 3% ao ano.
Apesar do baixo crescimento e da maior inflação nos três primeiros anos de Governo Dilma,
houve a continuidade da valorização do rendimento real. Mesmo apresentando uma média
inferior ao governo anterior, o ano de 2012 foi o ano de maior aumento do rendimento real no
período em análise, o que pode ser explicado pela menor inflação entre os 3 anos de governo
e a redução do desemprego em 0,5% entre 2011 e 2012.
Além da variação do rendimento real, também é válido analisar a variação real do salário
mínimo, pois segundo a última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, feita pelo
IBGE em 2012, 27,8% das pessoas ocupadas no Brasil recebem até um salário mínimo.
Os índices mostrados na tabela 21 foram calculados com base nos salários mínimos mensais.
A partir desses valores mensais, calculou-se a média do salário mínimo para cada ano.
Depois, com base na inflação de cada ano, calculou-se a variação real da média do salário
mínimo em relação ao ano anterior.
48
Tabela 21 - Variação Real da Média do Salário Mínimo - 2003 a 2013
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Variação Real da Média do
Salário Mínimo
(%)
7,9
2,4
7,1 14,1 5,7
3,7
8,0
4,5
0,2
8,0
2,9
Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata
Tabela 22 - Variação Média Anual Real do Salário Mínimo por Governo
1° Governo Lula 2° Governo Lula Governo Dilma
(2003 - 2006)
(2007 - 2010)
(2011 - 2013)
Média da Variação Real da
Média do Salário Mínimo
(%)
7,87
5,46
3,70
Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata
Como pode ser observado nas tabelas acima, todos os reajustes do salário mínimo foram
feitos acima da inflação. Nem mesmo nos anos de 2003 e 2004, em que houve uma variação
negativa do rendimento real, o salário mínimo deixou de ser reajustado sobre a inflação.
Enquanto a variação do rendimento real teve maior aumento durante o segundo Governo
Lula, o salário mínimo teve maior aumento durante o primeiro Governo Lula com grande
destaque para o ano de 2005 cujo aumento foi de 14,1% sobre 2004. Já o Governo Dilma foi
o período em que o salário mínimo teve a sua menor variação real.
5.5. TAXA DE JUROS
Para se falar da taxa de juros do período, recorreu-se à taxa Selic, que é a taxa média diária
representativa da negociação de títulos públicos no Selic (Sistema Especial de Liquidação e
de Custódia). A taxa Selic acaba funcionando como um índice pelo qual os juros cobrados no
Brasil são balizados, sendo função do Banco Central a fixação de metas para ela.
O câmbio flutuante, o controle fiscal para se atingir o superávit primário e o regime de metas
de inflação fazem parte do conjunto de políticas econômicas conhecido como tripé
49
macroeconômico. Esse tripé entrou em vigor a partir de 1999 e tem a função de atacar os
principais desequilíbrios macroeconômicos externos, fiscais e monetários de forma integrada.
Sendo que é a partir da alteração da taxa Selic que o Copom visa atingir as metas fixadas pelo
governo para a inflação.
Como visto em 2.2.1. e considerando a Selic como a taxa básica de juros no Brasil, a
elevação desta faz com que as taxas de juros do mercado subam e encareçam a moeda, o que
reduz a demanda pela mesma e acaba por enfraquecer a inflação. Por outro lado, a redução da
taxa Selic faz com que as taxas de juros praticadas no mercado se reduzam e torna a moeda
mesma mais acessível, o que eleva a demanda pela mesma e contribui para a inflação.
Na maior parte dos Governos Lula, a taxa Selic foi mantida constante ou reduzida. Os
momentos de exceção, como já mencionado no início desse capítulo, são explicados por
Giambiagi (2011). Em 2003, a taxa Selic atingiu o seu maior valor nominal no período como
forma de conter a pressão do dólar sobre a inflação. Entre o final de 2004 e meados de 2005,
precisou ser elevada para conter a alta dos preços das commodities. Voltou a ser elevada em
2008 e 2010 devido ao forte crescimento econômico que gerou uma pressão de demanda
sobre os preços.
Grande parte do primeiro ano de Governo Dilma foi marcado pelo aumento da taxa Selic.
Como pode ser visto na tabela 23, a média de 2011 foi quase 2% superior à média de 2010.
Isso porque, segundo Amorim (2011), houve uma alta significativa dos preços dos alimentos
paralela à redução da oferta por problemas de safras agrícolas. Já entre o meio do segundo
semestre de 2011, por quase um ano, o Copom passou a reduzir ou manter constante a taxa de
juros até outubro de 2012, momento em que alcançou a sua mínima histórica em 7,25% ao
ano. Isso foi feito como forma de incentivar o consumo e os investimentos em um período
cujas perspectivas de crescimento eram baixas em função da crise do euro, fato que acabou se
concretizando com o PIB crescendo apenas 1% em 2012. Até abril de 2013, a taxa foi
mantida nessa mínima. De lá até o final de 2013, a taxa voltou a subir, pois a política de
manutenção da taxa de juros em sua mínima histórica foi feita em um período em que a
inflação já incomodava e estava em ascensão.
50
Tabela 23 - Média da Taxa Selic no Ano - 2003 a 2013
2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Taxa Selic Média
23,5 16,4 19,1 15,3 12,0 12,5 10,1 9,9 11,8 8,6 8,3
(% a.a.)
Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata
Tabela 24 - Média da Taxa Selic por Governo
1° Governo Lula 2° Governo Lula Governo Dilma
(2003 - 2006)
(2007 - 2010)
(2011 - 2013)
Taxa Selic Média
(% a.a.)
18,59
11,13
9,56
Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata
51
Taxa Selic Média Mensal (% a.a.)
30,0
27,5
25,0
22,5
20,0
17,5
15,0
12,5
10,0
7,5
5,0
Gráfico 7 - Série Histórica - Taxa Selic Média Mensal - 2003 a 2013
Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata
5.6. CRÉDITO
O crédito é um recurso financeiro concedido pelo credor para que o tomador possa usar esses
recursos para propósitos de consumo ou investimento. Como este estudo trata do consumo
das famílias, será discutido nessa seção, o montante de crédito destinado a pessoas físicas,
sem levar em conta o montante para pessoas jurídicas.
Os índices no trabalho foram calculados com base na série de crédito destinado a pessoas
físicas, que é divulgada mensalmente pelo BC. A partir dos valores dos meses de dezembro e
com base na inflação de cada ano, calculou-se a variação real do montante de crédito
concedido a pessoas físicas em relação ao ano anterior.
Assim como em todas as outras variáveis macroeconômicas já apresentadas, o segundo
Governo Lula teve melhor desempenho do que o primeiro. No entanto, vale se ressaltar que,
não fosse o ano de 2003, em que o índice teve uma variação muito pequena se comparado aos
outros anos, o primeiro Governo Lula teria o melhor desempenho do período. Até porque foi
52
no primeiro Governo Lula, em 2005, que o índice teve maior expansão. Segundo Assaf Neto
(2012), a razão para esse bom desempenho em grande parte do primeiro Governo Lula foi a
elevada liquidez internacional e as baixas taxas de juros americanas no período. Giambini
(2011) também destaca que essa facilidade de obtenção de crédito no exterior levou a uma
grande entrada de capital em dólar, o que fez com que o real se apreciasse e reduzisse a
pressão cambial sobre a inflação. O índice apenas veio a perder força em 2008 e 2009, visto
que o mundo vivia a contração da oferta de crédito em função da crise internacional iniciada
no ano anterior nos EUA.
Mesmo com o aumento do índice em 2010, a expansão real da oferta de crédito a pessoas
físicas nunca mais teve a mesma performance. Tal fato pode ser visto nos índices relativos
aos três primeiros anos do Governo Dilma, que não só tiveram a menor média do período,
como também apresentaram um enfraquecimento do aumento real do índice ano após ano.
Vale lembrar que foi entre os anos de 2012 e 2013 que a taxa Selic atingiu os seu menor valor
histórico, porém nem isso fez com que a expansão real do crédito a pessoas físicas voltasse a
níveis semelhantes aos anos anteriores. Um dos motivos para a variação real do crédito
disponibilizado para pessoas físicas ter perdido força durante o Governo Dilma foi o aumento
da inadimplência do consumidor nos anos de 2011 e 2012, em que o Serasa Experian mediu
uma variação de 21,5% e 15,0%, respectivamente, sobre 2010 e 2011, o que fez com as
instituições financeiras ficassem mais rigorosas na liberação de crédito para pessoas físicas.
Tabela 25 - Variação Real ao Ano do Montante de Crédito Concedido a Pessoas Físicas – 2003 a 2013
Variação Real do Montante
de Crédito Concedido a
Pessoas Físicas
(%)
2003
2004
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
5,6
19,0
22,4 20,0 26,7 16,8 12,4 16,9 11,4 10,4 9,8
Fonte: Elaboração própria com dados do Banco Central
53
Tabela 26 - Média da Variação Real ao Ano do Montante de Crédito Concedido a Pessoas Físicas por Governo
1° Governo Lula
(2003 - 2006)
2° Governo Lula
(2007 - 2010)
Governo Dilma
(2011 - 2013)
16,8
18,2
10,5
Média da Variação Real do
Montante de Crédito
Concedido a Pessoas Físicas
(%)
Fonte: Elaboração própria com dados do Banco Central
5.7. TRANSFERÊNCIA DE RENDA
No tocante à transferência direta de renda por parte do governo para as pessoas decidiu-se por
analisar o programa mais famoso e que mais cresceu nos últimos anos, o Bolsa Família.
O Bolsa Família foi criado em 2004 pelo Governo Federal e é um programa de transferência
direta de renda para famílias em situação de pobreza e extrema pobreza. O valor repassado
pelo governo depende do tamanho da família, da idade dos seus membros e da sua renda,
havendo ainda benefícios específicos para famílias com crianças, jovens até 17 anos,
gestantes e mães que amamentam. Há, portanto, um forte estímulo ao consumo.
Segundo Giambiagi (2011), entre 2001 e 2009, a renda per capita dos 10% mais ricos da
população brasileira aumentou 1,5% ao ano. Já a renda dos mais pobres cresceu a taxa de
6,8% ao ano. Esse aumento da renda dos mais pobres é explicado por programas sociais,
sendo o Bolsa Família o programa de maior destaque, que junto à elevação real do salário
mínimo e à redução do desemprego foram os pilares para a redução da desigualdade social no
Brasil.
Por mais que o Bolsa-Família tenha sido criado no primeiro Governo Lula e que seja o
programa mais famoso de transferência de renda já criado, os programas de transferência de
rendas para os mais pobres já haviam sido aprimorados durante os Governos FHC com o
Bolsa Escola (benefício dado às famílias com crianças na escola), o Bolsa Renda (voltado
para pessoas pobres afetadas pelos problemas da seca), o Bolsa Alimentação (voltado para
mulheres na fase de amamentação), o Auxílio-Gás (subsídio para a compra do botijão de gás)
e o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (doação de bolsas para retirar crianças do
trabalho e incentivá-las a estudar). Giambiagi (2011) destaca que o Bolsa Família foi a
concentração e a expansão de todos esses programas existentes.
54
Em 2013, 9 anos após ser criado, o valor total dos benefícios do programa já havia se
expandido em mais de 6 vezes sobre o seu valor original, totalizando em valores nominais R$
24.890 milhões. No mesmo ano, alcançou a marca de 14 milhões de famílias, o que segundo
o Ministério do Desenvolvimento Social, representa mais de 50 milhões de pessoas. Ou seja,
25% da população brasileira é coberta pelo benefício do programa. Por sua vez, o benefício
médio recebido por família teve seu valor nominal triplicado em um período em que a
inflação aumentou cerca de 60%.
Tabela 27 - Valor Total dos Benefícios do Bolsa Família e Número de Famílias Beneficiadas - 2004 a 2013
Ano
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Valor Total dos
Benefícios
(milhões)
R$
3.792
R$
5.692
R$
7.525
R$
8.965
R$
10.607
R$
12.455
R$
14.373
R$
17.360
R$
21.157
R$
24.890
Famílias
Beneficiadas
(mil)
6.572
8.700
10.966
11.043
10.558
12.371
12.778
13.352
13.902
14.086
Benefício Médio
por Família
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
R$
577
654
686
812
1.005
1.007
1.125
1.300
1.522
1.767
Fonte: Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
As tabelas 28 e 29 contêm os índices de variação real do benefício médio por família em
relação ao ano anterior e as médias dos governos.
Tabela 28 - Variação Real ao Ano do Benefício Médio por Família - 2005 a 2013
2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Variação Real do Benefício
Médio por Família
(%)
7,3
1,7 13,3 16,8 -3,9 5,5
8,5 10,6 9,6
Fonte: Elaboração própria com dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
55
Tabela 29 - Média por Governo da Variação Real do Benefício Médio por Família
Média da Variação Real do
Benefício Médio por Família
(%)
1° Governo Lula
(2005 - 2006)
2° Governo Lula
(2007 - 2010)
Governo Dilma
(2011 - 2013)
4,49
7,92
9,59
Fonte: Elaboração própria com dados do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome
As maiores variações são vistas durante o segundo Governo Lula, em 2007 com 13,3% e em
2008 com 16,8%. No entanto, essas maiores altas não impediram que o Governo Dilma
tivesse a maior média de variação real do benefício médio por família mesmo em um período
de fraco crescimento do PIB.
Amorim (2014) alerta que por mais que o Bolsa Família melhore as condições de vida de
milhões de pessoas, esse tipo de decisão por parte do governo em reajustar os benefícios do
programa em valores superiores à inflação acaba por incentivar ainda mais o consumo em um
período em que a inflação se encontra próxima ao teto da sua meta e em que o próprio
governo tem dificuldade para controlá-la. Além disso, o mesmo ainda diz que em locais onde
os salários são pouco superiores ao benefício, o programa acaba desestimulando a busca por
emprego. Ainda mais quando se percebe que a variação real do benefício tem sido superior à
do salário mínimo.
5.8. DESONERAÇÃO FISCAL
Considerando a política fiscal expansionista, a desoneração também é uma variável
importante nesse estudo porque consiste na redução de tributos por parte do governo sobre
bens e serviços, o que acaba por permitir uma redução de preços e incentivar o consumo e,
consequentemente, a atividade econômica. Sabendo que o consumo das famílias é o principal
pilar do PIB brasileiro, ao reduzir tributos, o governo espera que esse consumo aumente e
possa gerar mais empregos e maior renda, que acaba por aumentar o consumo mais uma vez.
E assim, com esse aquecimento da atividade econômica, o governo pode arrecadar mais e
compensar as perdas de receitas com a prática da desoneração.
56
A política de desoneração fiscal, por mais que já tivesse iniciada em 2008, veio a ganhar mais
destaque durante o Governo Dilma a partir de 2012 sob a justificativa de ser uma medida de
estímulo ao crescimento do país em meio ao enfraquecimento da economia mundial que
ainda vivia os efeitos da crise financeira internacional e da crise do euro em andamento. As
principais medidas foram a redução do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) de
carros, produtos da linha branca, móveis e materiais de construção, ter zerado a incidência de
impostos federais sobre os produtos da cesta básica, a redução do Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF) para todas as operações de créditos para pessoas físicas e a desoneração da
folha de pagamentos de 56 atividades econômicas que fez com que as empresas
contempladas deixassem de pagar 20% da folha de pagamentos como contribuição patronal à
Previdência Social e passassem a pagar 1% ou 2% do faturamento, variando com a sua
atividade.
A tabela 30 se refere a todas as desonerações instituídas entre 2010 e 2013 e são estimativas
feitas pela Receita Federal em valores correntes. Fica evidente o substancial aumento das
desonerações ano após ano no Governo Dilma, período em que elas saltaram de R$ 9,6
bilhões em 2011 para R$ 78,6 bilhões em 2013. Sendo que em 2012, ano que as desonerações
fiscais ganharam força, a estimativa para esse benefício quase que quintuplicou em relação ao
valor do ano anterior. Assim sendo, o valor total das estimativas para as desonerações fiscais
instituídas entre 2012 e 2014 alcança a quantia aproximada de R$ 138 bilhões, em que 98%
delas correspondem ao período de 2011 a 2013.
Tabela 30 - Estimativas de Desonerações Fiscais Instituídas entre 2010 e 2013
Estimativas para as Desonerações
Fiscais Instituídas entre 2010 e 2013
(em milhões)
Variação sobre o Ano Anterior
(%)
2010
2011
2012
2013
2.509
9.606
47.128
78.585
-
282,9
390,6
66,7
Fonte: Elaboração própria com dados da Receita Federal
Segundo Porsse e Madruga (2014), entre 2010 e 2014, foi o setor automotivo que concentrou
mais da metade da desoneração do IPI dada pelo governo. De um total de R$ 15,5 bilhões em
receitas renunciadas pelo governo nesse período, o setor automotivo respondeu por R$ 8,3
57
bilhões. Sendo seguido pelo setor de móveis com R$ 1,6 bilhão, alimentos com R$ 1,2
bilhão, linha branca com R$ 958 milhões e outros setores com R$ 3,4 bilhões.
Representatividade Setorial na Desoneração Fiscal do IPI
2010 - 2014
22%
6%
54%
8%
10%
Automóveis
Móveis
Alimentos
Linha Branca
Outros
Gráfico 8 - Representatividade Setorial na Desoneração Fiscal do IPI - 2010 a 2014
Fonte: PORSSE E MADRUGA (2014)
O estudo desses autores conclui que ao concentrar o benefício da redução de impostos em um
único setor, o governo acaba por gerar uma distorção em relação a outros setores, pois os
consumidores deixam de comprar outros bens para aproveitar o preço mais baixo dos carros
com o imposto reduzido. Sendo que essa redução de impostos para o setor automotivo
beneficia mais as faixas populacionais com renda média ou mais elevada. Além disso,
também afirmam que o governo fica refém das exigências desse setor, tornando a retirada do
benefício mais difícil e fazendo com que ele fique sendo postergado continuamente em uma
época em que o governo encontra dificuldades para alcançar o superávit primário (saldo entre
as receitas e as despesas do governo, excluindo os gastos com os juros da dívida pública).
Por mais passível de crítica que tal política fiscal tipo expansionista possa ser, ela contribuiu
para que o crescimento do consumo das famílias fosse maior do que o crescimento do PIB no
Governo Dilma. Isso fica bem evidente no ano de 2012, quando ao se comparar os 2
crescimentos, percebe-se que a variação real do consumo das famílias foi 3 vezes superior a
do PIB.
58
Tabela 31 - Variação Real ao Ano do PIB e do Consumo das Famílias - 2010 a 2013
Variação Real
PIB
Consumo das Famílias
2010
7,5%
6,9%
2011
2,7%
4,1%
2012
1,0%
3,2%
2013
2,5%
2,6%
Fonte: Ipeadata
59
6. PANORAMA DOS SEGMENTOS DO VAREJO AMPLIADO ENTRE 2003 E
2013
Nesta seção do estudo são analisadas as principais variáveis macroeconômicas que impactam
nos segmentos do varejo ampliado. Como já mencionado anteriormente, o índice de volume
de vendas do varejo ampliado só passou a ser divulgado a partir de 2005. Por conta disso, a
análise da influência dessas variáveis macroeconômicas sobre os segmentos do varejo
ampliado será direcionada no período que vai de 2005 até 2013. Nesse período, a média de
crescimento do varejo ampliado foi de 9,2% ao ano, enquanto o PIB cresceu a 3,5% ao ano.
Destaca-se o fato de que 9 dentre os seus 10 segmentos apresentaram um crescimento em seu
índice de volume de vendas superior ao crescimento do PIB.
Tabela 32 - Crescimento Médio Anual do Índice de Volume de Vendas por Segmento do Varejo Ampliado
entre 2005 a 2013
Segmentos do Varejo Ampliado
Combustíveis e lubrificantes
Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo
Vestuário, calçados e tecidos
Móveis e eletrodomésticos
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos
Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação
Livros, jornais, revistas e papelaria
Outros artigos de uso pessoal e domésticos
Veículos e motos, partes e peças
Material de construção
Média
Crescimento Médio do PIB entre 2005 e 2013 (% a.a.)
Crescimento do Índice de Volume de
Vendas entre 2005 e 2013 (% a.a.)
2,3
6,0
4,7
12,3
9,5
23,9
6,2
12,3
9,3
5,8
9,2
3,5
Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata e da Pesquisa Mensal do Comércio
De acordo com o IBGE, há duas variáveis macroeconômicas que exercem influência direta
em todos os segmentos do varejo ampliado e por isso podem ser consideradas como as mais
importantes: a taxa de desemprego e o rendimento real da pessoa ocupada. Quanto menor for
a taxa de desemprego e quanto maior for o rendimento real da pessoa ocupada, que é o
rendimento nominal descontada a inflação, maior a massa salarial real. Essa massa salarial é
um forte indicativo do poder de compra da população.
60
A análise da tabela 33 mostra que os anos com maior aumento do rendimento real
acompanhado de uma redução da taxa de desemprego foram aqueles em que o volume de
vendas do varejo ampliado teve seu maior crescimento.
Tabela 33 - Crescimento do Volume de Vendas por Segmento do Varejo Ampliado, Variação do Rendimento
Real e Taxa de Desemprego entre 2005 a 2013
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Crescimento do Volume de Vendas no
Comércio Varejista Ampliado (% a.a.)
3,1
6,5
13,5
9,9
6,9
12,2
6,6
8,0
3,6
Variação do rendimento real (% a.a.)
1,5
4,0
3,2
3,4
3,2
3,8
2,7
4,1
1,8
Taxa de desemprego (%)
9,8
10,0
9,3
7,9
8,1
6,7
6,0
5,5
5,4
Fonte: Elaboração própria com dados do Ipeadata e da Pesquisa Mensal do Comércio
Também é necessário citar o crédito disponibilizado a pessoas físicas e a taxa de juros como
sendo outras variáveis importantes, pois ambas têm impacto mais direto sobre segmentos
cujos produtos têm maior valor agregado. É o caso dos segmentos de “Móveis e
eletrodomésticos”, “Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e
cosméticos”, “Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação”, “Outros
artigos de uso pessoal e domésticos”, “Veículos e motos, partes e peças” e “Material de
construção”.
A seguir são apresentadas as análises do desempenho de todos os segmentos do varejo
ampliado. Todas foram feitas com base nas Pesquisas Mensais do Comércio (PMC)
publicadas pelo IBGE entre 2005 e 2013.
6.1. COMBUSTÍVEIS E LUBRIFICANTES
O segmento de “Combustíveis e lubrificantes” foi o de menor crescimento médio entre 2005
e 2013, muito em função dos dois primeiros anos da série, em que houve forte retração do seu
volume de vendas. Os resultados de 2005 e 2006 são explicados pela elevação dos preços dos
combustíveis terem se dado bem acima do IPCA, o que estimulou a substituição dos carros a
gasolina por modelos mais baratos (álcool e GNV) e reduziu a demanda sobre o segmento.
Em 2009, houve contração da atividade industrial, o que reduziu o fluxo de cargas pelo país.
Em 2011, a variação dos preços do setor foi novamente acima que o IPCA. Em geral, os anos
61
de forte crescimento do segmento são explicados pela variação dos seus preços abaixo do
índice IPCA e pelo aumento da frota de veículos.
Tabela 34 - Crescimento do Volume de Vendas de Combustíveis e Lubrificantes - 2005 a 2013
Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.)
Combustíveis e lubrificantes
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Média
-7,4
-8,1
5,1
9,3
0,8
6,6
1,6
6,8
6,3
2,3
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio
6.2. SUPERMERCADOS,
HIPERMERCADOS,
PRODUTOS
ALIMENTÍCIOS,
BEBIDAS E FUMO
Esse é um segmento que vende bens prioritários para o consumo das famílias e seu
desempenho é fortemente explicado pela variação do rendimento real e pelo aumento do
número de pessoas ocupadas. Exemplo disso são os anos de 2005 e 2013, que tiveram os
menores desempenhos por serem os anos que registraram as menores variações do
rendimento real. Sendo que 2013 teve um aumento menor do que 2005 por conta na redução
de apenas 0,1% na taxa de desemprego sobre 2012, enquanto 2005 teve uma redução de 1,7%
sobre 2004.
Também se deve destacar a sensibilidade do setor aos impactos do salário mínimo e do Bolsa
Família, uma vez que a parcela da população que tem a sua renda formada por algum dos
dois tem seus gastos voltados majoritariamente para a alimentação.
Uma variável macroeconômica que também se destaca nesse segmento é sua própria inflação.
Nos últimos anos, ela vem se dando acima do índice IPCA, o que acaba por ser um fator que
enfraquece o seu índice de volume de vendas. Por exemplo, no ano de 2012, em que o
rendimento real teve o seu maior aumento em 4,1% sobre 2012, o IPCA dos alimentos e
bebidas foi 4,1% superior ao IPCA geral, o que anula o ganho real. Já em 2013, enquanto o
ganho real no rendimento foi de 1,8%, o aumento dos preços dos produtos do segmento foi de
2,6% acima do IPCA geral, ou seja, para que fosse possível comprar a mesma cesta de
produtos que no passado, as famílias teriam gastar proporcionalmente mais.
62
Tabela 35 - Inflação Anual de Alimentos e Bebidas vs IPCA - 2005 a 2013
Inflação (IPCA, dez / dez)
Alimentos e Bebidas (% a.a.)
Geral (% a.a.)
2005
2,0
5,7
2006
1,2
3,1
2007
10,8
4,5
2008
11,1
5,9
2009
3,2
4,3
2010
10,4
5,9
2011
7,2
6,5
2012
9,9
5,8
2013
8,5
5,9
Fonte: Ipeadata
Tabela 36 - Crescimento do Volume de Vendas de Supermercados, Hipermercados, Produtos Alimentícios,
Bebidas e Fumo – 2005 a 2013
Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.)
Supermercados, hipermercados, produtos
alimentícios, bebidas e fumo
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Média
2,9
7,6
6,4
5,5
8,3
9,0
4,0
8,4
1,9
6,0
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio
6.3. VESTUÁRIO, CALÇADOS E TECIDOS
É o segundo segmento de menor crescimento no período. Suas maiores taxas de crescimento
foram registradas em 2007 e 2010, anos em que o PIB brasileiro teve seus maiores
crescimentos (6,1% em 2007 e 7,5% em 2010). Como parte substancial dos bens desse setor
tem origem em mercados externos, via importações, a taxa de câmbio é o principal indexador
dos preços desse segmento.
Tabela 37 - Crescimento do Volume de Vendas de Vestuário, Calçados e Tecidos - 2005 a 2013
Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.)
Vestuário, calçados e tecidos
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Média
5,9
2,0
10,7
4,9
-2,8
10,7
3,6
3,4
3,5
4,7
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio
6.4. MÓVEIS E ELETRODOMÉSTICOS
O segmento de “Móveis e eletrodomésticos” foi o segundo de maior crescimento entre 2005 e
2013. Além da redução do desemprego e do aumento real do rendimento do trabalhador, a
melhora nas condições de crédito ao consumo é um importante fator para a elevação do seu
índice de volume de vendas. O forte desempenho desse setor também pode ser explicado pelo
aumento dos seus preços abaixo do índice IPCA por conta da forte concorrência com
importados e da desoneração fiscal do governo sobre o IPI.
63
Tabela 38 - Crescimento do Volume de Vendas de Móveis e Eletrodomésticos
Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.)
Móveis e eletrodomésticos
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Média
16,0
10,3
15,4
15,1
2,1
18,3
16,6
12,3
5,0
12,3
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio
6.5. ARTIGOS FARMACÊUTICOS, MÉDICOS, ORTOPÉDICOS, DE PERFUMARIA
E COSMÉTICOS
Grande parte dos bens deste segmento é caracterizada pelo caráter de uso essencial e
permanente, o que representa uma fidelização dos gastos das famílias com os produtos desse
segmento. Esse fator, somado ao crescimento real da massa de salários e a melhora nas
condições de crédito, fez com que tal segmento fosse um dos que mais crescessem no período
com destaque para o alto e estável crescimento a partir de 2007.
Tabela 39- Crescimento do Volume de Vendas de Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e
cosméticos – 2005 a 2013
Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.)
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Média
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos,
de perfumaria e cosméticos
6,1
3,7
8,9
13,3
11,8
11,9
9,7
10,2
10,1
9,5
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio
6.6. EQUIPAMENTOS E MATERIAIS PARA ESCRITÓRIO, INFORMÁTICA E
COMUNICAÇÃO
De todos os representantes do varejo ampliado, foi esse o segmento que teve o maior
crescimento no período. Entre 2005 e 2008, esse segmentou cresceu acima da sua média em
função da contínua apreciação do real. O mesmo se deu em 2010 e 2011. Em 2009, momento
em que o real voltou a se desvalorizar, a sua taxa de crescimento caiu a um terço do ano
anterior. Já em 2012 e 2013, o segmento apresentou uma desaceleração em função da forte
desvalorização do real e do menor ritmo de expansão do crédito.
Outra razão que contribui para o melhor desempenho desse segmento é a questão da
obsolescência dos seus bens. Com o passar do tempo, seus produtos tendem a perder valor
por se tornarem obsoletos, tornando-os mais acessíveis em termos de preço e contribuindo
64
para que a variação dos preços desse segmento se dê abaixo do IPCA ou que até mesmo haja
deflação.
Tabela 40 - Crescimento do Volume de Vendas de Equipamentos e Materiais para Escritório, Informática e
Comunicação – 2005 a 2013
Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.)
Equipamentos e materiais para escritório,
informática e comunicação
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Média
54,0
30,1
29,4
33,5
10,6
24,1
19,6
6,9
7,2
23,9
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio
6.7. LIVROS, JORNAIS, REVISTAS E PAPELARIA
Seja para fins de estudos, lazer ou informação, com o aumento real da renda e a redução do
desemprego, as pessoas passaram a ter maiores gastos com os produtos desse segmento. No
entanto, os últimos anos foram marcados por um enfraquecimento no crescimento do seu
índice por conta da maior procura por formas de leituras digitais.
Tabela 41 - Crescimento do Volume de Vendas de Livros, Jornais, Revistas e Papelaria – 2005 a 2013
Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.)
Livros, jornais, revistas e papelaria
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Média
1,5
0,5
7,1
11,1
9,6
12,0
5,9
5,4
2,6
6,2
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio
6.8. OUTROS ARTIGOS DE USO PESSOAL E DOMÉSTICOS
Englobando lojas de departamento, ótica, joalheira, artigos esportivos, brinquedos como
componentes, tal segmento foi um dos que teve maior desempenho no índice de volume de
vendas. Além do aumento da massa salarial ao longo dos anos, a maior disponibilidade de
crédito e a redução dos juros, em grande parte do período, também contribuíram para esse
resultado.
65
Tabela 42 - Crescimento do Volume de Vendas de Outros Artigos de Uso Pessoal e Domésticos – 2005 a 2013
Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.)
Outros artigos de uso pessoal e domésticos
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Média
14,8
17,1
22,2
15,6
8,4
8,8
4,0
9,4
10,3
12,3
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio
6.9. VEÍCULOS E MOTOS, PARTES E PEÇAS
Como já mostrado anteriormente, o segmento de “Veículos e motos, partes e peças” foi o que
mais contribuiu para o crescimento do índice de volume de vendas do varejo ampliado ao
longo dos anos. Ele faz parte de um dos cinco segmentos que cresceu mais que a média do
varejo ampliado.
Por ter produtos de alto valor agregado, é aquele que mais precisa de crédito. O forte
crescimento do seu índice de vendas entre 2006 e 2010 é explicado pela redução da taxa
média de juros do mercado. Durante esses anos, a média da taxa Selic baixou de 15,3% ao
ano em 2006 para 9,9% ao ano em 2010. Já o contrário pode ser visto em 2005, ano em que o
índice teve seu segundo menor crescimento, visto que a taxa Selic aumentou de 16,4% ao ano
em 2004 para 19,1% ao ano em 2005.
Também é esse o segmento que mais foi beneficiado com a política de desoneração fiscal por
meio da redução do IPI a partir de 2009 como medida de estímulo econômico frente à crise
internacional que se iniciou em 2008. Mesmo com essa política em vigor, o seu mais fraco
desempenho é observado em 2013, que é justificado pela maior rigidez na concessão de
créditos e a elevação da taxa básica de juros a partir de abril do mesmo ano.
Tabela 43 - Crescimento do Volume de Vendas de Veículos e Motos, Partes e Peças – 2005 a 2013
Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.)
Veículos e motos, partes e peças
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Média
1,6
7,3
22,6
11,9
11,1
14,1
6,1
7,3
1,4
9,3
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio
Ao se estudar a série de crédito para financiamento de veículos a pessoas físicas informada
pelo Banco Central a partir de 2007, identifica-se a grande importância que a disponibilidade
de crédito tem para esse segmento. Em 2008, quando a variação real foi negativa, o índice de
volume de vendas caiu a metade do ano anterior. Em 2009, mesmo com a retração do PIB, o
66
aumento desse crédito permitiu que o seu volume de vendas se mantivesse no mesmo ritmo
de crescimento de 2008. Já a maior variação real de crédito vista em 2010 fez com que o
índice do segmento tivesse o seu segundo melhor desempenho entre 2005 e 2013. Por mais
que o crédito tivesse crescido pouco em 2012, a redução das taxas de juros para a sua mínima
histórica estimulou as vendas do segmento. Por fim, em 2013, o mais fraco desempenho do
segmento é explicado pela redução da variação real do volume de crédito a pessoas físicas,
paralelo aos seguidos aumentos da taxa básica de juros ao longo do ano.
Tabela 44 - Crédito Direcionado ao Financiamento de Veículos de Pessoas Físicas - 2007 a 2013
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Crédito para Financiamento de
Veículos a Pessoas Físicas
(milhões)
81.481
82.433
94.133
140.339
177.668
193.215
192.797
Variação Real (% a.a.)
-
-4,5%
9,5%
40,8%
18,9%
2,7%
-5,8%
Fonte: Banco Central
6.10.
MATERIAL DE CONSTRUÇÃO
Assim como “Veículos e motos, partes e peças”, o segmento de “Material de construção”
também é afetado fortemente pelo crédito e a taxa de juros. Como forma de estimular a
economia em 2009, que teve a atividade industrial enfraquecida pela crise financeira de 2008,
o governo federal também passou a reduzir o IPI de produtos do segmento como tentativa de
recuperar o seu crescimento. Durante o Governo Dilma, além da continuidade da política de
redução do IPI, houve uma forte expansão da oferta de crédito habitacional, que somada ao
programa governamental “Minha Casa Minha Vida”, cujo objetivo é financiamento e
subsídio de moradias para as famílias com renda mensal bruta até R$ 5.000, contribuíram
para que o segmento mantivesse crescimentos positivos e até mesmo acima da média do
varejo ampliado.
Tabela 45 - Crescimento do Volume de Vendas de Material de Construção – 2005 a 2013
Crescimento do Volume de Vendas (% a.a.)
Material de construção
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Média
-6,1
5,7
10,8
7,8
-5,9
15,6
9,1
7,9
6,9
5,8
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio
67
Uma vez que esse segmento tem forte correlação com o financiamento imobiliário (quanto
mais imóveis vendidos, maior os gastos das pessoas com material de construção), a tabela 46
mostra o saldo de crédito disponibilizado a pessoas físicas para fins de financiamento
imobiliário e a sua representatividade sobre o crédito total concedido a pessoas físicas. A
série é mostrada a partir de 2007, pois foi quando o BC passou a divulgá-la. No período
abaixo, destaca-se que esse tipo de crédito aumentou o seu volume quase que 8 vezes, o que
significou um forte aumento na representatividade desse tipo de crédito direcionado sobre o
total de crédito disponibilizado a pessoas físicas ao longo dos anos.
Tabela 46 - Crédito Direcionado ao Financiamento Imobiliário de Pessoas Físicas – 2007 a 2013
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013
Crédito para Financiamento
Imobiliário a Pessoas Físicas
(milhões)
43.509
59.661
84.296
131.310
189.392
255.367
341.465
Representatividade sobre o
Crédito Total a Pessoas Físicas
10,1%
11,2%
13,4%
16,9%
20,6%
23,7%
27,3%
Fonte: Banco Central
6.11.
PANORAMA DO SETOR VAREJISTA NOS ANOS DE 2003 E 2004
Por mais que os índices anuais do varejo ampliado tenham começado a ser divulgados em
2005, esse é um estudo sobre o período entre 2003 a 2013. Por tal motivo, é importante
também analisar o comportamento do varejo nos anos de 2003 e 2004.
Nesses dois anos, o IBGE já calculava o índice de volume de vendas do segmento de
“Veículos e motocicletas, partes e peças”, mas ele não participava do cálculo do índice de
volume de vendas do varejo.
6.11.1. Ano de 2003
Esse foi o ano mais fraco no desempenho do comércio varejista em todo o período. Todos os
seus cinco segmentos, mais o segmento de “Veículos e motocicletas, partes e peças”,
apresentaram uma variação negativa nos seus índices de volume de vendas.
68
De acordo com GIAMBIAGI (2011), 2003 foi o ano marcado pela crise de confiança em
torno da posse de Lula como presidente e a sua condução dos rumos da economia. Por mais
que essa desconfiança fosse se enfraquecendo ao longo do ano devido à manutenção do tripé
econômico iniciado no segundo Governo FHC, o ano foi marcado por uma alta inflação
(aumento 9,3% frente ao ano de 2002, que já apresentara uma inflação de 12,5%), a maior
taxa de desemprego do período (12,3%) e a redução do rendimento médio real (-12,6% em
relação a 2002).
Além de todos esses fatores que contribuíram para uma forte redução do poder de compra da
população, também se deve citar as condições mais desfavoráveis de acesso ao crédito,
principalmente com o aumento da média da taxa Selic nominal de 19,2% ao ano em 2002
para 23,5% ao ano em 2003.
A redução do poder de compra pode ser vista no desempenho do setor mais sensível à
variação da massa salarial e à inflação, que é o segmento de “Supermercados, hipermercados,
produtos alimentícios e fumo”. Já a dificuldade de acesso ao crédito paralelo ao aumento das
taxas de juros reflete no comportamento do segmento mais sensível a essas variáveis, o de
“Veículos e motocicletas, partes e peças”. Esses dois segmentos foram aqueles de maior
redução nos seus índices de volume de vendas.
Tabela 47 - Variação no Volume de Vendas por Segmento do Comércio Varejista em 2003
2003
#
1
2
3
4
5
6
Comércio Varejista (1 a 5)
Combustíveis e lubrificantes
Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo
Vestuário, calçados e tecidos
Móveis e eletrodomésticos
Demais artigos de uso pessoal e doméstico
Veículos e motocicletas, partes e peças
Variação no Volume de Vendas em
Relação ao Ano Anterior (%)
-3,7
-4,3
-4,9
-3,1
-0,9
-2,4
-7,2
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio
6.11.2. Ano de 2004
Em 2004, o segmento “Demais artigos de uso pessoal e doméstico” foi desagregado em
quatro novos segmentos (“Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e
cosméticos”, “Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação”,
“Livros, jornais, revistas e papelaria” e “Outros artigos de uso pessoal e doméstico”).
69
Tabela 48 - Variação no Volume de Vendas por Segmento do Comércio Varejista em 2004
2004
#
1
2
3
4
5
6
7
8
9
Comércio Varejista (1 a 8)
Combustíveis e lubrificantes;
Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo;
Vestuário, calçados e tecidos;
Móveis e eletrodomésticos;
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria
Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação
Livros, jornais, revistas e papelaria
Outros artigos de uso pessoal e domésticos
Veículos e motos, partes e peças
Variação no Volume de Vendas em
Relação ao Ano Anterior (%)
9,3
4,7
7,2
4,7
26,4
17,8
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio
O ano foi marcado por forte crescimento do índice de volume de vendas do varejo (9,3%
sobre 2003) puxado pelo aumento do índice de volume de vendas do segmento de “Móveis e
eletrodomésticos” que teve um crescimento de 26,4%. Ainda considerado um índice à deriva
do índice do varejo, o segmento de “Veículos, motocicletas, partes e peças” teve um
crescimento de 17,8%, o segundo maior entre todos os segmentos. Ambos os setores foram
beneficiados com uma variação real do crédito concedido à pessoas físicas de 19,0% e
redução da média da taxa Selic em 7,1% (23,5% ao ano em 2003 para 16,4% ao ano em
2004).
Já os outros segmentos, por mais que não crescessem tanto quanto esses 2 já citados, tiveram
bons desempenhos em função da melhora do ambiente econômico com o PIB obtendo seu
maior crescimento (5,7%) até então no período pós Plano Real, a inflação perdendo força
(7,6% em 2004 frente a 9,3% em 2003) e a redução da taxa de desemprego (12,3% em 2003
para 11,5% em 2004).
70
7. MÉTODO DE ELABORAÇÃO E APRESENTAÇÃO DOS MODELOS
ECONOMÉTRICOS
7.1. BASE TEÓRICA ESTATÍSTICA
Para se estudar como o consumo das famílias impacta o comércio e como algumas variáveis
macroeconômicas selecionadas impactam esse consumo, utilizou-se o modelo econométrico
de regressão linear simples. Um modelo é uma representação simplificada da realidade, já a
econometria, segundo Gujarati (2011), é uma forma de medida econômica a partir da
aplicação da estatística matemática a dados econômicos para criar modelos que expliquem os
fenômenos econômicos. Por sua vez, o estudo dos conceitos associados à regressão linear
simples e os seus pressupostos são explicados a seguir também com base em Gujarati (2011).
7.1.1. Regressão linear simples
Define-se regressão como sendo uma relação matemática que explique a dependência de uma
variável, a variável dependente, em relação a uma ou mais variáveis, as variáveis
explanatórias ou explicativas. É a partir da regressão que se torna possível estimar o valor
médio de uma variável (a variável dependente) com base nos valores das variáveis
explicativas. O significado da regressão ser linear quer dizer que a variável dependente é uma
função linear da variável explanatória. Por fim, o fato da regressão ser simples significa que
há apenas uma variável explicativa na regressão. Caso tivesse mais que uma variável
explicativa, a regressão seria considerada múltipla.
O modelo de regressão linear simples populacional se dá da seguinte forma:
|
em que
|
(7)
é o valor médio esperado da variável dependente Y dada uma variável
explicativa Xi , β1 é o parâmetro que representa o intercepto, β2 é o parâmetro que representa o
coeficiente angular.
É normal que haja um erro entre a observação real da variável dependente e o seu valor
médio esperado, o que é representado da seguinte forma:
|
(8)
71
em que
(conhecido como termo de erro, distúrbio ou resíduo) é a representação dos fatores
que explicam a variável dependente Yi ,mas que não são levados em conta explicitamente na
regressão.
Como a maior parte das situações práticas não leva em conta toda a população ou o custo
para a sua obtenção é elevado, recorre-se a informações amostrais para que seja possível
estimar a função de regressão amostral:
̂
̂
em que ̂ é o estimador de
̂
(9)
, ̂ é o estimador de
|
e ̂ é o estimador de
. Os
estimadores são regras que dizem como estimar o parâmetro da população com base em
informações amostrais. Já o valor numérico obtido pela aplicação do estimador é chamado de
estimativa.
O resíduo entre o erro das diferenças dos valores observados e estimados de Y é escrito da
seguinte forma:
̂
̂
(10)
7.1.2. Método dos mínimos quadrados
Para se estimar a regressão populacional com base na função de regressão amostral será
usado o método dos mínimos quadrados. Tal método fornece estimativas dos parâmetros da
regressão ( ̂ e ̂ ) de maneira que o somatório dos quadrados dos erros (∑ ̂ ) seja mínimo.
De acordo com o que já foi mostrado, chega-se a seguinte transformação:
∑̂
∑
̂
∑
̂
̂
(11)
Com base no método dos mínimos quadrados, para que se obtenham as estimativas para ̂ e
̂ é necessário que sejam feitas as seguintes derivadas parciais da transformação mostrada
acima:
72
∑̂ ⁄
̂ =0
(12)
∑̂ ⁄
̂ =0
(13)
A partir do desenvolvimento dessas equações, chega-se aos valores das estimativas de β1 e β2
, o que permite que a regressão amostral seja formulada:
̂
̅
∑
(14)
̅
∑
̂
̅
̅
̂ ̅
(15)
em que ̅ e ̅ são as médias amostrais de X e Y.
7.1.2.1.Coeficiente de regressão
Uma vez encontrada a regressão amostral, é necessário medir a qualidade do ajustamento
dessa regressão. Essa medida de qualidade é chamada de coeficiente de determinação (R²) e
varia entre 0 e 1. Sendo que quanto mais alto for o seu valor, maior o grau de explicação da
variável explicativa sobre a variável dependente. Em outras palavras, esse coeficiente é
entendido como o quanto a variável explicativa explica a variável dependente. Ela é calculada
da seguinte forma:
∑̂
∑
(16)
̅
73
7.1.2.2.Testes de hipóteses
Mesmo após obter o coeficiente de regressão, ainda é necessário testar se essas estimativas de
̂ e ̂ são de fato estatisticamente significativas. Para isso, tem-se 2 hipóteses, a hipótese
nula (H0) de que a estimativa é igual a 0 (estatisticamente insignificante) e a hipótese
alternativa (Ha) de que a estimativa é diferente de 0 (estatisticamente insignificante).
̂
(17)
̂
(19)
̂
(18)
̂
(20)
Sabendo que uma regressão estuda a relação de uma variável sobre outra, para se confirmar a
existência de uma regressão amostral é necessário que haja a rejeição da hipótese nula de que
̂ é igual a 0, independentemente do resultado do teste de ̂ .
Há 3 maneiras de se fazer esse teste de hipóteses: usando o teste t, a análise de variância ou o
valor p.
(i)
Teste t
As estatísticas desse teste (t) seguem a distribuição t de Student com N-2 graus de liberdade e
são calculadas a partir das seguintes equações:
̂
̂
(̂ )
(̂ )
em que
∑̂
(̂ )e
(̂ )
∑
√
(̂ )
(21)
√∑
(22)
(23)
∑̂
√∑
(24)
( ̂ ) são os erros padrão dos estimadores ̂ e ̂ .
Uma vez calculados, escolhe-se um nível de significância (α), que é a probabilidade de se
rejeitar a hipótese nula quando ela é verdadeira, e compara-se o módulo do valor dessa
estatística de teste calculada com o valor tabelado para a distribuição t com N-2 graus de
74
liberdade. Se o valor do módulo da estatística de teste for maior que o seu valor tabelado,
rejeita-se a hipótese nula de que a estimativa do estimador é 0, ou seja, ele é estatisticamente
significativo.
Tabela 49 - Teste de Hipóteses - Estatística t
Ho : Hipótese Nula
Regra para Rejeição de Ho
Ha : Hipótese Alternativa
̂
̂
|t calculado| > t α/2 , gl
Fonte: Elaboração própria com base em GUJARATI (2011)
(ii)
Análise de Variância
Outra forma para se testar se há regressão, se ̂ é diferente de 0, é a partir da comparação da
estatística desse teste (F) com o valor tabelado da distribuição F de Snedecor com 1 grau de
liberdade no numerador e N-2 graus de liberdade no denominador. Caso o valor da estatística
de teste seja maior do que o valor tabelado a dado nível de significância (α), tem-se que há
regressão, ̂ é significativo. O cálculo para essa estatística de teste é visto a seguir:
̂
∑
∑̂
(25)
Tabela 50 - Teste de Hipóteses - Estatística F
Ho : Hipótese Nula
̂
Ha : Hipótese Alternativa
Regra para Rejeição de Ho
̂
F calculado > F (α, 1, N-2)
Fonte: Elaboração própria com base em GUJARATI (2011)
(iii)
Valor p
O valor p é definido como sendo o menor nível de significância (α) em que uma hipótese nula
pode ser rejeitada. Dessa maneira, a hipótese nula só é aceita para valores de nível de
significância inferiores ao valor p. Ao contrário do nível de significância, que é fixado ao se
fazer os outros testes, o valor p é calculado a partir da amostra.
75
7.1.2.3. Pressupostos do método dos mínimos quadrados
Para que o modelo de regressão amostral linear simples possa fazer inferências corretas em
relação à população, é necessário que alguns pressupostos sejam confirmados. Uma vez que
algum desses pressupostos é violado, isso pode dizer que a regressão amostral encontrada não
é uma boa representação da sua respectiva população, levando a inferências errôneas. Assim
sendo, são os pressupostos a serem testados quantitativamente nas regressões a serem
apresentadas:

O termo de erro tem distribuição normal com média 0 e variância constante;

Ausência de autocorrelação entre os termos de erro;

A variância do termo de erro é constante ou homocedástica em relação à variável
explicativa.
(i)
Normalidade do Termo de Erro
Para se testar a normalidade dos erros, será realizado o teste de Jarque e Bera. A sua
estatística de teste (JB) é calculada da seguinte maneira:
(26)
∑
(
∑
∑
∑
̅
̅ )
(27)
̅
̅
(28)
em que N é número de observações, S é o coeficiente de assimetria e K o coeficiente de
curtose. Quanto mais próximo de 0 for o coeficiente de assimetria e mais próximo 3 for o
coeficiente de curtose, a distribuição dos dados mais se aproxima de uma distribuição normal.
Sob a hipótese nula de que os resíduos são normalmente distribuídos e dado certo nível de
significância (α), a distribuição dos termos de erros é considerada normal caso o valor da sua
76
estatística de Jarque e Bera seja menor que o valor tabelado para uma distribuição quiquadrado com 2 graus de liberdade.
Os testes t e F usados apresentados anteriormente exigem que o termo de erro siga uma
distribuição normal.
Tabela 51 - Teste de Jarque-Bera
Ho : Hipótese Nula
Ha : Hipótese Alternativa
Regra para Rejeição de Ho
̂
JB > χ² α , 2
Fonte: Elaboração própria com base em GUJARATI (2011)
(ii)
Ausência de Autocorrelação entre os Termos de Erro
A autocorrelação entre os termos de erro é a dependência entre os valores do erro. Em outras
palavras, esse problema faz que o termo de erro de uma observação acabe influenciado no
valor do termo de erro de outra observação. Em consequência disso, os testes de hipóteses
podem não ser válidos.
Para se verificar a presença da autocorrelação entre os resíduos, será usado o teste de DurbinWatson, cuja estatística (d) é calculada pela expressão abaixo:
∑
̂
∑
̂
̂
(29)
que é a razão da soma dos quadrados das diferenças entre os resíduos sucessivos e a soma dos
resíduos ao quadrado.
Depois de calculado o valor da estatística de teste, para dado nível de significância (α),
tamanho amostral e número de variáveis explicativas (nesse caso é 1), busca-se os valores
tabelados da estatística de Durbin-Watson dL e du .
A ausência ou presença de autocorrelação entre os erros é dada da maneira a seguir:
77
Tabela 52 - Regras de Decisão do Teste de Durbin-Watson
Ho : Hipótese Nula
Não há autocorrelação
positiva
Não há autocorrelação
positiva
Não há autocorrelação
negativa
Não há autocorrelação
negativa
Não há autocorrelação
Decisão
Se
Rejeitar
0 < d < dL
Sem decisão
Rejeitar
Sem decisão
Não rejeitar
0
d
du
4 - dL < d < 4
4 - du
d
4 - dL
du < d < 4 - d u
Fonte: Elaboração própria com base em GUJARATI (2011)
A autocorrelação positiva é aquela em que o erro varia positivamente de acordo com o erro
da observação anterior (trajetória ascendente), enquanto a negativa apresenta o erro variando
negativamente com o erro da observação anterior (trajetória decadente).
(iii)
Homocedasticidade do Termo de Erro em Relação à Variável Explicativa
O pressuposto da homocedasticidade é explicado pela variância do erro sendo constante.
Uma vez, que isso não ocorre, ou seja, a variância é alterada de acordo com o erro, há
heterocedasticidade.
Caso haja a ocorrência de heterocedasticidade, da mesma forma como na ocorrência de
autocorrelação, os testes t e F darão resultados imprecisos uma vez que o método dos
mínimos quadrados não tem mais variância mínima.
Para se detectar esse tipo de violação dos pressupostos será utilizado o teste geral de
heterocedasticidade de White. Dada uma regressão linear simples, o teste consiste em
encontrar uma regressão dos resíduos ao quadrado da regressão original em função da das
variáveis dependentes originais, elevadas ao quadrado e os seus produtos cruzados. No
entanto, como os modelos a serem usados só tem uma variável dependente, não haverá
produto cruzado. Essa nova regressão é chamada de regressão auxiliar:
78
̂
(30)
A hipótese nula desse teste é que não há heterocedasticidade e a sua estatística de teste é dada
pelo produto do número de observações (N) pelo coeficiente de regressão (R²) da regressão
auxiliar. Tal estatística segue a distribuição qui-quadrado com graus de liberdade igual ao
número de regressores, que nesse caso é 2.
Tabela 53 - Teste de White
Ho : Hipótese Nula
Ha : Hipótese Alternativa
Regra para Rejeição de Ho
N*R² > χ² α , 2
Fonte: Elaboração própria com base em GUJARATI (2011)
7.2. ELABORAÇÃO DOS MODELOS
Uma vez estudado os conceitos de regressão linear simples e seus os pressupostos, foram
definidas 4 regressões para atender ao propósito do estudo de identificar o impacto do
consumo das famílias no comércio brasileiro e como as principais variáveis
macroeconômicas influenciam esse consumo. São elas:

O consumo das famílias explicando o valor adicionado pelo comércio ao PIB;

O consumo das famílias sendo explicado pela renda disponível bruta;

O consumo das famílias sendo explicado pela quantidade de crédito concedido a
pessoas físicas;

O consumo das famílias sendo explicado pela taxa de juros.
Uma vez que o estudo das regressões é voltado para o grau de impacto de uma variável sobre
a outra, sem que haja finalidade de previsão, as análises das regressões estarão limitadas ao
significado econômico do estimador ̂ .
É de se esperar que, nos três primeiros modelos, haja uma relação positiva entre a variável
explicativa e a variável a ser explicada, ou seja, o aumento de uma variável leva ao aumento
da outra. Já no último modelo (consumo das famílias sendo explicado pela taxa de juros),
espera-se que haja uma relação negativa, em que o aumento da taxa de juros tenha um efeito
negativo sobre a variação do consumo das famílias.
79
7.2.1. Esclarecimentos sobre as regressões
Antes de se apresentar e estudar as regressões, é válido fazer alguns comentários referentes
aos métodos usados pelos autores desse estudo e que valem para todas ou parte das
regressões obtidas.
7.2.1.1.Quanto às observações
Como o período de estudo foi fixado entre 2003 e 2013, para que se tivesse uma amostra
relevante, foram colhidas 44 observações trimestrais. Até porque todas as séries, com
exceção das séries de crédito e taxa de juros, têm seus valores divulgados nas formas
trimestrais e anuais. Assim sendo, a periodicidade de todas as variáveis é trimestral.
Todas as séries trimestrais usadas nos 4 modelos podem ser vistas no apêndice.
7.2.1.2.Quanto aos modelos a serem apresentados
Os modelos a seguir são ditos finais. Em outras palavras, são os melhores resultados de
diversas tentativas de regressões realizadas pelos autores do estudo. Quando se diz melhores
resultados, os autores se referem às significâncias estatísticas dessas regressões obtidas, aos
seus coeficientes de regressão (R²) e às validações dos pressupostos.
7.2.1.3.Quanto à validação dos pressupostos
De acordo com Gujarati (2011), é muito comum que as regressões de modelos econométricos
apresentem violações quanto aos pressupostos de ausência de autocorrelação e
heterocedasticidade. Além disso, o mesmo autor também fala que a autocorrelação só pode
ser detectada depois que a heterocedasticidade tenha sido controlada.
(i)
Tratamento da heterocedasticidade
Gujarati (2011) apresenta que para se reduzir ou eliminar a heterocedasticidade, pode-se usar
nos modelos a transformação logarítmica vista a seguir:
80
(31)
já que ela reduz a heterocedasticidade quando comparada à regressão
porque
comprime as escalas em que as variáveis são medidas. Tal fato é muito relevante para os
modelos que vão ser apresentados porque todas as suas variáveis, com exceção da taxa de
juros, são da ordem de bilhões ou trilhões de reais.
(ii)
Tratamento da autocorrelação
Uma vez tratada a heterocedasticidade, buscou-se o mesmo com a autocorrelação. Gujarati
(2011) apresenta que esse problema pode ser resolvido com procedimento iterativo de
Cochrane-Orcutt, sendo essa nova regressão dada por:
(̂
̂̂
̂
)
̂
̂
(32)
em que ̂ é um estimador calculado a partir da regressão entre termos de erros
autocorrelacionados obtidos da regressão original:
̂
As diferenças ( ̂
̂̂
)e
̂̂
̂
(33)
são chamadas de quase diferenças.
7.2.1.4. Quanto aos cálculos das regressões e seus pressupostos
Todas as regressões e as suas estatísticas foram calculadas de forma automática se usando o
software Microsoft Excel, mais especificamente, a sua ferramenta de Análise de Dados. Por
outro lado, os testes dos pressupostos foram feitos de forma manual pelos autores do estudo,
também no Microsoft Excel.
81
7.3. RESULTADOS DOS MODELOS
7.3.1. Valor Adicionado pelo Comércio ao PIB x Consumo das Famílias
Ambas as séries têm seus valores nominais divulgados no Sistema de Contas Nacionais
Trimestrais do IBGE, disponíveis no Ipeadata. Uma vez que não existe a informação do valor
adicionado pelo varejo ao PIB, utilizou-se como parâmetro para ela o valor adicionado pelo
comércio ao PIB.
O comércio, composto pelo atacado e pelo varejo, tem por meio deste último a maior
contribuição para seu crescimento no período estudado, como pode se verificar na tabela a
seguir:
Tabela 54 - Variação Real do Volume de Vendas do Varejo Ampliado e do Valor Adicionado pelo Comércio no
PIB
Variação Real
Volume de Vendas do
Varejo Ampliado (% a.a.)
Valor Adicionado pelo
Comércio ao PIB (% a.a.)
2005
2006
2007
2008
2009
2010
2011
2012
2013 Média
3,1
6,5
13,5
9,9
6,9
12,2
6,6
8,0
3,6
7,8
3,5
6,0
8,4
6,1
-1,0
10,9
3,4
0,9
2,9
4,6
Fonte: Pesquisa Mensal do Comércio e Ipeadata
A regressão obtida foi a seguinte:
̂
̂
em que ̂ é o estimador do valor adicionado pelo comércio ao PIB em milhões e
(34)
são as
despesas de consumo das famílias em milhões. Ela obteve um coeficiente de regressão de
95,5% com base em 43 observações (perdeu-se 1 observação em relação às 44 observações
trimestrais por conta da quase diferença entre as variáveis).
Analisando-se tanto pelo valor p, pela estatística t ou pela estatística F, a um nível de
significância de 5%, os estimadores da regressão são altamente significativos.
82
Tabela 55 - Modelo Comércio x Consumo - Coeficientes Beta1 e Beta2
Coeficiente
Valor p
Conclusão
̂
-1,717
0,000
Altamente significativo
̂
1,128
0,000
Altamente significativo
Fonte: Elaboração própria
Tabela 56 - Modelo Comércio x Consumo - Estatística t
Estatística t
̂
̂
Valor crítico
Conclusão
Altamente significativo
-6,914
2,020
Altamente significativo
29,570
Fonte: Elaboração própria
Tabela 57 - Modelo Comércio x Consumo - Estatística F
̂
Estatística F
Valor crítico
Conclusão
874,358
4,079
Altamente significativo
Fonte: Elaboração própria
Todos os pressupostos foram validados a um nível de significância de 5%.
83
Tabela 58- Modelo Comércio x Consumo - Análise dos Pressupostos
Pressupostos
Estatística
Valor Crítico
1,612
5,991
2,171
dL = 1,475 e du = 1,566
3,621
5,991
Normalidade
Ausência de
Autocorrelação
Ausência de
Heterocedasticidade
Conclusão
A distribuição dos
erros é normal
Os erros não são
autocorrelacionados
Os erros são
homocedásticos
Fonte: Elaboração própria
Interpretação da Regressão
O mais importante conceito econômico que é retirado da regressão é a estimativa de ̂ em
1,128. No entanto, antes de se explicar o seu valor é interessante realizar uma transformação
na regressão para facilitar o seu entendimento:
(
̂
̂
)
(
)
(35)
Agora, a razão relativa ao estimador do valor adicionado pelo comércio ao PIB ( ̂
chamada de
de
e a razão relativa às despesas de consumo das famílias (
̂
) será
) será chamada
:
(36)
Assim, ̂ é a elasticidade da variação percentual da variável
percentual da variável
em relação à variação
:
⁄
̂
(
)(
)
(
(
(37)
⁄ )
)
84
A cada elevação de 10% na variável
, há uma elevação de 11,128% na variável
, sendo
que essa relação positiva está de acordo com o esperado. A representação gráfica da
regressão é vista abaixo.
6,0
5,9
5,8
ln W
5,7
5,6
5,5
ln W = - 1,717 + 1,128 ln Z
R² = 0,955
5,4
5,3
5,2
6,2
6,3
6,4
6,5
6,6
6,7
6,8
6,9
ln Z
Gráfico 9 - Modelo Comércio x Consumo - Gráfico de Dispersão
Fonte: Elaboração própria
7.3.2. Consumo das Famílias x Renda Disponível Bruta
Ambas as séries têm seus valores nominais divulgados no Sistema de Contas Nacionais
Trimestrais do IBGE, disponíveis no Ipeadata. O IBGE entende a renda disponível bruta
como uma variável que mostra toda a renda acumulada pelo governo e pelas pessoas de um
país e que será usada para fins de consumo e poupança. Os seus principais direcionadores são
aumento do número de pessoas empregadas e o salário recebido por elas.
A regressão obtida foi a seguinte:
̂
(38)
85
em que ̂ é o estimador das despesas de consumo das famílias em milhões e
é a renda
disponível bruta em milhões. Ela obteve um coeficiente de regressão de 99,2% com base em
44 observações.
Analisando-se tanto pelo valor p, pela estatística t ou pela estatística F, a um nível de
significância de 5%, ambos os estimadores são significativos.
Tabela 59 - Modelo Consumo x Renda - Coeficientes Beta1 e Beta2
̂
̂
Coeficiente
Valor p
-0,415
0,030
0,995
0,000
Conclusão
Significativo para níveis de
significância maiores que 3%
Altamente significativo
Fonte: Elaboração própria
Tabela 60 - Modelo Consumo x Renda - Estatística t
Estatística t
̂
̂
Valor crítico
Conclusão
Significativo
-2,239
2,018
Altamente significativo
72,412
Fonte: Elaboração própria
Tabela 61 - Modelo Consumo x Renda - Estatística F
̂
Estatística F
Valor crítico
Conclusão
5243,531
4,073
Altamente significativo
Fonte: Elaboração própria
Todos os pressupostos foram validados a um nível de significância de 5%.
86
Tabela 62 - Modelo Consumo x Renda - Análise dos Pressupostos
Pressupostos
Estatística
Valor Crítico
2,186
5,991
1,607
dL = 1,475 e du = 1,566
2,919
5,991
Normalidade
Ausência de
Autocorrelação
Ausência de
Heterocedasticidade
Conclusão
A distribuição dos
erros é normal
Os erros não são
autocorrelacionados
Os erros são
homocedásticos
Fonte: Elaboração própria
Interpretação da Regressão
O mais importante conceito econômico que é retirado da regressão é a estimativa de ̂ em
0,995. Esse valor é o coeficiente de elasticidade da variação percentual do consumo das
famílias em relação à renda disponível bruta. Isso pode ser provando derivando a regressão
encontrada em relação à variável :
(̂
̂
(
̂
)( )
̂
̂
)
⁄̂
(39)
(
(
⁄ )
)
A cada elevação de 10% da renda disponível bruta, a estimativa das despesas de consumo das
famílias se eleva em 9,95%, também confirmando a relação positiva esperada. A
representação gráfica da regressão é vista abaixo.
87
13,8
13,6
13,4
ln Y
13,2
13,0
12,8
ln Y = - 0,415 + 0,995 ln X
R² = 0,992
12,6
12,4
12,2
12,8
13,0
13,2
13,4
13,6
13,8
14,0
14,2
ln X
Gráfico 10 - Modelo Consumo x Renda - Gráfico de Dispersão
Fonte: Elaboração própria
7.3.3. Consumo das Famílias x Crédito Concedido a Pessoas Físicas
A série de consumo das famílias tem seus valores nominais trimestrais divulgados no Sistema
de Contas Nacionais Trimestrais do IBGE, disponíveis no Ipeadata. Já a série de crédito
concedido a pessoas físicas foi colhida do Banco Central. Vale destacar que o Banco Central
divulga essa série mensalmente e para se equiparar a periodicidade trimestral da série de
despesas de consumo das famílias, colheu-se apenas os valores do saldo de crédito
disponibilizado a pessoas físicas ao final de cada trimestre. A regressão obtida foi a seguinte:
̂
̂
em que ̂ é o estimador das despesas de consumo das famílias em milhões e
(40)
é a quantidade
de crédito disponibilizado a pessoas físicas em milhões. Ela obteve um coeficiente de
regressão de 81,1% com base em 43 observações (perdeu-se 1 observação em relação às 44
observações trimestrais por conta da diferença entre as variáveis).
88
Analisando-se tanto pelo valor p, pela estatística t ou pela estatística F, a um nível de
significância de 5%, os estimadores da regressão são altamente significativos.
Tabela 63 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Coeficientes Beta1 e Beta2
Coeficiente
Valor p
Conclusão
̂
0,348
0,000
Altamente significativo
̂
0,603
0,000
Altamente significativo
Fonte: Elaboração própria
Tabela 64 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Estatística t
Estatística t
̂
̂
Valor crítico
Conclusão
Altamente significativo
8,152
2,020
Altamente significativo
13,275
Fonte: Elaboração própria
Tabela 65 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Estatística F
̂
Estatística F
Valor crítico
Conclusão
176,218
4,079
Altamente significativo
Fonte: Elaboração própria
Todos os pressupostos foram validados a um nível de significância de 5%.
89
Tabela 66 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Análise dos Pressupostos
Pressupostos
Estatística
Valor Crítico
0,210
5,991
1,838
dL = 1,475 e du = 1,566
1,754
5,991
Normalidade
Ausência de
Autocorrelação
Ausência de
Heterocedasticidade
Conclusão
A distribuição dos
erros é normal
Os erros não são
autocorrelacionados
Os erros são
homocedásticos
Fonte: Elaboração própria
Interpretação da Regressão
O mais importante conceito econômico que é retirado da regressão é a estimativa de ̂ em
0,603. Mais uma vez, antes de se explicar o seu valor, é interessante realizar a mesma
transformação usada na regressão entre o valor adicionado pelo comércio ao PIB e o
consumo das famílias:
(
̂
̂
)
(
)
(41)
Sendo a razão relativa ao estimador do consumo das famílias ( ̂
razão relativa ao crédito disponibilizado a pessoas físicas (
̂
) chamada de
) chamada de
ea
:
(42)
̂ é a medida da elasticidade da variação percentual da variável
percentual da variável
em relação à variação
:
⁄
̂
(
)(
)
(
(
(43)
⁄ )
)
90
A cada elevação de 10% na variável
, há uma elevação de 6,03% na variável
, o que
confirma a relação positiva esperada. A representação gráfica da regressão é vista abaixo.
0,98
0,96
ln W = 0,348 + 0,603 ln Z
R² = 0,811
ln W
0,94
0,92
0,90
0,88
0,86
0,84
0,82
0,84
0,86
0,88
0,90
0,92
0,94
0,96
0,98
1,00
1,02
ln Z
Gráfico 11 - Modelo Consumo x Crédito para Pessoa Física - Gráfico de Dispersão
Fonte: Elaboração própria
7.3.4. Consumo das Famílias x Taxa de Juros
Ambas as séries tiveram seus valores nominais trimestrais colhidos do Ipeadata, no entanto,
apenas as despesas de consumo das famílias é divulgada no Sistema de Contas Nacionais
Trimestrais do IBGE. A regressão obtida foi a seguinte:
(
̂
̂
)
em que ̂ é o estimador das despesas de consumo das famílias em milhões e
(44)
é a média
trimestral da taxa Selic. Com base em 43 observações (perdeu-se 1 observação em relação às
44 observações trimestrais por conta da diferença entre as variáveis), após o primeiro
tratamento da autocorrelação dos erros, a regressão se mostrou espúria. O seu coeficiente de
regressão foi de 0,03%.
91
A um nível de significância de 5%, por mais que o estimador ̂ se mostrasse altamente
significativo, o mesmo não aconteceu com ̂ , o que revela que não há relação entre as
variáveis da regressão.
Tabela 67 -Modelo Consumo x Taxa de Juros - Coeficientes Beta1 e Beta2
Coeficiente
Valor p
Conclusão
̂
1,209
0,000
Altamente significativo
̂
-0,001
0,914
Não é significativo
Fonte: Elaboração própria
Tabela 68 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Estatística t
Estatística t
̂
̂
Valor crítico
Conclusão
Altamente significativo
180,511
2,020
Não é significativo
-0,108
Fonte: Elaboração própria
Tabela 69 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Estatística F
̂
Estatística F
Valor crítico
Conclusão
0,012
4,079
Não é significativo
Fonte: Elaboração própria
Mesmo após se tratar a autocorrelação com método de Cochrane-Orcutt, os pressupostos de
autocorrelação e heterocedasticidade foram violados a um nível de significância de 5%.
Sendo que a heterocedasticidade só apareceu após a primeira tentativa de correção da
autocorrelação.
92
Tabela 70 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Análise dos Pressupostos
Pressupostos
Normalidade
Ausência de
Autocorrelação
Ausência de
Heterocedasticidade
Estatística
Valor Crítico
1,874
5,991
0,366
dL = 1,475 e du = 1,566
8,349
5,991
Conclusão
A distribuição dos
erros é normal
Os erros são
autocorrelacionados
Os erros são
heterocedásticos
Fonte: Elaboração própria
Interpretação da Regressão
Uma vez que o coeficiente angular de ̂ é próximo de zero e não é estatisticamente
significante, o modelo econométrico encontrado não mostra relação entre a taxa de juros
Selic e a despesas de consumo das famílias.
A representação gráfica da regressão é vista abaixo. Para facilitar a sua representação, a
variável
é a razão relativa ao estimador do consumo das famílias ( ̂
diferença relativa à média da taxa Selic trimestral
̂
)e
é a quase
.
Uma possível explicação para que não haja regressão é que o efeito da variação da taxa de
juros (positiva ou negativa) em dado período não tem impacto sobre o mesmo período, mas
sim alguns meses depois. Assim sendo, seria necessário testar modelos com lags entre a taxa
de juros e o consumo das famílias.
93
1,28
ln W = 1,209 - 0,001 Z
R² = 0,0003
1,26
1,24
ln W
1,22
1,2
1,18
1,16
1,14
1,12
-4
-3
-2
-1
0
Z
1
2
3
4
Gráfico 12 - Modelo Consumo x Taxa de Juros - Gráfico de Dispersão
Fonte: Elaboração própria
94
8. CONCLUSÃO
Pode-se afirmar que esse estudo foi contundente com o seu objetivo de analisar os fatores que
levaram a uma expansão do consumo das famílias no Brasil no período de 2003 a 2013 e
verificar de que forma isso impactou no setor de comércio varejista.
Depois de explicadas as teorias usadas como referências e apresentar a relevância e os
principais conceitos associados ao comércio (com destaque para o varejo) e ao consumo das
famílias, foi feita uma análise qualitativa do comportamento de diversas variáveis
macroeconômicas consideradas relevantes para esses dois objetos de estudo.
Foi possível mostrar que a expansão da massa salarial, possibilitada pela redução nos índices
de desemprego e da melhora da renda, aumentou o poder de compra da população,
favorecendo o consumo. No entanto, por mais que essa renda tenha crescido em termos reais,
nos últimos anos, a inflação persiste em se manter acima da sua meta. Assim, ela acaba por
representar uma redução no potencial de crescimento do consumo das famílias e,
consequentemente, do varejo, que mesmo nesse cenário de inflação incômoda tiveram um
crescimento médio maior do que o crescimento do PIB.
Também de forma qualitativa, mostrou-se que a melhora das condições de crédito teve um
impacto positivo no varejo. Os segmentos do varejo que tiveram melhor desempenho no
período foram aqueles que são mais sensíveis ao crédito.
Logo após, foi feita uma análise quantitativa através da elaboração de modelos
econométricos. Os modelos elaborados permitiram que fossem testadas estatisticamente as
seguintes hipóteses definidas nos objetivos específicos do trabalho:
(i)
O comportamento do comércio sendo explicado pelo consumo agregado
Os resultados obtidos indicam que o consumo agregado e o valor adicionado pelo
comércio no PIB tiveram uma correlação forte e positiva no período, com variações
positivas no primeiro gerando variações positivas no segundo. A hipótese, portanto,
foi validada pelo modelo.
(ii)
O comportamento do consumo agregado sendo explicado pela renda
disponível
95
Os resultados obtidos indicam que a renda disponível e o consumo agregado tiveram
uma correlação forte e positiva no período, com variações positivas do primeiro
gerando variações positivas no segundo. A hipótese, portanto, foi validada pelo
modelo, o que indica também que o modelo de consumo keynesiano, em que o
indivíduo toma suas decisões de consumo baseadas na sua renda corrente, é aplicável
ao caso brasileiro no período estudado. Entre todos os modelos que tentaram explicar
o consumo das famílias, esse foi aquele cuja variável explicativa (renda disponível
bruta) mais impactou o consumo entre 2003 e 2013.
(iii)
O comportamento do consumo agregado sendo explicado pelo crédito
disponível a pessoas físicas
Os resultados obtidos indicam que crédito disponível e consumo agregado tiveram
uma correlação forte e positiva no período, com variações positivas do primeiro
gerando variações positivas do segundo. A hipótese, portanto, foi validada pelo
modelo, o que indica que o acesso ao crédito é um fator que influenciou o consumo
brasileiro no período estudado.
(iv)
O comportamento do consumo agregado sendo explicado pela taxa de juros
Os resultados obtidos para esse modelo, mesmo após a realização de
transformações em suas séries, não foram estatisticamente significativos, não sendo
possível, portanto, validar a hipótese considerada. Apesar de a teoria macroeconômica
indicar que elevações nas taxas de juros tendem, através dos canais de transmissão de
política monetária, a gerar uma retração do consumo agregado, não foi possível
identificar essa relação para o modelo com ambas as variáveis no mesmo período de
tempo.
Uma vez que foi possível mostrar a importância do emprego, da renda e do crédito no
consumo, ao se levar em conta o atual cenário econômico do Brasil, que pode ser resumido
em pequeno crescimento do PIB, inflação mais alta e persistente, menor crescimento do
crédito a pessoas físicas e juros mais altos; é de se esperar que, ao menos no curto prazo, o
96
varejo brasileiro não consiga ter o mesmo forte desempenho do que aquele visto na maior
parte do período entre 2003 e 2013.
Levando em conta esse cenário econômico e sabendo que a inflação em vigor é gerada,
principalmente, pela pressão da demanda, torna-se muito importante a questão do aumento da
capacidade produtiva como forma de remediar esse fenômeno. Destaca-se que esse aumento
de capacidade produtiva possibilita tanto o aumento da oferta, que contém a pressão nos
preços por parte da demanda, quanto o estímulo de novas contratações, que gera renda a esses
novos empregados.
É de esperar que o incentivo ao aumento da capacidade produtiva seja uma solução muito
mais sustentável à continuidade do ciclo de consumo e retorno do crescimento econômico do
que políticas como a desoneração fiscal de segmentos do comércio. Ainda mais quando se
sabe que o governo faz essa renúncia de receitas em um momento que apresenta dificuldades
fiscais.
Também se deve apontar que, por mais que estes tenham impactos positivos no consumo das
famílias, o salário mínimo e os benefícios do Bolsa Família quando reajustados muito acima
da inflação, em um período em que o governo encontra dificuldades para cumprir as suas
metas fiscais, não só acaba alimentado o fenômeno inflacionário como também torna mais
difícil o cumprimento dessas metas. Olhando sob a ótica da despesa, volta-se mais uma vez a
questão do quão sustentável são essas práticas político-econômicas em um período de baixo
crescimento do PIB brasileiro.
8.1. SUGESTÕES PARA ESTUDOS FUTUROS
Uma vez que o presente estudo foi voltado para o período entre 2003 e 2013, como sugestões
para estudos futuros, a dupla de autores considera interessante a realização de um estudo
abrangendo um período maior. A análise de todo o período pós-Plano Real, por exemplo,
permitiria identificar se realmente a expansão do consumo entre 2003 e 2013 foi mais
acelerada que no período anterior e explicar como o a estabilização econômica influenciou o
resultado do consumo das famílias e do varejo brasileiro e os seus segmentos.
Outra sugestão seria um estudo mais voltado para a parte microeconômica do comércio a
partir das informações disponíveis na Pesquisa Anual do Comércio, também do IBGE, que
97
foi iniciada em 2002 e tem como objetivo disponibilizar informações a respeito da situação
econômico-financeira de cada segmento do varejo e do atacado. São os tipos de informações
disponíveis nessas pesquisas: pessoal ocupado, gastos e despesas diversas, custos, receitas,
aquisições, vendas líquidas, estoques etc.
A terceira proposta é de um estudo voltado para as perspectivas das empresas de cada
segmento do varejo e atacado. De maneira que seja possível realizar uma análise de mercado
sobre algum desses segmentos e apresentar, sob a ótica das suas principais empresas, quais os
seus diferenciais competitivos, capacitações, estratégias, a caracterização da demanda e da
oferta, os fatores que contribuem para a formação de preços, market share e demonstrativos
de resultados ao longo dos anos.
Por fim, uma última sugestão é um estudo, também econométrico, que possa analisar o
comportamento do consumo em função de diversas variáveis (taxa de juros, crédito, renda
etc.) em um mesmo modelo a partir de uma regressão linear múltipla. Dessa forma, é possível
ter mais clareza de qual variável mais impacta o consumo.
98
9. REFERÊNCIAS
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R.
2011.
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com
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dragão”.
Artigo.
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Julho de 2014.
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Disponível
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– Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade da Universidade de São Paulo, São
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GIAMBIAGI, F., VILLELA, A., DE CASTRO, L. B., HERMANN, J. Economia Brasileira
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IPEA, Rio de Janeiro – RJ, Brasil: v. 34, p. 39-55, 2004.
GUJARATI, D. N., PORTER D. C. Econometria Básica. 5 ed. Porto Alegre: Bookman, 2011.
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<http://noticias.serasaexperian.com.br/indicadores-economicos/>. Último acesso em Agosto
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Anticíclicas: Análise da Desoneração do IPI sobre o Setor Automobilístico. 2014. Artigo
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Mensal
do
Comércio.
IBGE.
Disponível
<http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/comercio/pmc/default.shtm>.
em:
Último
acesso em Agosto de 2014.
101
Pesquisa
de
Orçamentos
Familiares
2008
-
2009.
IBGE.
Disponível
em:
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Paulo, Fundação Getúlio Vargas, São Paulo. 2013.
102
APÊNDICE I - VARIAÇÃO DO ÍNDICE DE VOLUME DE VENDAS DO VAREJO ENTRE 2003 E 2013
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
VARIAÇÃO DO VOLUME DE VENDAS POR SEGMENTO SOBRE O ANO ANTERIOR
Atividades
2003
2004
2005
2006
2007
Comércio Varejista (1 a 8)
-3,7%
9,3%
4,8%
6,2%
9,6%
Combustíveis e lubrificantes
-4,3%
4,7%
-7,4%
-8,1%
5,1%
Supermercados, hipermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo
-4,9%
7,2%
2,9%
7,6%
6,4%
Vestuário, calçados e tecidos
-3,1%
4,7%
5,9%
2,0%
10,7%
Móveis e eletrodomésticos
-0,9%
26,4%
16,0%
10,3%
15,4%
Artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos, de perfumaria e cosméticos
6,1%
3,7%
8,9%
Equipamentos e materiais para escritório, informática e comunicação
54,0%
30,1%
29,4%
Livros, jornais, revistas e papelaria
1,5%
0,5%
7,1%
Outros artigos de uso pessoal e domésticos
14,8%
17,1%
22,2%
Comércio Varejista Ampliado (1 a 10)
3,1%
6,5%
13,5%
Veículos e motos, partes e peças
-7,2%
17,8%
1,6%
7,3%
22,6%
Material de construção
-6,1%
5,7%
10,8%
2008
9,1%
9,3%
5,5%
4,9%
15,1%
13,3%
33,5%
11,1%
15,6%
9,9%
11,9%
7,8%
2009
5,9%
0,8%
8,3%
-2,8%
2,1%
11,8%
10,6%
9,6%
8,4%
6,9%
11,1%
-5,9%
2010
10,9%
6,6%
9,0%
10,7%
18,3%
11,9%
24,1%
12,0%
8,8%
12,2%
14,1%
15,6%
2011
6,7%
1,6%
4,0%
3,6%
16,6%
9,7%
19,6%
5,9%
4,0%
6,6%
6,1%
9,1%
2012
8,4%
6,8%
8,4%
3,4%
12,3%
10,2%
6,9%
5,4%
9,4%
8,0%
7,3%
7,9%
2013
4,3%
6,3%
1,9%
3,5%
5,0%
10,1%
7,2%
2,6%
10,3%
3,6%
1,4%
6,9%
Fonte : Pesquisa Mensal do Comércio
103
APÊNDICE II - CRESCIMENTO REAL DO PIB ENTRE 1995 E 2013
Crescimento Real do
PIB (% a.a.)
Crescimento Real do
PIB (% a.a.)
Crescimento Real do
PIB (% a.a.)
Crescimento Real do
PIB (% a.a.)
Crescimento Real do
PIB (% a.a.)
1995
1996
1997
1998
4,4
2,2
3,4
0,0
1999
2000
2001
2002
0,3
4,3
1,3
2,7
2003
2004
2005
2006
1,2
5,7
3,2
4,0
2007
2008
2009
2010
6,1
5,2
-0,3
7,5
2011
2012
2013
2,7
1,0
2,5
Fonte : Ipeadata
104
APÊNDICE III - TAXA MÉDIA DE CÂMBIO ENTRE 2003 E 2013
Data
2003.01
2003.02
2003.03
2003.04
2003.05
2003.06
2003.07
2003.08
2003.09
2003.10
2003.11
2003.12
2004.01
2004.02
2004.03
2004.04
2004.05
2004.06
2004.07
2004.08
2004.09
2004.10
2004.11
2004.12
2005.01
2005.02
2005.03
2005.04
2005.05
2005.06
2005.07
2005.08
2005.09
2005.10
2005.11
2005.12
2006.01
2006.02
2006.03
2006.04
2006.05
2006.06
2006.07
2006.08
2006.09
2006.10
2006.11
2006.12
Taxa Média de Câmbio
Comercial para Compra de
Dólar (R$ / US$)
3,44
3,59
3,45
3,12
2,95
2,88
2,88
3,00
2,92
2,86
2,91
2,92
2,85
2,93
2,90
2,91
3,10
3,13
3,04
3,00
2,89
2,85
2,79
2,72
2,69
2,60
2,70
2,58
2,45
2,41
2,37
2,36
2,29
2,26
2,21
2,28
2,27
2,16
2,15
2,13
2,18
2,25
2,19
2,16
2,17
2,15
2,16
2,15
Data
2007.01
2007.02
2007.03
2007.04
2007.05
2007.06
2007.07
2007.08
2007.09
2007.10
2007.11
2007.12
2008.01
2008.02
2008.03
2008.04
2008.05
2008.06
2008.07
2008.08
2008.09
2008.10
2008.11
2008.12
2009.01
2009.02
2009.03
2009.04
2009.05
2009.06
2009.07
2009.08
2009.09
2009.10
2009.11
2009.12
2010.01
2010.02
2010.03
2010.04
2010.05
2010.06
2010.07
2010.08
2010.09
2010.10
2010.11
2010.12
Taxa Média de Câmbio
Comercial para Compra de
Dólar (R$ / US$)
2,14
2,10
2,09
2,03
1,98
1,93
1,88
1,97
1,90
1,80
1,77
1,79
1,77
1,73
1,71
1,69
1,66
1,62
1,59
1,61
1,80
2,17
2,27
2,39
2,31
2,31
2,31
2,21
2,06
1,96
1,93
1,84
1,82
1,74
1,73
1,75
1,78
1,84
1,79
1,76
1,81
1,81
1,77
1,76
1,72
1,69
1,71
1,69
Data
2011.01
2011.02
2011.03
2011.04
2011.05
2011.06
2011.07
2011.08
2011.09
2011.10
2011.11
2011.12
2012.01
2012.02
2012.03
2012.04
2012.05
2012.06
2012.07
2012.08
2012.09
2012.10
2012.11
2012.12
2013.01
2013.02
2013.03
2013.04
2013.05
2013.06
2013.07
2013.08
2013.09
2013.10
2013.11
2013.12
Taxa Média de Câmbio
Comercial para Compra de
Dólar (R$ / US$)
1,67
1,67
1,66
1,59
1,61
1,59
1,56
1,60
1,75
1,77
1,79
1,84
1,79
1,72
1,79
1,85
1,99
2,05
2,03
2,03
2,03
2,03
2,07
2,08
2,03
1,97
1,98
2,00
2,03
2,17
2,25
2,34
2,27
2,19
2,29
2,34
Fonte : Ipeadata
105
APÊNDICE IV - TAXA DE DESEMPREGO ENTRE 2003 E 2013
Data Taxa de Desemprego (%)
2003.01
11,2
2003.02
11,6
2003.03
12,1
2003.04
12,4
2003.05
12,8
2003.06
13,0
2003.07
12,8
2003.08
13,0
2003.09
12,9
2003.10
12,9
2003.11
12,2
2003.12
10,9
2004.01
11,7
2004.02
12,0
2004.03
12,8
2004.04
13,1
2004.05
12,2
2004.06
11,7
2004.07
11,2
2004.08
11,4
2004.09
10,9
2004.10
10,5
2004.11
10,6
2004.12
9,6
2005.01
10,2
2005.02
10,6
2005.03
10,8
2005.04
10,8
2005.05
10,2
2005.06
9,4
2005.07
9,4
2005.08
9,4
2005.09
9,6
2005.10
9,6
2005.11
9,6
2005.12
8,3
2006.01
9,2
2006.02
10,1
2006.03
10,4
2006.04
10,4
2006.05
10,2
2006.06
10,4
2006.07
10,7
2006.08
10,6
2006.09
10,0
2006.10
9,8
2006.11
9,5
2006.12
8,4
Data Taxa de Desemprego (%)
2007.01
9,3
2007.02
9,9
2007.03
10,1
2007.04
10,1
2007.05
10,1
2007.06
9,7
2007.07
9,5
2007.08
9,5
2007.09
9,0
2007.10
8,7
2007.11
8,2
2007.12
7,4
2008.01
8,0
2008.02
8,7
2008.03
8,6
2008.04
8,5
2008.05
7,9
2008.06
7,8
2008.07
8,1
2008.08
7,6
2008.09
7,6
2008.10
7,5
2008.11
7,6
2008.12
6,8
2009.01
8,2
2009.02
8,5
2009.03
9,0
2009.04
8,9
2009.05
8,8
2009.06
8,1
2009.07
8,0
2009.08
8,1
2009.09
7,7
2009.10
7,5
2009.11
7,4
2009.12
6,8
2010.01
7,2
2010.02
7,4
2010.03
7,6
2010.04
7,3
2010.05
7,5
2010.06
7,0
2010.07
6,9
2010.08
6,7
2010.09
6,2
2010.10
6,1
2010.11
5,7
2010.12
5,3
Data Taxa de Desemprego (%)
2011.01
6,1
2011.02
6,4
2011.03
6,5
2011.04
6,4
2011.05
6,4
2011.06
6,2
2011.07
6,0
2011.08
6,0
2011.09
6,0
2011.10
5,8
2011.11
5,2
2011.12
4,7
2012.01
5,5
2012.02
5,7
2012.03
6,2
2012.04
6,0
2012.05
5,8
2012.06
5,9
2012.07
5,4
2012.08
5,3
2012.09
5,4
2012.10
5,3
2012.11
4,9
2012.12
4,6
2013.01
5,4
2013.02
5,6
2013.03
5,7
2013.04
5,8
2013.05
5,8
2013.06
6,0
2013.07
5,6
2013.08
5,3
2013.09
5,4
2013.10
5,2
2013.11
4,6
2013.12
4,3
Fonte : Ipeadata
106
APÊNDICE V - POPULAÇÃO EM IDADE ATIVA ENTRE 2003 E 2013
Data
2003.01
2003.02
2003.03
2003.04
2003.05
2003.06
2003.07
2003.08
2003.09
2003.10
2003.11
2003.12
2004.01
2004.02
2004.03
2004.04
2004.05
2004.06
2004.07
2004.08
2004.09
2004.10
2004.11
2004.12
2005.01
2005.02
2005.03
2005.04
2005.05
2005.06
2005.07
2005.08
2005.09
2005.10
2005.11
2005.12
2006.01
2006.02
2006.03
2006.04
2006.05
2006.06
2006.07
2006.08
2006.09
2006.10
2006.11
2006.12
População em Idade Ativa
Regiões Metropolitanas
(em milhões)
36.741
36.808
36.838
36.890
36.967
36.907
37.006
37.048
37.067
37.200
37.235
37.421
37.401
37.389
37.396
37.499
37.581
37.665
37.745
37.673
37.721
37.842
37.975
38.088
38.196
38.137
38.149
38.264
38.221
38.256
38.291
38.323
38.419
38.511
38.638
38.731
38.767
38.747
38.727
38.764
38.857
38.894
38.906
39.018
39.044
39.141
39.201
39.278
Data
2007.01
2007.02
2007.03
2007.04
2007.05
2007.06
2007.07
2007.08
2007.09
2007.10
2007.11
2007.12
2008.01
2008.02
2008.03
2008.04
2008.05
2008.06
2008.07
2008.08
2008.09
2008.10
2008.11
2008.12
2009.01
2009.02
2009.03
2009.04
2009.05
2009.06
2009.07
2009.08
2009.09
2009.10
2009.11
2009.12
2010.01
2010.02
2010.03
2010.04
2010.05
2010.06
2010.07
2010.08
2010.09
2010.10
2010.11
2010.12
População em Idade Ativa
Regiões Metropolitanas
(em milhões)
39.314
39.396
39.442
39.488
39.570
39.667
39.631
39.671
39.741
39.736
39.865
39.911
40.034
40.074
40.085
40.137
40.171
40.289
40.339
40.411
40.385
40.341
40.322
40.435
40.621
40.620
40.661
40.632
40.672
40.772
40.919
41.046
41.034
41.017
41.040
41.134
41.201
41.194
41.303
41.259
41.248
41.325
41.408
41.420
41.465
41.449
41.502
41.590
Data
2011.01
2011.02
2011.03
2011.04
2011.05
2011.06
2011.07
2011.08
2011.09
2011.10
2011.11
2011.12
2012.01
2012.02
2012.03
2012.04
2012.05
2012.06
2012.07
2012.08
2012.09
2012.10
2012.11
2012.12
2013.01
2013.02
2013.03
2013.04
2013.05
2013.06
2013.07
2013.08
2013.09
2013.10
2013.11
2013.12
População em Idade Ativa
Regiões Metropolitanas
(em milhões)
41.653
41.714
41.770
41.792
41.866
41.865
41.903
41.964
41.957
42.017
42.014
42.086
42.079
42.159
42.243
42.290
42.383
42.447
42.472
42.495
42.510
42.491
42.453
42.530
42.525
42.562
42.611
42.742
42.746
42.830
42.869
42.865
42.985
42.983
43.007
43.055
Fonte : Ipeadata
107
APÊNDICE VI - POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA ENTRE 2003 E 2013
Data
2003.01
2003.02
2003.03
2003.04
2003.05
2003.06
2003.07
2003.08
2003.09
2003.10
2003.11
2003.12
2004.01
2004.02
2004.03
2004.04
2004.05
2004.06
2004.07
2004.08
2004.09
2004.10
2004.11
2004.12
2005.01
2005.02
2005.03
2005.04
2005.05
2005.06
2005.07
2005.08
2005.09
2005.10
2005.11
2005.12
2006.01
2006.02
2006.03
2006.04
2006.05
2006.06
2006.07
2006.08
2006.09
2006.10
2006.11
2006.12
População
Economicamente Ativa
Regiões Metropolitanas
(em milhões)
20.621
20.689
20.836
20.925
21.103
21.156
21.092
21.320
21.555
21.466
21.520
21.259
21.006
21.087
21.367
21.581
21.539
21.507
21.581
21.683
21.783
21.722
21.838
21.606
21.440
21.475
21.658
21.662
21.776
21.590
21.578
21.656
21.896
21.891
21.938
21.751
21.713
21.807
21.880
21.792
21.862
22.101
22.265
22.470
22.577
22.486
22.491
22.226
Data
2007.01
2007.02
2007.03
2007.04
2007.05
2007.06
2007.07
2007.08
2007.09
2007.10
2007.11
2007.12
2008.01
2008.02
2008.03
2008.04
2008.05
2008.06
2008.07
2008.08
2008.09
2008.10
2008.11
2008.12
2009.01
2009.02
2009.03
2009.04
2009.05
2009.06
2009.07
2009.08
2009.09
2009.10
2009.11
2009.12
2010.01
2010.02
2010.03
2010.04
2010.05
2010.06
2010.07
2010.08
2010.09
2010.10
2010.11
2010.12
População
Economicamente Ativa
Regiões Metropolitanas
(em milhões)
22.182
22.217
22.435
22.351
22.369
22.536
22.521
22.765
22.833
22.802
22.841
22.563
22.575
22.630
22.721
22.811
22.741
22.978
22.977
23.003
23.175
23.304
23.221
23.074
23.044
22.884
23.035
22.959
23.020
23.015
23.186
23.334
23.319
23.258
23.317
23.407
23.292
23.390
23.536
23.530
23.642
23.526
23.663
23.736
23.762
23.790
23.758
23.702
Data
2011.01
2011.02
2011.03
2011.04
2011.05
2011.06
2011.07
2011.08
2011.09
2011.10
2011.11
2011.12
2012.01
2012.02
2012.03
2012.04
2012.05
2012.06
2012.07
2012.08
2012.09
2012.10
2012.11
2012.12
2013.01
2013.02
2013.03
2013.04
2013.05
2013.06
2013.07
2013.08
2013.09
2013.10
2013.11
2013.12
População
Economicamente Ativa
Regiões Metropolitanas
(em milhões)
23.503
23.692
23.817
23.849
23.952
23.866
23.920
24.064
24.102
24.066
24.081
23.867
23.826
23.990
24.146
24.171
24.398
24.257
24.096
24.239
24.489
24.679
24.672
24.572
24.475
24.330
24.295
24.320
24.424
24.435
24.514
24.521
24.522
24.549
24.424
24.391
Fonte : Ipeadata
108
APÊNDICE VII - POPULAÇÃO OCUPADA ENTRE 2003 E 2013
Data
População Ocupada
Regiões Metropolitanas
(em milhões)
Data
População Ocupada
Regiões Metropolitanas
(em milhões)
2003.01
2003.02
2003.03
2003.04
2003.05
2003.06
2003.07
2003.08
2003.09
2003.10
2003.11
2003.12
2004.01
2004.02
2004.03
2004.04
2004.05
2004.06
2004.07
2004.08
2004.09
2004.10
2004.11
2004.12
2005.01
2005.02
2005.03
2005.04
2005.05
2005.06
2005.07
2005.08
2005.09
2005.10
2005.11
2005.12
2006.01
2006.02
2006.03
2006.04
2006.05
2006.06
2006.07
2006.08
2006.09
2006.10
2006.11
2006.12
18.316
18.290
18.309
18.319
18.387
18.405
18.395
18.536
18.759
18.686
18.898
18.944
18.551
18.551
18.630
18.758
18.905
18.983
19.160
19.212
19.403
19.440
19.508
19.526
19.256
19.184
19.306
19.321
19.555
19.561
19.537
19.611
19.778
19.781
19.829
19.928
19.697
19.606
19.599
19.526
19.633
19.795
19.871
20.086
20.319
20.276
20.341
20.362
2007.01
2007.02
2007.03
2007.04
2007.05
2007.06
2007.07
2007.08
2007.09
2007.10
2007.11
2007.12
2008.01
2008.02
2008.03
2008.04
2008.05
2008.06
2008.07
2008.08
2008.09
2008.10
2008.11
2008.12
2009.01
2009.02
2009.03
2009.04
2009.05
2009.06
2009.07
2009.08
2009.09
2009.10
2009.11
2009.12
2010.01
2010.02
2010.03
2010.04
2010.05
2010.06
2010.07
2010.08
2010.09
2010.10
2010.11
2010.12
20.120
20.022
20.153
20.079
20.095
20.349
20.384
20.587
20.775
20.816
20.955
20.882
20.769
20.660
20.769
20.863
20.939
21.171
21.110
21.251
21.399
21.561
21.461
21.507
21.154
20.943
20.953
20.913
20.984
21.148
21.332
21.444
21.520
21.505
21.603
21.815
21.605
21.668
21.748
21.820
21.878
21.878
22.020
22.135
22.282
22.345
22.398
22.450
Data
População Ocupada
Regiões Metropolitanas
(em milhões)
2011.01
2011.02
2011.03
2011.04
2011.05
2011.06
2011.07
2011.08
2011.09
2011.10
2011.11
2011.12
2012.01
2012.02
2012.03
2012.04
2012.05
2012.06
2012.07
2012.08
2012.09
2012.10
2012.11
2012.12
2013.01
2013.02
2013.03
2013.04
2013.05
2013.06
2013.07
2013.08
2013.09
2013.10
2013.11
2013.12
22.080
22.184
22.279
22.313
22.430
22.390
22.476
22.623
22.651
22.682
22.830
22.734
22.513
22.611
22.646
22.709
22.984
22.837
22.796
22.952
23.164
23.366
23.463
23.437
23.144
22.974
22.922
22.906
23.007
22.980
23.136
23.225
23.194
23.279
23.293
23.330
Fonte : Ipeadata
109
APÊNDICE VIII - TAXA SELIC MÉDIA ENTRE 2003 E 2013
Data Taxa Selic Média (%)
2003.01
25,1
2003.02
25,8
2003.03
26,5
2003.04
26,5
2003.05
26,5
2003.06
26,3
2003.07
25,6
2003.08
23,6
2003.09
21,1
2003.10
19,7
2003.11
18,5
2003.12
17,0
2004.01
16,5
2004.02
16,5
2004.03
16,4
2004.04
16,1
2004.05
16,0
2004.06
16,0
2004.07
16,0
2004.08
16,0
2004.09
16,1
2004.10
16,4
2004.11
17,0
2004.12
17,5
2005.01
17,9
2005.02
18,5
2005.03
19,0
2005.04
19,3
2005.05
19,6
2005.06
19,8
2005.07
19,8
2005.08
19,8
2005.09
19,6
2005.10
19,3
2005.11
18,9
2005.12
18,2
2006.01
17,7
2006.02
17,3
2006.03
16,7
2006.04
16,2
2006.05
15,8
2006.06
15,3
2006.07
15,1
2006.08
14,7
2006.09
14,3
2006.10
14,0
2006.11
13,7
2006.12
13,3
Data Taxa Selic Média (%)
2007.01
13,2
2007.02
13,0
2007.03
12,8
2007.04
12,7
2007.05
12,5
2007.06
12,1
2007.07
11,8
2007.08
11,5
2007.09
11,3
2007.10
11,3
2007.11
11,3
2007.12
11,3
2008.01
11,3
2008.02
11,3
2008.03
11,3
2008.04
11,5
2008.05
11,8
2008.06
12,2
2008.07
12,4
2008.08
13,0
2008.09
13,5
2008.10
13,8
2008.11
13,8
2008.12
13,8
2009.01
13,4
2009.02
12,8
2009.03
11,7
2009.04
11,2
2009.05
10,3
2009.06
9,6
2009.07
9,1
2009.08
8,8
2009.09
8,8
2009.10
8,8
2009.11
8,8
2009.12
8,8
2010.01
8,8
2010.02
8,8
2010.03
8,8
2010.04
8,8
2010.05
9,5
2010.06
10,0
2010.07
10,4
2010.08
10,8
2010.09
10,8
2010.10
10,8
2010.11
10,8
2010.12
10,8
Data Taxa Selic Média (%)
2011.01
10,9
2011.02
11,3
2011.03
11,7
2011.04
11,8
2011.05
12,0
2011.06
12,2
2011.07
12,3
2011.08
12,5
2011.09
12,0
2011.10
11,8
2011.11
11,5
2011.12
11,0
2012.01
10,8
2012.02
10,5
2012.03
9,9
2012.04
9,5
2012.05
9,0
2012.06
8,5
2012.07
8,2
2012.08
8,0
2012.09
7,5
2012.10
7,3
2012.11
7,3
2012.12
7,3
2013.01
7,3
2013.02
7,3
2013.03
7,3
2013.04
7,4
2013.05
7,5
2013.06
8,0
2013.07
8,3
2013.08
8,5
2013.09
9,0
2013.10
9,4
2013.11
9,6
2013.12
10,0
Fonte : Ipeadata
110
APÊNDICE IX - RENDIMENTO REAL ENTRE 2002 E 2013
Data
2002.03
2002.04
2002.05
2002.06
2002.07
2002.08
2002.09
2002.10
2002.11
2002.12
Rendimento Real
R$
1.728,29
R$
1.733,02
R$
1.779,00
R$
1.756,72
R$
1.797,09
R$
1.763,45
R$
1.724,84
R$
1.726,78
R$
1.698,56
R$
1.670,19
Data
2003.01
2003.02
2003.03
2003.04
2003.05
2003.06
2003.07
2003.08
2003.09
2003.10
2003.11
2003.12
2004.01
2004.02
2004.03
2004.04
2004.05
2004.06
2004.07
2004.08
2004.09
2004.10
2004.11
2004.12
2005.01
2005.02
2005.03
2005.04
2005.05
2005.06
2005.07
2005.08
2005.09
2005.10
2005.11
2005.12
2006.01
2006.02
2006.03
2006.04
2006.05
2006.06
2006.07
2006.08
2006.09
2006.10
2006.11
2006.12
Rendimento Real
R$
1.598,92
R$
1.586,61
R$
1.563,11
R$
1.555,92
R$
1.524,59
R$
1.530,66
R$
1.513,98
R$
1.532,03
R$
1.498,19
R$
1.493,19
R$
1.488,97
R$
1.490,67
R$
1.504,25
R$
1.510,15
R$
1.528,55
R$
1.516,64
R$
1.496,83
R$
1.513,89
R$
1.526,58
R$
1.501,83
R$
1.530,62
R$
1.508,45
R$
1.520,19
R$
1.484,19
R$
1.522,81
R$
1.534,81
R$
1.530,88
R$
1.508,52
R$
1.486,90
R$
1.510,95
R$
1.547,69
R$
1.560,16
R$
1.555,62
R$
1.539,07
R$
1.550,19
R$
1.572,99
R$
1.547,69
R$
1.570,90
R$
1.572,78
R$
1.576,11
R$
1.598,63
R$
1.610,34
R$
1.593,32
R$
1.606,97
R$
1.591,55
R$
1.619,59
R$
1.622,36
R$
1.638,97
Data
2007.01
2007.02
2007.03
2007.04
2007.05
2007.06
2007.07
2007.08
2007.09
2007.10
2007.11
2007.12
2008.01
2008.02
2008.03
2008.04
2008.05
2008.06
2008.07
2008.08
2008.09
2008.10
2008.11
2008.12
2009.01
2009.02
2009.03
2009.04
2009.05
2009.06
2009.07
2009.08
2009.09
2009.10
2009.11
2009.12
2010.01
2010.02
2010.03
2010.04
2010.05
2010.06
2010.07
2010.08
2010.09
2010.10
2010.11
2010.12
Rendimento Real
R$
1.621,63
R$
1.652,42
R$
1.651,71
R$
1.656,00
R$
1.661,19
R$
1.652,83
R$
1.633,13
R$
1.625,60
R$
1.630,02
R$
1.638,86
R$
1.661,18
R$
1.675,74
R$
1.675,66
R$
1.693,89
R$
1.684,25
R$
1.701,24
R$
1.685,38
R$
1.680,80
R$
1.682,90
R$
1.717,70
R$
1.733,91
R$
1.712,17
R$
1.727,14
R$
1.736,13
R$
1.774,09
R$
1.771,58
R$
1.768,29
R$
1.755,46
R$
1.736,52
R$
1.730,69
R$
1.739,82
R$
1.756,32
R$
1.766,62
R$
1.766,34
R$
1.764,85
R$
1.748,98
R$
1.767,42
R$
1.787,82
R$
1.794,20
R$
1.795,18
R$
1.779,20
R$
1.788,78
R$
1.827,77
R$
1.853,18
R$
1.876,74
R$
1.881,59
R$
1.866,27
R$
1.852,50
Data
2011.01
2011.02
2011.03
2011.04
2011.05
2011.06
2011.07
2011.08
2011.09
2011.10
2011.11
2011.12
2012.01
2012.02
2012.03
2012.04
2012.05
2012.06
2012.07
2012.08
2012.09
2012.10
2012.11
2012.12
2013.01
2013.02
2013.03
2013.04
2013.05
2013.06
2013.07
2013.08
2013.09
2013.10
2013.11
2013.12
Rendimento Real
R$
1.861,84
R$
1.853,23
R$
1.862,89
R$
1.829,15
R$
1.850,38
R$
1.860,34
R$
1.901,62
R$
1.911,68
R$
1.877,05
R$
1.876,73
R$
1.879,20
R$
1.900,30
R$
1.912,90
R$
1.935,40
R$
1.966,43
R$
1.943,13
R$
1.940,59
R$
1.948,63
R$
1.918,81
R$
1.955,76
R$
1.958,31
R$
1.963,84
R$
1.979,36
R$
1.960,69
R$
1.958,74
R$
1.982,26
R$
1.977,66
R$
1.974,10
R$
1.967,47
R$
1.964,50
R$
1.947,65
R$
1.981,31
R$
2.001,77
R$
1.999,14
R$
2.038,26
R$
2.023,67
Fonte : Ipeadata
111
APÊNDICE X - SALÁRIO MÍNIMO ENTRE 2002 E 2013
Data
2002.01
2002.02
2002.03
2002.04
2002.05
2002.06
2002.07
2002.08
2002.09
2002.10
2002.11
2002.12
Salário Mínimo
R$
180,00
R$
180,00
R$
180,00
R$
200,00
R$
200,00
R$
200,00
R$
200,00
R$
200,00
R$
200,00
R$
200,00
R$
200,00
R$
200,00
Data
2003.01
2003.02
2003.03
2003.04
2003.05
2003.06
2003.07
2003.08
2003.09
2003.10
2003.11
2003.12
2004.01
2004.02
2004.03
2004.04
2004.05
2004.06
2004.07
2004.08
2004.09
2004.10
2004.11
2004.12
2005.01
2005.02
2005.03
2005.04
2005.05
2005.06
2005.07
2005.08
2005.09
2005.10
2005.11
2005.12
2006.01
2006.02
2006.03
2006.04
2006.05
2006.06
2006.07
2006.08
2006.09
2006.10
2006.11
2006.12
Salário Mínimo
R$
200,00
R$
200,00
R$
200,00
R$
240,00
R$
240,00
R$
240,00
R$
240,00
R$
240,00
R$
240,00
R$
240,00
R$
240,00
R$
240,00
R$
240,00
R$
240,00
R$
240,00
R$
240,00
R$
260,00
R$
260,00
R$
260,00
R$
260,00
R$
260,00
R$
260,00
R$
260,00
R$
260,00
R$
260,00
R$
260,00
R$
260,00
R$
260,00
R$
300,00
R$
300,00
R$
300,00
R$
300,00
R$
300,00
R$
300,00
R$
300,00
R$
300,00
R$
300,00
R$
300,00
R$
300,00
R$
350,00
R$
350,00
R$
350,00
R$
350,00
R$
350,00
R$
350,00
R$
350,00
R$
350,00
R$
350,00
Data
2007.01
2007.02
2007.03
2007.04
2007.05
2007.06
2007.07
2007.08
2007.09
2007.10
2007.11
2007.12
2008.01
2008.02
2008.03
2008.04
2008.05
2008.06
2008.07
2008.08
2008.09
2008.10
2008.11
2008.12
2009.01
2009.02
2009.03
2009.04
2009.05
2009.06
2009.07
2009.08
2009.09
2009.10
2009.11
2009.12
2010.01
2010.02
2010.03
2010.04
2010.05
2010.06
2010.07
2010.08
2010.09
2010.10
2010.11
2010.12
Salário Mínimo
R$
350,00
R$
350,00
R$
350,00
R$
380,00
R$
380,00
R$
380,00
R$
380,00
R$
380,00
R$
380,00
R$
380,00
R$
380,00
R$
380,00
R$
380,00
R$
380,00
R$
415,00
R$
415,00
R$
415,00
R$
415,00
R$
415,00
R$
415,00
R$
415,00
R$
415,00
R$
415,00
R$
415,00
R$
415,00
R$
465,00
R$
465,00
R$
465,00
R$
465,00
R$
465,00
R$
465,00
R$
465,00
R$
465,00
R$
465,00
R$
465,00
R$
465,00
R$
510,00
R$
510,00
R$
510,00
R$
510,00
R$
510,00
R$
510,00
R$
510,00
R$
510,00
R$
510,00
R$
510,00
R$
510,00
R$
510,00
Data
2011.01
2011.02
2011.03
2011.04
2011.05
2011.06
2011.07
2011.08
2011.09
2011.10
2011.11
2011.12
2012.01
2012.02
2012.03
2012.04
2012.05
2012.06
2012.07
2012.08
2012.09
2012.10
2012.11
2012.12
2013.01
2013.02
2013.03
2013.04
2013.05
2013.06
2013.07
2013.08
2013.09
2013.10
2013.11
2013.12
Salário Mínimo
R$
540,00
R$
540,00
R$
545,00
R$
545,00
R$
545,00
R$
545,00
R$
545,00
R$
545,00
R$
545,00
R$
545,00
R$
545,00
R$
545,00
R$
622,00
R$
622,00
R$
622,00
R$
622,00
R$
622,00
R$
622,00
R$
622,00
R$
622,00
R$
622,00
R$
622,00
R$
622,00
R$
622,00
R$
678,00
R$
678,00
R$
678,00
R$
678,00
R$
678,00
R$
678,00
R$
678,00
R$
678,00
R$
678,00
R$
678,00
R$
678,00
R$
678,00
Fonte : Ipeadata
112
APÊNDICE XI - CRÉDITO PARA PESSOAS FÍSICAS ENTRE 2002 E 2013
Data
2002.01
2002.02
2002.03
2002.04
2002.05
2002.06
2002.07
2002.08
2002.09
2002.10
2002.11
2002.12
Crédito
Concedido a
Pessoas Físicas
(milhões)
R$
125.646
R$
127.053
R$
127.607
R$
130.312
R$
131.695
R$
131.576
R$
130.878
R$
131.068
R$
133.201
R$
135.382
R$
136.620
R$
137.923
Data
2003.01
2003.02
2003.03
2003.04
2003.05
2003.06
2003.07
2003.08
2003.09
2003.10
2003.11
2003.12
2004.01
2004.02
2004.03
2004.04
2004.05
2004.06
2004.07
2004.08
2004.09
2004.10
2004.11
2004.12
2005.01
2005.02
2005.03
2005.04
2005.05
2005.06
2005.07
2005.08
2005.09
2005.10
2005.11
2005.12
2006.01
2006.02
2006.03
2006.04
2006.05
2006.06
2006.07
2006.08
2006.09
2006.10
2006.11
2006.12
Crédito
Concedido a
Pessoas Físicas
(milhões)
R$
137.016
R$
138.337
R$
139.729
R$
141.635
R$
143.740
R$
146.121
R$
146.183
R$
147.902
R$
151.726
R$
154.836
R$
156.890
R$
159.253
R$
159.907
R$
161.683
R$
162.462
R$
167.410
R$
170.821
R$
174.257
R$
176.035
R$
180.696
R$
185.718
R$
193.104
R$
198.326
R$
203.967
R$
207.879
R$
210.691
R$
215.961
R$
221.440
R$
227.441
R$
231.262
R$
233.650
R$
239.234
R$
245.120
R$
251.959
R$
257.880
R$
263.968
R$
268.613
R$
272.263
R$
277.594
R$
282.854
R$
290.418
R$
293.271
R$
297.701
R$
303.446
R$
307.034
R$
315.265
R$
322.952
R$
326.823
Data
2007.01
2007.02
2007.03
2007.04
2007.05
2007.06
2007.07
2007.08
2007.09
2007.10
2007.11
2007.12
2008.01
2008.02
2008.03
2008.04
2008.05
2008.06
2008.07
2008.08
2008.09
2008.10
2008.11
2008.12
2009.01
2009.02
2009.03
2009.04
2009.05
2009.06
2009.07
2009.08
2009.09
2009.10
2009.11
2009.12
2010.01
2010.02
2010.03
2010.04
2010.05
2010.06
2010.07
2010.08
2010.09
2010.10
2010.11
2010.12
Crédito
Concedido a
Pessoas Físicas
(milhões)
R$
332.780
R$
337.685
R$
349.149
R$
357.732
R$
367.918
R$
375.605
R$
386.016
R$
393.529
R$
402.010
R$
414.378
R$
424.473
R$
432.406
R$
440.472
R$
445.826
R$
457.393
R$
470.007
R$
481.624
R$
490.009
R$
496.423
R$
504.371
R$
514.621
R$
525.377
R$
527.901
R$
534.726
R$
537.635
R$
536.751
R$
543.722
R$
552.244
R$
564.912
R$
574.216
R$
580.473
R$
589.459
R$
600.953
R$
609.447
R$
616.463
R$
627.202
R$
636.599
R$
642.893
R$
654.926
R$
664.825
R$
678.539
R$
686.322
R$
700.575
R$
714.138
R$
727.956
R$
741.907
R$
759.211
R$
776.371
Data
2011.01
2011.02
2011.03
2011.04
2011.05
2011.06
2011.07
2011.08
2011.09
2011.10
2011.11
2011.12
2012.01
2012.02
2012.03
2012.04
2012.05
2012.06
2012.07
2012.08
2012.09
2012.10
2012.11
2012.12
2013.01
2013.02
2013.03
2013.04
2013.05
2013.06
2013.07
2013.08
2013.09
2013.10
2013.11
2013.12
Crédito
Concedido a
Pessoas Físicas
(milhões)
R$
785.972
R$
794.275
R$
800.561
R$
811.464
R$
825.598
R$
838.248
R$
850.006
R$
869.891
R$
881.661
R$
893.600
R$
908.119
R$
921.053
R$
933.404
R$
940.434
R$
953.034
R$
964.927
R$
980.851
R$
994.083
R$ 1.004.192
R$ 1.022.470
R$ 1.025.573
R$ 1.041.129
R$ 1.055.703
R$ 1.075.771
R$ 1.087.340
R$ 1.093.300
R$ 1.107.262
R$ 1.123.902
R$ 1.142.839
R$ 1.158.683
R$ 1.172.382
R$ 1.188.620
R$ 1.200.582
R$ 1.214.569
R$ 1.229.900
R$ 1.251.174
Fonte : Banco Central
113
APÊNDICE XII - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO COMÉRCIO X CONSUMO
Trimestre
2003 T1
2003 T2
2003 T3
2003 T4
2004 T1
2004 T2
2004 T3
2004 T4
2005 T1
2005 T2
2005 T3
2005 T4
2006 T1
2006 T2
2006 T3
2006 T4
2007 T1
2007 T2
2007 T3
2007 T4
2008 T1
2008 T2
2008 T3
2008 T4
2009 T1
2009 T2
2009 T3
2009 T4
2010 T1
2010 T2
2010 T3
2010 T4
2011 T1
2011 T2
2011 T3
2011 T4
2012 T1
2012 T2
2012 T3
2012 T4
2013 T1
2013 T2
2013 T3
2013 T4
Valor Adicionado pelo
Comércio ao PIB
(milhões)
R$
36.734
R$
38.508
R$
39.120
R$
41.398
R$
40.371
R$
45.205
R$
48.591
R$
49.596
R$
46.923
R$
51.303
R$
52.273
R$
55.294
R$
52.746
R$
56.039
R$
60.194
R$
64.629
R$
61.345
R$
67.638
R$
72.319
R$
76.068
R$
70.944
R$
79.996
R$
87.130
R$
85.305
R$
75.859
R$
84.476
R$
92.016
R$
96.710
R$
90.389
R$
100.961
R$
104.032
R$
108.625
R$
104.815
R$
111.126
R$
113.786
R$
116.879
R$
108.806
R$
117.707
R$
121.896
R$
126.334
R$
120.174
R$
129.870
R$
134.052
R$
138.693
Despesas de Consumo
das Famílias
(milhões)
R$
257.237
R$
259.774
R$
265.313
R$
270.436
R$
273.133
R$
282.254
R$
296.560
R$
308.664
R$
307.261
R$
319.172
R$
327.493
R$
340.304
R$
341.991
R$
351.482
R$
361.079
R$
374.353
R$
380.736
R$
395.415
R$
401.361
R$
416.555
R$
422.805
R$
442.254
R$
461.299
R$
460.482
R$
460.110
R$
486.111
R$
511.869
R$
521.661
R$
532.301
R$
548.563
R$
572.107
R$
595.654
R$
601.849
R$
617.653
R$
631.159
R$
648.829
R$
659.897
R$
669.702
R$
695.527
R$
725.065
R$
729.302
R$
744.353
R$
765.316
R$
794.723
Fonte : Ipeadata
114
APÊNDICE XIII - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X RENDA
Trimestre
2003 T1
2003 T2
2003 T3
2003 T4
2004 T1
2004 T2
2004 T3
2004 T4
2005 T1
2005 T2
2005 T3
2005 T4
2006 T1
2006 T2
2006 T3
2006 T4
2007 T1
2007 T2
2007 T3
2007 T4
2008 T1
2008 T2
2008 T3
2008 T4
2009 T1
2009 T2
2009 T3
2009 T4
2010 T1
2010 T2
2010 T3
2010 T4
2011 T1
2011 T2
2011 T3
2011 T4
2012 T1
2012 T2
2012 T3
2012 T4
2013 T1
2013 T2
2013 T3
2013 T4
Despesas de Consumo
das Famílias
(milhões)
R$
257.237
R$
259.774
R$
265.313
R$
270.436
R$
273.133
R$
282.254
R$
296.560
R$
308.664
R$
307.261
R$
319.172
R$
327.493
R$
340.304
R$
341.991
R$
351.482
R$
361.079
R$
374.353
R$
380.736
R$
395.415
R$
401.361
R$
416.555
R$
422.805
R$
442.254
R$
461.299
R$
460.482
R$
460.110
R$
486.111
R$
511.869
R$
521.661
R$
532.301
R$
548.563
R$
572.107
R$
595.654
R$
601.849
R$
617.653
R$
631.159
R$
648.829
R$
659.897
R$
669.702
R$
695.527
R$
725.065
R$
729.302
R$
744.353
R$
765.316
R$
794.723
Renda Disponível
Bruta
(milhões)
R$
381.913
R$
406.452
R$
422.396
R$
442.796
R$
428.799
R$
469.311
R$
485.640
R$
508.830
R$
482.685
R$
519.018
R$
531.097
R$
561.487
R$
532.843
R$
563.309
R$
594.645
R$
629.468
R$
606.202
R$
649.855
R$
662.748
R$
695.559
R$
677.929
R$
741.787
R$
772.052
R$
776.577
R$
718.167
R$
772.222
R$
813.984
R$
877.637
R$
843.530
R$
907.215
R$
950.220
R$
1.006.204
R$
945.392
R$
1.026.608
R$
1.029.779
R$
1.068.104
R$
1.015.560
R$
1.088.458
R$
1.082.004
R$
1.142.835
R$
1.101.358
R$
1.198.936
R$
1.202.039
R$
1.265.018
Fonte : Ipeadata
115
APÊNDICE XIV - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X CRÉDITO
Trimestre
2003 T1
2003 T2
2003 T3
2003 T4
2004 T1
2004 T2
2004 T3
2004 T4
2005 T1
2005 T2
2005 T3
2005 T4
2006 T1
2006 T2
2006 T3
2006 T4
2007 T1
2007 T2
2007 T3
2007 T4
2008 T1
2008 T2
2008 T3
2008 T4
2009 T1
2009 T2
2009 T3
2009 T4
2010 T1
2010 T2
2010 T3
2010 T4
2011 T1
2011 T2
2011 T3
2011 T4
2012 T1
2012 T2
2012 T3
2012 T4
2013 T1
2013 T2
2013 T3
2013 T4
Despesas de Consumo
das Famílias
(milhões)
R$
257.237
R$
259.774
R$
265.313
R$
270.436
R$
273.133
R$
282.254
R$
296.560
R$
308.664
R$
307.261
R$
319.172
R$
327.493
R$
340.304
R$
341.991
R$
351.482
R$
361.079
R$
374.353
R$
380.736
R$
395.415
R$
401.361
R$
416.555
R$
422.805
R$
442.254
R$
461.299
R$
460.482
R$
460.110
R$
486.111
R$
511.869
R$
521.661
R$
532.301
R$
548.563
R$
572.107
R$
595.654
R$
601.849
R$
617.653
R$
631.159
R$
648.829
R$
659.897
R$
669.702
R$
695.527
R$
725.065
R$
729.302
R$
744.353
R$
765.316
R$
794.723
Crédito Concedido a
Pessoas Físicas
(milhões)
R$
139.729
R$
146.121
R$
151.726
R$
159.253
R$
162.462
R$
174.257
R$
185.718
R$
203.967
R$
215.961
R$
231.262
R$
245.120
R$
263.968
R$
277.594
R$
293.271
R$
307.034
R$
326.823
R$
349.149
R$
375.605
R$
402.010
R$
432.406
R$
457.393
R$
490.009
R$
514.621
R$
534.726
R$
543.722
R$
574.216
R$
600.953
R$
627.202
R$
654.926
R$
686.322
R$
727.956
R$
776.371
R$
800.561
R$
838.248
R$
881.661
R$
921.053
R$
953.034
R$
994.083
R$
1.025.573
R$
1.075.771
R$
1.107.262
R$
1.158.683
R$
1.200.582
R$
1.251.174
Fonte : Ipeadata e Banco Central
116
APÊNDICE XV - SÉRIES TRIMESTRAIS DO MODELO CONSUMO X JUROS
Trimestre
2003 T1
2003 T2
2003 T3
2003 T4
2004 T1
2004 T2
2004 T3
2004 T4
2005 T1
2005 T2
2005 T3
2005 T4
2006 T1
2006 T2
2006 T3
2006 T4
2007 T1
2007 T2
2007 T3
2007 T4
2008 T1
2008 T2
2008 T3
2008 T4
2009 T1
2009 T2
2009 T3
2009 T4
2010 T1
2010 T2
2010 T3
2010 T4
2011 T1
2011 T2
2011 T3
2011 T4
2012 T1
2012 T2
2012 T3
2012 T4
2013 T1
2013 T2
2013 T3
2013 T4
Despesas de Consumo
das Famílias
Taxa Selic Média (%)
(milhões)
R$
257.237
25,8
R$
259.774
26,4
R$
265.313
23,5
R$
270.436
18,4
R$
273.133
16,5
R$
282.254
16,0
R$
296.560
16,0
R$
308.664
17,0
R$
307.261
18,5
R$
319.172
19,6
R$
327.493
19,7
R$
340.304
18,8
R$
341.991
17,2
R$
351.482
15,7
R$
361.079
14,7
R$
374.353
13,7
R$
380.736
13,0
R$
395.415
12,4
R$
401.361
11,5
R$
416.555
11,3
R$
422.805
11,3
R$
442.254
11,8
R$
461.299
13,0
R$
460.482
13,8
R$
460.110
12,6
R$
486.111
10,3
R$
511.869
8,9
R$
521.661
8,8
R$
532.301
8,8
R$
548.563
9,4
R$
572.107
10,6
R$
595.654
10,8
R$
601.849
11,3
R$
617.653
12,0
R$
631.159
12,3
R$
648.829
11,4
R$
659.897
10,4
R$
669.702
9,0
R$
695.527
7,9
R$
725.065
7,3
R$
729.302
7,3
R$
744.353
7,6
R$
765.316
8,6
R$
794.723
9,6
Fonte : Ipeadata
117
Download

a expansão do consumo e seus impactos sobre o