PONTO
ALEXANDRE DUMAS
E A GUERRA DOS LIVROS
FUTEBOL, PRAZER
E PARADOXO
CONVERSA COM
ZEZÉ MOTTA
A NATUREZA EM SEU PAPEL
DE MUSA INSPIRADORA
AS MULHERES EM TRÊS CONTOS
DE IVANA ARRUDA LEITE
REVISTA PONTO®
PUBLICAÇÃO LITERÁRIA E
CULTURAL DO SESI-SP
#5 MARÇO 2O14
[email protected]
www.sesispeditora.com.br
www.facebook.com/sesi-sp-editora
#5 MARÇO 2O14
#5 MARÇO 2O14
SESI-SP EDITORA
AV. PAULISTA 1313 4º ANDAR
O1311-923 SÃO PAULO SP
TELEFONE 55 11 3146 7308
Na página anterior, ilustração de Guga Schultze
para o livro O capitão Panfílio, de Alexandre Dumas,
lançamento da SESI-SP Editora.
P
O
N
T OD E
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A
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A
O Editor
RT
I
Nesta quinta edição da Revista Ponto apresentamos um retrato iluminado de
Zezé Motta, a cantora e atriz – ou “cantriz”, como ela mesma se define – que comemora 45 anos de carreira com diversos shows nas unidades do SESI-SP. Nesta entrevista, ela relembra momentos importantes de sua trajetória. Segundo ela, “gosto
de música desde que estava na barriga da minha mãe”.
Na matéria de capa, o escritor Luiz Brás nos apresenta a “guerra dos
livros”, um texto inspirado que traz o antagonismo histórico entre a chamada
“alta literatura” e a “literatura de entretenimento”, e insere Alexandre Dumas nos
desdobramentos dessa “guerra”, ainda no século XIX. Mestre do gênero folhetim,
ele foi o criador de Os três mosqueteiros e O Conde de Monte Cristo. Segundo certas fontes, ele foi o escritor mais lido e traduzido da história da França. Mesmo assim, não
alcançou o respeito da crítica de seu tempo. Seus contemporâneos não permitiram
que ele fosse sepultado no Panteão de Paris, onde estão os grandes escritores e pensadores franceses. De Dumas, a SESI-SP Editora lança um de seus poucos títulos
juvenis e ainda inédito no Brasil: O capitão Panfílio.
Com o objetivo de discutir o futebol em todo seu aspecto cultural e
sociológico, o jornalista José Eduardo de Carvalho mostra o alcance econômico,
político e social de um evento de tal porte. Segundo ele, os países participantes
da copa de 2014 representam 40% da população mundial e estima-se que a partida final será vista por um bilhão de pessoas, mundo afora. Do mesmo autor, a SESI-SP
Editora lança agora um boxe com cinco volumes sobre os 150 anos do futebol.
A seção Ponto Design discute as relações entre design e natureza, e
nos mostra num belo estudo acadêmico sobre como a natureza inspirou e inspira o design e como este retribui apontando rumos para a construção dentro
dos preceitos da sustentabilidade, que começa a envolver parte deste segmento
da indústria, buscando a conciliação entre arte e produtividade.
Ainda neste número apresentamos o Método Alla Corda - Formação
e Educação Musical Juvenil, que a área de cultura do SESI-SP, em parceria com a
Fundação Bachiana, desenvolveu e implantou entre os alunos da rede. Trata-se
de uma série de cinco volumes: viola, violino, violoncelo e contrabaixo, além
do livro do educador com uma metodologia inovadora desenvolvida pelo violinista e pedagogo Ênio Antunes e que passou, desde 2013, a ser utilizada nos
Núcleos de Música SESI-SP, sob a coordenação do maestro João Carlos Martins.
Muita cultura e boa leitura!
#5 marçO 2O14
A rEvisTA PONTO®
é umA PuBLICAÇÃo LITERÁRIA E CuLTuRAL DA sEsI-sP
EDIToRA, Com EDIÇÕEs TRImEsTRAIs
CONsElhO EdiTOriAl
PaUlO sKaF (PresiDeNTe)
walTer viCiONi GONçalves
DÉBOra CyPriaNO BOTelHO
NeUsa mariaNi
COMissÃO EdiTOriAl
FerNaNDO aNTONiO CarvalHO De sOUZa
DÉBOra PiNTO alves viaNa
aleXaNDra salOmÃO miamOTO
álvarO alves FilHO
rODriGO De Faria e silva
GaBriella PlaNTUlli
EdiTOr ChEFE
rODriGO De Faria e silva
EdiTOrAs AssisTENTEs
jUliaNa Farias
aNa lUCia saNT’aNa DOs saNTOs
GaBriella PlaNTUlli
BeaTriZ simÕes araújO
mONalisa Neves
CAPA, EdiTOrAÇÃO E PrOduÇÃO GrÁFiCA
PaUla lOreTO
valqUíria Palma
Camila CaTTO
COMuNiCAÇÃO EdiTOriAl
GaBriella PlaNTUlli
divulGAÇÃO E PrOMOÇÃO
valÉria vaNessa eDUarDO
reNaTa De Cassia silva
AdMiNisTrATivO E FiNANCEirO
raimUNDO erNaNDO De melO jUNiOr
FeliPe aUGUsTO Ferreira De Oliveira
Flávia reGiNa sOUZa De Oliveira
márCiO Da COsTa veNTUra
eDilZa alves leiTe
COMErCiAl
vaNessa BUZeli BONOmO viCeNTe
raPHael CalDeira
COlAbOrAdOrEs
Capa
Ilustração de Guga Schultze para o livro
O capitão Panfílio, de Alexandre Dumas.
arNalDO NisKier
CarOliNa CarDOsO
ivaNa arrUDa leiTe
jOsÉ eDUarDO De CarvalHO
lUiZ Bras
marília FONTaNa GarCia
rEvisÃO
DaNielle meNDes sales
JOrNAlisTA rEsPONsÁvEl
GaBriella PlaNTUlli (MTb 0030796sP)
PrOJETO GrÁFiCO OriGiNAl
viCeNTe Gil DesiGN
TirAGEM dEsTA EdiÇÃO
5 mil eXemPlares
iMPrEssÃO
riCarGraF
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NÚMErO 5 – MArÇO dE 2014
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TELEFonE: 3146-7134
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06 estante de livros
lançamentos
10 ponto Entrevista
CONVERSA COM ZEZÉ MOTTA
16 Ponto ESPORTE
FUTEBOL, PRAZER E PARADOXO
24 ponto especial
ALEXANDRE DUMAS E A GUERRA DOS LIVROS
36 ponto DESIGN
A NATUREZA EM SEU PAPEL DE MUSA INSPIRADORA
44 PONTO EXPOSIÇÃO
ESPAÇO GALERIA RECEBE EXPOSIÇÕES ITINERANTES
50 PONTO MUSICAL
CONHEÇA O MÉTODO ALLA CORDA
54 PONTO DO CONTO
POR IVANA ARRUDA LEITE
60 ao pé da letra
POR ARNALDO NISKIER
64 EVENTOS DAs EDITORAs
LANÇAMENTOS
68 AGENDA CULTURAL
PROGRAMAÇÃO
GALERIA DE FOTOS
UNIDADES DO SESI
EsTANTE dE livrOs
dA rEdAÇÃO
Literatura infantil ou para adolescentes? Livro técnico ou sobre a história de 40 anos de um trabalho
sério destinado à indústria? Culinária, teatro, temas diversos para você escolher o que mais lhe agrada. Destacamos aqui alguns dos nossos lançamentos do trimestre, mas os nossos catálogos completos
podem ser conferidos nos sites da SESI-SP Editora e
SENAI-SP Editora.
6
reCeiTas De Terra e mar
meTODOlOGia sesi-sP ParaDesPOrTO
NÍCIA MARIA DANTAS
SESI-SP
O gosto pela culinária começou ainda criança,
quando observava suas avós na cozinha mexendo em panelas e preparando pratos saborosos.
Foi nessa época que passou a entender a alimentação sob a perspectiva do prazer. Assim,
mais do que apresentar receitas clássicas, que
vão desde as mais sofisticadas até as caseiras, a
autora revela truques, apresenta sugestões para
situações variadas, ensina como servir as receitas e nos mostra que a elegância é um estado
natural de quem sabe e gosta de receber.
Esta obra apresenta a trajetória desde o início
de 2009, quando surgiu a primeira equipe de
paradesporto no SESI-SP, que engloba o voleibol sentado, a bocha paraolímpica, o futebol
de PC (paralisia cerebral), o atletismo e o golbol. Além disso, mostra que a metodologia do
paradesporto pode contribuir na formação da
criança e do adolescente, auxiliando os profissionais da educação e do esporte com ferramentas pedagógicas que propiciem conhecimentos
alternativos para o desenvolvimento do esporte para todos.
seNai miX DesiGN Primavera-verÃO
2014/2015
SENAI-SP
Este boxe reúne cinco volumes (Direções Criativas, Vestuário, Calçados, Artefatos de Couro,
Joias Folheadas e Bijuterias), que trazem novos
conceitos e posicionamentos metodológicos
capazes de dar uma dimensão mais real e objetiva à sua prática. Foi criado por meio de um
trabalho unificado com profissionais de moda,
a partir de uma pesquisa feita do cruzamento
de informações desses diversos setores, com o
intuito de estimular a indústria paulista do
Sistema Moda no desenvolvimento de seus
produtos e no fortalecimento de suas identidades e marcas.
lAnÇAmEnTos
esCOlas móveis DO seNai-sP 40 aNOs
eleTrÔNiCa DiGiTal
HiDráUliCa móBil
SENAI-SP
LEANDRO POLONI DANTAS E RICARDO ARROIO
ILO DA SILVA MOREIRA
Criadas para atender necessidades urgentes,
imediatas e específicas de empresas localizadas
nos municípios de São Paulo que não contam
com uma Escola SENAI, as Escolas Móveis do
SENAI-SP completam 40 anos de existência,
com um trabalho cuidadosamente desenvolvido. E esta obra trata da concepção, implantação,
desenvolvimento, diversificação e permanente
modernização dessas unidades flexíveis de
educação profissional.
Dividido em dez capítulos, o livro conduz o
leitor gradativamente a um entendimento profundo da eletrônica digital. Aborda princípios e
fundamentos como circuitos básicos, técnicas
para criação e desenvolvimento de projetos de
circuitos digitais, tecnologias utilizadas na fabricação de dispositivos digitais e muito mais.
Para melhor fixação do conteúdo, traz uma série de exercícios ao final de cada capítulo.
Este livro aborda os conceitos fundamentais
aos comandos hidráulicos automotivos. Rico
em detalhes e ilustrações esquemáticas, é destinado a profissionais da área de manutenção de
veículos automotores, bem como a estudantes
de nível médio e superior que queiram aprofundar seus conhecimentos na área automotiva.
FreiOs HiDráUliCOs: Da FísiCa BásiCa
à DiNâmiCa veiCUlar, DO sisTema
CONveNCiONal aOs sisTemas
eleTrÔNiCOs
TraTameNTO TÉrmiCO DOs meTais − Da
TeOria à PráTiCa
TÉCNiCas De CONsTrUçÃO De
esqUemas PNeUmáTiCOs De
COmaNDO
RONALDO DEZIDERIO PRIETO
Com uma linguagem simples, mas preservando a profundidade técnica necessária,
esta obra apresenta a tecnologia que embasa
as transformações de microestruturas dos
metais e as técnicas aplicadas na prática para
a operacionalização dessa etapa produtiva,
que promove as alterações das características
dos diversos tipos de metais para que possam
atender a diferentes solicitações mecânicas
requeridas em projetos de peças que fazem
parte de equipamentos compostos de materiais metálicos.
Esta obra fornece um apanhado histórico do
sistema de freios e reúne os conceitos de física
aplicados a ele, incluindo sua relação com a dinâmica veicular, sua concepção, o princípio de
funcionamento do sistema de freios ABS e sua
integração com outros sistemas (como o EBD,
o TCS, o ASR e o ESP), possibilitando o entendimento de todos os fatores envolvidos durante
uma frenagem.
PAULO SERGIO DE FREITAS
7
ILO DA SILVA MOREIRA
Este livro detalha as técnicas e os procedimentos indispensáveis para a construção de esquemas pneumáticos de comando empregados
na automatização dos processos industriais.
O domínio desse conteúdo fornecerá a técnicos
e desenhistas projetistas de máquinas as regras
fundamentais para o exercício de sua função, facilitando a leitura e interpretação dos esquemas
pneumáticos e contribuindo para a identificação de possíveis defeitos operacionais em máquinas e equipamentos automáticos.
liTErATurA iNFaNTOjUveNil
COlEÇÃO qUem lê saBe POr qUê
A partir deste ano, a SESI-SP Editora passa a adotar a classificação etária para suas publicações infantojuvenis, com base na proposta da professora Nelly Novaes Coelho, apresentada no livro Literatura infantil:
teoria, análise e didática (Moderna, 2000). Ela esclarece que as indicações sugeridas são apenas aproximativas, afinal, a evolução biopsicológica das crianças, dos pré-adolescentes e dos adolescentes depende de
muitos fatores socioeconômicos e culturais, podendo divergir bastante de uns para outros.
a ilHa
8
JOÃO GOMES DE ABREU
Classificação indicativa:
Leitor iniciante (de 6 a 7 anos)
Era uma vez uma ilha, nem grande nem pequena, do tamanho de uma ilha normal. Um
dia, um barco com habitantes do continente
chega à ilha e, a partir de então, os ilhéus só
desejam ser iguais aos visitantes. Começa assim a construção de uma ponte: uma ponte
tão grande que, para construí-la, será preciso
toda a pedra das montanhas, toda a madeira
das florestas, toda a areia das praias... O que
sobrará no fim?
O qUe Há
ISABEL MINHÓS MARTINS
Classificação indicativa:
Leitor iniciante (de 6 a 7 anos)
O que há dentro deste livro? Dezenas de imagens para observar e desafios divertidos que só
os leitores mais atentos vão descobrir. Vivemos
em um mundo cheio de coisas. Coisas que servem para comer, para vestir, para brincar e coisas que já nem sabemos bem para o que servem.
Porque há coisas que estão ligadas a outras
coisas e o mundo das coisas acaba por ser como
um quebra-cabeças. Preparados para jogar?
TaNTOs aNimais e OUTras
leNGaleNGas De CONTar
MANUELA CASTRO NEVES
Classificação indicativa: Leitor iniciante (de 6 a 7 anos)
DesmiOlaçÕes
LU LOPES
Classificação indicativa:
Leitor fluente (de 10 a 11 anos)
Professora durante muitos anos, a autora, ao
longo desta experiência, criou materiais para
ajudar as crianças a gostar de aprender, entre
os quais várias lengalengas inspiradas por conceitos matemáticos. Este livro reúne pequenas
histórias, marcadas pelo ritmo das palavras e
pela existência de padrões, e a matemática funciona como uma espécie de mote para a autora
se divertir e divertir todos os leitores.
As 14 histórias apresentadas nesta obra mostram as mais variadas descobertas feitas pelas
crianças e as transformações que elas ocasionam em suas vidas. Com ilustrações para lá de
divertidas e coloridas, Edith Derdyk reforça o
mundo de sonhos, devaneios e mirabolações
de crianças desmioladas que a autora nos convida a conhecer. Mais que isso, Desmiolações
nos levará a descobrir que secretamente todos
nós podemos desmiolar a vida toda.
ir e vir
OiTO a COmer BisCOiTO
ISABEL MINHÓS MARTINS
Classificação indicativa:
Leitor em processo (de 8 a 9 anos)
ELENICE MACHADO DE ALMEIDA
Classificação indicativa:
Leitor em processo (de 8 a 9 anos)
Percorrer quilômetros – sejam muitos ou poucos – parece mesmo muito fácil para nós, humanos. Temos as pernas e os pés, mas temos
mais: carros, barcos e aviões, bicicletas, motos e
caminhões, tudo indo e vindo, chegando e partindo. Mas transportar-nos, a nós e às coisas do
mundo, tem suas consequências. E desconfiamos que muitas delas não serão do agrado das
andorinhas, gnus e borboletas, que também se
movimentam neste planeta...
Nesta publicação, a autora fez uma brincadeira com palavras, com folclore, com bichos, com
números e até com a cabeça da gente. As divertidas e coloridas ilustrações são assinadas pela
jovem Nina Anderson.
lAnÇAmEnTos
Wilson Marques
Os dOis
Os dOis irmãOs e O Olu
Este livro nos aproxima do imaginário de um
povo irmão, que habita um continente muito
próximo e ao mesmo tempo muito distante.
Suas características se encaixam em nossa
ancestralidade da mesma forma que a África se encaixa ao nosso continente, como podemos perceber no mapa-múndi. Recontada
em formato de cordel, esta lenda nos mostra
como a ganância e a mentira são suplantadas
pelo amor familiar e pela justiça na relação
conflituosa entre dois talentosos irmãos, que
altera a vida de uma pequena aldeia.
irmãOs
e O Olu
Ilustrações:
Taisa Borges
ISBN 978-85-65025-66-9
Os dois irmãos_capa.indd 1-5
26/09/13 09:22
as emOçÕes De Um FilHOTe De PerDiZ
Os DOis irmÃOs e O OlU
HisTória DO verDaDeirO simPlíCiO
ALPHONSE DAUDET
Classificação indicativa:
Leitor fluente (de 10 a 11 anos)
WILSON MARQUES
Classificação indicativa:
Leitor em processo (de 8 a 9 anos)
GEORGE SAND
Classificação indicativa:
Leitor crítico (a partir dos 12 ou 13 anos)
Datado do final do século XIX, este texto traz
a angústia de uma perdiz em meio à temporada de caça, coisa comum nos tempos passados
e ainda nos dias de hoje em certas tradições e
culturas. Este relato escancara a brutalidade
que essas temporadas representam segundo
a perspectiva do caçado. Escrito muito antes
de serem fundadas as sociedades protetoras de
animais ou mesmo de algumas espécies estarem ameaçadas de extinção decorrente de ações
predatórias do ser humano, mostra-se atual
em seu discurso ambientalista e de respeito
aos seres vivos.
Este livro nos aproxima do imaginário de um
povo irmão, que habita um continente muito
próximo e ao mesmo tempo muito distante.
Suas características se encaixam em nossa ancestralidade da mesma forma que a África se
encaixa em nosso continente, como podemos
perceber no mapa-múndi. Recontada em formato de cordel, esta lenda nos mostra como a
ganância e a mentira são suplantadas pelo amor
familiar e pela justiça na relação conflituosa entre dois talentosos irmãos, que altera a vida de
uma pequena aldeia.
Embora seja do século XIX, esta bela novela,
escrita em tom de fábula, continua atual e representa uma fantástica alegoria do mundo em
que vivemos. O idealismo de Simplício serve
perfeitamente como contraponto à brutalidade do mundo dos homens. Vemos neste livro a
retomada dos valores mais belos que o ser humano pode construir e, por outro lado, todas
as dificuldades e consequências de se preservar
dentro desses valores.
R aquel Matsushi ta
iONi t Z ilBeRMaN
Você gosta de perguntar?
– sim.
– Não.
– talvez.
O menino gostava de perguntar. Mas quando havia respostas
diferentes para a mesma pergunta, ele emburrava feio. até que
isBN 978-85-8205-127-6
um dia, o menino se perguntou:
nãosimtalvez
– quaNtas RespOstas uMa peRguNta pOde teR?
R aquel Matsushita iONit Z ilBeRMaN
nao_sim_capa.indd 1
a viDa É Um Trem
CAROLINA CARNEIRO
Classificação indicativa:
Leitor iniciante (de 6 a 7 anos)
ALEXANDRE CAMANHO
Classificação indicativa:
Pré-leitor (de 15 meses até os 6 anos)
RAQUEL MATSUSHITA
Classificação indicativa:
Leitor iniciante (de 6 a 7 anos)
Com imagens coloridas e elaboradas, este livro
ilustrado nos leva a uma alegoria da vida por
meio do olhar de uma criança, repleto de surpresa e entusiasmo diante das coisas que passam com um trem. Porque, se a vida é um trem,
só nos resta brincar com ele e nos divertir com
personagens, bichos e brinquedos encontrados
em seus vagões perdidos no tempo e no espaço
de nossa imaginação, que nos transporta pela
beleza de uma vida que passa, sempre passa,
percebida em cada estação.
Como toda criança curiosa, o personagem principal deste livro adora uma pergunta. Quando
começou a fazê-las, achava que só existia uma
resposta para cada. Mas, com a ajuda da irmã
mais velha, descobriu que pode haver mais de
uma resposta, e que, por meio delas, é possível
aprender. O personagem cresce ao se dar conta
de que o aprendizado exige esforço, que deve
ser cultivado desde cedo para que as crianças
aprendam a pensar e agir por si, diante dos vários caminhos que a vida oferece.
O que aconteceria se você descobrisse estar
sendo caçado enquanto almoça? Na natureza é
assim: uma vez é a hora da caça, outra vez, do
caçador. Mas a todo instante pode-se encontrar
novos amigos! Descubra com Bicho-pau, bicho-folha algumas surpresas desses curiosos insetos que se camuflam para se proteger de seus
predadores.
NÃO, sim, TalveZ
1/31/14 7:01 PM
BiCHO-PaU, BiCHO-FOlHa
9
10
ZEZÉ MOTTA:
multifacetada
e realizada
Em entrevista para a Revista Ponto, a artista, que em
maio se apresenta em três unidades do SESI-SP, no
interior paulista, conta um pouco de sua trajetória de
45 anos como cantora e atriz.
Muito prazer, eu sou Zezé
Divulgação
Mas você pode me chamar como quiser...
A frase que abre “Prazer Zezé”, a principal música do primeiro LP de Zezé Motta
como cantora profissional, mostra muito de sua personalidade: uma pessoa leve,
livre de amarras e convenções, movida pelo amor à arte de cantar e atuar. Sentimento que é facilmente percebido em cada minuto de uma simples conversa com
essa “cantriz”, como prefere ser chamada, que completa 45 anos de carreira e acumula um vasto e diversificado currículo, com onze discos, trinta filmes, dezesseis
peças de teatro e vinte novelas.
Mas se profissionalmente Zezé Motta ganhou fama primeiro como
atriz, principalmente por sua atuação no filme Xica da Silva (1976) — “um divisor
de águas na minha carreira”, diz —, foi por meio da música, ainda quando criança, que aconteceram seus primeiros contatos com o mundo artístico.
Filha de um professor de violão que dava aulas em casa, sempre
esteve muito atenta a cada nota passada e repassada pelo pai, antes, durante e
após as lições. “Eu costumo brincar que ouço e gosto de música desde que estaZezé Motta em início de carreira.
11
va na barriga da minha mãe, pois naquela época minha casa já era um ambiente
totalmente musical”, conta. “Além de dar aulas, meu pai também tinha um
grupo de chorinho. Então, eu vivenciava música 24 horas por dia.”
Com todo esse ambiente familiar propício ao seu desenvolvimento musical, por que você começou a atuar antes de cantar?
Apesar do convívio diário com a música, quando eu estava ainda na escola
já me pegava sonhando em ser atriz com 6 ou 8 anos de idade. Depois que tive a oportunidade de fazer minha primeira peça no ginásio, “O Diário de Anne Frank”, na qual representei a mãe da personagem principal, decidi que era aquilo que queria fazer para o resto
da vida. A partir de então passei a me dedicar de todas as maneiras para fazer participações em datas comemorativas, que eram as ocasiões nas quais eu poderia atuar. Passavam
finais de semana, feriados, todo mundo descansando e eu ensaiando e me dedicando.
12
E como foi o despertar da cantora Zezé Motta?
Como não poderia deixar de ser, foi meu pai que enxergou em mim, quando eu já estava na adolescência, o potencial para desenvolver esse talento. Certo dia ele
chegou em casa e eu cantei para ele músicas de Nora Ney e Emilinha Borba que havia
acabado de ouvir no rádio. Ele então me perguntou: “Desde quando tem ouvido essas
músicas?”. Eu respondi que tinha sido a primeira vez e ele já emendou: “Você cantou as
músicas inteiras, com a melodia e as letras corretas, e ainda é afinada!”. Acho que foi
quando eu passei a sonhar com as duas carreiras.
À esquerda, cartaz do filme Xica da Silva.
Acima, capa do disco Negritude.
Como foi o caminho de lá até sua estreia como cantora profissional?
Não é à toa que digo que Xica da Silva foi um marco na minha carreira
e na minha vida como um todo. Isso porque, quando percebi que havia conquistado um
reconhecimento nacional e internacional com aquela personagem, pensei: “É a oportunidade que tenho de me lançar também como cantora”. E me agarrei a essa chance com
unhas e dentes. Tive a sorte de o Guilherme Araújo, um dos mais importantes empresários do meio na época, ter se interessado em trabalhar comigo. Isso sem dizer que, com o
filme, tive a chance de conhecer países e me abrir para o mundo.
A partir dali, tudo aconteceu muito rápido: em seis meses, eu já havia gravado meu primeiro LP, com músicas de compositores do porte de Gilberto Gil e Rita Lee,
entre outros grandes nomes da música brasileira.
Até então, cantava apenas no chuveiro e em sonhos?
De jeito nenhum! Meu pai costumava tocar em clubes do Rio de Janeiro
e, com o passar dos anos, começou a me levar para dar canjas nos intervalos. Me lembro
claramente do pânico que senti na primeira vez em que ele me colocou para cantar.
Trabalhei ainda muitos anos como crooner, período que, para mim, foi
uma verdadeira prova de fogo, pois, quando se é crooner, você tem que chamar a atenção
de um público que não está ali para ver você — e sim o cantor principal da noite — e, pior,
em um momento em que todos estão bebendo e conversando.
Sempre aliei esse trabalho com a atuação em peças teatrais, na esperança
de um dia ser descoberta por alguma gravadora. Mas, nas conversas que tinha com cantoras que já estavam na luta há muitos anos, percebi que a realidade não era nada fácil.
Depois, ainda na década de 60, comecei a fazer novelas e a rotina puxada de gravações
não me permitiu mais cantar noite adentro.
Voltando, mais uma vez, para o início de tudo, quais os principais ensinamentos musicais que aprendeu com o seu pai?
Com a minha mãe também, tá? Ela trabalhava como costureira, mas costumava cantar em casa e tinha uma voz belíssima. Acho que só não se lançou na carreira artística porque na época dela era tudo bem mais difícil para as mulheres de uma forma geral.
Mas vamos à pergunta. Depois de alguns anos como cantora entendi os
motivos pelos quais meu pai se dedicava quase que integralmente à música. Ela exige
dedicação e aprendizagem constantes para se chegar realmente a algum lugar. Sem dúvida, foi um grande ensinamento que meu pai me passou.
13
Como foi sua iniciação no teatro?
Quando eu digo que sou uma pessoa de muita sorte, algumas pessoas
acham que é exagero. Mas quando eu estava terminando o ginásio, ganhei como prêmio,
por toda minha dedicação às artes, uma bolsa para fazer o Tablado, o curso de teatro da
Maria Clara Machado. Na semana seguinte, fui convidada para um teste para a peça
Roda Viva, de Chico Buarque. Um mês depois já comecei os ensaios sob a direção de ninguém menos que José Celso Martinez Correa. Comecei mesmo com o pé direito. Além disso,
eu encontrei muitas pessoas especiais na minha trajetória no meio artístico, pessoas que
sempre estiveram muito próximas de mim e me ajudaram pessoal e profissionalmente.
Uma dessas pessoas é a maravilhosa Marília Pera, com quem já trabalhei muito, principalmente no início da carreira. Em um determinado momento, chegou até a me acolher na
casa dela. Hoje ela ainda é minha amiga e comadre do coração.
Seu primeiro papel em novela foi o de uma empregada doméstica, em
14
Beto Rockfeller, em 1968, na TV Tupi. Anos depois, você esteve no centro de uma trama que abordava preconceito racial, em Corpo a Corpo, de Gilberto Braga. Fazendo a conexão entre essas duas obras,
acha que os atores negros ainda têm dificuldades para ganhar papéis de maior representatividade na dramaturgia brasileira?
Olha, a empregada doméstica que fiz em Beto Rockfeller não entrava
em cena apenas para servir cafezinho, viu? Ela aprontava muito! Mas, brincadeiras à
parte, apesar de os atores negros já terem um espaço maior e mais diversificado nas novelas em relação às primeiras obras exibidas e de, inclusive, já termos tido negros que
protagonizaram algumas poucas obras, ainda há muito espaço a ser conquistado.
Nessa transição do teatro para a TV, o que mais te marcou?
A diferença no ritmo, sem dúvida. No teatro, você podia, pelo menos ainda
naquela época, estudar a fundo o personagem durante dois meses e meio a três meses. Na
TV, você tinha que decorar seus textos em um dia para gravar no dia seguinte praticamente. Isso me assustou bastante no começo.
Desde que você começou na televisão, muita coisa mudou na
relação do público com as obras de teledramaturgia, principalmente no que diz respeito ao culto às celebridades. Acha que
esse cenário acaba valorizando muito a aparência e ofuscan-
do a importância de um requisito até pouco tempo atrás fundamental para um ator: o talento?
Você acabou resumindo tudo o que realmente vem acontecendo, mas eu
prefiro me ater ao fato de que há grandes talentos despontando, mesmo dentro dessa
nova realidade. Acompanho o trabalho de atores e diretores realmente muito bons, como
o da galera com a qual trabalhei recentemente na minissérie O Canto da Sereia, exibida
no ano passado pela Rede Globo. Um trabalho em um formato inovador, que veio para
dar um novo gás à teledramaturgia brasileira.
E quais são seus planos na dramaturgia atualmente?
Eu fui convidada recentemente a participar de um projeto que ainda está
sendo desenhado, de um filme sobre a história de Pixinguinha. Atualmente estou na
torcida para que ele realmente aconteça porque será um prazer homenagear um grande
mestre da nossa música brasileira. No mais, estou aberta a convites para participar de
outros trabalhos, seja em TV, teatro ou cinema.
Você também costuma dizer que gosta de homenagear artistas
brasileiros em seus shows. Por quê?
Porque são realmente homenagens que faço aos meus compositores e intérpretes preferidos. Tem um show em especial, o Divina Saudade, em que reúno músicas
que ficaram famosas na voz de Elizeth Cardoso, e com o qual já me apresentei por 14
anos. Já me despedi desse show diversas vezes, mas sempre acabo fazendo de novo. O novo
show que tenho feito (nos dias 23, 24 e 25 de maio, a cantora se apresenta nas unidades
do SESI de Birigui, Marília e Itapetininga, no interior paulista) é uma coletânea de diversas dessas homenagens que já realizei ao longo de minha carreira.
Com esse apanhado de sua carreira, é difícil não fazer essa pergunta: Afinal, você se satisfaz mais cantando ou atuando?
Por circunstâncias da vida, em alguns momentos acabei priorizando uma
das carreiras em detrimento da outra, mas eu realmente me sinto uma “cantriz”, e isso
não é da boca pra fora. Tanto que, quando estou cantando, busco dramatizar e viver a
história de cada música no palco. Fico muito feliz de poder fazer as duas coisas ao mesmo
tempo, seja por meio dessa interpretação das músicas em meus shows ou atuando em
musicais, que são mais uma oportunidade de explorar as duas coisas e de ser feliz.
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Futebol, prazer
e paradoxo
Gettyimages
Por José Eduardo de Carvalho
Com maior ou menor entusiasmo, envolvido pelo magnetismo dos estádios ou
olimpicamente instalado diante da TV, o torcedor sabe que existem poucas certezas absolutas no mundo do futebol. Uma delas: em futebol, cada cabeça é uma
sentença. É essa a receita do sucesso. A contradição e o paradoxo estão liberados
nesse maluco ambiente de contágio emocional e experiências sensoriais de alta
voltagem, nas quais regozijo e dor se misturam, sofrimento convive com prazer
estético e a leveza de espírito pode dar lugar ao padecimento em uma fração de
segundo. No circuito multipolar do futebol, composto por incontáveis rituais,
ídolos e celebrações, é possível comprovar todos os dias o quanto a rotina pode ser
inconsistente diante de uma paixão.
Tem sido assim nos 150 anos de existência desse jogo que se transformou em uma forma de vida, um jeito de ser. Dos muitos pensadores, sociólogos e antropólogos que buscaram criar uma teoria dos jogos, o francês Roger
Caillois pode ter sido, involuntariamente, aquele que mais se aproximou de um
perfil acabado do futebol, embora tenha refletido sobre outras atividades lúdicas e não especificamente sobre o ludopédio. Caillois define os jogos de uma
forma geral como ações físicas e exercícios mentais pautados pela liberdade,
ainda que praticadas em espaços limitados, com resultados imprevisíveis, regulamentadas, mas fictícias sob o ponto de vista ortodoxo, porque ocorrem de
forma paralela à vida cotidiana. Também classifica os jogos sob quatro graduações: o agonismo, que contempla as tensões competitivas; o aleatório, marcado pelo acaso da sorte e do azar; a simulação, que utiliza disfarces e truques,
como o blefe; e a vertigem, um coquetel formado de emoções, prazer, ansiedade
e medo. Se todas essas características forem processadas sob o manto de um poImagem utilizada na capa do livro Futebol,
da coleção Atleta do Futuro, da SESI-SP Editora.
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deroso instrumento social – a capacidade de mobilização –, não tenha dúvidas,
estaremos falando de futebol.
Mesmo o fã mais ardoroso, conhecedor das minúcias do jogo e de
seus personagens, especialista em táticas e estratégias, às vezes não se dá conta
da grandiosidade dessa manifestação popular. Não foi à toa que o futebol criado e regulamentado no século XIX a partir de uma prosaica demonstração de
habilidades com uma bola conduzida pelos pés transformou-se em um xodó de
mais da metade da população mundial no século XXI, depois de superar dois
conflitos mundiais, inúmeras guerras civis e revoluções políticas em todos os
continentes, crises econômicas e transformações regionais e geográficas que
poderiam ser obstáculos definitivos para sua expansão. Ao contrário, tais adversidades apenas comprovaram que se tratava de uma atividade cultural com
apelo popular na plenitude de seus argumentos, imune a diferenças étnicas,
raciais e religiosas, capaz de assumir uma posição supranacional, sem fronteiras. O futebol não é de ninguém e é de todo mundo, apesar das cifras bilionárias
manejadas por uns poucos – pela Fifa, pelas corporações de mídia, pelos fabricantes de material esportivo e pelos empresários que descobriram seu poder de
mercado. Não seria possível menosprezar o tamanho desta paixão coletiva com
mais de meio bilhão de praticantes profissionais e um público consumidor de
mais de quatro bilhões de pessoas, que movimentam o equivalente a um país
que estaria entre as 15 maiores economias do mundo.
Uma Olimpíada só de futebol
Bem antes de se transformar em um atraente modelo de negócio globalizado, o
futebol descobriu que tinha armas para conquistar a sociedade apenas com seus
atributos genéticos: simplicidade das regras, estética dos movimentos, valores
democráticos da disputa e ampla aceitação por todas as camadas sociais. Sua linguagem universal permitiu que saltasse das ruas, descampados e vielas para as
escolas e bairros e daí para as cidades e províncias até vencer as fronteiras nacionais, estimulado por um componente que fez parte de sua essência, a rivalidade.
Foram as disputas regionais entre rivais que impulsionaram a criação, em 1884,
do primeiro torneio entre países, o British Home Championship, envolvendo os
pais do jogo – Inglaterra, Escócia, Irlanda e País de Gales. Era natural, portanto,
que, com o desenvolvimento do futebol em outras paragens, um grande encontro de nações estivesse no horizonte dos mandachuvas do esporte, reunidos em
torno do órgão fundado no início do século XX, a Fifa (Fédération Internationale
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Organizar uma Copa do Mundo não significa apenas mobilizar vários setores da
economia e estabelecer planejamentos cuidadosos de curto ou médio prazo. É um
trabalho de mobilização social e de convencimento político que não pode se restringir ao atendimento de uma demanda de entusiasmo popular. Adequar a infraestrutura e construir projetos permanentes, que irão além do mês de duração
do evento, são bases de sustentação tão fundamentais quanto estabelecer uma
ponte de cooperação com os vários segmentos da sociedade. As propostas básicas
de impacto e legado, além de tudo, variam de acordo com a cultura local, ao sabor
da vocação receptiva de cada sociedade e de seus padrões econômicos e adminis-
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Ganhos, perdas e capital social
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de Football Association). Desde sua criação, a Fifa advogava por uma competição
internacional que harmonizasse a comunidade do futebol, até como maneira de
uniformizar as regras ainda um tanto esparsas, o que começou a acontecer com a
inclusão da modalidade nos Jogos Olímpicos, a partir de 1908, em Londres. Foi o
embrião do grande sonho que seria materializado mais de duas décadas depois, a
Copa do Mundo, esta sim uma verdadeira Olimpíada de um esporte só.
Organizar a cada quatro anos uma competição envolvendo dezenas de nações, com diferentes tipos de cultura, climas, ambientes políticos e
econômicos, é tarefa complicada mesmo no mundo tecnológico e globalizado
de hoje, quanto mais na década de 1920, depois de um conflito mundial que
envolveu povos de praticamente toda a Europa e em um cenário financeiro conturbado, já sinalizando o crack da Bolsa de Nova York, em 1929. Foi uma espinhosa negociação diplomática que resultou na Copa do Mundo do Uruguai,
com participação de 13 países em circunstâncias das mais adversas – longas viagens de navio, logística complexa, problemas de hospedagem, falta de estádios,
comunicação adequada e segurança, entre outras tantas dificuldades.
Desde então, e mesmo atravessando terremotos sociais em sequência – ascensão do nazifascismo, Guerra Civil Espanhola, Segunda Grande
Guerra, sucessão de ditaduras na América Latina, Guerra Fria e outros conflitos
–, a Copa do Mundo só fez crescer, mobilizar multidões e conquistar adeptos.
Daqueles 13 países da primeira edição, o salto foi amazônico nestes 84 anos:
mais de 200 nações se inscreveram para o vigésimo Mundial de Futebol, a partir
de junho, no Brasil; os 32 países que disputarão a Copa de 2014 representam
cerca de 40% da população mundial; e a previsão é de que só a partida final seja
vista por 1 bilhão de pessoas em todos os continentes.
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trativos, o que torna complexa a elaboração de um modelo único de gestão para
um evento deste porte. As 19 Copas do Mundo realizadas até 2014 foram entregues a 15 países, sendo que quatro já organizaram o evento duas vezes (Alemanha,
Itália, México e França, grupo ao qual vai se incorporar o Brasil) e duas nações
realizaram a competição em conjunto, Japão e Coreia do Sul. Algumas propostas
são comuns a muitos desses eventos, mas o contexto local determina muito do
significado de uma Copa do Mundo. As necessidades dos primeiros tempos – as
três Copas antes da Segunda Guerra e o período de amadurecimento que se seguiu
ao conflito até a década de 1970 – não se comparam com o cenário fervilhante
do futebol de negócios estabelecido desde o Mundial da Itália, em 1990. Preparar um encontro esportivo internacional entre várias nações que envolva tantas
exigências estruturais e tantos interesses econômicos passou a exigir um imenso
aparato de gestão.
Há um consenso entre os especialistas de que os investimentos
para a construção de uma Copa devem atingir oito setores prioritários quando se trata de abordar impacto-legado: Estádios (infraestrutura esportiva),
Turismo (Infraestrutura Hoteleira), Energia, Saúde/Saneamento, Mobilidade
(Infraestrutura de Transportes), Segurança, Comunicações/Tecnologia e Aeroportos (Infraestrutura Aeroportuária). Uma das maiores autoridades em estudos sobre grandes eventos esportivos, o economista alemão Holger Preuss, da
Universidade de Mainz, defende que, na concepção de uma Copa do Mundo,
é praticamente inevitável que haja vencedores e perdedores – ou entre grupos
sociais e políticos ou entre segmentos econômicos. Mas, em suas pesquisas,
assegura que dificilmente haverá lucro ou prejuízo financeiro para os países
organizadores, linha de ação compartilhada com vários economistas, tendo
como base a experiência em todos os torneios disputados após o advento do futebol de mercado, na segunda metade da década de 1990. Segundo esses estudos, os gastos de uma Copa do Mundo oscilam entre 0,4% e 0,5% do PIB do país
organizador, enquanto os lucros podem variar de 0,3% até 0,6% do PIB, como
ocorreu, por exemplo, na Alemanha em 2006. Em linhas gerais, dá empate.
Equivale dizer que o grande lucro para quem organiza se concentra em duas
áreas intangíveis: o ganho de imagem para o país, que costuma se transformar
recursos concretos no médio e longo prazo; e o ganho de capital social, com
formação e aperfeiçoamento de mão de obra e qualificação de setores que, até
então, estavam de certa forma relegados no processo econômico. São bens que
ficam para sempre.
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Quanto às questões tangíveis, os analistas destacam a aceleração
de obras de infraestrutura que muitas vezes são mais importantes do que as
melhorias realizadas diretamente para o evento, como ocorre hoje com vários
aeroportos brasileiros, cujas obras modernização, de uma necessidade gritante,
não tinham prazos definidos, mas foram antecipadas. O approach às questões
tangíveis obviamente depende da cultura empresarial e da política econômica
de cada país e de fatores como estrutura de gestão, competências especializadas,
transparência, rigor fiscal etc. São fatores que, na opinião de Preuss, indicam
o caráter transformador de um evento com esse alcance: “A aceleração da economia gera inúmeras oportunidades que, muitas vezes, parecem não ter nenhuma ligação com o megaevento em si, mas não aconteceriam sem ele.” (Em
“Legados de Magaeventos Esportivos”, Confef, 2008). Preuss, por fim, sintetiza
em cinco pontos o que deve pautar as discussões sobre um plano diretor de
organização de uma Copa:
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1. Subsídio cruzado: cada grupo se beneficia de
investimentos realizados por diferentes grupos;
2. Produção ligada: o investimento que para um grupo
pode não ser eficiente é, ao mesmo tempo, essencial para
outro, sendo que a viabilização do evento só ocorre com
uma negociação desses acordos;
3. Ineficiência: fator comum em grandes eventos, seja qual
for o país-sede;
4. Custo de oportunidade: o recurso está disponível para
apenas uma finalidade e para nenhuma outra finalidade
diferente desta;
5. Sinergia: é preciso desenvolver uma perspectiva de longo
prazo para análise das intervenções.
Experiência estética
Não há nem poderia haver impedimento algum para que prossigam, com insistente rigor, as análises dos prós e contras da construção do evento, o balanço do
efetivo legado da Copa e a fiscalização das contas finais, independentemente de
quando a bola começar a rolar. Foi assim em outros países e o Brasil não reinventará nenhum procedimento. Mas, para o admirador do futebol, que valoriza a experiência de viver o jogo intensamente, sem que isso afete sua capacidade crítica
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a respeito das mazelas sociais, uma Copa do Mundo sempre será fonte de inspiração, emoção e prazer estético – o que significa que, a partir de 12 de junho, um
novo capítulo começa. No livro Elogio da Beleza Atlética (Companhia das Letras,
2007), o professor de Literatura Comparada da Universidade de Stanford Hans Ulrich Gumbrecht, ferrenho defensor do “esporte pelo esporte”, eleva o sentido do
jogo a um patamar que define como “epifania da forma”, um sistema de encantamentos que o esporte proporciona no mesmo nível das grandes obras de arte e de
outras manifestações culturais: “Essas epifanias, acredito, são a fonte da alegria
que sentimos ao assistir a um evento esportivo, e elas marcam a intensidade de
nossa resposta estética. Elas nos lançam numa oscilação entre nossa percepção da
pura beleza da forma física e nossa obrigação de interpretar essa forma de acordo
com as regras de um jogo específico”.
Num país em que a arte de jogar bola é parcela relevante do patrimônio cultural, desfrutar dos encantamentos é direito supremo. E não exclui
o fato de a Copa do Mundo poder funcionar como um exercício de cidadania
e convivência, mesmo diante da intolerância. Circular, esbravejar, descobrir e
palpitar, é bom que ninguém se esqueça, são ingredientes elementares neste
território livre, atraente e de sensações contraditórias chamado futebol.
José Eduardo de Carvalho, com formação em Jornalismo e História, trabalhou por mais de duas décadas como repórter, redator e editor no Grupo Estado (Jornal da Tarde/O Estado de S. Paulo/Agência Estado/Rádio Eldorado), em
grande parte desse tempo vinculado às Editorias de Esportes, onde comandou a cobertura de quatro Copas do Mundo,
duas Eurocopas e três edições dos Jogos Olímpicos. Foi ainda correspondente do Grupo Estado em Madrid, Espanha, e
correspondente no Brasil do Diário AS, de Madrid, entre 1995 e 2003. Colaborador de várias publicações nos segmentos
de Economia Popular, Educação, Patrimônio Histórico, Memória, Cultura e Esportes.
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Na PróXima eDiçÃO Da
revisTa PONTO, Nº 6.
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150 ANOS DE FUTEBOL
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150 aNOs De FUTeBOl
Cinco volumes destinados ao esporte que tem o poder de fazer o
mundo parar. José Eduardo de Carvalho faz uma análise detalhada e aborda, em cada volume, um assunto diferente que dá o título aos livros: O Jogo, Geopolítica, Dinheiro, Gente e Fantasia. Uma
excelente oportunidade para conhecer, em profundidade, tudo o
que o futebol movimenta, afinal, como disse Tostão, no prefácio
de O Jogo, que abre a coleção: “Uma partida de futebol é muito
mais que uma disputa esportiva, de técnica, tática, habilidade e
criatividade. É também um espetáculo lúdico, de grande emoção,
em que estão presentes todos os sentimentos e contradições humanas. É uma metáfora da vida”.
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ALEXANDRE
DUMAS
E A GUERRA
DOS LIVROS
Por Luiz Bras
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Duas elites
Engana-se quem pensa que os livros são criaturas
silenciosas. Que estão adormecidos nas estantes, ao
menos até que alguém os pegue e comece a ler. Nunca foi assim. A maioria das pessoas é que não treinou
os ouvidos para o blablablá desses tagarelas.
Bibliotecas e livrarias são locais barulhentos. Não
importa o tamanho do edifício, não interessa se a biblioteca ou a livraria é física ou on-line. O alvoroço é
sempre grande. Os livros não param de papaguear,
fazem isso há séculos. Basta prestar atenção e você
logo escutará suas reclamações, seus discursos, tudo
o que falam.
Engana-se ainda quem imagina que os livros são criaturas amistosas, que vivem pacificamente em perpétua e lúcida amizade. Grande equívoco. Semelhante
às sociedades humanas, as sociedades dos livros também são agitadas por intermináveis conflitos, estão
em constante desassossego.
Ilustração de Guga Schultze para o livro
O capitão Panfílio, da SESI-SP Editora.
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Iguais às pessoas, os livros são feitos de crenças e desejos. Estão
sempre divulgando e defendendo as mais diferentes doutrinas filosóficas, políticas, econômicas, sociais e artísticas. Umas autênticas, outras enganosas.
Umas legítimas, outras oportunistas.
Os livros não fogem da briga. Eles constantemente se reúnem em
grupos maiores para combater outros grupos que divulgam e defendem ideologias diferentes.
No campo da prosa de ficção, por exemplo, ocorre o confronto feroz das obras consideradas de alta densidade literária contra as obras consideradas de puro entretenimento.
Pense nos romances e nos contos de Thomas Pynchon e Alice
Munro e você estará pensando nos livros considerados de alta literatura, mais
sofisticados, menos comuns. Pense nos romances e nos contos de Dan Brown e
Stephen King e você estará pensando nos livros considerados de entretenimento, menos sofisticados, mais populares.
São duas elites, dois modos legítimos de trabalhar a literatura.
Ambos produzem obras-primas e obras medíocres. Pena que estejam constantemente em guerra.
Folhetim
Um dos escritores mais prestigiados do segundo grupo, o da literatura de entretenimento, é o francês Alexandre Dumas. O autor de obras-primas como Os três
mosqueteiros, O homem da máscara de ferro e O conde de Monte Cristo saiu de cena há
quase cento e cinquenta anos, mas seus romances continuam sendo traduzidos e
lidos no mundo todo.
De certo modo, sem Dumas, sem a influência avassaladora de seus
folhetins, não existiriam hoje Dan Brown e Stephen King. Não existiria hoje
George R. R. Martin e sua estupenda saga As crônicas de gelo e fogo.
Alexandre Dumas nasceu em 1802, num local próximo a Paris,
mais precisamente na comuna Villers-Cotterêts, no departamento de Aisne.
No pequeno futuro grande escritor reuniam-se fisicamente a aristocracia e o
povo. Ele era neto do marquês de la Pailleterie e de uma jovem negra da ilha
de São Domingos, chamada Marie Césette Dumas. Seu pai foi o famoso general Thomas-Alexandre Dumas, membro das forças napoleônicas, e sua mãe foi
Marie-Louise Dumas, filha de um estalajadeiro.
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Um dos primeiros e mais bem-sucedidos folhetinistas franceses foi ninguém menos que o prolífero Honoré de Balzac. Mas os campeões de vendas, os queridinhos
dos leitores, foram mesmo Eugène Sue e Alexandre Dumas, que publicavam em
jornais concorrentes e costumavam ser muito bem pagos, como acontece com os
novelistas de hoje.
Sobre o autor de Os três mosqueteiros, Arnold Hauser escreveu: “Alexandre Dumas, o mestre da tensão dramática, é também um brilhante expoente da técnica do seriado, muito semelhante à técnica do melodrama e do teatro
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Best-sellers
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Basta uma rápida olhada no calendário histórico para perceber
que Alexandre Dumas nasceu num país e numa época turbulentos. A Revolução Francesa havia acabado de estourar, em 1789. O liberalismo político e filosófico inspirava um análogo liberalismo literário e artístico. A Europa estava em
chamas e os intelectuais não paravam de jogar lenha nessa fogueira.
Na passagem do século XVIII para o XIX, tiveram início a ascensão da burguesia e a democratização da cultura. Foi quando irrompeu um dos
movimentos mais vigorosos da história da arte e da literatura: o romantismo.
A maior atração dos jornais da época eram os folhetins: narrativas
ágeis e magnetizantes publicadas em capítulos, cheias de romance e suspense,
intrigas e peripécias. O folhetim foi um fenômeno cultural tão violento que, no
século XX, os novos meios de comunicação de massa (o rádio, o cinema e a televisão) logo trataram de incorporar sua linguagem. As telenovelas e os seriados
de hoje são os herdeiros do antigo folhetim.
Refletindo sobre o período, na excelente História social da arte e da
literatura, o crítico alemão Arnold Hauser escreveu: “Todo mundo lê os folhetins: a aristocracia e a burguesia, a sociedade política e a intelligentsia, homens
e mulheres, jovens e velhos, patrões e empregados”. Essa popularidade assombrosa deu novo impulso à arte da ficção de entretenimento.
O folhetim significou uma democratização sem precedentes na
história da literatura. Na passagem do século XVIII para o XIX, o analfabetismo
começou a ser erradicado, o poder aquisitivo da população começou a crescer e
o preço dos bens culturais, entre eles o jornal, começou a cair.
A poderosa indústria cultural, que há muito tempo alimenta nossa sociedade do entretenimento, estava apenas começando.
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popular. Quanto mais dramático é o desenvolvimento de um folhetim, mais
forte é o efeito que a narrativa exerce sobre o público”.
O sucesso literário e financeiro era o combustível de que o autor
precisava para continuar produzindo compulsivamente. O que poucos leitores
sabem é que Dumas não trabalhava sozinho. Da mesma maneira que os novelistas de hoje, ele contava com uma boa equipe de apoio. Do contrário, seria impossível para Dumas escrever os mais de seiscentos títulos assinados com seu nome.
“Para satisfazer a enorme demanda, os romancistas populares
aliam-se a redatores que lhes proporcionam inestimável ajuda na criação de
obras padronizadas”, escreveu Arnold Hauser. “São montadas verdadeiras fábricas de literatura, nas quais os folhetins são produzidos de modo quase mecânico. Numa ação judicial, fica provado que Dumas publica mais com seu
próprio nome do que poderia escrever mesmo que trabalhasse dias e noites a
fio sem uma pausa. De fato, ele emprega setenta e três colaboradores, entre eles
Auguste Maquet, a quem concede certa autonomia na produção.”
Publicado originalmente no jornal Le Siècle, de março a julho de
1844, Os três mosqueteiros é sem dúvida uma das aventuras mais amadas e recontadas de todos os tempos. Trata-se do primeiro folhetim de uma trilogia
histórica que romanceia fatos importantes dos reinados de Luís XIII e Luís XIV
e da Regência que se instaurou na França entre os dois governos.
O sucesso do romance de capa e espada protagonizado pelo jovem
D’Artagnan e pelos veteranos Athos, Porthos e Aramis foi tamanho que o próprio Dumas logo o adaptou também para o teatro. Vinte anos depois, lançado em
1845, e O visconde de Bragelonne — ao qual pertence a famosa história d’O homem
da máscara de ferro —, escrito entre 1848 e 1850, completam a trilogia.
Sucesso
Dumas ganhou muito dinheiro com o trabalho literário. Apesar disso, não conseguia escapar das dívidas multiplicadas por seu estilo de vida desregrado, boêmio.
Mesmo sendo casado, o escritor mantinha relacionamentos extraconjugais e teve
pelo menos três filhos fora do casamento, entre eles o não menos famoso escritor
Alexandre Dumas, filho, autor de A dama das camélias. Cuidado para não confundir os autores.
Dumas pai amava o grande público e nunca escondeu que seu
principal objetivo, ao escrever para o teatro ou a imprensa, era entreter e magnetizar sua legião de fãs. No mesmo ano em que foi publicado Os três mosqueteiros, saiu também O conde de Monte Cristo.
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Cartazes de época que ilustram um dos principais livros de Alexandre Dumas: O conde de Monte Cristo.
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Inveja doentia, traição, injustiça, fuga de uma prisão de segurança
máxima, um tesouro secreto, um plano ardiloso de vingança e, é claro, vários
assassinatos. Esses são os elementos da trama de outro best-seller do século XIX.
A primitiva necessidade humana de narrativas intensas, capazes de
promover a catarse coletiva, fez os leitores esperarem ansiosamente, de agosto de
1844 a janeiro de 1846, pelos capítulos dominicais d’ O conde de Monte Cristo. Desde
então, nunca mais saíram do imaginário ocidental a queda e a ascensão de Edmond Dantès, o jovem pobre que, motivado pelo desejo de vingança, enriquece, se
torna conde e, fazendo justiça com as próprias mãos, triunfa sobre seus inimigos.
Diante de tanta exuberância, há quem pergunte por que Dumas
não é tão respeitado, pela crítica especializada, quanto Stendhal, Balzac e Flaubert. Talvez porque em seus escritos há a mão de vários assistentes? Pode ser.
Heloisa Prieto, especialista em Alexandre Dumas, escreveu: “O processo industrial de fabricação de histórias, por meio do novo suporte midiático, o jornal,
exigia o trabalho de equipe. Longe de explorar seus colaboradores, Dumas os
valorizava. Sua metodologia coletiva já antecipava as futuras reuniões de roteiro e brainstorming, a troca intensa de ideias, atualmente tão comum no cotidiano das produtoras cinematográficas.”
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Mas a principal razão para Dumas não ser tão respeitado quanto
os grandes nomes das letras francesas foi o longo namoro do escritor com o
sucesso comercial. Segundo os especialistas, Dumas cometeu o pior pecado no
seu ramo de trabalho: com suas aventuras ele procurou acima de tudo, e sempre conseguiu, seduzir e aprisionar os leitores. Mesmo que para isso tivesse que
esbanjar na ação e nos efeitos especiais.
Obras-primas reconhecidas ou não, o fato é que a bravura dos mosqueteiros do rei e a vingança implacável de Edmond Dantès extrapolam o papel
impresso. Elas pertencem à esfera do mito, como a loucura do pobre Dom Quixote e o ciúme de Bentinho pela amada Capitu. São narrativas que fincaram raízes em nosso imaginário coletivo e agora fazem parte de nossa essência cultural.
Há quem afirme que Alexandre Dumas é o escritor mais lido e traduzido da história da França. Porém, apesar do sucesso estrondoso em vida,
o escritor, por ser mulato, não escapava da hostilidade dos racistas. Quando
morreu, em 1870, Dumas não foi sepultado no Panteão de Paris, o magnífico
mausoléu onde estão os grandes escritores e pensadores franceses.
Somente em 2002, durante o governo de Jacques Chirac, essa injustiça
foi corrigida. Numa cerimônia televisionada, os restos mortais de Dumas foram exumados do cemitério de Villers-Cotterêts e transferidos solenemente para o Panteão.
Romance juvenil
Da vasta obra de Alexandre Dumas, somente os títulos mais badalados foram lançados aqui. Totalmente desconhecidas no Brasil são as aventuras exploratórias
do capitão Panfílio, comandante do brigue mercante La Roxelane. Publicado pela
primeira vez em 1839, o bem-humorado O capitão Panfílio foi escrito para o público juvenil. O protagonista do romance é um sujeito simpático e cativante, mas
também oportunista e cruel, cujo maior objetivo é a rapinagem e o lucro. A intenção do autor foi denunciar os abusos mercantilistas na África, principalmente
o tráfico de escravos e de animais selvagens.
Dumas, na verdade, juntou nesse romance duas histórias, interligadas por animais. A primeira, publicada originalmente em 1832, intitulava-se
Jacques I e Jacques II. Nela, um grupo de jovens boêmios reunidos ao redor do pintor Alexandre Descamps convivem com bichos de estimação exóticos, entre eles um
macaquinho angolano chamado Jacques I e seu amigo da mesma espécie, Jacques II.
Na história dentro da história, tirada de um manuscrito, o capitão
Panfílio é apresentado aos outros personagens e ao leitor. Foi ele quem capturou
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Repito o que eu disse no início: engana-se quem imagina que os livros são criaturas amistosas, que vivem pacificamente em perpétua e lúcida amizade. Os romances de Alexandre Dumas, da mesma maneira que os de Dan Brown, Stephen
King, George R. R. Martin e de tantos outros ficcionistas congelados pela crítica
especializada, estão sempre em guerra com os romances da chamada alta literatura. Estão sempre brigando com Madame Bovary, de Flaubert, O arco-íris da gravidade, de Thomas Pynchon, Felicidade demais, de Alice Munro, e outros.
É sabido que a crítica acadêmica, praticada nas universidades e em
boa parte da imprensa (a maioria dos jornalistas tem mestrado e doutorado, outros são professores universitários), torce vigorosamente o nariz para a literatura
de gênero: aventura, policial, espionagem, ficção científica, fantasia, terror etc.
Também é sabido que os autores, os editores e os consumidores da
literatura de gênero torcem o nariz, com igual vigor, para a crítica acadêmica
e as obras que ela legitima. Isso deixa claro que o jogo literário, diferente do
futebol ou do boxe, tem pelo menos dois conjuntos de regras. O critério aplicado pelo primeiro grupo na avaliação das obras literárias é o reverso do critério
aplicado pelo segundo grupo.
São duas elites críticas, cada qual com sua balança e sua régua. A
primeira diz que trabalha apenas com a alta literatura, com a grande literatura,
com a Literatura com inicial maiúscula. Ela acusa a segunda de trabalhar somente com a baixa literatura, com a literatura vulgar, fácil, de entretenimento.
A segunda elite acusa a primeira de ser elitista, aristocrática e esnobe,
de só apreciar obras de linguagem complicada e obscura. As obras abençoadas pela
segunda elite geralmente vendem mais do que as obras abençoadas pela primeira,
que se ressente muito disso. E se vinga, fundando um clube muito mais elegante e
prestigiado, chamado establishment, ao qual jamais permitirá que sejam admitidos
uma obra ou um autor da segunda elite, que também se ressente disso.
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Duas críticas
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Jacques I durante uma caçada na África. Mais tarde Dumas ampliou consideravelmente a aventura protagonizada pelo capitão de caráter duvidoso.
A primeira edição brasileira do romance acaba de ser publicada pela
SESI-SP Editora, com tradução de Ubiratan Paulo Machado, mas conta somente
com a história dentro da história, deixando de lado as considerações dos jovens
boêmios e se fixando somente nas aventuras pitorescas do capitão Panfílio.
Os DOis CriTÉriOs De avaliaçÃO liTerária sÃO:
CriTÉriO Da eliTe aCaDêmiCa
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1. Linguagem original, conotativa, que não possa ser atribuída
a outros escritores do presente e do passado, por vezes
avessa à norma culta. O autor deve se expressar de maneira
única, inaugurando seu próprio modo poético. Contratar
colaboradores? Nem pensar!
2. Subjetivismo. Narrador modernista, tortuoso ou
fragmentário, psicológico, pouco confiável, às vezes delirante.
3. Enredo frio, pobre em ação, sem muitas peripécias ou
surpresas, próximo da vida comum. A forma literária é mais
importante do que o conteúdo.
4. O mundo interior do protagonista e das personagens é mais
importante do que seu mundo exterior.
5. Fuga do gênero a que (supostamente) pertence. Faz parte do
desejo supremo de originalidade a rejeição das principais
diretrizes do gênero a que a obra pertenceria. O novo
romance quer transcender os limites do gênero romance, o
novo conto quer transcender os limites do gênero conto, o
novo poema quer transcender os limites do gênero poema.
6. Purismo. As obras fronteiriças ou mestiças, que apresentam
elementos dos dois mundos, são violentamente rejeitadas
pelo sistema.
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CriTÉriO Da eliTe Da liTeraTUra De GêNerO
1. Linguagem transparente, denotativa, por vezes complexa, mas
ainda assim reconhecível por uma vasta gama de leitores. O
autor deve se expressar respeitando a norma culta que orienta o
uso do idioma.
2. Realismo. Narrador clássico, organizado e disciplinado, pouco
introspectivo, confiável, onisciente.
3. Enredo quente, rico em ação, cheio de peripécias e surpresas,
afastado da vida comum do leitor. O conteúdo literário é tão
importante quanto a forma, ou até mais.
4. O mundo exterior do protagonista e das personagens é mais
importante do que seu mundo interior.
5. Adequação ao gênero e ao subgênero a que pertence. O romance
ou o conto policial, de fantasia ou de ficção científica respeitam
as balizas que definem o gênero e o subgênero a que pertencem.
6. Ecumenismo. As obras fronteiriças ou mestiças, que apresentam
elementos dos dois mundos, se não são bem aceitas pelo
sistema, ao menos não são sumariamente rejeitadas.
O escritor francês Alexandre Dumas.
33
34
Atualmente, muitos autores do primeiro grupo caem em depressão ao perceberem que seu romance, ou sua coletânea de contos ou de poemas, é
um retumbante fracasso comercial, apesar do amplo reconhecimento da crítica
especializada. Jamais terão o número de leitores de que se julgam merecedores.
Muitos autores do segundo grupo, diante do sucesso de vendas de
seu romance, ou de sua coletânea de contos (raramente há poetas aqui), também ficam deprimidos ao perceberem que jamais terão o reconhecimento da
crítica acadêmica e, consequentemente, jamais figurarão nas apostilas e nos
compêndios do ensino oficial. Jamais pertencerão ao establishment.
Uns aceitam a contragosto a situação e seguem em frente. Outros
esperneiam e brigam. Insultam. Dizem, os do primeiro grupo, que o Brasil não
é um país de leitores (de leitores qualificados, é o que querem dizer), afirmam
que a imbecilidade e a massificação reinantes são culpa da tevê e da péssima
qualidade do ensino público. Dizem, os do segundo grupo, que os críticos acadêmicos confundem complexidade com complicação, afirmam que os membros dessa elite literária beneficiam as obras mais áridas e menos inteligíveis
como estratégia de dominação cultural e social.
Mas o maior pecado que os membros de cada grupo cometem é
avaliar as obras do grupo adversário com o critério errado. Avaliar as obras da
literatura de gênero com o critério da elite acadêmica gera todo tipo de mal-entendido. Avaliar as obras da alta literatura com o critério da elite da literatura de gênero também. Confusão e encrenca. Nada de proveitoso pode resultar
dessa inversão de valores motivada pelo puro chauvinismo.
Luiz Bras nasceu em 1968, em Cobra Norato, MS. É escritor e doutor em Letras pela USP. Já publicou diversos livros, entre eles Sozinho no deserto extremo (romance) e Paraíso líquido (contos). Colabora regularmente com a Folha de S.Paulo,
resenhando lançamentos do mercado editorial.
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iNDiCaçÕes De leiTUra
Alexandre Dumas, deux siècles de littérature vivante
Portal mantido pela Société des Amis d’Alexandre Dumas
http://www.dumaspere.com
A mulher da gargantilha de veludo e outras histórias de terror, de Alexandre Dumas.
Tradução de André Telles. Editora Zahar, 2012.
O capitão Panfílio, de Alexandre Dumas. Tradução de Ubiratan Paulo Machado.
SESI-SP Editora, 2014.
Folhetim: uma história, de Marlyse Meyer. Companhia das Letras, 1996.História
social da arte e da literatura, de Arnold Hauser. Tradução de Álvaro Cabral. Editora Martins Fontes, 1998.
O conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas. Tradução de André Telles e Rodrigo Lacerda. Editora Zahar, 2012.
Os três mosqueteiros, de Alexandre Dumas. Tradução de André Telles e Rodrigo
Lacerda. Editora Zahar, 2011.
Capa do livro recém-lançado pela SESI-SP Editora.
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36
A Natureza em
seu papel de musa
inspiradora
A natureza sempre foi um dos principais focos de observação da humanidade.
Seja para garantir sua adaptação e sobrevivência nas primeiras épocas nas quais
se relata a vida humana ou para buscar, até hoje, no meio ambiente, soluções para
questões ligadas a diversas áreas como saúde, engenharia e arquitetura, o homem
constantemente recorreu às experiências que viveu ou ao menos, de alguma forma, testemunhou no meio natural. Basta uma breve análise das consideradas
grandes descobertas da história para concluir que essas referências contribuíram
– e continuam contribuindo – para parte considerável delas.
Podemos partir de exemplos mais simples, como a invenção do
velcro, na década de 40, pelo engenheiro suíço Georges de Mestral, a partir de
observações das sementes de Arctium que grudavam em suas roupas em suas
caminhadas matinais, chegando a outro que tem um impacto muito profundo
no tratamento de doenças: a descoberta da penicilina. Ao analisar o bolor que se
formou acidentalmente no material que estudava enquanto esteve em férias, o
escocês Alexander Fleming notou que este auxiliara na eliminação de diversas
bactérias. Uma observação que já salvou e continua a salvar milhares de vidas
no mundo todo.
Foi justamente a enorme curiosidade e suas profundas análises de
aspectos da natureza que transformaram o italiano Leonardo da Vinci em um
dos principais gênios de nossa história. Hoje reconhecido mundialmente como
pintor, Da Vinci, entre seus diversos estudos, observou o voo dos pássaros e a
estrutura de suas asas com o objetivo de desenvolver máquinas que fizessem o
homem voar. Não obteve sucesso, mas hoje seus projetos são considerados precursores de instrumentos de voo como o helicóptero e o paraquedas.
Imagem utilizada na capa do livro A natureza no processo de design e no
desenvolvimento do projeto, lançamento da SENAI-SP Editora.
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Eduardo Dias, mestre em Design e Arquitetura pela Universidade
São Judas Tadeu de São Paulo, quando ainda era estudante, na década de 90,
começou a se interessar pela influência das linhas e da funcionalidade da natureza nos projetos de profissionais de diversas áreas.
Em suas pesquisas sobre o tema, conheceu o trabalho de Luigi Colani, designer alemão e fundador do conceito de biodesign, pelo qual se apaixonou. Formado na Academia de Belas Artes de Berlim, Colani foi ainda aluno de
engenharia aerodinâmica na Universidade de Sorbonne, em Paris, onde efetivamente passou a estudar as linhas e formas da natureza e começou a adaptá-las
a seus projetos de artes e engenharia. “Hoje ele é, sem dúvida, um dos maiores
inspiradores de profissionais de designers do mundo todo e suas linhas são incontestavelmente – e por vezes exageradamente – orgânicas”, comenta Dias.
Para se ter uma ideia de como a natureza pode ser uma riquíssima
fonte de inspiração, os trabalhos do “pai” do biodesign incluem desde projetos
de aeronaves — inspirados nas formas de aves e animais subaquáticos — , automóveis e obras de arte até coleções de sapatos para as mais famosas grifes do
mundo, sempre tendo como referência não apenas a estética, mas também a
aplicabilidade de cada um dos componentes do meio natural.
SUSTENTABILIDADE
Com o passar dos anos, a natureza continuou a ser observada e contemplada em projetos da humanidade, mas, principalmente na última década, passou também a ser
vista com um olhar diferenciado, para além de suas formas, linhas e funcionalidades.
Um olhar para os impactos dessas invenções no futuro de seus recursos naturais.
“O acesso cada vez maior a informações, o cuidado com o
planeta e os impactos das ações do homem na natureza
passaram a se refletir cada vez mais em todas as áreas; e no
design mundial não está sendo diferente”, afirma Dias.
Seja por meio da utilização de materiais que podem ser reutilizados ou totalmente reciclados, pela economia e maior eficiência na utilização
de recursos durante o desenvolvimento dos projetos ou mesmo considerando
a amenização de impactos ambientais após a conclusão dos mesmos, cada vez
mais designers vêm aderindo a essa onda sustentável.
Hoje, cursos como Design e Desenho Industrial, entre
outros da área, já possuem disciplinas específicas sobre
sustentabilidade. “Isso porque o mercado e as empresas
já estão atentas à importância do tema”, afirma Dias. “Em
um primeiro momento, porque valoriza a marca, mas,
mais importante que isso, porque é um passo fundamental
na construção de um futuro melhor e para a garantia da
perenidade dos recursos naturais”, complementa.
Dias comenta que o despertar da consciência em relação ao mundo natural também é um dos principais responsáveis pela divulgação cada vez
maior da disciplina chamada biomimicry ou biomimetismo, que “busca em estruturas naturais soluções para problemas na engenharia, na ciência dos materiais, na medicina e em outros campos”.
Uma das principais referências no assunto, a bióloga e cientista
norte-americana Janine Benyus esteve no Brasil recentemente para desenvolver, em parceria com a Tátil Design de Ideias, um projeto na área de inovação
em embalagens para a empresa de cosméticos Natura. A intenção foi buscar
insights nas formas como “a natureza contém e transporta líquidos”.
“Estudamos a cadeia de ponta a ponta para otimizar
recursos, ganhar eficiência e reduzir impacto ambiental em
cada etapa do processo”, comenta a gerente de Marketing
da Natura, Fabiana Pellicari. “Assim é possível chegar a
soluções que geram menos lixo, menor gasto de energia,
menos transporte e, consequentemente, menos poluição”,
explica. A Tátil Design de Ideias, parceira da Natura, é
uma empresa que já se apresenta como uma consultoria
estratégica que usa o design para criar conexões sustentáveis
entre pessoas e marcas.
São poucas as companhias que desenvolvem, na prática, ações
sustentáveis com tamanha profundidade. Não restam dúvidas de que ainda há
muito a ser feito para que a sustentabilidade seja contemplada em sua totalidade nos projetos das mais diversas áreas, mas Dias acredita que este seja um
caminho sem volta, principalmente em razão do número cada vez maior de
D ESIGN
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estudos nesse sentido. “Na área de design, por exemplo, esse é um assunto que
vem ganhando força nas faculdades e nos cursos livres”, comenta. Mas ele ainda tem os pés no chão: “Ainda é preciso mudar a maneira de pensar o design e
superar o medo de agir”, alerta.
A ARTE COMO FORMA DE CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL
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Ao desenvolver a vitrine para os trabalhos de conclusão de curso dos alunos de
Design de Joias da unidade paulistana do Instituto Europeu de Design (IED), em
janeiro deste ano, o designer Rubens Mancini vislumbrou mais uma oportunidade de aplicar todo seu conhecimento e, mais que isso, sua crença na importância
de se trabalhar sempre tendo em vista um mundo melhor.
O resultado foi um grande painel de 16 metros de comprimento
todo elaborado com papel e chapas de papelão. “Neste caso, pude demonstrar
a possibilidade de se produzir mobiliário duradouro e com ótimo acabamento
com um material que pode ser reciclado”, comenta.
Com um vasto currículo, que inclui atendimento a grandes empresas do país, Mancini acredita que ainda há um longo caminho a ser percorrido, e
que ele deve ser apontado desde as escolas ou faculdades que de alguma maneira
abordam a área de design. “O design é a alavanca de qualquer projeto, é a partir
dele que se deve contemplar a logística reversa dos materiais utilizados e os impactos de sua implantação para as gerações futuras”, comenta.
O paulistano Nido Campolongo ganhou fama e reconhecimento
por ser um designer que utiliza o papelão como matéria-prima, mas seus trabalhos vão muito além desse tipo de material e hoje são fonte de inspiração
para outros artistas que buscam conscientizar a população sobre reciclagem
por meio de suas obras.
Em linha com o conceito de design sustentável aplicado em suas
obras, Campolongo utilizou taipa urbana no cenário que produziu recentemente na II Feira de Livros das Editoras SESI-SP e SENAI-SP, em novembro de 2013.
Para desenvolver o trabalho, uniu terra e materiais residuais para fazer alguns
dos mobiliários que ornamentaram o local. Para o evento, também produziu
móveis feitos de outros materiais reciclados, como papelão.
Os mobiliários da feira foram desenvolvidos pelos alunos do projeto “Taipa Urbana”, idealizado por Nido e pela arquiteta Letícia Achat, em
uma parceria com a Oficina Cultural Alfredo Volpi, na zona leste da capital
paulista. O objetivo da iniciativa é ensinar pessoas de comunidades carentes
daquela região a utilizarem taipa urbana em projetos de construção. “Além de
aprenderem um novo ofício, os participantes do curso podem utilizar o conhecimento adquirido para desenvolver móveis e casas para uso próprio”, comenta
o designer. Nido destaca ainda que a taipa urbana é um material que substitui
o concreto, que tem um dos processos industriais mais poluentes do mundo.
Outro exemplo importante de seu trabalho é a decoração da
rampa que dá acesso aos pisos superiores do Conjunto Nacional, edifício localizado na Avenida Paulista, em São Paulo. Ela é ornamentada com 34 anéis
posicionados ao longo de uma espiral, por isso o nome Projeto Espiral. Dentro
de cada um desses anéis, é possível visualizar materiais recicláveis como alumínio, madeira e papelão.
“Comecei a trabalhar com papel há 17 anos, primeiramente
pela estética que esse tipo de material possibilita criar. Com
o passar dos anos, a questão da reciclagem passou a ganhar
uma relevância muito grande”, explica.
Chris von Ameln
Para Nido, a tecnologia voltada para reciclagem está mais desenvolvida em alguns outros países, mas no Brasil o tema conquistou um espaço muito
significativo por sua função social. “Isso porque a reciclagem é responsável pela
absorção de mão de obra de cooperativas e organizações não governamentais, o
que acaba tendo reflexos também na área de design sustentável”, comenta.
Produção das peças pelos alunos do projeto "Taipa Urbana", coordenado pelo artista Nido Campolongo.
D ESIGN
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Quando fala de suas inspirações, Nido afirma que estão muito
voltadas para o design oriental na parte estética, mas enfatiza que não poderia deixar de citar o brasileiro Vik Muniz na questão social. O artista plástico,
atualmente radicado em Nova York, nos Estados Unidos, é conhecido mundialmente por utilizar novas mídias e materiais inusitados em suas obras. Entre
elas, estão réplicas da Mona Lisa, de Leonardo da Vinci, feitas com geleia e manteiga de amendoim.
O trabalho de Vik Muniz em um dos maiores aterros sanitários do
mundo, o Jardim Gramacho, no Rio de Janeiro, foi filmado ao longo de quase
dois anos – entre 2007 e 2009 – e originou o documentário Lixo Extraordinário.
Com o objetivo inicial de retratar a rotina dos catadores de materiais recicláveis, o documentário acabou demonstrando o poder transformador da arte na
vida daquelas pessoas. Não foi à toa que, além de ter sido eleito o Melhor Documentário no Festival de Cinema de Paulínia em 2011, a obra foi indicada ao
Oscar no mesmo ano.
Quem tiver interesse nessa relação entre o homem e a natureza e
como tirar proveito dessa sinergia em nome da arte, pode conferir o livro lançado neste mês pela SENAI-SP Editora: A natureza no processo de design e no desenvolvimento do projeto. Nele, o autor, Eduardo Dias, fez uma viagem no tempo para
demonstrar as principais abordagens do sistema natural nas artes, na arquitetura, na engenharia e em outras áreas ao longo da história.
Acervo SESI-SP Editora
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Mobiliário utilizado na II Feira de Livros das
Editoras SESI-SP e SENAI-SP feito a partir de
materiais reciclados do projeto "Taipa Urbana".
www.sesispeditora.com.br
o gênio das cordas
O GAROTO
Aníbal Augusto Sardinha, o Garoto, deixou um vasto
legado de peças musicais, mas, passados 50 anos
de sua morte, a grandiosidade de seu talento não é
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Na sequência, a
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poderá ouvir a
canção "Inspiração".
Espaço Galeria
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locais como os foyers dos teatros de
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Espaço Galeria, projeto inédito em que
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O SESI-SP estreou, em outubro de 2013, o
cinco de suas unidades se transformam
em plataforma expositiva, recebendo
exposições itinerantes de diferentes
linguagens e formatos. São cinco
mostras diferentes, que circularão
durante 11 meses, permanecendo 45 dias
em cada cidade.
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Nostalgia dos Tempos da Pureza
Nostalgia dos Tempos da Pureza, do fotógrafo lituano Antanas Sutkus, 74
anos, apresenta 30 imagens em preto e branco que revelam o talento de Sutkus,
considerado um dos principais fotógrafos da antiga União Soviética e um dos
mais expressivos do século XX. As imagens são dedicadas aos dois principais
heróis da obra do fotógrafo, os idosos e as crianças. Durante toda a sua carreira,
prestou homenagem aos seus conterrâneos, retratando o cotidiano dos lituanos, fotografando-os com um senso de humanidade e sem efeitos dramáticos.
Ao contrário, seu olhar traz amor e esperança.
SESI Itapetininga:
até 23 de março de 2014
SESI Botucatu:
17 de abril a 31 de maio 2014
SESI Bauru:
11 de junho a 27 de julho de 2014
SESI São José do Rio Preto:
14 de agosto a 28 de setembro de 2014
Foto: Everton Ballardin
46
Trama Ativa
Importante nome no cenário artístico nacional e internacional a partir dos anos
de 1950, Norberto Nicola (1930-2007) revolucionou a tapeçaria ao trazê-la para o
contexto da arte contemporânea, trabalhando com tramas de fibras naturais e
cores vivas. O resultado é um intenso movimento com formas que brotam da superfície plana e adquirem características escultóricas. Trama Ativa reúne peças de
grandes dimensões, uma vitrine com materiais têxteis, uma cronologia ilustrada
e um vídeo sobre o pintor e tapeceiro.
SESI Botucatu:
até 12 de abril de 2014
SESI Rio Claro:
17 de abril a 31 de maio de 2014
SESI São José do Rio Preto:
11 de junho a 27 de julho de 2014
SESI Bauru:
14 de agosto a 28 de setembro de 2014
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A instalação de Célia Barros, Inutilitários – Techné, é feita de centenas de potes de
cerâmica, formando um grande círculo no chão. O trabalho da artista nascida em
Portugal e que escolheu o Brasil para viver reúne arte, técnica, contemporaneidade, artesanato, design e indústria. Queimadas à temperatura de 54oC – o ponto
mais frágil da cerâmica e que permite um derretimento controlado –, as peças
colocam o espectador diante da frustração da incontinência da água que deveriam conter e ao mesmo tempo diante da possibilidade da germinação do microcosmos criado a partir da lama e dos restos de cerâmica. Todo esse movimento
resulta em novas formas, fragmentadas, inacabadas, mas acima de tudo vivas.
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Inutilitários – Techné
SESI Rio Claro:
13 de março a 11 de abril de 2014
SESI Bauru:
17 de abril a 31 de maio de 2014
SESI Botucatu:
11 de junho a 27 de julho de 2014
Foto: Everton Ballardin
SESI Itapetininga:
14 de agosto a 28 de setembro de 2014
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Foto: Everton Ballardin
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A Natureza Invade a Cidade
A Natureza Invade a Cidade é uma instalação acompanhada de trilha sonora, animações 2D e 3D, poesias, frases e pequenas narrativas que estimulam reflexões
sobre a escassa natureza em espaços públicos da cidade. A proposta inédita do new
media art duo – com trabalhos reconhecidos na Alemanha, Argentina, Espanha e
Rússia – é um pedido de maior compartilhamento da natureza com o panorama
urbano, muitas vezes dominado pelo concreto. Especialistas em intervenções urbanas – como o projeto Mais Amor, por Favor – e projeções em movimento, os
artistas do VJ Suave realizam exibições que sensibilizam o espectador por meio
da luz e do som.
SESI Bauru:
de 7 de março a 6 de abril de 2014
SESI São José do Rio Preto:
17 de abril a 31 de maio de 2014
SESI Itapetininga:
11 de junho a 27 de julho de 2014
SESI Rio Claro:
14 de agosto a 28 de setembro de 2014
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Ramificações do Objeto como Contrapartida é uma exposição de pinturas e esculturas
nascidas da relação entre o artista e a cidade, que tem o cenário urbano como base
referencial. Com a intenção de traçar a passagem do plano para o tridimensional,
Rodrigo Sassi trabalha tanto suas pinturas quanto esculturas com matéria-prima e técnicas da construção civil, conectando essas linguagens por meio de suas
aproximações plásticas, materiais, conceituais e estéticas.
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Ramificações do Objeto
SESI São José do Rio Preto:
até 31 de março de 2014
SESI Itapetininga:
10 de abril a 31 de maio de 2014
SESI Rio Claro:
11 de junho a 3 de agosto de 2014
Foto: Everton Ballardin
SESI Botucatu:
14 de agosto a 28 de setembro de 2014
Mais informações no site www.sesisp.org.br/cultura
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Violinista desenvolve
método de iniciação musical
com o resgate da infância
e valores culturais
A metodologia enfoca o ensino
coletivo de instrumentos de corda
para crianças e adolescentes.
Foto: Fernando Mucci
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Iniciação musical por meio do resgate da cultura brasileira e do convívio familiar
com a utilização de cantigas infantis nacionais como “A canoa virou”, “Alecrim”,
“Boi da cara preta”, “Sapo Cururu” e “Cai-cai balão”, entre outras do nosso folclore.
Essa é a proposta do método de ensino coletivo Alla Corda, o primeiro voltado à identidade da música brasileira adaptada para a formação e
para a educação com orquestra de cordas e de câmara.
A metodologia, desenvolvida pelo violinista e pedagogo Ênio Antunes após 17 anos de pesquisas, é utilizada, desde 2013, nos Núcleos de Música
SESI-SP, nas cidades de Bauru, Botucatu, Diadema, Indaiatuba, Limeira e São
Caetano do Sul, sob a coordenação do maestro João Carlos Martins, regente da
Orquestra Bachiana SESI-SP. O objetivo desses núcleos é promover com excelência o acesso à música e incentivar a criação de orquestras de cordas em todo
o país. Os cursos são livres e direcionados para alunos da rede SESI-SP de ensino,
beneficiários da indústria e para a comunidade em geral, com foco em crianças
e adolescentes com idade entre 6 e 19 anos.
Com a iniciativa, os organizadores pretendem desmitificar o
aprendizado da música, demonstrando que toda pessoa pode se desenvolver
musicalmente. Perguntado sobre os benefícios dessas ações, o maestro João
Carlos Martins é categórico: “A música oferece um ambiente de paz, amor, solidariedade, cidadania e respeito pelas artes. Preciso dizer mais?”.
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Essa é uma das razões pelas quais o SESI-SP decidiu disseminar
esse conteúdo e lançou, pela SESI-SP Editora, recentemente, em parceria com
a Fundação Bachiana, a série Método Alla Corda – Formação e Educação Musical
Juvenil, que traz cinco volumes: viola, violino, violoncelo e contrabaixo, além do
livro do educador. A coordenação do material é de João Carlos Martins.
O Método Alla Corda utiliza uma linguagem educativa fundamentada na pedagogia de autonomia da prática coletiva com orquestra de cordas, construída em 35 encontros-aula que abordam a formação teórica e específica de cada
instrumento e a percepção tímbrica de quatro diferentes instrumentos de cordas.
Para o maestro, um dos mais renomados do País, o diferencial da
metodologia criada por Ênio Antunes está no fato de ensinar a criança ou o
jovem a tocar um instrumento de corda como se estivesse aprendendo a andar
de bicicleta, ou seja, partindo do princípio de que tudo deve acontecer natural e
organicamente. “Evidentemente que, após a iniciação, é necessário ter a
disciplina de um atleta e a alma de um poeta, como em toda iniciação
musical”, ressalta.
Martins já utiliza a metodologia Alla Corda há dois anos nos projetos de iniciação musical que desenvolve e, segundo ele, os resultados têm sido
excepcionais. “No Brasil, nos tempos de Alberto Jaffé, tivemos a formação de
excelentes jovens instrumentistas de cordas. Infelizmente, com a sua mudança
para os Estados Unidos, onde recentemente faleceu, nunca mais tivemos um
método de cordas de excelência musical. E agora, finalmente, após muitos anos,
o professor Ênio Antunes lança o Método Alla Corda, que é um passo muito importante para a formação de novos instrumentistas de corda no País”, comenta
o maestro, em uma referência a Alberto Jaffé, autor do Método Jaffé, criado no
início da década de 70, que formou instrumentistas nas décadas seguintes e que
até hoje atuam em nossas principais orquestras sinfônicas.
O autor do livro, Ênio Antunes, ressalta que o conteúdo das publicações proporciona uma nova alavanca para o ensino de música, não apenas nas
escolas destinadas à iniciação musical, mas também na rede pública do país.
“Apesar de não serem obrigadas, as escolas têm, sim, a opção de estimular a
formação musical dos alunos em seu dia a dia. E a música traz um novo olhar
da criança e do jovem sobre o mundo”, comenta.
Nesse sentido, Antunes enfatiza que o Alla Corda tem o objetivo de ativar o conceito de sociabilidade por meio da convivência coletiva e de aumentar a autoconfiança do aprendiz nele mesmo e no grupo.
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Método Alla Corda
Método Alla Corda
Op. 1
Op. 1
FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO MUSICALFORMAÇÃO
JUVENIL E EDUCAÇÃO MUSICAL JUVENIL
Com instrumentos de cordas friccionadasCom instrumentos de cordas friccionadas
Contrabaixo
Viola
Fundação Bachiana
Coordenação: Maestro João Carlos Martins
Fundação Bachiana
Fundação Bachiana
Coordenação: Maestro João Carlos Martins
Coordenação: Maestro João Carlos Martins
Método Alla Corda Método Alla Corda
Método Alla Corda
Op. 1
Op. 1
Op. 1 - Livro I
FORMAÇÃO E EDUCAÇÃO MUSICAL JUVENILFORMAÇÃO E EDUCAÇÃO MUSICAL JUVENIL
Com instrumentos de cordas friccionadas
MUSICALIZAÇÃO JUVENIL
Com instrumentos de cordas friccionadas
Com instrumentos de cordas friccionadas
Violino
Violoncelo
Livro do professor
Ênio Antunes
Ênio Antunes
Livro do aprendiz
Livro do aprendiz
Livro do aprendiz
Ênio Antunes
Ênio Antunes
Ênio Antunes
Os cinco volumes do Método Alla Corda — Formação e
Educação Musical Juvenil, da SESI-SP Editora.
Livro do aprendiz
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Fundação Bachiana
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Fundação Bachiana
Coordenação: Maestro João Carlos MartinsCoordenação: Maestro João Carlos Martins
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Segundo o autor, que colabora com os principais festivais de formação musical, música de câmara e orquestra sinfônica do País, as escolas que
têm acesso à iniciação musical percebem um aumento considerável no índice
de sociabilidade de seus alunos.
Além disso, nos lugares que têm altas taxas de risco juvenil, programas sociais que proporcionam vivência musical apresentam um impacto na
vida de jovens e de seus familiares”, comenta Antunes, que, entre outros projetos que desenvolve, é diretor artístico e musical da Orquestra Antunes Câmara
e da Orquestra Brasileira Arte do Som Filarmônica, coordenador da Orquestra
Sinfônica Juvenil Emesp e orientador de música do projeto Musicando – no
programa Fábricas de Cultura do governo do Estado de São Paulo.
Mas ele concorda que a realidade do país, no que diz respeito à
iniciação musical, ainda está em uma fase embrionária. Se por um lado as grandes orquestras de todo o mundo são predominantemente formadas por instrumentistas de corda, o Brasil, um país de quase 200 milhões de habitantes, conta
com apenas um instrumentista de corda reconhecido internacionalmente: o
violoncelista pernambucano Antonio Meneses.
Para o maestro João Carlos Martins, “ações como a publicação do
Método Alla Corda – Formação e Educação Musical Juvenil e a criação dos Núcleos
de Música, pelo SESI-SP, aliadas à aplicação de verbas públicas na área musical,
são de grande importância para transformar esse atual cenário, principalmente
porque contribuem para a democratização da música e das artes em geral para
todos os segmentos da sociedade.
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AS MUlheres
em três contos de
IVANA ARRUDA LEITE
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Quando Cristóvão me viu sentada no pátio do hospital, tomando sol, me achou
linda e quis me tirar de lá, casar-se comigo, ser pai dos meus filhos. Se aproximou,
puxou conversa. Eu abri meu coração e contei minha vida inteira naquela tarde,
ali mesmo sentada no banco do jardim do hospital. Desde então estamos juntos.
Nunca tive pai nem mãe, fui criada em orfanato. Quando fiquei
mocinha fui trabalhar em casa de família. Trabalhei numa porção delas, gente
boa, gente ruim, gente de tudo que é jeito. Um dia o marido de uma patroa, um
homem gordo, horroroso, grosseirão mesmo, foi ao meu quarto e me pegou à
força. Eu pensei em ir embora, mas pra onde? A patroa era tão boa e o peste me
dava dinheiro pra comprar batom, ingresso pro cinema, fotonovela.
As crises começaram naquela época. Umas demoravam mais, outras menos. A dona me disse que eu não podia continuar morando lá, acordando o prédio inteiro com meus gritos, pondo tudo em perigo. Me pagou o que
devia e me aconselhou a procurar tratamento.
No hospital público me fizeram um monte de exames e me mandaram para um outro, psiquiátrico. Confesso que eu gostava de lá. A comida era boa,
eles davam remédio direitinho, tinha água quente no chuveiro, tudo na hora certa.
Na época, Cristóvão era motorista do hospital. Quando ele foi pedir autorização pra me tirar de lá, os médicos disseram que problema grave eu
não tinha. Na verdade, eles nem sabiam por que eu estava lá.
A casa dele era muito simples mas toda arrumadinha. Ele dizia
que sua maior alegria era chegar do serviço e me ver de banho tomado, perfumada e arrumadinha como a casa. Nunca entendi como um homem bom e
inteligente como o Cristóvão pode se apaixonar por mim, me tirar do hospital,
casar-se comigo.
Um ano depois nosso filho nasceu. Um menino lindo e forte como
o pai. Eu pegava ele no colo e custava a crer que fosse meu. Como tudo ao redor:
essa casa linda, os empregados (Cristóvão progrediu muito na vida), a piscina,
os jardins, a despensa lotada, as joias que ele me dá.
As crises desapareceram mas ficou essa sensação esquisita de não
ser dona de nada por aqui. Se elas voltarem quero que Cristóvão me leve de volta ao hospital e me deixe lá, sentada no banco embaixo da amoreira onde passávamos as tardes conversando. Então eu dormirei e acordarei pensando que foi
tudo um sonho. Porque foi mesmo.

55
TITILA
56
Titila andava ao redor do telefone sem conseguir se decidir. Ligo ou não ligo? Ia à
cozinha, tomava café, bebia água. Outro café. Fumava, sentava, levantava, ligava
o som, desligava o som, ligava a tevê, fazia exercícios de relaxamento. Relaxava
mas não decidia. Tirava o fone do gancho. Ligo ou não ligo? Colocava o fone no
gancho. Na tevê muda, a apresentadora lhe dizia: liga!, liga! Mas faltava coragem
pra obedecer. Ao meio-dia chupou uma laranja tentando ler os pensamentos do
cachorro. Esperava um sinal que decidisse por ela.
Levantou o fone do gancho e discou. Chamando. Coração disparado. Chamando. Chamando. Aqui é 337.2479, após o sinal deixe seu recado que ligarei assim que for possível. Obrigado. Desligou com o coração saindo pela boca
e as mãos trêmulas. Mais um café, mais um cigarro. Passados cinco minutos,
nova decisão. Vou ligar e deixar um recado. Chamando. Terceiro toque. Aqui
é 337.2479, após o sinal deixe seu recado que ligarei assim que for possível. Obrigado.
Desligou. Falar o quê? Oi, aqui é a Titila, estou com saudade, quando der me
liga, um beijo. Ou será melhor um abraço?
Oi, Genaro, aqui é a Titila, por que você sumiu? Se você não me
ligar hoje ainda, amanhã amanheço morta.
Recado dado. Correu à cozinha, tirou a vodca do freezer e serviu-se de uma dose generosa. Voltou pra sala e sentou ao lado do telefone. Foram
muitas as idas à cozinha. A vodca estava pela metade quando ela resolveu ligar
de novo. Terceiro toque. Aqui é 337.2479, após o sinal deixe seu recado que ligarei
assim que for possível. Obrigado.
Oi, Genaro, antes de me matar, resolvi enxugar a vodca que você
deixou na geladeira. Te dou mais uma chance se você me ligar até meia-noite.
Te adoro. Me liga, vai.
Desligou o telefone morta de arrependimento. O que será de mim,
mãe santíssima?, perguntou à Virgem da correntinha. Depois ao Barão: por que
fui fazer essa besteira? Mas o cachorro continuava mudo, lendo os lábios das
pessoas na televisão muda. O mundo mudo esperando uma decisão.
Foi a vodca. Vodca me faz cometer loucuras. Resolveu fazer um
café pra botar as ideias no lugar. O Genaro não pode ouvir esse recado de jeito
nenhum. Bebeu o café de um gole só, calçou os sapatos e pegou a bolsa disposta
a ir à casa dele. Peço pro porteiro abrir o apartamento (ou arrombo a porta) e
arranco a maldita fita da secretária eletrônica. Mas quem disse que o porteiro
P
O
N
D
TO
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ON
TO
vai me deixar entrar se ele nunca me viu! O Genaro nunca me levou à casa dele.
Aliás, nem sei onde ele mora!!! Jogou a bolsa no chão e plantou-se ao lado do
telefone. Decidiu deixar um segundo recado pedindo desculpas pelo primeiro.
Chamando. Terceiro toque. Aqui é 337.2479, após o sinal deixe seu recado que ligarei
assim que for possível. Obrigado.
Genaro, aqui é a Titila, eu te deixei um recado há uns dez minutos,
ou quinze, sei lá, e acabei falando o que não devia. Esquece, tá?
Mais sossegada, foi pro uísque. Agora sim, tenho munição pra
noite inteira. No segundo copo bateu a dúvida. Como sou idiota. Agora é que
ele não me liga nunca mais. É melhor falar a verdade. Terceiro toque. Aqui é
337.2479, após o sinal deixe seu recado que ligarei assim que for possível. Obrigado.
Genaro, aqui é a Titila. Olha, eu te deixei um recado, um não, dois,
mas acabei me embananando. Eu só queria te dizer que tô com muita saudade
e gostaria de te ver. Um beijo.
Pronto! Agora ficou legal. Guardou o uísque e fez outro café. Respirando na janela, ela tentava ordenar os telefonemas. No primeiro eu falei que
estava tudo bem, no segundo eu falei que estava tudo mal. Eu falei que amava
ele? Afinal, quantos recados deixei? É melhor começar de novo, com calma.
Mais uma dose de uísque. Chamando. Aqui é 337.2479, após o sinal
deixe seu recado que ligarei assim que for possível. Obrigado.
Oi, Genaro, aqui é a Titila, desculpa a palhaçada mas é que foi tudo
tão legal entre a gente... Por que você sumiu? Tenho pensado muito em você.
Tô tão triste...
Desligou o telefone aos prantos. Que ridícula. Ele vai pensar que
eu tô morrendo por causa dele. Aqui é 337.2479, após o sinal deixe seu recado que
ligarei assim que for possível. Obrigado.
Olha aqui, Genaro, se quiser ligar, liga, se não quiser vá pra puta
que pariu. Eu não estou nem aí com você. Foda-se cara.
Bateu o telefone.
Como eu me odeio. Por que faço isso? O Genaro não merece isso,
ele sempre foi tão bonzinho comigo. Aqui é 337.2479, após o sinal deixe seu recado
que ligarei assim que for possível. Obrigado.
Genaro, tô em casa, me liga. Sem conseguir levantar do sofá, caiu
em sono profundo com a perna esticada sobre a mesinha e a cabeça pendurada
no vazio. Acordou com o telefone tocando.
57
Oi, Titila, aqui é o Genaro, acabei de chegar e ouvi seu recado. Que bom
que você ligou, precisamos nos ver.
Com um gosto horrível na boca e a cara toda babada, ela olhou
pro cachorro pra entender o que estava acontecendo. Na sala escura, a televisão
muda brilhava feito um abajur.

AQUI SE FAZ, AQUI SE PAGA
58
Ele não tinha esse direito. Não depois de tudo que vivemos juntos. Um dia namora, me leva ao cinema, jura eterno amor, no outro diz que não quer mais
saber de mim? E as promessas, os beijos, as juras de amor? Não se brinca assim
com uma mulher.
Na semana passada ele tocou a campainha, sentou-se a minha
frente e disse que guardaria ternas recordações do nosso namoro mas que daqui
pra frente estava tudo terminado. Fiquei furiosa:
_ Quem você pensa que eu sou pra ser deixada assim?
_ Assim como?
_ Assim, de repente, sem que nem porquê. Um belo dia você acorda, resolve terminar o namoro e fim?
Ele então se pôs a dar explicações.
_ Veja bem... tem isso... tem aquilo outro...
Fui ficando num tal estado de exasperação que peguei um vasinho
de violetas que estava ao meu alcance e acertei-lhe em cheio na testa. Ele levou
um baita susto. Achei que ele fosse voltar atrás, me pedir desculpas, mas só o
que fez foi levantar, sacudir a roupa e sair batendo a porta.
Resolvi esperar um pouco. Dois dias depois fui à casa dele. Tempo
suficiente pra esfriar a cabeça e botar as ideias no lugar. Comprei um maço de
flores do campo e uma caixa de marzipãs para adoçar o nosso encontro.
Ao me ver na porta, ele me mandou entrar com certa frieza. Pegou os presentes e colocou-os na estante sem nem abrir. Em seguida, com a
cara mais lavada do mundo, perguntou o que eu estava fazendo ali. Eu pirei.
Esse cara me faz vir até aqui, gastar um dinheirão com flores e doces e não sabe
P
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IVANA ARRUDA LEITE nasceu em 1951, em Araçatuba (SP); é mestre em Sociologia pela Universidade de São Paulo.
Publicou três livros de contos Histórias da Mulher do Fim do Século, Falo de Mulher e Ao homem que não me
quis, uma novela, Eu te darei o céu – e outras promessas dos anos 60, e dois romances, Hotel Novo Mundo e
Alameda Santos. Participou de inúmeras antologias. É autora de livros infantis e infantojuvenis.
C

TO
o que estou fazendo aqui? Será que ele pensa que é só chegar, namorar, jantar
fora, beijar na boca e se mandar?
Quando ele falou que “namoro é coisa que se termina todo dia” eu
perdi a cabeça. Fui até à estante, joguei os marzipãs no chão e pisei neles feito cabrita. As peras e maçãs coloridinhas viraram uma pasta que deve estar grudada no
carpete até hoje. Ele me apontou a porta da rua e me pediu pra sair, aos berros.
Quem esse cara pensa que é pra me expulsar dessa maneira da casa
dele? Um dia namora, beija, me acorda com café da manhã, diz que me ama, no
outro me enxota feito cachorro? Ou ele pede desculpas ou vai ter o troco que
merece. Essa eu não vou deixar barato.
Esperei três dias e voltei à casa dele. Ele abriu a janelinha e de lá mesmo perguntou o que eu queria.
Estranhei a falta de modos mas me controlei.
_ Precisamos conversar – disse educadamente.
Quando ele berrou lá de dentro pra que eu o esquecesse e sumisse
da vida dele, comecei a chutar o portão desesperada. Quem ele pensa que eu
sou pra falar comigo desse jeito? Seu estúpido, grosseirão. Ontem mesmo era
meu namorado, ia comigo ao cinema, jurava eterno amor, hoje quer chamar a
polícia pra me prender?
Pulei o portão e arranquei a primavera do jardim com raiz e tudo.
Minha mão ficou toda ensanguentada. A vontade era jogar a primavera nele e
matá-lo. Mas quem disse que primavera serve pra matar um homem? A coitada
ficou lá, jogada no chão, torta e descabelada como eu.
Antes de ir embora, passei a mão suja de sangue na parede branca
da casa pra que todo mundo soubesse que ali mora um homem capaz de fazer
uma coisa dessas com uma mulher.
Dessa ele escapou, mas deixa estar. Aqui se faz, aqui se paga.
59
AO PÉ DA LETRA
por Arnaldo Niskier
da Academia Brasileira de Letras
FILME RUIM
“Lourdes assistiu o filme com o marido.”
Aposto como o filme era muito ruim!
O verbo assistir, no sentido de “acompanhar visualmente, testemunhar, ver”, é
transitivo indireto, requerendo o uso da
preposição a.
Frase correta: “Lourdes assistiu ao filme
com o marido”.
60
OPINIÃO EQUIVOCADA
“Não vejo nada demais na sua opinião.”
Nem poderia! O vocábulo foi empregado erroneamente.
Veja:
Demais: em demasia, em excesso.
De mais: é oposto “de menos” (capaz de
causar estranheza).
Frase correta: “Não vejo nada de mais na
sua opinião”.
NAMORO ACABADO
“O rapaz se explicou de maneira tão sussinta, que
a namorada irritou-se e terminou o namoro.”
Não poderia ser diferente! A palavra “sussinta” não existe. O termo correto é sucinta (com
s inicial e c) e quer dizer resumida, concisa.
Período correto: “O rapaz se explicou de
maneira tão sucinta, que a namorada irritou-se e terminou o namoro.”
REGIMENTO INTERNO
“O regimento do colégio do João previa advertências aos alunos que transgridissem as normas de
disciplina previstas.”
Primeiramente deveriam se preocupar com
a correção na escrita do verbo transgredir. É
um verbo irregular e em algumas pessoas do
presente do indicativo e em todo o presente
do subjuntivo, o e do radical passa para i . Observe: transgrido/ transgrides/ transgride/
transgredimos/ transgredis/ transgridem;
transgrida/ transgridas/ transgrida/ transgridamos/ transgridais/ transgridam.
Entretanto, não é o caso do imperfeito do
subjuntivo, não há a troca do “e”, logo a forma correta é transgredissem.
Período correto: “O regimento do colégio do
João previa advertências aos alunos que transgredissem as normas de disciplina previstas.”
SUSPENÇÃO JUSTA
“O atraso constante da funcionária implicou em
suspensão por dois dias.
A punição seria mais justa se o complemento do verbo implicar estivesse certo. Este
verbo, no sentido de acarretar, é transitivo
direto, logo o seu complemento — objeto direto — não admite preposição.
Frase correta: “O atraso constante da funcionária implicou suspenção por dois dias”.
L ETRA
AO PÉ DA
TRAVESSURA DE CRIANÇA
“O menino caiu quando brincava com o seu patineti.”
Deve ter sido um tombo feio com “o patineti”.
Observe: o brinquedo infantil, feito com
uma tábua sobre duas rodas, é patinete,
com e no final; patinete é uma palavra do
gênero feminino - a sua patinete.
Período correto: “O menino caiu quando
brincava com a sua patinete”.
IGNORÂNCIA!
A mãe do rapaz tranquilizou-se quando disseram
que seu filho estava malferido.
Coitada! Como é triste desconhecer o significado correto das palavras.
Atenção: malferido não quer dizer “com poucos ferimentos” e, sim, ferido mortalmente.
Cuidado para que dúvidas como essa impeçam a compreensão de um texto. Consulte
sempre um dicionário.
VOCÊ PRECISA SABER!
A pessoa deve escrever seu nome como foi registrado na certidão de nascimento. Não importa se com ou sem acento. Qualquer outra
pessoa deve respeitar as regras de acentuação, sob pena de escrever errado.
APRENDIZAGEM
“ O treinamento em serviço contribui para a auto-aprendizagem.”
Será mesmo? A “auto-aprendizagem” escrita desse jeito não melhora a condição de
qualquer profissional.
Quando um prefixo termina em vogal (auto)
e o segundo elemento começa por vogal diferente (aprendizagem), não se admite o uso
do hífen — autoaprendizagem é a forma
certa.
Período correto: O treinamento em serviço contribui para a autoaprendizagem”.
BOA IDEIA
“O esporte é uma solução para evitar que o adolescente venha a delenquir.”
Exato! Porém, com o verbo “delenquir” não
se consegue prevenir nada. Está escrito erradamente - o verbo é delinquir, com i.
Em tempo: o verbo delinquir é defectivo,
isto é, a primeira pessoa do singular do presente do indicativo não deve ser conjugada.
Período correto: “O esporte é uma solução
para evitar que o adolescente venha a delinquir”.
61
Instigação
Informativo do SESI-SP e SENAI-SP
SUP/DR - número 02 - março de 2014
Bônus demográfico e a educação
Neste número são apresentadas algumas informações sobre as projeções populacionais
do Estado de São Paulo e da Capital e algumas interrogações sobre o bônus demográfico e
seus reflexos na educação.
Bônus demográfico
Podemos dizer que o bônus demográfico ou vantagem demográfica é a situação em que, em um determinado período, a população de um país, estado
ou município tem mais pessoas em idade produtiva
(15-64 anos) do que em idade dependente (0-14 anos
62e 65 ou mais anos). Tal situação será benéfica se, e somente se, o país oferecer oportunidades de emprego
de qualidade à sua população. Caso contrário, haverá momentos de muita tensão social.
A população jovem tende a diminuir
Ora, se a população de jovens tender a diminuir,
a construção de novas escolas só se justificará em
localidades em que o comportamento demográfico
assim o requerer. Em alguns casos, unidades poderão ser fechadas por falta de clientela, ou ainda, o
local poderá ser destinado a outra função pública.
Os gastos orçamentários anteriormente destinados
às novas obras poderão privilegiar a formação continuada de professores, a melhoria salarial, e uma
política mais vigorosa de manutenção dos ambientes escolares.
O estoque e o fluxo demográfico
A mudança do comportamento demográfico,
mesmo que gradativa, comporta muitas e distintas
visões, seja do ponto de vista econômico, previdenciário, social, de saúde pública ou educacional. Em
todos eles, precisamos evitar um deslize comum
em análises de população, que é a confusão entre
estoque e fluxo demográfico. Isso acontece, por
exemplo, quando políticos, ao pleitearem a instalação de uma escola profissionalizante, usam como
argumento o número total de empregos de um determinado município, sem considerar as tendências
desse estoque ao longo dos anos, ou ao se pleitear
uma nova escola de educação básica, não levando
em conta a distribuição etária da população e as
salas de aula já existentes.
No caso do bônus demográfico, o mesmo tipo de
deslize se repete. Não é preciso ser demógrafo para
compreender a confusão que as pessoas fazem ao
analisar os dados.
Sob a ótica do estoque, as projeções da população
do Estado de São Paulo e da Capital apresentam os
seguintes números:
Ao analisar os dados da projeção da Tabela 1, vemos um contingente ativo superior ao dependente (SP: 71,5%
e Capital: 71,4%), com tendência a decrescer ao longo dos anos. A população dependente jovem tende a diminuir (SP: 19,6% para 18,4%; Capital: 19,5% para 18,7%) e a idosa, a aumentar (SP: 8,8% para 12,2% e Capital
9,1% para 12,5%). A par disso, a expectativa de vida vem aumentando significativamente no Estado de São
Paulo (67,3 anos em 1980 para 76 anos em 2010). Assim, ao olhar para o futuro, vislumbra-se uma situação previdenciária nada confortável. Contudo, a participação da população ativa, ainda que decrescente, aparenta ser
a tábua salvadora de nossa passagem para um mundo mais desenvolvido.
Tabela 1: Projeção da população paulista e paulistana – 2015-2025
Estado de São Paulo
Faixa etária da
população
Capital
2015
% Vertical
2025
% Vertical
2015
% Vertical
2025
% Vertical
12.257.388
28,5%
14.057.497
30,6%
3.310.723
28,6%
3.775.699
31,2%
0-14 anos
8.451.932
19,6%
8.430.731
18,4%
2.256.817
19,5%
2.259.716
18,7%
65 anos e mais
3.805.456
8,8%
5.626.766
12,2%
1.053.906
9,1%
1.515.983
12,5%
15-64 anos
30.790.029
71,5%
31.868.472
69,4%
8.271.075
71,4%
8.321.661
68,8%
População total
(POT)
43.047.417
100,0%
45.925.969
100,0%
11.581.798
100,0%
12.097.360
100,0%
Dependente
(não ativa)
Idade ativa
(PIA)
Fonte: Sistematizada a partir dos dados do Seade
Ao examinar o panorama via fluxo (Tabela 2), por meio das taxas anuais de crescimento geométrico para
o período 2015-2025, o que se vê é uma tendência ao envelhecimento da população. A população ativa (PIA)63
cresce anualmente 0,35% no Estado e 0,06 na Capital, enquanto a população total (POT) cresce a taxas maiores, 0,67% no Estado e 0,45% na Capital. E a pergunta que se faz é: como lidar com isso na educação e na
formação profissional, de forma a não comprometer o desenvolvimento econômico e o desenvolvimento da
indústria paulista?
Tabela 2: Taxa geométrica de
crescimento da população
total e da população em
idade ativa – 2015-2025
Discriminação
Estado
Capital
Taxa geométrica de crescimento anual da PIA
0,35%
0,06%
Taxa geométrica de crescimento anual da POT
0,67%
0,45%
Estado de São Paulo
Fonte: Calculada com base nos dados do Seade
e Capital
Nota: PIA – População em idade ativa (15 a 64 anos); POT – População total
Implicações educacionais
Ora, se a taxa de crescimento da população ativa evolui mais lentamente que a taxa da população total, cada
vez mais teremos mais idosos, sejam eles trabalhadores
ou não. E que implicações isso traz para a política educacional e de formação profissional do Estado de São
Paulo e da Capital? Reafirma-se o fato de que haverá
menos demanda de novas escolas de educação básica.
Assim, o correto será adotar uma política de efetiva, desejada, e até hoje procrastinada valorização salarial e
formativa do magistério.
Quanto à formação profissional nesse cenário de
bônus demográfico, haverá necessidade de constante monitoramento com o objetivo de detectar, a tempo e hora, as tendências de emprego, de crescimento
econômico, de fluxo e perfil demográfico e de interesse da população.
No próximo número, aprofundaremos a análise
dessas implicações.
Imagem de acervo
EVENTOS DAS EDITORAS
SESI-SP E SENAI-SP
64
Imagem de acervo
Imagem de acervo
E VE
N
ES
TO D
IT
O
Imagens de acervo
RA
DESMIOLAÇÕES
LIVRARIA DA VILA
FEIRA DE LIVROS DAS EDITORAS
FOYER DO CENTRO CULTURAL FIESP RUTH CARDOSO
Imagem de acervo
NA TRILHA DOS SABERES
LIVRARIA CULTURA
OLHAR A TODA PROVA
SESI VILA LEOPOLDINA
O TEATRO DE REVISTA NO BRASIL
LIVRARIA DA VILA
65
Imagem de acervo
EVENTOS DAS EDITORAS
SESI-SP E SENAI-SP
Imagem de acervo
66
Imagem de acervo
Imagem de acervo
E VE
N
ES
TO D
IT
O
Imagem de acervo
RA
67
Imagem de acervo
GRAFFITI FINE ART
MUSEU BRASILEIRO DA ESCULTURA – MuBE
DESMIOLAÇÕES
LIVRARIA DA VILA
FESTA DO LIVRO DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
ESCOLA POLITÉCNICA DA USP
STRINDBERG E O PODER
BAR BALCÃO
Imagem de acervo
O TEATRO DE REVISTA NO BRASIL
LIVRARIA DA VILA
TRÊS FÁBULAS DE ESOPO
LIVRARIA DA VILA
CONVERSA DE ALGUMAS HORAS E MUITOS ANOS COM O
DRAMATURGO TEATRAL VLADIMIR CAPELLA
BAR BALCÃO
Imagem de acervo
CARDÁPIo
unIDADEs Do sEsI-sP
CeNTrO CUlTUral FiesP*
AvEnIDA PAuLIsTA, 1313 sÃo PAuLo sP
TEATRo musICAL
a maDriNHa emBriaGaDa
aTÉ 29/06/2014
Com texto original de quatro canadenses,
tradução e direção de Miguel Falabella, elenco
de 25 atores, orquestra com 15 músicos, Stella
Miranda como atriz convidada, a produção
deste musical teve orçamento de R$ 12
milhões. Durante 11 meses, serão realizadas
325 sessões do musical com ingressos
gratuitos, para ampliar e democratizar o
acesso do público.
mosTRA DE CInEmA
10º PrêmiO FiesP/sesi-sP De CiNema
aTÉ 31/03/2014
68
Todo cineasta tem um pouco de contador de
histórias, de narrativas que se mostram e se
entrelaçam em seu caminho, nas viagens, na
experiência própria do fazer cinematográfico.
E é aí que está o prêmio, na própria vivência
das histórias e na certeza da beleza de cada
uma delas. O Prêmio FIESP/SESI-SP de Cinema
incentiva a produção nacional, o botar o pé
na estrada e sair em busca de uma pequena
grande história, carregando gente, cenário e
figurino, tudo junto e misturado.
Com curadoria de André Sturm, diretor do
MIS, a premiação reconhece os melhores
em 13 categorias: ficção, documentário,
curta-metragem, diretor, atriz, ator, atriz
coadjuvante, ator coadjuvante, roteiro,
montagem, fotografia, direção de arte e
trilha sonora.
Embarque com a gente nessa viagem, essa
história quem conta é você!
mOsTra CiNe sesi-sP NO mUNDO:
alemaNHa CONTemPOrâNea ii
De 15/04/2014 aTÉ 27/05/2014
Seja no formato, seja no conteúdo, são diversos
os caminhos que a produção cinematográfica
alemã tem tomado nas últimas décadas.
Mas hoje é certo que os novos cineastas se
distanciaram dos filmes autorais dos anos de
1970 e passaram a revelar em suas obras as
diversas Alemanhas existentes após mais de
20 anos de Reunificação. Temas emergentes
desse país, como o mundo globalizado, o
multiculturalismo, a imigração e a crise de
identidade pós-Reunificação, são abordados de
forma crescente pela chamada nova geração de
cineastas alemães.
mÚsICA Em CEnA
CONjUNTO De músiCa aNTiGa eCa-UsP
aTÉ 16/03/2014
Por ser ligado à Universidade de São Paulo, o
conjunto pode implementar uma proposta
específica que agrega ensino, pesquisa e
interpretação musical de alta qualidade.
Seus participantes dominam a técnica de
instrumentos antigos, trabalham ativamente
em diversos setores da pesquisa histórica,
traduzem e estudam tratados antigos, editam
partituras e reproduzem instrumentos,
transformando conhecimento em prática
musical inteligente. Criado em 2001, o
grupo foi o primeiro desse gênero em uma
universidade brasileira, executando repertório
dos séculos XVI ao XVIII com a utilização de
instrumentos de época. As atividades musicais
do conjunto têm tido excelente repercussão,
e a proposta de realizar concertos é uma ação
efetiva com o objetivo de levar as pesquisas
que fundamentam essa prática para fora dos
muros da universidade. Seus integrantes
estão convictos de que é possível mostrar, de
forma simples e acessível, que essas pesquisas
não constituem especulações herméticas,
pelo contrário, é um meio poderoso para
enriquecer a apreciação do público em geral
e o diagrama perceptivo de músicos e de
ouvintes seletivos. O grupo reúne alunos da
graduação, pós-graduação e extensão cultural,
professores do Departamento de Música da
ECA e profissionais convidados. No programa,
obras de Matthew Locke, Henry Purcell, Georg
Muffat e George Frideric Handel.
TaNGaTa qUarTeTO
aTÉ 23/03/2014
O Tangata Quarteto utiliza o bandoneon e o
acordeon, o violino, o contrabaixo acústico e
o piano para contar ao público uma parte da
história do Tango, desde o tango-milonga até
Piazzolla, mesclando tradição e novos arranjos
numa primorosa interpretação instrumental.
Neste concerto o grupo apresentará obras
dos compositores argentinos Gerardo Matos
Rodriguez, Pedro Laurenz, Astor Piazolla,
entre outros.
OrqUesTra De rePerTóriO maNFreDO
De viCeNZO
aTÉ 30/03/2014
Orquestra Manfredo De Vincenzo trata-se
de uma orquestra jovem com repertório
agradável de músicas de cinema, com
arranjos de temas famosos bem como o tema
do “Poderoso Chefão”, “Cinema Paradise”,
“Harry Poter” e uma Suíte inspirada nas
composições de John Willians. São arranjos
escritos especificamente para este grupo,
sob regência de Rafael Vicole. A orquestra
possui 15 jovens instrumentistas de cordas
que demonstram o máximo de sua técnica
musical. O grupo tem preocupação com a
formação de plateia e difusão da música de
um modo geral, trabalhando sempre com
repertório de grande impacto.
* Datas e horários sujeitos a alterações. Mais informações no site www.sesisp.org.br/cultura/
TailâNDia, eNTre
TemPOs e POvOs
CaT CrUZeirO
1º/03 a 31/03
eXPOsiçÃO iTiNeraNTe
OlHar a TODa PrOva
CaT CUBaTÃO
1º/03 a 31/03
TOy Camera
CaT jUNDiaí
1º/03 a 31/03
O OlHar DO miNOTaUrO
CaT marília
1º/03 a 31/03
CaT CamPiNas
11/04 a 11/05
CaT BiriGUi
23/05 a 22/06
CARDÁPIO
GALERIA DE FOTOS
A menina lia
por uma estrela
as aventuras de pepino
cores da índia
Henrique Sitchin
Igor Oliveira
Ivan Pontes
69
Marcelo Kahn
GALERIA DE FOTOS
TAILÂNDIA, ENTRE TEMPLOS E POVOS
EXPOSIÇÃO ITINERANTE OLHAR A TODA PROVA
TOY CAMERA
O OLHAR DO MINOTAURO
Iberê Romani
Pedro Silvestre
70
Jonne Roriz
Renan Rosa
Ronaldo Gutierrez
Divulgação
71
Divulgação
Cintia Pimentel
FOGO AZUL DE UM MINUTO
O GIGANTE EGOÍSTA
OCUPAÇÃO ARTÍSTICA – FILA
AS CANÇÕES QUE VOCÊ DANÇOU PRA MIM
Divulgação
EXPOSIÇÃO ITINERANTE – COTIDIANO CONTEMPORÂNEO
UNIDADES DO SESI-SP
AMERICANA
CAT DR. ESTEVAM FARAONE
AVENIDA BANDEIRANTES,1000 CHÁCARA MACHADINHO
CEP 13478-700 - AMERICANA - SP
Tel: (19) 3471-9000
www.sesisp.org.br/americana
ARAÇATUBA
CAT FRANCISCO DA SILVA VILLELA
RUA DR. ALVARO AFONSO DO NASCIMENTO, 300 - J. PRESIDENTE
CEP 16072-530 - ARAÇATUBA - SP
Tel: (18) 3519-4200
www.sesisp.org.br/aracatuba
72
ARARAQUARA
CAT WILTON LUPO
AVENIDA OCTAVIANO DE ARRUDA
CAMPOS, 686 - JD. FLORIDIANA
CEP 14810-901 - ARARAQUARA - SP
Tel: (16) 3337-3100
www.sesisp.org.br/araraquara
ARARAS
CAT LAERTE MICHIELIN
AVENIDA MELVIN JONES, 2.600 - B.
HEITOR VILLA-LOBOS
CEP 13607-055 - ARARAS - SP
Tel: (19) 3542-0393
www.sesisp.org.br/araras
BAURU
CAT RAPHAEL NOSCHESE
RUA RUBENS ARRUDA, 8-50 - ALTOS DA
CIDADE
CEP 17014-300 - BAURU - SP
Tel: (14) 3234-7171
www.sesisp.org.br/bauru
CAMPINAS I
CAT PROFESSORA MARIA BRAZ
AVENIDA DAS AMOREIRAS, 450
CEP 13036-225 - CAMPINAS I - SP
Tel: (19) 3772-4100
www.sesisp.org.br/amoreiras
CAMPINAS II
CAT JOAQUIM GABRIEL PENTEADO
AVENIDA ARY RODRIGUEZ, 200 - B.
BACURI
CEP 13052-550 - CAMPINAS II - SP
Tel: (19) 3225-7584
www.sesisp.org.br/campinas2
COTIA
OLAVO EGYDIO SETÚBAL
RUA MESOPOTÂMIA, 300 - MOINHO
VELHO
CEP 06712-100 - COTIA - SP
Tel: (11) 4612-3323
www.sesisp.org.br/cotia
CRUZEIRO
CAT OCTÁVIO MENDES FILHO
RUA DURVALINO DE CASTRO, 501 - VILA
ANA ROSA NOVAES
CEP 12705-210 - CRUZEIRO - SP
Tel: (12) 3141-1559
www.sesisp.org.br/cruzeiro
CUBATÃO
CAT DÉCIO DE PAULA LEITE NOVAES
AVENIDA COM. FRANCISCO BERNARDO, 261 - JD. CASQUEIRO
CEP 11533-090 - CUBATÃO - SP
Tel: (13) 3363-2662
www.sesisp.org.br/cubatao
BIRIGUI
CAT MIN. DILSON FUNARO
AVENIDA JOSÉ AGOSTINHO ROSSI,
620 - JARDIM PINHEIROS
CEP 16203-059 - BIRIGUI - SP
Tel: (18) 3642-9786
www.sesisp.org.br/birigui
DIADEMA
CAT JOSÉ ROBERTO MAGALHÃES
TEIXEIRA
AVENIDA PARANAPANEMA, 1500 TABOÃO
CEP 09930-450 - DIADEMA - SP
Tel: (11) 4092-7900
www.sesisp.org.br/diadema
BOTUCATU
CAT SALVADOR FIRACE
RUA CELSO CARIOLA, 60 – ENG.
FRANCISCO
CEP 18605-265 - BOTUCATU - SP
Tel: (14) 3811-4450
www.sesisp.org.br/botucatu
FRANCA
CAT OSVALDO PASTORE
AVENIDA SANTA CRUZ, 2870 - JD.
CENTENÁRIO
CEP 14403-600 - FRANCA - SP
Tel: (16) 3712-1600
www.sesisp.org.br/franca
GUARULHOS
CAT MORVAN DIAS DE FIGUEIREDO
RUA BENEDITO CAETANO DA CRUZ,
566 - JARDIM ADRIANA
CEP 07135-151 - GUARULHOS - SP
Tel: (11) 2404-3133
www.sesisp.org.br/guarulhos
INDAIATUBA
CAT ANTONIO ERMÍRIO DE MORAES
AVENIDA FRANCISCO DE PAULA LEITE,
2701 - JD. CALIFÓRNIA
CEP 13346-000 - INDAIATUBA - SP
Tel: (19) 3875-9000
www.sesisp.org.br/indaiatuba
ITAPETININGA
CAT - BENEDITO MARQUES DA SILVA
AVENIDA PADRE ANTONIO BRUNETTI,
1.360 - VL. RIO BRANCO
CEP 18208-080 - ITAPETININGA - SP
Tel: (15) 3275-7920
www.sesisp.org.br/itapetininga
ITÚ
CAT CARLOS EDUARDO MOREIRA
FERREIRA
RUA JOSÉ BRUNI, 201 - BAIRRO SÃO LUIZ
CEP 13304-080 - ITÚ - SP
Tel: (11) 4025-7300
www.sesisp.org.br/itu
JACAREÍ
CAT KARAM SIMÃO RACY
RUA ANTONIO FERREIRA RIZZINI, 600 JD. ELZA MARIA
CEP 12322-120 - JACAREÍ - SP
Tel: (12) 3954-1008
www.sesisp.org.br/jacarei
JAÚ
CAT RUY MARTINS ALTENFELDER SILVA
AVENIDA JOÃO LOURENÇO PIRES DE
CAMPOS, 600 - JD. PEDRO OMETTO
CEP 17212-591 - JAÚ - SP
Tel: (14) 3621-1042
www.sesisp.org.br/jau
JUNDIAÍ
CAT ÉLCIO GUERRAZZI
AVENIDA ANTONIO SEGRE, 695 - JARDIM BRASIL
CEP 13201-843 - JUNDIAÍ - SP
Tel: (11) 4521-7122
www.sesisp.org.br/jundiai
LIMEIRA
CAT MARIO PUGLIESE
AVENIDA MJ. JOSÉ LEVY SOBRINHO,
2415 - ALTO DA BOA VISTA
CEP 13486-190 - LIMEIRA - SP
Tel: (19) 3451-5710
www.sesisp.org.br/limeira
OURINHOS
CAT MANOEL DA COSTA SANTOS
RUA PROFESSORA MARIA JOSÉ FERREIRA, 100 - BAIRRO DAS CRIANÇAS
CEP 19910-075 - OURINHOS - SP
Tel: (14) 3302-3500
www.sesisp.org.br/ourinhos
MARÍLIA
CAT LÁZARO RAMOS NOVAES
AVENIDA JOÃO RAMALHO, 1306 - JD.
CONQUISTA
CEP 17520-240 - MARÍLIA - SP
Tel: (14) 3417-4500
www.sesisp.org.br/marilia
PIRACICABA
CAT MARIO MANTONI
AVENIDA LUIZ RALPH BENATTI, 600 - VL
INDUSTRIAL
CEP 13412-248 - PIRACICABA - SP
Tel: (19) 3403-5900
www.sesisp.org.br/piracicaba
MATÃO
CAT PROFESSOR AZOR SILVEIRA LEITE
RUA MARLENE DAVID DOS SANTOS,
940 - JARDIM PARAÍSO III
CEP 15991-360 - MATÃO - SP
Tel: (16) 3382-6900
www.sesisp.org.br/matao
PRESIDENTE EPITÁCIO
CIL - CARLOS CARDOSO DE ALMEIDA
AMORIM
AVENIDA DOMINGOS FERREIRA DE
MEDEIROS, 2.113 - VILA RECREIO
CEP 19470-000 - PRES. EPITÁCIO - SP
Tel: (18) 3281-2803
www.sesisp.org.br/presidenteepitacio
MAUÁ
CAT MIN. RAPHAEL DE ALMEIDA
MAGALHÃES
AVENIDA PRESIDENTE CASTELO BRANCO, 237 - JARDIM ZAÍRA
CEP 09320-590 - MAUÁ - SP
Tel: (11) 4542-8950
www.sesisp.org.br/maua
MOGI DAS CRUZES
CAT NADIR DIAS DE FIGUEIREDO
RUA VALMET, 171 - BRAZ CUBAS
CEP 08740-640 - MOGI DAS CRUZES - SP
Tel: (11) 4727-1777
www.sesisp.org.br/mogidascruzes
PRESIDENTE PRUDENTE
CAT BELMIRO JESUS
AVENIDA IBRAIM NOBRE, 585 - PQ.
FURQUIM
CEP 19030-260 - PRES. PRUDENTE - SP
Tel: (18) 3222-7344
www.sesisp.org.br/presidenteprudente
RIBEIRÃO PRETO
CAT JOSÉ VILLELA DE ANDRADE JUNIOR
RUA DR. LUÍS DO AMARAL MOUSINHO,
3465 - CASTELO BRANCO
CEP 14090-280 - RIBEIRÃO PRETO - SP
Tel: (16) 3603-7300
www.sesisp.org.br/ribeiraopreto
MOGI GUAÇU
CAT MIN. ROBERTO DELLA MANNA
RUA EDUARDO FIGUEIREDO, 300 - PARQUE RESIDENCIAL ZANIBONI III
CEP 13848-090 - MOGI GUAÇU - SP
Tel: (19) 3861-3232
www.sesisp.org.br/mogiguacu
RIO CLARO
CAT JOSÉ FELÍCIO CASTELLANO
AVENIDA M-29, 441 - JD. FLORIDIANA
CEP 13505-190 - RIO CLARO - SP
Tel: (19) 3522-5650
www.sesisp.org.br/rioclaro
OSASCO
CAT LUIS EULALIO DE BUENO VIDIGAL
FILHO
AVENIDA GETÚLIO VARGAS, 401
CEP 06233-020 - OSASCO - SP
Tel: (11) 3602-6200
www.sesisp.org.br/osasco
SANTA BÁRBARA D' OESTE
CAT AMÉRICO EMÍLIO ROMI
AVENIDA MÁRIO DEDINI, 216 - V.
OZÉIAS
CEP 13453-050 - S. B. D`OESTE - SP
Tel: (19) 3455-2088
www.sesisp.org.br/santabarbara
SANTANA DE PARNAÍBA
CAT JOSÉ CARLOS ANDRADE NADALINI
AVENIDA CONSELHEIRO RAMALHO,
264 - CIDADE SÃO PEDRO
CEP 06535-175 - SANTANA DE
PARNAÍBA - SP
Tel: (11) 4156-9830
www.sesisp.org.br/parnaiba
SANTO ANDRÉ
CAT THEOBALDO DE NIGRIS
PÇA. DR. ARMANDO DE ARRUDA PEREIRA, 100 - STA. TEREZINHA
CEP 09210-550 - SANTO ANDRÉ - SP
Tel: (11) 4996-8600
www.sesisp.org.br/santoandre
SÃO BERNARDO DO CAMPO
CAT ALBANO FRANCO
RUA SUÉCIA, 900 - ASSUNÇÃO
CEP 09861-610 - S. B. DO CAMPO - SP
Tel: (11) 4109-6788
www.sesisp.org.br/sbcampo
SÃO CAETANO DO SUL
CAT PRES. EURICO GASPAR DUTRA
RUA SANTO ANDRÉ, 810 - BOA VISTA
CEP 09572-140 - S. C. DO SUL - SP
Tel: (11) 4233-8000
www.sesisp.org.br/saocaetano
SANTOS
CAT PAULO DE CASTRO CORREIA
AVENIDA NOSSA SENHORA DE FÁTIMA, 366 - JD. SANTA MARIA
CEP 11085-202 - SANTOS - SP
Tel: (13) 3209-8210
www.sesisp.org.br/santos
SÃO CARLOS
CAT ERNESTO PEREIRA LOPES FILHO
RUA CEL. JOSÉ AUGUSTO DE OLIVEIRA
SALLES, 1325 - V. IZABEL
CEP 13570-900 - SÃO CARLOS - SP
Tel: (16) 3368-7133
www.sesisp.org.br/saocarlos
SÃO JOSÉ DO RIO PRETO
CAT JORGE DUPRAT FIGUEIREDO
AVENIDA DUQUE DE CAXIAS, 4656 VL. ELVIRA
CEP 15061-010 - SÃO JOSÉ DO RIO
PRETO - SP
Tel: (17) 3224-6611
www.sesisp.org.br/sjriopreto
73
SÃO JOSÉ DOS CAMPOS
CAT OZIRES SILVA
AVENIDA CIDADE JARDIM, 4389
BOSQUE DOS EUCALIPTOS
CEP 12232-000 - SÃO JOSÉ DOS
CAMPOS - SP
Tel: (12) 3936-2611
www.sesisp.org.br/sjcampos
SÃO PAULO – AE CARVALHO
CAT MARIO AMATO
RUA DEODATO SARAIVA DA SILVA, 110 PQ. DAS PAINEIRAS
CEP 03694-090 - SÃO PAULO - SP
Tel: (11) 2026-6000
www.sesisp.org.br/carvalho
74
SÃO PAULO – CATUMBI
CAT ANTONIO DEVISATE
RUA CATUMBI, 318 - BELENZINHO
CEP 03021000 - SÃO PAULO - SP
Tel: (11) 2291-1444
www.sesisp.org.br/catumbi
SÃO PAULO – IPIRANGA
CAT ROBERTO SIMONSEN
RUA BOM PASTOR, 654 – IPIRANGA
CEP 04203-000 – SÃO PAULO – SP
Tel: (11) 2065-0150
www.sesisp.org.br/ipiranga
SÃO PAULO – VILA DAS MERCÊS
CAT PROFESSOR CARLOS PASQUALE
RUA JÚLIO FELIPE GUEDES, 138
CEP 04174-040 - SÃO PAULO - SP
Tel: (11) 2946-8172
www.sesisp.org.br/merces
SÃO PAULO – VILA LEOPOLDINA
CAT GASTÃO VIDIGAL
RUA CARLOS WEBER, 835 - VILA
LEOPOLDINA
CEP 05303-902 - SÃO PAULO - SP
Tel: (11) 3832-1066
www.sesisp.org.br/leopoldina
SERTÃOZINHO
CAT NELSON ABBUD JOÃO
RUA JOSÉ RODRIGUES GODINHO, 100 CONJ. HAB. MAURÍLIO BIAGI
CEP 14177-320 - SERTÃOZINHO - SP
Tel: (16) 3945-4173
www.sesisp.org.br/sertaozinho
SOROCABA
CAT - SEN JOSÉ ERMÍRIO DE MORAES
RUA DUQUE DE CAXIAS, 494 - MANGAL
CEP 18040-425 - SOROCABA - SP
Tel: (15) 3388-0444
www.sesisp.org.br/sorocaba
SUMARÉ
CAT FUAD ASSEF MALUF
AVENIDA AMAZONAS, 99 - JARDIM
NOVA VENEZA
CEP 13177-060 - SUMARÉ - SP
Tel: (19) 3854-5855
www.sesisp.org.br
SUZANO
CAT MAX FEFFER
AVENIDA SENADOR ROBERTO SIMONSEN, 550 - JARDIM IMPERADOR
CEP 08673-270 - SUZANO - SP
Tel: (11) 4741-1661
www.sesisp.org.br/suzano
TATUÍ
CAT WILSON SAMPAIO
AVENIDA SÃO CARLOS, 900 B. DR. LAURINDO
CEP 18271-380 - TATUÍ - SP
Tel: (015) 3205-7910
www.sesisp.org.br/tatui
TAUBATÉ
CAT LUIZ DUMONT VILLARES
RUA VOLUNTÁRIO BENEDITO SÉRGIO,
710 - B. ESTIVA
CEP 12050-470 - TAUBATÉ - SP
Tel: (12) 3633-4699
www.sesisp.org.br/taubate
VOTORANTIM
CAT JOSÉ ERMÍRIO DE MORAES FILHO
RUA CLÁUDIO PINTO NASCIMENTO,
140 - JD. MORUMBI
CEP 18110-380 - VOTORANTIM - SP
Tel: (15) 3353-9200
www.sesisp.org.br/votorantim
mo & canoagem
er é pensar
e culturas, funcionaram como vias de transporte e rotas
de desenvolvimento, uniram e separaram povos. Dominar as
águas tornou-se sinônimo de poder, prova do desenvolvimento
da espécie, até que o homem descobrisse que navegar
também é um prazer, é lazer e competição. É esporte.
Vela, Remo & Canoagem resgata a história da navegação
esportiva. Afinal, competir a bordo de um veleiro, de um barco
a remo ou de um caiaque nada mais é do que se integrar com
o elemento que ocupa três quartas partes do planeta.
Nós, brasileiros, vivemos em um país das águas. A costa
tem 8.500 quilômetros, metade dos quais navegáveis.
Em 21 mil quilômetros da rede hidrográfica, poderiam circular
milhares de embarcações.
ÇÃO
fazer é pensar
ENTAIS,
ÁTICO &
Ao navegar conosco por estas páginas, você entenderá
Construindo Casas e móveis
por que o Brasil, que já conquistou tantas medalhas olímpicas
NIZADO
liTeraTura iNfaNTil:
com a Vela, poderá ser uma potência olímpica se associar
C l aud io d e M o u ra Cas t ro
a cultura náutica ao esporte.
aPenaS Para menoreS?
converSa com
TaTiaNa beliNky
Vela,
Para mergulhar no
esPOrTe OlímPicO
PreServação Do PaSSaDo
Que ilumiNa O PreseNTe
remo & canoagem
o teatro De reviSta braSileiro
a memÓria DO esPleNDOr
ISBN 978-85-8205-049-1
9 788582 050491
LONGAS SOMBRAS
e FUTeBoL
Cris Eich
#2 abril 2O13
seu
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m meio a
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07/05/13 18:39
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O JOGO
LHAR
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A TODA
PROVA
SÉ EDUARDO DE CARVALHO
PREFÁCIO TOSTÃO
Em apenas dois anos de história,
a SESI-SP Editora e a SENAI-SP Editora
já produziram grandes feitos.
Em números, foram mais de 140 títulos
distribuídos em diversas coleções
que compõem seus respectivos catálogos;
em palavras, o conteúdo de qualidade
de nossos livros que têm o compromisso
de contribuir para a formação de um leitor
diferenciado e bem informado.
Claudio Fragata nasceu em Marília, no interior de São
Paulo, em 1952, mas mora na capital desde os 17 anos.
Formado em jornalismo, trabalhou como editor em revistas como Galileu e Recreio e criou o projeto editorial dos
Manuais da Turma da Mônica, de Mauricio de Sousa. Já
escreveu vários livros para crianças e jovens, entre eles
Zé Perri: a passagem do Pequeno Príncipe pelo Brasil;
Uma história bruxólica; Adorada; As filhas da gata de Alice moram aqui, e Jura? Hoje, além de escrever livros e dar
aulas, ainda arruma tempo para cuidar dos gatos Sofia e
Fellini e também de um pé de ipê branco que ele pretende ver dando flor em cinco anos.
www.senaispeditora.com.br
www.sesispeditora.com.br
23/07/13 17:42
Ilustração de Guga Schultze para o livro O capitão Panfílio.
PONTO
ALEXANDRE DUMAS
E A GUERRA DOS LIVROS
FUTEBOL, PRAZER
E PARADOXO
CONVERSA COM
ZEZÉ MOTTA
A NATUREZA EM SEU PAPEL
DE MUSA INSPIRADORA
AS MULHERES EM TRÊS CONTOS
DE IVANA ARRUDA LEITE
REVISTA PONTO®
PUBLICAÇÃO LITERÁRIA E
CULTURAL DO SESI-SP
#5 MARÇO 2O14
[email protected]
www.sesispeditora.com.br
www.facebook.com/sesi-sp-editora
#5 MARÇO 2O14
#5 MARÇO 2O14
SESI-SP EDITORA
AV. PAULISTA 1313 4º ANDAR
O1311-923 SÃO PAULO SP
TELEFONE 55 11 3146 7308
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ALEXANDRE DUMAS E A GUERRA DOS LIVROS - SESI