COBERTURA MINEIRÃO – SOLUÇÃO INTEGRADA CONCRETO-AÇO Araújo, A. H. M(a); Guerra, E. O.(b);Lira, A. F.(c); Rezende, A. S.(d) (a) Engenheiro civil, Vallourec Mannesmann do Brasil, [email protected] (b) Engenheiro civil, Engserj Ltda, PUC Minas, [email protected] (c) Engenheiro civil, UFMG, Engserj Ltda, [email protected] (d) Engenheiro civil, Engserj Ltda, [email protected] Resumo A nova cobertura para o estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão) situado em Belo Horizonte-MG foi concebida como uma solução integrada açoconcreto para se obter uma cobertura adicional, com revestimento membrana (1.2kgf/m2), que prolongue o balanço atual de 29m para 55m. A estrutura de aço é formada por treliças planas, contraventadas em pontos intermediários, usando perfis tubulares circulares. A estrutura de concreto armado existente ao incorporar a nova cobertura e os respectivos carregamentos não deve apresentar esforços que reduzam os coeficientes de segurança significativamente, mantendo-os sempre acima dos valores normativos. Para atingir este objetivo primeiramente foi aplicada protensão nas vigas de concreto invertidas, usando cordoalhas engraxadas, reduzindo-se os esforços em 10%, além de comprimir o balanço existente. Um alívio de esforços adicional de 27% foi implementado com o macaqueamento da estrutura em balanço. Concluído o macaqueamento, instalou-se a treliça de aço na parte inferior dos balanços de concreto, com ligação que permita o funcionamento integrado aço-concreto. A etapa construtiva seguinte envolve a instalação de treliças com comprimento de 26m que sustentam a membrana. Para aferição do carregamento de vento foram realizados ensaios em túnel de vento. Alguns reforços adicionais na estrutura de concreto existente de pilares e fundações foram necessários para absorver o nível adicional de tensões. As análises de vibrações nas arquibancadas foram simuladas e instalados absorvedores dinâmicos para minimizar estes efeitos. Toda a análise numérica foi feita como não-linear, estática e dinâmica, objetivando avaliar os resultados de todas as fases construtivas e/ou características dos diversos carregamentos. Este trabalho tem por objetivo detalhar os procedimentos, etapas construtivas e soluções de engenharia estrutural necessárias para implementar um balanço adicional de 26m, preservando as características arquitetônicas e estruturais do estádio. Palavras-chaves: estrutura de aço; estrutura de concreto; concreto protendido. 1 SUMÁRIO 1.Introdução.......................................................................................................03 2.Objetivo...........................................................................................................03 3.Desenvolvimento do projeto...........................................................................04 3.1. Descrição da estrutura existente................................................................04 3.2. Componentes da nova cobertura e da arquibancada superior...................07 3.3. Levantamento topográfico da estrutura existente.......................................09 3.4. Características do concreto estrutural existente.........................................10 3.5. Análise dinâmica linear da arquibancada superior e vigamento da cobertura............................................................................................................12 3.6. Análise da estrutura em túnel de vento......................................................21 3.7. Análise estática não-linear considerando todas as etapas construtivas do processo de execução da obra..........................................................................29 3.8. Esforços estáticos provenientes das membranas e sua aplicação na estrutura.............................................................................................................43 3.9. Análise estática da estrutura de aço...........................................................45 4.0. Bibliografia..................................................................................................49 2 COBERTURA MINEIRÃO – SOLUÇÃO INTEGRADA AÇO - CONCRETO 1- Introdução A nova cobertura para o estádio Governador Magalhães Pinto (Mineirão) situado em Belo Horizonte-MG foi concebida como uma solução integrada açoconcreto para se obter uma cobertura adicional, com revestimento em membrana (1.2kgf/m2), que prolongue o balanço atual de 29m em concreto armado para 55m em aço-concreto. A estrutura de aço é formada por treliças planas, contraventadas em pontos intermedários, usando perfis tubulares circulares. A estrutura de concreto armado existente ao incorporar a nova cobertura e os respectivos carregamentos não deve apresentar esforços que reduzam os coeficientes de segurança significativamente, mantendo-os sempre acima dos valores normativos. Trata-se de uma solução inovadora de engenharia para realização da ampliação da cobertura em 26m, possibilitando que as demais intervenções no estádio ocorram de forma simultânea com a implantação da nova cobertura, viabilizando o cronograma da obra e principalmente a execução do novo gramado tendo em vista a realização da Copa das Confederações em junho de 2013. Os autores da concepção básica do projeto foram os engenheiros Afonso Henrique Mascarenhas de Araujo, Antônio Sérgio de Rezende, Euler de Oliveira Guerra e Aécio Freitas Lira, sendo o projeto desenvolvido pela empresa ENGSERJ LTDA contratada pelo CONSÓRCIO CONSTRUTOR NOVA ARENA BH, responsável pela execução das obras de ampliação / adaptação do Estádio Mineirão para a Copa de 2014. 2- Objetivo Este trabalho tem por objetivo detalhar os critérios, etapas construtivas e soluções de engenharia estrutural necessárias para implementar um balanço adicional de 26m, preservando as características arquitetônicas e estruturais do concreto existente, respeitando o cronograma exíguo para sua implantação. 3 3- Desenvolvimento do projeto O desenvolvimento do projeto da nova cobertura pode ser dividido nas seguintes etapas: - Levantamento topográfico da estrutura existente e recuperação em acervo dos desenhos de forma e armação. - Determinação do módulo de elasticidade e resistência à compressão do concreto da estrutura existente. - Análise dinâmica linear da arquibancada superior e vigamento da cobertura. - Análise das acelerações da extremidade da arquibancada superior e instalação de absorvedores dinâmicos (TMD) de vibração. - Estudos em modelo reduzido, em túnel de vento, da ação do vento sobre a nova cobertura – ações estáticas e ações dinâmicas. - Análise estática não-linear considerando todas as etapas construtivas do processo de execução da obra. - Estudos dos esforços estáticos provenientes das membranas e sua aplicação na estrutura. - Análise estática da estrutura de aço da nova cobertura. - Determinação de reforços na estrutura de concreto devido à atuação da nova cobertura. .3.1- Descrição da estrutura existente A estrutura existente do Mineirão é constituída por 88 pórticos de concreto armado, dispostos radialmente em torno de uma falsa elipse com raio maior 275m e raio menor 217m. O vão livre, entre pórticos, mede aproximadamente 7.5 metros. Desses 88 pórticos, 28 são geminados, isto é, separados por juntas de dilatação que subdividem a estrutura em 28 setores de construção, numerados, 4 correspondendo o setor número 1 ao trecho referente à entrada principal do estádio. Cada pórtico é composto de dois pilares, sendo um externo, inclinado, e o outro interno, de grande rigidez, ligados ao topo por uma viga inclinada que suporta a arquibancada superior. O pilar externo é rotulado na base através de uma placa de chumbo colocada sobre o bloco de fundação. A altura média deste pilar é de 25 metros e a sua seção transversal varia de 60cm x 100cm na base a 80cm x 420cm no topo. O pilar interno do pórtico tem seção constante de 60cm x 460 cm. A viga da arquibancada é composta por dois vãos sendo um entre os pilares internos e externo de 10,80 m e o outro em balanço com 17, 55 m, ambos acompanhando a inclinação escalonada da laje da arquibancada. As dimensões das seções dos vãos da viga são 60 x 260 a 150 x 250 cm e 35 x 450 a 15 x 60 cm, para cada vão respectivamente. A arquibancada é complementada com duas lajes que escondem a estrutura principal, sendo a superior em degraus, com a espessura de 5 cm, e a inferior, de forro, com nervuras invertidas, deixando a face aparente lisa. A viga principal da cobertura tem um vão de aproximadamente 30,5m em balanço e seção variando de 30 x 50 cm na extremidade a 60 x 375 cm junto à face do pilar externo para as vigas internas de cada setor e, aproximadamente a metade para as vigas de junta. A laje da cobertura é maciça, com 13 cm de espessura média, prevendo-se sobre ela a aplicação de impermeabilização. A estrutura existente em concreto armado da cobertura é composta por 28 setores, sendo 24 setores com 4 pórticos e 4 setores de 5 pórticos, formando um conjunto de 88 eixos, sendo 28 deles com juntas de dilatação e 60 eixos intermediários. As juntas de dilatação situam-se nos eixos 2, 5, 8, 11, 15, 18, 21, 24, 27, 30, 34, 37, 40, 43, 46, 49, 52, 55, 59, 62, 65, 68, 71, 74, 78, 81, 84 e 87. 5 Figura 1 – Visão global do modelo matemático do estádio – estrutura existente Figura 2 – Modelo unifilar de um setor - Elementos de barra e casca: estrutura existente e nova cobertura 6 Figura 3 – Modelo de um setor: estrutura existente e nova cobertura 3.2- Componentes da nova cobertura e da arquibancada superior Os componentes estruturais da Nova Cobertura e da Arquibancada Superior incorporados à estrutura existente do Mineirão são: - treliças planas em aço laminado a quente patinável, sem costura, resistentes à corrosão atmosférica VMB350cor, pintadas, com seções circulares, comprimento 25,98m em balanço, trabalhando como estrutura mista, com as vigas invertidas em concreto armado existentes da cobertura; - sistema de protensão com cordoalhas engraxadas, galvanizadas, diâmetro 15.7mm, em aço CP-177-RB para estais Belgo Bekaert, revestidas por capa plástica de alta densidade, aplicados nas faces laterais das vigas invertidas existentes da cobertura; - reforço estrutural de concreto armado fck > 30MPa, nos cantos dos pórticos da estrutura existente; 7 - reforço estrutural das vigas da arquibancada existente, através de uma mão francesa em chapas de aço, posicionadas entre os pilares inclinados externos de concreto e o fundo das vigas da arquibancada existente; - absorvedores dinâmicos (TMD) de vibração GERB do Brasil - reforço da fundação dos pilares centrais com o uso de estacas tipo raiz précarregadas antes de sua incorporação aos blocos existentes ;; - barras protendidas, com luva, INCOTEP (diâmetro 100mm, capacidade 100tf e diâmetro 57mm , capacidade 70tf) interligando os pilares inclinados externos e os pilares internos principais, da estrutura existente; - cobertura em membrana SHEERFILL II-HT with EverClean TIO2 Top Coat (1.2kgf/m2) composta por fibra de vidro e politetrafluoretileno (PTFE), auto- limpante, na cor branca. Figura 4 – Novos componentes da estrutura 8 3.3- Levantamento topográfico da estrutura existente A solução integrada estrutura de aço e estrutura de concreto requer como informação básica um levantamento preciso da geometria do estádio inaugurado em 05/09/1965. A intervenção em uma estrutura com dimensões cuja precisão é centimétrica deverá funcionar integrada com uma nova cobertura em aço com precisão milimétrica. A padronização do comprimento das treliças situadas sob a laje de concreto só foi possível após o levantamento da geometria dos pórticos existentes, juntamente com a adoção dos reforços de canto dos pilares com comprimento variável de modo a uniformizar esta dimensão das treliças. Figura 5 – Angulação entre pórticos – Plano da Cobertura 9 Figura 6 – Estrutura existente – Entrada principal (março 2009) 3.4- Características do concreto estrutural existente Os trabalhos de identificação e caracterização das anomalias existentes, pesquisando e diagnosticando as possíveis causas para o surgimento das patologias, determinando a vida útil do concreto e definindo as intervenções necessárias para corrigir as anomalias e proteger as estruturas, garantindo a segurança e o desempenho, subsidiando de informações o Governo do Estado de Minas Gerais nas decisões relativas à Copa do Mundo de Futebol de 2014 no que concerne ao Complexo Mineirão – Mineirinho foram realizados pela empresa SOLUÇÃO Engenharia. Os trabalhos de campo foram divididos em inspeções visuais, ensaios de campo e ensaios de laboratório. Dentre os ensaios de campo foram realizados: - localização das armaduras e a medição das espessuras das camadas de cobrimento das barras de aço; 10 - extrações de corpos de prova cilíndricos, abrangendo os diversos níveis e setores; - avaliação da homogeneidade e compacidade do concreto foi realizada através de ensaios de ultra-sonografia, sendo medições do tempo de propagação de pulsos ultra-sônicos no interior do concreto do elemento estrutural investigado; - presença de corrosão de armaduras em alguns elementos estruturais através de técnicas eletroquímicas sendo utilizado o equipamento GECOR. Dentre os ensaios de campo foram realizados: - a comprovação das áreas carbonatadas realizada através da aspersão de um indicador de pH, a fenolftaleína, sobre as superfícies dos corpos de prova; - resistência à compressão axial cuja resistência à ruptura é calculada em função da razão entre a altura e o diâmetro médio do testemunho, conforme ABNT 7680; - determinação do módulo de elasticidade onde os corpos de prova são devidamente faceados e submetidos a carregamentos para determinar o módulo de deformação, de acordo com a ABNT NBR 8522:1984 – Concreto – Determinação do módulo de deformação estática e diagrama de tensão deformação; - medição de cloretos e sulfatos incorporados ao concreto é feita em amostras de pó retiradas dos corpos de prova, em diferentes profundidades da estrutura, e a análise quantitativa é feita por via química utilizando as especificações ASTM C114 – 03 e ASTM C1218/C1218M - 99. Os resultados dos ensaios foram submetidos a uma análise estatística de dados para melhor visualização e compreensão das informações obtidas. Para isto foi utilizado o Software Statistic 6. Dentro das diversas técnicas quantitativas e gráficas disponíveis para exame e interpretação dos dados, optou-se pela utilização do diagrama “box-plot”. 11 Consiste em um retângulo definido pelo primeiro e pelo terceiro quartis de dados, ou seja, mostra onde está localizada a maioria dos resultados. O valor central é dado pela mediana, que aparece no centro do retângulo. O gráfico ainda fornece os limites inferiores e superiores daquele banco de dados, que elimina automaticamente os resultados dispersos, considerados “outliers”. Para a resistência à compressão axial a mediana dos resultados indica que pode-se considerar como resistência média o valor de 38,4 MPa, bem superiora à resistência de projeto que era de 18 MPa . Para o módulo de elasticidade a mediana dos resultados indica que pode-se considerar como módulo de elasticidade médio o valor de 28,2 GPa. 3.5- Análise dinâmica linear da arquibancada superior e vigamento da cobertura A análise dinâmica da estrutura tem os seguintes objetivos: a) ANÁLISE MODAL - obtenção das freqüências naturais e modos de vibração da estrutura, o que permite definir a faixa de freqüências mais sensíveis à excitação do público; b) TIME HISTORY - obtenção da resposta dinâmica a partir da simulação de carregamento humano, objetivando a determinação dos níveis de aceleração em pontos críticos para avaliação das condições da estrutura em termos de conforto humano. Devido à inexistência de normas brasileiras a serem utilizadas como referência, a análise dos efeitos de vibrações intermitentes em pessoas e na edificação será realizada com base nos valores limites de aceleração recomendados na referência “Building Vibrations from Human Activities”, D. E. Allen (Concrete International, Junho/1990, pp. 66-73). Esses valores limites estão discriminados 12 na Tabela 1 e são recomendados pelo “National Building Code of Canada (NBC), 1990”. Tabela 1 – Valores limites de acelerações (pico) recomendadas em atividades rítmicas. Ocupações afetadas ACELERAÇÃO PICO pelas vibrações (% da gravidade) Escritório ou Residência 0,4 a 0,7 Restaurantes, Academias de dança ou levantamento de peso 1,5 a 2,5 Somente atividades físicas (Academias de aeróbica, 4 a 7 % de g Concertos de música ao vivo, Estádios de futebol) Os limites de aceleração listados na Tabela 1 são similares aos recomendados em outros trabalhos, como no “Vibration Criteria for Assembly Occupancies”, D. E. Allen, J. H. Rainer, G. Pernica (Can. J. Civil Eng. 12, pp. 617-623, 1985), que sugerem adicionalmente um limite de 5% da aceleração da gravidade (490 mm/s2) para espectadores não diretamente envolvidos na atividade esportiva. Estes limites de aceleração também são utilizados na publicação “Floor Vibrations due to Human Activity”, T. M. Murray, D. E. Allen, E. E. Ungar, 1997. Sendo assim, foi adotado como critério de referência de aceleração de partícula aceitável a faixa limite de 4 a 7% da aceleração da gravidade, ou seja, a faixa de 40 a 70 cm/s2. Estes valores são especificados para efeito de projeto da estrutura, visando evitar efeitos indesejáveis nos usuários das mesmas após a sua construção. Para a definição do sistema estrutural, os carregamentos representativos da movimentação de torcedores de futebol em momentos de euforia são usualmente representados pela superposição de dois carregamentos 13 harmônicos, sendo a freqüência do primeiro harmônico na faixa de 1,5 a 3,0 Hz e do segundo harmônico na faixa de 3,0 a 5,0 Hz. Desta forma, cuidados especiais devem ser tomados também para evitar que as freqüências naturais correspondentes a modos de vibração global da estrutura se situem nestas faixas de freqüência, para evitar problemas de ressonância da mesma. A tabela 2 a seguir mostra os resultados da análise modal. TABLE: Modal Periods And Frequencies OutputCase StepType StepNum Text Text Unitless Period Sec Frequency CircFreq Eigenvalue Cyc/séc rad/sec rad2/sec2 MODAL Mode 1 0,802387 1,2463 7,8306 61,319 MODAL Mode 2 0,565646 1,7679 11,108 123,39 MODAL Mode 3 0,420565 2,3778 14,94 223,2 MODAL Mode 4 0,364322 2,7448 17,246 297,43 MODAL Mode 5 0,329215 3,0375 19,085 364,25 MODAL Mode 6 0,322027 3,1053 19,511 380,69 MODAL Mode 7 0,308966 3,2366 20,336 413,56 MODAL Mode 8 0,300293 3,3301 20,924 437,79 MODAL Mode 9 0,280091 3,5703 22,433 503,22 MODAL Mode 10 0,27471 3,6402 22,872 523,13 MODAL Mode 11 0,26585 3,7615 23,634 558,58 MODAL Mode 12 0,265073 3,7725 23,704 561,86 MODAL Mode 13 0,261817 3,8195 23,998 575,92 MODAL Mode 14 0,250445 3,9929 25,088 629,41 MODAL Mode 15 0,247577 4,0391 25,379 644,08 MODAL Mode 16 0,24397 4,0989 25,754 663,26 MODAL Mode 17 0,237421 4,2119 26,464 700,36 MODAL Mode 18 0,232479 4,3015 27,027 730,45 MODAL Mode 19 0,227458 4,3964 27,624 763,06 MODAL Mode 20 0,222419 4,496 28,249 798,02 14 MODAL Mode 21 0,218153 4,5839 28,802 829,54 MODAL Mode 22 0,217798 4,5914 28,849 832,25 MODAL Mode 23 0,216304 4,6231 29,048 843,78 MODAL Mode 24 0,214383 4,6645 29,308 858,97 MODAL Mode 25 0,212914 4,6967 29,51 870,86 MODAL Mode 26 0,208388 4,7987 30,151 909,11 MODAL Mode 27 0,204887 4,8807 30,667 940,44 MODAL Mode 28 0,198267 5,0437 31,69 1004,3 MODAL Mode 29 0,196648 5,0852 31,951 1020,9 MODAL Mode 30 0,189619 5,2737 33,136 1098 Tabela 2- Resultados da análise modal A carga dinâmica adotada, correspondente ao carregamento humano, é a seguinte: sendo « f » a frequência de excitação do público. Como a freqüência básica da excitação varia de 2 a 3 Hz, buscou-se a solicitação de carregamento dentro desta faixa que provocasse os maiores valores de aceleração na estrutura. O valor da freqüência básica encontrado correspondeu àquele que conduzisse à freqüência de excitação a se situar nas proximidades da freqüência própria do balanço da arquibancada, ou seja: f = 2.3Hz. A carga dinâmica assim definida foi aplicada em todos os pontos nodais da arquibancada, considerando uma sobrecarga de projeto com valor p = 4 kN/m2. Na análise da resposta dinâmica (time history) utilizou-se um amortecimento crítico de valor igual a 8%. Foram então obtidos os seguintes resultados teóricos para as acelerações máximas (valor de “pico”) nas extremidades dos balanços: 15 - valor máximo = 158.7 cm/s2 - valor mínimo = 111.6 cm/s2 - valor médio (de “pico”) = 134.9 cm/s2 - valor médio (de “RMS”) = 0.707 do valor de “pico”= 95,3 cm/s2 Este valor corresponde a 9.7% da aceleração da gravidade g, superior a faixa de 4 % a 7% de g, relativa ao nível de conforto humano recomendado na Tabela 1 para estádios de futebol. A figura 7 mostra os resultados da análise numérica via SAP2000. Figura 7 – Acelerações obtidas via SAP2000 O monitoramento de vibrações do Estádio Magalhães Pinto-Mineirão se fez necessário para uma avaliação experimental do estado atual da estrutura a partir de dados do seu comportamento dinâmico. Esta avaliação feita pelo Departamento de Engenharia de Estruturas da UFMG sob a coordenação do prof. Aécio Freitas Lira, à época professor da EEUFMG. As conclusões dos trabalhos realizados em abril de 1993 foram as seguintes: 16 - A aceleração efetiva máxima na extremidade do balanço da arquibancada foi estimada como sendo da ordem de 10 % de g, ou seja, bastante próximo dos valores analíticos obtidos e acima da faixa de 4 a 7 % de g, recomendada pelo NBC – National Building Code, considerando os aspectos relacionados com conforto humano. - A aceleração efetiva nas áreas de circulação do estádio, escritórios e dependências em geral foi estimada como sendo da ordem de 1% de g. A ENGSERJ, com vistas às atuais reformas de modernização do Mineirão para os jogos da Copa de 2014, contratou o Departamento de Engenharia de Estruturas da Escola de Engenharia da UFMG, para o monitoramento de vibrações. O resultado final deste monitoramento efetuado em quatro eventos de futebol que ocorreram nos meses de novembro e dezembro de 2009 detectou que o sistema estrutural está sendo demasiadamente excitado pela movimentação dos usuários nas arquibancadas, ultrapassando os limites preconizados em literatura técnica especializada, chegando mesmo a registrar níveis três vezes superiores aos valores recomendados. Portanto, recomendou-se que fossem feitas intervenções estruturais que assegurem respostas dinâmicas condizentes com o uso da estrutura do Estádio. À luz dos resultados analíticos e dos resultados do monitoramento de vibrações do estádio, recomendamos a adoção de absorvedores dinâmicos – SOLUÇÃO GERB do BRASIL a serem localizados no vigamento da arquibancada superior. As premissas básicas para o dimensionamento dos Absorvedores Dinâmicos TMD (Tuned Mass Damper) foram: - atenuação do primeiro modo vertical de vibração dos balanços das arquibancadas; - o TMD é um sistema que oscila, com um grau de liberdade, com rigidez, massa e amortecimento (“damping”), e que é fixado na estrutura principal com o objetivo de reduzir as vibrações que ocorrem na ressonância; 17 - a massa, da ordem de 5 a 10 % da massa da estrutura principal, e a rigidez do TMD são sintonizadas (“tuned”) para ter uma freqüência muito próxima do período de vibração da estrutura principal; - o TMD é equipado com um sistema de “alto” amortecimento da ordem de 15 a 20 %, com o objetivo de dissipar a energia; - o TMD dissipa a energia quando da ressonância do conjunto; - se a estrutura começa a vibrar fortemente, o TMD passa também a vibrar, dissipando parte significativa da energia. Os TMD's são largamente empregados para reduzir vibrações em máquinas, vibrações induzidas pelo vento em edifícios altos, bem como em pisos de edifícios, ou passarelas, com vibrações induzidas pelo público. Figura 8 – Esquema do TMD 18 Figura 9 –TMD instalado na extremidade da viga da arquibancada superior Figura 10 – Vista frontal do TMD As características da viga do balanço da arquibancada e a eficácia dos absorvedores dinâmicos são listadas a seguir: - freqüência natural da estrutura 2.5 Hz 19 - massas dos módulos dos balanços: 268 t / 242 t - amortecimento interno da estrutura: 2.5 % - atenuação de 76,7 % na primeira freqüência. O desempenho do TMD é mostrado na figura 11, onde a aceleração na extremidade do balanço SEM o uso dos Absorvedores Dinâmicos é de 9,7 % de g, superior ao valor máximo permitido na intervalo de 4 a 7 % de g. A aceleração na extremidade do balanço COM o uso dos Absorvedores Dinâmicos é de (1 - 0,767) * 9,7 % de “g” = 2,26 % de g, situando-se abaixo do valor mínimo satisfatório de 4 a 7 % de g, conforme a tabela 1. Figura 11 – Desempenho do TMD As conclusões sobre o uso da GERB são: - reduz a aceleração máxima na extremidade do balanço para 2,26 % de g, valor este da ordem da metade da aceleração máxima na extremidade do balanço da arquibancada que é de 5.3 % de g, para uma alternativa em que se planejou reforço estrutural; - esta solução é mais fácil de executar em termos de obras civis; 20 - praticamente não adiciona carga à estrutura existente, exceto o peso próprio das partes metálicas dos componentes dos absorvedores. 3.6- Análise da estrutura em túnel de vento Os ensaios foram realizados no Laboratório de Aerodinâmica das Construções da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Foi construído um modelo reduzido do Estádio Mineirão, em escala 1/350, para medição das pressões nas faces externa e interna da cobertura. A face externa da cobertura foi instrumentada com 232 tomadas de pressão e na face interna da cobertura foram colocadas 196 tomadas de pressão, perfazendo um total de 428 tomadas de pressão. Figura 12 – Perspectiva artística do estádio A distribuição das tomadas permitiu a determinação das pressões em toda a edificação, girando-se o modelo de 360º em relação ao vento incidente. As 21 pressões instantâneas foram medidas a cada 150 de incidência do vento, com um total de 10.272 medidas de séries temporais de pressão. Os ensaios foram realizados no túnel de vento de camada limite de retorno fechado, projetado especificamente para ensaios estáticos e dinâmicos de modelos de construções civis. Este túnel permite a simulação das principais características de ventos naturais. Tem relação “comprimento / altura” da câmara de ensaios superior a 10. A velocidade do escoamento de ar nesta câmara, com vento uniforme e sem modelos, ultrapassa 160 km/h. A simulação correta das principais características do vento natural em túneis de vento é requisito básico para aplicações em Engenharia Civil, sem a qual os resultados obtidos podem se afastar consideravelmente da realidade. Figura 13 - Vista do túnel de vento da UFRGS 22 Figura 14 - Modelo do estádio no interior o túnel de vento Figura 15 - Detalhe do modelo reduzido 23 Cumpre ressaltar que foi modelado todo o entorno do Estádio, tanto a Nova Esplanada quanto a topografia do terreno. As pressões no modelo foram registradas por meio de transdutores elétricos de pressão. Foram registradas as pressões para cada ponto de medição indicado na figura 16, sendo apresentados os valores mínimos, médios, máximos e rms dos coeficientes de pressão. Figura 16 – Localização das tomadas de pressão externa Foi adotada a seguinte convenção de sinais: coeficientes positivos: sobrepressão (+) coeficientes negativos: sucção (-) Foram criados padrões de carregamentos que simulam de ventos tipo tormenta correspondentes a três combinações distintas dos coeficientes de pressão interno e externo medidos nos ensaios. 24 Carregamento I: Cr = C médio externo – C médio interno Carregamento II: Cr = 0.7 [2 (C médio externo) – (C médio interno) ] Carregamento III: Cr = 0.7 [(C médio externo) – 2 (C médio interno)] A velocidade básica do vento de 32 m/s recomendada para Belo Horizonte apresenta um período de recorrência médio de 50 anos. Figura 17 – Referência para o ângulo de incidência do vento Os estudos realizados com os resultados dos três carregamentos revelaram as condições críticas do vento a serem usadas no dimensionamento da nova cobertura. 25 A maior sobrepressão em kgf/m2 ocorre para um vento incidindo a 1500 (ver figura 17) nas tomadas 58 a 64 (ver figura 16), relativa ao carregamento de tormenta II com a distribuição mostrada a seguir. OMADA 58 59 60 61 62 63 64 SOBREPRESSÃO 58 62 62 63 60 59 60 Adotou-se no projeto uma sobrepressão constante com valor 60kgf/m2. A maior sucção em kgf/m2 ocorre para um vento incidindo a 1500 (ver figura 17) nas tomadas 170 a 176 (ver figura 16), relativa ao carregamento de tormenta III com a distribuição mostrada a seguir. TOMADA SUCÇÃO 170 -67 171 -69 172 -74 173 -78 174 -90 175 -107 176 -123 Adotou-se no projeto da cobertura a sucção variável com a distribuição obtida no ensaio. Realizou-se análise dinâmica a partir de registros dinâmicos de pressões, integrados em alta freqüência, com o método HFPI (high frequency pressure integration method). O HFPI é um método de análise que combina pressões dinâmicas, medidas experimentalmente em túnel de vento, com um modelo dinâmico teórico-numérico da estrutura, permitindo uma estimativa das amplitudes de deslocamentos, velocidades, e acelerações que ocorrerão em 26 resposta às flutuações das pressões aerodinâmicas. O método compreende, portanto, as possíveis amplificações dinâmicas decorrentes de efeitos ressonantes, associados tanto à turbulência atmosférica como ao desprendimento de vórtices, que podem produzir na estrutura esforços maiores do que aqueles estimados em uma análise estática convencional. A principal diferença da abordagem dinâmica em relação à abordagem estática, descrita anteriormente, diz respeito à consideração da flutuação das pressões que o vento exerce sobre a superfície da cobertura. Estas flutuações são decorrentes da turbulência atmosférica apresentada pelo vento natural, usualmente descrita por espectros de velocidade tais como o espectro de Von Kárman, e também da turbulência gerada por edificações, ou partes da própria edificação, presentes a barlavento do ponto de medição de pressões. Essas formas de turbulência são simuladas no túnel de vento e estão associadas a uma escala de tempo, que deve ser ajustada para que o conteúdo e frequências das flutuações de pressão estejam devidamente relacionados às frequências naturais de vibração livre da estrutura. Ao contrário da abordagem estática, a abordagem dinâmica considera a flutuação de pressões sobre a cobertura e tem por objetivo prever eventuais efeitos ressonantes da ação dinâmica sobre a resposta estrutural. Embora a Nova Cobertura do Estádio Mineirão tenha frequência fundamental estimada em 1,99Hz, considerada suficientemente alta para que não ocorram efeitos ressonantes, a abordagem dinâmica ainda assim apresenta vantagens em relação à abordagem estática, já que incorpora a devida (falta de) correlação espacial e temporal da flutuação do campo de pressões, minimizando incertezas com relação às pressões de pico resultantes. A NBR6123 – “Forças devidas ao vento em edificações” recomenda que sejam analisadas dinamicamente todas as estruturas com freqüência fundamental de vibração livre inferior a 1Hz. Isto se justifica pelo baixo conteúdo de energia apresentado pela turbulência atmosférica acima desta freqüência. A partir deste critério, pode-se concluir que são relevantes todos os modos de vibração associados a freqüências próximas ou inferiores a 1Hz. Embora a cobertura em 27 questão tenha frequência fundamental acima de 1Hz, a análise por HFPI preserva sua utilidade por produzir carregamentos aerodinâmicos (estáticos equivalentes) que levam em conta a (falta de) correlação espacial e temporal do campo de pressões. O carregamento derivado por HFPI deve portanto ser mais econômico e mais preciso do que o carregamento gerado a partir de coeficientes de pressão médios ou de pico. Os resultados da análise dinâmica da ação do vento na cobertura são apresentados na tabela a seguir que permite uma rápida verificação dos ângulos de incidência do vento mais críticos para a cobertura. Na tabela também são apresentadas as pressões dinâmicas utilizadas para o cálculo, que levam em conta a velocidade de projeto e a rugosidade superficial do terreno a barlavento. α (graus) 0 15 30 45 60 75 90 105 120 135 150 165 180 195 210 225 240 255 270 285 300 315 330 345 PRESSÃO (kgf/m2 ) 44.1 33.6 33.9 32.7 33.9 34.3 34.7 35.5 33.5 51.7 58.8 40.3 44.7 46 44.1 40.1 33.9 32.1 32.2 33.7 37 44.9 44.2 45.3 NÓ 28923 28923 28923 33253 28924 49 33253 33253 33253 17379 17380 17379 18823 48 48 49 49 3757 33253 34696 34696 36139 34696 33253 28 3.7- Análise estática não-linear considerando todas as etapas construtivas do processo de execução da obra A idéia central para a concepção da nova cobertura para o estádio do Mineirão partiu da seguinte premissa: o balanço adicional, em estrutura de aço, com comprimento 26m não poderá induzir na estrutura de concreto existente esforços que reduzam os coeficientes de segurança significativamente, mantendo-os sempre acima dos valores normativos.. Para isto foram idealizados dois procedimentos que reduzissem o nível atual de tensões no concreto da estrutura existente. Na fase construtiva futura, após a e instalação do novo balanço, submetido às cargas de vento e sobrecarga, as novas tensões atuantes no concreto existente, superpostas às tensões iniciais se situariam em níveis muito próximos aos atualmente atuantes na estrutura original do estádio. Os dois procedimentos para alívios de tensões foram: aplicação de protensão na viga invertida da cobertura e macaqueamento da viga invertida. Após as etapas de protensão e de macaqueamento da estrutura existente inicia-se a montagem da treliça na parte inferior do balanço de concreto, solidarizando-se esses dois componentes, de modo que os mesmos trabalhem como estrutura integrada (mista) capaz de receber o balanço adicional de 26m. A avaliação dos esforços que atuam na estrutura de concreto em sua configuração original (fase 1) é mostrada na figura 18, extraída da modelagem numérica via SAP2000. Após uma prévia avaliação dos esforços a serem introduzidos na estrutura existente pelo novo balanço determinou-se que a força de protensão a ser aplicada nos pórticos intermedários e de junta de dilatação. Nos pórticos intermediários aplicou-se 192tf, sendo cinco cordoalhas engraxadas com 19.2tf em cada face das vigas invertidas. Nos pórticos de junta de dilatação aplicouse 96tf através de cinco cordoalhas na face oposta á junta. 29 Figura 18 – Momento fletor 2703tfm devido ao peso próprio, sobrecarga e vento na união pilar externo com viga da cobertura (fase 1) A figura 19 mostra as ancoragens passivas na ponta dos pórticos intermediários antes da aplicação dos cabos de protensão. Figura 19 – Ancoragens passivas dos pórticos intermediários 30 A figura 20 mostra as ancoragens ativas dos pórticos intermediários (face externa do Estádio) e as cordoalhas já protendidas. Figura 20 – Cordoalhas de protensão e ancoragens ativas dos pórticos intermediários Após a protensão (fase 2) o momento fletor na união entre pilar externo e viga de cobertura não se altera, pois a protensão ativa está posicionada distante deste ponto da estrutura. Na fase 3, macaqueamento da viga de cobertura ocorre uma redução do momento fletor na união entre viga da cobertura e pilar externo para o valor de 1619tfm, conforme figura 21. 31 Figura 21 – Momento fletor 1619tfm na união pilar externo viga da cobertura após o macaqueamento (fase 3) A figura 22 mostra a estrutura de aço usada para o macaqueamento da viga de cobertura com uma força de 75tf aplicada a 17.4m da extremidade do balanço. Figura 22 – Estrutura usada no macaqueamento da viga de cobertura 32 Os estudos revelaram a necessidade de reforçar o pórtico da estrutura de concreto na união entre pilar externo com viga da cobertura (figura 23) e no pilar externo imediatamente abaixo da viga da arquibancada superior, com uma mão-francesa em aço (figura 24). Figura 23 – Reforço de canto recebendo as treliças sob a laje de concreto . Figura 24 – Mão-francesa em aço sob a arquibancada superior 33 Após a concretagem dos reforços de canto, instalação das mãos francesas, protensão das barras Incotep e instalação das treliças sob a viga de concreto (figura 25) retira-se a estrutura do macaqueamento, passando a funcionar a estrutura integrada (mista). Figura 25 – Treliças instaladas sob a laje Figura 26 – Momento fletor 1701tfm após a concretagem do reforço de canto (em vermelho) e retirada do macaqueamento 34 O momento fletor na união pilar externo com viga de cobertura passou a ser 1701tfm, conforme figura 26. A instalação da estrutura de aço em balanço com 26m de extensão juntamente com a membrana, conduz ao novo momento fletor 1690tfm, conforme mostrado na figura 27. Figura 27 – Momento fletor 1690tfm após a instalação do balanço de 26m O acréscimo da sobrecarga na arquibancada, sobrecarga na membrana e vento produziu um momento fletor de 1690tfm, conforme figura 28. Figura 28 – Momento fletor 1690tfm sob ação de vento e sobrecarga na membrana 35 O momento fletor final após introduzir uma perda de 12% por relaxamento da protensão é mostrado na figura 29. Figura 29 – Momento fletor final 1688tfm após a perda de 12% por relaxação da protensão. O comportamento do ponto analisado da estrutura revela que o ocorreu uma redução do momento fletor do valor inicial de 2703tfm para um valor final de 1688tfm. Já o ponto da viga de cobertura situado no início do reforço de canto apresentou o seguinte comportamento: valor inicial 1654tfm; valor final 1832tfm. As figuras 30 e 31 ilustram esses valores. Esta seção da viga de cobertura foi analisada sob a ação deste acréscimo de esforço e apresentou um coeficiente de segurança superior a 1.4 no estado limite último. Esta seção passou a ser a seção crítica de toda a viga invertida da cobertura. 36 Figura 30 – Momento fletor inicial 1654tfm no início do reforço de canto Figura 31 – Momento fletor final 1832tfm no início do reforço de canto 37 A seqüência construtiva usada no projeto é representada a seguir. Etapa 1: limpeza das juntas de dilatação entre setores. Etapa 2: protensão das vigas de concreto armado invertidas da cobertura 38 Etapa 3: macaqueamento com 75tf das vigas de concreto armado invertidas da cobertura Etapa 4: execução dos reforços de canto, mão-francesa e protensão da barra Incotep 39 Etapa 5: reforço das fundações dos pilares externos (realizada independente das demais etapas) Etapa 6: posicionamento das treliças sobre a arquibancada Etapa 7: instalação das treliças na parte inferior da viga da cobertura 40 Etapa 8: retirada do macaqueamento Etapa 9: montagem do novo balanço de 26m Etapa 10: montagem da membrana e da passarela circunferencial 41 A figura 32 mostra o detalhe de fixação das treliças de junta de dilatação na face das vigas invertidas através de chumbadores químicos que funcionam ao cisalhamento, promovendo a interação entre treliça e concreto. Figura 32 – Insertes das treliças de junta de dilatação A figura 33 mostra o detalhe de fixação das treliças infermediárias na face das vigas invertidas, promovendo a interação entre treliça e concreto. Foram dimensionados um total de oito insertes em cada treliça. Figura 33 – Insertes das treliças de pórticos intermediários 42 3.8- Esforços estáticos provenientes das membranas e sua aplicação na estrutura. A membrana foi dimensionada para os seguintes carregamentos: - vento conforme ensaio em túnel de vento: pressão uniforme 60kgf/m2 (ver figura 34); sucção variável de 67kgf/m2 a 123kgf/m2 (ver figura 35); - peso próprio da membrana (1.2kgf/m2); - sobrecarga aplicada na membrana 25kgf/m2; As combinações de carregamentos usadas foram: Caso 1: peso próprio + pré-tensão na membrana; Caso 2: peso próprio + pré-tensão na membrana + sucção de vento; Caso 3: peso próprio + pré-tensão na membrana + pressão de vento; Caso 4: peso próprio + pré-tensão na membrana + sobrecarga; Caso 5: peso próprio + pré-tensão na membrana + sobrecarga + vento pressão. Figura 34 – Pressão uniforme devida ao vento na membrana de um setor 43 Figura 35 – Sucção variável devida ao vento na membrana de um setor As cargas nodais que os carregamentos de membrana induzem na estrutura tubular foram transformadas em cargas distribuídas aplicadas nas cordas superiores das treliças do contorno de cada setor do estádio. (ver figura 36). Figura 36 – Caso 5 de combinação de carregamentos de membrana aplicados nas treliças 44 3.9- Análise estática da estrutura de aço A estrutura tubular foi analisada respeitando-se a seqüência construtiva descrita nos itens anteriores. A verificação de estabilidade, tensões e deformações foi feita via SAP2000. Os carregamentos aplicados na estrutura foram: - Tapamento em membrana SHEERFILL II-HT with EverClean TIO2 Top Coat: 1.2kgf/m2 - Sobrecarga na membrana e na laje de concreto: 25 kgf/m2 - Vento conforme resultados de ensaios em túnel de vento realizados no LAC/UFRGS - Vento para cima (sucção) na cobertura de concreto: 25kgf/m2 - Vento para baixo (pressão) na cobertura de concreto: 25kgf/m2 - Equipamentos elétricos, som, vídeo, iluminação: 200kgf/m2 aplicado na passarela circunferencial situada na extremidade do balanço de 26m - Dois telões (6m x12m) peso estimado 10000kgf posicionados nos setores 8 e 22. - Guarda-corpo: 20kgf/m nas bordas da passarela radial e da circunferencial. - Sobrecarga na arquibancada: 400kgf/m2 Figura 37 – Visão global de um setor do estádio 45 Figura 38 – Perfis pórtico intermediário – Treliça fora da laje Figura 39 – Perfis pórtico intermediário – Treliça sob a laje Figura 40 – Perfis pórtico junta dilatação – Treliça fora da laje Figura 41 – Perfis pórtico junta dilatação – Treliça sob da laje 46 Figura 42 – Contraventamentos fora da laje Figura 42 – Contraventamentos sob a laje 47 Figura 43 – Aproveitamento das barras via SAP2000 Deslocamentos na extremidade do balanço de concreto: ETAPA U3 (mm) Ui+1 Ui 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 -250 -216 -128 -127 -127 -129 -162 -244 -244 -254 -256 0 34 88 1 0 -2 -33 -82 0 -10 -2 SU+ - SU- = - 6mm Observa-se que a previsão para os deslocamentos verticais indica que a extremidade do balanço de concreto deverá se posicionar 6mm abaixo da posição inicial, quando todas as etapas construtivas forem executadas. 48 4- Bibliografia 1- ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – NB14/2008 (NBR 8800) – Projeto de Estruturas de Aço e de Estruturas Mistas de Aço e Concreto de Edifícios. Rio de Janeiro. 2- ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR6118/2003 – Projeto de Estruturas de Concreto - Procedimento. Rio de Janeiro. 3- ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas – NBR6123/1988 – Forças devidas ao vento em edificações. Rio de Janeiro. 4- AISC – American Institute of Steel Construction – Load and Resistence Factor Design Specification for Structural Steel; Commentary on the AISC LRFD Specification, Chicago, EUA.2 ed. 5- AISC – American Institute of Steel Construction – Specifications for Structural Steel Buildings – ADS – 9th Edition – 1989. 6- BELLEI, Idoni. Edifícios Industriais em Aço, 2ed. Editora Pini, São Paulo. 1998. 7- Cook. N. J. (1990) The designer’s guide to wind loading of building structures. Part 2: Static Structures. (Building Research Establishment). London, UK. 8- D. E. Allen, Building Vibrations from Human Activities, Concrete International, Junho/1990, pp. 66-73. 9- D. E. Allen, J. H. Rainer, G. 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