PVYNcurl:
Evidências de baixa taxa de disseminação em campos de
batata*.
José Alberto Caram de Souza-Dias1; Haiko Enok Sawasaki1; Hilário da Silva Miranda
Filho1; Luiz O.LombardeVillela2; Luciana Mecatti Elias3; Eduardo Prigol Virmond3.
1
3
APTA-Instituto Agronômico Campinas, CP28, 13001-970-Campinas-SP;
2
Cooperbatata, V.G. Sul, SP;
Estudantes Aperfeiçoamento. *Trabalho parcialmente apresentado na forma de pôster no XL Cong.
Brasileiro de Fitopat. Maringá, Agosto, 2007. Fitopat. brasileira 33:S265.
ABSTRACT- PVYNcurl: Evidences of low spreading rate in potato fields.
The new strain of Potato virus Y (PVY): PVYNcurl , has yet been restricted to (a) the region
of Vargem Grande do Sul, SP; (b) cv. Monalisa (as of symptom expression); and (3) seedpotato lots that came from the State of Sta. Catarina. Under natural or experimental
infection, PVYNcurl typical secondary symptoms in cv. Monalisa (severe foliage curliness,
succulent dark-green leaves, small and peanut pod-like tubers) are not seen in cvs. Agata,
Cupido and Atlantic. Aiming to evaluate in loco spreading rate of PVYNcurl, three ‘Monalisa’
fields were studied by growing-on, ELISA, and PCR tests on a tuber progeny of each plant
from 20 within-row plant composition: healthy left-PYNNcurl- healthy right. The results on
number of infected healthy plants were: Field 1: 4 with 2 from a single (same) composition
(fsc); Field 2: 1; and Field 3: 2 plants (fsc). In one field, planted with 3 origins of seedpotato: Imported, G-1 and G-2, the rate of PYNN x PYNNcurl out of 200 plants was: 1x0;
11x8; 19x7, respectively. Although preliminary, these results reveal a low PYNNcurl spatial
and temporal spreading rate, favoring an eradication approach toward rendering further
spread. In addition, for controlling eventual PYNNcurl spread among symptomless cultivars,
plots of ‘Monalisa’ has been advised as a within-the-field bio-monitoring system.
Keywords: Solanum tuberosum; Potato virus Y.
INTRODUÇÃO
PVYNcurl é a denominação utilizada para um novo Potato virus Y (PVY), do grupo
“N” (geradora de necrose em nervura foliar de fumo, Nicotiana tabacum cv. Turkish), a
qual causa sintomas muito distintos de encurvamento foliar, folhas suculentas verdeescuras, tubérculos pequenos semelhantes a conchas de amendoim, especialmente em
cv. Monalisa, como resultado de sintomas primários e secundários, devido à infecção em
campo ou experimental. Nas cvs Agata, Cupido e Atlantic, observa-se, em inoculações
experimentais, apenas um mosaico comum. Esta nova estirpe tem estado restrita à: (a)
região de Vargem Grande do Sul, SP (Casa Branca, Aguaí, SJ.Boa Vista); (b) cv.
Monalisa (quanto à expressão do sintomas, Blatt et al., 2006); e (3) lotes de batatasemente oriundas do Estado de Sta. Catarina (Souza-Dias et al, 2006a,b,c; Sawasaki et
al., 2006).
Desde a primeira observação da nova estirpe de PVYNcurl, em 2005, foram
realizadas estudos para avaliar sua taxa de disseminação. Neste trabalho alguns
resultados preliminares são apresentados e discutidos.
MATERIAL E MÉTODOS
Os testes para identificação de estirpes do PVYN; foram feitos (a) biologicamente,
via inoculação mecânica em plantas testes de Nicotiana tabacum cv. Turkish, sendo
identificada a reação típica de necrose de nervuras e paralisação de crescimento;
(b) imunológicamente, via ELISA para PVYN com anticorpo monoclonal – SASA,
Edinburgh,Scotland; e (c) molecularmente, via PCR com sequenciamento, conforme
Sawasaki et al., 2006a.
A taxa de disseminação do PVYNcurl, em 2005, foi avaliada em três campos
comerciais de Monalisa, localizados na região de batata de Vargem Grande do Sul, SP.
Esses campos mostravam cerca de 20% de plantas com sintomas típicos da expressão
fenotípica e com associação confirmada do PVYNcurl , em sintomas de infecção
secundária. A avaliação da disseminação, com possível influência da planta infectada
(sintomática) mais próxima, foi feita em plantio de amostra de tubérculos progênies/planta,
de 20 posições em que a seguinte disposição de plantas foi localizada numa mesma rua
dentro do campo: Aparentemente sadia (à esquerda) – PVYNcurl sintomática (no centro) Aparentemente sadia (à direita).
Em 2006, a disseminação do PVYNcurl
foi avaliada em
uma propriedade da
Fazenda Castelinho, em Vargem Grande do Sul, SP, onde não houve erradicação de
plantas sintomáticas. A avaliação foi feita distinguindo-se a geração de batata-semente:
Importada (Holanda); G1 (2005-semente importada); e “do produtor” G2 (2005-G1). Pôdese nesses campos também distinguir a taxa de PVYNcurl versus a de PVYN (sintoma de
mosaico comum,
em plantas de batata com bom desenvolvimento e clorose apical,
porem sem queda de folhas, nem necroses de nervuras; casos esses confirmados para
PVY grupo “N” bio e imunológicamente)..
Em 2007, numa plantação da cv. Monalisa , classe G2 , Fazenda Castelinho,
Vargem Grande do Sul-SP), com 70 dias de plantio (batata-semente “do produtor”, 2006-
G1), foi avaliada somente para PVYNcurl, não sendo possível a identificação de mosaico
comum devido ao estádio fisiológico das plantas em início de senescência.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
O resultados de 2005 sobre o número de composições (20 para cada campo) em
que planta sadia ao lado direito ou esquerdo de planta central infectada por PVYNcurl
(Fig.1) mostraram sintomas típicos de encrespamento severo, tendo a identidade do
PVYNcurl confirmada molecularmente (Fig.2), foram: Campo 1: 4, com 2 de uma mesma
composição (mc); Campo 2: 1; e Campo 3: 2 plantas (mc).
Em campos avaliados em 2006, onde 3 origens diferentes de batatas-semente
foram consideradas,: Importada (Holanda); G1 (2005-semente importada); e “do produtor”
G2 (2005-G1), sendo feita distinção de dois tipos de sintomas do mosaico:
encrespamento x comum, a taxa (%) de PYNN x PVYNcurl em 200 plantas foram: 1x0;
11x8 ; 19x7, respectivamente.
A evolução de PVYNcurl em 2007, avaliada em um campo plantado com batatasemente “do produtor” 2006-G1, revelou 9 e 11% em duas leituras visuais de 500 plantas
cada; representando a quantidade total de um campo de 10 ha. Esta porcentagem
corresponde a uma média de 9,5% PVYNcurl , o que significa somente 1,5% de evolução
(disseminação) da estirpe quando comparada a 8% de 2006-G1.
Figura 1. – Vista das amostras de
tubérculos progênies colhidos de uma
posição em campo para as avaliações
da disseminação do PVYN-curl. Em
2005,
20
posições
com
essa
composição seqüencial numa rua
dentro do campo: Aparentemente sadia
(à esquerda) – PVYNcurl sintomática
(no centro) - Aparentemente sadia (à
direita), foram selecionadas e avaliadas
Figura 2. Perfil de RT-PCR de plantas
de batata usando os primers N/F e R/F
de Boonham et al (2002). 1= infectada
com PVYO; 2, 3, 4 e 5 coletadas com
sintomas de PVYN-curl; 6 e 7
infectadas com PVYNTN; CN= controle
negativo;
P= padrão 100pb
Figura 3. .Planta de ‘Monalisa’
mostrando sintomas secundários de
PVYNcurl : Encurvamento foliar e
redução no tamanho e má-formação de
tubérculos, levando à auto erradicação
no caso de perpetuação pelo tubérculo
progênie de planta infectada em
gerações anteriores .
CONCLUSÕES
Os resultados desses estudos da disseminação do PVYNcurl demonstram que: (1)
Foi relativamente baixa em todos os 3 anos observados. Evoluiu em apenas 1,5% da
batata-semente “do produtor”: 2006-G1 = 8% para 2007-G2 = 9,5%; (2) Comparada à
disseminação da estirpe comum PYNN, apresentou em 2006, 1, 4 e 12 % a menos; (3)
Carece de levantamento (ciclo de hospedeiras) em outras áreas onde a cv. Monalisa vem
sendo plantada, particularmente no Estado de Santa Catarina.
Resultados não apresentados neste estudo permitem apontar como possível fator
de baixa disseminação da estirpe PVYNcurl em batatal, o reduzido porte foliar, retorcido e
com folíolos suculentos (tipo begônia), ficando menos exposta pela cobertura das
folhagens das vizinhas sadias e apresentando 20 a 30% de falha (auto erradicação) na
emergência de tubérculo-semente progênie de planta infectadas com PVYNcurl. do que
de planta infectada com PYNN ; 4- A baixa produtividade e disseminação do PVYNcurl
pode favorecer a ação fitossanitária de erradição (Fig.3). Assim sendo, ‘Monalisa’ poderia
ter um importante papel de bio-monitonitoramento da disseminação de PVYNcurl entre
cultivares assintomáticas como Agata, Cupido e Atlantic.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BLATT, SF.; MIRANDA FO, HS.; SOUZA-DIAS, JAC. 2006. Encrespamento da batata 2:
Sintomatologia. Summa Phytopathologica. 32:S78-S79.
SAWASAKI, HE; SOUZA-DIAS, JAC; MIRANDA FO, HS. 2006. Caracterização de uma putativa
nova variante do Potato vírus Y causadora de encrespamento (PVYNcurl) na batata
(S.tuberosum cv Monalisa). Fitopatologia Bras. 31:s342.
SOUZA-DIAS, JAC; MIRANDA FO.; BLATT, SF; FUGI, CQ; RODRIGUES, LMR.; OLIVEIRA, FH.
2006a. Encrespamento da batata ‘Monalisa’ –1: Observações iniciais da ocorrência e
incidência na região de Casa Branca, SP.Summa Phytopathologica 32: S95
SOUZA-DIAS, JAC; SAWAZAKI, HE; BEDENDO, I.; KITAJIMA EW;, OLIVEIRA, F.H MIRANDA
FO. HS. 2006b. Encrespamento da batata ‘Monalisa’ –2: Um possível novo PVYN na região
de casa branca, SP. Summa Phytopathologica 32: S95-96
SOUZA-DIAS, JAC; KITAJIMA, EW; SAWAZAKI, HE; REZENDE, JAM; MIRANDA FO, HS. 2006c.
Observações adicionais sobre o Potato vírus Y (PVY) do encrespamento severo em plantas de
batata Monalisa na região de Casa Branca. Fitopat. Bras., 31:s342.
AGRADECIMENTOS
Agradecemos a FUNDAG pelo apoio financeiro (Projeto 13-Bintje)
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PVYNcurl: evidences of low spreading rate in potato fields