COLETA, TRANSPORTE E PROCESSAMENTO
DE AMOSTRAS CLÍNICAS NO LABORATÓRIO DE
MICROBIOLOGIA:
ÊNFASE EM SECREÇÕES
Profa. Cláudia de Mendonça Souza
Depto Patologia
Faculdade de Medicina
UFF
INTRODUÇÃO
1. QUAL O TEMPO MÁXIMO PERMITIDO
ENTRE A COLETA E O PROCESSAMENTO
INICIAL DE MATERIAIS COLETADOS
PARA EXAMES MICROBIOLÓGICOS?
A definição do tempo máximo permitido entre a
coleta e o processamento de um determinado
material clínico é um fator importante para um
resultado confiável do exame.
A temperatura
importante.
de
transporte
é
outro
fator
A higiene e/ou anti-sepsia (álcool e iodo) do local
da coleta também interfere no resultado do exame.
Amostras de secreções do trato respiratório
inferior, entre outras, são consideradas de
urgência e devem ser processadas o mais rápido
possível.
INTRODUÇÃO
2. Quais importância da
refrigeração de materiais clínicos
após a coleta?
 Temperatura ambiente (TA) para o transporte e
armazenamento de amostras é de 25oC
Reavaliar
conceito de TA, pois no Brasil, na maior parte do ano, a TA
pode ultrapassar esse valor.
 Estudos recentes mostram que a viabilidade de bactérias
fastidiosas transportadas em swabs com meio de
transporte, foi melhor quando os swabs foram
armazenados refrigerados.
 A refrigeração da amostra tem como finalidade manter a
viabilidade do agente a ser pesquisado e não permitir a
multiplicação de bactérias que fazem parte da microbiota
do sítio de onde a amostra foi coletada.
 Exceções: líquor.
INTRODUÇÃO
3. O uso de swabs com meio de
transporte para coleta de materiais
clínicos pode ser utilizado em que
situações?
A coleta apropriada e um sistema de transporte
eficiente são as etapas mais críticas da fase préanalítica do exame microbiológico.
Vários trabalhos mostram que a coleta de materiais
clínicos através de swabs é menos adequada do
que aquela por aspiração (por exemplo: infecção
por anaeróbios).
Swab com meio de transporte pode ser utilizado
para: secreções do trato genital, trato respiratório
superior (orofaringe, nasofaringe), secreção ocular
e do trato digestório (ânus e reto).
 Não deve ser utilizado para secreções de feridas.
INTRODUÇÃO
4. Qual a sequência correta de
semeadura de um material clínico
nos diferentes meios de cultura?
 O processamento do material clínico no Laboratório de
Microbiologia envolve dois principais exames: confecção de
esfregaço corado pelo Gram e semeadura em meios de cultura.
 Os meios de cultura são classificados basicamente em meios
seletivos e não-seletivos (ricos), de acordo com sua
composição.
 Os meios ricos são livres de agentes inibidores e permitem o
crescimento da maioria dos microrganismos mais frequentes.
 Os meios seletivos já possuem agentes inibitórios
(antibióticos, corantes, sais biliares, etc) favorecendo o
crescimento de alguns microrganismos e inibindo o de outros.
 A semeadura deve ser realizada primeiramente no meio rico,
seguido do meio seletivo.
 Realizar o esfregaço para bacterioscopia, após inoculação no
meio (se o material tiver sido coletado por swab).
MEIOS DE CULTURA
Agar sangue
Agar CLED
Agar MacConkey
Agar SS
INTRODUÇÃO
5. Quais as causas mais comuns de
rejeição de amostras
clínicas no laboratório de microbiologia?
 Amostras que foram coletadas ou transportadas sem as
condições adequadas não devem ser aceitas, pois a
qualidade do resultado pode ser prejudicada.
COLETA DE SECREÇÕES
COLETA DE SECREÇÕES
ABSCESSOS
 Lesão aberta:
 Remover exsudato superficial, limpando com solução
fisiológica estéril, as margens e a superfície da lesão.
 Coletar a amostra na parte mais profunda da lesão,
utilizando de preferência, seringa e agulha. Ou, swab
com meio de transporte.
COLETA DE SECREÇÕES
ABSCESSOS
 Abscesso fechado e nódulos:
 Não usar swab .
 Fazer anti-sepsia;
fisiológica estéril.
limpar
com
solução
 Aspirar o exsudato com agulha e seringa (meio
de transporte para anaeróbios).
Quando for solicitada bacterioscopia e
cultura é recomendado coletar dois swabs:
um para o esfregaço corado pelo Gram e o
outro, para a cultura, que deve ser
colocado em meio de transporte.
Bacilos Gram negativos
Cocos Gram positivos
COLETA DE SECREÇÕES
ÚLCERA DE DECÚBITO (ESCARAS)
 Limpar
a
superfície
com
salina
estéril.
Se possível, biopsiar (meio de transporte para
anaeróbios); se não, aspirar com seringa e
agulha; em último caso, colher com "swab" e
colocar em meio de transporte (Stuart).
COLETA DE SECREÇÕES
SECREÇÃO OCULAR
 Conjuntiva: colher de ambos os olhos com
"swabs" umedecidos em salina ou caldo; semear
imediatamente em agar sangue e agar chocolate, ou
transportar em Stuart; passar os "swabs" já
semeados em lâminas.
Transporte:
placas <15 min, Tº ambiente
"swabs" <2 h, Tº ambiente
COLETA DE SECREÇÕES
SECREÇÔES GENITAIS FEMININAS
 Bartholin: desinfetar a pele com iodo;
aspirar o fluido e inocular em meio de transporte.
 Cérvix: Após limpeza do muco/secreção com um
"swab", colher com outro “swab” material do canal
cervical, e incluir em meio de transporte.
 Secreção vaginal: limpar o excesso de secreção,
colher com "swab", e colocar em meio de transporte
(Stuart). Um segundo "swab“ deve ser colhido e
passado em lâmina, para pesquisa de Gardnerella
vaginalis.
COLETA DE SECREÇÕES
SECREÇÔES GENITAIS MASCULINAS
 Próstata: tubo seco, estéril, após massagem
prostática.
 Uretra: "swab" urogenital no lúmen uretral (2-4 cm
profundidade), rotativamente, colocando em meio de
transporte Stuart.
LESÃO ULCERADA MASCULINA OU FEMININA
 Colher com "swab", após limpeza e colocar em
meio de transporte (Stuart).
PROCESSAMENTO DE
SECREÇÕES
PROCESSAMENTO
 Swab sem meio de transporte:
 Suspender a amostra em volume pequeno de caldo
TSB ou solução fisiológica estéril e homogeneizar.
 Utilizar a solução para inocular nos meios e fazer
lâmina para o Gram.
 Semear por esgotamento.
 Swab com meio de transporte:
 Rolar o swab numa parte do meio e semear por
esgotamento.
PROCESSAMENTO
 Seringa
 Inocular diretamente nos meios de cultura
sólidos (esgotamento) e em caldo THIO ou
frasco de hemocultura.
COLETA DE SECREÇÕES
SECREÇÕES TRATO RESPIRATÓRIO SUPERIOR
Secreção de orofaringe
CULTURA EM AGAR SANGUE:
Streptococcus pyogenes
 GRAM NÃO É REALIZADO A
PARTIR DO MATERIAL CLÍNICO
Coleta de Secreções - TRI
O broncoscópio de fibra óptica flexível é
introduzido através da traquéia até o bronquíolos.
Possui quatro canais que consistem em dois, que
servem para iluminar, um de observação e um canal
aberto que acomoda instrumentos ou permite a
administração de anestésico ou oxigênio.
Lavado broncoalveolar: são injetados
aproximadamente
100mL
de
solução
fisiológica estéril através do canal aberto.
Após 3 a 5 minutos, é recuperado, por
aspiração, no mínimo, 40% do volume
injetado. Este pode ser coletado em dois ou
mais frascos estéreis.
Escovado brônquico: A escova é enviada
para análise dentro de um tubo contendo
1mL
de
solução
fisiológica
estéril,
imediatamente após a colheita.
PROCESSAMENTO
SECREÇÕES TRATO RESPIRATÓRIO INFERIOR - TRI
• Lavado broncoalveolar
• Escovado
• Aspirado traqueal
Cultura quantitativa!!
• Escarro – Análise da qualidade da amostra (GRAM)
• Biópsia pulmonar
• Materiais não aceitáveis:
- Saliva
- Escarro colhido durante 24 horas
- Swabs
Coleta de Secreções - TRI
• Escarro – Gram para avaliação da qualidade da amostra
Amostra adequada
Amostra inadequada
 Amostra de boa qualidade:
● >25 polimorfonucleares e <10 células descamativas, por
campo no aumento de 100 x (Murray & Washington, 1975)
PROCESSAMENTO: CULTURAS QUANTITATIVAS
 Uso
de Alça Calibrada.
 Critérios de Interpretação:
 Escovado Protegido:  103 UFC/mL
 Lavado Bronco-alveolar (LBA):  104 UFC/mL
 Aspirado Traqueal:  106 UFC/mL