ELOGIOS QUE CURAM E CRÍTICAS QUE ADOECEM
Quantas ideias fantásticas, sonhos não realizados, projetos sequer iniciados,
impedidos de nascer ou nascidos natimortos, simplesmente pelo temor de uma
observação maldosa, de um cerceamento, de uma crítica gratuita?
Domingos Pascoal*
RESUMO
O estrago que uma crítica ácida pode fazer com a autoestima de uma pessoa é
incalculável. No entanto, olhando pelo mesmo viés, o bem que uma validação
sincera poderá operar na autoestima dessa mesma pessoa é, também, inumerável.
A escolha é sempre daquele que, tendo o poder, age de forma sensata,
influenciando positivamente, construindo com seu “mel”, sua boa vontade e sua
compreensão; ou violentamente destruindo com o seu fel — com a sua
“autossuficiência” destrutiva — a intenção, o sonho ou os propósitos de outro.
Quantas ideias fantásticas, sonhos não realizados, projetos sequer iniciados,
impedidos de nascer ou nascidos natimortos, simplesmente pelo temor de uma
observação maldosa, de um cerceamento, de uma crítica gratuita! E, às vezes, há
quem diga que existe uma crítica imune a esta depreciação que ora falo. Afirmam
tratar-se, em alguns casos, de “crítica construtiva”.
PALAVRAS-CHAVE: Críticas. Elogios.
O estrago que uma critica ácida pode fazer com a autoestima de uma
pessoa é incalculável. No entanto, olhando pelo mesmo viés, o bem que uma
validação sincera poderá operar na autoestima dessa mesma pessoa é, também,
inumerável.
A escolha é sempre daquele que, tendo o poder, age de forma sensata,
influenciando positivamente, construindo com seu “mel”, sua boa vontade e sua
*
Advogado, jornalista, membro da Academia Sergipana de Letras, articulista da Revista Perfil e do
Portal Infonet, membro do Conselho de Ética da OAB/SE. Formado em Direito pela Universidade de
Fortaleza (Unifor). É também formado em Filosofia e pós-graduado em Gestão de Pessoas.
compreensão; ou violentamente destruindo com o seu fel — com a sua
“autossuficiência” destrutiva — a intenção, o sonho ou os propósitos de outro.
Quantas ideias fantásticas, sonhos não realizados, projetos sequer
iniciados, impedidos de nascer ou nascidos natimortos, simplesmente pelo temor de
uma observação maldosa, de um cerceamento, de uma crítica gratuita! E, às vezes,
há quem diga que existe uma crítica imune a esta depreciação que ora falo. Afirmam
tratar-se, em alguns casos, de “crítica construtiva”.
Pense bem, para não fazer um juízo equivocado: você já viu uma crítica
que não magoasse? Ela só será construtiva se houver muita boa vontade do
criticado em assim entender, isto, convenhamos, é muito difícil. Crítica ou “crítica
construtiva”, ou como queiram chamar, é uma apreciação desfavorável. É apontar
falhas, censurar, avaliar pelo lado contrário, é julgar, é estar em crise. Logo, não é
agradável. Ninguém gosta de ser contestado, em suas ações, por isso, logo surge a
defesa.
O resultado, às vezes, é logo percebido. Noutras oportunidades e,
dependendo da situação, são destruidoras de sementes plantadas que só medrarão
num futuro. Porém, em ambos os casos, é sempre decisivo para o sucesso ou o
fracasso, para o bem ou para o mal, para a pobreza ou para a riqueza, para a fé ou
para a desilusão, para cima ou para baixo.
Mas atenção! Como é prejudicial a crítica desmesurada, assim também, o
elogio irresponsável, em excesso, não constrói. Pesquisas revelam que pessoas que
vivem sob o império da crítica, do cerceio e da sujeição tendem a desenvolver
padrões de comportamentos de incapacidade para decidir, de dependência dos
outros para realizar, de submissão por medo de errar. Normalmente são pessoas
frágeis, preocupadas em demasia e carentes.
Por outro lado, os superelogiados, via de regra, desenvolvem uma
irresponsável autossuficiência, são prepotentes, arrogantes e têm muita dificuldade
nos relacionamentos, pois não gostam de obedecer às normas e à ética dos
relacionamentos, tornando-se pessoas de difícil trato.
O ideal seria que tudo obedecesse sempre a um equilíbrio, apontando, no
entanto, para a transcendência na busca do sonho, do novo, do bom, do belo e do
útil para todos. Ou seja, a busca da construção, e nunca da destruição; do elogio
responsável, mas nunca da crítica destrutiva; do enaltecimento, todavia nunca da
recriminação; da valorização, porém nunca da depreciação.
Com toda a isenção, sobretudo, de autocrítica, pensem comigo: existe a
censura construtiva?
Aquela que edifica, transforma para melhor, para maior, para cima? Será
que a crítica, mesmo a considerada “crítica construtiva”, constrói?
Antes de dar a sua opinião, faça uma avaliação criteriosa, isenta, sem
unilateralismo. Avalie com calma, não responda por responder. O que realmente
constrói: crítica ácida ou elogio sincero?
Para não correr o risco do elogio irresponsável nem da crítica destrutiva,
seria ideal pensar bem na hora de fazer certas observações e procurar ver mais o
lado bom daquilo ou daquele que, naquele instante, está a carecer de nossas
observações, extraindo, em primeiro lugar, o que há de melhor, elevando as virtudes
e, se possível, minimizando, dentro da ordem de prioridades, os defeitos. Pois,
muitas vezes, tais distorções em nada contribuem ou interferem no todo.
Portanto, para que se importar com as críticas? Por que e para que
criticar inconsequentemente as pessoas?
A lei de ouro do comportamento é o equilíbrio.
No entanto, se não tiver jeito e você achar que é necessário criticar, pois
assim agindo estará colaborando para o engrandecimento do outro, seja caridoso e
pratique outra regra de ouro: elogie em público e critique em particular. Não se
esqueça: críticas adoecem, elogios curam.
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