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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
“UM PROJETO EDUCACIONAL SOBRE OS REFLEXOS DAS
FORMAS DA ARTE NAS FORMAS DA MODA DO SÉCULO
XX.”
Por: Josiane da Costa Mattos
Orientador
Prof. Nilson Guedes de Freitas
Rio de Janeiro
2005
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
“UM PROJETO EDUCACIONAL SOBRE OS REFLEXOS DAS
FORMAS DA ARTE NAS FORMAS DA MODA DO SÉCULO
XX.”
Apresentação
de
monografia
à
Universidade Candido Mendes, como condição
prévia para a conclusão do Curso de PósGraduação “Lato Sensu” em Docência do Ensino
Superior. São os objetivos da monografia perante
o curso, e não os objetivos do aluno, estabelecer
um paralelo dos vários momentos em que há o
compartilhamento de formas e idéias entre a
criação artística e a criação estilística do século
XX.
Por: Josiane da Costa Mattos
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a
Deus por me
abençoar com o dom de amar e por
ser amada por ele.
4
DEDICATÓRIA
Dedico esta monografia ao
meu querido filho Lucas, que tanta
paciência demonstrou por não dispor
de minha companhia em todos os
sábados do ano. À minha querida
amiga Paula Acioli, cujo carinho e
atenção pouparam desta
pesquisa
várias lacunas. E à minha querida
amiga Adriana, que tantas vezes
acolheu meu filho nas noites de
sexta-feira.
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RESUMO
Estabelecendo um paralelo dos vários momentos em que há o
compartilhamento de formas e idéias entre a criação artística e a criação
estilística e, de como essa inspiração ocorreu, esta pesquisa busca
implementar o estudo da História da Arte aos cursos superiores de formação
de Estilistas de Moda, mais especificamente aos Currículos das Escolas
Superiores Particulares de Moda do Rio de Janeiro, usando como
metodologia a pesquisa bibliográfica. Serão citados nessa pesquisa os
principais movimentos artísticos e os grandes estilistas do século XX.
Arte; criação; referências; história; estilo.
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METODOLOGIA
Esta pesquisa teve como método de coleta de dados uma extensa
pesquisa bilbliográfica em História da Arte e História da Moda, para
justamente identificar, ao compilar as informações conseguidas, os vários
episódios vividos em conjunto entre artistas plásticos e estilistas de moda.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
08
CAPÍTULO I - O início do século e sua efervescência cultural
11
CAPÍTULO II - As guerras mundiais e seu legado artístico e sócio-cultural 19
CAPÍTULO III – O pós-guerra
28
CAPÍTULO IV – O império jovem
33
CONCLUSÃO
42
ANEXOS
44
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
58
ÍNDICE
59
FOLHA DE AVALIAÇÃO
63
8
INTRODUÇÃO
O artista não se baseia apenas em sua experiência pessoal para criar.
Sua arte reflete também todo um momento histórico, todo um movimento
social e todo aspecto econômico por que passa a sociedade.
A Arte dificilmente se encontra dissociada de seu berço social e
histórico. O artista é fruto do meio. E, por conseguinte, sua expressão
artística e sua criação, são fruto de sua força psíquica, física e sócio-cultural,
enfim, de sua identificação, ou não, com o meio que o cerca.
Para se comprender os acontecimentos que levaram os artistas de
cada época à elaboração de seus trabalhos, deve-se partir do pressuposto
que a Arte imita, ou procura retratar a vida ao seu redor. A Arte se inspira e
se alimenta dos acontecimentos históricos que compõem a essência da
evolução humana.
Assim como a Arte se espelha na realidade sócio-cultural da
humanidade num dado momento, ou em toda sua extensão, a Moda busca
na Arte sua incessante fonte de inspiração, traduzindo toda essa informação
em forma de indumentária, comportamento e tendências.
As formas da Arte sempre influenciaram as criações dos vários
estilistas do Século XX e dos dias atuais.
Durante o Século XX múltiplas ações e movimentos
provam o
interesse recíproco entre os mundos da Arte e da Moda, como bem
exemplifica Florence Müller:
“Afinidades observadas visualmente: repensar
a vida por meio do vestuário; imprimir alma à indústria,
enfim,
empregar
o
vestuário
como
suporte
da
expressão artística. Vestuário como identidade social.
Para cada época, seus artistas ou estilistas criarão a
expressão
de
uma
ideologia
ou
crítica
dessa
sociedade.” ( Müller, Florence – ARTE E MODA – São
Paulo: Cosac & Naify Edições, 2002, p. 22)
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A Moda transfere a Arte para o vestir. Torna possível à sociedade verse refletida em sua própria realidade, tão bem emoldura pelos criadores da
Arte.
O foco desta pesquisa está justamente na necessidade premente do
ensino da História da Arte, e de seus vínvulos com a própria história
humana, nos cursos superiores de Moda.
Como tornar o criador, o trabalhador do ramo da Moda, alguém
presente e integrado à sua realidade histórica, senão atendo-o ao legado
cultural de sua comunidade, de seu povo, de seu país?
Baseando-se em fatos históricos que impeliram a Arte a evoluir seu
padrões e mudar seus paradigmas, encontra-se o elo entre a Moda e sua
eficaz capacidade de traduzir tais eventos em suas criações.
A pesquisa tem como objetivo geral estabelecer um paralelo dos
vários momentos em que há o compartilhamento de formas e idéias entre a
criação artística e a criação estilística. Como essa inspiração ocorreu, e
ocorre.
Então, como implementar o estudo da História da Arte aos cursos
superiores de formação de Estilistas de Moda? A pesquisa quer provar,
usando como metodologia uma extensa pesquisa bibliográfica, que a
adoção do ensino de História da Arte no currículo regular das faculdades de
formação de estilistas, mais especificamente nos Currículos das Escolas
Superiores Particulares de Moda do Rio de Janeiro, conforme a delimitação
adotada, traria como consequência, maior clareza de informações artísticas
e culturais aos criadores de moda, dando a estes profissionais condições de
traçar um paralelo entre sua criação e a linguagem artística que expressa as
necessidades da sociedade atual.
Dessa forma no primeiro capítulo: “O início do Século e sua
efervescência cultural”, será enumerada a multiplicação de ações e
movimentos que provam o interesse recíproco entre os mundos da Arte e da
Moda neste período.
A seguir, no segundo capítulo: “As guerras mundiais e seu legado
artístico e sócio-cultural”, serão analisados o inconformismo e a rebeldia
artística com a imensa destruição causada pela insanidade das guerras.
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Destacando as consequências da Incomunicabilidade e enumerarando os
reflexos imediatos da penúria econômica e social nos movimentos artísticos
e no cotidiano das populações, assim como em sua indumentária. Mostrar
que, assim como a Arte, a Moda retrata um projeto de vida interrompido e
prejudicado, um lapso.
No terceiro capítulo: “O pós-guerra”, será feito um retrato da euforia
com a constatação do poder de recomeço, de reconstrução e revigoramento
da sociedade civil, evidenciando o que ocorre, culturalmente, com o
restabelecimento da comunicação entre a Europa e resto do mundo e a
enorme influência do estilo americano, depois da libertação pelos Aliados,
em toda a Europa. Mostrando também como se deu o renascimento da
indústria de roupas, à partir dos novos conceitos de prático e moderno.
E finalmente no quarto capítulo: “O império jovem”, será destacado
como o crescimento econômico fez surgir uma nova entidade chamada
juventude, dotada de poder de compra e do poder de propagar idéias que
lhe são próprias, como filhos legítimos do baby boom, evidenciando a
estreita ligação entre os movimentos artísticos e a moda desta época e
retratando como essa influência segue até os dias de hoje.
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1. O início do Século e sua efervescência cultural.
O período entre os anos de 1900 a 1914 foi conhecido, na França,
como La Belle Époque (A Bela Época). Foi marcado pela ostentação, pelo
luxo e pela extravagância da classe rica. Um período também de muita
criatividade nas artes, na decoração e na indumentária. Apesar de todo luxo
que as classes mais abastadas estavam acostumadas a consumir, há um
pensamento inovador por estes tempos, um frescor que inviabiliza qualquer
possibilidade de estagnação criativa.
“Mesmo
recém
nascida,
a
Belle
Époque,
cuidadosamente separada das classes inferiores vive
suas últimas horas de glória.” (BAUDOT, 2002, p. 32)
A indumentária da época primava por seu aspecto ornamental, mas a
necessidade de democratizar as artes, o design e as vestimentas, são a
verdadeira mola mestra, não só desse início de século, como também viria a
ser a maior característica de todo o século XX. Este é um século de
transformações nunca antes experimentadas. É ímpar pela quantidade de
mudanças e experimentos em pintura, escultura, decoração, moda e design.
Tudo isso moldado por uma motivação maior: a individualidade.
A arte deste período tem toda sua motivação voltada para a pessoa
humana.
Desde a Revolução Francesa (1789) já houvera o primeiro
rompimento com a tradição. Desde então, os artistas sentiram que os temas
aceitos para obras de arte, como a história, a religião e a mitologia, não
faziam necessariamente parte de suas vidas e das experiências que queriam
expressar em seus trabalhos. Eles queriam pintar tudo aquilo que os
agradava e este é o princípio do pensamento libertário que deu início a arte
moderna.
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Ao se preocupar com sua individualidade, com sua marca, e não com
o tema a ser retratado, o artista assume uma postura que rompe
definitivamente com o academicismo dos séculos anteriores e se insere num
novo contexto de visão de obra de arte. Muitos artistas compartilharam
desses novos ideais, e acabaram por criar a marca do criador, a essência de
uma representação única.
Mesmo que este artista aceitasse um tema pré-estabelecido para seu
trabalho, este poderia, certamente, conter sua própria interpretação deste
mesmo tema. Poderia sublinhar um determinado aspecto, exagerando-o,
como fez Goya. Poderia usar a cor esperada para aquele tema, ou empregar
uma cor inteiramente inesperada, cujo significado estaria diretamente ligado
ao que bem aprouvesse ao artista, como fez Van Gogh. Poderia realizar
experimentos científicos com a cor, com fez Seurat. Poderia tomar partes de
uma paisagem, ou de uma natureza morta, tal como são vistas pelo olho em
movimento, e recombiná-las numa só composição, como fez Cézanne.
Ou poderia, ainda, fragmentar o tema e voltar a juntá-lo de maneira
inusitada, como fizeram os cubistas.
Apresentariam a imagem distorcida por seus próprios sentimentos,
como tão bem o fizeram os expressionistas, ou quase abandonar o tema
reconhecível, como fez Kandinsky, ao preencher o espaço do quadro com
cores e sugestões de objetos, para expressar sentimentos e sensações.
Estas não eram, é claro, idéias inteiramente novas, mas os artistas do
século XX adotaram, consciente e deliberadamente, elementos singulares,
que por eles foram descobertos e elaborados, como o princípio fundamental
de sua arte.
Não necessariamente, todos os artistas pertenceram a movimentos
de caráter individual. Há, portanto, muitos exemplos de pintura, escultura e
arquitetura em estilos tradicionais. Alguns artistas tão somente aproveitaram
dos movimentos aquilo que queriam, gerando muitos tipos de arte no século
XX. Se não soubermos de onde vieram as idéias de um artista, teremos
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deficuldades em saber o que ele pretende dizer com sua criação, e por que
escolheu determinada técnica.
Esta é a essência dos movimentos artísticos do século XX. O artista
como alguém presente em seu próprio mundo de sensações e necessidades
e, ao mesmo tempo, amplamente inserido no contexto social e político de
sua época.
1.1. Os Movimentos
A seguir a multiplicação de ações e movimentos artísticos do início do
século XX que atestam o interesse recíproco entre os mundos da Arte e da
Moda neste período.
O Art Nouveau caracteriza-se por linhas curvas graciosas e
exageradas espirais inspiradas na natureza, traços alongados e linhas que
se entrelaçam com ramagens e flores. É também conhecido como estilo
floral e recebe, ainda, forte influência da arte oriental.
O Cubismo busca um tratamento particular do tema, numa forma de
o fragmentar e analisar, justapondo as partes de diferentes maneiras,
simplificando o tema a fim de relacioná-lo mais intensamente com o espaço
a sua volta. Busca um modo de abolir a pintura de um tema enquanto ilusão.
Mesmo sem finalidade precisa, este movimento desfez quase todos
os tabus e tradições da arte ocidental, dando aos artistas a liberdade, e a
insegurança, de pintar sem regras. Seus ícones foram: Pablo Picasso,
Georges Braque, também Juan Gris, Robert Delaunay e Fernand Léger.
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O Fauvismo foi idealizado por um pequeno grupo de pintores que
trabalhavam em Paris, no começo do século. Foram assim intitulados
(fauves=feras) após sua exposição no Salão de 1905. O líder deste grupo foi
Henri Matisse e dentre os demais membros estavam Derain, Vlaminck, Dufy
e Braque. Sua principal característica era o emprego da cor, mais do que da
luz e da sombra para sugerir espaço.
No Expressionismo os estados mentais se tornam o tema principal e
são representados de forma veemente, entretanto são temas pessoais
demais. O quadro que bem exemplifica este movimento é “O Grito” de
Edvard Munch.
Algo desta tendência já existia no Art Nouveau, na sua forte tônica
nas linhas tortuosas, retorcidas e espiraladas. Talvez não pela mesma
inspiração por estados mentais, mas certamente não somente por mera
intenção decorativa.
O Die Brücke (1905), um movimento iniciado por quatro estudantes
de arquitetura, tentava ligar o passado ao futuro. Os artistas usavam os
temas de seus quadros para expressar seus próprios e intensos
sentimentos, numa certa distorção. O quadro “Cinco Mulheres na Rua”, de
Ernest Ludwig Kirchner, ilustra bem esta intenção, ao retratar cinco mulheres
vestidas com roupas caras, olhando vitrines, mas numa atmosfera
intensamente mórbida.
A Secessão de Viena, fundada por Gustav Klimt, tenta buscar a
interação da arte com a vida. Compartilhando destes ideais temos Egon
Schiele, um grande admirador de Klimt, para quem a pintura deveria mostrar
a verdade.
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Em 1903, Moser e Hoffman, montam a oficina de artes e ofícios
“Wiener Werkstätte”, baseada em simplicidade e unidade de estilo, seguindo
os passos do inglês William Morris, criador do movimento “Arts and
Crafts”, cuja regra era a de que todas as artes aplicadas deveriam ser
julgadas pelos mesmos padrões da pintura e da escultura. Moser desenhou
vestidos e Hoffman criou jóias para a esposa do maestro da Ópera de Viena.
O Futurismo surgiu na Itália, entre 1909 e 1916. Foi liderado por
Fillipo Marinetti. Dentre seus principais artistas estão Giacomo Balla,
Umberto Boccioni, Gino Severine. Foram contemporâneos dos Cubistas, na
França. Viam a Itália como um país aprisionado a um passado de glórias e
precisando dar um passo adiante. Seu desejo era o de juntar a cultura
européia ao glorioso mundo novo da tecnologia moderna. Negar o passado.
Buscar fundamentalmente o dinamismo (juventude, máquinas, movimento,
energia, velocidade). Sua maior contribuição foi a idéia de “simultaneidade” ,
ou seja, reunir num quadro coisas que acontecem sumultameamente, como
som, luz e movimento.
Então, por volta de 1910, o movimento moderno havia se propagado
por toda a Europa. Com as facilidades para se viajar e se comunicar, houve
uma superposição de movimentos e idéias. O maior exemplo disso está no
quadro de Marcel Duchamp, “Nu descendo uma escada” (exposto em 1903,
em Nova York), em que o tratamento dado à figura é cubista, a preocupação
com o movimento é futurista e o todo lembra uma exposição fotográfica
múltipla.
Então, Vassíli Kandinsky “inventa” o Abstracionismo. Ele participou
do segundo movimento expressionista alemão. Pintou “Cossacos” em 1910,
onde ainda é possível perceber-se algumas formas reconhecíveis. O quadro
é uma “paisagem” de sensações, segundo a crítica. De volta à Rússia (1914)
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ele conhece o Raionismo, pintura abstrata desenvolvida por artistas russos
desde 1911, inspirada em diferentes fontes, dentre elas o Cubismo e o
Futurismo. A pintura abstrata de Kandinsky se originou do Expressionismo.
É desta época também o movimento Suprematista que busca expressar
estados “puros” da consciência, ou inconsciência. Um dos expoentes deste
movimento, Vladímir Tatlin, em visita à Paris, em 1912, inicia a construção
de modelos em relevo, influenciado por colegas cubistas, e forma as bases
do Construtivismo, cujo veículo era o metal e suas esculturas eram
montadas a partir de peças separadas (“construções”).
Piet Mondrian trabalhou de 1895 a 1944. Sua obra influenciou todo o
campo de design do século XX. Essência subjacente. A finalidade do artista
é revelar esta estrutura oculta da realidade, essa harmonia universal. Como
Kandinsky, Mondrian sentia forte atração pelo misticismo e manteve-se
vinculado à Sociedade Teosófica durante toda sua vida. Ele e Theo van
Doesberg tornaram-se co-fundadores (1917) de um movimento chamado
“De Stijl” (O Estilo), também chamado Neoplasticismo, onde os elementos
essenciais dos objetos, podem ser mostrados do modo mais simples
possível, com linhas horizontais e verticais e cores primárias. É a buca da
essência.
Fundada pelo pintor e arquiteto belga, Henry van de Velde, em 1919,
a Bauhaus (Casa de Construção) foi uma escola cujos aprendizes
buscavam fazer coisas que fossem apropriadas para sua função, mas que
expressassem as características de quem as fez. Kandinsky faria parte de
seu corpo docente a partir de 1922.
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1.2. As primeiras influências
Na França da Belle Époque (1900 a 1914) os costureiros famosos
determinam um moda clássica e severa para os homens, e outra sinuosa e
pesada para as mulheres.
Paul Poiret e Mariano Fortuny procuram reencontrar a simplicidade
das roupas greco-romans, iniciando o esboço de grandes revoluções no
mundo da moda.
A Belle Époque traz para a moda suas linhas sinuosas e arqueadas,
seus frufrus, ruchês de rendas em tons de flores esmaecidas, como a
sociedade agonizante a que ornam.
O primeiro a traduzir estes símbolos para a moda foi Jacques
Doucet. Ele trata seus vestidos como flores de estufa. Doucet havia
constituído uma das mais notáveis coleções de objetos de arte do século
XVIII, mas após um leilão memorável, em 1912, desfez-se dela e voltou-se,
então, para o Pós-impressionismo e, definitivamente, para o Cubismo.
Mesmo não tendo traduzido para sua própria moda o estilo
revolucionário das obras que colecionou (De Chirico, Braque, Miró, Picasso),
serviu de ponte para esta interpretação na figura de Paul Poiret, seu amigo
e assistente, a quem deu todo seu apoio profissional. Assim, após trabalhar
como desenhista na maison Doucet, Paul Poiret abre, em 1904, sua próprio
atelier. Ele lançou a moda dos turbantes, inspirado na arte oriental, e pela
primeira vez algumas mulheres tiveram coragem de cortar os cabelos bem
curtos.
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O Art Nouveau foi introduzido na moda pela adoção da linha em “S”
para a silhueta feminina, comprovadamente nocivo à saúde das mulheres,
por se tratar de uma silhueta anti-natural. Outra influênca foram os bordados
formando arabescos (ornato de origem oriental, no qual se entrelaçam
linhas, ramagens, flores, frutos, etc...).
A indumentária da época primava por seu aspecto ornamental.
Paul Poiret contestou essa moda, excessivamente ornamentada, e
procurou criar roupas mais confortáveis, Ele criou a linha Diretório. Vestidos
cujas saias caiam retas até os pés, a partir da parte inferior do busto. As
mulheres se desvencilham, então, dos espartilhos, em troca de cinturas altas
firmadas por barbatanas. Em 1909, ele descobre o orientalismo e o adapta à
moda de Paris, criando pantalonas bufantes, estampas em cores vivas e os
famosos turbantes. Em seguida, junto com o jovem Raoul Dufy, começa a
revolucionar o mundo rotineiro das estamparias. Através de suas entampas,
manteve ligações com vários artistas, por ser grande incentivador da arte
moderna. Fundou, em 1911, em Paris, uma oficina voltada ao ensino das
artes decorativas. Colecionou quadros adquiridos diretamente de Matisse,
Derian, Van Dongen, Picasso, Vlaminck e outros.
Mariano Fortuny forma com Doucet e Poiret, um tríptico que descerra
a moda do século XX em seus primórdios, encarnando sua vertente
propriamente artística. A partir deles a moda passa a ter a marca do criador
e roupas passam a ser assinadas, como obras de arte.
Juntamente com sua esposa, Mariano Fortuny foi um criador
incansável e entregou-se a praticamente todas as vertentes artísticas:
pintura, escultura, fotografia, criação de tecidos, cenografia, desenho de
móveis. Colecionou obras de arte variadas. Criou e patenteou vestidos para
os quais criou maravilhosos plissês e novos processos de tingimento.
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“Foi um experimentador, assim como os artistas de sua
época. Seus vestidos foram chamados Delphos, por
serem longos, colantes e ondeados.” (BAUDOT, 2002,
p. 46)
Muitas maisons tiveram artistas entre seus colaboradores. Dentre elas
a Paquin (1891/1956) teve colaboradores como os desenhistas Léon Bakst e
Paul Iribe.
Criadores como Koloman Moser, um pintor da Secessão, desenhou
vestidos soltos e harmoniosos, usados com as
jóias criadas por Josef
Hoffman, arquiteto e designer, para Alma Mahler, a esposa de Gustav
Mahler, o então maestro da Ópera de Viena.
Estes são os principais momentos de reciprocidade entre movimentos
artísticos e criações do ramo da moda no início do século XX. A seguir estes
momentos se juntam ao evento histórico das Guerras mundiais.
2. As guerras mundiais e seu legado artístico e
sócio-cultural.
Os fatos mais significativos deste período da História são os primeiros
passos em direção à liberação feminina, com o corpo da mulher tendo,
obrigatoriamente, que se adaptar a novas funções, antes reservadas
unicamente aos homens. Com as Guerras Mundiais a humanidade passa
por um processo de total reestruturação de conceitos e aptidões. E os
movimentos artísticos retratam fortemente esse processo com seu
inconformismo e seu poder de tradução para tão escatológico evento
apresentado pelas Guerras Mundiais que varrem o solo europeu.
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2.1 – Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918)
O período que antecedeu à Primeira Guerra Mundial, o da Belle
Époque, foi de muita sofisticação, luxo e alegria de viver.
O período posterior caracteríza-se justamente pelo sentimento
contrário. Entre os anos de 1914 e 1918, em que ocorre a Primeira Guerra
Mundial, muitos aspectos da humanidade foram transformados. A ausência
da figura masculina no ambiente de trabalho, uma vez que esta força motriz
da sociedade fora deslocada para os campos de batalha, na Europa, fez
com que a mulher tivesse que ocupar sua posição no setor produtivo, num
processo que abrangeu todas as classes sociais. As mulheres passaram a
ocupar espaços masculinos da área da saúde aos transportes, da agricultura
à indústria, inclusive a bélica.
Esse é o período da História em que tem início o processo de
emancipação feminina, que durante a guerra, foi por necessidade, e, depois
dela, por hábito.
Durante a guerra a moda sofreu alguns ajustes por força dos tempos
difíceis e de extrema carência de matérias-primas. Nas roupas deste período
predominam os tons escuros e neutros. O preto impera. Pela primeira vez as
revistas de moda consagram páginas inteiras às roupas de luto, que eram
usadas por longos períodos. As formas foram bastante afetadas. As cinturas
já haviam sido liberadas dos famigerados espartilhos por Paul Poiret, na
Belle Époque, mas esta mudança só se transforma definitivamente num
hábito durante a Primeira Guerra. Com a necessidade de trabalhar a mulher
não poderia se apertar em rígidas formas. Nada que pudesse tolhir os
movimentos seria, a partir de então, aceito. Das blusas das enfermeiras às
calças das que estão empregadas nas fábricas de armamento, surge uma
nova maneira de se vestir e de se comportar.
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Nesta época, dois movimentos artísticos ocorriam, quase que
simultaneamente: o Futurismo e o Cubismo.
O Futurismo (1909 a 1916) foi um movimento literário e artístico
italiano, no qual se destacaram artistas como Balla, Boccioni e Severini. Este
movimento defendia o rompimento com o passado artístico e procurou
integrar a arte ao glorioso mundo moderno da velocidade, da violência e da
guerra.
Na indumentária sua influência está no aspecto que dita regras contra
a moda artificial e passadista, na busca por um vestuário lúdico, que visa
criar o dinamismo pelo uso de cores fortes, pela assimetria do corte e pelo
acréscimo de “modificadores”, que são objetos que modificam a aparência
da pessoa, segundo seu estado de espírito. As idéias de Balla tornam
possível a abertura da Casa d’Arte, onde artistas como Pampolini,
Giannasttasio,
Rizzo,
Corona,
Depero,
Angelucci-Cominazzini,
Tato,
DalMonte e Thayaht fazem artezanalmente roupas, objetos e projetos de
decoração. Os artistas apaixonados pelo aspecto “ideológico” do vestuário,
tratam-no também pelo aspecto funcional. Thayaht cria a Tuta (espécie de
macacão) extremamente funcional e elegante, para se usar em todas as
ocasiões. Algo altamente inovador para a época.
Entre os anos de 1907 e 1916 o mundo conheceu o Cubismo. Estilo
de pintura criado por Picasso e Braque, que se caracterizava pelo abandono
da representação de um ângulo do tema, que era então substituido pela
combinação de vários ângulos sobrepostos, frequentemente de forma
cubóide ou geométrica. O Cubismo criou um novo modo de ver. Ficou claro
o porquê de uma transformação tão radical na moda, ocorridas entre 1908 e
1925.
É inegável que as tranformações dos elementos essenciais da moda
têm causas sociais, mas estas causas sozinhas são insuficientes para a
escala de mudanças envolvidas, propostas principalmente por este
movimento. Podemos sentir o Cubismo refletido na moda através da
mudança na formas dos antigos vestidos cinturados, que passam a ter forma
22
tubular. As propostas de simplificação, antes determinadas por Paul Poiret,
aconteceram, a partir de então, com certa naturalidade.
2.2 – O entre guerras
“A
Primeira
inevitavelmente,
Guerra
o
Mundial
desenvolvimento
interrompeu,
nas
artes.”
(LAMBERT, 1981, p. 50).
“Na verdade, durante a guerra houve uma estagnação
na moda, e são poucas as informações de interesse
com relação às vestimentas do período.” (MOUTINHO;
VALENÇA, 2000, p. 70)
Quando a Primeira Guerra Mundial terminou, em 1918, Paris se
tornou o centro da atividade criativa. Nesta época, a França começou a se
reorganizar com grande rapidez nas artes aplicadas e pôde voltar a ocupar
uma posição destacada na produção de objetos com elevado grau de
qualidade, estilo e elegância.
Desta época temos o exemplo de René Lalique, que foi designer de
jóias do estilo Art Nouveau. Em suas peças, combinou vidro colorido com
pedras preciosas ou semipreciosas, e seus modelos foram muito
representativos. Foi o criador dos vidros de perfume e das caixas de “pó-dearroz” da marca Coty e que estiveram em uso até os anos 50.
Por essa época o movimento Cubista alcançava repercussão com
uma tendência cada vez mais forte no uso de formas geométricas.
As novas linhas limpas e as cores discretas, que seus criadores
chamavam “modernistas”, significavam uma mudança e uma ruptura em
relação às curvas sinuosas e desenhos florais que haviam sido trabalhados
até a exaustão no Art Nouveau.
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Com suas formas simples e ornamentação geométrica, o Art Déco
tornou-se um estilo de arquitetura e decoração que buscava compatibilizarse com a indústria, ao contrário do Art Nouveau.
“O Art Déco foi um movimento de design para a era da
máquina.” (LAMBERT, 1981, p. 49)
As mesmas influências que estabeleceram o Art Déco na França,
também foram sentidas na Inglaterra, mas em menor escala e mais
lentamente.
No período do pós-guerra, o uso da cor brilhante no lar e a nova
liberdade no vestuário refletiam o otimismo e a crença num futuro melhor.
Com a exposição de Paris, de 1925 (Exposition Interncionale des Arts
Décoratifs et Industriels Moderns), a França mostrou que havia se
emancipado do Art Nouveau. Esta exposição marcou o advento do
modernismo que tão bem se adaptava à nítida tendência a uma simplicidade
geométrica que iria perdurar pela década de 20.
A moda busca sua adequação aos novos tempos da simplicidade. E,
se durante a Primeira Guerra, o sentimento era sombrio, nos anos do pósguerra, o que se poderia supor como um período de dor e estagnação, se
torna, na verdade, motivo para o uso da criatividade e da busca de soluções
e cores, muitas cores. Este período ficou, por conta disso, conhecido como
“Anos Loucos” (1919/1929). As mudanças foram tantas e tão marcantes que
se torna difícil desvincular a palavra “novo” dessa década.
Foi no ano de 1915 que primeiro se ouviu falar o nome Chanel
(1883/1971). Mademoiselle Gabrielle Chanel nasceu em Samur, França,
mas ficou mundialmente conhecida por Coco Chanel. Ela fora criadora de
chapéus exóticos antes da guerra.
Pelo fato das matérias-primas estarem ainda em falta, após o término
da guerra, ela desenha três modelos de tailleurs, espécie de duas peças,
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como um terno feminino, constituido de saia (no lugar das calças do terno
masculino convencional) e de um pequeno casaco. Com estes três modelos
ela introduz na moda o jérsey (tecido de malha, macio e elástico), antes
reservado às roupas de baixo. A partir de então o jérsey passou a ser a base
de conjuntos práticos, que não amassavam. Chanel sofreu influência do
Cubismo em suas criações ao formatar seus modelos com linhas retas e
simples. Suas roupas eram usadas sem espartilho e feitas com menos forro
para ficarem mais leves e menos rígidas. Os vestidinhos pretos de Chanel,
criados logo depois da guerra, tornaram-se a peça base de todos os guardaroupas elegantes. Suas idéias e sua personalidade marcante a aproximaram
de Picasso, Stravinski e Cocteau, que se tornaram seus amigos pessoais.
A mulher, já emancipada, continuou a trabalhar, a ganhar seu próprio
dinheiro e a consumir. E a palavra funcionalismo tornou-se a chave deste
momento. Elas passaram a se divertir com a dança. Os ritmos em evidência,
nos anos 20, eram o “charleston”, o “foxtrot” e o “jazz”. Com isso as bainhas
das saias e vestidos continuaram subindo para melhor se adaptarem aos
tempos de movimentos mais amplos na diversão. As formas básicas da
década de 20 eram a cintura baixa, volume cilíndrico, cabelo curto, à la
garçonne (à moda dos meninos) e chapéu cloche (em forma de cuia).
Essa silhueta curta e tubular foi praticamente um eco dos novos
padrões artísticos em vigência nesse momento, que eram o Art Déco e o
Cubismo.
Não só as formas das roupas foram influenciadas por estes
movimentos artísticos, também as padronagens dos tecidos, as cores e a
joalheria foram redirecionados, privilegiando as formas geométricas.
A mulher tornou-se então um reflexo deste movimento vigente,
negando toda e qualquer referência curvilínea. A adesão ao aspecto tubular
das roupas tornou a mulher da década de 20 totalmente andrógina.
Contemporânea de Chanel, Madeleine Vionnet (1876/1975) trouxe
para a moda o enviesado (corte do tecido em diagonal) e criou vestidos
atemporais. Sua grande inspiração foi, sem dúvida, a Antiguidade Clássica,
25
mas são dos tempos anárquicos do Dadaísmo e do Surrealismo, que cunhou
suas idéias: “Se podemos dizer que existe hoje uma escola Vionnet, é
sobretudo porque eu me mostrei uma inimiga da moda. Há nos caprichos
sazonais, furtivos, um elemento superficial, instável, que choca meu sentido
de beleza” , confessou Madeleine Vionnet, em 1937.
Realmente esta grande arquiteta do vestido construiu modelos
singulares e a frente de seu tempo. Sua clientela foi a mais refinada do
entre-guerras. A preocupação com o que perdurasse e a aversão ao que era
fugaz, fez com que ela montasse seus vestidos como verdadeiras
esculturas. Ela os cortava, drapeava e moldava sobre bonecas, para só
então, após ter alcançado o resultado desejado, reproduzi-los em escala
humana.
Assim como Chanel, Jean Patou (1880/1936) criou roupas para as
mulheres ativas e modernas. Sua filosofia estética se baseava na
simplicidade. Na década de 20 criou uma coleção de malhas totalmente
original, baseada no Cubismo. Em sua breve mas fulgurante trajetória, Patou
ocupou um lugar ímpar no seio da alta-costura dos “Anos Loucos”. Pureza
de linhas, motivos predominantemente geométricos, preocupação com a
funcionalidade e, ao mesmo tempo, grande luxo. Foi precursor da roupa
esporte. Privilegiou uma paleta de cores com tons esmaecidos que iam do
azul ao branco e, de forma inteiramente nova, permeavam todas as nuances
do bege. Lançando assim uma moda em perfeita simbiose com as primeiras
bandas de jazz e o estilo Art Déco. Foi um criador voltado para o progresso.
Entre os anos de 1914 e 1929 outras figuras também tiveram grande
importância no mundo da moda:
Jeanne Lanvin (1867/1946) foi também influenciada pelo estilo Art
Déco. Em 1920 o ornamentista e arquiteto de interiores Armand-Albert
Rateau fez a decoração de sua maison e criou o frasco de seu famoso
perfume “Arpége de Lanvin”, em forma de bola azul marinho com o emblema
de sua marca estampada em dourado. Marca esta criada por Paul Iribe
26
(1883/1935), ilustrador de moda francês, especializado no desenho de vidros
de perfumes e tecidos, além de ter criado bijuterias para Chanel.
Paul Poiret também aderiu ao Art Déco ao se influenciar pela
Exposição de Paris de 1925 e criou modelos inspirados no movimento.
No período entre as guerras muitos artistas passaram a trabalhar para
grandes costureiros.
Elsa Schiaparelli (1890/1973) completa o quarteto de ases da
costura parisiense, junto com Chanel, Vionnet e Lanvin, no período entre
guerras. Elsa era italiana e mudou-se para Paris em 1920. Foi sinônimo de
extravagância e excentricidade e caiu no gosto de Salvador Dalí, o mais
conhecido dos surrealistas. Este movimento acompanha sua criação bem de
perto. Houve muita integração entre o trabalho de Dalí, e também de outros
artistas, como Jean Cocteau, com os modelos de Elza.
No Surrealismo (1920) o artista explora o inconsciente e as imagens
que não são controladas pela razão. O Surrealismo usa associações irreais,
bizarras e provocativas.
Elsa contratou vários artistas para desenhar tecidos e acessórios,
como bijuterias e botões criativos. Mas foi com Dalí que ela mais se integrou.
Ele desenhou para ela motivos de bordados e lhe inspirou vários modelos,
como o tailleur escrivaninha, que tem quatro bolsos em forma de gaveta, o
chapéu-sapato, o vestido de seda pintado com moscas e outro ornado com
uma imensa lagosta. Dalí criou para ela uma coleção inteira de sapatos
surrealistas. Elsa era muito criativa e queria, com muitos de seus modelos,
chocar. Ao criar um terno rosa shocking fez com que esta cor se tornasse
sua marca registrada. Sua maison era um templo de elegância excêntrica,
delirante e provocativa.
Com a tomada de Paris pelos nazistas, Elsa escapa para os Estados
Unidos e só retornaria ao seu atelier com o fim da Segunda Guerra Mundial.
27
2.3 - Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945)
Pela primeira vez na história o pólo artístico e cultural saltava da
Europa para a América. Muitos foram os artistas que, com a ocupação
alemã, se deslocaram para Nova York, fazendo desta cidade o novo centro
de cultura e tendências dos anos 30 e 40.
Com a guerra se desenrolando em solo europeu, boa parte dos
artistas e criadores de moda se instalaram em solo americano, mesmo que
em visita, mas outros foram para ficar.
A Bauhaus cerrou suas portas em 1933, por pressão política, e muitos
de seus professores deixaram a Alemanha a caminho dos Estados Unidos.
Um de seus fundadores, o arquiteto alemão Walter Gropius, viria a formar a
New Bauhaus em Chicago, no ano de 1937.
Dentre os artistas oriundos da Europa e que passaram a expor em
Nova York podemos citar: Hans Hofmann (cujo trabalho foi muito
influenciado por Matisse), os surrealista Max Ernst, Salvador Dalí e Masson,
Joan Miró, Mondrian e Gabo.
A chegada de todos eles foi determinante para fazer de Nova York um
novo centro artístico e cultural.
Um dos mais proeminentes destes artistas já residia de fato nos
Estados Unidos desde 1920. Seu nome era Arshile Gorki e ele se tornou um
dos criadores do Expressionismo Abstrato. Sua arte abstrata, não
representativa e não geométrica, que enfatizava o ato de pintar, criou as
bases deste movimento. Os expressionistas abstratos foram muito
diferentes, e mal chegaram a formar um movimento bem delineado e
conciso. O artista americano que melhor representou esse estilo foi Jackson
Pollock.
A arte no período de guerra voltou-se para o êxodo, a fuga, a
sobrevivência.
28
A moda, por sua vez, tentava sobreviver num período marcado por
muito racionamento. A palavra de ordem era recessão. A Segunda Guerra
Mundial influenciou a moda e o modo feminino em atitudes e aspectos de
masculinização. Com a recessão a moda se tornara monótona e
desvinculada de graça. Muitos materiais sumiram do mercado. As maisons
que permaneceram em funcionamento faziam roupas, sobretudo, para as
esposas de oficiais alemães, durante a ocupação nazista.
Foi uma época de muita criatividade para superar a carência de
matéria-prima e os chapéus e turbantes nunca tiveram tanta importância na
moda como naquele tempo, em que faltavam shampoos e muitos
cabeleireiros haviam se alistado no exército.
Devido à guerra este foi um período em que houve pouca, ou
nenhuma, comunicação entre os mundos da arte e da moda.
3. O pós-guerra
Com o fim da Primeira Guerra Mundial a mulher se viu liberada, pois
havia se afastado do lar para ocupar funções antes reservadas apenas aos
homens.
Mas com o fim da Segunda Guerra Mundial houve o oposto: a mulher
busca o lar, como uma forma de repatriar seus maridos, pais, irmãos e filhos.
E para isso deseja se tornar mais bela e feminina. Menos retilínea e
andrógina. Na verdade esta mulher quer ser mais um motivo para a alegre
volta para casa dos sobreviventes.
“A guerra acabou em 1945 e a alegria de viver voltou a
reinar.” (BRAGA, 2004, p. 81).
Na moda como na arte o criador busca a incessante inspiração na
vida cotidiana e em seus novos desafios. Contrapor o horror da guerra ao
luxo da moda é a essência deste momento histórico.
29
3.1 – Americanização
“Ao libertar Paris, os americanos tornaram-na cativa de
irresistível charme da sociedade de consumo made in
USA.” (BAUDOT, 2002, p. 130).
Com o centro artístico ainda em Nova York a arte é, neste momento,
representada por Jackson Pollock e seu Expressionismo Abstrato. Há, sem
dúvida, uma enorme fertilidade de expedientes dos artistas do século XX
para encontrar novas coisas para fazer. Não sobra muito contra o que se
rebelar, o inimigo principal está vencido e o poder de recomeço é evidente.
Entretanto, a mera continuidade do que passou é impensável.
Arte era, naquele momento, pura abstração, apesar da enorme
pressão sofrida pelos artistas para que se renovassem e para que se
firmassem e se convertessem em sucesso. Os novos tempos queriam que o
artista ouvisse o som da moda e não o dos valores duradouros. Havia uma
conversão de ideais. A sociedade precisava sobreviver e enriquecer logo,
mesmo sobre os escombros de uma Europa devastada.
Com o fim da guerra os americanos vão impor seu estilo de vida ao
velho mundo. As grandes estrelas de Hollywood são copiadas às pencas
pela mulher da década de 50. O cinema ainda não era visto como arte e sim
como entretenimento, mas já causava espanto e sucitava tendências. A
“Gilda”, de Rita Hayworth, devasta o mundo como um furacão. A imagem da
femme fatale européia dá lugar ao ideal americano de garota e, assim
nascem as pin-ups. A sociedade de consumo daria, então, seus primeiros
passos.
Surge, nos Estados Unidos, o ready to wear (pronto para vestir), pois
a indústria americana estava bem estabelecida, principalmente pelo fato da
guerra ter acontecido em solo europeu. Essa era uma nova maneira de
produzir roupas em escala industrial e, em 1946, alguns empresários
franceses foram aos Estados Unidos para conhecerem o novo método. O
30
americano produzia roupas com qualidade, com alguma autenticidade e
expressão de estilo e com numeração variada de um mesmo modelo.
Ao
se apropriarem da idéia do ready to wear, os franceses o
transformaram em prêt-à-porter, o jeito pronto para vestir parisiense.
3.2 – Resistência Francesa
A alta-costura teve inúmeros problemas durante a guerra, mas que
foram posteriormente resolvidos, resgatando seus valores e talentos. Vem
de Paris a idéia de que a moda queria se tornar de novo sonhadora e
feminina. Então, os mundos da arte e da moda se encontram naquilo que
seria o grande lufar de frescor e vitalidade do poder de reconstrução
parisiense: a exposição “Théâtre de la Mode” (O Teatro da Moda). Uma
aventura excepcional organizada no Louvre, entre 1945 e 1946, cuja grande
repercussão decidiu o destino da costura parisiense do pós-guerra.
A França libertada estava despojada de tudo, após anos de privação.
Mas, apesar deste quadro caótico, sua população busca retomar o gosto
pela vida.
Numa forma de soerguer a vitalidade da indústria de moda francesa,
surge a idéia de se montar um exposição de moda, que pela penúria da
época iria ser confeccionada em forma de miniatura. Os modelos da nova
moda seriam então montados sobre bonecas, vestidas por todos os grandes
nomes do luxo e glamour parisienses, que trabalhariam com materiais
iguais, mas em escala menor, empregando assim uma quantidade mínima
de tecido e matérias-primas.
Aos costureiros juntaram-se Eliane Bonabel, uma exímia ilustradora,
que concebe o modelo de boneca a ser vestido (e que em nada pudesse se
parecer com um modelo infantil). A direção artística do evento ficou a cargo
do pintor e decorador Christian Bérard. A iluminação dos diferentes cenários
31
foi entregue a Boris Kochno, antigo colaborador de Diaghilev na época dos
Ballets Russes. São de Jean Cocteau os versos prolixos que dariam o tom
geral desta incrível exposição. Muitos pintores e cenógrafos se revezaram
na pintura e construção dos cenários em miniatura. Foram confeccionados
237 modelos para cada uma das bonecas dispostas pelos 13 cenários do
pequeno “Teatro”, cada um deles funcionando como um espetáculo
autônomo. As minúcias de cada vestimenta foram elaboradíssimas, nos
mais surpreendentes e microscópicos detalhes.
A partir de 27 de março de 1945, cerca de 200 mil pessoas se
comprimiram no Museu de Artes Decorativas e se encantaram com a magia
e a emoção deste maravilhoso universo que uniu criadores de moda e
artistas parisienses.
A indústria francesa de moda consegue se reerguer, apesar dos cinco
anos de ocupação.
O Teatro da Moda seria ainda levado, com estrondoso sucesso, para
Londres, Barcelona, Copenhague, Estocolmo e Viena. E atravessaria o
Atlântico rumo a Nova York, na primavera seguinte, onde foi ovacionada
pela imprensa de moda local. A América inteira torna a seguir os passos da
moda francesa, já num prenúncio do que ainda estava por vir com o “New
Look” de Dior.
Com esse exemplo notamos a garra e o talento para impôr
tendências, não só dos criadores de moda, como dos artistas franceses.
3.3 – É preciso sonhar
Os anos 50 traçam uma linha de demarcação entre aqueles que
gostariam que tudo continuasse igual e aqueles que queriam fortes
mudanças, não só nas artes decorativas, como no vestuário.
32
Mas, nunca uma sociedade foi tão paradoxal. Quando no início do
século XX, Paul Poiret libertou as cinturas femininas das agruras do
espartilho, quem poderia imaginar que meio século depois, com toda a
liberdade e novas atuações sociais, a mulher fosse querer um retorno às
cinturas marcadíssimas, muito justas, à opulência de materiais e jóias, num
processo inverso à precariedade da guerra? Nunca a tendência zombou
tanto da lógica. Pegando carona na vanguarda artística a moda se recria e
se permite ousar em tempos de crise. É preciso fazer com que a mulher
sonhe de novo, mesmo quando o movimento de libertação feminina alcança
seu apogeu.
“Justo no momento em que a Libertação vê a mulher
conquIstar o direito de voto, de trabalhar, de guiar o
próprio carro, na prática, a silhueta elegante se trai por
nostálgicas lembranças da Belle Époque.” (BAUDOT,
2002, p. 143).
Com Christian Dior (1905/1957) e seu New Look, a França retorna
ao posto de berço da moda. Dior fez ressurgir a moda sofisticada para um
público cada vez maior de aficcionados por elegância. Havia um impulso
generalizado de satisfazer desejos reprimidos durante a guerra. Os vestidos
do New Look foram, a princípio, denominados de “Linha Corola” por suas
saias amplas se abrirem, a partir de uma cintura justíssima, como a corola
de uma flor. Estas saias eram de uma feminilidade gritante. Chegavam a
consumir de 6 a 9 metros de tecido. Em 1955, Dior buscou inspiração na
arte oriental e criou casacos ricamente bordados com cores e motivos da
Ásia e do norte da África.
Apesar do glamour fancês, são os americanos que vão ditar os
costumes a partir da década de 50. A sociedade de consumo norteamericana é a dona do dinheiro que movimenta o mundo do pós-guerra e
este poder é visível e irreversível na história.
33
Embora os anos 50 tenham fama de pomposos, a mulher americana
adotou, na verdade, a linha casual, pois depois do baby-boom (nascimento
de muitos bebês como decorrência da volta dos homens da guerra) ela
tornou-se mais caseira. As americanas quase não frequentavam bailes e
festas, refletindo sua imagem de mãe e esposa exemplares.
É o prenúncio de um novo movimento, baseado justamente neste
momento em que a sociedade se volta para o lar e sua frágil idéia de
segurança.
4. O Império Jovem
A americanização prossegue com a adesão em massa da juventude
da década de 50 ao jeans e ao rock and roll. Através desses itens tão
marcantes da sociedade americana, os jovens mostravam que estavam
melhor adaptados ao despojamento americano do que à sofisticação
parisiense.
4.1 – Mudança de padrões
Até então o padrão para os criadores de moda eram as senhoras. Em
contraposição a isso a moda passa a se basear na juventude e segue assim
até os dias de hoje.
Os estilistas passaram a fazer moda para a mulher jovem e
sofisticada. Os anos 50 foram de muito consumo (eletrodomésticos) e, com
o advento da TV, hábitos e novos valores alcançavam um número cada vez
maior de consumidores.
34
O momento seguinte é o da Pop Art, cuja inspiração vem justamente
da sociedade de consumo, dando tratamento de objetos da vida cotidiana,
produtos da cultura de massa, como anúncios, fotografias, latas de cerveja
ou sopa, como formas de arte em si. As histórias em quadrinho e a mídia
visual são os elementos de referência da Pop Art. Os artistam mais
conhecidos deste movimento foram: Richard Hamilton, Allen Jones, Robert
Rauschenberg, Jasper Johns, Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Tom
Wesselman, Jim Dine, David Hockney e Claes. Muitos destes pintores, que
haviam sido estudantes na década de 40, reagiram, na década de 60, contra
o Expressionismo Abstrato ao produzir arte com imagens cotidianas, usando
técnicas de filme, publicidade de televisão, jornais e revistas. Esses artistas
talvez quizessem refletir a vida urbana, acompanhando os sinais e formas
daquele tempo, fazendo da arte sinônimo de vida, repleta de coisas “superreais”. Embora pretendesse, como quase todo movimento artístico,
contrapor as barreiras entre vida e arte, não o fez concretamente. Ao
contrário, fez parecer que a arte tivesse passado a girar em torno de si
mesma, evidenciando a capacidade da aplicação de esmeradas técnicas de
estúdio. O artista se isola com muita liberdade na escolha do tema a ser
tratado. Não houve, contudo, novidade no fato de se apresentar objetos
urbanos e cotidianos como arte; os Dada já haviam feito isso para evidenciar
sua repulsa ao tradicionalismo da arte acadêmica, na década de 20.
Andy Warhol fez isso muito bem, na década de 60, aplicando técnicas
gráficas ao tratar imagens de objetos e pessoas bastante conhecidas.
Eis que entra em cena “o pequeno príncipe da costura”, Yves Saint
Laurent, que lança, em julho de 1960, uma série inteira de modelos
denominada “Coleção Pop Art”, com cores vibrantes e contrastantes e
dedicada integralmente à mulher jovem. Yves foi o grande e magnífico sopro
de juventude no mundo da moda, que sempre busca se reinventar. No ano
anterior, no inverno de 1965, ele havia prestado uma linda e impecável
homenagem ao pintor Piet Mondrian (1872/1974), ao adaptar o princípio de
seus quadros abstratos a vestidos de linhas retas, confeccionados em
jérsey.
35
Também numa volta ao passado, André Courrèges lança, em 1965,
sua
“Coleção
Branca”,
cuja
pureza
e
minimalismo
de
formas
monocromáticas busca referência no passado do Construtivismo russo e da
Bauhaus.
Também na década de 60 surge Paco Rabanne, uma figura de proa
na vanguarda do vestuário, que propõe, como exímio escultor futurista, a
utilização de materiais inusitados na montagem de seus modelos. Ele cria
vestidos em ferro, plástico, couro, etc. Seus desfiles são encenados em
ambientes futuristas, ao som de música concreta. Sua moda, além do
aspecto experimental, adapta-se no ideal plástico da jovem mulher moderna.
Emilio Pucci também buscou inspiração na arte ao criar vestidos
cujos estampados estavam claramente espelhados na Op Art ou Optical Art
(padrões e combinações geométricas de cores ofuscantes que geram a
sensação de movimento em contraste com seu fundo).
As tendências seguem as exigências das antigas crianças do babyboom do pós-guerra, que nas décadas de 60 e 70 se tornam uma juventude
impaciente, muito mais emancipada que todas as gerações anteriores, que
deseja mudar o mundo e rejeita a estrurura de vida dos pais. Esses jovens
desprezam a sociedade de consumo e demonstram sua repugnância pelos
confortos burgueses adotando a aparência das classes mais pobres: o blue
jeans, o abandono da gravata, as jaquetas pretas de couro. Na França, em
1968, era impossível distinguir a classe social dos participantes das
passeatas do movimento estudantil.
4.2 – Contracultura
Nesse contexto surge o movimento Hippie, onde os jovens não só
rejeitavam o estilo de vida dos pais, como rebelaram-se contra eles. Num
processo de valorização da natureza eles abandonam seus lares modernos
e confortáveis e vão viver em comunidades simples, sob o lema “Paz e
36
Amor”. Suas roupas são inspiradas em culturas de diferentes períodos e
países. Estampas indianas colorem as camisas e inspiram os bordados
feitos à mão sobre o jeans surrado. Essa postura de revolta, que alcançou,
praticamente, todos os países do mundo, resultaria num irreversível e
profundo questionamento sobre a política tradicional, sobre os costumes e o
autoritarismo, num processo que introduziria no cotidiano valores como
pacifismo, feminismo, ecologia, contracultura, música de protesto e som
“pop”. Depois da famosa temporada dos Beatles na Índia, o mundo inteiro
passou a usar modelos indianos e outras modas orientais.
A arte pop aparecia em muitos modelos da época. Vários são os
estilistas que buscam em suas criações, refletir essa busca frenética pelo
novo.
Os anos 60 foram um momento único na moda. Todas as tendências
conviveram. Pierre Cardin lança a “Coleção Espacial”, em 1964, com
inspiração futurista, em que não faltou, além das linhas retas, capacetes e
macacões com mangas morcego (era espacial).
Louis Fèraud também criou uma linha de macacões futuristas.
Havia correntes que adotaram os modelos de inspiração étnica, como
as túnicas indianas e casacos afeganes trabalhados com pele de carneiro.
A britânica Laura Ashley criou roupas com inspiração no passado
romântico das golinhas de renda e dos estampados florais. Ela foi um dos
expoentes do Flower Power na moda.
Um movimento espontâneo, vindo das ruas de Londres, inspira Mary
Quant a criar a minissaia.
Os anos 60 deixaram para a humanidade um legado de rupturas,
questionamentos, mudanças e avanços que perduram até hoje. Nossa
sociedade segue ainda enebriada pelo forte tufão que devastou costumes e
posturas naquela época.
37
O período que compreende os anos 70 até meados dos anos 80 é
caracterizado por um remanejamento das múltiplas e tumultuadas idéias
lançadas nos anos 60.
Andy Warhol segue com sua Pop Art, transformado no Jean Cocteau
da América.
E na moda segue a referência aos Hippies (Psicodelismo) que se
renova no movimento negro americano do Black Power.
A moda se torna extremamente diversificada assim como os
movimentos artísticos do modernismo.
Com a crise do petróleo os costureiros são obrigados a buscar
materiais alternativos, uma vez que a maioria dos tecidos de então eram
sintéticos. Buscou-se adaptação ao rústico da lã e da tapeçaria e couros.
Ocorre então uma proposta muito excêntrica para a moda inspirada
em grupos musicais. Era a época do movimento “glam”, também chamado
“glitter”, influenciado pelo visual de líderes musicais do “glam rock” como
Bryan Ferry, David Bowie e Rod Stewart, com sua excentricidade
exagerada. O símbolo fashion desta era foi a bota de cano alto e salto
plataforma.
Com a onda do “Black is Beautiful” ( O Negro é bonito) as roupas e
acessórios sofrem influência das culturas africana e caribenha. Surge o ritmo
“soul”.
Em Londres com jovens estudantes desempregados surge o lema dos
“sem futuro”, que, na intensão de denunciar e agredir a falta de perspectivas
da sociedade, lançam um visual totalmente inusitado e transgressor de
roupas rasgadas, jaquetas pretas de couro, botas surradas e acessórios
metálicos, como tachas, rebites e correntes. Nascia o movimento Punk. O
grande expoente desta época foi Vivienne Westwood que criou como
ninguém roupas para estes jovens contestadores.
38
4.3 – Conceito
Com toda a diversidade de manifestações e referências surge então a
idéia de “conceito”. Esse pensamento chega para mais uma vez mudar o
mundo da moda. Ele torna possível o aparecimento dos “jovens criadores”.
Começa a despontar uma diferenciação mais marcante, numa busca por
imagens mais individuais. A idéia de Arte Conceitual está mais na obra que
na habilidade técnica do artista e tornou-se um grande fenômeno mundo
afora. Suas manifestações foram as mais diversas. Idéias e conceitos
podem ser comunicados através de diversos meios (textos, mapas,
diagramas, filmes, fotos, performances). Portanto as obras podem ser
expostas em galerias ou ao ar livre. Os objetos e criações podem interagir
com o ambiente, como nas instalações megalômanas de artistas com
Christo, o escultor ambiental mundialmente famoso por embrulhar coisas
como
pontes,
pontos
turísticos
ou
montanhas.
Ao
transformar
temporariamente uma ponte em uma obra de arte, ele buscou uma maneira
nova e instigante de criar esculturas e abordar a sazonalidade das idéias e
da própria existência física da obra. Em 1976 cobriu com 40 Km de pano
branco as colinas da Califórnia.
Com sua arte conceito Josef Beuys fez o caminho inverso dos
estilistas e se inspirou na indumentária para criar sua obra “Terno de Feltro”.
Beuys considerava a arte um instrumento de mudança social e política e
conferia a certos objetos novos poderes e um novo significado, como no
caso deste terno exibido como escultura da própria condição humana.
As idéias expressas pelos artistas da Arte Conceitual eram extraídas
da filosofia, do feminismo, da psicanálise, de estudos de cinema e do
ativismo político. Subsequente à Arte Conceitual, a Arte Povera, se
estabeleceu na Itália, e desenvolveu a idéia de conceito através do uso de
materiais baratos e comuns.
39
Conceito é a busca justamente da mais importante estilista japonesa a
aportar em Paris. Rei Kawakubo formou-se em Belas Artes em Tóquio e, ao
se instalar em Paris, cria a companhia Comme de Garçons. Com o visual
pobre de uma roupa em frangalhos ela encarna este movimento de
vanguarda na moda. A estilista está sempre causando mal-estar, espanto e
admiração ao desconstruir a roupa e reconstruí-la melhor. Com isso ela
busca fazer do vestuário, além da necessária rentabilidade, um ato
conceitual. Suas coleções apresentavam roupas rasgadas, amassadas e
normalmente eram feitas de materiais grosseiros. Eram enrolados em torno
do corpo, como verdadeiras instalações. Sendo, por isso, procurada por
clientes como intelecualis e artistas, que apreciam roupas extravagantes e
de vanguarda.
No caminho inverso do conceito e apostando na impessoalidade a
Arte Minimalista limita-se ao essencial. É puramente abstrata, objetiva e
anônima, isenta de decorações ou gestos expressivos. A pintura e o
desenho minimalistas são monocromáticos e baseados, frequentemente, em
grades e matizes lineares, derivados matematicamente. Os escultores
utilizam
processos
e
materiais
industriais
(aço,
acrílico,
lâmpadas
fluorescentes, etc.) e suas obras dependem de uma experiência física entre
a obra e seu expectador.
Os estilistas japoneses Issey Miyake e Yohji Yamamoto trouxeram o
minimalismo para sua moda com o slogan “Less is More” (Menos é Mais).
Diziam, em sua linguagem de moda, o máximo com o mínimo possível
através do corte, cores e acabamento em suas roupas. As cores mais
utilizados foram o preto e seus correlatos, chamados pretos coloridos
(marron e marinho quase pretos e cinza chumbo). Essas cores traziam para
as roupas o aspecto de austeridade, sobriedade e purismo impessoal desta
proposta.
A moda do preto foi muito bem absorvida pela décade de 80, tendo
sido introduzida pelos punks, ela encontrou acolhida em diversas outras
manifestações como os góticos (com referências da arte sacra), além dos
minimalistas.
40
Outro grande nome da moda, o italiano Giogio Armani, foi ícone dos
Yuppies (Young Urban Profissional Persons), jovens profissionais urbanos,
oriundos principalmente do mercado financeiro e bastante endinheirados,
tinham uma identidade particular de se vestirem, pois buscavam o que de
melhor o dinheiro podia comprar, privilegiando a sofisticação que o ideal
minimalista, correto e “arrumadinho”, poderia conter. Armani criou para eles
uma moda cara, sofisticada, retilínea em sua pureza de formas e cortes
perfeitos de acabamento esmerado.
Nos anos 90 a face do mundo é cada vez mais plural. Com a
proximidade do século XXI a moda caracteríza-se por uma enorme
multiplicidade de tendências. Vive-se um verdadeiro mosaico cultural. O
passado e o presente convivem. Chega ao fim a ditadura dos estilos. Usa-se
de tudo. Num mundo altamente mecanizado e impessoal, muitos criadores
buscam na natureza e no passado, menos tecnológico, o resgate da vida
simples.
A simplificação das roupas e o interesse pela praticidade se
acentuam. Na visão dos artistas e criadores de moda do fim do século é
preciso despertar o sonho. Moda e design se confundem. Os estilistas não
se contentam em criar apenas roupas. Sua marca e inventividade passa aos
objetos e acessórios (relógios, canetas, etc). Surge a logomania. O impulso
do consumo por griffes famosas na esteira do desenvolvimento norteamericano e dos tigres asiáticos, loucos por adqueirir tudo que remeta ao
ocidente.
O século termina com a arte em busca do individual. O artista busca
se expressar com materiais e linguagens próprias, valendo-se até de alta
tecnologia.
Já não há mais a idéia de movimento artístico. Cada um segue seus
próprios caminhos de experimentação.
O que é arte? O que é um artista? Eis no fundo o que se quer
descobrir. No entanto após tantos experimentos e movimentos, a conclusão
parece ser a seguinte: arte é tudo aquilo que uma pessoa decida apresentar
41
como arte. E desta mesma conclusão partilham todos os que considerem
moda tudo aquilo que alguém decida apresentar como moda.
Os vínculos entre o artista plástico e o artista da costura nunca
cessam. Ambos compartilham de um espírito livre e criativo, empenhados
que estão sempre em buscar o novo, em buscar aquilo que resiste a
padrões impostos e unificantes, que não reflitam a particularidade e a
essência da vida humana, que é inegavelmente a inspiração maior de todos
eles.
A globalização que chegou no limiar do século XXI e que poderia ter
levado o mundo a uma unificação sem igual na história da humanidade, não
conseguiu (apesar da rapidez com que a informação e as tendências
chegam em torno do globo terrestre) formar uma uniformização de estilos e,
felizmente, perdeu para o indivíduo.
42
CONCLUSÃO
Ao ser estudada, a História da Arte do século XX, retrata que o que
parece diferente é, na grande maioria dos casos, uma combinação de
antigas e novas idéias. Muitos artistas do início do século buscaram
inspiração em artistas do século anterior, sem nunca se repetirem ou
deixarem de impor sua própria marca aos trabalhos que realizaram. O
mesmo pode-se dizer dos grandes costureiros do século XX, que mesmo
diante de uma grande obra de arte em busca de referências para sua
criação de moda, não se curvaram a ela inteiramente, ao contrário, fizeram
sobressair sua eficiência como artífices do novo.
Artistas plásticos e estilistas de moda jamais percorrem o mesmo
caminho de quem os inspira, mesmo que partam do mesmo ponto: a alma
criadora e o senso estético e humano da arte, conforme citado no primeiro
capítulo desta pesquisa, com a enumeração dos diversos momentos em que
o mundo da Arte e o mundo da Moda se cruzam, numa incessante busca por
referenciais que reflitam, através da indumentária, aquilo que a arte faz tão
bem ao expor o momento histórico por que passa a humanidade.
Para a presente pesquisa o problema foi a busca de um projeto
educacional que visasse
implementar o estudo da História da Arte nos
cursos superiores de formação de Estilistas de Moda, sustentando-se como
hipótese a necessidade da adoção do ensino de História da Arte no currículo
regular das faculdades de formação de estilistas, que teria como
consequência, maior clareza de informações artísticas e culturais aos
criadores de moda, dando a estes profissionais condições de traçar um
paralelo entre sua criação e a linguagem artística que expressa as
necessidades da sociedade atual.
A pesquisa sustentou-se como válida uma vez que conseguiu, através
de amostragem de inúmeras evidências, que, em diversos momentos do
século XX, muitos foram os criadores de moda buscaram inspiração para
desenvolver seus modelos nos movimentos artísticos. Ao conhecer de que
consistiu cada momento da arte os estudantes poderão perceber, baseados
43
na firmeza de informações, as referências de cada período por que passou a
moda.
A pesquisa suscitaria ainda outras pesquisas com temas pertinentes
ao assunto aqui abordado, como as seguintes:
Os reflexos dos estilos arquitetônicos na moda de roupas e
acessórios, em função da confluência de referências sócio-culturais e
artísticas envolvidas em ambas as atividades: arquitetura e moda.
O estudo da história do figurino para teatro, ballet e cinema, uma vez
que a abordagem transcorreria pelas diversas áreas da atividade cultural e
artística.
O apanhado dos momentos em que estilistas brasileiros se
espelharam na produção artística e cultural puramente brasileira, que se
justificaria por ampliar a área de estudo dos movimentos artísticos do Brasil,
desde as artes plásticas, até a música e o folclore. Tal pesquisa provocaria
um estudo mais profundo da arte brasileira através da moda.
Portanto, todo o estudo voltado a enriquecer a moda de referenciais é
extremamente válido do ponto de vista acadêmico e artístico.
44
ANEXOS
Índice de anexos
Anexo 1 >> GARCIA, Claudia. Yves Saint Laurent - Vida e Carreira.
www1.folha.uol.com.br/folha/almanaque/moda 1-1p. 2005;
Anexo 2 >> GARCIA, Claudia. Schiaparelli - Moda e Surrealismo.
www1.folha.uol.com.br/folha/almanaque/moda 1-1 p. 2005;
Anexo 3 >> GARCIA, Claudia. Courrèges - O Visionário da Moda dos 60.
www1.folha.uol.com.br/folha/almanaque/moda 1-2 p. 2005;
Anexo 4 >> GARCIA, Claudia. Anos 20 - A Era do Jazz.
www1.folha.uol.com.br/folha/almanaque/moda 1-2 p. 2005;
Anexo 5 >> GARCIA, Claudia. A Moda e a Guerra.
www1.folha.uol.com.br/folha/almanaque/moda 1-3 p. 2005;
Anexo 6 >> GARCIA. Claudia. A Época que mudou o mundo.
www1.folha.uol.com.br/folha/almanaque/moda 1-4 p. 2005.
45
Yves Saint Laurent
Modelo do famoso vestido tubinho inspirado no trabalho de Mondrian
Na coleção de 1960 não agradou muito com seus blusões de couro preto sobre
blusas de gola rolê. Mais tarde, o look se tornaria sucesso nas mãos de outros
estilistas com o nome de "beatnik chic". Em setembro do mesmo ano, Saint Laurent
foi chamado para servir na guerra da Argélia e acabou sendo substituído na maison
Dior por Marc Bohan.
Em 1961, decidiu abrir sua própria maison com a ajuda de Pierre Bergé, seu amigo
e companheiro até os dias de hoje. Seu primeiro desfile com a marca Yves Saint
Laurent aconteceu em 29 de janeiro de 1962 e, a partir daí, a sigla YSL se tornaria
sinônimo de elegância e vendas, alavancadas por uma série de licenças da marca,
como meias, lenços, chapéus, bolsas, bijuterias, cintos, óculos e perfumes
distribuídos em diversos países.
Em 1965, uniu moda e arte ao criar os vestidos tubinho inspirados nos trabalhos
do holandês Piet Mondrian (1872-1944), artista plástico fundador do
neoplasticismo [que usa um vocabulário restrito às verticais e horizontais e às cores
puras]. O vestido se tornaria um ícone da moda. Outros artistas também o
inspiraram em suas criações, como Pablo Picasso, Georges Braque, Andy Warhol,
Velázquez e Delacroix.
Por: Claudia Garcia
46
Schiaparelli
Moda e Surrealismo
A moda e a arte sempre caminharam juntas para Elsa Schiaparelli, uma italiana de
alma francesa, que não criava apenas vestidos, chapéus e acessórios, mas
verdadeiras obras de luxo e excentricidade. Suas roupas eram feitas para
impressionar, para destacar a mulher que as usava.
Schiap, como era conhecida em Paris, viveu o auge de seu sucesso durante a
década de 30. Era amiga dos artistas da época, como Jean Cocteau e Christian
Bérard, mas foi com o Surrealismo de Salvador Dalí que ela mais se identificou.
Chegaram a trabalhar juntos em várias criações, como o chapéu-sapato, a bolsa
em forma de telefone, o tailleur com vários bolsos em forma de gaveta e o vestido
decorado com uma grande lagosta.
"Quando o vento arranca o chapéu da sua cabeça e o faz voar cada vez mais
longe, é preciso correr mais rápido que o vento para alcançá-lo. Eu sempre soube
que para construir mais solidamente, às vezes somos obrigados a destruir, a fim
de estabelecer uma nova elegância para as maneiras brutais da vida moderna."
Elsa Schiaparelli
1953/Folha Imagem
47
A vida em rosa-choque
Seu estilo moderno e excêntrico a fez criar um tom de rosa eletrizante, o qual ela
chamou de "shocking", o famoso rosa-choque. Em 1938, Schiap lançou um
perfume com o mesmo nome - "Shocking". O frasco foi desenhado pela pintora
surrealista Leonor Fini e tinha a forma de um torso feminino. Na verdade, o da atriz
Mae West, que encarnava a ousadia do estilo Schiap. O seu livro de memórias,
lançado em 1954, também recebeu o nome da sua cor preferida.
O estilo marcante de Elsa Schiaparelli talvez pudesse ser representado pelo seu
rosa "Shocking, descrito por Yves Saint-Laurent como: "Uma provocação".
Por CLAUDIA GARCIA
48
Courrèges
Macacão espacial Courrèges
A "Revolução Courrèges" e a mulher do ano 2000
Em suas idéias de futuro, a mulher do ano 2000 [nos anos 60, o ano 2000 era a
data que representava o futuro] era andrógina, sempre vestida com roupas
plásticas e metalizadas, numa visão espacial.
Para tanto, Courrèges criou roupas com materiais sintéticos, plásticos e cores
metálicas.
Sua coleção chamada "space age" entrou para a história da moda representando a
revolução Courrèges dos anos 60.
O espírito jovem da época ficou então imortalizado nas suas garotas lunares, de
minissaias, botas e óculos grandes. Tudo branco, prata e cores fluorescentes, no
mais puro estilo viagem espacial.
Por CLAUDIA GARCIA
49
Década de 20
A Era do Jazz
Por CLAUDIA GARCIA
Uma década de prosperidade e liberdade, animada pelo som
das jazz-bands e pelo charme das melindrosas - mulheres
modernas da época, que frequentavam os salões e traduziam
em seu comportamento e modo de vestir o espírito da também
chamada Era do Jazz.
A sociedade dos anos 20, além da ópera ou do teatro, também
frequentava os cinematógrafos, que exibiam os filmes de
Hollywood e seus astros, como Rodolfo Valentino e Douglas
Fairbanks. As mulheres copiavam as roupas e os trejeitos das
atrizes famosas, como Gloria Swanson e Mary Pickford.
A cantora e dançarina Josephine Baker também provocava alvoroço em suas
apresentações, sempre em trajes ousados.
Livre dos espartilhos, usados até o final do século 19, a mulher
começava a ter mais liberdade e já se permitia mostrar as pernas, o
colo e usar maquilagem. A boca era carmim, pintada para parecer um
arco de cupido ou um coração; os olhos eram bem marcados, as
sobrancelhas tiradas e delineadas a lápis; a pele era branca, o que
acentuava os tons escuros da maquilagem.
A silhueta dos anos 20 era tubular, com os vestidos mais curtos,
leves e elegantes, geralmente em seda, deixando braços e costas à
mostra, o que facilitava os movimentos frenéticos exigidos pelo
Charleston - dança vigorosa, com movimentos para os lados a partir
dos joelhos. As meias eram em tons de bege, sugerindo pernas nuas. O
chapéu, até então acessório obrigatório, ficou restrito ao uso diurno. O modelo
mais popular era o "cloche", enterrado até os olhos, que só podia ser usado
com os cabelos curtíssimos, a "la garçonne", como era chamado.
A mulher sensual era aquela sem curvas, seios e quadris pequenos.
A atenção estava toda voltada aos tornozelos.
Em 1927, Jacques Doucet (1853-1929), figurinista francês, subiu as
saias ao ponto de mostrar as ligas rendadas das mulheres - um
verdadeiro escândalo aos mais conservadores.
A década de 20 foi da estilista Coco Chanel, com seus cortes retos,
capas, blazers, cardigãs, colares compridos, boinas e cabelos
curtos. Durante toda a década Chanel lançou uma nova moda após
a outra, sempre com muito sucesso.
Outro nome importante foi Jean Patou, estilista francês que se
destacou na linha "sportswear", criando coleções inteiras para a estrela do tênis
Suzanne Lenglen, que as usava dentro e fora das quadras. Suas roupas de
banho também revolucionaram a moda praia.
Patou também criava roupas para atrizes famosas.
50
Os anos 20, em estilo art-déco, começou trazendo a arte construtivista preocupada com a funcionalidade, além de lançamentos literários inovadores,
como "Ulisses", de James Joyce. É o momento também de Scott Fitzgerald, o
grande sucesso literário da época, com o seu "Contos da Era do Jazz".
No Brasil, em 1922, a Semana de Arte Moderna, realizada por intelectuais,
como Mário de Andrade e Tarsila do Amaral, levou ao Teatro Municipal de São
Paulo artistas plásticos, arquitetos, escritores, compositores e intérpretes para
mostrar seus trabalhos, os quais foram recebidos, ao mesmo tempo, debaixo de
palmas e vaias. A Semana de Arte Moderna foi o grande acontecimento cultural
do período, que lançou as bases para a busca de uma forma de expressão
tipicamente brasileira, que começou a surgir nos anos 30.
Em 1925, pela primeira vez, os surrealistas mostraram seus trabalhos em Paris.
Entre os artistas estavam Joan Miró e Pablo Picasso.
Foi a era das inovações tecnológicas, da eletricidade, da modernização das
fábricas, do rádio e do início do cinema falado, que criaram, principalmente nos
Estados Unidos, um clima de prosperidade sem precendentes, constituindo um
dos pilares do chamado "american way of life" (o estilo de vida americano).
Toda a euforia dos "felizes anos 20" acabou no dia 29 de outubro de 1929,
quando a Bolsa de Valores de Nova York registrou a maior baixa de sua
história. De um dia para o outro, os investidores perderam tudo, afetando toda a
economia dos Estados Unidos, e, consequentemente, o resto do mundo. Os
anos seguintes ficaram conhecidos como a Grande Depressão, marcados por
falências, desemprego e desespero.
51
A Moda e a Guerra
Por CLAUDIA GARCIA
Em 1940, a Segunda Guerra Mundial já havia começado
na Europa. A cidade de Paris, ocupada pelos alemães
em junho do mesmo ano, já não contava com todos os
grandes nomes da alta-costura e suas maisons. Muitos
estilistas se mudaram, fecharam suas casas ou mesmo
as levaram para outros países.
A Alemanha ainda tentou destruir a indústria francesa
de costura, levando as maisons parisienses para Berlim
e Viena, mas não teve êxito. O estilista francês Lucien
Lelong, então presidente da câmara sindical, teve um
papel importante nesse período ao preparar um relatório
defendendo a permanência das maisons no país.
Durante a guerra, 92 ateliês continuaram abertos em
Paris.
Apesar das regras de racionamento, impostas pelo
governo, que também limitava a quantidade de tecidos que se podia comprar e utilizar na
fabricação das roupas, a moda sobreviveu à guerra.
A silhueta do final dos anos 30, em estilo militar, perdurou até o final dos conflitos. A mulher
francesa era magra e as suas roupas e sapatos ficaram mais pesados e sérios.
A escassez de tecidos fez com que as mulheres tivessem de reformar suas roupas e utilizar
materiais alternativos na época, como a viscose, o raiom e as fibras sintéticas. Mesmo
depois da guerra, essas habilidades continuaram sendo muito importantes para a
consumidora média que queria estar na moda, mas não tinha recursos para isso.
Na Grã-Bretanha, o "Fashion Group of Great Britain", comandado por Molyneux, criou 32
peças de vestuário para serem produzidas em massa. A intenção era criar roupas mais
atraentes, apesar das restrições.
O corte era reto e masculino, ainda em estilo militar. As jaquetas e abrigos tinham ombros
acolchoados angulosos e cinturões. Os tecidos eram pesados e resistentes, como o
"tweed", muito usado na época.
As saias eram mais curtas, com pregas finas ou franzidas. As calças compridas se tornaram
práticas e os vestidos, que imitavam uma saia com casaco, eram populares.
O náilon e a seda estavam em falta, fazendo com que as meias finas desaparecessem do
mercado. Elas foram trocadas pelas meias soquetes ou pelas pernas nuas, muitas vezes
com uma pintura falsa na parte de trás, imitando as costuras.
Os cabelos das mulheres estavam mais longos que os dos anos 30. Com a dificuldade em
encontrar cabeleireiros, os grampos eram usados para prendêlos e formar cachos. Os lenços também foram muitos usados
nessa época.
A maquilagem era improvisada com elementos caseiros. Alguns
fabricantes apenas recarregavam as embalagens de batom, já
que o metal estava sendo utilizado na indústria bélica.
A simplicidade a que a mulher estava submetida talvez tenha
despertado seu interesse pelos chapéus, que eram muito
criativos. Nesse período surgiram muitos modelos e adornos.
Alguns eram grandes, com flores e véus; e outros, menores, de
feltro, em estilo militar.
Durante a guerra, a alta-costura ficou restrita às mulheres dos
comandantes alemães, dos embaixadores em exercício e
àquelas que de alguma forma podiam frequentar os salões das
grandes maisons.
Alguns estilistas abriram novos ateliês em Paris durante a
guerra, como Jacques Fath (1912-1954) - que se tornaria muito popular nos Estados
Unidos após a guerra -, Nina Ricci (1883-1970) e Marcel Rochas (1902-1955), um dos
primeiros a colocar bolsos em saias. Alix Grès (1903-1993) chegou a ter seu ateliê fechado
52
logo após a inauguração, em 1941, pelos alemães, por ter apresentado vestidos nas cores
da bandeira francesa. Sua marca era a habilidade em drapear o jérsei de seda, com
acabamento primoroso.
Outro estilista importante foi o inglês Charles James (1906-1978), que, no período de 1940
a 1947, em Nova York, criou seus mais belos modelos. Chegou a antecipar, em alguns, o
que viria a ser o "New Look", de Christian Dior.
Durante a guerra, o chamado "ready-to-wear" (pronto para usar), que é a forma de produzir
roupas de qualidade em grande escala, realmente se desenvolveu. Através dos catálogos
de venda por correspondência com os últimos modelos, os pedidos podiam ser feitos de
qualquer lugar e entregues em 24 horas pelos fabricantes.
Sem dúvida, o isolamento de Paris fez com que os americanos se sentissem mais livres
para inventar sua própria moda. Nesse contexto, foram criados os conjuntos, cujas peças
podiam ser combinadas entre si, permitindo que as mulheres pudessem misturar as peças e
criar novos modelos.
A partir daí, um grupo de mulheres lançou os fundamentos do "sportswear' americano. Com
isso, o "ready-to-wear", depois chamado de "prêt-à-porter" pelos franceses, que até então
havia sido uma espécie de estepe para tempos difíceis, se transformou numa forma prática,
moderna e elegante de se vestir.
Com a falta de materiais em quase todos os setores e em todos os países envolvidos nos
conflitos, novos materiais foram desenvolvidos e utilizados para a produção de objetos e
móveis, como os potes flexíveis e duráveis, de polietileno, que ficaram conhecidos como
Tupperware.
Com a libertação de Paris, em 1944, a alegria invadiu as ruas, assim como os ritmos do jazz
e as meias de náilon americanas, trazidas pelos soldados, que levaram de volta para suas
mulheres o perfume Chanel nº 5.
Em 1945, foi criada uma exposição de moda, com a intenção de angariar fundos e confirmar
a força e o talento da costura parisiense. Como não havia material suficiente para a
produção de modelos luxuosos, a solução foi vestir pequenas bonecas, moldadas com fio
de ferro e cabeças de gesso, com trajes criados por todos os grandes nomes da altacostura francesa.
Importantes artistas, como Christian Bérard e Jean Cocteau
participaram da produção da exposição, composta por 13 cenários e
237 bonecas, devidamente vestidas, da roupa esporte ao vestido de
baile, com todos os acessórios, lingeries, chapéus, peles e sapatos,
tudo feito manualmente, idênticos, em acabamento e luxo, aos de
tamanho natural.
No dia 27 de março de 1945, "Le Théatre de la Mode" (O Teatro da
Moda) encantou seus convidados em Paris. Mais de 200 mil franceses
visitaram a exposição, que seguiu para vários países, como Espanha,
Inglaterra, Áustria e Estados Unidos, sempre com muito sucesso.
No pós-guerra, o curso natural da moda seria a simplicidade e a
praticidade, características da moda lançada por Chanel
anteriormente. Entretanto, o francês Christian Dior, em sua primeira
coleção, apresentada em 1947, surpreendeu a todos com suas saias
rodadas e compridas, cintura fina, ombros e seios naturais, luvas e
sapatos de saltos altos.
O sucesso imediato do seu "New Look", como a coleção ficou
conhecida, indica que as mulheres ansiavam pela volta do luxo e da
sofisticação perdidos.
Dior estava imortalizado com o seu "New Look" jovem e alegre. Era a visão da mulher
extremamente feminina, que iria ser o padrão dos anos 50.
53
A Época que Mudou o Mundo
Por CLAUDIA GARCIA
Os anos 50 chegaram ao fim com uma geração de jovens, filhos do chamado
"baby boom", que vivia no auge da prosperidade financeira, em um clima de
euforia consumista gerada nos anos do pós-guerra nos EUA. A nova década que
começava já prometia grandes mudanças no comportamento, iniciada com o
sucesso do rock and roll e o rebolado frenético de Elvis Presley, seu maior
símbolo.
A imagem do jovem de blusão de couro, topete e jeans, em motos ou lambretas,
mostrava uma rebeldia ingênua sintonizada com ídolos do cinema como James
Dean e Marlon Brando. As moças bem comportadas já começavam a abandonar
as saias rodadas de Dior e atacavam de calças cigarette, num prenúncio de
liberdade.
Os anos 60, acima de tudo, viveram uma explosão de juventude em todos os
aspectos. Era a vez dos jovens, que influenciados pelas idéias de liberdade "On
the Road" [título do livro do beatnik Jack Keurouac, de 1957] da chamada geração
beat, começavam a se opor à sociedade de consumo vigente. O movimento, que
nos 50 vivia recluso em bares nos EUA, passou a caminhar pelas ruas nos anos
60 e influenciaria novas mudanças de comportamento jovem, como a contracultura
e o pacifismo do final da década.
Nesse cenário, a transformação da moda iria ser radical. Era o fim da moda única,
que passou a ter várias propostas e a forma de se vestir se tornava cada vez mais
ligada ao comportamento.
Conscientes desse novo mercado consumidor e de sua voracidade, as empresas
criaram produtos específicos para os jovens, que, pela primeira vez, tiveram sua
própria moda, não mais derivada dos mais velhos. Aliás, a moda era não seguir a
moda, o que representava claramente um sinal de liberdade, o grande desejo da
juventude da época.
Algumas personalidades de características diferentes, como as atrizes Jean
Seberg, Natalie Wood, Audrey Hepburn, Anouk Aimée, modelos como Twiggy,
Jean Shrimpton, Veruschka ou cantoras como Joan Baez, Marianne Faithfull e
Françoise Hardy, acentuavam ainda mais os efeitos de uma nova atitude.
Na moda, a grande vedete dos anos 60 foi, sem dúvida, a minissaia. A inglesa
Mary Quant divide com o francês André Courrèges sua criação. Entretanto, nas
palavras da própria Mary Quant: "A idéia da minissaia não é minha, nem de
Courrèges. Foi a rua que a inventou". Não há dúvidas de que passou a existir, a
partir de meados da década, uma grande influência da moda das ruas nos
trabalhos dos estilistas. Mesmo as idéias inovadoras de Yves Saint Laurent com a
54
criação de japonas e sahariennes [estilo safári], foram atualizações das tendências
que já eram usadas nas ruas de Londres ou Paris.
O sucesso de Quant abriu caminho para outros jovens estilistas, como
Ossie Clark, Jean Muir e Zandra Rhodes. Na América, Bill Blass, Anne
Klein e Oscar de la Renta, entre outros, tinham seu próprio estilo, variando
do psicodélico [que se inspirava em elementos da art nouveau, do oriente,
do Egito antigo ou até mesmo nas viagens que as drogas
proporcionavam] ou geométrico e o romântico.
Em 1965, na França, André Courrèges operou uma verdadeira revolução
na moda, com sua coleção de roupas de linhas retas, minissaias, botas
brancas e sua visão de futuro, em suas "moon girls", de roupas espaciais,
metálicas e fluorescentes. Enquanto isso, Saint Laurent criou vestidos
tubinho inspirados nos quadros neoplasticistas de Mondrian e o italiano
Pucci virou mania com suas estampas psicodélicas. Paco Rabanne, em
meio às suas experimentações, usou alumínio como matéria-prima.
Os tecidos apresentavam muita variedade, tanto nas estampas quanto
nas fibras, com a popularização das sintéticas no mercado, além de todas
as naturais, sempre muito usadas.
As mudanças no vestuário também alcançaram a lingerie, com a generalização do
uso da calcinha e da meia-calça, que dava conforto e segurança, tanto para usar a
minissaia, quanto para dançar o twist e o rock.
O unissex ganhou força com os jeans e as camisas sem gola. Pela primeira vez, a
mulher ousava se vestir com roupas tradicionalmente masculinas, como o smoking
[lançado para mulheres por Yves Saint Laurent em 1966].
A alta-costura cada vez mais perdia terreno e, entre 1966 e 1967, o número de
maisons inscritas na Câmara Sindical dos costureiros parisienses caiu de 39 para
17. Consciente dessa realidade, Saint Laurent saiu na frente e inaugurou uma
nova estrutura com as butiques de prêt-à-porter de luxo, que se multiplicariam pelo
mundo também através das franquias.
Com isso, a confecção ganhava cada vez mais terreno e necessitava de
criatividade para suprir o desejo por novidades. O importante passaria a ser o
estilo e o costureiro passou a ser chamado de estilista.
Nessa época, Londres havia se tornado o centro das atenções, a viagem dos
sonhos de qualquer jovem, a cidade da moda. Afinal, estavam lá, o grande
fenômeno musical de todos os tempos, os Beatles, e as inglesinhas emancipadas,
que circulavam pelas lojas excêntricas da Carnaby Street, que mais tarde foram
para a famosa King's Road e o bairro de Chelsea, sempre com muita música e
atitude jovens.
Nesse contexto, a modelo Jean Shrimpton era a personificação das chamadas
"chelsea girls". Sua aparência era adolescente, sempre de minissaia, com seus
cabelos longos com franja e olhos maquiados. Catherine Deneuve também
encarnava o estilo das "chelsea girls", assim como sua irmã, a também atriz
Françoise Dorléac. Por outro lado, Brigitte Bardot encarnava o estilo sexy, com
cabelos compridos soltos rebeldes ou coque no alto da cabeça [muito imitado
pelas mulheres].
55
Twiggy, o rosto dos 60
Entretanto, os anos 60 sempre serão lembrados pelo estilo da modelo e atriz
Twiggy, muito magra, com seus cabelos curtíssimos e cílios inferiores pintados com
delineador.
A maquiagem era essencial e feita especialmente para o público jovem. O foco
estava nos olhos, sempre muito marcados. Os batons eram clarinhos ou mesmo
brancos e os produtos preferidos deviam ser práticos e fáceis de usar. Nessa área,
Mary Quant inovou ao criar novos modelos de embalagens, com caixas e estojos
pretos, que vinham com lápis, pó, batom e pincel. Ela usou nomes divertidos para
seus produtos, como o "Come Clean Cleanser", sempre com o logotipo de
margarida, sua marca registrada.
As perucas também estavam na moda e nunca venderam tanto. Mais baratas e em
diversas tonalidades e modelos, elas eram produzidas com uma nova fibra
sintética, o kanekalon.
O estilo da "swinging London" culminou com a Biba, uma butique independente,
frequentada por personalidades da época. Seu ar romântico retrô, aliado ao estilo
camponês, florido e ingênuo de Laura Ashley, estavam em sintonia com o início do
fenômeno hippie do final dos anos 60.
A moda masculina, por sua vez, foi muito influenciada, nos início da década, pelas
roupas que os quatro garotos de Liverpool usavam, especialmente os paletós sem
colarinho de Pierre Cardin e o cabelo de franjão. Também em Londres, surgiram os
mods, de paletó cintado, gravatas largas e botinas. A silhueta era mais ajustada ao
corpo e a gola rolê se tornou um clássico do guarda-roupa masculino. Muitos
adotaram também a japona do pescador e até mesmo o terno de Mao.
No Brasil, a Jovem Guarda fazia sucesso na televisão e ditava moda. Wanderléa de
minissaia, Roberto Carlos, de roupas coloridas e como na música, usava botinha
sem meia e cabelo na testa [como os Beatles]. A palavra de ordem era "quero que
vá tudo pro inferno".
Os avanços na medicina, as viagens espaciais, o Concorde que viaja em
velocidade superior à do som, são exemplos de uma era de grande
desenvolvimento tecnológico que transmitia uma imagem de modernidade. Essa
imagem influenciou não só a moda, mas também o design e a arte que passaria a
ter um aspecto mais popular e fugaz.
56
Trabalho de Andy Warhol, símbolo da Pop Art
Nesse contexto, nenhum movimento artístico causou maior impacto do que a Pop
Art. Artistas como Andy Warhol, Roy Lichetenstein e Robert Indiana usaram
irreverência e ironia em seus trabalhos. Warhol usava imagens repetidas de
símbolos populares da cultura norte-americana em seus quadros, como as latas de
sopa Campbell, Elvis Presley e Marilyn Monroe. A Op Art [abreviatura de optical
art, corrente de arte abstrata que explora fenômenos ópticos] também fez parte
dessa época e estava presente em estampas de tecidos.
No ritmo de todas as mudanças dos anos 60, o cinema europeu ganhava força com
a nouvelle vague do cinema francês ["Acossado", de Jean-Luc Godard, se tornaria
um clássico do movimento], ao lado do neo-realismo do cinema italiano, que
influenciaram o surgimento, no início da década, do cinema novo [que teve Glauber
Rocha como um dos seus iniciadores] no Brasil, ao contestar as caras produções
da época e destacar a importância do autor, ao contrário dos estúdios de
Hollywood.
No final dos anos 60, de Londres, o reduto jovem mundial se transferiu para São
Francisco (EUA), região portuária que recebia pessoas de todas as partes do
mundo e também por isso, berço do movimento hippie, que pregava a paz e o
amor, através do poder da flor [flower power], do negro [black power], do gay [gay
power] e da liberação da mulher [women's lib]. Manifestações e palavras de ordem
mobilizaram jovens em diversas partes do mundo.
A esse conjunto de manifestações que surgiram em diversos países deu-se o nome
de contracultura. Uma busca por um outro tipo de vida, underground, à margem do
sistema oficial. Faziam parte desse novo comportamento, cabelos longos, roupas
coloridas, misticismo oriental, música e drogas.
No Brasil, o grupo "Os Mutantes", formado por Rita Lee e os irmãos Arnaldo e
Sérgio Batista, seguiam o caminho da contracultura e afastavam-se da ostentação
do vestuário da jovem guarda, em busca de uma viagem psicodélica.
A moda passou a ser as roupas antes reservadas às classes operárias e
camponesas, como os jeans americanos, o básico da moda de rua. Nas butiques
chiques, a moda étnica estava presente nos casacos afegãos, fulares indianos,
túnicas floridas e uma série de acessórios da nova moda, tudo kitsch, retrô e pop.
Toda a rebeldia dos anos 60 culminaram em 1968. O movimento estudantil explodiu
e tomou conta das ruas em diversas partes do mundo e contestava a sociedade,
seus sistemas de ensino e a cultura em diversos aspectos, como a sexualidade, os
costumes, a moral e a estética.
No Brasil, lutava-se contra a ditadura militar, contra a reforma educacional, o que
iria mais tarde resultar no fechamento do Congresso e na decretação do Ato
Institucional nº 5.
Talvez o que mais tenha caracterizado a juventude dos anos 60 tenha sido o desejo
de se rebelar, a busca por liberdade de expressão e liberdade sexual. Nesse
sentido, para as mulheres, o surgimento da pílula anticoncepcional, no início da
57
década, foi responsável por um comportamento sexual feminino mais liberal.
Porém, elas também queriam igualdade de direitos, de salários, de decisão. Até o
sutiã foi queimado em praça pública, num símbolo de libertação.
Os 60 chegaram ao fim, coroados com a chegada do homem à Lua, em julho de
1969, e com um grande show de rock, o "Woodstock Music & Art Fair", em agosto
do mesmo ano, que reuniu cerca de 500 mil pessoas em três dias de amor, música,
sexo e drogas.
58
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
Müller, Florence – Arte e Moda – São Paulo: Cosac & Naify Edições, 2002
Baudot, François – Moda do Século – São Paulo: Cosac & Naify Edições,
2002
Feghali, Marta Kasxnar / Dwyer, Daniela – As engrenagens da moda – Rio
de Janeiro: Ed. Senac, 2001
Palomino, Erika – A moda – São Paulo: Publifolha, 2002
Moutinho, Maria Rita / Teixeira Valença, Máslova – A Moda no século XX –
Rio de Janeiro: Ed. Senac Nacional, 2000
O Livro da Arte – Edição publicada por Livraria Martins Fontes Editora Ltda.
– São Paulo, 1999
Lambert, Rosemary - “Cambridge introducing to the history of art: The
twentieth century” – Copyright by Cambridge University Press, 1981 –
Tradução: Álvaro Cabral
Braga, João – História da Moda – São Paulo: Editora Anhembi Morumbi,
2004 - Coleção Moda e Comunicação / Katia Castilho (coordenação)
Lehnert, Gertrude - História da Moda do Século XX - © 2001 da edição
portuguesa Könemann Verlagsgesellschaft mbh
Martin, Richard – Cubism and Fashion – New York: The Metropolitan
Museum of Art, 1999
Veillon, Dominique – Moda e Guerra: um retrato da França ocupada – Rio de
Janeiro: Editora Jorge Zahar, 2004.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO
2
AGRADECIMENTO
3
DEDICATÓRIA
4
RESUMO
5
METODOLOGIA
6
SUMÁRIO
7
INTRODUÇÃO
8
CAPÍTULO I
O início do século e sua efervescência cultural
11
1.1 – Os movimentos
13
1.2 – As primeiras influências
17
CAPÍTULO II
As guerras mundiais e seu legado artístico e sócio-cultural 19
2.1 – Primeira Guerra Mundial (1914 a 1918)
20
2.2 – O entre guerras
22
2.3 – Segunda Guerra Mundial (1939 a 1945)
27
CAPÍTULO III
O pós-guerra
28
3.1 – Americanização
29
3.2 – Resistência Francesa
30
3.3 – É preciso sonhar
31
CAPÍTULO IV
O império jovem
33
4.1 – Mudança de padrões
33
4.2 – Contracultura
35
4.3 – Conceito
38
CONCLUSÃO
42
ANEXOS
44
BIBLIOGRAFIA CONSULTADA
58
ÍNDICE
59
60
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós-Graduação “Lato Sensu” em Docência de Ensino Superior
Título da Monografia: “Um Projeto Educacional sobre os reflexos das formas
da Arte nas formas da Moda do Século XX”
Autor: Josiane da Costa Mattos
Data da entrega: 29 de janeiro de 2005
Avaliado por:
Conceito:
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