Nas Asas
da
Embraer
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Este
artigo traça um breve perfil
Embraer- Empresa
Aeronáutica S.A. e tece
histórico da
Brasileira
de
reflexões sobre o mercado de aviação
comercial, o mercado de aviação
executiva e o mercado de defesa.
Perspectivas Históricas
A
Embraer é uma empresa líder na fabricação de jatos comer­
ciais de até 110 assentos. Possui 36 anos de experiência
em projeto, desenvolvimento, fabricação, venda e suporte
pós-vendas de aeronaves destinadas aos mercados globais de aviação
Comercial, Executiva e de Defesa e é uma das principais empresas expor­
tadoras brasileiras.
Sediada em São José dos Campos, no Estado de São Paulo, a cerca
de 90 km da cidade de São Paulo, a Embraer mantém subsidiárias,
escritórios e bases de serviços ao cliente na China, Cingapura, Estados
Unidos, França e Portugal. Em 30 de dezembro de 2005, contava com
16.953 empregados e uma carteira de pedidos firmes que totalizava
US$ 10,4 bilhões.
A origem da Empresa Brasileira de Aeronáutica S.A. remonta
à década de 40, quando o Governo Brasileiro iniciou um projeto
estratégico de longo prazo para desenvolver a capacitação aeroespacial
do país. Tal projeto surgiu da necessidade de montar uma sólida base
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técnica capaz de suprir a dependência tecnológica das nações mais
avançadas e consolidar a instalação de uma indústria aeronáutica no
país. A idéia consistia na criação de uma escola de engenharia modelo
e de um instituto de pesquisa e desenvolvimento, co-localizados em um
centro técnico com infra-estrutura adequada.
Dessa forma, começou a ser organizado em 1946, na cidade de
São José dos Campos, o Centro Técnico de Aeronáutica (CTA), hoje
denominado Centro Técnico Aeroespacial, que, a partir de 1950, passou
a abrigar o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA). Em 1953,
dando continuidade ao projeto, foi criado o Instituto de Pesquisa e
Desenvolvimento (IPD).
Vários programas experimentais de desenvolvimento de aeronaves
tiveram lugar no CTA a partir da década de 50, entre eles o Convertiplano,
o helicóptero Beija-flor e o avião turboélice Bandeirante. Este último,
iniciado em 1965 como programa IPD-6504, deu origem à criação da
Embraer, em 19 de agosto de 1969. Com o apoio do Governo Brasileiro,
a Empresa pôde transformar ciência e tecnologia em engenharia e
capacidade industrial.
Além do EMB 110 Bandeirante, a Embraer foi contratada pelo
Governo Brasileiro para fabricar o jato de treinamento avançado
e ataque ao solo EMB 326 Xavante, sob licença da empresa italiana
Aermacchi. Outros desenvolvimentos que marcaram o início das
atividades da Embraer foram o planador de alto desempenho EMB 400
Urupema e a aeronave agrícola EMB 200 Ipanema.
A partir de 1974, a Embraer inicia sua participação no mercado
internacional, com a exportação do Bandeirante e do Ipanema. Em
1976, lança o primeiro projeto de uma aeronave pressurizada, o EMB
121 Xingu. Nos anos seguintes, o desenvolvimento de novos produtos,
como o EMB 312 Tucano e o EMB 120 Brasília, seguidos pelo programa
AMX, em cooperação com as empresas italianas Aeritalia (hoje Alenia)
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Dois momentos:
Foto histórica da Neiva e
hangar F-60 da Embraer
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e Aermacchi, permitiram que a Empresa alçasse um novo patamar
tecnológico e industrial.
Entretanto, a acentuada crise financeira do início dos anos 1990
fez com que a Embraer reduzisse consideravelmente o seu quadro de
empregados, abandonasse o projeto do CBA 123 Vector e atrasasse o
desenvolvimento do jato ERJ 145, culminando com a sua privatização,
em 1994.
A partir deste momento decisivo, a união de duas sólidas culturas,
a da engenharia e indústria, construída ao longo das décadas passadas,
e a empresarial, trouxe novas capacitações gerenciais e financeiras e a
Embraer iniciou um processo de retomada do crescimento, impulsionada
pelo projeto da família ERJ 145. Com o lançamento da família EMBRAER
170/190, do jato executivo Legacy 600, dos novos jatinhos Phenom
100 e Phenom 300, dos sistemas de defesa ISR, do Super Tucano e da
certificação da primeira aeronave de série do mundo a operar a álcool,
o Ipanema, a Embraer expandiu significativamente sua atuação no
mercado aeronáutico, ampliando receitas e diversificando mercados.
Desde 1995, ano seguinte a sua privatização, até dezembro de 2005,
a Embraer exportou US$ 20,6 bilhões em produtos e serviços, tendo
sido a maior exportadora brasileira entre 1999 e 2001. Contribuiu, ao
longo desses onze anos, com US$ 8,2 bilhões para o saldo da balança
comercial do país. Hoje, a Embraer é uma empresa brasileira líder no
mercado de jatos comerciais de até 110 assentos.
Mercado
de
Aviação Comercial
Para atender o exigente mercado de aviação comercial, a Embraer
possui duas famílias de produtos, projetadas para atender segmentos
específicos.
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A família de jatos ERJ 145 proporciona a capacidade e a
flexibilidade necessárias para atender às grandes variações de demanda
e freqüência típicas dos mercados regionais. Com um projeto estrutural
sólido e testado, desenvolvido especificamente para misssões comerciais
regionais de altas freqüências de utilização, cada aeronave voa cerca de
2.800 horas por ano.
Composta por quatro aviões, ERJ 135, ERJ 140, ERJ 145 e ERJ 145
XR, com capacidade para 37 a 50 assentos, a família ERJ 145 possui
95% de comunalidade e baixos custos operacionais, de manutenção e
treinamento de tripulação. Seus sistemas e componentes principais são
de fácil acesso, simplificando a manutenção e minimizando o tempo de
permanência em solo.
A plataforma da família ERJ 145 também foi utilizado no
desenvolvimento de novos projetos para a Aviação Executiva, com a
aeronave Legacy, e de Defesa, com os três sistemas ISR.
A família EMBRAER 170/190, composta por quatro modelos
inteiramente novos, o EMBRAER 170, EMBRAER 175, EMBRAER 190 e
EMBRAER 195, foi projetada para atender o ainda inexplorado mercado
de jatos de 70 a 110 assentos.
O alto índice de comunalidade entre os quatro membros da família
resulta em menor custo com peças de reposição e manutenção para os
operadores. Além disto, o treinamento da tripulação é comum dentro
dos modelos da família, permitindo uma melhor alocação de recursos
sem as restrições normalmente associadas aos vôos realizados com
frotas mistas.
Os E-jets da Embraer incorporam inúmeras novidades para este
tipo de aeronave, tais como o uso da tecnologia “fly-by-wire” para
controle de vôo e o conforto proporcionado pelo desenho de “duplabolha” da fuselagem, que permite configurar o interior em uma ou duas
classes.
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Família EMBRAER 170 / 190 voa em formação
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A família EMBRAER 170/190 foi projetada para exceder os mais
rigorosos requisitos ambientais de ruído e de emissões estabelecidos
pela International Civil Aviation Organization (ICAO).
O EMBRAER 170, o EMBRAER 175 e o EMBRAER 190 já estão
certificados e operando nas Américas, Europa e Ásia. O EMBRAER 195,
que realizou seu primeiro vôo em dezembro de 2004, será certificado
no segundo trimestre de 2006.
Mercado
de
Aviação Executiva
A presença da Embraer no mercado de aviação executiva ainda é
discreta. O primeiro jato para atender este mercado foi o Legacy 600,
em operação desde 2002. A Embraer tem buscado entender e responder
às necessidades do mercado de aviação executiva e dos clientes deste
segmento, incrementando continuamente o produto e o suporte ao
operador.
Assim, o Legacy 600 tem mudado as expectativas com relação
ao que um jato executivo deve ser. O avião oferece equilíbrio sem
precedentes entre conforto, desempenho e confiabilidade e é oferecido
em três versões: Legacy Executive, Legacy Shuttle e Legacy Shuttle
HC.
O Legacy 600 Executive proporciona conforto e privacidade para
até 16 passageiros em três ambientes distintos de cabine. Seu luxuoso
interior traz poltronas revestidas em couro, divã, aparador lateral, além
de mesas para refeição e reuniões. O avião também tem uma galley
para o preparo de alimentos quentes e frios, amplo lavatório na parte
traseira, guarda-roupas, armários, sistema de entretenimento com DVD
e comunicação via satélite, que permite acesso sem fio de banda larga
à internet.
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O compartimento de bagagem do Legacy 600 Executive, com
capacidade de 6,8 m3 (240 pés cúbicos), é um dos maiores da aviação
executiva, e a possibilidade de ser acessado durante o vôo oferece ainda
mais comodidade ao passageiro, que possui todo o conforto de um
avião executivo com a flexibilidade e confiabilidade de um jato com
mais de oito milhões de horas voadas, visto que utiliza a plataforma
do ERJ 135.
Também disponível nas versões Shuttle, para 16 a 19 passageiros,
e Shuttle HC, para 37 passageiros, o Legacy 600 é projetado para ser
confortável e funcional e é um excepcional avião para o transporte de
autoridades de Estado.
Reafirmando seu comprometimento com o mercado de aviação
executiva e com o firme objetivo de estabelecer-se como um forte
competidor neste mercado, a Embraer anunciou, em maio de 2005, dois
novos produtos: o jato very light Phenom 100 e o jato light Phenom
300.
Os jatos Phenom 100 e Phenom 300 são os melhores da sua classe.
Conforto superior, desempenho excepcional e baixo custo de operação
são requisitos imprescindíveis no projeto desses jatos. A sensação
relaxante do ambiente é aumentada pelo generoso tamanho das janelas
e pela comodidade da maior cabine de suas respectivas classes. A bordo,
há uma copa, lavabo privativo, além de comunicação e entretenimento
por satélite.
A funcionalidade da cabine de comando e as qualidades de vôo
das duas novas aeronaves permitirão a operação por apenas um piloto.
Aproveitando a experiência adquirida do projeto do Legacy 600, os
jatos Phenom 100 e Phenom 300 serão construídos para alta utilização
e alta confiabilidade, características que os tornam particularmente
adequados para operação no mercado mundial de táxi aéreo.
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Foto artística
Phenom 100 e Phenom 300
Com capacidade para transportar de seis a nove ocupantes, os
jatos Phenom 100 e Phenom 300 serão entregues a partir de 2008 e
2009, respectivamente.
Mercado
de
Defesa
Os produtos para o mercado de Defesa da Embraer incluem três
sistemas Inteligência, Vigilância e Reconhecimento (ISR - Intelligence,
Surveillance and Reconnaissance) e a aeronave de treinamento avançado
e ataque básico Super Tucano.
Originalmente desenvolvidos para o Sistema de Vigilância da
Amazônia (SIVAM) da Força Aérea Brasileira (FAB), em 1997, os sistemas
ISR da Embraer já estão operando no Brasil, na Grécia e no México.
Desenvolvidos sob a plataforma ERJ 145, modificada para atender às
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diferentes missões e requisitos de integração de equipamentos, a linha
de produtos ISR da Embraer possui três versões: EMB 145 AEW&C,
EMB 145 RS/AGS e P-99.
O EMB 145 AEW&C (Airborne Early Warning and Control) é uma
das mais avançadas aeronaves de alerta aéreo antecipado e controle
disponíveis no mercado. O EMB 145 RS/AGS (Remote Sensng, Airto-Ground Surveillance) executa operações de vigilância de solo e
sensoriamento remoto. O P-99 foi projetado para missões de patrulha
marítima e guerra anti-submarina e possui uma versão de patrulhamento
marítimo (MP - Maritime Patrol) utilizada pelo Governo do México
para monitorar Zonas Econômicas Exclusivas e águas territoriais.
Os aviões do sistema ISR demonstram as claras vantagens de
se utilizar uma plataforma comprovada, que oferece disponibilidade
mundial de peças de reposição, baixo custo de aquisição inicial, baixo
custo de hora voada e alta despachabilidade, possibilitados pela bem
sucedida família de jatos regionais ERJ 145, com quase 1.000 unidades
voando em todo o mundo e mais de oito milhões de horas voadas
acumuladas.
O Super Tucano, turboélice militar multimissão para treinamento
básico e avançado, familiarização com armamentos e ataque leve, é
uma evolução da plataforma do Tucano. Na FAB, que encomendou 76
unidades e possui outras 23 opções de compra do Super Tucano, estes
aviões estão sendo utilizados juntamente com oito aeronaves ISR no
programa SIVAM.
Para maiores informações institucionais ou sobre os produtos da
Embraer, acesse o website da Empresa (http://www.embraer.com).
Maurício Novis Botelho
Presidente da Empresa Brasileira de Aeronáutica S. A. (EMBRAER)
www.embraer.com.br
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Super Tucano em vôo
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nas asas da embraer