Histórico e Fundamentos da
Terapia Cognitiva
Comportamental
Eliana Melcher Martins
Doutoranda em Ciências pelo Depto. de Psiquiatria e Psicologia Clínica da UNIFESP
Mestre em Ciências pelo Depto. de Psicobiologia da UNIFESP
Especialista em Medicina Comportamental pela UNIFESP
Psicóloga Clínica Cognitivo-Comportamental
Psicologia
• Início do século XX era dualista:
Objeto de estudo a Consciência
Atingida pela Introspecção
• Desenvolvimento das Ciências
Distanciou-se das origens filosóficas
Aproximou-se das Ciências naturais
(Experimentais)
Experimentos
• Relatos de auto-observações de experiências subjetivas
de sensações provocadas por estímulos apresentados
aos sujeitos treinados por experimentadores dentro de
certos critérios.
• Essas experiências eram descritas e os
experimentadores ajudavam os sujeitos a definirem, por
análise, os elementos básicos que as constituíam.
• Estas observações não eram replicáveis, verificáveis e
de generabilidade questionável
• Descrições de conteúdos da Consciência
não eram de grande utilidade.
• Psicologia Introspectiva era apragmática.
• Psicologia animal (darwinismo) mostrava
as vantagens da abordagem experimental
como prática das Ciências naturais.
Positivismo
• Expressava as conquistas e as vitórias
das Ciências naturais.
• Valorizava as vantagens científicas do
caminho objetivo.
O Positivismo Social de Auguste Comte
A ciência é uma atividade do homem e o
homem, um ser social, postula a natureza social
do conhecimento científico, rejeita a
introspecção e estabelece como critério de
verdade o observável consensual, isto é, o
observável partilhado e sancionado pelo outro.
O Positivismo Lógico do Círculo de Viena
Eu só tenho acesso à
informação que meus
sentidos me trazem, não
posso ter informações
sobre minha consciência,
cuja natureza difere da
de meu corpo.
É verdade que não posso
negá-la, mas também
não posso estudá-la.
• É interessante que esta
influência também levou
ao idealismo e ao
subjetivismo: já que não
tenho acesso a nada
senão minhas
sensações, o mundo não
existe, somente minhas
impressões dele, só
minhas idéias são reais).
Operacionismo
Derivado da influência do Positivismo Lógico sobre a Física:
“Se somente tenho acesso às informações que meus
sentidos trazem, então a linguagem pela qual expresso e
estruturo essas informações é o mais importante em
ciência.
A definição dos conceitos é fundamental, e definir é
descrever as operações envolvidas no processo de medir o
conceito.
Essa descrição deve ser objetiva e referir-se a termos
observáveis”
Psicologia Introspectiva
• Chocava-se com o espírito pragmático da cultura norte
americana que expressava um certo grau de darwinismo
social, ou seja
• Exigia uma concepção de homem que acentuasse a
idéia de que todos nasciam iguais e que, no embate
com os desafios do ambiente, os mais fortes ou capazes
venceriam.
• As experiências da vida se encarregariam de completar
o que a biologia tivesse produzido, construindo – para o
bem ou para o mal- cada indivíduo.
Trabalhos Experimentais
• Pavlov (1927) – Russia
• Thorndike (1895) – EUA
• Modelo a ser seguido na Psicologia
Critérios destes trabalhos
• Metodológico:
Técnicas de investigação rigorosa e extremamente ricas
para a produção de conhecimento psicológico.
• Filosófico
Adesão, concepção determinista, coerente com os
postulados positivistas.
Ambas destacavam o papel da aprendizagem na
determinação do comportamento.
Influenciaram Watson, apesar de sua recusa da Lei do
Efeito (Thorndike) para esse tipo de interpretação.
BEHAVIORISMO
Foi utilizado inicialmente em 1913 em um artigo
denominado “Psicologia: como os behavioristas a
vêem” por John B. Watson (1878-1958).
"Behavior" = "comportamento"
"Um ramo experimental e puramente objetivo da
ciência natural. A sua meta é a previsão e controle
do comportamento...".
O comportamento passou a ser objeto de estudo da
Psicologia.
"Por que não fazemos daquilo que podemos
observar o corpo de estudo da Psicologia?"
Filosofia
• Estudar o comportamento por si mesmo
• Opor-se ao mentalismo
• Aderir ao evolucionismo biológico
• Adotar o determinismo materialístico
Metodologia
• Usar procedimentos objetivos na coleta de
dados, rejeitando a introspecção
• Realizar experimentação
• Realizar testes de hipótese de preferência com
grupo controle
• Observar consensualmente
"Observação"
Tornou-se um termo e uma operação
fundamental para o Behaviorismo:
Define a categoria "comportamento", seu
objeto de estudo.
BEHAVIORISMO METODOLÓGICO
• Comportamento é o observável e, por definição,
observável pelo outro.
• Comportamento, para ser objeto de estudo do
behaviorista, deve ocorrer afetando os sentidos do
outro, deve poder ser contado e medido pelo
outro.
• Dai dizer-se que em observação o que importa é a
concordância de observadores, e portanto, a
necessidade de um treino rigoroso nos
procedimentos de registro e análise.
Mas o que é comportamento?
• Comportamento não era visto como mais uma função
biológica, como o respirar, o digerir.
• Dentro de uma Física newtoniana mecanicista da época,
todo fenômeno devia ter uma causa, e dentro da
rejeição mentalista, a causa do comportamento não
poderia ser a mente. Seria então algo externo ao
organismo e observável, o ambiente, o estímulo.
• Importante notar que, afinal, a concepção behaviorista é
tão dualista quanto a posição mentalista: o corpo precisa
ser animado pela alma tanto quanto o comportamento é
expressão da mente ou produto da instigação do
estímulo.
Mas o que é comportamento?
• A palavra "estímulo" veio de Pavlov.
• Referia-se à troca de energia entre o ambiente e o
organismo, quanto à operação realizada pelo
experimentador em seu laboratório, uma parte ou
mudança em parte do mundo físico que causava uma
mudança no organismo ou parte do organismo, a
resposta.
• Essa mudança observável no organismo
biológico seria o comportamento.
• Watson foi influenciado pelos estudos
experimentais sobre o comportamento
reflexo efetuados por Pavlov.
• A Psicologia da época buscava um objeto
mensurável e observável para estudar.
• Os experimentos de Pavlov podiam ser
reproduzidos em diferentes sujeitos e
condições.
• Tais possibilidades foram importantes para que
a Psicologia alcançasse o status de ciência.
Ivan Petrovich Pavlov
• Russia (1849 – 1936)
• Fisiologista, Físico e Psicólogo
• Mais conhecido por ter descrito
fenômeno do “condicionamento clássico”
Reflexos condicionais
• Pouco antes do século XX, Ivan Pavlov estava
pesquisando a secreção digestiva de cães.
•
No curso desses experimentos, notou que a
introdução de alimentos, na boca, resultava num
fluxo de saliva, e que a mera aparição do
experimentador(...) trazendo o alimento poderia
também eliciar um fluxo similar.
Pavlov descobriu por acaso que poderia condicionar o
cão a salivar diante de um estímulo neutro
Reflexos Condicionais
• Foi esta visão que levou ao estudo sistemático
desses comportamentos reflexos, os quais chamou
de reflexos condicionais,
porque eles dependiam ou eram condicionados a um
evento prévio na vida do organismo.
• A aparição do experimentador
originalmente a saliva.
não
eliciava
Somente após muitas aparições ele apresenta este
efeito.
Mas o que é comportamento?
• A manipulação experimental por excelência
seria a reprodução desse modelo,
a operação S-R.
• Esta forma de behaviorismo ficou sendo conhecida por
muitos como
"Psicologia da contração muscular e da
secreção glandular".
S => R
• ESTÍMULO referia-se tanto a ação de uma fonte de
energia sobre o organismo, quanto a operação
realizada pelo experimentador em seu laboratório.
• Esses conceitos acabaram produzindo a
seqüência experimental que marcou o
behaviorismo metodológico:
• S = o que operacionaliza o ambiente
• R = o comportamento
• => a ação desencadeante ou a causa
Vamos analisar
1. Eu estou falando
2. Eu escrevi esta palestra
3. Eu vejo vocês
4. Eu estou com sede
5. Eu estou com dor dente.
Atenção
Eu estou falando
Eu escrevi esta palestra
Eu vejo vocês
Eu estou com sede
Eu estou com
dor dente
• Nas frases 1 e 2 (Eu estou falando)pode-se
observar e obter um consenso dessas
observações
• Na frase 3 (Eu vejo vocês) será que existe um
consenso do “meu ver”?
Contradição não bem
explicada pelo
behaviorismo metodológico
• Um comportamento que em si não é
observável e não poderia ser objeto de
estudo do behaviorista metodológico,
torna-se não obstante, fonte de dados
para a construção da ciência deste
behaviorista?
Eu estou com dor dente.
• Não apresenta evidência observável exatamente, nem
produto, nem referencial externo acessível por todos.
• Neste momento o Behaviorismo Metodológico se deixou
contaminar pela fisiologia.
"Eu posso invadir o organismo e medir o equilíbrio
hídrico dos tecidos, esta medida é um indicador da
minha sede."
Esta medida é um indicador do equilíbrio hídrico dos
tecidos do meu corpo, não da minha sensação!
Não do meu comportamento de sentir!
(a linguagem é insuficiente, eu deveria dizer simplesmente
"do meu sentir", mas sentir está vinculado a sentir
emoção, sentir estados afetivos).
• O behaviorista metodológico começa a escorregar
nas frases 3 e 4 (eu vejo vocês/eu estou com sede) e
a apresentar rachaduras em seu modelo.
• Mas a verdade é que “eu sinto dor-de-dente!” Assim
como vocês não podem observar o "meu ver", não
podem observar "meu sentir sede", e não podem
observar "meu sentir dor-de dente".
• Isto contudo não torna estas sensações menos reais
para mim.
• Aqui começa a ficar evidente uma primeira e
fundamental diferença entre o behaviorismo
proposto por Skinner e aquele praticado pelos
behavioristas metodológicos:
• o homem é a medida de todas as coisas, não o
social.
Behaviorismo Radical
• Praticado por B.F.Skinner e adotado por outros psicólogos: Ferster,
Sidman, Schoenfeld, Catania, Hineline, Jack Michael, etc.
• Constitue-se numa interpretação filosófica de dados obtidos através
da investigação sistemática do comportamento (o corpo desta
investigação propriamente dita é a Análise Experimental/Funcional
do Comportamento).
• Descreve basicamente relações funcionais entre Comportamento e
Ambiente.
• Rejeita o mentalismo por ser materialista, e acaba com o dualismo
por acreditar que o comportamento é uma função biológica do
organismo vivo. Não preciso da mente para respirar, não explico a
digestão por processos cognitivos, porque explicaria o
comportamento por um ou outro?
Skinner é radical em dois sentidos:
Negando radicalmente a existência de
algo que escapa ao mundo físico, que não
tenha uma existência identificável no
espaço e no tempo
(mente, consciência, cognição)
Aceitando integralmente todos os
fenômenos comportamentais.
O behaviorista radical propõe dois tipos de
transações entre o Comportamento e o Ambiente:
a) conseqüências seletivas (que ocorrem após o
comportamento e modificam a probabilidade futura
de ocorrerem comportamentos equivalentes, i.e., da
mesma classe);
b) contextos que estabelecem a ocasião para o
comportamento ser afetado por suas
conseqüências (e que portanto ocorreriam antes do
comportamento e que igualmente afetariam a
probabilidade desse comportamento).
• Estas duas classes possíveis de interações são
denominadas "contingências" e constituem as
duas classes conceituais fundamentais para a
análise do comportamento.
• Relações funcionais são estabelecidas na
medida em que registramos mudanças na
probabilidade de ocorrência dos
comportamentos que procuramos entender em
relação a mudanças quer nas conseqüências,
quer nos contextos, quer em ambos.
• Por lidarmos com explicações funcionais e não
causais, o importante é coletar informações ao
longo do tempo, repetidas do mesmo evento,
com os mesmos personagens
• (o behaviorista metodológico prefere
observações pontuais em diferentes sujeitos, ou
seja, o estudo em grupo, o que leva à estatística
para descrever e/ou anular a variabilidade).
• Para o radical isto é uma heresia, de vez que
estou tentando estudar a experiência daquele
sujeito.
• .
• Ao coletarmos registros ao longo do tempo
devemos comparar o sujeito consigo mesmo, sua
história passada é sua linha de base.
• Mas, por outro lado, indivíduos de uma mesma
espécie partilham de um mesmo conjunto de
contingências filogenéticas, e indivíduos com
histórias passadas semelhantes podem partilhar de
contingências ontogenéticas semelhantes e,
portanto, para certas variáveis é possível descrever
funções semelhantes para diferentes indivíduos.
• Rejeitando o mentalismo/cognitivismo como explicação
do comportamento, e por sua posição não reducionista
diante de eventos neurais, Skinner não aceita que
eventos fisiológicos/neurológicos expliquem o
comportamento.
Estas são outras tantas funções biológicas a serem
explicadas.
• O comportamento é um campo de estudo em si mesmo.
• Evidentemente que há interação entre essas funções do
organismo, mas essa relação não é de causalidade.
• O behaviorismo radical é considerado um
ambientalista e acusado de esvaziar o
organismo, de estudar uma caixa preta...
• O homem é o fenômeno de interesse, é a
origem de todas as coisas, não sua interação
com o universo.
• Para Skinner, o organismo não é nem gerente
nem iniciador de ações, é o palco onde as
interações Comportamento-Ambiente de dão.
O behaviorista metodológico,
nega status científico às emoções, às sensações, ao
pensamento e aos demais eventos privados
• O behaviorista radical aceita estudar eventos
internos. Skinner não separa mundo interno de
mundo externo.
• comportamentos não são movimentos do
corpo, e sim interações entre o organismo e
o ambiente.
• Há dois tipos de comportamento: o
respondente e o operante.
RESPONDENTE
• O comportamento respondente é sempre
controlado pelos estímulos antecedentes
à sua apresentação (um estímulo
antecedente elicia ou deflagra a resposta).
OPERANTE
• É voluntário e engloba a ação de músculos que
estão sob controle espontâneo do indivíduo; são
emitidos espontaneamente e controlados pelos
eventos que ocorrem após a sua apresentação.
Operante
• O comportamento opera no ambiente, ou
seja, produz modificações no meio em
que a pessoa se comporta.
• Produz mudanças no organismo,
adaptando-se às mudanças produzidas
pelo estímulo que o eliciou.
Condicionamento Respondente
• Clássico ou Pavloviano
• Estímulo Incondicionado (EI) funciona como
estímulo reforçador do reflexo condicionado. Ex.
salivação do cão de Pavlov
• Extinção respondente – retirada do EI
• Generalização de estímulos – vários estímulos
de uma mesma classe são reforçados
Condicionamento Operante
• Skinneriano
• Caixa de Skinner
Condicionamento Operante
• A este aumento na frequência da resposta
chamou-se Reforçamento. Responsável
pelo aumento da força do comportamento.
• Estímulo – Estímulo Reforçador Positivo
• Extinção Operante – cessa-se a
apresentação do estímulo reforçador
Condicionamento Operante
• Reforçamento Negativo –comportamento
aumenta quando há eliminação de estímulo
• Punição – quando o comportamento diminui
após a eliminação da apresentação do
estímulo.
• Estímulos Aversivos – envolvidos na punição
e no reforçamento negativo
Operante
A freqüência do comportamento
operante, dependerá dos eventos que o
seguem, isto é, das conseqüências que
aumentam
(reforço positivo ou reforço negativo),
ou das que diminuem (punição) a sua
probabilidade de ocorrência.
• Pessoas mais atenciosas, oferecendo mais aprovação
ou afeição são mais procuradas.
• Permanece-se mais numa profissão quando há bons
resultados
• Torcedores vão mais aos jogos de seu time quando ele
ganha mais.
• Pessoas desagradáveis, ruas congestionadas e
barulhentas são mais evitadas.
• Hábito de chupar o dedo pode estar sob condições
reforçadoras
• Extinção da birra em crianças
Observações citadas anteriormente
• Tem-se a tendência de explicar por traços de
personalidade a ocorrência de uma resposta
como a de chupar o dedo em crianças que pode
ser substituída por explicações que ressaltam
variáveis situacionais sempre que uma análise
comportamental adequada tenha sido efetuada.
Reforçamento Intermitente
• Pessoa reforçada periodicamente. Ex.
jogadores de roleta ou caça níqueis.Ganham de
vez em quando
• Trabalhadores remunerados por semana ou por
mês. Depende do período de tempo.
• Aqueles que falam ao telefone e ouvem a voz
do interlocutor a intervalos de tempo. Quando
não ouvem desligam o telefone.
Estímulos Discriminativos
• Situações que indicam ou discriminam o momento em
que uma resposta deve ser emitida para que haja o
estímulo reforçador.
• Dessa forma, a pessoa aprende a discriminar, no
ambiente, as condições em que pode agir de uma forma
específica e não de outra.
• Ex. fazemos nossas refeições em salas e não em
quartos ou banheiros; expressamos nossa sexualidade
em locais reservados, longe de todos; ouvimos quando
alguém fala e falamos quando alguém nos ouve, etc.
Generalizações
• Estabelecer semelhanças onde há
diferenças.
Ex. uma pessoa é sempre reconhecida
mesmo se apresentando de formas e
lugares diferentes.
Conceitos
• Formados pelos mecanismos de Generalização
e Discriminação
• Generaliza-se padrões de comportamento de
uma pessoa, diminuindo suas diferenças e
discriminam-se suas características das de
outras pessoas, conseguindo com isso reagir a
ela como sendo sempre a mesma, igual, estável
individual e única, com seu nome próprio.
• É daí que surge, por exemplo, o conceito de
personalidade.
Sd - R – Sr
• O paradigma do Behaviorismo Radical tem a seguinte
caracterização:
• Sd = estímulo discriminativo que sinaliza a ocasião
para o reforço
• R = a resposta
• Sr = o estímulo reforçador
• A formulação adequada entre um organismo e seu
ambiente deve especificar: a ocasião em que a
resposta ocorre; a própria resposta e as
conseqüências reforçadoras.
Modelagem
• O comportamento dos organismos - animal e humano é naturalmente variável.
• O comportamento do rato de apertar a barra pode se
manifestar de formas diferentes.
• Com a pata, com a boca, etc. Se uma delas for
reforçada, ela se diferenciará das demais e ser
adquirida. Uma nova resposta.
• Isso se denomina processo de criação de respostas
novas por diferenciação gradual ou modelagem
Reforçadores Generalizados
• Existem ainda, os reforços sociais, que
indicam aspectos reforçadores das interações
sociais. Eventos como elogios, atenção,
aprovação e reconhecimento são condicionados
no desempenho do papel social.
• Outros eventos que funcionem como reforços
condicionados podem ser associados a
inúmeros outros reforços, passando a ser
conhecidos como REFORÇO CONDICIONADO
GENERALIZADO, por exemplo, o dinheiro.
Punição
• É a apresentação de um evento aversivo ou a retirada
de um evento positivo imediatamente após uma
resposta, diminuindo a freqüência dessa resposta.
• A punição descreve a situação em que o
comportamento diminui de freqüência por ser seguido
por um evento negativo.
• Os esquemas de reforçamento se referem às regras
que determinarão quantas e quais respostas do
indivíduo serão reforçadas ou punidas, para fins de
modificação de comportamento.
• Uma resposta condicionada que não é
consistentemente reforçada ou que é punida
consistentemente entra em extinção.
Tipos de Punição
• por apresentação de um estímulo aversivo
(dar uma palmada na mão de uma criança que
mexeu em algo proibido)
• por retirada de um reforço positivo
disponível (proibir a criança de jogar videogame porque não estudou)
• Skinner, ressaltou que a eficiência da
punição é apenas temporária e que a
modificação do comportamento se dá mais
eficientemente através do reforçamento
positivo.
Comportamento de fuga
• O sujeito termina com o reforço negativo,
escapando do estímulo aversivo, ou seja, ele
emite um comportamento que permite terminar
com o evento aversivo
Ex: tomar um drinque para não se sentir ansioso.
Comportamento de Evitação
• O sujeito emite uma resposta que é
negativamente reforçada pela não ocorrência do
evento aversivo, emitindo um determinado
comportamento
Ex: não ir a um encontro para não se sentir
ansioso).
• Nos casos de pânico e agorafobia ou TOC, as
consequências antecipadas pelos pacientes são
tão grandes que, invariavelmente apresentam
uma resposta de evitação
Ansiedade
• Estimulação aversiva
• Definida como operação respondente
• ≠ fuga, evitação e punição (operantes)
• Estímulo neutro seguido várias vezes por um aversivo =
estímulo aversivo condicionado
• Qdo aparece, indicará a ocorrência de um estímulo
primário. As consequências comportamentais traduzemse por Ansiedade
Frustração
• Descreve a situação na qual o comportamento
diminui em freqüência por ser seguido pela
ausência de uma recompensa esperada:
• Presos num congestionamento
• TV sai do ar no final da copa do mundo
• Dieta para emagrecer
Tipos
• FRUSTRAÇÃO POR IMPEDIMENTO, observável nas
situações de extinção, em que uma pessoa fica sem
acesso ao estímulo reforçador, ex. a morte de alguém
querido. Os obstáculos aos reforçadores podem ser de
natureza física, social, legal, psicológica, etc.
• FRUSTRAÇÃO POR ATRASO, o sujeito tem que
esperar um tempo maior para consumir o estímulo
reforçador, ex. ter 18 anos para dirigir legalmente.
• FRUSTRAÇÃO POR CONFLITO, há conflito quando
estímulos reforçadores estão simultaneamente
disponíveis a, pelo menos, duas respostas
incompatíveis.
Conflitos
• APROXIMAÇÃO-APROXIMAÇÃO: a aproximação de
um estímulo reforçador positivo implica o afastamento
de outro.
• APROXIMAÇÃO-ESQUIVA (EVITAÇÃO): mais
freqüente, envolve uma situação em que um objeto
apresenta ao mesmo tempo propriedades positiva e
negativamente reforçadoras. Ex. um prato saboroso mas
muito calórico.
• EVITAÇÃO-EVITAÇÃO: é o que produz o maior grau de
frustração. Quando sofremos duas ameaças
simultâneas, o afastamento de uma nos faz cair mais
perto da outra (se ficar o bicho come, se correr o bicho
pega).
• Os indivíduos reagem de duas maneiras a
frustração: por agressão ou por retração.
Terapia Comportamental
Foram nos anos 50 e 60 que motivados por uma
crescente insatisfação com a corrente
psicodinâmica formou-se o núcleo de um novo
enfoque terapêutico:
Terapia Comportamental
•
•
•
•
•
psicologia experimental;
condicionamento clássico ou respondente;
condicionamento operante;
princípios teóricos da aprendizagem;
disciplinas da psicologia clínica.
Terapia Comportamental
• Pesquisadores clínicos começaram a aplicar as idéias de Pavlov,
Skinner e outros behavioristas experimentais (Rachman, 1997).
• Joseph Wolpe (1958) e Hans Eysenck (1966) foram pioneiros na
exploração do potencial das intervenções comportamentais, como a
dessensibilização (contato gradual com objetos em situações
temidas) e treinamento de relaxamento.
• Muitas das abordagens iniciais ao uso dos princípios
comportamentais para a psicoterapia prestavam pouca atenção aos
processos cognitivos envolvidos nos transtornos psiquiátricos.
• Pelo contrário, o foco era moldar o comportamento mensurável com
reforçadores e em eliminar as respostas de medo através da
exposição.
Variáveis Cognitivas
• Em meados dos anos 60 a importância das variáveis
cognitivas já tinha se tornado mais reconhecida pela psicologia
comportamental.
• O trabalho de Albert Bandura, psicólogo canadense (1970),
sobre a aprendizagem observacional (modelação) foi
importante por chamar a atenção para os fatores cognitivos na
terapia comportamental.
• Nessa abordagem um indivíduo aprende ao observar o
comportamento de outra pessoa; o comportamento é
aprendido com mais eficácia se o observador o praticar
posteriormente, embora isso não constitua uma condição
necessária
ALBERT BANDURA – (1925) Canadense, Psicólogo,
professor emérito na Stanford University
Modelo de Auto-Regulação –
de Auto-Eficácia
• Bandura desenvolveu um modelo de auto-regulação
chamado de auto-eficácia, baseado na idéia de que toda
a mudança de comportamento voluntária era medida
pelas percepções que os indivíduos tinham de sua
capacidade de adotar o comportamento em questão.
• Meichenbaum (1977) e Lewinsohn e cols (1985)
incorporaram as teorias e estratégias cognitivas nos
tratamentos.
• Observaram que a perspectiva cognitiva acrescentava
contexto, profundidade e entendimento às intervenções
comportamentais.
1960 - unificação das formulações cognitivas e
comportamentais na psicoterapia
Beck defendeu a inclusão de métodos comportamentais desde o
início de seu trabalho.
Reconhecia essas ferramentas como eficazes para reduzir
sintomas.
Conceitualizou um relacionamento estreito entre cognição e
comportamento.
Alguns puristas argumentam os méritos de se utilizar uma
abordagem cognitiva ou comportamental isolada.
Terapeutas mais pragmáticos consideram os métodos cognitivos e
comportamentais como parceiros eficientes tanto na teoria como na
prática. Ex. literatura: tratamento do Pânico
COGNITIVISMO
O termo cognição inclui idéias, construtos
pessoais, imagens, crenças, expectativas,
atribuições, etc.
Não é apenas um processo intelectual mas
sim padrões complexos de significado em
que participam emoções, pensamentos e
comportamentos
DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO
• A Terapia Cognitiva tem origem em correntes
filosóficas e religiões antigas (estoicismo grego,
taoísmo e budismo) que postulavam a influência das
idéias sobre as emoções .
“Se pudermos reorientar nossos
pensamentos e emoções e reorganizar
nosso comportamento, então poderemos
não só aprender a lidar com o sofrimento
mais facilmente, mas, sobretudo e em
primeiro lugar, evitar que muito dele surja”
Livro: Uma ética para o novo milênio (p.xii)
Dalai Lama
Filósofo persa da Antiguidade
Baseou seus ensinamentos em:
Pensar bem
Agir bem
Falar bem
Zoroastro
Um dos pais da constituição americana
Escreveu extensamente sobre o
desenvolvimento de atitudes construtivistas
que influenciavam positivamente o
comportamento
Benjamin Franklin
“Os processos cognitivos conscientes tem
um papel fundamental na existência
humana”
Kante, Heidegger, Jaspers e Frankl
“Encontrar uma sensação de sentido da
vida ajuda a servir como um antídoto para o
desespero e a desilusão”
Wright et al. (2003); Frankl (1992)
• “Não são as coisas que nos perturbam, mas a
visão que temos dessas coisas”
( Epictetos I d.C)
Aaron Beck
• Teorias e métodos para aplicar as intervenções
cognitivo-comportamentais
• Conceitos psicanalistas
• Influenciado por Adler, Horney e Sullivan
(transtornos psiquiátricos e estrutura de
personalidade)
• Teoria dos construtos pessoais de Kelly
(crenças centrais)
• Teoria Racional Emotiva Comportamental de
Ellis
• As primeiras formulações de Beck centravam-se no papel do
processamento de informações desadaptativo em transtornos de
depressão e de ansiedade.
• 1960, ele descreveu uma conceitualização cognitiva da depressão
• A proposta de Beck de uma terapia cognitivamente orientada com o
objetivo de reverter cognições disfuncionais e comportamentos
relacionados foi tema de várias pesquisas.
(Butler e Beck, 2000; Dobson, 1989; Wright et ai., 2003)
• As teorias e os métodos descritos por Beck e outros colaboradores
ampliaram-se a uma grande variedade de quadros clínicos:
•
•
•
•
•
•
•
•
Depressão
Transtornos de ansiedade
Transtornos alimentares
Esquizofrenia
Transtorno bipolar
Dor crônica
Transtornos de personalidade
Abuso de substâncias.
Mais de 300 estudos controlados da TCC para
uma série de transtornos psiquiátricos
(Butler e Beck, 2000).
“As idéias não só podiam controlar os
sentimentos mais intensos de uma pessoa, como
também eram capazes de modificá-los”
Beck e cols (1982)
AARON TEMKIN BECK
(1921) – Professor emérito
do Depto. De Psiquiatria da
Universidade da Pensilvania - EUA
TERAPIA COGNITIVA DA DEPRESSÃO
AARON BECK
TRÍADE COGNITIVA
VISÃO DE SI
EXPERIÊNCIAS
FUTURO
É a forma como o indivíduo vê a si mesmo, o mundo e o seu futuro.
Na depressão, pela visão essencialmente negativa, geram-se sentimentos
de desvalia, autoacusação ou derrota.
E o sentimento e o comportamento estão de acordo com a sua percepção
distorcida.
CONCEITOS BÁSICOS DA TERAPIA
COMPORTAMENTAL COGNITIVA
O indivíduo interage com o mundo externo e constrói
significados que alicerçam seus sistemas de crenças
indivíduo
significado
crenças
comportamento
meio
emoções
ESQUEMATIZAÇÃO DO MODELO DE BECK
EVENTOS EXTERNOS
ESQUEMAS (estrutura)
CRENÇAS
COGNIÇÃO
SENTIMENTOS
COMPORTAMENTO
(pensamento automático)
PRINCÍPIOS DA TERAPIA COGNITIVA
Baseia-se em uma formulação em contínuo desenvolvimento
do paciente e de seus problemas em termos cognitivos.
Requer uma aliança terapêutica segura.
Enfatiza colaboração e participação ativa
Orientada em metas e focalizada em problemas
Enfatiza o presente inicialmente
É educativa - ensina o paciente a ser seu próprio terapeuta
Enfatiza a prevenção de recaída.
PRINCÍPIOS DA TERAPIA COGNITIVA
Visa ter um tempo limitado
As sessões são estruturadas
Ensina o paciente a identificar, avaliar e responder a
seus pensamentos e crenças disfuncionais
Utiliza-se de uma variedade de técnicas para mudar
pensamento, humor e comportamento
BASES METODOLÓGICAS E CONCEITUAÇÃO
COGNITIVA
A terapia cognitiva baseia-se no modelo cognitivo, que
levanta a hipótese de que as emoções e os
comportamentos das pessoas são influenciados por
sua percepção dos eventos.
Não é a situação por si só que determina o que as
pessoas sentem, mas sim, o modo como elas
interpretam essa situação.
Exemplos: a leitura de um livro;
a apreciação de um filme;
a avaliação de uma aula.
Cada indivíduo tem uma resposta emocional
diferente para cada uma dessas situações com base
no que está passando por suas cabeças naquele
momento.
Portanto o modo como as pessoas se sentem está
associado ao modo como elas interpretam e pensam
sobre uma situação.
Entendendo os problemas
PENSAMENTO
ESTADOS DE HUMOR
REAÇÕES FÍSICAS
COMPORTAMENTO
AMBIENTE
Pensamentos Automáticos Disfuncionais
• São um fluxo de pensamentos que coexistem com um fluxo de
pensamentos mais manifestos, surgem espontaneamente e
não são embasados em reflexão ou deliberação.
• Parecem surgir espontaneamente, mas estão ligados ao nosso
sistema de crenças centrais e subjacentes.
• São quase sempre negativos, a menos que o paciente seja
maníaco ou hipomaníaco, tenha um transtorno de
personalidade narcisístico ou seja um viciado em drogas.
• São usualmente breves e o paciente com frequência está mais
ciente da emoção que sente em decorrência do pensamento do
que do pensamento em si.
Pensamentos Automáticos Disfuncionais
• Ajudam a definir os estados de humor que
experimentamos
• Influenciam o comportamento: o que escolhemos ou não
fazer e a qualidade do nosso desempenho.
• Pensamentos e Crenças afetam respostas biológicas.
• São influenciados pelas crenças que adquire-se na
infância e no meio cultural.
• Enquanto as mudanças no pensamento são, na maioria
das vezes, fundamentais, muitos problemas também
exigem mudanças no comportamento, no funcionamento
físico e no meio.
• A TCC ajuda a examinar todas as informações
disponíveis; não é simplesmente pensamento positivo
É importante identificar os estados de humor
Emoções
• As emoções são de importância primária para o terapeuta
cognitivo. Afinal uma meta importante da terapia é o alívio de
sintomas, uma redução no nível de aflição do paciente quando
ele modifica o pensamento disfuncional.
• A emoção negativa intensa é dolorosa e pode ser disfuncional
quando interfere com a capacidade do paciente de pensar
claramente, resolver problemas, agir efetivamente ou obter
satisfação.
• Os pacientes com um transtorno psicológico, freqüentemente
experimentam uma intensidade de emoção que é excessiva ou
inapropriada à situação.
• Podem sentir-se cansados e não reconhecerem que estão
deprimidos, ou sentirem-se nervosos e não reconhecerem a
ansiedade. Junto com a depressão e a ansiedade, a raiva, a
vergonha e a culpa são estados de humor problemáticos
comuns a muitas pessoas.
Emoções
• Uma forma de observação das emoções são as mudanças na
tensão do corpo. Ombros caídos podem indicar medo ou
tensão; corpo pesado pode indicar depressão ou frustração.
• Conseguir notar 3 estados de humor durante o mesmo dia.Ou
usar lista com estados de humor.
• Muitos pacientes não entendem claramente a diferença entre o
que eles estão pensando e o que estão sentindo
emocionalmente.
• O terapeuta tenta obter o sentido da experiência do paciente e
partilha seu entendimento com o paciente, tentando explicarlhe a diferença entre um material racional (verbal ou pictórico)
e um material emocional (aflitivo ou não).
• Ao fazer essa distinção o paciente pode perceber exatamente
qual pensamento o deixa triste, ansioso, com raiva ou
constrangido
Um caso
• Paulo, no início da terapia, relatou que não sentia
vontade de estar com sua família e amigos tanto quanto
costumava sentir. Contou que preferiria ficar sozinho.
• Quando começou a analisar de perto as situações nas
quais queria se isolar descobriu que com frequência,
estava pensando “Eles não querem estar comigo” e “Se
for lá,não vou me divertir”, ele reconheceu que seu
humor era triste. Durante a terapia aprendeu a relação
entre pensamentos e estados de humor e a diferenciá-los
• Era importante para Paulo diferenciar entre fatores
situacionais (ambiente), pensamentos e estados de
humor.(Com quem?O que?Quando?Onde?)
• Os estados de humor são expressos por uma única
palavra.
• Os pensamentos são as frases ou imagens visuais,
incluindo as lembranças que passam pela cabeça.
Quantificando as emoções
É importante para o paciente identificar suas
emoções e quantificar o grau de emoção que está
experimentando.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Alguns pacientes tem a crença que se sentirem
uma pequena quantidade de aflição, isso aumentará
e se tornará intolerável. Aprender a classificar a
intensidade das emoções auxiliará o paciente a
testar essa crença
Erros Cognitivos
Wright, Beck,Knapp
)
Abstração seletiva
(filtro mental)
Conclusão depois de examinar apenas uma pequena porção das
informações disponíveis. Os dados importantes são descartados ou
ignorados, a fim de confirmar a visão tendenciosa que a pessoa tem da
situação.
Um homem deprimido com baixa auto-estima não recebe um cartão de
boas-festas de um velho amigo.
Ele pensa: "Estou perdendo todos os meus amigos; ninguém se
importa mais comigo". Ele ignora as evidências de que recebeu
cartões de vários outros amigos, que seu velho amigo tem lhe enviado
cartões todos os anos nos últimos 15 anos, que seu amigo esteve
muito ocupado no ano passado com uma mudança e um novo
emprego e que ele ainda tem bons relacionamentos com outros
amigos.
Inferência arbitrária
Conclusão a partir de evidências contraditórias ou
na ausência de evidências.
Uma mulher com medo de elevador é solicitada a
prever as chances de um elevador cair com ela
dentro. Ela responde que as chances são de 10%
ou mais de o elevador cair até o chão e ela se
machucar. Muitas pessoas tentaram convencê-la
de que as chances de um acidente catastrófico
com um elevador são desprezíveis.
Supergeneralização
Conclusão sobre um acontecimento isolado é
estendida de maneira ilógica a outras áreas do
funcionamento.
Um universitário deprimido tira nota B em uma prova.
Ele considera insatisfatório e supergeneraliza com
pensamentos automáticos:
"Estou com problemas nessa aula; estou ficando para
trás em todas as áreas da minha vida; não consigo
fazer nada direito".
Maximizacão e Minimização
A importância de um atributo, evento ou sensação é
exagerada ou minimizada.
Uma mulher com transtorno de pânico começa a
sentir tonturas durante o início de um ataque de
pânico. Ela pensa: "Vou desmaiar; posso ter um
ataque cardíaco ou um derrame".
“Eu tenho um ótimo emprego, mas todo mundo tem”.
“Obter notas boas não quer dizer que sou inteligente,
os outros obtêm notas melhores do que as minhas.”
Personalização
Assume-se responsabilidade excessiva ou culpa por
eventos negativos.
Houve um revés econômico e um negócio anteriormente
de sucesso passa por dificuldades para cumprir o
orçamento anual. Pensa-se em fazer demissões. Uma
série de fatores levaram à crise no orçamento, mas um dos
gerentes pensa:
"É tudo culpa minha; eu deveria saber que isso iria
acontecer e ter feito alguma coisa; falhei com todos na
empresa".
Pensamento absolutista
(dicotômico ou do tipo tudo-ou-nada)
Os julgamentos sobre si mesmo, as experiências pessoais ou com os
outros são separados em duas categorias ( totalmente mau ou
totalmente bom, fracasso total ou sucesso, cheio de defeitos ou
completamente perfeito)
Paulo, um homem com depressão, compara-se com Roberto, um
amigo que parece ter um bom casamento e cujos filhos estão indo bem
na escola. Embora o amigo seja muito feliz em sua casa, sua vida está
longe do ideal. Roberto tem problemas no trabalho, restrições
financeiras e dores físicas, entre outras dificuldades. Paulo está se
envolvendo em pensamento absolutista quando diz para si mesmo:
"Tudo vai bem para Roberto; para mim nada vai bem".
Catastrofização
Pensar que o pior de uma situação vai ocorrer, sem
levar em consideração outros desfechos. Acreditar que
esse acontecimento será terrível e insuportável.
“Perder o emprego será o fim da minha carreira”
“Não suportarei a separação da minha mulher”
“Se eu perder o controle será o meu fim”
Raciocínio Emocional
• Presumir que sentimentos são fatos. “Sinto, logo existe”. Pensar
que algo é verdadeiro porque tem um sentimento (na verdade um
pensamento) muito forte a respeito. Deixar os sentimentos guiarem
a interpretação da realidade. Presumir que as reações emocionais
refletem a situação verdadeira.
• “Eu sinto que minha mulher não gosta mais de mim.”
• “Sinto que meus colegas riem às minhas costas”.
• “Sinto que estou tendo um enfarto, então deve ser verdadeiro.”
• “Sinto-me desesperado, então a situação deve ser desesperadora.”
Advinhação
Prever o futuro. Antecipar problemas que talvez
não venham a ocorrer. Expectativas negativas
estabelecidas como fatos.
“Não irei gostar da viagem.”
“Ela não aprovará meu trabalho.”
“Dará tudo errado.”
Leitura Mental
Presumir, sem evidências, que sabe o que os
outros estão pensando, desconsiderando outras
hipóteses possíveis.
“Ela não está gostando da minha conversa.”
“Ele está me achando inoportuna.”
“Ele não gostou do meu projeto.”
Rotulação
• Colocar um rótulo global, rígido em si mesmo,
numa pessoa ou situação, em vez de rotular a
situação ou o comportamento específico.
• “Sou incompetente.”
• “Ele é uma pessoa má.”
• “Ela é burra.”
Desqualificando o positivo
• “O sucesso obtido naquela tarefa não
importa, porque foi fácil.”
• “Isso é o que esposas devem fazer,
portanto, ela ser legal comigo não conta.”
• “Eles só estão elogiando meu trabalho
porque estão com pena.”
Imperativos
“deveria” e “tenho que”
Interpretar eventos em termos de como as coisas deveriam ser, em vez de
simplesmente considerar as coisas como são. Afirmações absolutistas na
tentativa de prover motivação ou modificar um comportamento. Demandas
feitas a si mesmo, aos outros e ao mundo para evitar as consequências do
não cumprimento dessas demandas.
“Eu tenho que ter controle sobre todas as coisas.”
“Eu devo ser perfeito em tudo que faço.”
“Eu não deveria ter ficado incomodado com meu amigo.”
Vitimização
Considerar-se injustiçado ou não entendido. A fonte dos
sentimentos negativos é algo ou alguém, havendo
recusa ou dificuldade de se responsabilizar pelos
próprios sentimentos e comportamentos.
“Minha esposa não entende meus sentimentos.”
“Faço tudo pelos meus filhos e eles não me agradecem.”
Questionalização
(E se?)
• Focar o evento naquilo que poderia ter sido e não foi.
Culpar-se pelas escolhas do passado e questionar-se
por escolhas futuras.
• “Se eu tivesse aceitado o outro emprego, estaria melhor
agora.”
• “E se o novo emprego não der certo?”
• “Se eu não tivesse viajado, isso não teria acontecido.”
De onde os pensamentos automáticos surgem?
O que faz uma pessoa interpretar uma situação
diferentemente de uma outra pessoa?
Por que a mesma pessoa pode interpretar um
evento idêntico de forma diferente em um momento
e em outro?
Esses pensamentos estão relacionados com as
CRENÇAS
As crenças mais centrais são entendimentos tão
fundamentais e profundos que as pessoas
freqüentemente não os articulam, sequer para si
mesmas.
Essas idéias são consideradas pela pessoa como
verdades absolutas.
As crenças centrais são o nível mais fundamental de
pensamento.
São globais, rígidas e supergeneralizadas
Crenças Centrais
• Idéias e conceitos fundamentais sobre nós
mesmos, os outros e o mundo
• Incondicionais
• Formadas desde a infância e se fortalecem com
o tempo
• Suas mudanças proporcionarão os melhores
resultados na terapia no que se refere ao
tratamento da psicopatologia em questão.
Agrupamento das Crenças Centrais
Judith Beck(1995)
• Desamparo: impotente, frágil, vulnerável,
carente, desamparado, necessitado
• Desamor: indesejável, incapaz de ser
gostado, de ser amado, sem atrativos,
imperfeito, rejeitado, abandonado, sozinho
• Desvalor: incapaz, incompetente,
inadequado, ineficiente, falho, defeituoso,
enganador, fracassado, sem valor
• Crenças nucleares sobre os outros:
As pessoas são más, desleais, traiçoeiras, só
querem se aproveitar, tirar vantagens, etc.
• Crenças nucleares sobre o mundo:
O mundo é injusto, ameaçador, perigoso, etc.
As crenças nucleares ou centrais são mais
abstratas e gerais, constituindo um nível
mais profundo de representação dos
pensamentos.
Crenças Centrais
• Ativam-se durante os transtornos emocionais
• O processo de informação torna-se
tendencioso, extraindo da realidade os aspectos
que confirmam a crença disfuncional. (viés
confirmatório)
• Passado o problema emocional ela volta a ser
latente.
• Nos traços e transtornos de personalidade os
indivíduos tem suas crenças disfuncionais
ativadas na maior parte do tempo
Esquemas
Conceito de crença e esquema geralmente são indistintos.
• Esquemas são estruturas internas de relativa
durabilidade que armazenam aspectos
genéricos ou protótipos de estímulos, idéias ou
experiências, e também organizam informações
novas para que tenham significado,
determinando como os fenômenos são
percebidos e conceitualizados
Esquemas são estruturas cognitivas com
conteúdos (crenças)
• Estruturas mentais que contêm armazenadas as
representações de significados.
• São fundamentais para orientar a seleção, codificação,
organização, armazenamento e recuperação de
informações de dentro do aparato cognitivo.
• Tem uma estrutura interna consistente que ordena
novas informações que entram no sistema cognitivo.
(Williams, 1997)
O esquema
(Clark, Beck, Alford, 1999)
Dá à experiência sua forma e significado, provendo,
dessa forma, a estabilidade (estrutura) dos sistemas
cognitivo, afetivo e comportamental ao longo do tempo e
dos eventos.
São padrões ordenadores da experiência que ajudam os
indivíduos a explicá-la, mediar sua percepção e guiar
suas respostas (cognitivas, emocionais e
comportamentais).
A “arquitetura” dos esquemas faz o indivíduo ser como é
CRENÇAS INTERMEDIÁRIAS OU SUBJACENTES,
PRESSUPOSTOS CONDICIONAIS
As crenças centrais influenciam o desenvolvimento das
crenças intermediárias.
compostas por
regras (eu devo...tenho que):
atitudes (é preciso que...):
suposições (se eu...)
Essas crenças pressupõe que uma vez cumpridas as regras, normas e
atitudes não haverá problema, o indivíduo se mantém relativamente
estável e produtivo. No entanto, se, por alguma circunstância, os
pressupostos não estão sendo cumpridos, o indivíduo torna-se
vulnerável ao transtorno emocional quando a crença negativa é ativada
Estratégias de Enfrentamento
Comportamentos que a pessoa usa na tentativa de lidar
com a crença.
Tem correlação direta com as regras e os pressupostos
disfuncionais que acabam por reforçar ainda mais as
crenças.
Os pressupostos condicionais modelam a relação entre as
estratégias comportamentais e as crenças nucleares.
Exemplo:
Indivíduo Fóbico Social
Sou incapaz de ser amado (CRENÇA CENTRAL)
É perigoso interagir com as pessoas, pois elas não vão
gostar de mim. (ATITUDE)
Para não ter problemas, não devo interagir com as
pessoas (REGRA)
Se eu me engajar em minha estratégia compensatória,
estarei bem; se não, minha crença central ficará
evidente. Devo me afastar, caso contrário me
machucarão. (SUPOSIÇÃO)
Não vou ter assunto pra conversar na festa.
(PENSAMENTO AUTOMÁTICO)
Terapia
Cognitiva
Metodologicamente, a trajetória da terapia cognitiva, envolve
uma ênfase inicial sobre os pensamentos automáticos, ou seja
as cognições mais próximas à percepção consciente.
O terapeuta ensina o paciente a identificar, avaliar e modificar
seus pensamentos, a fim de produzir alívio de sintomas.
Então, as crenças que estão por trás dos pensamentos
disfuncionais e constantes em muitas situações tornam-se o
foco do tratamento.
Crenças relevantes de nível intermediário e crenças centrais
são avaliadas de vários modos e subseqüentemente
modificadas para que as conclusões dos pacientes sobre os
eventos e as percepções dos eventos mudem.
A modificação profunda de crenças mais fundamentais torna os
pacientes menos propensos a apresentar recaída no futuro.
Crença Central
Crença Intermediária
Situação
Pensamento Automático
Reações: emocional
comportamental
fisiológica
Conceitualização
(Conceituação)
Cognitiva
É essencial para o terapeuta aprender a conceituar as
dificuldades do paciente em termos cognitivos, a fim de
determinar como proceder na terapia:
. quando trabalhar sobre uma meta específica
. pensamento automático
. crença ou comportamento
. que técnicas escolher e
. como melhorar o relacionamento terapêutico.
As perguntas básicas que o terapeuta faz a si
mesmo são:
• Como esse paciente veio parar aqui?
• Que vulnerabilidades e eventos de vida (traumas,
experiências, interações) foram importantes?
• Como o paciente enfrentou sua vulnerabilidade?
• Quais são seus pensamentos automáticos e de que
crenças eles brotaram?
É importante para o terapeuta colocar-se no lugar
do paciente para desenvolver empatia pelo que o
paciente está passando, entender como ele está se
sentindo e perceber o mundo através dos seus
olhos.
Dessa maneira, de acordo com a sua história e
conjunto de crenças, suas percepções,
pensamentos, emoções e comportamentos
deveriam fazer sentido.
Uma conceituação cognitiva fornece a estrutura para
o entendimento de um paciente pelo terapeuta, que
faz a si mesmo as seguintes perguntas:
• Qual é o diagnóstico do paciente?
• Quais são seus problemas atuais, como esses
problemas se desenvolveram e como eles são
mantidos?
• Que pensamentos e crenças disfuncionais estão
associados aos problemas?
• Quais reações (emocionais, fisiológicas e
comportamentais) estão associadas ao seu
pensamento?
Então o terapeuta levanta hipóteses sobre como o
paciente desenvolveu essa desordem psicológica
particular, fazendo a si mesmo as seguintes
perguntas:
Que aprendizagens e experiências antigas (e
talvez predisposições genéticas) contribuem para
seus problemas hoje?
Quais são suas crenças subjacentes (incluindo
atitudes, expectativas e regras) e pensamentos?
Como ele enfrentou suas crenças disfuncionais?
Que mecanismos cognitivos, afetivos e comportamentais,
positivos e negativos, ele desenvolveu para enfrentar suas
crenças disfuncionais?
Como ele via (e vê) a si mesmo, aos outros, seu mundo
pessoal, seu futuro?
Que estressores contribuíram para seus problemas
psicológicos ou interferiram em sua habilidade para
resolver esses problemas?
Dessa maneira o terapeuta começa a construir uma
conceituação cognitiva durante seu primeiro contato com
um paciente e continua a refinar sua conceituação até a
última sessão.
Exercício Prático
• Desenhe 3 colunas em uma folha de papel e escreva
em cada uma delas
“situação”
“pensamento automático”
“emoções”
• Relembre uma situação recente ou uma lembrança ou
evento que lhe trouxe emoções como ansiedade,
tristeza, raiva, tensão física ou alegria
• Tente se colocar na situação
Quais foram os pensamentos automáticos que
passaram por sua cabeça?
• Escreva-os na folha, juntamente com as emoções e a
situação
Obrigada
Pela
Atenção
Bibliografia
• Aprendendo a Terapia Cognitivo-Comportamental –
Um Guia Ilustrado
Jesse H. Wright, Monica R. Basco e Michael E. Thase.
ARTMED, 2008
• Terapia Cognitiva – Teoria e Prática
Judith Beck. ARTMED, 1997
• Terapia Cognitivo-Comportamental na Prática
Psiquiátrica. Paulo Knapp e colaboradores.
ARTMED, 2004
Download

Histórico e Fundamentos da Terapia Cognitivo