FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA
NÚCLEO DE SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DE IDOSOS PRATICANTES E NÃO
PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA
CLARISSA DE MOURA
Porto Velho
2008
AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DE IDOSOS PRATICANTES E NÃO
PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA
Por:
Clarissa de Moura
Monografia
apresentada
como
requisito para obtenção do título de
Licenciatura Plena em Educação
Física pela Fundação Universidade
Federal
de
Rondônia,
sob
orientação da Profª. MS: Angeliete
Garcez Militão.
Porto Velho
2008
Data da Defesa: ______/______/______
BANCA EXAMINADORA
Prof. Ms.. ____________________________________________________
Julgamento ______________Assinatura _____________________________
Prof. Ms. _______________________________________________________
Julgamento ______________Assinatura _____________________________
Prof. Ms. _______________________________________________________
Julgamento ______________Assinatura _____________________________
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todas as pessoas que me apoiaram durante todos esses anos
de Universidade, em especial minha mãe Rita, meu pai Ciro, meus irmãos
Lucas e Nicole, meu noivo Jon.
A todos que me ajudaram na elaboração e execução deste trabalho final,
minha orientadora Profª. Ms. Angeliete Garcez Militão, meus amigos de
trabalho Érica, Nilton, Fabiana, Geisa, meu chefe Leandro e a todos os idosos
que colaboraram para a realização deste trabalho.
RESUMO
AVALIAÇÃO DA FLEXIBILIDADE DE IDOSOS PRATICANTES E NÃO
PRATICANTES DE HIDROGINÁSTICA
A flexibilidade é um dos componentes de aptidão física que é responsável pela
execução voluntária de um movimento, com máxima amplitude por articulação
ou conjunto de articulações, dentro do limites morfo-fisiológicos é um dos
fatores que podem comprometer a realização das atividades da vida diária
AVD.
O objetivo da presente pesquisa foi o de avaliar e comparar a
flexibilidade de idosos praticantes e não praticantes de hidroginástica, através
do teste de “sentar e alcançar”. Constatou-se, com os resultados deste estudo
uma diferença significativa no grau de flexibilidade entre os dois grupos.
Observou-se que o grupo praticante de hidroginástica teve um melhor
desempenho no teste.
Palavras-chave: flexibilidade, hidroginástica, terceira idade
ABSTRACT
EVALUATION OF THE FLEXIBILITY OF AGED NOT PRACTICING
PRACTITIONERS AND OF WATER AEROBICS
Flexibility is one of the components of physical aptitude that is responsible for
the voluntary performance of a movement, with maximum amplitude for joint or
set of joints, inside of the morfo-physiological limits is one of the factors that can
compromise the accomplishment of the activities of daily life AVD. The objective
of the present research was to evaluate and to compare the flexibility of aged
not practicing practitioners and of water aerobics, through the test "to seat and
to reach". It was evidenced, with the results of this study a significant difference
in the degree of flexibility between the two groups. It was observed that the
practicing group of water aerobics had one better performance in the test.
Keywords: flexibility, water aerobics, third age.
SUMÁRIO
1.INTRODUÇÃO--------------------------------------------------------------------------------11
1.1 Formulação do Problema--------------------------------------------------------------11
1.2 Justificativa---------------------------------------------------------------------------------12
1.3 Objetivos------------------------------------------------------------------------------------13
1.3.1 Objetivo Geral------------------------------------------------------------------13
1.3.2 Objetivo Específico-----------------------------------------------------------13
1.4 Estrutura do Trabalho-------------------------------------------------------------------13
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA---------------------------------------------------------14
2.1 Terceira Idade-----------------------------------------------------------------------------14
2.1.1 Caracter. do Envelhecimento no Processo Anátomo-Funcional- 14
2.1.1.1 Composição e Morfologia do Corpo------------------------------------14
2.1.1.2 Pele---------------------------------------------------------------------------- 15
2.1.1.3 Pêlos e Cabelos------------------------------------------------------------ 15
2.1.1.4 Modificações no Sistema Ósseo--------------------------------------- 16
2.1.1.5 Modificações no Sistema Articular------------------------------------- 16
2.1.1.6 Modificações no Sistema Respiratório------------------------------- 16
2.1.1.7 Modificações no Sistema Cardiovascular---------------------------- 16
2.1.1.8 Modificações Musculoesqueléticas------------------------------------ 17
2.1.1.9 Modificações no Sistema Nervoso Central---------------------------18
2.2 Flexibilidade------------------------------------------------------------------------------- 18
2.2.1 Componentes da Flexibilidade---------------------------------------------20
2.2.2 Fatores que Influenciam na Flexibilidade----------------------------- - 20
2.2.3 Componentes Limitantes da Flexibilidade----------------------------- 21
2.2.4 Flexibilidade no Processo de Envelhecimento-------------------------22
2.3 Hidroginástica-----------------------------------------------------------------------------23
2.3.1 Propriedades Físicas da Água----------------------------------------------24
2.3.2 Benefícios da Hidroginástica------------------------------------------------25
3. METODOLOGIA-----------------------------------------------------------------------------27
3.1 Caracterização da Pesquisa----------------------------------------------------------27
3.2 População e Amostra-------------------------------------------------------------------27
3.2.1 Procedimentos para Seleção da Amostra------------------------------ 27
3.3 Descrição do Desenho do Estudo------------------------------------------------- 27
3.4 Controle do Estudo--------------------------------------------------------------------- 28
3.4.1 Seleção e Treinamento do Quadro de Avaliadores---------------- 28
3.4.2 Controle das Condições de Testagem-----------------------------------28
3.5 Instrumento de Pesquisa--------------------------------------------------------------29
3.5.1 Banco de Wells--------------------------------------------------------------- 29
3.5.2 Protocolo de Mensuração----------------------------------------------- - 29
3.6 Análise dos Dados-----------------------------------------------------------------------30
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES------------------------------------------------------ 31
4.1 Análise do SGA------------------------------------------------------------------------- 31
4.2 Análise do SGB------------------------------------------------------------------------- 32
4.3 Análise Comparativa do SGA e SGB-------------------------------------------- 33
5. CONCLUSÕES E SUGESTÕES--------------------------------------------------------36
6. REFERÊNCIAS------------------------------------------------------------------------------37
7. ANEXOS---------------------------------------------------------------------------------------40
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Figura 1 – Quadro demonstrativo do desenho do estudo.-----------------------27
Figura 2 – Tabela de classificação individual das idosas praticantes de
hidroginástica.-----------------------------------------------------------------------------------31
Figura 3 – Tabela de classificação individual das idosas não praticantes de
ginástica.------------------------------------------------------------------------------------------32
Figura 4 – Tabela comparativa das idosas praticantes e não praticantes de
hidroginástica. ---------------------------------------------------------------------------------- 33
1.INTRODUÇÃO
1.1 Formulação do Problema
A população de idosos tem aumentado acentuadamente nos últimos
anos, despertando o interesse de pesquisadores em assuntos relacionados ao
envelhecimento, principalmente no que diz respeito à qualidade de vida.
Considerando a continuidade das tendências verificadas para as taxas
de fecundidade e longevidade da população brasileira, as estimativas para os
próximos 20 anos indicam que a população idosa poderá exceder 30 milhões
de pessoas ao final deste período, chegando a representar quase 13% da
população (IBGE 2006).
De acordo com os gerontologistas, o processo de envelhecimento
começa desde o momento da concepção. A velhice para estes é definida como
um processo dinâmico e progressivo, ocorrendo modificações morfológicas,
funcionais, bioquímicas e psicológicas que determinam a progressiva perda da
capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior
vulnerabilidade e maior incidência de processos patológicos (MEIRELLES
1997).
De uma forma geral, o processo de envelhecimento envolve uma perda
progressiva das aptidões funcionais do organismo (ALVES et al., 2006), sendo
que do ponto de vista fisiológico algumas degenerações comuns a esse
processo envolvem diminuição de força, resistência muscular e redução da
flexibilidade.
A flexibilidade é um dos componentes de aptidão física que é
responsável pela execução voluntária de um movimento, com máxima
amplitude por articulação ou conjunto de articulações, dentro do limites morfo-
fisiológicos é um dos fatores que podem comprometer a realização das
atividades da vida diária AVD.
A flexibilidade de acordo com DANTAS (1995) está relacionada com a
mobilidade articular colaborando, portanto, com autonomia do idoso e sua
qualidade de vida, pois a sua estimulação é fundamental para a saúde do ser
humano de uma forma geral, principalmente sobre o aspecto da motricidade
humana. ACHOUR (2004) complementa colocando que a redução da
flexibilidade parece caracterizada pelo envelhecimento e, mais fortemente, pela
inatividade física.
O exercício físico é um meio de melhorar o condicionamento dos idosos
levando a uma boa forma física, contribuindo para a saúde e o bem estar físicomental destes. Existem vários tipos de exercícios físicos e um dos mais
procurados pelos idosos é a hidroginástica por ser uma atividade que causa um
baixo impacto nas articulações
Diante do acima exposto realizou-se essa pesquisa para responder a
seguinte pergunta: Existe diferença significativa na flexibilidade de idosos
praticantes e não praticantes de hidroginástica?
1.2 Justificativa
O aumento da expectativa de vida instiga o desenvolvimento de
estratégias que possam minimizar os efeitos negativos do avanço da idade.
Estas estratégias visam a manutenção da capacidade funcional e da autonomia
para que os idosos possam ter melhor qualidade de vida.
A amplitude de movimentos dos segmentos em torno das articulações
diminui consideravelmente com a idade. MEIRELLES (1997) coloca que essa
alteração da flexibilidade, que limita todos os gestos da pessoa idosa é
encarada como característica essencial do envelhecimento, muito mais
evidente que as alterações dos outros fatores do desempenho físico.
Desta forma fica claro a importância de pesquisas sobre formas de
manter ou melhorar a flexibilidade uma vez que esta é um dos componentes da
aptidão física que esta relacionada com a mobilidade dos idosos. Esta
pesquisa é relevante, pois avalia a flexibilidade de idosos participantes e não
participantes de aulas de hidroginástica e mostra se este é um meio de
melhorar ou não flexibilidade dos idosos e contribuir desta forma para a
qualidade de vida destes.
1.3 Objetivos
1.3.1 Objetivo Geral

Verificar se existe diferença significativa na flexibilidade de idosos
praticantes e não praticantes de hidroginástica.
1.3.2 Objetivos Específicos

Avaliar o grau de flexibilidade dos idosos participantes de hidroginástica;

Avaliar o grau de flexibilidade dos idosos não participantes de
hidroginástica;

Comparar a flexibilidade dos mesmos.
1.4 Estrutura do trabalho
O primeiro capítulo deste estudo contém uma introdução, onde foi
contextualizado o problema, a justificativa e os objetivos da pesquisa. O
segundo capítulo trata sobre a fundamentação teórica necessária a análise e
discussão dos resultados obtidos. Este, por sua vez, foi dividido em três partes
principais: a primeira aborda sobre a terceira idade; a segunda sobre
flexibilidade e a terceira faz uma abordagem geral sobre a hidroginástica. O
terceiro capítulo apresenta o aspecto metodológico, quanto a característica da
pesquisa, população, procedimentos, instrumentos de pesquisa e tabulação
dos dados. O quarto e quinto capítulos apresentam respectivamente: analise
dos resultados e conclusão.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. TERCEIRA IDADE
A Organização Mundial de Saúde – OMS – define a população idosa
como aquela a partir dos 60 anos de idade, mas faz uma distinção quanto ao
local de residência dos idosos. Este limite é válido para os países em
desenvolvimento, subindo para 65 anos de idade quando se trata de países
desenvolvidos.
Para MOTA (2002), envelhecer é fenômeno normal e natural
característico do ser humano em particular e de todos os seres vivos. Apesar
dessas circunstâncias, o envelhecimento é também um fenômeno que se
evidencia de maneira diferenciada e em momentos diferentes no decurso do
processo antológico. É um processo que não ocorre necessariamente em
simultâneo com a idade cronológica, apresentando considerável variação interindividual e sendo influenciado por fatores externos (hábitos e comportamentos
de vida de cada indivíduo).
LEITE (1996) afirma que envelhecer é um processo fisiológico geral até
agora pouco conhecido que afeta as células e os sistemas formados por elas,
bem como os componentes teciduais.
2.1.1 – Características do Envelhecimento no Processo AnátomoFuncional
De acordo com MEIRELLES (1997), as principais modificações
anátomo-fisiológicas atribuídas ao processo natural de envelhecimento são:
2.1.1.1 – Composição e morfologia do Corpo
A partir dos anos 40 a estrutura começa a diminuir perdendo cerca de 1
cm por década. Esta diminuição está associada a diminuição dos arcos dos
pés, aumento das curvaturas da coluna e também pelo encurtamento da coluna
vertebral, devido a alterações que ocorrem nos discos intervertebrais.
Há o aumento do diâmetro da caixa torácica e do crânio. O crescimento
progressivo do nariz e dos pavilhões auditivos contribui para uma conformação
típica facial da pessoa idosa. Há uma inversão na perda e no aumento de
tecido celular, pois diminui nos membros e aumenta no tronco.
A perda de água intracelular faz com que o teor total de água do corpo
diminua devido a relação fluido intracelular para o extracelular. O potássio total,
que na maior parte é intracelular, irá diminuir também. Mudanças como estas
na composição do corpo levam a uma diminuição da massa consumidora do
O2.
Em relação à perda de massa, os órgãos internos que se mostram mais
afetados são: os rins e o fígado, sendo os músculos que mais sofrem danos
ponderais como o passar do tempo.
2.1.1.2 – Pele
A pele se torna seca e áspera, sujeita a infecções e mais sensível às
variações de temperatura, devido as glândulas sudoríparas e sebáceas
diminuir sua atividade. Ocorre também a diminuição do número de melanócitos
e de alças capilares, ficando desta forma, a pele pálida com aparência
anêmica. Manchas escuras ou marrons salientes são comuns e conhecidas em
conjunto como queratose seborréica.
2.1.1.3 – Pêlos e cabelos
Quando ocorre o processo de envelhecimento, a medula se enche de ar
e as células do córtex perdem pigmento, ficando então o cabelo de cor branca.
Ocorre uma diminuição de pêlos por todo o corpo, fazendo-se exceção às
sobrancelhas, a orelha e as narinas.
2.1.1.4 – Modificações no Sistema Ósseo
O controle de todo o metabolismo da matriz extracelular é realizado
pelos osteócitos, os quais diminuem em número e atividade com o processo de
envelhecimento. Isto faz com que o metabolismo do cálcio se desequilibre,
havendo perda de cálcio na matriz.
Na mulher, não há perda óssea significante antes da menopausa, porém
após este fenômeno, se procede de forma intensa em relação ao sexo oposto.
2.1.1.5 – Modificação no Sistema Articular
Com o envelhecimento as suturas do crânio que são unidas por tecido
fibroso, vão sendo substituídas por osso, processo ao qual começa por volta
dos 30 anos, que irá desaparecer por completo em épocas diferentes em cada
sutura. Desta forma o crânio tende a apresentar menor número de ossos, o que
diminui sua resistência a fraturas.
Os discos intervertebrais são constituídos por um núcleo pulposo e um
anel fibroso. No idoso, o núcleo pulposo perde água e proteoglicanas, e as
fibras irão aumentar em número e espessura.
No anel fibroso ocorre o contrário, pois as fibras colágenas ficam mais
delgadas. Isto contribuiu para que a espessura do disco diminua, acentuandose a curvaturas da coluna especialmente a torácica, o que desenvolverá cifose.
2.1.1.6 – Modificações no Sistema Respiratório
No pulmão, há uma discreta diminuição da superfície total dos alvéolos e
consequentemente, diminuição da elasticidade pulmonar. (LEITE 1996)
2.1.1.7 – Modificações Cardiovasculares
As alterações anatômicas no sistema cardiovascular incluem um
aumento na quantidade do tecido fibroso nas estruturas do coração, miocárdio
e válvulas, um aumento de lipofuscina nas fibras miocárdias e uma diminuição
na elasticidade da aorta e seus ramos principais, acompanhada por um
aumento de diâmetro e comprimento. O débito cardíaco cai, a proporção de
aumento da pressão arterial sistólica com a idade é maior que a diastólica.
O desempenho cardiovascular declina progressivamente com a idade, e
o indivíduo tem que conviver com um coração idoso somando à doença
cardíaca.
2.1.1.8 – Modificações Músculoesqueléticas
Como os demais processos de involução, a atrofia muscular devido à
idade tem início no jovem adulto, ou seja, em torno dos 30 anos de idade. O
indivíduo não treinado perde cerca de 10 % da sua massa muscular até os 50
anos. A partir daí, o processo de atrofia se acelera visivelmente.
A atrofia muscular da idade avançada ocorre por conta principalmente
da perda de fibras musculares, sendo em grau menor devida à redução do
tamanho das fibras. A redução do número de fibras musculares diz respeito
aos dois tipos de fibras; a diminuição do tamanho afeta principalmente as fibras
do tipo II. Parece que o mecanismo responsável não é tanto um processo
miogênico e sim um fenômeno neurogênico, no qual a reinervação não é capaz
de acompanhar a denervação da alternância fisiológica de denervação e
reinervação. As fibras musculares, que deixam de ser inervadas, acabam
perecendo, sendo em parte substituídas por gordura e tecido conjuntivo. Esse
mecanismo explica a acentuada diminuição da porcentagem de tecido
muscular contrátil na musculatura do indivíduo idoso.
Com o envelhecimento há uma diminuição da força muscular que parece
acompanhar a redução da massa muscular.
2.1.1.9 – Modificações no Sistema Nervoso Central
O número de neurônios cai em algumas partes do sistema nervoso,
embora não haja alterações em outras partes. Há uma redução na velocidade
de condução do nervo periférico, tanto motora quanto sensorial, diferindo nos
vários nervos e refletindo uma insuficiência de fibras maiores.
A reação torna-se mais lenta e a velocidade de condução nervosa se
lentifica em 10 a 15%.
2.2 FLEXIBILIDADE
Segundo LEITE (1996), a flexibilidade refere-se a capacidade de
movimentar as partes do corpo, através de uma ampla variação de movimento,
sem distensão excessiva de articulações e ligamentos musculares. DANTAS
(1995) complementa afirmando que a flexibilidade é a qualidade física
responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular
máxima, por uma articulação ou conjunto de articulações, dentro dos limites
morfológicos, sem risco de provocar lesão.
A flexibilidade pode ser classificada segundo DANTAS (1995) quanto ao
tipo, à abrangência, ao referencial e às articulações envolvidas.
a – Quanto ao tipo:
Flexibilidade Estática – determinado pelo alcance de uma amplitude de
movimento do grupo musculoarticular. Atinge-se essa amplitude lentamente,
mantendo a postura com tensão muscular.
Flexibilidade Dinâmica – É determinado pelo maior alcance do
movimento voluntário, utilizando-se a força dos músculos agonistas e o
relaxamento dos músculos antagonistas.
Flexibilidade Balística – O movimento balístico é um movimento
composto. A primeira fase constitui um movimento de força contínua em que se
usa um movimento acelerado pela contração concêntrica dos agonistas, sem o
impedimento de contração de antagonistas. A segunda fase é um movimento
em inércia, sem contração muscular. Na amplitude final do movimento
desacelera-se, deixando a resistência por conta dos ligamentos e músculos
alongados, fornecendo respostas elásticas.
Flexibilidade Controlada – É expressa pela capacidade de sustentar um
segmento corporal num amplo arco articular, despenderá não somente da
elasticidade dos antagonistas e mobilidade da articulação envolvida. Uma
pessoa com um alto grau de flexibilidade dinâmica ou estática pode apresentar
um pobre performance na flexibilidade controlada se não for dotado de força
isométrica nos grupos musculares fixadores do movimento considerado.
b – Quanto à abrangência
Flexibilidade geral: É observada todos os movimentos de uma pessoa
englobando todas as suas articulações;
Flexibilidade específica: É referente a um ou alguns movimentos
realizados em determinadas articulações.
c – Quanto ao referencial
Flexibilidade relativa: Compara o grau de flexibilidade obtido com os
comprimentos e dimensões corporais;
Flexibilidade absoluta: Na medida de um movimento específico, leva em
conta apenas o arco articular máximo alcançado, sem considerar as medidas
antropométricas.
d – Quanto às articulações evolvidas
Flexibilidade simples: é observada numa determinada ação articular em
uma única articulação;
Flexibilidade composta: Quando o movimento envolve mais de uma
articulação ou mais de um tipo de ação articular dentro de uma articulação
simples.
2.2.1 Componentes da flexibilidade
DANTAS (1995) coloca que vários fatores concorrem para o grau de
flexibilidade de uma articulação são eles:
Mobilidade: se refere ao grau de liberdade de movimento da articulação.
Elasticidade: estiramento elástico de componentes musculares.
Plasticidade: grau de deformação temporária que estruturas musculares
e articulações deverão sofrer para possibilitar o movimento. Existe um grau de
deformação que se mantém após cessada a força aplicada conhecida como
histeresis.
Maleabilidade: modificações das tensões parciais da pele fruto das
acomodações necessárias no segmento considerado.
De acordo com pesquisas de Johns e Wright apud DANTAS (1995),
apresentam como fatores relativos para a limitação da flexibilidade os
apresentados no quadro abaixo:
CONTRIBUIÇÃO RELATIVA DAS ESTRUTURAS DOS TECIDOS
MOLES PARA RESISTÊNCIA ARTICULAR
ESTRUTURA
RESISTÊNCIA À FLEXIBILID.
Cápsula articular
47%
Músculo
41%
Tendão
10%
Pele
2%
2.2.2 Fatores que influenciam na flexibilidade.
Segundo DANTAS (1995), os fatores que exercem grande influência na
flexibilidade são: os endógenos e os exógenos.
Quanto aos endógenos podemos citar: a idade – quanto mais velha a
pessoa, menor sua flexibilidade. Os tendões e as fáscias musculares, devido à
idade, são particularmente susceptíveis de espessarem-se. Destaca também
que a perda de flexibilidade está mais associada à falta de treinamento do que
ao processo de envelhecimento; sexo – geralmente a mulher é mais flexível
que o homem por possuir tecidos menos densos; individualidade biológica –
pessoas de mesmo sexo ou de mesma idade podem possuir graus de
flexibilidade totalmente diferentes entre si graças a características particulares
abrangidas por esse fator. Determina ainda que o somatotipo, o estado de
condicionamento físico, a inatividade e a tonicidade muscular também têm
participação na determinação dos graus de flexibilidade.
Os agentes exógenos apresentam uma interferência reversível, são eles:
a hora do dia – devido às horas em que o organismo esteve deitado, ao
acordar todos os componentes plásticos do corpo estão em sua forma original;
temperatura ambiente – o frio reduz e o calor aumenta a elasticidade muscular
com óbvios reflexos sobre a flexibilidade; exercício – a flexibilidade é bastante
influenciada pelos exercícios que provocam seu aumento quanto sua redução.
2.2.3 Componentes limitantes da flexibilidade
DANTAS (1995) diz que o local aonde se observa a flexibilidade é nas
articulações, e esta estrutura é composta por seus elementos constitutivos, são
eles: os ligamentos e tendões, músculos e ossos, que por sua vez são
elemento que interferem na flexibilidade.
2.2.3.1 Ligamentos e Tendões
Os ligamentos são responsáveis pela junção de dois ossos, assumiram
características
mecânicas
de
plasticidade,
conferindo
à
articulação
adaptabilidade às novas situações sem perda da estabilidade. Já os tendões
realizam a interação entre músculos e ossos, possibilitam a transferência da
força do músculo para o osso e vice-versa, com a menor perda possível. Os
ligamentos e os tendões são formados por colágeno, ACHOUR (2006) diz que
o colágeno proporciona muita força e pouca extensibilidade e cita ainda um
estudo feito por ALTER (1999) que registrou que o colágeno é tão inextensível
que um peso dez mil vezes superior ao seu peso próprio peso pode não ser
suficiente para extendê-lo. Com o envelhecimento, o tecido fica mais rígido,
menos elástico e mais propenso a lesões.
Um estilo de vida pouco ativo nesta faixa etária diminui o tamanho e a
quantidade de tecido colágeno, consequentemente, o tecido muscular se
enfraquece. Isso acontece por causa da reduzida capacidade de reter água
que o idoso tem o que provoca a aproximação das fibras, favorecendo a
formação de ligações cruzadas, o que faz com que diminua a elasticidade do
colágeno. Tanto os ligamentos quanto os tendões são formados pelo colágeno
tipo I e tipo III.
2.2.3.2 Músculos e ossos
Os
músculos se
constituem
num
componente fundamental da
flexibilidade e em seu treinamento procura-se causar adaptações nos músculos
estriados esqueléticos. De acordo com DANTAS (1995), na mecânica muscular
pode-se
separar
três
componentes
diferentes:
elásticos,
plásticos
e
inextensíveis.
Os componentes elásticos retornam à sua forma original, após o
relaxamento, sem influência externa. Os componentes plásticos, após
contração muscular, não retornam à forma original se não houver influência
externa e, se submetidos a tensões bruscas poderão lesionar-se, logo requer
conveniência na aplicação da força. No caso dos componentes inextensíveis,
por maior intensidade de força aplicada, os osso e tendões não se deformarão.
O osso é composto de 30% de água e 70% de compostos minerais,
apresenta um grau de rigidez maior que o tecido conjuntivo, o que possibilita
uma grande resistência às tensões a que é submetido.
2.2.4. Flexibilidade no Processo de Envelhecimento
A perda da mobilidade preocupa seriamente qualquer pessoa e
principalmente a população idosa. Segundo SILVA apud ALTER (1999), certas
alterações nos tecidos conjuntivos do corpo com o avançar da idade são
responsáveis pela diminuição da flexibilidade. Enfatiza também que o desgaste
biológico com o avanço do tempo pode ser minimizado nas pessoas que
permanecem ativas, destacando dessa forma que o exercício físico retarda a
perda de flexibilidade.
Para
ACHOUR
(1999),
se
houver
redução
da
flexibilidade,
acompanhada do envelhecimento, isso pode ocasionar a perda parcial da
independência dos movimentos já no início da idade avançada e, de modo
mais sério, a perda total com o aumento da idade. Por outro lado as atividades
habituais que de forma geral não privilegiam movimentos amplos e requerem
posturas inadequadas e sedentarismo, contribuindo para os processos
irreversíveis e naturais de redução da flexibilidade, vão, ao longo do tempo,
provocando a diminuição do alcance do movimento.
De acordo com DANTAS et al (2005) quando se envelhece, a amplitude
de movimentos durante a caminhada e as articulações da extremidade inferior
torna-se progressivamente limitadas. O idoso dá passadas mais curtas que o
indivíduo jovem. Entre os afazeres cotidianos, o agachar-se e amarrar
cadarços dos sapatos requerem grande amplitude de movimentos, a qual se
restringe na velhice. O exercício pode reduzir esta fibrose relacionada a
sanescência e auxilia a manutenção da flexibilidade na terceira idade.
2.3 HIDROGINÁSTICA
O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial e a cada ano esse
processo se torna maior nos países em desenvolvimento podendo ocorrer um
aumento de até 300% no número de pessoas idosas, especialmente na
América Latina (IBGE).
Em razão deste aumento, a qualidade de vida do idoso é atualmente motivo
de preocupação e têm sido objeto de estudo de vários trabalhos científicos,
com o objetivo de encontrar o segredo de um envelhecimento saudável.
É fato que os autores convergem com relação aos benefícios que o
exercício físico pode trazer para um envelhecimento saudável, uma vez que
este contribui para a independência, mobilidade funcional, ou seja, para uma
melhora da qualidade de vida do idoso permitindo que este mantenha níveis de
independência e garanta o sentido qualitativo da sua existência (MOTA, 2002).
As atividades mais recomendadas aos idosos pelos médicos, são as
praticadas na água, principalmente a hidroginástica, a qual se diferencia das
outras atividades, realçando alguns benefícios, devido às propriedades físicas
que o meio oferece (GUERRA, 2006).
2.3.1 Propriedades físicas da água segundo
BONACHELLA (1994) classifica as propriedades física da água em
densidade, flutuação, pressão hidrostática e viscosidade.
Densidade – é a relação entre massa e volume;
Flutuação – ( Princípio de Arquimedes) “ quando um corpo está completo ou
parcialmente imerso em um meio líquido, ele sofre um empuxo para cima igual
ao peso do líquido deslocado”. Este empuxo atua em sentido oposto à força da
gravidade;
Pressão hidrostática – (Lei de Pascal), “a pressão do líquido é exercida
igualmente sobre todas as áreas da superfície de corpo imerso em repouso, a
uma determinada profundidade”.
Viscosidade – é o tipo de atrito que ocorre entre as moléculas de um líquido
que oferece resistência ao movimento da água em qualquer direção,
provocando uma turbulência maior ou menor de acordo com a velocidade que
executamos o movimento, quanto mais rápido o movimento, maior será o
arrasto.
2.3.2 Benefícios da hidroginástica
A hidroginástica de acordo com BONACHELLA proporcionará uma melhora
na qualidade de vida para esta faixa etária, devido aos vários benefícios que
ela oferece, tais como: o aumento da amplitude articular, força muscular,
densidade óssea, consumo máximo de oxigênio, tolerância a glicose e da
sensibilidade à insulina, um menor risco de problemas articulares, uma
diminuição da freqüência cardíaca basal, pressão arterial, um relaxamento
muscular, uma desintoxicação das vias respiratórias, um controle do peso
corporal, uma melhora da circulação periférica, funções orgânicas e do sistema
cardiovascular e cardiorrespiratório, aumento da coordenação, da agilidade, do
equilíbrio, acréscimo da auto-estima, auto confiança, independência nas
atividades diárias, reintegração, bem-estar físico e mental.
BAUM (2000) acrescenta sobre os benefícios da hidroginástica dizendo que
pessoas com idades avançadas são mais vulneráveis aos efeitos adversos do
exercício no solo. É mais provável que muitos dos riscos associados ao
exercício, como por exemplo, “desgaste e ruptura” nas articulações fisiológicas
ocorridas com o passar do tempo. Na água, uma queda normalmente não é
perigosa, o risco de lesão articular é mínimo em razão da ausência de
sustentação do peso e o perigo de uma lesão muscular intrínseco é muito
pequeno. SOVA (1998) reafirma sobre esta importância dizendo que a
flutuação na água permite movimentos com menores riscos de lesão sem o
choque do impacto que está associado ao exercício de solo.
A prática da hidroginástica regular melhora todos os cinco componentes do
condicionamento físico: condicionamento aeróbico, força muscular, resistência
muscular, flexibilidade e composição corporal.
No que se refere a flexibilidade, devido ao menor efeito da gravidade na
água, as articulações podem fazer uma variedade de movimentos e esticaremse mais efetivamente sem aumento da pressão sobre elas. A água permite
movimentos que não seriam possíveis no solo.
Estes benefícios citados irão intervir numa melhora da qualidade de vida
para o idoso, possuindo um caráter de prevenção patológica e de
independência desta população na vida cotidiana.
3. METODOLOGIA
3.1 Caracterização da pesquisa
Este estudo caracterizou-se como descritivo de caráter causal
comparativo. Segundo Rudio (2001), a pesquisa é descritiva quando busca
conhecer o fenômeno, analisá-lo, interpretá-lo e descrevê-lo sem interferir na
sua realidade. O mesmo autor coloca que no estudo causal comparativo o
pesquisador parte da observação do fenômeno e verifica as semelhanças e
diferenças que existe entre duas situações.
3.2 População e amostra
A população foi constituída por idosos praticantes de hidroginástica a no
mínimo 3 meses de um determinado clube e por idosos não praticantes de
exercício físico da “casa do vovô e da vovó” no município de Porto Velho.
Foram selecionados 8 indivíduos de cada grupo, na faixa etária de 60 a 70
anos, todos os participantes são do sexo feminino.
3.2.1 Procedimentos para seleção da amostra
Antes da realização do teste, houve um primeiro contato com os
professores responsáveis da hidroginástica e da instituição “casa do vovô e da
vovó”. Em seguida foi comunicado aos idosos sobre o objetivo da pesquisa e
inquirido
sobre
quem
gostaria
de
participar da
investigação.
Foram
selecionados 16 idosos fisicamente independentes com faixa etária entre 60 e
70 anos e todos assinaram um termo de consentimento livre e esclarecido
(ANEXO 1), concordando em participar da pesquisa.
3.3 Descrição de desenho do estudo
Para a realização da pesquisa, foi formado um grupo de estudo (GE),
com 16 indivíduos, do sexo feminino, que foram subdivididos em outros 2
grupos: subgrupo A (SGA), formado por 8 praticantes da modalidade de
hidroginástica; e subgrupo B (SGB), formado por 8 idosas não praticantes de
exercício algum, conforme demonstra a figura 1:
GRUPO DE ESTUDO
SUBGRUPOS
PROCEDIMENTOS
SGA
O
GE
SGB
Figura 1 – Quadro demonstrativo do desenho do estudo
3.4 Controle do estudo
3.4.1 Seleção e treinamento do quadro de avaliadores
Para realizar o teste como determina o protocolo utilizado, foram
convidados 02 acadêmicos do 7º período do Curso de Bacharelado em
Educação
física
da
ULBRA.
Todos
aprovados
na
disciplina
de
Cineantropometria e com o protocolo estudado previamente.
3.4.2. Controle das condições de testagem
Antes da realização do teste, foram observadas algumas aulas de
hidroginástica, para saber como se procedem as aulas e também conhecer os
alunos.
As aulas de hidroginástica acontecem três vezes por semana e tem a
duração de 60 minutos. Percebeu-se que as aulas são planejadas, contendo
aquecimento, desenvolvimento e relaxamento final. Primeiramente a aula
começa com corridas de diferentes tipos que duram aproximadamente 10
minutos, em seguida faz-se o alongamento inicial de todos os seguimentos
corporais. Depois, o desenvolvimento da aula com exercícios específicos de
hidroginástica, como: abdução e adução de pernas e braços, flexão e extensão
do quadril, flexão de joelho, fazendo todos os movimentos com descolamento,
saltitando ou correndo para frente e para os lados.
Para que as normas do protocolo fossem seguidas sem falhas, antes da
realização do teste, verificou-se os materiais e o instrumento a serem utilizados
para a coleta de dados. Os testes foram feitos em três dias, no turno matutino,
no período entre 08:00 e 11:00 horas. Os participantes da hidroginástica foram
levados para a sala de avaliação física do local e os não praticantes fizeram na
sala de reunião. Vale salientar que todos os participantes que praticavam
hidroginástica, fizeram o teste antes da prática do exercício.
3.5. - Instrumento de pesquisa
3.5.1 Banco de WELLS
Assim como determina o protocolo, foi utilizado o flexômetro (banco), um
caixote de madeira, confeccionada por um marceneiro, medindo 30x30x30
centímetros em cuja parte superior é fixada uma escala métrica de 54
centímetros.
3.5.2 Protocolo de mensuração.
Para a realização da pesquisa, foi aplicado o teste de flexibilidade de
forma indireta através do protocolo proposto por WELLS & DILLON (1952),
com a finalidade de verificar a flexibilidade ativa das regiões tóraco-lombar e
pélvica. O teste se procedeu da seguinte forma: o avaliando descalço e com
roupa adequada, sentado ao chão com os joelhos em completa extensão, os
pés com a região plantar apoiada no flexômetro, braços estendidos
horizontalmente à frente com a mão dominante sobreposta a outra mão. O
avaliando executou em seu momento a flexão do tronco à frente, de forma
suave, gradativa e contínua procurando atingir com os dáctilos o ponto mais
distante possível na escala métrica em relação a posição inicial.
O avaliador “A” posicionou-se a direita do avaliando para observar e
anotar o alcance do indivíduo, e o avaliador “B” posicionou-se do lado esquerdo
do avaliando para manter o joelho do indivíduo na posição preconizada.
Realizou-se duas tentativas seqüenciadas, sendo válida aquela com
melhor resultado e os valores expressos em centímetros.
3.6. Analise dos dados
Neste estudo os dados foram analisados através dos seguintes
procedimentos: a) Apresentação de duas tabelas mostrando a idade dos
idosos, tempo que pratica a hidroginástica, grau de flexibilidade para facilitar a
discussão b) posteriormente, utilizou-se o teste “t” de Student para amostras
pareadas independentes para detectar possíveis diferenças estatisticamente
significativas entre os subgrupos de estudo. Os dados foram processados e
analisados utilizando-se o pacote estatístico software Statistica 7 da empresa
STATSOFT.
4- RESULTADOS E DISCUSSÕES
Apresentam-se nesse capítulo os resultados da investigação, assim
como sua análise para a resposta à pergunta: Existem diferenças significativas
na flexibilidade de idosos praticantes e não praticantes de hidroginástica? Para
isso formou-se um grupo de estudo composta por 16 idosas com idade entre
60 a 70 anos. Desde grupo formou-se dois subgrupos de estudo, os quais
foram nominados como: a) SGA para a amostra composta por 8 idosas
praticantes de hidroginástica e b) SGB para a amostra formada por 8 idosas
idosos não praticantes de hidroginástica
4.1. Análise do SGA
Figura2: Tabela de classificação individual das idosas praticantes de
hidroginástica.
IDOSAS IDADE
(ano)
TEMPO QUE
PRATICA
HIDROGINASTICA
(mês)
GRAU DE
CLASSIFICAÇÃO
FLEXIBILIDADE
(cm)
A
68
7 meses
28
Médio
B
65
3 meses
20
Muito fraco
C
61
12 meses
37
Excelente
D
63
12 meses
31
Bom
E
65
8 meses
40
Excelente
F
68
6 meses
25
Fraco
G
62
5 meses
19
Muito fraco
H
60
12 meses
43
Excelente
A tabela acima representa a classificação do teste de flexibilidade dos
praticantes de hidroginástica. Neste grupo, três idosas atingiram o grau
excelente da escala de flexibilidade, um integrante foi classificado com um
bom, outro com médio, um participante foi classificado com um grau fraco e,
por último, dois participantes deste grupo não atingiram um grau satisfatório, ou
seja, muito fraco.
Vale salientar que os participantes que atingiram o grau fraco são os que
estão praticando hidroginástica a pouco tempo ( 3 e 5 meses). Os que
alcançaram um grau satisfatório de flexibilidade (excelente, bom e médio)
praticam hidroginástica há um tempo significativo (entre 7 e 12 meses). Sendo
assim, 65% do grupo têm um grau satisfatório de flexibilidade.
Esses resultados corroboram com a pesquisa feita por MOTA et al
(2004) sobre a influência da hidroginástica na aptidão física do idoso que
contatou uma diferença significativa do grau de flexibilidade dos idosos
praticantes de hidroginástica.
BAUM (2000) coloca que a hidroginástica permite uma amplitude maior
dos movimentos devido ao menor efeito da gravidade dentro da água. As
articulações podem fazer uma variedade maior de movimentos e esticarem-se
mais efetivamente sem aumento da pressão sobre elas.
4.2 Analise do SGB
Figura 3: Tabela de classificação individual das idosas não praticantes de
ginástica.
IDOSAS
IDADE
(ano)
GRAU DE
FLEXIBILIDADE (cm)
CLASSIFICAÇÃO
I
63
36
Bom
J
61
10
Muito fraco
L
67
17
Muito fraco
M
67
18
Muito fraco
N
61
25
Fraco
O
69
09
Muito fraco
P
64
11
Muito fraco
Q
64
16
Muito fraco
A tabela acima representa a classificação da flexibilidade dos idosos não
praticantes de exercício físico. Percebe-se que a maioria (80%) tem um grau
negativo de flexibilidade, um índice muito fraco, 10% obtiveram um grau fraco e
10% alcançaram o grau bom.
Isso ocorre pelo fato das idosas deste grupo possuir encurtamento
muscular, que pode ser em decorrência da falta de exercícios regulares. Uma
vez que vários estudos têm demonstrado a importância dos exercícios para a
flexibilidade. Entre eles destacam-se o de OLIVOTO (2004) que relata os
baixos índices de flexibilidade dos idosos não praticantes de atividade física
regular e o de DANTAS et al (2006) que pesquisou sobre avaliação da
flexibilidade em idosos não praticantes de exercício e constatou nos
participantes um grau fraco de flexibilidade.
4.3 Analise comparativa do SGA e SGB
Com o objetivo de constatar diferenças estatisticamente significativa
em nível de p<0,05 entre os sujeitos componentes da amostra, apresenta-se
na figura 3 a análise comparativa dos subgrupos de estudo. Apresentam-se
nesta tabela os valores médios, desvios padrão, valores do teste “t” e níveis de
significância estatística obtidos nos dois subgrupos.
Figura 4: Tabela comparativa das idosas praticantes e não praticantes de
hidroginástica.
GRUPOS DE ESTUDO
VARIÁVEIS
SGA (n=8)
SGB (n=8)
T
P
IDADE
64,00 ± 3,02
64,50 ± 2,93
0,37
0,74
GRAU DE FLEX.
30,37 ± 9,01
17,75 ± 9,04
2,80
0,01
Os Valores de P (probabilidade) demonstram que, no que se refere a
variável idade, ambos os grupos são estatisticamente semelhantes, ou melhor
dizendo,
significativamente
semelhantes
(74,2%
de
probabilidade
de
semelhança), porem, no que se refere a variável flexibilidade, ambos os grupos
são estatisticamente diferentes, ou significativamente não semelhantes
(apenas 1,4% de probabilidade de semelhança).
Mostra-se neste estudo um grau de flexibilidade significativamente
diferente das idosas praticantes e não praticantes de hidroginástica que
parecem comprovar a importância da hidroginástica na melhoria da flexibilidade
de mulheres idosas que levam a vida de forma sedentária.
Apesar de significativamente semelhante quanto às idades. Observar-se
na tabela da figura 2 do grupo de idosas não praticantes de hidroginástica, que
75% das idosas têm um grau muito fraco de flexibilidade enquanto que a figura
1 da tabela do grupo de idosas praticantes de hidroginástica mostra que
apenas 25% das idosas têm o grau muito fraco e estas são as que praticam
menos tempo de hidroginástica do grupo.
A queda da flexibilidade com o envelhecimento é um fator já
comprovado em varias pesquisas. ALVES et all (2006) coloca que o processo
de deterioração osteoarticular acelera-se com o tempo e um aumento na
amplitude de movimento advindo de programas de exercícios físicos é
importante como medida profilática no sentido de preservar e retardar ao
máximo os efeitos do envelhecimento. No caso especifico desta pesquisa a
hidroginástica mostrou ser importante para aumentar ou manter o grau de
flexibilidade das idosas, o que pode repercutir no melhor desempenho das
atividades da vida diária destas, contribuindo assim para uma melhor qualidade
de vida.
BONACHELA (1994) afirma que a pratica de hidroginástica pelos idosos
torna-os mais aptos e mais saudáveis proporcionando-lhes uma melhor
qualidade de vida, devido a um aumento da amplitude articular, do acréscimo
da auto-estima e da independência nas atividades da vida diária.
A presente pesquisa corrobora com a literatura mostrando a importância
da pratica de hidroginástica pelas idosas para melhorar ou manter a
flexibilidade destas.
5. CONCLUSÃO E SUGESTÕES
Concluiu-se após o teste de “sentar e alcançar”, que houve uma
diferença significativa da flexibilidade entre as idosas que praticam e as que
não praticam hidroginástica. No caso das não praticantes de hidroginástica,
75% do grupo não alcançaram um nível satisfatório de flexibilidade, e no grupo
de praticantes de hidroginástica, 65% alcançaram um nível satisfatório de
flexibilidade. Isto mostra que a falta de exercício, no caso a hidroginástica,
provoca uma atrofia muscular e que esta modalidade mantém ou melhora o
nível de flexibilidade, porém, não se pode dizer que essas idosas adquiriram
bons níveis de flexibilidade em razão da hidroginástica. Por isso sugere-se para
um outro estudo, que se faça uma pesquisa com um grupo de idosos que não
praticam exercício físico algum, divida-se este grupo em dois subgrupos (“A” e
“B”) e que seja feito o teste de “sentar e alcançar” em uma determinada data. A
partir daí, o subgrupo “A” será submetido a um treinamento de três meses de
hidroginástica e o subgrupo “B” continuará sem fazer exercício algum. Após o
término do treinamento, será feito o mesmo teste, para constatar se através da
hidroginástica se adquire níveis significantes de flexibilidade.
6. REFERÊNCIAS
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RUDIO, F. V. Introdução ao Projeto de Pesquisa Científica. Petrópolis, RJ:
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SOVA, R. Hidroginástica na Terceira Idade. São Paulo: Manole, 1ª ed., 1998.
VALE, R. G. S.; NOVAES, J. S.; DANTAS, E. H. M. Efeitos do Treinamento de
Força e Flexibilidade Sobre a Autonomia de Mulheres Senescentes. Rev. Brás.
Ci. e Mov. 2005; 13 (2): 33-40.
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avaliação da flexibilidade de idosos