JORNAL
DA
ZONA
LESTE
ANO ! - SKTKMBRO — M."2 — ÇR$ 2,00
É assim que ele brinca
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A-E. CARVALHO:
CANO VIROU PALANQUE ^
CONHEÇA
O FUTEBOL
DO
VITÓRIA
Última página.
que tazer
se o lote
da
UTFALL
■
clandestino?
Pág. 7
CALDEIRÃO
CALDEIRÃO
LEI DE GREVE
No próximo dia 3 de outubro, encerra-se o prazo estabelecido pelo governo para que o Congresso Nacional
vote a nova Lei de Greve.
Esta lei, estabelecida pelo decreto
lei 1.632, proíbe os funcionários de
empresas consideradas essenciais à
segurança nacional de fazerem
greves. São considerados setores essenciais à segurança nacional os serviços de água, esgoto, energia elétrica, petróleo, gás, bancos, transportes,
carga e descarga, hospitais e farmácias, entre outros. Estabelece
também que outros setores ou empresas podem ser considerados como
essenciais
por
definição
do
Presidente da República.
SABESP
Dia 29 de setembro foi feita a-apuracão da eleição para a nova diretoria
do Sindicatoda SABESP-CETESB. De
um total de 2.683 votantes,
1470
escolheram a Chapa 2 — Oposição,
para representá-los no sindicato. A
Chapa I, da Situação, recebeu 1112
votos.
A Oposição ainda não está eleita.
Isso por que faltaram 80 votos para
que ela tivesse maioria absoluta.
Por lei, se as duas chapas não entrarem num acordo, quanto à composição da nova diretoria, deverá ser
realizado um novo pleito dentro de 15
dias, dia 9.
O programa que a Chapa 2 defende
tem como pontos principais: um sindicalismo autêntico, a liberdade.de
organização, o direito de greve e a representação dos trabalhadores por
seção.
ESPALHA-FATO
Jornnlista Responsável: Altair Jr só Moroírn.
Fotos: Wninr
Oinqramacao: Sami
Arte: Mariao Rnba
Espalha-Fato é publicado pnla Edirora
Caraquatá Lida Administração e.Redação: Estrada de Sáo Miquel. 207 - Vila
Salote.Sáo Paulo - Composto e impresso na Empresa Jornalística AFA, Av. Liberdade, 704.
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Trata-se, sem dúvida, de uma reação do governo às recentes manifestações grevistas, que possibilita a
proibição de quaisquer greves, desde
que as autoridades as considerem
prejudiciais à "segurança nacional".
MAS A ARENA FAZ GREVE
Os deputados e senadores da Arena têm se recusado sistematicamente
a votar o decreto, esperando, assim,
que ele seja aprovado por vencimento
de prazo. Procuram não se comprometer com ele, para não perder votos
nas próximas eleições, e, ao mesmo
tempo, satisfazer o governo.
Mas o Governo e os congressistas
parecem não perceber direito que,
para os trabalhadores, não são realmente os decretos que estão na ordem do dia, como se pode perceber
pela declaração de um representante
da Oposição Sindical dos Metalúrgicos de São Paulo (Chapa 3) comentando a lei antigreve:
"Para nós é arrocho em cima de arrocho. O Simonsen falou que um banco não pode ficar parado mais do que
15 dias, mas e o bancário, pode ficar
ganhando um salário de fome?
Não será mais um decreto que vai
segurar os trabalhadores. Essa lei vai
ser quebrada. Se o Governo não quer
greve, ele que decrete um salário alto
e congele o custo de vida".EM TEMPO
(14 de agosto)
REFORMAS
bido por lei e com punições previstas
na "Lei de Segurança Nacional".
Os
dirigentes
sindicais
"autênticos" que já vinham se reunindo desde antes do Congresso da C.N.
T.l. (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria), negaram tais
acusações e não se intimidaram perante as ameaças do ministro do Trabalho. Os sindicalistas ameaçavam
denunciar à suas bases os senadores
Por isso, a ida de 15 dirigentes sin- e deputados que votassem com o godicais a Brasília (Lula, do Sindicato verno.
dos Metalúrgicos de São Bernardo do
O ministro não teve jeito e recuou,
Campo e Diadema, Olírio Dutra, dos acabando por reconhecer que os sinBancários do R.G. do Sul, João Paulo dicalistas estavam atuando legitimaVasconcelos, dos Metalúrgicos de mente.
João Monlevade em Minas Gerais,
Os sindicalistas foram defender
entre outros, teve o sentido de pres- junto aos parlamentares a revogação
sionar os senadores e deputados a vo- das leis de arrocho salarial, liberdade
tarem contra as leis anti-operárias do e autonomia dos sindicatos, o direito
governo. Eles conseguiram o apoio de de greve como arma legítima dos traalguns emedebistas e, num certo sen- balhadores, anistia para todos os pretido, a "neutralidade" de outros tan- sos políticos, a solidariedade às lutas
tos arenistas para a sua causa.
dos trabalhadores do campo e a
O governo, que por trás de sua convocação de uma Assembléia Consfachada de segurança e estabilidade, tituinte Livre e Soberana onde os traestá com dificuldades para esconder balhadores pudessem ser representasua impopularidade arrumou uma dos por partidos autenticamente seus.
saída: mandou o ministro do Trabalho,
Arnaldo Prieto, proibiu qualquer forma
de pressão política dos sindicatos
sobre os congressistas, ameaçando
suas entidades de intervenção estatal.
Acusando-os de estarem desenvolvendo atividades estranhas ao sindicalismo e de tentarem ressuscitar o Comando Único dos Trabalhadores, proi-
O "pacoíâo" de reformas políticas
proposto pelo governo, foi votado no
fim do més pelo Congresso Nacional
e aprovado graças à maioria de arenisla e à alguns emedebistas que se
abstiveram de votar. As reformas não
mudam o caráter arbitrário do governo, dando-lhe poderes para intervir no
sindicato, além de legalizar o senador
biônico.
.,
OKSPM.HA—I- ATO
SETEMBRO ^
PRODUZAM,
CRIANÇAS!
A FE-AD, em Ermelindo
Matarazzo, é uma fábrica de
peças para televisores, rádios e gravadores. Com
mais de 200 funcionários,
quase todos menores que
ganfiam salário mínimo, a
FE-AD trabalha num esquema de produção que é ligado aos pedidos de fábricas
de aparelhos eletrônicos.
Tem como cliente, por
exemplo, a Philco.
O "Espalha-Fato" entrevistou dois dos ex-trabalhadores dessa fábrica.
Gil trabalhou na produção de peças de baquelite.
Tinha 16 anos quando um
amigo seu avisou que a FEAD precisava de gente e ele
foilá. Gil conta:
" Eu trabalhava no forno
que fundia as peças de baquelite para resistência de
T.V. Tinha que por um pó
preto numa forma que fazia
seis peças e colocar na fornalha. Precisava tirar a forma em 45 segundos, senão
queimava. A peça esfriava
rápido e depois passava
para outra máquina onde
era furada e lixada. Na minha seção, teria que ter 15
funcionários, mas só tinha
8. Então, a gente tinha que
produzir quase 3 mil peças
por dia, porque a máquina
não pode parar. Tinha um
velho que ficava olhando a
gente o tempo inteiro. Só dava prá ir ao banheiro,
quando outro ficava na máquina. A gente entrava às 7
horas da manhã, tinha uma
hora de almoço e saía às
cinco e meia. Não podia
nem tomar café nem conversar no serviço, porque a máquina não podia parar".
Gil não trabalhou só no
forno de baquelite. Como a
FE-AD tem prazo para entrega dos pedidos, quando termina uma fase da produção
das peças, ela transfere os
funcionários para outras tarefas da mesma seção.
uma luva industrial. Acho
mesmo que na nossa seção
nem poderia trabalhar menor, por causa da insalubridade".
Pelas condições de trabalho, pareceque nenhum menor consegue ficar muito
tempo nessa seção. Gil é
um exemplo disso. Depois
de um mês de trabalho, saiu
da FE-AD, "porque lá a
gente se sujava muito e depois, cada vez que o forno
abria, vinha todo o calor em
cima da gente. Aí saia prá
rua, pegava triagem e ficava
doente".
Apesar de só ter trabalhado um mês na FE-AD, Gil assistiu a um acidente de trabalho. Seu amigo teve um
dedo cortado ao meio. É que
depoisque a peçade baquelite sai lixada e furada,
outros meninos colocam
uma chapinha de metal. E é
perigoso cortar essa chapa.
Gil explica por que: "Tem
que cortar a chapa de aço
com duas lâminas e precisa
ser muito rápido para fazer
isso. Meuamigonãofoi".
Também não foi rápida a
menina que ficou com um
buraco no braço onde caiu
solda da resistência das peças. Quem conta esse acidente é um outro menino,
que, com medo de represálias por parte da fábrica,
pediu para não ser identificado.
Esse menino trabalha
desde os 13 anos e foi para a
FE-AD porque viu na porta
da firma a plaqueta: "Precisa-se de menores". Na FEAD, ele ia ganhar mais: Cr$
4,60 por hora. Ele confirma
as declarações de Gil a res-
peito das condições de trabalho:
"Eu trabalhava na seção
de montagem, às vezes
abaixando o terminal,
outras cortando fita ou furando peça. Tinha era que
dar conta do pedido para a
fábrica. Por exemplo: o encarregado
falava
que
naquele dia tinha que produzir 10.000 peças. Quando eu
trabalhava no plástico, não
conseguia fazer nem 5.000.
A gente tinha que emprensar
o plástico na peça e isso machucavaodedo".
Apesar de não trabalhar
na seção do forno, esse menino também não podia
parar. Mas, para ele, a culpa
era dos encarregados: ToninhoeMauro.
"Para irão banheiro ou na
enfermaria, tinha que ficar
pedindo. Todo mundo reclamava. Depois de três meses
trabalhando lá, saí. Dos 8
colegas que tinham entrado
comigo sobraram só dois.
Um dos meninos que trabalhava com a gente, até que
queria ficar, mas machucou
o pé num fim de semana e
como foi fora da firma, não
Segundo Gil, "a barra
mesmo é trabalhar na lixadeira, porque tem que lixar
todas as peças produzidas
naquele dia. O cheiro do pó
pretoda baquelite, queé um
produto químico, é muito
forte, queima a garganta. A
gente não usava máscara
nem bebia leite. Só usava
SETEMBRO
O I.SPAI.HA—FATO
podia nem ficar no seguro e
nem trabalhando, porque
não podia ficar de pé. Teve
quepediraconta".
Sem se especializar ,em
nenhuma função, os meninos que trabalham na FEAD têm que realizar várias
tarefas, no ritmo que for necessário para dar conta das
encomendas. Segundo
eles, do jeito que são feitas,
as peças saem para a fábrica entre Cr$ 4,00 e Cr$ 4,50
cada uma, incluindo a mãode-obra. Na loja, as peças
custam por volta de Cr$
15,00.
Do preço total de um aparelho de TV, ou de um gravador ou de um rádio vendido
no
comércio,
quanto
caberia a cada um desses
meninos pela produção de
milhares de peças perdia?
CANGAIBA:
SARAMPO ATACA
Cinco crianças morreram de sarampo, em Cangaiba, no mês de
agosto. Doença comum, o sarampo,
em crianças bem alimentadas, pode
ser curado em uma semana. Mas,
em crianças subnutridas, o sarampo pode complicar-se com outra
doenças, causando a morte.
Essas mortes poderiam ser evitadas de forma simples, com uma única dose de vacina aplicada aos oito
meses de idade, ou através de uma
alimentação sadia. Mas, o preço da
alimentação anda pelos olhos da
cara e a periferia tem poucos postos de saúde, pequenos e com poucos funcionários, o que impede muitas mães de vacinarem os seus filhos. Mas, ao invés de se preocupar
com postos de saúde, o governo está mais interresado em construir
obras monumentais, como o Instituto do Coração, para atender às
«doenças dos ricos».
Assim, a gravidade da doença
não depende apenas do vírus do
sarampo.Ela é, principalmente, con
seqüência das condições de superexploração dos trabalhadores, das
más condições de vida e do descaso dos poderes públicos diante das
reais necessidades de saúde da população. Também a doença separa
os ricos dos pobres, os explorados
dosexpforadores (Pastoral da Saúde
- Cangaiba).
Pásina .!
A.E. Carvalho queria aguar
Teve banda e discurso de
candidato.
Anda circulando pela Zona Leste
uma carta-aberta de São Miguel à
população, alertando para o fato
de que, às vésperas das eleições,
muitos candidatos "politiqueiros",
usam dos mais variados recursos
para comprar os votos do povo,
realizando "serviços" de última hora, tais como: colocação de cascalho nas ruas, ligações de água e
luz, ou até mesmo distribuição de
camisetas para times de futebol.
Isso foi, por exemplo, o que
aconteceu na Cidade A.E. Carvalho, onde, depois de anos de luta
para acabar com o problema do
poço seco, da contaminação, da
compra de água em caminhões dá
Sabesp, da fila para pegar água no
tanque coletivo, veio o coronel Erasmo Dias, 3 meses antes das
eleições, com muita banda de música para a festa de inauguração,
como se fosse ele e o governo que
tivessem "dado de presente" a água para o bairro.
Mas quem é esse "benfeitor"
coronel Erasmo Dias, candidato a
deputado federal pela Arena, partido do governo?
A carta-aberta citada acima explica: "Ainda queremos centralizar
todo o nosso repúdio á figura do
coronel Erasmo Dias, ex-secretário da (in) Segurança Pública, que
promoveu direta ou indiretamente
todo o tipo de arbitrariedades e perseguições ao povo, prendendo, torturando e matando operários, estudantes e chefes-de-familia, tais
como o sapateiro Djalma Arruda,,
que foi preso, espancado e morto
pela policia (Jornal da Tarde
07/11/77).
Com todos os problemas que
tem por causa da falta d'água e
depois de todos os esforços que
fez para conseguir água encanada,
o que é que a população da Cidade
A.E. Carvalho, passado um mês
dessa festa de inauguração, está
achando?
Os moradores do Bairro que freqüentam o curso de madureza do
Centro Comunitário de A.E. Carvalho, entrevistaram os seus vizinhos para o Espalha-Fato.
P - Quais os problemas que a
falta de água encanada traz para o
bairro?
R - O ma|or problema é a sujeira das ruas e ter que ir buscar água
muito longe, além das doenças
Edson, da rua Cláudio Thomeu)
"O maior problema é sujeira, o
mal-cheiro, os micróbios por causa da fossa que fica perto do po-
ço A gente não tem uma água
sadia e sempre no fim do ano falta
água e causa muita desidratação
nas crianças". Para Josefa, moradora da Rua 2, «o maior problema
é ter que comprar água do caminhão da Sabesp, quando a água do
poço seca. A falta de água no
bairro causa problemas, principalmente para as crianças, porque é
água contaminada. Eu participei do
abaixo-assinado e fui na inauguração dos canos. Eles falaram bonito, mas até agora não corresponderam ao que falaram. E o problema do bairro não é só água. Tem
problemas de esgoto, de coleta de
lixo, do asfalto e outros mais..."
P
Você acha que vem água
pro bairro? Porque?
R - Acredito que vem água, estamos aguardando, acho que o abaixo-assinado e o recado ai no jornal
vão ajudar bastante, só que a água
vem mais por causa das eleições.
(Terezinha, Av. Águia de Haia).
"A água vem por causa de política, porque os candidatos estão
para ser votados e dão um pouco
de força para serem eleitos. Mas
mesmo que venha, a água não
resolve tudo, porque fica a falta de
condução e a falta de assistência
médica". (Zé Maria).
"Eu acho que eles aproveitaram
para fazer política, depois de tanta
uta do povo". (Wilson, da rua
Teiu)
"Estou duvidando que venha água para o bairro inteiro, acho que
este movimento todo de cavar
ruas, por cavaletes e tal é só agrado para a população, quem nos
garante que depois das eleições
teremos água todos os dias?"
(Margarida, da r. Catende.)
Se todo mundo tá achando que a
água vem prá A.E. Carvalho porque o governo quer votos em 15 de
novembro, é o caso de se perguntar se água e esgoto são caridades
dos candidatos desse governo à
população. Além de ser um direito, por acaso os moradores da
periferia não pagam, e caro, à Sabesp, por esses serviços?
Então porque, se é com a mobilização e a organização da população que se conquistam os serviços
públicos, em A.E. Carvalho, Jardim Romano, Vila Curuçá e toda a
periferia da cidade, os seus moradores ainda teriam que se sentir
"agradecidos" a quem os obriga a
viver nas piores condições de trabalho e moradia?
ITAIM PAULISTA
ENFRENTANDO O ESGOTO
Na Vila Curuçá, cano tem, mas ligação de água que é bom, neca! Será que
lá o encanamento também foi inaugurado às vésperas de alguma eleição, por
algum «benfeitor» da Arena?
Quase a metade da Vila Curuçá vive
sem água. Ultimamente, várias casas,
próximas a um Grupo Escolar, tiveram
os poços contaminados pela água que
sai das fossas negras desse grupo.
Na Vila Curuçá há dificuldade em
abrir poços, pois os terrenos das casas
são pequenos, e, já havendo fossa negra, não há condições de abrir poços,
porque a água se contamina. Então, o
negócio é pedir nos vizinhos ou pagar
até Cr$ 80,00 para encher a caixa. Em
vista da situação, o pessoal do bairro
está convocando uma Assembléia para
o dia 15 de outubro, às 15 horas em
frente à Igreja Nossa Senhora de Fátima - Curuçá Velha, para exigir: 1)
ligação de água onde há canos; 2)
colocação de canos e ligações nas ruas
que não têm; 3) fornecimento gratuito
de água aos bairros, enquanto estas
ligações não estiverem prontas.
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No dia 16 de setembro, os moradores do Ilaim Paulista se reuniram
em assembléia popular, no Centro
Comunitário de V. Itaim. para discutirem os principais problemas do bairro.
"Depois da vitória que conseguimos, onde a prefeitura teve que ordenar que se aterrasse o Lixão, percebemos que não é a partir de promessas
de políticos que se conseguem as coisas, mas a partir de nossa organi/ação", explica o Sr. Valdomiro, membro da comissão de moradores do
Itaim Paulista. "Agora vamos partir
para resolver cada um dos problemas
aqui do bairro. Hoje vamos definir o
problema mais importante e encami- votação, concluiu-se que a luta deve
nhar o abaixo-assinado".
ser centrada na reivindicação do
esgoto, que, segundo um morador do
Foram levantados, pelas 80 pessoas J. Noêmia, "pode salvar mais vidas
presentes, que representavam 13 vilas do que o pronto-socorro e a polícia
do Itaim Paulista, os problemas de juntos, ainda mais se pensarmos na
esgoto, condução, creche, pronto-so- polícia que temos".
corro, coleta de lixo, policiamento,
falta de feiras-livres e enchentes. Na
O passo importante dessa assem-
O ESPALHA—FATO
bléia foi a formação de uma comissão
composta dos moradores das 13 Vilas
presentes e mais 5 participantes da comissão que organizou a luta pelo fim
do Lixão. A partir daí vão ser organizadas reuniões em cada vila, para se
mobilizar e conscientizar todos os
moradores para resolver os problemas
de cada Bairro.
SFTKMBRO
r
EM DEBATE, AS ELEIÇÕES
O governo vem tentando manter-se tranqüilo no poder
através da arbitrariedade. Para reduzir a função do
Parlamento à de vaca de presépio, que diga sim a tudo,
que aceita o arbítrio como legalidade, que transforme
em legítimo o estado de exceção, o governo inventou
várias coisas:
Está aí o "pacote" de abril, com seus
senadores biônicos. Está aí o encaminhamento da
votação das reformas, onde a presença dos
Advogado de presos políticos
Deputado federal do grupo
autêntico
Presidente da Comissão de Direitos Humanos do MDB
Membro efetivo da comissão de
Educação da Câmara Federal
AÍRTON ESTEVES SOARES
DEPUTADO FEDERAL
N.0336 —M.D.B.
Advogado formado pela PUC
Ex-Presidente da União Estadual de Estudantes — Gestão
65/66
Participa do Movimento do custo de Vida e do Comitê Brasileiro
pela Anistia.
ANTÔNIO FUNARI FILHO
DEPUTADO ESTADUAL
N.01538 —M.D.B.
— Jornalista
— Ex-presidente do Sindicato dos
Jornalistas do Estado de São
Paulo
AUDALIO DANTAS
DEPUTADO FEDERAL
N.o404 —M.D.B.
trabalhadores foi considerada ilegal. Está aí a Lei
Falcão, proibindo os candidatos de dizerem o que
pensam e o que defendem, através do rádio, dos jornais
e da televisão.
Tudo isso para impedir a participação da população,
para mantê-la afastada das decisões políticas, para
deixá-la confusa, sem discussões dos programas dos
candidatos e das posições que estão relacionadas com as
eleições de 15 de novembro.
Com o objetivo de discutir o significado das eleições, a Importância e os limites da luta parlamentar
no atual momento político
do país e os programas de
alguns dos "candidatos
populares", o EspalhaFato convoca os moradores da Zona Leste para o debate que será realizado em
sua sede, à Estrada de São
Miguel,n.0 207, no dia 8 de
outubro, às dezessete
horas.
Foram convidados para
esse debate, os seguintes
candidatos:
Aírton Soares-Dep. Fed.;
Alberto Goidman-Dep.
Fed.; Antônio Funari-Dep.
Est.; Antônio Reskl-Dep.
Est.; Audállo Dantas-Dep.
Fed.;Auréllo Perez-Dep.
Fed.; Fernando Henrique
Cardoso-Senador; Fernando Morais.Dep. Est.. Geraldo Siqueira Filho.Dep. Est.;
Irmã Passoni-Dep. Est. e
Marco Aurélio Rlbeiro-Dep.
Est.
A entrada para o debate
será franca. Use essa oportunidade para discutir seus
Interesses e definir seu
voto.
DEBATE
Dia 8
às 17 horas
Jornalista - Vice-Presidente do
Sindicato dos Jornalistas de São
Paulo
Autor dos livros "Tranzamazônica"e"AIlha".
Membro da secção paulrsta do
Comitê Brasileiro de Anistia.
FERNANDO MORAIS
DEPUTADO ESTADUAL
N.0 1473 —M.D.B.
— Bancário, 27 anos, Presidente do
DCE nas gestões de 76/77 e 77/78.
Um dos organizadores do Simpósio
pelo Ensino Público e Gratuito. Participou do Comitê de Solidariedade
aos Presos Políticos.
GERALDO AUGUSTO
SIQUEIRA FILHO
DEPUTADO ESTADUAL
N.0 1471 —M.D.B.
Advogado de várias Oposições
Sindicais, inclusive da Oposição
Metalúrgica (chapa 3)
Advogado de loteamentos clandestinos na Zona Sul e Leste
Membro do Comitê Brasileiro
pela Anistia.
MARCO AURÉLIO RIBEIRO
DEPUTADO ESTADUAL
N.01517 —M.D.B.
Professor de Sociologia da USP, aposentado por problemas
políticos em 1969.
Autor de vários livros sobre problemas políticos, sociais e
econômicos.
Tem sido ativo colaborador do MDB nas campanhas de
1974 e 1976.
FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
SENADOR
M.D.B.
SETEMBRO
O ESPALHA—FATO
Página 5
EI... TIRA A MAO DAI
O trabalho corria normalmente. Como
de costume, as mulheres falavam baixinho.
Comentavam Dancing Days.
— Uma coisa que nâo entendo. O que a
Júlia viu naquele cara, menina?
— Ela é muito da semvergonha,guenta
o cara por dinheiro, respondeu Diocrécia.
— Gostava dela antes, mostrava tutano,
um dia foi na festa da casa da irmã rica e
falou umas boas,disse a Dete.
— Mâe solteira não é fácil, viu? Sempre
é tida como vagabunda. E, menina, por
mais que o pessoal diz que aceita, reage sempre numa barra pesada.
O fiscal circulava pela seção de empacotamento da fábrica.
— Pò menina, não tá fácil. Logo hoje,
tô incomodada. Cremícia a gente anda
muito escalavrada, daqui uns dias vão baixar uma lei prós operários dormirem nas
fábricas para não faltarem ao emprego.
— Guenta aí, não se desespere. Falta
apenas 2 horas. Daqui a pouco a gente vai
prá casa. Chegando na sua casa, você faz
um chá de erva cidreira e não esqueça de
pôr melhorai. Toma depois do jantar. Você vai ver. Passa num segundo.
— O ambiente hoje tá pesado, não?
— Tá muito confuso, depois que a Sambinha se machucou na máquina, o pessoal
ficou nervoso. Sabe como é que é, ela é
muito querida.
Entra na seção o comandante da guarda
de Segurança, Pedro Sunção, zarolho, chamado pelas mulheres de Soldadinho de
Chumbo. «Mulherada, é o seguinte», gritou
o comandante , «como anda sumindo muitas peças e não é justo roubar o patrão,
pois a firma está num perioda de retenção
econômica, a partir de hoje, todas, sem
exceção, serão revistadas na saída».
— Mas que desgraça. Quer dizer que
não pode se roubar o patrão? Mas ele pode pagar um salário de fome, né? falou indignada Diocrécia.
— Gente, mas como sou azarada. Há 6
meses atrás fiquei presa por causa de pernilongos, há 3 meses fui obrigada a urinar
no chão e hoje, os caras inventam de vistoriar. Em mim, desgraçado nenhum põe a
mão. Estou incomodada e por cima, suja,
tornou
a
Dete
a
reclamar.»
— É menina, entrei pelo cano, ganhei da
patroa de minha irmã uma calcinha fabricada aqui. Ai, meu Deus, eles vão dizer
que eu roubei, falou Cremícia.
A campainha soou três vezes. As mulheres rapidamente avançaram até a porta,
tiraram os lenços da cabeça, as redinhas,
algumas trocaram de sapato . As vistoriadoras gritavam histéricas «Vamos meni-
nas, fiquem traquilas, fechamos a porta,
ninguém olhará».
— Pô, se fosse um homem bonito.
— É Cremícia, você já acendeu o facho.
A primeira da fila era Assunta; mineira
de Conceição do Mato Adentro: «Vai, mulher, não tá vendo que não tem nada! Tem
mais: Não tiro a roupa na frente de ninguém. Num tá vendo, raio, que tá tudo furado! Pôxa, pelos furos dá pra ver se tem
ou não peça escondida». Belinha, a mais
depachada do grupo, foi logo dizendo:
«Olha aqui, não tem nada».
— Cremícia é a sua vez. Vai com calma,
disse Dete.
— Vou te falando logo. A calcinha eu ganhei
da patroa de minha irmã, foi explicando
Cremícia para a vigia.
— Não me interessa, tira tudo e põe no
cesto.
— Não senhora, tá pensando que eu
roubei, é?
— Pode sair da fila e aguarde, disse a
vigia.
A Dete, que seria a próxima, falou:
«Olha pessoal, é melhor ficar todo mundo,
prá gente sair junto». A vigia respondeu:
sua bagunceira, fique de quatro. Levante
os braços e levante as pernas. — Quer dizer que roubam juntas, é ?»
— Olha aqui, ô guarda. Não vamos arrastando a prosa por muito tempo. Você
não tá qui prá interrogar. E escorrega essa
mão devagar. Mais respeito, senão te esquento a cara, disse a Dete, já brava. A
fiscal, enfezada, fez com que suas subalternas segurassem a Dete: «Não admito
escorregões de'uma ladra».
O mulherio começou a se movimentar
e a fila se desfez. Carolina, a mais velha,
até então tida como funcionária padrão,
se pôs entre a Dete e a vigia. Virando para
suas companheiras, ela disse^Assim não
dá, isso é uma das maiores humilhações
que estão fazendo conosco. A gente não
pode aceitar uma coisas desta, vocês não
acham? Essa mulher tá qurrendo
mostrar serviço.
— Tá certa. Agora que estamos revistadinhas, certinhas, perfumadas, vamos visitar o senhor de tudo, disse a Dete.
Saíram, o vozeiro ocupava todos os espaços. Subiram a escada falando alto.
«Vai entrar todo mundo, ninguém fica de
fora». «Dete e Carolina falam e a gente
faz pressão». «Nada disso, acho melhor
falarmos em coro" assim não fica sabendo
quem tá liderando», reagiu Diocrécia à
idéia de Dinorah. Bateram na porta. A Secretária atendeu e levou um susto: «As
senhoras desceram em andar errado».
&&&&
— Dá licença. Queremos falar com o
patrão. Sabemos que ele está ai, falaram
em coro.
— Pois, não , falarei somente com a liderança.
— A liderança somos nós, responderam as mulheres. Fique sabendo de uma
coisa, é muita humilhação, desconsideração e hoje foi longe demais. Queremos
saber o porquê dessa vistoria. Além da
gente ter um salário de fome, que mal dá
para pagar a condução, agora temos de ficar com o corpo exposto para a vistoria?
Comoé aue é?
— É chato, mas não falo com vocês. Boa
tarde. O patrão foi saindo.
— Então, caro patrão, as suas meninas
também decretam, a partir desse momento, feriadop mas lá na seção.
— Muito que bem, se o senhor acha
chato, até aí estamos de acordo. Quere-
HORÓSCOPO
mos é que esta vistoria acabe por vez.
E olha, a gente tá com pressa, senão não
chegamos em casa hoje.
— Amanhã a D. Finícia levará uma resposta, falou o patrão.
— Nada feito, se o senhor vai dar resposta amanhã cedo e são 6 horas, nâo
faz diferença. Dê agora.
— Tá bem, mas vocês têm que prometer
que não roubam mais. Se ocorrer novos
casos, descontarei no pagamento de todas.
— Olha aqui, vamos parar com este
termo. O problema é acabar com essa nojenta revista.
— E como é que eu defendo os meus interesses, as minhas peças, o meu lucro?
— E já não basta o que ganha com a
nossa produção? Pois tá ai: cada dia que
tiver essa maldita vistoria, dia seguinte é
feriado. A escolha é sua.
^^r^^
C9 <P
c»c»cie
42-
(^
CARNEIRO: Está chegando a hora de escolher os
novos capatazes da nossa
grande fazenda modelo.
Cuidado: perigo de diminuir ainda mais as pastagens. A escolha é sua.
TOURO: Se o taurino está
com problemas para mugir. continua rouco, com a
garganta irritada, a culpa
é da poluição, igualzinho
ao «Sinal de Alerta».
ífx &
BALANÇA: Está comprando sd100g.de carne, meio
quilo de batata, deixou de
usar cebola no tempero.
Então pese bem as declarações do governo, dizendo que o movimento é «fajuto».
ESCORPIÃO: Sujeito a desiquilíbrios nervosos motivados pelas horas extras.
Tomar um porre náoadian
ta, Pode acabar brigando
e ir para na delegacia, onde receberá «caricias» especiais.
GÊMEOS: Se os Maluf/Lut
fala da vida te venderam
um terreno clandestino, o
patrão não te aumenta,
a Arena te pede votos,
não se deixe enganar pelas aparências, são todos
a mesma coisa.
CÂNCER: Se o coronel
vier ligar a água de seu
bairro e as manchas continuarem no seu corpo, o
problema é que ainda falta esgoto, luz, e dinheiro
pro sabonete.
LEÃO: Se continuas a bater na tua mulher e ela está reclamando, o conde
aconselha cuidado. Teu
machismo está condenado ao fracasso; teu rugido
está virando falsete e ela
pode te abandonar.
VIRGEM O conde recomenda. Não aceite convites indecorosos, tais como «Toma um drinque,
bem?» ou «Deixe que eu
pago», principalmente se
sair da boca de um candidato.
SAGITÁRIO; Não se entusiasme com as declarações do futuro presidente
da República, a respeito
do cheiro de cavalo. Ele
se referia somente aos
dignos de serem cheiraddos por um general.
CAPRICÓRNIO: Se você é
mãe solteira e já esteve
presa, não adianta se iludir, por que seu destino
nâo é o da Júlia. No seu
caso. Ubirajara te mandava passear em Pirituba
não em Paris.
AQUÁRIO: Enfim o calor!
O poço secando, o esgoto fedendo! Fortes tendências ao saudosismo.
Da seca! Da cacimba vazia! Nada como lembrar
do fogo dentro da frigideira.
PEIXES: Nâo terá com o
que se preocupar este
mês. Talvez sofrerá uni
acidente, ou tenha uma
diarréia, ou seja despedido. Afinal, trabalhador
que mora na periferia está
acostumado com isso.
J
y
Páuina 6
O KSPA1.HA—FATO
N1
| I V1HKO
DEU MALUF
NA JOGADA
Os loteamentos do Jardim Arizona e Vila Araguaia, localizados entre a
Av. Cangaiba e a Estrada de São Miguel, são clandestinos. Num deles,
o Jardim Arizona, mais uma vez deu sacanagem do Grupo Lutfalla.
Aqui, a história dos loteamentos e o que os moradores estão fazendo
para regularizar a situação.
O loteamento do Jardim Arizona tem dez
anos. São 900 lotes, divididos em duas glebas.
Em 1.967, a Imobiliária Lutfalla apresentou um
projeto de loteamento para uma das glebas,
que foi aprovado e recebeu ai vara. Mas, a hora
da fiscalização, a Prefeitura, na época nas
mãos de Faria Lima, percebeu que a Lutfalla
tinha «economizado» na metragem das casas e
das ruas. Vetou a oficialização do loteamento.
A outra gleba, nem planta possui, não existe
na Prefeitura.
José Dias conta: «Quando a Prefeitura vetou, o loteamento ficou parado um ano e meio.
Dai, saiu o Faria Lima e entrou o Maluf. Como
é tudo da mesma família: a fábrica (Tecelagem
São Clemente), a imobiliária, a Prefeitura e
agora vai ser governo, o Maluf fez um acordo
com a imobiliária e o loteamento continuou».
Nos contratos dos moradores aparecem elementos com os sobrenomes: Chede, Maluf,
Hadad, Lutfalla e Matar. São os proprietários
do terreno do loteamento.
Dona/Adenir explica como foi que os mora-
V. ARAGUAIA:
A LONGA BRIGA
Os moradores de Vila .Araguaia
estão lá
desde 1952. Vizinho
do Jardim Arizona, o loteamento foi
realizado e vendido diretamente por
seus proprietários: os Biolo e os
Tranchesi. São mais ou menos 250
lotes, de 8 x 25m. Tem gente que
acabou de pagar seus lotes há 16
anos e até hoje não recebeu a escritura. A briga vem de longe.
Seu Severlno conta: "Em 1960,
iam leiloar os lotes. Era uma dívida
do Blolo com a Casa Bancária Patriarca. Tínhamos que embargar o
leilão. Então fizemos uma passeata
na cidade, da Praça da Sé até a Última Hora e a Folha de São Paulo.
Conseguimos embargar o leilão,
mas até hoje não temos a escritura
e ninguém explica se o loteamento
está em inventário ou que irregularidade há".
SKTKMBRO
dores começaram a se organizar para resolver
a situação - «Quando mudei para cá, vi logo
que tinha alguma coisa errada. Estavam cobrando prá ligar a luz e quando os donos dos
lotes acabavam de pagar o terreno, deixava de
vir o imposto. Mas foi só depois que todo
mundo viu que eles não davam a escritura, que
começamos a se reunir. Dia 27 de junho desse
ano, fomos até a sede da Lutfalla, na cidade.
Eram umas 200 pessoas. Eles só deixaram
entrar uma comissão de 5. O resto ficou lá
embaixo, na rua. Eles jogaram água em cima
da gente. Mesmo assim, depois disso, ainda
convocamos 3 vezes os advogados da imobiliária para darem uma satisfação e eles não
apareceram.
O que a Lutfalla diz é que o terreno do
loteamento está em inventário, pois um dos
donos morreu. Mas isso não é problema dos
moradores, que já pagaram seus lotes e estão
sendo explorados vergonhosamente: «Eles cobravam Cr$ 1.000,00 de imposto de cada lote.
São 900 lotes.
Então,
receberam Cr$
Recentemente, foi tirada uma
certidão do 3.° Registro de Imóveis,
com o levantamento da área do Jardim Araguaia. Esse levantamento
não está completo. O que os moradores vão saber agora, é se o loteamento é anterior ou posterior ao
Decreto-Lei 58 de 1937, que regulamenta os loteamentos. Se for posterior a essa data, o problema é que
está em situação irregular, porque
não tem todos os serviços de infraestrutura obrigatórios. Mas é como
disse um morador na assembléia
do dia 17 de setembro: "Gente, se
tem que ter esgoto e**e^ses serviços, é São Paulo inteiro que é clandestino".
A Assembléia de dia 17 de setembro decidiu que os próximos
passos para resolver a situação do
loteamento, devem ser dados em
conjunto, com a colaboração jurídica dos advogados do XI de Agosto
OF.SPAIHA—FATO
900.000,00. Mas na Prefeitura, a gente viu o
que o imposto total do terreno sai para a
Lutfalla em Cr$ 59.182,40, conforme documento que registra a divida do imposto territorial
da área do loteamento. Além disso, para colocar os paralepipedos na frente de um terreno
de 6 metros, numa rua com três metros de
largura, a imobiliária tá cobrando Cr$
15.600,00 de cada de lote. Veja bem, a Prefeitura cobra Cr$ 22.500,00 para asfaltar uma rua
normal, com nove metros de largura, inteira,
com casas de 10 metros de frente. Assim, não
dá», diz José Dias.
Até o dia 14 de outubro, quando se realizará
nova assembléia dos moradores, na rua Manoel Lerós, em frente ao número 60, está
correndo pelo Jardim Arizona um abaixo-assinado, a ser enviado ao prefeito, reivindicando
o reconhecimento dos lotes e melhoramentos
como esgoto e pavimentação das ruas. Junto
com o abaixo-assinado, irá uma comprovação
das despesas, com os recibos de todas as
taxas cobradas pela loteadora, como demonstração de seus «pequenos lucros».
O que os moradores Querem?
«A culpa pelas irregularidades do loteamento não é só da Lutfalla. Por lei, cabe à Prefeitura fiscalizar os loteamentos. O Maluf, que vai
ser governador, foi o prefeito no mandato do
qual os lotes foram vendidos. Depois veio o
Setúbal. O problema é deles com a loteadora:
a Prefeitura que reconheça o loteamento, forneça os melhoramentos e depois cobre dos loteadores. Se quiser que mova uma ação contra
eles, para que paguem os serviços. Não é a lei
deles? Além disso, os lotes continuam a ser
vendidos pela imobiliária e a Prefeitura continua não fazendo nada», desabafa um morador.
Vende-se Lotes.
0«Espalha-Fato»foi na imobiliária Lutfala,
para comprar um lote no Jardim Arizona. O
corretor de plantão toi logo dizendo que os
lotes eram uma beleza: rua asfaltada, água
encanada, luz. Tinha acabado de vender os
últimos lotes do Jardim Arizona, que eram
lotes reavidos pela imobiliária de pessoas que
não pagaram seus terrenos e não construíram
suas casas conforme a planta aprovada. Mas
se a gente passasse dai a uns 15 dias, um mês,
ia ser aberto um novo loteamento, perto da
estação da Light, na estrada do Cangaiba.
A secretária, depressa, tirou uns cartõezinhos da gaveta, dizendo que eram de pessoas
que tinham deixado endereço e telefone para
serem avisadas da venda de novos lotes. O
corretor mandou ver». É, tem muita gente
procurando. Já recebi até gratificação para
reservar lote». E, vendo nas nossas caras de
desentendidos,quenão ia cair uma caixinha na
sua mão disfarçou: «mas aqui quem chega
primeiro compra».
O «Espalha-Fato» agradeceu e saiu. Está
esperando a abertura de novos lotes, para ver
se dá outra reportagem como esta.
ALEI
DELES
É o Decreto-Lei 58 de 1937, que
regulamenta os loteamentos. Segundo a lei, o loteador tem que
apresentar projeto na Prefeitura,
contendo todas as obras de infraestrutura: água, esgoto, armamento, áreas para escola, para
lazer, etc. Aprovado o projeto, a
Prefeitura fornece alvará para as
obras. Depois de realizadas as
obras, a Prefeitura deve fiscalizar
o loteamento, para então registrá-lo. Só aí o loteador pode
vender
Como se pode ver, quem desrespeita a lei, fica impune,
porque, nesse caso, quem paga é
o comprador dos lotes.
Página 7
FUTEBOL
ENA
Corintinha, Parque Santa
Amélia, Campinas, Santos, Guarani, Recanto,
América, Asa Branca, Oiiveirinha e Vitória Futebol
Clube, são os times que
dividem os quatro campos do Jardim das Oliveiras no Itaim. O Futebol para esses times é uma forma de diversão onde
quem quiser entra e participa. Segundo Juvenal, presidente do.Vi
tória Futebol Clube, "o que o ^?f
pessoal quer é bater uma bo J^vf^
Ia aos domingos e é o que l^- .//
se faz. Quando não é
aqui, é no campo do ad
versário. Eu era do Palmeirinha, mas tinha
muita gente do lado de
fora querendo jogar,
daí eu saí e formei o
Vitória Futebol Clube.
O campo onde o Vitória joga foi construído num fim de semana. Todo mundo
ajudou a carpir, mes
mo quem não era do
time. Vamos ficar aqu
até que os donos dos
lotes, de onde fica o
campo, resolverem construir suas casas. Depois a
gente vai ter que achar
outro lugar". Como futebol é
o esporte que mexe com os ner
vos, o time do Vitória faz de tudo
para evitar a violência, seus jogadores são adeptos da ginga, do futebol de
toque. De vez em quando é inevitável uma
briga, segundo seu Juvenal, "quando a gente joga
fora, a gente corre. Aqui a gente aparta. Nunca jogamos com os times daqui da Vila das ^Oliveiras,
porque .daí sim que sai quebra pau
na
certa"
No moment0 no n
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^^-^^ J-▼ A-tJLXVXvxxjogo, começa um quebra
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J»
Leitura
ACONTECE QUE...
SE ME DE/XAMFALAR..
MAMULENGO — ESTÓRIA
NA BOCA DOS BONECOS
Até o dia 29 de outubro, todos os sábados e domingos
às 4 horas da tarde, um elenco de mais de 30 bonecos
estará contando estórias incríveis no Teatro Martins Pena. Os bonecos são animados por Natanael. pernambucano que vive em Salvador e trouxe até nós o seu
mamulengo. No domingo também tem espetáculo às 10
horas da manhã.
0
1. Encontro de Saúde da Zona Leste
■\ PaMoral cie Saúde realizará no dia 29 de oumhro. o 1." Fneomro de
Saúde da Zona leste. Será exibido o filme ■•l;m caso comum" de Renato
lapaii'^, produ/ido pela própria Pastoral, com o ohietno de colaborar
com a discussão dos problema^ de Saúde da perilona. Durante o encontro
scrâ debando a •'Saúde e o Custo de Vida" - O íilme e o debate scráo
realizados na iureia do Cam-aiba
\\, Caiu.Míba. altura do n." JN».
DOIS NA MINA
A peça «Dois homens na Mina» de Henrique Buenaventura,
estreou em setembro no Teatro Núcleo. A peça trata dos problemas
entrpntarins p^r Um operário
0
um enqenheiro-chefe ano ficam
presos em uma mina de carvão. O Núcleo já se apresentou em vários
bairros de periferia e está agora em sua sede ás 5as e 6as ás 21 horas
na Av. São Miguel n0 297.
O Núcleo informa ás Comunidades, Sabs, Centros comunitários,
etc, que continua aceitando convites para a apresentação de seu
programa nos diversos bairros da região.
■'áüinu X
pa" no meio de campo,
entre o Dé e o Escurinho.
Junta muita gente prá
olhar, mas ninguém se mete. A briga esquenta, e a torcida gosta e participa. Dé
e Escurinho, que atravessaram o campo todo trocando bordoadas, estão agora de frente a uma das
traves na linha de gol, ainda
bastante entusiasmados. Juvenal, indignado por ninguém separar a briga, pede licença e vai fazer o
serviço. Antônio, que é
quem tod35 as Quartas-feiras se encarrega de ir até a Liga de
Futebol marcar jogo,
continua dando entrevista: "Camisa,
transporte e bola se
resolve aqui na base
da vaquinha. Todo
mundo colabora. A
grande dificuldade
nossa é arrumar o juiz.
Quem gosta da mãe
não apita jogo". O Vitória Futebol Clube foi formado há três meses e já
evantou nove troféus. E o
"papão da Vila" como diz Antônio. Luizinho, Maurício, Toquinho, Manueizinho e Luizinho II,
Vieira, Milton e Carlinhos. Valdir.
Fanca e Mineirinho formam o time titular
que está aceitando o desafio de qualquer
clube. Quem estiver disposto a enfrentar as
"feras" do Vitória é só mandar um ofício para
Juvenal dos Santos para rua 49. n.0 11 — Jardim
das Oliveiras - SP
Os grupos de mães da zona leste estão fazendo da leitura de livros
uma forma de enriquecimento de suas informações e de suas
experiências.
«Um livro custa muito caro. se nós nos juntarmos para cmi; rá-lo.
ele fica mais barato. Lendo em grupo a gente discute depois de cada
trecho e consegue aproveitar muito mais; sem contar que até as
pessoas que não sabem ler podem participar e aproveitar». Foi o que
nos disse uma mãe do Burgo Paulista sobre a leitura do livro «Se me
deixam falar» de Moema Viezzer, baseado no depoimento da líder
boliviana Domitila Chungara.
UM LIVRO MUITO IMPORTANTE
O que pode nos dizer uma mulher do povo?
Por que ela despia que aquilo nur v-ii nos contar possa servir como
alguma orientação, como algum exemplo para nossa vida futura?
Quem é essa mulher?
Seu nome è Domitila, mulher de um trabalhador das minas de
estanho da Bolívia, e é uma líder em seu país'
Sua experiência?
É a experiência de todas T^ rmi^to^os do povo. daqueles que não
tem quase nada para viver, a não ser sua força de trabalho (e que é
muito mai paqa)
E como uma mulher do povo chegou a ser reconhecida como líder
pelos trabalhadores das minas, das fábricas e do campo?
Organizando-se. Lutando pela defesa dos direitos dos trabalhadores, enfrentando situações difíceis para qualquer ser humano.
Entrou para o Comitê de Donas de Casa, defendendo os direitos
dos pobres, fez o Comitê pertencer à Confederação dos Sindicatos
Bolivianos e passou a lutar também pelos direitos de todos os
trabalhadores.
O KSPAI.H V—FATO
SKTKMBRO
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É assim que ele brinca Pág. 3