“Introdução à Tecnologia
Assistiva”
Dra. Maria de Mello
FCMMG
Qualquer ítem que melhore o desempenho das
pessoas com algum tipo de deficiência
Definição:

“Qualquer peça de equipamento, ítem, ou
sistema de produtos, quando adquiridos
comercialmente, modificado ou feito sob
medida, que é usado para aumentar, manter
ou melhorar as habilidades funcionais do
indivíduo portador de incapacidades. (The
Technology Related Assistance for
Individuals with Disabilities Act, 1988)
Objetivo final:

Proporcionar o maior grau de independência
possível ao indivíduo portador de
incapacidades nos aspectos cognitivos,
acadêmicos, profissionais e vocacionais
proporcionando uma melhora na qualidade
de vida desse indivíduo.
Tecnologia assistiva não salva
vidas, nem reduz morbidade,
simplesmente permite as pessoas
portadoras de deficiências, seus
familiares e quem lhe tem contato
direto, terem uma vida mais
satisfatória e com mais
possibilidades.
Caracterização de Tecnologia
Assistiva
Assistiva versus reabilitadora ou
educacional
 Simples a Sofisticada
 “Hard”e “Soft”
 Geral e Específica
 Comercializada e Sob Medida

Assistiva versus reabilitadora ou
educacional
Quando a tecnologia é usada como uma modalidade
parte de um plano de reabilitação ou educação,
esta tecnologia é utilizada para desenvolver
habilidades. Dessa forma este tipo de tecnologia
seria
classificada
como
reabilitadora
ou
educacional e não assistiva.
Assistiva significa fazer parte do desempenho de
atividades de vida diária ou de vida prática, ou seja
das atividades funcionais de um determinado
indivíduo.
Simples e sofisticada
(2) Esta classificação visa essencialmente explicitar que
podemos considerar tecnologia assistiva desde adaptações
simples como um teclado de telefone com contraste e
números maiores, ou um talher com cabo engrossado; até
cadeiras motorizadas com controle eletrônico de inclinação
de assento, encosto, suporte para pés, saída para aparatos
de comunicação; ou unidades computadorizadas de
controle ambiental, etc.
Concreta e Teórica
(3) O que é denominado de tecnologia concreta é o objeto
em si, tangível, seja comercializado ou feito sob medida. A
teórica é o que se refere à ação humana nesse processo:
tomada de decisão, desenvolvimento de estratégias,
treinamento, formação de conceitos, etc. Este tipo é
dependente do conhecimento humano e portanto é
adquirido vagarosamente através de treinamento,
experiência, pesquisa e qualquer outra forma de produção e
divulgação do conhecimento.
Equipamentos versus
instrumentos
(4) Um equipamento pode ser definido como um aparelho que
provê benefícios a um indivíduo independente do seu nível
funcional .
Instrumentos, pôr outro lado, dependem do desenvolvimento
de habilidades específicas para a sua utilização. Esses
mesmos princípios podem ser aplicados no universo da
tecnologia assistiva: óculos, splints, sistema de assento são
todos equipamentos, pois os resultados do seu respectivos
uso independem da condição funcional do seu usuário.
Equipamentos versus instrumentos
(4) Pôr outro lado, dirigir com sucesso uma cadeira de rodas
motorizada depende das habilidades de seu usuário, portanto
esta cadeira poderia ser pensada como sendo um
instrumento. Em alguns casos um dispositivo pode ser tanto
considerado um equipamento quanto um instrumento : uma
unidade computadorizada de controle ambiental que controla
iluminação do ambiente e eletrônicos ( TV, rádio, etc.) requer
um circuito eletrônico complexo, portanto sendo uma peça
sofisticada de tecnologia. Entretanto, este aparelho pode ser
programado de forma que a única habilidade necessária para
operá-lo seja de ligar e desligar um aparelho com qualquer
tipo de comutador. Em outro níveis, este sistema pode
requerer que o usuário aprenda a expor a imagem de ponto a
fim de operar o sistema e ligar o que for de seu desejo.
Portanto, uma unidade de controle ambiental (UCA) pode ser
considerada um equipamento e um instrumento.
Geral versus específica
(5) Tecnologia geral tem uma aplicação em uma gama de
atividades.
Pôr exemplo, sistemas de posicionamento
influem na maioria das atividades que um indivíduo possa
desempenhar. Entretanto, no desempenho de diversas
atividades as necessidades posturais podem se diferenciar
exigindo assim que o sistema de posicionamento se adapte
a essa variação.
Tecnologia específica tem sua aplicação em uma atividade
específica. Aparelhos para alimentação, aparelhos auditivos
ou de comunicação são considerados específicos porque
visam atingir o máximo potencial em relação a uma
habilidade específica.
Comercializada e individualizada
(6) Apesar de já estar disponível no mercado uma gama
infinita de dispositivos ( tecnologia comercializada: que são
produzidos em série), existem algumas necessidades que
não podem ser supridas pôr produtos comercializados e
requerem uma solução sob encomenda. A essa tecnologia
desenvolvida especificamente para solucionar um caso dáse o nome individualizada. Em alguns casos torna-se
necessária a adaptação de produtos comercializados. Esta
adaptação pode variar de simples a complexa: por exemplo,
modificações mecânicas em uma cadeiras de rodas ou
aquisição de softwares que permitam outros tipos de
interfaces com computadores que não a convencional.
Assistiva versus reabilitadora
ou educacional
Simples a Sofisticada
Hard e Soft
Hard”e “Soft”
Hard”e “Soft”
Hard”e “Soft”
Geral e Específica
Comercializada e Sob Medida
Comercializada e Sob Medida
Comercializada e Sob Medida
Comercializada e Sob Medida
Prática Profissional em
Tecnologia Assistiva
Devido à complexidade e o número de fatores
envolvidos na prescrição de tecnologia assistiva
aos usuários a multidisciplinariedade torna-se
necessária.
Prática Profissional em
Tecnologia Assistiva
Esta equipe pode ser de dois profissionais apenas, mas cada
um desses profissionais trará conhecimento e habilidades de
sua área específica para o processo de seleção, prescrição e
uso de dispositivos. Profissionais de reabilitação,
engenheiros, arquitetos, advogados, fabricantes e
revendedores, podem ser requisitados neste processo.
Normalmente o terapeuta ocupacional é o coordenador de
um processo de prescrição de tecnologia assistiva. Em
alguns casos ele poderá fazer uma prescrição isoladamente,
mas em outros funcionará como o coordenador da equipe
envolvida no caso.
Profissionais Envolvidos









Terapeuta Ocupacional
Fisioterapeuta
Enfermeiro
Fonoaudiólogo
Psicólogo
Arquiteto
Engenheiro de
Reabilitação
Vendedor/representante
Outros...
Prática Profissional
Terapêutica Ocupacional em
TA
Para desempenhar este papel, o terapeuta ocupacional deve
ter profundo conhecimento na aplicação de tecnologia para
suprir as necessidades do indivíduo portador de
incapacidades. Além disso é necessário manter-se
atualizado em relação aos produtos disponíveis no mercado,
haja visto que a cada ano são lançados inúmeros novos
produtos.
Profissional que provê tecnologia
assistiva deve ter conhecimento
nas seguintes áreas:
(1) Avaliação das necessidades do cliente, e intervenção e
métodos de obter e interpretar informação.
(2) Oferta de serviços incluindo práticas que possam
determinar as necessidades do cliente, recomendar um
sistema, e implementar este sistema.
(3) Medida de resultados do uso de tecnologia garantindo o
alcance das metas idealizadas.
(4) Identificação de possibilidade de financiamentos.
Prescrição e Seleção
Definição do problema
 Pesquisa de alternativas
 Escolha da melhor alternativa
 Treino do uso
 Acompanhamento/ Reavaliações

Princípio de Avaliação e
Intervenção em Tecnologia
Assistiva
É comum um indivíduo que adquiriu uma incapacidade
recentemente se encontrar bombardeado por inúmeros
dispositivos que lhe prometem facilitar o seu dia-a-dia: de
adaptações para o banho, cadeiras de rodas, a sistemas
computadorizados complexos.
Mas quais dispositivos são indicados para cada caso?
Quais prioridades de aquisição?
Quais e quando serão abandonados?
Maior problema no campo da
Tecnologia Assistiva:
ABANDONO DO EQUIPAMENTO
E
IATROGENIAS
Cenário do abandono de tecnologia
(1) O portador de incapacidades recebem um
dispositivo através de um processo de prescrição inadequado;
(2) estes usuários começam a perceber que os
dispositivos não resolvem o seu problema de forma
satisfatória;
(3) o uso do dispositivo continua, mesmo que não
atendendo todas as necessidades do usuário até ser
abandonado, e
(4) os usuários buscam outro dispositivo que
satisfazem as necessidades que o antigo dispositivo não
satisfazia mas que, frequentemente não satisfará todas as
necessidades do usuário.
A chave para maximizar os
benefícios de um dispositivo
assistivo é o processo de seleção
desse dispositivo. O primeiro
passo para essa seleção é a
avaliação criteriosa das
necessidades do usuário.
Passos:
(1) Análise do Problema: Neste primeiro momento são
colhidas as informações preliminares: visão geral dos papéis
desempenhados pelo usuário, seu estilo de vida, e interesses
em geral. A avaliação física e funcional incluindo a história
médica devem ser realizadas. Além disso deve-se incluir
neste momento, se necessário, a avaliação do ambiente
onde o usuário irá fazer uso do dispositivo assistivo, e os
meios de transporte utilizado.
(2) Observação do Cliente: Agora é o momento de averiguar
a veracidade de algumas informações subjetivas que foram
colhidas no passo (1). É indicado observar o cliente com a
família, cuidador principal e colegas de trabalho/escola
quando for o caso; observar sua relação com o meio
ambiente identificando dificuldades e soluções já adotadas
para lidar com esses problemas. O tempo dispendido para a
realização das tarefas em suas diversas etapas também é
fundamental para auxiliar a planejar a intervenção
tecnológica. Em suma, neste passo o profissional deve
fazer uma análise das atividades desenvolvidas pelo cliente
em suas várias dimensões identificando problemas e
soluções já encontradas.
Se necessário dever-se-á
encaminhar o cliente para avaliações complementares com
outros especialistas.
(3) Definição do problema: Somente agora é possível definir o problema
fundamentado nas informações colhidas. Neste momento não é indicado pensar
ou planejar nenhuma solução. Para definir claramente o problema torna-se
necessário responder as seguintes perguntas:
(a)O que exatamente está errado?
(b)O que este cliente precisa realizar e não está conseguindo?
(c)Onde esta atividade será desenvolvida ?
(d)Quando esta atividade será desenvolvida?
(e)Quanta assistência de outros é requerida e é atualmente
disponível?
(f)Quais dispositivos e métodos estão em uso atualmente?
(g)Quais são as consequências da não participação desse
indivíduo na atividade em questão?
(h)O problema relatado é devido a falta de um dispositivo ou de
alguma outra intervenção clínica?
Tendo respondido estas perguntas registre objetivamente a definição do problema.
(4) Exploração de soluções: Após ter definido o problema
inicia-se a pesquisa de alternativas que potencialmente
poderão resolvê-lo. Primeiramente esta pesquisa deve-se
voltar-se para os produtos disponíveis no mercado. Se
encontrada várias ou uma única alternativa a análise dos
prós- e contras de cada uma deverá ser realizada. A
oportunidade de teste com cada uma delas é muito
importante para determinar com segurança as vantagens e
desvantagens de cada uma. Se por outro lado não for
encontrada nenhuma solução comercial, a adaptação de um
produto é menos dispendioso do que a criação/produção de
um produto único e individualizado.
(5) Seleção do dispositivo: Em conjunto com o usuário, cuidadores e
familiares é determinado a melhor solução. Nesta discussão é preciso
considerar os recursos financeiros disponíveis, os recursos para suporte
técnico, manutenção, reparo e garantia.
(6) Adaptação e treinamento: Adquirido o dispositivo este deverá ser
instalado e ajustado. A participação dos revendedores nesta etapa é muito
importante. Treinamento adequado deverá ser oferecido ao usuário e a
outros envolvidos no uso do dispositivo.
(7) Acompanhamento: O monitoramento do uso do dispositivo no sentido
de identificar novas necessidades, avaliação da melhora da função e da
qualidade de vida deve ser realizado de forma sistemática. As datas de
reavaliações, revisões técnicas, garantia deverão ser determinadas
(Mortola et al, 1992).
Principais Áreas de Aplicação
A aplicação de tecnologia assistiva
abrange todas as ordens do
desempenho humano, desde as tarefas
básicas de auto cuidado até o
desempenho de atividades profissionais.
Adaptações para Atividades
de Vida Diária
Dispositivos que auxiliam no desempenho de tarefas de
auto-cuidado tais como alimentação, banho, preparo de
alimentos, vestimenta, manutenção do lar, etc.
A prescrição desse tipo de dispositivos faz parte do
processo terapêutico ocupacional
Sistemas de Comunicação
Alternativa:
Aparelhos eletrônicos e não eletrônicos que permitem o
desenvolvimento de expressão e recepção de mensagens
para pessoas inaptas a verbalização e a escrita por causa
de doenças neuromusculares ou traumatismos.
As maiores causas dessas incapacidades são condições
como a Paralisia Cerebral, Doenças Degenerativas (
Esclerose Lateral Amiotrófica), Traumatismo Cranio
Encefálico, Acidentes Vasculares Cerebrais e Lesões
Medulares altas.
Informática
Aparelhos para recepção e emissão de mensagens (voz,
braille), acessos alternativos ( ponteiras mecânicas e
luminosas, voz ), teclados e mouses modificados ou
adaptados, softwares especiais, etc. que permitem
indivíduos com necessidades especiais operarem
computadores. A prestação desse serviço exige um
laboratório com todos as alternativas disponíveis, um
terapeuta ocupacional e um técnico em computação para
que possa ser realizada uma avaliação real das
necessidades do futuro usuário.
Unidades de Controle
Ambiental:
Unidades computadorizadas que permitem indivíduos
sem mobilidade controlarem diversos equipamentos,
sistema de segurança e comunicação, iluminação em
seu dormitório, residência e outros espaços de seu
domínio. A transmissão dos sinais pode se dar por
controle remoto e da unidade de controle ambiental
para os equipamentos controlados se dá através de
fios ( não é a mais eficiente), por ultrasom, e
frequêncis de rádio. Um exemplo que permite uma
melhor compreensão desses recursos são as “smart
houses”.
Adaptação do Ambiente Doméstico ou
Profissional, e Comunitário:
Adaptações estruturais que reduzem ou eliminem as
barreiras arquitetônicas ( rampas, elevadores, redistribuição
do espaço, etc.) combinadas com dispositivos assistivos
permitem que espaços físicos sejam explorados por
indivíduos portadores de incapacidades diversas. Mudanças
em Leis municipais têm contribuído para o desenvolvimento
dessa prática em áreas isoladas no Brasil.
Adaptação Ambiental
Adaptação Ambiental
A adaptação ambiental está
relacionada com mudanças no
meio ambiente ou no espaço físico
que facilitem a acessibilidade e
mobilidade de pessoas que tenham
algum tipo de comprometimento
físico, sensorial, comportamental
ou cognitivo.
Adequação da Postura Sentada:
Adaptação da cadeira de rodas ou outro sistema de
assento no sentido de oferecer conforto, estabilidade
corporal, suporte, uma postura aprumada, e distribuição
equilibrada da pressão na superfície da pele são os
principais objetivos da adequação da postura sentada. A
prescrição desses equipamentos envolve mais tempo
obtendo informações sobre o estilo de vida e características
do paciente do que propriamente tirando medidas. Somente
uma análise criteriosa das necessidades do cliente permitirá
a indicação de um produto adequado.
Para todos os clientes um sentar apropriado
provê os seguintes benefícios:
(1) normalizar ou diminuir as influênciasneurológicas anormais;
(2) manter o alinhamento corporal o mais próximo do neutro possível, e
controlar ou prevenir deformidades e/ou contraturas,
(3) distribuir a pressão diminuindo ou eliminando o risco de úlceras de
pressão,
(4) aumentar a estabilidade e assim incrementar a função,
(5) aumentar o tempo de tolerância na postura sentada (conforto),
(6) diminuir a fadiga, e
(7) facilitar componentes dos movimentos normais.
Produtos
Existe um grande número de produtos que permitem montar
sistemas individualizados. São usados materiais diversos
como espumas de densidades diferentes e viscoelásticas,
gels, silicones, ar; isoladamente ou combinados entre si em
busca de sistema ideias para cada usuário. Esta prática temse desenvolvido bastante na última década no Brasil. Já é
possível encontrar no mercado brasileiro todas as grandes
marcas de sistemas de assento ( leia-se almofadas e
encostos, e sistemas especiais) disponíveis no mercado
internacional. Entretanto há uma carência de profissionais
que dominem a técnica para prescrição individualizada desses
produtos.
Adaptações para Déficits Visuais e
Auditivos:
Adaptações para estas populações específicas
incluindo ampliadores, lentes de aumento, telas
aumentadas, sistemas de alerta visuais, etc.
As
instituições que lidam com os portadores de deficiências
visuais dominam essa tecnologia já há algum tempo, mas
falta a popularização desses produtos.
Aparelhos
auditivos têm sido largamente utilizados, mas outras
alternativas como as TDD ( aparelhos ligados aos
telefones que permite a recepção e emissão de
mensagens por escrito, permitindo ao indivíduo com
dificuldades auditivas usar a telefonia) ainda são raras.
Adaptações de sistemas sonoros por visuais também não
fazem parte do universo brasileiro.
Cadeiras de Rodas e Dispositivos
de Mobilidade:
Mobilidade é a atividade básica para a qualidade de
vida de qualquer indivíduo. Restrições à mobilidade
acontecem de várias formas e em vários graus, e deveria ser
considerada como uma limitação funcional de um indivíduo ao
invés de seu diagnóstico de base
Três categorias gerais de necessidades
de mobilidade sobre rodas:
Mobilidade dependente, mobilidade manual independente, e mobilidade
motorizada independente.
Mobilidade dependente requer bases que serão impulsionadas pelo
cuidador ou acompanhante e inclui carrinhos de bebê e cadeiras de
transporte.
Quando um indivíduo tem habilidade para propulsionar a cadeira de rodas
ele requer uma base de mobilidade manual independente. Estas cadeiras
têm duas grandes rodas atrás e duas pequenas na frente e permitem que o
usuário se propele independentemente.
Bases motorizadas são indicadas para aqueles usuários que têm
dificuldade de se propelirem e que têm habilidades cogntivas para dirigir a
cadeira. Dentro dessas três categorias existem centenas de estilos e
opções disponíveis.
Os andadores, bengalas e muletas
Indivíduos que requerem um dispositivo de auxílio a
marcha incluem crianças e adultos com paralisia cerebral,
o adolescente atleta que teve uma entorse, pessoas de
meia-idade com artrite ou hemiplegia, idosos com
distúrbios de equilíbrio, etc.. Existem inúmeros modelos
de bengalas a escolha depende da preferência do usuário
e da quantidade de suporte requerida.
Adaptações de veículos:
Através de uma avaliação cuidadosa, treinamento e
modificações apropriadas em um veículo, muitos indivíduos
portadores de incapacidades podem dirigir de forma segura e
independente. Portanto as modificações em um dado veículo
serão de acordo com as necessidades individuais de cada
usuário. Geralmente carros são preferidos por usuários que
são independentes nas transferências. Carros de duas portas
oferecem maior amplitude quando abre-se as portas do que
os de quatro. Vans ou peruas são usadas por indivíduos que
não podem se transferir.
É muito importante que as
modificações realizadas nesses veículos sigam as normas de
segurança estabelecidas.
Aspectos Psicossociais no
Uso de Tecnologia Assistiva
O conhecimento dos fatores psicossociais que
permeiam o uso de determinado dispositivo
assistivo facilita o processo para a garantia do
seu uso eficientemente.
Algumas orientações provenientes da
psicologia e da sociologia que podem ser úteis.
Ignorar os aspectos psicossociais não
reduzirão sua importância ou impacto que eles
têm no uso de tecnologia.
(1) Consiga informações que revelem a personalidade da
pessoa :
Estas informações incluem informações gerais sobre o cliente e
informações precisas sobre o problema que deverá ser solucionado.
É necessário identificar as preferências e necessidades individuais de
cada cliente.
Para isso é preciso conhecer o cliente e não somente o problema que terá
que ser resolvido. Neste caso, entrevistas têm que ser evitadas, pois
aqueles indivíduos que já têm uma longa história institucional podem
tender a dar respostas que satisfarão o entrevistador.
Além de conversar com o cliente, familiares e a equipe envolvida com a
prescrição da solução tecnológica, uma outra fonte importante de
dados acerca do cliente são os outros profissionais envolvidos com o
caso: outros terapeutas, colegas, professores, vizinhos, etc..
Coletando informações de fontes variadas é possível criar um quadro
preciso da situação atual do cliente. Este fato é fundamental para o
acerto na escolha da melhor solução.
(2) Não considere somente a incapacidade: Infelizmente na
maioria das vezes, no meio da reabilitação, os clientes são
identificados por suas incapacidades.
Esta forma de pensamento leva os profissionais
procurarem dispositivos assistivos da mesma forma. Mas,
tecnologia é usada por indivíduos e não por incapacidades,
e há muitos outros fatores mais relevantes sobre o futuro
usuário do que a sua incapacidade.
Sugestões que podem contribuir para a
mudança de foco de atenção:
(a)Não olhe somente o que a pessoa não pode fazer.
habilidades da pessoa e construa a partir delas.
Olhe as
(b)Não tente somente substituir a função perdida pela incapacidade
por um aparelho. Observe a vida inteira do indivíduo; o que esta
pessoa está fazendo? Como um aparelho pode melhorar sua
qualidade de vida?
(c)Não converse sobre o paciente somente com profissionais de
saúde e cuidadores profissionais pois, estas pessoas conhecerão o
paciente somente como “paciente”, e portanto terão um
conhecimento limitado sobre ele. Procure conversar com familiares
e amigos.
(d)Evite estigmatizar a pessoa pela sua incapacidade.
generalize. Esta pessoa é única.
(e)Não reduza a pessoa à sua incapacidade.
Não
(3) Considere o que o indivíduo pensa e
sente sobre o dispositivo:
O ser humano sempre dá diferentes significados a diferentes
aspectos de sua vida. O valor desse significado pode ser
muito grande. Da mesma forma, usuários de dispositivos
tecnológicos dão significados a seus dispositivos, e esses
significados são importantes na determinação da utilização
deles.
(a)O dispositivo é fonte de vergonha ou de orgulho?
(b)O dispositivo aumentará ou diminuirá a auto-estima?
(c)O usuário se sente mais independente usando-o ou
desamparado?
(d)A pessoa está mais “normal” ou mais “desviante”?
(4) Faça com que o dispositivo acomode o
estilo cognitivo/físico/emocional do indivíduo e
não force que o indivíduo se adapte ao
dispositivo:
Todos os indivíduos se diferenciam na forma de pensar, agir,,
aprender e sentir. Embora a tendência mundial é fazer com
que todos sejam o mais semelhantes possíveis, é muito mais
confortável quando o estilo pessoal de cada um é preservado e
respeitado. Todas as pessoas canhotas sabem bem disso.
(5) Pense no impacto social do
dispositivo:
Todo e qualquer indivíduo faz parte de um ambiente
social, e ele é importante e influencia nas escolhas desses
sujeitos. Portanto ao selecionar um dispositivo é preciso
considerar os aspectos latentes do meio social daquele
usuário. É preciso ser sensível aos seus desejos e
preferências ao que se refere a aparência e
funcionamento:
(a)O dispositivo chama mais atenção do que a
desejada?
(b)O dispositivo facilita ou dificulta a interação com
o ambiente físico e social?
(6) Pense se o comportamento da
pessoa é reforçado ou punido com o
uso do dispositivo:
Usando uma abordagem comportamental no fornecimento de
dispositivos assistivos pode ser bem apropriada. O uso da tecnologia
influencia no comportamento de diversas formas. O que acontece
quando o dispositivo é usado? Se a consequência é positiva, reforçará o
uso; se negativa o desestimará. Portanto a forma que o ambiente,
humano ou outro, responde ao comportamento envolvido no uso do
dispositivo, será determinante no uso ou não uso deste. Mas nem
sempre acontece dessa forma simples e direta. Algumas vezes uma
solução tecnológica é requisitada, mas uma outra intervenção pode ser
mais indicada. Outras vezes o fracasso no uso de um dispositivo aponta
as condições negativas do ambiente em relação ao uso do dispositivo do
que uma inadequação do dispositivo em relação ao usuário.
(7) Não assuma que o melhor,
mesmo que possível, é uma
intervenção tecnológica: Algumas
vezes uma solução social ou
psicológica pode ser bem mais
barata e mais eficiente. Identifique
as reais necessidades para só
então intervir.
Download

Maria de Mello - Introdução à Tecnologia Assistiva