CONSIDERAÇÕES ACERCA DO IMPACTO DO TREINAMENTO RESISTIDO NA
APTIDÃO FÍSICA DE INDIVÍDUOS JOVENS
Roosevelt A. dos S. Junior, Raphael M Cunha, Pedro E. M. Paiva, Flávia R. Faria
[email protected]
Resumo:
Introdução: A Literatura já evidenciou inúmeros benefícios na aptidão física
do praticante detreinamento resistido; porém,a prática do exercício resistido por
indivíduos em fase pré-púberes e púberes ainda é pouco pesquisada, principalmente
quando comparada a outros grupos etários.Assim é objetivo do presente trabalho
levantar dados na literatura a respeito dospossíveis impactos na aptidão física de
indivíduos jovens a partir do treinamento resistido, através de uma revisão
bibliográfica
de
estudos
publicados
nos
últimos
30
anos.Resultados
e
conclusões:Verificou-se que a prática de treinamento resistido por indivíduos
jovens, pode gerar adaptações benéficas aos aspectos de aptidão física e bem
estar, se bem orientado, observando a vulnerabilidade desse grupo.
Descritores:Treinamento de Resistência; Criança; Adolescente; Aptidão Física.
Abstract:
Introduction: The literature has demonstrated numerous benefits in physical fitness
practitioner resistance training; however, the practice of resistance training for
individuals in prepubertal and pubertal stage is still poorly researched especially
when compared to other age groups. Thus objective of this study is to collect data in
the literature about the possible impacts of the physical fitness of young people from
resistance training, through a literature review of studies published in the last 30
years. Results and conclusions: It was found that the practice of resistance training
on young age can generate beneficial adaptations to aspects of physical fitness and
wellness, if well guided, noting the vulnerability of this group.
Keywords: Resistance Training; Child; Adolescent; Physical Fitness.
Introdução e Conceitos Iniciais
A aptidão física na infância de determinado indivíduo pode ser um elemento
considerável no restante de sua vida, já que é essencial para a plena capacidade de
executar de maneira autônoma suas tarefas diárias com vigor e vivacidade, e está
diretamente associada à saúde e à qualidade de vida.
Estudos que busquem conhecer mais sobre a influência dos exercícios físicos
na aptidão física de crianças são importantes para capacitar profissionais a lidarem
melhor com este público, obtendo melhores resultados e trabalhando com maior
segurança; e ainda gerar nestes indivíduos o hábito de realizar treinos que
proporcionem uma evolução em sua aptidão física, desde a infância ao longo de seu
envelhecimento.
Sabemos dos inúmeros benefícios relacionados à prática do exercício
resistido por indivíduos adultos e idosos. No entanto, muito se é questionado sobre a
prática deste por indivíduos jovens, em fase púbere e pré-púbere; principalmente
pelas associações errôneas ligadas às consequências desta prática por esse
público.
Autores já diziam que “os fisiologistas do exercício sabem relativamente
pouco acerca dos benefícios ou possíveis riscos do treinamento de resistência para
os pré-adolescentes”1; e que “Existem muitas questões não esclarecidas
relacionadas às respostas fisiológicas da criança saudável a vários tipos de
cientistas que estudam jovens e o exercício e às considerações éticas do estudo de
crianças”2; apesar do franco crescimento de estudos que relacionam treinamentos
físicos aos indivíduos jovens.
É objetivo da presente investigação,levantar as considerações que a literatura
atualmente nos apresenta a respeito da aptidão física de indivíduos jovens
praticantes de algum tipo de treinamento resistido, e como o treinamento resistido
pode influenciar os aspectos da aptidão física neste público.
A importância das definições de cada elemento da discussão é interessante
para alinhar a discussão; utilizando os mesmos fundamentos conceituais se precisa
melhor as argumentações e consequentemente as interpretações.Parte-se, então,
dos seguintes conceitoscomo valores iniciais para a discussão central do presente
estudo.
O Estatuto da Criança e do Adolescente(Lei nº8069 de 13 de julho de
1990)caracteriza a infância e a adolescência de acordo com a idade cronológica do
indivíduo como descrito em seu Art. 2º, “Considera-se criança, para os efeitos desta
Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze
e dezoito anos de idade”3.
Biologicamente esse período é caracterizado de acordo com seu nível
maturacional, marcado pela puberdade; sendo que “a puberdade é a sucessão de
mudanças anatômicas e fisiológicas no início da adolescência que marca o período
de transição entre o estado sexual não-maduro para o de completa fertilidade” 4.
O crescimento e maturação são atividades biológicas dominantes durante as
duas primeiras décadas de vida. Esses termos são freqüentemente utilizados juntos,
mas cada um refere-se às atividades biológicas específicas. “O crescimento é um
aumento no tamanho físico do corpo como um todo ou aumento de partes
específicas do corpo”5. Ou refere-se ao “aumento de tamanho, da estrutura, e
demais partes do corpo”6. Sendo estas mudanças procedentes de três processos
celulares: A) aumento no número de células, ou hiperplasia; B) aumento no tamanho
das células, ou hipertrofia; C) aumento nas substancias intracelulares, ou acreção.
Todos estes processos ocorrem durante o crescimento, mas a predominância de um
ou outro processo varia de acordo com a idade, o estímulo e o tecido envolvido.
Enquanto se descreve a maturação como “o processo de tornar maduro ou
progresso pelo estado de amadurecimento, podendo variar de acordo com o sistema
biológico considerado; portanto referindo-se ao tempo e ao controle temporal do
progresso pelo estado biológico maduro”5. Ouum “processo evolutivo do indivíduo,
entendido como o conjunto de mudanças biológicas que ocorrem de forma
seqüencial e ordenada que levem o indivíduo a atingir o estado adulto”.
As pessoas diferem entre si consideravelmente nos seus índices de
maturação; duas crianças podem ter a mesma idade e/ouo mesmo grau de
crescimento, mas estar classificadas em diferentes estágios relacionados ao nível
maturacional; sendo que cada nível leva em consideração determinados fatores
(Dimensões corporais, maturidade óssea, sexual e emocional).
Outro conceito importante é desenvolvimento; dizendo que o desenvolvimento
é a diferenciação de células, desde a formação dos órgãos e tecidos e completado a
partir de um contexto comportamental e relaciona-se ao desenvolvimento da
competência numa variedade de domínios inter-relacionados, à medida que a
criança o ajuste para seu conjunto de símbolos, valores e comportamentos que
caracterizam um grupo populacional5,4.
Materiais e métodos
Esta revisão de literatura foi baseada no conteúdo discutido nos livros
publicados nos últimos 30 anos, em português ou traduzidos para o português, com
a contribuição complementar de dois artigos científicos, a respeito de conceitos
pouco trabalhados nos livros publicados; fundamentando ainda mais a importância
da pesquisa com o treinamento resistido para o público jovem.
Desenvolvimento De Tecidos E Maturação
O tecido ósseo compreende a maior parte do esqueleto, que é a estrutura
permanente de suporte do corpo humano, alem dos ossos, o esqueleto ainda tem
em sua composição as cartilagens, os ligamentos, tendões, vasos sanguíneos,
medula óssea, tecidos gordurosos e água5.
Os osteócitos são as células ósseas definitivas; elas encontram-se dispostas
de forma concêntrica na matriz óssea ao redor de um canal central formando o
sistema Haversiano; que nada mais é do que a parte rígida do osso. Os ossos são
formados individualmente no período pré-natal por meio de dois processos, a
formação intramembranosa e a endocondral6, 7.
O músculo é o tecido de maior massa no corpo humano. Apesar disso não
tem sido muito estudado em indivíduos jovens, uma vez que para isso, eticamente,
deve-se utilizar apenas de métodos não invasivos, já que é um grupo considerado
vulnerável, segundo princípios éticos5.
Há três tipos de tecido muscular: o estriado ou esquelético, o liso e o
cardíaco; o músculo esquelético, que será abordado neste trabalho, é geralmente o
tecido que mais consome energia no corpo humano e fornece força propulsiva para
o movimento e para o desempenho físico, através da contração e do relaxamento.
Estas células agrupam-se em feixes para formar massas macroscópicas, chamadas
de músculos7.
O acentuado aumento no diâmetro que ocorre após o nascimento é em
conseqüência da hipertrofia (crescimento contínuo das fibras musculares existentes)
e nem tanto em razão da hiperplasia (aumento do número de fibras). O aumento em
diâmetro está aparentemente relacionado à função ou à intensidade da carga de
trabalho que esse músculo está exposto durante o crescimento 5.
Cada indivíduo tem um „relógio‟ biológico inato que regula seu progresso em
direção ao estado de amadurecimento. As definições de maturação dependem dos
sistemas em particular que estão sendo estudados. O crescimento e a maturação
biológicos de uma criança não ocorrem, necessariamente, em sincronia com a idade
cronológica da criança; especialmente evidenciado próximo a adolescência.
Assim, são utilizados alguns indicadores de maturação, como a maturação do
esqueleto; onde através de exames de raios-x, éanalisado o grau de ossificação dos
ossos, normalmente é feito analisando os punhos e as mãos, mas podendo ser
utilizados também os pés, tornozelos e joelhos. A avaliação somática leva em
consideração dados longitudinais usando mensurações do corpo, como pico de
velocidade na altura, porcentagem da altura adulta. A maturação dental utilizando a
época ou idade de surgimento dos dentes-de-leite e os permanentes. E a maturação
sexual, que se baseia no desenvolvimento de características sexuais secundárias,
como desenvolvimento dos seios e menarca nas meninas e desenvolvimento do
pênis e dos testículos nos meninos, ainda os pelos púbicos em ambos os sexos 5.
Em resumo, o amadurecimento foi definido como a evolução para a idade
adulta, sendo mensurado pelo conjunto de fatores já citados (Dimensões corporais,
maturidade óssea, sexual e emocional)8.
Aptidão Física E Treinamento Resistido
“A aptidão física é primariamente determinada pela prática de atividade física
e é operacionalmente definida como a performance atingida nos seguintes testes:
potência aeróbica, composição corporal, flexibilidade e força e resistência dos
músculos esqueléticos. A aptidão física é importante durante a vida para
desenvolver e manter a capacidade funcional para as demandas vitais e promoção
de saúde.” E ainda é definida como “um estado caracterizado pela capacidade de
realizar atividades diárias com vigor”9.
A aptidão física é divida em: Motora e Relacionada à Saúde. Este estudo se
aterá a discussão da aptidão física relacionada à saúde, que é composta pela força,
flexibilidade, resistência aeróbica e composição corporal, definidas a seguir:
A “Força muscular refere-se à força máxima (expressa em Newtons ou
quilogramas) que pode ser gerada por um músculo o por um grupo muscular
específico”; e ainda conceituando flexibilidade como “a capacidade máxima de
mover uma determinada articulação através da amplitude de um determinado
movimento”9.
O potencial aeróbico “pode ser definido fisiologicamente como o consumo
máximo de oxigênio (VO2máx), a mais alta taxa na qual as células musculares podem
utilizar o oxigênio para o fornecimento de energia para a locomoção”4.
Quanto à composição corporal; conclui-se que a “composição corporal busca
dividir e quantificar os principais componentes dos tecidos da massa corporal”;
composto pelos tecidos ósseos, musculares, adiposos e viscerais. Estes ainda
conceituam força como “expressão da força muscular, ou a capacidade do indivíduo
de desenvolver tensão contra uma resistência externa”5.
A partir destes conceitos; a aptidão física para criança e adolescente deve ser
desenvolvida com o primeiro objetivo de incentivo à adoção de um estilo de vida
apropriado com prática de exercícios por toda a vida, com intuito de desenvolver e
manter condicionamento físico suficiente para melhoria da capacidade funcional e da
saúde. Sendo assim, parece apropriada a preocupação sobre quais atividades
físicas e esportivas têm despertado o interesse desta população jovem; como é o
caso da ginástica de academia e a musculação, que tiveram um considerável
aumento na preferência dos jovens10.
São conhecidos os inúmeros benefícios relacionados à prática do treinamento
de força por indivíduos adultos e idosos. No entanto, muito se é questionado sobre a
prática deste por indivíduos jovens, em fase púbere, independente do que motivou
estes indivíduos a buscarem este treinamento. O desempenho motor de crianças e
adolescentes vêm constituindo-se uma preocupação permanente entre os
especialistas da saúde em função do importante papel que pode desempenhar na
prevenção, conservação e melhoria da capacidade funcional, na saúde dos
indivíduosjovens11.
Destacando ainda, a importância da manutenção desta aptidão; dizendo que
“a manutenção de um desempenho muscular adequado é também uma importante
consideração para a promoção da capacidade de indivíduos idosos desempenharem
as tarefas do dia-a-dia e viverem de modo independente”. Já que pelos padrões
atuais, uma pessoa não é considerada realmente saudável a menos que tenha na
prática um estilo de vida que reduza os riscos das principais doenças crônicas9.
O aumento na produção de força por um músculo pode ser realizado ou pelo
aumento da freqüência de estímulos de uma unidade motora específica ou pelo
recrutamento de unidades motoras adicionais. Para que um músculo gere um
aumento na quantidade de tensão, esses dois processos ocorrem em conjunto: à
medida que a taxa de disparo de uma unidade motora específica atinge seu máximo,
novas unidades são recrutadas. Por fim todas as unidades motoras são estimuladas
à sua máxima freqüência e isso define a contração voluntária máxima de um
músculo4.
É a qualidade física que um músculo possui, dotando-o de capacidade de
realizar um grande número de contrações sem diminuir a amplitude do movimento, a
freqüência, a velocidade ou a força de execução; ou seja, é a capacidade da
estrutura muscular de resistir ao surgimento da fadiga muscular12.
A resistência muscular é principalmente gerada pelas conversões dos tipos de
fibras. Essencialmente, o que determinará se uma fibra será lenta ou rápida é a
atividade neural que chega até ela; assim a maior parte dos estudos envolvendo
treinamento com pesos as mudanças ocorrem dentro do fenótipo rápido (fibras tipo
II), todas as atividades físicas parecem estimular a mudança do fenótipo IIB para o
IIA13.Sendo, em resumo, as fibras do tipo I caracterizadas por serem de contração
lenta e com maior capacidade aeróbica enquanto as de tipo II (principalmente IIB)
apresentam contração mais rápida e maior capacidade anaeróbica, sendo que as
fibras do tipo IIA apresenta a peculiaridade de modificar suas características se
aproximando das características das do tipo I ou IIB.
A massa corporal é calculada através de uma somatória de medidas de
diversos tecidos, como ossos, músculos, tecidos adiposos e vísceras; o estudo da
composição corporal busca dividir e quantificar os principais componentes dos
tecidos da massa corporal5.
A composição corporal acaba sendo afetada pelo aumento (ou diminuição) de
alguns tecidos proporcionalmente a outros. Um aumento no tamanho de músculo em
resposta ao treinamento de força foi observado tanto em estudos em animais como
em seres humanos, sendo gerados principalmente pela hipertrofia muscular14.
Este mesmo processo de hipertrofia muscular nos explica a alteração da
capacidade elástica ou flexibilidade das fibras; onde o aumento da secção
transversa da fibra é atribuído ao tamanho e número aumentados dos filamentos de
actina e miosina e a adição de sarcômeros dentro das fibras musculares
existentes14. Aumentando estes filamentos, as estruturas intracelulares também
serão aumentadas, e do mesmo modo a capacidade de contração aumenta, bem
como o ventre muscular no momento de contração, a tolerância da parede celular
também aumenta ao relaxamento, e ainda a tolerância do fuso muscular à distensão
muscular.
Encontrada a partir do VO2máx, chamado de consumo máximo de oxigênio, ou
potência aeróbica máxima, que representa a maior quantidade de ATP que uma
pessoa pode ressintetizar aerobicamente e é definida fisiologicamente como a
velocidade em que o oxigênio é consumido, ou seja, como a mais alta taxa na qual
as células musculares podem utilizar o oxigênio para o fornecimento de energia12, 4.
Assim, todos os determinantes que distinguem a aptidão aeróbia de uma
pessoa em relação a outra parecem não ser diferentes em crianças e adultos. Os
principais determinantes do desenvolvimento do VO 2máx, com respeito a massa
corporal durante o crescimento das crianças sejam a queda relativa na atividade das
enzimas oxidativas dentro das células do músculo, e o aumento do tamanho do
músculo. De maneira que melhorias na aptidão de resistência durante o
crescimento, não são influenciadas pelo VO 2máx, em vez disso, é afetado pelo
desenvolvimento melhorado da economia de energia submáxima e pelas mudanças
do limiar de intensidade do exercício que pode ser sustentado por longos períodos
de tempo4.
Conceituando flexibilidade como uma “qualidade física responsável pela
execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por uma
articulação, dentro dos limites morfológicos, sem o risco de provocar lesão”; sendo
importante observar que ao dizer „por uma articulação‟, cabe o entendimento que
seja um conjunto de articulações também, pois os movimentos são influenciados
pelos músculos e articulações circunvizinhas12.
A flexibilidade ainda é influenciada por alguns componentes, como a
mobilidade, elasticidade, plasticidade e maleabilidade; sendo a primeira o grau de
liberdade de movimento da articulação; a elasticidade referindo ao estiramento
elástico do músculo; já a plasticidade remete ao grau de deformação temporária que
estruturas musculares e articulações deverão sofrer, e a última sobre as
modificações das tensões parciais da pele, fruto das acomodações necessárias no
segmento considerado12.
Influência do Exercício na Maturação Sexual
Evidências científicas apontam que, em virtude de um sistema hormonal em
desenvolvimento, limitando as possibilidades de síntese protéica para hipertrofia
muscular, os ganhos de força em crianças são obtidos principalmente devido ao
aprimoramento do componente neural15.
“Talvez o efeito diferencial mais óbvio dos hormônios sexuais na puberdade
seja a estimulação do desenvolvimento da massa muscular pela testosterona e da
gordura corporal.”
“Mudanças na força muscular na puberdade estão estreitamente associadas
ao aumento nos níveis de testosterona. Os homens que possui uma função gonadal
baixa demonstram como característica baixa massa livre de gordura. Aqueles que
receberam experimentalmente o GnRH para suprimir o nível de produção de
testosterona demonstraram uma queda na síntese de proteína muscular e na massa
livre de gordura. O declínio da testosterona em homens adultos ocorre
paralelamente à queda na força muscular”4.
“A mudanças anatômicas e fisiológicas em resposta às influencias hormonais
da puberdade resultam em efeitos variados sobre a aptidão ao exercício. Tanto a
atividade muscular aguda como a crônica podem alterar profundamente o eixo
hipotálamo-hipofisário-gonadal. Essas respostas hormonais ao exercício são
expressas de forma mais óbvia nas alterações na função menstrual normal nas
atletas altamente treinadas”4.
Influencia do Exercício no Crescimento e Desenvolvimento
Durante as duas primeiras décadas de vida, a principal atividade do
organismo humano é „crescer‟ e se „desenvolver‟, sendo que esses dois fenômenos
ocorrem simultaneamente, tendo sua maior ou menor velocidade, dependendo do
nível maturacional e das experiências vivenciadas11.
O crescimento como “correspondente às alterações do corpo como um todo,
ou de partes específicas, em relação ao fator tempo. Por outro lado,
desenvolvimento caracteriza-se pela seqüência de modificações evolutivas nas
funções do organismo”. E ainda complementa dizendo que “O desenvolvimento
significa o conjunto de fenômenos que, de forma inter-relacionada, permite ao
indivíduo evoluir desde a concepção, passando pela maturidade até a morte”11.
A partir destes conceitos, podemos entender esta análise de a cerca de
alguns estudos.
“Apesar de não existirem evidencias concretas de que a atividade física possa
apresentar um efeito positivo na estatura de crianças e adolescentes, os programas
de exercícios físicos conduzidos ao extremo podem provocar prejuízos ao
crescimento do comprimento ósseo”.
E conclui dizendo que “os programas de exercícios físicos, quando
administrados de forma adequada, não deverão influenciar o crescimento
longitudinal dos ossos e, portanto na estatura dos indivíduos. Contudo, poderão
induzir a alterações significativas em seu diâmetro e conteúdo mineral,
proporcionando um sistema esquelético mais saudável e menos suscetível a
eventuais disfunções em idades mais avançadas”11.
Aspectos Essenciais Da Força Na Fase Púbere E Pré-Púbere
Pelo menos três fatores afetam a força muscular em crianças: o aumento das
dimensões anatômicas, a maturidade sexual e a maturação das estruturas do
sistema nervoso15.
Com a chegada da puberdade, inicia-se um de franca diferenciação da força
em favor do sexo masculino, devido à ação androgênica da testosterona15.Já para o
sexo feminino, o pico de força seria constatado logo após a puberdade, sem ganho
significativo a partir daí5.
“O pico de ganho, em muitas tarefas dependentes da força, se dá geralmente
depois do pico ponderal e de estatura, enquanto o 'estirão' no tecido muscular
(apesar de também manifestar-se após o pico de estatura), é razoavelmente
coincidente com o de peso. Assim, o tecido muscular tende a aumentar em massa,
para depois refletir este aumento no perfil das manifestações de força. Tal fato
poderia sugerir alterações metabólicas ou contrateis na musculatura, ou ainda na
maturação neuromuscular”15.
"O aumento no tamanho muscular é primariamente responsável por
aprimoramentos desenvolvimentais da força durante o crescimento das crianças;
assim, a força muscular deveria refletir a área da secção transversa Muscular”4.
E concluíram que “as crianças ganham força isométrica e isocinética na
medida em que ficam maiores. O aumento do tamanho muscular por sua vez, é uma
expressão da hipertrofia da fibra muscular em resposta às ações dos hormônios
anabólicos e dos fatores de crescimento. No momento da puberdade, no entanto,
aumento no tamanho e na força muscular, é acelerado nos homens, por meio do
efeito sobreposto da testosterona circulante, criando assim uma vantagem
significativa na força muscular em relação às mulheres”.
O importante não é saber a idade com que se começa um treinamento com
pesos, mas conhecer a correspondência das cargas usadas com as possibilidades
da idade15.
Comparando as respostas do treinamento de força em crianças, adolescentes
e adultos verificaram que, independentemente do nível de maturidade, podem ser
obtidos ganhos significativos da força15.
Citando parecer daNationalStrengthandConditioningAssociation sobre este
assunto, relata que crianças pré-púberes demonstram ganho de força muscular
como resultado do treinamento e que o treinamento de força aumenta o
desempenho motor em crianças pré-púberes15.
O primeiro diz respeito ao gosto da criança pelos programas de exercícios.
Praticantes jovens necessitam de tempo para se adaptar ao estresse do treinamento
com pesos, e algumas crianças acham difícil treinar ou não gostam do trabalho com
sobrecarga em algumas idades. Logo, aspectos como interesse, crescimento,
maturidade e possibilidades de compreensão influenciam a visão da criança e sua
segurança em relação ao treinamento com pesos14.
Os ossos e articulações em crescimento são mais suscetíveis a certos tipos
de lesões que os adultos, em especial as superfícies articulares, os discos
epifisários e as inserções tendões/ossos15.
As primeiras pesquisas neste sentidoexpressavam que
na falta de
testosterona circulante, as crianças eram capazes de ganhar força com o
treinamento resistido. O acúmulo de pesquisas desde aquele tempo indica de forma
convincente que tanto as meninas quanto os meninos em idade pré-púbere são, de
fato, capazes de melhorar a força com o treinamento resistido. Sendo que este
público não desenvolve hipertrofia muscular enquanto ganham força durante o
treinamento resistido. E isso parece ocorrer em função da ausência da testosterona.
O aprimoramento da força com o treinamento durante os anos pré-púberes parece
resultar exclusivamente de fatores independentes do tamanho, presumidamente de
origem neural4.
Os estudos em crianças, entretanto, raramente detectam evidencias de
hipertrofia muscular com ganhos de força. Ao contrario o aprimoramento da força
com o treinamento resistido em indivíduos em com o treinamento resistido em
indivíduos em idade pré-púbere parece ocorrer unicamente em razão de mudanças
qualitativas, supostamente de origem neural. Acredita-se que essas adaptações
neurais ao treinamento sejam as mesmas daquelas responsáveis pelos ganhos de
força em adultos, nas primeiras fases dos programas de treinamento4.
Em outra meta-análise de estudos do treinamento de força, restritos a aqueles
envolvendo crianças com menos de 12 ou 13 anos de idade; e estes estudos
forneceram informações suficientes para a análise, os ganhos de força ficaram entre
13 e 30%. A maioria desses estudos envolvia meninos, mas informações limitadas
relacionadas ao treinamento de força em meninas não revelaram efeitos óbvios ao
gênero. Mas a ausência de lesões demonstrou a segurança de um programa de
treinamento supervisionado em crianças4.
Os efeitos do treinamento resistido em meninos adolescentes são de
interesse particular, uma vez que se pode esperar que o aprimoramento da força
desse grupo demonstre uma combinação de (a) ações anabólicas da testosterona,
(b) estimulação por fatores como o hormônio de crescimento e o IGF-I, que são
responsáveis pelos aumentos normais no volume muscular com o crescimento, (c)
adaptações independentes do tamanho, presumivelmente neurais, relatadas tanto
em crianças como em adultos, e (d) possível melhora na força contrátil intrínseca da
fibra muscular. E foi demonstraram que a atividade eletromiográfica em crianças
aumenta à medida que elas treinam, sustentando a possibilidade da melhor ativação
neural dos músculos4.
As crianças se beneficiariam com os programas de treinamento de força para
ajudar a melhorar o condicionamento físico e o desempenho no esporte ou para
reduzir a probabilidade de lesões durante atividades esportivas ou recreativas. Os
benefícios de um programa de treinamento de força apropriadamente planejado e
supervisionado mostram-se superiores aos riscos14.
Conclusão
Assim encontramos que o treinamento com exercícios resistidos, podendo ser
estáticos ou dinâmicos, tem alguma influência sobre alguns aspectos biológicos
humanos, como a síntese de células ósseas, glândulas hormonais e alguns
hormônios, especialização celular; e aspectos psico-sociais, como o hábito do
treinamento ou de pelo menos alguma atividade física que será incorporado ainda
jovem.
Todos estes tópicos de atenção contribuirão para que se tenha um ambiente
positivo que proteja e atenda aos jovens que participem desse treinamento, já que
passarão por alguma espécie de estresse, que seja no mínimo estresse muscular.
O prazer deve ser minimamente pensado também para que se tenha uma
aceitação do indivíduo por todo o treinamento; para isso o professor deve ter
atenção com o feedback destes indivíduos, além de toda a atenção com a
segurança, como salienta todos os autores revisados neste estudo. Assim que os
benefícios sejam maximizados para estas crianças.
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considerações acerca do impacto do treinamento - CREF-14/GO-TO