CONSIDERAÇÕES ACERCA DO IMPACTO DO TREINAMENTO RESISTIDO NA APTIDÃO FÍSICA DE INDIVÍDUOS JOVENS Roosevelt A. dos S. Junior, Raphael M Cunha, Pedro E. M. Paiva, Flávia R. Faria [email protected] Resumo: Introdução: A Literatura já evidenciou inúmeros benefícios na aptidão física do praticante detreinamento resistido; porém,a prática do exercício resistido por indivíduos em fase pré-púberes e púberes ainda é pouco pesquisada, principalmente quando comparada a outros grupos etários.Assim é objetivo do presente trabalho levantar dados na literatura a respeito dospossíveis impactos na aptidão física de indivíduos jovens a partir do treinamento resistido, através de uma revisão bibliográfica de estudos publicados nos últimos 30 anos.Resultados e conclusões:Verificou-se que a prática de treinamento resistido por indivíduos jovens, pode gerar adaptações benéficas aos aspectos de aptidão física e bem estar, se bem orientado, observando a vulnerabilidade desse grupo. Descritores:Treinamento de Resistência; Criança; Adolescente; Aptidão Física. Abstract: Introduction: The literature has demonstrated numerous benefits in physical fitness practitioner resistance training; however, the practice of resistance training for individuals in prepubertal and pubertal stage is still poorly researched especially when compared to other age groups. Thus objective of this study is to collect data in the literature about the possible impacts of the physical fitness of young people from resistance training, through a literature review of studies published in the last 30 years. Results and conclusions: It was found that the practice of resistance training on young age can generate beneficial adaptations to aspects of physical fitness and wellness, if well guided, noting the vulnerability of this group. Keywords: Resistance Training; Child; Adolescent; Physical Fitness. Introdução e Conceitos Iniciais A aptidão física na infância de determinado indivíduo pode ser um elemento considerável no restante de sua vida, já que é essencial para a plena capacidade de executar de maneira autônoma suas tarefas diárias com vigor e vivacidade, e está diretamente associada à saúde e à qualidade de vida. Estudos que busquem conhecer mais sobre a influência dos exercícios físicos na aptidão física de crianças são importantes para capacitar profissionais a lidarem melhor com este público, obtendo melhores resultados e trabalhando com maior segurança; e ainda gerar nestes indivíduos o hábito de realizar treinos que proporcionem uma evolução em sua aptidão física, desde a infância ao longo de seu envelhecimento. Sabemos dos inúmeros benefícios relacionados à prática do exercício resistido por indivíduos adultos e idosos. No entanto, muito se é questionado sobre a prática deste por indivíduos jovens, em fase púbere e pré-púbere; principalmente pelas associações errôneas ligadas às consequências desta prática por esse público. Autores já diziam que “os fisiologistas do exercício sabem relativamente pouco acerca dos benefícios ou possíveis riscos do treinamento de resistência para os pré-adolescentes”1; e que “Existem muitas questões não esclarecidas relacionadas às respostas fisiológicas da criança saudável a vários tipos de cientistas que estudam jovens e o exercício e às considerações éticas do estudo de crianças”2; apesar do franco crescimento de estudos que relacionam treinamentos físicos aos indivíduos jovens. É objetivo da presente investigação,levantar as considerações que a literatura atualmente nos apresenta a respeito da aptidão física de indivíduos jovens praticantes de algum tipo de treinamento resistido, e como o treinamento resistido pode influenciar os aspectos da aptidão física neste público. A importância das definições de cada elemento da discussão é interessante para alinhar a discussão; utilizando os mesmos fundamentos conceituais se precisa melhor as argumentações e consequentemente as interpretações.Parte-se, então, dos seguintes conceitoscomo valores iniciais para a discussão central do presente estudo. O Estatuto da Criança e do Adolescente(Lei nº8069 de 13 de julho de 1990)caracteriza a infância e a adolescência de acordo com a idade cronológica do indivíduo como descrito em seu Art. 2º, “Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade”3. Biologicamente esse período é caracterizado de acordo com seu nível maturacional, marcado pela puberdade; sendo que “a puberdade é a sucessão de mudanças anatômicas e fisiológicas no início da adolescência que marca o período de transição entre o estado sexual não-maduro para o de completa fertilidade” 4. O crescimento e maturação são atividades biológicas dominantes durante as duas primeiras décadas de vida. Esses termos são freqüentemente utilizados juntos, mas cada um refere-se às atividades biológicas específicas. “O crescimento é um aumento no tamanho físico do corpo como um todo ou aumento de partes específicas do corpo”5. Ou refere-se ao “aumento de tamanho, da estrutura, e demais partes do corpo”6. Sendo estas mudanças procedentes de três processos celulares: A) aumento no número de células, ou hiperplasia; B) aumento no tamanho das células, ou hipertrofia; C) aumento nas substancias intracelulares, ou acreção. Todos estes processos ocorrem durante o crescimento, mas a predominância de um ou outro processo varia de acordo com a idade, o estímulo e o tecido envolvido. Enquanto se descreve a maturação como “o processo de tornar maduro ou progresso pelo estado de amadurecimento, podendo variar de acordo com o sistema biológico considerado; portanto referindo-se ao tempo e ao controle temporal do progresso pelo estado biológico maduro”5. Ouum “processo evolutivo do indivíduo, entendido como o conjunto de mudanças biológicas que ocorrem de forma seqüencial e ordenada que levem o indivíduo a atingir o estado adulto”. As pessoas diferem entre si consideravelmente nos seus índices de maturação; duas crianças podem ter a mesma idade e/ouo mesmo grau de crescimento, mas estar classificadas em diferentes estágios relacionados ao nível maturacional; sendo que cada nível leva em consideração determinados fatores (Dimensões corporais, maturidade óssea, sexual e emocional). Outro conceito importante é desenvolvimento; dizendo que o desenvolvimento é a diferenciação de células, desde a formação dos órgãos e tecidos e completado a partir de um contexto comportamental e relaciona-se ao desenvolvimento da competência numa variedade de domínios inter-relacionados, à medida que a criança o ajuste para seu conjunto de símbolos, valores e comportamentos que caracterizam um grupo populacional5,4. Materiais e métodos Esta revisão de literatura foi baseada no conteúdo discutido nos livros publicados nos últimos 30 anos, em português ou traduzidos para o português, com a contribuição complementar de dois artigos científicos, a respeito de conceitos pouco trabalhados nos livros publicados; fundamentando ainda mais a importância da pesquisa com o treinamento resistido para o público jovem. Desenvolvimento De Tecidos E Maturação O tecido ósseo compreende a maior parte do esqueleto, que é a estrutura permanente de suporte do corpo humano, alem dos ossos, o esqueleto ainda tem em sua composição as cartilagens, os ligamentos, tendões, vasos sanguíneos, medula óssea, tecidos gordurosos e água5. Os osteócitos são as células ósseas definitivas; elas encontram-se dispostas de forma concêntrica na matriz óssea ao redor de um canal central formando o sistema Haversiano; que nada mais é do que a parte rígida do osso. Os ossos são formados individualmente no período pré-natal por meio de dois processos, a formação intramembranosa e a endocondral6, 7. O músculo é o tecido de maior massa no corpo humano. Apesar disso não tem sido muito estudado em indivíduos jovens, uma vez que para isso, eticamente, deve-se utilizar apenas de métodos não invasivos, já que é um grupo considerado vulnerável, segundo princípios éticos5. Há três tipos de tecido muscular: o estriado ou esquelético, o liso e o cardíaco; o músculo esquelético, que será abordado neste trabalho, é geralmente o tecido que mais consome energia no corpo humano e fornece força propulsiva para o movimento e para o desempenho físico, através da contração e do relaxamento. Estas células agrupam-se em feixes para formar massas macroscópicas, chamadas de músculos7. O acentuado aumento no diâmetro que ocorre após o nascimento é em conseqüência da hipertrofia (crescimento contínuo das fibras musculares existentes) e nem tanto em razão da hiperplasia (aumento do número de fibras). O aumento em diâmetro está aparentemente relacionado à função ou à intensidade da carga de trabalho que esse músculo está exposto durante o crescimento 5. Cada indivíduo tem um „relógio‟ biológico inato que regula seu progresso em direção ao estado de amadurecimento. As definições de maturação dependem dos sistemas em particular que estão sendo estudados. O crescimento e a maturação biológicos de uma criança não ocorrem, necessariamente, em sincronia com a idade cronológica da criança; especialmente evidenciado próximo a adolescência. Assim, são utilizados alguns indicadores de maturação, como a maturação do esqueleto; onde através de exames de raios-x, éanalisado o grau de ossificação dos ossos, normalmente é feito analisando os punhos e as mãos, mas podendo ser utilizados também os pés, tornozelos e joelhos. A avaliação somática leva em consideração dados longitudinais usando mensurações do corpo, como pico de velocidade na altura, porcentagem da altura adulta. A maturação dental utilizando a época ou idade de surgimento dos dentes-de-leite e os permanentes. E a maturação sexual, que se baseia no desenvolvimento de características sexuais secundárias, como desenvolvimento dos seios e menarca nas meninas e desenvolvimento do pênis e dos testículos nos meninos, ainda os pelos púbicos em ambos os sexos 5. Em resumo, o amadurecimento foi definido como a evolução para a idade adulta, sendo mensurado pelo conjunto de fatores já citados (Dimensões corporais, maturidade óssea, sexual e emocional)8. Aptidão Física E Treinamento Resistido “A aptidão física é primariamente determinada pela prática de atividade física e é operacionalmente definida como a performance atingida nos seguintes testes: potência aeróbica, composição corporal, flexibilidade e força e resistência dos músculos esqueléticos. A aptidão física é importante durante a vida para desenvolver e manter a capacidade funcional para as demandas vitais e promoção de saúde.” E ainda é definida como “um estado caracterizado pela capacidade de realizar atividades diárias com vigor”9. A aptidão física é divida em: Motora e Relacionada à Saúde. Este estudo se aterá a discussão da aptidão física relacionada à saúde, que é composta pela força, flexibilidade, resistência aeróbica e composição corporal, definidas a seguir: A “Força muscular refere-se à força máxima (expressa em Newtons ou quilogramas) que pode ser gerada por um músculo o por um grupo muscular específico”; e ainda conceituando flexibilidade como “a capacidade máxima de mover uma determinada articulação através da amplitude de um determinado movimento”9. O potencial aeróbico “pode ser definido fisiologicamente como o consumo máximo de oxigênio (VO2máx), a mais alta taxa na qual as células musculares podem utilizar o oxigênio para o fornecimento de energia para a locomoção”4. Quanto à composição corporal; conclui-se que a “composição corporal busca dividir e quantificar os principais componentes dos tecidos da massa corporal”; composto pelos tecidos ósseos, musculares, adiposos e viscerais. Estes ainda conceituam força como “expressão da força muscular, ou a capacidade do indivíduo de desenvolver tensão contra uma resistência externa”5. A partir destes conceitos; a aptidão física para criança e adolescente deve ser desenvolvida com o primeiro objetivo de incentivo à adoção de um estilo de vida apropriado com prática de exercícios por toda a vida, com intuito de desenvolver e manter condicionamento físico suficiente para melhoria da capacidade funcional e da saúde. Sendo assim, parece apropriada a preocupação sobre quais atividades físicas e esportivas têm despertado o interesse desta população jovem; como é o caso da ginástica de academia e a musculação, que tiveram um considerável aumento na preferência dos jovens10. São conhecidos os inúmeros benefícios relacionados à prática do treinamento de força por indivíduos adultos e idosos. No entanto, muito se é questionado sobre a prática deste por indivíduos jovens, em fase púbere, independente do que motivou estes indivíduos a buscarem este treinamento. O desempenho motor de crianças e adolescentes vêm constituindo-se uma preocupação permanente entre os especialistas da saúde em função do importante papel que pode desempenhar na prevenção, conservação e melhoria da capacidade funcional, na saúde dos indivíduosjovens11. Destacando ainda, a importância da manutenção desta aptidão; dizendo que “a manutenção de um desempenho muscular adequado é também uma importante consideração para a promoção da capacidade de indivíduos idosos desempenharem as tarefas do dia-a-dia e viverem de modo independente”. Já que pelos padrões atuais, uma pessoa não é considerada realmente saudável a menos que tenha na prática um estilo de vida que reduza os riscos das principais doenças crônicas9. O aumento na produção de força por um músculo pode ser realizado ou pelo aumento da freqüência de estímulos de uma unidade motora específica ou pelo recrutamento de unidades motoras adicionais. Para que um músculo gere um aumento na quantidade de tensão, esses dois processos ocorrem em conjunto: à medida que a taxa de disparo de uma unidade motora específica atinge seu máximo, novas unidades são recrutadas. Por fim todas as unidades motoras são estimuladas à sua máxima freqüência e isso define a contração voluntária máxima de um músculo4. É a qualidade física que um músculo possui, dotando-o de capacidade de realizar um grande número de contrações sem diminuir a amplitude do movimento, a freqüência, a velocidade ou a força de execução; ou seja, é a capacidade da estrutura muscular de resistir ao surgimento da fadiga muscular12. A resistência muscular é principalmente gerada pelas conversões dos tipos de fibras. Essencialmente, o que determinará se uma fibra será lenta ou rápida é a atividade neural que chega até ela; assim a maior parte dos estudos envolvendo treinamento com pesos as mudanças ocorrem dentro do fenótipo rápido (fibras tipo II), todas as atividades físicas parecem estimular a mudança do fenótipo IIB para o IIA13.Sendo, em resumo, as fibras do tipo I caracterizadas por serem de contração lenta e com maior capacidade aeróbica enquanto as de tipo II (principalmente IIB) apresentam contração mais rápida e maior capacidade anaeróbica, sendo que as fibras do tipo IIA apresenta a peculiaridade de modificar suas características se aproximando das características das do tipo I ou IIB. A massa corporal é calculada através de uma somatória de medidas de diversos tecidos, como ossos, músculos, tecidos adiposos e vísceras; o estudo da composição corporal busca dividir e quantificar os principais componentes dos tecidos da massa corporal5. A composição corporal acaba sendo afetada pelo aumento (ou diminuição) de alguns tecidos proporcionalmente a outros. Um aumento no tamanho de músculo em resposta ao treinamento de força foi observado tanto em estudos em animais como em seres humanos, sendo gerados principalmente pela hipertrofia muscular14. Este mesmo processo de hipertrofia muscular nos explica a alteração da capacidade elástica ou flexibilidade das fibras; onde o aumento da secção transversa da fibra é atribuído ao tamanho e número aumentados dos filamentos de actina e miosina e a adição de sarcômeros dentro das fibras musculares existentes14. Aumentando estes filamentos, as estruturas intracelulares também serão aumentadas, e do mesmo modo a capacidade de contração aumenta, bem como o ventre muscular no momento de contração, a tolerância da parede celular também aumenta ao relaxamento, e ainda a tolerância do fuso muscular à distensão muscular. Encontrada a partir do VO2máx, chamado de consumo máximo de oxigênio, ou potência aeróbica máxima, que representa a maior quantidade de ATP que uma pessoa pode ressintetizar aerobicamente e é definida fisiologicamente como a velocidade em que o oxigênio é consumido, ou seja, como a mais alta taxa na qual as células musculares podem utilizar o oxigênio para o fornecimento de energia12, 4. Assim, todos os determinantes que distinguem a aptidão aeróbia de uma pessoa em relação a outra parecem não ser diferentes em crianças e adultos. Os principais determinantes do desenvolvimento do VO 2máx, com respeito a massa corporal durante o crescimento das crianças sejam a queda relativa na atividade das enzimas oxidativas dentro das células do músculo, e o aumento do tamanho do músculo. De maneira que melhorias na aptidão de resistência durante o crescimento, não são influenciadas pelo VO 2máx, em vez disso, é afetado pelo desenvolvimento melhorado da economia de energia submáxima e pelas mudanças do limiar de intensidade do exercício que pode ser sustentado por longos períodos de tempo4. Conceituando flexibilidade como uma “qualidade física responsável pela execução voluntária de um movimento de amplitude angular máxima, por uma articulação, dentro dos limites morfológicos, sem o risco de provocar lesão”; sendo importante observar que ao dizer „por uma articulação‟, cabe o entendimento que seja um conjunto de articulações também, pois os movimentos são influenciados pelos músculos e articulações circunvizinhas12. A flexibilidade ainda é influenciada por alguns componentes, como a mobilidade, elasticidade, plasticidade e maleabilidade; sendo a primeira o grau de liberdade de movimento da articulação; a elasticidade referindo ao estiramento elástico do músculo; já a plasticidade remete ao grau de deformação temporária que estruturas musculares e articulações deverão sofrer, e a última sobre as modificações das tensões parciais da pele, fruto das acomodações necessárias no segmento considerado12. Influência do Exercício na Maturação Sexual Evidências científicas apontam que, em virtude de um sistema hormonal em desenvolvimento, limitando as possibilidades de síntese protéica para hipertrofia muscular, os ganhos de força em crianças são obtidos principalmente devido ao aprimoramento do componente neural15. “Talvez o efeito diferencial mais óbvio dos hormônios sexuais na puberdade seja a estimulação do desenvolvimento da massa muscular pela testosterona e da gordura corporal.” “Mudanças na força muscular na puberdade estão estreitamente associadas ao aumento nos níveis de testosterona. Os homens que possui uma função gonadal baixa demonstram como característica baixa massa livre de gordura. Aqueles que receberam experimentalmente o GnRH para suprimir o nível de produção de testosterona demonstraram uma queda na síntese de proteína muscular e na massa livre de gordura. O declínio da testosterona em homens adultos ocorre paralelamente à queda na força muscular”4. “A mudanças anatômicas e fisiológicas em resposta às influencias hormonais da puberdade resultam em efeitos variados sobre a aptidão ao exercício. Tanto a atividade muscular aguda como a crônica podem alterar profundamente o eixo hipotálamo-hipofisário-gonadal. Essas respostas hormonais ao exercício são expressas de forma mais óbvia nas alterações na função menstrual normal nas atletas altamente treinadas”4. Influencia do Exercício no Crescimento e Desenvolvimento Durante as duas primeiras décadas de vida, a principal atividade do organismo humano é „crescer‟ e se „desenvolver‟, sendo que esses dois fenômenos ocorrem simultaneamente, tendo sua maior ou menor velocidade, dependendo do nível maturacional e das experiências vivenciadas11. O crescimento como “correspondente às alterações do corpo como um todo, ou de partes específicas, em relação ao fator tempo. Por outro lado, desenvolvimento caracteriza-se pela seqüência de modificações evolutivas nas funções do organismo”. E ainda complementa dizendo que “O desenvolvimento significa o conjunto de fenômenos que, de forma inter-relacionada, permite ao indivíduo evoluir desde a concepção, passando pela maturidade até a morte”11. A partir destes conceitos, podemos entender esta análise de a cerca de alguns estudos. “Apesar de não existirem evidencias concretas de que a atividade física possa apresentar um efeito positivo na estatura de crianças e adolescentes, os programas de exercícios físicos conduzidos ao extremo podem provocar prejuízos ao crescimento do comprimento ósseo”. E conclui dizendo que “os programas de exercícios físicos, quando administrados de forma adequada, não deverão influenciar o crescimento longitudinal dos ossos e, portanto na estatura dos indivíduos. Contudo, poderão induzir a alterações significativas em seu diâmetro e conteúdo mineral, proporcionando um sistema esquelético mais saudável e menos suscetível a eventuais disfunções em idades mais avançadas”11. Aspectos Essenciais Da Força Na Fase Púbere E Pré-Púbere Pelo menos três fatores afetam a força muscular em crianças: o aumento das dimensões anatômicas, a maturidade sexual e a maturação das estruturas do sistema nervoso15. Com a chegada da puberdade, inicia-se um de franca diferenciação da força em favor do sexo masculino, devido à ação androgênica da testosterona15.Já para o sexo feminino, o pico de força seria constatado logo após a puberdade, sem ganho significativo a partir daí5. “O pico de ganho, em muitas tarefas dependentes da força, se dá geralmente depois do pico ponderal e de estatura, enquanto o 'estirão' no tecido muscular (apesar de também manifestar-se após o pico de estatura), é razoavelmente coincidente com o de peso. Assim, o tecido muscular tende a aumentar em massa, para depois refletir este aumento no perfil das manifestações de força. Tal fato poderia sugerir alterações metabólicas ou contrateis na musculatura, ou ainda na maturação neuromuscular”15. "O aumento no tamanho muscular é primariamente responsável por aprimoramentos desenvolvimentais da força durante o crescimento das crianças; assim, a força muscular deveria refletir a área da secção transversa Muscular”4. E concluíram que “as crianças ganham força isométrica e isocinética na medida em que ficam maiores. O aumento do tamanho muscular por sua vez, é uma expressão da hipertrofia da fibra muscular em resposta às ações dos hormônios anabólicos e dos fatores de crescimento. No momento da puberdade, no entanto, aumento no tamanho e na força muscular, é acelerado nos homens, por meio do efeito sobreposto da testosterona circulante, criando assim uma vantagem significativa na força muscular em relação às mulheres”. O importante não é saber a idade com que se começa um treinamento com pesos, mas conhecer a correspondência das cargas usadas com as possibilidades da idade15. Comparando as respostas do treinamento de força em crianças, adolescentes e adultos verificaram que, independentemente do nível de maturidade, podem ser obtidos ganhos significativos da força15. Citando parecer daNationalStrengthandConditioningAssociation sobre este assunto, relata que crianças pré-púberes demonstram ganho de força muscular como resultado do treinamento e que o treinamento de força aumenta o desempenho motor em crianças pré-púberes15. O primeiro diz respeito ao gosto da criança pelos programas de exercícios. Praticantes jovens necessitam de tempo para se adaptar ao estresse do treinamento com pesos, e algumas crianças acham difícil treinar ou não gostam do trabalho com sobrecarga em algumas idades. Logo, aspectos como interesse, crescimento, maturidade e possibilidades de compreensão influenciam a visão da criança e sua segurança em relação ao treinamento com pesos14. Os ossos e articulações em crescimento são mais suscetíveis a certos tipos de lesões que os adultos, em especial as superfícies articulares, os discos epifisários e as inserções tendões/ossos15. As primeiras pesquisas neste sentidoexpressavam que na falta de testosterona circulante, as crianças eram capazes de ganhar força com o treinamento resistido. O acúmulo de pesquisas desde aquele tempo indica de forma convincente que tanto as meninas quanto os meninos em idade pré-púbere são, de fato, capazes de melhorar a força com o treinamento resistido. Sendo que este público não desenvolve hipertrofia muscular enquanto ganham força durante o treinamento resistido. E isso parece ocorrer em função da ausência da testosterona. O aprimoramento da força com o treinamento durante os anos pré-púberes parece resultar exclusivamente de fatores independentes do tamanho, presumidamente de origem neural4. Os estudos em crianças, entretanto, raramente detectam evidencias de hipertrofia muscular com ganhos de força. Ao contrario o aprimoramento da força com o treinamento resistido em indivíduos em com o treinamento resistido em indivíduos em idade pré-púbere parece ocorrer unicamente em razão de mudanças qualitativas, supostamente de origem neural. Acredita-se que essas adaptações neurais ao treinamento sejam as mesmas daquelas responsáveis pelos ganhos de força em adultos, nas primeiras fases dos programas de treinamento4. Em outra meta-análise de estudos do treinamento de força, restritos a aqueles envolvendo crianças com menos de 12 ou 13 anos de idade; e estes estudos forneceram informações suficientes para a análise, os ganhos de força ficaram entre 13 e 30%. A maioria desses estudos envolvia meninos, mas informações limitadas relacionadas ao treinamento de força em meninas não revelaram efeitos óbvios ao gênero. Mas a ausência de lesões demonstrou a segurança de um programa de treinamento supervisionado em crianças4. Os efeitos do treinamento resistido em meninos adolescentes são de interesse particular, uma vez que se pode esperar que o aprimoramento da força desse grupo demonstre uma combinação de (a) ações anabólicas da testosterona, (b) estimulação por fatores como o hormônio de crescimento e o IGF-I, que são responsáveis pelos aumentos normais no volume muscular com o crescimento, (c) adaptações independentes do tamanho, presumivelmente neurais, relatadas tanto em crianças como em adultos, e (d) possível melhora na força contrátil intrínseca da fibra muscular. E foi demonstraram que a atividade eletromiográfica em crianças aumenta à medida que elas treinam, sustentando a possibilidade da melhor ativação neural dos músculos4. As crianças se beneficiariam com os programas de treinamento de força para ajudar a melhorar o condicionamento físico e o desempenho no esporte ou para reduzir a probabilidade de lesões durante atividades esportivas ou recreativas. Os benefícios de um programa de treinamento de força apropriadamente planejado e supervisionado mostram-se superiores aos riscos14. Conclusão Assim encontramos que o treinamento com exercícios resistidos, podendo ser estáticos ou dinâmicos, tem alguma influência sobre alguns aspectos biológicos humanos, como a síntese de células ósseas, glândulas hormonais e alguns hormônios, especialização celular; e aspectos psico-sociais, como o hábito do treinamento ou de pelo menos alguma atividade física que será incorporado ainda jovem. Todos estes tópicos de atenção contribuirão para que se tenha um ambiente positivo que proteja e atenda aos jovens que participem desse treinamento, já que passarão por alguma espécie de estresse, que seja no mínimo estresse muscular. O prazer deve ser minimamente pensado também para que se tenha uma aceitação do indivíduo por todo o treinamento; para isso o professor deve ter atenção com o feedback destes indivíduos, além de toda a atenção com a segurança, como salienta todos os autores revisados neste estudo. Assim que os benefícios sejam maximizados para estas crianças. Referenciais bibliográficos 01. Mcardle WD, Katch FI, Katch FI. Fisiologia do exercício nutrição e desempenho. Guanabara Koogan, 2003. 02. Powers SK, Howley ET. Fisiologia do exercício: Teoria e aplicação ao condicionamento e desempenho. [Tradução: Marcos Ikeda]. Manole, 2000. 03. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm; acessado em 20/02/2013. 04. Rowland TW. Fisiologia do exercício na criança [Tradução: Maria Salete Tilelli]. Barueri, SP; Manole, 2008. 05. Malina RM, Bouchard C. 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