NEUROSE
Objectivos:
• Adquirir conhecimentos acerca das
patologias neurótica;
• Reconhecer as várias formas de
apresentação da patologia;
• Identificar Mecanismos intervenientes na
patologia;
• Abordar algumas formas de tratamento;
• Elaborar um plano de cuidados.
“A pessoa com transtorno neurótico, existe
dentro de um equilíbrio instável entre as
suas motivações inconscientes, impulsos e
desejos, mecanismos de defesa do Ego e
a realidade externa.”
Neurose
• Distúrbio Mental caracterizado por
conflitos intrapsíquicos, tendo o próprio
consciência deles, sendo afectado o
relacionamento com o meio envolvente e
tendo etiologia psicológica e social.
Traço Neurótico
• Não perturbam o funcionamento da
personalidade e são modificáveis pela
vontade do indivíduo, isto porque, são
acessíveia à argumentação lógica,
podendo ser modificados pela vontade ou
persuasão.
Reacção Neurótica
• É desencadeada por uma situação, que vai
despoletar uma “predisposição neurótica”
que se foi criando ao longo do
desenvolvimento do indivíduo e que irá
afectar o funcionamento da personalidade,
devido à ineficácia dos mecanismos do
Ego.
Diferença entre Neurose e Psicose
Corte com a realidade
Consciência do patológico
Capacidade de discernimento
Capacidade de argumentação lógica
Actividade delirante
Actividade alucinatória
Turvação da consciência
Neurose Psicose
+
+
+
D
+
D
+
+
-/+
NEUROSE DE ANSIEDADE
• A ansiedade é uma força vital na vida
humana.
• Só por si não é patológica. O que se pode
considerar patológico, são as situações em
que se verifica uma ausência total de
ansiedade, ou então uma ansiedade
excessiva, inadequada e desproporcionada
face aos eventos em presença.
• A ansiedade é geralmente difusa e pode chegar
•
•
ao pânico.
O termo perturbação de ansiedade só deve ser
aplicado quando os ataques e sintomas ocorrem
na ausência de outros sintomas psiquiátricos
significativos.
A perturbação de ansiedade pode-se apresentar
sob a forma de ataques de pânico ou sob a
forma de distúrbio de ansiedade generalizada.
Quadro clínico
Ataques de pânico:
• Distúrbio recorrente episódico e crónico.
• Os ataques de pânico são a característica
•
•
•
central.
Os ataques ocorrem fora de situações de risco
de vida ou perigosas.
Acompanhan-se de um medo antecipatório,
tornando a pessoa relutante em sair de casa.
Entre os ataques pode estar presente tensão e
nervosismo crónico.
Distúrbio de ansiedade
generalizada
• A ansiedade persistente e generalizada
com pelo menos seis meses de duração.
• Os sintomas específicos dos distúrbios de
pânico, fóbico, e obsessivo- compulsivo
não estão presentes.
• Os sintomas incluem a tensão motora,
hiperactividade, apreensão e vigilância.
Complicações
• Episódios depressivos
• Toxicodependência e abuso de
psicofármacos pode-se verificar,
nomeadamente a dependência dos
ansiolíticos .
Perturbações fóbicas
• A neurose fóbica pode-se caracterizar pela
relação da angústia com pessoas,
situações ou actos, que se tornam
objectos de um terror paralisante,
enquanto o seu significado inconsciente
não é acessível ao sujeito.
As fobias podem ser
caracterizadas como:
• um medo que se transforma em ansiedade
crescente quando o indivíduo é exposto ao
estímulo fóbico;
• um medo que leva a procedimentos que
tendem a evitar esse estímulo;
• um medo desproporcionado em relação à
situação em presença.
As fobias mais comuns são:
• Agorofobia
• Claustrofobia
• Cancerofobia
• Fobia de certos animais
• Fobia de infecções
• Fobia de doença cardíaca
Quando clínico
Fobia simples
• Medo persistente e irracional que compete
ao indivíduo evitar.
• A perturbação provoca grande inquietação
e o individuo reconhece que o seu medo é
excessivo ou sem razão. Contudo, a
exposição súbita à situação pode
desencadear um ataque de pânico.
• Não tem como causa outro distúrbio
mental.
Fobia social
• Medo persistente e irracional que faz com que o
•
•
indivíduo tenha receio de se expor perante
outros.
Grande preocupação e ansiedade motivadas,
quer pela situação propriamente dita, quer pelo
reconhecimento de que o medo é excessivo e
sem razão.
Deve diferenciar-se das situações sociais
desagradáveis que podem causar reacção; do
receio normal de falar em público; da
esquizofrenia; da neurose obsessiva compulsiva;
da fobia simples.
Agorofobia
• Pode apresentar-se com ou sem ataques de
•
•
grande ansiedade.
É constituída por um medo irracional de
abandonar a casa ou o local familiar, de estar só
ou em locais públicos, onde a pessoa julgue
difícil ser socorrida se porventura lhe acontecer
algo.
Restrição progressiva das actividades normais, o
comportamento fóbico invade toda a vida da
pessoa.
Complicações mais frequentes
• Abuso do álcool e de drogas;
• Crises graves de ansiedade;
• Situações de despersonalização e de
desrealização;
• Sintomas hipocondríacos;
• Sintomas obsessivo- compulsivos;
• Tonturas.
Neurose obsessivocompulsiva
• Caracteriza-se pela existência de obsessões e
compulsão.
Obsessões – são ideias, pensamentos, ruminações, que
emergem, com carácter irresistível, na mente da pessoa
e que são considerados como indesejáveis,
despropositados ou desprovidos de sentido.
Compulsões – são actos que derivam das obsessões e
constituem procedimentos rituais cuja execução, embora
imperativa e irresistível, tem como efeito aliviar a
ansiedade do paciente.
Quadro clínico
• Mais frequente em jovens adultos.
• Não tem predilecção especial por sexos.
• Maior frequência em pessoas com inteligência e
•
•
cultura superior aos padrões médios.
Pode aparecer como sequela de quadros de
encefalite e de outros distúrbios orgânicos
cerebrais.
Parece haver incidência familiar.
Quadro clínico (cont)
• O neurótico obsessivo tem consciência dos
seus sintomas (embora estes lhe pareçam
estranhos e inexplicáveis).
• Geralmente, procuram o médico alguns
anos após o início dos sintomas ou em
ocasiões em que se manifestam quadros
depressivos, exacerbação das obsessões,
ansiedade aguda ou incapacitação social.
Quadro clínico (cont)
• Acontecimentos significativos na vida da
pessoa (ex. morte de familiar, conflito
sexual, gravidez, excesso de trabalho,
despedimento, etc.) podem estar
associados com o início ou exacerbação
dos sintomas.
• A sua instalação pode ser súbita ou
insidiosa e o seu curso intermitente ou
episódico.
Sintomas obsessivos
• Ideias obsessivas;
• Imagens obsessivas;
• Convicções obsessivas;
• Ruminação obsessiva;
• Impulsos obsessivos;
• Medos obsessivos;
• Rituais obsessivos (compulsões).
• A complicação mais frequente da neurose
obsessiva é a depressão, de tal forma que,
muitas vezes, estes doentes, são
erradamente diagnosticados.
• Não há evidencia de uma maior incidência
de suicídio, alcoolismo ou
toxicodependência entre os obsessivos,
em comparação com a população geral.
Neurose histérica de
conversão
• Histeria - Distúrbio mental no qual alguns
•
motivos que o paciente parece não perceber
produzem quer uma limitação do campo da
consciência, quer distúrbios da função motora
ou sensorial, os quais podem representar uma
vantagem psicológica ou um valor simbólico.
Os principais sintomas consistem em distúrbios
psicogénicos da função de alguma parte do
corpo, por exemplo, paralisia, tremor, cegueira,
surdez ou convulsões.
Quadro clínico da histeria
conversiva
• Manifesta-se com frequência em adultos
jovens.
• Maior incidência no sexo feminino.
• Grupos sociais menos diferenciados.
• Possível evidenciar incidência familiar.
Quadro clínico (cont)
• Têm frequentemente na sua origem
eventos que provocam traumatismos ou
conflitos psicológicos.
• Difícil situar exactamente o momento do
inicio da “doença”.
• O paciente queixa-se de múltiplos
sintomas e tem, frequentemente, a
convicção de que sofre de doença
orgânica.
Quadro clínico (cont)
• Os sintomas podem flutuar na sua severidade ao
longo do tempo; porém, os quadros
característicos persistem:
- dores recorrentes
- sintomas de conversão
- nervosismo e depressão
- desavenças sexuais e maritais
- hospitalizações e intervenções cirúrgicas
repetidas.
Características clínicas
• Alterações da função:
- Respiratória (dispneia, apneia,
hiperpneia histérica...)
- Cardiovascular (por ex. taquicardia...)
- Visual (perda ou diminuição da visão,
diplopia, etc.)
- Digestiva (anorexia histérica, vómitos,
diarreia, aerofagia, obstipação...)
- Geniturinárias (dispareunia, frigidez,
disúria, indiferença sexual...)
- Alterações histéricas olfactivas, tácteis,
gustativas e outras.
• Contraste entre o quadro clínico
(geralmente mostrado como dramático e
grave) e o teor afectivo e emocional (por
ex, de riso ou circunstancialidade).
Complicações da histeria
conversiva
• Intervenções cirúrgicas repetidas e
desnecessárias;
• Toxicodependência;
• Tentativas de suicídio.
Mecanismos de defesa do Ego
• São mecanismos usados inconscientemente pelo
indivíduo, que o protegem, usando a energia
psíquica derivada do Ego que o inconsciente
emana;
• Não são claramente discernidos e raramente
surgem como fenómeno isolado.
•
•
•
•
•
•
•
•
Anulação;
Compensação;
Deslocamento;
Negação;
Fixação;
Sublimação;
Formação reactiva;
Identificação;
•
•
•
•
•
•
•
•
Intojeção;
Isolamento;
Racionalização;
Regressão;
Projecção;
Simbolização;
Conversão;
Repressão.
Repressão
• São retirados do consciente pensamentos
e sentimentos causadores de ansiedade.
• Mulher é incapaz de recordar que foi
violada em criança.
Conversão
• Expressão de conflitos emocionais
inconscientes através dum sintoma físico,
sem que haja base orgânica.
• Mulher fica paralisada do MSDto no dia em
que tinha de realizar um trabalho
importante.
Deslocamento
• Atribuição de sentimentos a uma pessoa
ou objecto que se relacionam com outra
pessoa ou objecto.
• Partir o lápis depois de uma discussão
com o chefe.
Evitamento
• Consiste em evitar objectos, pessoas,
situações ou lugares, por forma a
contornar a reacção angustiante e ansiosa
desencadeada por eles.
• Evitar frequentar lugares públicos quando
se sofre de Agorafobia.
Rituais compulsivos
• São rituais executados compulsivamente
por forma a libertar a ansiedade.
• Lavar constantemente as mãos.
TRATAMENTO
Neurose de Ansiedade
• Psicoterapia;
• Intervenção junto da matriz familiar e
sociolaboral;
• Farmacoterapia:
- ansiolíticos (benzodiazepinas)
- Beta-bloqueantes (propanolol)
- Anti-depressivos
É importante não esquecer que:
• Esta medicação, particularmente os
sedativos causam dependência física e
psicológica;
• A medicação é apenas um adjuvante do
tratamento e não um substituto da relação
médico-doente;
O tratamento deverá:
• Incidir primariamente na perturbação
fundamental – a perturbação da
ansiedade
Neurose obsessivo-compulsiva
• Psicoterapia;
• Farmacoterapia:
- antidepressivos tricíclicos (clomipramina);
- ISRS ( Inibidores Selectivos de recaptação de
Serotonina), ex: fluoxatina (Prozac).
• Ansiolíticos
Prognóstico
reverter
expontaneamente
Variado
ter curso flutuante
tornar-se crónicos
Neurose Fóbica
• Psicoterapia;
• Intervenção nas matrizes relacionais do
doente;
• Farmacoterapia:
- ansiolíticos (diazepam, alprazolam)
• Anti-depressivos (clomipramina).
Neurose conversiva (histérica)
• Diferenciado num duplo sentido
dependendo:
- do tipo de histeria presente,
- do seu estado de evolução;
- Da conjugação das diferentes terapêuticas
utilizadas (ex:psicoterapia e farmacoterapia)
FARMACOTERAPIA
• Ansiolíticos (ex: diazepam, lorazepam,
bromazepam)
Prognóstico
do tempo de instalação dos
sintomas;
Depende:
das características da
pessoa
Plano de Cuidados
1. Alteração do estado emocional relacionado com
patologia neurótica, manifestado por ansiedade
(ligeira, moderada ou grave).
 Diminuir a ansiedade
 Estabelecer relação de confiança;
Facilitar verbalização de sentimentos e preocupações;
 Reforçar a auto-estima;
 Ajudar a identificar as situações geradoras de
ansiedade e a elaborar um plano para esses eventos;
 Ajudar a desenvolver habilidades de afirmação e de
comunicação;
 Facilitar espaços de relaxamento ao paciente.
Plano de cuidados
2. Isolamento social
 Promover a interacção social.
 Incentivar a participação em jogos ou actividades de grupo;
 Facilitar os processos interpessoais através de uma atitude
empática;
 Oferecer a oportunidade de participar em actividades nas
quais possa obter êxito;
 Demonstrar atitude terapêutica, de aceitação e isenta de
criticas, sobretudo quando o doente descreve os seus
sintomas;
 Ajudá-lo a desenvolver interesses fora de si mesmo –
terapia recreacional e ocupacional.
Plano de cuidados
3. Alteração do padrão de sono, relacionada com
ansiedade, manifestada por insónias.
 Restabelecer padrão de sono
 Proporcionar ambiente calmo e isento de estímulos fortes;
 Estabelecer hábitos regulares de sono;
 Administrar terapêutica prescrita;
 Promover nos períodos diurnos actividades físicas e de
relaxamento facilitadoras do sono;
 Proporcionar um copo de leite quente ao adormecer.
Plano de cuidados
4. Inquietação motora relacionada com ansiedade
manifestada por incapacidade em permanecer calmo e
concentrado
 Diminuir a inquietação motora;
 Que o doente seja capaz de permanecer calmo e
concentrado.
Não pedir ao doente para interromper o seu
comportamento;
 Conceder-lhe tempo suficiente para realizar a sua
actividade ritualística, sempre dentro de certos limites,
para libertação da ansiedade;
Cont.
 Ajudar o doente a explorar os sentimentos associados à sua
inquietação motora;
 Ajudar o doente a organizar o seu tempo livre, proporcionandolhe tarefas simples e estruturadas que requerem concentração;
 Securizar o doente.
Bibliografia
• MORRISON, Michelle – Fundamentos de
enfermaría en salud mental. Madrid: Harcourt
•
•
Brace, cop.1999. 522 p. ISBN 84-8174-349-6.
NETTINA, Sandra M. – Prática de enfermagem.
6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1998.
ISBN 85-277-0449-8. Vol 3.
TAYLOR, Cecilia Monat – Fundamentos de
enfermagem psiquátrica de Mereness. 13ª ed.
Porto Alegre: Artes Médicas, 1992. 465 p.
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