Marta Vaz Couto
Imigração
e
Extrema Direita
na União Europeia
Imigração
• movimento
de entrada, com ânimo
permanente ou temporário, e com a
intenção de trabalho ou residência, de
pessoas de um país para outro
• fluxos contínuos de seres humanos
que resultam profundas desigualdades
no desenvolvimento entre os países
• reflecte no crescente número de
imigrantes clandestinos nos países mais
ricos. Este drama é particularmente
sentido, na União Europeia
Imigração na União Europeia
• Na União Europeia, as leis sobre imigração e asilo
político variam muito de país para país, embora a
tendência seja para a sua uniformização.
• A maioria está a estabelecer um sistema de "quotas",
assim como a estabelecer um processo de selecção dos
imigrantes, nomeadamente através de prestação de
"provas" pelos candidatos (conhecimento da língua, da
cultura, etc). A tendência é a crescente criar um sistema
selectivo que privilegie a imigração de mão-de-obra
qualificada, à semelhança do que faz os EUA ou a
Austrália.
Imigração na U.E.
• Desde 2001 que, na EU, os diversos países têm vindo a
reforçar os sistemas de controlo à imigração ilegal.
• Ainda assim, em 2004 entraram na UE, cerca de 1,4
milhões de imigrantes legais
• Estima-se que mais de 3 milhões de imigrantes vivam
clandestinamente na UE. Entre 800 mil e 1,2 milhões em
Espanha, cerca 750 mil na Alemanha, meio milhão em
França, 250 mil em Itália e na Holanda, mais de 100 em
Portugal. Na Grã-Bretanha o seu número ascende a
largas centenas de milhares. A maior parte destes
imigrantes são procedentes do norte de África, Turquia,
Índia, Paquistão, África subsahariana e dos balcans.
Imigração na U.E.
• O população da União Europeia aumentou
devido à imigração.
• A União Europeia a 31 de Dezembro de 2001,
segundo a Eurostat contava com 379,4 milhões
os habitantes (377,9 milhões no ano anterior).
Calcula-se que mais de 70% deste crescimento
se tenha ficado a dever ao fluxo migratório para
os 15 países que compõe actualmente a UE.
• Espanha, Itália, Alemanha e Reino Unido foram
os países que, em termos absolutos, mais
imigrantes receberam em 2001.
Imigração na U.E
• Nas contas que relacionam a emigração com a
população total, Portugal surge com uma das
mais elevadas taxas migratórias (4,9 por mil
habitantes), apenas ultrapassado pelo
Luxemburgo (9,0), Espanha (6,2) e Irlanda
(5,2).
• O crescimento natural da população
(nascimentos menos mortes) da UE foi de 410
mil pessoas, o que significa um ligeiro aumento
relativamente aos anos anteriores. Também
neste caso, este aumento se ficou a dever aos
imigrantes.
Imigração na U.E.
• Observatório Europeu do
Racismo e da Xenofobia tem
vindo a denunciar o aumento
dos casos de violência racial e
de discriminação em todos os
países da UE. De acordo com
este Observatório, as
principais razões para o
aumento da xenofobia, devemse principalmente ao medo do
desemprego, insegurança em
relação ao futuro, e ao mal
estar generalizado sobre as
condições sociais e as
políticas dos governos.
Imigração na U.E.
Alemanha
Desde a 2ª. Guerra Mundial
que a Alemanha se tornou
no principal destino da
imigração na Europa. Os
seus 7,3 milhões imigrantes
constituíam em 2003 cerca
de 9% da população total. O
principal grupo imigrantes é
originário da Turquia (cerca
de 2 milhões). Calcula-se
que 750 mil imigrantes
vivam neste país em
situação irregular.
Alemanha
• Em 2000 entrou em vigor a lei da dupla nacionalidade. Esta lei
procura promover a integração da segunda e terceira geração de
imigrantes. Os imigrantes clandestinos que são detidos são
expulsos de imediato e postos na fronteira. A Alemanha estabeleceu
convénios com os países vizinhos de forma a expulsar do seu
território todos aqueles que nele tentam entrar ilegalmente. Se o
imigrante não leva documentos, os procedimentos burocráticos
podem levar meses, porque primeiro se tem que estabelecer a
identidade do detido. O imigrante clandestino pode recorrer aos
tribunais, para contestar a decisão do Estado o expulsar. À
semelhança do que ocorreu em outros países da UE, no início do
novo milénio, aumentou significativamente o tráfico de mulheres
para a prostituição e de mão-de-obra.
• Em 2005, uma nova lei da imigração mais restritiva que a anterior,
procura dificultar a entrada de imigrantes sem qualificações
profissionais. Pretende-se também reforçar o sistema de integração,
nomeadamente pelo ensino da língua e da cultura alemã.
Áustria
• Os imigrantes constituem 9,8% da população. Em cada
ano, uma ordem administrativa estabelece a quota para
a admissão de cidadãos de países terceiros, isto é, não
residentes na UE. Em 2000 este número foi limitado a
um máximo de 7.86 pessoas. A lei austríaca permite que
os estrangeiros residentes possam reunificar as suas
familias. No entanto, as pessoas que desejam unir-se
com os seus familiares, estão submetidas a uma cota
fixada pelo Estado.
• Durante 2000, a Áustria foi objecto de sanções por parte
da UE devido a atitudes de membros do seu governo
contra os direitos humanos. Um lei recente impôs a
obrigatoriedade da aprendizagem do alemão a todos os
imigrantes não comunitários.
Bélgica
• Os imigrantes constituíam 8,3% da população. Não existem
números oficiais sobre o número exacto de imigrantes e refugiados
que vivem na Bélgica em situação irregular, calcula-se que seu
número varie entre as 50.000 e as 75.000 pessoas. Nos últimos
tempos a maioria do imigrantes provêm da Ucrânia e dos países do
centro da Europa, como a Eslovénia e a Eslováquia. Até meados de
1999, foi um dos países que onde os imigrantes clandestinos eram
mais durante perseguidos.
• Uma Lei aprovada em Dezembro de 1999, permitiu a muitos
milhares de imigrantes e suas famílias obterem autorização de
residência, depois de demonstrarem que viviam no país há pelo
menos 6 anos antes da data limite para legalização (1 de Outubro
de 1999). O número de anos diminuía para 5 no caso dos filhos
terem idade escolar. Em 2000, a emigração ilegal cresceu cerca de
60% em relação ao ano anterior.
Espanha
• Em finais de 2004, viviam em Espanha 1.854.218 imigrantes legais,
originários da América Latina (600 mil), da UE (478 mil), África (366
mil), Leste da Europa (152 mil) e da Ásia (133 mil). Para além
destes calculava-se que vivam neste país, entre 800 mil e 1 milhão
e duzentos mil imigrantes clandestinos.
• Este país contava em 2002 com 1.324.000 imigrantes, os quais
representavam cerca 4,7% da população (1,9% em 1992). A maioria
dos imigrantes eram originários de Marrocos, Equador, Colombia,
Perú, Rep.Dominicana, Filipinas, China e Roménia.
• Os imigrantes clandestinos trabalham na sua maioria na economia
paralela e são muito mal pagos, vivem e trabalham em condições
miseráveis. A Espanha é um dos países da UE com maior número
de imigrantes clandestinos, os quais são escravizados por máfias
espalhadas por todo o país, em especial na Andaluzia e na região
de Madrid.
Espanha
• O processo de legalização que ocorreu em 2000, permitiu
regularizar a situação de apenas 140.000 imigrantes. Em 2001 o
número de imigrantes superou todas as expectativas, levando a que
fossem adoptadas medidas excepcionais de contenção. Em 2005,
o governo espanhol lançou um novo processo de legalização dos
imigrantes clandestinos, esperando cerca de 800 mil vejam a sua
situação regularizada. O processo de regularização adoptado está
na prática confiado às empresas que empregam estes imigrantes
clandestinos.
• Um das situações mais dramáticas vividas pelos imigrantes na
Europa, regista-se no sul de Espanha e nas Canárias. Todos os
anos muitos morrem afogados quando tentam atingir as suas costas
vindos do Norte de África. Em 2004, a Espanha expulsou 120 mil
imigrantes clandestinos.
Holanda
• Os imigrantes constituíam em 2000 cerca de 4,1% da
população. Este país tem vivido desde 2003 numa
crescente tensão racial, o que tem provocado o adopção
de medidas de controlo da imigração, em especial a
proveniente da Turquia e Marrocos.
• A nova legislação sobre imigração vai passar a exigir
que os candidatos conheçam a língua e a cultura
holandesa. A imigração clandestina tem sido alvo de
severas medidas, nomeadamente em relação à
expulsão. A Holanda tinha em finais de 2004, cerca 150
mil imigrantes ilegais.
Itália
• Os imigrantes em 2000 constituíam cerca de 2,2% da
população. Existe uma cota anula para a entrada de
imigrantes extracomunitários. Um decreto de 1999
permitiu obter residência permanente aos imigrantes
com mais de 5 anos de residência legal no país. Para os
clandestinos a Lei prevê a criação de centros de
acolhimento, até serem repatriados. Quando isto não é
possível ficam em liberdade. Em 2000 o número de
imigrantes que se fixou em Itália aumentou cerca de
13,8%. Actualmente vivem em Itália cerca de 1.270.000
imigrantes extracomunitários.
• Em 2001, o governo italiano estabeleceu um sistema de
"quotas" para a imigração. A afim de regularizar a
situação, em 2002, foram legalizados 635 mil
imigrantes.
Grã-Bretanha
• Os imigrantes constituíam em 2001 cerca de 4%
da população. 39% destes imigrantes são
originários de países da União Europeia. Os
asiáticos constituem depois o grupo mais
significativo, destacando-se entre eles os
originários do Bengladesh, Paquistão e Índia.
• Este país introduziu medidas muito selectivas
em relação à concessão do estatuto de
asilados.
Grã-Bretanha
• Em 2000 cerca de 10% dos imigrantes foram devolvidos
aos seus países de origem, porque os seus pedidos de
asilo se deviam à falta de emprego no seus locais de
origem. Em Março deste mesmo ano o Governo
Britânico anunciou que expulsaria os imigrantes que
explorassem os seus filhos pela mendicidade. As ajudas
do governo são para os imigrantes conseguirem
trabalho e habitação e aprendizagem da língua inglesa.
Nesse ano regularizou a situação de 30.000 refugiados
que haviam solicitado asilo. Contudo, não regularizou os
imigrantes ilegais por motivos económicos que
ascendem a mais de 50.000.
Luxemburgo
• 114 imigrantes por cada
1.000 habitantes (dados
de 2001). Os refugiados
não têm o direito de
trazerem as suas
famílias. Existem um
rigoroso controlo
fronteiriço para evitar a
entrada de clandestinos,
embora cerca de 70% do
crescimento demográfico
deste país se deva à
chegada de imigrantes.
Finlândia
• Os imigrantes em
2001 constituíam
cerca de 1,7% da
população. A maioria
dos seus imigrantes
são originários dos
países da ex-União
Soviética.
Portugal
• Os imigrantes constituem cerca de 5% da população
total e 11% da população activa. A maioria do
imigrantes são originários da Ucrânia, Cabo Verde,
Brasil e Angola. Portugal foi na União Europeia o
país que sofreu a mais rápida e profunda alteração
em termos migratórios.
• O Estado português ainda não tomou medidas
adequadas para assegurar a educação dos filhos
dos imigrantes. A maioria dos imigrantes
clandestinos trabalha em actividades irregulares,
vivem e trabalham em condições deploráveis,
recebendo salários muito inferiores aos
estabelecidos na lei.
Portugal
• Os imigrantes têm o direito de trazer as suas
famílias.
• Em 2001 o número de imigrantes superou
todas as expectativas, levando o governo a
adoptar severas medidas de contenção dos
fluxos migratórios. Os imigrantes só podem
entrar em Portugal para trabalhar, desde que
estejam munidos de uma autorização
passada nos seus países de origem, caso
contrário arriscam-se a ser expulsos.
França
• Os imigrantes constituíam em 2001 cerca de 5,6% da população. A
maioria dos seus imigrantes actuais são originários de países
muçulmanos do Norte de África (Argélia, Tunísia, Marrocos, etc), e
mais recentemente também da Turquia.
• Em 1990 esta percentagem era de 6,3%. Em 1999 a a França
regularizou 83.000 imigrantes sem papeis, cerca de 70% dos
clandestinos. Os que não viram regularizada a sua situação, ou
foram expulsos, ou vivem numa situação muito precária. Entre 1991
e 1997 ocorreram muitas expulsões. Em 1997, foram deportados,
por exemplo, 7.200 imigrantes. As autoridades francesas
recorreram muitas vezes a voos "charter", prática actualmente
abandonada. Durante o ano de 2000 foram frequentes as
agressões a imigrantes do norte de África.
França
• Em 2005, a França vai estabelecer um
sistema de "quotas", subordinada às
necessidades do mercado de trabalho. Os
partidos de direita defende igualmente
quotas por nacionalidade ou etnia, de
modo a evitar a crescente influência da
cultura muçulmana neste país.
O que é a extrema-direita?
•
Direita é o termo geralmente utilizado para designar indivíduos e grupos
relacionados a partidos políticos ou ideais considerados conservadores ou
liberais, em oposição à Esquerda
•
A partir do século XX, o termo foi utilizado para o fascismo (especialmente
aqueles que reprimiram políticos e movimentos de esquerda), e por
oposição ao liberalismo clássico, de livre mercado (principalmente em sua
faceta económica)
•
Definição de extrema-direita: convém associar três critérios
– A situação do espaço político (o partido mais à direita),
– A situação ideológica (neofascistas, tradicionalistas ou neoracistas)
– A atitude hostil para com a democracia constitucional (associada ao
respeito e desenvolvimento dos direitos fundamentais).
O que é a extrema-direita?
• Questões um pouco diferentes: neonazismo; extrema direita (o
nazismo faz parte da extrema direita, mas nem toda a extrema
direita é exactamente nazista ou neonazista); e o extremismo
político (que é um fenómeno mais amplo)
• Diferença entre um partido político, com filiados, militantes, slogans
e bandeiras, e um movimento político mais amplo, principalmente
um eleitorado, que na maioria das vezes não é parte permanente
desses grupos e possui características diferenciadas.
• Um outro fenómeno distinto são as gangs, como, por exemplo,
grupos de skinheads, verdadeiras tropas de choque, que por vezes
esses movimentos produzem. Portanto, nem sempre são as
mesmas pessoas, nem têm as mesmas características, sendo esse
movimento, infelizmente, um processo múltiplo.
Racismo como ameaça ?
• É consensual a seguinte definição técnica
de racismo: a representação de um povo
como inferior por razões naturais,
independentemente da sua acção e da
sua vontade. Esta representação é feita,
naturalmente, por todos aqueles que se
assumem a si próprios como superiores.
Nascimento, expansão, derrota e
hibernação
• O nazifascismo é um movimento que, do ponto de vista imediato,
está ligado à crise do liberalismo e à crise da própria noção de
progresso nos anos 20, ou seja, encontra um grande apoio, uma
razão de ser, como resposta a toda a agitação social, aos
problemas e, especialmente, ao triunfo e existência da Revolução
Soviética no final da Primeira Guerra Mundial
• Ele retoma as tradições conservadoras que vinham praticamente
desde a derrubada do Absolutismo, com as revoluções liberais e
burguesas na Europa. Representavam forças que se opunham à
noção de progresso, de razão, à noção iluminista. Mas, uma vez
que o progresso, o crescimento industrial e a sociedade moderna se
afirmaram, eles permaneceram como filosofias marginais e
exóticas.
Nascimento, expansão, derrota e
hibernação
• Com a Crise de 29 e seus milhões de desempregados
no mundo, além de confrontos por toda a parte, esses
movimentos começam a ganhar uma importância e um
peso formidável.
• O artigo do Le Monde Diplomatique, intitulado "O triunfo
do contra-senso: esta de volta o tempo dos mágicos", de
autoria de Ignácio Ramonet  comparação entre os
anos 70 e 80 com os anos 20 e 30 mostrando o tipo de
produção cultural e de imaginário político que foi se
gerando. A análise do autor foi premonitória, pois o que
foi assinalado, as suas advertências de dez anos atrás,
acabaram por se cumprir integralmente,
lamentavelmente.
Nascimento, expansão, derrota e
hibernação
• Em 1945, o fascismo foi derrotado, mas não eliminado
ou vencido definitivamente
• Com o Plano Marshall, percebe-se uma nova tendência
nos julgamentos de criminosos de guerra, inocentando
pessoas, sobretudo grandes empresários que haviam
sido extremamente activos na manutenção desses
regimes. Um caso muito conhecido é o da família Krupp
na Alemanha, onde, à medida que se deteriorava o
clima internacional e a Guerra Fria ia começando, o tom
do julgamento também se ia alterando e, no final,
aqueles que apoiaram financeiramente o fascismo
acabaram por sair ilesos. Essa é uma segunda razão
pela qual sobrevivem, ainda que em hibernação,
factores e actores que propiciaram a existência do
fascismo depois da Segunda Guerra Mundial.
Nascimento, expansão, derrota e
hibernação
• Durante os "anos dourados" (os anos 30) partidos de
extrema-direita tinham uma composição etária curiosa.
Eram formados por pessoas acima de 60 anos (nazis no
passado) e depois seguia-se a faixa de pessoas de meia
idade; abaixo, uma ampla base social de jovens entre
dezasseis e vinte e quatro anos.
• As pessoas que tinham vivido a “desnazificação” tinham
uma representação muito pequena, a exemplo do
Partido Nacional Democrático, na Alemanha. A única
excepção que deve ser feita nesses países é o MSI
(Movimento Social Italiano), que continuou a manter um
partido de massas representativo nas eleições e que
chegou a fazer parte de uma coligação governamental
em 1994.
Nascimento, expansão, derrota e
hibernação
• Fora essa excepção, normalmente os partidos
viviam uma vida vegetativa e semi-clandestina;
veteranos de guerra, entre outros, que tinham
seus clubes e associações e que utilizavam
certas causas periféricas
• Por exemplo, as mudanças de fronteira na
Europa Oriental eram um dos pontos onde
essas organizações se fixavam, retomando
causas aparentemente válidas como causas
nacionais, para manter viva a solidariedade e a
actuação desses movimentos.
O ressurgimento da extrema direita
e do neonazismo
• Estagnação e a regressão demográfica dos países do
Hemisfério Norte  anos 70, os fluxos migratórios, que
desde as grandes navegações eram do Norte para o
Sul, inverteram-se e passaram a ser do Sul para o
Norte, a partir de uma combinação de dois factores
interrelacionados: um, o problema demográfico em si
mesmo; outro, a reorganização da economia mundial,
que fazia com que alguns sectores económicos do
Primeiro Mundo necessitassem de um tipo de mão-deobra mais barata e se fizesse, efectivamente, um apelo
a vinda de trabalhadores estrangeiros (os turcos na
Alemanha, magrebinos para a França, indianos para a
Inglaterra, etc.)
O ressurgimento da extrema direita
e do neonazismo
• Imigrantes encarregues de sectores que não tinham a
margem de lucro suficiente para subsistir. A ideia de
"invasão dos bárbaros" vai se enraizando no espírito dos
europeus. Dessa forma, a Europa aparece como velho
Império Romano em declínio e os bárbaros, aqueles de
pele morena que vão "invadir e conspurcar" os modos
de vida que os ocidentais detinham. O que impressiona
é a força com que esta noção é difundida nos países
europeus e, por vezes, pessoas esclarecidas, pessoas
de boa orientação política, quando confrontadas com
certas situações, comportam-se a partir desse
referencial ideológico.
O ressurgimento da extrema direita
e do neonazismo
• O descontentamento da juventude com a sociedade de
consumo acabou por desencadear, nos anos 60, os
movimentos de contra-cultura, inicialmente com os
hippies "cabeludos e pacifistas" (e de classe média), que
vão ser substituídos por uma versão mais popular, os
skinheads, que posteriormente vão dividir-se e tomar
caminhos políticos diferenciados. Portanto, há uma
presença muito grande desse movimento de contracultura como desencanto com a sociedade de consumo,
com a sociedade que se centrava na questão do
indivíduo e do enriquecimento pessoal. Esse vai ser,
então, um local de recrutamento para as organizações
fascistas ou neofascistas.
O ressurgimento da extrema direita
e do neonazismo
• Tensões sociais vão encontrar uma válvula de escape
na xenofobia e no racismo, que foi seu grande ponto de
partida e o seu relançamento. Os estrangeiros passam a
significar, nesse sentido, pessoas que iriam tomar seus
empregos, que estariam mudando seus modos de vida,
introduzindo as drogas, a criminalidade, a decadência.
Crescem os pedidos para rever a política de imigração
para refugiados políticos, que havia sido uma
"generosidade" da Europa até aquele momento, muito
motivada pelo passado nazista. Dessa forma, começam
a crescer as tensões por todo lado.
O ressurgimento da extrema direita
e do neonazismo
• Na França, um partido de extrema direita, a
Frente Nacional, que procura negar a sua
identidade neonazista, mas que a todo o
momento faz referência ao passado do regime
de Vichy, ganha base de apoio social, a ponto
de políticos de esquerda, socialistas ou
comunistas, serem obrigados às vezes, nas
suas circunscrições eleitorais, a defender
políticas restritivas à imigração. Os hooligans
vão mostrar que - efectivamente o futebol vai
acabar, na Europa, por se tornar uma espécie
de "ópio do povo" - é o momento de fazer uma
catarse social, literalmente, espancando os
adversários.
O ressurgimento da extrema direita
e do neonazismo
• Na Alemanha também há um renascimento
muito forte da actuação desses grupos, além de
outros países. Numericamente, estes grupos
ainda são pequenos, porém extremamente
activos.
• Assim, retoma-se o culto ao militarismo, à força,
à violência, tudo aquilo que era uma bandeira
sedutora para certas categorias de jovens que a
extrema direita utilizava e empregava. Os filmes
que começaram a ser produzidos na década de
80 [ver levantamento de Ignacio Ramonet] são
realmente preocupantes.
O ressurgimento da extrema direita
e do neonazismo
• Nos anos 90  Os neonazistas começam a fazer
acções, principalmente nos países do Leste Europeu,
que saem do regime socialista. A extrema-direita, o
nacionalismo, a xenofobia e as ideias neonazistas
surgem com vigor em países onde até então não havia,
de certa forma, estruturas e formas de convivência
capazes de lidar com este fenómeno. Os analistas,
então, recorreram à uma explicação simplista, culpando
o comunismo, pouco contribuindo para a real
compreensão do problema. O que houve nestas
sociedades foi um colapso absoluto
O ressurgimento da extrema direita
e do neonazismo
• A questão da xenofobia, neste contexto, tomase grave. Pesquisas feitas pela União Europeia
revelaram que quase três quartos dos jovens da
França não são de origem francesa. A Itália,
hoje com 60 milhões de habitantes, chegará em
2050 com 40 milhões, havendo uma redução de
33% da população italiana, e parte desta
população não será etnicamente italiana. Assim,
o discurso neonazi e racista ganha espaço.
O ressurgimento da extrema direita
e do neonazismo
• Segundo Ramonet, "o obscurantismo seduz cada vez
mais certos espíritos desencorajados pela complexidade
das novas realidades, chocados pela irracional crise
económica." Graças a esse obscurantismo, já se
expandiram através do mundo as revoluções
conservadoras e os diversos fundamentalismos:
islâmico no Ira, puritano nos EUA, católico na França,
ortodoxo em Israel, etc.
• Podem desencadear impulsos destrutivos mais graves
 "Nós corremos o risco de ser como o povo romano,
invadidos pêlos bárbaros que são os árabes, os
marroquinos, os jugoslavos e os turcos", declarou o
ministro do Interior belga José Michel. "Pessoas que
chegam de muito longe nada tem em comum com nossa
civilização". Ideias como esta renasceram em corpos
mais jovens e tornaram-se mais populares.
O ressurgimento da extrema direita
e do neonazismo
• Nos anos 30, Thomas Mann tinha
pressentido o perigo: "o irracionalismo que
se torna popular é um aterrorizante
espectáculo. Sente-se que dele resultará
fatalmente um mal". O contra-senso nutrese de ignorância e medo, de crença e
esperança. São os elementos de toda
religião, de toda superstição.
Extrema direita na U.E.
• As eleições para o Parlamento europeu, de Junho de
1994, permitem a avaliação do diferente peso dos
movimentos de extrema-direita
• Os partidos mais significativos de Extrema-Direita
- Itália: MSI (Alliance nationale) 12,5%
- França: FN 10,5%
- Belgique: VIB-Vlaams Blok (Bloc flamand) 7,8%
FNb (Front national belge) 2,9%
Peso dos partidos de extrema
direita na U.E.
• Os partidos menos significativos de
extrema-direita
- Allemagne Republikaner 3,9%
- Danemark FRP 2,9%
- Pays-Bas CD 1,0%
Peso dos partidos de extrema
direita na U.E.
• A extrema-direita muito pouco significativa
(<1%):
- Espagne FN (Fuerza Nueva Frente
Nacional Blas Pinar)
- Grèce EP (Front national)
- Portugal PDC (Partido da Democracia
Cristiana)
- Grande-Bretagne BNP (British National
Party)
Extrema direita na U.E.
• “Comment expliquer que la France, patrie des droits de
l'homme, pays de l'universalisme, soit aujourd'hui le lieu
d'Europe où l'extrême droite obtient les résultats les plus
importants et où le racisme s'exprime le plus largement
? Il prend des formes diverses dans les discours, les
actes, les votes, dans les discriminations ou les
ségrégations spatiales ou sociales. Il est violent ou larvé,
collectif ou individuel. Il peut être actif ou passif,
conscient ou inconscient.” (…) “Sans doute parce que,
pour beaucoup de Français, la France est menacée, leur
situation et celle de leurs enfants le sont aussi.”
in “Petit dictionnaire pour lutter contre l'extrême-droite “
Problemas em França
• A crise na indústria, a explosão do modelo
tradicional do progresso social, o aumento
do desemprego  o medo de se
encontrarem numa situação de desaire,
em condições piores que os estrangeiros
 xenofobia, rejeição, racismo
Imigração e Extrema Direita nos
Média
• União Europeia, 2002:
“Os Quinze aprovaram um conjunto de
medidas em Sevilha: o combate à
imigração ilegal, gestão das fronteiras
externas e estabelecer com países
terceiros acordos de readmissão em caso
de ilegalidades.” in TSF
Imigração e Extrema Direita nos
Média
•
União Europeia, 2005
– “Alargamento contra a extrema-direita
Em entrevista à revista «Times», o chefe da diplomacia
britânica, Jack Straw, defende que a União Europeia deve
combater a escalada da extrema-direita na Europa com o
alargamento.
O ministro britânico dos Negócios Estrangeiros, Jack Straw,
apela ao alargamento da União Europeia com o objectivo de
combater a escalada da extrema-direita na Europa.
«Nós devemos redobrar os esforços para lançar um apoio à
população visando um suporte ao alargamento da Europa»,
afirmou Straw numa entrevista à revista «Times».
O chefe da diplomacia britânica sublinha que uma «União
Europeia (UE) alargada deve ser uma muralha contra o
extremismo», adiantando que a base da extrema-direita hoje em
dia são «a xenofobia, a geração de medo e de ódio contra os
que não são como nós».”
in TSF
Imigração e Extrema Direita nos
Média
•
Portugal, 2002:
– “O ano de 2002 ficou marcado pela participação  inédita durante a vigência do
regime democrático  de um partido fascista nas eleições legislativas, o Partido
Nacional Renovador. Os temas recorrentes da propaganda do PNR são o
“combate à imigração”, a defesa da “segurança dos portugueses” e da
“identidade nacional”, e a rejeição da União Europeia e da mundialização. Em
cumprimento das leis eleitorais portuguesas, o PNR teve direito –em igualdade
com os outros partidos– aos tempos de antena emitidos na televisão e na rádio,
no que constituiu a face mais visível da sua propaganda, que de outro modo
consistiria apenas em cartazes, pichagens de paredes e autocolantes. Nos seus
tempos de emissão, foram constantes as referências às “ameaças de bandos
étnicos de delinquentes que pretendem pôr em causa a nossa identidade e
autoridade e o direito que temos de sermos senhores do nosso território”; a
passagem de imagens de negros sempre que se abordavam temas como a
“insegurança crónica das cidades” ou “o desemprego, o tráfico de droga e a
criminalidade”; o ataque à “classe política [que] só se preocupa com os direitos
das minorias, dos imigrantes, mas ninguém se preocupa com os portugueses”;
os depoimentos de pessoas que afirmavam “não ter votado desde o 25 de Abril”,
e a escolha de monumentos do Estado Novo como cenários; em alguns tempos
de emissão radiofónicos, o PNR chegou a defender a organização de “milícias
populares”.” in Relatório Anual do SOS Racismo 2002
Imigração e Extrema Direita nos
Média
• Portugal, 2002:
– “A 5 de Janeiro um grupo de «skins» envolveu-se numa cena de
pancadaria no bar «Saloio» (Avenida 24 de Julho, Lisboa); a 19 de
Janeiro, sete ou oito «skins» oriundos do Bairro 2 de Maio (Ajuda)
provocaram uma autêntica batalha campal na discoteca «Jamaica»
(Cais do Sodré, Lisboa) causando três feridos; a 2 de Fevereiro, dois
ucranianos e um estónio, todos sem-abrigo, foram agredidos com tacos
de beisebol –em pleno dia– junto de uma superfície comercial de
Xabregas (Lisboa), por quatro homens que se puseram em fuga antes
da chegada da polícia; a 16 de Fevereiro, um grupo de dez «skins»
provocou e agrediu várias pessoas no Bairro Alto (Lisboa); a 18 de
Fevereiro, agrediram novamente frequentadores do bar «Jamaica»,
tendo na mesma noite sido registada uma agressão no bar «Gringo´s»
(Avenida 24 de Julho, Lisboa); a 23 de Fevereiro, na Portela (Lisboa),
vários jovens foram agredidos por «skins» dos Olivais e da Portela; a 9
de Março, dois candidatos do Bloco de Esquerda à Assembleia da
República foram agredidos –sendo um deles esfaqueado– por oito
«skins» quando colavam cartazes na Calçada da Tapada (Alcântara,
Lisboa)” in Público
Imigração e Extrema Direita nos
Média
• Áustria, 2005
– “Joerg Haider, líder histórico da extrema-direita
austríaca, foi eleito, ontem, em Salzburgo, presidente
da Aliança para o Futuro da Áustria (BZOe), criada
após uma cisão do seu anterior partido, o FPOe.
A eleição - de braço no ar - foi marcada pela
unanimidade dos 564 delegados presentes no
congresso inaugural, tendo-se registado apenas uma
abstenção.”
in Le Monde
•
Imigração e Extrema Direita nos
Média
Suíça, 2005
– “Governo estabelece um novo programa de retorno para os
imigrantes de Magreb
O Governo da Suiça ampliará a ajuda para aqueles solicitantes de asilo
do Norte da África que decidam voluntariamente retornar a seus países
de origem. O novo programa vai sobre tudo dirigido a 2.400 magrebíes,
que apresentaram uma solicitação de asilo antes de 1 de novembro.
O Bund (Estado suiço) quer facilitar o retorno dos solicitantes de asilo
de Argélia, Tunísia, Marrocos, Líbia e Mauritânia, escreve o
Departamento Federal de Migração (BFM) em um comunicado de
imprensa. O segundo objectivo do programa: reforçar o diálogo e a
colaboração com os países de origem.
Toda a pessoa adulta de Magreb que tenha apresentado uma
solicitação de asilo antes de 01 de novembro, mas que agora esteja
disposta a voltar a casa, receberá 2.000 francos, e se for menor de
idade serão 1.000 francos.
Para os projectos individuais de formação, o máximo disponível são
3.000 francos. O Programa de Ajuda aos Retornados realiza-se
conjuntamente com a Organização Internacional para a Migração (IOM)
e a Direcção para o Desenvolvimento e Cooperação da Suiça (DEZA).
in Portugal Diário
Imigração e Extrema Direita nos
Média
•
Itália, 2005
– Berlusconi fecha aliança com Alessandra Mussolini para eleições
O primeiro-ministro da Itália, Silvio Berlusconi, e a neta do ditador
Benito Mussolini, Alessandra Mussolini, que lidera o partido Alternativa
Social, fecharam hoje uma aliança para as eleições gerais dos dias 9 e
10 de abril.
Alemanha, 2005
- Futuro para os judeus na Alemanha?
David Gall, que editou até pouco tempo atrás na internet o jornal Hagalil
para combater o anti-semitismo, concorda com os israelenses. Para
ele, os judeus do Leste Europeu deveriam mudar para Israel e não para
a Alemanha, pois "não há futuro para os judeus na Alemanha. A história
dos judeus na Alemanha deveria se encerrar".
Por outro lado, Gall afirma que a Alemanha parece estar se abrindo
para o judaísmo. Um sinal disso seriam as diversas iniciativas do
governo para combater o anti-semitismo. Em grande parte, trata-se,
contudo, de iniciativas ineficientes e vazias, diz ele: "Este país
realmente não quer judeus aqui. Vêem-se sinais disso por toda parte".
Imigração e Extrema Direita nos
Média
• Paris, 2005
– Os distúrbios nos subúrbios de Paris em 2005 começaram
dia 27 de Outubro devido a perseguição seguida de morte de
dois jovens descendentes africanos Benna e Traoré pela polícia
de Paris.
Os protestos em série depois da morte dos dois jovens duraram
19 noites consecutivas até o dia 16 de Novembro. Os motins
começaram em Clichy-sous-Bois e espalharam-se por vários
bairros de subúrbio de Paris. Jovens indignados, queimaram
8.970 carros e entraram em confrontos com a polícia francesa,
foram presos 2.888 jovens e um morto, além de Benna e Traoré.
O Presidente Jacques Chirac declarou oestado de emergência,
a estimativa de prejuízos foi de 200 milhões de dólares.
in Jornal de Notícias
Distúrbios em Paris: Porquê?
•
A onda de destruição que varreu a
França, em Novembro de 2005, foi
interpretada em muitos países da Europa
como a confirmação da teses há muito
propaladas pela extrema-direita: a
entrada maciça de imigrantes africanos e
muçulmanos, mais dia menos dia
acabaria por se tornar num perigo para a
ordem pública. A razão não seria de
natureza racial, mas cultural.
•
Os africanos estão marcados pelas
memórias da colonização europeia,
nomeadamente pela escravatura. Ainda
que os seus filhos possam aceder à
cidadania francesa, inglesa, portuguesa,
italiana, alemã ou outra qualquer
europeia, jamais se sentirão
verdadeiramente europeus. A cultura e a
história destes países europeus, seria
um obstáculo intransponível para o
nascimento de laços de pertença.
Distúrbios em Paris: Porquê?
•
A mais pequena dificuldade nos seus percursos de vida, acaba
inevitavelmente por fazer renascer antigas humilhações, complexos de
inferioridade ou memórias colectivas julgadas esquecidas ou aceites sem
desconforto. A culpa será sempre atribuída aos antigos colonizadores,
nunca assumida pelos próprios. O ódio torna-se um lema de vida.
•
A França é, neste aspecto, o melhor exemplo desta agonia cultural da
Europa. A imagem que este país tem de si próprio e aquela procura difundir
no exterior está desfasada do tempo. A forma como a França interpreta o
seu passado nos dois últimos séculos, por exemplo, é inaceitável para os
novos imigrantes. Eles são oriundos de países conde os franceses
praticaram em larga escala o tráfico de escravos, saques e matanças sem
fim. É por isso que as grandes referências culturais da nação que se autoproclama guardião dos grandes valores universais, como Liberdade,
Igualdade e Fraternidade, nada dizem a mais de 10% da sua população
originária do norte de África e a sul do Sahara, quase todos de religião
muçulmana (argelinos, marroquinos, tunisinos, etc).
Distúrbios em Paris: Porquê?
• A França acolheu imigrantes (mão-de-obra barata), mas
remeteu-os para os arredores das suas cidades,
confinando-os a guetos. Se por um lado lhes concede a
cidadania, por outro recusa integrar a cultura destes
povos na cultura francesa.
• A discriminação instalou-se na sociedade francesa. Uma
parte da sua população começou a ser tratada como
franceses de segunda, olhados com desconfiança.
Acontece que estes imigrantes não pararam de
aumentar. O dilema é que sem eles a economia
francesa não funciona.
Reacções aos distúrbios de Paris
• The Guardian: "os distúrbios deitaram abaixo a cortina
que existe entre as cidades ricas e os bairros de
subúrbio que abrigam em na sua maioria imigrantes de
Magreb e da África Ocidental que nunca puderam
integrar a sociedade francesa, e se transformaram numa
subclasse acostumada com a discriminação e falta de
esperanças". A BBC citou o "descontentamento entre
muitos jovens franceses oriundos do norte da África" e a
discriminação contra os imigrantes. O grupo SOS
Racisme denuncia regularmente casos de racismo
contra estrangeiros". A BBC também noticia que existe
uma "enorme fúria e ressentimento entre os imigrantes
africanos e os filhos de descendentes africanos nos
subúrbios das cidades francesas."
Reacções aos distúrbios de Paris
• Grupos de extrema direita de toda a Europa estão apostando nos
tumultos da França para conquistar votos e para exigir que os
governos combatam a imigração com leis mais duras
• "Os tumultos são terreno fértil para a extrema direita", disse Thierry
Balzacq, analista especializado nas áreas de segurança e
imigração do Centro para Estudos sobre Políticas Européias, em
Bruxelas, sobre os protestos violentos nas cidades francesas.
•
Os governos, por sua vez, parecem estar tentados a adoptar
medidas que agradam os eleitores de direita em potencial. Os
críticos acreditam que essa foi a motivação do ministro do Interior
da França, Nicolas Sarkozy, que pediu a expulsão dos estrangeiros
que participarem dos tumultos.
Reacções aos distúrbios de Paris
• O líder anti-imigração Jean-Marie Le Pen declarou ao jornal Le
Figaro que a reacção do presidente Jacques Chirac foi "patética" e
lembrou que alerta há anos para as consequências da "imigração
em massa, da corrupção moral dos líderes do país, da
desintegração do país e da injustiça social". Para ele, a situação
avança para o que "podem ser os primeiros sinais de uma guerra
civil".
• A solução, disse Le Pen, é clara: o fim da imigração, leis mais duras
para garantir a nacionalidade e uma política de segurança de
tolerância zero, que poderia envolver o exército.
• "Esses episódios não aconteceram por acaso, mas são
consequência direta de vários governos socialistas que
favoreceram a imigração indiscriminada", disse Giacomo Stucchi,
do partido Liga do Norte, contrário à imigração
Reacções aos distúrbios de Paris
• O NPD alemão, que no ano passado ganhou as manchetes ao
conquistar cadeiras em um Estado do leste do país, disse que os
tumultos demonstram o fracasso da tentativa de criar uma Europa
multicultural. "O NPD deseja aos estrangeiros uma boa viagem de
volta para casa", disse o partido em sua página eletrónica.
• Na Holanda, ainda traumatizada pelo assassinato, do ano passado,
do cineasta Theo van Gogh, que criticava o islamismo, o activista
anti-imigração Geert Wilders pediu na segunda-feira o fim da
imigração de "estrangeiros não-ocidentais".
• Pia Kjaersgaard, líder do Partido do Povo Dinamarquês, foi mais
longe e afirmou esta semana que os tumultos na França são
equivalentes ao terrorismo.
• As campanhas da direita repetiram-se também na Bélgica, na
Áustria e até na Rússia.
Reacções aos distúrbios de Paris
•
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O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, António
Guterres, disse nesta terça-feira que a violência na França é um exemplo
da propagação da intolerância pelo mundo, e denunciou o uso político do
discurso do medo.
"Isso que aconteceu em Paris é um exemplo de uma problemática mais
geral, que é a intolerância (...) muitas vezes ampliada por factores
objectivos, económicos, sociais, de desemprego, situações de pobreza e
exclusão", disse Guterres durante uma breve visita ao Brasil.
"Estamos a enfrentar um clima psicológico em escala global, que é uma
ameaça à instituição da protecção a refugiados", acrescentou, referindo-se
à propagação do "sentimento de intolerância" pelo mundo, que considerou
"uma ameaça à coesão das sociedades e à paz mundial".
"O medo está sendo usado como arma para ganhar votos (...) O risco de a
opinião pública ser totalmente contaminada por essa irracionalidade, que
leva a actos de desespero, é extremamente grave", advertiu Guterres. "É
um problema global, que existe no norte, sul, em todas as partes, a
instrumentação do medo, do ódio racial", acrescentou.
Bibliografia
• http://confrontos.no.sapo.pt/page9b.html
• http://imigrantes.no.sapo.pt/page3.html
• http://www.derechos.org/nizkor/brazil/libros/neonazis/cap
4.html
• http://www.anti-rev.org/textes/Aubry95a/ (Petit
dictionnaire pour lutter contre l'extrême-droite)
• http://www.lemonde.fr/
• http://tsf.sapo.pt
• http://www.publico.clix.pt
• http://www.portugaldiario.iol.pt/
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