Avaliações do letramento: POR QUÊ?
PARA QUÊ?
Prof. Dr. Prazeres
ago 2011
OBJETIVO DA EXPOSIÇÃO

Contextualizar avaliações de letramento, como
o PISA, Prova Brasil e SAEB, no processo
pedagógico
da
escola
pública.
ESTRUTURA DA EXPOSIÇÃO

•
•
•



Conceitos de avaliação:
avaliação do aluno,
avaliação do ensino;
a modalidade em que se inserem as avaliações como o PISA
e o SAEB: avaliação do ensino (não do aluno).
A frequência atual de avaliações da modalidade do PISA,
do SAEB: razões
Avaliação em letramento: por quê, para quê avaliar
letramento; qual o significado de avaliações de letramento
externas à escola
Hipóteses de explicação para o fracasso dos alunos em
avaliações externas de letramento
AVALIAÇÃO DO ALUNO

•
•
•
Avaliação do aluno, do desempenho do aluno,
da aprendizagem do aluno responde às
perguntas:
O aluno aprendeu o que lhe foi ensinado?
O aluno atingiu os objetivos que orientaram o
ensino?
O aluno atingiu os objetivos fixados em
programas, currículos?
AVALIAÇÃO DO ALUNO

•
•
•
•
É a avaliação que se faz no interior da escola –
há diferentes concepções, baseadas em
diferentes “pedagogias”:
formal, informal;
formativa (ao longo do processo), somativa (ao
final de um período)...
para reconhecer a “sabedoria” e
estigmatizar a “ignorância”... ou para
orientar...
ou para certificar (aprovar, reprovar)...
AVALIAÇÃO DO ALUNO

•
•
Nesta modalidade (avaliação do aluno no
interior da escola), a escola e os professores
enfrentam um conflito:
a contradição entre seleção e formação,
entre reconhecimento e/ou rejeição das
desigualdades.
AVALIAÇÃO DO ALUNO

Este tipo de avaliação está
•
ou a serviço da seleção - com a função de
criar hierarquias de excelência ou de certificar
aquisições em relação a terceiros – outras séries
ou ciclos ou graus de ensino, etc.)
•
ou a serviço das aprendizagens, com a função
de regular a ação pedagógica.
AVALIAÇÃO DO ALUNO

•
Na concepção pedagógica atual: a avaliação é
posta a serviço das aprendizagens, não da
seleção nem da classificação ou da certificação,
mas sofre das contradições:
entre a diferenciação que a avaliação revela e,
como consequência, a classificação e a certificação
(aprovar ou reprovar); e a formação que não deve
diferenciar;
AVALIAÇÃO DO ALUNO

Como a avaliação a serviço das aprendizagens leva a
reconhecer diferenças entre os alunos (diferenças entre
as aprendizagens, porque os ritmos são diferentes, as
potencialidades são diferentes, os pontos de partida
são diferentes), mas, ao mesmo tempo, deve negar
(rejeitar) esse reconhecimento, a escola vive hoje uma
contradição:
reconhece as diferenças de aprendizagem, mas rejeita
diferenciar os alunos (princípio da não reprovação, da não
classificação),
• deve tornar iguais os desiguais, se tem condições
pedagógicas e administrativas para isto,
• ou, se não tem, subescolariza os desiguais, mantendo
as diferenças de aprendizagem.
(A organização por ciclo visa a enfrentar essa contradição)
•
AVALIAÇÃO DO ALUNO
Obstáculos
para
serviço do aluno:
colocar
a
avaliação
a
a necessária mudança de concepção que leve à crença no
•
princípio da educabilidade (todos os alunos são educáveis) e ao
compromisso com a luta contra as desigualdades, por meio de uma
pedagogia diferenciada (todos são educáveis, mas cada um é
educável num ritmo e de uma forma diferentes);
AVALIAÇÃO DO ALUNO
a necessária obtenção das condições materiais e institucionais
que permitam uma pedagogia diferenciada, uma individualização do
ensino e da aprendizagem; e
•
uma qualificação dos professores no quadro dessa nova
mentalidade e para a prática dessa pedagogia diferenciada.
•
AVALIAÇÃO DO ENSINO PISA; SAEB...




Avaliação do ensino: foi ensinado e foi
aprendido aquilo que deve ser ensinado e
aprendido?
O que foi ensinado corresponde a uma concepção
atualizada do ensino de determinado conteúdo?
Corresponde ao que propõem programas,
parâmetros (admitindo-se que essas propostas
expressam uma concepção atualizada do ensino de
determinado conteúdo)?
Neste caso, o padrão é externo à escola – trata-se
de uma avaliação externa à escola, diferentemente
da avaliação do aluno, que é interna à escola.
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE
ENSINO

•
Objetivo de uma avaliação exterior à
escola:
colocar a avaliação a serviço da sociedade garantir que a escola ensine aquilo que é
necessário ensinar para a formação do cidadão
contemporâneo.
AVALIAÇÃO CENSITÁRIA
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE
ENSINO


•
•
Fatores que podem explicar o fracasso dos alunos nas
avaliações externas:
Concepções de ensino, de escola e das avaliações
a distância ou a diferença entre o que a escola
tradicionalmente vem ensinando e como a escola
vem ensinando,
e o que as mudanças sociais exigem que ela ensine, o
novo modo de ensinar que as mudanças sociais
exigem (a sociedade muda mais rapidamente que a escola,
a clientela da escola mudou);
AVALIAÇÃO DO SISTEMA DE ENSINO
A defasagem entre aquilo a que já chegaram
os conhecimentos científicos (as ciências que
fundamentam os conteúdos e os processos
escolares) e o que a escola continua a ensinar;


•

a desatualização da formação do professor
em relação ao progresso dos conhecimentos
científicos.
EX: Leitura texto jornal
Importante: Na avaliação interna à escola ou
externa a ela, é sempre a avaliação a serviço do
aluno.
A FREQUÊNCIA DAS AVALIAÇÕES
EXTERNAS

•
•
A partir da década de 1990
No Brasil – SAEB (Sistema Nacional de
Avaliação da Educação Básica), ENEM (Exame
Nacional do Ensino Médio); Provão (Exame
Nacional de Cursos – cursos superiores de
graduação);
2000, internacionalmente – PISA (Programa
Internacional de Avaliação de Estudantes), até
2012
OBJETIVOS

•
Vários são apresentados:
para promover a melhoria do ensino e da
educação;
•
para orientar políticas educacionais;
•
para promover políticas de equidade.

•
•
•
•
Uma avaliação que não pretende classificar
escolas ou certificar escolas e sistemas de
ensino, não pretende ser uma avaliação
comparativa, que busque as diferenças entre as
escolas, a criação de hierarquias de excelência,
mas
uma
avaliação
que
pretende
diagnosticar:
para regular,
para redefinir rumos,
para detectar a distância ou a proximidade
entre o que é e o que deveria ser ,
para indicar as intervenções que são
necessárias.
A AVALIAÇÃO EXTERNA E OS SEUS
OBJETIVOS

•
Por que, atualmente, a avaliação externa se
tornou necessária para que se possa atingir
esses objetivos?
Uma resposta possível: No mundo atual, a defasagem
entre o ensino e as novas demandas sociais (aqui
incluídas as novas condições da vida social e a nova
clientela da escola), entre o avanço das ciências e o
ensino escolar – há necessidade de diagnosticar
para corrigir (como faz o Provão, como deve ser feito com
os resultados do PISA, do SAEB, do Enem) – por isso a
avaliação não se esgota nela mesma, deve ser
continuada, deve ter por objetivo provocar ações,
conduzir a ações.
A AVALIAÇÃO EXTERNA E OS SEUS
OBJETIVOS

1.
Justifica essa hipótese interpretativa,a
defasagem, no caso de letramento, áreas
alvo do PISA e do SAEB, aspectos já
mencionados:
Novas demandas sociais: a distância entre o
que a escola tradicionalmente vem ensinando e
como a escola vem ensinando, e o que as
mudanças sociais exigem que ela ensine, o
novo modo de ensinar que as mudanças sociais
exigem; quais são as mudanças sociais.
A AVALIAÇÃO EXTERNA E OS SEUS
OBJETIVOS

•
•
NO CASO DO LETRAMENTO:
a demanda cada vez mais intensa de
práticas de leitura e de escrita na sociedade
contemporânea, grafocêntrica;
a mudança da clientela da escola,
particularmente da escola pública – desigual
distribuição do acesso à lei
A AVALIAÇÃO EXTERNA E OS SEUS
OBJETIVOS
2.
•
a diferença, distância entre aquilo a que já
chegaram os conhecimentos científicos (as
ciências que fundamentam os conteúdos e os
processos escolares) e o que a escola continua
a ensinar:
o
desenvolvimento
das
ciências
linguísticas – orientando o atendimento às
demandas sociais de uso da língua e de
práticas de leitura e de escrita, e também
esclarecendo as relações entre linguagem e
classe social, linguagem e cultura,
fornecendo, assim, novos fundamentos para o
ensino:
A AVALIAÇÃO EXTERNA E OS SEUS
OBJETIVOS
•
•
de um ensino orientado pela pressuposição
(tanto em português como nas demais disciplinas)
de que, depois de alfabetizados, os alunos
saberiam ler e compreender;
para
um
ensino
orientado
para
o
desenvolvimento do uso da língua e das
práticas sociais de leitura e de escrita – não
só em língua portuguesa, mas em todas as
matérias.
A AVALIAÇÃO EXTERNA E OS SEUS
OBJETIVOS

Da mesma forma que, no interior da escola, a
avaliação permite detectar a defasagem entre o
que se ensina e o que o aluno aprende,
do exterior da escola a avaliação permite
detectar a defasagem entre o que se está
ensinando e o que se deveria estar ensinando;
em ambos os casos, com o objetivo de diagnosticar e
reorientar o ensino.
A AVALIAÇÃO EXTERNA E OS SEUS
OBJETIVOS



Objetivo:
detectar se o desenvolvimento do
letramento nas escolas - de habilidades e
conhecimentos que tornem os alunos
competentes em práticas sociais e
profissionais de leitura e de escrita – é o
que corresponde às demandas atuais da
sociedade, portanto, se responde
adequadamente à formação do cidadão.
HIPÓTESES DE EXPLICAÇÃO DO
FRACASSO


o ensino não está levando os alunos a adquirir
as habilidades de letramento que as práticas
sociais de leitura e de escrita demandam,
atualmente.
pressuposto: os instrumentos de avaliação –
as provas do SAEB e do PISA, avaliam as
habilidades que as práticas sociais de
leitura e de escrita demandam atualmente.
HIPÓTESES DE EXPLICAÇÃO DO
FRACASSO

o ensino está desatualizado, e os
professores também, em relação aos
fundamentos atuais que as ciências
linguísticas
oferecem
para
o
desenvolvimento, nos alunos, de
habilidades de letramento (esta
hipótese seria uma explicação para a
anterior)
HIPÓTESES DE EXPLICAÇÃO DO
FRACASSO
 pressuposto:
os instrumentos de
avaliação – as provas do SAEB e do
PISA, estão fundamentados no
estado atual das ciências linguísticas
no que se refere ao conceito de
letramento e às habilidades de
letramento necessárias para o
cidadão do mundo atual
HIPÓTESES DE EXPLICAÇÃO DO
FRACASSO
 os
instrumentos de avaliação
medem um certo tipo de
letramento (há diferentes tipos de
letramento)
e
determinadas
habilidades – as mensuráveis; não
medem todas ou não medem as
principais habilidades desenvolvidas
no processo de ensino.
HIPÓTESES DE EXPLICAÇÃO DO
FRACASSO
 No
caso do PISA: o instrumento
pode estar avaliando habilidades
de letramento próprias de outra
cultura (os países do Terceiro
Mundo, sobretudo, se saíram mal) –
as práticas de leitura e de escrita,
que constituem o letramento, são
marcadas culturalmente.
HIPÓTESES DE EXPLICAÇÃO DO
FRACASSO
 Pergunta:
em tempos de globalização,
pode-se supor que também as
práticas sociais de leitura e de escrita
devem globalizar-se? A globalização
econômica,
comercial,
industrial,
deve
supor
uma
globalização
cultural?
A confirmação ou negação de todas essas
hipóteses exigiria o conhecimento dos
instrumentos de avaliação – que são sigilosos.
PARA QUE AVALIAÇÃO
LETRAMENTO?



EXTERNA
Apesar de todas as dúvidas, hipóteses, em
virtude da falta de estudos e análises que passem
além simplesmente dos números e das
percentagens, a avaliação externa pode levar
aos seguintes objetivos:
papel de demonstração;
evidenciar às escolas, ao sistema, ao próprio país
que competências e habilidades de leitura os
alunos
deveriam
ter,
portanto,
que
competências e habilidades as escolas deveriam
estar desenvolvendo – mostrar os objetivos a
perseguir, o padrão pelo qual se orientar;
EM
PARA QUE AVALIAÇÃO EXTERNA EM
LETRAMENTO?
 papel
de diagnóstico que fundamente
ações
de
enfrentamento
dos
problemas identificados e de avaliação
continuada: possibilitar que as escolas,
os sistemas de ensino confrontem o
que seu ensino é com o que ele deveria
ser, e possam confirmar o que fazem ou
corrigir rumos, redirecionar o ensino;
PARA QUE AVALIAÇÃO
LETRAMENTO?

EXTERNA
fundamentar tomadas de decisão na área da
política educacional no âmbito da escola e dos
sistemas – papel de fornecimento de indicadores
que definam ações necessárias (por exemplo, no
sentido de garantir equidade e igualdade de
oportunidades a todos os alunos da educação
básica no Estado, nos municípios, no país como
um todo);
EM
PARA QUE AVALIAÇÃO
LETRAMENTO?
 possibilitar
EXTERNA
que as instituições que
formam professores identifiquem as
necessidades do magistério das redes de
ensino público – papel de correção e
redirecionamento
dos
processos
de
formação inicial ou continuada de
professores.
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