Aspectos da infância no Brasil
DOCENTE: EDSON ALENCAR SILVA
Aula -2
 Breve história do processo de institucionalização
escolar;
 A socialização da criança no contexto da
modernidade;
A escola como Instituição
 O que é uma instituição?
- Instituição é um conjunto de normas, regras e
diretrizes que direciona os membros de uma
determinada sociedade (ex: família, judiciário,
Estado, escola, etc.). Ela exerce um papel
importante, pois é através dela que os indivíduos são
socializado;
- A escola é uma instituição responsável por
transmitir, e inculcar normas educativas nos
diversos indivíduos de uma dada sociedade;
A escola como instituição
 A escola como nós conhecemos data de pelo menos o
século V d.C. Porém, foi somente no final da Idade
Média que ela passou a tomar maior foco;
 Durante esse período, na Europa, as escolas eram
tocadas e administradas por clérigos e se constituíam
em escolas elementares.
A escola como instituição
 Com o passar dos anos elas passaram a ser
essenciais. Fosse no plano religioso, que via na
escolarização um ótimo meio de proselitismo, fosse
com a expansão da industrialização, para o
provimento de mão-de-obra treinada. O fato é que a
escola tornou-se uma importante instituição de
socialização.
A escola como instituição
 Com um aspecto visivelmente utilitarista, a escola
passa a ser o locus do saber e responsável por
modelar as mentes dos jovens aprendizes;
 Firma-se sob o modelo científico da modernidade,
baseado na razão e no ensino humanístico, de mais a
mais a religião vai sendo relegada a segundo plano.
Nasce a instituição de ensino laica, provida e dirigida
pelo Estado.
A escola como instituição
 Em uma civilização dominada pelo Capitalismo a
escola tendeu a se adequar a ideologia dominante.
Multiplicaram-se os modelos de escolas para a classe
trabalhadora, como meio de condicionar mão-deobra para o mercado. Ao passo que para a classe
dominante vigorou um modelo de escola baseado em
uma formação humanística e científica.
Atividade 1
Com base no fragmento abaixo, tracem uma reflexão sobre
o que entendem acerca da noção de instituição escolar no
Brasil.
A sociedade, a educação e os indivíduos:
(...) cada sociedade, considerada num momento
determinado do seu desenvolvimento, tem um sistema de
educação que se impõe aos indivíduos com uma força
geralmente irresistível. É inútil pensarmos que podemos
criar os nossos filhos como queremos. Há costumes com os
quais temos que nos conformar; se os infringimos, eles
vingam-se em nossos filhos.
Atividade 1
Estes, uma vez adultos, não se encontrarão em condições de
viver no meio dos seus contemporâneos, com os quais não
estão em harmonia. Quer tenham sido criados com ideias
muito arcaicas ou muito prematuras; tanto num caso como
noutro, não são do seu tempo e, por conseguinte, não estão
em condições de vida normal. Há pois, em cada momento
do tempo, um tipo regulador de educação de que não
podemos desligar sem chocar com as vivas resistências que
reprimem as variedades das dissonâncias. (DURKHEIM,
2001, p. 47)
Escola e classe sociais no Brasil
 Há que se distinguir, no entanto, que, assim como o
conceito de criança é dúbio, ou seja, tem dois pesos –
no que se trata a classe social - a escola como
instituição constituiu-se da mesma maneira;
 Para o potencial cidadão de bem uma escola bem
aparelhada, para os demais, uma escola ora voltada
para constituir mão-de-obra, ora para “socializar”
em internatos o potencial delinquente.
A escola e o Estado
 De acordo com Corrêa (2003) enquanto política
pública na década de 1930, o Estado brasileiro proibiu
o trabalho de crianças com menos de 12 anos e relegou
a um limbo jurídico os “menores” de 14 à 18 anos.
Esses indivíduos passaram a ser lançados em
instituições
“educacionais”
como
“menores
delinquentes”.
A escola e o Estado
 A influência do higienismo foi dominante nesse
período, o que determinou, em grande medida, a
“biologização” de problemas de delinquencia e a
assistência desse indivíduo ao trabalho feminino ;
 Misturaram-se no período os discursos médicos e
jurídicos, todos apontando para a noção de
potencialidades dos indivíduos enquadrados como
menores delinquentes ou abandonados;
A escola e a sociedade
 Constitui-se, com o passar dos anos, a noção de que a
escola poderia resolver sozinha os problemas do
Brasil, pois lidava com o “futuro”;
 A escola, assim como todo o projeto moderno, não
deu conta de cumprir as suas promessas e, dessa
maneira, segue até os dias de hoje sob o mesmo
modelo: cristalizado no passado e inflexível para o
porvir;
Atividade
 Em relação ao que foi discutido anteriormente, o que
o poema Verdura, composto por Paulo Leminski
(1944-1989) pode revelar?
Atividade
Verdura
De repente me lembro do
verde
Da cor verde a mais verde que
existe
A cor mais alegre, a cor mais
triste
Verde que veste, verde que
vestiste
No dia em que te vi
No dia em que me viste
De repente vendi meus filhos
Pra uma família americana
Eles tem carro, eles tem grana
Eles tem casa e a grama é
bacana
Só assim eles podem voltar
E pegar um sol em
Copacabana
Pegar um sol em Copacabana
Paulo Leminski
Empirismo e Historicismo
 Pedagogia provinda do Iluminismo, surgida a partir da
ascensão da burguesia e dos Estados nacionais no território
europeu (séc. XVI e XIX);
 Os valores principais dessa abordagem centravam-se no
desenvolvimento intelectual do indivíduo, baseado no
desenvolvimento histórico do homem, além do raciocínio
científico e empírico;
 Esse tipo de abordagem é formado por duas linhas
divergentes, mas que historicamente se evocavam e se
completavam (ARAÚJO, 2011).
EMPIRISMO E HISTORICISMO
 “Se o empirismo valoriza a ciência como meio e fim
educativo, reportando a educação à instrução e esta para a
formação da mente interpretada no sentido cognitivo e
epistemológico, o historicismo fixa o valor da história como
habitat da formação, como centro da cultura, mas também
como modelo de formação, que implica a construção da
personalidade enquanto entremeada de cultura e
caracterizada pelo pensamento como atividade
crítica (CAMBI, 1999 p. 315-6).”
A ESCOLA NOVA
 Surgida na Inglaterra no final do século XIX, a Escola Nova
propunha que não há uma essência humana desde o
nascimento, mas sim construída durante toda a sua
existência. (CAMBI, 1999). Assim, a aprendizagem deveria
seguir o ritmo da vida, variando de indivíduo para
indivíduo;
 Essa abordagem possibilitou a criação de novas técnicas e
metodologias de ensino;
A ESCOLA NOVA
 Ganhou muito espaço na Europa, nos Estados Unidos e no
Brasil, foi impulsionada pela ação de Ruy Barbosa e do
Manisfesto dos Pioneiros da Escola Nova, proposto por
intelectuais como Lourenço Filho (1897-1970) e Anísio
Teixeira (1900-1971) ;
 A abordagem geral dessa escola de pensamento propunha
um ensino não massificante, ou seja, que adequasse melhor
o educando dentro da escola incentivando-o a livre troca de
ideias, com o intuito de melhor prepará-lo para à vida em
comunidade, transformando, assim, a sala de aula em uma
espécie de pequena sociedade.
TECNICISMO
 Desenvolvido primeiramente nos Estados Unidos, o
Tecnicismo foi introduzido no Brasil nas décadas de
1960-70 como modelo ideal para suprir as novas
necessidades por trabalhadores qualificados para
indústria;
 O objetivo principal preparar “indivíduos competentes
para o mercado de trabalho por meio da transmissão de
informação de maneira rápida, eficiente, objetiva e
precisa. Esse modelo via o aluno como depositário de
conhecimentos que deveriam ser acumulados na mente
por meio de associações (MATUÍ, 1995 apud. ARAÚJO,
2011).
TECNICISMO
 Tecnicismo significa abuso ou valorização execessiva dos
recursos tecnológicos. A ênfase na aprendizagem, portanto,
centra-se em desenvolver bons técnicos que possam dar
conta das novas demandas impostas pelo avanço da
sociedade industrial capitalista. O ensino é visto como algo
que deve se pautar pela utilidade objetiva e imediata, sem
abrir muito espaço para abstrações intelectuais;
 Essa linha teórica ganha plena força durante o governo
militar justamente por seu potencial formador de corpos
dóceis (FOUCAULT, 1986). A proposta era formatar o
pensamento do aluno educando-o para o trabalho e para a
vida como um “bom cidadão”, “ciente” de suas obrigações
para com a sociedade.
Atividade 4
 Com base no que foi tratado até aqui, escolham uma
das abordagens acima e apresentem uma proposta
de uma escola que possa melhor se adequar aos dias
de hoje:
A socialização da criança no contexto da
modernidade
O que é a modernidade?
 Entende-se por modernidade a época em que, no
ocidente, paulatinamente, passou a dar maior foco
ao homem e a racionalidade (TOURAINE, 1999);
 Esse período ficou marcado por um forte desejo de
adequação à ideais humanistas e progressistas. Além
do mais, coincidiu com o advento do capitalismo e
avanço da sociedade burguesa.
A socialização da criança no contexto da
modernidade
 Nesse contexto surgiram várias abordagens que
apontavam para um tratamento diferenciado para os
pequeninos, tratando-os como seres importantes ;
 A criança agora considerada um ser de grande
importância necessitava de cuidados especiais e
retirada do convívio pernicioso do mundo adulto,
passou a ser cercada de cuidados que antes não lhe
eram dispensados;
A socialização da criança no contexto da
modernidade
 No
ambiente escolar a criança deveria ser
direcionada à atividades consideradas essenciais
para a sua formação pessoal. O intuito principal era
dotar as crianças de ensinamentos tais que a
possibilitasse exercer o uma função na sociedade;
 O convívio com outras crianças passou a ser
valorizado e, assim como as práticas pedagógicas,
A socialização da criança no contexto da
modernidade
 A título de exemplo, São Paulo, no início do século
XX, foi palco de vários intentos, de cunho
replublicano, de abordagens e projetos pedagógicos e
arquitetônicos. Esses empreendimentos pautavam-se
por ideias republicanas e buscavam impor um
modelo de ensino democrático e humanitário às
crianças atendidas nessas instituições;
 Uma
imagem de criança idealizada como a
propagadora da república foi amplamente divulgada
e fomentada desde então.
Ideias Principais
REFERÊNCIAS
 ARAÚJO, 2011 – Concepções do designer educacional sobre
aprendizagem para o desenvolvimento de recursos
multimídia – Dissertação de mestrado, defendido pela PUC-SP – 2011
 CAMBI, Franco. História da pedagogia; tradução de Álvaro
Lorencini. São Paulo: Fundação Editora da UNESP (FEU), 1999.
 CORRÊA, Mariza. A cidade dos menores: uma utopia dos anos 30, in
História Social da Infância no Brasil. Org. Marcos Cézar de
Freitas. 5ª ed. São Paulo: Cortez, 2003.
 DURKHEIM, Émile. Educação e Sociologia. Lisboa: Edições 70,
2001.
 FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir: História da violência nas
prisões. Rio de Janeiro: Vozes, 2000.
 TOURAINE, Alain. Crítica da modernidade. Vozes: Rio de Janeiro,
1999
 VELOSO, Caetano. Verdura (Paulo Leminski). In Outras Palavras.
LP. Phillips: Rio de Janeiro, 1981
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