BISCOITOS l CANDIES l CHOCOLATES l SNACKS l SUCOS E REFRESCOS Nº 225 Junho 2013 Todo mundo ligado no CHOCOLATE A onda agora são as SNACKS faltam mais tipos saudáveis ENTREVISTA o bom gosto da Dauper versões premium e as formulações gourmet Carta do editor Foco no nordeste Ano XXV - nº 225 - junho de 2013 Diretores Beatriz de Mello Helman e Hélio Helman REDAÇÃO Diretor Hélio Helman [email protected] Editor Fábio fujii [email protected] Diretor de Arte FLÁVIO TOSHIAKI HOrita [email protected] administração Diretora BEATRIZ Helman [email protected] Publicidade Antonio Canela barreto Jalil issa gerjis jr. Sérgio antonio da silva [email protected] International Sales multimedia, inc. (USA) Fone: +1-407-903-5000 - Fax: +1-407-363-9809 U.S. Toll Free: 1-800-985-8588 e-mail: [email protected] Assinatura keli oyan Fotografia shutterstock Foto da Capa shutterstock Design da Capa FLÁVIO TOSHIAKI HORITA Bureau, CTP e Impressão IPSIS GRÁFICA E EDITORA EDITORA DEFINIÇÃO Doce Revista é uma publicação mensal da Editora Definição Ltda. (CNPJ 60.893.617/0001-05) dirigida ao setor doceiro e às suas redes de atacadistas, distribuidores, varejistas e supermercadistas. Redação, administração e publicidade: Rua Itambé, 341 - casa 15 - São Paulo - SP - 01239-001 Fone/Fax: (011) 3666-8301 e-mail: [email protected] site: www.docerevista.com.br Dispensada da emissão de documentação fiscal, conforme Regime Especial Processo DRT/1 nº 11554/90 de 10/09/90. Circulação julho de 2013 Membro da Anatec Associação Nacional das editoras de publicações técnicas dirigidas e especializadas. Doce Revista junho 2013 T ema de capa da presente edição, o consumo e chocolates no Brasil ainda é considerado baixo, apesar do pujante crescimento do setor nos últimos anos. Um dos fatores aos quais se atribui o cenário é a ainda ineficiente cobertura da distribuição, consideradas as dimensões do país. Interessante estudo da consultoria Mintel, repassado com exclusividade à Doce Revista, sustenta entre as várias conclusões que o desenvolvimento do norte/nordeste se insere como um importante foco do mercado. O relatório Chocolate - Brasil 2012 observa que o aproveitamento do potencial das classes emergentes, principalmente dessas duas regiões, tem se tornado um ponto essencial para a indústria. 47% dos consumidores do norte e 38% do nordeste pertencem à classe C, um total equivalente a 27 milhões, além de 28 milhões da classe D. A atração em particular pela região é fruto dos significativos 58 milhões de nordestinos e sua baixa participação no PIB (13,1% contra 16,5% no sul). A flagrante melhora na economia regional tem impulsionado um forte interesse e investimentos. Ainda assim o nível de consumo de chocolate permanece muito mais alto no sul/sudeste. Em média, o brasileiro consome 200 gramas de chocolate do tipo bombom per capita ao ano e 170 gramas de chocolate tipo tablete. No norte/ nordeste, porém, essa referência representa apenas um quarto da média nacional. Mesmo assim, essas regiões experimentaram um crescimento de três dígitos no consumo de chocolates entre 2002 e 2008, contra um aumento de 37% no sudeste, no mesmo período. O consumo médio no norte/nordeste, no entanto, permaneceu abaixo da média nacional com valores aproximados a 60 gramas per capita. A indústria chocolateira vem implementando projetos para expandir a produção local e atender à crescente demanda regional. Entre meados de 2010 e de 2011, um pouco mais de um quinto dos consumidores afirmaram que estão comendo mais chocolates do que no ano anterior. Nesse mesmo período, quase um terço dos consumidores no sul disseram que aumentaram a compra do produto. A principal diferença entre as regiões está na quantidade de chocolates comprada em cada ocasião. Persiste ainda uma diferença entre o número de consumidores no nordeste que come barras individuais tamanho padrão (48%) comparado aos do sul (64%). Outro contraste importante está na penetração da categoria no número de consumidores do nordeste que “nunca comem chocolates” (23%), sendo essa faixa ainda maior do que no sul (14%). A melhoria na distribuição dos grandes produtores deve proporcionar uma redução contínua nas diferenças entre as regiões. Os produtores confiam que o consumo das classes menos favorecidas será maior do que o visto não somente em outras regiões, mas também mais alto do que o atual. Em mercados maduros, como Reino Unido, a população de renda mais baixa é também a que mais consome chocolates, uma tendência que, provavelmente, se repetirá nos mercados emergentes. Também contribuem para elevar a produção e o consumo no norte/nordeste iniciativas como a do V Festival do Chocolate e Cacau, em Ilhéus (BA), promovido de 3 a 7 de julho. Com apoio de entidades do setor brasileiro de cacau, dos governos municipal e estadual, além da Doce Revista, o evento contou com exposição de produtores de cacau e chocolate regionais, fórum e palestras, a cargo de especialistas como Diego Lozano, Mort Rosemblum, Lucas Corazza e Chloé Doutre-Roussel. Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br Doce Revista JUNHO 2013 3 3 SUMÁRIO BISCOITOS 30 CAPA CHOCOLATE o lado gourmet da onda de consumo Sem mostrar sinais de saturação, a cadeia chocolateira nacional avança em todas as frentes com especial ênfase na demanda premium 14 ENTREVISTA DAUPER carona na demanda especial Diretor comercial da indústria pioneira na fabricação de cookies no país confirma o avanço da demanda de itens gourmet e detalha planos que incluem nova fábrica e divisão de lojas 24 PDV SNACKS mais espaço para tipos saudáveis Com a demanda garantida das versões convencionais, a indústria ainda engatinha na oferta de aperitivos salgados e doces com redução de sódio, gorduras e calorias 38 SUSTENTABILIDADE DORI ação verde aproveita até casca do amendoim Com investimento de R$ 15 milhões, a indústria de Marília (SP) aposta em projetos sustentáveis para fábrica de confeitos e centro de inovação 40 DESTAQUE CONFEITOS DE CHOCOLATE a procura aumenta no frio? Enquete exclusiva com atacadistas, distribuidores e supermercadistas, a cargo da Destaque Business Research, apura a venda de chocolate ou itens com recheio e cobertura à base do produto no inverno SEÇÕES 06 MIX importadora Interfood assume representação da suíça Ricola e introduz seis versões das balas fitoterápicas, entre outros destaques 18 CONSULTORES a análise de especialistas dos mercados de açúcar e cacau 42 GIRO lançamentos 46 SAÚDE e BEM-ESTAR empresária da ala de orgânicos relata a trajetória da marca Monama na produção e distribuição de itens naturais isentos de lactose e glúten 4 Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 5 MIX BISCOITOS Mídia alternativa D epois de pegar garupa no Dia dos Namorados, a promoção “Mais Créditos, Mais Amor”, do bombom Sonho de Valsa, ganhou ainda mais visibilidade com a divulgação da marca e da ação em cupons de recarga de celular, nos estados do Rio Grande do Sul e Paraná. Para reforçar a tacada nos estados do sul, a Mondelez International, detentora da marca, costurou parceria com a Mídia & Cupom, atingindo diretamente o público-alvo. Entre os dias 17 e 21 de junho, quem fez a recarga do celular em um dos 7.190 pontos de venda recebeu as informações sobre a ação no cupom gerado pela recarga. Armazéns, mercearias, bancas de jornal, revistas, panifica- Sergio Savarese PROMOÇÃO doras, confeitarias, bares e restaurantes figuram entre os locais participantes. Até o final de julho, a promoção vai sortear mais de um milhão de prêmios, que variam de R$ 1 a R$ 100 em créditos de celular. Para participar, basta adquirir os bombons Sonho de Valsa ou Ouro Branco, encontrados em embalagens especiais, e enviar o código impresso no papel por mensagem de texto para o número 30135. O envio do SMS é gratuito e o consumidor saberá imediatamente se ganhou o prêmio. “Ao divulgar a campanha no momento em que o consumidor coloca os créditos em seu celular, incentivamos que, no mesmo instante, o cliente compre o bombom Sonho de Valsa e envie o SMS para concorrer a mais saldo em seu aparelho móvel”, observa Marcelo Morishito Costa, gerente de marketing de bombons da Mondelez Brasil, acrescentando que ação visa alcançar 500 mil consumidores na região sul. IMPORTAÇÃO Ricola vai decolar A importadora Interfood anunciou em junho o lançamento no Brasil da marca de balas suíça Ricola. Produzidas através de um blend de 13 ervas nas montanhas dos Alpes, as balas Ricola foram introduzidas na Europa na década de 1930. Criadas pelo padeiro Emil Richterich, fundador da confeitaria Richterich&Compagnie, em Laufen, na Suíça, elas mantêm a mesma qualidade e tradição até os dias de hoje e estão presentes em mais de 50 países, com filiais por toda a Europa, Ásia e EUA. “O produto, reconhecido mundial- 6 Doce Revista junho 2013 mente como gourmet, é fitoterápico, de baixa caloria, sem açúcar, funcional, sem glúten, lactose e corantes ou aromatizantes artificiais, além de ser cultivado organicamente”, informa Bruno Airaghi, diretor de planejamento estratégico da Interfood, conhecida no varejo doceiro pela importação do chocolate suíço Frey e da marca Wonka, da também suíça Nestlé. A bala Ricola é recomendada para o dia a dia, completa ele, pois tem efeito funcional, isto é, faz bem para a boca e a garganta. Além disso, a linha possui versões de embalagens próprias para se ter no carro ou na bolsa. Airaghi relata que, recentemente, a Readers Digest analisou as marcas mais confiáveis em 15 países europeus e, na Suíça, mais de 1.500 consumidores participaram. “A Ricola alcançou o maior índice na categoria Marca Mais Confiável em produtos de confeitaria e vem conquistando o mesmo resultado nas pesquisas de consumo desde 2008. Além disso, o produto foi também inserido entre as 20 marcas mais influentes da Suíça pelo Young & Rubicam Group”, assinala o diretor. No Brasil, comenta o diretor, a marca será comercializada nos principais pontos de venda (PDVs) do varejo e trade da categoria. “Estamos iniciando a distribuição com seis itens da linha (com cinco sabores) que pretendemos consolidar neste primeiro ano e, depois, vamos introduzir mais novidades”, informa Airaghi. Ele detalha que a distribuição será focada em todos os canais de varejo, incluindo grandes e pequenas cadeias de supermercados, delicatessens, lojas de conveniência e o canal farma. O preço médio sugerido gira em torno de R$ 10 a R$ 15 para cada embalagem de 45g do tipo flip top. Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br PATROCÍNIO Esse chicle é show P ara aproximar ainda mais a marca Poosh! do público pré- adolescente, a Arcor banca aposta na plataforma do entretenimento musical. Através da linha de chicles juvenil, a companhia fechou o patrocínio do Z Festival, numa parceria com a XYZ Live, empresa geradora de conteúdo para as gerações X, Y e Z, através de soluções de comunicação em branded entertainment. Com estimativa de público de 20 mil pessoas, o evento está previsto para 31 de agosto, no Espaço das Américas, em São Paulo. Com investimento de R$ 1 milhão em marketing, patrocínio, ponto de venda (PDV) e ações digitais, a empresa projeta aumentar o giro da linha em cerca de 8% em volume e 17% em faturamento, além de expandir a distribuição do produto para outros estados e expandir seu market share. Segundo leitura da ACNielsen, a marca Poosh! detém 35% de participação no segmento de chicles infantis na capital paulista. “Identificamos um mercado gigante, estratégico para a nossa marca e que cresce potencialmente. Esse grupo antecipa tendências e busca a personalização e identificação com o produto”, assinala Loredana Mariotto, diretora de mar- Doce Revista junho 2013 keting da Arcor do Brasil. Essa nova geração, conhecida como Z, complementa ela, nasceu conectada à internet e um dos seus hobbies favoritos é escutar música. Para a executiva, o objetivo de ações como essa é aproximar do público tween (pré-adolescentes) e proporcionar contato direto e maior interação com a marca. Trabalhar um produto com a marca de um festival de música é uma oportunidade de envolvê-lo nas paixões dos consumidores”, resume Bazinho Ferraz, presidente da XYZ Live. Só na cidade de São Paulo, argumenta ele, mais de um milhão de jovens estão inseridos nesse recorte etário e os dados de consumo ajudam a desenhar um mercado com potencial explosivo. “Dentro do setor alimentício, por exemplo, 66% desses jovens tomam refrigerante, 55% bebem sucos industrializados e 38% pedem comida pelo delivery. Eles também compram mais celulares, materiais de informática e som, em comparação com os jovens acima dos 18 anos”, reporta Ferraz. A linha de chicles da Arcor ganha uma nova apresentação com a série Poosh Z Festival. Com embalagem moderna, o produto conta com um mix conceitual, revestido com casquinha crocante e recheio líquido, em edição limitada para o Brasil. A cota de patrocínio inclui a exibição de vídeo institucional de 30 segundos no telão antes do início de cada banda, inserção da logomarca em placas de comunicação, backdrop na pista e distribuição de amostras grátis (sampling), entre outras tacadas. Além da participação no show, a empresa prevê ainda ações de ativação no PDV, intervenções de marketing digital nas redes sociais, como concursos culturais e mídia online, e campanhas com o trade (atacado e distribuidor) com foco em São Paulo. Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 7 MIX BISCOITOS REPRESENTAÇÃO Cereal fenomenal I ntegrante do First.Group, a Premium Distribuidora assumiu a representação exclusiva da linha de cereais Granix, número um do mercado argentino, com 40% de participação naquele país. A estreia aconteceu em maio na feira da Apas (Associação Paulista de Supermercados), com a apresentação das versões Sweet Flakes (de flocos de milho com açúcar), Corn Flakes (flocos de milho natural), Honey Flakes (flocos sabor mel) e Choco Flakes (flocos sabor chocolate), repassa Rafael Prats, gerente comercial da distribuidora baseada em Santa Catarina. “Todos os produtos foram submetidos a uma readequação nas embalagens, com design a cargo do de- partamento de marketing da Premium”, comenta ele. Com a linha de cereais em seu mix, prossegue o gerente, a empresa projeta expandir as vendas cobrindo áreas hoje não supridas e onde a distri- buidora identificou demanda existente. “O objetivo inicial é enfatizar a operação da Premium e mostrar o rol de produtos que estamos distribuindo”, sublinha Prats. Além da Granix, a empresa opera com outras quatro marcas e hoje conta com mais de 250 produtos em seu portfólio, entre guloseimas e bebidas importadas do Chile, Espanha e Itália, além da linha de batatas chips Jacker, trazida da Malásia. “Atuamos com artigos inseridos no reduto de consumo premium e que, apesar das instabilidades na balança comercial, vêm se sustentando com solidez, projetando um crescimento em 30% no volume de vendas comparado a 2012”, assinala Prats. smartphone a devassa dos candies O acesso instantâneo às informações sobre o perfil nutricional e os impactos socioambientais dos produtos fazem parte da mais recente iniciativa global da Nestlé. Desde junho, qualquer pessoa que comprar um multipack do chocolate Kit Kat no Reino Unido e na Irlanda 8 Doce Revista junho 2013 poderá descobrir mais sobre onde o confeito se encaixa em uma dieta e um estilo de vida balanceado, e como foi fabricado, simplesmente escaneando a embalagem com um smartphone. Ainda não há previsão de quando o recurso vai ser implementado em outras partes do mundo, inclusive no Brasil. Os multipacks do Kit Kat terão um código de barras QR (Quick Response), que encaminhará os consumidores para sites digitais onde encontrarão informações muito mais detalhadas sobre o produto do que aquelas habitualmente disponíveis na embalagem. A Nestlé planeja incluir o QR code em todo o seu portfólio para ajudar os fãs de suas marcas a escolher o que comprar ou consumir. “Esperamos que os consumidores, em qualquer parte do mundo, usem os QR codes para aprender mais sobre nossos produtos”, afirma Patrice Bula, diretor de Negócios Estratégicos, Marketing e Vendas da Nestlé. A empresa, acrescenta ele, já possui um conteúdo rico em informações sobre o valor nutricional e os impactos socioambientais do que produz e, portanto, faz todo o sentido compartilhar essas informações com os consumidores. O QR code é um tipo de código de barras que, quando escaneado com um smartphone, dá acesso a um link para um aplicativo de celular ou para um website. Os consumidores que escanearem o QR code em um produto Nestlé conseguirão obter informações adicionais sobre como o produto se encaixa em um estilo de vida saudável, inclusive orientações sobre porções, idéias de receitas e seu papel em uma dieta balanceada. Também terão acesso a fatos sobre seus impactos, como a quantidade de água ou energia utilizada durante todo o seu ciclo de vida. Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br EMBALAGEM quem treina, reina P osicionada na vice-liderança nacional de linhas de envase e embalagens cartonadas, a Sig Combibloc investiu R$ 10 milhões na implantação de um centro técnico, capacitado a oferecer mais de 3.500 horas de treinamentos por ano aos clientes da companhia. Instalado no complexo da empresa em Campo Largo (PR) e com estrutura de 850 metros quadrados, a novidade foi anunciada durante a Fispal Tecnologia, maior feira do setor realizada em junho, em São Paulo. Segundo Antonieta Hilst, diretora de serviços técnicos da companhia na América do Sul, o centro de treinamento tem como objetivo principal dar autonomia aos clientes na operação e manutenção das máquinas, bem como nos serviços envolvidos durante o processo de produção. Com centro de treinamento no Brasil desde 1980, por onde já passaram 40.000 participantes, a concorrente Tetra Pak, nú- Doce Revista junho 2013 mero um do segmento no Brasil, investe, por sua vez, em infraestrutura, certificações e maquinário de ponta. Referência global em soluções para processamento e envase de alimentos, a empresa também investe em treinamentos, com o objetivo de qualificar clientes e colaboradores nas melhores práticas de gestão de seus equipamentos e serviços. Só neste ano a empresa deverá investir cerca de R$ 4 milhões, superando a média anual de R$ 3 milhões, orça Eduar- do Eisler, vice-presidente de estratégia de negócios da empresa na América Central e do Sul. Baseado em Monte Mor (SP), o CTT possui nove salas equipadas com recursos didáticos e multimídia interativos, laboratório de controle de qualidade e um espaço dedicado às atividades práticas nos maquinários de envase e distribuição. É certificado internacionalmente e reconhecido com padrão qualidade World Class, frisa o executivo. O ponto alto da participação da Tetra Pak na Fispal Tecnologia, no entanto, foi o anúncio do acordo entre a companhia e a Braskem para fornecimento de plástico verde – com o selo I’m Green – para as camadas protetoras das embalagens cartonadas no Brasil. Em iniciativa inédita na ala de caixas cartonadas, ela utilizará o polietileno de baixa densidade de fonte renovável em todas as embalagens produzidas no Brasil. Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 9 MIX BISCOITOS AROMAS Cheiro de quero mais É difícil resistir ao odor do chocolate ao entrar numa bonbonnière. Mas deve-se ficar atento. O cheiro pode não ser de um bombom, bolo ou confeito de verdade, mas de um aroma desenvolvido para atrair os consumidores. Com 14 anos no ramo, a Aromas e Cia. se especializou na elaboração de preparações aromáticas diferentes para o varejo, como cheiro de pão com manteiga quente, chocolate com baunilha, quentão e brigadeiro. O desenvolvimento de aromas inusitados chega a responder por 20% do faturamento da empresa, que alcançou R$ 3,5 milhões no ano passado. A expectativa para este ano é aumentar a cifra para R$ 4,2 milhões. “Quando resolvemos investir nesse segmento, pesquisamos formulações diferentes e percebemos que havia muita coisa a ser feita. Desenvolvemos o aroma de acordo com a necessidade do cliente”, relata Rosana Hollo, criadora e diretora da empresa. Ela conta que o cheiro de pão fresco, por exemplo, foi elaborado a partir de um pedido do sindicato do setor. “Os fornos são lacrados e muitas vezes ficam distantes do balcão de venda. Perde-se dessa forma aquele aroma do pão assado na hora”, observa a diretora. Em uma pesquisa para verificar como o cheiro impacta o consumo, a empresa promoveu uma aromatização sem avisar os clientes de uma padaria e as vendas aumentaram 60% por causa do cheiro, repassa Rosana. Além do pão fresco, a empresa disponibiliza o aroma de pão com manteiga quente. As lojas de chocolate também aproveitam o recurso para aumentar as vendas com o cheiro de chocolate com baunilha. Na moda em espaços de alimentação de shoppings, as tendas especializadas em brigadeiro recorrem ao aroma para despertar o desejo de comer o doce. “Temos mais de 50 clien- tes somente no segmento de chocolaterias e que utilizam a baunilha achocolatada para ‘perfumar’ o ambiente”, sublinha a empresária. Para as festas juninas, a Aromas e Cia. desenvolveu o cheiro de quentão e de canjica com coco. O café também faz parte da lista de aromas da empresa. “Hoje, tudo é muito industrializado, embalado. Vemos poucas coisas sendo manuseadas no local de venda e, com isso, o cheiro vai embora”, constata Rosana. em nosso site: R Saudabilidade em bolos prontos ecente estudo coordenado pelo pesquisador Flavio Martins Montenegro, do Centro de Tecnologia de Cereais e Chocolates (Cereal Chocotec), do Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital), teve como foco o desenvolvimento de bolos prontos com redução e/ou substituição de sódio, açúcar ou gordura. Trata-se de um desafio da indústria desse segmento diante da demanda ascendente de guloseimas enquadradas na tendência de saudabilidade. Primeiramente foi realizado o diagnóstico do mercado de bolos prontos no país, com visita a nove pontos de vendas (PDVs), de atacados e hipermercados a lojas de vizinhança de bairro. Ao todo foram registrados 45 marcas e sabores de bolos prontos. Assim, com os 10 Doce Revista junho 2013 dados dos rótulos dos produtos da categoria, calculou-se o teor médio de açúcar (32,42 g/60g), sódio (191,13 mg/60g) e gorduras totais (8,26 g/60g). Uma vez que essa categoria figura entre os alimentos requisitados para redução de sódio, de acordo com compromisso firmado entre o Ministério da Saúde e o setor da indústria, ficou definido que o projeto prosseguiria com a finalidade de reduzir o teor do mineral. Foi desenvolvida uma formulação padrão, similar a do mercado previamente selecionada dentro do projeto e também foram elaboradas as reduções e substituições do teor de sódio com o intuito de se manter as mesmas características sensoriais do bolo padrão. A equipe comandada por Montenegro realizou 16 formulações de bolos de maneira a se obter o padrão e mais seis formulações de forma a alcançar a redução desejada de 31% de sódio. Foi realizada ainda uma substituição do sal comum por sal light, contendo 50% de cloreto de sódio e 50% de cloreto de potássio, obtendo-se a redução de 35% no teor de sódio. Publicado nos anais do 6º Congresso Interinstitucional de Iniciação Científica CIIC 2012, realizado em Jaguariúna (SP), no ano passado, o estudo do Cereal Chocotec também contou com a colaboração dos pesquisadores Patrícia Onishi, Carla Léa Cruz, Marcelo Antônio Morgano e Rita de Cássia Ormenese. O trabalho científico pode ser conferido na íntegra no site de Doce Revista (www.docerevista.com.br). Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 11 MIX BISCOITOS consumo Opções para todos os bolsos M udanças na cesta de compras do supermercado, pesquisadas pela consultoria Mintel para divulgação exclusiva na Doce Revista, revelam que o principal investimento das famílias da classe média brasileira está sendo a ampliação da frequência e diversidade dos itens de consumo, tendo como base a pesquisa por melhor custo/benefício. De olho no potencial dessa faixa de público, as empresas que já tinham esse foco estão agora acrescentando versões “sofisticadas” nas prateleiras. Por outro lado, as marcas mais premium que já dominavam esse segmento estão tentando desenvolver opções com status semelhante, porém com preços reduzidos. Ou seja, há mais opções de marcas e preços nas gôndolas. Uma referência desse cenário é o setor de salgadinhos do tipo snacks (ver à pág.24), que vem crescendo em volume, mas de maneira ainda mais significativa em valor, nos últimos anos. De acordo com o relatório Mintel Salgadinhos – Brasil 2012, a elevação do faturamento dos últimos cinco anos na categoria foi duas vezes maior que o das vendas em volume. Uma das razões para essa discrepância, observa o relatório, foi a alta dos preços de alimentos básicos como milho, batata e trigo em 2010. Mas pesou também o fato dos consumidores de salgadinhos estarem migrando de segmentos mais populares, como o dos snacks extrusados, para itens de maior valor percebidos como “mais sofisticados”, a exemplo das tortilhas. Os salgadinhos tipo batata chips e tortilha, tidos como opções premium, estão cada vez mais presentes entre os lançamentos de marcas populares, capta a Mintel. Apesar dos consumidores da classe C investirem na compra dessa modalidade de salgadinhos com menos frequência do que o público das faixas A e B, o seu consumo está aumentando. Outro segmento que confirma as conclusões do estudo sobre consumo é o de chocolaterias (ver à pág.30). Elas, aliás, floresceram mais recentemente no Brasil por conta de abrir o acesso de um público mais amplo, incluindo a massa de consumidores da classe C, a confeitos e guloseimas à base de chocolate antes reservados a um nicho, com as tais versões percebidas como premium. Todos os dados apurados nesse estudo sugerem a ideia de que, em categorias consideradas de menor necessidade e mais associadas à indulgência, o consumidor está tentando levar opções de valor agregado a um preço um pouco acima do habitual. Ele ainda não chega a adquirir marcas genuinamente premium, mas escolhe as melhores versões das marcas populares. Fornecedora global de inteligência de mídia, consumidor e produto, por mais de 40 anos a Mintel tem propiciado a compreensão de tendências chaves, oferecendo dados exclusivos e análises que impactam diretamente nos negócios de clientes espalhados pelo globo. Com escritórios em Chicago, Nova York, Londres, Sydney, Xangai, Tóquio e também na Índia, Malásia e Singapura, a consultoria moldou a reputação de uma marca mundial renomada. Mais informações sobre esse artigo podem ser obtidas pelo email: brasil@ mintel.com ou pelo telefone 0800 095 9094. 12 Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 13 ENTREVISTA BISCOITOS Fermento da inovação De olho no avanço do consumo premium, Dauper investe em nova fábrica e divisão de lojas Divisão lojas embalagens de luxo e 200 franquias até 2016. P ioneira no mercado de biscoitos especiais e dedicada à fabricação de cookies, a Dauper ingressou no setor pela porta artesanal. Poderia até hoje não passar de mais uma operação para atender o turismo da estância serrana de Gramado (RS), não fosse a proporção que o negócio assumiu ao se transformar no principal supridor de sua especialidade da indústria e trade varejista, via terceirização e marcas próprias. Ela tem sobressaído nesse cenário por ter ousado investir em um filão que ninguém considerava, até o seu surgimento. “A cada dois anos a empresa faz a revisão de seu planejamento para repensar o negócio e tentar 14 Doce Revista junho 2013 vislumbrar o que irá acontecer no setor. Somos uma empresa de inovação porque investimos hoje para os próximos saltos, pois se ficarmos parados nosso negócio pode acabar”, sintetiza Raul Matos, diretor comercial da indústria, que inaugura sua segunda fábrica na vizinha cidade de Canela (RS) ainda este ano. Formado em administração pela Universidade Metodista de São Paulo, com MBA em empreendedorismo e inovação pelo Babson College (EUA) e Shanghai Jiao Tong University (China), Matos analisa o panorama do setor de biscoitos e, em especial, o segmento de cookies na entrevista exclusiva a seguir. DR – Como avalia o setor de biscoitos hoje no Brasil? Matos – Entendo que o mercado de biscoito no Brasil já é o segundo maior em consumo per capita global, atrás apenas dos EUA. Ou seja, tem uma penetração altíssima nos lares. Apesar desses números altos, pois também é o segundo maior em faturamento do mundo, é ainda um mercado muito básico. Pois durante muitos anos o biscoito foi e ainda é um item da cadeia alimentar básica. Com a elevação da renda e a exposição a produtos e marcas internacionais, o consumo começou a ficar mais exigente. Houve um descolamento acentuado na ponta dos preços, com produtos básicos na faixa de R$ 6,00 o quilo e opções diferenciadas muito mais caras – como os cookies, com preços médios de R$ 20,00 o quilo, chegando a R$ 30,00 nas versões mais sofisticadas. Esse quadro é responsável pelo cenário atual do setor, de queda nos volumes com alta em faturamento. Isso é sinal de que o mercado está se sofisticando. DR – Dados da consultoria Mintel concluem que a elevação nos preços dos biscoitos não se refletiu na premiunização da categoria. Concorda? Matos – Não concordo inteiramente. É uma análise profunda mas acredito que a elevação nos preços reverteu, sim, em premiunização. Como o mercado brasileiro é muito grande, esse movimento ainda influi muito pouco. Quando se focaliza o Brasil como um todo, a premiunização é muito pequena. Mas quando se olha para os grande mercados consumidores, das grandes capitais, por exemplo, observase uma significativa premiunização. Isso é visível nas gôndolas de redes como Pão de Açúcar e Carrefour, onde opções como cookies e biscoitos especiais já são importantes em faturamento. Até que esse movimento saia das capitais e cubra o país inteiro vai levar alguns anos. Isso já está acontecendo e vai acelerar nos Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br próximos anos. Avaliação da Euromonitor International situa o mercado de biscoitos premium ou de alto valor agregado no Brasil em torno de 5-6%. Só para comparação, nos EUA essa fatia chega a 36%. Na hipótese de darmos um salto desse tamanho, não haveria fábricas no Brasil suficientes para atender a demanda. DR – Como avalia o atual estágio da indústria brasileira de biscoitos? Matos – Dentro de um universo estimado pela Anib (Associação Nacional da Indústria de Biscoitos) em 1.300 indústrias, a maioria delas possui fábricas com pouca tecnologia. Tem equipamentos de muitos anos, beirando a obsolescência e poucas estão se equipando para atender essa demanda de itens de maior valor. Tem o exemplo dos biscoitos especiais em embalagens monodose ou em sintonia com a tendência on-the-go da portabilidade tão em voga, que está nas mãos de poucos fabricantes. Por que os demais não ingressam nesse filão? A resposta é: porque é muito caro investir em equipamento. Migrar de um produto de R$5-6,00 o quilo para o de R$ 10-15,00 o Doce Revista junho 2013 quilo todos querem. Só que é preciso investir para cada linha 2-3 milhões de euros. Será que essas empresas têm como fazer isso? Como elas são competidoras de margens relativamente baixas, pois o mercado é de altíssima disputa em preços, acabam com pouca capacidade de investimento em linhas. DR – Como situa a Dauper nesse quadro? Matos – Existe uma diferença enorme dos equipamentos de mercados como EUA e Europa com os daqui. A produção por metro quadrado de forno é muito mais do que a nossa, porque as máquinas são mais eficazes. Isso faz muita diferença quando se migra para produtos como os que a Dauper está fazendo, que combinam várias massas num mesmo biscoito. Somos, aliás, a única empresa que possui linha para operar três massas ao mesmo tempo, a exemplo do nosso biscoito twist de duas cores, com metade baunilha, metade chocolate, cobertura e recheio. Existe também uma certa resistência das principais indústrias para ajudar nessa evolução, porque, além de investimento, Matos “Em cinco anos nosso mercado pode não existir mais”. isso impacta em mudanças nos hábitos no consumo. Essa postura mantém o consumo preso às classes A e B e abre brechas para o ingresso de importados. DR – Foi essa lacuna que motivou a criação da Dauper? Matos – Não foi bem assim. A empresa é pioneira no segmento de cookies. Foi o interesse de trazer esse tipo de biscoito para o Brasil, que motivou Márcio Peres, fundador da empresa, a Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 15 ENTREVISTA iniciar uma pequena produção na cidade de Gramado. Na época os lotes eram de 300-400 quilos. A impulsão que transformou aquela fábrica caseira numa indústria partiu de um contrato da rede de fast food McDonald’s. Durante 15 anos, toda produção da Dauper foi exclusiva dessa marca. A produção, que era em torno de 60 toneladas, saltou para 100, 150, 200 e hoje está por volta de 300 toneladas mensais, sem contar a fábrica que iremos inaugurar até o final do ano. Essa capacidade só não é maior, porque fabricamos mais de 100 itens em três linhas. Viramos especialistas em trocas. Fazemos trocas de linhas em 15 minutos. DR – Quando foi que a empresa abriu o leque? Matos – Esse contrato de exclusividade durou até 2002. A partir daí, a Dauper começou a terceirizar a produção para outras empresas, que incorporaram os cookies em seus portfólios. Em geral são indústrias que já tinham o nome associado a alimentos naturais e/ou saudáveis e, por sinal, ajudaram a alargar esse filão no país. Essa produção hoje abocanha 40-45% da operação, atendendo marcas e empresas como Taeq (Grupo Pão de Açúcar), a rede espanhola Dia%, Carrefour, Native, Quaker, Montevérgine, Mãe Terra e Cacau Show, entre outras, além de Mondelez International (Lacta) e Nestlé. DR – Além desse filão, em quais outros segmentos atua? Matos – A empresa atua em quatro áreas: ingredientes, marcas próprias e terceirização, varejo e o campo mais recente, a divisão lojas, que vai operar com a BISCOITOS marca Dauper Biscoiteria e no formato de franquias. A maior parcela da operação é a de marcas próprias e terceirização, seguida da área de varejo, onde atuamos com as linhas Gran Pure e Sense, com 30% do faturamento. O reduto de ingredientes, no qual fornecemos pedaços de biscoitos e granolas, absorve 20% e os restantes 5%, talvez nem isso, correspondem ao projeto de implantação das biscoiterias, no estilo das redes chocolaterias. A Dauper conta com lojas modelos em Gramado e Canela, está abrindo uma em São Paulo, no Shopping Villa Lobos, e já possui 40 interessados em investir na franquia do negócio. A expectativa é formar uma rede de 200 unidades até o final de 2016. Para isso, a empresa acionou uma fábrica independente, também em Gramado, comandada por um chef do setor de gastronomia e com produção semiartesanal, que vai produzir exclusivamente para as lojas. Os produtos são diferenciados das linhas de varejo, da receita das formulações à apresentação, em embalagens de luxo, e só serão comercializados na rede franqueada. DR – Como vêm se saindo as marcas de varejo da Dauper? Matos – A nossa operação está experimentando um crescimento a jato. Introduzidas e trabalhadas nos últimos 2-3 anos, as nossas marcas Gran Pure e Sense representaram no ano passado 10% do nosso faturamento e, hoje, essa participação já avançou para 30%. Em paralelo, estamos trabalhando inovações como a linha de biscoitos twist e barrinhas com recheio de frutas inovadoras. São as únicas com dois recheios simul- Saúde e bem-estar linhas de varejo abocanham 30% do faturamento. 16 Doce Revista junho 2013 tâneos. Trata-se de uma massa de sete grãos integrais, com quinua, linhaça, girassol, amaranto, recheio de morango e dentro dele, recheio de chocolate. DR – O cerscimento do mercado de cookies é uma preocupação? Matos – Algumas empresas estão fazendo biscoitos com o formato parecido e chamando de cookie. Isso nos preocupa, porque esse produto tem custos de biscoito básico, com um preço um pouco maior, porém não é o biscoito que fazemos. O cookie da Dauper segue a definição do produto norte-americano. É de massa disforme, pingada e com corte de arame, assada em fornos de fita, totalmente diferente do biscoito convencional. Este tem geometria definida, é cortado no molde e assado em fornos de esteiras. Há apenas dois fornecedores de fitas para assar cookies em todo o mundo. Investimos forte em desenvolvimento. É uma área maior do que a nossa ala comercial. O lema é: tudo o que existe de novo no mercado temos que desenvolver aqui, mesmo que o mercado não esteja pronto, a exemplo de cookies com base de proteína, versões salgadas ou cookies isentos de açúcar sem adição de edulcorantes. Com isso, ganhamos velocidade no atendimento quando chegarem as consultas. DR – Por que decidiu investir em nova planta? Matos – Nos últimos anos, a empresa estava avançando, queríamos despertar cada vez mais o interesse das grandes indústrias. Sendo a Dauper uma empresa de terceirização, vimos que ela só sobreviveria se agregasse valor. Percebemos que precisávamos dar saltos de inovação. Foi aí que começou o projeto da fábrica nova em Canela e a ideia de implementar tecnologia dinamarquesa para biscoitos diferenciados. Investimos em torno de R$ 11 milhões e estamos instalando uma linha Haas-Meincke – divisão dinamarquesa do grupo austríaco Haas. Numa primeira fase, ainda inaugurada neste semestre, transferimos duas linhas de Gramado e instalamos uma terceira, que irá elevar em cerca de 50% a capacidade atual. Na segunda fase, prevista para o final de 2014, acionamos a quarta linha, dobrando a capacidade de produção. Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 17 CONSULTORES BISCOITOS Açúcar O preços mantidos s preços no mercado internacional de açúcar oscilaram ao longo de junho em uma faixa de 16,2017,10 cents/lb. O noticiário relacionado ao superávit global de açúcar continuou prevalecendo, fato que fortaleceu o viés baixista para preços. Por outro lado, as chuvas que ocorreram em junho no Centro-Sul do Brasil trouxeram dúvidas quanto às previsões iniciais de moagem para safra da região. Foi o suficiente para reduzir esse impacto baixista. Dessa forma, os preços encerraram junho no mesmo nível que iniciaram o mês e a faixa de 16,20 cents/lb se apresentou como um novo suporte. Os fundos de investimento que apresentavam posições líquidas vendidas no inicio de junho, encerraram o período com posições zeradas, sugerindo que um piso para preços possa estar próximo. O gráfico seguinte mostra o comportamento dos preços do açúcar demerara ao longo de junho na Bolsa de Nova York. Internamente o mercado de açúcar (cor até 250 ICUMSA), apresentou liquidez normal no período. Ou seja, sem pressão do comprador e nem do vendedor. Ronaldo Lima Santana* No mercado interno, as cotações apresentaram relativa estabilidade. As chuvas no Centro-Sul bem como o dólar elevado – que apresentou valorização de 4,2% em junho, beneficiando as exportações – deram sustentação aos preços nos níveis apresentados no gráfico abaixo, que ilustra o comportamento dos preços do açúcar ao longo de junho no Estado de São Paulo. Ainda sob impacto das chuvas, o desconto médio de preços para o açúcar de qualidade inferior, em São Paulo (cor até 250), apresentou elevação ao longo do mês. O salto foi de 2,7% para 4,9% sobre o açúcar de melhor qualidade (cor até 180). (*) Ronaldo Lima Santana é Sócio-gerente da JOB Economia e Planejamento 18 Doce Revista junho 2013 Há 18 anos, a JOB Economia monitora o mercado de açúcar com o objetivo de transformar informação em conhecimento para melhorar os resultados dos negócios de seus clientes.Receba informações objetivas e isentas que contribuirão para sua tomada de decisão. Solicite gratuitamente um exemplar de nosso relatório semanal de Monitoramento de Mercados de Açúcar e Etanol. Para mais informações acesse o site www.jobeconomia.com.br. Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br Cacau temporada aloprada O s operadores no mercado mundial de cacau chamam o período de verão do Hemisfério Norte de “silly season” (temporada doida), porque nela os preços tendem a executar movimentos aloprados e imprevisíveis. O comportamento do mercado no primeiro mês da silly season deste ano fez pleno jus ao apelido. A alta súbita e acentuada nos primeiros dias de junho não conseguiu se sustentar. Após cinco dias de tentativas de consolidação, os preços entraram em queda vertiginosa e não só perderam todos os ganhos obtidos durante o surto de alta, mas despencaram para níveis baixos, não vistos desde março. A variação entre os pontos extremos das cotações do contrato de setembro/2013 na Bolsa de Nova York chegou a impressionantes US$ 255, quase 12%. Toda essa oscilação violenta, tanto o avanço no início do mês quanto a derrocada subsequente, careceu de qualquer embasamento em elementos fundamentais e foi resultado de manobras especulativas, num acirrado cabo de guerra entre fundos financeiros detentores de Thomas Hartmann* grandes posições compradas ou vendidas nas duas bolsas. O cenário fundamental não teve alteração. O clima segue normal em todas as maiores regiões produtoras do mundo. As previsões de produção continuam em torno de 3,95 milhões de toneladas para o ano-safra internacional 2012/2013 ou 2% abaixo do anterior. Há indícios de uma possível melhora da demanda global, mas que ainda não se expressa em números concretos. As moagens mundiais do segundo trimestre, que serão publicadas em meados de julho, devem vir 10% acima do mesmo período de 2012, mas o desempenho deste ano foi extremamente fraco, de forma que o percentual previsto não tem maior significado. Não se espera que o aumento da moagem mundial em 2012/2013 seja superior a 1%, totalizando cerca de 4 milhões de toneladas, que produziria um minúsculo déficit. Diante deste quadro amorfo da conjuntura fundamental, as variações diárias dos preços deverão continuar sendo determinadas pela atividade especulativa, mas é pouco provável que fujam da faixa de US$2.050-2.450, dentro da qual têm oscilado nos últimos 18 meses. Sempre que as cotações se aproximam dos extremos da faixa, a intensificação da atividade comercial – compras da indústria consumidora de um lado e ofertas de venda das origens do outro – tende a estancar o movimento e provocar uma reversão. Os ratios – sempre com base no mercado spot dos Estados Unidos – aumentaram tanto para a manteiga de cacau, de 2,13 para 2,19 x Bolsa, quanto para o pó 10/12, de 1,15 para 1,17, melhorando um pouco as margens de processamento da indústria. O ratio do liquor de cacau manteve-se inalterado em 1,48. (*) Thomas Hartmann é cacauicultor, analista do mercado internacional de cacau e titular da TH Consultoria e Estudos de Mercado. Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 19 EQUIPAMENTOS BISCOITOS a costura da mistura Tecnologia de aeração proporciona sabor mais suave a chocolates e massas forneadas C om aplicação tanto na produção de chocolates como em itens panificados, a aeração é uma técnica conhecida de culinaristas e até de donas de casa, no preparo de várias receitas. A principal diferença na aeração do chocolate, quando comparada à massa ou creme, é a ausência de proteína dentro da preparação submetida à agitação. “Nem ar ou outros gases serão incorporados à massa pelos ingredientes e, conseqüentemente, não se formarão as bolhas”, observa Michael Zaetner, executivo de marketing da Haas-Mondomix, divisão do grupo austríaco especializada em tecnologia de mistura. O chocolate aerado, prossegue o especialista, pode ser criado somente pela introdução de ar ou outros gases dentro da mistura. Na entrevista a seguir a Doce Revista (DR), Zaetner detalha como a tecnologia da aeração pode proporcionar sabor mais suave a misturas para a preparação de chocolates e confeitos. DR – Como a técnica de aeração influencia no sabor dos alimentos? Zaetner – No mercado de produtos de massa, ingredientes bem processados e misturados são indispensáveis para uma experiência cheia de sabor. Um equipamento com um sofisticado sistema de mistura e aeração consegue assegurar a alta qualidade e proporciona novas possibilidades para diversificação. No entanto, o elevado grau de maciez necessário para alguns tipos de alimentos não pode ser alcançado somente através da mistura. O ar deve ser adicionado à massa. O pão, por exemplo, recebe uma textura macia como resultado da adição de levedura ou fermento na massa. Estes agentes desenvolvidos através do fermente fornecem ar e outros gases à massa. Os gases são 20 Doce Revista junho 2013 Haas-Mondomix chocolate com bolhas grandes ou microbolhas. em seguida ligados ao produto através do assamento em alta temperatura. Esse é o segredo para os pães ficarem bem macios, logo após o processo de assamento. DR – E com relação ao chocolate? Zaetner – A estabilidade no chocolate aerado é alcançada somente quando a gordura começa a ser cristalizada, o produto inicia a cristalização e aumenta a viscosidade. Somente neste curto período de tempo, a estabilidade do produto, isto é, a constante ligação de gás dentro da massa, pode ser assegurada. Então, o tempo e a temperatura controlada durante o processo de produção do chocolate aerado pode ser decisivo no resultado final. DR – A aeração é recomendada para quais tipos de chocolate? Zaetner – Geralmente, o chocolate pode ser processado em formato de barra ou extrusado. Outra possibilidade é depositar o chocolate dentro de moldes, diretamente no biscoito ou em uma esteira transportadora. Nesse caso, um controle de temperatura rigoroso é crucial para todo processo de produção para a alimentação da cristalização e aeração. Para processos de deposição, um siste- ma convencional ou múltiplas pressurizações especiais são utilizados. DR – O que a companhia disponibiliza no campo da aeração? Zaetner – A Haas-Mondomix oferece anos de experiência acumulada nesse campo. Tecnólogos em alimentos estão à disposição se houver alguma dúvida em relação ao processo de mistura ou aeração. A empresa fornece máquinas e processos flexíveis, que asseguram que a demanda do mercado será atendida também no futuro. Por exemplo, a mesma máquina pode produzir chocolates com bolhas grandes visíveis ou com microbolhas, conforme o efeito desejado. E por último e não menos importante, a aeração permite o uso mais eficiente dos ingredientes, o que torna especialmente interessante quando confrontado com o aumento de preços da matéria-prima, como está ocorrendo com o cacau. DR – Qual a cobertura no fornecimento para o Brasil? Zaetner – Dentro da América Latina, a Haas do Brasil distribui soluções Haas-Mondomix e outros equipamentos fornecidos pelo grupo Haas. A empresa possui uma planta industrial em Curitiba (PR), que produz as linhas destinadas ao Brasil, Argentina, Bolívia, Chile, Uruguai e Paraguai. Devido a esta produção local, a maioria das máquinas vendidas está cadastrada em programas de financiamento oferecidos pelo governo brasileiro. Os clientes são beneficiados duas vezes: primeiramente, o investimento em uma máquina através desses programas e, em segundo lugar, o grupo Haas se mantém próximo aos clientes suprindo necessidades de assistência técnica e serviços com rapidez. Não importa qual o tipo de massa ou creme a ser misturado, ou ainda se um produto necessita ser aerado. Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 21 EQUIPAMENTOS BISCOITOS Firmeza na dobra Theegarten-Pactec supera desafios de embalar produtos à base de gelificantes Balas de gelatina a afinidade com a água torna necessário o uso do açúcar como antiaglomerante. C om demanda crescente no Brasil, a geração de balas de gelatina que enfeita as gôndolas de candies é produzida em máquinas de elevado grau tecnológico. A maioria vem de fora do país e, além de incorporar os mais recentes avanços para o processamento das receitas de massa, incluem linhas equipadas com modernos sistemas de embalamento. Entre os fornecedores com domínio do know-how de embalagens dupla torção para esse filão sobressai a grife alemã Theegarten-Pactec. Com sede em Dresden e representações em mais de Hamelmann resíduos de pó dificultam o processo de separação por unidade. 22 Doce Revista junho 2013 50 países, inclusive no Brasil, a empresa é especialista no desenvolvimento e fabricação de embaladoras para itens de confeitaria de pequenas dimensões. À diversidade de mais de vinte tipos e formatos de embalagem junta-se um amplo portfólio de modelos e espectro de desempenho. Além de máquinas individuais, a grife oferece também linhas completas para soluções chave na mão (turn key). Steffen Hamelmann, executivo líder de marketing da companhia, desvenda na entrevista a seguir os desafios para o empacotamento de balas de gelatina em linhas de dupla torção. DR – Quais são as principais dificuldades para se embalar balas de gelatina? Hamelmann – O açúcar que adoça e adorna confeitos como balas de gelatina impõe desafios técnicos ao sistemas de embalagem, uma vez que o pó cristalino pode, por exemplo, se depositar em partes da máquina. Nos produtos à base de gelificantes há ainda o agravante de se trabalhar com um corpo sensível à pressão. Basta pegar só uma vez de maneira errada, e logo ficam marcas provocadas pela de- formação. A geleia ou gelatina usada nesse tipo de bala tem longa tradição e está presente em inúmeras receitas. Esse material tem grande afinidade com a água e, por isso, tende a colar, requisitando o uso de diversos antiaglomerantes. Exemplos disso são o açúcar refinado granulado, a cera ou óleo e ainda uma cobertura, que pode ser de chocolate. DR – Quais os pré-requisitos para superar essas dificuldades? Hamelmann – Para se alcançar êxito durante o processamento mecânico, o parceiro do sistema para a solução da máquina de embalagem tem de se munir de conhecimentos muito detalhados do produto a embalar e da situação durante a produção. O processo de fabrico e as condições climáticas determinam alguns parâmetros, tais como a temperatura e a consistência do produto. As propriedades essenciais relacionadas com a receita são, por exemplo, o teor de umidade e a dureza da superfície. O que prejudica o processo da embalagem são os danos sofridos pela geleia/gelatina e decorrentes avarias na Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br máquina. Essas, devido a danos no produto, reduzem o grau de eficácia e as unidades embaladas incorretamente têm de ser diretamente consideradas refugo. Durante a embalagem tem efeito, sobretudo, a força de compressão exercida sobre o doce à base de gelificantes. A geleia deforma-se. Formam-se pontos de esmagamento e a camada superficial rasga. Esses danos também podem ocorrer durante a introdução e a separação por unidade. Além disso, há o risco da colagem de vários produtos. Uma acumulação de artigos defeituosos representa, por seu turno, uma fonte de avarias da máquina. O açúcar grudado no produto ou a adição exagerada de açúcar aumentam, de uma maneira geral, o desgaste da máquina. Em conjunto com a umidade, a geleia/gelatina forma uma massa xaroposa que se cola e suja as superfícies de trabalho. As consequências são limitações na funcionalidade da mecânica assim como na qualidade da embalagem. DR – Como prevenir esses danos? Hamelmann – Tudo depende da escolha dos processos e dos componentes adequados. Com isso, é possível proteger o produto e minimizar o perigo de avarias na máquina. Um exemplo é a separação do produto por unidade. Ao contrário da clássica embalagem dos caramelos duros, o fluxo do produto não é dividido por escovas para as saquetas de separação por unidade. A escova danifica o produto e retira açúcar demais. O produto perde em qualidade e o açúcar escorre para a parte mecânica. Por esse motivo, o sistema da Theegarten-Pactec utiliza um separador por unidade de disco com um dispositivo apropriado de sopragem para a geleia açucarada. Nesse processo, a rotação do disco e a potência do ar soprado têm de ser adaptadas ao doce. Quanto melhor os produtos forem distribuídos pelas saquetas de separação por unidade, tanto mais alto será o chamado grau de enchimento. Este valor indica qual a percentagem de saquetas de separação por unidade são enchidas por unidade de tempo ou, concluindo ao contrário, quantos lugares ficam va- Doce Revista junho 2013 Embaladora MCH eficiência na dupla torção com até 1.000 peças por minuto. zios. Daqui se infere o número máximo de produtos que podem ser retirados e embrulhados por unidade de tempo. DR – Como assegurar o ponto ideal de preenchimento das saquetas? Hamelmann – Um grau ótimo de enchimento fica garantido, entre outros fatores, pela escolha acertada do revestimento do componente técnico. Os produtos devem escorregar bem. O perímetro do disco oferece mais uma possibilidade de regulação. O tamanho do disco e o número de saquetas dispostas na circunferência têm influência decisiva na preservação do produto. Produtos à base de gelatina com cobertura de chocolate, de preferência, são introduzidos e continuamente retirados por meio de uma esteira, para não danificar a cobertura. DR – O que é importante no embalamento de balas de gelatina? Hamelmann – A respeito das peças que agarram no produto, o essencial é adaptar três fatores, sendo o mais importante o da geometria. Ela tem de se adequar ao molde da bala de gelatina. O fabricante da máquina tem de levar em conta as habituais tolerâncias específicas da produção da bala. Outro fator a considerar é a escolha do material adequado. São importantes a adequação para contato com produtos alimentares, a resistência ao desgaste e as propriedades de aderência. O terceiro fator é o dimensionamento das forças de fixação dos órgãos de trabalho, cuja base é a natureza concreta do produto. Os resíduos de pó cristalino ou ou- tros materiais dificultam o processo de separação por unidade. Por isso, no início do processamento há uma função de coagem. Assim, o que não corresponde ao tamanho do produto é separado e descartado. Quando a bala de gelatina chega à máquina de embalagem sempre muito úmida e, portanto, pegajosa, deve-se otimizar o processamento prévio. Isso pode, por exemplo, ser conseguido por uma deposição intermédia dos produtos (acondicionamento). DR – Qual modelo de máquina é mais adequado a balas de gelatina? Hamelmann – O método de trabalho contínuo da máquina de embalagem, representa, especialmente para o processamento de produtos à base de gelificantes, um progresso em comparação com o método descontínuo. Dessa maneira, o doce é guiado uniformemente, minimizando as sobrecargas, ao contrário da operação no modo stop-and-go. A Theegarten-Pactec promove o método contínuo com o modelo MCH. Todos os processos de operação são executados em movimento. A entrega do produto entre as duas ferramentas adaptáveis é feita segundo o princípio da engrenagem. Dado que a MCH só possui duas ferramentas principais adaptáveis, o número de entregas do produto fica reduzido ao mínimo. Com a realização do princípio de trabalho contínuo, a MCH atinge, mesmo com 1.000 produtos por minuto, um alto grau de preservação e eficiência do confeito. Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 23 PDV BISCOITOS Tem que agradar e fazer bem Por que o segmento de snacks saudáveis ainda está longe de esgotar o seu potencial linha de Snacks produção nacional ainda é muito focada em versões convencionais. O pção sob medida para acompanhar uma bebida, os salgadinhos do tipo aperitivo (snacks) servidos como petisco no lanche ou no intervalo entre as refeições avançam no consumo de adultos e das famílias. Crianças e adolescentes já haviam consagrado a categoria como ícone da sua preferência. Essa penetração ascendente, no entanto, vem sendo questionada nos últimos anos em decorrência da disseminação de tendências como a de saúde e bem-estar (health and wellness). A indústria, por sua vez, investe pesado em aprimoramentos de matérias-primas e ingredientes, além de informação e programas para reforçar a importância de dietas equilibradas e hábitos de vida saudáveis. O estudo Salgadinhos Brasil 2012, da consultoria Mintel revela que, apesar do avanço flagrante nas prateleiras, o segmento de snacks 24 Doce Revista junho 2013 saudáveis ainda está longe da saturação. Naira Sato, analista sênior do setor de alimentação da Mintel, observa que as crianças brasileiras consomem salgadinhos com uma frequência duas vezes maior do que os adultos e, aproximadamente, metade delas inclui os snacks na dieta pelo menos uma vez por semana. “O sentimento do consumidor indica que, no Brasil, existe um mercado potencial para salgadinhos saudáveis, maior do que em praças maduras como o Reino Unido e os Estados Unidos , mas o reconhecimento e a disponibilidade dos produtos continuam sendo problemas não solucionados”, assinala ela. Segundo o relatório da Mintel, repassa Naira, metade dos consumidores pesquisados afirma que compraria salgadinhos saudáveis, caso estivessem disponíveis, indicando uma possível lacuna a ser preenchida com essas inovações. “As poucas que existem são predominantemente focadas na redução do teor de gordura (saturadas/trans) e não na mitigação do teor de sódio ou calorias, apelos com os quais os consumidores estão mais familiarizados”, pontua ela. A venda de amendoins e amêndoas (nuts) como produtos livres de colesterol e, consequentemente, mais saudáveis do que outros petiscos contribui para o desempenho positivo das vendas do segmento. “O próximo passo é atender o público mais maduro, especialmente com variedades de nuts com características funcionais”, frisa a consultora. “Apesar da crescente preocupação com o peso, nossa pesquisa mostra que apenas um pequeno número de consumidores costuma comprar salgadinhos light/baixo teor de gordura ou tipos mais saudáveis, e esse baixo consumo entre Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br adultos e adolescentes está relacionado à limitação na oferta”, avalia Naira Sato. Ao mesmo tempo, o interesse do consumidor em snacks com menos gordura permanece marginal, como é em muitos outros países, entre os quais os Estados Unidos e o Reino Unido, onde variedades com menor teor de gordura/sódio estão amplamente disponíveis. Ao analisar os snacks lançados durante os últimos quatro anos, a consultoria nota que os fabricantes têm favorecido a redução de gordura trans em relação a outros apelos saudáveis. Houve também um aumento no número de produtos com colesterol reduzido. Enquanto isso, lançamentos de produtos com gordura e sódio reduzidos mantiveram-se relativamente estáveis. “O conhecimento do consumidor sobre gordura trans é baixo particularmente em comparação com a compreensão do apelo sódio reduzido/livre de sódio. Uma mudança de enfoque ampliaria a conscientização sobre o que está disponível”, orienta a analista sênior da Mintel. Doce Revista junho 2013 Naira, da Mintel consumo saudável é baixo pela limitação da oferta. Desafio do sódio Os esforços recentes dos produtores em relação a salgadinhos mais saudáveis ainda estão longe de atender a demanda para estes produtos e, com o maior saldo de inovações em gorduras e não em calorias ou sódio, a mensagem parece não estar sendo assimilada pelos consumidores, nota Naira. Os salgadinhos com baixa caloria também são minoria entre os lan- çamentos, apesar de a pesquisa da Mintel mostrar que 44% dos consumidores concordam que não se importam com a quantidade de calorias nos snacks. Isso indica o potencial para uma maior oferta com porções controladas de calorias, especialmente dirigida a consumidores de maior idade, pois à medida que eles envelhecem tendem a dar maior importância a essa característica. “Nossa pesquisa também mostra que os consumidores ocasionais estão entre os mais propensos a se preocupar com as calorias nos salgadinhos. Ambos os resultados sugerem que as variantes premium, com controle de calorias orientadas a consumidores adultos têm potencial ainda maior a ser explorado”, assinala a executiva. Já consumidores da classe C, que atualmente desfrutam maior acesso a esse tipo de produto, estão menos preocupados com calorias e tendem a percebê-lo como uma guloseima. Segundo o IBGE, mais de 70% da população brasileira consomem mais do que o nível máximo de sódio recomendado pelo Ministério da Saúde. Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 25 PDV BISCOITOS Alimentos com altos níveis de sódio não são considerados saudáveis, porque a alta ingestão do mineral está diretamente relacionada com vários problemas de saúde, incluindo hipertensão e problemas cardiovasculares. Além disso, o governo investe em atividades de prevenção e controle da hipertensão, motivando, aliás, um acordo assinado recentemente com as indústrias de alimentos para reduzir gradualmente a quantidade de sódio presente em 16 categorias de alimentos, incluindo os salgadinhos de milho e batata. A oferta de salgadinhos com redução de sódio ainda é limitada. Itens com esse perfil são um desafio para a indústria e representam menos de 2% de todos os produtos lançados na categoria. Uma versão inovadora é o salgadinho de soja Good Soy (grupo Ma Shou Tao) sabor Churrasco e Vegetal. Snacks extrusados à base de farinha de arroz e farinha de soja, eles utilizam sal light e obtêm uma redução de 50% no teor de sódio. Outra opção contendo sal light é a linha Whaw da Semalo, produto também livre de colesterol. “Embora alguns fabricantes tenham reduzido os níveis de sal, a grande questão permanece a percepção do consumidor de que qualidade do sabor e a experiência foram significativamente prejudicadas. Portanto, o desafio enfrentado pela indústria é encontrar um ingrediente ideal capaz de replicar o mesmo gosto salgado com uma redução significativa de sódio”, observa Naira. Várias experiências, emenda ela, têm sido feitas para identificar este ingrediente ideal. Na Ásia, exemplifica, utilizam-se alguns substitutos, tais como extrato de atum, algas secas e sal de bambu. Outra alternativa válida é o uso de vinagre para temperar os salgadinhos. “Um estudo de cientistas japoneses descobriu que a substituição do sal pelo vinagre confere um sabor salgado satisfatório aos alimentos”, repassa a analista. Além disso, conclui ela, avança a tendência gastronômica de se criar um “grande sabor”, que se aproxime à sensação do salgado – ou criar salgadinhos com sabores fortes como o queijo e a anchova sem o uso de sódio –, elaborando aperitivos com baixo teor de sal, porém com um sabor acentuadamente forte. “Na Holanda, um exemplo dessa modalidade é a batata frita Sensations Lays Japanese Teriyaki com molho de soja e outras especiarias, com 25% menos sal”, informa. Detentora das marcas Ebicen+Lev, Glico Snack e CrocCen, a Ebicen é uma das pioneiras na adequação das fórmulas de seus salgadinhos a um perfil mais saudável. Chen Wei Chow, diretor da companhia, explica que os trabalhos abrangem quatro frentes: gordura zero trans, baixo teor de gorduras saturadas, baixo teor de açúcar e baixo teor de sódio. A dificuldade maior, salienta ele, tem sido adaptar o teor de sódio da linha às exigências da OMS (Organização Mundial de Saúde) adotadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). “A redução pura e simples acaba descaracterizando o salgadinho. Mas continuamos pesquisando”, ele diz. No front da oferta a Ebicen não introduziu mudança estratégica Semalo pioneirismo no front de salgadinhos saudáveis. ou novidade em relação ao ano passado. “O maior destaque em 2012 foi a consolidação de Batata Ebicen +Lev, elaborada com óleo de girassol especial”, sublinha Chen. Para 2013, ele acena com o desenvolvimento de mais versões da Batata Ebicen +Lev, com redução ainda maior de sódio. “Apesar de não utilizarmos aromatizantes sintéticos, faremos uma mudança de paradigma empregando condimentos preparados, pois reduzir sódio significativamente implica compensar com ingredientes sintéticos para não haver perda de palatabilidade. Esta linha deve ser lançada ainda neste ano”, anuncia ele, esclarecendo que os salgadinhos de cebola e camarão da Ebicen utilizam como matéria-prima o produto in natura. A extração dos concentrados para aromatização dos snacks é feita na própria fábrica da marca. Há vários anos, a Ebicen trabalha no Varejo de snacks CATEGORIA SNACKS DOCES E SALGADOS 2007 2012*2017** Volume (em 1.000 t) 199,4 Valores (em milhões de R$) 3.528,7 259,6 344,7 5.389,1 8.832,5 (*) Estimativa. (**) Projeção. 26 Doce Revista junho 2013 Fonte: © 2013 Euromonitor International. Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br aperfeiçoamento de seus salgadinhos. A idéia inicial, lembra Chen, era aprimorar as formulações alcançando o mesmo perfil de sabor e apresentação dos itens mais apreciados pelos consumidores da marca. As ações de enquadramento a fórmulas mais saudáveis ocorriam sem grandes prejuízos para o produto ou para o fabricante, relata o dirigente. Decisões como a de substituir o óleo de milho pelo óleo de soja, apenas pela diferença de custo, eram descartadas pelo fato de o insumo à base do milho ser mais saudável, exemplifica . “Como inexistia uma regulação por parte da Anvisa, ficávamos inseguros sobre qual parâmetro utilizar. Mas desde a regulamentação da categoria, a partir de 2010, sabemos o que devemos buscar”, assinala o diretor. Para ele, o lançamento da Ebicen que mais se enquadra em saudabilidade é a batata frita ondulada comum, elaborada com óleo de girassol especial, que substituiu o óleo de palma na aplicação. A empresa estuda a possibilidade de produzir as frituras com um óleo ainda mais saudável, isto é, além de isento de gordura trans, com teor de gorduras saturadas dentro dos limites recomendados pela OMS/Anvisa. Descolamento em valores Indiferente aos esforços da indústria para tornar mais saudáveis as linhas de snacks, o consumo segue uma rota sem desvios de ascensão. Varredura da ACNielsen no varejo nacional indica que o consumo de snacks salgados no país cresce aproximadamente 4-5% ao ano. Pelas planilhas da Euromonitor International, que também audita a categoria, Chen, da Ebicen mudança de paradigma com condimentos preparados. a demanda em volume descolou de sua referência em valores, mas ainda assim acusa um salto acentuado em comparação com outros itens de compra por impulso do setor de confectionery. Com base nos últimos seis anos, período de forte amadurecimento no balcão doméstico, o consumo de snacks doces e salgados saiu de 199.400 toneladas (t) em 2007 para estimadas 259.600 t, em 2012, cravando avanço de 30% no período, captam os monitores da Euromonitor. Já em valores, sinaliza a mesma fonte, a categoria partiu de um faturamento de R$ 3,528 bilhões há seis anos para projetados R$ 5,389 bilhões no ano passado, acusando alta em torno de 53%. Para não perder o bonde dessa demanda em ascensão, detentores de marcas de todos os portes renovam o mix constantemente, na expectativa de manter firme o pulso do consumo. Uma das facetas desse consumo é o apetite voraz por novidades. Hoje em dia, por sinal, ganham cada vez mais espaço nas marcas as ações nas re- PepsiCo redução de gordura saturada com óleo de girassol. Doce Revista junho 2013 des sociais, com promoções via fanpage e/ ou ativação direta no Facebook e Twitter. Pole position do circuito brasileiro de aperitivos salgados, a PepsiCo, detentora das grifes Elma Chips e Lucky, segue a risca essa trilha e dita as tendências que puxam o cordão da concorrência. “Apesar de acusar forte crescimento nos últimos anos, o mercado de snacks no país ainda exibe muito fôlego para seguir avançando, comparado a países como o México, onde o consumo per capita é pelo menos o triplo do brasileiro”, comenta Renata Figueiredo, diretora de marketing da PepsiCo Brasil. No front das inovações, ela sublinha a nova fórmula do salgadinho Cheetos, que absorveu investimento de R$ 57 milhões para substituir o óleo de palma pelo Hoso (High Oleic Sunflower Oil), reduzindo o teor de gordura saturada e a quantidade de sódio por porção do produto. O Hoso é, na realidade, um óleo de girassol melhorado, que tem 87% menos gorduras saturadas que a palma, além de 54% mais gorduras monoinsaturadas, também chamadas de oléicas, que dão estabilidade ao óleo e elevam o HDL (High Density Lipoprotein), o chamado colesterol bom, informa a área de P&D da PepsiCo. Essas duas características são importantes para alimentos. Dessa forma, o Hoso não modifica o sabor, pois não sofre oxidação quando exposto a altas temperaturas como outros óleos, a exemplo da variante de soja. Entre os óleos vegetais comestíveis com melhores características nutricionais, o óleo de girassol contém gorduras monoinsaturadas e poliinsaturadas que diminuem o colesterol total e o LDL (Low Density Lipoprotein), o chamado colesterol ruim, e mantêm o HDL, reduzindo os riscos de doenças cardíacas. Em relação ao óleo de soja, muito utilizado no dia a dia do consumidor, o de girassol acionado na formulação do salgadinho Cheetos tem 53% menos gorduras saturadas e 71% mais gorduras monoinsaturadas. Recrutado também na produção das linhas de snacks Fandangos, Ruffles Fit e Sensações, o Hoso tem o mérito de iniciar o enquadramento dessas versões de salgadinhos na meta global da PepsiCo de reduzir a quantidade média de sódio e gordura saturada nas suas principais Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 27 PDV BISCOITOS Bimbo snack multicereal enquadrado em onda de saudabilidade. marcas de guloseimas. A companhia assumiu o compromisso de reduzir em 15% a gordura saturada por porção em todos os snacks globais da companhia até 2020. Novos players das gôndolas de snacks já assimilam a tendência de incorporar pitadas de saudabilidade nas receitas de salgadinhos. É o caso da Bimbo que, há três anos, disputa espaço na categoria com a marca Crocantíssimo, de salgadinho à base de trigo. Alejandro Lacorte, 28 Doce Revista junho 2013 gerente de marketing do grupo mexicano, peso-pesado da ala global de panificação, comenta que trata-se de um mercado em crescimento, bastante dinâmico e concentrado entre grandes fabricantes. O mais recente petardo da marca, repassa ele, é Crocantíssimo Ondulattas, um snack multicereal (à base de milho, trigo e aveia) com formato inovador, assado, livre de gordura trans e rico em fibras. “O brasileiro conceitua o snack como uma opção saborosa, rápida e prática de saciar a fome na correria do dia a dia e em momentos de descontração, assinala Lacorte, observando que, apesar dos esforços da indústria para enquadrar os salgadinhos em um filão mais saudável, é ainda o sabor quem dá as cartas no consumo. “O consumidor procura indulgência em um snack. Em segundo lugar vem a praticidade de ser consumido em qualquer hora e lugar”, considera. O tema saudabilidade pode favorecer a sua expansão. Embora o público procure indulgência e satisfação imediata no momento de escolher um lanche rápido e priorizar o sabor, snacks com apelo saudável, com menor teor de sódio, zero gordura trans ou um ingrediente benéfico para a saúde, são considerados diferenciados. Isso talvez explique a receptividade à linha Crocantíssimo, que acusou crescimento de 193% nos últimos três anos”, posiciona ele. Em 2012, a marca cravou um avanço de aproximadamente 30% nas vendas e a previsão para 2013 é ainda maior, com o lançamento das versões Ondulattas, acalenta Lacorte. Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 29 CAPA BISCOITOS ele agora é gourmet Bombando desde meados da última década, o mercado revigora o apetite com a onda de chocolate premium Chocolate produção industrial puxa crescimento de dois dígitos. N o caminho inverso do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, revisto para baixo a cada avaliação, o mercado de chocolate só faz crescer. Considerando o histórico baixo consumo per capita no país, esse avanço seria até compreensível, não fosse a magnitude dos números e projeções na ponta do varejo. Varredura da consultoria Euromonitor International mostra que há seis anos a demanda da categoria era de 226.400 toneladas (t) e saltou para 328.500 t, no exercício passado, cravando alta de 45%. Em valores, capta a mesma fonte, o pulo foi ainda maior, saindo de R$ 5,642 bilhões para R$ 12,538 bilhões em 2012, com 122% de valorização. Pelas es- 30 30 timativas da Euromonitor, o consumo geral de chocolate no país deve alcançar 452.700 t até 2017 (+37,5%), volume equivalente a um faturamento previsto de 22,936 bilhões, acusando 82% de crescimento. Considerado ainda incipiente, o mercado premium ou de chocolate gourmet é o lado mais visível dessa ebulição. “Pelos cálculos do setor, esse segmento representa em torno de 3% da produção total da categoria e, consideradas as baixas importações, totaliza algo em torno de 15.000 toneladas anuais”, dimensiona Caio Tomazeli, diretor da recémcriada área de chocolate premium da Abicab (Associação Brasileira da Indústria de Chocolate, Cacau, Amendoim, Balas Doce Revista 2013junho 2013 Docejunho Revista e Derivados). Ele observa que, apesar de soar reduzido, esse movimento era praticamente inexistente até meados da última década e, nos dias de hoje, é a ala de maior desenvolvimento, principalmente nos grandes centros, mobilizando todas as estimadas 1.000 fábricas de chocolate do país, 18 delas supridoras de cobertura (chocolate industrial), repassa Tomazeli. Entre os principais provedores desse filão, em que se inclui o chamado segmento artesanal, a Harald deu uma significativa contribuição para o fortalecimento da produção gourmet, com a introdução de sua linha Melken Unique de chocolate em diversas versões, Acesse: www.docerevista.com.br Acesse:www.docerevista.com.br www.docerevista.com.br Acesse: Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 31 CAPA BISCOITOS Sandro Cewald todas com origem controlada, repassa Jacob Cremasco, diretor comercial da empresa sediada em Santana de Parnaíba (SP). “Fomos a primeira empresa a trabalhar o cacau fino brasileiro, desde o grão até o produto final. Para isso, buscamos as amêndoas no sul da Bahia e região paraense de Altamira em fazendas parceiras, pagando um prêmio pela matéria-prima que processamos para obter um produto final excelente”, relata o executivo. Para ele, descobertas científicas como a dos flavonóides presentes no cacau vêm estimulando o aumento do consumo de chocolate. Essa influência, no entanto, tem impacto maior em uma população mais esclarecida. “A demanda de chocolate com maior teor de cacau é decorrência direta das descobertas. Mas, de uma forma geral, foi a melhora na distribuição de renda que provocou o aumento de consumo de categorias consideradas aspiracionais pela maioria da população, sendo o chocolate uma delas”, considera Cremasco. Para atender essa demanda em ascensão, os investimentos têm sido constantes na Harald, tanto na expansão da capacidade de transformação de produtos como em aprimoramentos para melhoria da qualidade, enfatiza o diretor. Entre essas tacadas, ele sublinha o desembolso de R$ 30 milhões para a Tomazeli, da Abicab mercado premium com potencial explosivo. instalação de uma segunda unidade, que está sendo construída em São João da Boa Vista (SP), com conclusão prevista para o final do próximo ano. A empresa já operava no filão de coberturas com a marca Melken, fornecida a indústrias de alimentos, padarias, confeitarias e sorveterias. Ao inserir no ano passado a grife Unique que, segundo Cremasco, consumiu dois anos de pesquisas, a Harald ingressou no chamado mercado gourmet ou de chocolate fino. Na concorrente Puratos, há 25 anos no Brasil e integrante do grupo belga que assina a grife Belcolade, a percepção é a de que os consumidores elegeram o filão de chocolates premium para presentear e compartilhar com amigos e a família. “Como país produtor do cacau, a paixão pelo chocolate é clara e o crescimento do consumo local tem demonstrado isso”, observa Rupert Taylor, diretor de marketing e do centro local de inovações da Puratos, acrescentando que, ao contrário de muitos países, na condição de produtor de cacau o Brasil dispõe da oportunidade de controlar os volumes e direcionar o próprio chocolate a muitas aplicações artesanais e industriais. “Há inúmeras possibilidades para inserir produtos e o mercado busca desenvolver receitas e ideias para os principais momentos sazonais e para venda durante todo o ano”, comenta. Embora até aqui tenha prevalecido um consumo desigual de chocolate, com os maiores volumes centralizados nas capitais e no sudeste e sul do país, Taylor argumenta que essas diferenças existem em todos os mercados. Cada região tem especialidades e sabores. “Como, no entanto, as pessoas viajam mais e têm acesso a experiências, sabores e influências, esses hábitos se adaptam e evoluem. E à medida que o mercado avança e outros fabricantes são inseridos, a distribuição naturalmente se amplifica”, sublinha o diretor. Claro que o desafio logístico em um país com as dimensões do Brasil não consumo sempre em forma Termômetro informal da demanda chocolateira, tanto do lado da indústria como da atividade artesanal, o fornecimento de moldes para a confecção de barras, tabletes, bombons, ovos e figuras de chocolate também vem sendo mantido em fogo alto. Referência no desenvolvimento e produção de versões em policarbonato – material termoplástico mais ultilizado na aplicação –, a Gramado Injetados atua na ala tradicional de oferta standard, cuja demanda é puxada pela venda em lojas especializadas e atacados doceiros, com um mostruário com mais de 200 modelos em catálogo. “Além disso,fornecemos direto para indústrias de todos os portes do setor e também operamos sob medida (tailor made), encampando projetos desde a criação da ideia e concepção do produto até a usinagem do molde e injeção da peça”, assinalam os Gabriel, Daniele e Rudolfo, da Gramado Injetados mais de 200 modelos de moldes para chocolate. irmãos Gabriel, Daniele e Rudolfo Arend, dirigentes da empresa baseada há 17 anos na estância gaúcha de Gramado (RS). Verticalizada em todas as etapas da elaboração dos moldes de policarbonato, a transformadora vem ganhando cada vez mais espaço na ala chocolateira, com produtos de qualidade a preços 60% mais em conta que similares importados, orça Gabriel Arend, diretor de negócios da companhia. Com capacidade instalada em torno de 400 quilos/hora, a empresa cresce a uma taxa média anual de 15%, crava Gabriel, tendo de 2010 a 2011 registrado alta de 100% nas vendas.”Foi justamente em função do crescimento do consumo puxado pela atividade artesanal e a proliferação de franquias de chocolaterias”, atribui Daniele Arend, diretora de marketing da Gramado. Embalada por essa ascensão, a indústria projeta inaugurar a segunda fábrica no próximo ano. “Iremos triplicar a produção”, grifa Rudolfo Arend, diretor administrativo da empresa. 32 32 Doce Revista 2013junho 2013 Docejunho Revista Acesse: www.docerevista.com.br Acesse:www.docerevista.com.br www.docerevista.com.br Acesse: começar pelo cacau capixaba de Linhares”, argumenta ele. Nos últimos dois anos, informa, a companhia investiu R$ 20 milhões na expansão de sua planta de processamento de cacau de origem no Espírito Santo. Para obter o Chocolanté, a Puratos acompanha e controla todas as etapas da cadeia produtiva: variedade botânica, plantio do cacau, colheita, fermentação, secagem, torrefação, Cremasco, da Harald segunda planta para linha Melken Unique. moagem dos grãos, produção da massa de cacau até a eladeve ser subestimado, lembra ele. As boração final e a criação de receitas, das altas temperaturas e as grandes dis- mais simples às mais inusitadas. “A filotâncias transformam essa infraestru- sofia de manejo integrado na produção do tura em algo que precisa ser cuidado- cacau garante a seleção de uma matériasamente planejado, para garantir que -prima de elevada qualidade e a utilização o chocolate chegue aos consumidores das melhores técnicas de refino e conchagem conferem a Chocolanté sabor e textuem perfeitas condições. Derivada da tradição de mais de um ra incomparáveis”, sustenta Caio Gouvea, século da marca Belcolade, tida como o diretor geral da Puratos Brasil. verdadeiro chocolate belga, a grife Chocolanté, produzida no Brasil, é a primeiMercados emergentes ra linha que, graças a um controle da Há cinco anos no processamento de cadeia produtiva numa mesma região, chocolate com planta em Porto Ferreira oferece um produto que literalmente (SP), a Cargill vem se destacando pela derrete na boca, com sabor e textura atuação no filão industrial, com participadignos de um sobrenome belga, subli- ção crescente no mercado food service, nha Taylor. “Empregamos toda a paixão sem atuar diretamente no consumo final e expertise na arte de elaborar chocola- da categoria. Com expressiva presença te, já comprovadas pelo sucesso de Bel- em toda a cadeia do chocolate, pois mancolade, para desenvolver o Chocolanté tém uma unidade de processamento de com ingredientes produzidos no Brasil, a cacau em Ilhéus (BA), a companhia asse- Doce Revista junho 2013 Doce Revista junho 2013 gura dessa forma a qualidade e consistência das matérias-primas compradas que, por conseqüência, garantem um produto final diferenciado e com alta qualidade, assinala Miguel Sieh, diretor da Unidade de Negócio Cacau e Chocolate. Para ele, o crescimento da produção e consumo de chocolates nos últimos anos se explica pelo aumento da renda em segmentos significativos da população. Historicamente, detalha Sieh, esses consumidores tinham pouca ou nenhuma possibilidade de incluir o chocolate em suas compras. Outro fator é o aumento de oferta de produtos com valor agregado, o chamado chocolate premium, pela experimentação de variantes importadas e pela promoção da categoria a item para presente. Apesar da descoberta científica dos flavonóides no cacau, a motivação de consumo de chocolate no Brasil são ainda a indulgência e a experimentação de sabores e texturas, sustenta Sieh. O consumidor, teoriza ele, ainda não assimilou os benefícios dessas descobertas e, além disso, é preciso avançar para que a aplicação da legislação permita o uso de alegações funcionais em chocolates no país. O desenho de produtos cada vez mais protegidos pela sua embalagem, formulados com as melhores características de ingredientes e que resistam às condições adversas de temperatura no Brasil são exemplos de melhorias nesse mercado. “A evolução das condições de conservação da cadeia logística de transporte e armazena- Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 33 33 CAPA BISCOITOS mento terá influência-chave no desenvolvimento da categoria”, argumenta Sieh. Atenta ao avanço da demanda, a Cargill investiu aproximadamente R$ 10 milhões para modernizar e expandir em 25% a capacidade de prensagem de sua unidade processadora de cacau na Bahia. Colocado em marcha no início deste ano, o projeto de ampliação tem conclusão prevista para o início de 2014 e vai elevar o potencial da planta das atuais 65 mil toneladas (t) para 80 mil t, dimensiona Sieh. Ele explica que a prensagem é uma etapa posterior à moagem da amêndoa do cacau e consiste na separação da parte gordurosa (manteiga) da parte sólida (pó) da pasta, também conhecida como liquor, obtido na primeira moagem do insumo. A manteiga de cacau, por sua vez, segue para a fabricação de chocolate e o pó de cacau é direcionado a várias aplicações, entre as quais sorvetes, achocolatados, bebidas lácteas e sobremesas. O diretor frisa, no entanto, que a capacidade instalada nominal de processamento da unidade, de cerca de 85 mil toneladas, não aumentará. Ela é sempre superior à da prensagem porque parte do produto obtido com a moagem (liquor) pode também ser usada na fabricação de chocolate sem passar pela prensagem, ele explica. Fenômeno mundial O lado da indústria que abastece o varejo de chocolates também confirma o avanço nos volumes de venda do setor nos últimos anos. Monitoramento da ACNielsen repassa que esse balcão faturou R$ 5,5 bilhões no último ano, registrando crescimento de 5,8% em comparação com o período anterior. “A Arcor não só acompanhou o ritmo como foi a empresa que mais cresceu em 2012, cravando alta de 20,6% sobre o exercício anterior, ou seja, um crescimento sete vezes maior que o do mercado geral de chocolate em volume”, assinala Loredana Mariotto, diretora de marketing da Arcor Brasil. Para ela, esse aumento no consumo foi decorrência do ganho no poder de compra da nova classe média, bem como pela massiva oferta de novidades e inovações no setor, a exemplo das que vêm sendo bancadas pela Arcor. A executiva concorda com o diagnóstico de que essa agitação é um fenômeno mundial. Mas por aqui, nota, sofre muito pouca influência de descobertas, como a dos flavonóides no cacau. “Não é isso que determina a compra. O que faz o consumidor decidir no ponto de venda (PDV) pelo chocolate é a variedade de sabores, a qualidade e as inovações introduzidas pelas empresas nas marcas”, sublinha a diretora. Para acelerar a penetração de suas marcas de chocolate, a Arcor introduziu no início do ano o confeito Bon o Bon. “É a grande aposta para atrair o consumidor brasileiro em 2013 e, por conta disso, a Arcor realiza o maior investimento de sua história”, diz. Apenas na fabricação do bombom, o investimento foi de R$ 13 milhões na linha de produção. Desenvolvido em três exclusivos sabores – Beijinho com raspas de coco, Brigadeiro com chocolate granulado e Original Amendoim – a guloseima possui dupla cobertura de chocolate e Taylor, da Puratos tradição belga repassada à grife Chocolanté. 34 34 Doce Revista 2013junho 2013 Docejunho Revista Sieh, da Cargill expansão de 25% no processamento de cacau. leva recheio cremoso aerado, além de casquinha crocante. A diretora da Arcor argumenta que o Brasil é o campeão global na venda de bombom avulso, com 25.000 t equivalentes a uma receita de R$ 502 milhões anuais, sendo o segmento responsável por apenas 9% do total da categoria de chocolates. Praticamente estreante na categoria, embora detenha uma das marcas mais tradicionais do país, a Vonpar Alimentos expandiu sua atuação de mais de 60 anos no segmento de bebidas, ingressando há dois anos no filão alimentício. Braço do grupo controlador da Vonpar Refrescos, franqueada da Coca-Cola/Femsa no Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a companhia adquiriu, entre outras operações gaúchas do setor de confeitos, a centenária indústria de chocolates Neugebauer. Com gestão e operação totalmente independente em relação ao negócio de bebidas, a Vonpar Alimentos nasceu com portfólio com mais de 60 marcas, 20 tipos de produtos, 1.000 funcionários, três fábricas, faturamento de R$ 350 milhões (em 2012), presença nacional e em mais de 30 países. O mais recente desdobramento dessa empreitada incluiu investimento de R$ 160 milhões para integração das operações, mudança da antiga fábrica de chocolates de Porto Alegre (RS) para Arroio do Meio (RS) e expansão das linhas. Carlos Speltri, gerente de marketing da Vonpar Alimentos, lembra que a Neugebauer foi fundada em 1891 e em seu portfólio desfilam grifes consagradas como o bombom Acesse: www.docerevista.com.br Acesse:www.docerevista.com.br www.docerevista.com.br Acesse: Doce Revista março 2013 Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 35 35 CAPA BISCOITOS Amor Carioca, o confeito Bib’s e os tabletes Refeição e Stikadinho. “Concluímos o investimento na planta, triplicamos a capacidade para levar nossas marcas a todo o território nacional. Em paralelo à expansão, estamos implantando uma revisão em toda a cadeia de comercialização e logística, visando efetivar esse projeto”, detalha Speltri. Foi para garantir fatias nessa demanda em fogo alto que a Vonpar equipou sua unidade em Arroio do Meio com uma estrutura que, além de triplicar a produção, vai conferir maior precisão em todas as etapas do processo. “Vamos garantir a autenticidade do nosso chocolate, aumentar a eficiência e obter ganhos com a flexibilidade da planta no que se refere à inovação em produtos”, sinaliza Speltri. A maioria dos especialistas considera que a disseminação das grifes e franquias de chocolaterias também pesou no aumento do consumo de confeitos industrializados. “Operações com esse perfil exploram o potencial com o potencial do Brasil, existe espaço para ofertar todas as variantes e tipos de chocolate. “As franquias encontraram seu nicho com propostas de valor diferentes do grande mercado de massa”, assinala. Franquias em ascensão Representante desse filão, com atuação no segmento de doces e chocolates finos há mais de 40 anos, a paulistana Munik aproveita o embalo das vendas do setor para ampliar sua rede em 33% no segundo semestre de 2013. Segundo Marcia Bergamini Ferreira, gerente de expansão da companhia, o projeto conta com investimento de cerca de R$ 1,5 milhão entre revendas e lojas próprias. A Munik conta com 30 unidades, sendo oito próprias e 22 revendas. Com o plano de expansão, deve chegar até o final do ano com uma rede de 40 lojas, abrindo mais três próprias e sete revendas, contabiliza Márcia. “O objetivo é captar parceiros para os bairros de Pinheiros, Jabaquara, Vila Madalena, Vila Olímpia, Jardins, Speltri, da Vonpar capacidade triplicada para suportar lançamentos. “Cada parceiro conta com apoio da companhia durante o processo e, além disso, há todo um suporte operacional para a inauguração da loja, acompanhamento ao lojista e assessoria de marketing para as ações regionais”, informa a executiva. A Munik se encarrega ainda do treinamento teórico para a revenda e seus colaboradores, etapa que inclui o conhecimento da marca, técnicas de vendas e rotinas operacionais relacionados às atividades diárias da loja. “A abertura das unidades deverá gerar cerca de 35 empregos entre produção e operação nas lojas. Nossa expectativa é de um crescimento nas vendas em torno de 15%. Mas não vamos parar por aí, pois a meta é atingir 55 unidades até o final de 2014”, completa Marcia. Controlada do Grupo CRM, também detentor da grife de chocolaterias Kopenhagen, a rede Chocolates Brasil Loredana, da Arcor maior investimento para lançar bombom. de indulgência, impulso e valor como presente, especialmente em ocasiões particulares ou sazonais de celebração”, nota Sieh, da Cargill. Para Taylor, da Puratos, conveniência e estilo premium formam a essência do que essas empresas oferecem aos consumidores. “Eles compram o chocolate para ter uma experiência e uma conexão emocional, que as lojas promovem com conceitos e maneiras diferentes de consumir”, argumenta o expert. Speltri conclui que, em um mercado 36 36 Morumbi, Chácara Klabin, além de outras áreas com o perfil de público da chamada classe B”, informa a gerente, detalhando que, no interior paulista, o interesse da marca inclui as cidades de São José dos Campos, Jundiaí, Limeira, Araraquara, Bauru, Indaiatuba, São Carlos, Rio Claro e Taubaté. Márcia esclarece que, para a abertura de uma loja da Munik, o investimento gira em torno de R$ 120 mil, além de R$ 35 mil da taxa de revenda. Doce Revista 2013junho 2013 Docejunho Revista Márcia, da Munik expansão da rede em 33% até o final de 2013. Acesse: www.docerevista.com.br Acesse:www.docerevista.com.br www.docerevista.com.br Acesse: academia gourmet renata, do grupo crm 500 lojas da brasil cacau até o fim do ano. Cacau vem registrando crescimento a jato desde o seu lançamento, em 2009. Com o know-how na administração de franquias adquirido no comando da Kopenhagen, desde 1996, a empresa estabeleceu uma meta audaciosa: 500 operações até o final do ano, repassa Renata Moraes Vichi, vice-presidente executiva do Grupo CRM. Ela detalha que para abrir uma unidade da Chocolates Brasil Cacau, o investimento inicial é a partir de R$ 150 mil para as instalações civis (lojas de até 30 metros quadrados), marcenaria, ar condicionado e taxa de franquia, excluindo o valor necessário para pagamento de luvas do ponto. Existe ainda a opção de quiosque, que custa em média metade do valor da loja convencional. Estima-se que o retorno do investimento ocorra em até 36 meses. Número um global na produção e processamento de cacau e chocolate gourmet, com fábrica no Brasil desde 2010, a Barry Callebaut inaugurou em junho um centro técnico especializado em chocolates para disseminar receitas e tendências. Instalado no prédio da sede administrativa da companhia em São Paulo, a Chocolate Academy é a prova de que o avanço da categoria no país alcançou o ponto certo para acomodar novos investimentos. Com mais de 150 anos de experiência oriunda de marcas como a belga Callebaut e a francesa Cacao Barry, a unidade brasileira é a 15ª do grupo e a primeira da América do Sul. A companhia possui academias do chocolate em outros 14 países. “Ninguém mais vai precisar sair do país para buscar especialização em nossos centros. Vamos Busquet inspiração para chefs, confeiteiros, artesãos e gourmands. ensinar técnicas, receitas e tendências para inspirar chefs, confeiteiros, artesãos e gourmands interessados em se especializar no chocolate aqui mesmo”, frisa o chef francês Bertrand Busquet, consultor técnico da filial brasileira. A Chocolate Academy São Paulo ocupa 473 metros quadrados, praticamente um andar inteiro da sede na avenida Paulista, e sua estrutura é composta por uma cozinha industrial, com bancadas individuais de mármore para temperagem do chocolate, além de todo o equipamento e utensílios presentes nas escolas internacionais. Completam a infra um auditório, vestiário e um café, onde serão servidas refeições para os alunos que participarem de cursos intensivos. A execução do projeto foi coordenada por Busquet, que comandou a obra, escolha dos equipamentos e será o professor principal Ele também é responsável pela equipe técnica, grade de cursos e workshops, além de convidar instrutores estrangeiros para aulas especiais. Doce Revista junho 2013 Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 37 37 SUSTENTABILIDADE BISCOITOS Sintonia ecológica Dori investe R$ 15 milhões em fábrica de confeitos, centro de inovação e projetos de aura verde R eferência na produção de balas e confeitos, a Dori Alimentos vem promovendo uma reestruturação em todas as suas operações que, nos últimos dois anos, totalizou investimento de R$ 15 milhões. O lado mais visível das mudanças implementadas pode ser conferido na inauguração em 2012 da Unidade 40, quarta planta da empresa dedicada exclusivamente à produção de guloseimas à base de amendoim. Localizada no complexo industrial do grupo em Marília (SP), é capacitada a produzir 3 mil toneladas mensais de itens doces e salgados. Idealizada em conformidade com o projeto de sustentabilidade derivado da longa experiência da Dori no processamento do grão e industrialização de produtos à base da oleaginosa, a fábrica incorpora os avanços também presentes nas unidades de Marília e Rolândia (PR), a exemplo da troca de combustível fóssil pela queima de biomassa. “No ano passado, usamos parte dos recursos captados junto à Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) para comprar máquinas de embalagem. Mas uma parcela foi usada para investir em projetos de produção sustentada, além de um centro de inovação, que está sendo construído em Mairinque (SP), próximo ao Parque Tecnológico de Sorocaba (SP), onde iremos desenvolver produtos, alguns em parceria com alunos da Universidade Barion capacitação para a venda de créditos de carbono no mercado voluntário. 38 Doce Revista junho 2013 Unidade 40 da Dori substituição de combustível fóssil por biomassa. Mauá”, assinala Carlos Barion, presidente da Dori. Nesta entrevista à Doce Revista (DR), ele abre os detalhes do projeto de sustentabilidade em curso nas operações da companhia. DR – Quais ações de sustentabilidade vêm sendo implementadas na Dori? Barion – Tudo começou com a aquisição da fábrica de balas Ouro Verde, em 1989 em Rolândia. Foi lá que implementamos o chamado Sítio Ouro Verde, usado pela empresa na prática de uma série de projetos ambientais para, inclusive servir de exemplo e conscientizar a sociedade. Essa iniciativa impulsionou a plantação de 20 mil árvores nos últimos oito anos. O local possui cerca de 70 espécies de árvores, plantadas sempre em parceria com a comunidade. A Dori Alimentos incentiva trabalhos de conscientização ambiental entre seus colaboradores, além de desenvolver projetos de gestão de recursos sólidos, líquidos e gasosos. DR – Quais outras medidas se incluem no projeto? Barion – Uma das primeiras medidas para ajudar na preservação do meio am- biente foi a instalação na fábrica matriz de um sistema de lavagem de gases para caldeiras. Ele evita a poluição do ar e proporciona o tratamento dos resíduos sólidos que são lançados no esgoto. Além disso, a unidade possui geradores próprios de eletricidade, que suprem 100% das nossas necessidades, além de atender as emergências, permitindo dispensar totalmente o uso de energia pública nos horários de pico. Na filial de Rolândia, implantamos recentemente um sistema de tratamento de água pelo qual partículas sólidas são separadas e a água tratada é destinada à fertirrigação de uma área agrícola, onde há um projeto de reflorestamento e plantação de feno. DR – Como a Dori opera no mercado de créditos de carbono? Barion – Com o surgimento do mercado voluntário de crédito de carbono, um novo horizonte surgiu nos planos de negócios da companhia, que está se capacitando para colocar à venda créditos de carbono nesse balcão verde. O projeto de certificação e aquisição dos créditos está sendo acompanhado pela consultoria CantorCO2 e a esti- Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br mativa é a de que já tenhamos acumulado 80 mil créditos com a redução de emissões de gases de efeito estufa. Para alcançar esse desempenho, investimos até o momento cerca de R$ 180 mil de um orçamento total aprovado de R$ 2,5 milhões, para a reformulação de muitos processos nas unidades de Marília e Rolândia. Foi dentro dessa perspectiva que implementamos nas fábricas a troca de combustível fóssil pela queima de biomassa. DR – Como foi feita essa troca? Barion – A matriz é dotada de um processo totalmente inovador, que permite a queima da casca do amendoim. Em média, 90% das cascas de amendoim utilizadas na produção são fornecidas por terceiros e o restante é gerado pela própria matriz, que possui uma operação cerealista. Todos os fornecedores são rigorosamente escolhidos e precisam ser certificados para trabalhar com a Dori. Com isso, criamos oportunidades para as famílias da região, multiplicando empregos e renda. Já na unidade do Paraná a geração de energia renovável é realizada por outros pro- cessos de biomassa. A fábrica, que produz cerca de 350 toneladas de confeitos por dia, utiliza há cerca de dez anos o efluente tratado para o projeto de fertirrigação de uma área agrícola de 150 mil metros quadrados, destinada ao plantio de feno e eucaliptos. A extração de matéria-prima, à base de cavacos de madeira, serve para abastecer as caldeiras da fábrica, enquanto o feno é utilizado por criadores de cavalos da região. DR – Quais os planos para expandir a atuação sustentável? Barion – A empresa está trocando 22% de um portfólio de 260 produtos. São linhas de balas, chicles,confeitos de amendoim e chocolates com novos tamanhos e sabores. No total, vamos lançar neste ano 15 produtos e embalagens, que devem responder por 5% da receita anual de vendas. Vamos ainda aumentar a equipe comercial e a distribuição, passando de 70 a 85 distribuidores até dezembro. O plano é chegar a cem no próximo ano. Se tudo der certo, em 2014 devemos aumentar significativamente os investimentos, inclusive em sustentabilidade, mirando o aumento de produção para exportação, além de abrir um escritório nos Estados Unidos que, junto com o Canadá, representam 35% das nossas exportações. DR – Além do investimento na planta de confeitos de amendoim, foi anunciado aporte adicional de R$ 5 milhões até o final de 2013. A que se destina esse montante? Barion – Todo o investimento foi direcionado para melhorar os nossos processos produtivos, ampliar as linhas de produtos e desenvolver projetos inovadores que aumentem a competitividade da Dori, dentro de um planejamento sustentável. Acreditamos que, com essas melhorias, iremos potencializar a nossa eficiência operacional, que se traduz no melhor custo, flexibilidade, confiabilidade e velocidade. Esse conceito gera vantagem operacional, com atributos essenciais para que a empresa atenda com eficiência o atacado e o varejo, setor onde desejamos crescer 18% este ano. Continuaremos os investimentos para que os volumes continuem a crescer e, com isso, possamos ampliar ainda mais a nossa capacidade de atender às demandas do mercado. vogler Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 39 40 Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br 41 TOP DO MÊS BISCOITOS GIRO QUEM: LINEA PRODUTO: BARRA DE CHOCOLATE GANCHO: ZERO AÇÚCAR Sempre em busca de novidades para seus consumidores, a Linea desenvolveu mais uma surpresa: o chocolate zero açúcar em barra (30g), nas versões ao leite, dark (50% cacau) e branco. Trata-se de mais uma alternativa saudável para ser consumida sem restrições por toda família, inclusive por portadores de diabetes. Adicionalmente, a empresa se preocupou em desenvolver um produto que também oferecesse outros benefícios, como MAIS AÇÚCAR EM SUAS VENDAS ANUNCIE EM DOCE REVISTA (11) 3666-8301 [email protected] 42 Doce Revista junho 2013 alto teor de fibras e adição de colágeno, além de ser zero glúten e zero gordura trans. Como a maior parte das sugestões criadas pela empresa, o chocolate em barras é adoçado com sucralose (adoçante derivado da canade-açúcar, que não possui calorias), e apresenta excelente textura e cremosidade. O chocolate em barra Linea contém apenas 140 calorias em média por unidade. Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 43 GIRO BISCOITOS QUEM: RICLAN PRODUTO: BARRA DE CEREAIS GANCHO: CROCÂNCIA Dando sequência à renovação do seu portfólio, a Riclan introduz mais uma sacada na linha de produtos saudáveis. Trata-se da barra de cereais Energy Mix nas versões barra crocante de granola e barra crocante de cacau, caju e iogurte. “O diferencial tanto do produto à base de granola como o de nuts é a adição de iogurte na preparação e a extrema crocância, além do sabor naturalmente adocicado e suave do mel e da cremosidade conferida pelo toque lácteo”, descreve Gustavo Bacchi, gerente de marketing da indústria de Rio Claro (SP). As barrinhas Energy Mix, acrescenta ele, sobressaem ainda pelas embalagens de visual moderno, concebidas para despertar o desejo de consumo, associado a um estilo de vida leve e saudável. Em displays com 12 unidades, o produto sabor granola em sua embalagem individual contém duas barras de apenas 82 kcal e, a de cacau, caju e iogurte contém apenas 78 kcal. 44 Doce Revista junho 2013 QUEM: FLORESTAL PRODUTO: BRAZILIAN COFFEE GANCHO: FORMATO DE DROPS QUEM: HARALD PRODUTO: LINHA CONFEITEIRO GANCHO: AÇÚCAR COLORIDO Depois da introdução da linha de drops no primeiro trimestre do ano, a Florestal Alimentos amplia sua presença na categoria com a variante sabor café. Para incrementar o lançamento, a empresa aposta em uma de suas marcas mais importantes: a Brazilian Coffee, bala de café mais vendida do Brasil, agora disponível em tabletes. “A soma da marca tradicional e reconhecida com a praticidade do formato de drops confere ao produto um atraente resultado, no qual o consumidor tem em mãos uma configuração exclusiva, por ser o único desenvolvido no sabor Brazilian Coffee”, resume Adriano Orso, gerente de marketing da empresa. Ele informa que cada bala tem peso de 3,5g e foi desenvolvida em formato retangular. Em tabletes de 35g, são agrupados 10 unidades do drops. Os displays apresentam duas versões de peso: 735g contendo 21 tabletes e 420g contendo 12 tabletes. A embalagem recebe as mesmas características visuais da tradicional Brazilian Coffee, desenvolvida com um fundo predominantemente preto. Já a embalagem do tablete foi desenvolvida em papel metalizado, conferindo requinte ao visual e maior conservação do drops, conclui Orso. Referência em chocolate e cobertura para food service, a empresa amplia a linha Harald Confeiteiro, até agora disponível apenas na forma de cobertura fracionada, com o lançamento do Harald Confeiteiro Açúcar Colorido. Pronto para uso e com diversidade de cores – amarela, azul, verde, vermelho, rosa e branco –, a novidade incorpora maior praticidade e criatividade nas receitas. Segundo Jacob Cremasco, diretor comercial da Harald, os cristais do açúcar utilizado como matéria-prima no desenvolvimento exibem tamanho padronizado, assegurando agilidade nas misturas e formulações, além de gerar economia com a eliminação de etapas como a de tingimento. “Sua aplicação é indicada para decoração em docinhos de festas, maçãs do amor e biscoitos, além de uso decorativo em geral na panificação e confeitaria (bolos, tortas, pães e doces), podendo ser ainda empregado para adoçar e colorir bebidas quentes e frias”, sugere o executivo. Desde maio no trade atacadista e em varejos especializados, o Harald Confeiteiro Açúcar Colorido pode ser conferido em embalagens de 500g nas seis variantes de cores. Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br QUEM: DAUPER PRODUTO: MINICOOKIES GANCHO: INTEGRAL SEM GLÚTEN MiniCookies Integrais Sem Glúten compõem a linha Gran Pure, marca da Dauper, disponíveis desde maio no trade da categoria nos sabores baunilha com gotas sabor chocolate e chocolate com gotas sabor chocolate. Fabricada com farinha de arroz e sete grãos, a novidade é opção ideal para os celíacos, que não podem comer alimentos com glúten, além de pessoas que buscam uma alimentação mais saudável e equilibrada, ar- Doce Revista junho 2013 gumenta Raul Matos, diretor comercial da Dauper. Ele informa que, conforme alerta da Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra), a doença afeta em torno de dois milhões de pessoas no Brasil, mas a maioria delas encontra-se sem diagnóstico. “Estimase que de cada 400 brasileiros um seja celíaco e, de cada oito pessoas com a doença, apenas uma tenha o diagnóstico”, informa o executivo. Outro diferencial da linha, acrescenta ele, é a rica composição de ingredientes, entre os quais sobressai o amaranto, grão extremamente nutritivo. “Além de auxiliar na redução de colesterol no sangue, exibe alto teor de proteínas e aminoácidos, moléculas orgânicas não fabricadas pelo organismo e essenciais para o corpo humano”, assinala Matos. Os minicookies Gran Pure também incorporam a quinua, o gergelim, o arroz, a linhaça, a soja e a semente de girassol, podendo ser encontrados em embalagens de 120g no autosserviço. fortress Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 45 SAÚDE & BEM-ESTAR BISCOITOS Orgânico popular Monama aposta em produtos naturais certificados com preços mais em conta Camila planos de abrir 20 lojas em cinco anos. O filão de produtos orgânicos no Brasil ainda é pequeno. Exibe problemas de estruturação da cadeia e pouca profissionalização, além de preços ainda considerados altos. Mas a demanda do mercado interno e, sobretudo, o seu potencial, segue encorajando uma produção, que culminou com a movimentação de quase R$ 1,5 bilhão em 2012, sendo um terço desse valor atribuído a vendas ao exterior. A dificuldade para encontrar produtos saudáveis e saborosos motivou a empresária Camila Brennand Fortes a estudar esse mercado. Em seis meses, com um plano de negócios nas mãos, ela inaugurou uma fábrica de alimentos orgânicos: a Monama. Em 2012, a empreendedora faturou R$ 4,2 milhões e, depois de investir em uma operação paralela de varejo, pretende alcançar R$ 7,5 milhões em 2013. Na entrevista a seguir, Camila abre detalhes de sua trajetória e do negócio. DR – Como ingressou no mercado de produtos orgânicos? Camila – A ideia era começar a empresa com uma linha de sucos. Mas o relatório de uma consultoria contratada para sondar esse mercado mostrou que entrar na disputa com as grandes marcas do setor seria um caminho árduo e custoso. A saí- 46 Doce Revista junho 2013 da encontrada foi apostar em uma linha de granolas e barras de cereais, inicialmente vendidas pela internet. Nossa estratégia era levar os produtos orgânicos para o maior número de pessoas e itens como barrinhas de cereais são produtos mais em conta, fáceis de transportar e muito convenientes pois podem ser comidos a qualquer hora. DR – De onde vem o nome da empresa? Camila – A palavra Monama tem origem na língua indígena, onde Apomonama significa misturar as pequenas coisas. Ela inspirou a criação da Monama, que é uma marca de produtos 100% orgânicos certificados. Somos uma equipe de colaboradores e contamos diretamente com o apoio de produtores orgânicos, que fornecem as matérias-primas usadas na nossa produção. DR – Como evoluiu a venda pela internet? Camila – Pensamos também em uma operação de e-commerce que, no início, entretanto, não deu os resultados esperados. Mas nosso faturamento foi alavancado pelas vendas em lojas de autossserviço. Pontos de venda como os empórios Santa Luzia e Santa Maria, em São Paulo, foram responsáveis pelos primeiros pedidos. Hoje, essa demanda do varejo representa 98% do nosso faturamento. DR – Quais são os principais cuidados com a linha de produtos? Camila – A preocupação da Monama é introduzir produtos orgânicos com diferenciais. Eles, por exemplo, não contêm lacto- Monama linha isenta de glúten e lactose. se ou glúten na composição. Também não usamos o açúcar refinado nas receitas. No ano passado lançamos a semente de chia, óleo de coco, chocolate e creme de avelã – feitos com cacau orgânico e açúcar mascavo orgânico – e pão de chia, com textura semelhante a um pão de queijo e vendido congelado para assar em casa. Para este ano, a previsão é lançar uva passa, mel, castanha de caju e uma linha de baby food, com papinha, suplementos e biscoitos. DR – Como foi o ingresso no Mercado Apanã e a parceria com a Bia Antony? Camila – No fim do ano passado, ela entrou como sócia. Nessa época, iniciamos uma busca por novos negócios e encontramos o Mercado Apanã, que funciona em Perdizes. Eu já era cliente e vendíamos Monama nesse mercado. Foi lá que encontramos o maior mix de produtos naturais e orgânicos em um só lugar. O que chamou a atenção foi o fato de o comércio operar com delivery. Em São Paulo você não tem tempo de ficar rodando a cidade para comprar os produtos que precisa. Como sócias planejamos expandir o mercado. A ideia é abrir 20 lojas em cinco anos. A segunda unidade será inaugurada ainda neste ano na rua Augusta. No primeiro ano e meio queremos focar em São Paulo para entender como realmente o negócio funciona. É uma cidade que se você muda de bairro já encontra diferentes costumes. DR – Quais os planos para o Mercado Apanã? Camila – Vendemos produtos até 30% mais baratos que o varejo tradicional. O orgânico não tem que ser para um público elitizado. Não é este o foco. Queremos levar os produtos para o maior número possível de pessoas e só conseguimos isso com preços acessíveis. As próximas lojas deverão ser instaladas no Itaim e na zona leste. Abrir franquias está nos nossos planos, mas não agora, nesse começo. Queremos amadurecer a empresa e formular bem esse DNA para o negócio não se perder. Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br 47 BISCOITOS 48 Doce Revista junho 2013 Acesse: www.docerevista.com.br Acesse: www.docerevista.com.br