Ensino de Eletricidade: Atendendo aos Desafios Pedagógicos na “Virada do Século”
Jose Antonio Alves Neto
ENSINO DE ELETRICIDADE: ATENDENDO AOS DESAFIOS
PEDAGÓGICOS NA “VIRADA DO SÉCULO”
Jose Antonio Alves Neto
Engenheiro Eletrotécnico com Mestrado em Educação e Tecnologia Universidade Bandeirante de São Paulo
Professor de Eletrônica da ETE Getúlio Vargas, Escola de Engenharia Mauá e do CEFET-SP
As novas tecnologias aplicadas ao ensino de eletricidade representam atualmente
um grande desafio pedagógico, pois exigem novas habilidades para desenvolver
os conhecimentos que se têm hoje sobre a eletricidade. Através de novos recursos
pedagógicos, podemos despertar no educando um novo aprendizado em novas
tecnologias e, ao mesmo tempo, ampliar seu conhecimento para uma nova
realidade de mercado. Fazemos, assim, neste artigo dois questionamentos:
1-) Qual seria o perfil do professor ideal para o ensino de Eletricidade?
2-) Como ensinar eletricidade através do Controlador Lógico Programável e
de Comandos Elétricos? Observou-se ainda uma preferência pelo professor
que possui bom conhecimento prático e teórico e tem um bom relacionamento
com o aluno, o mesmo ocorreu em relação ao professor do Controlador Lógico
Programável. Concluímos que compete ao professor motivar os alunos, como,
aliás, em qualquer atividade docente.
Esta pesquisa surgiu a partir
das aulas de Comandos Elétricos,
ministradas em uma Escola Técnica
Profissionalizante, utilizando como
nova tecnologia o Controlador
Lógico Programável, que torna
o aprendizado do educando mais
motivador e semelhante ao que
ocorre no contexto industrial.
O nível de compreensão do
educando é proveniente de sua
motivação inata e de seu interesse em
aprender. Numa visão mais moderna,
parece que cabe ao professor despertar
t a l i n t e r e sse, através de estratégia s
que se vinculem ao dia-a-dia, a
f i m d e e s timular o querer aprende r
d o e d u c a ndo.
E m r e l a ç ã o a o a t o d e e n s i n a r,
devemos procurar um processo de
aprendizado motivador para substituir
as aulas acadêmicas tradicionais.
Desse modo, será possível que um
saber prático seja associado a um
conhecimento teórico, condizente
c o m a n o s sa realidade mutante.
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O obje tivo da e duc a ç ã o de ve r ia
ser a formação de um ser humano
c onsc ie nte e pa r tic ipa tivo e de ve r ia
contemplar todos os saberes, com
vista s a o sa be r f a z e r e nã o o f a z e r
por f a z e r.
Pinto, em seu livro As sete
liç õe s de Educ aç ão, nos r e la ta que a
e duc a ç ã o pa r a visa r à tr a nsf or ma ç ão
d e v e s e r p o p u l a r, d e v e t e r c o m o
pr in c íp io a igu a ld a d e de tod os , e m
quantidade e qualidade na busca
de atingir a alfabetização e, por
meio dela, a mudança da condição
humana em relação ao saber. A partir
de sse mome nto, o home m tor nou-s e
um elemento transformador de seu
mundo e, possibilitado pelo fato
d e s a b e r, p a s s a a v e r o m u n d o e a
si mesmo por outro ponto de vista
PI NTO ( 1994, p. 49) .
Segundo DEMO (1995, p. 217) em
Desafios Modernos da Educação, hoje
a competência do educando moderno
se faz em uma didática de ensinar a
aprender e na capacidade de motivar
Ed. 01/2000
Ensino de Eletricidade: Atendendo aos Desafios Pedagógicos na “Virada do Século”
Jose Antonio Alves Neto
o educando, sendo este o grande
d e s a f i o . O p r o c e s s o d e m e m o r i z a r,
copiar, decorar, fazer prova, colar, não
deveria ser a maneira atual de o aluno
reforçar o seu aprendizado. O aluno
deveria sim concentrar-se no processo
de aprender, buscando a construção da
sua própria pesquisa e da evolução do
seu conhecimento. Somente através
da pesquisa o professor pode ensinar
de fato, pois o ensinar a copiar não
é c i ê n c i a e m uito m enos educa ç ã o.
A produção do conhecimento se dá
através do questionamento teórico
e prático.
Chegamos à conclusão, em
r e l a ç ã o a o perfil do professor ide a l,
de que o conhecimento é fundamental
para o educador, tanto no domínio da
teoria como no da prática. O educador
deve estar consciente de sua mis são.
O seu relacionamento com o educando
deve ser pautado na confiança e
n o d e s e j o e v o n t a d e d e e n s i n a r.
Em relação à sua ação pedagógica
e à h a b i l i d a d e p a r a e d u c a r, e s t a s
devem ser marcantes neste processo,
p o i s o s melhores e mais avanç a dos
p l a n o s d i dáticos escolares resu lta m
e m f r a c a sso, quando não existe e sse
f a t o r f u n d amental, que é o desejo de
e n si n a r d o educador.
Aprendizagem é o modo pelo
qual o comportamento pode mudar
por meio de experiência. Baseados no
c o m p o r t a m ento inicial do educando,
poderemos saber qual será o
processo eficaz para poder alterá-lo.
O pensamento e as ações se modificam
através da aprendizagem, resultando
em novos conhecimentos. O professor
precisa estar bem informado e
estar consciente dos fatos que
p r e t e n d e ensinar.
Além desse aspecto, precisam
os professores estar interessados
nos seus alunos como seres humanos
vivos e em desenvolvimento e ter
c o n h e c i m e ntos técnicos. Tam bém o
relacionamento fora da escola, em
SINERGIA
seus lares e com familiares, é de
gr a nde impor tâ nc ia .
O verbo “ensinar” implica
uma mudança do educando em seu
c ompor ta me nto, c onf or me SEAGOE
(1978, p. 23). A natureza da motivação
é f unda me nta l a o a pr e ndiz a do, po is
este não se dá pela simples repetição
de um fato, ou pela exposição de
uma situação. A motivação é o
ponto inicial do processo, em que
o a l u n o p r e c i s a q u e r e r a p r e n d e r.
O aumento do grau de tensão do
educando produz uma tendência
para direcionar para um objetivo,
a tr a vé s da motiva ç ã o. De ve mos no s
lembrar de que os alunos diferem
entre si nas suas respostas porque
a mesma espécie de incentivo tem
significados diferentes para vários
indivíduos. Diante da apresentação
d e u m c o n t e ú d o p o r u m p r o f e s s o r,
a lguns a lunos se r ã o a f e ta dos por e le
e responderão, enquanto outros, pelo
menos aparentemente, permanecerão
intocados. Esta motivação em relação
a um determinado tópico do conteúdo
de pe nde f unda me nta lme nte do gr au
em que ela tenha valor para o
indivíduo e m que stã o.
Com relação à disciplina
Coma ndos Elé tr ic os, ( f igur a 1) pa r a
que ha ja a pr e ndiz a ge m, o inte r e s s e
deve ser estimulado, em diferentes
aspectos do indivíduo. As motivações
afetiva, psicológicas e emocionais
se entrelaçam com os interesses
c ognitivos. Só a pr e nde o e duc a nd o ,
quando sente a necessidade desse
conhecimento. E se este tiver um
significado afetivo em relação a
uma experiência concreta em sua
r e a lida de pr e se nte .
O novo, quando ensinado
com entusiasmo, motiva e induz
o educando ao conhecimento.
Além disso, o professor deve
demonstrar a relação entre aquilo
que e nsina e o mundo r e a l, e a su a
a plic a bilida de no se tor industr ia l.
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Ensino de Eletricidade: Atendendo aos Desafios Pedagógicos na “Virada do Século”
Jose Antonio Alves Neto
Figura 2
Figura 1
Hoje a eletricidade é um recurso
de grande importância. Podemos
c i t a r, c o m o u m e x e m p l o , u m a u s i n a
h i d r o e l é t r i c a q u e g e r a e n e rg i a p a r a
todo um país, alimentando os setores
industrial, residencial e comercial.
E graça a esta energia temos a
produção industrial automatizada
através dos controladores
lógico programável e comandos
elétricos tradicionais.
O controlador Lógico
Programável, (figuras 2, 3 e 4) dentro
d e sse m u n do de novas tecnolo gias,
consiste de um microcomputador e
de um programa, e foi criado para
atender necessidades de um sistema
a ser controlado ou automatizado.
Com mais precisão, confiabilidade,
baixo custo e rapidez, é automatizada
uma grande quantidade de informações.
A g r a n d e vantagem do C ontrola dor
(CLP) é o fato de a modificação ser
realizada apenas no software, e não
n o h a rd w a re , t o r n a n d o o p r o c e s s o
mais ágil e econômico. Em comandos
elétricos, ao contrário, a modificação
tem que ser feita no próprio painel,
ocasionando aumento no custo da
montagem, pois há necessidade de
serem mudados os componentes
para que um novo produto possa
ser fabricado.
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Figura 3
Figura 3
REFERÊNCIAS
DEMO, Pedro. Desafios Modernos da
Educação. Petrópolis: Vozes,1995.
PINTO, Alvaro Vieira, As sete lições
de Educação. 9.ed. São Paulo:
Cortez, 1994.
SEAGOE, May Violet. O processo de
Aprendizagem e a Prática Escolar. 2.ed.
São Paulo: Erica, 1978.
Ed. 01/2000
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