2 Dezembro 2006 NESTA EDIÇÃO 9 6 Comitiva do Panamá visitou a JFRS em busca de novas Especial Conheça as principais experiências de conciliação realizadas pela Justiça Federal do Rio Grande do Sul 10 Geral experiências e práticas de gestão Projeto Portas Abertas recebeu alunos de Universidade UNILASALLE de Canoas 7 Sistema de Processo Eletrônico está presente em todas as subseções do Estado 8 Crime organizado: saiba sobre as operações ajuizadas BR-101 Mutirões de conciliação solucionam conflitos entre desapropriados e Dnit nas varas criminais da Capital Ação 15 Veja algumas das sentenças proferidas pelos juizes da JFRS Pessoal 17 A psicóloga e psicanalista Ana Virginia Canani, trata sobre a “motivação no trabalho” 19 Perfil O projeto “A História da Justiça Federal - RS Contada por quem a Constrói”, apresenta o perfil de José Conceição Orcy “As peripécias do recrutamento” é o tema abordado por Luciana Rublescki, diretora do NRH 18 Jovens da Fase integram o Projeto Trabalho Educativo e Cidadania na Justiça Federal do Rio Grande do Sul EXPEDIENTE JUSTIÇA FEDERAL DE 1º GRAU Seção Judiciária do Rio Grande do Sul Subseção Judiciária de Porto Alegre Diretora do Foro: Juíza Federal Taís Schilling Ferraz Vice-Diretor do Foro: Juiz Federal Hermes Siedler da Conceição Jr Secretaria Administrativa: Rosane Peixoto dos Santos Brum Núcleo de Apoio Administrativo: Carlos Alberto Lamb Carosio Núcleo de Apoio Operacional: Carlos Alberto Lanzini Núcleo de Apoio Judiciário: Roque Tschiedel Núcleo de Contadoria: Marco Antônio Soares Ochoa Núcleo de Informática: Luigi Frusciante Filho Núcleo de Planejamento, Orçamento e Finanças: Paulo Henrique Souza da Silva Núcleo de Recursos Humanos: Luciana Felício Rublescki Núcleo de Documentação: Gustavo André Eckhard Supervisora da Seção de Comunicação Social Cláudia Luísa Castro Gomes de Mello Jornalistas Christian Ricardo Stoll - DRT/RS 9.129 (J. Responsável) Gabriela Cardoso Oliveira - DRT/RS 8.885 Estagiária de Jornalismo Clarisse Pantoja Colaboração NDOC e NRH Rua Otávio Francisco Caruso da Rocha, 600 - 8º andar CEP 90010-395 – Fone: (51) 3214.9006 e-mail: [email protected] – Internet: www.jfrs.gov.br Impressão Promoarte Comunicação Gráfica Tiragem 2.000 exemplares Foto Capa Christian Stoll Esta publicação é editada pela Seção de Comunicação Social da JFRS Você pode colaborar com a nossa revista enviando sua opinião, sugestão ou crítica para o e-mail [email protected]. A sua participação será bem-vinda. Dezembro 2006 3 EDITORIAL Esta edição, dentre diversas matérias relevantes, traz muito sobre conciliação. Mecanismo especial de solução dos conflitos judiciais, a conciliação atualmente ocupa lugar de destaque no cenário jurídico nacional. Todo o Poder Judiciário une-se para acolher e para difundir uma nova cultura processual, sob a liderança do Conselho Nacional de Justiça, que lançou o programa “Conciliar é Legal”. Na 4ª Região já se tem história para contar sobre a conciliação. Rompendo com uma longa tradição de considerar a indisponibilidade do interesse público incompatível com a solução consensual dos conflitos, juízes dos Juizados Especiais e de diversas varas federais, com o exemplo do Tribunal Regional Federal, provaram que em inúmeras situações a preservação do interesse público será alcançada com maior efetividade através do acordo, que mediante a litigiosidade incontida dos recursos. A revista traz um pouco desta história, apresentando iniciativas das varas federais do Rio Grande do Sul e do TRF, e números expressivos a demonstrar o alargamento da cultura da conciliação. Quando o juiz substitui-se às partes, julgando o litígio, ele o faz apenas do ponto de vista dos efeitos jurídicos, mas na imensa maioria das vezes, ao contrário de eliminar o conflito subjetivo, o incrementa, gerando maior animosidade e, em grande medida, transferência de responsabilidades pela derrota judicial: a parte vencida dificilmente reconhece que seu direito não era melhor que o da outra, e, não raro, credita ao Poder Judiciário a responsabilidade pelo revés em suas expectativas. O vencido dificilmente é convencido pela sentença e o ressentimento, decorrente do julgamento, fomenta novas lides, em um círculo vicioso. Na conciliação não existem vencedores nem perdedores. São as partes que constroem a solução para os próprios problemas, comprometendose com os resultados, resgatando, tanto quanto possível, a capacidade de relacionamento. Nesse mecanismo, a importância do papel do juiz assume proporções muito maiores, pois é aqui que ele cumpre sua missão de pacificar verdadeiramente o conflito. E é nesta atividade que ele colhe os melhores e mais emocionantes ensinamentos para a atividade jurisdicional. “Conciliar é legal”. Taís Schilling Ferraz, Juíza Federal, Diretora do Foro da Seção Judiciária do Rio Grande do Sul. RECORDANDO Uma história da Guerra A Revolução Federalista ocorreu no sul do Brasil logo após a Proclamação da República, em 1889. O motivo foi a instabilidade política gerada pelos federalistas, que pretendiam afastar do poder Júlio de Castilhos, então presidente do Estado. A desavença estabeleceu-se entre aqueles que visavam à autonomia estadual frente ao poder federal e seus opositores. A luta armada entre gasparistas ou maragatos - seguidores de Gaspar Silveira Martins, fundador do Partido Federalista do RS - e castilhistas ou pica-paus - partidários de Júlio de Castilhos - se estendeu para Santa Catarina e Paraná. A guerra civil durou de fevereiro de 1893 a agosto de 1895 e foi vencida pelos picapaus. Neste conflito houve mais de dez mil mortos e centenas de milhares de feridos. É nesse contexto, profundamente marcado pela guerra, que Leonídio Borges Fortes, proprietário de terras e pecuarista no município de São Gabriel, ajuizou, em 1900, contra a Fazenda Nacional uma ação solicitando a indenização pelas perdas sofridas durante o período de 1894-95. Alegou que, pela localização, sua fazenda foi ponto de constante trânsito e acampamento das forças legais que operaram na região, motivo pelo qual o autor teve que se refugiar na vila de São Vicente, onde permaneceu até o final do conflito. Leonídio afirmava ter sofrido um prejuízo de mais de 700 cabeças de gado, entre reses, cavalos, éguas e potros, além de danos nas benfeitorias e estruturas existentes em suas terras. Ele também apresentou uma relação com o nome dos oficiais e a quantidade de animais que foram requisitados pelas tropas. Anexou ao processo diversas declarações de fazendeiros locais confirmando as supostas perdas e algumas declarações dos próprios oficiais confirmando a quantidade de gado requerida. No entanto, seu desejo não foi atendido. A Fazenda alegou que não autorizou o fornecimento de gado e que as tropas recebiam valores para o seu sustento. Em 1903, Leonídio recorreu, mas foi considerado "carecedor de ação contra a Fazenda Nacional, nomeadamente pela prescrição do seu direito de pedir e de acionar". Ele apelou, mas "não houve julgamento no Colendo Supremo Tribunal". Em 1970, após a recriação da Justiça Federal de Primeiro Grau, a ação ordinária de nº 183997 voltou a movimento, publicou-se edital de citação (nenhum interessado se manifestou) e posteriormente foi arquivado. O processo é vasto em documentação da época e, portanto de relevância histórica para a Justiça Federal do Rio Grande do Sul. Dezembro 2006 NOTAS Comunicação & Justiça O projeto "Vídeos Lagoa do Peixe, Conciliação SFH, Justiça Solidária e Vila Chocolatão", do TRF4, foi o vencedor do 4º Prêmio Nacional de Comunicação & Justiça - 2006, na categoria Vídeo Institucional. A divulgação e entrega dos troféus aos vencedores do prêmio aconteceu durante a programação do II Congresso Brasileiro dos Assessores de Comunicação da Justiça (Conbrascom 2006), em Porto Alegre. Os vídeos foram realizados pela Comunicação Social do Tribunal e pela repórter Analice Bolzan, com edição de Daniel Bernardes e imagens de Ricardo Nunes, J. Silva e Jairo Cristofari. GES realiza seleção O Núcleo de Recursos Humanos da SJRS promoveu o primeiro processo de seleção de novos agentes para composição do Grupo Especial de Segurança - GES. Técnicos judiciários com especialização em segurança e transportes inscreveram-se para participar das três etapas da seleção, que incluem avaliação médica, psicológica e avaliação em curso técnico. Esta etapa técnica foi realizada pelo Grupo de Ações Táticas Especiais (GATE) do Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar. Durante 4 dias os agentes receberam aulas teóricas e práticas sobre o manuseio de arma de fogo, tiro, formação de equipes em segurança de dignitários. Segundo Gustavo Falcetta, supervisor da Seção de Segurança e Coordenador do GES, o processo de seleção buscou agregar novas pessoas ao grupo, que "gostem do tipo de trabalho que é realizado, mas principalmente visou à profissionalização dos serviços da área de segurança na Justiça Federal". Interesse e dedicação fazem parte do perfil desejado, pois o GES tem como finalidade elaborar e executar políticas de segurança. Entre suas atribuições estão as escoltas de magistrados, de réus presos, segurança em audiências criminais, atuação no combate a incêndios, primeiros socorros, entre outras. Empossado novo desembargador Foto: Sylvio Sirângelo 4 Tomou posse, no dia 10 de outubro, como desembargador do Tribunal Regional Federal (TRF4) da 4ª Região, o juiz federal Rômulo Pizzolatti. Em seu discurso saudou os novos tempos. Segundo ele, "os juízes não podem ficar alheios ao que se passa a sua volta, devem se manifestar sobre o que ocorre na sociedade". O magistrado salientou que a nova geração encontra um mundo melhor, com menos discriminação e maior publicidade dos poderes públicos. Ele foi escolhido pelo critério de antiguidade para assumir a vaga aberta com a aposentadoria do desembargador federal Vladimir Passos de Freitas. Natural de Blumenau (SC), Rômulo Pizzolatti tem 45 anos. Formou-se em Direito pela Fundação Universidade Regional de Blumenau (Furb), em 1983. É mestre em Direito pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), instituição na qual também concluiu, em 2001, o curso de doutorado em Direito do Estado. Ingressou na magistratura federal em 1991. Antes disso, exerceu a advocacia e foi juiz de Direito do Estado de SC. Atuou como juiz federal em Porto Alegre e em Florianópolis. Titular da 2ª Vara Federal da Capital gaúcha estava convocado para compor o TRF4 desde maio deste ano. Contadoria é destaque em prêmios de qualidade O Núcleo de Contadoria da Subseção Judiciária de Porto Alegre foi selecionado para participar da VII Mostra Nacional de Trabalhos de Qualidade no Poder Judiciário que ocorreu no Tribunal de Justiça de Alagoas. O título do trabalho inscrito pela contadoria foi "Disponibilização Gratuita na Rede Mundial de Programas para Elaboração de Cálculos Judiciais". Desde 2004 programas de cálculos para ações de juizados especiais federais são oferecidos gratuitamente neste site. Segundo o diretor do núcleo, Marco Antonio Ochoa, a idéia é criar uma nova cultura para os advogados, facilitar o acesso das partes e dar mais confiabilidade aos cálculos, já que os índices são atualizados mensalmente pela contadoria. O projeto do núcleo de contadoria ganhou, ainda, menção honrosa do Prêmio de Qualidade Judiciária Ministro Djaci Falcão, instituído pelo Conselho da Justiça Federal (CJF). A premiação contou com 90 trabalhos inscritos por juízes e servidores do Poder Judiciário e membros e servidores do Ministério Público. Dezembro 2006 5 Escola Postural Foi realizada no dia 16 de outubro a formatura da Escola Postural no Trabalho, desenvolvida na Justiça Federal de Porto Alegre. Em quatro meses, divididos em duas turmas, 46 alunos foram orientados pela professora Anneliese Schonhorst Rocha sobre a melhor forma de cuidar da coluna no ambiente de trabalho. Neste período, os participantes tiveram orientações, exercícios e ações preventivas para a saúde no trabalho. A posição sentada foi o principal foco de abordagem educativa da Escola Postural, por tratar-se da posição em que os servidores da justiça permanecem a maior parte do tempo durante a jornada de trabalho e por ser a que causa maior impacto sobre a coluna. Aprendendo a gerenciar grupos de trabalho No dia 27/10 ocorreu o encerramento de mais uma turma do Programa Competências Coletivas. O Programa tem por objetivo desenvolver habilidades referentes ao gerenciamento de pessoas. A turma que concluiu o trabalho foi composta por Supervisores do Administrativo de Porto Alegre e por Supervisores de Apoio Judiciário e Administrativo das Subseções do Interior. O Programa Competências Coletivas divide-se em um nível básico e um nível avançado, onde são trabalhados aspectos comportamentais, além de apresentar aos gestores algumas ferramentas que auxiliam na gestão de pessoas. Neste segundo semestre, o Núcleo de Recursos Humanos iniciou o trabalho com uma nova turma de nível básico, a turma Vitória Régia, composta por diretores de secretaria da Capital e do interior do Estado e supervisores de direções de Foro. Cursos de Final de Tarde Desde agosto o NRH vem realizando os Cursos de Final de Tarde. O objetivo é proporcionar aos servidores da JFRS uma oportunidade de atualização em temas relacionados ao trabalho desenvolvido na Instituição. Já participaram mais de 440 pessoas, apenas em Porto Alegre. As palestras, ministradas por juízes, ocorrem na Capital e são transmitidos em tempo real por vídeoconferência para as subseções de Caxias do Sul, Rio Grande, Santo Ângelo, Passo Fundo e Santa Maria. As demais subseções receberão as apresentações gravadas em DVD. Em decorrência da necessidade e do interesse demonstrado por servidores e magistrados, seis das sete aulas trataram da reforma do Código de Processo Civil, mas como explicou a diretora do NRH, Luciana Rublescki, a finalidade é enfocar temas diversos. "Os colegas podem enviar sugestões de temas A 3ª Caminhada da JF Realizada no dia 09 de novembro, 70 pessoas saíram do prédio-sede em direção ao Parque da Harmonia, percorrendo aproximadamente 4 km. A caminhada, organizada pelo Núcleo de Recursos Humanos com a parceria do Núcleo de Apoio Operacional, foi acompanhada pelos monitores da GPS Ginástica Laboral e Ergonomia, que sorteou sete prêmios aos participantes no final do percurso. pontuais para entrar na pauta dos próximos cursos". Para a magistrada Maria Helena Rau de Souza esses encontros de atualização são extremamente importantes, pois são momentos de reflexão sobre a organização dos conteúdos relativos a novas leis, idéias e orientações de jurisprudências. "Apesar de breves, as palestras destinam-se a proporcionar que o servidor tenha uma visão do conjunto, que reconheça um elo entre as suas atribuições ao longo do desenvolvimento de um processo". Até o momento foram abordados os seguintes assuntos: cumprimento de sentença; competência, comunicação oficial dos atos processuais e outras alterações; recursos e agravo; acesso à Justiça e discriminação; juízo liminar de improcedência; prescrição; a defesa do executado no regime do cumprimento de sentença. 6 Dezembro 2006 GERAL Compartilhando experiências Representantes do Poder Judiciário do Panamá visitaram a Justiça Federal gaúcha em busca de novas experiências e boas práticas de gestão. mutirão, que estava sendo Na tarde do dia 21 de sedesenvolvida pelo 1º JEF tembro, a presidente da CorPrevidenciário da Capital. te de Justiça Suprema do PaAlém da presidente namá, Graciela Josefina Graciela Caton, também fiDixon Caton, e representanzeram parte da comissão da tes do judiciário panamenho Justiça panamenha o mavisitaram o Tribunal Regional gistrado Aníbal Raúl Salas Federal da 4ª Região para Céspedes, da Segunda Sala conhecer o sistema de ProPenal da Corte Suprema de cesso Eletrônico. Eles foram Justiça; a magistrada Aída recebidos pela Presidente da J. Jurado Zamora, integranCorte, desembar-gadora fete da Aliança Cidadã Proderal, Maria Lúcia Luz Leiria. Justiça; o engenheiro Edgar Após, a comitiva se diriAriel Rodríguez Salazar, segiu à Seção Judiciária do Rio Comitiva panamenha foi recebida pela diretora da SJRS cretário técnico de ModerGrande do Sul, onde foi nização e Desenvolvimento Institucional da Corte Suprerecep-cionada pela Diretora do Foro, Tais Schilling Ferraz. ma de Justiça. Eles foram acompanhados pela Assessora Na JF eles estiveram nas varas federais que trabalham Jurídica da Secretaria de Reforma do Judiciário do Miniscom processo virtual e conheceram o funcionamento do tério da Justiça, Débora Gregório de Souza Piano. sistema eletrônico, que foi apresentado pelos juízes MarA comitiva esteve visitando o Conselho Nacional de celo De Nardi e Ana Maria Theisen. Os panamenhos Justiça e o Tribunal Regional do Trabalho da 4ª Região. conheceram, também, a experiência de conciliação em Portas Abertas Teoria na prática O projeto Portas Abertas da Justiça Federal (JF) recebeu os alunos do curso de Direito da Universidade Unilasalle de Canoas. O projeto foi criado para que estudantes de nível médio e universitário conheçam a Instituição e seu funcionamento interno, através de palestras e visitas guiadas. Os 21 jovens, que participaram da visita, cursam a disciplina de Estágio Supervisionado I - Visitas Orientadas, que proporciona aos estudantes conhecerem diversos órgãos públicos como, a Justiça Estadual, o Tribunal de Justiça, o Tribunal Regional Federal, o Tribunal Regional do Trabalho entre outros, proporcionando a vivência de situações que foram trabalhadas em sala de aula. "Os alunos podem vivenciar na prática aquilo que já aprenderam na teoria, é uma experiência importantíssima e fundamental na construção do conhecimento na vida prática do direito", disse a professora, Cíntia Moura Amaro, que já havia realizado a visita com outras turmas de alunos. Os estudantes se mostraram desde o início interessados e satisfeitos com a oportunidade e destacaram a palestra realizada no início do encontro, que tratou sobre as competências e funções da JF. Após, os estudantes tiveram a chance de assistir às audiências de conciliação do Sistema Financeiro de Habitação e tiveram acesso ao 2º Juizado Especial Federal Cível, onde conheceram o sistema de Processo Eletrônico. "Na faculdade aprendemos só a teoria, mas aqui podemos ver e vivenciar como tudo funciona na prática", comentou o aluno Jeferson Rocha, 27. A aluna Cristina de Souza e Souza, 23, do 7º semestre do curso, elogiou bastante o evento e ressaltou que esse tipo de iniciativa é muito importante, pois é capaz de esclarecer dúvidas que só surgem mesmo no momento da visita. "Foi tudo muito interessante, pois pudemos presenciar e questionar acerca de situações que vivenciaremos depois de formados. Além disso, a palestra apresentou questões que eu ainda desconhecia e as inovações que a JF vem desenvolvendo". Alunos assistiram audiências de conciliação Dezembro 2006 7 Processo Eletrônico em todo o RS Desde o dia 23 de novembro todas as subseções judiciárias do Rio Grande do Sul contam com o sistema de Processo Eletrônico. A partir de março de 2007, todas as ações que ingressarem nos Juizados Especiais, observarão o meio virtual. "Estima-se que no prazo de dois anos toda a Justiça esteja informatizada", declarou o coordenador do Processo Eletrônico, João Batista Lazzari, quando da instalação do sistema no Juizado Especial Federal Adjunto da Vara Federal de Erechim. O sistema resolve os problemas de "congestionamento" de ações, pois permite racionalizar o uso de recursos humanos dentro da estrutura da JF, especialmente, nos casos que não é possível abrir novas unidades. O meio virtual permite que o processo seja julgado em qualquer vara no Estado. Sua ação é totalmente eletrônica, desde a petição inicial, passando pela sentença, até o arquivamento. Erechim Santana do Livramento O Diretor do Foro da Subseção Judiciária de Erechim, Luiz Carlos Cervi destacou que o sistema trará vantagens por diminuir enormemente o tempo de processamento dos feitos. Na ocasião, o Vice-Presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, desembargador Vasco Della Giustina, registrou que a Justiça Estadual irmana-se à Federal, cumprimentando os responsáveis pela iniciativa, salientando que "o Processo Eletrônico busca uma Justiça mais célere, que anda de mãos dadas com a ciência, para afastar a morosidade do Poder Judiciário". A cerimônia foi presidida pelo ViceDiretor do Foro da Seção Judiciária, Hermes Siedler da Conceição Jr. "Trata-se de um sistema muito simples, criado para facilitar e agilizar o trabalho de todos os profissionais envolvidos com o processo judicial, desde advogados até servidores e juízes", destacou a juíza Maria Cristina S. F. e Silva, do 1º JEF da Subseção. Durante a apresentação do Processo Eletrônico para os convidados, o magistrado João Batista Lazzari, informou que os números de uma pesquisa realizada pela Coordenadoria dos Juizados Especiais Federais da 4ª Região (Cojef), apontaram que 85% dos usuários são favoráveis ao processo virtual. Santo Ângelo Em seu discurso, o Diretor da Subseção, Eduardo Philippsen, lembrou que o sistema de processo eletrônico é fruto da iniciativa e do pioneirismo dos magistrados e servidores da Justiça Federal e que já recebeu distinções e premiações no país e no exterior. Destacou que o sistema "traz uma economia considerável de recursos materiais e humanos, mas que o maior ganho será com um bem intangível e de difícil mensuração: o tempo". Para ele, estamos presenciando, dia após dia, a substituição de um mundo em que as informações deixam o papel para se tornarem virtuais. Lajeado Durante a cerimônia de instalação, a Prefeita Carmen Regina Pereira Cardoso agradeceu a nova ferramenta que a Justiça Federal estava trazendo à comunidade, bem como, a doação de 19 computadores para utilização em projetos assistenciais, por iniciativa da Subseção de Lajeado. A Juíza Suzana Galia, Diretora da Subseção, foi homenageada pelas professoras do município, responsáveis pelo projeto de inclusão digital, destinado às crianças e adolescentes da região. Santa Cruz do Sul "A implantação do Processo Eletrônico na Justiça Federal de Santa Cruz do Sul vai representar uma nova etapa na história do juizado", afirmou a Diretora da Subseção, Maria Lúcia Germano Titton. A Diretora do Foro da SJRS, Taís Schilling Ferraz, acrescentou que quaisquer dificuldades ou resistências iniciaiscom a utilização do sistema, são ultrapassadas na medida em que os usuários constatam as suas vantagens, especialmente na economia de tempo e na eliminação de tarefas burocráticas. "Hoje, quem trabalha com o Processo Eletrônico, seja como magistrado, advogado ou servidor, não quer mais voltar para o processo de papel". Bagé O Diretor do Foro da Subseção de Bagé, João Batista Brito Osório, ressaltou que o sistema aproxima o Judiciário do cidadão e ampara a população menos assistida economicamente, pois traz muitas facilidades aos usuários, sendo a maior delas o encurtamento das distâncias. O magistrado garantiu que a Subseção irá empenhar todos os esforços para que o processo virtual possa ser utilizado por todos, disponibilizando os equipamentos necessários para o ajuizamento e a movimentação do processo por todos os interessados. Dezembro 2006 GERAL Crime organizado A 1ª Vara Federal Criminal de Porto Alegre teve sua competência alterada, no final de agosto, passando a processar e julgar crimes praticados por organizações criminosas, independentemente do caráter transnacional das infrações. A vara continua com a especialização em crimes contra o sistema financeiro nacional e de lavagem ou ocultação de bens, direitos e valores. A Resolução nº 42 do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que alterou a especialização da vara, refere que essa decisão levou em consideração as dificuldades de processamento destes delitos por conta da peculiaridade e complexidade da matéria envolvida, bem como o fato de que este procedimento tem se revelado medida salutar, com notável incremento na qualidade e na celeridade da prestação jurisdicional. A iniciativa da especialização já se refletiu nos demais órgãos envolvidos na investigação criminal, como a Polícia Federal e o Ministério Público, servindo também para a aproximação e troca de informações com a Receita Federal e o Banco Central, que implantou, recentemente, um cadastro nacional de correntistas, com informações sobre os dados cadastrais bancários. O primeiro inquérito do crime organizado que a Vara recebeu foi o da "Operação Facção Toupeira" em que foram presas 33 pessoas acusadas de integrar uma organização criminosa que tinha o objetivo de furtar os cofres do Banrisul e da Caixa Econômica Federal, no centro de Porto Alegre, escavando um túnel até alcançar os cofres destes bancos. Saiba mais sobre as operações que tratam de crime organizado no Estado, com informações da Agência de Notícias da Polícia Federal: Harmonia-Retomada: foi desarticulada uma das principais organizações criminosas que atuavam no tráfico internacional de entorpecentes e de armas, além de assaltos a bancos, carros fortes e caixas eletrônicos. As investigações mostram também que as cargas de entorpecentes eram negociadas, na fronteira do Brasil com o Paraguai, por automóveis roubados ou furtados em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Macunaíma: após sete meses de investigações, a PF desarticulou um esquema criminoso de contrabando e descaminho de mercadorias oriundas do Paraguai. Foram expedidos 29 mandados de busca e apreensão. O esquema contava com a participação de servidores públicos. As investigações contaram com o apoio da Polícia Rodoviária Federal. Foram presas 20 pessoas. Com Dor: a fraude consistia na apresentação de atestados médicos forjados para lesar o INSS e na representação de quadros clínicos psiquiátricos perante a perícia, de modo que fosse deferido o benefício previdenciário a pessoas que não deveriam receber. O grupo elaborava e fornecia a seus usuá- Novas formas de audiência Os juízes criminais de Porto Alegre saíram das salas de audiências das varas e foram até o presídio para interrogar réus presos. A medida foi elogiada pelo Ministério Público Federal e pelos defensores dos acusados, que consideraram esta iniciativa mais prática e segura. A juíza da 3ª Vara Criminal de Porto Alegre, Cristina de Albuquerque Vieira, foi até o Presídio Central para ouvir os denunciados na Operação Conexão Sul. Com isso, 16 presos não precisaram ser escoltados até o prédio da Justiça Federal. Segundo a Polícia Federal, os denunciados na Conexão Sul integrariam a principal quadrilha envolvida com o tráfico de drogas do Estado, chefiada por "Paulo Seco" e contaria com a participação de "Fer- nandinho Beira-mar", "Pitoco", e "Pinto". Além do Rio Grande do Sul, o grupo abasteceria Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rio de Janeiro e Pará, e também forneceria entorpecentes para Argentina, Uruguai e Europa, onde a droga entraria principalmente pela Espanha. Os presos precisaram vir até a sede da Justiça somente para assistir aos Fotos: PF/RS 8 Túnel (detalhe) cavado no prédio da rua Caldas Júnior rios atestados falsos, com estados patológicos dissimulados. Facção Toupeira: policiais flagraram a construção de um túnel que seria usado para roubar dois bancos na Capital. Segundo a acusação, as pessoas presas integravam a quadrilha que tinha sido responsável pelo roubo do Banco Central em Fortaleza, realizado em 2005. Bola de Fogo: numa grande operação de combate ao contrabando e descaminho de cigarros, a PF efetuou uma série de prisões em 11 estados, resultado de dois inquéritos policiais instaurados nos estados do Rio Grande do Sul e do Mato Grosso do Sul. As investigações apontaram a existência de um esquema de falsificação envolvendo fábricas de cigarros no Brasil e no Paraguai, além de grupos que realizavam a distribuição do produto em todo o território nacional. depoimentos das testemunhas. Nestes dias, o Grupo Especial de Segurança (GES) garantiu a segurança do prédio com o apoio de 15 policiais militares do Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar. O juiz da 1ª Vara Criminal, Paulo Mario Canabarro Trois Neto, ouviu no Presídio Central os réus da Operação Com Dor e na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) interrogou 25 denunciados na Facção Toupeira. Vídeo-conferência A audiência de inquirição de testemunhas da operação Facção Toupeira foi realizada por vídeo-conferência. Os réus permaneceram na penitenciária, acompanhando à distância, em tempo real, os depoimentos que foram colhidos na Justiça Federal. Dezembro 2006 9 ESPECIAL O primeiro registro de projeto envolvendo a conciliação no Rio Grande do Sul é de 01 setembro de 2000. A então 3ª Vara Previdenciária de Porto Alegre, passou a ser piloto de uma experiência de juizados especiais federais (JEF) no país. Processos sobre benefício assistencial, auxílio-doença e aposentadoria por invalidez foram levados às audiências de conciliação. A partir de janeiro de 2002, os JEFs foram sendo instalados em todas as subseções do Estado e com eles, veio a possibilidade da composição, inclusive em processos criminais. Em 2003, o TRF4 criou o Projeto de Conciliação (PROJECON), com o objetivo de disciplinar, em nível de 2º grau, a composição em processos envolvendo o Sistema Financeiro da Habitação (SFH). Criou-se uma estrutura administrativa para a preparação dos processos, foram convocados três juízes federais para atuação nas audiências. Nesta primeira oportunidade, foram efetivadas centenas de audiências, com um índice inédito de acordos. Para obtenção de um maior grau de interiorização, foi criado o Sistema de Conciliação (SISTCON) no TRF4. Com isso, as audiências passaram a funcionar de maneira descentralizada, cada estado passou a ter um coordenador. Hoje, a conciliação multiplicou-se e o acordo entre as partes é alcançado em diversas instâncias e ações, como FGTS, financiamento de casa própria, benefícios previdenciários, contratos bancários, execuções fiscais e até desapropriação. Nos anos de 2005 e 2006 houve 6.083 acordos no Rio Grande do Sul. "Ainda sinto em minhas mãos o calor da mão humilde de uma lavradora de Torres. Singelo gesto de agradecimento pelo acordo que lhe possibilitava receber, em poucas semanas, a devida indenização por um pedaço de terras que logo repousaria sob o manto negro de uma rodovia. - Não há o que agradecer, minha doce senhora - disse-lhe com um respeitoso beijo no dorso de sua mão. O juiz, quando sentencia, sente que faz justiça. Mas não é uma justiça completa. A sentença, na visão de quem perde a causa, será quase sempre injusta. Na conciliação, todos voltam pra casa com o reconfortante sentimento da solução mais justa. Essa é a justiça em sua plenitude". Jurandi Borges Pinheiro, juiz federal da 4ª VF de Porto Alegre "Mais do que o desejo desenfreado de se buscar uma "reforma do Judiciário", creio que devemos mudar o foco da discussão com propostas de "mudança no Judiciário", e aqui mais do que oportuna uma mudança de perspectiva para nossa atuação, disseminando-se, internalizando-se a proposta da conciliação, que muito mais do que mero meio de resolver o processo, consegue atingir a pacificação social quebrada por este conflito. Nosso Tribunal tem sido pioneiro neste sentido, seja quando desenvolve um sistema de conciliação em 2o grau para feitos envolvendo SFH, seja quando dissemina a idéia de conciliação no âmbito dos juizados especiais federais". Edgard A. Lippmann Júnior, desembargador federal, coordenador dos JEFs 10 Dezembro 2006 BR-101 Solucionando conflitos Obras da duplicação da BR-101 Quinta-feira, 26 de outubro, seis da tarde, estamos todos muito cansados, após quatro dias de audiências, 142 processos solucionados e a certeza de voltar para casa com a sensação de dever cumprido. Desde o final de agosto envolvidos neste mutirão de conciliação. Audiências em ações de desapropriação de áreas às margens da BR101 para a duplicação da rodovia. Minha primeira tarefa neste projeto foi tentar explicar para as pessoas o que seria uma audiência pública. E foram duas, uma em Torres, outra em Osório. Passada esta etapa, vieram as famosas conciliações no Fórum de Osório. Três dias. Após ver a felicidade das pessoas que conseguiram um acordo, assim como a dona Eneri Rosa Peres - e foram 98 - tive certeza de que este era um trabalho cansativo, mas muito gratificante. Em Torres, nossas audiências foram realizadas no Centro Municipal de Cultura e Artesanato, mais especificamente, no palco do teatro. De repente, éramos estrelas. No domingo, antes de começar as audiências, estar bem satisfeito "não vou ficar rico montamos todo o cenário, instalamos, em cima de um pedacinho de terra, inclusive, a iluminação. fechei o negócio porque eu sei que é o Logo no primeiro dia (23/10), conversei com o seu Luiz Carlos, assim que vale". como eu, ele também esteve em E assim se passaram os outros três Osório. Lá, ele disse que não aceitava dias, ouvi muitas histórias. Conheci a o valor oferecido pelo Departamento dona Maria Conceição Quadros de Nacional de Infra-estrutura de TransporAguiar, que mora em Porto Alegre, e tes (Dnit) porque a desapropriação foi até Torres para resolver o processo atingiria a sua casa. A autarquia do pai dela, já falecido. Ela me contou reavaliou o imóvel e a indenização que, na segunda-feira, compareceu à que inicialmente era de R$ 174,00, passou a ser de R$ 59.000,00. Ele foi embora bem contente, "se não fosse a Justiça..." Depois, ainda teve o seu José Luiz Lumertz, que além de ter gostado da iniciativa da Justiça de viajar até Torres, garantiu que nunca foi tão bem tratado em uma instituição pública. Quando eu perguntei sobre o acordo, ele garantiu Juiz Jurandi B. Pinheiro, em audiência em Torres Dezembro 2006 audiência mas não concordou com o valor que o Dnit oferecia, explicou que a sua mãe arrendava para plantação de arroz a área desapropriada. Na quarta-feira, a Dona Maria retornou e formalizou o acordo. O valor inicial depositado pelo Dnit era de 2.700,00, mas depois de uma nova vistoria alcançou mais de 12 mil. Vi muitas situações como esta se resolverem neste período: o Dnit voltando à casa das pessoas e reavaliando os imóveis. O proprietário de uma casa, que não seria atingida pela duplicação da rodovia, nem mesmo pela faixa de domínio, reclamou que a janela do imóvel ficaria a vinte centímetros da cerca da estrada. A casa não tinha sido objeto de avaliação, mas na audiência, presidida pela Dra. Ana Inés, ele levou fotos e expôs suas razões. Os técnicos do Dnit foram fazer uma nova vistoria no local. No final do dia, veio a notícia de que a autarquia faria uma nova avaliação do imóvel, que agora incluiria a casa. Tem, ainda, o caso do seu George Reck, que não aceitou a conciliação de forma alguma, mas dois dias depois, retornou para fazer o acordo e extinguir o processo. Não posso esquecer do do seu Moacir. A ação de desapropriação foi ajuizada contra Moacir Leffer Scheffer, mas quem compareceu foi o seu José Moacir Scheffer. Durante a audiência, a Dra. Daniela verificou que era ele mesmo o proprietário da área e foi possível firmar o acordo. Presenciei, também, o Dr. Hermes sair para fazer inspeções em processos que teriam audiências nos dias seguintes; o Dr. Altair presidir uma composição, onde os desapropriados formavam um condomínio, o ato começou em Osório e foi finalizado em Torres, depois de mais três etapas; o Dr. Jurandi fazer as audiências em uma classe escolar, e até mesmo fechando acordos conversando com as pessoas na platéia; a Dra. Paula promover a conciliação entre a autarquia federal e um desapropriado que não estava nem um pouco disposto a acordar, já tendo inclusive contestado a ação. Pedi a todos que viajaram ao litoral norte para a realização das audiências, que escrevessem um pequeno depoimento sobre esta experiência. A unanimidade foi a afirmação de que o trabalho foi gratificante e motivo de muito orgulho. Por falta de espaço, não pude registrar aqui todas as impressões, mas selecionei alguns trechos: "Ao passar pela BR-101, meu olhar, certamente, não será o mesmo. Ao ver a estrada duplicada, impossível será esquecer de histórias como a do Seu Abílio, que inicialmente afirmou não ter interesse em receber a indenização e, quando das audiências, saiu com um largo sorriso no rosto, tendo seus valores aumentados em quase dez vezes... Participar destas audiências me permitiu experimentar uma dimensão mais humana da Justiça Federal, estando mais próximo das partes, tornando mais "vivo" e dinâmico o trabalho. O que, certamente, nos enriqueceu agregando ao nosso cotidiano uma experiência extra. No início, são expressões desconfiadas ou francamente agressivas, figuras encurvadas, tímidas, humildes ou perdidas. Então, há um esforço para escutá-las, compreendê-las, traduzi-las, fazer com que suas vozes sejam ouvidas. Depois, o esforço para que elas escutem, entendam, se posicionem, negociem. No final, são rostos cansados, mas felizes. São apertos de mão enérgicos, agradecidos, emocionados e a sensação de que atingimos a meta. E o resultado de tudo isso foi a possibilidade de ver satisfação estampada nos rostos das pessoas que celebraram acordo. Mais do que isso, foi gratifican- 11 Juiz Altair A. Gregório, da 6ª VF, preside audiências em Osório te saber que a Justiça está dando um grande passo ao aproximar-se da população tentando solucionar suas questões da forma mais célere e justa possível, beneficiando ambas as partes: o DNIT, que poderá atingir as metas de construção da obra, e os réus, que receberam o valor da indenização em prazo máximo de trinta dias. Enfim, ficamos todos orgulhosos quando recebemos elogios das pessoas que tiveram suas demandas atendidas. Valeu a pena!" Andréa, Gabriela (Direção do Foro), Clarissa (2ª Vara), Adriane e Aguinaldo (3ª Vara), Felipe (4ª Vara), Ana Paula (5ª Vara), Luciane e Raquel (6ª Vara), Patrícia e Eduardo (7ª Vara), Marcelo (Informática), Jorge (Seção de Transporte), Álvaro, Carlos, César, Clarkson, Flávio, Gustavo, Leal e Marcus, (Grupo Especial de Segurança - GES). Gabriela C. Oliveira Juiz Hermes S. da Conceição Júnior, realiza inspeção em Torres 12 Dezembro 2006 BR-101 Osório: público compareceu em grande número nas audiências do mutirão Números do mutirão de conciliação da BR-101 até 29/11/2006 Audiências finalizadas 340 Acordos realizados 327 Acordos não realizados "O cansaço decorrente de uma jornada estafante de trabalho ficou plenamente recompensado com o elevado número de acordos realizados e com a manifesta satisfação das partes envolvidas". Altair A. Gregório, JF da 6ª VF "Esse contato direto com as pessoas é essencial para o juiz, que deve sempre ter em vista a realidade que o cerca". Paula Beck Bohn, JF da 2ª VF 13 "Percebemos a mudança no comportamento dos desapropriados. De uma postura inicial muitas vezes incrédula, passavam, ao término das audiências, a ostentar um sorriso de satisfação em seus rostos". Daniela Cristina de O. Pertile, JF da 7ª VF Torres: Juíza Paula Beck Bohn conduz audiência de conciliação "A experiência das audiências de conciliação nas ações de desapropriação realizadas em Osório e Torres foi um marco fundamental na minha atividade como magistrado. De fato, em momento algum eu me senti tão próximo do jurisdicionado, motivo fundamental da existência e legitimidade do Poder Judiciário. Também porque trata-se da Justiça saindo dos gabinetes, dos foros e indo ao encontro do cidadão. Parafraseando o artista, entendo que a Justiça deve ir onde o povo está..." Hermes S. da Conceição Júnior, JF coord. do projeto. "A conciliação é a resolução dos conflitos de uma maneira amigável, que muito efetivamente realiza a paz social". Ana Inés A. Latorre, JF da 6ª VF Dezembro 2006 13 Pioneirismo Projecon Em novembro de 2003, o TRF4 realizou um projeto piloto de conciliação em processos de 2° grau. Na ocasião 3 juízes federais realizaram na sede do Tribunal diversas audiências, em processos do Sistema Financeiro de Habitação, alcançando o acordo em 68% dos casos. Implantado o PROJECON no TRF, foram firmados, entre abril e dezembro de 2004, 765 acordos, obtendo-se 79% de êxito nas audiências, que foram realizadas nas três capitais da 4ª Região e em algumas subseções do interior. Ao final deste período,a EMGEA, empresa pública criada pela União para gerir ativos considerados de difícil realização, recuperou créditos na ordem de R$ À época, Presidente do TRF4, Vladimir Freitas, e o coord. geral da JF, Ari 20.569.844,35." Pargendler (ambos de pé), acompanham as negociações entre CEF e mutuários Conciliação de crédito comercial No ano de 2005, foram realizadas diversas tentativas de conciliação em processos onde se discutiam financiamentos bancários (crédito comercial) da Caixa Econômica Federal (CEF). O mutirão realizado entre os dias 16 a 25 de maio, teve 81 audiências de conciliação, deste total, 72 audiências, ou 88,8%, terminaram em acordo entre os mutuários e a CEF. São 72 famílias que quitaram ou renegociaram suas dívidas. "O Projeto é a imagem de uma nova Justiça. Uma Justiça que acaba com o conflito". Vladimir Passos de Freitas, desembargador federal. "Com o acordo, consegui uma redução de aproximadamente 75% da dívida. Eu sou uma pessoa que quer pagar, não quero ficar devendo para ninguém". Roberto Pecis, mutuário. Solenidade de entrega dos certificados aos mutuários, para Solenidade de entrega dos certificados de quitação "Estou satisfeitíssimo, o resultado foi ótimo, facilitou bastante. Foi uma ótima surpresa que me trouxe bastante alegria". Alex Almeida Benites, mutuário. "Aqui, a vida não imitou a arte. Encontramos solução para dívidas que se arrastavam havia muito tempo". Henrique Luiz Hartmann, juiz federal "Em nenhuma prática de negociação já feita tivemos esse sucesso. E a JF do RS está fazendo uma justiça diferente. A CEF está orgulhosa por fazer parte desse processo". Carlos Henrique A. Custódio, diretor executivo da CEF. "Com este mutirão, recuperase não só uma dívida, mas a autoestima das pessoas". Ana Maria C. Walter, advogada dativa.. 14 Dezembro 2006 Parque dos Maias Em dezembro de 2005, a Vara do Sistema Financeiro da Habitação (VSFH) em projeto com o SISTCON, do TRF4 foi ao encontro dos moradores do Conjunto Habitacional Parque dos Maias em Porto Alegre. Mais de 1.300 imóveis do empreendimento eram financiados pelo Sistema Financeiro da Habitação e mais de 90% dos mutuários estava em situação de inadimplência junto à EMGEA. A primeira etapa do projeto foi a realização de uma audiência pública na Associação Comunitária dos moradores, para apresentar as condições especiais de liquidação e parcelamento dos imóveis. FGTS No final de julho de 2006, o segundo mutirão de conciliação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), concluído pela 7ª Vara Federal da Capital, alcançou 90% de acordos. Em 5 tardes foram realizadas 48 audiências, sendo que em 42 foi possível a composição entre as partes. Mais de 500 audiências em 2006 Durante 5 dias foram realizadas mais de 400 audiências no Centro Humanístico Vida, das quais em 396 foi possível o acertamento entre os mutuários e o agente financeiro. As conciliações prosseguiram e os números atuais deste projeto totalizam 504 acordos em 511 audiências. A quase totalidade dos outros imóveis teve a situação regularizada, na mesma oportunidade e local, diretamente com a CEF/EMGEA, já que suas pendências ainda não tinham chegado à Justiça Federal, tendo o projeto alcançado, também, efeitos preventivos quanto a novos conflitos. O projeto proporcionou a centenas de famílias a realização do sonho da casa própria. "A Justiça veio até a comunidade, isso facilitou muito. Eu fiz um acordo para quitar o meu apartamento. A dívida com a Caixa era de 27 mil, mas ficou em 8 mil. Agradeço a iniciativa da Justiça Federal. Esse foi o meu presente de Natal". Sócrates R. de Carvalho, tinha ação desde 1999. Negociados 423 mil O mutirão de conciliação realizado pelo 1º JEF Previdenciário de Porto Alegre, nos dias 19, 21 e 22 de setembro de 2006, alcançou 85% de acordos. Em 80, das 94 audiências, foi possível a composição entre as partes. As ações discutiram basicamente casos de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez. Os valores negociados ultrapassaram R$ 423.000,00. "A iniciativa da Justiça Federal foi muito boa e as condições de pagamento são excelentes" Cláudio A. Santos, tinha uma ação de revisão de contrato desde 1983 e refinanciou a dívida para pagar em 60 meses. Em 25 de outubro, a Vara do JEF de Bento Gonçalves atingiu a marca de 509 audiências de conciliação. Ao todo foram formalizados 396 acordos, 78% do total das sessões realizadas. A maioria dos processos selecionados foi de pleitos contra o INSS, principalmente ações visando à concessão e revisão de aposentadoria, mediante o reconhecimento de tempo rural. Mutirão a cada 40 dias O JEF Adjunto à Vara Federal de Santa Rosa realizou, em 2006, dois mutirões de conciliação. No primeiro, em julho, foram realizadas 20 audiências, das quais 17 obtiveram acordo. Já em outubro, 75% das 22 audiências foram finalizadas satisfatoriamente. Devido aos bons resultados, o Juizado pretende que a prática seja realizada a cada 40 dias. Dezembro 2006 AÇÃO Fertilização "in vitro" A juíza do 1º Juizado Especial Federal Cível de Rio Grande, Cláudia Maria Dadico, julgou improcedente o pedido de um casal para que o SUS custeasse a aquisição de medicamentos necessários à participação no programa de reprodução assistida (fertilização "in vitro") mantido pelo Hospital de Clínicas de Porto Alegre. O casal relatou que após ter sido diagnosticada sua hipofertilidade, eles foram encaminhados ao Hospital de Clínicas de Porto Alegre, onde é mantido um Programa de Reprodução Humana Assistida, através do qual garante-se o acesso gratuito a consultas, exames e procedimentos de fertilização "in vitro", mas não é fornecida a medicação necessária ao estímulo para a produção de óvulos, no caso deles, indispensável ao êxito do procedimento. Eles, então, ingressaram com uma ação contra a União, o Estado do Rio Grande do Sul e o Município de Rio Grande buscando que lhes fosse assegurado, através do SUS, o custeio destes medicamentos, bem como das despesas de transporte e hospedagem na capital gaúcha. Argumentaram que a referida medicação tem alto custo, considerando o padrão de rendimentos do casal - ela, professora municipal e ele, microempresário. Ao negar o pedido do casal, a magistrada explica que: "no caso dos autos, não se está diante de situação de dano grave ou de um desrespeito ao núcleo da essencialidade protegido pelo direito fundamental à saúde, uma vez que não se cogita de situação fática em que haja um risco relevante à vida ou à manutenção de um bom padrão de qualidade de vida aos autores". "Há, sem dúvida, uma limitação na possibilidade de concretização de seus projetos de vida familiar. Esta limitação, todavia, não se situa, no entender deste Juízo, no núcleo de essencialidade que torna obrigatória a assistência estatal, uma vez que busca a atender a um desejo dos autores e não propriamente uma necessidade", conclui a juíza. 15 Justiça determina que CEF arrende moradia para inscrito no PAR O juiz da 2ª Vara Federal de Santa Maria, Tiago do Carmo Martins, determinou que a Caixa Econômica Federal (CEF) arrende a João Pires, através do Programa de Arrendamento Residencial (PAR) da prefeitura municipal, uma casa no Condomínio Residencial Noal Guarany. João, que tem mais de 65 anos, se inscreveu no PAR visando adquirir uma das unidades destinadas à população de baixa renda, foi pré-selecionado, mas a Caixa não lhe concedeu crédito, sob o fundamento que a soma da idade do interessado com o prazo do financiamento do imóvel superaria oitenta anos. Ele ingressou com uma ação na Justiça Federal pedindo que fosse reconhecido o seu direito de concessão de crédito para arrendar uma unidade. A Caixa argumentou que indeferiu o pedido de João pautada na legislação que rege o PAR, e que a medida visou manter o equilíbrio financeiro do programa. Ao julgar o processo, o magistrado entendeu que a postura da CEF - empresa pública encarregada de viabilizar o direito à habitação para a população de baixa renda - deveria ser exatamente a oposta da que adotou. Argumentou ainda que "a Constituição Federal consagra o direito à habitação (art. 6º). Além disso, o Texto Supremo determina que o Estado, através de suas diversas instituições, ampare aos idosos, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar (art. 230). O Estatuto do Idoso garante que nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, o idoso goza de prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria (art. 38, da Lei 10.741/03). Mas, em desatenção a todo esse elenco normativo, a atitude da Caixa foi no sentido diametralmente oposto, excluindo o demandante do programa de arrendamento habitacional justamente em virtude de sua idade, o que, além de todas as violações já expostas, caracteriza ofensa ao princípio da igualdade (art. 5º, da Constituição Federal), revelando efetiva discriminação do indivíduo em virtude de sua idade. O argumento de que a inclusão do autor no PAR poderia acarretar desequilíbrio sistêmico, além de inconstitucional e ilegal, também é falacioso". Tiago Martins também ressaltou que "a CEF tenta respaldar a exclusão do autor na seguinte assertiva: O PAR não se constitui em empréstimo a fundo perdido. Necessita, portanto, para se manter, que os valores aplicados retornem, a fim de viabilizar a alocação em outros empreendimentos. Para começar, o PAR não é modalidade de empréstimo. Trata-se de um programa de arrendamento, análogo a um contrato de locação imobiliária, com a principal diferença de que é assegurado ao arrendatário uma opção de compra do imóvel, ao final dos 15 anos do arrendamento. Ora, na hipótese de falecimento do arrendatário antes de findo o prazo citado, preocupação velada da empresa pública, basta que a CEF oferte a unidade para novo arrendamento, o que resolve o problema da necessidade de recuperação do capital investido. Portanto, seja qual for o prisma de análise, não há como subsistir a discriminação praticada contra o autor, pois ausente causa razoável que a sustente". A Caixa deve arrendar a João a unidade para qual ele foi selecionado, no Condomínio Residencial Noal Guarany, ou outra equivalente, no prazo de 30 dias. O juiz fixou multa diária de R$ 1.000,00 no caso de descumprimento da sentença. Médico condenado pelo crime de concussão O juiz da 2ª Vara Federal de Santa Maria, Loraci Flores de Lima, condenou a três anos de reclusão um médico cirurgião e professor universitário do Departamento de Cirurgia do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). O médico cobrou honorários para realizar uma cirurgia em paciente que havia sido atendida no ambulatório do Hospital Universitário de Santa Maria pelo Sistema Único de Saúde (SUS). O fato ocorreu em novembro de 2002, O réu pediu que a paciente pagasse R$ 1.500,00 pela cirurgia. Ela procurou uma equipe de reportagem de televisão e gravou a consulta com uma micro câmera denunciando o médico. Em sua defesa, ele disse que as consultas eram feitas pelo SUS, mas que a cirurgia seria particular. O médico também foi condenado a pagar uma multa no valor de 300 salários mínimos. O magistrado declarou a perda do cargo público exercido pelo réu na UFSM. A pena privativa de liberdade foi substituída por prestação de serviços à comunidade e pagamento de 100 salários mínimos em favor de entidade assistencial. O médico pode apelar em liberdade. 16 Dezembro 2006 AÇÃO Suspensa pesca "esportiva" e "semiprofissional" A Justiça Federal concedeu Liminar, determinando que o Estado do Rio Grande do Sul e a Federação dos Pescadores do Rio Grande do Sul deixem de expedir carteiras a pescadores "semiprofissionais" ou "esportivos" e suspendam a validade das carteiras já expedidas. A decisão, do juiz da Vara Ambiental, Agrária e Residual de Porto Alegre, Cândido Alfredo Silva Leal Júnior, atendeu a um pedido do Ministério Público Federal (MPF), que ajuizou ação civil pública contra o Estado e a Federação, discutindo a pesca "esportiva" e "semiprofissional", que teriam sido autorizadas pela Lei Estadual 12.557/06. Segundo o magistrado, o controle da pesca e o exercício do respectivo poder de polícia ambiental não podem ser delegados a entidade privada, como fez o art. 2º da Lei Estadual 12.557/ 2006. Ele explica que "a lei estadual passou a vigorar recentemente, estando ainda em fase de implantação as medidas nela determinadas". O cumprimento das normas da legislação estadual importará na expedição de carteiras e habilitações para terceiros, ao arrepio do que prevê a lei federal. "Esses terceiros que se cadastrarão como pescadores "desportivos" ou "semiprofissionais" pagarão taxas por isso e acabarão sujeitos à fiscalização pelos órgãos federais de polícia ambiental, inclusive sujeitas à prática de crimes previstos na legislação federal (por exemplo, o crime de pesca do art. 34 da Lei 9.605/98), evidenciando assim que parece urgente e conveniente a adoção das providências liminares postuladas pelo MPF. Isso impedirá que terceiros venham a se cadastrar e habilitar nas modalidades indevidas de pesca, com as conseqüências e transtornos daí decorrentes não só para esses terceiros, mas também para o próprio meio-ambiente e demais pescadores amadores ou profissionais, que atendam aos requisitos da lei federal". O magistrado determinou que as carteiras já expedidas fossem recolhidas e entregues ao juízo, no prazo de 30 dias e fixou multa diária em caso de descumprimento, R$ 1.000,00 para a federação e R$ 100.000,00 para o Estado. Justiça condena ex-dirigentes do Banrisul O juiz da 1ª Vara Criminal de Porto Alegre, Paulo Mario Canabarro Trois Neto, condenou quatro ex-dirigentes do Banrisul pelos crimes de gestão temerária e inserção de elementos falsos em demonstrativos contábeis de instituição financeira. No período dos fatos denunciados - abril de 95 a dezembro de 97 - um dos réus era presidente do banco, o outro, vice e os demais, dirigentes. De acordo com a acusação os quatro geriram de forma temerária a instituição financeira ao aprovarem, em reuniões de diretoria, a celebração de operações de crédito sem observância dos princípios gerais de garantia, seletividade, diversificação de riscos e liquidez. A inserção de elementos inexatos nas demonstrações financeiras do Banrisul provocou alterações nos balanços publicados pelo banco em dezembro de 1995 e junho de 1996, pois houve uma ausência de provisão para perdas em operações de crédito de retorno duvidoso, o que teria provocado um aumento irreal do patrimônio líquido, resultando em lucro, ao invés de prejuízo, em ambos os exercícios. A denúncia baseou-se em um relatório de fiscalização especial realizada pelo Banco Central, instituída pelo Proes, chamada de análise de deperecimento para levantar as causas das dificuldades vivenciadas pela instituição financeira e que acarretaram a necessidade de socorro por parte do governo federal. Feita por amostragem de operações já efetuadas, narrou 14 renegociações realizadas sem as devidas garantias, que em 1997 representavam aproximadamente 12 milhões de reais. Três foram condenados a 5 anos e 9 meses, e um a 4 anos de reclusão substituídos por prestação pecuniária e de serviços à comunidade. O magistrado fixou também pena de multa no valor de 350 salários-mínimos para o presidente, 280 para o vice, 140 para um dos diretores e 100 para o outro. Todos podem apelar em liberdade. Municípios não podem autorizar extração de areia em leitos de rios O juiz da Vara Ambiental, Agrária e Residual de Porto Alegre, Cândido Alfredo Silva Leal Júnior, julgou a ação popular que discutia as autorizações municipais para extração de areia em leito de rios e cursos d'água no Rio Grande do Sul. O magistrado tornou "sem efeito, de forma definitiva, para fins de registro perante o Departamento Nacional da Produção Mineral (DNPM), no Estado, todos os registros de licenciamentos municipais expedidos para fins de realização de atividade de mineração ou extração de areia em leito de rio, lagoa, lago ou qualquer outro curso d'água". Ele determinou, ainda, que a autarquia federal adote imediatamente as providências administrativas para anular os registros e licenças que estejam em desconformidade com o que foi estabelecido na sentença, devendo comprovar, no prazo de 30 dias, a adoção das providências sob pena de pagamento de multa diária no valor de dez mil reais, em caso de descumprimento. Segundo o juiz, não basta mais a licença do município para extrair a areia, é preciso, agora, a autorização da pessoa de direito público que efetivamente seja a proprietária do local. A sentença confirmou a decisão liminar proferida em setembro de 2003, que declarava a ilegalidade dos registros deferidos pelo 1º Distrito do DNPM com base em licenças municipais para extração de areia, especialmente, no leito do Lago Guaíba. Dezembro 2006 PESSOAL 17 Motivação no trabalho O que nos motiva no Judiciário? Entre outras razões, trabalhar para a sociedade: elemento que integra alguns ideais coletivos, como o da doação ao outro. Quem se direciona para as carreiras públicas espera, em alguma medida, compartilhar esses ideais, ou seja, atingir metas junto com um grupo. Por que a motivação, que vemos tão claramente nos novos integrantes da nossa instituição, acaba se perdendo ou oscilando ao longo do tempo? Quem está aqui tem a possibilidade de ajudar a resolver rupturas no corpo social, oriundas dos contratos fracassados, mas também sofre o ônus dos impactos psíquicos que elas causam. Temos prazos a cumprir: sofremos a pressão do tempo, pois há pessoas esperando que seus direitos sejam restaurados. Sofremos com o estigma da ineficiência, lentidão e outras características depreciativas atribuídas ao serviço público. O esforço para operarmos com celeridade entra em choque com a escassez de pessoal disponível, levando ao estabelecimento de rotinas de tra- balho na forma de "linhas de produção", onde cada um faz uma parte. Sabe-se que a tendência desta metodologia é promover um afastamento da compreensão da totalidade das atividades e da finalidade para a qual elas são realizadas, empobrecendo o psiquismo. Pode somar-se a isto a frustração que aparece quando nosso trabalho não é reconhecido e quando a qualidade dos relacionamentos que estabelecemos com nosso grupo é baixa. Além do compartilhamento dos projetos, buscamos um apoio social no trabalho, que depende do grau de integração social e emocional e da confiança existente entre os colegas, subordinados e chefes. Na contemporaneidade, os laços sociais estão mais tênues, encaminhando-nos para o individualismo. Como conseqüência, as instituições, sejam públicas ou privadas, dificultam o estabelecimento do coleguismo e da cooperação, estimulando uma Ana Virginia Canani* das grandes vilãs no que se refere à desmotivação e ao adoecimento: a competição. Para abordarmos estas questões e acharmos soluções, é importante que, nos nossos locais de trabalho, possamos nos preocupar com todo o grupo e refletir sobre as relações que estabelecemos, fugindo da armadilha que é reduzir o homem a uma mecânica elementar. Não podemos perder a oportunidade de respeitar as diferenças em cada grupo e buscar ajuda quando necessário. Só assim poderemos caminhar, de fato, para uma realização profissional e pessoal. * Psicanalista, Psicóloga da SJRS. As peripécias do recrutamento Luciana Felicio Rublescki* Recrutamento e seleção são atividades da administração de recursos humanos (RH). Na admissão para o serviço público, estão em um só conceito: Concurso Público. O recrutamento representa delimitar a população na qual se pretende encontrar força de trabalho necessária e conquistar seu interesse. Na Justiça Federal (JF), isso inclui a formulação e publicidade do edital, a orientação dos interessados, o controle de vagas, a verificação dos requisitos legais para ingresso. A seleção filtra, dentre os recrutados, os candidatos mais adequados. O modo de seleção já está definido: provas ou provas e títulos. Aí estamos nós, ingressando na JF. Essas atividades de RH sempre trazem desafios, porque são decisivas na vida das pessoas. No último concurso há um bom exemplo. A notícia de que o concurso não seria prorrogado pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) mobilizou os candidatos. Num fórum eletrônico de candidatos, o temor difundido - não serem nomeados para as vagas livres - era procedente, pela velocidade dos provimentos. Um Parte do grupo do NRH que trabalha no recrutamento e seleção: Magali Dantas, Luciana Rublescki, Carla Schwarz, Ana Canani, Fabiana Zanchette e Sinara Rodrigues grupo tomou a iniciativa de procurar a Direção do Foro da Seção Judiciária do Rio Grande do Sul (SJRS). Recebidos, emprestaram sua criatividade: E se a JF adotasse método de consulta presencial a grupo de candidatos (como o TRT), em vez de um a um por correspondência? E se as vagas para a Subseção de Santiago fossem já providas para viabilizar sua implantação? Sugestões encampadas. Tudo tranqüilo? Que nada. Haveria melhor forma de propor ao TRF4 uma reviravolta na reta final do concurso? Na preparação dos expedientes, todo cuidado no modo de expressar nossa preocupação e o compromisso com as Subseções. Diálogo da Direção do Foro da SJRS com a administração do TRF4 e expectativa... Autorizado! A área de RH passou a rever rotinas e criar mecanismos de comunicação com os candidatos. Nada poderia falhar, porque a conseqüência (tão certa quanto os impostos e...) seria críticas severas na JF. Foram realizadas duas consultas coletivas. Nomeações e posses. A turma de Santiago foi lotada, provisoriamente, em diversas Subseções. A novidade deu trabalho. A cada solução, um problema novo! Enquanto isso, outras demandas ficaram na lista de pendências... Mas os resultados foram compensadores: garantia de força de trabalho na SJRS numa vitória com o sabor da participação das pessoas. Isto é importante. Viabilizar a participação não é apenas se dispor a escutar - este é o primeiro passo. O segundo é perceber as ações possíveis. Em administração de RH, é essencial considerar o interesse e a contribuição das pessoas. É a relação da JF com os seus servidores. Sempre dá para compatibilizar os interesses individuais com os objetivos institucionais? Claro que não. Há limites, inclusive éticos, para ambas as partes. Mas a revisão contínua de uma medida bastante famosa, a tal da medida do possível, é capaz de gerar superação de (supostos) obstáculos e a produção de novos resultados. * Diretora do Núcleo de Recursos Humanos da SJRS 18 Dezembro 2006 PESSOAL Uma idéia a ser seguida O Projeto Trabalho Educativo e Cidadania na Justiça Federal do Rio Grande do Sul (JFRS) é um programa que oportuniza a realização de trabalho educativo para adolescentes em situação de vulnerabilidade social e em cumprimento de medida sócioeducativa. O programa, que já serviu de exemplo para outras Instituições como o Ministério Público Federal e o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, está em desenvolvimento desde 2001, a partir de um convênio firmado entre a JFRS e a FASE (Fundação de Atendimento Sócio-Educativo do Rio Grande do Sul). Cerca de 30 adolescentes já participaram do Projeto na JF, que tem em seu programa diferentes atividades que visam desenvolver nos jovens atitudes e habilidades, despertando o desejo de aprender e de buscar informações. Segundo a coordenadora do Projeto, Vera Gonçalves, assistente social da JFRS, o principal objetivo deste programa é muito mais do que proporcionar o aprendizado de tarefas. "Além do exercício de atividades de rotina, o Projeto busca proporcionar um sentimento de cidadania a esses meninos e meninas, além de fortalecer sua autonomia e identidade, propiciando o posicionamento crítico e a tomada de decisões frente às situações da vida pessoal e social", ressalta. Para a diretora da FASE, Jane Alice Kühn, o Trabalho Educativo é essencial, pois incentiva o jovem a construir um novo projeto de vida, além de possibilitar uma capacitação ou desenvolvimento de posturas, habilidades e Além do trabalho, jovens da FASE participam de encontros com a equipe técnica do NRH competências na área laboral. "A repercussão e o orgulho que têm os meninos que participam justamente desse tipo de estágio, é diferente do sentimento daqueles que fazem estágios em outras empresas, visto que eles estão com um problema de justiça, e a oportunidade de fazer um estágio na JF gera neles um efeito mobilizador, além de incentivar a busca de uma nova postura, de ser mais responsável e mais comprometido", diz ela. Nas unidades de trabalho, os jovens desenvolvem tarefas como atendimento ao público, controle, expedição e transporte de documentos e processos, utilização de equipamentos de informática e reprografia, manutenção predial e jardinagem, dentre outras. Essas atividades são definidas de acordo com as especificidades de cada unidade, respeitando as habilidades dos adolescentes. "No começo sempre é mais difícil, mas aos poucos vamos aprendendo a fazer as coisas e o relacionamento com todos aqui também é muito bom. Além disso, é importante buscar melhorar, ter consciência do que fez de errado e levantar a cabeça para seguir em frente", revela Darlene Cruz Pinto, 17, que agora pretende fazer faculdade de Direito e trabalhar na área jurídica. Além das atividades laborais, também é realizado por uma equipe técnica do Núcleo de Recursos Humanos, formada por psicólogos, servidores sociais, supervisores e estagiários, todo um trabalho de acompanhamento com os jovens, bem como das unidades que o receberão para trabalhar. O acompanhamento é realizado de forma sistemática desde o ingresso destas ao programa, quando é realizada a preparação das equipes que receberão os adolescentes. Após a adesão ao programa são realizadas reuniões periódicas com os supervisores e demais integrantes de cada setor. "Já tivemos seis jovens trabalhando conosco aqui na 3ª Vara de Execuções Fiscais e as experiências sempre foram muito positivas, eles demonstram muito interesse em aprender e participar, é uma troca muito boa", comenta José Campos de Avellar, Diretor de Secretaria. Além disso, essa equipe técnica também desenvolve atividades pedagógicas, como oficinas e encontros, que podem ser individuais ou em grupo, a fim de contextualizar situações do cotidiano, trazendo para discussões e debates temas como família, adolescência, sexualidade, saúde, educação, formação profissional, mundo do trabalho, relacionamento interpessoal e projetos de vida. Jefferson Marcelo, 17, elogia os encontros e a experiência de estar trabalhando: "esses encontros são muito bons, pois nos ajudam e é onde podemos conversar sobre qualquer coisa". Para Vera Gonçalves, o desenvolvimento desse Projeto é de extrema importância para a JF. "O acompanhamento da a rotina dos jovens e o crescimento deles, bem como a mudança de postura, o aumento da auto-estima, desmistificam a idéia de que um jovem que comete um ato infracional não pode se recuperar e traçar projetos de vida. É muito bom investir nesses jovens e perceber que as unidades e até outros órgãos estão se abrindo para essa iniciativa pioneira da JF." Dezembro 2006 PERFIL O ano era 1978, quando José Conceição Orcy prestou o concurso público para a Justiça Federal, estava sem emprego, "muito angustiado" e a família cobrava - "tu já tens 26 anos e não trabalhas". Em 1981 foi chamado. Na época cursava o terceiro ano da faculdade de Direito, "era muito cara, mas aí a Justiça me ajudou". Iniciou como atendente judiciário. "Alguns anos depois que entrei foi criado um concurso interno para técnico judiciário. Eram umas 15 vagas e eu tirei o 1º lugar. Aí sim, preencheu mais as minhas expectativas, fui para o nível superior e melhorei o salário". Orcy, como é conhecido, passou por vários setores da Justiça. "Iniciei na 2ª Vara e logo adiante criaram a 7ª, foi quando começou a aumentar o serviço, trabalhava com execuções fiscais. Depois trabalhei na 5ª Vara e durante um período atuei na Contadoria. Agora trabalho no Administrativo, estou há 10 anos no Arquivo, mas já trabalhei no Setor de Pessoal e até na Distribuição". "Às vezes as pessoas me perguntam: - "tu és formado em Direito, o que tu fazes no Arquivo? "Tu podias estar sendo mais bem aproveitado, pelo teu conhecimento". É que eu me adaptei mais ao Administrativo. Talvez tenha menos pressão, é um pouquinho mais light do que nas Varas. Tem essa coisa, acham que a pessoa que está no Arquivo é acomodada, mas não é verdade. É um serviço importante como 19 "Sou meio quieto" qualquer outro. E agora, neste momento, estou realizado". Ele se define como uma pessoa de temperamento "meio quieto", talvez tímido. "No início tive algumas dificuldades de adaptação", mas acredita que a experiência adquirida no atendimento ao público foi uma grande escola. "Eu acho que cresci como pessoa, tive contato com um monte de gente e todos tinham um co- nhecimento diferente para passar. Estou sempre aprendendo, melhorando e me aperfeiçoando". "Antes o Arquivo era só na base dos livros. Tinha livro de remessa para a Contadoria, para a Distribuição, tinha que datilografar tudo em máquina manual. Na ficha do processo fi- cava tudo anotado. Aí se perdia a ficha e era um drama (risos)". Foi quando em 1996 formou-se uma comissão para dar início à informatização do setor. "Fizemos tudo novo, material novo, caixas novas... Fomos para um prédio próximo à Rodoviária, era um corredor comprido que ia da Mauá a Júlio de Castilhos. Éramos apenas três trabalhando lá, eu e mais dois caras, o Guiraí e o Paulo. Esse foi um momento importante, que me senti útil. No final, tudo compensou". Orcy tem nove anos de Justiça pela frente, mas pode-se dizer que já está pensando no que fazer após a aposentadoria. "Eu sempre tive vocação para música. Meu avô era pianista e minha mãe também tocava piano. Estudei um pouco de violão clássico. Atualmente voltei a estudar teoria musical. Acho que depois que eu me aposentar, uma das coisas que eu vou me dedicar é a música". Justa homenagem A Seção Judiciária do Rio Grande do Sul homenageou no dia 20 de novembro os servidores que neste ano completaram 10, 15, 20 e 25 anos de Justiça Federal. Os 75 funcionários das cidades de Canoas, Caxias do Sul, Passo Fundo, Pelotas, Porto Alegre, Rio Grande e Santa Maria, receberam uma lembrança pelo trabalho e dedicação à instituição. A servidora Sônia Ferreira Pastro também foi lembrada por ter se aposentado em razão do implemento da idade máxima no serviço público. Segundo a diretora do Foro, juíza Taís Schilling Ferraz, a intenção é que a homenagem se repita anualmente entre os dias 28 de outubro (dia do servidor) e 8 de dezembro (dia da Justiça). "São as pessoas que aqui trabalham e trabalharam que constroem esta instituição respeitada. Nosso trabalho pode ser visto de fora, por um desavisado, como um simples dar andamento aos processos, mas nossa missão é muito maior. É dar esperança aos milhares de cidadãos que confiam na Justiça, ao entregarem suas expectativas mais urgentes e importantes aos processos judiciais. Den- Caxias do Sul - Daniel Chiossi, 10 anos Canoas - Elisabetha V. Santos, 15 anos tro de cada processo tem uma vida, e muitos suspendem suas vidas enquanto aguardam o resultado de seus processos. Os servidores da Justiça Federal têm consciência disto, ao lidar com os processos e com o público, inclusive os que atuam na área-meio - a área administrativa - que são os responsáveis por prover as condições para que o trabalho de todos seja executado sem interrupções, com segurança, com informação disponível, com tecnologia e eficiência, estrutura física adequada, motivação, salário e benefícios em dia", destacou a magistrada. Rio Grande Adriana S. Felipe, 10 anos Passo Fundo - Juliana Rossato da Cruz (entre os juizes Rafael C. Trevisan e Maria Angélica Carrard), 10 anos 10 anos 15 anos Santa Maria - Alceno Gräbin, 15 anos e Liliana M. dos Santos, 10 anos, ao lado do juiz Loraci Flores de Lima 25 anos 20 anos Porto Alegre - Servidores homenageados em Porto Alegre Pelotas - Heron César M. dos Santos, 10 anos