As diferentes manifestações de violência
sexista nos locais de trabalho:
reconhecendo suas bases e como se expressam
para combatê-la
Reunião do Comitê de Mulheres da ISP
Léa Marques – socióloga
A Violência Contra as Mulheres
 Violência contra as Mulheres, ou violência sexista,
é a violência que a mulher sofre simplesmente por
ser mulher.
 Acontece
toda vez que as mulheres são
consideradas coisas, objetos de posse e de poder
dos homens e, portanto, inferiores e descartáveis.
 As
situações de violência sexista são uma
demonstração do poder dos homens sobre as
mulheres, e geralmente, são justificadas por
argumentos relacionados ao que deveria ser o
“jeito certo” de as mulheres se comportarem.
Base da Violência: A Desigualdade
 Divisão sexual do trabalho – base material da
diferenciação e hierarquização de mulheres e
homens. Relações de poder desiguais entre os
sexos.
 Construções culturais de características femininas
e masculinas. Ex: as mulheres são dóceis e os
homens agressivos.
 Dificuldades no acesso e permanência ao mercado
de trabalho e desigualdades salariais – dependência
financeira das mulheres para com os homens.
Violência Doméstica
 A violência contra as mulheres acontece, na maior
parte das vezes, dentro de casa, e os agressores
são pessoas muito próximas das vítimas (marido,
namorado, irmão, ex-marido). Esses são casos de
violência doméstica. Esse tipo de violência se
manifesta de ameaças até espancamentos. Como a
família representa, para boa parte das pessoas,
relações de afeto, de preocupação, de cuidado, isso
acaba ocultando os casos de violência, e poucas
pessoas ficam sabendo quando acontece.
Violência física
 Espancamento com a mão ou objetos, tentativas
de estrangulamento, arremesso de objetos
contra a mulher, pontapés... podendo chegar a
assassinato. Muitas vezes, ocorre paralelamente
à violência psicológica.
Violência psicológica
 É quando o homem desqualifica a mulher por
meio de ameaças, xingamento, gritos, imposição
do medo, humilhação, reclamação excessiva das
coisas que ela faz; e também quando o homem
fala da relação dele com outras mulheres, diz
que a mulher é incapaz de viver sozinha e que
apenas ele a quer; quando o homem impede a
mulher de trabalhar, de sair de casa, de se vestir
como gosta.
Violência sexual
 É qualquer atividade sexual praticada por um
homem contra a vontade da mulher, através da
força, ameaça ou intimidação, mesmo quando
ocorre dentro do casamento ou nas relações de
namoro.
 Há o estupro, e outros atos como forçar a mulher a
praticar sexo oral, sexo anal, passar as mãos no
corpo da mulher ou da menina.
 Os homens que praticam o estupro encontram
prazer exatamente no fato de impor pela força uma
relação sexual. Eles estupram não porque possuem
uma sexualidade incontrolável, e sim porque
querem submeter a mulher à condição de coisa ou
objeto, impondo, assim, o seu poder.
Abuso sexual
É
uma forma de violência sexual que ocorre
principalmente com crianças e adolescentes. É
praticada pelo pai, padrasto, irmãos, tios, avô e
vizinhos. O abuso sexual é difícil de ser percebido
porque a criança ou adolescente, na maioria das
vezes, não consegue entender o que está
acontecendo com ela, e quando entende, tem medo
e não sabe a quem falar ou como falar. Nesses
casos, os homens abusam das crianças desde
muito pequenas e, na maioria das vezes, somente
são descobertos quando a menina engravida ou fica
com alguma doença.
Assédio sexual
 É o ato de deixar a mulher constrangida com o
intuito de obter vantagem ou favorecimento
sexual. O assédio sexual é comum no local de
trabalho, a partir de relações de poder entre as
pessoas, que levam a mulher a ter medo de
perder o emprego, por exemplo. Porém, também
pode haver assédio sexual em relações que
reproduzem essas relações de poder em outros
ambientes, como na escola, no sindicato, etc.
Principais vítimas
Todas as mulheres são afetadas pela violência sexista, mas
algumas estão mais expostas:
 As que estão em regiões mais isoladas;
 As que dependem financeiramente dos homens;
 Aquelas que são sofrem também outras discriminações devido
a raça, religião, orientação sexual e mulheres com
deficiências;
 As mulheres mais jovens e meninas.
 As migrantes e também as de outras etnias discriminadas,
como as indígenas.
 Um outro grupo de mulheres que sofre manifestações de
muita violência são as prostitutas.
Fatores que contribuem para
manter a violência sexista:
 a impunidade dos agressores;
 o silêncio das mulheres agredidas;
 as
idéias construídas socialmente sobre a
inferioridade das mulheres;
 a transformação das vítimas em culpadas – sempre
dizem que foi a mulher que provocou e que
mereceu;
 desculpas para tentar justificar os atos de violência:
bebida, desemprego ou loucura.
Desafios nas políticas públicas
 É preciso uma política pública que possa alterar a situação de
violência sexista, assim, esta tem que ter ações que articulem
prevenção da violência e apoio às mulheres vítimas.
Para isso, é necessário:
• Mudanças legais que permitam o aumento do poder real das
mulheres para combater a discriminação social, econômica e
política;
• Construção de políticas que garantam a autonomia pessoal e
econômica das mulheres (políticas de habitação, emprego,
educação, saúde);
Desafios nas políticas públicas
 Implementação efetiva da Lei Maria da Penha em todos
Estados e Municípios;
 Avançar na proteção às mulheres vítimas de assédio sexual
no trabalho, para que não sejam obrigadas a abandonar seus
empregos ou serem demitidas por não aceitarem chantagens
sexuais ou cantadas;
 Promover
campanhas educativas sobre os direitos das
mulheres e estimular para que todos os atos de violência
sexista sejam denunciados;
 Exigir dos meios de comunicação, como rádio, televisão,
jornais e revistas, o compromisso com o combate à violência, e
que estes modifiquem a imagem das mulheres, que reforça a
discriminação e a visão de mulheres-objetos.
Violência contra as Mulheres e
implicações no trabalho
 Cerca de 70% da população em situação de miséria
no mundo são mulheres. As mulheres que vivem em
situação de pobreza estão mais vulneráveis à sofrer
violência.
 A violência doméstica contra as mulheres também
repercute no mundo do trabalho. Ela
necessariamente afeta na capacidade física e mental
das mulheres em trabalhar.
 O desequilíbrio de poder nos locais de trabalho e as
condições precárias de emprego de grande parte das
mulheres expõe mais ainda à vulnerabilidade de
assédio sexual, que é também uma manifestação de
violência.
Ações sindicais de combate à
violência contra as mulheres
 Negociar políticas que reconheçam que a violência é uma questão
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que interfere no mundo do trabalho. Essas políticas devem
proporcionar apoio e assistência às vítimas de violência;
Desenvolver campanhas de sensibilização e conscientização para
a questão da violência contra as mulheres e de como obter ajudar
para superá-la;
Organizar manifestações em coordenação com outros sindicatos e
movimentos de mulheres;
Estabelecer relações com movimentos de mulheres que já
trabalhem com o tema;
Desenvolver ações que garantam a proibição do assédio sexual,
moral e a violência nos locais de trabalho;
Desenvolver campanhas contra a violência direcionados
especificamente a combater a violência nos locais de trabalho;
Assegurar que as pessoas responsáveis de receber e investigar
qualquer denúncia sobre ações de violência tenham capacitação
adequada para tratar das queixas com a devida sensibilidade;
 Diretrizes para ações gerais das entidades
sindicais
- Nos jornais impressos e nas páginas virtuais das
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entidades dedicar sempre algum espaço para o tema;
Incentivar as/os dirigentes a escreverem artigos sobre
a violência contra as mulheres;
Realizar atividades de formação/debates sobre o tema;
Incentivar que dirigentes sindicais participem dos
Conselhos Municipais e Estaduais de Políticas para
Mulheres;
Desenvolver ações de ruas nos Estados e municípios,
em conjunto com movimentos de mulheres e
feministas;
Campanha CSI
 https://www.youtube.com/watch?v=Iwg6aXEgkvU
 https://www.youtube.com/watch?v=yGKUFz4YQ7c
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A Violência Contra as Mulheres