UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
SUELEN PAWLAK
A INTERVENÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ENSINO E APRENDIZAGEM
CURITIBA
2014
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ
SUELEN PAWLAK
A INTERVENÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE
ENSINO E APRENDIZAGEM
Artigo apresentado ao curso de Pós Graduação
em Psicopedagogia para obtenção de título de
Especialista em Psicopedagogia
Orientadora: Jeanete Lima
CURITIBA
2014
1
A INTERVENÇÃO DO PSICOPEDAGOGO NO PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM
Suelen Pawlak1
Resumo: A presente pesquisa demonstra a importância do psicopedagogo no
ambiente escolar e sua contribuição para o processo de ensino e parendizagem. O
ambiente escolar nos dias atuais precisa urgente de aporte. Essa ajuda pode ser
vinculada ao auxílio do psicopedagogo nas instituições de ensino, ajudando os
educadores no processo de desenvolvimento de novas tecnologias educacionais e
diagnosticando quais são os problemas de aprendizagem e desenvolvimento
cognitivo dos educandos. A metodologia utilizada nesta pesquisa foi explicativa e
bibliográfica, visando uma reflexão a partir do objeto de estudo o qual contribuirá na
identificação dos fatores que contribuem para ocorrência dos fenômenos ou
variáveis que afetam o processo de ensino – aprendizagem. Esta pesquisa nos
permitiu perceber as diversas facetas que o psicopedagogo pode desenvolver no
ambiente escolar e suas contribuições no processo de ensino e aprendizagem.
Palavras-chave: psicopedagogo, sala de aula, aprendizado
1
Pós-graduanda do curso de Pós Graduação em Psicopedagogia da Universidade Tuiuti do Paraná.
2
1. INTRODUÇÃO
Diante da realidade vivenciada na Educação, percebe-se a necessidade de
uma Intervenção Psicopedagógica no Processo de Ensino e Aprendizagem, pois o
fracasso escolar tem se expandido cada vez mais e professores ainda apresentam
falta de conhecimento em estratégias metodológicas para minimizar os problemas
de aprendizagem dos educandos. Tendo em vista esta problemática este trabalho
de pesquisa propõe-se a responder o seguinte questionamento: de que forma a
Psicopedagogia Institucional em seu saber fazer, pode intervir no processo de
ensino e aprendizagem?
Acredita-se que se houver a contribuição de um Psicopedagogo no Contexto
Escolar haverá uma reesignificação para o sucesso de ensino aprendizagem. Um
dos principais fatores que geram o fracasso escolar é a falta de apoio
Psicopedagógico para escolas, professores e pais. Outro fator relevante é a falta de
conhecimento e estratégias metodológicas por parte dos docentes para trabalhar
com as dificuldades de aprendizagem. O objetivo geral é demonstrar como o apoio
da Psicopedagogia Institucional pode subsidiar de forma significativa o processo de
ensino e aprendizagem, proporcionando ao professor um olhar mais crítico, menos
superficial e solidário a respeito dos educandos e das suas condições para
aprendizagem.
Apresentaremos
Psicopedagogia
e
nos
suas
capítulos
diferentes
que
áreas
seguem
de
concepções
atuação,
sobre
a
posteriormente
demonstraremos a importância do psicopedagogo no ambiente escolar a fim de
demonstrar a finalidade deste profissional nos ambientes escolares. Por fim
apresentaremos uma conclusão das ideias desenvolvidas ao longo desta pesquisa.
3
2. PSICOPEDAGOGIA: CONCEPÇÕES
A Psicopedagogia é um campo do conhecimento recente que surgiu a partir
dos conhecimentos trazidos da pedagogia e da psicologia. Esse campo de estudo
também sofre influências da psicanálise, linguística, semiótica, neuropsicologia, da
filosofia e da medicina. Toda essa integração de diferentes campos que se
entrecruzam tem como objetivo a compreensão do processo de aprendizagem
humana. Segundo Maria das Graças Sobral Griz, 2009, o objeto central da
psicopedagogia é o processo de aprendizagem humana e os percalços que possam
ocorrer, procurando conhecer o sujeito aprendente2 e a influência do meio – família,
escola e sociedade – no desenvolvimento desse processo (p.30).
No Brasil, hoje só poderão exercer a profissão de psicopedagogo os portadores
de certificado de conclusão em curso de especialização em psicopedagogia em nível
de
pós-graduação,
expedido
por
instituições
devidamente
autorizadas
ou
credenciadas nos termos da lei vigente - Resolução 12/83, de 06/10/83 - que forma
os especialistas, no caso, os então chamados "especialistas em psicopedagogia" ou
“psicopedagogos”. Atualmente, a profissão de Psicopedagogo, tendo em vista o
trabalho de outras gestões da ABP (Associação Brasileira de Psicopedagogia), tem
amparo legal no Código Brasileiro de Ocupação, ou seja, já existe a ocupação de
Psicopedagogo, todavia, isso não é suficiente para que a profissão seja
regulamentada.
O campo de atuação deste profissional irá depender da modalidade a que se
destina sua prática: na teoria, na clínica, ou institucionalmente, sendo estas três
sempre articuladas entre si, assumindo, é claro características específicas de cada
campo de atuação. De acordo com Visca (apud BOSSA, 2000, p.21)
[...] “a psicopedagogia foi inicialmente uma ação subsidiada da medicina e
da psicologia, perfilando-se posteriormente com um conhecimento
independente e complementar possuída de um objeto, denominado de
processo de aprendizagem, e de recursos diagnósticos, corretores e
preventivos próprios”.
2
Aprendente: aquele que aprende – termo utilizado para denominar aluno no âmbito da
psicopedagogia.
4
Ou seja, o tratamento psicopedagógico visa eliminar os sintomas. Desse
modo a relação do psicopedagogo com seu paciente/aluno têm como objetivo
solucionar os efeitos nocivos do sintoma para após, dedicar-se a garantir os
recursos cognitivos para a aprendizagem e evolução do mesmo.
2.1 Concepções sobre aprendizagem e métodos de ensino
De acordo com Guy Lefrançois em Teorias da Aprendizagem,
“Aprendizagem é definida como toda a mudança relativamente permanente
no potencial de comportamento, que resulta da experiência, mas não é
causada pelo cansaço, maturação, drogas, lesões ou doenças. [...] A
aprendizagem é o que acontece ao organismo (humano ou não humano)
como resultado da experiência. As mudanças comportamentais são
simplesmente evidências de que a aprendizagem aconteceu” (p.6)
Vários são os estudos sobre aprendizagem e/ou desenvolvimento cognitivo. O
processo de aprendizagem humana é objeto de análise há muitos anos e hoje com
as exigências do terceiro milênio, momento de rápidas e grandes transformações,
em que o conhecimento é o instrumento que o homem usará para acompanhar esse
processo evolutivo, a intervenção e o acompanhamento de como se aprende ou
como se ensina, ou melhor como ser um ensinante-aprendente3 é uma necessidade
latente.
Diversas concepções sobre aprendizagem foram desenvolvidas ao longo dos
séculos.
Algumas
conhecidas,
reproduzidas,
outras
questionadas,
algumas
esquecidas. Elencamos algumas teorias que por um grau de importância para o
estudo do desenvolvimento cognitivo se fazem necessárias:
a) Concepção da Análise do Comportamento: de acordo com essa teoria o
processo de aprendizagem acontece na relação entre o objeto de
conhecimento e o aluno. O professor programa como o objeto de
conhecimento será organizado, respeitando as características indivuais de
cada educando. A ideia central desta concepção é que o aluno se interesse
pelo processo de conhecimento e aja sobre ele.
3
Ensinante-aprendente: termo usado para indicar que todo sujeito exerce as duas funções
simultaneamente. (Wikipedia, 07/06/14)
5
b) Concepção Racionalista: já nesta concepção a aprendizagem é fruto da
capacidade interna do aluno. O discente é ou não é inteligente, ou seja, ou
ele nasce inteligente ou não. Este conceito acreditava que o aluno já traz uma
capacidade inata para aprender. Quando não aprende é considerado incapaz.
c) Concepção construtivista: define a aprendizagem como um processo de troca
mútua entre o meio e o indivíduo, tendo o outro como mediador. O aluno é um
elemento ativo que age e constrói sua aprendizagem. Cabe ao professor
instigar,
desafiar,
questionar,
favorencendo
assim
a
construção
do
conhecimento. Nesta concepção o aluno assume a posição de ensinanteaprendente. (Wikipedia)
Todas essas concepções nos fazem refletir sobre o processo de
aprendizagem, teorizar e delimitar como o educando aprende é relativo nos dias
de hoje, pois, com o advento da globalização, as tecnologias tão presentes e
atuantes, percebe-se que criar rótulos preconceituosos como da teoria
racionalista, ou acreditar apenas na análise do comportamento do indivíduo para
desenvolver cognitivamente, não é a maneira mais eficaz. Construir o
conhecimento juntamente com o aluno, levando em consideração que esse ser
pensa, tem uma cultura já arraigada em si, características e conhecimentos
prévios a respeito do que se está ensinando, faz-se necessária para o
desenvolvimento da aprendizagem de forma eficaz e eficiente.
Piaget e Vygotsky estudaram durante muitos anos teorias do desenvolvimento
cognitivo. Suas contribuições são até hoje importantíssimas no campo da
aprendizagem e de como ela se dá.
“Segundo Piaget (1987), a origem do desenvolvimento cognitivo dá-se de
dentro para fora, ocorrendo em função da maturidade do sujeito. Esse autor
considera que o ambiente poderá influenciar no desenvolvimento cognitivo,
porém sua ênfase recai no aspecto biológico, ressaltando a maturidade do
desenvolvimento. A abordagem de Vygotsky se contrapõe a de Piaget, uma
vez que sua ênfase recai no papel do ambiente para o desenvolvimento
intelectual da criança. [...] Desta forma, para a teoria vygotskiana, o
desenvolvimento ocorre em função da aprendizagem”. (GRIZ, 2009, p. 50)
Vygotski contribuiu para a psicologia pedagógica, com a conhecida ZPD –
Zona Proximal de Desenvolvimento. A qual significava que a ZPD é o potencial de
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capacidade que a criança possui e que a separa do nível de capacidade que é
observável por meio de seu desempenho e sua capacidade latente. Ou seja,
Vygotski acreditava que a zona de desenvolvimento representava o espaço entre o
desenvolvimento real, ou seja onde a criança estava naquele momento, e o nível
potêncial de desenvolvimento que a criança poderia chegar com a ajuda e
orientação.
Segundo GRIZ, o professor atento as questões de aprendizagem e
desenvolvimento do indivíduo, dá a escola um papel fundamental na construção dos
processos mentais de aprendizagem do individuo adulto, Vygotski afirma que o
único tipo de aprendizado é aquele que caminha à frente do desenvolvimento,
servindo-lhe de guia; deve voltar-se não tanto para as funções já maduras, mas
principalmente para as funções em amadureciemento. (2009, p.60).
Ou seja, percebe-se a importância
da mediação no processo de
aprendizagem, da participação do individuo que aprende na construção do seu
conhecimento. Compreendemos que todos apresentam potencialidades, para
aumenta-las, melhora-las e/ou elevá-las depende de nós inserirmos novas
informações, possiblidades e desenvolver novas capacidades nos educandos.
Tendo em vista o processo de aprendizagem vários filósofos, psicólogos,
pedagogos, estudaram diferentes métodos de ensino. Métodos de ensino são ações
desenvolvidas pelo professor para se chegar ao fim, ou seja, ao objetivo proposto, a
aprendizagem do educando. Podemos elencar alguns métodos de ensino, tais
como:
 Aprendizagem de maestria de Benjamin Bloom
 Método expositivo de David Ausubel
 Teoria do Reforço de Skinner
Nos anos de 1960 Benjamin Bloom e seus alunos encontravam-se envolvidos em
uma série de estudos que incidiam sob a forma de como, em contexto escolar,
individuos diferentes aprendiam de forma diversa, mas que os professores os
ensinavam da mesma forma, concedendo tempos iguais para a realização das
tarefas e dando a todos os alunos o mesmo tipo de atenção. Bloom sugeriu que os
professores teriam que promover diferenças no seu processo de ensino para
promover a parendizagem nos alunos. Concluiu que algumas das principais
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alterações a serem tomadas eram dividir em partes menores o processo instrutivo,
que o professor deveria proceder avaliações ao longo de todo processo instrutivo
para corrigir erros, evidenciar lacunas no processo de aprendizagem e reorganizar o
processo de ensino. Abaixo a figura 01, mostra subdividindo as etapas de ensino
que devem ser levadas em consideração pelo professor desenvolvidos por Bloom.
FIGURA 01: Taxonomia da aprendizagem criada pelo próprio Bloom
FONTE: google imagens, 2014
Segundo Walberg e Paik, 2000 em Práticas Educativas da Unesco, afirmam que a
teoria de Bloom,
“Devido à importância posta nos resultados e no controle cuidadoso
dos progressos, a aprendizagem de mestria ou de domínio pode
economizar tempo aos alunos. Permite dar mais tempo e
proporcionar planos de recuperação aos alunos que o necessitem.
Permite também aos alunos mais rápidos saltar matérias que já
dominam”. (WALBERG E PAIK, p.26, 2000)
Já o Método expositivo de David Ausubel, também designado de dedutivo, é o
método segundo o qual o professor apresenta conceitos, princípios, deduções ou
afirmações a partir dos quais se tiram conclusões ou consequências. Quase sempre
é o professor a tirar as conclusões mas podem ser os alunos.
A centralidade do ensino está no professor e as aulas seguem uma estrutura
de degraus, em que cada degrau é iniciado pelo professor que disponibiliza
informação e coloca questões. O aluno responde e o professor dá feedback. O
professor controla o desenvolvimento da aprendizagem por ciclos de iniciaçãoresposta e avaliação. Alguns estudiosos acreditam que este método pode criar
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barreiras na oportunidade de os educandos desenvolverem suas próprias
experiências e monitorarem sua aprendizagem. Abaixo temos uma caricatura que
representa a ideia do método expositivo, de que o professor fala e os alunos ouvem.
FIGURA 02: Caricatura método expositivo
FONTE: google imagens, 2014
A Teoria do Reforço de Burrhus Skinner, conhecida também como ensino
programado, baseia-se numa aprendizagem organizada sequencialmente através de
passos metódicos para alcançar um determinado objetivo e no recurso a reforços
extrínsecos que podem estar dissociados do objetivo em causa. Neste ensino o nível
de dificuldade aumenta lentamente, para que os alunos cometam poucos erros e
que cada aluno possa avançar ao seu ritmo, sem grandes pressões. O aluno entra
em contato com um programa que o vai dirigindo para as respostas adequadas,
sendo a aprendizagem definida como uma mudança avaliável em termos de
realização. O estudo do aluno é individual, escolhendo o seu ritmo de aprendizagem,
mas sempre auxiliado pelo professor. O fator chave de desvantagem do ensino
programado seria o isolamento do educando, o fator de não aprender com o outro, e
o aluno não tem a opção de discordar do que lhe é exposto. Skinner chegou a
desenvolver uma máquina de ensinar, para aplicar sua teoria de ensino, conforme
figura abaixo.
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FIGURA 03: Máquina de ensinar de skinner
Fonte: google imagens, 2014
Temos vários outros métodos de ensino, aprendizagem baseada no estudo
de caso, Aprendizagem baseada em problemas ou PBL, Aprendizagem por
pesquisa, Aprendizagem por descoberta guiada. Todos esses métodos de ensino
demonstram o interesse que tem na efetiva aprendizagem do educando, mostra a
necessidade de se efetivamente desenvolver cognitivamente o educando. Que este
possa através da utilização pelo docente de uma ou mais abordagens de ensino
fornecer meios para o aluno aprender.
Com todas as diferentes abordagens e métodos de aprendizagem, cabe ao
docente, elaborar métodos de ensino para atuar nos diferentes contextos
educacionais. Sabemos que as dificuldades encontradas pelo docente em sala de
aula são muito grandes e dependendo do contexto na qual elas estão inseridas os
problemas de aprendizagem somente são agravados tornando o processo de ensino
e aprendizagem cada vez mais dificultoso. A atuação do psicopedagogo no
ambiente escolar auxiliará o docente na escolha ou pelo menos oportunizará ao
docente a reflexão da melhor prática com o auxílio deste profissional.
3.
A INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA NO PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM
A Psicopedagogia estuda o processo de aprendizagem e suas dificuldades,
tendo, portanto, um caráter preventivo e terapêutico. Preventivamente deve atuar
não só no âmbito escolar, mas alcançar a família e a comunidade, esclarecendo
10
sobre as diferentes etapas do desenvolvimento, para que possam compreender e
entender suas características evitando assim cobranças de atitudes ou pensamentos
que não são próprios da idade.
Percebe-se na educação atual a problemática das dificuldades de
aprendizagem, onde muitas vezes professores e família não sabem como lidar com
esta realidade enfrentada no dia-a-dia. Tendo em vista a importância da Intervenção
Psicopedagógica no processo de ensino e aprendizagem, verifica-se que a mesma
tem muito a acrescentar as instituições escolares como um todo.
Segundo Bossa (2000), a presença de um psicopedagogo no contexto escolar é
essencial, ou seja, ele tem muito que fazer na escola. A sua intervenção inclui:
 Orientar os pais;
 Auxiliar os educadores e consequentemente à toda comunidade aprendente;
 Buscar instituições parceiras (envolvimento com toda a sociedade);
 Colaborar no desenvolvimento de projetos (Oficinas psicopedagógicas);
 Acompanhar a implementação e implantação de nova proposta metodológica
de ensino;
 Promover
encontros
socializadores
entre
corpo
docente,
discente,
coordenadores, corpo administrativo e de apoio e dirigentes.
O papel da psicopedagogia na formação de educadores que atuam diretamente
com o aluno é primordial no contexto escolar e consiste em prepará-los para lidar
com as dificuldades de aprendizagem com muita segurança. A didática com um
olhar psicopedagógico inserida na sala de aula pode contribuir para uma
aprendizagem realmente significativa. Quando o educando se percebe como um
personagem protagonista neste processo de aprendizagem, o desejo de aprender é
muito maior.
De acordo com Gonçalves (2002, p.42) “as relações com o conhecimento, a
vinculação com a aprendizagem, as significações contidas no ato de aprender, são
estudados pela Psicopedagogia a fim de que possa contribuir para a análise e
reformulação de práticas educativas e para a ressignificação de atitudes subjetivas”.
O estudo psicopedagógico atinge seus objetivos quando, ampliando a
compreensão sobre as características e necessidades de aprendizagem de
determinado aluno, abre espaço para que a escola viabilize recursos para atender
11
às necessidades de aprendizagem. Para isso, deve analisar o Projeto PolíticoPedagógico, sobretudo quais as suas propostas de ensino e o que é valorizado
como aprendizagem. Vale ressaltar de que o fazer psicopedagógico se transforma
podendo se tornar uma ferramenta poderosa no auxílio de aprendizagem.
“Cabe ao psicopedagogo perceber eventuais perturbações no processo
aprendizagem, participar da dinâmica da comunidade educativa,
favorecendo a integração, promovendo orientações metodológicas de
acordo com as características e particularidades dos indivíduos do grupo,
realizando processos de orientação. Já que no caráter assistencial, o
psicopedagogo participa de equipes responsáveis pela elaboração de
planos e projetos no contexto teórico/prático das políticas educacionais,
fazendo com que os professores, diretores e coordenadores possam
repensar o papel da escola frente a sua docência e às necessidades
individuais de aprendizagem da criança ou, da própria ensinagem.”
(BOSSA, 1994, p 23).
Acredita-se que cada criança tem o processo de desenvolvimento diferente,
algumas aprendem com maior facilidade enquanto outras aprendem mais devagar.
E nesse momento que é de fundamental importância que o professor analise
individualmente cada criança para poder adequar os conteúdos conforme a
necessidade de cada um. O que percebemos é que os educadores não têm muitas
vezes domínio suficiente de novas práticas pedagógicas para a tender a essas
diferenças, e em alguns casos não conseguem diagnosticar essas diferenças de
aprendizagem dos educandos. Cabe ao psiciopedagogo orientar e acompanhar
docente e discente, ambos em suas necessidades. Perceber a dificuldade de
aprendizagem e desenvolver estratégias para estimular e facilitar a assimilação e
desenvolvimento cognitivo. Juntos, essa tríade é de grande valia para o bem estar
do núcleo educacional e o desenvolvimento da comunidade escolar.
As mudanças de estratégias de ensino podem contribuir para que todos
aprendam. Em alguns casos, as estratégias de ensino não estão de acordo com a
realidade do aluno.
“A prática do professor em sala de aula é decisiva no processo de
desenvolvimento dos educandos. Esse talvez seja o momento do professor
rever a metodologia utilizada para ensinar seu aluno, através de outros
métodos ou atividades ele poderá detectar quem realmente está com
dificuldade de aprendizagem, evitando os rótulos muitas vezes colocados
erroneamente, que prejudicam a criança trazendo-lhe várias consequências
4, como a baixa estima e até mesmo o abandono escolar. “O que é
12
ensinado e aprendido inconscientemente tem mais probabilidade de
permanecer”. (COELHO, 1999 p.12).
Assim, deve-se propiciar um ambiente favorável à aprendizagem, ou seja, em
que sejam trabalhadas também a auto-estima, a confiança, o respeito mútuo e a
valorização do aluno.
Ao entrarmos em contato com a Psicopedagogia, percebemos, a partir das
leituras e estudos, principalmente dos escritos de Alícia Fernández, que:
“Ser ensinante significa abrir um espaço para aprender. Espaço objetivo e
subjetivo em que se realizam dois trabalhos simultâneos: a construção de
conhecimentos e a construção de si mesmo, como sujeito criativo e
pensante”. (FERNÁNDEZ, 2001, p.30).
Portanto, ensinar e aprender são processos interligados. Não podemos
pensar em um, sem estar em relação ao outro. Ainda segundo Fernandez (2001,
p.29), “entre o ensinante e o aprendente, abre-se um campo de diferenças onde se
situa o prazer de aprender”. Ensinantes são os pais, os irmãos, os tios, os avós e
demais integrantes da família, como também, os professores e companheiros da
escola.
De acordo com Sena, Conceição e Vieira (2004), o processo de
ressignificação da prática pedagógica se constrói por meio de um processo que se
efetiva pela reflexão critico reflexiva do professor sobre seu próprio trabalho, isto é, a
partir da base do contexto educativo real, nas necessidades reais dos sujeitos, nos
problemas e dilemas relativos ao ensino e à aprendizagem.
O professor não apenas transmite os conhecimentos ou faz perguntas, mas
também ouve o aluno, deve dar-lhe atenção e cuidar para que ele aprenda a
expressar-se, a expor suas opiniões.
Segundo Firmino (2001) as evidências sugerem que um grande número de
alunos possui características que requerem atenção educacional diferenciada.
Muitos alunos apresentam dificuldades emocionais que afetam drasticamente seu
nível de aprendizagem, de acordo com Jeffrey, 2003, de um modo geral 40% a 70%
das crianças e adolescentes com depressão sofrem de outros problemas
emocionais. Entre 20% e 50% experimentam dois ou mais distúrbios além da
depressão. A orientação dessa criança ou adolescente deve ser individual e
mediada pelo psicopedagogo juntamente com o professor, os dois profissionais em
13
conjunto irão formular objetivos alcançáveis pelo discente a fim de proporcionar ao
mesmo
um
avanço
não
apenas
cognitivo,
mas
também
emocional.
O
acompanhamento psicopedagogico nestes casos é crucial para a adaptação e
inserção da criança/adolescente no meio escolar. Neste sentido, um trabalho
psicopedagógico pode contribuir muito, auxiliando educadores a aprofundarem seus
conhecimentos sobre as teorias do ensino e aprendizagem e as recentes
contribuições de diversas áreas do conhecimento, redefinindo-as e sintetizando-as
numa ação educativa.
Segundo Soares e Sena (2012),
“Cada ser humano apresenta uma história diferente, uma necessidade
diferente, uma expectativa diferente quando se relaciona com o outro,
inclusive com o professor. Por sua vez, o professor em sala de aula não vê
o aluno com o mesmo olhar de outro professor. Nesta perspectiva ao
psicopedagogo cabe saber como se constitui o sujeito, como este se
transforma em suas diversas etapas da vida, quais os recursos de
conhecimento que ele dispõe e a forma pela qual produz conhecimento e
aprende. É preciso, também, que o psicopedagogo saiba o que é ensinar e
o que é aprender, como interferem os sistemas e métodos educativos. “(p.4)
Ou seja, cabe ao psicopedagogo socializar os conhecimentos, criar
estratégias para que os conhecimentos fiquem disponíveis a todos, promovendo o
desenvolvimento cognitivo e a sociabilização da instituição escolar, como forma de
acesso para todos – sejam eles educadores ou educandos. Segundo Bossa, 2000,
“pensar a escola, à luz da psicopedagogia, significa analisar um processo que inclui
questões metodológicas, relacionais e socioculturais, englobando o ponto de vista
de quem ensina e de quem aprende, abrangendo a participação da família e da
sociedade” (p.91).
Uma das tarefas mais importantes do Psicopedagogo não é a de cuidar do
educando, e sim encontrar novas modalidade para tornar a formação do docente
mais eficiente, madura e efetiva para a realidade da situação relacional professoraluno. Essa formação também tem de levar em conta a variável da incerteza
encontrada em sala de aula pelo docente, dentro do ambiente sala de aula o
professor não consegue prever todas as variáveis possíveis, então quando professor
e psicopedagogo planejam juntos não podem deixar de levar em consideração a
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seguinte questão: o docente pode apenas pautar sua prática docente atendendo aos
requisitos pré-estabelecidos pela prática curricular, ou também orientar-se pela
leitura crítica resultante de sua prática diária – ou seja, basear-se o conhecimento na
ação. A reflexão desses dois protagonistas faz com que a práxis pedagógica seja
mais eficaz, transformando o professor em um professor inovador – aquele que traz
em sua prática docente a autoavaliação constante, que muda seus conceitos não
apenas na retórica ou na escrita, mas na prática diária de sala de aula. Tudo isso
para desenvolver melhor o aprendizado do educando. Vasconcelos em Construção
do Conhecimento em Sala de Aula afirma que:
“A ação educativa desenvolvida e os meios utilizados (metodologias,
técnicas, conteúdos, relacionamentos) podem ajudar as pessoas a irem se
libertando de tudo que as escraviza no interior e exteriormente (...), mas
pode também ser de natureza tal que mantenha as pessoas e os grupos em
situação de dependência, manipulando-os como objetos e sujeitando-se às
estruturas injustas. (...) Deixa de ser educação para converter-se em
instrumento de dominação, de domesticação, responsável pela formação de
homens e mulheres acomodados e alienados.”(1995, p.11)
Encaixa-se aqui a premissa de que o psicopedagogo tem um compromisso com
a prevenção e minimização dos obstáculos e fracassos do sujeito na aprendizagem,
bem como na mediação da ação educativa para que a mesma não se torne
alienante e nem impossibilite o educando de pensar ativiamente sobre diversos
temas da realidade vivida.
Segundo Regis Moraes,
“Com a evolução do conhecimento e a necessidade de superação de
fragmentação que a mente humana vem promovendo, a qualidade
educativa envolve também um esforço para integrar e correlacionar
disciplinas, na busca de uma axiomática comum entre elas. Requer uma
nova pedagogia, uma nova metodologia que visam a integração do
conheciemento parcial na procura de um conhecer mais global. A buca da
interdiciplinaridade favorece o trabalho em equipe, o apoio mutuo, o
planejamento e a avaliação de forma compartilhada, a visualização dos
problemas por diferentes ângulos e a busca de soluções coletivas, aspectos
relevantes para uma melhor qualidade educativa.” (1997, 197)
Sendo assim, o psicopedagogo deve pensar na questão interdiscplinar como
ferramenta para desenvolver metodologias para a práxis pedagógica do docente,
favorecendo assim a integração dos conhecimentos e visões gerais sobre
desenvolvimento cognitivo.
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A didática com um olhar psicopedagógico nos faz refletir também sobre a
interrelação professor-aluno. O educador também faz parte de um processo de
participação, integração, entrega e superação. O ato de planejar, assim assumido,
deixará de ser um simples estruturar de meios e recursos, para tornar-se o momento
de decidir sobre a construção de um futuro e principalmente, de quebrar
paradigmas. O educador deve promover a aprendizagem significativa, incentivando
as habilidades de seus aprendizes e mostrando para cada um deles a sua
verdadeira potencialidade. As dificuldades no percurso servirão para torná-los fortes
e capazes de transformar o mundo em que vivem. Contribuir para o crescimento do
processo da aprendizagem e auxiliar no que diz respeito a qualquer dificuldade em
relação ao rendimento escolar, está diretamente ligada ao âmbito psicopedagógico,
dessa forma esse profissional deve refletir sobre as ações pedagógicas e suas
interferências no processo de aprendizagem do aluno.
Outra interface que o psicopedagogo deve atuar, que influencia e muito na
aprendizagem do aluno é o trabalho com a família e a interação desta com a
instituição escolar. Sabemos que a comunidade – entenda-se pais de alunos – não
conhecem a escola que seus filhos estudam, são vários os fatores: trabalho, estudo
ou até mesmo desinteresse familiar. Alguns pais tem o pensamento que a escola
deve dar educação, conhecimento, cidadania e eles não tem porque motivo ter
contato com a instituição de ensino. Cabe ao profissional em questão criar
atividades para atrair e estabelecer laços entre escola e comunidade. Essa interação
propiciará melhores resultados na aprendizagem dos educandos, pois quando temos
pais engajados com a práxis pedagógica, favorece a metodologia do docente.
O magistério é uma das profissões mais complexas. O seu conteúdo é a
própria humanidade. A ação docente não se limita ao ensino, à sala de aula ou à
escola. O seu conteúdo é identificado com a própria humanidade. Ou seja, fazer no
outro a humanidade partilhando crenças, emoções, afetos, valores, promovendo na
pessoa humana o sentido da vida. Segundo Casemiro de Medeiro Campos,
“A docência é uma prática carregada de sentido, marcada por uma
ambiência, situada numa realidade em que se busca realizar por um ato
finito, o ser infinito do humano. (...) no seu cerne, a docência é um ofício,
que se faz modernamente como uma profissão. Portanto aprende-se a ser
professor por uma conquista de ser humano, fazendo no outro a própria
humanidade.” (2010, p.72-73)
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Ou seja, o professor é sujeito que desafiado pela responsabilidade de
transformar algo em humano tenta diariamente transformar-se em humano também
para inserir humanidade em seus preceitos pedagógicos. Cabe ao psicopedagogo
auxiliar nesta caminhada exaustiva o educador, para que juntos possam, assim
como já fora dito anteriormente desenvolver estratégias, caminhos, maneiras, de
chegar até o educando e facilitar o desenvolvimento cognitivo do mesmo.
4. CONCLUSÃO
O professor deve possibilitar ao aluno o seu pleno desenvolvimento, no
âmbito emocional, social, cognitivo para ele possa utilizar esses conhecimentos para
compreender o mundo, os diferentes grupos sociais e utilizar esses conhecimentos
para transformar a sociedade em que vive hoje num espaço democrático e igualitário
para todos. Já o psicopedagogo deve auxiliar o professor, o educando, a
comunidade escolar como um todo para que esse processo aconteça. Para que se
efetive a aprendizagem e as dificuldades fiquem perenes e se anulem dentro da
ótica escolar. Cabe a esse profisisonal a tarefa de caminhar de forma observadora o
ambiente escolar e todas as variáveis que possam interferir no processo de ensinoaprendizagem.
Durante a pesquisa apresentamos diversos olhares a respeito da importância
do profissional da psicopedagogia em sala de aula. Reinteramos que este
profissional estimula as relações interpessoais, o estabelecimento de vínculos, a
utilização de métodos de ensino compatíveis com as diferentes e mais recentes
concepções pedagógicas de aprendizagem. Pensando sempre no desenvolvimento
das capacidades cognitivas da criança/adolescente, bem como contribuir com
projetos que possam auxiliar a inserção desses seres em formação na sociedade de
uma forma mais justa e igualitária.
Deixemos bem claro que o psicopedagogo não é, e, nunca será um superherói que tem o poder de transformar e mudar o organismo escolar. Mas, sim tem a
capacidade técnica de enxergar caminhos, meios, métodos que estimulem o
aprendizado. Esse profissional consegue perceber onde está a raiz do problema,
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caso não consiga resolvê-la, pelo menos há uma profilaxia para que não se
expanda.
Dessa forma o conhecimento psicopedagógico avalia as possibilidades do
sujeito, sua disponibilidade afetiva de saber, ser e de fazer, reconhecendo que esse
saber é inerente ao saber humano e aprofundando o conhecimento que lhe ocntribui
a aprendizagem e também, em nível mais amplo, na melhoria da qualidade de
ensino. Sendo assim, por fim, o psicopedagogo deve tomar uma atitude de
investigador e interventor nas diferentes facetas da instituição escolar.
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5. REFERENCIAS
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a intervencao do psicopedagogo - TCC On-line