CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Diretoria de Educação Continuada, Pesquisa e Extensão Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local Daisy Dias Lopes GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA EM SERVIÇO SOCIAL: LIMITES E POSSIBILIDADES DE UMA FORMAÇÃO SUPERIOR COM QUALIDADE Belo Horizonte 2010 L864g Lopes, Daisy Dias Graduação a distância em Serviço Social: limites e possibilidades de uma formação superior com qualidade./Daisy Dias Lopes. 2010. 197 p., il. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Eloísa Helena Santos Dissertação (Mestrado) – Centro Universitário UNA 2010. Programa de Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local. Referências: p. 160-173. 1. Educação à distância. 2. Serviço Social Ensino superior - formação. I. Santos, Eloísa Helena. II. Centro Universitário UNA. III. Título. CDU: 658.114.8 Daisy Dias Lopes GRADUAÇÃO A DISTÂNCIA EM SERVIÇO SOCIAL: LIMITES E POSSIBILIDADES DE UMA FORMAÇÃO SUPERIOR COM QUALIDADE Dissertação apresentada ao Curso do Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, do Centro Universitário UNA, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre. Área de concentração: Inovações Sociais, Educação e Desenvolvimento Local. Linha de pesquisa: Processos Educacionais, Tecnologias Sociais e Gestão do Desenvolvimento Local. Orientadora: Prof.ª Dr.ª Eloísa Helena Santos Belo Horizonte 2010 CENTRO UNIVERSITÁRIO UNA Diretoria de Educação Continuada, Pesquisa e Extensão Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local Dissertação intitulada “Graduação a distância em Serviço Social: limites e possibilidades de uma formação superior com qualidade”, de autoria da mestranda Daisy Dias Lopes, aprovada pela banca examinadora constituída pelos seguintes professores: __________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Eloísa Helena Santos – (Orientadora) – UNA. __________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Consuelo Quiroga – Examinadora externa – PUC BH. __________________________________________________ Prof.ª Dr.ª Rosalina Batista Braga – Examinadora interna – UNA. __________________________________________________ Prof.ª Dra. Lucília Machado Coordenadora do Mestrado Profissional em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local Belo Horizonte, 22 de setembro de 2010. AGRADECIMENTOS Ao Mestre dos Mestres, que preservou minha vida até aqui, meu sustentáculo de fé e esperança, e que me mantém muito melhor do que eu mereço. A minha família, pelo apoio e cuidados sem medida. Aos meus pais por um carinho e zelo que me emociona. Ao meu esposo, companheiro e cúmplice, em frutífero tempo de vida a dois, pela ternura e solidariedade. Aos meus filhos, com quem dialogo em total liberdade no mundo virtual, e que agora, quando “ensino, aprendo”. Às minhas professoras das primeiras letras, seus ensinamentos de base tornaram possível poder agradecer hoje, e todos aqueles que caminharam comigo no mundo do conhecimento e da vida profissional. À professora e parceira Eloísa Helena Santos, pelos ricos momentos de orientação, pela dedicação e paciência. À coordenação, aos professores, colegas e amigos do mestrado, pelas trocas de experiências e convivência fraterna. Às participantes da pesquisa, um especial agradecimento, pela pronta colaboração e doação de seu tempo na construção do conhecimento. RESUMO A pesquisa realizada abordou a expansão do ensino a distância no Brasil, em especial nos cursos de graduação em Serviço Social e suas implicações com a qualidade da formação do futuro assistente social. Uma ampliação do acesso ao ensino superior pela via da iniciativa privada, em detrimento da ampliação de uma universidade pública, gratuita, laica e de qualidade e a luta histórica dos assistentes sociais em defesa da educação enquanto direito de todos e dever do Estado; foram questões que motivaram conhecer a nova modalidade de ensino aplicada à formação em Serviço Social, seus limites e possibilidades. As mudanças ocorridas nos últimos tempos impactaram e invadiram várias dimensões da vida em sociedade. As tecnologias da informação e comunicação trouxeram inovações que vão sendo apropriadas no espaço educacional. Assim, um novo paradigma na educação vai se delineando - o ensino a distância. Esta nova modalidade de ensino consagrou a figura de um profissional que exerce atribuições fundamentais na construção deste modelo – o tutor. A atuação deste profissional tem implicações no processo de ensino e aprendizagem e nesta pesquisa, sob o prisma da tutoria presencial, realizou-se a análise da formação de estudantes de Serviço Social. Portanto, o objetivo desta pesquisa foi analisar a formação de estudantes do curso de graduação, na modalidade à distância, em Serviço Social ofertada em polos presenciais de uma instituição de ensino superior, em Minas Gerais, por intermédio da atuação dos tutores presenciais. Optou-se por uma metodologia qualitativa, que melhor se adéqua ao problema, aqui sob análise, com a realização de pesquisa de campo que permitiu a aproximação com o fenômeno que se desejava analisar e como estratégia de pesquisa utilizou-se o estudo de caso. Os principais resultados obtidos apontam para fragilidades no uso das tecnologias de informação e comunicação no âmbito educacional; aligeiramento no processo de ensino e aprendizagem na apreensão de conhecimentos estruturadores da profissão do assistente social; dificuldades e precariedade na realização do estágio supervisionado; poucas oportunidades de discussão ética e política das questões que envolvem o Serviço Social, do ponto de vista das tutoras. A modalidade educação a distância aponta possibilidades e limites, mas dependerá, em muito, da capacidade de se aliar pedagogia e tecnologia para o contexto não presencial, bem como com a adequação pertinente das especificidades da área de conhecimento e sua aplicabilidade, para que seus resultados realmente qualifiquem a formação profissional. Palavras chave: educação à distância, formação em Serviço Social, tutoria presencial. ABSTRACT This present work makes an analysis of the increment of distance learning education in Brazil, especially at Social Work undergraduate programs and its implications with the future social work professionals‟ quality. A increasing accessibility to higher education through private initiative in detriment of expand free public, of quality and secular university and the historical fight of the social workers in defense of the right education while of all and to have of the State. These were issues which had motivated knowing this new modality of education applied into Social work training, and its limits and possibilities. The technologies at Information and communication have brought innovations that are being appropriated into this educational field. Thus, a new education paradigm is taking shape - distance learning. This new education genre had established a picture of a professional who performs fundamental tasks building this model - the tutor. The performance of this professional has implications in the teaching and learning; and at this research it has been made an analysis of Social Work schooling by a perspective of tutoring attendance. Therefore, the objective of this work was to look over students‟ background in an undergraduate course, given by distance learning method, and offered at Social Work institutions in Minas Gerais State, through the tutors‟ attendance. It has been chose a qualitative methodology that best suits this problem, here under review, performing a field research and using as strategy the case study that allowed an approach to the event desired to be analyze. The main results achieved will point to weaknesses in the usage of information technologies and communication at the educational scope, fastness in the teaching process and Social Work professional structuring knowledge, hardship and difficulties affecting the supervised internship, few opportunities for ethical and political issues discussions involving Social Work, from the tutors‟ point of view. The distance learning education method indicates possibilities and limits, but will much depend on the ability to combine pedagogic and technology into the non attendance context as well as the relevance adequacy of the specific knowledge areas and its applicability, for their results would actually qualify these professionals. Keywords: distance learning education, training in social work, tutoring attendance. LISTA DE ILUSTRAÇÕES GRÁFICO 1 – Distribuição das matrículas no ensino superior por instituição pública e privada. ........................................................................................... 17 GRÁFICO 2 – Evolução das matrículas em cursos EAD, período 2002 a 2008 .... 21 GRÁFICO 3 – Faixa etária das tutoras presenciais. ............................................... 60 GRÁFICO 4 – Índices de penetração da tecnologia nos municípios brasileiros..... 91 GRÁFICO 5 – Percentual de domicílios com microcomputador e com microcomputador com acesso à internet no total de domícilios particulares permanentes - Brasil 2007-2008.................................... 92 LISTA DE TABELAS TABELA 1 – Evolução do número de IES, cursos, vagas e inscritos na educação a distância no Brasil (2002-2008)............................................................ 39 TABELA 2 – Distribuição de cursos ofertados pela UNISOCIAL ........................... 40 TABELA 3 – Número de vagas oferecidas pela UNISOCIAL na modalidade a distância ............................................................................................... 42 LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância ABP – Aprendizagem Baseada em Problema ANDES – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior AVA – Ambiente Virtual da Aprendizagem BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento BIRD – Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento CEAD – Centro de Educação a Distância de Brasília CES – Câmara de Educação Superior CFESS – Conselho Federal de Serviço Social CNE – Conselho Nacional de Educação COMAGO – Comissão de Apoio a Grupos Organizados CRAS – Centro de Referência da Assistência Social CRESS – Conselho Regional de Serviço Social DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos EAD – Ensino a Distância ENEM – Exame Nacional de Ensino Médio ENESSO – Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social FIES – Programa de Financiamento Estudantil do Ministério da Educação FMI – Fundo Monetário Internacional IES – Instituição de Ensino Superior INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Avançada LDBEN – Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional MEC – Ministério da Educação e Cultura ONG – Organização Não Governamental ONU – Organização das Nações Unidas OSCIP – Organização da Sociedade Civil de Interesse Público PNAD – Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios PNAS – Política Nacional de Assistência Social PNE – Política Nacional de Estágio PROUNI – Programa Universidade para Todos SEED – Secretaria Especial de Ensino a Distância SINPRO – Sindicato dos Professores SUAS – Sistema Único de Assistência Social TCC – Trabalho de Conclusão de Curso TIC´s – Tecnologias da Informação e Comunicação UAB – Universidade Aberta do Brasil UNB – Universidade de Brasília UNESCO – Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura UNIREDE – Universidade Virtual Pública do Brasil SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 14 2 A UNISOCIAL E O CURSO DE SERVIÇO SOCIAL MEDIADO PELA TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ........................................... 30 3 A TUTORIA PRESENCIAL EM CURSO DE SERVIÇO SOCIAL MEDIADO PELA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ........................................... 57 3.1 Tutoria e Teoria da Industrialização ................................................................. 67 3.2 Tutoria e Teoria da Autonomia e da Independência Intelectual ....................... 69 3.3 Tutoria e Teoria da Distância Transacional ...................................................... 71 3.4 Tutoria e Teoria da Interação e da Comunicação ............................................ 72 3.5 Tutoria: mediação e demais atribuições do tutor presencial em curso de Serviço Social mediado pela tecnologia de informação e comunicação ................ 73 3.6 Tutoria: interação e interatividade ................................................................... 81 4 A TUTORIA E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS ESTUDANTES DE SERVIÇO SOCIAL EM CURSO MEDIADO POR TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO ................................................................................................... 86 4.1 Projeto Ético Político Profissional e Diretrizes Nacionais Curriculares para os cursos de Serviço Social ........................................................................................ 96 4.2 Projeto pedagógico e supervisão direta de estágio em Serviço Social .......... 107 5 LIMITES E POSSIBILIDADES DA FORMAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL MEDIADO POR TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, SOB A ÓTICA DA TUTORIA PRESENCIAL ...................................................................... 116 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................. 129 7 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL PROJETO: PELAS TRILHAS GERAES – O CRESS VAI ONDE O ASSISTENTE SOCIAL ESTÁ ........................................................................................................ 133 7.1 Apresentação da proposta ............................................................................. 133 7.2 Justificativa da proposta ................................................................................. 133 7.3 Objetivos ........................................................................................................ 135 7.3.1 Objetivo geral ........................................................................................... 135 7.3.2 Objetivos específicos ............................................................................... 135 7.4 Abrangência ................................................................................................... 136 7.5 Metodologia ................................................................................................... 137 7.6 Metas ............................................................................................................. 138 7.7 Resultados ..................................................................................................... 139 7.8 Processo de acompanhamento, monitoramento e avaliação ......................... 139 7.9 Recursos necessários .................................................................................... 140 7.10 Cronograma das ações ................................................................................ 140 REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 141 APÊNDICES ........................................................................................................... 155 APÊNDICE I – O que pensam as tutoras quanto ao curso de Serviço Social na modalidade a distância, oferecido pela instituição investigada ............................... 156 APÊNDICE II – O que pensam as tutoras quanto ao curso de Serviço Social na modalidade a distância, oferecido pela instituição investigada, em relação ao estágio supervisionado ........................................................................................................ 157 APÊNDICE III – O que pensam as tutoras quanto ao curso de Serviço Social na modalidade a distância, oferecido pela instituição investigada ............................... 158 APÊNDICE IV – Questionário - Tutor(a) do curso de serviço social a distância .... 159 ANEXO V – Entrevista – Tutores do curso de serviço social a distância ................ 167 APÊNDICE VI – Mapeamento de municípios com polos de EAD‟s em Serviço Social em Minas Gerais da IES selecionada, conjugado com Núcleos de Assistentes Sociais – NAS e Escolas de Serviço Social Presenciais na jurisdição do CRESS 6ª. Região ..................................................................................................................... 172 APÊNDICE VII – Termo de consentimento e cessão livres e esclarecidos ............. 176 14 1 INTRODUÇÃO O presente trabalho é fruto das inquietações vivenciadas pela categoria dos assistentes sociais a partir da proliferação dos cursos de Serviço Social em especial dos cursos à distância. A pesquisa propõe analisar como a formação dos estudantes está se processando, os limites e possibilidades desta nova modalidade de ensino para a construção do perfil profissional de futuros assistentes sociais. O interesse em discutir a formação profissional em Serviço Social, na modalidade à distância, está ligado ao pouco conhecimento sobre essa nova modalidade de ensino no meio profissional, e às possibilidades dessa metodologia educacional de caráter inovador ser capaz de construir uma formação profissional sob os preceitos definidos pelas diretrizes nacionais curriculares e pelo código de ética profissional dos assistentes sociais. Esta pesquisa acontece num momento em que a sociedade dos nossos dias vem requisitando e provocando mudanças nas dimensões sociais, econômicas, políticas e culturais de forma acelerada. Tais mudanças são demandadas para acompanhar o grande caldeirão de transformações operadas na vida dos cidadãos, das empresas, dos governos, pelas tecnologias que são colocadas disponíveis para a sociedade. A popularização das tecnologias informacionais e computacionais, bem como o estágio em que se encontra a sociedade pós industrial, tem operado uma verdadeira revolução no cotidiano de muitos. É importante observar, conforme alerta Morin et al. (2007), que a mundialização da economia por meio do impulso e aceleração proporcionado pelas TICs - tecnologias de informação e comunicação alimenta o quadrimotor ciência, técnica, indústria e interesse econômico. Fortalece a ideologia do progresso e essa dinâmica unifica, divide, iguala, provoca desigualdades e degradação da qualidade de vida. Produzem uma ambivalência e se transformam num mal estar global para uma civilização submetida à atomização, ao anonimato, à perda de sentido. Tais mudanças operadas no seio da sociedade refletem no meio educacional sendo que as tecnologias de informação e comunicação vieram ampliar o universo destas mudanças, quando adotadas para permitir novas formas de realização do processo de ensino e aprendizagem. O que deve significar sempre uma reflexão sobre a extensão e comprometimento destas mudanças, suas 15 possibilidades e limites, pois, conforme Messina (2001), “mudar” significa alterar as regras do jogo, aprender novos códigos culturais, desnaturalizar ou refletir sobre os padrões habituais. Uma das mudanças marcantes, nos processos educacionais, é o ensino a distância – EAD, incrementado, principalmente, a partir da internet e outras mídias, que vieram se conectar aos desafios postos à educação brasileira, quanto à universalização do acesso da população aos vários níveis de ensino. A política educacional brasileira reconheceu o ensino a distância como uma das possibilidades de ampliação do acesso à educação por meio do artigo 80, da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – LDBEN, Lei n. 9.394 (BRASIL, 1996), que preconiza “o poder público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância, em todos os níveis e modalidades de ensino, e de educação continuada.” Como se sabe, a política pública da educação brasileira, historicamente, reflete uma sociedade de classes com alto grau de desigualdades sociais, que durante séculos, privilegiou as elites do país, quanto ao acesso à educação superior. Atualmente, a política educacional, em consonância com o artigo 6o da Constituição Federal reconhece, dentre outros, a educação como um direito social e, portanto, ao Estado cabe tornar democrático o acesso a esta política. O acatamento dessa disposição constitucional pressupõe o fortalecimento de uma universidade pública, laica, gratuita, voltada para os interesses da coletividade. No entanto, conforme registra Santos (2005) a perda de prioridade na universidade pública nas políticas públicas do Estado foi, antes de mais, o resultado da perda geral de prioridade das políticas sociais (educação, saúde, previdência) induzida pelo modelo de desenvolvimento econômico conhecido por neoliberalismo ou globalização neoliberal que a partir da década de 1980, se impôs internacionalmente. (SANTOS, 2005, p.15) Esta perda de prioridade é contraposta pela criação do mercado universitário, e consequente descapitalização e desestruturação da universidade pública. É o que se pode chamar de globalização neoliberal da universidade. O debate sobre as políticas para o ensino superior não foge ao contexto do capitalismo contemporâneo, bem como, é expressão das políticas neoliberais dentro do processo de globalização, em curso. Como vimos, tais políticas implantadas no 16 Brasil reduzem a participação do Estado nas políticas sociais e geram privatização, focalização, flexibilização, mercantilização que mostram seus efeitos desiguais e impactam a vida da população. Estas políticas desconsideram a política social como direito, transformando-a em beneficência ou filantropia, e impossibilitando à equidade social e educacional. Os reflexos da adoção destas políticas estão presentes no agravamento da questão social que aprofunda as desigualdades, o aumento da pobreza, a violência urbana com repercussão na vida das classes menos favorecidas economicamente (JEZINE; BATISTA, 2008). Espraiando-se por toda a vida social, as intervenções neoliberais atingem, também, a política educacional. Pressionado por organismos internacionais como Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD, Banco Interamericano de Desenvolvimento – BID e Fundo Monetário Internacional – FMI, os governos brasileiros, das últimas décadas do século XX e atual, estiveram afinados com a política neoliberal de reestruturação econômica e política, que impôs uma reforma do Estado, que reduziu os recursos públicos no financiamento do ensino superior ao assumir a lógica empresarial que o transforma em mercadoria. as universidades públicas brasileiras passam a serem pensadas sob a ótica da organização com fins lucrativos, conforme os princípios contidos nos Documentos do Banco Mundial de 1994 e de 1998 The Financing and Management of Higher Education: a status report on worldwide reforms, os quais criticam os gastos públicos com as instituições universitárias públicas, considerando-as ineficientes e improdutivas. Impõe-se assim, uma ótica economicista, que transforma o espaço de discussão política em estratégia de convencimento publicitário, enfatizando a eficiência e a produtividade da iniciativa privada como uma forma de reduzir o desperdício de recursos materiais e humanos dos serviços públicos, redefinindo a cidadania que de agente político passa a agente econômico, transformando o cidadão em cliente, um mero consumidor. (JEZINE; BATISTA, 2008, p.12) Não se está, aqui, desconsiderando a importância da participação do setor privado na política educacional no cenário nacional. Além das universidades públicas, o país sempre contou com universidades, centros universitários de considerável qualidade, que durante anos tem praticado relevantes serviços ao país, bem como na articulação do ensino, pesquisa e extensão. A discussão, aqui, questiona a expansão do ensino superior vinculada, exclusivamente, aos interesses do capital e da acumulação, focada nos interesses econômicos, em detrimento das necessidades educacionais e pedagógicas. Tratando-se do ensino a distância no Brasil, via de regra, as instituições que são sérias na oferta do ensino presencial, 17 também o são na modalidade a distância, segundo conclui Moran (2009). A ampliação do acesso ao ensino superior pode ser confirmada pelos números apresentados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira e Ministério de Educação e Cultura – INEP/MEC, com a adoção de políticas de governo que imprimem uma lógica privatista à universidade brasileira. O Censo da Educação Superior do MEC, em 2008, divulgado em novembro de 2009, contabilizou 2.252 instituições de ensino superior no país abrangendo as modalidades presencial, tecnológica e a distância. Destas, 2.016 são instituições privadas correspondendo a 89,5% e 236 são públicas, que correspondem a 10,4%. O setor privado responde pela maior parte das matrículas. Em 2008, o Brasil teve 1.936.078 novos alunos que ingressaram no ensino superior correspondendo a 8,5% a mais em relação ao ano de 2007. No total, o número de matrículas em 2008 foi 10,6% maior em relação a 2007, com um total de 5.808.017 alunos matriculados em cursos de graduação presencial, tecnológica e a distância. Na educação presencial 74,9% dos alunos estão em cursos particulares, na educação tecnológica, 83,3% e na educação a distância 61,7%. O setor público responde por 25,1% das matrículas no ensino presencial, 16,7% na educação tecnológica e 38,3% na educação à distância. Tais números tornam o Brasil um dos países com maior índice de privatização nesse nível de ensino (GRÁF. 1). GRÁFICO 1 – Distribuição das matrículas no ensino superior por instituição pública e privada. Fonte: Dados recolhidos do Censo do Ensino Superior 2008 – MEC/INEP 18 Na graduação a distância, 115 instituições ofertaram 647 cursos em 2008. As matrículas, nesta modalidade, sofreram um acréscimo de 96,9% em relação ao ano anterior e, em 2008 representaram 14,3% do total de matrículas no ensino superior. Mesmo com o crescimento nas matrículas do ensino superior descrito no censo de 2008, o Brasil não deverá cumprir a meta de incluir 30% da população entre 18 a 24 anos na universidade, conforme instituído pelo Plano Nacional de Educação de 2001 preconizado pela Lei 10.172/2001. Hoje, essa taxa está em 13,78%.1 Apesar da ampliação de vagas com consequente melhoria no acesso ao ensino superior, o Brasil ainda apresenta índices de taxa de escolarização bruta de acesso à educação superior (período 1999/2000) com números semelhantes ao Paraguai (14) e à África do Sul (15), enquanto Portugal (47) e Argentina (48) apresentam índices, três vezes maiores, Coréia e os EUA cinco vezes maiores (72), segundo informado por Rodrigues (2007).2 A sociedade brasileira possui desafios educacionais significativos para ampliar e qualificar o ensino superior. Buscando vencer tais índices pouco expressivos o ensino a distância tornou-se uma das estratégias do Plano Nacional de Educação, na expectativa do alcance da meta proposta para 2010, bem como prenunciou possibilidades de acesso à continuidade do processo de formação, entendendo a educação a distância como um modelo que amplia oportunidades onde os recursos são escassos, permitindo uma educação mais equitativa; familiariza o cidadão com tecnologias que estão no seu cotidiano; dá respostas flexíveis e personalizadas a uma diversidade 1 Segundo o presidente do INEP – Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira, Reynaldo Fernandes, “até 2011 não será possível atingir esta meta, pois o crescimento dessas taxas é difícil. Durante duas décadas (70 e 80) ela ficou estagnada em 8%”. De acordo com o censo 2008, o Brasil tem 5 milhões de alunos matriculados em cursos superiores no Brasil, a maioria em instituições privadas, com o número de ingressantes também em alta, apesar de leve queda em relação ao aumento em anos anteriores. (Folha de São Paulo, 07 fev. 2010, Seção Autores, caderno Mais, p.6) 2 De acordo com a Organização das Nações Unidas para a educação, a ciência e a cultura – UNESCO, a Taxa de Escolarização Bruta na Educação Superior representa a razão entre a matrícula total na educação superior (ensino de graduação), independentemente da idade dos alunos matriculados e a população na faixa etária teoricamente adequada (cinco anos contados a partir do ensino médio; no Brasil, seria de 18 a 22 anos). Como no Brasil, em virtude de muitos alunos concluírem o ensino médio com idade superior a 18 anos em função dos elevados índices de repetência da educação básica, este indicador pode apresentar alguma distorção, pois uma parcela considerável de alunos da educação superior possui idade acima de 24 anos. Assim, segundo o MEC, apenas 9% dos jovens de 18 a 24 anos estão cursando uma IES. Mas, de toda forma, essa taxa é importante, pois permite comparações internacionais, e como há certa estabilização no tamanho das coortes da população mais jovem, ela é um indicador razoável do atendimento nesse nível de ensino. (RODRIGUES, 2007, p. 49). 19 cada vez maior de tipos de informação, educação e treinamento; e oferece meios de atualizar rapidamente o conhecimento técnico. (NEVES, 1996, p.34) Todavia, não basta a ampliação de vagas. A inclusão dos cidadãos brasileiros no ensino superior deve vir acompanhada de uma formação com qualidade, a fim de permitir desenvolvimento de valores democráticos, aquisição de conhecimentos, competências e habilidades, independente da modalidade de ensino. Caso contrário, corre-se o risco de mudanças numéricas no perfil de escolarização, sem o consequente impacto na vida social, econômica e política do país. Face ao pouco conhecimento dos resultados das possibilidades e limites do ensino a distância, esta pesquisa se propôs analisar uma parcela desta nova realidade educacional, em relação a sua aplicabilidade aos cursos de graduação em Serviço Social. Os dados mostram expansão e investimentos no ensino a distância, mas é necessário ampliar as discussões de caráter qualitativo sobre como esta modalidade está interferindo no processo educacional, bem como suas repercussões no exercício profissional e no mercado de trabalho, pois trata-se de uma metodologia educacional recente, que assim como as demais, apresentam potencialidades e limitações. Esclarecemos que não foram enfatizadas, nesta pesquisa, tais repercussões. No âmbito empresarial e de grandes conglomerados são identificadas como potencialidades do ensino a distância, a possibilidade de programas corporativos, com cursos de qualificação, reciclagem sem que os trabalhadores se ausentem do local de trabalho, com economia dos deslocamentos (transporte e hospedagem). Aos profissionais que já se encontram inseridos no mercado de trabalho possibilita estabelecer e assumir a construção de sua própria carreira, vantagem esta, alinhada à ideologia do capital, em que o indivíduo se responsabiliza sozinho pelo seu sucesso ou insucesso, e muitas vezes, associada ao conceito neoliberal de empregabilidade. Outras potencialidades apontadas, no âmbito da educação, são o acesso a cursos superiores pelos egressos do ensino médio, quando impossibilitados de frequentar um curso no modelo tradicional; formação continuada para profissionais; atendimento à população mais pobre, que por variadas razões não pode frequentar um curso regular; utilização de menor número de docentes para atendimento de 20 grande número de alunos; atendimento a populações diversificadas; autonomia e flexibilidade dos estudos; substituição do trabalho em sala de aula por recursos midiáticos e material pedagógico; relação professor aluno menos hierarquizada, entre outras. A literatura consultada sobre o ensino a distância elenca, também, algumas limitações. Uma das mais significativas, seria a possibilidade do ensino a distância se transformar num processo instrucionista mais do que num processo de educação ou de construção do conhecimento fragilizando, ainda mais, a formação universitária. A distribuição massiva de informações a um grande número de pessoas sem o correspondente trabalho crítico deste processo; a dificuldade de estabelecer interconexão (entre pessoas, idéias, atividades, instituições); a implantação de projetos de EAD baseados na economia de mercado em detrimento de um processo de ensino e aprendizagem de qualidade são apontados como limitações a esta modalidade de ensino. Outras limitações como possibilidade do distanciamento geográfico definir um distanciamento afetivo e de falta de comunicação; risco da produção de um ensino industrializado, consumista, autoritário e massificante são fatores que, também, fazem parte das discussões do ensino a distância (BELLONI, 2006; GUTIERREZ e PRIETO, 1994; MORAN, 2009). A implantação e implementação dos cursos nesta modalidade, segundo Silva3 (2008), vem demonstrando fragilidades marcantes nas instituições que buscam o credenciamento junto ao MEC, e podem ser resumidas em ausência de formação de professores para as especificidades da modalidade a distância, de modo a evitar transposições mecânicas do presencial petrificado na pedagogia da transmissão e na avaliação da aprendizagem baseada em exames pontuais e em quantificação. Uma segunda precariedade é o modelo baseado no impresso e na TV, ou seja, distribuição em massa de pacotes de informação com pouquíssimo investimento em ambientes virtuais de aprendizagem. A terceira precariedade são os polos excluídos digitais, pobres em infraestrutura tecnológica. E a quarta é a figura do tutor, um profissional forjado na lógica da autoinstrução, que rechaça a presença do professor, em nome do mero administrador da burocracia do feedback do aluno. (SILVA, 2008, p. 2) 3 Marco Silva, avaliador do MEC de cursos a distância, em entrevista à Revista Científica de Educação a Distância da Universidade Metropolitana de Santos (SP). 21 Apesar dos percalços, o ensino a distância alçou o status de política pública a partir de 2005, com a criação da Universidade Aberta do Brasil – UAB, que coordena o ensino a distância nas universidades públicas. A regulação dessa modalidade pelo MEC, por meio de portarias e decretos, atividades fiscalizatórias, vem definindo a validade do ensino a distância, como por exemplo, a exigência de polos presenciais próximos dos alunos, infraestrutura definida pelas mantenedoras e tutoria presencial na graduação. Portanto, a modalidade a distância no ensino superior está em plena fase de consolidação no Brasil, como mostram os dados dos censos de ensino superior 2002 a 2008 (GRÁF. 2). GRÁFICO 2 - Evolução das matrículas em cursos EAD, período 2002 a 2008. Fonte: Censo de Educação do Ensino Superior – INEP/MEC O ensino a distância, atualmente, é uma realidade, e segundo Peters (2004) caminha par e passo com a universidade do futuro, que deverá conciliar ensino a distância, aulas tradicionais e ambientes informatizados. Esta previsão deverá ser acompanhada de uma mudança de paradigma educacional que envolverá variados atores atuantes neste processo e exigirá um novo perfil da educação, do professor e do aluno. Lévy (1999, p.170) reforça esta idéia, de uma universidade no futuro onde “a distinção entre ensino presencial e a distância será cada vez menos pertinente, já que o uso das redes de telecomunicações e de 22 suportes multimídias interativas vem sendo, progressivamente, integradas às formas mais clássicas do ensino”. A realidade dos cursos a distância causou impacto na categoria profissional dos assistentes sociais e órgãos representativos da profissão com a significativa expansão de cursos de Serviço Social, a partir dos anos 2000 na modalidade presencial, e a partir de 2006, na modalidade a distância. Com a qualidade da formação, já diagnosticada deficitária, em boa parte de cursos presenciais, a perspectiva da modalidade a distância causou maiores preocupações. A modalidade a distância no ensino superior gerou preconceitos e suspeições na sociedade, nos meios educacionais e, especificamente, na categoria dos assistentes sociais quanto às possibilidades de uma formação profissional de qualidade. Ao que parece, o ensino a distância foi a “gota d‟água” que disparou e intensificou a mobilização e lutas em favor de um ensino de qualidade, principalmente, no interior do Serviço Social, que sempre defendeu o direito à educação por meio de uma universidade laica, gratuita, presencial e de qualidade, ou seja, a defesa da educação como direito de todos. As discussões, os debates voltaram-se para a modalidade a distância, quando na verdade esta é apenas uma parte da totalidade bem mais abrangente que se questiona: sistema educacional brasileiro, papel da universidade, precarização do ensino e do trabalho docente, mercantilização da educação. No Serviço Social, todas estas questões continuam em debate e estratégias de lutas políticas continuam na agenda Neste contexto, a questão central que orienta esta dissertação é como a formação dos estudantes, futuros assistentes sociais, ocorre em cursos de graduação na modalidade a distância. Esta questão emergiu frente a razões e contra razões levantadas pela categoria profissional dos assistentes sociais, sempre acompanhadas no ambiente de trabalho da pesquisadora – o Conselho Regional de Serviço Social de Minas Gerais – CRESS 6a Região, nos núcleos de assistentes sociais e em eventos promovidos por órgãos representativos da categoria. Alguns assistentes sociais de Minas Gerais trouxeram para o Conselho manifestações quanto à explosão dos cursos de graduação em Serviço Social presenciais e a distância, e chamaram a atenção para qualidade da formação ofertada e seus reflexos no exercício profissional. Estes dados foram levantados no período de janeiro a março de 2008 junto ao setor de orientação e fiscalização do Conselho e expressaram a preocupação com os rumos da profissão, com o 23 atendimento aos usuários dos serviços dos assistentes sociais, com a precarização da formação, com o poder de fiscalização do Conselho e previram ameaças decorrentes de uma formação de má qualidade ao espaço já conquistado profissionalmente. Quanto à formação profissional, abordaram inquietações relativas ao processo de mercantilização da educação que, segundo os profissionais, vem resultando numa formação precarizada. Questionaram o modelo do novo “curso a distância” quanto à carga horária, metodologias, conteúdos, valor das mensalidades, capacidade deste tipo de curso em oferecer bagagem teórica, metodológica, ética e política que mantenha a sustentação do projeto ético político profissional da categoria. Os profissionais tomaram conhecimento de realização inadequada de supervisão direta de estágios com inexistência de convênios formais entre instituição de ensino e instituições de campo de estágio. Registraram que alguns profissionais que se negaram a supervisionar alunos provenientes dessa modalidade de ensino, sofreram pressões seguidas de ameaças pelas chefias de algumas instituições públicas. Quanto ao exercício profissional, levantaram observações relativas a desvalorização e sucateamento da profissão com consequente banalização do curso de Serviço Social e, provável achatamento das ofertas salariais. Creditam à fragilidade da formação o formato aligeirado do curso, supondo a reedição de um perfil profissional, refém de práticas conservadoras junto da política partidarista, do clientelismo e do assistencialismo, principalmente, no espaço dos pequenos e médios municípios. Alertaram para o tipo de serviço questionável que deverá ser prestado aos usuários do Serviço Social. Quanto à atuação dos órgãos representativos da categoria, questionam a capacidade e alcance da fiscalização aos profissionais e campos de estágios envolvidos nessa modalidade de ensino; sobre a legalidade dos cursos, e concessão de registro profissional. Enfim, os profissionais querem saber como as entidades organizativas da categoria como Conselho Federal de Serviço Social – CFESS, Conselhos Regionais de Serviço Social – CRESS e Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPSS podem contribuir para barrar esse processo. Junto dos questionamentos, ofereceram elementos propositivos ao Conselho, tais como definição de estratégias de lutas por uma formação profissional 24 de qualidade, divulgação de posicionamento coletivo do CRESS contrário aos cursos de graduação a distância em Serviço Social, justificando e orientando à categoria. Alguns estudantes do curso de Serviço Social, sejam de escolas de ensino presencial ou a distância, também se dirigiram ao CRESS buscando informações sobre a legalidade dos cursos, sobre a obtenção de registro profissional, sobre a negativa dos assistentes sociais de campo, em supervisionar alunos de EAD, material para estudo e orientações diversas. A maioria dos questionamentos e preocupações dos alunos dessa nova modalidade foram a respeito do reconhecimento dos cursos pelo Conselho, à emissão e fornecimento do registro profissional. Preocupam se haverá registro fazendo distinção quanto ao tipo de curso - presencial e a distância. Quanto à supervisão direta de estágios relataram negativas dos assistentes sociais de campo em supervisioná-los, sob alegação de que o Conselho não autoriza a realização de tal atribuição privativa aos alunos de EAD‟s. Preocupações relatadas sobre o futuro profissional, tendo em vista que ouviram dizer que “quem faz este curso, em alguns lugares, não aceitam nem fazendo concurso”. Saliente-se que, dentre um total de dezessete correspondências eletrônicas recebidas dos estudantes, apenas três registram preocupação com a formação no sentido estrito e solicitaram orientação ao CRESS no envio de material para complementar seus estudos. Como pode-se observar, as preocupações dos assistentes sociais e estudantes dizem respeito não somente ao processo de mercantilização e precarização do ensino superior à distância, como também, referem-se aos riscos que afetam o cumprimento das diretrizes curriculares nacionais para os cursos de Serviço Social e do projeto ético político profissional, que orienta a atuação dos assistentes sociais. Nesse conjunto de elementos apresentados anteriormente, identifica-se o problema em foco nesta pesquisa. Trata-se da formação dos futuros assistentes sociais, na modalidade à distância, tendo em vista a tarefa de construção do perfil profissional preconizado pelas diretrizes curriculares e balizado pelo código ético político da profissão. Como a qualidade da formação profissional produzida pelo ensino a distância resulta em um produto que pode ser explicado pelo processo de trabalho 25 que o gera, a tutoria, entendida como uma das forças de trabalho do ensino a distância, está intimamente implicada com os elementos constitutivos desta formação (MILL, 2002). Portanto, o objeto desta pesquisa é a formação de estudantes do curso de Serviço Social ofertada em polos de EAD de uma IES em Minas Gerais, realizada por meio do trabalho da tutoria presencial. O objetivo geral foi, assim, formulado: analisar a formação de estudantes do curso de graduação na modalidade a distância em Serviço Social, ofertada em polos presenciais de uma Instituição de Ensino Superior - IES em Minas Gerais, por intermédio da atuação dos tutores presenciais. Com os seguintes objetivos específicos: – Conhecer o projeto político pedagógico e/ou outros documentos da IES selecionada; – Conhecer o trabalho realizado pela tutoria na formação dos estudantes do curso de Serviço Social na modalidade à distância, nos pólos presenciais de uma micro região de Minas Gerais, na instituição selecionada. A partir da opção por uma metodologia qualitativa, que melhor se adéqua ao problema aqui sob análise, a pesquisa desenvolveu-se em três momentos. Num primeiro momento, uma revisão bibliográfica possibilitou estabelecer um diálogo com autores que discutem o tema em foco. Em seguida, uma pesquisa de campo permitiu a aproximação com o fenômeno que se desejava analisar. Finalmente, os dados coletados na pesquisa empírica foram cotejados com a discussão teórica e analisados. O estudo de caso, entendido como “uma pesquisa empírica que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu contexto na vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos” (YIN, 2005, p. 32), foi a concepção metodológica utilizada na pesquisa. Ele proporcionou elementos para o conhecimento e análise da formação de estudantes do curso de graduação, na modalidade à distância, em Serviço Social, ofertada em pólos presenciais de uma IES em Minas Gerais, por intermédio da atuação dos tutores presenciais. Para chegar a esta escolha a investigadora utilizou os seguintes critérios: seleção de uma IES com maior número de pólos presenciais que ofertavam o curso 26 de Serviço Social, na modalidade à distância, no território mineiro, e pela concentração destes pólos em municípios da região metropolitana de Belo Horizonte, o que, em tese, deveria facilitar o acesso da pesquisadora aos sujeitos da pesquisa. A IES escolhida pelo critério acima possuía, à época, 55 pólos de apoio presencial em Minas Gerais. Depois de identificada a sua localização nos vários municípios em Minas Gerais, considerou-se a divisão geográfica da Assembléia Legislativa de Minas Gerais que subdivide o estado em macro e micro regiões, para selecionar as unidades, onde se daria a investigação. Assim, considerou-se a macro região Central e dentro desta, a micro região de Belo Horizonte, como indicativo para a seleção dos pólos presenciais. Entre os municípios que fazem parte desta divisão geográfica – micro região – foram selecionados todos aqueles que dispõem de pólos presenciais da IES selecionada, totalizando 09 municípios. Assim, foram cruzados os municípios constantes da micro região Belo Horizonte, com os pólos presenciais instalados pela IES investigada. Após pesquisa junto a esses pólos presenciais foi identificada a existência de 13 tutores de sala presenciais. Considerou-se, como amostra, os 13 tutores de sala identificados a partir das informações da secretaria dos pólos. Como o curso de Serviço Social na modalidade a distância é de implantação recente, nem todos os pólos possuem todos os semestres do curso. Assim, em geral, um único tutor atende a vários semestres, exercendo sua atividade em mais dias da semana. Uma vez que a fonte primeira de informações foi a página eletrônica da IES que disponibiliza apenas o DDD e telefone dos pólos presenciais foram realizados vários contatos telefônicos, em diferentes horários, mas sempre com muita dificuldade de acesso ao endereço eletrônico, telefones e contato pessoal dos tutores. Durante o curso da investigação foi encaminhada correspondência oficial, por meio de aviso de recebimento à coordenadora geral do Curso de Serviço Social a Distância para o Brasil e aos coordenadores de pólo de apoio presencial. Um ofício, dirigido à coordenadora geral do curso de Serviço Social na sede da IES, apresentou a pesquisadora, bem como, informou sobre a pesquisa e solicitou autorização para a coleta de dados, por meio de questionários e entrevistas junto aos tutores. No entanto, não se obteve nenhum tipo de retorno. Assim, como sem 27 resposta, ficaram várias correspondências eletrônicas, e os contatos telefônicos que não lograram êxito. Foi necessário insistir na comunicação com os pólos presenciais pela busca de dados para a identificação e contato com os tutores presenciais e contar com a atenção dos funcionários destes pólos para se obter tais informações. Registre-se a dificuldade em obter contato com a IES selecionada, seja em sua sede, fora do espaço geográfico de Minas Gerais, ou seja, nos pólos presenciais localizados nos vários municípios. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram questionário e entrevista semi estruturada. O questionário foi elaborado considerando-se Chizzotti (2006) com questões pré elaboradas de forma sistemática que visavam colher dos informantes – tutores presenciais – respostas por escrito sobre o tema da pesquisa, as quais eram de conhecimento destes informantes. Foi elaborado um questionário exploratório, que abordava questões pertinentes aos profissionais, quanto sua formação, experiência profissional e visão da formação oferecida aos estudantes da modalidade à distância, quanto à instituição, ao projeto pedagógico, diretrizes curriculares, tecnologia, infraestrutura. Assim, foi enviado questionário eletrônico ao e mail dos tutores ou dos pólos, conforme disponibilizado e remetido, via correios, questionário impresso aos pólos, que se recusaram a repassar o endereço eletrônico do tutor ou do próprio pólo. As entrevistas, por permitirem “obter informes contidos na fala dos atores sociais”, e por “não significar uma conversa despretensiosa e neutra, uma vez que se insere como meio de coleta dos fatos relatados pelos autores, enquanto sujeitos objeto da pesquisa que vivenciam uma determinada realidade que está sendo focalizada” (MINAYO, 2000, p. 57) mostraram-se técnicas adequadas para se obter dados objetivos e subjetivos relativos à temática pesquisada. Utilizou-se de entrevistas semi estruturadas que permitiram ao informante abordar, livremente, alguns aspectos do tema, como também estabeleceram-se perguntas previamente formuladas. Os documentos que referenciaram a elaboração do roteiro de entrevistas e questionários que subsidiaram o desvelar de como se dá a formação dos estudantes de Serviço Social na modalidade à distância, foram as Diretrizes Curriculares do Serviço Social e os Referenciais de Qualidade para o Ensino Superior do MEC (2007). As entrevistas foram realizadas individualmente e gravadas em áudio com prévia autorização dos participantes, no período de 28 dezembro de 2009 a março de 2010. Visando à consecução dos objetivos desta pesquisa e operacionalização da metodologia adotada – estudo de caso – foram estabelecidas cinco fases que constaram da coleta de dados. Na primeira fase da pesquisa, foi acessada a documentação disponibilizada pela IES, por intermédio da sua página eletrônica, para obter dados para a realização do mapeamento dos pólos presenciais em Minas Gerais relativos aos cursos de Serviço Social, o seu projeto pedagógico e demais documentos, que se mostraram de interesse aos objetivos desta investigação. Na segunda fase da pesquisa, foram aplicados questionários aos tutores presenciais do curso de Serviço Social, nos nove pólos de apoio presenciais selecionados. Foram enviados 11 questionários por meio eletrônico e 02 por meio postal, dos quais retornaram 07. Destaque-se que a remessa foi realizada em novembro e dezembro de 2009, reenviado em fevereiro e março de 2010. Considerando a familiaridade dos tutores presenciais com o ambiente virtual, o questionário, depois de pré testado, foi desenvolvido e programado em formato php4, visando dar celeridade e funcionalidade para os respondentes. Na terceira fase da pesquisa, foram feitos contatos com 11 tutores para realização das entrevistas, dos quais se obteve quatro tutores presenciais disponíveis e interessados em participar da entrevista. O contato, seja eletrônico ou telefônico, com os tutores para a realização das entrevistas, só foi possível a partir da disponibilização do telefone celular do tutor ou de seu e mail pessoal pelo pólo. Portanto, a viabilização da coleta de dados desta investigação tornou-se possível por meio da colaboração de alguns tutores que reconheceram a importância desta temática, conforme declarou uma das entrevistadas. Na quarta fase, os dados recolhidos na pesquisa de campo foram ordenados, classificados, processados, sistematizados para responder aos objetivos da pesquisa. Os dados organizados foram analisados e interpretados sob o ponto de vista do referencial teórico e os resultados examinados à luz dos objetivos propostos procurando-se identificar os padrões relevantes. Para se chegar à análise dos resultados da pesquisa foi, primeiramente, feita uma leitura exploratória das transcrições das entrevistas gravadas com 4 http://www.jonathanpereira.com/una/tutores.php 29 respectiva organização dos dados e após esta organização nova leitura foi realizada com identificação da constância de certas palavras, frases e forma dos participantes compreenderem o fenômeno sob análise. Na quinta fase construiu-se o texto desta dissertação, a partir do qual sairá uma proposta de intervenção direcionada a subsidiar as ações do CRESS 6a Região na sua atividade precípua – a fiscalização do exercício profissional dos assistentes sociais em Minas Gerais. A estrutura da dissertação inicia-se com a introdução, que apresentou o tema, a questão central de pesquisa, o problema investigado, o objeto e objetivo geral e específicos, metodologia e composição da dissertação. Optou-se, também, por apresentar os capítulos por meio de um diálogo entre o referencial teórico e os dados empíricos como forma de aproximar a realidade dos dados encontrados com a discussão teórica. No capitulo I, é realizada uma análise da IES e do curso de Serviço Social mediado pela tecnologia da informação e comunicação, em paralelo à revisão da literatura, que trabalhou a dimensão tecnológica e pedagógica que esta pesquisa investigou: o ensino a distância, seu funcionamento, seu uso no espaço educacional. O capítulo II apresenta a tutoria presencial em curso de Serviço Social, caracterizando o tutor, seu perfil, suas atribuições, condições de interação e interatividade, tutoria e concepções teóricas em EAD e sua contribuição na formação dos estudantes de Serviço Social. No capítulo III, sob a visão da tutoria presencial, é apresentada a formação profissional dos estudantes de Serviço Social em curso mediado pela tecnologia da informação e comunicação mediante as orientações das diretrizes nacionais curriculares, projeto ético político do Serviço Social, projeto pedagógico e referenciais de qualidade para o ensino superior à distância. No capítulo IV, é apresentada uma análise dos resultados encontrados, abordando os limites e possibilidades da formação em Serviço Social, nesta modalidade de ensino. Enfim, apresentam-se as considerações finais a que se chegou, após o desenvolvimento desta investigação e o projeto de intervenção profissional para subsídio às ações do Conselho Regional de Serviço Social em Minas Gerais CRESS 6ª Região, na sua atividade precípua – a fiscalização do exercício profissional. 30 2 A UNISOCIAL5 E O CURSO DE SERVIÇO SOCIAL MEDIADO PELA TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Algumas considerações são imprescindíveis à compreensão da modalidade de ensino, mediado pela tecnologia de informação e comunicação a que, comumente, denominou-se chamar educação ou ensino a distância. A educação a distância valeu-se, sobremaneira, das tecnologias da informação e comunicação, como propulsoras das possibilidades de ensinar e aprender sem limitação de lugar, tempo e ritmo entre professor e alunos (LHAMAS, 1990; MORAN, 2002; RUMBLE, 2003). Esta condição da educação a distância constitui-se de uma das derivações que vivemos nestes tempos, proporcionados pela revolução teconológica, da nova economia, da era informacional, que forjaram a sociedade da informação e do conhecimento, estabelecendo a sociedade em rede (CASTELLS, 2000) As transformações produzidas pela teconologia informacional contribuíram com a globalização, tecnicização, informatização e produziram alterações no modo de organização social, econômica, cultural, política das sociedades. A partir do uso intensivo da informação e do conhecimento, por meio das inovações tecnológicas disponibilizadas pela microeletrônica, informática, tecnologias de comunicação transformou-se a organização social. O conhecimento assumiu posição privilegiada como fonte de poder, riqueza e produtividade, o que Castells (2000) chamou de “nova economia” que se desenvolve de forma desigual e de forma contraditória, mas que se desenvolve em todas as áreas do mundo. A base dessa nova economia é constituída pelas tecnologias da informação e comunicação da qual a centralidade da internet passou a definir a organização social. Castells (2001)6 com sua noção de sociedade em rede sustenta 5 A instituição de ensino superior investigada será identificada por UNISOCIAL, a fim de mantê-la anônima e preservada sua identidade institucional. 6 “Constitui a base material e tecnológica da sociedade em rede, é a infraestrutura tecnológica e o meio organizacional que permite o desenvolvimento de uma série de novas formas de relações sociais que não têm sua origem na Internet, que são frutos de uma série das mudanças históricas mas que não poderiam desenvolver-se sem Internet [...] Internet é o coração de um novo paradigma sociotécnico que de fato constitui a base material de nossas vidas e nossas formas de relações, do trabalho e da comunicação. O que faz a Internet é processar a virtualidade e transformá-la em nossa realidade, constituindo a sociedade em rede, que é a sociedade em que nós vivemos.” (Tradução nossa) 31 que a internet é a base dessa nova estrutura social, ou seja, a internet constituye la base material y tecnológica de la sociedad red, es la infraestructura tecnológica y el medio organizativo que permite el desarrollo de una serie de nuevas formas de relación social que no tienen su origen Internet, que son fruto de una serie de cambios históricos pero que no podrían desarrollarse sin Internet. [...]Internet es el corazón de un nuevo paradigma sociotécnico que constituye en realidad la base material de nuestras vidas y de nuestras formas de relación, de trabajo y de comunicación. Lo que hace Internet es procesar la virtualidad y transformarla en nuestra realidad, constituyendo la sociedad red, que es la sociedad en que vivimos. (CASTELLS, 2001, p. 12) É inegável a existência desses novos padrões de inter-relação e de interação vivenciados neste século, em seus variados formatos nas dimensões da vida social, econômica e política. No entanto, não há homogeneidade neste processo sócio histórico. As tecnologias alcançam a sociedade mundial trazendo benefícios e novas possibilidades e potencialidades, mas a própria constituição da sociedade capitalista acaba por promover o acesso às tecnologias de forma desigual, gerando a exclusão de contigentes populacionais reforçando os padrões da desigualdade social, e uma divisão da sociedade entre incluídos e excluídos, às tecnologias da informação e da comunicação. Em relação à educação, Lévy (1999) complementa que as tecnologias de informação e comunicação estão promovendo uma profunda mutação da relação com o saber. A educação, ao aproximar-se do ciberespaço, este entendido como o novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos computadores e do universo das informações que transitam na rede, passa a fazer parte do que Lévy (1999) chamou de cibercultura. Esta compreendida como o conjunto de técnicas materiais e intelectuais, de práticas, de atitudes, de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem e se modificam com o crescimento do ciberespaço. Tais transformações impactarão o processo educacional, mas não carregam consigo a possibilidade de salvação ou perdição. Demo (2008) alertou que as TIC´s não podem ser pensadas como uma panacéia encontrada para a educação ou para a solução dos problemas da humanidade, mas das quais se pode esperar uma contribuição importante nos processos de formação, da aprendizagem e da produção do conhecimento. Dentre várias tecnologias que a educação utilizou através dos tempos as TIC´s se configuram como mais uma potencialidade para alavancar ou aprimorar o 32 ensino e a aprendizagem. O uso das tecnologias da informação e comunicação se apresentam como uma das possibilidade para a promoção da educação na modalidade a distância. Mesmo que as TIC´s mostrem-se como instrumental pedagógico inovador capaz de incrementar e expandir as possibilidades da educação não se desconsidera as críticas, descréditos e preconceitos atribuídos pela sociedade, docentes, instituições aos programas de EAD face à qualidade do ensino e as possibilidades de construção do conhecimento. É fato a existência de cursos de qualidade inadequada, sistemas avaliativos duvidosos (BELLONI, 2006; MARTINS, 2003; MORAN, 2005). Várias são as nomenclaturas desta modalidade de ensino e aprendizagem à distância: educação à distância, ensino a distância, aprendizagem à distância, educação “on line”, ensino “on line”, aprendizagem “on line”, educação virtual, ensino virtual e aprendizagem virtual, dentre outras terminologias, entre as quais persistem polêmicas e/ou discordâncias das quais algumas foram apontadas nesta pesquisa. O nascimento da educação a distância para Lhamas (1990) pautou-se na confluência de variados fatores – desenvolvimento da sociedade e avanços dos campos científicos, tecnológicos e pedagógicos e a busca de igualdade de oportunidades, a democratização do acesso à educação, as exigências do mundo do trabalho e suas especializações, reciclagens contínuas – e também uma “rebelião” contra a aprendizagem limitada às aulas e a um determinado espaço. Ressalte-se que a educação a distância não é um fenômeno novo, embora sua institucionalização tenha se dado a partir do final do século XIX. (LITWIN, 2001) Alguns autores fazem referência ao seu início a partir da invenção do papel, o registro por meio da escrita acabou por estabelecer o primeiro método de ensino a distância. As cartas paulinas, que de forma didática, promoviam ensinamentos e divulgação do cristianismo são exemplos desses primórdios do ensino a distância. Taylor (2001) e Peters (2004) classificam a historicidade do ensino a distância em períodos ou gerações coincidentes com os avanços tecnológicos de cada época. A primeira geração – “the correspondence model” – é baseada na produção e distribuição de materiais educativos enviados aos alunos por correspondência. Neste modelo, há alta flexibilidade para o estudo, de acordo com tempo, lugar e ritmo do aluno. Porém, pouca ou nula comunicação entre alunos e 33 entre alunos e professores. Nessa geração, está presente o primeiro marco da educação à distância. O anúncio publicado na Gazeta de Boston em 1728, por um professor e taquigrafia, Cauleb Philips, nos seguintes termos “toda pessoa da região, desejosa de aprender esta arte, pode receber, em sua casa, lições, semanalmente, e ser perfeitamente instruída, como as pessoas que vivem em Boston.” Seguido por outras iniciativas similares na Suécia, Inglaterra, Alemanha e Estados Unidos, cuja metodologia adotada é o estudo por correspondência. Na segunda geração – “the multimedia model” – são acrescidos aos materiais impressos a tecnologia do áudio e do vídeo que incrementaram a apresentação dos conteúdos. Modelo de alta flexibilidade, mas de quase nenhuma interatividade. Com o fim da Primeira guerra mundial houve uma demanda social por educação, pois os processos de recuperação e restauração dos países após a guerra, demandavam uma educação em massa. Neste cenário, desenvolveu-se o ensino a distância impulsionado pelo aperfeiçoamento dos serviços postais, agilidade dos meios de transportes e, principalmente, pelo crescente desenvolvimento tecnológico no campo da informação e comunicação. As escolas mais expressivas deste período são o Centro Nacional de Ensino a Distância na França (1939), Centro Nacional de Ensino da Espanha (1963), Open University do Reino Unido (1969). A terceira geração – “the telelearning model” – incorporou recursos tecnológicos como: áudio conferência e vídeo conferência, mas pela transmissão audiográfica, perdeu-se flexibilidade e, em algumas vezes, qualidade, mas possibilitou interatividade. A quarta geração – “the flexible learn model” – acrescentou a multimídia interativa caracterizada pela internet e tecnologias da comunicação. É um modelo de alta flexibilidade, boa qualidade e permite interação. Na quinta geração – “the intelligent flexible learning model” – houve o uso de sistemas multimidias “on line”, por meio de recursos da internet com sistemas de auto respostas, por meio dos serviços em portais institucionais. Taylor (2001) aponta que não demorará o aparecimento da sexta geração – automatic virtual environments – ou seja, o sistema de realidade virtual em três dimensões, que articula som e imagem, capaz de levar o aluno ou grupo de alunos a um mergulho no mundo virtual, gerado por computadores em tempo real. 34 Os registros sobre o início do ensino a distância no Brasil são imprecisos. Estudos do IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Avançada mostram que anterior a 1900 existiam anúncios nos jornais do Rio de Janeiro, que ofereciam cursos profissionalizantes de datilografia, por professores particulares. O marco inicial destacado por vários autores é a criação da Rádio Sociedade do Rio de Janeiro em 1922, por Roquete Pinto, que como forma de ampliar a educação planejou um sistema de utilização educacional da radiodifusão, ministrando aulas pelo rádio. Em 1936, esta rádio transformou-se em Rádio Ministério da Educação e Cultura. Experiências com ensino a distância, utilizando-se de correspondências no Brasil, foram utilizadas pelo Instituto Rádio Monitor em 1939 e Instituto Universal Brasileiro em 1941. Utilizando-se da radiodifusão são apontadas as experiências do MEB – Movimento de Educação de Base, criado entre 1961 a 1965, para promover cursos de alfabetização visando à democratização do acesso à educação, por meio do letramento de jovens e adultos, Na década de 70, a fundação Roberto Marinho lançou o programa de educação supletiva a distância para o ensino fundamental e médio, então, primeiro e segundo graus. O governo federal lançou o Projeto Minerva para promover o ensino primário até o ginasial, veiculado pela rádio MEC e com material impresso suplementar. Na década de 90, foi instituída a Universidade Aberta do Distrito Federal pela lei 403/92, promulgada a Lei 9394/96 de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (1996), que oficializou a era normativa da educação a distância e a Secretaria Especial de Educação a Distância – SEED do Ministério de Educação criada a Universidade Virtual Pública do Brasil – UNIREDE (1999). A partir dos anos 2000, o Centro de Educação a Distância de Brasília – CEAD, da Universidade de Brasília – UNB, criado em 1979, recebe autorização para oferecer cursos de graduação e pós graduação em 2003, em 2005, o Decreto 5.622 regulamenta o artigo 80 da LDB que institui a educação a distância em vários níveis de ensino. A cronologia acima apresentada atribui um percurso evolutivo ao ensino na modalidade a distância que, inegavelmente, foi acentuado e incrementado a partir das tecnologias de informação e comunicação. Autores que discutem o ensino a distância como Lhamas (1990), Garcia (1994), Moran (2002), Rumble (2003) enumeram como principal característica dessa metodologia o fator de distanciamento em tempo, lugar e ritmo de estudantes e professores. A segunda característica que sobressai é o reconhecimento do ensino 35 a distância como um método ou metodologia que usa um dispositivo tecnológico. Outra característica identificada nas definições é a mediação, seja dos instrumentais ou pedagógicas. O ensino a distância, também, é enfatizado enquanto capaz de atender a razões sociais, de vencer distâncias geográficas e, usualmente, é defendido como modalidade em que o acesso ao ensino àqueles que não tiveram a oportunidade de desfrutar do ensino regular se torna possível, pois os sistemas de ensino a distância convêm particularmente àqueles que, por diferentes razões, não podem freqüentar um fundamental, estabelecimento de ensino secundário ou curso superior regular. São jovens em idade escolar, habitando regiões distantes nas quais é impossível o acesso a cursos presenciais (como no interior da Austrália, onde as Escolas do Ar – Schools of the Air – oferecem cursos a distância às crianças que habitam regiões afastadas, ou jovens portadores de necessidades especiais ou que sofrem doenças crônicas que os impedem de freqüentar a escola regular. (RUMBLE, 2003, p. 19-20) Para o Ministério de Educação e Cultura (MEC), o decreto n. 5.622 (2005) caracteriza a educação à distância, sob a perspectiva das tecnologias de informação e comunicação como a modalidade educacional, na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005) Assim, a partir de 2005, com a regulamentação legal, a educação a distância ganha impulso principalmente, no ensino superior. Embora muita ênfase seja dada à metodologia e ao papel das TIC´s pelas suas possibilidades de aplicação no contexto educacional é importante que se compreenda a educação a distância como um fenômeno de complexidade, que envolve os sujeitos do processo educacional inseridos na sociedade da informação, e como uma modalidade que interfere na formação e qualificação profissional. Neste contexto sócio educacional, a educação a distância é marcada por uma posição de baixo prestígio, de solução paliativa, emergencial em relação ao ensino presencial. A sociedade em geral, e, até mesmo, profissionais do campo da educação vêem a educação a distância como ação supletiva, destinada a um público que teve dificuldades de acesso à educação tradicional, que utiliza modelos simplificadores, com foco em avaliações somativas, 36 estandartizadas e quantitativas, cujos cursos focados mais no conteúdo do que na pesquisa, na leitura pronta do que na realização de projetos, não traduzem confiança quanto à qualidade do ensino e da aprendizagem (MORAN, 2005). Portanto, conforme Belloni (2006) esta visão diluída no senso comum, sugere dúvidas quanto à qualidade desta modalidade de ensino apesar de relatos de experiências exitosas em universidades européias e americanas. As tutoras entrevistadas relataram preconceitos próprios, dos assistentes sociais, das entidades representativas da categoria, da sociedade, dirigidos tanto à metodologia quanto aos que estudam nesta modalidade, dizendo da mudança de sua própria compreensão do ensino a distância enquanto uma experiência que me desmontou de um preconceito que eu tinha antes de entrar no ensino a distância. Eu, bem como outros profissionais e acho que como o CRESS, como o CFESS e como todos esses nossos órgãos representativos, tinha uma série de resistências ao ensino a distância. Quando eu entro neste modelo de ensino isto é quebrado, eu passo a desmontar este preconceito e passo a perceber que a fragilidade que existe no ensino a distância, ela existe no ensino presencial também. Eu acho que a preocupação e a discussão dos profissionais deveria ser no sentido de potencializar esse ensino e não tentar ir contra com uma coisa que está colocada, o ensino a distância é uma realidade na graduação, na pós graduação e em cursos que são oferecidos pelas instituições, pelas empresas, então representa para mim esta possibilidade de desmontar, de romper com este preconceito e representa para mim também uma atuação profissional. (Tutora presencial 3) Dentre os depoimentos, uma das tutoras registra a resistência e o tratamento inadequado, muitas vezes preconceituoso, que recebem os estudantes que optaram por esta modalidade de ensino, visto que os profissionais rejeitam os alunos do EAD, inclusive sem ética e respeito nenhum pelos alunos. Isto é falado abertamente, sabe assim, desqualifica uma pessoa que você não conhece, um ensino que você não conhece também. Então os assistentes sociais não recebem os meus alunos. Eles rejeitam a todo custo e quando recebem ainda desqualificam. Então a realidade do aluno do ensino a distância hoje é uma realidade muito complicada. Assim, esse pessoal vai ter que lutar demais para conseguir o espaço profissional, porque todo mundo rejeita. (Tutora presencial 3) Algumas vezes, o preconceito aparece alicerçado no desconhecido. Como a referência é o ensino presencial, o formato diferenciado da metodologia do ensino a distância oferece subsídio ao aparecimento e manutenção da discriminação porque 37 existe ainda um preconceito muito grande de que a formação a distância, por ela ser uma única aula presencial e ser um conteúdo mais sintético, então existe este preconceito de que não dá pra absorver, o conteúdo de quatro anos e isto ser uma boa formação profissional. Eu discordo, pelo seguinte, porque existe aluno de formação presencial que não vai dar profissional. É de acordo com o que o aluno assimila e na verdade como ele assimila o conhecimento é que vai fazer a diferença. Não como este conhecimento é trazido para o aluno. Claro que, para existir um curso a distância, para se formar um bom profissional tem que ter bons profissionais atrás deste curso. Eu acredito que a universidade tenha isto. (Tutora presencial 2) Demo (2008) em sua discussão sobre educação e TIC´s refere-se ao ensino a distância como “mal afamado” pois com a adoção das tecnologias da informação e comunicação, em vez de acontecer a reinvenção da pedagogia houve uma tendência de confirmar o instrucionismo, nesta modalidade. Esta percepção sobre as fragilidades do ensino a distância atua no senso comum, construindo-se ideias pré concebidas sobre esta modalidade conforme registrou a tutora essa cultura que se criou do que é o ensino a distância; de que é um ensino para quem não quer e não pode se dedicar muito; de que é um ensino que vai ser levado de qualquer jeito. Por isso, o profissional assistente social não recebe meus alunos para fazerem estágio. Porque eles acham que a realidade do ensino é esta. Então, alguns alunos vão para o ensino com esta cabeça também, certamente. Mas, eu acredito, que da mesma forma, alguns alunos vão também com esta mesma cabeça, para o ensino presencial. O ensino presencial também forma profissionais medíocres. (Tutora 3) A instituição de ensino superior selecionada para esta pesquisa, aqui denominada UNISOCIAL, é caracterizada em sua página eletrônica, como centro de reflexão, estudos, debates, pesquisas e análise da realidade, questionando o tipo de profissional e de sociedade que deseja formar. Dotada de uma crescente infra estrutura, oferece aos seus acadêmicos uma moderna proposta de ensino, pesquisa e extensão, fruto de uma política acadêmica consciente do mundo atual e das novas necessidades do mercado de trabalho. A UNISOCIAL vem se expandindo no seu estado de origem e atua no cenário da educação há mais de três décadas. Sua trajetória vem da transformação de um colégio de ensino médio em unidades de ensino superior, por iniciativa de um grupo de empresários. Trata-se, portanto, de uma sociedade empresarial de natureza jurídica do direito privado com fins lucrativos. A administração da UNISOCIAL é composta pela instância de representação da mantenedora, pela 38 Reitoria, Pró Reitorias Acadêmicas do Ensino a Distância, Presencial, Extensão, Pós Graduação e Pesquisa e de órgãos consultivos como o Conselho Universitário e o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão. No processo de ampliação da UNISOCIAL a partir de 2002, a instituição foi autorizada pelo MEC para oferecer cursos na modalidade à distância. A natureza privada da UNISOCIAL está associada ao processo de expansão, ampliação mercadológica da empresa educacional na oferta de vários cursos. Esta é uma das características intrínsecas aos padrões da empresa capitalista: buscar a lucratividade. Portanto, a UNISOCIAL, ao atuar dentro da lógica privada, trabalha sob os princípios da acumulação capitalista, embora não se desconsidere a sua contribuição na formação e educação de parcela da sociedade brasileira. Mansur (2001) relata que na Argentina a educação a distância se organizou sob a lógica capitalista, o que coincidiu com um modelo [educacional] que defende o afastamento e a redução do papel do Estado na educação e que, embora produza uma reestruturação através da descentralização, põe em jogo a concorrência entre instituições, mercantilizando e, mais uma vez, centrando o olhar na educação como um “produto” ou “mercadoria” a qual melhora sua qualidade mediante a livre concorrência no mercado da chamada “oferta educacional”. O fenômeno supra relatado, também, ocorre no Brasil e pode ser identificado, na evolução dos números apresentados pelo Censo do Ensino Superior, realizado pelo MEC, anualmente, onde é majoritária e significativa a presença das IES privadas, na oferta de vagas na modalidade à distância, conforme explicitado, anteriormente, no gráfico 1. Mostra-se significativo, também, a oferta de vagas na modalidade a distância, incluindo-se aí mais de 50 mil vagas oferecidas pela UNISOCIAL, conforme TAB.1: 39 TABELA 1 Evolução do número de IES, cursos, vagas e inscritos na educação a distância no Brasil (2002-2008) Fonte: MEC/INEP/SEED – Censo da educação superior 2008, p. 24. Esta ocorrência aparece registrada na fala das tutoras entrevistadas, quando enfatizam a preocupação da universidade com a formação profissional dos futuros assistentes sociais, voltada para a questão concorrencial, de mercado educacional, pois a instituição tem investido no sentido de que para concorrer com a presencial, já que ainda há um preconceito muito grande em relação ao ensino a distância, então, tem investido no curso no sentido de aprimorar mesmo, de qualificar o aluno. (Tutora presencial 2) A tutora observa a ênfase da instituição em preparar para o mercado, para a concorrência, em colocar sob a responsabilidade do aluno o desenvolvimento do seu perfil profissional [...] a instituição, a escola hoje, cada dia que passa cobra mais do aluno, que ele não seja só um mero estudante, que ele leia, que ele pesquise, que ele busque, que ele esteja trabalhando para não só ter o diploma. Isto é independente do curso, não só o Serviço Social. (Tutora presencial 4) As tutoras chamadas a refletir sobre os objetivos da UNISOCIAL em oferecer o curso de Serviço Social, expressaram que a instituição o faz sob a ótica da lucratividade associada à inserção dos profissionais, no mercado de trabalho. A formação profissional aparece, sempre, vinculada ao mercado de trabalho: “[A UNISOCIAL] não é uma instituição filantrópica, e tem a questão financeira, mas também a preocupação, em inserir no mercado bons profissionais”. (Tutora presencial 2) Quanto a percepção da direção ético política que o Serviço Social 40 imprime à profissão para a tutora não há por parte da UNISOCIAL esta compreensão, estando a instituição voltada para o processo mercadológico. eu acho que não tem da instituição um compromisso ético político com esta profissão, não. Ela oferece [o curso de Serviço Social] porque ela tem um cardápio de cursos que ela oferece para a formação profissional, para favorecer à atuação desse profissional. Mas, ela não tem uma vinculação política ou uma tendência, eu acho que ela não se pronuncia com relação a isto não. Ela oferece o curso porque oferece outros. (Tutora presencial 3) Outra consideração diz respeito às escolhas institucionais quanto aos tipos ou natureza de cursos a oferecer na modalidade a distância. Pereira (2009) registra uma predileção do setor privado por cursos e atividades que demandam menores custos de investimentos, logo mais lucrativos. O curso de Serviço Social mostra-se entre estas opções, capazes na relação custo benefício de promover maior retorno do investimento. Na atual política educacional e em especial no ensino a distância “os interesses públicos e privados organizam-se para atender a um mercado onde a educação aparece como uma nova mercadoria” (BELLONI 2006, p. 17). Os imperativos econômicos se fazem presentes, se inscrevem num processo de descentralização enquanto mecanismo sutil da gestão da política oficial e pública, expressando uma tendência de desregular a educação promovendo a sua privatização. A longo prazo a tendência é transformar a educação como um todo EAD e ensino convencional – num organismo de educação aberta e com potencialidades globais (BELLONI, 2006; MANSUR,2001). Hoje, a UNISOCIAL está presente em três campis universitários, e conta com polos de ensino a distância, em várias cidades do país. Possui a seguinte distribuição de cursos (TAB.2): TABELA 2 Distribuição de cursos ofertados pela UNISOCIAL Graduação Pós Graduação Presenciais Sequenciais A Distância 47 05 16 Fonte: Página eletrônica da instituição. Especialização Lato Sensu A Presenciais Distância 39 05 Mestrado acadêmico Strito Sensu 3 41 Os cursos a distância ofertados pela UNISOCIAL fazem-se presentes em mais de 400 municípios e 26 estados brasileiros, seja em cursos de graduação, pós graduação ou de educação corporativa. Dentre os cursos na modalidade a distância oferecidos, o curso de Serviço Social, foco da presente investigação, é oferecido em 26 estados da federação, atingindo 362 polos de apoio presencial e em Minas Gerais o curso é oferecido em 55 polos de apoio presencial, à época da pesquisa. O Censo do Ensino Superior 2008 informa que 70.068 estudantes concluíram o ensino superior na modalidade a distância no Brasil, 135% a mais em relação a 2007. Em Minas Gerais, o Conselho Regional de Serviço Social concedeu registro profissional a 128 assistentes sociais provenientes de cursos nesta modalidade até junho de 2010. Note-se que a UNISOCIAL agregou a sua estrutura pré existente de cursos presenciais, os cursos relativos ao ensino a distância. Pelo que se apresenta, não foi criada uma instituição à parte ou autônoma para o oferecimento desta modalidade. Trata-se de um departamento ou unidade dentro de uma instituição tradicional que oferta o ensino presencial. A maioria dos cursos a distância oferecidos são existentes, também, na modalidade presencial e passaram a ser oferecidos na modalidade a distância com alguma variação de seu similar no ensino tradicional. Não é incomum, a unidade ou organização institucional que suporta o ensino a distância, estar ligada à instituição tradicional de cunho presencial, configurando-se uma instituição mista (RUMBLE, 2003). Frequentemente, observase a criação de um departamento dentro da instituição tradicional que se propõe a ampliar seu mercado oferecendo cursos a distância, ou seja, pela conveniência de utilizar a modalidade na oferta de cursos ou programas que melhor se enquadram para este modelo. Com a UNISOCIAL não foi diferente. Estar vinculada a uma instituição já tradicional, possuidora de certa reputação e “know how” possibilitou o uso comum de capital material, financeiro, social, cultural e de modo especial intelectual da instituição mantenedora (MILL, 2002). No entanto, conforme salienta Rumble (2003), o fato da instituição oferecer os dois tipos de ensino em um setor separado de outras atividades desenvolvidas na universidade, pode acarretar uma estrutura percebida como de segunda categoria ou de menor importância. Mas, as vantagens de estar ligada a 42 uma instituição mãe podem ser vistas pela utilização ou potencialização de docentes, especialistas, infraestrutura entre outras, bem como, uma estratégia economicamente viável ao acúmulo de capital. Ressalte-se que, conforme pesquisado na página eletrônica da UNISOCIAL, tal fato não ocorre quanto ao Serviço Social, uma vez que a instituição não o oferecia no ensino presencial. Portanto, configura uma das particularidades da UNISOCIAL, pois a maioria das instituições repete, no ensino a distância, os cursos já desenvolvidos na modalidade presencial. Pode-se pensar em duas possibilidades. A primeira, como não há experiência prévia no presencial, seria a construção de um curso totalmente específico para o modelo educacional nesta nova modalidade. Outra possibilidade seria a adaptação de cursos de áreas semelhantes com mera transposição de cursos presenciais para o formato virtual. Os teóricos do ensino a distância advertem sobre as limitações e o caráter instrucionista que pode receber um curso dentro deste desenho de transposição, ao desprezar as particularidades dessa modalidade, suas exigências técnicas, tecnológicas e pedagógicas, que acaba por dizer ao aluno não apenas o que fazer, mas também, o que pensar As vagas ofertadas pela UNISOCIAL para os cursos a distância, conforme edital do processo seletivo, no ano de 2010, foi de 16.400 para cursos superiores de tecnologia; 35.200 para os cursos de licenciatura e bacharelados, totalizando 51.600 vagas, conforme TAB. 3. TABELA 3 Número de vagas oferecidas pela UNISOCIAL na modalidade a distância (Continua) CURSOS DE GRADUAÇÃO VAGAS Cursos Superiores de Tecnologia Análise e Desenvolvimento de Sistemas 1.800 Gestão Ambiental 4.700 Gestão de Recursos Humanos 4.000 Marketing 1.500 Processos Gerenciais 4.400 43 TABELA 3 Número de vagas oferecidas pela UNISOCIAL na modalidade a distância (Concusão) CURSOS DE GRADUAÇÃO VAGAS Cursos de Licenciatura e Bacharelado Administração 11.400 Ciências Contábeis 4.000 História 1.800 Letras 1.500 Pedagogia 11.500 Serviço Social 5.000 TOTAL 51.600 Fonte: Página eletrônica da UNISOCIAL. Registre-se que o número de vagas oferecidas pelas instituições deverá ser compatível com sua capacidade própria de assegurar condições institucionais, tecnológicas e operacionais, conforme Decreto n. 5.622 (2005), que regulamenta o artigo 80 da Lei n. 9.394 (1996), que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, em seu artigo 20, §3º o número de vagas ou sua alteração será fixado pela instituição detentora de prerrogativas de autonomia universitária, a qual deverá observar capacidade institucional, tecnológica e operacional próprias para oferecer cursos ou programas a distância. (BRASIL, 1996) O processo seletivo para os cursos a distância segue as disposições de resolução interna e consiste na elaboração de uma redação com tema proposto com objetivo de avaliar o domínio do candidato quanto à produção textual ou resultado do ENEM – Exame Nacional de Ensino Médio. Caso o número de candidatos inscritos ou classificados por curso no processo seletivo seja inferior ao mínimo de 996 alunos matriculados em até 40 polos de ensino a distância, a UNISOCIAL poderá cancelar o processo seletivo com respectiva devolução da taxa de inscrição. O polo de apoio presencial deverá ter no mínimo 20 alunos para ofertar um curso. No caso do curso de Serviço Social, o processo de seleção de alunos, na visão da tutoria, enquadra-se dentro de um dos atrativos do curso, pois 44 eles buscam um que seja de mais fácil acesso, por ser uma vez por semana, por ser uma mensalidade bem menor, por o ingresso ser muito fácil. Aqui no curso, o vestibular, você só faz uma redação, quase 100% das pessoas que se inscrevem, elas passam nesta redação. (Tutora presencial 1) Neste sentido, é importante frisar que a seletividade mecânica e programada instituída pelo vestibular não configura sentido ao conhecimento, mas atribui valor e classificação à capacidade de memorização. Portanto, mais do que um processo seletivo, a modalidade a distância prestaria um melhor serviço ao estudante, se avaliasse o perfil para cursar esta modalidade. Cabe também, questionar sobre a capacidade da IES em prover recursos operacionais, administrativos, de infra estrutura capazes de responder com qualidade às demandas para investimento de tal envergadura e dentro das exigências legais, tecnológicas e pedagógicas para a modalidade a distância. A promoção e divulgação do ensino a distância, na página eletrônica da UNISOCIAL, elenca como vantagens ao se estudar na modalidade a distância: aulas ao vivo com transmissão por satélite; encontros semanais presenciais em polos de apoio presencial; tutoria eletrônica, suporte pedagógico com profissionais formados na área de cada curso; tutor presencial com formação na área específica do curso; biblioteca digital que possibilita rever as aulas, consulta livros para leitura em tela; material impresso para cada disciplina; polos de apoio presencial em diferentes localidades; internet nos polos por satélite. Na UNISOCIAL, utiliza-se a modalidade semi presencial composta por aulas presenciais, via satélite, dentro de um cronograma definido e atividades não presenciais realizadas em ambiente virtual de aprendizagem – AVA. Portanto, os cursos na modalidade a distância acontecem em momentos presenciais e em momentos não presenciais. Os momentos presenciais realizam-se nos polos de apoio presenciais com o comparecimento obrigatório do aluno de no mínimo 75% das aulas. Neles, ocorre a tele aula, que é uma aula “on line”, via satélite, onde é possível ao aluno a comunicação, também, “on line” com os professores especialistas, por meio de “chat” ou viva voz. Além das tele aulas acontecem as aulas atividades que consistem em atividades realizadas pelos alunos com acompanhamento do tutor de sala ou presencial e podem ser utilizados trabalhos em grupo, leituras dinâmicas, entre outras atividades. 45 As tutoras entrevistadas registraram o momento da aula atividade como espaço privilegiado para o exercício da autonomia docente, visto que nesta atividade fazem a mediação entre o programado e o demandado pelas características locais, sociais e culturais: “[...] terminada a tele aula você faz uma atividade em sala que seja a leitura de um texto, uma dinâmica, uma quantidade de perguntas que a gente faz o questionamento, que a gente caracteriza a aula atividade.” (Tutora presencial 4) A aula atividade reforça a presença do tutor no processo de educar, pois conforme declara Zuin (2006) este é imprescindível, pois o tutor não pode simplesmente absorver os conhecimentos transmitidos pelos professores, quer seja nos encontros presenciais esporádicos entre ambos, quer seja no sortilégio que as imagens de tais mestres “virtuais” possam exercer. Ele deve permitir, cada vez mais, ousar saber, o que implica não a aceitação passiva dos conhecimentos obtidos, mas sim o questionamento destes mesmos conhecimentos (ZUIN, 2006, p. 949) Para a tutora, este é o momento que mais as aproxima da função docente e possibilita o exercício de sua atribuição [...] o momento em que eu de fato tenho uma atuação maior porque a aula atividade fica só por sua conta. Na aula atividade você faz alguma discussão que o professor coloca na tele aula. No momento da aula atividade eu desenvolvo com os alunos uma discussão, eu gosto de trabalhar com outras possibilidades também, assim, muitas vezes eu não utilizo, tal e qual a proposta que vem do texto, enfim, eu proponho alguma coisa diferenciada ali, até para motivar mais. (Tutora presencial 3) Segundo informa em sua página eletrônica, a UNISOCIAL trabalha em ensino a distância por meio da união de recursos pedagógicos e tecnológicos com aulas transmitidas via satélite, na internet e em ambiente web. O processo educativo acontece em ambientes virtuais e presenciais de aprendizagem com o uso crítico das TIC´s – Tecnologias da Informação e Comunicação. Os espaços de aprendizagem para formação dão-se em salas comunitárias de diversos municípios. Os momentos não presenciais caracterizam-se por auto estudo do aluno, aulas “web” e atividades “web” previstas por disciplina, onde se inclui o portifólio do aluno que é composto das produções textuais desenvolvidas, conforme cronograma de cada curso. O material da tele aula é disponibilizado com antecedência de 48 horas da sua realização no AVA, possibilitando que o aluno prepare-se para acompanhar a aula. Durante o semestre letivo, o aluno recebe material didático 46 impresso e eletrônico para fins de complementação dos estudos. A avaliação dá-se por meio de atividades web programadas (peso 2). Avaliação presencial (peso 8) por disciplina, estágio curricular obrigatório e trabalho de conclusão do curso. A tutora entrevistada menciona como se articulam os tempos presenciais e virtuais e suas implicações na vida do estudante do ensino a distância [...] o aluno tem pouca chance de fazer um curso ruim, hoje, no ensino a distância porque além do período que ele está na aula ele tem muitas exigências. Ele tem que fazer atividades na área web, ele tem que fazer avaliações, ele tem que fazer uma produção textual, ele tem que participar de fóruns, então ele tem que deixar horas para além da hora que ele vai na aula para ele se dedicar a este curso porque senão ele não passa e se ele ficar com dependência em três matérias não vai para o próximo período. (Tutora presencial 3) Ressalte-se, ainda, que, a UNISOCIAL é credenciada junto ao FIES – Programa de Financiamento Estudantil do Ministério da Educação e PROUNI – Programa Universidade para Todos do governo federal. Não são informados maiores detalhes sobre como a UNISOCIAL opera estes programas. Portanto, aos alunos do ensino a distância é possível o financiamento ou bolsas de estudos pelos respectivos programas federais. As bolsas do PROUNI, parciais ou integrais, são dirigidas a alunos provenientes do ensino médio de escolas públicas ou privadas cuja seleção é obtida por meio de notas no ENEM – Exame Nacional de Ensino Médio e o critério de renda familiar estipulado é, de no máximo, até três salários mínimos. Aqui questiona-se a democratização do acesso ao ensino superior pela via do ensino a distância, pois segundo Braga (2009) instala-se a situação contraditória: aqueles que não fizeram cursos superiores, no período regular, devido ao fator econômico, agora têm vagas garantidas para resolver a defasagem de escolarização, inscrevendo-se num curso na modalidade EAD. Entretanto os cursos são pagos e esses candidatos continuam pertencendo à população menos favorecida do ponto de vista financeiro. Essa camada da população, já adulta e, devido à faixa etária, em sua maioria, com compromissos familiares estabelecidos terá, então, que se desdobrar para superar a sua deficiência de escolarização, pagando caros cursos na modalidade EAD. (BRAGA, 2009, p.187) Outro instrumento relacionado à democratização da educação que dá forma e direção a um curso é seu projeto pedagógico, cuja construção e implementação tem implicações na qualidade da formação oferecida aos 47 estudantes. Existem tipos diferenciados de projetos pedagógicos, cuja intencionalidade pode fazer diferença para a formação a que se referencia para análise do curso de Serviço Social, em tela. Um projeto político pedagógico, de natureza inovadora, é um instrumento de ação política que dá identidade à instituição educacional e que [...] deve estar sintonizado com uma nova visão de mundo expressa no paradigma emergente da ciência e da educação, a fim de garantir uma formação global e crítica para os envolvidos nesse processo como forma de capacitá-los para o exercício da cidadania, formação profissional e pleno desenvolvimento pessoal. (VEIGA, 2000, p.186) Veiga (2003) discute sobre as possibilidades deste instrumento que em sua visão pode ser transformado em um mero documento, algumas vezes de construção obrigatória, ou pode exercer um papel democrático com uma construção coletiva e estar sempre aberto às discussões que envolvem o universo educacional. Para a autora, os projetos pedagógicos assumem características de uma ação regulatória ou técnica ou uma ação emancipatória ou edificante, de acordo com a forma que instituição trabalha este instrumento. O projeto político pedagógico regulatório ou técnico por seu caráter instituído e externo aos atores do processo educacional nega a diversidade de interesses e de atores que estão presentes, porque não é uma ação da qual todos participam e na qual compartilham uma mesma concepção de homem, de sociedade, de educação e de instituição educativa. Trata-se de um conjunto de ferramentas (diretrizes, formulários, fichas, parâmetros, critérios, etc) proposto em nível nacional. Como medidas e ferramentas instituídas legalmente, devem ser incorporadas pelas instituições educativas nos projetos pedagógicos a serem, muitas vezes, financiados, autorizados, reconhecidos e credenciados. (VEIGA, 2003, p. 271) Nesta concepção, a ênfase é dada à dimensão técnica visando à racionalização do processo de trabalho. O documento programático, assim produzido, é fruto de uma discussão mais técnica que política, de baixa participação coletiva dos atores envolvidos, determinado pela legislação e termina por constituir um instrumento de controle. Projetos emancipatória pedagógicos podem ser considerados como inovação ou edificante, a partir de uma ruptura com o instituído ou, meramente, formal. Um projeto emancipatório é aquele que, realmente, busca o 48 alcance dos objetivos de dada organização educativa, numa perspectiva ampliada e é construído coletivamente. Este tipo de projeto pedagógico possui [...] natureza ético social e congnitivo instrumental, visando à eficácia dos processos formativos sob a exigência da ética. A inovação é produto da reflexão da realidade interna da instituição referenciada a um contexto social mais amplo. (VEIGA, 2003, p. 275) Assim, segundo a autora, um projeto político pedagógico emancipatório ou edificante exprime questões norteadoras sobre posicionamentos éticos e políticos da instituição perante a realidade em que a mesma se insere. Em relação aos cursos de graduação em Serviço Social, seja presencial ou a distância, o projeto político pedagógico é orientado pelas diretrizes nacionais curriculares, que foram construídas sob a direção da Associação de Ensino e Pesquisa em Serviço Social – ABEPSS, após discussão coletiva com a categoria dos assistentes sociais e normatizado em 2001, pela Resolução n. 15 do Conselho Nacional de Educação e Câmara de Educação Superior – CNE/CES7 a partir dos pareceres CNE/CES 492/2001 e 1363/2001 do MEC. Para que não se transforme numa mera carta de intenções deverá adotar uma construção emancipatória e participativa entre os agentes do processo educativo, bem como na sua execução. Portanto, a importância do projeto político pedagógico para um curso de Serviço Social, seja presencial ou a distância, reside na sua capacidade de materializar princípios, objetivos, metodologias, ementas por meio dos agentes participantes do processo educacional, para que os alunos identifiquem-se com o objeto de trabalho do assistente social, as expressões da questão social, e sejam capazes de apreender as implicações éticas, políticas, sociais desta profissão, que ao dar visibilidade à violência velada, ao adoecimento dos trabalhadores em razão do sobretrabalho, à discriminação do idoso, do negro, do índio, da mulher, do pobre, à precarização do ensino, das relações, dos patamares de sociabilidade; desocultar a violação de direitos banalizada e as possíveis contribuições que essa profissão pode trazer na perspectiva da sua garantia, a partir do trabalho com processos sociais emancipatórios, são formas de resistência, é antes de tudo um ato político, o que não se faz sem opções, investigação e uma práxis consistente. E, para além da visibilidade, avaliar práticas sociais, políticas sociais, contextos, movimentos, processos para contribuir com o seu aprimoramento ou para subsidiar novas propostas 7 Conselho Nacional de Educação e Câmara da Educação Superior. 49 e novos planos é também importante contribuição que essa profissão pode realizar, uma vez que a reconheça como competência e reitere, sistematicamente, o desafio de desenvolvê-la superando, progressivamente, os entraves a sua materialização no ensino e na formação.” (MENDES; PRATES, 2007, p.195) Buscando conhecer o projeto pedagógico do curso de Serviço Social na modalidade a distância, oferecido pela UNISOCIAL, percorreu-se a página eletrônica da instituição e conforme explicitado, o curso propõe formar um aluno de modo generalista e crítico para intervir nas diferentes expressões da questão social, encontradas na realidade brasileira. O objetivo do curso em consonância com o projeto pedagógico institucional se propõe a formar profissionais com capacidade teórica, técnica, política e eticamente inseridos e comprometidos com o projeto societário, emancipatório, com capacidade de examinar, analisar e interpretar a sociedade capitalista – base estrutural da produção da “questão social” – para a intervenção profissional comprometida com os valores de liberdade e justiça social na construção projetual do ser social nas dimensões individual e coletiva, capazes de colaborar ativamente para o desenvolvimento e a transformação da realidade social que estiver inserido.8 Para a consecução do objetivo geral do curso estão definidos, no site da UNISOCIAL, os objetivos específicos, dentre os quais destacam-se: – capacitar o aluno a situar, historicamente, o ser social apreendendo os elementos de continuidade e ruptura no processo de constituição e desenvolvimento da sociedade capitalista; – dotar o aluno de formação intelectual, cultural e ética, capacitando-o para a intervenção positiva na realidade social; – formar profissionais comprometidos com os valores éticos, que possam interceder pelos direitos sociais das comunidades; – desenvolver habilidades que permitam ao aluno identificar as manifestações da “questão social” peculiares à sociedade brasileira; – oportunizar a compreensão da categoria trabalho como eixo central da produção e reprodução da vida social, fundamentado na formação da linguagem da consciência, da sociabilidade e da liberdade; 8 Constante do projeto pedagógico do Curso de Serviço Social na modalidade a distância sob análise, página eletrônica da UNISOCIAL. 50 – fornecer conhecimentos que permitiam ao aluno compreender o Serviço Social como profissão inserida na divisão social e técnica do trabalho coletivo, sua institucionalização, legitimação e desenvolvimento; – permitir ao aluno apropriar-se dos modos de apreensão e intervenção no real a partir do desenvolvimento de uma postura investigativa crítica; – garantir a interpretação do projeto ético político profissional nas suas dimensões cívica e intelectual; – fomentar, por meio das atividades de pesquisa e de extensão, as práticas de síntese teórico-analítica de um processo de iniciação científica; – formar profissionais capazes de formular, desenvolver e avaliar políticas, programas e projetos sociais; e – desenvolver competências e habilidades para que o assistente social possa intervir na realidade social com as competências e habilidades apreendidas no processo de formação profissional, no contexto do projeto ético-político profissional.9 Alguns objetivos específicos, que devem dar materialidade ao objetivo geral do curso acima explicitado, chamam a atenção. Como por exemplo, “formar profissionais comprometidos com os valores éticos, que possam interceder pelos direitos sociais das comunidades” posição, no mínimo dúbia quanto aos direitos sociais, pela conotação de intercessão, pois os direitos, em tese, já estão garantidos constitucionalmente. Outro objetivo específico como: “garantir a interpretação do projeto ético político profissional nas suas dimensões cívica e intelectual”, não esboça, minimamente, o real entendimento do que venha a ser projeto profissional dos assistentes sociais. A estrutura do curso de Serviço Social na modalidade a distância explicitada no projeto pedagógico da UNISOCIAL informa que o curso foi desenvolvido por meio de um sistema próprio, bimodal, com recursos midiáticos, no qual o paradigma do tempo não é rompido totalmente. Tal modelo é composto de 9 Constante do projeto pedagógico do Curso de Serviço Social na modalidade a distância, página eletrônica da UNISOCIAL. 51 atividades presenciais e a distância, síncronas e assíncronas e utiliza diferentes mídias na transmissão e construção do conhecimento. A presencialidade do curso é obtida pelas tele aulas e aulas atividades, onde em sala de aula real são efetivadas atividades coletivas pelos alunos com frequência obrigatória em um dia da semana, pré estabelecido conforme divulgado no edital de seleção. As outras atividades assíncronas estão distribuídas em auto estudo, tutorias, portifólio, estágio obrigatório e trabalho de conclusão do curso, todas componentes obrigatórios para integralização do curso. Nestas atividades, são utilizados hipertextos e diferentes recursos das tecnologias de informação e comunicação. Há acompanhamento tutorial de forma síncrona e assíncrona com atendimento via “web” e presencial pelas tutorias eletrônica e presencial e pelo professor especialista. O curso se desenvolve por disciplinas, seminários teóricos; atividades complementares obrigatórias como planejamento e desenvolvimento do TCC – Trabalho de Conclusão de Curso, atividades de monitoria, iniciação científica e de extensão diretamente orientadas pelo corpo docente da IES; estágio curricular obrigatório. A matriz curricular do curso está distribuída nos eixos: formação básica – fundamentos teórico metodológicos das relações sociais; fundamentos instrumentais; fundamentos teórico metodológicos e a questão social; fundamentos básicos do trabalho profissional, trabalho profissional-instrumentação para intervenção I, II, III, IV; atividades complementares. As atividades complementares obrigatórias, que deverão ser cumpridas pelos alunos no decorrer do curso, são estágio curricular não obrigatório, visitas técnicas, monitoria acadêmica, programas de iniciação científica, projetos de pesquisa e extensão, participação em cursos, seminários, simpósios, conferências, palestras e encontros; e outras atividades justificadas e consideradas pelo colegiado do curso como pertinentes à formação acadêmica. Dentre estas atividades complementares obrigatórias, tais como programas de iniciação científica, projetos de pesquisa e extensão, uma das tutoras presenciais conclui sobre a inexistência da indissociabilidade do ensino, pesquisa e extensão pois [...] não tem pesquisa e extensão, não tem. Tem o ensino, o que tem aí fora são as atividades complementares que eles tem de fazer, que tem na presencial também, participar de seminários, de cursos, enfim, umas horas 52 extras. Mas extensão e incentivo à pesquisa, não existe não, não tem. (Tutora presencial 3) A UNISOCIAL disponibiliza materiais e bibliografia aos alunos por meio da sua página eletrônica tais como: aulas, vídeos, livros eletrônicos, artigos entre outros. Do projeto pedagógico apresentado na página eletrônica da UNISOCIAL constam ainda informações sobre o estágio curricular obrigatório e não obrigatório, seus objetivos e orientações sobre sua efetivação e demais comunicações sobre o Trabalho de Conclusão de Curso. A avaliação da aprendizagem é realizada no formato presencial por meio de prova por disciplina, que visa avaliar o conjunto de competências e habilidades. Contam com 2 questões dissertativas que devem corresponder a 50% do valor da prova e possuem peso 8; virtual por meio de avaliação das atividades disciplinares realizadas via “web” compostas de duas avaliações, uma produção textual e participação em AVA – Ambiente Virtual da Aprendizagem, com peso 2. Há ainda, avaliação do estágio supervisionado. O aluno deverá cumprir no mínimo de 75% do total das atividades previstas para as disciplinas, na proporção mínima de 50% nas tele aulas (presenciais) e 50% nas atividades web (virtuais). O processo avaliativo em cursos a distância tem sido objeto de questionamentos e algumas vezes, apresenta propostas inexequíveis. Segundo Silva e Santos (2006) em educação a distância deve se evitar a “retórica sedutora” de ideias avaliativas, que não se sustentam na prática. Segundo os autores, o que se busca na educação “on line” é transformar o processo de avaliação do modelo quantitativo para o qualitativo, deixando esta de ser somativa para se transformar em formativa, ampliando-se a concepção da prática avaliativa em educação. Preti (2008) tratando da avaliação em educação a distância relaciona-a, diretamente, ao sistema de acompanhamento do estudante, do qual fazem parte professores e tutores que deverão realizar a avaliação processual dentro de uma rotina de observação, descrição e análise contínua. Para Preti (2008), o modelo de avaliação deve ser construído e discutido pela equipe pedagógica do curso com a elaboração de estratégias que envolvam diálogo entre os especialistas acadêmicos na proposta destes critérios de avaliação dos pares, nas diversas produções e na auto avaliação. Para o autor, conhecer o projeto político pedagógico, objetivos do curso, perfil da formação dos estudantes são condições importantes para compor o 53 processo avaliativo. No projeto político pedagógico do curso de Serviço Social na modalidade a distância da instituição sob análise, a avaliação é descrita a partir dos instrumentos que são utilizados para aplicação da mesma e os valores percentuais quantitativos frente aos conceitos. Não há registro do “como” esta avaliação foi pensada e é aplicada. Uma das tutoras entrevistadas registra sua preocupação quanto à atribuição da avaliação que é imputada ao tutor eletrônico, da qual os tutores presenciais não participam efetivamente, pois [...] se aplicasse por exemplo, o trabalho individual em sala, para produção na hora, seria mais possível ainda eu perceber [a apreensão da aprendizagem]. Agora, eu acho que talvez, nem os tutores eletrônicos que corrigem os trabalhos, eles dão conta muito de perceber, não porque os trabalhos hoje, quase que na sua maioria é cópia, ´control C´, ´control V´. E nas provas eu acho também, que as próprias perguntas dos professores, às vezes, não dão margem para eles apreenderem esta questão crítica, assim, do discurso dos alunos. (Tutora presencial 1) O projeto pedagógico do curso de Serviço Social na modalidade a distância, sob análise, oferece um panorama sobre como são trabalhados os conteúdos, atividades, estágio, TCC entre outras atividades, todas voltadas para a construção do futuro profissional – o assistente social. Na realidade, ao modelo de curso presencial em Serviço Social, agregaram-se as tecnologias da informação e da comunicação, conforme bem explicitaram as tutoras: “porque as disciplinas oferecidas, não são diferenciadas do curso presencial. As disciplinas trazem praticamente a mesma coisa, elas têm nomes muito parecidos.” (Tutora presencial 2) O que se ressalta é o fato das implicações deste modelo na formação considerando-se que a “[...] inserção da modalidade em um projeto pedagógico deve estar subordinada a uma criteriosa avaliação dos objetivos desse projeto de formação humana.” (BRAGA, 2009, p. 179) O que se questiona é se o modelo de EAD é compatível com a formação do sujeito profissional. Fugindo da dicotomia, a favor ou contra o ensino a distância, o que se discute é a qualidade da formação dos profissionais que estão sendo preparados para os desafios postos pela sociedade e suas reais possibilidades de atuação crítica, propositiva, competente, ética e política. Isto, independente da 54 modalidade de ensino. Após estas considerações, uma das preocupações desta pesquisa foi conhecer o grau de envolvimento, de conhecimento, das tutoras com o projeto pedagógico do curso, acreditando que essas devem conhecer o projeto pedagógico e as diretrizes nacionais curriculares como forma de acompanhar e intervir no tipo de formação que está se dando, e da qual fazem parte, bem como, as possibilidades de realizar um trabalho crítico com os alunos. As tutoras presenciais, sujeitos desta investigação, quanto ao projeto pedagógico do curso de Serviço Social na modalidade a distância declaram, a partir das respostas ao questionário, conhecer os principais aspectos deste instrumento para a prática pedagógica, como o projeto pedagógico do curso, a matriz curricular e afirmaram que os objetivos do projeto pedagógico estão em sintonia com a discussão atualizada do Serviço Social quanto a temas como questão social, teoria crítica, políticas públicas. Fato que se confirma nas entrevistas, pois foram unânimes em apontar que o projeto pedagógico do curso atende ao preconizado pelas diretrizes curriculares: “a gente consegue desenvolver tanto a questão histórica quanto a questão de relação de trabalho, como a questão de tudo que tem ligado ao Serviço Social.” (Tutora presencial 4) Nas entrevistas, as tutoras relataram que não participaram de nenhuma atividade que aprofundasse o conhecimento que tiveram do projeto político pedagógico do curso. Registraram que este conhecimento deu-se por meio de acesso à página eletrônica da instituição sobre o curso, no mesmo formato que é disponibilizado aos alunos e à sociedade. Uma das tutoras relatou que teve conhecimento por meio da coordenadora pedagógica, pois todo tutor que inicia em polo da instituição, tem uma conversa com a coordenadora pedagógica, recebe as diretrizes do curso. Todo tutor tem e a medida do possível a gente discute com o coordenador. Mas, em relação a participar das discussões, muito pouco. (Tutora presencial 4) O projeto pedagógico emancipatório prevê que todos os atores envolvidos no processo educacional participem da construção deste instrumental, dado seu caráter de direção política e de referencial institucional e pedagógico. No entanto, a experiência com o projeto pedagógico relatado pelas tutoras entrevistadas mostra indícios de baixa participação, quando apenas recebem ou tomam conhecimento do 55 documento, o que configura a existência de um documento, meramente regulatório, e prescritivo. Não houve registro de que as tutoras presenciais sejam acionadas para contribuir com sua experiência à resignificação do projeto pedagógico. Ressalte-se que esta não é uma condição específica da modalidade a distância. Portanto, as informações relativas ao projeto pedagógico do curso de Serviço Social da UNISOCIAL, de modo geral, cumprem as exigências das diretrizes nacionais curriculares. No entanto, a efetividade deste projeto só pode ser apreendida pelo conhecimento da realidade por meio da concretude da execução e direção dada a este projeto. A UNISOCIAL configura uma instituição mista que se propõe oferecer o ensino a distância. As possibilidades desta modalidade de ensino atendem às demandas individuais na obtenção de um título de ensino superior, como também, se transformou em uma das estratégias do sistema educacional brasileiro para alterar o perfil de escolarização da sociedade, aliado ao processo de expansão das empresas do ramo da educação. Mesmo considerando-se tais possibilidades devemos atentar para as limitações a que está sujeita esta modalidade, seja pela sua incipiência nos meios educacionais, seja pelo próprio formato deste tipo de ensino. Há os que polemizam as discussões sobre essa modalidade de ensino e centram suas críticas em fragilidades detectadas. O próprio MEC, em atividade de avaliação, apontou, por meio de docentes avaliadores, algumas dessas fragilidades, tais como: – proposta pedagógica insuficiente quanto à abrangência de conteúdos necessários para formação em nível superior; módulos impressos com apenas ideias básicas dos autores, dos conceitos e generalizações, sem contexto nem reflexões suficientes para torná-los assimiláveis; exigência de pouca leitura dificultando ou impossibilitando o exercício da crítica, da transferência, da pesquisa, da criatividade frente à superficialidade das informações veiculadas, atos estes, atribuídos entre outros processos, a ausência de contato direto com obras de autores clássicos e contemporâneos em cada campo de saber; entre outros. Há, também, aqueles que apontam o ensino a distância como consequência desses tempos de sofisticação tecnológica e sobre o qual não há retorno, mas sim, aprimoramentos e abertura para as inovações que ainda estão por vir. Para estes, a aplicação das tecnologias da informação e comunicação à educação está em igual proporção que Gutemberg foi para a criação da imprensa. 56 Estamos diante de um universo de inovações aplicadas à educação que suscitam dúvidas, polêmicas e controvérsias. A expectativa é que o acompanhamento sistemático tanto do poder público quanto das próprias instituições, acrescido de pesquisas nesta área possam demonstrar a aplicabilidade desta modalidade de ensino e assegurar padrões de qualidade à formação. Mas, claro está que a pedagogia deverá se posicionar para não ser arrastada pela tecnologia. São tempos de “ensinar a aprender”, não cabe mais a educação centrada em mera transmissão de conhecimentos, pois como Freire (2002) defendeu, ensinar não é transmitir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua produção ou construção. Neste sentido, todo ensino, presencial ou a distância, só cumpre sua função se alcança este objetivo. 57 3 A TUTORIA PRESENCIAL EM CURSO DE SERVIÇO SOCIAL MEDIADO PELA TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Na educação a distância, há uma multiplicidade de profissionais implicados com o processo de ensino e aprendizagem, cujas intervenções dão-se desde a concepção e desenho do curso, até a avaliação da aprendizagem dos estudantes. Nesta modalidade são necessárias equipes de especialistas em diferentes campos de saber e da tecnologia: planejadores, professores conteudistas/responsáveis pelos conteúdos das disciplinas do curso, tecnólogos em educação, especialistas em produção de materiais, coordenadores de cursos, tutores e avaliadores (GARCIA, 1994). Portanto, no ensino a distância, o docente pode ser considerado segundo Garcia (1994, p.19) como um profissional que participa de uma equipe em conjunto com “experts” e especialistas visando atender as demandas de aprendizagem dos alunos a distância, utilizando um “diálogo didático mediado”. Assim, o uso das tecnologias de informação e comunicação tornou o ensino mais complexo, e não dependente somente da figura do professor de cada disciplina. Mill (2002) usa o termo polidocência para denominar uma equipe ou um grupo de docentes responsável pelo ensino na modalidade a distância. Segundo o autor, quem ensina é o polidocente. Para Belloni (2006) que se reporta a Keegan (1991), no ensino a distância, quem ensina é uma instituição sustentada na ideia da “transformação do professor de uma entidade individual em uma entidade coletiva” (BELLONI, 2006, p. 81). O trabalho multiprofissional, nesta modalidade, é uma prática obrigatória, uma vez que vários profissionais são necessários à construção deste modelo de ensino. As tecnologias de informação e comunicação exigem uma segmentação do ato de ensinar dividindo-o em várias tarefas. Diferente do ensino presencial centrado na figura do professor, na modalidade a distância a divisão do trabalho vai limitar cada especialista ou equipe de especialistas a uma determinada área ou fase do processo de concepção, planejamento, realização e distribuição de cursos e materiais (BELLONI, 2006). São mudanças na concepção de quem ensina que ainda se encontram em fase de construção, uma vez que não existe um único modelo de EAD. 58 Mas, a figura peculiar que surge nos sistemas educativos a distância é a do tutor, sendo que ainda não há um acordo entre autores e instituições sobre a denominação deste docente. Assim, ele é chamado, indistintamente, de tutor, assessor, facilitador, conselheiro, orientador, consultor, monitor entre outras denominações, ainda que predominantemente, seja denominado de tutor. O ensino a distância pressupõe, ainda, a constituição de um sistema de apoio ao estudante pelas suas características intrínsecas de organização, no sentido de fornecer variados tipos de suporte cognitivo, social, administrativo, pedagógico ao aluno. Neste sistema de apoio, as figuras centrais são o professor, tutor eletrônico e tutor presencial. O tutor presencial por sua aproximação e processos de identificação relativos aos alunos é o profissional que encarna e materializa o processo educativo, e de cujas especificidades do seu fazer em relação à formação de estudantes de Seviço Social esta pesquisa se ocupou. Este “novo” profissional que emerge da modalidade a distância desperta a atenção por ser identificado como uma novidade em relação ao ensino tradicional. No entanto, este personagem aparece em vários momentos da história educacional e social com conotações diferenciadas, mas em geral, significando apoio, proteção, orientação. Segundo Botti e Rego (2008), a palavra tutor é originária do latim, tutor, oris. É termo do direito romano, atribuído a quem cuidava de um incapaz. Em português, a palavra já era usada no século XIII e significava guarda, protetor, defensor, curador, e também referia-se àquele que mantinha outras pessoas sob sua vista, aquele que dirigia, governava. Na agricultura, é chamada tutor a estaca que dá amparo a uma planta sensível em seu crescimento. Note-se que nestes significados atribuídos ao tutor aparece o sentido de proteção. No campo acadêmico ao final do século XV, a figura do tutor surge nas universidades inglesas de Oxford e Cambridge, com função similar ao campo jurídico de tutelar, proteger o “menor”, administrar os seus bens até a maioridade; na academia é de assessorar grupos de alunos, de forma individualizada, cuidando de seu comportamento e de seus estudos sob à coordenação de um professor titular. O tutor passou a ser uma figura comum, responsável por ensinar e orientar, além de zelar pelo cumprimento do programa do ano. Além das funções de orientar, ensinar e ajudar na busca do conhecimento, também, tinha importante papel como avaliador. 59 No século XIX, face aos bons resultados desse modelo de apoio à aprendizagem, o tutor é institucionalizado nas universidades e passa a compor o quadro docente. Foi este modelo de tutoria que embasou as primeiras universidades a distância, como por exemplo, a Open University (1969), a UNED-Espanha (1972), University of South Africa (1973), dentre outras. Na medicina, o tutor representa uma importante função no processo de profissionalização entre o médico mais jovem e o mais experiente. Na literatura americana e européia, o tutor designava o professor, que ensinava o aluno a “aprender a aprender”, principalmente, na metodologia chamada aprendizagem baseada em problema - ABP. Nesse sentido, o tutor é visto como um guia, um facilitador de uma aprendizagem centrada no aluno (TOLEDO JUNIOR et al, 2008). Resgatado de momentos históricos diversos, a figura do tutor no ensino a distância apresenta aspectos relevantes no exercício desta atividade já indicados em alguns estudos (BELLONI, 2006; LITWIN, 2001; MAGGIO, 2001). À tutoria no ensino a distância, de modo geral, compete orientar, acompanhar o processo de aprendizagem, relacionar-se com os estudantes, avaliar atividades, dentre outras. Todavia, algumas instituições que super valorizam os materiais didáticos e às ações dos estudantes tendem a atribuir, a esta função, um valor secundário. Na pesquisa realizada com tutoras presenciais de curso de Serviço Social na modalidade a distância ficou registrada a visão que estas profissionais têm de suas próprias atribuições porque eu vejo o papel do tutor muito ligado a motivar este aluno nesta busca por este conhecimento, que é um modelo de ensino, que se o aluno não tiver vontade de buscar para além daquilo que é oferecido,é pouco [...] o tutor enquanto articulador deste processo ele tem um papel importante. (Tutora presencial 3) Para as profissionais é atribuída significativa importância ao seu papel como motivadoras dos estudantes na construção da formação. Na verdade, trata-se muito mais de uma função incentivadora que promova no aluno o desejo de continuar com o curso. As entrevistadas enfatizaram que a tutoria presencial tem um papel importante na formação, considerando-se o aspecto motivador que exerce no processo educacional. Conhecer, ainda que, de forma parcial, o trabalho realizado pela tutoria presencial em cursos de Serviço Social mediado por tecnologias de informação e 60 comunicação trouxe uma melhor compreensão da importância destes profissionais no processo educacional. Como o objetivo desta dissertação foi analisar a formação dos estudantes do curso de Serviço Social, mediado pela tecnologia da informação e comunicação por meio da tutoria presencial, fez-se necessário conhecer quem é esse tutor, sua formação, como ele compreende suas atribuições, seu papel na realidade da instituição. Traçamos, a seguir, o perfil do tutor dos polos de apoio presencial investigados. As tutoras participantes desta investigação possuem formação em Serviço Social, portanto, todas são assistentes sociais. Identificou se que as tutoras presenciais, quanto ao gênero são 100% do sexo feminino, confirmando Iamamoto (2001), ao registrar que no Serviço Social tem-se um contingente profissional hoje proveniente de segmentos médios pauperizados, com um nítido recorte de gênero: uma categoria profissional predominantemente feminina, uma profissão tradicionalmente de mulheres para mulheres. (IAMAMOTO, 2001, p. 104) A pesquisa sobre o perfil do assistente social brasileiro: Assistentes Sociais no Brasil – elementos para o estudo do perfil profissional – divulgada pelo CFESS e realizada pela Universidade Federal de Alagoas (2005) já apontava para uma categoria constituída por 97% de mulheres e apenas 3% representando os homens. Quanto à faixa etária, as profissionais ocupam os seguintes extratos, conforme dados cotetados e reproduzidos no GRÁF. 3. GRÁFICO 3 - Faixa etária das tutoras presenciais. Fonte: Dados da pesquisa – 2010. 61 Tais dados denotam um perfil profissional de jovens tutoras. Ao se cruzar os dados da faixa etária com a formação profissional tem-se assistentes sociais que se tornaram tutoras récem saídas da graduação. A maioria das tutoras entrevistadas graduou-se no período referente a 2004/2007. São, também, em sua maioria, profissionais inseridos há pouco tempo no mercado de trabalho. O grupo pesquisado possui experiência profissional recente na educação. A maioria das tutoras, à epoca da pesquisa possuía menos de um ano na docência em EAD e não vinham de experiências anteriores na educação presencial. Como assistentes sociais trabalhavam na esfera pública municipal, com maior concentração na área da política da assistência social e da saúde. Houve relatos ainda, de vínculos de trabalho no poder judiciário estadual e em organizações não governamentais. A formação das tutoras na graduação é em Serviço Social com especialização lato sensu diversificadas, tais como Gestão de Políticas Sociais; Atendimento Integral à Família; Serviço Social: Direitos Sociais e Competências Profissionais (cursando); Educação Inclusiva; Política e Pesquisa em Saúde Coletiva; Violência contra Crianças e Adolescentes; Análise Institucional; Gestão do Sistema Único de Assistência Social – SUAS e Política Nacional de Assistência Social – PNAS. No contexto do ensino a distância, há uma maior diferenciação na organização dos saberes. O que perpassa de forma comum a todos os saberes é o componente tecnológico. Para Belloni (2006) a formação dos docentes, seja no ensino a distância ou presencial, adequada ao tempo presente e futuro deve ser organizada para atender à demanda de atualização em três dimensões. A dimensão pedagógica, referente às atividade de orientação, aconselhamento e tutoria incluindo o domínio dos conhecimentos relativos ao campo específico da pedagogia. A dimensão tecnológica referente as relações da tecnologia e a educação e a dimensão didática que refere-se à formação específica do professor/tutor em determinado campo científico. Portanto, a especificidade tecnológica da educação a distância pré define um perfil para recrutamento e contração de profissionais para esta modalidade. O processo de seleção de trabalhadores para a função de tutoria presencial, na instituição/polos, investigados apontou critérios peculiares a cada situação no âmbito dos polos, mas todas registraram características de 62 informalidade neste processo em que as turmas ja tinham começado, já tinham feito o vestibular, já tinham a primeira semana de aula, precisavam de um tutor e uma amiga que eu tinha que trabalhava onde eu tinha feito estágio, na prefeitura, ela me cohecia e sabia que eu estava fazendo uma pós. Precisava ser um assistente social com pós. (Tutora presencial 1) O registro da tutora sobre sua seleção aponta para contatos informais na comunidade, não ficando clara a definição de requisitos para atuação na função de tutora: “Eu fui convidada através da aluna aqui do polo que já me conhecia e sabia que eu trabalhava no Tribunal de Justiça e conhecia algumas alunas que me convidaram porque existia uma vaga.” (Tutora presencial 2) Pelo depoimento da tutora, parece não haver por parte da instituição uma política de admissão de pessoal técnico, restringindo-se a seleção à necessidade premente do profissional [...] a coordenadora do polo falou: nossa, eu preciso contratar uma pessoa, estava procurando aqui nos currículos antigos. Você quer fazer uma entrevista? Aí ela me entrevistou na hora, me contratou. Eu fui convidada pela coordenadora do polo que trabalhava comigo. (Tutora presencial 3) A qualificação na área tecnológica não foi citada pelas entrevistadas como condição ou exigência para o processo de seleção à função de tutora, como também, não foi exigido nenhuma experiência prévia na área da docência, seja presencial ou a distância ou quanto à formação específica para o exercício da tutoria, conforme fala das tutoras: “Eu não tive nenhuma formação antes de entrar aqui como tutora. Eu caí meio de 'paraquedas', não tive nenhuma capacitação, eu fui na marra mesmo.” (Tutora presencial 1) A formação do tutor na instituição é realizada em serviço, não tendo sido relatado a exigência de requisito de conhecimento prévio do binômio tecnologia associada ao processo educacional, assim “a formação, ela se dá antes do início do semestre, a gente tem a capacitação, informando como é o sistema, como funciona o ensino a distância e a partir daí a gente está apto para ser tutor de ensino a distância.” (Tutora presencial 2) Na avaliação de uma das tutoras, a exigência da formação em Serviço Social para o exercício da tutoria presencial é importante, considerando-se a formação do assistente social numa perspectiva generalista. O depoimento de uma 63 das tutoras expressa esta condição peculiar a exigência da graduação em Serviço Social, ela é de fato uma condição para a execução deste trabalho. Uma pessoa que tivesse uma formação numa outra área, por exemplo um sociólogo, não conseguiria atender a demanda deste serviço porque é muito generalista, a gente trabalha com todas as disciplinas, então acho que tem que ser alguém que passou por aquela formação. (Tutora presencial 3) As circunstâncias relativas à seleção e à formação dos tutores encontrados em campo de pesquisa, remetem a algumas reflexões. Belloni (2006) afirma que os docentes formam um grupo prioritário e estratégico para a melhoria dos sistemas educacionais, sejam eles presenciais ou a distância, portanto, a formação continuada e específica para este novo papel docente da tutoria é essencial para o ensino a distância. Conforme Maggio (2001), o tutor é desafiado a incluir em sua formação para a modalidade a distância: conhecimento do conteúdo; conhecimento pedagógico em especial aos princípios e às estratégias de manejo e organização de classe; conhecimento curricular; conhecimento pedagógico acerca do conteúdo; conhecimento sobre contextos educacionais; conhecimento das finalidades, dos propósitos e dos valores educativos e de suas raízes históricas e filosóficas. A fala da tutora mostra um descompasso entre o que foi exigido pela instituição para assumir a função, o perfil delineado para o tutor e as demandas apresentadas pelos estudantes face, até mesmo, ao acesso mais facilitado do aluno ao tutor, porque acaba que eles depositam em mim, até uma referência acadêmica […] porque as minhas responsabilidades são bem menores. Eu não tenho que preparar aulas, eu tenho professor especialista da disciplina para responder as dúvidas destes alunos quando eu não dou conta de responder. Então, eu faço o que está ao meu alcance, mas eu não me sinto na obrigação, também acho que não é cargo nem função minha dominar todas as disciplinas do curso de Serviço Social. Então, eu acho que é muito diferente assim, esta questão de repasse de conteúdo para estes alunos, dessa questão do grau de responsabilidade que você tem ali. (Tutora presencial 1) Outra reflexão que emerge é a necessidade da qualificação das tutoras para a prática pedagógica voltada para o exercício de uma profissão de intervenção. A presença do assistente social na docência nem sempre vem acompanhada pela sua qualificação pedagógica, pois 64 não basta dominar o conteúdo, mas é necessário dominar a prática pedagógica, a didática. Agora, ainda mais, pelas particularidades e especificidades das tecnologias da informação e comunicação. A literatura brasileira voltada para a formação de professores evidencia uma deficiente ou inexistente formação pedagógica da grande maioria dos docentes que atuam no ensino superior, em todas as áreas do conhecimento. (SANTOS, 2008, p.157) Quanto aos investimentos na formação continuada destes profissionais, as entrevistadas informam sobre um treinamento que precede à sua iniciação na função, bem como um processo de “reciclagem” utilizado pela instituição em caráter semestral, que reúne profissionais já contratados e recém admitidos conforme relatado pela tutora, em que a coordenadora do polo explicita eu preciso que você comece amanhã porque amanhã já começa este curso semestral que eles oferecem, que é para os novos tutores, mas também, uma reciclagem para os tutores antigos porque vira e mexe tem alguma mudança no sistema e na outra semana já iniciei, assumindo três turmas de Serviço Social. (Tutora presencial 3) Neste aspecto, observa-se que a instituição oferece uma capacitação por meio da formação em serviço ou no formato “on line”, restrita as condições específicas e pragmáticas deste fazer. Ao comentar a referida capacitação, uma das entrevistadas refere que entre os conteúdos do curso são passadas as principais perguntas que alunos de Serviço Social costumam fazer aos tutores. Como na seleção dos profissionais para atuação na tutoria não há exigência de conhecimentos didático pedagógicos ou tecnológicos, a capacitação destes profissionais, pela instituição, mostra indícios de estar voltada para o imediatismo e demandas que emergem da experiência. Tal concepção pode estar ligada a um contexto de desregulamentação do mercado de trabalho, de precarização das relações e condições de trabalho, da “livre” negociação de salário entre empregado e empregador, entre outros, que acabam por levar para o espaço da educação uma organização empresarial mais flexibilizada, baseada no padrão tecnológico da era da informática, produzindo a fragmentação e dispersão do processo de produção por várias nações e ainda uma variedade de modalidades para a contratação da força de trabalho. O capital vem, então, se beneficiando da heterogeneidade do trabalhador coletivo e, por isso, fomentado-a. Ele contrata o trabalho formal com proteção social, no caso do núcleo de trabalhadores mais qualificados estratégicos ao processo produtivo, contrata com tempo parcial utilizando- 65 se do trabalho precário, terceiriza partes de suas atividades repassando-as a outros e faz uso do trabalho familiar, inclusive da força de trabalho infantil. (DUARTE, 1998, citado por MILL, 2002, p.102) Pela análise de Peters (2004, citado por Belloni, 2006) a educação a distância é a mais industrializada forma de educação e como tal identifica três características similares ao modelo fordista: racionalização, produção em massa e divisão do trabalho. A divisão do trabalho, na educação a distância, produz um trabalhador coletivo com os trabalhadores separados de acordo com as funções específicas que assumem. Suas tarefas são partes, e ao mesmo tempo interdependentes, num processo de produção e distribuição da educação. Semelhantemente, ao paradigma fordista e pós fordista, nesta modalidade, o ato de ensinar exige segmentação em diversificadas tarefas ou atividades tais como, concepção e realização dos cursos e materiais; planejamento e organização da distribuição dos materiais e administração acadêmica; acompanhamento do estudante. Esta divisão do trabalho e atribuição de funções geram consequências para as relações de trabalho tais como o desconhecimento da totalidade do processo de produção que por sua vez gera alienação e expropriação da mais valia e uma auto exploração. No âmbito do ensino a distância esta expropriação ou alienação, para o trabalhador, pode ser mascarada pelo sentimento de grupo, de colaboração e de co responsabilidade entre os pares. O processo de trabalho nos polos presenciais é uma das parcelas que compõem a totalidade da educação a distância, em que a relação dos tutores com os demais profissionais mostra-se superficial, reduzido a contatos virtuais e encontros “corridos” como declara uma das tutoras não dá tempo, por exemplo, de manter diálogo mesmo que seja por chat porque é tudo muito corrido, tem o tempo da aula, enquanto os professores estão apresentando a aula nós estamos no chat, enviando as questões dos alunos. Em relação aos tutores do polo que são meus colegas tutores, também não dá tempo, porque todo mundo já chega no horário da tele aula e no intervalo a gente conversa um pouquinho, quando há necessidade existem as reuniões para fazer esta interação, mas é porque o tempo também não nos permite interação uma vez que o ensino a distância é o assunto. (Tutora presencial 2) Não se constata pelos depoimentos da tutora processos de interação entre os agentes que promovem o processo educacional. Aparentemente, os 66 contatos estão restritos a questões que emergem do cotidiano, não configurando uma interação de fins pedagógicos ou sistematizada pois segundo a tutora presencial, “a gente tem acesso aos tutores eletrônicos somente por “chat”. Aos professores, a gente consegue resolver as questões, somente, por “chat”. E não dá tempo de ter uma interação assim não.” (Tutora presencial 2) A aproximação com o campo de pesquisa, neste aspecto, mostrou que as possibilidades de organização destes trabalhadores, em especial os tutores é mínima. Uma única tutora relaciona a precariedade de seu vínculo empregatício com a função de tutora [...] é a possibilidade de se precarizar o vínculo empregatício, o seu contrato de trabalho como tutor, porque no meu modo de vista há uma precarização sem precedentes. Assim, porque você faz atribuições de um professor. Tanto é que sou sindicalizada no SINPRO [Sindicato de Professores]. Ao descrever as minhas atividades, eles nos aceitam enquanto sindicalizadas, no sindicato dos professores, mas o meu contrato é como tutor por uma série de questões, assim por uma questão do quanto isto vai sair mais caro para o polo, para a instituição, enfim, então eu acho que é uma possibilidade de se precarizar o contrato de trabalho com este profissional por que ele faz atribuições de um professor mesmo. (Tutora presencial 3) Há indícios, considerando-se as relações precarizadas vivenciadas por grande parte dos trabalhadores no mundo do trabalho, que a falta de organização destes profissionais, o pouco poder de negociação e a atuação tímida das organizações sindicais em termos gerais, entre outras impede a mobilização e organização de forma coletiva como resistência à precarização de suas condições de trabalho e negação de seus direitos sociais. A educação a distância ainda não dispõe de uma teoria própria para fundamentar sua prática, tendo em vista sua existência recente, no formato institucional, e no espaço da educação. No entanto, vale-se de alguns pressupostos teóricos que vão sustentar o trabalho da tutoria. A produção científica sobre a educação a distância é escassa, mas educadores que atuam nesta modalidade apesar dos preconceitos e descréditos tentam propor uma “teoria da instrução a distância” (PRETI, 2002, p. 7). Coube a Keegan (1991, citado por PRETI, 2002) organizar as contribuições destes educadores em relação as teorias que dão sustentação à educação a distância. 67 3.1 Tutoria e Teoria da Industrialização A educação a distância para Peters10 (2004, citado por GARCIA, 1994) se estruturou, com base no sistema fordista da produção, cujas características se referem a uma acentuada divisão do trabalho, baixa variabilidade de processos, baixa inovação e baixa responsabilidade no trabalho, racionalidade, processos standartizados de produção em massa para consumo em massa. A apresentação desta teoria por Peters (2004) coincidiu com o início das chamadas mega universidades como a inglesa Open University (1969) e a UNED da Espanha (1971), nas quais o processo de ensino baseava-se no paradigma da industrialização, nos pacotes instrucionais com: centralização do planejamento, otimização dos recursos, utilização de tecnologias de comunicação, produção de materiais em grande escala. Este modelo de educação a distância recebeu e recebe muitas críticas por estar relacionado a uma forma industrial de aprender, em que a homogeneização do processo educativo inviabiliza o conhecimento da individualidade, do contexto social e cultural dos alunos. Belloni (2006), ao analisar as considerações de Peters (2004) e outros autores que discutem os modelos fordistas e pós fordistas como fundamentos da educação a distância, registra que a prática desta modalidade de ensino, na maioria das instituições, mostra a coexistência de práticas artesanais, pré e pós fordistas. A concepção de educação a distância com similaridades ao processo industrial fordista aparece, também, em Garcia (1994) com sua definição de EAD como um sistema de tecnologia bidirecional, capaz de atender grandes massas de estudantes substituindo a interação professor-aluno, o que proporcionaria uma aprendizagem independente e mais flexível. Peters (2004), portanto, transporta para o campo da educação a distância a teoria da industrialização como suporte às pesquisas e estudos desta metodologia educacional, cujas características principais são a produção/distribuição de materiais de aprendizagem para grande massa de estudantes, administração e coordenação 68 de atividades por meio dos tutores. Nesta concepção, a aprendizagem do aluno dever ser garantida pela instituição com ênfase no processo de ensino e cabe ao material didático, impressos, entre outros a tarefa de possibilitar a aprendizagem do aluno. Assim, neste modelo, ao tutor é destinada menor responsabilidade pelo seu trabalho, que se limita a verificar se os alunos estão realizando as atividades, as leituras, se possuem dúvidas quanto ao material, acompanhamento de frequência e outros itens afins semelhantemente, ao modelo fordista, em que ao trabalhador cabia baixa responsabilidade por seu trabalho. Nesta concepção, corre-se o risco da utilização das tecnologias da informação e comunicação para a “entrega” de material de informação aos alunos e sua devolução para a avaliação em substituição às relações de interação entre educador e educando. O que leva à reflexão sobre a técnica frente aos processos de emancipação ou dominação. Embora refutado e criticado por vários autores, esta transposição da teoria da industrialização para o ensino a distância ainda está presente na prática dos tutores, e pelo que parece, é condição estrutural para funcionamento desta metodologia. As tutoras entrevistadas relataram suas atividades neste contexto de interdependência e de inflexibilidade uma vez que o processo se conecta num mesmo horário e em todo território nacional: “[...] a gente tem um horário para cumprir e que este horário não deve ter nenhum atraso para o início das aulas porque a aula é via satélite e acontece no mesmo horário para o país inteiro. Então, o professor não pode atrasar, inicia-se a tele aula.” (Tutora presencial 2) A tutoria realiza uma parcela das atividades do processo de ensino e aprendizagem, similar à teoria da industrialização, na qual com sua atuação contribuem com a entrega do produto. Os tempos neste processo são assim estruturados [...] é o momento de tele aula, e é durante uma hora e meia, é a vídeo tele conferência [...] eu fico no computador, no chat junto com os tutores eletrônicos que estão dentro do estúdio em que o professor está transmitindo a aula ao vivo, assim como todos os outros tutores de sala do Brasil [...] eu repasso a interação via chat para os tutores eletrônicos 10 Especialista em educação a distância, foi reitor da Universidade Aberta de Hagen, na Alemanha nos anos 70 e desenvolveu análises sobre as características da EAD em analogia a produção industrial. 69 passarem para os professores e também fico conectada a um chat onde o professor está presente [...] eu fico com o computador aqui ligado, enviando as contribuições e dúvidas dos alunos. Depois a gente tem uma hora em que são feitas atividades em sala, que o professor me manda previamente e já manda para os alunos também, previamente, para eles virem com o texto preparado. (Tutora presencial 1) 3.2 Tutoria e Teoria da Autonomia e da Independência Intelectual Por considerar que a maioria do público que procura o ensino a distância é de adultos ou jovens adultos, a teoria da autonomia e da independência intelectual, infere que se o adulto determinou querer estudar será capaz de assumir o “como estudar”. Esta teoria foi proposta por Charles Wedemeyer e Michael Moore, este enquanto discípulo de Wedemeyer, na década de 70 conforme relata Keegan (1991). Nessa teoria, a ênfase é colocada no estudante a quem cabe definir como estudar, como percorrer o caminho em busca do conhecimento. As instituições que optam por esta concepção de ensino exercem um apoio apenas relativo ao aluno e incentivam o autodidatismo. Assim, o estudante é considerado autônomo, quando é capaz de determinar e selecionar objetivos, recursos e procedimentos de avaliação de sua própria aprendizagem. O processo de aprendizagem está centrado no aluno e a educação é vista como um processo individualizado onde adultos são capazes de decidir a própria aprendizagem e como trilhá-la. (MOORE, 1992, citado por GARCIA, 1994) Para Maggio (2001) e Litwin (2001), as propostas de educação a distância ao superar a lógica da autosuficiência dos materiais didáticos e do autodidatismo passam a reconhecer a importância da tutoria no aprimoramento e aprofundamento da proposta pedagógica atribuindo real valor à intervenção realizada por estes profissionais. A limitação desta teoria para Preti (2002) reside no fato de que se conhece pouco como o adulto aprende, como estuda ou como se dá a auto aprendizagem, pois teorias psicológicas e da aprendizagem que influenciam a prática pedagógica estudam muito mais a criança do que o adulto, assim 70 a experiência adquirida no campo da educação de adultos revelou que os métodos pedagógicos e didáticos para crianças e jovens não se mostraram adequados para adultos: a razão disto é que o modelo pedagógico é essencialmente heteronômico, dado que a relação educativa é estabelecida por um controle externo agindo sobre o sujeito, enquanto o modelo andragógico é sobretudo autonômico e autodirigido. (TRINDADE, citado por BELLONI, 2006, p.31) Para esta teoria, o tutor é considerado um “facilitador” do processo de aprendizagem. O trabalho da tutoria é considerado de baixa responsabilidade pois, o tutor responde ao aluno só quando procurado no intuito de facilitar a aprendizagem, por meio de orientações de leitura, de pesquisas, de como lidar com os recursos didáticos ou tecnológicos. (OLIVEIRA, 2006) As tutoras entrevistadas apontam como uma das exigências para o perfil dos alunos do curso de Serviço Social, na modalidade a distância, a necessidade de desenvolver o autodidatismo partindo do pressuposto de que as tele aulas e aulas atividades oferecem conteúdo reduzido, cabendo ao aluno buscar a ampliação do conhecimento por isso a gente frisa bastante que o aluno do ensino a distância, ele tem que ser autodidata. Porque a tele aula, aula atividade ou o restante pode possibilitar um ganho de aprendizado mas o que aumenta o conhecimento é o aluno que tem que se dispor. E é ele que tem que buscar este conhecimento porque o tempo é pouco, uma aula por semana não possibilita sistema de seminários. (Tutora presencial 2) É atribuída ao aluno responsabilidade pelo desenvolvimento de sua aprendizagem, pois, segundo a tutora “isto possibilita ao aluno buscar por si só o seu estudo, assim, eu acho que ele se apropria mais, eu acho que esta questão, dessa auto disciplina dá para ele uma outra postura.” (Tutora presencial 1) Os teóricos de educação a distância demonstram a insuficiência da teoria da autonomia e independência intelectual no processo da aprendizagem reforçando a importância da atuação dos tutores como forma de tirar estes alunos do isolamento ou prevenir a evasão. No campo, verificou-se que a tutoria coloca sob a responsabilidade do aluno a busca por mais conhecimento, como forma complementar de estudos. Aqui, deve-se refletir sobre as especificidades de um curso a distância e os interesses e possibilidades que levaram o estudante a procurar a construção de sua formação por intermédio dessa modalidade. Como compatibilizar as questões da disponibilidade de tempo do estudante com as 71 exigências de aprofundamento e de busca do conhecimento, condição esta pertinente tanto a alunos de cursos presenciais quanto a distância? Outras vertentes de pesquisa podem-se antever aqui: os alunos encontram-se preparados para esta busca do conhecimento com racionalidade e objetividade? A instituição oferece formação para desenvolver estratégias de aprendizagem que capacitem estes alunos para esta busca? 3.3 Tutoria e Teoria da Distância Transacional Para a discussão em pauta Moore (1992, citado por Keegan, 1993) trata o conceito da “distância” e o seu contrário “proximidade” pelas variáveis psicológicas e pedagógicas ao invés de se prender aos fatores geográficos e tecnológicos, sob os quais, geralmente, centralizam as discussões de EAD. Nesta teoria, a distância física não é considerada uma barreira, mas uma situação positiva a ser explorada. A educação a distância não está vinculada, apenas, à separação geográfica entre alunos e professores, mas inclui um conceito pedagógico, que descreve as relações destes atores quando separados no tempo e no espaço. As premissas básicas são a estruturação dos programas educacionais, a interação entre alunos e professores e o grau de autonomia do aluno. A comunicação estabelecida entre alunos e docentes na educação a distância é que definirá a distância transacional. Mais comunicação entre alunos e professores significa menor distância, independente da distância física. Desse modo, nos programas mais distantes com pouco diálogo, o material didático deve ser capaz de orientar a aprendizagem. Assim, quanto menor a comunicação e interação professor aluno, maior a distância transacional. Daí concluir que, a maior distância transacional determinará maior exercício de autonomia para o aluno a quem caberá se responsabilizar sobre a condução ou estratégias a adotar para seus estudos. Nos dados empíricos coletados, as tutoras atribuem a si o elo de similaridade das relações entre aluno e professor que existe no ensino presencial como componentes da interação e comunicação dos alunos no ensino a distância, ao qual poderia se atribuir uma menor distância transacional nos moldes desta teoria, porque 72 agora o meu papel dentro do ensino a distância, o papel da tutoria é que o aluno não perde este referencial presencial dele ter uma pessoa que ele vai ter contato toda semana, que ele vai poder contar com essa pessoa para tirar dúvida, para dar apoio, orientar. [...] o aluno tem falta de conversar diretamente com o professor, ele tem necessidade do professor em sala, de conversar, de que [o professor] responda a ele presencialmente. (Tutora presencial 1) 3.4 Tutoria e Teoria da Interação e da Comunicação A educação a distância pode, também, ser orientada pela teoria da interação e comunicação proposta por Holmberg (1995) cujo propósito é de uma “conversação dialógica guiada”. Esta teoria considera a comunicação como uma ação educativa quando planejada e orientada para uma aprendizagem mediatizada por diferentes meios de comunicação (PRETI, 2002). A base desta teoria está centrada na relação pessoal entre professor e alunos e esta é capaz de promover o prazer por estudar e motivar o aluno para a aprendizagem por meio de comunicação não contínua, mas dialógica e guiada. Nesta teoria, os materiais didáticos funcionam como meios de motivação para o aluno, por serem estruturados em forma de diálogos com feedback, de maneira a favorecer sentimentos de relação pessoal portanto, o aluno não é considerado isolado ou solitário quando no processo de aprendizagem. A existência de uma instituição que o guia e o acompanha, estratégias didáticas de comunicação que estabelecem o diálogo e a relação pessoal desenvolvida entre professor, tutor e alunos por meio das tecnologias impedem o isolamento dos estudantes. Portanto, nesta concepção o sucesso do processo educativo está fundamentado na relação dialógica entre professor, tutor, aluno capaz de motivar para a aprendizagem. Na pesquisa realizada, identificou-se diferentes níveis de interação, a partir dos relatos das tutoras. Sobre as possibilidades de interação no formato presencial, as profissionais registraram uma relação pessoal de proximidade e compromisso com os alunos, porque o tutor de sala é muito mais próximo do aluno do que o professor de presencial. […] Mas se o aluno, tiver dúvida ou tiver ou levantar alguma questão, que ele não der conta, nós tutores, nós não temos a função de 73 professor mas a gente recebe este aluno. A gente se dispõe a receber este aluno, marcar um horário e aí sim de acordo com as dúvidas levantadas a gente tenta sanar prá que o aluno não fique desguarnecido em relação ao saber. (Tutora presencial 2) No entanto, sobre as possibilidades de interação e diálogo de forma não contínua, conforme a teoria em pauta, as tutoras apontaram que mesmo quando acontecem os alunos ainda, assim, buscam pelo contato presencial, por isso [...] eu sempre falo, a gente é um mediador mas o aluno tem falta de conversar, dialogar, diretamente, com o professor. Ele tem questionamentos que por mais que sejam enviados email´s e sejam respondidos,o que muitas vezes acontece, o aluno tem a necessidade do professor em sala, dele estar lá, conversar, responder a ele presencialmente. (Tutora presencial 4) O que pode ser indício de dificuldades no estabelecimento de uma relação dialógica no formato assíncrono. 3.5 Tutoria: mediação e demais atribuições do tutor presencial em curso de Serviço Social mediado pela tecnologia de informação e comunicação É de praxe nos registros sobre as atribuições do tutor presencial ou a distância, a referência ao papel de mediação que este profissional exerce. É necessário compreender de que mediação se trata ou que está presente na atuação destes profissionais, para fugir do que Ramal (2001) alertou quanto a retirar-se à perspectiva da formação presente na relação tutor/aluno, em que muitos cursos a distância, procurando minimizar os custos utilizam exclusivamente, a figura dos tutores ou dinamizadores, que entram em cena com o simples papel de animar a discussão dos estudantes ou atuar como agendadores de tarefa. (RAMAL 2001, p. 4) Na educação a distância, a mediação tem sido apresentada como inerente à função do tutor. É comum referir-se ao trabalho da tutoria como mediação, quando na realidade, a mediação é sempre inerente a qualquer totalidade complexa. Como constitutiva do ser social, não está limitada exclusivamente a função do tutor. Cabe aqui, refletir sobre o real significado dessa categoria para os 74 tutores no exercício cotidiano de sua função. As tutoras entrevistadas para esta pesquisa ressaltaram, várias vezes, a mediação, como a principal característica da sua prática. A mediação é vista, por elas, como o elemento que as diferencia do professor e que possibilita e potencializa a aprendizagem: “ A construção desta mediação, deste processo de ensino, aluno, professor, o tutor tem um papel muito significativo.” (Tutora presencial 1) Todo o processo educativo, na visão da tutora, perpassa atividades que considera mediadoras nesta modalidade de ensino, como [...] orientação dentro de sala, exercícios e atividades específicas da disciplina e o tutor é responsável por coordenar essas atividades e, além disso, dispõe de uma hora antes de cada aula para dar um plantão para tirar dúvidas dos alunos em relação à disciplina, não que a gente seja o professor da disciplina, a gente é um mediador entre o aluno e o professor. (Tutora presencial 4) Um dos autores que discute a mediação é Vigotski (2007), fundamentado na dialética marxista, a quem esta pesquisa se reporta, para melhor decifrar a atividade mediadora da tutoria. O autor dá ênfase ao processo histórico social e ao papel exercido pela linguagem no desenvolvimento humano. Aborda como questão central, a aquisição de conhecimentos pela via da interação do sujeito com o meio. Segundo o autor, o sujeito é interativo, pois adquire o conhecimento a partir de relações intra e interpessoais e de trocas com o meio, ou seja, a partir de um processo denominado mediação. Portanto, o desenvolvimento cognitivo é produto da socialização do sujeito com o meio. Um sujeito ativo que constrói sua própria atividade, estimulado pelo meio social e mediado por um agente sob a veiculação da linguagem. Os pilares da teoria de Vigotski (2007) são os processos superiores – pensamento, linguagem, comportamento volitivo, atenção, consciência, memória voluntária – que tem origem em processos sociais. Assim não é por meio do desenvolvimento cognitivo que o indivíduo se torna capaz de socializar, mas é na socialização que se dá o desenvolvimento dos processos mentais superiores. Para Vigotski, o homem é considerado a partir de sua inserção na sociedade. O processo de desenvolvimento humano é visto na sua dimensão sócio histórica e na interação do homem com o outro no espaço social, pois as características humanas formamse ao longo da história do indivíduo. Na visão de Vigotski, as características 75 individuais ou atitudes estão cheias de trocas com o coletivo. Por meio de um constante diálogo entre os indivíduos a aprendizagem se instala a partir das trocas com o mundo externo na formação das ações mentais. A tutoria presencial, sob o ponto de vista da categoria mediação, trabalha a partir do que Vigotski (2007) nomeou ao fazer a relação do desenvolvimento infantil e aprendizagem e que chamou de “zona de desenvolvimento proximal” em que a distância entre o nível de desenvolvimento real, que se costuma determinar através da solução independente de problemas, e o nível de desenvolvimento potencial, determinado através da solução de problemas sob a orientação de um adulto ou em colaboração com companheiros mais capazes. (VIGOTSKI, 2007, p.97) Segundo o autor, a partir de suas pesquisas, existe uma “zona” de aprendizagem que no desenvolvimento infantil é entendida, a partir do ponto quando a criança não possui a aprendizagem e, portanto, não é capaz de executar determinada atividade sozinha até o ponto que o faz sem ajuda. Esta zona de aprendizagem é, justamente, aquela em que entra a figura do mediador/educador, prestando orientação para que ela atinja independência. Transpondo este conceito para o ensino a distância o tutor presencial é quem possui melhores condições de conhecer os alunos, seus saberes prévios, seu contexto sócio econômico, cultural, bem como características locais e regionais. Assim, para tutor é possível trabalhar conteúdos standartizados e homogeneizados, convertendo-os para a realidade do estudante a partir de relações sócio interativas, como expresso no depoimento da tutora quando afirma que a gente conversa nos intervalos, os alunos são mais receptivos talvez porque seja um número menor de alunos e porque talvez nós tutores tenhamos um número menor de turmas. Mas é muito mais próximo, é muito mais caloroso, tem muito mais afetividade do que em sala presencial. Na sala presencial, o professor não tem tempo ao longo do semestre de identificar quem é cada aluno e no ensino a distância nós conseguimos chamar todos os alunos pelo nome, saber a história deles porque dá tempo, nos intervalos, antes e depois da aula, de ter esta proximidade, de ter esta interação. (Tutoria presencial 2) O modelo de tutoria identificado na pesquisa é composto por tutoras que relatam participar, ativamente, do processo de aprendizagem dos alunos. Estes podem contar com ferramentas síncronas e assíncronas, das quais fazem uso em 76 suas relações com o professor, o tutor a distância, o material didático, bem como, com o tutor presencial em sala de aula, que os acompanha nas tele aulas e nas aulas atividades, sempre numa perspectiva de mediação. Preti (2002) discorda da centralidade da mediação como uma das principais atribuições do tutor presencial. Para o referido autor, a tutoria presencial é responsável pelo acompanhamento mais próximo dos alunos, atuando muito mais como motivador do que como mediador. A atuação deste profissional, segundo o autor, estaria relacionada, muito mais, aos campos didático, administrativo, social, metacognitivo, emocional do que ao nível cognitivo. O acompanhamento do desenvolvimento da aprendizagem quanto ao aspecto cognitivo é de responsabilidade do tutor a distância, que é o profissional que se localiza na instituição e conta com acompanhamento do professor formador. Preti entende que é o tutor a distância que atua nas áreas ou disciplinas de sua formação específica, que acompanha o desenvolvimento cognitivo do aluno. De acordo com Maggio (2001), na origem da modalidade a distância sustentava-se que o tutor não ensinava. Ensinar era entendido como sinônimo de transmitir informação. Ao tutor cabia assegurar o alcance dos objetivos e ser um “acompanhante” funcional do sistema, pois a modalidade se definia pela mediatização, pela auto suficiência dos materiais e pelo autodidatismo . Atualmente, a concepção é que tanto o docente tutor como o docente professor são responsáveis pelo ensino. Aqui é pertinente a concepção de Belloni (2006) de que quem ensina na educação a distância é uma entidade coletiva, então, todos os profissionais estão implicados neste processo de ensino e aprendizagem. As tutoras entrevistadas apontaram esta ambiguidade em seu discurso, cuja diferença de concepção entre professor e tutor, é explicitada de forma que [...] isto significa que antes que a aula inicie, nós já temos que ter acesso ao conteúdo pelo menos. Temos que ter estudado, porque na verdade o aluno do ensino a distância,mesmo que não seja nossa função, ele nos vê como professores. Então, nós temos que estar aptos para orientar e tentar sanar algumas dúvidas. É cansativo, é exaustivo, porque a gente acaba exercendo, não a função de professor, mas trabalhando como o professor trabalha. Nós não temos a função de ensinar, quem tem são os professores. Nós, como tutores fazemos a mediação entre o professor da tele aula e o aluno. (Tutora presencial 2) As tutoras presenciais pesquisadas perceberam que suas atribuições, no dia a dia, exigem posturas e posicionamentos, que vão além do esperado para o 77 professor no ensino presencial. O tutor não prepara a aula, não é responsável pelo conteúdo ministrado em sala, mas as atribuições da tutoria acabam por ultrapassar os muros da sala de aula e dos conteúdos, extrapolando para questões tanto teóricas quanto operacionais porque a atribuição do tutor é muito diferenciada e, às vezes, eu acho que até muito mais difícil do que do professor da presencial porque o tutor fica exposto a todos os conteúdos e a todas as disciplinas. O que cair naquele dia você tem que ter condição de fazer uma discussão, de fazer uma atividade, de tentar problematizar e acrescentar alguma coisa naquele sentido. Porque na verdade, você sabe que vai ser trabalhado naquele primeiro mês o conteúdo de psicologia social, mas você não sabe, até a véspera, o que o professor vai trabalhar na tele aula. Então, você, de certa maneira, é pego de surpresa todo dia. Você pode até ir com alguma coisa preparada dentro da psicologia social, mas o professor vai oferecer uma coisa muito diferente, uma coisa que você não teve acesso para aquela tele aula. E não dá pra você trabalhar uma coisa, totalmente, destoante na aula atividade, porque são dois momentos que estão muito interligados. (Tutora presencial 3) Para os Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a Distância publicada pelo MEC (2007), o tutor presencial é descrito como o profissional que atende os alunos nos polos presenciais. Este profissional deve conhecer o projeto pedagógico do curso, o material didático e o conteúdo específico dos conteúdos sob sua responsabilidade, como forma de trabalhar com os alunos no desenvolvimento de suas atividades individuais e de grupo, fomentando o hábito de pesquisa, esclarecendo dúvidas em relação a conteúdos específicos e aos usos das tecnologias disponibilizadas. É ele quem participa dos momentos avaliativos presenciais, aulas práticas em laboratório e estágios supervisionados, quando aplicáveis, e quem mantém uma permanente comunicação com os estudantes e equipe pedagógica do curso. Há destaque no documento do MEC/INEP (2007) sobre o caráter imprescindível do domínio do conteúdo, tanto para o tutor presencial, quanto para o tutor a distância, como condição essencial para o exercício das funções. E explicita, ainda, características do perfil destes profissionais: [...] necessidade de dinamismo, visão crítica e global, capacidade para estimular a busca de conhecimento e habilidade com as novas tecnologias de comunicação e informação. A descrição das atribuições da tutoria presencial expressa no projeto 78 pedagógico11 do curso sob análise, prescreve que o tutor de sala é o responsável pelo assessoramento ao aluno, auxiliando no desenvolvimento dos processos administrativos, facilitando ao aluno a utilização da tecnologia disponibilizada para comunicação e aprendizado, promovendo a integração entre os profissionais de ensino e o aluno. Atua como mediador no processo de ensino e aprendizagem encaminhando dúvidas, sugestões, comentários e a participação dos alunos durante as teleaulas. O tutor de sala também é responsável pelo registro da frequência dos alunos e deve motivá-los a progredir no curso, como também estimular a responsabilidade, comprometimento, disciplina e organização da sala de aula. (MEC/INEP, 2007) Não se observa na descrição das atribuições do tutor de sala ou presencial, constante do projeto pedagógico do curso de Serviço Social na modalidade a distância sob análise, a prescrição que os Referenciais de Qualidade do Ensino Superior do MEC (2007) determinam quanto ao conhecimento do projeto pedagógico do curso e do material didático. Apesar dos Referenciais apontarem como atribuição dos tutores presenciais, o domínio de conteúdos específicos sob sua responsabilidade, não foi identificado em campo este entendimento. A mediação da aprendizagem é referida, pelas tutoras, como repasse de dúvidas, sugestões, comentários dos alunos aos tutores eletrônicos ou professores. Nos depoimentos das tutoras entrevistadas, houve sempre ênfase na mediação como sua principal atribuição, expressando um certo distanciamento da função docente, mas em alguns momentos dos depoimentos retorna a questão sob a forma de uma atuação característica do professor e de domínio de conteúdo. Ou seja, a prática está mais próxima da orientação do MEC do que o expresso pela instituição como atribuição destes profissionais. Ao que parece, há um certo conflito de atribuições que emerge na prática, tanto para os alunos quanto para as tutoras. A tutora relata a dificuldade de assimilação pelos estudantes da atribuição da tutoria no ensino a distância, pois os alunos fazem bastante confusão com o tutor de sala como professor. Isto às vezes causa uma divergência, por quê? Ah, mais o tutor de sala, você tem que me responder sobre psicologia, sobre temas que nós não somos professores para tal. Mas aí a gente consegue conversar com eles, orientálos e aí o clima corre tranquilo. (Tutora presencial 4) 11 Extraído da página eletrônica da instituição sob análise. Acesso em: 20 abr. 2010. 79 As tutoras foram incentivadas a falar sobre seu cotidiano, como forma de pontuar suas atribuições e principais atividades em um dia de tutoria. Aparece nos depoimentos a execução de atividades administrativas, de organização, de seleção e coordenação das atividades de tele aula e aula atividade, como [...] atribuições, também, administrativas, de verificar a transmissão da tele aula, de fazer a aula atividade com o aluno e essa aula atividade já vem com uma proposta prévia que é relacionada com a transmissão da tele aula, fazer a chamada, lançar a presença, esclarecer dúvidas com relação à dinâmica de recepção dos trabalhos na área restrita do aluno. (Tutora presencial 3) Dentre as atividades realizadas pelas tutoras, a mediação entre os alunos e os professores é, constantemente, relatada e valorizada pelas profissionais,porque o tutor de sala,tem como principal atribuição a mediação entre o aluno e o professor que apresenta as aulas virtuais, [...] à medida que os professores vão dando a aula e o aluno tem dúvidas a gente envia ao chat. Assim que o professor recebe esta pergunta, na medida do possível, ele responde. Nós também intermediamos a aula atividade, ou seja, tem uma aula de acordo com o conteúdo proposto, vem para a gente a aula atividade com perguntas prontas, mas aí a gente pode ter também autonomia, para dentro do assunto, coordenar esta aula.(Tutora presencial 2) Dentre as atribuições da tutoria presencial prescritas pela IES investigada, estão atividades, meramente, funcionais ao processo educativo. No entanto, a prática foi delineando atividades mais próximas das funções tradicionais do professor no ensino presencial. Ao que parece, as atribuições do tutor presencial encontradas em campo confirmam Belloni (2006) quanto às implicações docentes para todos os que atuam nesta modalidade, qual seja a dimensão pedagógica relativa às atividades de tutoria, aconselhamento, orientação incluindo o domínio dos conhecimentos do campo da pedagogia; a dimensão tecnológica que abrange as relações entre educação e tecnologia e a dimensão didática referente à formação específica em determinado campo científico. Segundo Masseto (2000), a mediação pedagógica abrange atitudes e comportamentos daquele que se coloca como um facilitador, incentivador ou motivador da aprendizagem, que de forma ativa colabora para que o estudante alcance seus objetivos. Neste sentido, a mediação pedagógica contribui para que o estudante seja capaz de coletar informações, relacioná-las, organizá-las, discuti-las, debatê-las com seus pares, com o professor, até atingir o nível de produção de 80 conhecimento significativo, incorporando-o, de forma que contribua com a compreensão da realidade humana e social e o prepare para interferir nesta mesma realidade. A mediação pedagógica se dá em processos de diálogo permanente, trocas de experiências, debates sobre questões ou problemas, apresentação de perguntas orientadas, acompanhamento do processo de aprendizagem, colocação do estudante frente a questões éticas, sociais, profissionais, colaboração no desenvolvimento crítico sobre a validade da informação. Portanto, a mediação pedagógica evidencia o papel de sujeito do estudante. Nas entrevistas realizadas com as tutoras, chamou atenção o fato de afirmarem e reafirmarem que não eram professoras, e sim, mediadoras ou que realizavam a mediação entre os alunos e o professor. No entanto, no decorrer das entrevistas surgiram momentos em que assumiram que exercem atribuições semelhantes a do professor na educação presencial. Alguns depoimentos indicam certa indefinição da real atribuição deste lugar ocupado pelo tutor. Pelos relatos das atribuições exercidas pelas tutoras há forte similaridade, ou proximidade com a docência. Mesmo que se faça distinção entre quem ensina e quem orienta ou acompanha, as atribuições não fogem da função docente ou da figura do professor. Na visão da pesquisadora, a mediação registrada pelas tutoras se assemelha ao trabalho do docente presencial. Embora elas registrem a impossibilidade de dominar todos os conteúdos e que não são responsáveis pelos aspectos cognitivos, no desvelar de sua prática revelam que exercem ações e atividades que vão além da mediação das relações aluno - professor – tecnologia, como por exemplo ações de incentivo, de humanização, de troca de experiências. Uma tutora explica que busca sempre levar para os alunos experiência prática minha, dos meus locais de trabalho, lugares onde eu trabalho, eu sempre busco trazer isto para a sala de aula como exemplo. Mas, principalmente, eu acho que este aprendizado, esta assimilação, mais teórica e prática, ela se dá a partir do quinto semestre quando os alunos começam a disciplina de estágio supervisionado, aí, eu, como tutora fico na posição de orientadora acadêmica. Aí as discussões que se dão, eles trazem os exemplos de campo para a sala de aula e a gente busca relacionar com os fundamentos do curso. (Tutora presencial 1) Acontece, aí, uma mediação acompanhada de elementos de facilitação, interação e colaboração própria da atividade docente. 81 3.6 Tutoria: interação e interatividade As tecnologias de informação e comunicação – as TIC´s operaram transformações nas relações sociais, econômicas, e também educacionais. É indiscutível que as TIC´s possibilitaram o desenvolvimento de programas e cursos na modalidade a distância cada vez mais sofisticados combinando interação humana com independência e flexibilidade no tempo e no espaço. O conceito de interação presente na física refere-se ao comportamento de partículas, cujo movimento é alterado pelo movimento de outras partículas. Na sociologia e na psicologia social, a premissa é que nenhuma ação humana ou social existe separada da interação. Foram os interacionistas, a partir do início do século XX, que usaram o conceito de interação social, com influência recíproca dos atos de pessoas ou grupos. (SILVA, 1998) O conceito de interatividade é recente, e surgiu no contexto das novas tecnologias da informação e comunicação. Tudo indica que o conceito de interação conforme definido pela física foi apropriado pela sociologia e psicologia social e capturado pelo campo da informática transmutando-se em interatividade (SILVA, 1998). Há os que compreendem a interação como referente às relações humanas e interatividade como restrita a relação homem máquina. Silva (1998) discorda desta posição. Para este autor, interação sempre será no contexto da emissão – recepção e a interatividade na fusão do sujeito e objeto. A interatividade está na disposição ou predisposição para mais interação, para uma hiper interação, para bidirecionalidade (fusão emissão-recepção), para participação e intervenção. A interatividade como ação dialógica entre o homem e a técnica. Belloni (2006), discutindo a educação a distância, alerta sobre o uso indiscriminado destes conceitos. No conceito de interação no campo sociológico está implícita a ocorrência da intersubjetividade, quando se dá o encontro de dois sujeitos, o que pode acontecer de forma direta e indireta. Na forma indireta, pode ser mediatizada por um veículo técnico da comunicação como carta, telefone, email, e outros. A interatividade, de acordo com Belloni (2006) é muitas vezes usada com dois significados diferentes, e em geral, confundidos. Pode ser entendida como a potencialidade técnica oferecida por um meio tecnólogico, como por exemplo, cd- 82 roms, hipertextos, jogos informatizados e como a atividade humana, do usuário, de agir sobre a máquina e de receber uma resposta da máquina direcionada a ele. Em ambientes de educação presencial, interação é entendida como o diálogo entre alunos e professores em sala de aula. A educação a distância ampliou este conceito para discussões que acontecem de forma síncronas como áudio, video conferências, aulas virtuais na web e assíncronas como fóruns, email‟s, chats entre outros. Quando questionadas sobre as possibilidades de interação oferecidas pelo curso de Serviço Social na modalidade a distância as tutoras concordaram que as atividades síncronas permitem um nível maior de interação, seja entre tutor estudantes: “[...] a interação existe e é muito eficiente. É a interação que mais existe, é o que eles até colocam como referência para eles, acaba que é o tutor de sala.” (Tutora presencial 1) Ou seja entre os profissionais: “[...] todos os tutores se conhecem, têm uma interação tranquila [...] quando tem algum problema a gente consegue conversar, a gente consegue dialogar com tranquilidade, esta relação no polo é muito tranquila.” (Tutora presencial 4) No entanto, a fala das tutoras expressou os transtornos, especialmente nesta modalidade, quando são levantadas barreiras tecnológicas, burocráticas ou administrativas ao processo de interação com implicações para a prática da tutoria e para a aprendizagem dos alunos, especialmente, quanto ao processo de interação de forma assíncrona, porque eu acho que ela [interação] é falha, acho que tinha que funcionar, perfeitamente, por ser o ensino a distância. Aí, eu acho que é a grande questão. Com todo mundo que está lá no polo ela funciona, porque a gente está perto, a gente conversa, enfim. Agora quando se trata do tutor, do professor, do coordenador, e aí eu acho que os alunos eles padecem muito mais que nós, a resposta ela demora, às vezes ela não vem. E isto é uma coisa que tinha que acontecer em tempo real, é isso que garante a interatividade. E não acontece, então eu acho que há muito que se crescer neste sentido. (Tutora presencial 3) O depoimento da tutora transformou-se num desabafo, com ênfase de que nesta modalidade de ensino, a interação não deveria de se constituir numa barreira mas, segundo a profissional, o que percebe é a distância, ela às vezes, nos impõe muitas burocracias e dificultam o nosso 83 acesso também, sejam os professores, funcionários ou coordenação do Serviço Social. Então, eu não conto com o apoio deles. Não conto porque eu acho que eu nunca tive um email assim, posso contar nos dedos, dentre de tantos que eu já enviei. Acho que posso contar nos dedos os emails respondidos que eu enviei para a coordenação do Serviço Social [...] deixam de postar a aula para a gente no dia tal, você tenta o contato mas não é possível neste mesmo dia o contato. (Tutora presencial 1) Ao que parece existe a possibilidade da interação ser satisfatória, mas no cotidiano ela ainda não se concretiza, pelo contrario o que a gente tem mais dificuldade é em relação aos professores ou mesmo aos tutores eletrônicos, por quê? A gente entende que o tutor eletrônico e o professor, eles focam mais o aluno, e automaticamente, o tutor de sala, como eu vou dizer, quando há tempo eles respondem ao questionamento. (Tutora presencial 4) As tutoras qualificam suas interações com os alunos positivamente. Uma das tutoras relaciona à participação e interação em sala de aula com o fato de não ser responsável por “dar notas”, pelo que valoriza a participação destes nas atividades propostas, pois é uma interação boa e interessante no sentido de que eu não tenho moeda de troca nenhuma com os meus alunos. Eu não dou nota para eles. Eu não avalio a prova deles. Então eles respeitam aquele momento e eles participam e fazem o trabalho comigo porque eles querem, porque eu não tenho onde pegar este aluno não, entendeu? Assim não tem essa coisa, ah, eu vou dar um trabalho, eu vou te avaliar, vem cá e apresenta. Eu acho que não é um ganho para o ensino porque eles recebem notas dos tutores eletrônicos, então a questão da avaliação, da nota e da prova, ela permaneceu, mas no meu contato com eles eu não tenho este tipo de coisa que, eu acho que empobrece a relação. Eu tenho uma relação com eles que é, estamos disponíveis para fazer este momento, pra fazer esta discussão, pra crescer nisto no dia de hoje? Vamos fazer. Então eu não entro nesta coisa mesquinha da nota, enfim, então acho que isto é, prá mim, na minha avaliação, é uma coisa boa, assim, é um ganho que eu tenho. (Tutora presencial 3) Peters (2004) acredita na importância da interação ou comunicação em tempo real para a aprendizagem, como incentivo ao pensamento crítico com possibilidades de discussão das questões, a partir de pontos de vista diferentes. Defende que este tipo de interação deve ser ampliada nos cursos a distância. Para Moore (2002) a grande maioria de estudantes sente falta da interação com o professor e seus pares, não apenas por questões de aprendizagem mas pelo apoio emocional que pode surgir deste contato social. Isto aparece como preocupação das tutoras entrevistadas quandro registra que 84 sempre propõe para os alunos fazerem reuniões, festas, churrascos, isto tudo é muito importante. Importante para convivência porque a gente vai ter que conviver ali, no mínimo quatro anos, se for agradável para todo mundo, quão melhor vai ser. Então eu tento favorecer estes espaços de convivência, de falar vamos fazer um churrasco porque ali também se cresce em relação à formação. É claro, as pessoas compartilham experiências. (Tutora presencial 3) As tutoras se preocupam com as relações de integração entre o grupo e com os estudantes de outros cursos e registram que a gente orienta que eles conheçam outros alunos, de outros cursos, até mesmo para saber qual o grau de dificuldade, o que os alunos de outros cursos pensam do polo, o que pensam da universidade e a gente faz a interação dos alunos na sala mesmo. É promovendo grupos de estudos para que eles possam, porque eles também vão ficar, como na presencial, três anos e meio, quatro anos, estudando na mesma sala. (Tutora presencial 2) Seja de forma síncrona ou assíncrona, por interação ou interatividade, o que se pressupõe em um ambiente de ensino e aprendizagem virtual é que comunicação e aprendizagem se estabeleçam em mão dupla. Portanto, a implementação de propostas de ensino e aprendizagem apropriadas para a modalidade a distância determinará a potencialidade educacional dos recursos das tecnologias da informação e comunicação e das formas de interação e interatividade. Não há como negar que o tutor presencial, ou mesmo a distância, estão inseridos num processo similar ao fordista e pós fordista transladado para o ensino a distância. Daí que a concepção da instituição e do próprio tutor sobre suas atribuições podem fazer a diferença no interior dessa modalidade. Da parte da instituição a adoção de uma política de qualificação destes profissionais ensejará uma maior apreensão desta atribuição no processo de ensino e de aprendizagem inovado pelas tecnologias da informação e comunicação. Da parte do tutor caberá uma constante avaliação de sua prática à luz das diversas teorias que buscam fundamentar a relação aluno-tutor-professor. Dentre as concepções e modelos de tutoria, na especificidade do Serviço Social, é importante resgatar a aprendizagem baseada em problemas – ABP. A proposta deste processo é compartilhar os conhecimentos, técnicas e habilidades do profissional mais experiente com estudantes em formação. Esta modalidade, ao usar 85 a tutoria, reúne conhecimento, técnica e afetividade como componentes que distinguem a construção do conhecimento. Desde que ampliadas as possibilidades dos encontros presenciais a relação de um tutor com vivência na profissão pode enriquecer o processo de ensino e aprendizagem, bem como, estabelecer vínculos positivos na formação do futuro assistente social. Embora no processo do ensino a distância, inúmeros fatores devam contribuir para o sucesso dessa modalidade, desde a elaboração do material, qualidade da transmissão das aulas ou videoconferências, plataforma tecnológica selecionada entre outros, é o tutor que exerce uma tarefa ímpar pois é ele quem traduz a virtualidade em realidade para o estudante. Portanto, o ensino a distância aposta neste profissional como uma das possibilidades da construção do conhecimeto, pensando-se aqui em Freire (2002) quando diz que a educação autêntica não se faz de A para B ou de A sobre B, mas de A com B. Neste quesito, o tutor presencial ocupa posição privilegiada, pois em espaço real pode exercer ações incentivadoras, a orientação, a construção de relações verdadeiramentes reais, desde que supridos os demais requisitos para a implantação e implementação de um ensino de qualidade, nesta modalidade. 86 4 A TUTORIA E A FORMAÇÃO PROFISSIONAL DOS ESTUDANTES DE SERVIÇO SOCIAL EM CURSO MEDIADO POR TECNOLOGIA DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO Na visão de Litwin (2001, citado por MANSUR 2001) a universidade deveria reconhecer que não forma unicamente para o trabalho com fins econômicos ou para a produção de conhecimentos, mas também para a construção de concepções do mundo, a compreensão de formas alternativas de convivência, o desenvolvimento pessoal, individual e coletivo e para a participação política. (LITWIN citado por MANSUR, 2001, p.51) Neste sentido, é função da universidade buscar a formação e o desenvolvimento de um sujeito integral, cidadão participativo, do seu tempo. No entanto, a sociedade contemporânea, e em especial o mercado capitalista, exige do aluno de ensino superior uma formação para lidar com situações complexas, novas tecnologias, relações de trabalho precarizadas e exigências de multi competências, multi qualificações com capacidades de gestão e trabalho em equipe, adaptações a novas situações, educação continuada, em suma, um trabalhador bem informado e autônomo (BELLONI, 2006). Para este perfil de trabalhador, Belloni (2006) afirma que o ensino a distância, mais do que o ensino presencial, terá condições de contribuir com a formação de um estudante mais autonômo, uma vez que a auto aprendizagem deve ser a característica deste público. No entanto, a autora registra que não tem sido esta imagem do estudante de ensino a distância – um aprendente autônomo. Pelo contrário, estudos mostram que muitos alunos dessa modalidade de ensino demonstram tendência a exercitar “uma aprendizagem passiva digerindo pacotes instrucionais e regurgitando conhecimentos assimilados nas avaliações” (BELLONI, 2006, p. 40). Relata que tal fenômeno pode ser explicado pelo tipo de concepção do curso, práticas industrializadas, materiais inadequados mas que encerram uma outra dimensão, que são as características e condições de estudo dos “aprendentes”. Na pesquisa realizada, as tutoras presenciais registraram que o público do curso de Serviço Social, de suas respectivas unidades, em sua maioria, são 87 pessoas maduras que por questões variadas, tais como necessidade imperiosa de ir para o mercado de trabalho mais cedo, distância dos centros de educação superior, entre outros, ficaram impossibilitadas de prosseguir os estudos. Acrescem a estas características particularidades, outras tais como cursar o ensino superior para conseguir promoção na carreira, ou ainda, exigência formal do sistema judiciário para promoção, desde que o trabalhador se gradue em Serviço Social, História ou Direito, embora registrem, também, a presença de alunos provenientes, diretamente, do ensino médio, sendo em sua maioria um público de pessoas maduras, acho que a faixa etária é acima de 40 anos. É, e eu os coloco em duas categorias. Uma categoria são aqueles que possuem um cargo público e eles precisam do diploma de curso superior, talvez para permanecer no cargo ou para aumentar o salário. São alunos que não tiveram oportunidade antes de ingressar num curso superior e vêem no ensino a distância essa possibilidade. (Tutora presencial 1) A tutora entrevistada mostra a diversidade do público que procura o curso de Serviço Social nesta modalidade como [...] públicos assim, de todos os tipos que você vê. Você tem alunos que saíram do ensino médio, você tem público do Projovem, você tem pessoas que tem 30 anos que não vão à escola. Você tem pessoas que já estavam ligadas a área, como por exemplo, secretários de assistência social, você tem coordenador de CRAS[Centro de Referência da Assistência Social], que era formado em Pedagogia e está fazendo Serviço Social, você tem um público alvo muito diversificado, eu tenho uma mãe e uma filha na mesma sala.(Tutora presencial 4) Embora encontrem alunos egressos do ensino médio, a tutora registra que a maioria do público do ensino a distância, no curso de Serviço Social investigado, é composto em sua maioria por pessoas mais experientes e relatam ter encontrado alunos que conseguiram sair do ensino médio há pouco tempo e vieram para a graduação do ensino a distância. Mas na minha percepção, o público maior é de pessoas que já pararam de estudar há muito tempo e que trabalham, trabalham até hoje com uma carga de trabalho extensa e aí vêem no ensino a distância um facilitador por isso, porque é uma vez na semana que eles tem de estar presentes, então é o público que já parou de estudar, já concluiu o ensino médio há muito tempo e que sempre teve vontade de ser graduado, de ter uma graduação, encontrou no ensino a distância esta facilidade.(Tutora presencial 1) A percepção das entrevistadas é condizente com os dados divulgados 88 pela ABED – Associação Brasileira de Educação a Distância – que informa a faixa etária mais presente no ensino a distância, a de 30 a 34 anos, e em sua maioria já se encontram no mercado de trabalho. Há, também, pesquisa publicada em edição do Online Journal of Distance Learning Administration (volume XIII, número II, verão de 2010), publicação da University of West Geórgia (EUA) que comparou os interesses dos estudantes de EAD com seus perfis pessoais, e concluiu que, quanto mais motivos um aluno tem para deixar um curso antes de concluí-lo, mais inclinado a escolher um curso a distância ele se encontra. Daí, a pesquisa sugere que a evasão nos cursos a distância está relacionada mais com o perfil pessoal do aluno do que com o conteúdo oferecido pelo curso. Foram consideradas como variáveis que podem interferir na continuidade do curso, o quanto tempo o aluno trabalha por semana, idade, estado civil, se possui alguma necessidade especial e outros fatores da vida pessoal. Não foi objeto desta dissertação investigar os níveis de evasão em educação a distância mas os dados do perfil pessoal dos alunos apontados pelas tutoras entrevistadas coincide com as pesquisas relatadas e sugere que este público é egresso de cursos presenciais; maior concentração de jovens adultos; trabalhadores inseridos no mercado de trabalho com poucas horas disponíveis para os estudos; pouca experiência com educação a distância. Estas características do público que demanda o ensino a distância, se por um lado aponta para a maturidade na opção por essa modalidade por outro demonstra um público pressionado pelo reduzido número de horas disponíveis para dedicação aos estudos. A equalização dessa necessidade ou desejo de se qualificar, terminar os estudos, se formar, com a disponibilidade do tempo para os estudos aparece como condição inerente a uma formação de qualidade. Essas características pressupõem necessidades diferenciadas em termos de metodologias de ensino e aprendizagem e avaliativas. Cabe, aqui, interrogar se os cursos oferecidos nessa modalidade levam em consideração este perfil do alunado? As tutoras atribuem ao valor das mensalidades e à obrigatoriedade de estar presente, apenas uma vez por semana, no polo presencial, como maiores atrativos para a escolha do ensino a distância pela maioria dos estudantes. O depoimento da tutora expressa estas condições em que o aluno não tem dinheiro para acessar a graduação presencial, então tem aí 89 uma questão de acesso mesmo, por questões objetivas. Então, por isso ele vai para o ensino a distância. E eu acho que também por um atrativo de que, o compromisso é um dia na semana, uma noite. Isto facilita claro, se você tem filho, se você tem família, se você trabalha o dia inteiro, se você tem opção de fazer uma graduação onde você vai ter que ir só uma noite, você vai porque se você for para todas as noites, você não vê o seu filho mais, até você terminar a graduação. Então eu acho que estas duas coisas são motivadoras para escolha deste tipo de ensino. (Tutora presencial 3) As tutoras reforçam o fato de que os fatores, custo e tempo, são o grande atrativo na escolha da modalidade pois, a primeira coisa é o custo. O custo do ensino a distância hoje é bem menor do que o ensino presencial. A segunda coisa é a facilidade em relação a tempo, por exemplo, o ensino presencial, você tem que estar disponível toda noite, no ensino a distância você se adapta aos trabalhos que você faz pelo computador e somente um dia por semana você vai prá lá. Eu acho que isto é um fator indispensável, é o tempo e o custo. (Tutora presencial 4) Existiriam outras motivações que impulsionam o cidadão para se tornar um estudante do ensino a distância, para além dos atrativos identificados? Tudo leva a crer que o modelo capitalista, ao imputar ao cidadão a responsabilidade pelo seu sucesso, já impregnou o inconsciente coletivo da sociedade brasileira com a concepção de que o acesso ao diploma de nível superior encurtará a distância social para o sucesso profissional. Tal concepção está no bojo do avanço do neoliberalismo que tem transferido à educação novos papéis, quais sejam o de representar um caminho mais curto à ascensão social, devendo para tanto, adaptarse à realidade econômica, ao mesmo tempo em que deve adequar as pessoas à dinâmica do mercado de trabalho. Embora acessar ao ensino superior tenha reflexos na obtenção de melhoria da renda e emprego, o desemprego entre os trabalhadores com ensino superior aumentou em 2008 e 2009, conforme pesquisa de emprego e desemprego do DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio Econômicos, nas regiões metropolitanas de São Paulo, Porto Alegre, Belo Horizonte, apesar desta região (Sul e Sudeste) ser a que mais escolarizou a mão de obra nos últimos onze anos12. Teixeira e Frederico (2008) expressam a impossibilidade da formação ou requalificação do trabalhador ser suficiente para manter o nível de emprego pois, 12 Folha de São Paulo de 11 abr. 2010, caderno empregos. 90 se todo o segredo da economia, como ensinava Marx, resume-e à economia de tempo, a substituição do trabalho vivo (capital variável) pelas máquinas (capital constante) é um processo inexorável – reside aí a crise do emprego e o desmonte das leis de proteção ao trabalho. E, contra elas, não há programas de “requalificação profissional” capazes de inserir a totalidade dos desempregados, mas apenas uma minoria escapará da condição de “material descartável. (TEIXEIRA; FREDERICO, 2008, p. 179) Outro fator importante a ser considerado no perfil dos estudantes do curso de Serviço Social a distância investigado é o domínio das tecnologias de informação e comunicação indispensáveis ao modelo virtual. As tutoras entrevistadas revelaram que em relação ao acesso e domínio das TIC´s pelos estudantes há situações em que mesmo que o aluno chegue no primeiro período e não saiba mexer (no computador), porque tem gente que vai pro ensino a distância que não sabe ligar um computador, não sabe acessar, mas eles sempre conseguem alguém ali pra ajudar. Um filho, um sobrinho, um parente. E eu percebo que a partir do segundo semestre eles já estão bem inteirados, ainda que ele não tenha o computador em casa ele consegue ali na sua rede relacional, conseguir algum para atender sua demanda. (Tutora presencial 3) Os polos onde estão as tutoras entrevistadas, para minimizar tais aspectos, adotam plantão para orientar ou ensinar os alunos que ainda não dominam as TIC´s. Porque de acordo com a tutora temos alunos também que iniciam o curso sem saber como manusear o teclado, sem saber como manusear o computador, quais os recursos que o computador oferece. Mas aí, aqui a gente tem tutores de plantão e eles podem orientar os alunos nestas questões. (Tutora presencial 2) Além de reforço para que o estudante se familiarize com a tecnologia outras possibilidades são colocadas para os alunos, assim o polo tem laboratório, são computadores ligados a internet que podem ser disponibilizados pela manhã, pela tarde e a noite. Cada semestre a aula é em um dia da semana, no restante da semana o aluno que tiver interesse, que quiser vir estudar, o polo tem uma biblioteca formada, tem laboratório. Esse aluno, qualquer horário do dia ou da noite, tem acesso livre porque ainda temos alunos que escolhem curso a distância sem ter computador em casa. (Tutora presencial 2) Cabe questionar se, alunos que optaram por um curso que não demanda presença física em salas de aula, por absoluta falta de tempo e outros 91 compromissos, terão como utilizar deste tempo disponibilizado para o plantão. Tal incipiência, tanto no uso quanto no acesso às TIC´s, pode estar relacionada aos índices de penetração da tecnologia nos municípios brasileiros, bem como, condições econômicas para o acesso às tecnologias conforme dados PNAD 2008 – Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios. Extratos da população com menor poder aquisitivo possuem os menores índices de acesso à internet, demonstrado no GRÁF. 4: GRÁFICO 4 - Índices de penetração da tecnologia nos municípios brasileiros Fonte: IBGE – PNAD, 2008. Há indícios expressos nas falas das tutoras que a UNISOCIAL já identificou essa limitação e oferece serviços extras para proporcionar aos estudantes adaptação e acesso à tecnologia da informação e da comunicação. Mesmo com a popularização dos equipamentos e consequente acesso aos computadores pessoais por grande parte da população, caso o país não defina e não implemente uma política de democratização do acesso às TIC´S corre-se o risco de aumentar a distância entre as “classes mais poderosas e os excluídos - os sem modem”, conforme aponta Ramal (2001, p.1). A situação observada quanto ao acesso às TIC´s confirmam os dados da PNAD – Pesquisa Nacional de Amostra de Domicílios 2007-2008 (GRAF. 5), quanto à exclusão pela renda, na aquisição de computador e quanto aos custos de conexão, o que Kliksberg (2003) chamou de criação de mundos paralelos, divididos em 92 os que têm renda, educação e – linearmente – conexões, tem acesso barato e instâneo à informação. O resto fica com acesso incerto, lento e caro. Quando os habitantes desses mundos vivem e competem lado a lado, a vantagem de estar conectado relegará os marginalizados e empobrecidos, excluindo suas vozes e suas preocupações do diálogo mundial. (KLIKSBERG, 2003, p. 179) GRÁFICO 5 - Percentual de domicílios com microcomputador e com microcomputador com acesso à internet no total de domícilios particulares permanentes - Brasil 2007-2008. Esta é uma questão básica e estrutural para que se estabeleçam condições mínimas para que o estudante adentre ao mundo do ensino a distância e possa exercitar sua autonomia. Uma das características desejáveis para o aluno da educação a distância é a autonomia e independência que segundo Belloni (2006) está centrada no aprendente e esse considerado como um ser autônomo, gestor de seu processo de aprendizagem, capaz de autodirigir e auto regular este processo. Este modelo de aprendizagem é apropriado a adultos com maturidade e motivações necessárias à auto 93 aprendizagem e possuindo um mínimo de habilidades de estudo. (BELLONI, 2006, p.39-40) Uma das marcas do ensino a distância é a autonomia que deve caracterizar seus estudantes ou ser desenvolvidas nestes, para que obtenham sucesso na aprendizagem. As tecnologias da informação e comunicação que abrem as portas ao ciberespaço e a possibilidade de se estudar, onde e quando for conveniente ao aluno, exige em contrapartida uma maturidade e capacidade de gerenciamento das práticas de aprendizagem e estudo, moldando ou resultando daí um sujeito e aprendiz autônomo. Belloni (2006) considera a auto aprendizagem como fator básico para a realização do ensino a distância e que esta contribui para formar um estudante autônomo. O aluno autônomo, no ensino a distância é aquele capaz de auto dirigirse, auto regular-se ou seja de gerir seu próprio processo de aprendizagem. A autora afirma, ainda, que o desenvolvimento dessa modalidade de ensino pressupõe alunos adultos com maturidade e motivação suficiente para que se dê a auto aprendizagem. Num processo educativo autônomo o estudante deixa de ser objeto ou produto, mas passa a configurar um sujeito ativo, responsável pela sua própria aprendizagem, significando que após compreender é capaz de abstrair os conhecimentos e aplicá-los a situações novas. As tutoras, que foram entrevistadas, referiram como próprio do perfil de seus alunos, a busca por complementação do conhecimento oferecido nas tele aulas e outras experiências educativas porque “[...] o aluno tem uma liberdade, inclusive, até um incentivo ao auto estudo, que eu acho que isto instiga no aluno a ter uma disciplina, uma responsabilidade frente aos seus estudos, que eu acho chega a ser até maior do que no ensino presencial..” (Tutora presencial 1) Embora, alegado por vários autores, a autonomia é uma característica indispensável ao aluno do ensino a distância, mas segundo afirma Belloni (2006) a mesma é incomum no universo dos estudantes brasileiros, que desde os anos iniciais de escolarização não são preparados para esta autonomia e independência. Para os autores que discutem a educação a distância, este perfil do aluno brasileiro, está ligado à “educação bancária” que Freire (2002, p. 68) criticou quando afirmou que “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens se educam entre si, mediatizados pelo mundo.” 94 Aqui, não se deve confundir tal processo de autonomia como autodidatismo, destituído de orientação pedagogia ou de diálogos com os demais sujeitos envolvidos neste processo. Como esclarece Litwin (2001) a autonomia não deve ser confundida com o autodidatismo, pois um autodidata é o estudante que seleciona conteúdos e não conta com uma proposta pedagógica e didática para o estudo [...] Embora a modalidade a distância permita uma organização autônoma dos estudantes, não se deve esquecer que nela selecionam-se os conteúdos, orienta-se o prosseguimento dos estudos e propõem-se atividades para que os estudantes resolvam os mais complexos ou os mais interessantes problemas. Os programas de educação a distância contem uma clara proposta didática, talvez, e em contradição com as crenças mais comuns, com maior conteúdo didático que as situações presenciais. (LITWIN, 2001, p.14) Há o registro desta autonomia vinculada à busca de conteúdo no material fornecido pela instituição. Será este o caminho da autonomia que a educação a distância propõe? Diz a tutora se for um aluno dedicado que corre atrás do seu estudo, pega a apostila e destrincha, lê, porque as apostilas também, acho que elas dão uma base, não acho que também só elas dão fundamentação para o aluno não, depende do aluno, essa assimilação. (Tutora presencial 1) Conhecer como estes alunos realizam estas buscas e aprofundamentos sobre as temáticas estudadas é um bom indicativo para pesquisa nesta temática da formação em Serviço Social. Neste sentido, é importante registrar que em pesquisa sobre a “Implementação das diretrizes curriculares do Serviço Social no Brasil”, realizada pela ABEPSS (2006), já se apontava nos cursos presenciais o pouco contato dos estudantes com os originais dos autores clássicos do Serviço Social e outras áreas do conhecimento como um dos fatores que limitam o amadurecimento intelectual, as discussões e debates para o crescimento da formação profissional. No ensino a distância, a proposta do uso de apostilas pode configurar um dificultador no desenvolvimento de um ambiente propício à discussão ou leitura crítica das temáticas das disciplinas além de distanciar ou impedir que o estudante busque no contato direto com as obras dos autores clássicos das diversas áreas do conhecimento. 95 Na visão da tutora, o aluno do ensino a distância possui um perfil diferenciado, e já absorveu que nesta modalidade ele necessita de ser crítico e participativo: “o aluno do ensino a distância também é um aluno que é muito curioso, é um aluno persistente, é um aluno que ele tem uma visão diferenciada, é um aluno que já assimilou que neste espaço tem que ter senso crítico.” Quais seriam as motivações para a escolha do curso de Serviço Social pelos estudantes? Sob a visão das tutoras, tais motivações não divergem do que alunos de cursos presenciais registram ou como elas próprias procuraram o curso. Registraram que com a maior visibilidade da profissão, no momeno atual, alguns alunos chegam com uma visão mais próxima do real pois, [...] parte dos alunos vai para ter uma atuação enquanto assistente social, eles vão por uma identidade. Porque já fizeram algum trabalho voluntário, porque já fizeram trabalho na igreja, por estas razões que, geralmente, nos motivam a fazer o curso, porque eu me sinto bem de trabalhar com gente, porque eu gostaria de fazer alguma coisa para uma melhoria. Eu percebo que é isto que nos leva, geralmente, para o curso de Serviço Social. E o aluno de ensino a distância, ele vai com esta primeira concepção, sim. Os alunos que não vão para ser assistente social mas sim, por conta da graduação em Serviço Social, eu acho que eles vão por uma outra motivação que é clara, que é da carreira deles. (Tutora presencial 3) Outra tutora atribui o conhecimento prévio sobre o Serviço Social, a partir da popularização da Política de Assistência Social por meio dos Centros de Referência da Assistência Social – CRAS, que contam com a presença constante do profissional, porque hoje o Serviço Social principalmente, depois que a gente começou a ter os CRAS, uma assistente social em cada município, mudou muito a visão do Serviço Social, ser assistente social. Eles já chegam, eles já sabem, ainda que superficialmente, o que faz o assistente social, o que ele pode fazer, o que ele deve fazer. Então, claro que no decorrer do curso ele vai ter esta visão profissional, mas hoje em dia, poucos são os que chegam “crus”, “nunca ouviu falar”, passei, estou fazendo porque passei no vestibular. Não, eles já tem um conhecimento pelo menos superficial do Serviço Social, até mesmo, do Serviço Social enquanto profissão, enquanto profissão legalizada com código de ética e claro, a partir do momento que o aluno está no curso, ele vai aperfeiçoando esta visão. (Tutora presencial 4) 96 4.1 Projeto Ético Político Profissional e Diretrizes Nacionais Curriculares para os cursos de Serviço Social Na construção dos objetivos desta pesquisa definiu-se por analisar a formação dos estudantes de Serviço Social, na modalidade a distância por meio da tutoria. A formação dos futuros assistentes sociais nesta análise foi referenciada no projeto ético político da categoria profissional, nas Diretrizes Curriculares e nos Referenciais de Qualidade para a Educação Superior a Distância do MEC. O projeto ético político dos assistentes sociais está inserido no projeto societário que esta categoria defende para a população deste país, conforme Paulo Netto (2006, p.15) “um projeto societário que propõe a construção de uma nova ordem social, sem exploração/dominação de classe, etnia e gênero”. Trata-se de projeto de classe que disputa com outros projetos na sociedade, no caso do Brasil com o projeto neoliberal, e se constitui em fenômeno próprio da democracia política. O projeto profissional desta categoria apresenta uma imagem da profissão, valores que a legitimam, sua função social e seus objetivos, conhecimentos teóricos, saberes interventivos, normas, práticas, entre outros, que Paulo Netto (2006) definiu como um projeto profissional que apresenta uma auto imagem de uma profissão, elegem os valores que a legitimam socialmente, delimitam e priorizam seus objetivos e funções, formulam os requisitos (teóricos, práticos e institucionais) para o seu exercício, prescrevem normas para o comportamento dos profissionais e estabelecem as bases das suas relações com os usuários de seus serviços, com as outras profissões e com as organizações e instituições sociais privadas e públicas (inclusive o Estado a que cabe o reconhecimento jurídico dos estatutos profissionais). (PAULO NETTO, 2006, p.4) Na atualidade, o Serviço Social expressa seu projeto de profissão pelo Código de Ética, instituído em 1993, pela Resolução CFESS n. 273/93, que atribui direitos, deveres e vedações aos assistentes sociais, guiando-se por princípios e valores humanistas, que balizam o exercício cotidiano da profissão, com destaque para o reconhecimento da liberdade como valor ético central; a defesa intransigente dos direitos humanos; a defesa do aprofundamento da democracia e da consolidação da cidadania; o posicionamento pela equidade e justiça social; o empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, a garantia do pluralismo; 97 o compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e na articulação com outros profissionais e trabalhadores. O núcleo deste projeto profissional está no reconhecimento da liberdade como valor central. Esta, concebida historicamente, como possibilidade de escolha entre alternativas concretas, gerando compromisso com a autonomia, emancipação e a plena expansão dos indivíduos sociais. Daí a defesa intransigente dos direitos humanos, repúdio ao arbítrio e ao preconceito e a adoção do pluralismo tanto na sociedade quanto no exercício profissional. Ainda segundo Paulo Netto (2006) a dimensão política do projeto é claramente enunciada: ele se posiciona a favor da equidade e da justiça social, na perspectiva da universalização do acesso a bens e a serviços relativos às políticas e programas sociais; a ampliação e a consolidação da cidadania são explicitamente postas como garantia dos direitos civis, políticos e sociais das classes trabalhadoras. Correspondentemente, o projeto se declara radicalmente democrático – considerada a democratização como socialização da participação política e socialização da riqueza socialmente produzida. (PAULO NETTO, 2006, p. 16) O projeto assume, também, uma relação de compromisso com os usuários dos serviços, com a qualidade dos serviços prestados à população, bem como, com a possibilidade de incluir os usuários na participação das decisões institucionais. Possibilita o compartilhamento com outras categorias e movimentos sociais desde que se solidarizem com a luta geral dos trabalhadores. Ainda que não assumido por todo contingente de assistentes sociais brasileiros tal projeto ético político vem se mantendo hegemônico na categoria, embora não seja esta posição unânime entre alguns pensadores do Serviço Social. O depoimento de uma das tutoras expressa essa possibilidade pois, “ eu acho que o curso oferece contato com este projeto ético político da profissão e que o aluno, ele vai aderir a isto ou não.” (Tutora presencial 3) Aqui, é bom que se reflita, pois, ao mesmo tempo em que não há como obrigar ou forçar alguém a assumir um projeto profissional, o fato de estar inserido nesta categoria pressupõe um compromisso ético. Paulo Netto (2006) expressa tal possibilidade no interior da categoria profissional, pois, é evidente que a preservação e o aprofundamento deste projeto, nas condições atuais, que parecem e são tão adversas, dependem da vontade majoritária do corpo profissional – porém não só dela: também dependem vitalmente do fortalecimento do movimento democrático e popular, tão 98 pressionado e constrangido nos últimos anos. Mas, na medida em que, no Brasil, tornam-se visíveis e sensíveis os resultados do projeto societário inspirado no neoliberalismo – privatização do Estado, desnacionalização da economia, desemprego, desproteção social, concentração exponenciada da riqueza etc. -, nesta mesma medida fica claro que o projeto ético-político do Serviço Social tem futuro. E tem futuro porque aponta precisamente ao combate (ético, teórico, ideológico, político e prático-social) ao neoliberalismo, de modo a preservar e atualizar os valores que, enquanto projeto profissional, o informam e o tornam solidário ao projeto de sociedade que interessa à massa da população. (PAULO NETTO, 2006, p. 19) A interseção do projeto ético político profissional com a formação acadêmica se dá por meio das diretrizes curriculares que incorporaram os fundamentos da profissão como subsídio para a sua formulação e é expresso no pressuposto de que o significado sócio histórico e ideo político do Serviço Social está inscrito no conjunto de práticas sociais que são acionadas pelas classes e mediadas pelo Estado em face das seqüelas da questão social [...], a particularidade do Serviço Social como especialização do trabalho coletivo inscrito na divisão social e técnica do trabalho está organicamente vinculada às configurações conjunturais e estruturais da questão social e às formas históricas do seu enfrentamento, que são permeadas pela ação dos trabalhadores, do capital e do Estado (2005, CARDOSO citado por CARDOSO, 2007, p.36) As diretrizes nacionais curriculares, juntamente, com o código de ética do assistente social e a Lei n. 8.662 (1993) que regulamenta o exercício profissional, configuram o que se convencionou chamar de projeto ético político profissional, sobre o qual se fundamenta a práxis profissional. Na luta em defesa de uma formação de qualidade, as diretrizes curriculares exercem uma estratégia de resistência ao processo de descaracterização dos compromissos coletivamente assumidos pela profissão que tem espaço cada vez mais restrito num contexto progressivo e velado de retrocesso tecnicista, o que só aumenta sua relevância. (MENDES; PRATES, 2007, p.194) Portanto, a formação acadêmica influenciada por este projeto profissional exige um perfil de trabalhador com conhecimento teórico metodológico, técnico operativo, ético político e habilidades e competências capazes de responder as demandas provenientes da sociedade brasileira, que articulem os ensinamentos teóricos com a realidade posta pela questão social, objeto de trabalho dos assistentes sociais. 99 O projeto ético político profissional implica compromisso com os usuários do Serviço Social, alicerçado no aperfeiçoamento intelectual, com ênfase na formação acadêmica qualificada que se fundamenta em concepções teórico metodológicas, críticas e sólidas que possibilitam ao profissional proceder uma análise da realidade e a buscar uma auto formação continuada de caráter investigativo. As diretrizes nacionais curriculares em suas opções éticas, teóricas, técnicas, metodológicas comungam com o projeto profissional dos assistentes sociais onde se inclui a formação como “parte deste projeto profissional, que se define e redefine no movimento contraditório da sociedade, a partir de uma direção social estratégica” (ABREU e LOPES, 2007 p. 11). Convém lembrar que as Diretrizes Curriculares dos Cursos de Serviço Social se constituíram como fruto de um trabalho coletivo realizado pelas entidades organizativas da categoria dos assistentes sociais. A ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social coordenou o debate para a revisão curricular. Entre 1994 a 1996 foi realizado no Brasil em torno de duzentas oficinas locais nas unidades de ensino filiadas a então ABESS – Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social13, vinte e cinco oficinas regionais e duas oficinas nacionais. Discentes, docentes e profissionais participaram dessa construção coletiva da proposta de alteração curricular, aprovada em novembro de 1996. O debate sobre as Diretrizes Nacionais Curriculares trouxe para a discussão várias questões sobre o perfil do bacharel em Serviço Social, as características do ensino em Serviço Social, as competências teórico metodológicas e técnico operativas e éticas demandadas do profissional, bem como sobre a formação operacionalizada pelos docentes das Escolas de Serviço Social. As diretrizes curriculares foram trabalhadas por uma comissão de especialistas e aprovadas pelo Ministério de Educação e Cultura em 2001. Esta normativa legal se constitui hoje os parâmetros que devem ser observados pelos cursos de Serviço Social em todo o Brasil, embora com alterações no projeto original discutido, originalmente, pela categoria profissional. 13 ABESS – Associação Brasileira de Ensino em Serviço Social (nome da ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social naquele período) 100 Assim, convém lembrar que as Diretrizes Curriculares ao serem encaminhadas ao Conselho Nacional de Educação foram em parte descaracterizadas quanto à “direção social da formação profissional, aos conhecimentos e habilidades preconizados e considerados essenciais ao desempenho do assistente social” por cortes e supressões sofridos no projeto original proposto, tais como substituição do texto do perfil do bacharel em Serviço Social. Onde se lia “profissional comprometido com os valores e princípios norteadores do Código de Ética do Assistente Social” leia-se “utilização dos recursos de informática” entre outras alterações. (IAMAMOTO, 2008, p.445) Mesmo com estes percalços o ensino do Serviço Social pelas IES está sustentado no desafio da implementação e consolidação dos Núcleos de Fundamentação da formação profissional, estruturados nas Diretrizes Nacionais Curriculares aprovadas pelo MEC ainda que descaracterizadas. Tais núcleos se constituem em: – Núcleo de Fundamentos Teórico-Metodológicos da vida social, que compreende um conjunto de fundamentos teórico-metodológicos e ético-políticos, para conhecer o ser social. Deve fornecer elementos para análise da sociedade burguesa e do trabalho na sociabilidade humana. O estudante deverá compreender, teoricamente, o Estado e a política, classes e grupos sociais, representação da vida social, ideologias, bases para compreensão da dinâmica da vida social na sociedade burguesa, conforme Resolução n.15 de 13 de março de 2002, do Ministério de Educação e Cultura (MEC, 2002) – Núcleo de Fundamentos da Formação Sócio-Histórica da sociedade brasileira, que remete à compreensão das características históricas particulares que presidem a sua formação e desenvolvimento urbano e rural, em suas diversidades regionais e locais. Compreender a formação e desenvolvimento da sociedade brasileira, relações Estado e sociedade, políticas sociais, movimentos sociais. Apreensão da produção e reprodução da questão social. (MEC, 2002) – Núcleo de Fundamentos do Trabalho Profissional, que compreende os elementos constitutivos do Serviço Social como uma especialização do trabalho: sua trajetória histórica, teórica, metodológica e técnica, os componentes éticos que envolvem o exercício profissional, a pesquisa, 101 o planejamento e a administração em Serviço Social e o estágio supervisionado. Elementos constitutivos do Serviço Social, sua inserção na divisão sócio-técnica do trabalho, trajetória histórica, teórica, metodológica e técnica, a ética profissional, pesquisa, planejamento e estágio supervisionado. Por meio destes núcleos estruturam-se os conhecimentos, atribuições, competências, habilidades, cuja formação objetiva construir o perfil profissional do assistente social balizado pelo projeto ético político profissional. (MEC, 2002) Tais núcleos não devem representar uma sequência evolutiva de conteúdos ou hierarquizar matérias externas e internas ao universo profissional, segundo analisa Iamamoto (2001). Eles devem ser inseridos no currículo como níveis distintos e ao mesmo tempo complementares de conhecimentos indispensáveis à atuação profissional. Outra característica presente na lógica curricular é que as matérias básicas previstas que contemplam as áreas de conhecimento necessárias à formação podem ser tratadas como disciplinas, seminários temáticos, oficinas, laboratórios, atividades complementares, como monitorias, pesquisa, extensão, intercâmbios entre outros. Esta lógica, intencionalmente, busca superar a visão tradicional focada, exclusivamente, em disciplinas, “valorizando a participação do estudante na dinâmica da vida universitária” (IAMAMOTO, 2001, p.73). Segundo o que relata uma das tutoras entrevistadas, a organização curricular no ensino a distância propicia esta dinâmica de modo insuficiente considerando-se o tempo reduzido e a responsabilidade do aluno em realizar a gestão do seu próprio conhecimento […] porque também não dá tempo de ser preparado, de ter um projeto que viabilize que o aluno tenha mais do que na tele aula, se ele mesmo não procura. Por isso a gente frisa bastante que o aluno do ensino a distância, ele tem que ser autodidata. Porque a tele aula, aula atividade ou o restante que pode possibilitar um ganho de aprendizado que aumenta o conhecimento é o aluno que tem que se dispor. E é ele que tem que buscar este conhecimento porque o tempo é pouco, uma aula por semana não possibilita este sistema de seminários. Existe seminários, a universidade, de vez em quando tem alguns cursos que possibilita que o aluno ganhe horas acadêmicas porque isto também é cobrado no decorrer do curso. Mas não tem a possibilidade de criar seminários nem palestras, nem dinâmicas oferecidas pela universidade mas o aluno pode participar de qualquer outro 102 seminário que exista no polo que ele estuda, no município que ele está inserido. (Tutora presencial 2) Coube a ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social enquanto entidade civil de natureza acadêmico-científica de âmbito nacional, coordenar a proposta de formação profissional na área de Serviço Social, conduzindo as discussões sobre as diretrizes nacionais curriculares, por meio de um trabalho coletivo realizado com as entidades organizativas da categoria dos assistentes sociais – o Conselho Federal de Serviço Social, os Conselhos Regionais de Serviço Social e ENESSO – Executiva Nacional de Estudantes de Serviço Social. As diretrizes curriculares foram trabalhadas por uma comissão de especialistas e aprovadas pelo Ministério de Educação e Cultura em 2001 pela Resolução n. 15 do CNE/CES a partir dos pareceres CNE/CES 492/2001 e 1363/ 2001 do MEC. Esta normativa legal constitui, hoje, o parâmetro que deve ser observado pelos cursos de Serviço Social em todo o Brasil, mesmo com alterações no projeto original discutido pela categoria profissional, pois as diretrizes curriculares embora profundamente afetadas pelas estratégias de flexibilização da formação profissional para o mercado [...] mantém-se como referência de luta e resistência, na defesa de uma educação referenciada nas demandas das classes subalternas e na perspectiva do fortalecimento das lutas sociais emancipatórias da sociedade. (ABREU e LOPES, 2007, p. 13) A pesquisa realizada fez um percurso quanto à compreensão das tutoras sobre alguns normativos, que dão direção pedagógica e política à formação. Quanto às Diretrizes Nacionais Curriculares, as sete tutoras que responderam ao questionário declararam conhecê-las e concordaram que a opção teórico metodológica definida pelo projeto político pedagógico do curso está coerente com as diretrizes para os cursos de Serviço Social. Uma entre as tutoras discordou desta adequação bem como quanto à adequação do ementário e bibliografia, conteúdos das disciplinas e práticas pedagógicas aos objetivos do curso e ao perfil profissional da formação. Afirmaram, também, não desconhecer a atuação e produção teórica da ABEPSS enquanto entidade ligada à formação. Nas entrevistas realizadas, uma tutora relacionou o conhecimento das diretrizes com um dos que fundamentam uma “boa formação”. Para a entrevistada: “o tutor tem que ter muita clareza das diretrizes do curso de Serviço Social. E de tudo que fundamenta uma boa formação, o que 103 está relacionado, seja aos fundamentos teóricos, sejam aos aspectos ético políticos do curso.” (Tutora presencial 1) Conforme registrado anteriormente, as tutoras em sua grande maioria são recém egressas de cursos de Serviço Social, na modalidade presencial. Portanto, este é o referencial, muitas vezes utilizado em suas avaliações sobre o curso de modalidade a distância. Quando questionadas, dentro de sua visão, sobre a coerência dos conteúdos com as diretrizes, uma das tutoras declarou acreditar que a instituição tem oferecido subsídio para que o aluno aprenda porque as disciplinas oferecidas não são diferenciadas do curso presencial. Então, mesmo que seja em número reduzido, a instituição tem esta preocupação. (Tutora presencial 2) Outra tutora reforça este entendimento baseada na existência das disciplinas Fundamentos do Serviço Social I, II, III e IV e no tocante ao conhecimento do ser, tem antropologia, sociologia, psicologia I e II. Então há esta articulação em relação às disciplinas, isto é apresentado para os alunos dentro das disciplinas e que eu acredito que atende prontamente. E quando a gente assiste estas aulas, elas atendem ao aluno e situam o aluno de acordo com a função mesmo do assistente social e que é o Serviço Social, isto é apresentado para ele dentro da disciplina. (Tutora presencial 2) Na ótica das tutoras entrevistadas, o curso de Serviço Social a distância proporciona condições para o desenvolvimento da aprendizagem, seja pelo conteúdo que é disponibilizado via material didático, que segundo elas, está coerente com as diretrizes nacionais curriculares, seja pela tecnologia adotada pela instituição. No entanto, na concepção da tutora o conteúdo que o curso oferece é reduzido e demanda outras buscas por parte do aluno para ampliação do conhecimento, o que não difere de um curso presencial, segundo a visão da entrevistada é um modelo de ensino que se o aluno não tiver vontade de buscar para além daquilo que é oferecido, é pouco. Eu costumo dizer para os alunos que eles tem condição grande de fazer um curso rasteiro, mas eu acho que isto, também é possibilidade, é oferecida no presencial. Mas ele tem chance de fazer um bom curso, se ele assim quiser. Se ele buscar, se ele realmente fizer os trabalhos, se ele buscar coisas para além daquilo que é oferecido. (Tutora presencial 3) Junto com o pouco tempo disponível dos alunos, as tutoras mencionaram 104 como uma das características desse estudante da educação a distância ser autodidata, buscar o conhecimento. Esta modalidade de ensino pressupõe um estudante autônomo ou independente, mas segundo Litwin (2001, p.14) “a autonomia não deve ser confundida com o autodidatismo, pois um autodidata é o estudante que seleciona os conteúdos e não conta com uma proposta pedagógica e didática para o estudo” ou que dispensaria o professor ou o tutor. Na educação a distância, a proposta de aprendizagem autônoma não considera o estudante objeto ou produto, mas sujeito ativo que realiza sua própria aprendizagem. Mas Belloni (2006) ressalta que o conceito de aprendente autônomo, ou independente, capaz de autogestão de seus estudos é ainda embrionário, do mesmo modo que o estudante autônomo é ainda exceção no universo de nossas universidades, abertas ou convencionais. (BELLONI, 2006, p. 41) Este aluno autônomo ou sujeito aprendente demanda um perfil específico de estudante, que segundo as tutoras, vem jogar por terra o mito de que o ensino a distância seja fácil. Para que o aluno leve a bom termo seus estudos, segundo a tutora não é só o aluno ir à escola, assistir à tele aula, fazer a aula atividade, acabou, não. O ensino a distância ainda tem os exercícios que os alunos fazem, duas aulas que são na web. Para cada duas aulas você tem uma prova, cada disciplina você tem quatro aulas na WEB e duas provas na WEB e um trabalho de portifólio em que o professor escolhe determinado tema e os alunos vão a campo pesquisar, em livros, na própria internet, e em outros campos sobre, fazem entrevistas sobre o tema que o professor escolheu. (Tutora presencial 4) A partir do projeto pedagógico do curso de Serviço Social da UNISOCIAL que propõe formar o estudante de “maneira generalista e crítica, a fim de intervir nas diferentes expressões da questão social [...] fundamentado na concepção crítica da realidade”, as tutoras concordam que o currículo atende às orientações das diretrizes nacionais curriculares, pois os professores e também o material que eles utilizam são muito dentro do que é proposto pelas diretrizes. Ele fornece uma visão crítica para os alunos dessa posição muito contraditória do surgimento do Serviço Social, aliado mais a burguesia. Eles têm fundamentos marxistas também, desde o início da disciplina de fundamentos históricos, teóricos e metodológicos. A formação social, política e econômica do Brasil, também procura mostrar toda a contradição, as conseqüências da nossa formação, da escravidão e 105 a repercussão no modo de vida nosso hoje, então acho que está muito dentro, o curso tenta passar para o aluno uma visão bem crítica e real. (Tutora presencial 1) Mesmo acreditando que o curso atenda às diretrizes curriculares, as tutoras apontam uma questão pertinente ao processo do ensino a distância. Destacam a rapidez com que são ministrados os conteúdos mas entendem que [...] teoricamente, atende sim. Teoricamente, se você for pegar o objetivo, a ementa de cada disciplina, atende a todas estas questões dos núcleos das diretrizes nacionais curriculares. Todos os semestres ou períodos tem a disciplina de seminários temáticos, também, que eles buscam temas muito interessantes, mas às vezes eu percebo que duas aulas, por exemplo, para uma disciplina ou alguma disciplina específica, várias delas tem 2 ou 3 aulas, é pouco para o repasse do conteúdo pelo professor, sabe? Mas, assim, o objetivo da disciplina, a ementa, ela contempla tudo. (Tutora presencial 1) Na operacionalização das ementas do projeto pedagógico, as tutoras citam os seminários temáticos que nas Diretrizes Curriculares fazem parte dos conteúdos curriculares sustentados pelo tripé dos conhecimentos fundamentais à formação do futuro assistente social. Este tripé é constituído pelo núcleo de fundamentos teórico--metodológicos da vida social, núcleo de fundamentos da formação sócio-histórica da sociedade brasileira ou núcleo de fundamentos do trabalho profissional. Os “Seminários Temáticos” constantes do projeto pedagógico do curso sob análise definem em sua ementa como espaço para “discussão sobre temas atuais, complementares à formação profissional do assistente social”, ao qual a tutora se refere como executado com proposta de temas bastante interessantes, mas com a ressalva de tempo reduzido para apreensão dos conteúdos. De acordo com as Diretrizes Nacionais Curriculares, a partir do documento elaborado pela comissão de especialistas de ensino em Serviço Social, dentre os conteúdos necessários à formação está proposto para o currículo o tópico de estudo Fundamentos Históricos e Teórico-Metodológicos do Serviço Social, que engloba o conhecimento sobre o processo de profissionalização do Serviço Social nas sociedades nacionais enquanto especialização do trabalho; as fontes teóricas que fundamentam historicamente o Serviço Social e análise de sua incorporação nos modos de pensar e atuar da profissão em suas expressões particulares na Europa, na América do Norte e na América Latina, prioritariamente, no Brasil e o debate contemporâneo do Serviço Social. (MEC, 1999) 106 O projeto pedagógico da instituição sob análise desdobra este conteúdo em Fundamentos Históricos, Teóricos e Metodológicos do Serviço Social I a IV, e também, foi mencionado nas entrevistas com as tutoras. De acordo com as ementas apresentadas pela instituição, evidencia-se a busca pelo desenvolvimento de várias temáticas constitutivas do Serviço Social. Aborda a história do Serviço Social no Brasil, desde a sua criação e institucionalização, as influências das matrizes do pensamento filosófico, sociológico, registra, também, como se desenvolveu e posicionou-se a profissão através das décadas – a modernização conservadora e a emergência do debate crítico, no cenário sócio-político do país, a dinâmica sócio-política da vida brasileira e o contexto político da América Latina até as mudanças na prática profissional com as construções teórico-metodológicas da perspectiva modernizadora da profissão. O processo de renovação do Serviço Social, o movimento de reconceituação, a elaboração de um novo significado do Serviço Social, no contexto de democratização da sociedade brasileira. O rebatimento do ideário marxista na profissão e as mudanças na concepção e na metodologia do Serviço Social. O contexto neoliberal da década de 90 e seus reflexos, a lei de regulamentação, o código de ética e o estabelecimento do projeto ético-político da profissão. Toda esta temática é desenvolvida com uma carga horária de 320 horas, conforme consta no projeto pedagógico. As tutoras entrevistadas confirmam a oferta destas disciplinas e entendem que, em tese, é oferecida uma discussão condizente com o proposto pelas Diretrizes Curriculares. No entanto, registram a carga horária reduzida, tanto para as aulas quanto para o espaço de discussão e debate. Aliado ao tempo reduzido, fica patente a preocupação da tutora com a limitação que é colocada para o “repasse de conteúdo pelo professor” demonstrando, assim, a incorporação do modelo tradicional da educação, que acaba por trazer para o espaço da educação a distância o velho conceito do professor que transmite conhecimentos e a posição passiva do aluno que recebe a informação, totalmente incoerente, com o perfil do aluno que nesta modalidade, incontestavelmente, dever ser o centro do processo educativo. Ou ainda, comprova a grande chance de que o modelo presencial esteja sendo meramente transportado para o ensino a distância, ao qual se acoplaram as 107 tecnologias da informação e comunicação. Há que se convir tratar-se de um conteúdo denso, importante e que demanda uma discussão significativa sobre os aspectos da dinâmica que o Serviço Social instituiu no seu processo de institucionalização na sociedade brasileira, enquanto profissão inserida na divisão sócio-técnica do trabalho, e o porquê de suas opções teóricas, metodológicas, políticas e éticas. O mero despejo destas informações sem um tratamento analítico, crítico, contextualizado não poderá contribuir com a formação de um profissional à altura das exigências da sociedade atual. 4.2 Projeto pedagógico e supervisão direta de estágio em Serviço Social Dentro das especificidades do curso de Serviço Social as Diretrizes Nacionais Curriculares orientam o processo de estágio supervisionado . O estágio com supervisão direta em Serviço Social é uma atividade obrigatória que insere o aluno no campo profissional, ou no espaço sócio ocupacional com o objetivo de capacitar e qualificar ao exercício profissional sob à égide do projeto ético-político dos assistentes sociais. O estágio é um dos componentes do currículo que trata da prática na formação profissional. Mas não é o único. Segundo Boschetti (citado por Ramos, 2007, p.160) “os conteúdos de todas as disciplinas devem ter a preocupação de mostrar a vinculação entre teoria, realidade e as possibilidades de intervenção profissional em diferentes contextos e momentos históricos.” Além da orientação didático-pedagógica constante das Diretrizes Nacionais Curriculares, os estágios em Serviço Social são submetidos à prescrição geral da Lei Federal n. 11.788 (2008) que estabelece normas para o estágio dos estudantes e pelas normas específicas como a Resolução CFESS n. 533/2008, do Conselho Federal de Serviço Social, que regulamenta a supervisão direta de estágios no Serviço Social, e mais recentemente, pela Política Nacional de Estágios da ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social, divulgada em março de 2010. Tais documentos prescrevem de forma legal e normativa a realização dos estágios em Serviço Social. São portanto, parâmetros 108 para esta atividade acadêmica e de inserção à prática profissional. A Política Nacional de Estágio – PNE para os cursos de Serviço Social, instituída recentemente pela ABEPSS14 constitui um instrumento fundamental na formação da análise crítica e da capacidade interventiva , propositiva e investigativa do(a) estudante que precisa apreender os elementos concretos que constituem a realidade social capitalista e suas contradições, de modo a intervir, posteriormente, como profissional, nas diferentes expressões da questão social, que vem se agravando diante do movimento mais recente de colapso mundial da economia, em sua fase financeira, e de desregulamentação do trabalho e dos direitos sociais. O estágio supervisionado em Serviço Social, historicamente, tem apresentado várias inadequações e gerado várias mobilizações das entidades organizativas da categoria – profissionais e estudantes, por meio de debates, fóruns. A publicação da Política Nacional de Estágio pela ABEPSS sob o fundamento das diretrizes, código de ética e Lei 8.662 (1993), em março de 2010, expressa a preocupação em sanar tais inadequações, colocando o estágio no devido patamar, enquanto estratégia de articulação da teoria e prática e como forma de tratar um dos principais problemas a ser enfrentado na materialização do estágio como processo formativo e da instituição social como possibilitadora desse exercício acadêmico pedagógico encontra-se no conflito e tensão existentes entre a exigência pedagógica e a determinação do mercado que amplia sua tendência de substituir o processo pedagógico de ensino e aprendizagem concebido como diretriz na formação profissional pelas unidades de ensino através da solicitação de alunos de 1º. e 2º. anos letivos para o estágio, sem terem ainda adquirido os conhecimentos teóricos, as habilidades para essa inserção. Essa demanda do mercado não pode sucumbir o projeto formativo de responsabilidade das unidades de ensino, tornando-o refém dos ditames do mercado que impõe a mão de obra barata e a desqualificação (de) formativa ao aluno em sua condição de estudante – trabalhador. (ABRAMIDES, citada pela PNE da ABEPSS 2010, p.6) A Resolução CFESS n. 533 (2008), expressa o reconhecimento das entidades da categoria quanto a atividade de supervisão direta do estágio em Serviço Social que constitui momento ímpar no processo ensino aprendizagem, pois se configura como elemento síntese na relação teoria prática, na articulação entre pesquisa e intervenção profissional e que se consubstancia como exercício teórico prático, mediante a inserção do aluno nos diferentes 14 Política Nacional de Estágio, da ABEPSS, 2010, p.11. 109 espaços ocupacionais das esferas públicas e privadas, com vistas à formação profissional, conhecimento da realidade institucional, problematização teórico metodológica (Resolução CFESS n. 533, de 29 de setembro de 2008). Além do aspecto normativo e jurídico legal que orienta de modo geral a realização dos estágios, as especificidades da supervisão direta em Serviço Social devem ser de conhecimento de todos os sujeitos envolvidos no processo. A supervisão como um processo é parte integrante do projeto de formação profissional, seus pressupostos, princípios, orientação teórico metodológica e direção social devem ser buscados nas diretrizes da formação profissional dos assistentes sociais e em outros componentes do projeto ético político profissional. (GUERRA e BRAGA, 2009, p. 543) Guerra e Braga (2009) distinguem no processo de supervisão de estágios os papéis do supervisor de campo e de supervisor acadêmico. O assistente social, ao exercer a função de supervisor de campo, está realizando uma de suas atribuições privativas definidas pela Lei 8662/93, que regulamenta a profissão. O professor ao realizar a supervisão acadêmica, além da atribuição privativa, exerce uma atividade indissociável do estágio que se articula ao projeto profissional. É no espaço da supervisão que se reflete de maneira sistemática sobre os processos sociais e se busca conhecer para além do imediato, da aparência. Portanto, os encontros periódicos na supervisão são imprescindíveis à problematização, reflexão e sínteses permanentes. Na instituição investigada, conforme consta do projeto político pedagógico, o estágio é realizado a partir do quinto semestre, cuja finalidade é desenvolver práticas voltadas a investigação, a participação no planejamento, na formulação, implementação, na execução e na avaliação de planos, programas e projetos de intervenção, tanto em instituições públicas, privadas, organizações não governamentais – ONG´s, e Organizações da Sociedade Civil de Interesse Público OSCIP´s. Pode ser articulado com o trabalho de ensino/pesquisa, fundamentando o trabalho de conclusão de curso – TCC.” Neste momento do curso, o aluno deverá produzir em conjunto com o assistente social de campo, o plano de estágio que contemplará as atividades que serão desenvolvidas em campo que será orientado pelos tutores virtuais e de sala. No sexto semestre, o aluno deverá apresentar um projeto de intervenção 110 para o campo de estágio que deverá refletir a visão crítica, investigativa e criativa do aluno e também a articulação do conhecimento teórico adquirido no curso e na prática social. E no sétimo semestre, o aluno elaborará a análise institucional do campo de estágio como método avaliativo. A instituição disponibiliza, ainda, “controle pedagógico de estágio” constituído de um grupo de profissionais qualificados para atendimento ao aluno. O objetivo geral do estágio para a instituição é “assegurar ao aluno, o exercício da experiência profissional, por meio da vivência com a realidade social do cotidiano profissional, consolidando os conhecimentos adquiridos no curso e a articulação teoria e prática” A carga horária prevista é de 450 horas e abrangerá do 5º ao 8º Períodos.15 A UNISOCIAL descreve e enumera no projeto político pedagógico os critérios exigidos para que as instituições concedentes do estágio estejam enquadradas como campos de estágio e, portanto, aptas para celebrar o Termo de Compromisso de Estágio curricular obrigatório. Consta, também, do projeto político pedagógico o que compete ao estagiário, professor, tutor eletrônico e tutor de sala, em relação ao estágio e que o trabalho de conclusão de curso, o estágio supervisionado, as práticas curriculares serão desenvolvidas, paralelamente, às disciplinas da matriz curricular. A política de estágio enquanto fortalecimento das ações de formação/capacitação dos supervisores, articulação de fóruns de estágio, avaliação permanente, seminários integrados com outras disciplinas, atividades de preparação para inserção do estudante no campo entre outras, não está implementada nos polos. Pelos dados gerados pelas tutoras participantes da pesquisa, há registros de que campos de estágio locais não possuem capacidade de absorver os estudantes. Como alguns polos estão localizados em pequenos municípios, com poucas instituições detentoras de setor ou departamentos de Serviço Social, há uma desproporcionalidade entre o número de estudantes que demandam o estágio e a capacidade de absorção destes. Além desta condição, as tutoras citam a resistência de profissionais assistentes sociais em receber os estudantes da educação a distância. As tutoras expressaram como 15 Página eletrônica da instituição investigada. 111 um impasse muito grande porque a categoria não quer supervisionar estágio do ensino a distância. É uma realidade que a gente tem hoje. Os alunos, a maioria, muitos estão procurando em município fora, por exemplo, tem muita gente que mora em “Felicidade” e faz estágio em “Alegria”, „Paz‟, porque não tem profissional disposto a supervisionar. A orientação acadêmica a universidade, ainda está adaptando, a gente procura dentro do tempo de plantão orientar o estágio, mas a universidade ainda está orientando a gente em relação ao estágio supervisionado. Não tem supervisor acadêmico. (Tutora presencial 4) As tutoras entrevistadas atribuíram ao estágio a principal ação, em que se materializa as discussões sobre a prática. O tratamento dado à prática profissional pelo currículo ou o “ensino da prática” não é assumido como centralidade e transversalidade às demais disciplinas. O que converge com Guerra (citada por RAMOS, 2007, p.167) “este ensino se operacionaliza prioritária e, restritivamente, por algumas disciplinas. Aqui, novamente, aparece a clara distinção positivista entre disciplinas teóricas e práticas, mantendo uma relação de subalternidade de umas sobre as outras.” Algumas situações de inadequação já identificadas no ensino presencial repetem-se na educação a distância. A utilização do estágio como mão de obra barata, a inexistência de acompanhamento didático-pedagógico, a falta de acompanhamento sistemático para articulação da teoria e prática, entre outros também se instalam, nessa modalidade de ensino. Ramos (2007) argumenta que o fato dos estagiários atuarem realizando atividades desvinculadas do Serviço Social traz o risco de reconhecerem de forma confusa e desconexa as competências e atribuições profissionais responsáveis pela legitimidade da profissão. Os depoimentos das tutoras apontam para esta direção em que [...] infelizmente, é algo que eu percebo, não só aqui que os alunos trazem para mim, da prática de estágio, é algo que eu percebo no meu dia a dia como assistente social, é algo que eu também já trago assim, da minha formação acadêmica. .A nossa profissão, eu acho que ela cai numa „fazeção‟, sabe, ela cai numa prática mecanizada, muito fácil. Então, os alunos quando eles vão pro campo eles percebem isto e trazem isto prá gente sim. É e aí tem aluno que fala que entrou pro estágio e estão achando que ele é motorista porque ele sabe dirigir. Tem aluno que entra e fala que eles não colocam, não possibilitam pra esse aluno nenhum momento de discussão institucional, de discussão da sua prática ali, coloca ele para fazer alguma prática meio que burocrática, mecanizada. Infelizmente, isto ainda é muito comum aqui. Desde a minha época e, hoje, aqui, no ensino a distância, não tem muita diferença não. (Tutora presencial 1) A antiga denúncia do uso do estágio como mão de obra barata continua 112 atual, pois na visão da tutora muitas vezes o aluno, principalmente, do ensino a distância que é uma modalidade nova, ele vai a campo ou o supervisor recebe o estagiário, por que? Porque o prefeito pediu, porque o estagiário é amigo, conhece e aí muitas vezes ele coloca o estagiário lá, de qualquer jeito, só prá falar que fez estágio. Mas o aluno que faz um estágio bem feito, que é grande parte dos alunos, isso acontece, esse caso de fazer mais, vamos dizer entre aspas mal feito, acontece mais em cidades do interior, onde o aluno não tem oportunidade de vir para o polo ou que a cidade polo não abrange. (Tutora presencial 4) Outras vezes, a incompreensão do espaço do estágio, dos seus objetivos, denotam uma tendência de busca pela receita pronta de como fazer Serviço Social, conforme constata a tutora ao afirmar que os alunos vão pro estágio pensando que o estágio é o campo da prática mas que vão ter esta prática toda pronta, vai ter uma fórmula de como atender, como executar, como fazer um relatório e é o campo de estágio que é o campo para ter conhecimento da prática e não para trazer a prática pronta. (Tutora presencial 2) Na operacionalização do estágio supervisionado, algumas questões se mostram inadequadas na instituição sob análise. Está registrado como responsabilidade do estudante a busca pela vaga do estágio com os posteriores passos para a concretização do “Termo de Compromisso do Estágio”. Não fica explicitado quem ou se são avaliadas a priori as condições éticas e técnicas deste espaço sócio ocupacional enquanto provável campo de estágio. Numa fala que denota um sobretrabalho e falta de definição sobre quem exerce o papel de supervisor acadêmico, a tutora se expressa quanto a esta questão, pois nestes casos o aluno procura uma instituição, a universidade faz o convênio, emite o termo de compromisso. Tudo dentro da lei de estágios. Eles são até muito rígidos em relação a isto. O aluno tem que estar estagiando num local, necessariamente, que tem um assistente social pra supervisionar a sua prática e eu faço aqui a orientação. Os alunos não tem ainda, eu até falei isto com eles (a instituição) este semestre, um dia a mais, fora meu dia aqui de tutora, para eu poder dar uma orientação mais bacana, sabe? Porque para dar atenção a todos da forma que eu acho que merece, para eu poder discutir com eles. Mas, acaba que eu discuto em grupo. Depois, se o aluno tem necessidade ele me procura, particularmente, prá gente fazer esta discussão mais individual, às vezes de um caso específico do aluno, de campo. Outra coisa, os alunos buscam as instituições para serem conveniadas com a universidade. Mas , está havendo dificuldades, o que é bastante comum porque tem muita resistência ainda com os alunos do 113 ensino a distância Eu vou às instituições e levo um pouco do que é a Universidade para eles e tal, e busco fazer o convênio, o que facilita este processo quando fica muito por conta do aluno fazer, quando eu vou presencialmente, facilita.(Tutora presencial 1) A tutora evidencia em sua fala uma exigência da instituição em que o tutor de sala exerça a supervisão acadêmica mas não há remuneração nem definição de carga horária, sugerindo um formato precarizado na oferta da disciplina de estágio supervisionado pois a universidade propõe, ela exige, a supervisão acadêmica, que tem que haver mesmo, além da supervisão de campo. Mas quem faz essa supervisão de campo e a que horas, isto não é colocado, então, o polo também não se manifesta porque isto gera contratação, gera gastos, uma série de coisa. Hoje, a realidade que a gente tem é que eu não tenho clareza de como que vai acontecer esta supervisão acadêmica que no ano passado não aconteceu. Eu acho que isto é o grande ponto falho hoje, eu tive turma de estágio, no semestre passado. (Tutora presencial 3) Outra tutora descreve a situação inadequada em que os estágios estão se dando, quando o aluno vai para o campo fazer o estágio, não tem supervisor acadêmico, não existe contato do supervisor de campo com o supervisor acadêmico, simplesmente, porque ele não existe. Então, o aluno vai e a gente conta e torce para que o supervisor de campo dê uma assistência pra esse aluno porque ele não tem mais nada, além disso. O polo não oferece nada além disso, prá ele. Ele tem que fazer trabalhos, análise institucional, o plano de estágio, exigências normais de um estágio curricular mas ele não tem suporte nenhum dentro do polo pra isso.(Tutora presencial 2) Mais uma vez se refere à atribuição da supervisão acadêmica, nos polos sob análise. Se a atribuição é delegada aos tutores de sala, estes não são remunerados e não dispõem de tempo específico para esta função. A ausência de uma prática condizente com as exigências e necessidades para apreensão do movimento contraditório da dinâmica social, presente no estágio produz uma formação incompleta e compromete a qualidade da prestação dos serviços aos usuários das políticas públicas e do Serviço Social. Acresce, ainda, o fato da instituição não ter solucionado tais entraves, na realização do estágio supervisionado, uma vez que existem turmas concluindo o curso, às quais foi negada uma experiência com a prática indispensável à formação. Estas inadequações carecem de soluções urgentes, a fim de não comprometer a formação 114 e o exercício profissional. Acredita-se que o processo educacional pode transformar uma comunidade. A presença de uma universidade no espaço territorial pode trazer benefícios à população pensando-se no tripé da formação universitária: ensino, pesquisa e extensão. Uma população com melhorias no seu nível de escolaridade pode, desde que com mecanismos de complementariedade entre os vários setores da sociedade, assumir seu próprio desenvolvimento. Neste aspecto, infere-se que o ensino a distância pode estar implicado, neste processo. Como a UNISOCIAL é uma universidade e se propõe explicitamente em seu projeto político pedagógico possibilidades de atividades de pesquisa e extensão, a partir da penetração da educação a distância, nos mais distantes rincões do Brasil, esta pesquisa quis conhecer se no espaço do curso de Serviço Social há experiências promissoras relativas a projetos de extensão na região, onde está inserido o curso e seus impactos na comunidade. Uma das tutoras cita um projeto da comunidade que os alunos foram convidados a participar, mas não acredita que a UNISOCIAL vá atuar em pesquisa e extensão, dadas as condições desestimuladoras do município quanto às políticas públicas, pois, o município também não tem nenhum programa que possa inserir estes alunos, o município não tem programas que possa ser feito parceria com a universidade para disponibilizar alunos para participar destes programas. Houve no semestre passado uma parceria do programa “Fica Vivo”. Ele tem sede, dentro do bairro „Montanha‟ e a assistente social do programa que é uma das técnicas juntamente com a psicóloga veio até a universidade e solicitou, que se convidasse os alunos para participar deste programa no qual eles fariam um questionário sobre violência dentro do bairro. Mas neste ano que eu estou aqui foi o primeiro programa de uma parceria, de uma instituição ou de um programa com os alunos. (Tutora presencial 2) Outra tutora se mostra mais animada com a possibilidade de construção de um projeto que se transforme em atividade de extensão e afirma que assim surgiu a idéia da gente juntar os alunos que tem interesse, os alunos do Serviço Social, aqui do polo e a gente fazer algum projeto dentro da área de responsabilidade social. Foi daí que surgiu este grupo de estudo. Aí, inicialmente, nós estamos fazendo este grupo de estudo para, a partir do semestre, do ano que vem, não vou nem colocar semestre que vem, às vezes vai lá pro 2º. Semestre. A partir do ano que vem a gente começa a desenvolver algum projeto mas utilizando este projeto como um projeto de extensão, do curso aqui. (Tutora presencial 1) 115 Para outras tutoras, o que existe são atividades complementares, previstas no projeto pedagógico, pontuais, realizadas por algumas turmas. Para uma das tutoras a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão não é preocupação da instituição, pois a vocação dos polos não é uma vocação educacional. Ela é uma vocação de prestação de serviços. Então, o polo não se preocupa e não se propõe a este tipo de atividade não. Isto é uma realidade que eu acho que é uma realidade de ensino de mercadoria, que a gente tem em outros lugares também, certamente. Mas enquanto a vocação não for educacional essas coisas elas não vingam e elas não aparecem e a realidade é essa. O dono do polo, dos polos, ele é um empresário, aquilo ali é a sua empresa que presta um serviço educacional. (Tutora presencial 3) A expectativa de que a educação a distância fosse capaz de promover a qualificação de um contingente de estudantes para a transformação das realidades locais pode ficar comprometida, caso as universidades que oferecem esta modalidade de ensino não se empenhem ou não compreendam a importância de se desenvolver programas de pesquisa e extensão, cumprindo, assim, a função social da universidade e no caso do Serviço Social sob análise, explicitada no próprio projeto político-pedagógico do curso, porém, não observada na implementação do curso. Assim, embora anunciado no site institucional a realização de pesquisa e extensão, não foi identificada nenhuma condição estruturante destas atividades. 116 5 LIMITES E POSSIBILIDADES DA FORMAÇÃO EM SERVIÇO SOCIAL MEDIADO POR TECNOLOGIAS DE INFORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO, SOB A ÓTICA DA TUTORIA PRESENCIAL Pensar os limites e possibilidades da formação em Serviço Social mediado por tecnologias de informação e comunicação remete ao desenvolvimento da política educacional. Para compor a visão do ensino a distância, a educação no contexto brasileiro não está dissociada de seus nexos históricos e nem de sua inserção no contexto da globalização e da mundialização do capital. Historicamente, a política educacional brasileira se desenvolveu privilegiando as elites dominantes e exercendo um papel de exclusão dos segmentos menos favorecidos quanto ao acesso à educação. Fruto de uma sociedade de conflitos e interesses divergentes, a política educacional é uma das hegemonizadas pela elite que contribuiu para a exclusão social, impondo em cada período, com suas peculiaridades, as regras do jogo. Resumidamente, da década de 1930 a 1970 observou-se um Estado Nacional forte voltado para um sistema econômico nacional. O projeto nacionalista foi abortado a partir do golpe militar engendrado pela elite com conotação muito mais de um golpe de classe do que essencialmente militar. Abriu-se então, o país para a lógica do capitalismo transnacional de viés, altamente, excludente. Nos anos 1970 com a inovação tecnológica, tanto da informação quanto da comunicação, toma corpo não só no Brasil mas em toda a América Latina, o estado liberal que propôs a diminuição do Estado e em cuja doutrina o bem estar social estava vinculado ao estabelecimento de relações capitalistas de mercado, livre negociação de salários e de relações de consumo. As principais características desta fase do capitalismo estão vinculadas e centralizadas na globalização da economia, com redução acentuada das fronteiras econômicas, o desmonte do Estado e a destruição dos direitos sociais como educação, saúde, habitação transporte, trabalho, etc. Esta concepção de Estado, com a globalização e seus efeitos vem, politicamente, refletir no auto desenvolvimento dos povos que segundo Arruda (1995) passou a afetar 117 comunidades e nações de ambos os hemisférios. Um clima de incerteza e instabilidade se avoluma no próprio mundo rico. Os avanços tecnológicos e organizativos da produção, a maré sempre mais abundante de produtos de consumo, e sobretudo a hipertrofia da atividade financeira especulativa resultante da desregulação e do progresso telemático, tem sido acompanhados de crise financeira e fiscal dos estados, do crescimento econômico sem aumento de oferta de emprego e de deterioração ambiental. Isto lança no desespero um número crescente de famílias trabalhadoras e nutre um crescente abismo social nos países ricos. Enfraquece as organizações dos trabalhadores e alimenta sentimentos xenófobos e racistas contra os imigrante vindos de países pobres. (ARRUDA, 1995, p. 6) O impacto da reforma do Estado na política educacional brasileira, a partir dos anos 1990, está presente na busca de racionalização de recursos reduzindo-se seu papel, no tocante às políticas sociais. A estratégia utilizada pelo governo federal, neste momento, para fazer frente à crise do capital instalada globalmente baseou-se na atração especulativa, via política de juros altos, que produziu o aumento das dívidas interna e externa e provocou a crise fiscal em Estados e Municípios. Agregue-se a este quadro que a municipalização das políticas sociais se dá no momento em que os entes federados estão preocupados em saldar dívidas com a União, consequentemente, sem recursos para investir em políticas sociais. O que se assistiu foi a configuração de um estado mínimo para as políticas sociais e um estado máximo para o capital. Tal concepção política de um estado neoliberal atravessa a grande maioria das políticas sociais e seu reflexo na educação é percebido, entre outros, pela ênfase na privatização da política educacional em detrimento de uma educação pública, gratuita e democrática, como já discutido anteriormente. No ensino superior, a reforma universitária, de acordo com a análise do ANDES – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (TRÓPIA, 2008), sob a alegação de revitalização das universidades públicas, regulamentação do setor privado e democratização do acesso, veio para contribuir com a privatização do sistema federal de ensino superior. O que está em curso é a transformação da autonomia das universidades públicas à captação de recursos financeiros, uma total autonomia às IES privadas, o tratamento do repasse de recursos financeiros com condicionalidades (de desempenho, corte de recursos, captação de recursos na iniciativa privada por meio das fundações) e por fim a abertura para o capital internacional do ensino superior. Segundo, ainda o ANDES, tal remodelação no sistema educacional 118 brasileiro visa, entre tantos objetivos, consolidar a abertura do mercado educacional brasileiro ao capital internacional, e dentre as alternativas a educação a distância seria um dos mercados de forte interesse. Portanto, ao se analisar os limites e possibilidades da educação a distância é preciso considerar o contexto educacional brasileiro de forma mais ampliada, entendendo-se que esta modalidade de ensino é um dos aspectos que compõem um modelo de educação adotado, cujos índices nacionais e internacionais de proficiência e qualidade estão aquém de uma nação democrática e livre. Assim, ao se conjugar a dissertação “Graduação a distância em Serviço Social: limites e possibilidades de uma formação superior com qualidade” e o objetivo geral da pesquisa que a sustentou “analisar a formação de estudantes do curso de graduação na modalidade a distância em Serviço Social, ofertada em polos presenciais de uma IES em Minas Gerais, por intermédio da atuação dos tutores presenciais” é importante frisar que as fragilidades pelas quais passa a educação nacional se refletem tanto na educação a distância quanto na educação presencial. Os dados encontrados em campo sinalizam achados e aspectos da formação dos estudantes em Serviço Social que também, em tese, podem ser encontrados na modalidade presencial. As tutoras presenciais apontaram sob sua ótica, o que consideram potencialidades ou possibilidades, bem como as limitações dessa modalidade de ensino. Em relação a sua atividade docente entendem a mediação como significativa no estabelecimento de um elo entre professores e tutores eletrônicos, com resultados positivos na manutenção dos alunos no curso e se referiram ao estabelecimento de uma relação próxima e afetiva com estes alunos como capazes de potencializar o ensino: “O papel de mediador do tutor, que faz o elo dos alunos com a equipe da sede facilitando o aprendizado deles.” (Tutora presencial 1) Na experiência da tutora, há uma maior proximidade embora em um número reduzido de oportunidades de encontros presenciais, mas que é capaz de criar vínculos significativos. Analisando as possibilidades da modalidade a distância, uma das tutoras, elenca como potencialidade no curso a sua autonomia e flexibilidade no exercício da atividade docente. Segundo a tutora 119 a autonomia e a flexibilidade desde que não saia do conteúdo para fazer mudanças na aula atividade. Para se estar de acordo com a tele aula, fazer um debate, fazer uma discussão, fazer um seminário, pois quem coordena a aula atividade somos nós, nós temos esta autonomia. Então eu acho que isto é um facilitador porque a aula tem propostas, mas não tem que ser seguida da maneira que ela vem. Então se eu percebo que determinada forma de discutir o conteúdo é mais fácil para o entendimento do aluno do ensino a distância, ou posso fazer isto, então isto é um facilitador. Eu também posso recorrer a outros textos, eu posso recorrer a textos complementares para vir prá sala, prá discutir na aula atividade, agora na tele aula, não tem jeito. Então o que facilita na aula atividade é o dificultador da tele aula. (Tutora presencial 2) Quanto à resolutividade do curso, suas potencialidades e capacidade de formar um bom profissional, as tutoras se reportaram ao pouco tempo da experiência nessa modalidade para os atores envolvidos no processo educativo, assim como, para a sociedade. Mas, acreditam nas potencialidades do ensino a distância, pois [...] ele (o ensino a distância) tem potencialidades, ele tem chance de formar um bom profissional, ele tem chance de formar um profissional para ter uma boa atuação, de formar um profissional que vai continuar pesquisando, que vai produzir que é uma realidade que a nossa categoria profissional não produz, tanto quanto deveria, enfim, eu acho que ele tem condições de formar este aluno. (Tutora presencial 2) Para a tutora, o ensino a distância faz parte de uma realidade concreta, legal e legítima e que mais cedo ou mais tarde estará incorporada à educação, cabendo à sociedade a discussão e defesa de uma melhor qualidade para esta modalidade porque esta modalidade não é de todo ruim e vai melhorar muito ainda. O ensino a distância está colocado, nós vamos ter que assimilá-lo, nós vamos ter que aceitá-lo e que bom, assim, que você está discutindo, que você está trabalhando com isto, que você consiga mostrar também possibilidades e saídas prá este ensino porque ele vai continuar. E que ele melhore, tem muita fragilidade mas eu acho que ele é uma boa proposta sim, potente. Que a internet, a coisa virtual, ela tai, ela vai continuar então vamos potencializar isto, vamos nos responsabilizar deste processo também porque ele vai continuar. (Tutora presencial 3) No aspecto da formação teórico metodológica em Serviço Social, nas incursões da pesquisa sobre como se dá o processo de ensino e aprendizagem, verificou-se que as entrevistadas são unânimes em considerar que projeto pedagógico, disciplinas, atividades complementares, seminários abarcam a formação almejada pelas Diretrizes Nacionais Curriculares para os cursos de 120 Serviço Social. Quanto à materialidade do processo educativo, registraram que o curso perpassa pelas discussões inerentes ao Serviço Social, trabalha numa perspectiva marxista e visa construir um profissional crítico, criativo e propositivo. Por outro lado, a maioria alega que os conteúdos que consideram pertinentes e atuais às discussões do Serviço Social, são apresentados de forma reduzida e muito rápida. Em relação ao ensino presencial entendem que os alunos possuem possibilidades de ter contato com mais conteúdos. No entanto, consideram que o curso em tela atende, ainda que, minimamente, aos três eixos da formação conforme as Diretrizes Nacionais Curriculares. Tais achados são preocupantes quando consideramos a base estruturadora dos fundamentos teóricos e metodológicos do Serviço Social para o exercício profissional, pois ao profissional é exigida uma bagagem teórico metodológica que lhe permita elaborar uma interpretação crítica do seu contexto de trabalho, um atento acompanhamento conjuntural, que potencie o seu espaço ocupacional, o estabelecimento de estratégias de ação viáveis, negociando propostas de trabalho com a população e entidades empregadoras. (IAMAMOTO, 2001, p. 80) No aspecto da formação técnico-operativa em Serviço Social incluída no núcleo de fundamentos do trabalho profissional focou-se o estágio supervisionado, como uma das atividades integradoras do currículo. As experiências relatadas pelas entrevistadas apontam para uma política de estágio inadequada na instituição. Registraram que não há definição do profissional que realiza a supervisão acadêmica recaindo sobre o tutor de sala embora não haja previsão de horas aulas bem como não há remuneração para o trabalho desempenhado pelas tutoras, conforme relatado então, não tem esta articulação [teoria e prática] não. É, o que eu posso fazer dentro da aula atividade com os alunos, eu faço. Agora ter uma supervisão, um momento para a supervisão, isto não existe. Existe o estágio e a supervisão de campo. Agora a supervisão acadêmica que faz esta articulação, não, não existe. (Tutora presencial 3) Outras dificuldades relatadas quanto ao estágio supervisionado são: reduzido número de campos de estágio em cidades com poucas instituições que mantenham setor ou departamento de Serviço Social; rejeição dos assistentes 121 sociais de campo em receber o estagiário do ensino a distância; indícios de formas precárias na obtenção do espaço profissional para realização da atividade; qualidade duvidosa da orientação profissional em campo, conforme a tutora registra que esta é uma das coisas que mais gera dúvida em relação ao fazer profissional, a posição do profissional, até mesmo a posição ética do profissional. O aluno que faz o estágio supervisionado bem feito é mais tranqüilo, o supervisor cobra, tem essa cobrança e o aluno, automaticamente, se torna um profissional mais crítico. Os alunos que fazem um estágio mais superficial ele não tem essa visão tão ampla. Não tem a visão tão ampla igual ao aluno que vai a campo. Por que existe “n” supervisores de campo.(Tutora presencial 4) A indefinição de quem realiza a supervisão acadêmica acarreta um vácuo na formação profissional, pois cabe ao supervisor acadêmico acompanhar o desenvolvimento do aluno em consonância com o plano de estágio visando, neste momento especial da formação, oferecer espaço para análise da práxis profissional e suas implicações. É a este docente que cabe identificar as falhas na formação teórico metodológica e técnico-operativa do estudante para contribuir com a superação destas carências, proporcionar espaço para reflexão, sistematização das atividades e integrar o aluno com o campo de trabalho, e orientar para o desempenho ético. A precariedade do estágio na instituição analisada tende a oferecer uma formação incompleta agravando, ainda mais, velhas questões já observadas na modalidade presencial. Outros aspectos observados na formação dos estudantes do curso sob análise dizem respeito à ausência de experiências em pesquisa e extensão, a pouca ou ausência de proximidade dos alunos com os movimentos coletivos e o movimento estudantil, características estas já apontadas por Iamamoto (2008) e Pereira (2009). Assim, a análise da formação dos estudantes do curso de Serviço Social da IES selecionada sob a ótica da tutoria trouxe elementos para refletir sobre limites e possibilidades que esta modalidade de ensino apresentou. As entidades organizativas da categoria dos assistentes sociais (CFESS, CRESS, ABEPSS, ENESSO) vem no decorrer de suas lutas políticas por direitos sociais como sáúde, previdência e educação denunciando que sua implementação, anteriormente dada por meio da ação estatal e de cunho universal, foi relegada à 122 ação focalista dos Estados e se abriu para a exploração mercadológica. A sutentação ideológica dessa política, em especial no ensino superior, passa pela idéia de “aldeia global” em que no mundo globalizado a educação se transforma no meio pelo qual países periféricos se integram a ela. Documentos que partiram de organismos internacionais apontam o ensino a distância como forma de difusão do ensino superior sustentando o elemento ideológico de que a educação é meio de solução dos problemas da humanidade, sem se questionar o sistema capitalista mundial, sua lógica de acumulação, centralização das riquezas produzidas e socialização da miséria. (PEREIRA, 2009) Portanto, contrárias à mercantilização da política pública da educação e por defender como legítimo o ideal de estudantes ao acesso ao ensino superior a uma formação de qualidade, as entidades organizativas, em relação aos cursos de graduação em Serviço Social entendem que este acesso “deve ser alcançado com qualidade e condições de oferecer aos estudantes formação crítica que os prepare, não apenas, para o exercício profissional, mas também amplie as condições de atuar em um mundo cada vez mais complexo” (Carta aberta aos estudantes e trabalhadores dos cursos de graduação a distância em Serviço Social no Brasil – 38º. Encontro Nacional CFESS/CRESS, set.2009, Campo Grande MS). As entidades do Serviço Social declaram não ser contrárias às técnicas e metodologias pedagógicas mediadas pelas comunicação, desde trabalhem com que tecnologias qualidade e da informação sejam dirigidas e à especialização, extensão, qualificação profissional e outras áreas do conhecimento compatíveis com o uso dessa modalidade de ensino. Porém, quanto à graduação em Serviço Social, se mantém contrárias aos cursos a distância, por tratar-se de formação básica e por entender que os princípios da formação e o perfil do egresso preconizados nas Diretrizes Nacionais Curriculares não estão sendo assegurados na implementação dessa modalidade de ensino. Nesta pesquisa, buscou-se apreender como está se configurando esta formação a partir de cursos já instalados. Dentro das limitações impostas pelas barreiras colocadas quanto ao acesso aos tutores do curso, conseguiu-se captar algumas faces desta formação, cujos achados podem ser sintetizados por meio dos limites e potencialidades levantadas pelas próprias tutoras entrevistadas, a partir de sua prática nessa modalidade. Foram apontados limites que se refletem ou mesmo comprometem sua 123 prática, como por exemplo, a dificuldade de acesso do tutor presencial ao tutor eletrônico, bem como, aos professores das disciplinas, funcionários e coordenação geral do curso de Serviço Social que se encontram na sede e cuja interação ou interatividade depende das tecnologias de informação e comunicação. Citaram como inadimissível esta limitação que atribuem à burocracia, tendo em vista tratar-se de uma modalidade que se propõe trabalhar mediada pela tecnologia e pelas facilidades que estes acessos deveriam proporcionar: Considerando a importância e ênfase dada às tecnologias da informação e comunicação nesta modalidade, as tutoras citaram como preocupantes as falhas a que ficam sujeitas as transmissões das video aulas, da internet, de cortes nas aulas que comprometem o processo educativo e tecnológico porque a questão da transmissão, ela deveria ser melhor. A gente tem falhas na transmissão, a gente tem cortes nas aulas, a gente tem, às vezes dificuldades com a internet e eu acho que são falhas que não poderiam acontecer porque isto que viabiliza o trabalho naquele dia . (Tutora presencial 3) Registraram, também, que a interação e interatividade acontece de forma inadequada, seja com os tutores ou com os alunos com demora nos retornos, o que impossibilita a manutenção de um fluxo ideal para as discussões, debates, orientações, esclarecimentos de dúvidas. A condição de ensino a distância ou seja que se propõe a ser mediado pela tecnologia da informação e comunicação, na visão da tutora, deveria estar isenta de ruídos na interação e interatividade. Em relação aos estudantes do curso de Serviço Social, as tutoras levantaram como limites a cultura disseminada na sociedade e absorvida por alguns alunos de que o ensino a distância atende, a quem não quer ou não pode se dedicar aos estudos. A falta de diálogo direto, face a face, do aluno com o professor foi vista como um limitador à motivação para o avanço nos estudos levando a pouca participação em atividades, além daquelas propostas pela universidade. Tal evidência coloca em cheque a perspectiva de auto aprendizagem ou de busca pelo conhecimento que é exigido do aluno optante nesta modalidade. A aceitação dos estudantes da modalidade a distância pela sociedade e nos espaços profissionais, bem como, a rejeição que recebem da categoria dos assistentes sociais e das entidades organizativas foram apontadas como limitações contra as quais os alunos necessitarão lutar para conseguir seu próprio espaço no mercado de trabalho, bem 124 como, seu reconhecimento. Outro limite detectado tem a ver com características próprias da profissão que demandam uma formação alicerçada na valorização da participação do estudante, na dinâmica da vida universitária, para além de um currículo centrado, exclusivamente, em disciplinas, sendo o locus privilegiado desta participação, o movimento estudantil. A dimensão da vida acadêmica relativa à organização estudantil sempre foi valorizada na área do Serviço Social. Está inscrito na história do Serviço Social lutas em defesa da democracia, cidadania, justiça social, soberania nacional, políticas públicas, qualidade da formação, defendidas por várias gerações de estudantes que se aliaram aos movimentos sociais e iniciaram, no movimento estudantil, um percurso em defesa dos direitos da população trabalhadora deste país. No contexto da formação dos estudantes de Serviço Social na modalidade a distância, as tutoras, quando questionadas sobre a existência de movimento estudantil nos polos, relataram desconhecer qualquer mobilização neste sentido. Embora registrem intervenções realizadas com os alunos para esclarecer, motivar ou agregar o grupo, não verificaram envolvimento das turmas na discussão ou em propostas para formação e institucionalização do movimento. Houve, inclusive, experiência de participação no ERESS – Encontro Regional de Estudantes de Serviço Social, relatado por uma tutora, mas que não foi suficiente para ensejar a organização dos estudantes e explicam já peguei o nome de cada aluno em sala que gostaria de fazer parte do diretório, de construir um diretório acadêmico. E aí a gente repassa pros alunos, sabe, não sai. Eu acho que falta esta questão que eu falei aqui, desse pertencimento acadêmico. E eu acho que faz muita falta um diretório acadêmico porque, às vezes, eles são cheios de questões, que eles não estão concordando com a dinâmica institucional aqui do polo. Que às vezes uma turma, um ou outro aluno de uma turma só, não é suficiente para eles conseguirem uma representação. (Tutora presencial 1) A tutora atribui o reduzido tempo para as atividades extra horário como impeditivo à participação do movimento estudantil, assegurando que não existe [mobilização estudantil]. Eu acredito que seja porque eles se encontram só uma vez na semana. Então quando há estes encontros semanais, estes encontros são voltados para assistirem aulas, para participarem da aula atividade. Então eu acredito que eles não tenham se mobilizado ainda, até este semestre, por causa da disponibilidade de tempo. 125 Porque o aluno do ensino a distância, ele não dispõe de muito tempo. (Tutora presencial 2) Considerando que a participação em qualquer movimento ou associação é um ato de liberdade e depende das pessoas se perceberem ou não como sujeitos capazes de alterar o que está posto, é importante entendê-la como Gutierrez (citado por ABRANCHES 2009, p.160) em que a participação quando existe de fato, é necessariamente educativa. Em outras palavras, a participação educa, porquanto propicia níveis cada vez mais elevados de consciência e organicidade. Na medida que produz essa participação consciente e orgânica do grupo comunitário,dar-se-ão ações concretas de transformação social e, dessa maneira, consegue-se influir direta ou indiretamente na transformação da realidade. As tutoras enfatizaram que, tudo, no ensino a distância é muito corrido, inclusive o tempo que os alunos dispõem, daí a dificuldade desta participação na organização estudantil. Conforme registrado acima, a tutora fala do “não pertencimento acadêmico” que pode estar ligado ao conceito de turma conhecido no modelo tradicional da educação, e que no ensino a distância ou se perde ou se modifica. Braga (2009) registra que a inexistência da turma como um sujeito coletivo na EAD configura “uma questão de díficil equacionamento”, pois é um sério limite, uma vez que, dos processos de produção de econhecimento e de socialização entre os sujeitos de uma turma, para além das relações com os docentes, resultam saberes e vivências de grande relevância para a formação da cidadania e para a construção de trajetórias de seus sujeitos. (BRAGA, 2009, p. 188) De forma similar, Ramal (2001) relata que o fato de estar vinculado a uma comunidade institucional tem relação com a constituição da identidade dos sujeitos, portanto, seguindo a autora novos sentimentos de pertença precisarão ser formados por meio de processos que ainda não foram inventados ou construídos no interior do ensino a distância. Embora a inexpressiva participação em movimentos estudantis não seja, exclusividade, do ensino a distância, o fato da inexistência deste movimento no seio dessa modalidade de ensino parecere traduzir pouca, ou também, inexpressiva condição de pertencimento ao mundo estudantil e sua histórica militância na defesa da democracia, da cidadania e dos direitos. 126 Considerando que a formação em Serviço Social pressupõe uma concepção emancipatória que não está na origem da profissão e nem se fez espontaneamente, mas que tem história tecida nas lutas sociais pelas quais se deram condições sociopolíticas que possibilitaram os assistentes sociais brasileiros estruturar um projeto profissional crítico que em seu desenvolvimento rompe com as matrizes conservadoras do Serviço Social [...] e que a profissão foi construída num processo de mobilização coletiva por décadas de lutas em defesa dos direitos assumindo vínculos classistas, alianças com segmentos organizados das classes trabalhadoras, protagonismo nas lutas sociais identificadas com projetos societários emancipatórios, o distanciamento dos processos coletivos se configura como uma lacuna na formação dos futuros assistentes sociais egressos da modalidade a distância. (KOIKE, 2009, p. 209;215) Do ponto de vista pedagógico, as tutoras reconheceram que essa modalidade de ensino por ser muito nova possui muitas fragilidades e citaram o número de aulas por disciplinas, a inflexibilidade da tele aula que não permite nenhuma proposta de adequação à realidade dos alunos como fatores inadequados à aprendizagem pois a a limitação do número de aulas, são poucas aulas da disciplina. E aí eu vejo o seguinte, não tem como a gente estender com o aluno uma discussão, não tem como a gente propiciar um debate, nem uma mediação maior porque são poucas aulas por semestre. Cada disciplina tem 3 a 4 aulas, então se roda uma disciplina, inicia outra e as aulas são corridas, não se volta ao tema anterior. Então esta é a limitação, se o aluno teve um tema anterior, numa matéria que estava sendo discutida na aula anterior, na aula seguinte é o seguimento da disciplina, mas o conteúdo é diferenciado, não tem como, por exemplo, a gente retomar. Porque se a gente retoma o aluno perde a aula. (Tutora presencial 2) Embora o ensino a distância diga-se flexível quanto ao tempo do estudante, fica patente, a inflexibilidade no seu formato metodológico, conforme conclui a tutora, pois a tele aula já tem o horário estabelecido, então a gente fica assim meio preso, não pode dar sequência a não ser de acordo com a tele aula. A gente não volta a aula anterior porque senão perde a aula seguinte. Então, isto eu vejo como um dificultador porque aí vai vir a questão do aluno ser autodidata, ele tem que procurar a sanar a dúvida sozinho. (Tutora presencial 2) De modo geral, as teses levantadas pelas entidades organizativas da categoria dos assistentes sociais frente aos achados da pesquisa mostram indícios de confirmação. As fragilidades enumeradas em vários aspectos e dimensões da 127 modalidade de ensino a distância suscitam ou demandam novas pesquisas para que se aprofunde, acompanhe e direcione as lutas em defesa dos direitos da população usuária dos serviços prestados pelos profissionais, bem como, dos cidadãos que investem tempo, recursos financeiros e seus ideais nessa modalidade de ensino. Como bem expressou Wedemeyer (1991, citado por Keegan, 1993) a ninguém deve ser negada a oportunidade de aprender, por ser pobre, geograficamente isolado, socialmente marginalizado, doente, institucionalizado ou qualquer outra forma que impeça o seu acesso a uma instituição. Estes são os elementos que supõem o reconhecimento de uma liberdade para decidir se quer ou não estudar.(WEDEMEYER, 1991 citado por KEEGAN, 1991, p. 32) O ensino a distância configura uma situação dada, legal e institucionalizada na política educacional brasileira. Portanto, no universo da categoria profissional já transitam profissionais advindos do ensino presencial e a distância, do ensino público ou privado, de boa qualidade ou de qualidade duvidosa. As competências teórico metodológicas, técnico-operativas e ético políticas podem estar comprometidas e a incorporação do projeto ético profissional pode não ser apreendido, colocando em cheque sua hegemonia. Se a profissão já vinha lutando pelo seu aprimoramento, por condições éticas e técnicas, pela sua legitimidade social, certamente, necessitará redobrar suas lutas em direção aos desafios colocados em tempos neoliberais, de retorno a posições neoconservadoras e assistencialistas. Tais desafios pertencem a todos da categoria que assumiram a defesa do projeto ético político. Diante das situações que denotam fragilidade, superficialidade e lacunas na formação dos estudantes de Serviço Social, mediado pela tecnologia da informação e comunicação, encontradas a partir da pesquisa realizada em campo, é provável que haja impacto nas atividades de orientação e fiscalização do Conselho Regional de Minas Gerais, no qual se insere profissionalmente a pesquisadora. No exercício de sua atribuição precípua, caberá ao CRESS 6 a Região potencializar e intensificar as ações de orientação e fiscalização, dentro de sua competência legal, coibindo as infrações à legislação e normas específicas da supervisão de estágio entre outras, bem como orientando aos profissionais quanto suas responsabilidades éticas e técnicas frente aos compromissos da profissão com a população e classe trabalhadora 128 Na visão da pesquisadora, de modo geral duas frentes de luta se apresentam. Uma em defesa dos direitos sociais e entre eles a defesa por uma educação de qualidade, no qual se articulem categoria profissional, entidades organizativas e movimentos da sociedade que se alinhem a estes mesmos desafios. Outra que se materializa no campo do exercício profissional, onde há espaço para que o órgão fiscalizador exerça, também, papel orientador considerando a qualidade dos serviços prestados pelos profissionais aos usuários. 129 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS A educação a distância vem provocando mudanças nas relações de ensino e aprendizagem, no perfil de discentes e docentes, e apresentando-se como uma nova modalidade educacional capaz de ampliar o acesso à educação, à formação continuada. Por estar se consolidando em tempos bem recentes, carece de ser melhor conhecida, analisada e avaliada de forma crítica, face suas implicações no processo de construção do conhecimento e da formação profissional. A presente pesquisa buscou analisar a formação dos estudantes de curso de Serviço Social de uma IES na modalidade a distância, sob a ótica da tutoria presencial, tendo obtido alguns resultados dos quais se destacam: Educação mediada pela tecnologia da informação e comunicação: As tecnologias da informação e comunicação constituíram nesta investigação, o diferencial do curso de Serviço Social sob análise. A aplicação destas tecnologias ao processo educacional não garantem por si só a eficácia quanto à construção do conhecimento e no caso, da formação profissional. Mas é fato que as tecnologias aplicadas à educação vem revolucionando a relação com o saber, com o conhecimento e abrindo possibilidades para a construção do conhecimento. No entanto, este processo por ser recente precisa ser analisado e acompanhado para que se conheçam os resultados e impactos que estão se gestando na formação acadêmica. Os sujeitos desta pesquisa inseridos nessa modalidade de ensino, apontam algumas fragilidades no uso da tecnologia da informação e comunicação no âmbito educacional principalmente, em se tratando de como se dá a interação e interatividade neste processo. Ao possibilitar o ensino e aprendizagem, em ambientes virtuais, a tecnologia promove espaços interativos que contribuem e permitem a elaboração e construção do conhecimento, mas ainda não se desenvolveram alternativas que preencham a lacuna da presencialidade, do face a face, da formação do alunato como sujeito coletivo. De outra forma, as tutoras vêem na tecnologia voltada para a educação potencialidades após aparadas as arestas dificultadoras do seu pleno funcionamento, como quedas na transmissão, dificuldades de acesso e de interação entre os atores do processo educativo. A formação em Serviço Social mediada pela tecnologia da 130 informação e comunicação e a dimensão teórico metodológico: A formação pretendida para os futuros assistentes sociais articula-se com a importância dos fundamentos teóricos e metodológicos, na elaboração do conhecimento da realidade, e como subsídio ao exercício profissional. Para trabalhar com o objeto de intervenção do Serviço Social, a questão social, os estudantes necessitam de apreender os conhecimentos, e teorias que articulam os conteúdos da formação. É a teoria que fundamentará a produção de conhecimento sobre a realidade, e consequentemente, a elaboração de pareceres, perícias, laudos e demais instrumentais utilizados pelo assistente social na sua prática que se pretende emancipatória e balizada no projeto ético político profissional. As reflexões permitidas no ambiente educacional, onde ocorre o curso de graduação evidenciaram as dificuldades da modalidade a distância em trabalhar com a construção desses conhecimentos. O modelo educacional a distância analisado aparenta ou dá indícios de um aligeiramento no processo de ensino e aprendizagem relativo a apreensão destes conhecimentos estruturadores e básicos para o exercício profissional e imputa ao estudante a busca por conhecimentos complementares por meio do material didático, da web entre outros. Aqui reside uma contradição: os estudantes elegem o ensino a distância pela carência de tempo disponível para os estudos. No entanto, embora exista a obrigatoriedade de estar presente uma única vez a cada semana, há várias exigências de produção de conhecimento que demandarão tempo para pesquisa, exercícios, leituras e outros. Não fica claro como os alunos estão equalizando a questão tempo disponível com necessidades de aprofundamento dos estudos. A formação em Serviço Social mediada pela tecnologia da informação e comunicação e a dimensão técnico operativa: Em relação ao tratamento dispensado à pratica profissional pelo projeto pedagógico do curso sob análise, a pesquisa realizada captou como se processa a supervisão direta de estágio nesta modalidade, ciente que esta não é a única disciplina que trabalha esta dimensão. Aqui entendido o “ensino da prática” como possibilidades de uma reflexão crítica e de avaliação de conhecimentos produzidos no campo profissional. A dimensão técnico-operativa possui caráter transversal à formação, sendo o estágio um dos componentes curriculares dedicado à prática profissional, mas não o único. Evidenciou-se, por meio da pesquisa realizada, as dificuldades que a modalidade a distância tem atravessado para a realização desta prática pedagógica: resistência 131 dos supervisores de campo em receber estudantes da modalidade; indefinição sobre quem é o supervisor acadêmico; insuficiências de campos de estágio para absorver os estudantes, entre outras. Problematizar esta dimensão da formação se mostra urgente, visto que as primeiras turmas de estudantes desta modalidade já estão finalizando o curso e a ausência deste componente curricular traz prejuízos a formação. A formação em Serviço Social mediada pela tecnologia da informação e comunicação e a dimensão ético política: A formação no contexto da dimensão ético política evidenciou que em cursos mediados pela tecnologia da informação e comunicação o maior entrave se dá pelas poucas oportunidades de debates, reflexões, interação presenciais que preparem o estudante para os embates ético políticos no exercício profissional. A carência de atividades de reflexão coletiva que envolvam diálogo entre professores e estudantes, estudantes e estudantes, estudantes deste com estudantes de outros cursos rompem com oportunidades ímpares na construção do sujeito profissional. A ausência de atividades de pesquisa e extensão, embora anunciadas pela IES sob análise, empobrecem o processo formativo e impedem a participação cidadã dos estudantes. A inexistência de organização estudantil, também, dilui o sentimento de pertença ao espaço acadêmico e de organização social, espaço este tão caro e histórico de lutas democráticas pelos estudantes de Serviço Social. É importante ressaltar que as inadequações e carências identificadas na modalidade a distância não são privilégio do ensino a distância. O ensino presencial, também, sofre de várias limitações. Mas, o ensino a distância é uma realidade no sistema educacional brasileiro, que priorizou a expansão do ensino superior pela via da iniciativa privada, cuja mercantilização da educação e precarização da formação ofusca o caráter de política social da educação. Assim, o fenômeno da educação a distância demanda fiscalização dos órgãos competentes, pesquisas e avaliações sistemáticas pois ao implicar a qualidade da formação dos futuros profissionais repercute na qualidade dos serviços prestados por estes à sociedade. Ressalte-se que a análise dos dados aqui apontadas não tem a pretensão de esgotar as questões levantadas pois são originárias de uma interpretação desenvolvida em um processo sujeito a limitações objetivas e subjetivas. Muitos foram os desafios a conquistar para se alcançar os objetivos propostos no desenvolvimento desta pesquisa. Desafios impostos pelo tempo e 132 compromissos assumidos, pela inexperiência, pelas próprias limitações do sujeito investigador, pela complexidade das temáticas estudadas. Uma das dificuldades que sobressaiu foi o acesso aos sujeitos da pesquisa. Porém, contrapondo a estas dificuldades e limitações, encontrou-se a disponibilidade das profissionais tutoras, que se prontificaram a contribuir com a construção da pesquisa, a dedicação da orientadora, a possibilidade de contribuir com a formação dos futuros assistentes sociais. Por fim, cabe ressaltar que o processo de desenvolvimento da pesquisa contribuiu, sobremaneira, com a formação continuada da mestranda e profissional enquanto veículo para resgate do compromisso assumido e explicitado em um dos princípios do Código de Ética dos Assistentes Sociais: “compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento intelectual, na perspectiva da competência profissional”16. Considero o ponto forte deste percurso poder transformar todo este aprendizado em melhores condições na oferta de serviços profissionais à população usuária do Serviço Social. 16 Código de Ética dos Assistentes Sociais. Resolução n. 273/93, de 13.03.1993, do Conselho Federal de Serviço Social. 133 7 PROPOSTA DE INTERVENÇÃO PROFISSIONAL PROJETO: PELAS TRILHAS GERAES - O CRESS VAI ONDE O ASSISTENTE SOCIAL ESTÁ 7.1 Apresentação da proposta Uma das exigências do Mestrado Profissional Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, do Centro Universitário Una é a apresentação de uma proposta de intervenção, que a partir dos achados da pesquisa realizada pelos mestrandos venha contribuir com o aprimoramento da prática profissional destes, bem como, com das práticas institucionais. A pesquisa de mestrado intitulada “Graduação a distância em Serviço Social: limites e possibilidades de uma formação superior com qualidade” realizada por funcionária desse Conselho da área da fiscalização e orientação, buscou analisar a formação de estudantes do curso de graduação na modalidade a distância em Serviço Social ofertada em pólos presenciais de uma IES em Minas Gerais, por intermédio da atuação dos tutores presenciais. Como forma de contribuição com a instituição se propõe o desenvolvimento desta proposta por meio de fomento das discussões e ações que possam ser realizadas em articulação com a Comissão de Inscrição, a Comissão de Orientação e Fiscalização e a Comissão de Apoio a Grupos Organizados do CRESS. 7.2 Justificativa da proposta Os achados da pesquisa mencionada apontaram para uma formação fragilizada, frente aos conteúdos teórico metodológicos, técnico-operativos e ético políticos preconizados pelas diretrizes nacionais curriculares, junto ao curso a distância analisado. De igual modo, a pesquisa avaliativa realizada pela ABEPSS em 2006 intitulada “Implementação das Diretrizes Curriculares do Serviço Social” 134 aplicada às IES afiliadas, já apontava questões, tendências, polêmicas e desafios da implementação das diretrizes frente às expressões perversas das contra reformas neo liberais, na particularidade da política privatista do MEC, que vem rebaixando a qualidade da formação (ABEPSS, 2007). As “diretrizes constituem numa estratégia de resistência ao processo de descaracterização dos compromissos coletivamente assumidos pela profissão” (MENDES e PRATES, 2007, p.195). No âmbito acadêmico essa resistência é pautada pela ABEPSS que necessita do envolvimento das entidades organizativas da categoria, aí incluídos os Conselhos Regionais. O exercício profissional situa-se no âmbito de competências dos Conselhos Regionais de Serviço Social. A atuação destes está fundamentada na política nacional de fiscalização preconizada pela Resolução CFESS no 512/2007 que está pautada em três dimensões: 1. Dimensão afirmativa de princípios e compromissos conquistados – Expressa a concretização de estratégias para o fortalecimento do projeto ético-político profissional e da organização política da categoria em defesa dos direitos, das políticas públicas e da democracia e, consequentemente, a luta por condições de trabalho condignas e qualidade dos serviços profissionais prestados; 2. Dimensão político-pedagógica – Compreende a adoção de procedimentos técnico políticos de orientação e politização dos assistentes sociais, usuários, instituições e sociedade em geral, acerca dos princípios e compromissos ético-políticos do Serviço Social, na perspectiva da prevenção contra a violação da legislação profissional. 3. Dimensão normativa e disciplinadora – Abrange ações que possibilitem, a partir da aproximação das particularidades sócioinstitucionais, instituir bases e parâmetros normativo-jurídicos reguladores do exercício profissional, coibindo, apurando e aplicando penalidades previstas no Código de Ética Profissional, em situações que indiquem violação da legislação profissional. Esta proposta volta-se para a dimensão político-pedagógica da Política 135 Nacional de Fiscalização, no intuito de articular exercício profissional e formação, contribuindo com qualificação do exercício profissional em busca de preencher as lacunas deixadas pela formação. Com o propósito de cumprir suas atribuições legais e pautado pelo código de ética profissional, o CRESS 6a Região ampliou o número de agentes de orientação e fiscalização em 50% do seu quadro. Uma das finalidades desta ampliação é o atendimento a um maior número de municípios e de assistentes sociais. No entanto, o aporte de novas inscrições e consequente aumento do número de profissionais filiados e na ativa no Estado de Minas Gerais, é superior à capacidade instalada para que se proceda a intensificação desejada e necessária de um trabalho preventivo, pedagógico, como também, fiscalizatório. Assim, justifica-se a execução desta proposta como forma de complementar e ampliar às ações de orientação e fiscalização sempre em busca de “consolidar o projeto ético-político, na contradição das determinações que incidem na atuação profissional, na articulação entre formação e exercício profissional.” (Política Nacional de Fiscalização, 2007) 7.3 Objetivos 7.3.1 Objetivo geral Contribuir, por meio de visitas, in locco, aos espaços organizativos dos assistentes sociais em Minas Gerais, com os processos de orientação e fiscalização, na dimensão político pedagógica da Política Nacional de Fiscalização. 7.3.2 Objetivos específicos – Realizar encontros com assistentes sociais em municípios onde se 136 localizam polos presenciais com oferta de cursos a distância; – discutir a Resolução nº. .533/2008 que regulamenta a supervisão direta de estágio e a Resolução nº. .493/2006 que dispõe sobre as condições éticas e técnicas do exercício profissional do assistente social, bem como, outras de interesse da categoria, com os profissionais da localidade visitada, nos espaços dos núcleos de assistentes sociais e/ou das instituições de ensino superior; – discutir o projeto ético-político-profissional; – interagir com a Comissão de Apoio a Grupos Organizados – COMAGO; com a comissão de registro; com a comissão de orientação e fiscalização – COFI no sentido de desenvolver a presente proposta para realização de um trabalho conjunto e itinerante; – acolher propostas e sugestões dos assistentes sociais participantes dos encontros para aprimoramento do projeto. 7.4 Abrangência 1º) Municípios que agreguem polos de apoio presencial; instituições de ensino superior e núcleos de assistentes sociais, simultaneamente: Alfenas; Belo Horizonte; Betim; Conselheiro Lafaiete; Divinópolis; Ipatinga; Manhuaçu; Montes Claros; Muriaé; Teófilo Otoni; Ubá; Uberlândia. 2º) Municípios que agreguem polos de apoio presencial e instituições de ensino superior, simultaneamente: Contagem; Curvelo; Itajubá; Mantena; São Francisco; Sete Lagoas; Uberlândia. 3º) Municípios que agreguem polos de apoio presencial e núcleos de assistentes sociais, simultaneamente: Araçuaí; Araxá; Congonhas; Itabirito; Ituiutaba; Januária; Nova Lima; Pirapora; Poços de Caldas; Ribeirão das Neves. 4º) Municípios que agreguem núcleos de assistentes sociais instituições de ensino superior, simultaneamente: Carangola; Governador Valadares; Guaxupé; Juiz de Fora; Ouro Preto; Passos; Patrocínio; Varginha. 5º) Demais municípios que não correspondem aos critérios de simultaneidade acima: Almenara; Andradas; Arinos; Bocaiúva; Bom Despacho; 137 Brasília de Minas; Buritis; Campo Belo; Caratinga; Carlos Chagas; Cataguases; Cláudio; Diamantina; Espinosa; Formiga; Frutal; Guanhães; Ibirité; Itabira; Itamarandiba; Itambacuri; Itaúna; Jaíba; Janaúba; João Monlevade; Lagoa Santa; Lavras; Leopoldina; Machado; Manga; Mato Verde; Mercês; Nova Porteirinha; Nova Resende; Paracatu; Passa Quatro; Patos de Minas; Piunhi; Pote; Rio Pardo de Minas; São Francisco; Sabará; Salinas; Santa Luzia; Santa Rita de Sapucaí; São Gotardo; São João Del Rei; São João do Paraíso; São Lourenço; Três Corações; Unaí; Várzea da Palma; Vazante; Vespasiano; Viçosa. 7.5 Metodologia Em termos de execução, este projeto se divide em quatro etapas: Etapa 1: Auto qualificação dos participantes do projeto sobre temas do exercício profissional e formação; projeto ético político; dos instrumentos legais relativos ao Conselho; por meio de grupos de estudos semanais. A estratégia de aprendizagem utilizada será a de exposição dialogada, leitura e discussão de textos. A cada semana um componente da equipe será o facilitador do grupo. Participantes: representantes da comissão de apoio a grupos organizados – COMAGO; de registro; de orientação e fiscalização. Duração: 01 mês somando, no mínimo, 08 horas mensais. Etapa 2: Formatação e validação do projeto PELAS TRILHAS GERAES – O CRESS VAI ONDE O ASSISTENTE SOCIAL ESTÁ. A construção da proposta deverá, necessariamente, ser coletiva, devendo ser elaborada por meio de oficina com os membros das comissões COMAGO, COFI E REGISTRO. A proposta desenhada antes de partir para a validação por meio de um pré-teste, que permita identificar sua adequação e viabilidade, de acordo com os objetivos que se deseja alcançar, deverá ser apresentada ao Conselho Pleno do CRESS 6ª. Região para aprovação. 138 Participantes: representantes das comissões. Duração: 12 horas Sugestões para discussão no grupo: os profissionais do CRESS que irão a campo na execução deste projeto deverão: selecionar os municípios que receberão a intervenção; levantar cadastro de assistentes sociais no município polo e adjacências; fazer contato prévio com profissionais; agendar encontro e estabelecer as parcerias. Etapa 3: Execução: realização da proposta após a construção coletiva. Participantes: representantes das comissões e assistentes sociais da localidade ou região visitada. Carga horária: 4 horas Conteúdo: discussão de temas ligados ao projeto ético político do Serviço Social; relação entre formação e exercício profissional e funções do Conselho com os profissionais locais; apresentação de experiências de núcleos constituídos; acolhimento de sugestões e proposições para a diretoria do CRESS; avaliação do encontro. Metodologia: roda de conversa, exposição dialogada ou oficinas. Etapa 4: Avaliação dos encontros e seus efeitos no meio profissional - criação de um questionário para colher os dados avaliativos. Participantes: representantes das comissões e assistentes sociais da localidade ou região visitada. Produção de documento formal para comunicar ao Conselho Pleno do CRESS 6a Região os resultados do projeto. 7.6 Metas 04 encontros de qualificação; 100% dos membros da equipe qualificada; 01 oficina realizada para formatação da proposta; 139 10 encontros mensais realizados; 01 relatório mensal elaborado. 7.7 Resultados Resultados Realização de discussão sobre temas do projeto ético-político do Serviço Social; criação de núcleos de assistentes sociais. Indicadores Conteúdo ético-político das discussões nos encontros. Instrumentos de verificação Registro dos encontros Quantidade e representatividade dos participantes. 7.8 Processo de acompanhamento, monitoramento e avaliação O modelo de acompanhamento, monitoramento e avaliação do projeto, baseia-se na análise sistemática: – das ações executadas em relação às ações programadas; – da qualidade, quantidade relacionados ao alcance dos indicadores, previamente, definidos; – dos resultados alcançados em relação à problemática que se deseja trabalhar, a qual foi definida no objetivo geral. Com isso, espera-se: 1º) garantir a execução das atividades programadas; 2º) verificar e garantir o cumprimento do cronograma de trabalho estabelecido; 3º) determinar as diferenças entre as ações planejadas e, efetivamente, realizadas; 4º) verificar se o projeto está próximo ou distante de atingir sua finalidade; 5º) identificar e refletir sobre as consequências dos resultados e impactos do projeto para o público envolvido, considerando, especialmente, os aspectos ético-políticos. 140 7.9 Recursos necessários Caderno de textos para a qualificação, TV, DVD, Projetor Multimídia, Computador. 7.10 Cronograma das ações Objetivos Específicos Realizar encontros com assistentes sociais em municípios, onde se localizam polos presenciais, com oferta de cursos a distância; Atividades Auto qualificação dos participantes do projeto sobre temas do exercício profissional e formação; projeto ético político; dos instrumentos legais relativos ao Conselho; por meio de grupos de estudos semanais. Oficina para formatação e validação do projeto Pelas Trilhas Geraes – o CRESS vai onde o assistente social está. Agendamento mensais Elaboração encontros Interagir com a COMAGO; com a comissão de registro; com COFI no sentido de desenvolver a presente proposta para realização de um trabalho conjunto e itinerante. Discutir a Resolução nº. 533/2008 e a Resolução nº. 493/2006, com os profissionais da localidade visitada, nos espaços dos núcleos de assistentes sociais e/ou das instituições de ensino superior. M1 do dos encontros registro dos Construção coletiva de proposta devendo ser elaborada através de oficina com os membros das comissões COMAGO, COFI E REGISTRO. Orientação Resoluções 533/2008 sobre 493/2006 as e Discutir o projeto ético-político profissional. Orientações sobre a importância do projeto ético político para o exercício profissional. Acolher propostas e sugestões dos assistentes sociais participantes dos encontros para aprimoramento do projeto. Elaboração e questionário aplicação Daisy Dias Lopes – Assistente Social – CRESS MG 6220. de M2 M3 M4 M5 M6 141 REFERÊNCIAS ABRANCHES, Mônica. O Trabalho do Serviço Social na Educação: democratizando as relações pela conquista da cidadania. In: SIMPÓSIO MINEIRO DE ASSISTENTES SOCIAIS, 2., 2009, Belo Horizonte. Nas trilhas dos direitos humanos para combater as desigualdades. Belo Horizonte: Label Artes Gráficas, 2009. p. 149-194. ABREU, Marina Maciel; LOPES, Josefa Batista. Formação profissional e diretrizes curriculares. Revista Inscrita, Brasília, ano VII, n. X, p.11-16, nov. 2007. ARRUDA, M. Globalização e ajuste neoliberal: riscos e oportunidades. Tempo e presença, Rio de Janeiro, n. 284, p. 5-9, nov./dez. 1995. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ENSINO DE SERVIÇO SOCIAL – ABESS. Formação Profissional: Trajetórias e Desafios. Edição Especial, n. 7. São Paulo: Cortez Editora, 1997. 168 p. ______. Política Nacional do Estágio. Brasília, 2010. 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Conheço o perfil do egresso do curso, conforme as Diretrizes Nacionais Curriculares. A opção teórico-metodológica definida pelo projeto pedagógico do curso é coerente com as Diretrizes Nacionais Curriculares para os Cursos de Serviço Social. Os objetivos do projeto político pedagógico estão em sintonia com a discussão atualizada do Serviço Social (questão social, teoria crítica, políticas públicas, SUAS, SUS, etc.). O projeto pedagógico prevê introdução para nivelamento dos estudantes, em relação ao conhecimento e habilidades básicas referentes à tecnologia utilizada e/ou ao conteúdo programático do curso com atividades de acolhimento do estudante. O ementário e bibliografia são adequados ao perfil profissional da formação. Os conteúdos das disciplinas e práticas pedagógicas são adequados aos objetivos do curso e ao perfil profissional da formação. Fonte: dados da pesquisa 2009/2010 0% 9,0% 9,0% 0% 9,0% 0% 9,0% 0% 90,9% 90,9% 90,9% 90,9% 157 APÊNDICE II O que pensam as tutoras quanto ao curso de Serviço Social na modalidade a distância, oferecido pela instituição investigada, em relação ao estágio supervisionado ESTÁGIO SUPERVISIONADO Discordância Indiferente Concordância Conheço a Resolução n. 533/2008 do 0% Conselho Federal de Serviço Social, que normatiza a Supervisão Direta de Estágios em Serviço Social. 0% 100% A política de estágio está adequada à 9.0% Resolução no. 533/2008 do Conselho Federal de Serviço Social, que normatizou a supervisão direta de estágios. 0% 90,9% A operacionalização da política de 45,4% estágio (supervisão acadêmica, de campo, carga horária, sistema de avaliação) é adequada às Diretrizes Nacionais Curriculares do Curso de Serviço Social. 9% 45,4% A política de estágio e sua adequação 72% à capacidade local de absorção dos estudantes em campo. 0% 27% A instituição, por meio do polo 9,0% presencial, possui sistema de convênios com todas as instituições de campos de estágio. 0% 90,9% Sob a coordenação da instituição, é 63,8% oferecido aos supervisores de campo, espaço para discussão entre os atores que compõe o estágio de supervisionado 9,0% 27,2% Fonte: dados da pesquisa 2009/2010 158 APÊNDICE III O que pensam as tutoras quanto ao curso de Serviço Social na modalidade a distância, oferecido pela instituição investigada INTERAÇÃO E INTERATIVIDADE As modalidades síncronas promovem maior interação entre tutores e estudantes do que as modalidades assíncronas. A interação entre tutor/estudante, tutor/ professor, estudante/estudante é garantida pelos sistemas de comunicação adotado pela instituição. O estudante recebe informações no início e durante o curso de nomes, horários, formas e números para contato com professores, tutores e pessoal de apoio. O estudante tem conhecimento do sistema de monitoramento que buscará garantir seu acompanhamento, respostas as suas dúvidas, incentivos e orientação quanto ao progresso nos estudos. É assegurado ao estudante flexibilidade no atendimento tutorial, oferecendo-se horários ampliados. A comunicação entre os estudantes é facilitada por meio de atividades coletivas presenciais. A comunicação entre os estudantes é facilitada por meio de ambientes de aprendizagem adequadamente desenhados para o curso. O material didático utilizado contempla a integração de diferentes mídias tais como materiais impressos, radiofônicos, televisivos, de informática, de vídeo conferências, entre outros. Conheço presencialmente a equipe multidisciplinar do curso. Participo de encontros pedagógicos sistemáticos com a equipe multidisciplinar. Não conheço a maioria dos componentes da equipe multidisciplinar do curso. O trabalho da tutoria na educação a distância é um trabalho solitário. Fonte: dados da pesquisa 2009/2010 Discordância Indiferente Concordância 0% 0% 100% 0% 18,1% 81,8% 9,0% 0% 90,9% 0% 0% 100% 9,0% 9,0% 81,8% 9,0% 0% 90,9% 9,0% 0% 90,9% 0% 9,0% 90,9% 81,8% 0% 18,2% 63,6% 0% 36,3% 72,8% 0% 27,2% 81,8% 9,0% 9,0% 159 APÊNDICE IV Questionário - Tutor(a) do curso de serviço social a distância Prezado(a) Tutor(a), Esperamos contar com sua responder o questionário abaixo, ENTREVISTA – TUTORES DOcolaboração CURSO DEpara SERVIÇO SOCIAL A DISTÂNCIA cujo objetivo é exclusivamente, fornecer dados para uma pesquisa de pósgraduação, do Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local, do Centro Universitário UNA – Belo Horizonte MG, tendo por objeto de estudo a formação de estudantes do curso de Serviço Social ofertada em polos de EAD. 1.Instituição de Ensino Superior (IES): ________________________________ IES conveniada com _____________________________ neste polo presencial. Local/Polo de Apoio Presencial: ____________________________________ 2.Tutor (a): ( ) de sala ou presencial ( ) eletrônico ou virtual. 3.Tutoria nas disciplinas: ________________________________________ 4.Sexo ( ) Feminino ( ) Masculino 5.Faixa etária ( ) menos de 25 anos ( ) entre 31 a 40 anos ( ) mais de 50 anos. ( ) entre 25 e 30 anos ( ) entre 41 a 50 anos 6. Formação acadêmica: Graduação em _____________________ ano _____ instituição: ___________ Especialização em __________________ ano _____ instituição: ___________ Mestrado em ______________________ ano _____ instituição: ___________ Doutorado em _____________________ ano _____ instituição: ___________ 7. Participa de atividades de formação continuada ( ) sim ( ) não. Cite a(as) mais recente(s): _________________________________________________ 8. Experiência como docente na modalidade presencial: ( ) menos de 01 ano ( ) de 01 a 05 anos ( ) de 06 a 10 anos ( ) mais de 10 anos 9. Experiência como docente na modalidade a distância: ( ) menos de 01 ano ( ) de 01 a 05 anos ( ) de 06 a 10 anos ( ) mais de 10 anos 160 10. Além da atividade de tutoria desenvolve outras atividades profissionais? ( ) não ( ) sim Quais? ____________________________________ 11. Participação em colegiado do curso ( ) sim ( ) não. Periodicidade: ( ) quinzenal ( ) mensal ( ) outra ____________________________________________________ 12. Participação em reuniões administrativas ( ) sim ( ) não Periodicidade: ( ) quinzenal ( ) mensal ( ) outra ____________________________________________________ 13. Participação em reuniões com professores ( ) sim ( ) não Periodicidade: ( ) quinzenal ( ) mensal ( ) outra ____________________________________________________ 14. Número de alunos de uma turma atendidos por tutor, por semestre: ( ) até 30 alunos ( ) entre 31 a 100 alunos ( ) entre 101 a 200 alunos ( ) acima de 200 alunos. 15. Total de alunos, em média, sob a responsabilidade do tutor, por semestre: ( ) até 30 alunos ( ) entre 31 a 100 alunos ( ) entre 101 a 200 alunos ( ) acima de 200 alunos. 16. Horário de trabalho contratado: ( ) na instituição de _____às ____; ( ) em casa de ____ às ____; ( ) em ___________________de ___ às ____. 17. Horário de trabalho efetivamente realizado: ( ) na instituição de _____às ____; ( ) em casa de ____ às ____; ( ) em ______________de ___ às ____. 18. Horas semanais contratadas para o trabalho na tutoria: ( ) de 01 a 10 horas semanais ( ) de 11 a 20 horas semanais ( ) de 21 a 30 horas semanais ( ) de 31 a 40 horas semanais ( ) acima de 40 horas semanais 19. Carga horária semanal efetivamente trabalhada: ( ) de 01 a 10 horas semanais ( ) de 11 a 20 horas semanais ( ) de 21 a 30 horas semanais ( ) de 31 a 40 horas semanais ( ) acima de 40 horas semanais 20. Há atendimento aos alunos fora dos horários pré estabelecidos para as orientações? ( ) sim, mas recebo como horas extras ( ) sim, mas sob minha inteira disponibilidade e sem custos para a instituição. ( ) não realizo atendimentos extra curriculares. 161 21.As horas de trabalho são computadas por ( ) controle do meus acessos via computador através do software do curso ( ) não há controle institucional sobre meu horário de trabalho ( ) outra ________________________________________. Marque a opção que mais se aproxima da realidade vivenciada por você: 1 – Discordo totalmente 2 – Discordo 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo 5 – Concordo totalmente 6 – Não tenho conhecimento para opinar Obs. Nas afirmações em que são usadas a expressão “conheço” será entendido conhecimento como ter ciência e utilização do quesito na prática do profissional. 1 22. Conheço o projeto pedagógico do curso. 23.Conheço o objetivo geral do curso. 24.Conheço a matriz curricular do curso. 25.Conheço o perfil do egresso do curso conforme Diretrizes Curriculares. 26. Conheço a Resolução CNE/CES 15, de 13 de março de 2002, que estabelece as Diretrizes Curriculares para os cursos de Serviço Social no Brasil. 27. Conheço a Resolução no. 533/2008 do Conselho Federal de Serviço Social – CFESS, que normatiza a Supervisão Direta de Estágio em Serviço Social. 28. Conheço a atuação e produção teórica da ABEPSS – Associação Brasileira de Ensino e Pesquisa em Serviço Social. 29. O projeto político pedagógico do curso atende à Resolução CNE/CES 15, de 13 de março de 2002, que estabelece as Diretrizes Curriculares para os cursos de Serviço Social. 30.O curso atende ao artigo 5º (atribuições privativas) da Lei 8662/93, que regulamenta a profissão do assistente social, quanto ao exercício profissional docente. 31.Os objetivos do projeto político pedagógico estão em sintonia com a discussão atualizada do Serviço Social (questão social, teoria crítica, políticas públicas, SUAS, SUS, etc.) 2 3 4 5 6 162 1 32. A opção teórico metodológica definida pelo projeto pedagógico do curso é coerente com as Diretrizes Nacionais Curriculares para os Cursos de Serviço Social. 33.O perfil profissional dos docentes/tutores é adequado à contemporaneidade da profissão. 34. O projeto pedagógico prevê introdução para nivelamento dos estudantes, em relação ao conhecimento e habilidades básicas referentes à tecnologia utilizada e/ ou ao conteúdo programático do curso, com atividades de acolhimento ao estudante. 35. O ementário e bibliografia são adequados ao perfil profissional da formação. 36. Os conteúdos das disciplinas e práticas pedagógicas são adequados aos objetivos do curso e ao perfil profissional da formação. 37.A estrutura curricular é coerente com os objetivos do curso e perfil profissional da formação. 38. A organização curricular é flexível. 39 As atividades curriculares obrigatórias (estágio supervisionado e TCC) são perpassadas pela conjuntura atual e histórica do Serviço Social. 40.A política de estágio é adequada à capacidade local de absorção dos estudantes em campos de estágio. 41. A política de estágio é adequada aos objetivos do curso e perfil profissional da formação. 42.A operacionalização da política de estágio (supervisão acadêmica, de campo, carga horária, sistema de avaliação) é adequada às Diretrizes Nacionais Curriculares dos Cursos de Serviço Social. 43.A política de estágio está adequada à Resolução no. 533/2008 do Conselho Federal de Serviço Social - CFESS, que normatiza a Supervisão Direta de Estágio em Serviço Social. 44. A instituição, através do polo presencial, possui sistema de convênios com todas as instituições de campos de estágio. 45. A instituição, através do polo presencial, constrói o plano de estágio em conjunto com supervisores de campo e estudantes. 46. Sob sua coordenação a instituição oferece aos supervisores de campo, espaço para discussão entre os atores que compõem o estágio supervisionado (fórum de supervisores) . 2 3 4 5 6 163 47.A instituição oferece bolsas de estudo, cursos de qualificação entre outros incentivos aos supervisores de campo como retribuição ao trabalho desenvolvido na formação profissional dos alunos. 48.As normas do TCC são compatíveis com os objetivos do curso e exigências do trabalho científico. 49.Há oferta de atividades ou disciplinas além da matriz curricular. 50.A carga horária das disciplinas e do curso é compatível com os objetivos do projeto pedagógico. 1 2 3 4 51.Existência de articulação da política de pesquisa e extensão com o ensino. 52.Atividades inter ou multidisciplinares oferecidas pelo curso estão em consonância com os objetivos propostos pelo projeto político pedagógico. 53. Tipo de tecnologia utilizada pelo curso: ( ) computador ( ) TV ( ) rádio ( ) telefone ( ) fax outra _________________________________________________ 54. Tipo de plataforma utilizada: ( ) bimodal ( ) moodle ( ) satélite ( ) outra _________________________________________________ 55. O curso é disponibilizado por meio de: ( ) rede local de computadores ( ) internet ( ) outra__________________________________________________ 56. Modalidades comunicacionais síncronas utilizadas: ( ) videoconferências ( ) chats na internet ( ) telefone ( ) outra _________________________________________________ 57. Modalidade assíncrona utilizadas: ( ) fóruns na internet ( ) correio eletrônico ( ) outra _________________________________________________ Marque a opção que mais se aproxima da realidade vivenciada por você: 1 – Discordo totalmente 2 – Discordo 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo 5 – Concordo totalmente 6 – Não tenho conhecimento para opinar 5 6 164 Obs.: Nas afirmações em que são usadas a expressão “conheço” será entendido conhecimento como ter ciência e utilização do quesito na prática do profissional. 1 2 3 4 5 6 58. As modalidades síncronas promovem maior interação entre tutores e estudantes do que as modalidades assíncronas. 59. O site da instituição disponibiliza informações tais como perguntas mais freqüentes, links para exercícios, grupos de discussão, local para o aluno dar feedback. 60.A interação entre tutor/estudante, tutor/ professor, estudante/estudante é garantida pelos sistema de comunicação adotado pela instituição. 1 2 3 4 5 6 61. O estudante recebe informações no início e durante o curso de nomes, horários, formas e números para contato com professores, tutores e pessoal de apoio. 62. A instituição acolhe representação dos estudantes em órgãos colegiados de decisão que permita receber feedback para aperfeiçoamento dos processos 63. O estudante tem conhecimento do sistema de monitoramento que buscará garantir seu acompanhamento, respostas as suas dúvidas, incentivos e orientação quanto ao progresso nos estudos. 64. É assegurado ao estudante flexibilidade no atendimento tutorial, oferecendo-se horários ampliados. 65. A comunicação entre os estudantes é facilitada por meio de atividades coletivas presenciais. 66. A comunicação entre os estudantes é facilitada por meio de ambientes de aprendizagem adequadamente desenhados para o curso. 67. O material didático é disponibilizado para os alunos por meio de brochuras ou livros. 68. O material didático utilizado contempla a integração de diferentes mídias tais como materiais impressos, radiofônicos, televisivos, de informática, de vídeo conferências, entre outros. 69. A instituição fornece um guia geral do curso (impresso ou em formato digital) com orientações ao estudante quanto às características da educação a distância, seus direitos e deveres, normas de estudo, informações gerais do curso (currículo, ementas, etc), tipos de materiais que serão disponibilizados, sistema de acompanhamento entre outras informações relevantes. 70 Os materiais didáticos são coerentes com as diretrizes curriculares do curso. 165 71. O modelo de avaliação utilizado nas disciplinas é ( ) processual ( ) final ( ) ambos. 72. A avaliação é realizada por meio de ( ) exames a distância ( ) exames presenciais ( ) atividades presenciais (seminários, mesa redonda, outras similares) ( ) trabalhos de pesquisa. ( ) produção de textos ( ) outros ________________________________________________ 73. São atribuições do tutor, quanto à avaliação: ( ) aplicar presencialmente os instrumentos de avaliação ( ) orientar virtualmente a avaliação ( ) realizar as correções da avaliação ( ) atribuir valoração à avaliação ( ) monitorar o desenvolvimento do estudante. 74. O estudante recebe retorno da avaliação: ( ) presencialmente do tutor ( ) virtualmente do tutor com explicitação dos pontos fortes e fracos. Marque a opção que mais se aproxima da realidade vivenciada por você: 1 – Discordo totalmente 2 – Discordo 3 – Nem concordo, nem discordo 4 – Concordo 5 – Concordo totalmente 6 – Não tenho conhecimento para opinar Obs. Nas afirmações em que são usadas a expressão “conheço” será entendido conhecimento como ter ciência e utilização do quesito na prática do profissional. 1 2 3 4 5 6 75. Conheço presencialmente a equipe multidisciplinar do curso. 76. Participo de encontros pedagógicos sistemáticos com a equipe multidisciplinar. 77. Participo de discussões sobre a formação profissional em fóruns da ABEPSS e demais entidades organizativas da categoria dos assistentes sociais (CFESS, CRESS, ENESSO) 78.Não conheço a maioria dos componentes multidisciplinar do curso. da equipe 166 79. O trabalho da tutoria na educação a distância em relação a equipe multidisciplinar é colaborativo e cooperativo. 80. O trabalho da tutoria na educação a distância é um trabalho solitário. 81. O polo presencial conta com biblioteca, laboratórios, computadores e outros recursos facilitadores à aprendizagem. 1 2 3 4 5 6 82. Existência de sistema eficiente de empréstimo de livros e periódicos ligado a sede da Instituição de Ensino Superior que possibilite acesso à bibliografia mais completa, além do disponibilizado no polo. 83.Boas condições de acessibilidade para alunos com deficiência, no espaço físico e em instrumentais. 84.O polo de apoio presencial disponibiliza pessoal qualificado para manutenção e atendimento aos estudantes. 85. Infra estrutura material adequada para suporte tecnológico, científico e instrumental ao curso. 86. O curso oferece recursos tecnológicos extras que facilitam a aprendizagem. 87. Você gostaria de comentar algum dos itens acima ou acrescentar alguma informação? (Citar qual deles está comentando.) ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ ___________________________________________________________________ 88. Caso tenha interesse em receber uma cópia deste trabalho, deixe registrado aqui seu email: __________________________________________ 167 ANEXO V Entrevista – Tutores do curso de serviço social a distância Prezado Tutor, Esperamos contar com sua colaboração nesta entrevista, cujo objetivo proposto é, exclusivamente, fornecer dados para uma pesquisa de pósgraduação, do Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento, do Centro Universitário UNA – Belo Horizonte MG, cujo objeto de estudo é a formação de estudantes do curso de Serviço Social ofertada em polos de EAD. Dados do curso na mod 1. IES:______________________________________________________ IES conveniada com ___________________________ neste polo presencial. Nome fransching Local/Polo de Apoio Presencial: ___________________________________ Dados do tutor(a): 2. Tutor(a) presencial nas disciplinas de ______________________________ 3. Sexo: ( ) Feminino ( ) Masculino 4. Faixa etária: ( ) menos de 25 anos ( ) entre 25 e 30 anos ( ) entre 31 a 40 anos ( ) entre 41 a 50 anos ( ) mais de 50 anos. 5. Formação acadêmica: Graduação em ___________________ ano _____ instituição: ____________ Pós graduação: Especialização em ________________ ano _____ Instituição: ___________ Mestrado em _________ ___________ ano _____ Instituição: ____________ Doutorado em ____________________ ano _____ Instituição: ____________ 6.Além da atividade de tutoria desenvolve outras atividades profissionais? ( ) não ( ) sim Quais? _____________________________________________ Onde?____________________________________________________________ 7.Experiência como docente na modalidade presencial: ( ) menos de 01 ano ( ) de 01 a 05 anos ( ) de 06 a 10 anos ( ) mais de 10 anos 8.Experiência como docente na modalidade a distância: ( ) menos de 01 ano ( ) de 01 a 05 anos ( ) de 06 a 10 anos ( ) mais de 10 anos 168 9.Local onde exerce suas atividades de tutoria ( ) na sede da instituição ( ) no polo presencial ( ) em ambiente doméstico ( ) em ambiente comercial. 10. Participação no colegiado do curso ( ) sim ( ) não Periodicidade: ( ) quinzenal ( ) mensal ( )outra _____________________________________________________________ 11. Participação em reuniões administrativas ( ) sim ( ) não Periodicidade: ( ) quinzenal ( ) mensal ( )outra _____________________________________________________________ 12. Participação em reuniões com professores ( ) sim ( ) não Periodicidade: ( ) quinzenal ( ) mensal ( )outra _____________________________________________________________ 13. Participação em atividades de aperfeiçoamento, atualização, formação continuada ( ) sim ( ) não. Quais? _____________________________________________________________ 14.Número de alunos de uma turma atendidos por tutor: ( ) até 30 alunos ( ) entre 31 a 100 alunos ( ) entre 101 a 200 alunos ( ) acima de 200 alunos. 15. Número de turmas atendidas pelo tutor: ________________________________ 16. Total de alunos em média sob a responsabilidade do tutor: ( ) até 30 alunos ( ) entre 31 a 100 alunos ( ) entre 101 a 200 alunos ( ) acima de 200 alunos. 17. Média de alunos que ingressam no polo presencial do curso por semestre_____ 18. Média de evasão do curso por semestre: _______________________________ Formação do Tutor: 19. Quais as principais atribuições do tutor de sala? 20. Como você se tornou tutor de sala na modalidade a distância, e como se deu a formação para esta função? 21. Que competências e saberes você aponta como indispensáveis para seu trabalho como tutor? 22. O que significa atuar, profissionalmente, como tutor de sala em um curso a distância? 169 O trabalho do tutor 23. Descreva como se processa um dia intenso no trabalho da tutoria. 24. Em relação ao trabalho tradicional do professor na educação presencial, quais são os aspectos que mais chamam atenção ou se alteram, substancialmente, em relação ao trabalho da tutoria no ensino a distância? 25. O atendimento tutorial possui flexibilidade para atendimento ao estudante com oferta de horários ampliados? 26. Quais as principais limitações e possibilidades do trabalho da tutoria na educação a distância? O público do curso 27. Quais as principais características do público deste curso? 28. Na sua avaliação, quais as razões ou fatores que determinaram a procura deste curso pelos estudantes? 29. Na sua avaliação, os estudantes que procuram por este curso conhecem os valores defendidos no código de ética dos assistentes sociais ou verifica-se nesta escolha fatores congruentes com os valores e princípios assumidos pelo Serviço Social? Interatividade 30. Como é composta a equipe multidisciplinar do curso? 31. Como se dá a interação entre o coletivo dos tutores? 32. Como se dá a interação entre tutores e demais participantes do staff do curso – coordenação do curso, coordenação pedagógica da sede, coordenação pedagógica do polo, tutores eletrônicos, professores? 33. Na sua avaliação, como se dá a interação entre tutor de sala e estudantes? 34. Como é o nível de qualidade e eficácia da conexão (internet discada, banda larga, outros) acessada pelos alunos deste polo? Todos os alunos possuem computador pessoal? 35. Os alunos têm acesso à internet no polo? 36. São realizadas atividades coletivas buscando facilitar a interação e comunicação entre os estudantes? Quais? 37. Há organização estudantil em termos de diretórios acadêmicos em funcionamento? Ensino, aprendizagem e formação PPP E DNC 38. Como foi estabelecido seu contato com o projeto pedagógico do curso de Serviço Social na modalidade a distância, você participou de discussão coletiva sobre o documento? 170 39. Como se deram as discussões sobre as Diretrizes Nacionais Curriculares do curso de Serviço Social, na construção do projeto político pedagógico? 40. Como o projeto político-pedagógico da instituição articula e desenvolve o núcleo de fundamentos teórico metodológicos da vida social preconizados pelas Diretrizes Nacionais Curriculares? (compreendem o conjunto de fundamentos teórico metodológicos e ético-políticos para conhecer o ser social enquanto totalidade histórica, fornecendo os componentes fundamentais para a compreensão da sociedade burguesa, em seu movimento contraditório). 41. Como o projeto político pedagógico da instituição articula e desenvolve o núcleo de fundamentos da formação sócio histórica da sociedade brasileira preconizados pelas Diretrizes Nacionais Curriculares? (que remetem à compreensão dessa sociedade, resguardando as características históricas particulares que presidem a sua formação e desenvolvimento urbano e rural, em suas diversidades regionais e locais. Compreende ainda a análise do significado do Serviço Social em seu caráter contraditório, no bojo das relações entre as classes e destas com o Estado, abrangendo as dinâmicas institucionais na esfera estatal e privada). 42. Como o projeto político pedagógico da instituição articula e desenvolve o núcleo de fundamentos do trabalho profissional preconizados pelas Diretrizes Nacionais Curriculares? (compreende todos os elementos constitutivos do Serviço Social como uma especialização do trabalho: sua trajetória histórica, teórica, metodológica e técnica, os componentes éticos que envolvem o exercício profissional, a pesquisa, o planejamento e a administração em Serviço Social e o estágio supervisionado), 43. Como o tutor trabalha para realizar a articulação entre teoria e prática? 44. Na sua função de tutor, é possível perceber qual seja a orientação geral do curso de serviço social na modalidade a distância? Aprendizagem 45. Como a tutoria trabalha com orientação e acompanhamento do estudante para buscar garantir o acompanhamento das dificuldades e a evolução da aprendizagem, frente as diferenças individuais? 46. Fale sobre o processo do estágio supervisionado no curso. 47. Faça uma síntese sobre o desempenho dos estudantes, a partir da experiência do estágio supervisionado, quanto à capacidade para adentrar à prática ou ao mercado de trabalho? Desenvolvimento local 48. A política de estágio ou outras atividades do curso estabelecem parcerias e ações que concorrem para o desenvolvimento local:? 49. Existem programas ou projetos realizados pelos estudantes que contribuem para o desenvolvimento local? Como funcionam? 171 Formação dos estudantes 50. Que avaliação você faz quanto a formação oferecida pelo curso de Serviço Social na modalidade a distância, oferecida nesta instituição e neste polo, quanto aos princípios básicos da formação dos futuros assistentes sociais: – apreensão crítica do processo histórico como totalidade; – investigação sobre a formação sócio histórica e os processos sociais contemporâneos que conformam a sociedade brasileira, na compreensão da formação do capitalismo e do Serviço Social; – apreensão do significado social da profissão; – apreensão das demandas – consolidadas e emergentes – postas ao Serviço Social para enfrentamento da questão social; – exercício profissional com cumprimento das competências e atribuições previstas na legislação em vigor. (Profa. Maria Rachel Tolosa Jorge) 51 Como é viabilizado para os estudantes da EAD a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão? Caso tenha interesse em receber uma cópia deste trabalho, deixe registrado aqui seu email ______________________________________________________. 172 APÊNDICE VI Mapeamento de municípios com polos de EAD’s em Serviço Social em Minas Gerais da IES selecionada, conjugado com Núcleos de Assistentes Sociais – NAS e Escolas de Serviço Social Presenciais na jurisdição do CRESS 6ª. Regiã POLOS PRESENCIAIS MAPEADOS ALFENAS NÚCLEO DE ASSISTENTES SOCIAIS – NAS CRESS 6ª. REGIÃO MG ARAXÁ MUNICIPIOS ABRANGIDOS ISAB Abaeté Alfenas FUNEC Almenara Andradas NAS Alfenas ALMENARA ANDRADAS ARAÇUAI ESCOLAS DE SERVIÇO SOCIAL EM MG NAS Araçuaí/Jequitinhonha Araçuaí NAS Araxá Araxá NAS Arinos Arinos NAS Desenvolvimento Urbano - BH NAS Ministério Público BH NAS GASE - Grupo de Assistentes Sociais de Empresas - BH BELO HORIZONTE NAS Judiciário – BH NAS Nefrologia - BH BETIM NAS Betim PUC BH UNIVERSO UNA BH UNA BARREIRO IMIH - ISABELA HENDRIX UNI BH FAMINAS FAC NOVOS HORIZONTES UNINCOR FUNEC BOCAIÚVA UNIPAC BRASÍLIA DE MINAS NAS Gerais - Carangola FUNEES UNIFENAS FAVALE FIC CARLOS CHAGAS CATAGUASES FACIG CONGONHAS NAS Congonhas NAS Alto Paraopeba CES CL Belo Horizonte Betim Bocaiúva Bom Despacho Brasília de Minas Buritis Campo Belo Carangola Caratinga Carlos Chagas Cataguases Cláudio Congonhas Conselheiro Lafaiete 173 POLOS PRESENCIAIS MAPEADOS NÚCLEO DE ASSISTENTES SOCIAIS – NAS CRESS 6ª. REGIÃO MG ESCOLAS DE SERVIÇO SOCIAL EM MG MUNICIPIOS ABRANGIDOS CONTAGEM PUC CONTAGEM Contagem CURVELO FUNEES Curvelo DIAMANTINA DIVINOPOLIS Diamantina NAS Divinópolis FACED INESP ESPINOSA Espinosa NAS Leste Judiciário NAS Gov. Valadares NAS Guaxupé UNIFORMG Formiga FAF Frutal UNIVALE Gov. Valadares FACIG Guanhães UNIFEG Guaxupé IBIRITÉ IPATINGA Ibirité NASVA - Vale do Aço Ipatinga UNIPAC ITABIRA ITABIRITO Ipatinga Itabira NAS Itabirito ITAJUBÁ Itabirito UNIPAC NAS Itamarandiba Itajubá Itamarandiba FUNEES ITUIUTABA Divinópolis Itambacuri NAS Itaúna Itaúna NAS Ituiutaba Ituiutaba JAÍBA Jaíba JANAÚBA Janaúba JANUÁRIA NAS Januária Januária JOÃO MONLEVADE João Monlevade NAS Juiz de Fora NAS Lagoa Santa LAVRAS UNIVERSO UFJF Juiz de Fora Lagoa Santa Lavras 174 POLOS PRESENCIAIS MAPEADOS NÚCLEO DE ASSISTENTES SOCIAIS – NAS CRESS 6ª. REGIÃO MG ESCOLAS DE SERVIÇO SOCIAL EM MG UNIPAC Leopoldina CESEP Machado MANGA MANHUAÇU MUNICIPIOS ABRANGIDOS Manga NASMAN – Manhuaçu MANTENA FACIG Manhuaçu FAMA Mantena MATO VERDE Mato Verde MERCÊS Mercês NAS Montes Claros FACISA FUNORTE UNIMONTES Montes Claros MURIAÉ NAS Muriaé FAMINAS Muriaé NOVA LIMA NAS Nova Lima Nova Lima FAVAG NAS Nova Resende NAS Ouro Preto Nova Porteirinha Nova Resende UFOP Ouro Preto PARACATU Paracatu PARAOPEBA Paraopeba PASSA QUATRO Passa Quatro NAS Passos FASESP NAS Patos de Minas NASAP – Patrocínio PIRAPORA Patos de Minas IBERLAAR NAS Médio São Francisco NAS Sertão Piunhi NAS Poços de Caldas Poços de Caldas FUNEES RIBEIRÃO DAS NEVES Patrocínio Pirapora PIUNHI POÇOS DE CALDAS Passos NAS Ribeirão das Neves Poté Ribeirão das Neves RIO PARDO DE MINAS Rio Pardo de Minas SABARÁ Sabará 175 POLOS PRESENCIAIS MAPEADOS NÚCLEO DE ASSISTENTES SOCIAIS – NAS CRESS 6ª. REGIÃO MG ESCOLAS DE SERVIÇO SOCIAL EM MG MUNICIPIOS ABRANGIDOS SALINAS Salinas SANTA LUZIA Santa Luzia NAS Vale do Sapucaí – Santa Rita do Sapucaí SÃO FRANCISCO Santa Rita do Sapucaí FUNEES São Francisco FUNEC São Gotardo NAS Vertentes São João Del Rey SÃO JOÃO DO PARAÍSO São João do Paraíso SETE LAGOAS TEÓFILO OTONI UBÁ UBERABA NAS Teófilo Otoni NAS Vale do Mucuri NAS Ubá NAS APAE‟s – Zona da Mata NAS Uberaba UBERLÂNDIA FASAMA São Lourenço UNIFEMM Sete Lagoas FUNEES DOCTUM UFVJM IESFATO UNINCOR Três Corações UNIPAC Ubá UFTM UNIUBE UNIPAC CATÓLICA UNIPAC UNITRI UFU FACISA NAS Varginha UNIS Uberaba Uberlândia Unaí Varginha FEES Várzea da Palma UNIPAC Vazante VESPASIANO VIÇOSA Teófilo Otoni Vespasiano ESUV Viçosa 55 POLOS DE APOIO 46 NAS – NÚCLEOS DE 68 ESCOLAS DE 93 MUNICÍPIOS PRESENCIAL DA IES ASSISTENTES SOCIAIS SERVIÇO SOCIAL ABRANGIDOS INVESTIGADA Fonte: Dados obtidos no site da UNISOCIAL, acesso em 26.05.2009, com o CRESS 6ª. Região e site do Ministério de Educação e Cultura www.mec.gov.br, acesso em 09.08.2010. 176 APÊNDICE VII Termo de consentimento e cessão livres e esclarecidos Fui convidada a participar da pesquisa “Graduação a Distância em Serviço Social: limites e possibilidades de uma formação superior com qualidade”. Esta pesquisa está sendo desenvolvida sob a responsabilidade da Prof/ª Eloísa Helena Santos e Daisy Dias Lopes, aluna do Mestrado em Gestão Social, Educação e Desenvolvimento Local do Centro Universitário UNA. O objetivo do estudo é analisar a formação de estudantes do curso de graduação na modalidade a distância em Serviço Social ofertada em polos presenciais de uma IES em Minas Gerais, por intermédio da atuação dos tutores presenciais. Fui convidada a: (__) Prestar depoimento; (__) Conceder entrevista; (__) Fornecer materiais; (__) Preencher formulário ou questionário; (__) Participar de grupo de discussão; (__) Ser filmado ou fotografado; (__) Ceder os direitos patrimoniais sobre conteúdos fornecidos mediante depoimento, entrevista, questionário, formulário, fotografia, gravação de som e imagem aos autores desta pesquisa; (__) Outro. Estou ciente que: (__) Os conteúdos cedidos serão de uso exclusivo desta pesquisa; (__) Terei minha identidade preservada; (__) Não sofrerei riscos à minha saúde; (__) Não terei ônus financeiro por tal participação; (__) Não receberei remuneração, pois trata-se de colaboração voluntária; (__) Serei livre para interromper a participação em qualquer momento; 177 (__) Receberei esclarecimentos sobre dúvidas que tiver a qualquer momento da pesquisa; (__) Fui informado/a sobre endereços e telefones dos pesquisadores caso necessite utilizá-los. Nestes termos, aceito prestar as colaborações a mim solicitadas. Belo Horizonte, ____ de _____________ de 20___. _______________________________ Participante da pesquisa Pesquisadora: Daisy Dias Lopes Contatos: [email protected] (31) 9713 5543 (31) 3441 5543